Guia de Educação a Distância 2015

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ANO 12 • Nº 12

ANO 12 • Nº 12 • R$ 13,90

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Os melhores cursos a distância na rede pública Conheça o

cotidiano de

quem estuda on-line

CATÁLOGO

GUIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2015

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A vez dos nativos digitais

Metade dos alunos a distância no Brasil tem de 18 a 30 anos. Saiba como os cursos estão se adaptando para receber esse público mais jovem E MAIS: TUDO SOBRE PÓS E MBA A DISTÂNCIA 01_CAPA GUIA EAD 2015.indd 1

∙ CURSOS GRATUITOS ∙ IDIOMAS ON-LINE 17/04/2014 16:13:28


CARTA AO LEITOR

Como é estudar on-line?

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á se vão doze anos desde que o Guia de Educação a Distância foi lançado e, nesse período, a modalidade passou por um processo de ampliação impressionante. Do descrédito inicial, considerada um estudo de “segunda categoria”, a EAD hoje atinge mais de 5,7 milhões de brasileiros, interessados na flexibilidade de horários e na virtual eliminação das distâncias geográficas. São cursos de graduação em áreas antes inimagináveis, como enfermagem e gastronomia, passando por novidades como um MBA brasileiro com material 100% disponível na internet, para qualquer interessado – você só paga se quiser o diploma e o acompanhamento de tutores. Ao mesmo tempo que evolui, a EAD também começa a cair no gosto dos alunos mais jovens, aqueles chamados “nativos digitais”, que já cresceram em um mundo conectado e mediado por computadores e smartphones. Agora, muitos já saem direto do ensino médio decididos a fazer uma graduação on-line, o que está provocando mudanças bem-vindas na organização e na qualidade dos cursos a distância. Mas o que significa, de fato, estudar à distância? Nesta edição, procuramos mostrar como é o cotidiano de quem fez a opção pelo ensino não presencial: a que horas estudam, quando assistem às aulas, como conciliam a rotina de trabalho e de tarefas domésticas com uma modalidade que – ao contrário do que aponta o senso comum – exige muita dedicação e autonomia do aluno. De olho no mercado de trabalho, também perguntamos a recrutadores e especialistas em RH o que eles esperam de um profissional pós-graduado a distância: quais características chamam a atenção no currículo e qual a hora certa de fazer uma pós ou um MBA. Ao longo do Guia, a nossa preocupação é a mesma: mostrar o mundo real de quem fez (ou pretende fazer) a opção pela EAD. Aproveite a leitura!

SUMÁRIO ENTREVISTA 8 Para o pesquisador José Manuel Moran, a tecnologia ainda está pouco presente na educação, principalmente em relação aos professores

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CENÁRIO Mais de 5,7 milhões de brasileiros frequentam um curso a distância. E a modalidade se mostra mais flexível e provoca mudanças no ensino tradicional

DIA A DIA Trabalho, estudo e vida pessoal: conheça histórias de sucesso de quem teve de se adaptar às exigências do ensino a distância

24 GRADUAÇÃO Optar pela educação on-line para fazer a primeira faculdade é uma opção cada vez mais comum entre os estudantes mais jovens

30 PÓS Recrutadores e especialistas dizem qual o perfil desejado de um profissional que fez uma especialização ou um MBA a distância

40 OsMOOCs cursos livres e abertos oferecidos pelas grandes universidades do mundo ganham força entre o público brasileiro com versões nacionais

PÚBLICAS 46 Cresce a oferta de cursos a distância gratuitos na rede federal e em algumas estaduais – saiba quais são os mais bem avaliados e como ingressar

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IDIOMAS Aprender uma língua pela internet pode ser uma saída para quem não tem tempo ou não se adaptou a um curso presencial. E as opções vão além do inglês

ESTUDAR 58 ONDE Bacharelados, licenciaturas e tecnólogos: apresentamos um catálogo com as 1.264 graduações a distância existentes no país, divididas em 144 carreiras

Gabriel Jareta, editor 6

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NA INTERNET www.guiasdeeducacao.com.br

Presidente: Edimilson Cardial Diretoria: Carolina Martinez Marcio Cardial Miriam Cordeiro Rita Martinez Rubem Barros

Diretor Editorial: Rubem Barros Editor: Gabriel Jareta gabriel@editorasegmento.com.br Fotografia: Gustavo Morita Diagramação: Cleber Estevam Capa: Fernando Brum Colaboradores: Daniel dos Santos, Juliana Duarte, Luciana Alvarez, Marcelo Daniel, Verônica Fraidenraich (texto), Guillermo Giansanti, Júlio César Costa, Renata Stoduto, Sergio Ranalli, Theo Marques (foto), Luciano Arnold (infografia), Luiz Roberto Malta e Maria Stella Valli (revisão) Subeditora web: Carmen Guerreiro Estagiária web: Nathália Aguiar Processamento de Imagem: Paulo Cesar Salgado Produção Gráfica: Sidney Luiz dos Santos Estagiária de PCP: Isabela Elias PUBLICIDADE Gerente: Anderson Cardoso anderson@editorasegmento.com.br Executivas de Negócios: Milene Laviña milene@editorasegmento.com.br Elaine Isiama elaine@editorasegmento.com.br ESCRITÓRIOS REGIONAIS Brasília – Sonia Brandão Tel.: (61) 3225-0944 / (61) 9973-4304 sonia@editorasegmento.com.br Paraná – Marisa Oliveira Tel.: (41) 3027-8490 parana@editorasegmento.com.br Rio de Janeiro – Edson Barbosa Tel.: (21) 4103-3868 / 8881-4514 edson.barbosa@editorasegmento.com.br WEB Gerente: Fabiano Haussman Vidal Assistentes: Lucas Carlos Lacerda e Lucas Alberto da Silva TECNOLOGIA Gerente: Paulo Cordeiro Analista: Diego de Andrade Desenvolvedores Web: Jonatas Moraes Brito e Michael Regis MARKETING Diretora: Carolina Martinez Coordenadora: Fabiana Gama Analista Marketing Comercial: Caroline Ferraz Analista Marketing Circulação: Kátia Hochberg Designers: Rodrigo Cárcamo e Gabriel Andrade Redator: David Anderson Rodrigues EVENTOS Analista: Priscilla Rodrigues Assistente: Josiane Rodrigues OPERAÇÕES Diretora: Miriam Cordeiro Gerente de Assinaturas: Beatriz Zagoto Eventos Assinaturas: Lúcia Sousa Vendas Governo: Cláudia Santos Planejamento e RH: Melissa Ramos Contas a Pagar: Simone Melo Faturamento: Weslley Patrik Distribuição exclusiva para todo o Brasil: Dinap S/A – Distribuidora Nacional de Publicações Rua Dr. Kenkiti Shimonoto, 1.678 – Jardim Belmonte – Osasco (SP) – CEP 06045-390 Guia de Educação a Distância é um anuá rio da Editora Segmento. Esta publicação não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião do anuário. Editora Segmento Rua Cunha Gago, 412, 1o andar CEP 05421-001 – São Paulo (SP) Tel.: (11) 3039-5600 Fax: (11) 3039-5610 Central de atendimento ao leitor De 2a a 6a feira, das 8h30 às 18h Tel.: (11) 3039-5666 / Fax: (11) 3039-5643 atendimento@editorasegmento.com.br ou acesse www.editorasegmento.com.br

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GRADUAÇÃO

Uma

alternativa real Obter um diploma de curso superior a distância exige maturidade para se organizar em uma rotina de estudos constantes, mas opção está ganhando espaço entre estudantes mais jovens LUCIANA ALVAREZ

A

o terminar o ensino médio, Fabiana Pontes, hoje com 21 anos, sabia que seria impossível pagar uma faculdade particular. Fez dois anos de cursinho ambicionando uma vaga na Universidade Estadual de Londrina, cidade onde mora. Ao não passar pela segunda vez no concorrido vestibular, começou a pensar em outras opções. Logo descobriu que poderia se inscrever para uma bolsa do Prouni no curso de gestão ambiental 24

na modalidade a distância da Universidade Norte do Paraná (Unopar). Desta vez, conseguiu ser aprovada para a única vaga de bolsista. “Hoje vejo que foi o melhor que poderia ter me acontecido. Mantive meu emprego em horário comercial e, agora que casei, ainda consigo dedicar algum tempo ao meu marido e a minha casa”, conta a estudante, que cursa o quarto semestre. Apesar de sair de um modelo de ensino extremamente focado na fi-

gura do professor – seguido em praticamente todas as escolas de ensino médio – direto para uma graduação em EAD, Fabiana garante que foi fácil se adaptar. “Temos um tutor pela internet, bastante material de apoio, as web-aulas e uma biblioteca virtual. Tudo isso ajuda a realizar as atividades obrigatórias durante a semana. Percebi que não preciso ser dependente de um professor para aprender”, afirma. No curso que Fabiana segue, toda semana há uma atividade individual

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tema, depois tem de fazer pesquisa in loco. Sempre que precisa, a gente se reúne na universidade. Basta agendar a sala”, relata.

sErGio raNalli

Fabiana Pontes, de londrina, cursa gestão ambiental a distância: mais jovens ganham espaço na graduação

para ser entregue, que conta pontos para a nota fi nal. Segundo a estudante, elas são uma espécie de prova, uma forma de o aluno mostrar que leu e entendeu o conteúdo pedido para a semana. Para ela, a vantagem desse método é que ele obriga o aluno a estudar com frequência e não deixar conteúdo acumulado. Os encontros presenciais acontecem uma vez por semana, sempre às sextas-feiras à noite. “Não é um curso 100% a distância. Então tenho sim

uma turma, tem o estágio obrigatório e projetos externos. Exige bastante dedicação, mas com flexibilidade de horários”, explica Fabiana. Além das atividades semanais, há uma prova fi nal de cada disciplina, feita durante o encontro presencial. A cada semestre há ainda um projeto temático individual e outro coletivo, ambos interdisciplinares. “Meu último projeto em grupo foi sobre a poluição provocada pelos cemitérios. A gente escolhe o grupo, discute o

MaiS JovenS Em muitos aspectos, Fabiana Pontes é um bom retrato do perfil do estudante de EAD hoje no Brasil. Assim como ela, a maior parte dos alunos é mulher, está matriculada na rede privada, pertence à classe C, e acumula dupla jornada: ao mesmo tempo que estuda, trabalha para pagar suas contas. Segundo o Censo da Educação Superior do MEC de 2012, 83,7% dos matriculados em EAD estão na rede particular. O censo realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) também em 2012 mostrou que 55% dos alunos de EAD são mulheres. Além disso, 84% já estão no mercado de trabalho. A flexibilidade de horários é, portanto, uma das principais vantagens da modalidade, permitindo que os estudantes conciliem a vida profissional com a acadêmica. Mas a pouca idade de Fabiana faz com que ela entre para um grupo raro, porém crescente, entre os alunos de EAD: os jovens recém-saídos do ensino médio. Enquanto a média etária dos matriculados em graduções presenciais é de 26 anos, a média dos estudantes de EAD é de 33, de acordo com o levantamento da Abed. Essa diferença etária entre as modalidades é apenas uma questão cultural, garante Carlos Longo, diretor da Universidade Positivo Online. “É uma questão de convívio social. O jovem quer ir ao campus não só para estudar, mas para bater papo, marcar festas, ter um grupo. Ele quer sair de casa, da tutela dos pais, ganhar mais autonomia”, afirma. Guia de Educação a Distância 2015

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GRADUAÇÃO

Cuidados básicos Para o sucesso do aluno em uma graduação a distância, a primeira coisa a saber é que o curso pode ser tão ou mais exigente que um presencial. Por isso, é necessário ter tempo para estudar e muita organização. “Uma graduação nunca é fácil, ninguém deve se enganar. Não há tantas horas em sala de aula, mas é preciso cumprir metas”, afirma Karin Schneider, coordenadora da graduação da Uninter. De acordo com Kátia Morosov Alonso, pesquisadora em EAD e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o modelo adotado pelo Brasil possui uma série de vantagens, mas é preciso ter muito cuidado com a qualidade na hora de escolher um curso. Segundo ela, assim como aconteceu há mais tempo com o ensino presencial, a rápida expansão da oferta acabou levando à criação de graduações de baixa qualidade. A pesquisadora recomenda que os alunos tomem muito cuidado com o discurso de que o aluno deve ser “independente” ou “autodidata”. Kátia garante que isso é um mito: todo processo de aprendizagem precisa de um mediador, em qualquer idade ou fase da vida. “O curso deve ser acolhedor, se preocupar com as dificuldades do aluno, e precisa de gente envolvida, seja um professor, um orientador, um tutor. Quanto mais preguiçoso for o sistema, mais ele vai responsabilizar o aluno”, avalia.

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Portanto, embora não exista nenhum impedimento para que alunos a partir dos 17 ou 18 anos cursem graduações a distância, o foco da modalidade são adultos de 25 a 45 anos. “Temos 25 milhões de brasileiros nessa faixa etária, morando nas periferias das grandes cidades, com o segundo grau completo, sem curso superior, e com acesso à internet de boa qualidade”, afirma Longo. Na rotina dos estudantes, Fabiana acredita ser uma vantagem ter colegas um pouco mais velhos. “De fato, a maioria da turma está na faixa dos 30 e tem alguns de 40. Mas acho que isso agrega aos estudos. Vários dos meus colegas já trabalham na área e estão buscando a graduação para melhorar na carreira, mas passam muito da experiência prática deles para todos”, afi rma.

experiência valoriZaDa Mesmo quem já tem alguma “experiência prática”, mas ficou mais tempo afastado dos bancos escolares, pode se adaptar bem à modalidade a distância. “Nunca me senti abandonada”, garante Renata Holz Vidal dos Santos, 34 anos, moradora de Guarulhos, que acabou de se formar em pedagogia. “Eu era o tipo de aluna ‘chata’, que mandava sempre e-mail com dúvidas, telefonava, participava dos chats e ouvia a web-rádio, canal em que um professor respondia as dúvidas enviadas por todos os alunos”, conta. A única diferença entre a modalidade a distância e a presencial, diz Renata, seria o imediatismo das respostas. “Se você perguntar para um professor no fim da aula, ele responde na hora mesmo. As dúvidas que eu enviava podiam demorar até dois dias para serem respondidas. Mas sempre fui atendida”, garante.

Para a pedagoga, a EAD foi a única opção para conseguir um diploma. “Eu trabalhava o dia inteiro e estava com minha filha bem pequena – ela tinha 4 anos quando comecei. Quando chegava em casa, fazia o jantar, colocava a filha na cama, para então ir estudar”, conta. Durante todo o curso, sua dedicação à faculdade foi diária, mas se iniciava às 22 horas, algo impensável para um curso presencial. “Estudava até meia-noite, ou mais, caso precisasse”, diz. O reconhecimento da sua formação veio de forma imediata. Ainda durante a faculdade conseguiu ser contratada como “auxiliar” pela entidade em que antes atuava semanalmente como voluntária. Assim que se formou, ganhou o posto de professora de ensino infantil. Já formada, Renata disse que pretender fazer duas especializações, ambas na modalidade a distância. “Sou curiosa, gosto de pesquisar. Pela internet, você tem o mundo em suas mãos; com a EAD, você ganha a orientação necessária”, afirma.

evolução Da oFerta Além da queda na faixa etária, outro ponto que atualmente passa por uma transformação na EAD é o perfil dos cursos. Quando a EAD foi oficialmente aceita pelo MEC, em 2000, ela contava com cerca de 1,5 mil alunos, todos matriculados em licenciaturas. A rápida expansão durante a década trouxe mais diversidade, mas o foco continuou sendo por bastante tempo na formação de professores. “Nos primeiros anos, a modalidade estava focada em alunos de cidades com até 500 mil habitantes onde não havia oferta de curso superior. Como um dos grandes motivadores do ensino superior é a empregabilidade, a ênfase era na formação de professores, pois é um

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Gustavo Morita

Depois de um período afastada dos estudos, Renata Holz dos Santos, de Guarulhos, optou pela EAD

profissional requisitado em todas as cidades, mesmo as pequenas”, analisa Longo, da Positivo Online. Ele ainda lembra que, como a internet era então de baixa qualidade fora do eixo Rio-São Paulo, os cursos eram transmitidos sobretudo via satélite. Mas, segundo explica Longo, a expansão da internet e o esgotamento da possibilidade de crescer nas cidades pequenas estão provocando uma mudança no perfil da EAD. “A classe C passa a ser uma grande consumidora de internet. Hoje, 68% dos lares têm internet de qualidade. Como mudou a demanda, agora os bacharelados e cursos de tecnologia vêm crescendo”, afirma. De fato, a fatia das licenciaturas diminui ano a ano. Os números do

Censo do MEC apontam a tendência: em 2007, 50% dos ingressantes estavam nas graduações de licenciatura; em 2012, essa porcentagem caiu para 40%.

experiência na prática Na lista de graduações oferecidas em EAD há os bacharelados em odontologia e enfermagem, que por serem da área da saúde exigem uma alta carga horária de aulas práticas em laboratórios e estágios. Para muitos pode parecer supreendente, mas essas graduações existem há vários anos e estão de acordo com as exigências do MEC e dos órgãos reguladores das categorias profissionais. “Seguimos estritamente todas as diretrizes curriculares estabelecidas

pelo MEC. Temos as cargas horárias de estágio monitorado e aulas práticas em laboratórios equipados, com professores especializados”, garante Thais Costa de Souza, diretora da Anhanguera, que oferece o curso de enfermagem a distância. Segundo ela, o curso também recebeu visitas do Coren (Conselho Regional de Enfermagem), que observou a infraestrutura e aprovou o curso. No caso da enfermagem na Anhanguera, os encontros presenciais acontecem duas vezes por semana e podem ser no período noturno ou matutino – o período é definido pelo aluno na inscrição. “Dessa forma, atraímos um público diferenciado, muita gente que trabalha em funções técnicas em hospital e, por causa do 27

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GRADUAÇÃO esquema de plantões, não teria condições de fazer uma faculdade presencial”, afirma Thaís. A universidade também abriu em 2014 seus primeiros cursos de engenharia. Segundo a diretora, os laboratórios necessários estão presentes em todos os polos, mas as matérias teóricas são ministradas a distância. O currículo é o mesmo, só o público que muda. “A EAD inclui pessoas que não teriam acesso a um curso de engenharia, normalmente oferecido em período integral”, diz. A fórmula de aumentar o número de encontros presenciais e oferecer os laboratórios em cada polo é repetida também para os cursos tecnológicos, assim como os da área de TI. “Cursos com mais teoria têm

DeManDa para enGenHaria Karin, no entanto, aposta numa forte expansão dos cursos de engenharia nos próximos anos, por uma questão de demanda por esses profissionais no mercado. “O momento que o país passa é propício para a área. Para criar nossos cursos, estamos em colaboração direta com o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). A engenharia de produção será nossa primeira, porque é

um curso mais fácil de implantar, que tem muito de gestão”, relata. Com mais ou menos encontros presenciais, Karin acredita que o modelo atual está se provando bem-sucedido em todos os campos do saber – e assim, cada vez mais os preconceitos vão diminuir e a oferta de novas graduações em EAD só deve aumentar. Segundo ela, o sucesso dessa modalidade depende tanto das avaliações externas, feitas pelo MEC, como da aceitação pelo mercado de trabalho. “Claro que existem problemas em alguns cursos de EAD, algo que também ocorre em cursos presenciais. Mas nesses dois critérios vemos hoje que é um modelo que está funcionando e tem de tudo para continuar em expansão”, afirma.

em disciplinas que não são as da sua formação, como um professor de matemática que acaba dando aulas de química e física também. Para tentar combater o déficit de professores formados, um problema antigo do país, o movimento inicial da educação a distância tinha como objetivo dar formação a professores já em exercício. O poder público lançou iniciativas como a Universidade Aberta do Brasil, do governo federal, e a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo). Embora ofereçam cursos diversos, o foco desses programas é de formação de docentes (leia mais a partir da página 44). A UAB não é uma universidade no sentido tradicional da palavra, com reitor, sede, professores próprios; ela é um sistema de articulação de universidades públicas e institutos federais

interessados em oferecer EAD. Em 2011, a UAB contava com 190 mil alunos, distribuídos em 618 polos. Docentes e gestores de redes públicas de ensino têm preferência, participando de uma seleção separada dos demais candidatos. Mas, desde 2006, a maior parte das vagas de pedagogia e licenciatura em EAD é oferecida pela rede privada. Essa expansão das instituições de ensino particulares sobre uma questão que era considerada um problema de Estado ocorreu por motivos práticos e mercadológicos. Por serem cursos com grande carga teórica, eles são facilmente adaptados para a modalidade a distância. Como a profissão de professor é algo necessário em todas as localidades, e a EAD tem naturalmente um maior alcance territorial, não faltam interessados.

uma maior facilidade de implantação, mas qualquer curso pode ter a carga teórica ministrada a distância. Não existe nenhum impedimento de fato. Muitas vezes, é só preconceito”, afi rma Karin Schneider, coordenadora da graduação da Uninter.

Déficit docente O Brasil tem quase 650 mil professores de educação básica atuando em sala de aula sem ter diploma de nível superior. Os números, revelados pelo levantamento do MEC chamado Sinopse do Professor, de 2009, são proporcionalmente mais graves no ensino infantil, etapa na qual mais da metade – 52% – exerce a profissão sem ter passado por uma faculdade. Quando se fala no ensino fundamental, a porcentagem dos docentes sem diploma chega a 30%. O quadro é um pouco melhor apenas na etapa seguinte, do ensino médio. Ainda assim, há 9% de professores sem curso superior. E esses dados nem dão conta de outros casos, como professores formados em cursos que não preparam para trabalhar com educação (bacharéis ou tecnólogos), ou aqueles que atuam

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PÓS

Currículo

aprimorado Cursar uma pós ou MBA on-line já é uma saída comum para quem quer conciliar os estudos com a rotina profissional. Saiba o que os recrutadores esperam de um profissional formado a distância DANIEL DOS SANTOS

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eja para reforçar o currículo ou para desempenhar melhor novas funções no trabalho, é cada vez maior o número de profissionais que cursam uma pós-graduação a distância no Brasil. Segundo dados do Censo EAD Brasil 2012, realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância com mais de 230 instituições formadoras, houve um aumento de 52,5% nas matrículas na modalidade de EAD em relação ao ano anterior. E a área de pós responde pela maior concentração de cursos de nível superior reconhecidos, com 54% de participação, seguida pela graduação, com 29%. Além da flexibilidade de horários para o estudo e de evitar deslocamentos diários, a procura pela pós a distância também pode ser explicada pela questão financeira. No caso de instituições como a FGV, o MBA em sistema

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de EAD sai entre 20% e 25% mais barato que o curso presencial. E vale lembrar que quem acrescenta esse tipo de formação ao seu currículo costuma ampliar seu salário. De acordo com um estudo feito pela Catho, empresa que oferece vagas de emprego pela internet, em fevereiro de 2014, um coordenador que possui um MBA, por exemplo, ganha cerca de 20% a mais que o mesmo profissional que conta apenas com graduação. “Fazer uma pós ou MBA é muito importante para quem quer crescer na profissão, principalmente em cargos de liderança”, explica Lisângela Falcão de Melo, gerente executiva de recrutamento e seleção do Manpower Group, multinacional da área de recursos humanos com escritório em mais de 80 países. “E o ensino a distância, desde que feito em uma instituição respeitada, com metodologia e grade curricular adequada e

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PÓS com o empenho do aluno, é um bom caminho para conseguir essa formação”, avalia ela, que tem dois MBAs em seu currículo, ambos com alguns módulos realizados a distância. Segundo Malena Martelli, vice-presidente de recursos humanos da Capgemini, empresa de serviços de consultoria, tecnologia e terceirização que emprega 7,8 mil pessoas no Brasil, quem surge com uma pós a distância no currículo já não é mais visto com desconfiança nas grandes companhias. “O mercado de trabalho exige atualizações constantes e o estudo é sempre um meio muito valioso. A pós-graduação em sistema de EAD é bem vista como

ferramenta para complementar a formação educacional”, afirma. “A graduação funciona como uma base técnica, enquanto a pós-graduação oferece uma visão mais ampla de negócios. Ela é fundamental para quem quer ingressar em uma grande empresa, que exige formação sólida e que oferece espaço para o desenvolvimento da carreira”, define Carina Budin, sócia-gerente da Asap, consultoria especializada no recrutamento e seleção de executivos. De acordo com Carina, apesar de algumas limitações da modalidade a distância, como o menor contato direto com os professores ou com outros alunos, por outro

O profissional ideal O que gestores de RH e recrutadores esperam de um candidato que saiu de uma pós a distância

FORMAÇÃO Para carreiras técnicas, uma pós segmentada é mais valorizada. Já para cargos de liderança, cursos abrangentes são indicados

NETWORKING A rede de contatos é fundamental para ampliar seu leque de possibilidades no mercado de trabalho. E indicações também podem contar em um processo seletivo

PERSONALIDADE Qualidades como facilidade de adaptação a mudanças, habilidade para trabalhar em equipe, ousadia e curiosidade estão em alta

IDIOMAS Em um mundo globalizado, saber inglês é essencial. Se a vaga em disputa envolver contato com outros países da América Latina, também é preciso “hablar español”

EXPERIÊNCIA Além de empregos anteriores em funções relacionadas ao cargo que você almeja, é importante mostrar resultados obtidos

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Fontes: executivos da Manpower, Capgemini e Claro

lado ela potencializa outros aspectos bem vistos pelo mercado de trabalho, como a disciplina, a autonomia, a capacidade de buscar informações e a maior familiaridade com as novas ferramentas digitais. “A EAD desenvolve competências muito importantes, principalmente em uma época na qual o trabalho em sistema de home office e o uso da tecnologia são cada vez mais comuns”, destaca. Na opinião de Rozalina Azevedo Chaves Michelletto, diretora de competências profissionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos, quando as empresas contratam um profissional que fez pós-graduação a distância, a expectativa é que ele traga características como organização e dedicação. “Um bom currículo, com conteúdo e formação forte, é um dos fatores importantes para ter acesso a uma oportunidade de entrevista. Mas o que os empregadores estão em busca, acima de tudo, é de atitude, comportamento ético, capacidade de trabalhar em equipe e de trazer à prática os conhecimentos adquiridos no processo de formação”, destaca.

NETWORKING Um dos temores de quem pensa em cursar uma pós a distância é o de que não seja possível fazer um bom networking (rede de contatos), algo muito valorizado no mercado de trabalho. Mas a experiência mostra que EAD não é sinônimo de isolamento. Formada em comunicação pela PUC do Rio Grande do Sul, com pós-graduação em marketing pela UFRGS, a empresária da área de eventos Elizabeth Cabral, de 61 anos, sentiu, recentemente, a necessidade de ampliar os seus conhecimentos na área de gestão. Como tinha um familiar doente para cuidar, o que impedia seu deslocamento frequente, resolveu fazer

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a empresária Elizabeth cabral, do rs, fez um mBa a distância na área de gestão: contato com ex-colegas permanece

seu primeiro curso a distância, um MBA em gestão executiva de projetos pelo Ibmec. “No começo eu tinha muito receio. Estava acostumada a ter professores ao vivo e com o formato tradicional de estudo”, admite. O curso durou pouco mais de um ano e ela aprovou a escolha. “Aproveitei muito o conteúdo oferecido e conheci pessoas de várias áreas, como engenheiros, administradores e profissionais de tecnologia, de diferentes estados do Brasil. O contato com eles foi essencial para o meu aprendizado e desenvolvimento”, destaca. Segundo Elizabeth, a distância não é problema para quem pretende fazer uma rede de relacionamento profissional – e mesmo pessoal – eficiente. “Falava com frequência com um grupo de cerca de 25 pessoas. E com alguns deles conversava todos os dias, via Skype”, explica ela, que ainda mantém contato com vários dos participantes do curso. Hoje, os conhecimentos obtidos têm sido muito úteis no trabalho que desempenha. “Organizo um

evento internacional que reúne 1.300 pessoas. Com o curso que fiz, agora tenho uma visão desse trabalho como projeto, com sistematização”, explica.

eScolHa certa Mas muitas dúvidas surgem na hora de optar por um curso. Como escolher a pós-graduação mais ade-

quada? Melhor optar por um curso voltado para uma área específica ou mais generalista? Vale a pena fazer mais de um curso? De acordo com a especialista em recrutamento Carina Budin, da Asap, a quantidade não é o mais importante. “É preciso traçar um plano para sua carreira e escolher cursos que façam sentido dentro

Entenda as diferenças Os cursos de pós-graduação são divididos em lato sensu e stricto sensu. A primeira opção, que em latim significa “sentido amplo”, reúne cursos de especialização e os chamados MBAs. Sua aplicação é mais prática, com foco no mercado corporativo. Já a pós stricto sensu (“sentido restrito”) é voltada para quem quer seguir a carreira acadêmica, com a formação de pesquisadores e professores com títulos de mestrado e doutorado. Quanto ao termo MBA (Master of Business Administration), muito popular atualmente, surgiu, como o nome sugere, como um curso de especialização voltado para a área de administração de negócios. Com o tempo, porém, várias instituições começaram a usar a sigla associada a cursos de outras áreas, como economia e tecnologia da informação. Apesar do termo master, não é um mestrado.

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PÓS Áreas promissoras Especialistas em carreira e recrutamento apontam dez setores em alta para quem pensa em fazer uma pós a distância

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GESTÃO DE PESSOAS – Cada vez mais as organizações exigem que o líder exerça seu comando com o foco em equipes e resultados. Como as demais profissões de comando geralmente pouco focam esse aprendizado, essa é uma ótima oportunidade de ganhar conhecimento adicional.

no mundo virtual. Indicado principalmente para profissionais da área de comunicação.

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ENGENHARIA CIVIL – Área em alta devido à expansão do setor imobiliário (movido pela oferta de crédito e ao incentivo do governo para a construção de moradias), e a eventos como as Olimpíadas.

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INOVAÇÃO – Não importa em qual área você atua. As demandas por inovações e entendimento das estratégias envolvidas podem ser úteis à gestão de produtos, processos ou mesmo pessoas. GESTÃO DE PROJETOS – Independentemente da área de atuação, é fundamental entender e aprender como gerir projetos dentro de uma organização, sejam voltados a processos, produtos ou estratégias.

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – Principalmente em áreas onde o core business (negócio principal) passou a ter foco em tecnologia, essa especialização é muito recomendada.

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MARKETING COM ÊNFASE EM NOVAS MÍDIAS – Com o crescimento de áreas como redes sociais e aplicativos para smartphones, é necessário saber promover e administrar as marcas Fotolia.com

dessa estratégia, para não perder, o foco”, explica. “Ter um currículo com uma ou várias pós que não se relacionam com a sua área de atuação passa a impressão de que a pessoa não sabe o que quer e que não vai colocar em prática aquele conhecimento adquirido”, afirma. Segundo Gordon Simpson, diretor de RH para a região das Américas da DHL Global Forwarding (unidade de negócios da gigante multinacional da área de logística), que conta mais de 700 funcionários no Brasil, a escolha do tipo de pós que melhor atende ao momento profissional depende de fatores como o posto de trabalho que a pessoa almeja e do setor de atuação. “Em áreas técnicas, que podem exigir conhecimentos aprofundados, uma pós-graduação específica é a melhor opção. Já para quem busca um posto de gestão, um MBA que forneça um conhecimento mais amplo é a melhor aposta”, explica o executivo. Para chegar a uma escolha adequada, os especialistas em RH também destacam que é preciso estar atento a fatores como o tempo de formação, não “engrenando” uma especialização logo após terminar a faculdade. “É recomendável que a pessoa tenha pelo menos três anos de trabalho na área depois de formada antes de fazer uma pós”, afi rma Veronika Falconer, diretora de RH da Takeda Brasil, empresa de produtos farmacêuticos que emprega cerca de 1,7 mil pessoas no país. Esse tempo é necessário para que o profissional coloque em prática o que estudou, aprenda com os desafios do trabalho e possa, então, usar a pós para aprimorar o conhecimento já utilizado. “Antes disso, caso ele tenha muita sede de conhecimento, ele pode fazer alguns cursos pontuais”, aconselha Veronika.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – O ensino em sistema de EAD veio para ficar. E os educadores que quiserem aproveitar as oportunidades do setor precisam estar familiarizados com esse novo mundo.

PETRÓLEO, GÁS E MINERAÇÃO – Considerando os avanços do Brasil nesse cenário e com as perspectivas de extração de novas fontes, o mercado necessita urgentemente de profissionais para atender à demanda do setor, que tem carência de mão de obra qualificada.

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SAÚDE – O aumento da privatização do setor médicohospitalar e o crescimento na demanda por especialistas torna o setor atrativo.

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HOTELARIA/ TURISMO – Impulsionado por eventos como as Olimpíadas, o setor deve apresentar crescimento tanto em número de empregos como em matéria de salários.

Fontes: catho, manPower Group e renato ricci (especialista em coaching e escritor)

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PÓS CORPORATIVA

Trabalho integrado

Empresas e instituições investem nas universidades corporativas para desenvolver, treinar melhor e reter seus talentos DANIEL DOS SANTOS

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e você trabalha em uma grande empresa e não está fazendo algum curso de aprimoramento atualmente, vale consultar seu chefe ou dar um pulinho no RH. Dispostas a desenvolver, motivar e reter seus talentos, empresas e instituições como Claro, Banco do Brasil, BNDES, Sebrae e Banco do Nordeste, entre várias outras, investem nas chamadas universidades corporativas. “Elas permitem suprir o conhecimento específico necessário para a formação de quadros nas companhias e acabar com os gaps que as universidades deixam na formação dos profissionais que ocupam cargos de liderança”, explica Stavros Xanthopoylos, diretor-executivo da FGV Online, instituição que fornece soluções e conteúdo para as universidades corporativas. 38

“Estávamos em busca de um formato para a área de treinamento no qual fosse possível garantir a continuidade do aprendizado”, explica Pablo Pereira, especialista em treinamento da Claro. Em 2012 a empresa da área de telefonia lançou a Claro Universidade, que é dividida em academias de líderes, vendas, suporte ao negócio, tecnologia, relacionamento com o cliente e de desenvolvimento pessoal. A iniciativa, que oferece treinamento e certificação com foco no negócio da empresa, inclui centenas de cursos e já atingiu cerca de 10 mil funcionários. As aulas são gratuitas, realizadas no horário de trabalho e oferecidas em vários formatos, indo do presencial ao on-line. “Com essa estrutura de ensino conseguimos redução de turnover e melhoria no clima

da empresa, pois os colaboradores percebem o investimento, além da qualificação das equipes”, explica Pereira. Para oferta de conteúdo, a Claro conta também com parcerias com instituições como o Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações), responsável por treinamentos de engenheiros da companhia, em sistema de e-learning e presencial. “As empresas identificam uma necessidade de aperfeiçoamento de seus funcionários e nós formatamos o curso, geralmente para grupos de até 30 funcionários”, explica Rosimara Beatriz Arci Salgado, coordenadora do núcleo de EAD do Inatel. Porém, também é possível realizar um curso organizado pelo instituto de forma individual. Foi o que fez Gerlan Cidade, engenheiro de integração da Ericsson Telecomunicações, que participou da

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capacitação a distância em TV digital. “Graças ao curso, consegui conquistar uma certificação que ninguém da área na minha empresa em toda a América Latina havia conseguido”, destaca. De acordo com dados do Censo de EAD 2012, realizado pela Abed, a maioria dos cursos corporativos é ofertada pelas grandes empresas, com 45,8% do total. E os alunos que recebem esse benefício não costumam desprezá-lo. O levantamento mostra que o índice médio de evasão é muito menor nos cursos corporativos quando comparados aos não corporativos.

Evolução na carreira No Banco do Nordeste, instituição com mais de 6 mil funcionários e presente em 2 mil municípios de 11 estados, a universidade corporativa foi lançada em 2010 como uma forma de

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organizar as iniciativas em educação e ter uma postura mais ativa em matéria de treinamento. O resultado é uma grande variedade de opções de cursos, para os mais diferentes perfis de profissional. Só no ano passado, seus funcionários participaram de 22.630 treinamentos custeados pelo banco, sendo 73% realizados a distância. Além de oferecer esse tipo de ensino, o Banco do Nordeste também apoia e patrocina seus empregados em cursos como pós e mestrados, realizados por instituições como FIA, FGV e Ibmec, que podem ser realizados nas dependências do banco ou a distância. “Esses treinamentos e cursos são essenciais para a evolução na carreira. Aqui a ascensão se dá por concorrência interna e eles contam pontos no currículo na hora de conseguir uma promoção”, destaca Magno Valença, gerente executivo da universi-

dade corporativa do Banco do Nordeste. Um exemplo disso é o funcionário Cícero Alan Bráulio Maia. Com cerca de 25 cursos da universidade corporativa realizados em menos de cinco anos, além de um MBA patrocinado pela instituição, ele foi promovido há cerca de um ano de gestor intermediário a gerente geral da agência de Barbalha (CE), o que representou um aumento salarial de cerca de 40%. “Os cursos que eu fiz foram essenciais para essa conquista. E grande parte deles não teria conseguido realizar se não fossem on-line”, explica. Seu próximo alvo é um MBA de gestão bancária. “É muito importante estar atento às ofertas de cursos oferecidos pelas empresas. Trata-se de uma oportunidade de crescimento extremamente importante e que não pode ser desperdiçada”, aconselha.


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MOOCs

Conhecimento

aberto Hoje é possível ter aulas com professores das melhores universidades do Brasil e do mundo sem sair de casa. A maior parte das opções é gratuita e algumas oferecem até diploma GABRIEL JARETA

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azer um curso da área jurídica com um professor da Universidade Harvard ou aprimorar os conhecimentos em programação com as aulas do MIT não são mais opções exclusivas para uns poucos e selecionados alunos com currículo irretocável e muito dinheiro para investir. Com a popularização dos MOOCs (Massive Online Open Courses, cursos abertos on-line e de massa), basta uma conexão à internet, algum tempo livre e um pouco de disciplina para ter acesso ao conhecimento produzido nas melhores instituições do mundo. E o melhor: na maioria das vezes, de graça.

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MOOCs A ideia é bastante simples: o interessado acessa uma plataforma entre as muitas disponíveis, assiste às aulas em vídeo e eventualmente lê os livros indicados ou tem um material

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no entanto, que obedecem a um calendário de aulas e que cobram por serviços extras, como tutoria e certificação ao final do curso. “A ideia dos MOOCs é aperfeiçoar

Os MOOCs brasileiros começam a ganhar força e encontram um público ávido por conteúdo em português e chancela de instituições respeitadas

de apoio disponível para baixar e estudar. Os temas variam de astrofísica a história da arte, de nível introdutório a discussões mais complexas. Em geral, os cursos são ministrados em inglês, mas já há muitas iniciativas para legendar os vídeos e traduzir o material para português, assim como empresas que já produzem material exclusivo no Brasil. Hoje os principais consórcios que oferecem MOOCs no mundo funcionam como uma espécie de “agregadores” dos cursos oferecidos por diversas universidades ao redor do mundo, além de produzirem cursos desenvolvidos especialmente para o ambiente virtual. O pioneiro deles é o Udacity, criado por um professor da Universidade Stanford em 2011 e que mantém parcerias com empresas de tecnologia da informação, como Google e AT&T. Outra opção é o Coursera, que reúne mais de 600 cursos de cerca de 100 parceiros, e há também edX, idealizado por uma parceria entre MIT e Harvard e que hoje conta com mais de 30 instituições parceiras. Em geral, os cursos são gratuitos e oferecidos em qualquer época do ano – eles permanecem arquivados e podem ser acessados a qualquer momento. Há alguns, 42

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o conhecimento e democratizar a educação, não necessariamente dar uma certificação”, diz Murilo Matos Mendonça, assessor de relações internacionais da Unisul Virtual e membro da diretoria do OpenCour-

As principais plataformas UDACITY www.udacity.com Pioneira na área, oferece cursos pagos e com perfil profissional.

COURSERA www.coursera.org Maior plataforma de cursos, reúne instituições de todo o mundo

EDX www.edx.org Parceria entre MIT e Harvard, conta com outras instituições de peso

OPENCOURSEWARE CONSORTIUM www.ocwconsortium.org Consórcio que agrega instituições e entidades de todo o mundo, inclusive Brasil

VEDUCA www.veduca.com.br Pioneira no Brasil, oferece cursos traduzidos e conteúdo próprio em português

seWare Consortium, uma comunidade internacional que reúne instituições voltadas para a produção e discussão dos chamados “recursos educacionais abertos”. Para Mendonça, os MOOCs hoje são alvo de muitos debates entre a comunidade acadêmica. As principais questões que se levantam são sobre a importância da relação entre professor e aluno e mesmo a interação entre os estudantes. “Ainda é necessário fazer mais estudos sobre isso, mas há indícios de que esses cursos são mais adequados para um perfil de aluno mais velho, acima dos 30 anos”, diz. Além disso, na opinião do professor a grande tendência será sobre a necessidade – e os meios – de certificação dos alunos. Isso vai garantir que a conclusão de um curso on-line possa contar créditos para o aluno em uma graduação ou uma pós, além de acrescentar ao currículo a informação de que o curso realizado tem boas referências e qualidade garantida. “O grau de aceitação ainda vai depender de como nós vamos medir o conhecimento”, explica Mendonça.

conteÚDo BraSileiro Na esteira da grande demanda por cursos oferecidos por instituições estrangeiras, a produção de MOOCs 100% brasileiros começa a ganhar força e encontra um público ávido não só por conteúdo em português, mas também com a chancela de instituições de ensino respeitadas no país. A primeira empresa a oferecer essa modalidade no Brasil foi o Veduca. Em princípio, a plataforma on-line reunia cursos traduzidos para o português, mas, desde o lançamento dos primeiros programas em português (“Física básica” e “Probabilidade e estatís-

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MOOCs

Hobby ou profissão

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Quando se fala em educação a distância no Brasil, uma das lembranças mais antigas é a do Instituto Universal Brasileiro, que oferecia cursos variados por correspondência, como desenho técnico ou curso de eletrônica para conserto de rádio e TV. Pois saiba que o IUB – fundado na década de 1940 – continua oferecendo seus serviços educacionais a distância para quem pretende partir para uma nova profissão ou quer levar um hobby mais a sério. São dezenas de cursos (profissionalizantes e técnicos) a custos bem acessíveis. Quem deseja se tornar um barista (profissional especialista em café), por exemplo, vai investir R$ 175 pelo curso completo com certificado. O IUB atua em diversas áreas – da construção civil à moda, passando por culinária e informática – e permite a opção de trabalhar com materiais impressos por correspondência. O aluno também recebe kits para treinamento e, em alguns casos, o material necessário para começar os primeiros trabalhos. Outro veterano da educação a distância, o Instituto Monitor, criado em 1939, oferece um extenso cardápio de cursos voltados para a formação profissional. São temas tão variados quanto especializações em redes, contabilidade e transações imobiliárias. A instituição também atua na área de cursinhos preparatórios para concursos e exames, de nível médio e superior, com videoaulas, livros de apoio, exercícios e auxílio on-line.

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tica”, ambos em parceria com a USP), a empresa percebeu que tinha em mãos uma grande oportunidade. “Só nesses dois cursos foram mais de 40 mil alunos”, diz Carlos Souza, executivo-chefe do Veduca. A experiência estimulou a criação de outros cursos, entre eles “Ética”, também em parceria com a USP, e “Bioenergética”, junto com a Universidade de Brasília (UnB). Todos são gratuitos e oferecem certificado de conclusão, mediante uma prova presencial. Outros devem ser lançados no decorrer do ano, mas o principal atrativo do Veduca hoje é o MBA em engenharia e inovação. O curso tem duração total de 360 horas e é oferecido em conjunto com a USP e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Há duas maneiras de fazer o MBA: uma opção é gratuita e permite acesso a todo o material e a outra, paga, conta com acompanhamento de tutores, tem provas, exige a apresentação de um trabalho de conclusão e oferece diploma certificado pelo MEC. “O aluno brasileiro costuma dar muito valor à certificação. Claro que ela é importante, mas o reconhecimento fi nal é do mercado”, observa Souza. Na opinião do executivo, a aceitação do mercado de trabalho é o grande diferencial dos MOOCs e dos cursos livres on-line para quem deseja aprimorar o currículo e os conhecimentos específicos em determinada área. Essa modalidade também pode ser bastante útil para aqueles profissionais que, por diversos motivos, deixaram de se aprofundar em relação a algum tema durante a graduação. “O conteúdo é totalmente aberto e gratuito, e procuramos ter um compromisso com a qualidade”, afirma.

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