Guia de Pós-graduação e MBA 2015

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ANO 19 • Nº 19

GUIA DE PÓS-GRADUAÇÃO & MBA 2015

Prepare-se para estudar on-line Pós a distância exige disciplina, mas é cada vez mais valorizada

Mapa de oportunidades Infraestrutura, saúde, gestão: onde estão os melhores empregos

Hora do intercâmbio Como funciona, na prática, um curso fora do país

CAMINHOS

A executiva de marketing Fátima Bana

R$ 14,90

para o sucesso

Profissionais no topo do mercado revelam como o investimento em pós-graduação abriu perspectivas para transformar a carreira e a vida pessoal INOVAÇÃO PESQUISADORA FALA SOBRE COMO ESTIMULAR BUSCA DE SOLUÇÕES CRIATIVAS 01_CAPA_GUIA_POS_2015.indd 1

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sumário

10 ENTREVISTA

A pesquisadora Aija Leiponen, da Universidade Cornell (EUA), fala sobre como estimular a cultura de inovação

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PANORAMA

Tanto líderes quanto técnicos encontram um vasto campo de aperfeiçoamento no Brasil, mas só diploma não basta

38 mercado

Prepare-se para o trabalho com um mapeamento dos setores econômicos que estarão mais aquecidos em 2015

20 carreira

Saiba qual foi a importância da educação continuada na vida de quatro profissionais rumo ao topo da carreira

42 infraestrutura

Profissional especializado deve ganhar espaço com retomada de investimentos em aeroportos, portos e exploração de recursos

32 investimento

Setor público e instituições bancárias mantêm linhas de incentivo à formação. Empresas também auxiliam os estudos

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48 saúde

Áreas voltadas à beleza e aos cuidados pessoais atraem graduados em diferentes carreiras na busca por um mercado em ascensão

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carta ao leitor

Enxergar além O 54 gestão

Capacidade de inovação e empreendedorismo são habilidades valorizadas até dentro das empresas

58 modalidades

Conheça as diferenças entre cursos stricto sensu, lato sensu e MBAs

68 qualidade

Indicadores oficiais e muita pesquisa evitam arrependimento

70 ead

Pós a distância é valorizada pelo mercado, mas exige disciplina

76 exterior

Qual o momento da carreira para investir em uma pós fora do país

86 idiomaS

Saiba como encaixar o estudo de uma língua na agenda corrida

leitor mais atento desta edição do Guia de Pós-­ Graduação & MBA vai perceber que algumas tendências se repetem não importa qual seja o tema abordado ou mesmo qual o especialista entrevistado. A principal delas está bem clara: uma pós-graduação precisa fazer sentido dentro do currículo do profissional. Diante de um cenário de mercado em que uma especialização ou MBA é praticamente um pré-requisito, sai na frente aquele candidato que seja capaz de explicar “como” aquele curso fez diferença. O “heart of operations” da empresa de seleção 99jobs, Alexandre Pellaes, diz claramente que o recrutamento é muito mais pessoal e subjetivo. “O profissional precisa saber contar como ‘costurou’ aquela pós no seu currículo”, explica. Entender isso é também entender que não necessariamente uma carreira de sucesso se mede pelo posto hierárquico alcançado dentro da companhia. Um profissional com formação técnica pode encontrar lacunas no mercado e se especializar em uma faceta específica da sua área de trabalho – que muitos abandonaram pelo sonho de ser gerente ou diretor. Esse profissional, sim, é artigo raro e vai ser cada vez mais valorizado. Esta edição também se volta para a inovação e o empreendedorismo. Na entrevista de abertura falamos com a pesquisadora Aija Leiponen, da Universidade Cornell (EUA), como as soluções criativas em tecnologia podem ser desenvolvidas em mercados emergentes, como é o caso do Brasil. Mesmo dentro das organizações ganha espaço o profissional que sabe empreender e inovar além da própria função, em busca de eficiência nos resultados. A competição é acirrada, mas os ventos estão a favor do profissional que consegue perceber como tomar as rédeas de sua própria história e enxergar mais longe. Em relação a isso, vale ler neste número o que quatro profissionais bem-sucedidos têm a contar sobre sua própria trajetória. Aproveite a leitura! Gabriel Jareta, editor Guia de Pós-Graduação & MBA 2015

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NA INTERNET

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PRESIDENTE: Edimilson Cardial DIRETORIA: Carolina Martinez Márcio Cardial Miriam Cordeiro Rita Martinez Rubem Barros

GUIA DE ISSN 1676-9937

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Diretor Editorial: Rubem Barros Editor: Gabriel Jareta gabriel@editorasegmento.com.br Fotografia: Gustavo Morita Diagramação: Cleber Estevam Colaboradores: Angela Senra, Beatriz Rey, Christina Stephano de Queiroz, Jéssica Oliveira, Juliana Duarte, Marcelo Daniel, Michele Tieppo, Udo Simons (texto), Marcella Marer (foto), Fernando Brum (infografia), Luiz Roberto Malta e Maria Stella Valli (revisão) Capa: Gustavo Morita Processamento de Imagem: Paulo Cesar Salgado Produção Gráfica: Sidney Luiz dos Santos PCP: Isabela Elias REDAÇÃO WEB Editora: Carmen Guerreiro Subeditoras: Deborah Ouchana e Márcia Soligo Estagiárias: Lara Deus e Nathália Aguiar

De cara nova

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site do Guia de Pós-Graduação & MBA está de cara nova a partir do início de 2015. Parte do portal Guias de Educação (www.guiasdeeducacao.com.br), o canal apresenta reportagens exclusivas, artigos e dicas sobre tudo que envolve educação continuada no Brasil e no exterior. O site também traz uma agenda com cursos, palestras, seminários e eventos que dizem respeito à formação e ao desenvolvimento de carreira, além de outros canais com informações sobre educação a distância e educação profissional. Entre os textos exclusivos do site, uma reportagem vai tratar da tendência crescente de educação executiva, uma forma de se atualizar de maneira rápida e que exige menos dedicação do que uma pós, além de trazer conhecimentos imediatamente aplicáveis. “Ao concluir um MBA, é complicado fazer outra pós. Os cursos ‘non degree’, de curta e média duração – que não são uma pós por causa da carga horária – surgem como uma alternativa para se manter atualizado e adquirir um conhecimento para toda a vida, trazendo novas competências para sua carreira”, afirma Rodrigo Amantea, coordenador acadêmico de educação executiva do Insper.

FERRAMENTA COMPLETA

Outro destaque do portal Guias de Educação é a ferramenta de busca de cursos e instituições. É possível pesquisar entre mais de 20 mil opções de pós-graduação em todo o país, incluindo especializações, MBAs, mestrados e doutorados, além de cursos livres e de idiomas. A busca pode ser feita por área do conhecimento, carreira, nível e modalidade (presencial e a distância) em centenas de cidades de todo o país. Acesse o portal e fique por dentro.

PUBLICIDADE Gerente: Marco Antonio Garcia marcoantonio@editorasegmento.com.br Executivas de Negócios: Milene Laviña milene@editorasegmento.com.br Elaine Isiama elaine@editorasegmento.com.br ESCRITÓRIOS REGIONAIS Brasília – Sonia Brandão Tel.: (61) 3225-0944 / (61) 9973-4304 sonia@editorasegmento.com.br Paraná – Marisa Oliveira Tel.: (41) 3027-8490 parana@editorasegmento.com.br Rio de Janeiro – Edson Barbosa Tel.: (21) 4103-3868 / 8881-4514 edson.barbosa@editorasegmento.com.br TECNOLOGIA Gerente: Paulo Cordeiro Analista Programador: Diego de Andrade Analista de Suporte: Nildo Silva Analista Web: Jonatas Moraes Brito Desenvolvedores Web Junior: Lucas Carlos Lacerda e Lucas Alberto da Silva MARKETING Diretora: Carolina Martinez Gerente de Marketing Digital e Projetos: Fabiana Gama Analista de Marketing Digital: Caroline Ferraz Analista de Marketing Institucional e Publicitário: Kátia Hochberg Analista de Marketing Circulação: Gabriela Fróes Coordenador de criação e Designer: Gabriel Andrade Designer: Rodrigo Cárcamo EVENTOS Coordenadora: Priscilla Rodrigues Assistente: Josiane Rodrigues Estagiária: Radyjia Oliveira OPERAÇÕES Diretora: Miriam Cordeiro Gerente de Assinaturas: Beatriz Zagoto Eventos Assinaturas: Lúcia Sousa Vendas Governo: Cláudia Santos Vendas Avulsas: Cinthya Müller Contas a Pagar: Simone Melo Faturamento: Weslley Patrik Distribuição exclusiva para todo o Brasil: Dinap S/A – Distribuidora Nacional de Publicações Rua Dr. Kenkiti Shimonoto, 1.678 – Jardim Belmonte – Osasco (SP) – CEP 06045-390 Guia de Pós-Graduação & MBA é um anuário da Editora Segmento. Esta publicação não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião do anuário. EDITORA SEGMENTO Rua Cunha Gago, 412, 1o andar CEP 05421-001 – São Paulo (SP) CENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITOR De 2a a 6a feira, das 8h30 às 18h Tel.: (11) 3039-5666 / Fax: (11) 3039-5643 atendimento@editorasegmento.com.br ou acesse www.editorasegmento.com.br

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ENTREVISTA Aija Leiponen

O salto da

Para a pesquisadora Aija Leiponen, da Universidade Cornell (EUA), a cultura da busca por soluções criativas tem espaço para crescer nos países em desenvolvimento, mas ainda encontra barreiras na burocracia e na falta de preparo acadêmico Beatriz Rey, de Ithaca (NY)

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investimento em capital humano é essencial para economias emergentes que desejam se lançar no mercado de inovação tecnológica no futuro. É o que defende Aija Leiponen, professora de tecnologia e inovação estratégica da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Segundo a pesquisadora, o foco em qualificação pode levar os países em desenvolvimento a atuar como produtores, e não consumidores, de inovação. “Temos muitos exemplos de países que adotavam tecnologia, passaram a qualificar a sua população, e eventualmente começaram a ofertar suas próprias inovações tecnológicas, como o Japão e a Finlândia”, explica. 10

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Formada em economia pela Universidade de Helsinque, na Finlândia, seu país de origem, hoje ela se dedica ao estudo de inovação nas economias asiáticas, entre outros assuntos. Além do investimento em capital humano, a pesquisadora afirma que o desenvolvimento institucional e financeiro também serve como propulsor da inovação. “Nos Estados Unidos, você consegue abrir uma empresa em alguns dias. Na África, pode levar alguns anos”, diz. Na entrevista a seguir, concedida em seu escritório na universidade, ela analisa as diferenças entre as economias desenvolvidas e emergentes no que diz respeito a processos inovadores e discute quais habilidades devem ser priorizadas na formação de futuros empreendedores.

Theo Martins

inovação Ao longo dos últimos anos, a indústria de serviços cresceu bastante. O processo de inovação é o mesmo para as indústrias de manufatura e de serviço? O setor de serviços agora ocupa no mínimo 50% da economia dos paí­ ses industrializados. Recentemente, os pesquisadores começaram a se perguntar exatamente isso: como se dá a inovação no setor de serviços? Porque, nesse caso, você não está lidando com um produto tangível. Em um estudo que fiz, descobri que mesmo no setor de serviços, você ainda precisa se engajar em um processo que chamamos de “pesquisa e desenvolvimento” (P&D). No caso das empresas de manufatura, por exemplo, como você cria um novo celular? Há dez anos, os celulares

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A pesquisadora finlandesa Aija Leiponen: inovação dentro das empresas vem de diferentes fontes de conhecimento

não tinham câmera fotográfica. Ao mesmo tempo, as câmeras digitais estavam ficando cada vez mais pequenas e baratas. E se acoplássemos uma tecnologia dessas ao celular? É claro que você não produziria câmeras sendo um desenvolvedor de celular. Falaria com alguém da indústria de câmeras que poderia vender os componentes. Isso tudo faz parte do processo de pesquisa sobre as possibilidades tecnológicas. Quem é bom em fazer o que gostaríamos de colocar em nosso produto? O que os nossos clientes querem? A “pesquisa” no P&D é justamente o processo de pensar e conceituar o produto. Já o “desenvolvimento” é quando você já tem clareza sobre o que quer fazer e precisa tirar a ideia do papel. Olhando para o celular e os componentes

da câmera, pensar: como fazer um desenho de celular? Esse desenho pode ser aplicado em larga escala? Há algo custoso no processo que faria com que a produção não seja eficiente? Quais seriam os canais de distribuição? E como esse processo se dá na indústria de serviços? No ensino superior, por exemplo, o que se oferece é um serviço. Se eu tiver uma ideia de um novo curso, precisarei pesquisar e ler a respeito dos conteúdos apropriados para esse curso. Ao mesmo tempo, precisarei desenvolver um currículo e as práticas que fazem parte do curso. Como vou apresentar o conteúdo aos alunos? Como engajá-los? O processo é semelhante ao que ocorre na indústria

de manufatura. A diferença é que as empresas de serviço são geralmente menores e têm menos capacidade em termos de desenvolver o P&D. O que argumento no meu estudo é que elas precisam adotar essa prática, até para se conectar com o que há de conhecimento para além das fronteiras da empresa. Quanto mais as empresas têm diferentes fontes de conhecimento, maior a probabilidade de que elas consigam inovar. E o P&D acaba auxiliando nesse processo. Há diferença entre a inovação promovida por países desenvolvidos e em desenvolvimento? O desenvolvimento institucional e o financeiro são bastante diferentes. Propriedade privada, execução de contratos, facilidade de registrar sua

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ENTREVISTA Aija Leiponen empresa ou de fazer negócios de importação e exportação: quando você tem instituições econômicas fracas, essas coisas são complicadas. Nessas condições, um empreendedor ou um inovador gastará bastante tempo só para conseguir autorização para abrir a sua empresa, assinar o contrato de seus funcionários, ou fechar acordos com fornecedores. Dados do Banco Mundial mostram que se leva mais tempo para abrir ou fazer negócios nas economias emergentes. Nos Estados Unidos, você consegue abrir uma empresa em alguns dias. Na África, pode levar alguns anos. No aspecto financeiro, a falta de desenvolvimento do setor bancário e do mercado significa que não há financiamento disponível para empreendedores. A senhora teria algum exemplo específico desses contrastes? Um dos artigos nos quais estou trabalhando busca entender como as empresas financiam inovação nas economias emergentes asiáticas. Quais empresas têm acesso a financiamento externo, ou seja, aquele que não é gerado a partir do próprio lucro, e sim por fontes externas? Esse financiamento externo gera inovação adicional? Em todos os lugares do mundo, é possível pedir financiamento a bancos, governos, ou investidores. Nas economias emergentes, a inovação vem em grande medida do financiamento obtido através da família e de amigos. É o financiamento baseado no network, no relacionamento. Isso também ocorre nos Estados Unidos, mas nos países em desenvolvimento acontece em uma escala muito maior. Quem tem acesso a esse tipo de financiamento terá mais facilidade para inovar. Só que esse mecanismo não é eficaz do ponto de vista macroeconômico porque acaba operando como uma restrição financeira. Se você é um 12

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“Nas economias emergentes, a inovação vem em grande medida do financiamento obtido através da família e de amigos.”

vendedor ambulante com uma ideia brilhante mas não dispõe desse net­ work, não poderá inovar. Isso porque o setor bancário é pouco desenvolvido em muitas dessas economias, e os stock markets não estão ao alcance de todos. Entre as empresas que estudei na Ásia, apenas 9% delas têm capital aberto em bolsas de valores. Ou seja, as pequenas firmas dominam a economia, e é delas que sai a maior parte da inovação. Como eles não têm acesso a financiamento, recorrem à família e aos amigos. É importante lembrar que há variação entre países nesse sentido: no Vietnã, por exemplo, as empresas usam o network e são pequenas, mas na Coreia as empresas usam o network e são grandes. Mesmo nesse cenário, as economias emergentes têm conseguido inovar. Como a senhora explica isso? Essas restrições impostas pelo desenvolvimento institucional e financeiro apenas diminuem o ritmo do processo de inovação, mas não anulam a sua existência. Meu ponto é que as economias emergentes poderiam fazer mais se resolvessem esses

problemas. Um aspecto interessante da inovação nesses países é que há a necessidade de simplificar produtos para reduzir o preço e obter lucro. Por exemplo, o carro nano, desenvolvido pela empresa Tata Motors para o mercado indiano, que deveria custar US$ 1 mil. Acabou custando mais, mas a ideia era desenvolver um carro acessível para os milhares de consumidores do país. Inclusive, essas inovações mais simples podem ser adotadas ou adaptadas para outros lugares do mundo. Temos muitos exemplos de países que adotavam tecnologia, passaram a qualificar a sua população, e eventualmente começaram a ofertar suas próprias inovações tecnológicas, como o Japão e a Finlândia. Na China, por exemplo, a Foxconn, empresa do setor wireless, emprega um milhão de pessoas. Eles constroem muitas partes do iPhone para a Apple, e para outras empresas que manufaturam celulares. Com o passar do tempo, começaram a fazer também o design desses produtos para algumas empresas (a Nokia é uma delas). A China investe bastante em capital humano, então isso foi possível. Acredito que esse tipo de processo deve mudar o balanço do poder inovador no mundo nos próximos anos. A senhora defende que o investimento em capital humano cria condições para que um maior número de empresas inove. Quais habilidades conduzem à inovação? Depende muito da indústria onde a empresa está operando. De maneira geral, ser qualificado não significa somente criar uma nova tecnologia, mas também saber adaptar tecnologias desenvolvidas por outras pessoas para a sua própria empresa. Os programas de pós-graduação que estão no topo do ranking, como o Massachusetts Institute of Techno-

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ENTREVISTA Aija Leiponen logy (MIT), são bem-sucedidos na tarefa de preparar as pessoas para desenvolverem pensamento criativo. Mas a maioria dos programas acaba replicando o conhecimento que já existe. Na verdade, os componentes de criatividade e inovação não estão no currículo como deveriam estar. Se você faz um curso de economia, por exemplo, o seu trabalho de conclusão de curso acabará replicando o que já existe com pequenos acréscimos. Ao mesmo tempo, muitos programas de pós-graduação estão pensando em como criar espaço para criatividade, mas ainda há receio de criar artigos acadêmicos ou produtos que estejam fora do que é considerado mainstream. Na academia, inova-se com sucesso quando se estabelecem objetivos de longo prazo. Por exemplo, docentes que têm estabilidade de emprego têm um tempo considerável para criar algo significativo. Qual o quadro nesse sentido dentro das empresas? Quem está no mercado de trabalho está preparado para inovar? Nos Estados Unidos, o ensino superior e o setor de tecnologia são bastante avançados, mas há uma população enorme de baixa renda que não tem qualificação. Se você pensa na mentalidade e na filosofia dos países nórdicos, por exemplo, que é de ofertar educação de qualidade para toda a população, percebe que os Estados Unidos não estão fazendo um bom trabalho nesse sentido. Nos países nórdicos, quem tem talento e interesse pode trabalhar com tecnologia e inovação em qualquer setor, independentemente do background da família. Se você é uma criança pobre e tem desejo e inteligência, você terá a chance de alcançar as crianças ricas nesse caminho. Isso não acontece aqui. 14

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Mas se a desigualdade educacional é tão grande nos Estados Unidos, como há tanta produção e inovação tecnológica no país? Apesar desses obstáculos, o país ainda é um lugar produtivo para inovadores individuais, não atrelados a empresas. Além disso, há uma população de imigrantes muito grande nesse setor do país. Muitas empresas bem sucedidas no Vale do Silício foram fundadas por indianos ou asiáticos em geral, e acredito que também há representantes da América do Sul. Eles entram no sistema educacional norte-americano e acabam ficando por aqui. A senhora acredita que a era da inovação focada no iPhone já passou? Esse tipo de inovação está ultrapassado? Essa ideia paira no ar porque eles não criaram nada novo nos últimos anos, apenas lançam novas versões dos produtos que já existem, como o iPhone. Mas não diria que a era do iPhone passou. A Apple ainda pode ser considerada um exemplo de inovação bem-sucedido. Se você pensa na evolução do iPod, iPhone até o iPad, com o iTunes criando a economia de aplicativos, reconhece que a trajetória da empresa é excelente. É claro que isso pode mudar rapidamente, especialmente no meio de telecomunicação e de tecnologia de informação: a Nokia em 2010 era líder de mercado em celulares e smartphones, e hoje já não é mais. Por que o curto tempo de duração das start-ups é tão comum? Esse é um problema aqui também. Muitos empregos são criados e destruídos por start-ups no país. É uma questão de incerteza. Sempre que você começa algo novo, uma loja, por exemplo, você não sabe

“Quanto maior a inovação proposta pela sua start-up, maior a incerteza. Do ponto de vista da economia, isso é ótimo.”

quantas pessoas vão entrar na sua loja, se os produtos que você oferece atrairão clientes. Toda empresa lida com esse tipo de incerteza, a não ser que o empreendedor compre uma firma que já existe e mude o seu nome. Você pode até fazer pesquisas antes de começar a start-up, mas é tudo hipotético. E quanto maior a inovação proposta pela sua start-up, maior a incerteza. Do ponto de vista da economia, isso é ótimo. Muitas start-ups dão certo, muitas dão errado, e é assim que a economia consegue experimentar para saber o que tem força para continuar existindo. Claro que é um processo dolorido para quem opta por inovar e criar a start-up por conta do investimento pessoal, mas essa é a natureza do capitalismo.

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MODALIDADES

No rumo

certo Diversificação na oferta dos cursos de pós-graduação abre oportunidades de reciclar conhecimentos e ascender na carreira profissional, mas é preciso escolher a modalidade mais adequada aos objetivos futuros

e há 30 anos concluir a graduação já era considerado suficiente para garantir uma boa colocação no mercado de trabalho, hoje há uma tendência de investir cada vez mais em formação continuada, um processo que pode durar toda a vida. Esse movimento ganha impulso por conta do crescente número de pós-graduações disponíveis no mercado, mas também está associado a uma mudança de visão nas empresas, que passaram a valorizar a contratação de profissionais com mais especialização, incluindo mestres e doutores, assim como pessoas capazes de trazer inovação e empreendedorismo para dentro das organizações. Antes de escolher o curso de pós-­ graduação mais adequado ao seu perfil, no entanto, o profissional deve avaliar

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as características de cada um deles, tendo em conta as diferenças que separam os cursos stricto sensu daqueles que são lato sensu. De acordo com Mônica de Carvalho Magalhães Kassar, professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e vice-presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) para a região Centro-Oeste, a pós-graduação lato sensu, como a expressão em latim indica, é a denominação dada aos cursos “em geral” oferecidos após a graduação e que são conhecidos, também, por especializações. “Esses cursos atendem a demandas diversificadas, geralmente são voltados a um tema específico e podem ser de oferecimento temporário”, detalha a docente. Os cursos de MBA também são definidos como lato sensu.

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Christina Stephano de Queiroz

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MODALIDADES Em geral, esses cursos têm carga horária de 360 horas e são focados em um tema específico, que atende a demandas mais imediatas dos diferentes campos de trabalho. “Os cursos lato sensu são indicados para profissionais que pretendem aprimorar-se em um aspecto de seu campo de trabalho e, dentro de cada campo, há uma diversidade grande de opções”, explica Mônica. Segundo ela, as instituições não são obrigadas a atuar com esses cursos de forma contínua, de maneira que podem adequar sua oferta às variáveis do mercado e às demandas mais imediatas. Já os cursos stricto sensu são os que fazem parte da estrutura dos programas de pós-graduação das universidades, ou seja, os mestrados e os doutorados. Eles tendem a durar de dois a quatro anos (respectivamente mestrado e doutorado) e têm como um de seus objetivos principais a formação de pesquisadores. São indicados a profissionais que pretendem seguir carreira acadêmica ou que encontram incentivos em seu espaço de trabalho à formação contínua e ao desenvolvimento de pesquisas. “Um título de mestre ou doutor é sempre valorizado. Principalmente em empresas preocupadas com inovação”,

opina Mônica. Além disso, ela conta que no campo da educação há várias redes de ensino, sejam municipais, estaduais ou mesmo privadas, que têm valorizado a titulação de seu corpo docente por meio de incentivos salariais e bolsas de estudo.

Objetivos diversos

No Brasil, o mercado de trabalho ainda está pouco aberto para quem opta por um mestrado ou doutorado. O pró-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Francisco Ramos, avalia que muitas companhias brasileiras não contam com departamentos de pesquisa desenvolvidos e estruturados – como já ocorre em corporações dos Estados Unidos, Europa e Japão – de forma que, na maioria dos casos, esses pesquisadores costumam ser empregados por centros de ensino e pesquisa. Na opinião de Ricardo Paiva, diretor de educação continuada, pesquisa e extensão da Anima Educacional, as formações stricto sensu encontram mais espaço dentro do trabalho desenvolvido em instituições educacionais. “Mestrados e doutorados acadêmicos são adequados às pessoas que desejam gerar conhecimento e querem desenvolver seu senso crítico

e capacidade de reflexão, enquanto as formações lato sensu são orientadas a quem deseja melhorar a formação para o mercado de trabalho”, pontua. No entanto, para Luis Antonio Vilalta, diretor de pós-graduação lato sensu das Faculdades Alfa, sediadas em Goiânia, os dois tipos de formação podem incentivar a evolução do espírito crítico dos indivíduos. “Todos os cursos de pós-graduação devem possibilitar esse movimento de aprendizagem, crítica e criação de novos saberes, formando pessoas com capacidade de estabelecer sua própria síntese de conhecimentos”, defende. Na opinião de Edgar Jacobs, diretor técnico da Associação Brasileira das Instituições de Pós-Graduação (Abipg), antes de escolher qual pós-graduação cursar o aluno deve considerar as credenciais que adquire após obter cada diploma. “Se o estudante deseja um status de pesquisador ou estudioso, deve optar pelos cursos stricto sensu. No entanto, se busca um reconhecimento em relação à sua experiência de mercado, o ideal é escolher um MBA ou o mestrado profissional”, compara. Jacobs aconselha os estudantes interessados em cursar MBA que

Entenda as diferenças » Stricto sensu: são cursos de mestrado e doutorado que fazem parte da grade curricular permanente de universidades e faculdades. O mestrado profissional, apesar de algumas diferenças em relação ao conteúdo das aulas, funciona na linha das qualificações anteriores.

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Tempo médio de duração: dois anos para o mestrado e quatro anos para o doutorado. Trabalho de conclusão: no mestrado, o aluno desenvolve uma dissertação, enquanto no doutorado uma tese, que deve abordar um assunto inédito. Ambos precisam ser defendidos diante de uma banca de

professores. Em alguns mestrados profissionais se permite que o aluno elabore outros trabalhos e não somente a dissertação. Para quem são indicados: a quem deseja seguir carreira acadêmica, trabalhar em centros de pesquisa ou a pessoas que são estimuladas a fazer esse tipo de qualificação pelas

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fiquem atentos a respeito dos seus diferenciais. “Se o curso não facilitar experiências mínimas com questões internacionais e não oferecer contato com executivos ligados diretamente ao mercado de trabalho não pode ser considerado um MBA, sendo somente uma especialização”, alerta.

Oferta especializada

Seguindo a linha do MBA, o diretor da Abipg, menciona outro tipo de especialização que ganha cada vez mais espaço no mercado brasileiro e é voltado à área jurídica. Chamado de Master of Laws (LL.M), o curso pode ser feito em diversas áreas do direito. “Se a pessoa escolhe fazer um LL.M na área tributária, se tornará expert em tributação internacional”, detalha. O vice-presidente da Abipg, Flávio Vellini, lembra, ainda, que as formações stricto sensu são regulamentadas e avaliadas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão do Ministério da Educação (MEC) que se dedica à expansão e à consolidação dos cursos de mestrado e doutorado no Brasil. No entanto, para os cursos lato sensu ele considera que há uma legislação confusa, já que nem todos os diplomas são reconhecidos pelo

empresas nas quais trabalham. Os mestrados profissionais também são indicados aos profissionais que desejam se aprofundar metodologicamente em sua área de atuação.

» Lato sensu: são cursos de especialização, que podem ser oferecidos conforme demandas

Por falta de departamentos de pesquisa nas empresas, egressos de cursos stricto sensu costumam ser empregados por centros de ensino e pesquisa

MEC. O órgão estipula que as especializações só podem ser ministradas por algumas instituições de ensino superior credenciadas, sendo que elas devem ser diretamente responsáveis por todos os aspectos relativos ao curso – projeto pedagógico, corpo docente, metodologia etc. “Com isso, especializações oferecidas por estabelecimentos renomados como os hospitais Albert Einstein ou Sírio-Libanês não são reconhecidas pelo governo”, critica Vellini.

pontuais do mercado. O MBA é um curso de especialização com características próprias e voltadas a estratégias de negócios em diferentes áreas. Tempo médio de duração: um ano. Trabalho de conclusão: não é necessário produzir uma dissertação, porém o aluno deve

De acordo com ele, as especializações médicas como as citadas precisam ser regulamentadas pelos conselhos regionais de medicina e associações de classe. Com isso, apesar de terem o reconhecimento do mercado, não apresentam validade oficial, o que pode dificultar o trabalho dos interessados em ter seu diploma reconhecido no exterior. Vellini opina que os hospitais e centros odontológicos devem lutar para que seus cursos sejam regulamentados e reconhecidos pelo MEC como formadores de especialistas. Além disso, esse reconhecimento deveria valer, também, para o caso de engenheiros que desejam se especializar em plataformas de petróleo, por exemplo. “Nenhuma faculdade do Brasil oferece esse tipo de formação, que só pode ser adquirida quando o profissional trabalha diretamente nas plataformas”, diz. Com a finalidade de resolver esse impasse, Vellini conta que o MEC estuda a criação de um marco regulatório para a pós-graduação lato sensu no país, de forma que os diplomas possam ser dados, também, por instituições do mercado, centros de pesquisa e escolas do governo – e não somente por faculdades.

desenvolver um trabalho de conclusão, que varia conforme o tipo de curso e instituição. Para quem são indicados: a profissionais que desejam se aprofundar em um tema ou que assumiram cargos de liderança, assim como a executivos que precisam complementar sua formação.

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MOdAlIdAdES – MBA

negócio

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no comando do

Indicado a pessoas com formações técnicas de diferentes áreas, o MBA permite desenvolver visão estratégica e habilidades de liderança a quem está subindo de posição na carreira

N

o universo das formações lato sensu, os MBAs (Master in Business Administration) são aqueles cursos que têm como objetivo abordar cientificamente a área de negócios, atendendo à demanda de ensino específico para profissionais em busca de cargos de gerência, gestão e direção. Além disso, profissionais graduados em diferentes áreas (como aquelas ligadas ao setor da saúde, arquitetura e engenharias, entre outras) também optam por essa 62

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modalidade de pós-graduação como forma de obter visão estratégica dentro de seu campo de atuação e de identificar oportunidades de novos negócios. Muitos alunos de MBA acabam inclusive partindo para uma carreira “solo” após a conclusão do curso. Qualquer que seja o caminho, a ideia de um bom MBA é dar ao estudante condições totais de gerir um negócio – ou uma parte dele. Armando Dal Colletto, diretor executivo da Associação Nacional de MBA (Anamba), opina que o

desenvolvimento de habilidades de liderança na carreira gerencial do executivo é uma das principais vantagens oferecidas pelos cursos de MBA reconhecidos pelo mercado. “Se o profissional deseja evoluir na carreira, mesmo o executivo com conhecimento técnico desenvolvido precisa agregar capacidades de comunicação e sensibilidade à sua formação, além de saber como analisar o potencial e motivar sua equipe”, observa. Colleto lembra que essas características são denominadas, em

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inglês, soft skills, e hoje são cada vez mais valorizadas entre os executivos. Essa capacidade de saber extrair o melhor das equipes e estabelecer boa comunicação internamente e com outros setores são habilidades tão ou mais requisitadas por recrutadores quanto o conhecimento acumulado ao longo da formação. Para Colleto, outro ponto de destaque dos MBAs é dar visão abrangente sobre processos de gestão, permitindo ao estudante ir além do conhecimento específico do negócio da sua empresa, algo que considera importante principalmente para pessoas que se preparam para assumir posições executivas ou estão relacionadas a processos de tomada de decisão. “E uma visão setorizada ou somente técnica não será suficiente para quem assume cargos com esse perfil”, reforça.

dIfERENÇAS

Nesse sentido, o diretor da Anamba explica que muitos estudantes que se graduaram em cursos de administração se formam com habilidades técnicas, mas necessitam dos conhecimentos adquiridos em um MBA para saber estabelecer relações entre sua área de atuação e questões econômicas e ligadas a estratégias empresariais. “No mundo corporativo, o MBA ainda é mais valorizado do que o mestrado ou o doutorado. A diferença prática é que as formações stricto sensu preparam o estudante também para desempenhar papéis acadêmicos, algo que o MBA não faz”, compara. Além disso, a pós-graduação stricto sensu exige a elaboração de uma dissertação ou tese (para mestrado ou doutorado), enquanto no MBA, como em qualquer outra especialização, o estudante deve apresentar somente um trabalho de conclusão

de curso – que pode ser tanto uma monografia como uma proposta de intervenção em uma empresa “real”, tendência que vem se consolidando entre as principais escolas. A diferença básica entre os dois tipos de projeto é que em dissertações ou teses o aluno desenvolve sua capacidade de pesquisa, de estabelecer relações novas entre temas ou investiga um assunto inédito, enquanto no MBA o trabalho final costuma tratar de questões práticas e temas relativos ao cotidiano de negócios.

ASSuMIR A lIdERANÇA

Foi justamente a necessidade de agregar conhecimentos abrangentes sobre a área de negócios que motivou Thaís Moraes, supervisora de comunicação da Rexam na América do Sul, a fazer um MBA. Formada há dez anos em jornalismo, com ênfase em assessoria de imprensa, Thaís atuava com a comunicação corporativa da companhia, que fabrica tampas e latas para bebidas, no Brasil. No início de 2013, quando surgiu a oportunidade de passar a gerenciar os setores de comunicação das 13 fábricas na América do Sul, percebeu que não poderia desempenhar a nova função sem antes ampliar a pouca familiaridade que tinha com indicadores financeiros e questões estratégicas da indústria brasileira. “Quando o profissional assume cargos de supervisão ou gerência deve aprender a lidar com problemas que vão além do campo de conhecimentos que adquiriu na graduação”, comenta. Por isso, Thaís ingressou em um MBA sobre gestão e desenvolvimento de negócios, com conclusão prevista para o final de 2014. Independentemente da qualidade das aulas, que, segundo ela, varia conforme cada professor ou

Para ficar atento Ainda que os MBAs brasileiros não possam ser reconhecidos e avaliados oficialmente pelo Ministério da Educação – são considerados uma pós lato sensu, como as demais especializações –, um bom curso precisa preencher alguns critérios. De acordo com a Anamba, associação que reúne os MBAs do país, a duração mínima é de 18 meses (360 horas) e os professores precisam ter fortes vínculos com o mercado de trabalho. Além disso, a instituição precisa ter alguns critérios para aceitar os alunos, como um período mínimo de experiência (três a cinco anos depois de graduado) e uma avaliação rigorosa dos currículos. Uma tendência valorizada entre os MBAs é que eles ofereçam a oportunidade de um módulo no exterior com alguma instituição parceira. Ao final do curso, esse pode ser um importante diferencial. Mais do que em outros cursos de pósgraduação, um curso de MBA é fortemente marcado pelo networking criado durante o período de estudos, tanto entre alunos quanto com professores. Por isso, conversar com ex-alunos atuantes no mercado é fundamental antes de tomar a decisão de escolher a instituição.

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MODALIDADES – MBA

disciplina, a executiva considera que as discussões promovidas entre os alunos, que visavam resolver problemas práticos de gestão e tratar das diferentes formas de atingir objetivos estratégicos, foram os pontos altos do curso. Como sua turma contava com a presença de gerentes, supervisores, analistas e diretores, as discussões eram feitas tendo em conta o ponto de vista e os problemas de diferentes cargos e setores empresariais. Thaís conta que essas rodas de discussão ocorreram com frequência e a ajudaram, principalmente, quando ela teve de lidar com situações de mudanças estratégicas na corporação em que trabalha. “Durante o curso, assumi a responsabilidade por tratar dos temas de sustentabilidade da Rexam e essas conversas me deram uma base para pensar na nova forma com que a companhia abordaria o assunto na sua estratégia de comunicação”, diz.

mercado brasileiro

Se por um lado Thaís buscou o

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Marcella Marer

A supervisora de comunicação Thais Moraes: MBA para se preparar para um posto de gerência

O MBA dá uma visão abrangente sobre processos de gestão, permitindo ao estudante ir além do conhecimento específico do negócio da sua empresa

MBA para adquirir conhecimentos abrangentes sobre gestão do negócio, por outro Guillaume Legare, diretor para a América do Sul e representante chefe no Brasil do Banco Nacional do Canadá, optou

pela modalidade de curso por necessitar ampliar a qualificação em assuntos específicos do mercado financeiro nacional. Legare chegou ao Brasil em 2010 com a missão de abrir o primeiro escritório do banco no país, mas percebeu que precisava conhecer melhor o mercado de capitais local, que apresenta regulamentações e uma parte técnica específica, diferente de todos os países da África, Oriente Médio e Ásia em que havia trabalhado. “Eu contava com ampla experiência internacional e precisava agregar conhecimentos locais à minha formação. Por isso, decidi cursar um MBA executivo em finanças no Brasil”, comenta. O curso, concluí­do em 2013, também beneficiou o executivo no sentido de expandir sua rede de contatos. “Muitas pessoas que conheci no MBA me facilitaram, depois, o trabalho para criar parcerias com outras instituições e companhias”, assegura. (CSQ)

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MODALIDADES – MESTRADO PROFISSIONAL

Viés prático Mestrado profissional desponta como tendência, na medida em que alia características acadêmicas a outras centradas nas demandas do mercado de trabalho

C

riados pelo governo federal em 1999, os mestrados profissionais têm se ampliado pelo país, principalmente nas áreas de pedagogia, temáticas multidisciplinares, administração, ciências contábeis e turismo. Para os especialistas do setor, esse movimento é favorecido graças à ideia de que essa pós-graduação é capaz de estabelecer um meio-termo entre a especialização técnica e as formações acadêmicas, voltadas para a pesquisa, assim como também permite a aplicação dos conhecimentos ao cotidiano de trabalho. O fato de esses mestrados profissionais darem ao aluno a oportunidade de iniciarem carreira como docen66

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te é outro fator que favorece a busca pelos cursos. Além disso, há iniciativas do Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que oferecem bolsas aos estudantes que desejam cursar mestrado profissional nos Estados Unidos como parte do programa Ciências sem Fronteiras. Cursos sobre empreendedorismo, qualidade e competitividade são as principais áreas de interesse do programa do governo. Enquanto o MBA é pensado para dar ao aluno uma competência ou habilidade específica e relativa ao mercado de trabalho, o mestrado profissional pretende desenvolver a capacidade de pesquisa, mas com aplicação prática.

Nesse sentido, Edgar Jacobs, diretor técnico da Associação Brasileira das Instituições de Pós-Graduação (Abipg)­, dá um exemplo: um mestrado profissional na área de saúde pode centrar-se na busca por melhorias no atendimento dos clientes. Então, nesse caso, os projetos finais dos estudantes criarão novos sistemas administrativos e de atendimento que permitam alcançar esses objetivos. “O mestrado profissional foi criado pensando nas pessoas que já estão no mercado de trabalho, mas desejam se aprofundar metodologicamente em seu campo de atuação”, resume. A professora Mônica de Carvalho Magalhães Kassar, da Associação Nacional de Pós-Graduação

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Formada em marketing, a gerente Bianca Talassi fez um mestrado profissional na área de administração: diferencial no mercado

e Pesquisa em Educação (Anped), lembra que o mestrado profissional se direciona a demandas prementes de determinado campo de estudo e tem o propósito de qualificar para a prática. “Por esses objetivos, essa modalidade de pós-graduação enfatiza a aplicabilidade técnica e o exercício da inovação”, diz. Como vantagens em relação às qualificações lato sensu, os titulados em cursos de mestrado profissional têm os mesmos direitos que os mestres com títulos obtidos nos cursos acadêmicos, entre eles poder dar aulas em faculdades e participar de concursos que exijam essa titulação. Além disso, se para o mestrado e o doutorado acadêmicos são solicitadas a apresentação e a defesa de

uma dissertação ou tese, no mestrado profissional o trabalho final pode ser, além da possibilidade da dissertação, uma revisão de literatura; apresentação de artigos; desenvolvimento de aplicativos ou software; registros de propriedade ou outras pesquisas que tenham aplicação prática.

currículo diferente

Em busca de um conhecimento mais aprofundado e crítico a respeito do seu âmbito de trabalho, Bianca Bozon Moreira Talassi, gerente de marketing, comunicação e eventos da Chemtech, empresa brasileira de engenharia do grupo Siemens, decidiu ingressar no mestrado profissional. A executiva, que sempre gostou de

estudar e concluiu a graduação em marketing aos 20 anos de idade, já tinha feito uma pós-graduação na área e queria complementar sua formação com um curso que permitisse diversificar seu currículo. Por isso, decidiu fazer o mestrado profissional em administração, formação que concluiu há mais de seis anos. A decisão foi facilitada pela própria empresa na qual trabalhava na época, que permitia que ela dedicasse parte do seu horário de trabalho para estudar. “Escolhi fazer o mestrado em administração, e não em marketing, pois assim passaria a contar com um diferencial em relação a outros profissionais do meu mercado. Dessa forma, aumentei minha empregabilidade”, acredita. Bianca explica que, apesar de ambos se orientarem ao mercado de trabalho, diferente do MBA o mestrado profissional ensina o aluno a investigar temas com mais profundidade e também a desenvolver seu pensamento crítico. “No MBA, grande parte das aulas se concentra na resolução de problemas pontuais sobre o mundo dos negócios”, compara. Para a executiva, um dos momentos mais satisfatórios do curso foi quando ela concluiu sua dissertação, que foi um estudo comparativo entre uma ferramenta de marketing de serviços dos Estados Unidos e uma solução brasileira. “Depois de escrever o trabalho, percebi como a área de marketing de serviços ainda pode se desenvolver no país”, conta. Além do olhar renovado em relação às suas tarefas laborais, outra vantagem que o mestrado profissional trouxe a Bianca foi também a possibilidade de dar aulas. Assim, hoje ela combina a carreira de executiva com a docência nos cursos de pós-­ graduação da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro. (CSQ)

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EAD

On-line, mas

exigentes Cursos de pós-graduação a distância aparecem como boas opções para quem busca uma formação de qualidade aliada a preços mais acessíveis e um formato flexível, mas exigem comprometimento do aluno Juliana Duarte

E

stá na dúvida entre uma pós-graduação presencial ou a distância? A psicóloga Camila Olaya, de 25 anos, também enfrentou esse dilema e pode falar com muita propriedade sobre o assunto. O motivo é simples: ela faz as duas modalidades ao mesmo tempo. Além de trabalhar em uma consultoria de recursos humanos, a jovem se desdobra para acompanhar as aulas virtuais do curso de gestão estratégica de negócios da Universidade Anhanguera de Niterói (RJ), e ainda comparecer três vezes por semana à sede do Ibmec, onde estuda gestão em recursos humanos. “Procurei uma instituição primeiro e, achando que não daria certo, decidi ir atrás de outra. Para minha surpresa, fui chamada por ambas no mesmo dia e não resisti, pois as grades curriculares me interessavam muito”, conta. Ponto para Camila: antes de fazer qualquer tipo de escolha em relação a um curso a dis-

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A psicóloga Camila Olaya faz duas pós, uma delas a distância: travessia de barca é oportunidade para estudar

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tância, é fundamental conhecer as disciplinas e, principalmente, a metodologia de ensino da instituição. Verifique como as aulas são ministradas, como é o funcionamento do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), plataforma onde o aluno acessa os materiais

e interage com tutores e colegas, e analise com antecedência os prazos de entregas de todos os exercícios (os encontros são remotos, mas o calendário é fixo, então vale checar esses detalhes). Com as matrículas feitas, Camila teve de repensar a rotina,

estabelecer horários para cada atividade e fazer da organização a sua companheira inseparável. Roberto De Fino Bentes, diretor da Universidade Positivo Online, diz que a jovem seguiu pelo caminho correto. Segundo ele, o primeiro passo para garantir qualidade de aprendizado é investir em um bom planejamento. Um erro muito comum, de acordo com Luciano Sathler, diretor de pós-graduação da Universidade Metodista, é incorporar o curso a distância à rotina sem abrir mão de nenhuma atividade ou compromisso. “Um curso presencial, por exemplo, exige a participação dos alunos, que já sabem previamente quais datas devem reservar para os estudos. Na EAD, as pessoas costumam incluir as aulas sem tirar nada da agenda, o que prejudica o processo”, afirma. Em outras palavras, é imprescindível estabelecer uma carga horária para estudar que seja fixa, e que pode ser diária ou semanal. Com isso, é possível evitar o acúmulo de aulas e leituras, situação que pode fazer o aluno perder ritmo e se distanciar da turma – uma das principais causas da evasão na modalidade. “Vale reservar de nove a dez horas por semana para os estudos”, sugere Eloi Francisco Rosa, pró-­ reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Universidade de Santo Amaro (Unisa).

Marcella Marer

Plano de estudos

Para evitar esses problemas, Camila decidiu montar um plano de estudos. Ela mora na cidade de Niterói e seu trabalho está localizado no centro do Rio de Janeiro. São três horas diárias só para ir, ou seja, a jovem fica pelo menos seis horas em trânsito. O período é longo e poderia

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EAd ser ainda mais cansativo se ela não o aproveitasse de uma boa maneira – cada minuto é utilizado para colocar a leitura do curso da Anhanguera em dia, inclusive na travessia de balsa. Mais uma vez, Bentes, da UP Online, vê com bons olhos a estratégia da estudante. “É sempre muito bom aproveitar os deslocamentos para fazer exercícios ou ler, já que são momentos de espera”, diz.

No entanto, isso só deve ser feito em ambientes mais tranquilos e sem muita movimentação, que poderiam atrapalhar a capacidade de concentração. Seguindo essa linha, estudar em frente à TV, com redes sociais abertas na tela do computador, os filhos na sala ou os amigos por perto não é uma boa ideia – o conteúdo dificilmente

Ensino compartilhado Uma sigla tem movimentado o mercado de ensino a distância nos últimos dois anos: os MOOCs (Massive Open Online Courses – cursos online abertos e de massa, em português). Os MOOCs são aulas e cursos virtuais disponibilizados livremente por instituições de ensino, que oferecem conteúdo principalmente em vídeo, além de grupos de discussão capazes de permitir uma grande interação entre alunos e professores. A procura por esse formato tem aumentado entre os estudantes que desejam aperfeiçoar a formação ou então buscar um diferencial, o que é visto com bons olhos pelo mercado de trabalho. “Quem faz um curso aberto geralmente está sempre atrás de novos conhecimentos, o que é muito positivo profissionalmente”, diz a consultora Andreia Inamorato dos Santos, pesquisadora do Institute for Prospective Technological Studies (IPTS), com base na Espanha. Para ela, a modalidade é uma grande tendência por garantir acesso à educação em larga escala. “Há milhares de pessoas matriculadas ao mesmo

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tempo. Não estamos falando em grupos pequenos”, afirma. Além disso, Andreia defende que uma das grandes vantagens do formato está no desempenho dos participantes – o aproveitamento costuma ser maior, já que o curso não se limita aos certificados tradicionais. Instituições de renome pelo mundo têm apostado nos MOOCs, entre elas Stanford, Princeton, Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). No Brasil, a Universidade de São Paulo (USP) e o portal de educação Veduca lançaram em 2013 os primeiros cursos da América Latina, que são ministrados por docentes da instituição e veiculados pela plataforma. O Veduca oferece até mesmo um curso de MBA completo e gratuito nesse formato. Na opinião do presidente da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Uni-

será absorvido como deveria. O melhor é negociar horários com a família e pedir aquele momento de “trégua”.

AGENdA dE AulAS

Isso acontece na casa de Camila, mas mesmo assim ela não consegue estudar à noite, já que o cansaço fala mais alto. Para contornar o problema, a jovem prefere assistir às aulas apenas aos finais de semana. “Com

vesp), Carlos Vogt, os cursos abertos deverão ganhar ainda mais espaço no Brasil. “O interesse já é muito grande e, sem dúvida, aumentará. O investimento em novas metodologias de ensino é uma realidade, pois tratamos o conhecimento como um bem público”, diz. Atualmente, a instituição disponibiliza cursos livres, de graduação, especialização e pós-graduação (todos são gratuitos). As matrículas nos três últimos só podem ser feitas mediante aprovação. Já os livres são acompanhados pelo canal da universidade no YouTube, que contabilizou mais de 24 milhões de visitações, ou então pelo site. onDE EsTUDar:

» Udacity (www.udacity.com). Plataforma americana, iniciada em Stanford.

» edX (www.edx.org). Parceria entre MIT e Harvard.

» FutureLearn (www.futurelearn.com). Reúne instituições do Reino Unido.

» Veduca (http://www.veduca.com.br). Plataforma brasileira, com material próprio e traduzido.

» Univesp (univesp.br). Criado pelo governo paulista, oferece cursos livres.

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PRÓS E cONTRAS

Para Camila, o saldo desse primeiro ano de estudos em dose dupla foi positivo, apesar de ter sido bem puxado. As aulas virtuais a conquistaram pela praticidade e pela qualidade do conteúdo. “Não perdem em nada para o ensino presencial. Pelo contrário. É muito comum os professores das duas universidades usarem os mesmos autores ou então exercícios parecidos”, diz. Outra característica que a fez aprovar a modalidade foi a motivação conquistada durante esse período. Ao longo do curso, ela chegou à conclusão de que o ensino a distância só faz sentido se o aluno estudar com vontade e se dedicar por completo. O único lado negativo, na opinião dela, é o convívio prejudicado com os demais colegas. No Ibmec, por exemplo, Camila ampliou bastante a carteira de contatos profissionais, o que não tem acontecido com tanta frequência nas aulas de EAD. Tal problema pode ser amenizado de algumas maneiras simples, como ficar de olho no calendário de eventos da instituição. Afinal, participar desses encontros costuma render

um lugar muito longe pode ser um empecilho ao longo do curso.

fAlTA dE TEMPO

iStockphoto

a mente relaxada consigo aproveitar melhor”, comenta. O único impasse é que muitos dos encontros da Anhanguera acontecem ao vivo pela internet, mas a estudante só consegue vê-los em outros momentos, o que diminui a interação com os professores. Uma forma de compensar essa falta, na opinião de Sathler, é consultá-los sempre que aparecer uma dúvida ou então a necessidade de discutir determinado assunto. Lembre-se: no EAD, deixar algum questionamento passar batido pode se transformar em um problemão lá na frente.

A localização do polo de apoio deve ser analisada antes da matrícula. o aluno não deve esquecer que as provas realizadas regularmente são presenciais

boas conversas, e criar grupos nas redes sociais (o Facebook é bastante utilizado nesses casos). “Ainda há a possibilidade de ir até a universidade sempre que for preciso, seja para a troca de conhecimentos com os colegas ou o uso da biblioteca”, afirma Rosa, da Unisa. Aliás, é importante que a localização da sede ou do polo de apoio da instituição seja analisada antes da matrícula. O aluno não deve esquecer que as provas realizadas regularmente são presenciais, portanto optar por

A professora Katia Nishimura Dallas, 46 anos, desejava ampliar os conhecimentos em sua área de atuação, mas não tinha muito tempo disponível – ela dá aulas de inglês em duas escolas diferentes. Para fazer a pós-graduação que tanto desejava, a solução foi apostar no curso virtual em gestão escolar, da UP Online. De acordo com o pró-reitor de Educação a Distância da Uninter, Marco Antonio Eleuterio, a rotina atribulada é um dos caminhos que mais levam alunos à EAD. “A flexibilidade atrai os estudantes, principalmente aqueles que viajam frequentemente a trabalho ou têm filhos”, diz. A modalidade também costuma ser bem aceita nas empresas, já que a jornada de trabalho dos funcionários não precisa ser comprometida devido ao horário das aulas. No caso de Katia, ela conseguiu se organizar bem para conciliar as duas atividades sem que nenhuma das duas fosse prejudicada. O início foi repleto de adaptações ao ambiente de aprendizagem e à metodologia, considerada por ela muito mais dinâmica. Tal característica é uma das principais preocupações das instituições, que se organizam para oferecer um conteúdo envolvente, capaz de estimular a busca voluntária pelo conhecimento. Na UP Online, por exemplo, os alunos dos cursos de gestão fazem atividades semanais que vão além da teoria. “A nossa grade curricular, por exemplo, é voltada para a prática. Temos até mesmo jogos virtuais relacionados à área de trabalho dos alunos, o que os estimula muito. O retorno é sempre positivo”, afirma Bentes.

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Tire suas dúvidas sobre ensino a distância O que define um curso a distância? Mais de 70% do conteúdo deve ser ministrado sem a necessidade de encontros presenciais. Quem costuma optar pelo EAD? Atualmente, a modalidade tem sido procurada por diferentes perfis. O público reúne jovens a pessoas mais maduras, passando por quem já fez pós-graduação até aqueles que estão no primeiro curso. O que é necessário fazer para ingressar em uma pós a distância? Ter concluído a graduação normalmente e dispor de acesso à internet. Os cursos a distância demandam alunos mais dedicados? Grades curriculares bem planejadas exigem bastante de seus alunos, tanto na modalidade presencial quando na EAD. No entanto, estudar remotamente requer mais disciplina e organização. Os alunos são mais cobrados? Sim. Como não há encontros físicos, o estudante é avaliado e exigido a partir das atividades realizadas. Quem produz o conteúdo? Professores com experiência na área desenvolvem a grade curricular do curso. Já o acompanhamento pode ser feito por tutores. Quais são os benefícios da pósgraduação a distância? Flexibilidade e preços mais

atrativos, já que as instituições não têm os mesmos gastos com infraestrutura. De acordo com a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), as mensalidades podem ser até 75% mais baixas. Além disso, o quadro de professores costuma ser uma mescla de profissionais com titulação acadêmica e experiência de mercado. Como o conteúdo é disponibilizado aos alunos? As instituições trabalham com Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), softwares que permitem acesso às aulas, aos exercícios e possibilitam a interação entre professores, tutores e alunos, entre outras atividades. O diploma tem o mesmo valor dos cursos presenciais? Sim. Tal valor é assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96). No diploma há alguma menção de que o curso foi realizado a distância? Não, pois as duas modalidades têm o mesmo valor. No mercado de trabalho ainda existem preconceitos em relação à modalidade EAD? Para especialistas da área, esse problema já foi superado e a modalidade é reconhecida como uma grande tendência.

Fotolia

EAd

É preciso fazer prova nos cursos EAD? Como isso acontece se as aulas acontecem a distância? Sim. As provas são presenciais, por isso é necessário checar o calendário de atividades do curso. Elas podem ser feitas na sede da instituição ou em seus polos de apoio. É necessário entender muito de computador para fazer uma pós-graduação a distância? Não. Basta ter uma boa conexão, além de noções básicas.

C

A duração do curso pode variar de acordo com a disponibilidade dos alunos? Não. A Lei de Diretrizes e Bases diz que a duração deve ser fixa e ter cargas horárias semelhantes às dos cursos presenciais. Há cursos stricto sensu em EAD ou as possibilidades se restringem ao lato sensu? O aluno pode ter acesso aos dois. Os mestrados a distância têm crescido muito no Brasil e muitos são disponibilizados por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB), um sistema criado pelo governo federal que incentiva e apoia instituições públicas a oferecerem cursos a distância. Como saber se um curso de pós-graduação a distância é reconhecido pelo MEC? Basta consultar o site: www.emec.mec.gov.br e verificar se o curso faz parte da lista.

M

Fontes: Uninter, Unisa, MeC, Abed e Metodista.

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