Nesta edição, detalhes das 113 graduações tecnológicas existentes no país atualmente
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ANO 1 • Nº 1
EMPREGOS
Saiba por que um diploma pode garantir trabalho a 80% dos formados
CURSOS
Conheça as opções de carreira em 14 eixos tecnológicos
À DISTÂNCIA
Sucesso na educação on-line depende de perfil disciplinado
Conquiste sua vaga Investimentos do Pronatec, reconhecimento do mercado, centenas de opções: saiba como aproveitar o momento de alta dos cursos técnicos e tecnólogos no Brasil 01_CAPA.indd 1
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NA INTERNE T
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Presidente: Edimilson Cardial Diretoria: Carolina Martinez Marcio Cardial Miriam Cordeiro Rita Martinez Rubem Barros
2 0 1 5 ISSN 1808-5571 Diretor Editorial: Rubem Barros Editor: Gabriel Jareta gabriel@editorasegmento.com.br Fotografia: Gustavo Morita Diagramação: Cleber Estevam Capa: iStockphoto Colaboradores: Camila Mendonça, Cinthia Rodrigues, Leandro Quintanilha, Juliana Duarte, Luciana Alvarez, (texto), Ronaldo Guimarães (foto), Luiz Roberto Malta e Maria Stella Valli (revisão) Subeditora web: Carmen Guerreiro Estagiária web: Nathália Aguiar Processamento de Imagem: Paulo Cesar Salgado Produção Gráfica: Sidney Luiz dos Santos PCP: Isabela Elias
Ajuda na escolha
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ara aprofundar a leitura deste guia, no portal Guias de Educação você encontra a íntegra da pesquisa “Carreiras do Futuro”, organizada pela economista Renata Giovinazzo Spers, nossa entrevistada da edição. Lá você também poderá acessar o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, publicado pelo Ministério da Educação, que traz as características detalhadas de 220 carreiras técnicas brasileiras. Basta acessar: www.guiasdeeducacao.com.br/ educacao-profissional. Para acompanhar as tendências dos técnicos e tecnólogos, ter informações sobre acesso a cursos e instituições e saber novidades sobre o mercado de trabalho, o portal tem uma seção totalmente dedicada à educação profissional. Além dessas dicas, você encontra reportagens exclusivas sobre temas de interesse de estudantes e profissionais em busca de novas oportunidades de carreira, como formas de fazer seu networking e encontrar aquelas vagas que o mercado não anuncia, ou a melhor maneira de aprimorar seu currículo com cursos de curta duração. O portal Guias de Educação traz também reportagens e informações sobre vestibular, cursos a distância, pósgraduação e tudo relacionado à escolha de um curso. Para auxiliar nessa busca, o leitor pode pesquisar em um exclusivo banco de dados entre mais de 40 mil cursos e 800 instituições de ensino em todo o país, com informações divididas por área, carreira, nível e modalidade (presencial ou a distância).
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PUBLICIDADE Gerente: Anderson Cardoso anderson@editorasegmento.com.br Executivas de Negócios: Milene Laviña milene@editorasegmento.com.br Elaine Isiama elaine@editorasegmento.com.br ESCRITÓRIOS REGIONAIS Brasília – Sonia Brandão Tel.: (61) 3225-0944 / (61) 9973-4304 sonia@editorasegmento.com.br Paraná – Marisa Oliveira Tel.: (41) 3027-8490 parana@editorasegmento.com.br Rio de Janeiro – Edson Barbosa Tel.: (21) 4103-3868 / 8881-4514 edson.barbosa@editorasegmento.com.br WEB Gerente: Fabiano Vidal Assistente: Lucas Carlos Lacerda e Lucas Alberto da Silva TECNOLOGIA Gerente: Paulo Cordeiro Analista: Diego de Andrade Desenvolvedores Web: Jonatas Moraes Brito e Michael Regis MARKETING Diretora: Carolina Martinez Coordenadora: Fabiana Gama Analista Marketing Comercial: Caroline Ferraz Analista Marketing Circulação: Kátia Hochberg Designers: Gabriel Andrade e Rodrigo Cárcamo Redator: David Anderson Rodrigues EVENTOS Coordenadora: Priscilla Rodrigues Assistente: Josiane Rodrigues OPERAÇÕES Diretora: Miriam Cordeiro Gerente de Assinaturas: Beatriz Zagoto Eventos Assinaturas: Lúcia Sousa Vendas Governo: Cláudia Santos Planejamento e RH: Melissa Ramos Contas a Pagar: Simone Melo Faturamento: Weslley Patrik Distribuição exclusiva para todo o Brasil: Dinap S/A – Distribuidora Nacional de Publicações Rua Dr. Kenkiti Shimonoto, 1.678 – Jardim Belmonte – Osasco (SP) – CEP 06045-390 Guia de Educação Profissional é um anuário da Editora Segmento. Esta publicação não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião do anuário. Editora Segmento Rua Cunha Gago, 412, 1o andar CEP 05421-001 – São Paulo (SP) Central de atendimento ao leitor De 2a a 6a feira, das 8h30 às 18h Tel.: (11) 3039-5666 / Fax: (11) 3039-5643 atendimento@editorasegmento.com.br ou acesse www.editorasegmento.com.br
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C A R TA AO L E I T OR
Uma nova realidade
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ão é fácil encontrar motivos definitivos para explicar por que o nível de desemprego no Brasil é o mais baixo em muito tempo. Em dezembro de 2013, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa estava em 4,3%, a mínima histórica. Em abril de 2014, o desemprego se mantinha em 4,9%. As obras de infraestrutura no país e o aquecimento do setor de serviços podem apontar para um cenário positivo, mesmo diante das dificuldades do governo em sustentar o crescimento econômico e segurar a inflação. Por outro lado, poderiam dizer os pessimistas, o baixo desemprego se deve apenas a um modelo de cálculo que não consegue fazer uma radiografia do mercado atual. Olhando ao redor, o fato é que o mundo do trabalho está em profunda transformação. Profissões que não existem hoje serão importantes em cinco anos. Empreen-
dedores com alto conhecimento técnico e preparados para lidar com inovação poderão oferecer soluções inéditas para empresas e sociedade. Na corrente contrária, outras profissões podem se tornar obsoletas ou desaparecer. O profissional generalista, que sabe um pouco de cada etapa do processo, passa a ser cobrado por detalhes que antes seriam delegados a subordinados. O Brasil, apesar disso, ainda resiste e segue ligado à cultura dos bacharéis, àquela ideia de que apenas uma formação tradicio-
nal de quatro anos e muita teoria poderia garantir o sucesso profissional. A realidade prova que isso não existe mais. Nesta primeira edição do Guia de Educação Profissional, colocamos em prática uma tentativa inédita de reunir ensino técnico, tecnológico e de qualificação em uma mesma publicação, assim como apontar caminhos para aproveitar o máximo das oportunidades de formação que instituições públicas e privadas oferecem. Aproveite a leitura!
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entrevista
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EXTERIOR
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CATÁLOGO
Gabriel Jareta, editor
s u m á rio
A economista Renata Spers fala sobre como se preparar para as exigências das carreiras do futuro Entenda por que os cursos técnicos e tecnólogos são hoje a principal aposta de empresas e governo Saiba tudo sobre o programa federal que pretende chegar a 8 milhões de matrículas
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empregos
Formados na educação profissional encontram aceitação no mercado e passam a ocupar cargos de liderança
Redes federal e estaduais se expandem para atender a demandas locais e regiões mais afastadas
Conheça detalhes dos 14 eixos tecnólogicos que orientam a educação profissional no país Autonomia, proatividade, disciplina: saiba qual o perfil necessário para estudar a distância Em países mais desenvolvidos, formados no ensino tecnológico ultrapassam bacharéis O Brasil tem hoje 113 graduações tecnológicas: conheça os detalhes de cada uma e faça sua escolha
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Gustavo Morita
E n tre v i s ta
A economista Renata Spers na FEA-USP: não basta fazer um único curso, as necessidades do mercado são dinâmicas
Mercado
futuro
Na opinião da economista Renata Giovinazzo Spers, da FEA-USP e do Profuturo-FIA, para se destacar no cenário profissional nos próximos anos vai ser preciso combinar formações – e técnicos e tecnólogos surgem tanto como ponto de partida como de chegada Gabriel Jareta
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m um cenário que abrange os próximos cinco anos, o profissional que vai se destacar no mercado de trabalho será aquele que conseguir atender a demandas de uma sociedade em profunda transformação: consumidores que querem mais inovação nos serviços, população envelhecida que necessita de mais atenção, busca por mais qualidade de vida, atenção central ao meio ambiente por parte de governos e empresas. Para a economista Renata Giovinazzo Spers, professora da Faculdade de Economia e Administração da USP e do Programa de Estudos do Futuro da FIA, esse perfil vai exigir formação combinada entre dois ou mais cursos e muita flexibilidade. Nesse cenário, diz Renata, os cursos técnicos e tecnólogos podem surgir como um trunfo para quem quer iniciar uma nova carreira – ou, por outro lado, quer aperfeiçoar um conhecimento específico dentro de sua área de atuação. “Você pode pensar em uma pessoa que já tenha uma formação em direito, por exemplo, e que vê uma oportunidade numa área ambiental: ela poderia fazer um curso técnico relacionado a essa área para complementar a formação”, aponta. Na entrevista a seguir, a economista se aprofunda sobre essas novas carreiras e tendências do mercado – baseadas na pesquisa “Carreiras do Futuro”, coordenada por ela – e fala sobre como os jovens diante da escolha de uma carreira devem encarar a inovação e fazer a “leitura” do mercado de trabalho .
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Quais vão ser as principais características do mercado de trabalho no Brasil até 2020? As profissões não surgem por acaso. Existem macrotendências do ambiente que impactam as empresas e, consequentemente, as profissões. Nós conseguimos identificar algumas dessas macrotendências que serão muito importantes no futuro. A primeira delas é a crescente ênfase em inovação, desde inovação tecnológica até a capacidade produtiva e intelectual das pessoas, inovação de uma forma mais ampla, impactando o mercado de trabalho de uma forma ge-
E já há algumas profissões que foram identificadas? Por exemplo, uma profissão que aparece como muito importante é uma que chamamos de “gerentes de ecorrelações”. Mas, deixando o nome de lado, o conceito é aquele profissional que vai fazer a comunicação entre a empresa, grupos ambientais, governos e ONGs para desenvolver programas de sustentabilidade. É um profissional que poderia ter formação em engenharia ambiental e uma pós em direito ou comunicação. De modo geral, essas novas carreiras vão demandar cada vez mais uma formação com-
Qual o papel da formação técnica ou tecnológica nesse cenário, já que a formação é mais rápida e geralmente o curso é desenhado para o mercado? Sem dúvida, a gente vê que o fato de esses cursos serem mais rápidos e compactos atende a muitas dessas novas demandas. A única ressalva é que é importante estar preparado para dar continuidade a isso de alguma forma, seja por meio de leitura, de viagens, de formação pela própria empresa. O importante é ter uma formação complementar para assumir algumas necessida-
A inovação é também a capacidade de o profissional transformar a novidade tecnológica em algo que seja fabricável ou em um negócio rentável. Às vezes você pode ter uma ideia maravilhosa e não conseguir colocá-la no mercado.
ral. A segunda macrotendência é a busca por qualidade de vida, as pessoas vão demandar produtos e serviços que vão facilitar sua vida e trazer comodidade – por exemplo, profissões ligadas a compras on-line e que envolvem pesquisas na internet. Outro fator é a preocupação com o meio ambiente: a sustentabilidade ganha força além do discurso, com pressão para a busca de alternativas de baixo impacto ambiental nas várias etapas de produção. E uma outra tendência é o envelhecimento da população, que acaba impactando algumas profissões, tanto em relação a pessoas consumindo mais como pessoas trabalhando até mais tarde e inclusive mudando de carreira.
binada. Não basta fazer um único curso e achar que está resolvido para o resto da vida, as necessidades do mercado são dinâmicas. E como se preparar para obter essa formação? Existe a necessidade de seguir para a pós-graduação ou para a educação continuada de alguma forma. Até porque as necessidades das empresas são rápidas, mas a formação da pessoa pode demorar um pouco mais. A gente ainda não tem um curso de gerente de ecorrelações, mas é possível fazer um curso técnico ou uma graduação e depois uma pós que vai complementar o currículo. Essa é uma questão geral no mercado de trabalho.
des que o curso não forneça. E não só como ponto de partida, mas também como complementação. Você pode pensar em uma pessoa que já tenha uma formação em direito, por exemplo, e que vê uma oportunidade numa área ambiental: ela poderia fazer um curso técnico relacionado a essa área para complementar a formação. Esse futuro aponta para um profissional mais específico ou mais generalista? O que identificamos é que serão profissões que vão combinar conhecimento, não vai ser nem o superespecialista, mas também vai ser preciso ter enfoque em algum mo-
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A engenharia ambiental é a profissão tradicional que mais vai continuar importante nos próximos anos. Não só para trabalhar em grandes organizações, como a Petrobras, mas também com a possibilidade de trabalhar com empreendedorismo.
mento. Uma profissão em alta vai ser o chefe de inovação. Esse profissional vai precisar ter um conhecimento mais generalista que o gerente de produto e desenvolvimento, que vai trabalhar especificamente no desenvolvimento de um produto ou de um processo. O chefe de inovação vai ser aquele com visão mais abrangente do negócio, vai precisar interagir em várias áreas da organização para conseguir desenvolver inovação em vários âmbitos, não só específico naquele produto ou processo. Por outro lado, terá de conhecer bem o negócio, não pode ser tão generalista assim. A inovação vai ser um ponto principal nesse cenário, mas o que significa isso? É uma inovação que vai além do desenvolvimento de tecnologia? São novas formas de fazer desde um produto até a oferta de um serviço. Novas formas de conseguir menores custos ou um serviço mais interessante para o consumidor, algo que seja diferente. Não é só inovação tecnológica, mas como fazer para ser mais produtivo e reduzir os custos. E muita inovação relacionada à capacidade intelectual das pessoas, haja vista a quantidade de aplicativos, softwares ou mesmo serviços que apon-
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tam para como a inovação pode ir além dos produtos. E é também a capacidade de o profissional transformar a novidade tecnológica em algo que seja fabricável ou em um negócio rentável. Isso é importante lembrar: às vezes você pode ter uma ideia maravilhosa e não conseguir colocá-la no mercado. A senhora acredita que vão surgir novas relações de trabalho, o empreendedor vai ser mais importante na economia? O empreendedorismo deve aumentar, em parte pelos fatores tradicionais, como a melhoria da formação, mas a grande maioria dos especialistas indica que deve haver sim novas configurações nas relações de trabalho. Um aumento de criação do próprio negócio para atender outros setores, clientes e empresas. Ainda em relação ao meio ambiente, que outras carreiras podem surgir? A engenharia ambiental é a profissão tradicional que mais vai continuar importante nos próximos anos. Não só para trabalhar em grandes organizações, como a Petrobras, mas também com a possibilidade de trabalhar com empreendedorismo. Há oportunidades com empresas de reciclagem de lixo que devem crescer até
2020, por exemplo. E a área ambiental vai exigir desde uma habilidade mais geral, que pode envolver comunicação e gestão, como algumas mais técnicas. Para o estudante mais jovem, que ainda pretende entrar no mercado de trabalho, como fazer a leitura dessas tendências do mercado? O que vai ser importante é combinar dois elementos principais: primeiro, tentar identificar suas principais habilidades e gosto pessoal mesmo, aquilo que gostaria de trabalhar; e, segundo, ficar atento ao mercado por meio de leitura, informação, conversa com professores. Ele deve então tentar mapear aquilo que aparenta ser tendência do ambiente, como essas que eu comentei. A partir de uma lista prévia, tentar conversar com profissionais dessas áreas, fazer uma visita ao local de trabalho, ver como é o ambiente físico, como funciona o dia a dia. Só ir atrás do que parece ser interessante, mas sem seguir a sua vocação, não adianta. E também fique atento às novas oportunidades, porque as combinações são muito grandes: você pode ir trabalhar com meio ambiente, mas se especializar em legislação. Os caminhos têm muita flexibilidade.
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Prontos para o
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Cursos técnicos e superiores de tecnologia ganham força no país: saiba o que esperar dessa formação voltada para as exigências atuais do mercado brasileiro Gabriel Jareta
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e as licenciaturas apenas 0,8%. Hoje, os tecnólogos representam 13,5% de todas as matrículas do ensino superior brasileiro, um número que chega a quase 1 milhão de alunos. Enquanto isso, nos cursos técnicos, o grande impulso vem do Pronatec, sigla para o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, lançado em 2011 pelo governo federal e uma das principais bandeiras da presidente Dilma Rousseff. As projeções apontam 8 milhões de matrículas em cursos técnicos, de formação continuada e de qualificação profissional até o final de 2014, com investimento de R$ 14 milhões. O Pronatec oferece, além da expansão dos institutos federais, inclusive para além dos grandes centros urbanos, ocupação de vagas em instituições privadas e estaduais. Em ambos os cenários, essa massa de profissionais que sai da sala de aula preparada para a realidade do mercado de trabalho é uma resposta às exigências de empresas e órgãos públicos por um traba-
lhador capaz de se concentrar em questões técnicas e específicas sem perder de vista as etapas gerais de um processo de gestão ou produção. No Brasil, acostumado nos últimos anos a formar bacharéis, nem sempre preparados para as exigências do dia a dia das organizações, essa é uma grande e bem-vinda novidade. duas modaLidades
As diferenças entre um curso superior de tecnologia e um bacharelado estão na duração do curso, no objetivo e no conteúdo das aulas. Enquanto um bacharelado dura, geralmente, quatro anos ou mais, o tecnólogo não leva mais que dois anos. As aulas mais teóricas e abrangentes de um bacharelado (ou mesmo de uma licenciatura) dão lugar ao estudo de disciplinas mais focadas em uma especificidade da área. A carga de aulas práticas em laboratórios é mais intensa e procura preparar o aluno para situações reais do trabalho. O objetivo dos tecnólogos é formar um profissional capaz
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epois de décadas considerada uma formação de segunda classe, voltada apenas para quem não conseguia nem mesmo sonhar com uma vaga em uma graduação tradicional, a educação profissional – tanto em nível técnico quanto em nível superior – vive um “boom” no país. Incentivada por programas governamentais ou como resposta às demandas do mercado de trabalho, o fato é que os cursos técnicos e tecnólogos se tornaram a principal alternativa para quem pretende se qualificar com rapidez para ocupar um posto em uma indústria, procurar oportunidades no aquecido setor de serviços ou mesmo investir em um negócio próprio. Em nível superior, os cursos de tecnologia são os que mais cresceram em número de matrículas segundo o último Censo do Ensino Superior brasileiro, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De 2011 a 2012, o salto entre os tecnólogos foi de 8,5%, enquanto os bacharelados cresceram 4,6%
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Alunos do curso técnico em mecatrônica na Etec Jorge Street, em São Caetano do Sul (SP): ênfase na prática e alto nível de emprego
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de atender, por exemplo, a demandas regionais: um curso de produção de vinho ou um de petróleo e gás se enquadram nesse quesito. Outro objetivo é formar mão de obra para novidades do mercado que ainda não passaram pelo tempo de maturação para constituir um bacharelado de quatro anos, caso de um curso de tecnologia em jogos digitais, por exemplo. De modo geral, no entanto, a função do tecnólogo é ser especialista em uma parte específica do processo. “O bacharel tem uma formação básica levando em conta todo o espectro da área escolhida, mas em algum momento ele vai ter de escolher a área de atuação, talvez na pós. O tecnólogo já faz essa escolha”, explica Cristiane Alperstedt, diretora de Qualidade e Regulação Acadêmica da Universidade Anhembi Morumbi. Isso na prática significa o seguinte: enquanto um estudante de administração vai conhecer toda a teoria e passar por todas as áreas que envolvem a carreira, o tecnólogo em gestão de recursos humanos passa pela teoria geral de maneira mais breve e se aprofunda em todos os detalhes dos sistemas de RH. No curso técnico, que pode ser feito concomitantemente ao ensino médio, o aluno também entra em contato com um conhecimento específico e voltado para o mercado, com ênfase em aulas práticas. Em alguns setores, como enfermagem, as vagas de trabalho são direcionadas de maneira específica para os profissionais com diploma técnico. “O aluno do curso técnico normalmente está no ensino médio e vislumbra uma colocação rápida numa posição hierárquica in12
Conheça as diferenças Curso superior de tecnologia: também conhecido como tecnólogo, é uma graduação mais curta – geralmente de dois a três anos – e voltada para o mercado de trabalho. As disciplinas são mais específicas em relação à carreira escolhida e a parte prática é valorizada. O estudante sai capacitado para seguir carreira acadêmica, como mestrado e doutorado, e também pode prestar a grande maioria dos concursos que exigem nível superior. Curso técnico: é um curso de nível médio, também voltado para a formação profissional em diversas áreas, com algumas disciplinas teóricas e foco maior na prática. O aluno pode frequentar as aulas em conjunto com o ensino médio tradicional ou mesmo fazer um curso técnico depois de formado. O único pré-requisito é ter o diploma de ensino fundamental. Graduação tradicional: trata-se de um curso superior voltado para a formação de um profissional mais generalista em sua área de atuação, com grande base teórica. Dura, em média, de quatro a cinco anos. Pode ser tanto um bacharelado – apto para atuar no mercado de trabalho e seguir carreira acadêmica – quanto uma licenciatura, voltada para a formação de professores.
termediária”, diz Cristiane. É diferente do perfil do tecnólogo, ela explica: este é mais velho e procura um curso para reforçar o conhecimento. Ainda assim, é uma tendência crescente os mais novos, de 18 a 24 anos, procurarem um tecnólogo como primeira opção. “Os mais jovens procuram cursos tecnológicos mais localizados, como gastronomia”, aponta. empreGos e estáGios
O diploma de um curso de educação profissional significa, nos dias de hoje, um grande salto nas chances de conquistar um emprego. No caso dos egressos das Fatecs, as Faculdades de Tecnologia do Estado de São Paulo, por exemplo, o chamado nível de empregabilidade é de 92%. Já um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 2014 aponta que 70% dos ex-alunos de cursos técnicos conseguem obter uma vaga dentro de um ano após a conclusão do curso. A busca por esses
estudantes é grande mesmo no período de estágio. “Hoje o cenário é de falta de mão de obra qualificada, e o mercado está cada vez mais exigente. Os técnicos e tecnólogos vêm ao encontro do que as empresas precisam”, aponta Eduardo Oliveira, superintendente educacional do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). Essa tendência de altos níveis de emprego para o profissional qualificado deve continuar nos próximos anos para o estudante que estiver atento a áreas mais aquecidas. Entre elas, aquelas ligadas à infraestrutura e à tecnologia da informação. “O leque é muito amplo, mas há algumas carreiras, como secretariado e algumas da construção civil, que demandam bastante”, diz Oliveira. A área campeã de empregos no Brasil, a de serviços, continua em crescimento: ainda que a Copa do Mundo já tenha passado, há um enorme setor de eventos e turismo para ser explorado.
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Portas
abertas Oferta de cursos de educação profissional cresce no mesmo ritmo da demanda das empresas. Técnicos e tecnólogos encontram espaço para crescer – e se destacar – no mercado de trabalho Camila Mendonça
José Isidoro, 50 anos, fez a trajetória que é modelo da educação profissional: de servente de pedreiro a coordenador de atendimento com um diploma técnico
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osé Isidoro da Silva perdeu o pai, então provedor da casa, quando ainda era jovem e teve de começar a trabalhar mais cedo do que esperava para ajudar a família. Foi no canteiro de obras, como servente e, depois, como ajudante de pedreiro em Minas Gerais, que Isidoro buscou oportunidades. Os estudos não foram deixados de lado, mas frequentar uma universidade já parecia algo distante. “As faculdades, naquela
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época, eram caras e poucas. Não tinha condição de entrar em uma universidade pública, então, tive de escolher o caminho mais flexível”, conta. A escolha foi por um curso técnico, de edifi cações, em um Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica). “Escolhi porque o tempo de formação era menor e era focado no que já fazia”, diz. A formatura foi em 1994 e desde então o ex- servente de obra cresceu e hoje, aos 50 anos, é coordenador do serviço de atendi-
mento ao cliente da empresa de engenharia EPO. Isidoro é o exemplo clássico de profissional que viu na educação técnica a saída para obter um emprego melhor e salário mais alto. E nos anos 1990 era assim mesmo: profissionais de obra, da indústria e aqueles que não tinham condições de se tornarem bacharéis buscavam no ensino técnico a alternativa para não entrar na lista dos “sem profissão”, seja por terem histórias parecidas com a de Isidoro, seja por não
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terem opção alguma. Mas de 1994 para cá muita coisa mudou. A economia, o mercado, as empresas passaram por profundas transformações. E se antes as pessoas viam no ensino técnico e tecnológico apenas uma saída, agora a educação profissional é a principal opção para crescer no mercado de trabalho. “O ensino técnico e tecnológico ganhou mais espaço principalmente porque o mercado começou a valorizar mais esse profissional”,
afirma Felipe Morgado, gerente executivo de educação profissional e tecnológica do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). A mudança veio por necessidade. Para crescer, as companhias passaram a demandar mais profissionais qualificados e alguns setores, como a indústria e o comércio, e viram nos técnicos e tecnólogos a chave para aumentar a competitividade. No caso da indústria, uma das maiores empregadoras desses profissionais, esta questão é latente. Ano após ano, a participação do setor no PIB (Produto Interno Bruto) tem diminuído, sem contar as pressões de produtos estrangeiros, que forçam o setor a se tornar mais produtivo. “A indústria precisa aumentar a produtividade, e para isso precisa de profissionais qualificados”, considera Morgado. Para Márcio Guerra, gerente de estudos e prospectiva da CNI (Confederação Nacional da Indústria), os profissionais advindos da educação profissional são cruciais para o setor. “A base de todo o processo industrial está amparada pelo conhecimento técnico, que é o que dá o suporte ao pro-
Verifica-se cada vez mais a descentralização dos setores produtivos, com aumento de oportunidades em regiões como Nordeste, Norte e Centro-Oeste
cesso de avanço dos produtos industriais”, afirma. Segundo as projeções do Senai, o Brasil precisará formar 1,1 milhão de novos profissionais para atender à demanda em profissões industriais em 2014 e 2015. O número se refere a todos os tipos de ocupações industriais, de todos os setores (baixa e média qualificação, técnicos e profissionais de nível superior). Produção pelo país
A região Sudeste é a que concentra boa parte dessa demanda, requerendo mais de 311 mil profissionais nos próximos dois anos. Contudo, verifica-se cada vez mais a descentralização dos setores produtivos, com aumento de oportunidades em regiões como Nordeste, Norte e Centro-Oeste. “O mercado estava concentrado nos grandes centros e cerca de 80% da indústria mais sofisticada ainda está nas regiões Sul e Sudeste. Agora, está havendo uma descentralização da produção – o que leva as instituições de ensino técnico a descentralizar a oferta também”, atesta Divonzir Gusso, coordenador de educação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). (Veja nas páginas 18 e 19 um mapa com as oportunidades pelo país.) Para ajudar a indústria a suprir essa demanda, o Governo criou, em 2011, o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), cujo objetivo é aumentar a oferta de cursos técnicos, por meio de várias iniciativas, como a expansão da rede federal de educação profissional e acordos com o Sistema S, para ampliação e financia-
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mento dos cursos oferecidos pelas entidades. (Leia mais a partir da página 24.) Somente para o Sistema S, que inclui o Senai, o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e o Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), serão destinados quase R$ 900 milhões da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, do Ministério da Educação (MEC). As entidades atendem a 43% da demanda por educação profissional do país. Segundo o secretário da pasta, Aléssio Trindade, os investimentos acompanham o aumento do interesse de jovens pela educação profissional. Na segunda edição do Sisutec (Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica), o Sisu do ensino profissional, foram registradas mais de 900 mil inscrições. No ano passado, este número era de cerca de 700 mil. “O mercado hoje funciona de forma diferente. Neste ambiente, por exemplo, precisamos mais de técnicos do que de engenheiros”, afirma Trindade. “A demanda por técnicos só cresce, mas ainda há muito o que fazer neste sentido e o Brasil precisa muito se desenvolver nesta área”, diz. Do total das 7 milhões de vagas de ensino superior, apenas 1,5 milhão são técnicas. Cultura do doutor
Uma das atratividades da educação profissional é o fator mercado de trabalho. Segundo Paulo Borges, supervisor de avaliação educacional do Senai-SP, a taxa de colo16
Relatório do Senai Nacional com alunos formados há um ano mostra que a taxa de ocupação dos egressos do ensino técnico da entidade é de 74%, com 80% alocados no mercado formal
cação profissional dos alunos supera os 70% e chega a 80% em muitas áreas. Relatório do Senai Nacional, com os alunos formados há um ano pelo sistema e com os supervisores de empresas, mostra que a taxa de ocupação dos egressos do ensino técnico da entidade é de 74%, com 80% alocados no mercado formal. Quando se mede o índice de afinidade, ou seja, se o aluno trabalha na área na qual se formou, o percentual atinge 69%. “Alguns acabam tendo algum desvio de função, e acabam se colocando em outra área, mas é um número expressivo, que sinaliza que estamos estruturando os cursos de acordo com as necessidades do mercado”, avalia Borges. Com números como esses, o entrave para aumentar a quantidade de pessoal qualificado, advindo da educação profissional, pode não estar no investimento, no número de vagas ofertadas e nem espaço no mercado de trabalho. Ainda impera no país o que Trindade chama da cultura do doutor. “Viemos de uma cultura escravocrata forte e ainda carregamos o preconceito do trabalho operacional”, afirma. Mudar a cara do ensino pro-
fissional é um dos caminhos para atrair os jovens para as redes técnicas e tecnológicas e, assim, suprir as demandas do setor produtivo. Para Borges, ainda prevalece a tradição do bacharelado como a “verdadeira” formação superior. “Essa tradição é histórica e a educação profissional carrega um pouco desse preconceito, de que quem faz o profissional vai ser empregado, e o bacharel, líder – mas isto vem se revertendo”, observa. Pesquisa da CNI, de janeiro deste ano, feita com 2.002 pessoas em 143 municípios brasileiros, mostra a mudança dessa percepção. Dos entrevistados, 25% frequentam ou frequentaram educação profissional, 69% consideram os cursos de educação profissional como ótimos ou bons e 90% concordam total ou parcialmente que “quem faz um curso de educação profissional tem mais oportunidades no mercado de trabalho do que aqueles que não fazem curso algum”. São resultados positivos, que ajudam a reverter a ideia de “chão de fábrica” a que está ligada a educação profissional. A mesma pesquisa da CNI revela que 73% dos entrevistados acreditam que é preferível um bom curso técnico que uma faculdade de segunda linha e 55% dos brasileiros discordam totalmente ou em parte que só estuda em escola profissionalizante quem pertence a uma classe social mais baixa. Outro estudo, de 2012, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que quanto mais alta a classe social, maior é a taxa de frequênc ia de instituição de ensino profissionalizante.
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Laiane Araújo, 25 anos: conhecimentos específicos e cursos de liderança para subir de posto
Gustavo Morita
As mudanças nos currículos dos cursos podem ajudar a atrair mais os jovens. “O ensino técnico envolve conhecimentos na área de gestão, cada vez mais requisitados no mercado. Estamos mudando culturalmente, principalmente em regiões que s ão vetores de desenvolvi mento”, avalia Trindade. Guerra, da CNI, afirma que houve uma mudança efetiva na ideia de que emprego na indústria não é bem remunerado e não tem qualidade. “Essas mudanças só vão acontecer a partir do momento em que mostrarmos os retornos que esse ensino pode trazer para a carreira”, afirma. O culto ao bacharelismo, diz, é comum em qualquer país, mas a velocidade de desenvolvimento é maior naqueles que conseguiram atrair os jovens para as carreiras técnicas. “É este salto que precisamos dar, se quisermos construir uma indústria que agregue mais valor do que hoje ela gera”, explica. Para atrair o jovem para o ensino técnico e tecnológico é preciso ajudá-lo a ver a aplicação prática do que ele aprende em sala de aula. Dar acesso ao curso que ele quer, na região onde ele mora, também faz parte das ações para atrair alunos. E descartar a ideia de que técnico não poderá ser líder é outra iniciativa, ainda que o mercado já dê conta desta tarefa. Segundo Borges, não são raros os profissionais que fizeram o itinerário da educação profissional e ocupam postos de gerência e diretoria em grandes instituições. “Tem muitos casos de oferta de emprego que pedem um curso técnico, ainda que seja para altos cargos”, avalia.
Técnicos e líderes Como é cada vez mais comum entre os estudantes brasileiros, Laiane Araújo, de 25 anos, escolheu sair do ensino médio com uma profissão. A escolha: técnico de informática. “É uma área que estava crescendo e não tinha muito profissional”, conta. Assim que saiu da escola, já como profissional, ela encontrou na Finnet, empresa de tecnologia, o lugar para crescer. Há sete anos na empresa, a técnica saiu das mesas de help desk para a liderança da área de monitoração da empresa, em São Paulo. Sob sua gestão, estão oito homens – todos técnicos. Quando Laiane entrou na empresa, a companhia era pequena e só tinha sede em Barueri. Ela passou pela área de suporte e seguiu para a área de manutenção em 2010. Mas não foi por acompanhar o crescimento da empresa que a profissional foi promovida. “Fui convidada para ser líder por conta dos meus conhecimentos técnicos”, afirma. Os conhecimentos para liderar pessoas ela foi adquirindo com a ajuda da empresa, que investiu em cursos de gestão. “Eu já sabia a missão e os valores da empresa, mas no começo foi difícil. Mesmo assim, mostrei que consigo liderar”, diz. Além dos cursos de liderança, Laiane aprimorou os conhecimentos específicos: fez mais um curso técnico, de sistemas de informação, em 2008. “Tecnologia muda muito e o técnico ajuda a me atualizar, porque ao invés de ficar presa em uma grade curricular de quatro anos, faço um técnico de dois anos, com conteúdo mais atual”, analisa.
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EmPREGOs
VOCAÇÕES REGIONAIS
As áreas mais promissoras em diversas regiões do País
AMAZONAS Tem mercado em áreas tradicionais, como administração, comércio, contabilidade, eletrônica e informática, mas também em áreas específicas como agroecologia, técnico em florestas, meio ambiente, paisagismo, recursos pesqueiros. Também há oportunidades para tecnólogos em alimentos, processos químicos, desenvolvimento de sistemas, construção de edifícios, produção publicitária e sistemas eletrônicos.
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ACRE oportunidades para técnicos da área ambiental, com formação em meio ambiente, biotecnologia e agropecuária. Também há espaço para tecnólogos em gestão ambiental e agroecologia. Áreas tradicionais, como informática, administração, edificações e controle ambiental, também têm demanda e há cursos no Instituto federal do estado.
MINAS GERAIS conhecido pela produção de bebidas e alimentos, o estado tem oportunidades para tecnólogos que atuem na produção desses gêneros. o Instituto federal do estado oferece cursos de tecnologia de produção de cachaça e tecnologia de produção de grãos. Há ainda oportunidades no estado para técnicos em agroecologia, agroindústria, agropecuária, florestas, meio ambiente, zootecnia, sem contar as áreas tradicionais.
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DISTRITO FEDERAL A capital do país tem vocação para serviços de administração pública e turismo, abrindo oportunidades para técnicos e tecnólogos das áreas de eventos, auxiliar administrativo, recursos humanos, informática e línguas. Mas há também oportunidades para técnicos em operação de máquinas e implementos agrícolas, agronegócio, além de construção civil.
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SANTA CATARINA o Instituto federal catarinense oferece anualmente em torno de 2 mil vagas para os alunos dos cursos técnicos de nível médio regulares e outras cerca de 1,2 mil para os cursos superiores do instituto. no eixo tecnológico, a área de recursos naturais tem maior demanda, como o técnico em agropecuária. Técnico em informática também tem mercado. outras áreas de destaque são controle e processos industriais, gestão de negócios e ambiente.
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RORAIMA
BAHIA
com vocação em recursos naturais, as oportunidades no estado se encontram para técnicos e tecnólogos das áreas de agricultura familiar e comercial, apicultura, pecuária de corte, fruticultura, piscicultura, madeira e móveis, serviços, turismo e artesanato.
Há maior demanda pela área agrária, especialmente da agropecuária. Há oportunidades também na área de alimentos, zootecnia, agricultura, agrimensura, agroindústria e florestas. Devido à grande diversidade observada nas regiões do estado, todos os cursos ofertados têm uma demanda específica para atender à vocação produtiva da região. Em catu, a 78 km de salvador, há o desenvolvimento da indústria petrolífera, apesar de a agricultura familiar e a bovinocultura serem elementos essenciais da economia local. Guanambi, a 796 km de salvador, é caracterizada pelo clima semiárido, com solo propício para a plantação de feijão, milho, mandioca e algodão. o campus do If em Uruçuca, a 401 km da capital, tem o primeiro centro de pesquisas do cacau no mundo. Este ano, além de cinco cursos técnicos, passou a oferecer dois cursos superiores: tecnologia em gestão de turismo e agroecologia.
ALAGOAS o Instituto federal tem programa específico para atender à demanda de formação de profissionais da indústria de petróleo, gás, energia e biocombustíveis. o estado também tem demanda de profissionais de soldagem e agropecuária, além das oportunidades em áreas como administração, eletrotécnica e mecânica.
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ESPÍRITO SANTO o estado tem oportunidades para agropecuária e agroindústria, especialmente para tecnólogos em cafeicultura e aquicultura. os campi do Instituto federal do estado oferecem cursos técnicos e tecnológicos em redes de computadores, saneamento ambiental, zootecnia, alimentos, pesca, mineração, gestão de qualidade e serviços e técnico em florestas, além dos tradicionais.
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SÃO PAULO com foco em negócios da área financeira, serviços e indústria, na capital, e no setor de agro e combustíveis no interior, o estado oferece oportunidades diversas. Há espaço para tecnólogos em agronegócio, alimentos, automação industrial, biocombustíveis, mecânica, eletrônica, turismo e internet. para técnicos, as oportunidades também existem nas áreas de construção civil, informática, eletroeletrônica, química, automação industrial, administração, comércio, logística, eventos, telecomunicações e alimentos. fonte: IFs e instituições de ensino infografia: Luciano Arnold/start Digital fotos: 1. marco simola/Cifor; 2. Danny botelho; 3. William Ward; 4. Kelly sato; 5. Portal brasil; 6. matt Jacoby
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EMPREGOS
A parte e o todo Educação profissional direciona para um perfil que é capaz de agregar conhecimentos específicos com a dimensão de toda a cadeia produtiva
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er especialista em apenas uma etapa da produção já não faz mais parte do perfil do profissional formado no ensino profissionalizante. Se por um lado o mercado exige profissionais mais qualificados e especializados, também pede por mão de obra capaz de entender todo o processo. “Os currículos passaram por transformações de conteúdo e a capacidade de resolver conflitos e até componentes de empreendedorismo já são inseridos”, avalia Márcio Guerra, gerente de estudos e prospectiva da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ele explica que no perfil desses profissionais é possível incluir visão sistêmica e até habilidades de coordenação de equipes – o que torna o perfil ainda mais complexo e também completo. “Agora existe uma demanda forte de profissionais de nível técnico, que passam a ter um papel preponderante nesta dinâmica, pois têm uma visão sistêmica, habilidades de liderar equipes, ao mesmo tempo que possuem conhecimentos para inovar processos e produtos”, analisa Guerra.
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É o caso de Emílio Leite de Souza, de 24 anos, consultor pleno da inoveLive!, unidade de negócio focada na venda e implantação de produtos Microsoft na Nuvem. Com pouco mais de dois anos na empresa, e cursando o último ano de tecnologia em análise de desenvolvimento de sistemas na Fatec, Souza é responsável por projetos individuais na empresa e vem assumindo cargos de liderança. Embora seja um curso tecnológico, ou seja, voltado para um aspecto específico da área, também aborda outros temas. “Ele tem processos e dinâmicas que envolvem gestão”, diz. Souza sempre trabalhou com TI, já fez cursos específicos e viu nos tecnólogos opção mais focada, menos teórica e mais curta. Na opinião dele, profissionais com formação técnica são a base do conhecimento da empresa na área em que atua. Como já lida com pessoas ao coordenar alguns projetos, o foco, agora, é desenvolver outras habilidades. “Quero sedimentar o conhecimento técnico que tenho e desenvolver conhecimentos
de gestão, área que quero focar, uma vez que agora a ideia é gerenciar uma nova área na empresa”, conta. mais competências
As empresas também já veem diferenciais nesse perfil mais ampliado do profissional técnico e tecnológico. Segundo relatório do Senai Nacional, as empresas consideram que o profissional técnico é capaz de suprir diversas demandas, das mais básicas às específicas e de gestão. Elas também reafirmam a aprovação do perfil de competências do profissional com qualificação. Isso não significa que uma das características principais dos técnicos e tecnólogos foi deixada de lado. “Esses profis-
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Gustavo Morita
Emílio Souza, 24 anos, consultor na área de TI: curso tecnológico em análise de sistemas também trouxe conceitos de gestão
sionais são mais focados em suas áreas de atuação – esta é a essência”, lembra Felipe Morgado, gerente executivo de educação profissional e tecnológica do Senai. E é pelo fato de serem mais específicos que os cursos chamam a atenção de muitos profissionais. Foi o que atraiu Kamila Gabriela Amaro, de 26 anos, assistente de departamento pessoal na Telbrax, empresa de telecomunicações. Ela trocou o curso de administração no terceiro semestre para fazer o tecnólogo de gestão em recursos humanos. “A questão do tempo de curso não foi o que pesou, mas por ele ser mais direcionado. Para ter esse conhecimento, depois do curso de administração, eu teria de fazer uma pós-graduação na área. E no curso de tecnologia, não. A gente já tem todo o embasamento que uma pós-graduação daria”, conta.
Olho na inovação Inserir os técnicos e tecnólogos no processo de inovação do setor produtivo é um dos grandes desafios da educação profissional. Ao contrário do que se pensa, a inovação não se restringe aos muros da academia, principalmente quando se fala no setor industrial. “Na indústria, mais de 50% das inovações surgem dentro da própria rotina industrial, através dos funcionários. Técnicos conseguem sim participar do processo de inovação nas empresas”, reforça Aléssio Trindade, secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC). O setor privado já se deu conta disso e também oferece, por meio dos
seus institutos, formação profissional a jovens que podem ser não apenas potenciais colaboradores, mas futuros desenvolvedores. “Eles perceberam que é preciso fazer alguma coisa. Neste aspecto, conseguem apresentar forte movimento para atrair esse jovem para o ensino técnico”, afirma Divonzir Gusso, coordenador de educação do Ipea. Uma dessas iniciativas é da empresa de telecomunicações Oi. Por meio do Instituto Oi Futuro, a companhia criou o Nave (Núcleo Avançado em Educação), programa que capacita os estudantes para profissões na área digital. O programa conta com duas escolas, no Rio de Janeiro e em Recife, onde atendem cerca de mil
estudantes, e tem parceria com as secretarias de Educação do Estado do Rio de Janeiro e de Pernambuco. A atenção tanto do setor público como do privado, as mudanças culturais com relação ao ensino profissionalizante e a crescente pressão das empresas por profissionais mais capacitados, ampliando a oferta de vagas mais bem remuneradas, têm conseguido atrair os estudantes. Somente o Senai de São Paulo matriculou um milhão de alunos no estado. Os resultados dessas mudanças e investimentos serão vistos no médio e longo prazo. E a indústria, um dos agentes mais interessados, espera que os resultados se convertam em mão de obra qualificada.
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Ronaldo Guimarães
EMPREGOS
Thiago Martins, 27 anos, saiu de um bacharelado para um tecnólogo: mais objetivo
Caminho inverso Thiago Vítor Rodrigues Martins, de 27 anos, analista de redes na Telbrax, de telecomunicações, deixou o bacharelado de sistemas de informação, no terceiro ano, para migrar para o curso de tecnologia em redes de computadores. “Não tinha afinidade com o curso. Ele me deu muita informação, mas meu objetivo era profissional e queria algo mais focado e objetivo”, conta. “O bacharelado dava um leque amplo e eu queria me profissionalizar em áreas específicas”, completa. Na hora da escolha, Martins conta que não teve receio com relação a possíveis resistências do mercado pelo curso tecnológico – ao contrário. “É bem provável que no nosso setor cerca de 70% dos profissionais sejam tecnólogos, por ser uma área bem específica”, avalia. Há três anos na empresa, Martins avalia que o curso de tecnologia foi um dos fatores determinantes para atuar diretamente na área que queria e para crescer na empresa. Ele entrou na área de tecnologia da informação como técnico de suporte. “Cresci mais. Se eu estivesse naquela área ainda, essa evolução não teria sido tão rápida”, acredita. Hoje, ele trabalha no centro de gerência de redes e é um dos líderes da equipe. Agora, o profissional quer continuar se especializando, via MBA e certificações, valorizadas no mercado em que atua.
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Antes de trocar de área, a profissional trabalhava na área administrativa. “Tive a oportunidade de conhecer um pouco a área de RH e foi daí que surgiu o interesse, porque gosto de trabalhar com pessoas”, diz. Durante dois anos de curso, Kamila aprendeu os processos da área de RH, a rotina do departamento, como aplicar pesquisas de clima, recrutamento e seleção. “Mesmo sendo tecnológico, o curso é bem abrangente e ensina a lidar com as pessoas e com determinadas situações”, afirma. No terceiro período, a profissional conseguiu estágio na empresa onde trabalha e, assim que se formou, foi efetivada. Para ela, o curso tecnológico ajudou no processo. “Para trabalhar na área, é preciso conhecimento mesmo e pelo curso ser específico agregou mais valor ao currículo. Contribuiu para minha carreira”, avalia. O caminho agora é fazer uma pósgraduaç ão, mas Kamila ainda não descarta o bacharelado – quer fazer o curso de psicologia, para ampliar os conhecimentos em pessoas. Para Morgado, do Senai, o caminho traçado por Kamila é comum na trajetória de muitos profissionais – fazendo o perfil dos técnicos ser ainda mais diferenciado, técnico, mas também abrangente. “Eles partem depois para cursos de formação continuada, se especializando ainda mais” diz. Guerra, da CNI, enfatiza que é esse o itinerário natural do ensino profissionalizante. “É coisa do passado essa história de o aluno somente estar focado no contexto onde está inserido”, diz.
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