Revista Nosso Clinico nr 105 - Colunas - MAI/JUN 2015

Page 1

ISSN 1808-7191

A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO

ANO 18 - Nº 105 - MAI/JUN 2015

Detecção de HERPESVÍRUS FELINO do tipo 1 e Chlamydia felis em gatil de superpopulação em São Paulo

• Tumor venéreo transmissível com metástase em baço • Linfoma peniaENCARTE: no de células B na espécie canina • Redução de fenda palatina secundáClínica de Marketing COLUNAS: Dicas do Laboratório ria adquirida em um gato • Acompanhamento clínico de cães com otite • Conhecimento Compartilhado externa crônica estenosante após terapia cirúrgica de ressecção • Bem-Estar Animal • Terapia Celular lateral do conduto auditivo • Síndrome uveodermatológica em um • Nutrição Animal • Gestão Empresarial Akita • Pneumotórax espontâneo associado a doença • Medicina Tradicional Chinesa pulmonar crônica em cão • Linfoma multicêntrico em • Pets, Famílias e Veterinários gato • Uso de fipronil no controle de ácaros plumícolas • Endocrinologia • InfoPet e piolhos malófagos em aves de companhia • Técnica para • Medicina Felina • Fisioterapia utilização da homeopatia em doença infecciosa aguda

www.nossoclinico.com.br

Indexação Qualis


DR. LUIZ EDUARDO RISTOW

DICAS DO LABORATÓRIO

tecsa@tecsa.com.br MV, Mestre em Medicina Veterinária UFMG CRMV-SP 5540 V CRMV-MG 3708

Eletroforese de Proteínas A eletroforese refere-se à migração de solutos ou partículas carregadas em um meio líquido sob a influência de um campo elétrico. As distâncias percorridas pelas proteínas variam, formando bandas, essas são denominadas albumina, alfa-1-globulina, alfa-2-globulina, betaglobulina e gamaglobulina. É utilizada para auxiliar o diagnóstico de disproteinemias, gamopatias e processos inflamatórios. Os resultados devem ser dados sempre em valor percentual, da concentração das diversas frações e na forma gráfica.

inflamação aguda ou crônica, doença hepática, glomerulopatias, lesão tubular, enteropatia perdedora de proteínas, doença inflamatória intestinal, linfomas, leucemia, desnutrição protéica, hipertireoidismo e uso de corticoides.

A principal proteína é a alfa-1-antitripsina. O aumento desta geralmente ocorre quando há processos inflamatórios agudos ou crônicos, infecciosos e imunes, neoplasias e após traumas e cirurgias. Já a redução dessas proteínas ocorre na hepatite viral aguda, má absorção, enfisema pulmonar, jejum prolongado, síndrome nefrótica.

Albumina

Perfil eletroforético em que há perda de albumina

64 • Nosso Clínico

.

Perfil eletroforético das proteínas de fase aguda

Alfa-1-globulinas

Perfil eletroforético em que há perda de alfa-1 antitripsina

A albumina é a proteína mais abundante do plasma, a sua principal função é a manutenção da pressão coloidosmótica e o transporte de diversas substâncias. A hipoalbuminemia pode estar presente em inúmeras doenças e é altamente inespecífica. Em algumas condições pode-se observar a redução dessa proteína:

rante uma terapia com estrógenos e sofre uma queda quando há desnutrição, síndrome nefrótica e em enteropatias com perda de proteínas.

Alfa-2-globulinas As proteínas presentes nesta banda são a haptoglobina, a alfa-2-macroglobulina e a ceruloplasmina. Raramente é observada alteração nessa banda, uma vez que quando há diminuição de uma há aumento das outras para compensar. A elevação da alfa-2-macroglobulina associada a redução da albumina ocorre na síndrome nefrótica. A haptoglobina sofre uma redução em sua concentração quando há uma hepatopatia grave, hemólise e durante terapias com corticóides e estrógenos. A ceruloplasmina aumenta du-

Betaglobulinas São compostas pelas seguintes proteínas: transferrina, betalipoproteínas (LDL), C3 e outros componentes do complemento, antitrombina III e beta-2-microglobulina. O aumento das betalipoproteínas geralmente ocorre quando há hipotireoidismo, icterícia obstrutiva, nefroses e diabetes mellitus, pois nesses casos pode ocorrer aumento do colesterol. Já a anemia por deficiência de ferro leva a um aumento da transferrina. Quando há hepatite grave pode haver sobreposição ou fusão das bandas beta e gama pelo aumento de IgA, presentes nas cirroses hepáticas, infecções do trato respiratório e de pele e na artrite reumatóide. Quando há elevações dos complementos, pode estar presente um carcinoma ou síndrome de Cushing. A queda do C3 está relacionada a doenças glomerulares. Gamaglobulinas São os anticorpos produzidos pelos plasmócitos quando estimulados por antígenos. As gamaglobulinas são formadas por duas cadeias pesadas (G, A, M, D e E) e duas cadeias leves (kappa ou lambda).


Algumas características importantes das imunoglobulinas (Igs) são: IgG, migra por toda a fração gama, representa a maior parte das Igs normais e age contra antígenos bacterianos; IgA, migração na junção das frações beta e gama, proteção de mucosas e fluidos corporais; IgM, migração na junção das frações beta e gama, age na fase aguda de doenças infecciosas; IgD, função desconhecida; IgE, reação de hipersensibilidade.

Padrão eletroforético de proteínas séricas

A fração gama tem dois principais padrões eletroforéticos, um pico policlonal e um monoclonal. O pico policlonal ocorre quando há uma resposta imunológica simultânea de vários clones plasmocitários devido a um estímulo antigênico. Esses estímulos podem ser inflamatório, imune ou infeccioso, como por exemplo em sarcoides, lúpus eritematoso sistêmico entre outros. Há um aumento difuso do padrão gama, em que há uma curva de base larga, pois há produção de todas as classes das Igs. Padrão eletroforético de pico policlonal

O pico monoclonal ocorre quando há produção homogênea de um único clone plasmocitário de um tipo específico de imunoglobulina. Como são moléculas idênticas entre si apre-

sentam a mesma mobilidade forética, o que produz uma curva de base estreita, é o padrão que ocorre na Leishmaniose Visceral Canina. Padrão eletroforético de pico monoclonal

Hipogamaglobulinemia/ agamaglobulinemia Consiste na redução do nível das gamaglobulinas, geralmente sem alteração pronunciada nas outras regiões da globulina. Esse padrão está presente nas hipo ou agamaglobulinemias congênitas ou secundárias, em que há ausência de um ou mais anticorpos específicos, que resulta em infecções frequentes algumas vezes fatais. Esquema ilustrativo de hipoglobulinemia/ agamaglobulinemia.

Conclusão Para que um resultado de eletroforese de proteínas seja interpretado da forma correta, é importante saber

o que leva às alterações em cada banda das frações protéicas. A banda de albumina sofre alteração quando há alteração direta ou indireta em sua produção, pode ser pela redução na ingesta ou perda pela via enteral ou proteinúria. Já as alfaglobulinas aumentam em todos os processos inflamatórios, infecciosos e imunológicos. As betaglobulinas aumentam quando há alteração no metabolismo dos lipídeos ou quando há colestase. Também há aumento nos casos de anemia ferropriva, quando não há síntese de transferrina. Mas a queda dessa fração pode ocorrer quando está em fase crônica. A fração gamaglobulina aumentará todas as vezes que houver processo infeccioso, inflamatório ou imunológico. Esse aumento ocorre de forma policlonal. Em doenças linfoproliferativas, haverá um aumento monoclonal. É importante que o médico veterinário saiba interpretar de forma correta este exame, pois auxilia no diagnóstico de algumas patologias, possui um custo acessível e fornece os componentes principais de cada fração proteica facilitando e guiando o raciocínio clínico para as doenças que apresentam padrões eletroforéticos característicos. Referência: Eletroforese de proteínas séricas: interpretação e correlação clínica. Roberta Oliveira Paula e Silva, Aline de Freitas Lopes, Rosa Malena Delbone Faria. 116-122, Belo Horizonte: Revista Médica de Minas Gerais, 2008, Vol. 18 (2).

MATERIAL

COD / EXAMES

PRAZO DIAS

Sangue total (2,0 mL) colhido em tubo de tampa vermelha ou 1,0 mL de soro sem hemólise

264 / ELETROFORESE DE PROTEINAS

4

Sangue em tubo tampa vermelha

311 / TRANSFERRINA

2

Sangue em tubo tampa roxa

39 / HEMOGRAMA COMPLETO PET E ANIMAIS SILVESTRES

1

RT - Dr. Luiz Eduardo Ristow (CRMV MG 3708) Nosso Clínico • 65


Você Sabia ?

A doença infecciosa respiratória canina A doença infecciosa respiratória canina (DIRC), também conhecida como “traqueobronquite infecciosa canina” ou “tosse dos canis”, é o nome coletivo dado à infecção das vias aéreas superiores por uma série de agentes virais e bacterianos. O sintoma mais comum da DIRC é a tosse paroxística de início abrupto, que pode ser acompanhada de graus variáveis de coriza e secreção ocular. Trata-se de enfermidade extremamente contagiosa pelo fato de a transmissão ocorrer por contato com micropartículas do trato respiratório aerossolizadas nos episódios de tosse ou contato direto com secreções. A lista de agentes etiológicos envolvidos na DIRC aumenta ano após ano. Inicialmente, enfatizava-se apenas o papel da Bordetella bronchiseptica, do adenovírus canino tipo 2 e do vírus da parainfluenza. Nas últimas décadas, a importância de agentes como a bactéria Mycoplasma, o vírus da cinomose e o herpesvírus canino foi revisitada. Atualmente, o vírus da influenza canina, o reovírus canino e o coronavírus respiratório canino figuram como os mais novos integrantes etiológicos da DIRC. Muitos desses agentes já foram isolados de animais considerados clinicamente normais, e uma grande discussão coloca-se a respeito da classificação desses agentes como primários ou secundários. É muito comum o isolamento de mais de um agente em casos clínicos de DIRC, o que dificulta elucidar, muitas vezes, qual ou quais foram os agentes iniciadores do processo patológico que levou aos sintomas. Apesar das divergências, a Bordetella bronchispetica é incriminada como o principal agente etiológico da DIRC. No tratamento da DIRC, antimicrobianos com espectro de ação contra ela e, se possível, contra Mycoplasma, tais como a doxiciclina, são recomendados, tanto para combater esses agentes quanto para impedir ou tratar eventuais infecções por bactérias da microbiota do trato respiratório superior, que se aproveitam da fragilidade epitelial desencadeada pelos vírus ou das bactérias ditas “primárias”. O diagnóstico da DIRC é essencialmente clínico. Outras causas de tosse paroxística devem ser descartadas pelo clínico, como foco nos processos patológicos que de alguma forma afetam a traqueia para produzir a tosse, tais como a endocardiose mitral (que leva ao deslocamento dorsal da traqueia), o colapso traqueal e, embora raramente observados, os corpos estranhos alojados na traqueia. O isolamento dos agentes etiológicos, apesar de possível, raramente é conduzido nas clínicas. A colheita de amostras de faringe ou traqueia com escovas estéreis, com o animal sob anestesia, permite a realização de reação em cadeia da polimerase (PCR) para identificar DNA dos agentes. Outra possibilidade é a realização de exame citológico e cultura para os agentes bacterianos. Todavia, tanto a Bordetella quanto o Mycoplasma exigem condições de cultivo especiais, sendo os resultados falso-negativos bastante comuns. A vacinação é uma ferramenta importante na DIRC. Ela é um auxiliar na prevenção da DIRC, de onde se espera que os animais vacinados, se em contato com os agentes, tenham quadro clínico ausente ou, pelo menos, bastante minimizado em com66 • Nosso Clínico

paração aos animais não vacinados. Trata-se da mesma proposta observada para as vacinas do complexo respiratório felino (herpervísrus felino tipo 1, calicivírus e Chlamydophila) e, a despeito de não conferirem imunidade estéril, tais vacinas possuem grande valia na amenização da doença em indivíduos expostos e no controle em grandes populações. Diante da variedade de agentes etiológicos envolvidos, deve-se ter em mente que a vacinação pode não proteger contra todos os agentes da DIRC. As vacinas contra a bordetelose podem ser intranasais ou injetáveis. As vacinas intranasais (como a Bronchi-Shield III – Zoetis) desencadeiam uma resposta local rápida, cerca de 3 a 5 dias após a vacinação, em que mecanismos de imunidade inata e adaptativa mediada por IgA são determinantes. Além disso, a vacina não sofre interferência dos anticorpos maternos sistêmicos (IgG), uma vez que o efeito da vacina se dá na mucosa nasal e os anticorpos IgG não são ativamente secretados sobre a mucosa. Por essas razões, a vacina pode ser aplicada a partir de 8 semanas de vida, garantindo imunização rápida ideal para situações em que existe risco iminente de desafios, tais como surtos de tosse nas redondezas, hospedagens em hotéis, viagens e exposições. Outro benefício de Bronchi-Shield II é que ela possui o adenovírus canino do tipo 2 e vírus da parainfluenza na mesma formulação. Esses agentes costumam ser encontrados nas vacinas polivalentes para cães, porém são requeridas doses sequenciais para se atingir a imunidade contra eles em filhotes, em vista da imaturidade do sistema imunológico e da interferência dos anticorpos maternos. A vacina parenteral (como a BronchiGuard - Zoetis) protege contra a Bordetella bronchiseptica, o principal agente da DIRC. Após as doses iniciais na primovacinação (2 doses a partir de 8 semanas com intervalo de 2 a 4 semanas), verifica-se uma resposta sistêmica à bactéria mediada principalmente por IgG sistêmica, mas também certo grau de IgA local. A vacina deve ser aplicada anualmente, e conseguem-se excelentes respostas de reforço após cada aplicação ao longo do tempo. Em resumo, a DIRC é extremamente contagiosa e de elevada morbidade, havendo evidência, ainda que restrita, de potencial zoonótico para as infecções causadas pela Bordetella. Neste contexto, os benefícios da vacinação como ferramenta para prevenir a bordetelose e outros agentes da DIRC, tanto para os indivíduos quanto para populações de cães, devem ser discutidos com os proprietários no estabelecimento dos protocolos vacinais mais adequados a cada realidade clínica. Alexandre Merlo Gerente Técnico de Animais de Companhia Zoetis Brasil

..................................................................................... Colaboração:


NUTRIÇÃO ANIMAL foto

Keila Regina de Godoy - keila@premierpet.com.br M.V., Gerente de Desenvolvimento e Capacitação Técnica da PremieR pet www.premierpet.com.br

Alimentos para raças específicas: por que e para que existem? Mais de dez anos se passaram desde o surgimento no Brasil de alimentos específicos para determinadas raças caninas. Mesmo com todo este tempo decorrido, com os produtos presentes na maioria dos pet shops de todo o país, ainda hoje nos deparamos com dúvidas de veterinários e graduandos de medicina veterinária a respeito destes alimentos. O propósito de um alimento específico para a raça é promover o máximo desenvolvimento de suas qualidades características, bem como prevenir ou minimizar seus principais problemas de saúde. Tudo isso através de formulações que reunam em um só produto todos os cuidados de que necessitam. Cães possuem a maior variedade de raças dentro de uma mesma espécie. São cerca de 400 raças caninas já descritas. Esse grande número é fruto do trabalho de seleção genética feita pelo ser humano. No início, os esforços de seleção eram focados em produzir exemplares com aptidões específicas de trabalho. Porém, à medida que o cão foi se tornando essencialmente um animal de companhia, houve uma mudança grande no padrão de diversas raças, muitas delas motivadas exclusivamente pela estética. A quem deseja observar mais detalhadamente essas diferenças, uma consulta a uma publicação de 1915, Dogs of all Nations, nos dá uma boa ideia da mudança visual de padrão racial que ocorreu no último século. Vale lembrar que para a obtenção de um padrão morfológico específico as raças passaram e passam por uma grande pressão de seleção, o que inclui cruzamentos consanguíneos, os quais se não forem muito criteriosos, podem precipitar o aparecimento de desordens genéticas. Mais de 350 desordens ge68 • Nosso Clínico

néticas têm sido descritas em cães de raça pura, muitas delas particulares a uma raça ou grupo de raças, segundo o estudo Genetic Structure of the Pure Bred Domestic Dog (2004). Predisposição Genética Um estudo realizado pela Universidade da Georgia, nos Estados Unidos, tornou possível observar as causas de óbito em mais de 80 raças caninas. Publicado no periódico Journal of Veterinary Internal Medicine em 2011, examinou as informações reunidas em uma base de dados médicos veterinários para determinar as causas de óbitos de 74.556 cães de 82 raças num período de 20 anos, de 1984 a 2004. Os óbitos foram classificados pelo sistema orgânico afetado e pelo processo patológico desenvolvido. E, então, estes dados foram posteriormente relacionados com raça, idade e peso corpóreo médio dos animais. O estudo demonstrou que raças Toy, como Chihuahua e Maltês, que são reconhecidas por apresentarem alta incidência de doença cardiovascular, tiveram taxa de óbito devido à afecção de 19% e 21%, respectivamente. Os pesquisadores observaram que o Fox Terrier também apresentou alta incidência de doença cardiovascular, com 16% dos óbitos por este motivo. As duas raças reconhecidas por apresentarem alta incidência de óbito por neoplasia maligna são o Golden Retriever, com taxa de óbito de 50%, e o Boxer, com 44%. No entanto, os pesquisadores demonstraram que o Bouvier des Flandres, raça relativamente rara, apresentou, atualmente, uma taxa de óbito por neoplasia maior que a do Boxer, de 47%. Um dos coautores do estudo, Dr. Creevy, pontuou que o risco de desenvolvimento de neoplasia no Bouvi-

er, que antes era desconhecido, demonstra a consistência do estudo. Os pesquisadores observaram também que raças grandes estão mais predispostas a morrerem por uma doença musculoesquelética, gastrointestinal e, mais notavelmente, de neoplasias. Raças menores apresentam altas taxas de óbitos em relação a doenças metabólicas, como diabetes e síndrome de Cushing (hiperadrenocorticismo). Os achados foram considerados muito úteis na determinação de cuidados preventivos, uma vez que, sabendo dos problemas que o animal pode desenvolver, torna-se possível direcionar o manejo de sua qualidade de vida através de um conjunto de cuidados, o que pode incluir dietas específicas que já contemplem suas particularidades. Particularidades Metabólicas Se por um lado temos estudos que demonstram as enfermidades às quais as raças são mais predispostas, por outro temos também estudos que evidenciam que com toda esta seleção genética envolvida na formação das raças já se encontram também particularidades metabólicas, muitas ainda a serem descobertas. Um estudo de 2006, de Backus e colaboradores, por exemplo, demonstrou que embora a taurina não seja um aminoácido essencial para cães, animais da raça Newfoundland apresentaram baixa concentração plasmática deste aminoácido, levando a cardiomiopatia dilatada. Aparentemente estes cães apresentam maior requerimento mínimo de cistina e metionina, tanto por dificuldades na síntese da taurina a partir destes aminoácidos quanto por uma alta excreção fecal. Kittleson e colaboradores (1997) também evidenciaram uma particularidade racial ao demonstrar casos de


cardiomiopatia dilatada em cães da raça Cocker Americano associadas a baixa concentração plasmática de taurina. No entanto, os requerimentos nutricionais mínimos atualmente tabulados são os mesmos para todas as raças, e muitos destes requerimentos mínimos foram estabelecidos em Beagles, que é o cão padrão para muitos estudos. Mas as diferenças precisam ser cada vez mais levadas em conta. Um exemplo é o estudo Pharmaco Genetic and Metabolic Differences between Dog Breeds: their Impact on Canine Medicine and the use of the Dog as a Preclinical Animal Model, (Fleischer et al, 2008) no qual são listadas diferenças fisiológicas e metabólicas entre raças caninas. Vale citar ainda o trabalho de Hernot e colaboradores, que encontraram maior concentração fecal de sódio em cães Dinamarqueses quando comparado com cães de raças pequenas. Isso devido a particularidades na permeabilidade do cólon, o que foi reportado no estudo Colonic Permeability is Higher in Great Danes compared with Smaller Breed Dogs (2004). Dietas Específicas A descoberta do papel de determinados nutrientes sobre processos patológicos também colabora para a evolução das dietas específicas. A vitamina C, por exemplo, não é um nutriente essencial para cães, porém pode ser particularmente interessante de ser suplementada na dieta de cães com tendência para desenvolver a catarata. Muitos estudos sugerem que a foto oxidação e peroxidação da lente podem ser prevenidas por antioxidantes, e embora diversos antioxidantes sejam estudados e estejam envolvidos no processo de proteção, a vitamina C é considerada um fator chave (Willians, 2006). Todos esses breves exemplos e estudos mencionados acima evidenciam que as diferenças existem dentro da espécie canina e que determinadas raças de cães podem se beneficiar de um alimento específico, que reuna em um só produto cuidados que levam em conta todas as suas particularidades. Naturalmente isso só é possível graças aos avanços dos estudos de nutrição de cães e gatos, da alta tecnologia que permeia os modernos processos de produção e da crescente disponibilidade de ingredientes funcionais e do conhecimento de seus efeitos. Até a próxima! Nosso Clínico • 69


FISIOTERAPIA, FISIATRIA E REABILITAÇÃO M.V. Maira Rezende Formenton Fisioanimal / Bioethicus / Hovet Pompéia maira@fisioanimal.com www.fisioanimal.com

Implante de ouro para uma opção para o controle da dor A displasia coxofemoral é uma patologia muitas vezes desafiadora para o veterinário clínico. Soluções definitivas ainda não são possíveis, e o controle dos sinais clínicos como a dor e claudicação interferem diretamente na qualidade de vida dos animais acometidos. A acupuntura possui diversas técnicas, sendo a técnica de implante de ouro, uma das mais indicadas para o tratamento da displasia coxofemoral. O implante de ouro consiste em implantar pequenos fragmentos de ouro 18k em pontos de acupuntura específicos e em pontos gatilho ao redor da articulação de forma a melhorar a dor e mobilidade. Essa técnica é a mais recomendada por apresentar um estímulo permanente dos pontos com resultados de longa duração. Além dessa função, quando ocorre dor ou instabilidade articular ou inflamação, o organismo tenta corrigir esse desequilíbrio depositando cálcio, formando assim os osteófitos e a presença do ouro previne essas alterações que levariam à artrose. Estudos mostram que esta técnica pode melhorar a locomoção e promover a analgesia por até dois anos (Sousa et al, 2010). É uma técnica ambulatorial, não invasiva, de baixo custo e segura, desde que realizada por um médico veterinário especializado em acupuntura e que domine essa técnica. Ressalta-se que os fragmentos são posicionados em pontos específicos de acupuntura, nunca colocados dentro da articulação. Além da displasia, outras doenças podem ser tratadas como artrose, espondiloses, displasia de cotovelo e epilepsia. Recomenda-se realizar algumas sessões de acupuntura previamente ao implante para intensificar sua eficácia e em animais que necessitem de sedação é imprescindível a realização de exames de sangue e avaliação cardíaca para maior segurança do animal.

70 • Nosso Clínico

Aplicação de fragmentos espiralados de ouro para displasia coxofemoral em cães e gatos. O procedimento é rápido, pouco invasivo e de resultados duradouros ............................................................

A utilização dessa técnica é promissora, pois além de promover maior qualidade de vida e alívio da dor, não há necessidade da utilização de medicações e pós-operatório. Para saber mais: Sousa, N.R. et al. Implante de fragmentos de ouro em pontos de acupuntura e pontos gatilho para o tratamento de displasia coxofemoral em cães – revisão de literatura. Vet e Zootec, 2010; 17(3): 355-342. Participação da M.V. Msc. Bianca Paiva, veterinária acupunturista da Fisioanimal


TERAPIA CELULAR

DR. MARCELO NEMER XAVIER Coordenador Curavet (curavet.terapia@gmail.com) www.curavet.com.br

Terapia ou aplicação? A direção correta é a capacitação Cariotipagem, exossomos, micro Rna, expressão gênica, apoptose, necrose celular, estroma medular, sinóvia, cultura primária, passagem, diferenciação, efeito parácrino, todos esses termos soam familiares? A definição de cada um deles é clara ao serem lidos? Esses são alguns poucos termos rotineiros quando trabalhamos com a terapia celular com células tronco (TCCT). Como devem lembrar, tivemos em nossa coluna da edição anterior a Parte I da imunomodulação feita pelas células tronco no organismo dos pacientes, mas haverá uma pequena interrupção na continuação para falarmos sobre um tema muito importante a todos os estudantes e profissionais que almejam trabalhar com TCCT. Está havendo no mercado veterinário uma confusão do que é TCCT e aplicar células tronco. Afinal qual seria a diferença entre essas duas modalidades? Aplicar células tronco, seria apenas o ato de saber manipular corretamente a matéria prima e inserir (aplicar) no paciente em um ponto pré determinado. Enquanto a terapia é o tratamento da doença, logo inclui diagnóstico preciso, atualização sobre tratamentos, consciência da capacidade dos tratamentos clínicos e perfil de evolução, informações que só podem ser passadas com uma capacitação mínima em cada área de atuação com a TCCT. As pesquisas geralmente são feitas por laboratórios, equipes, pós-graduandos, ou especialistas que estudam sobre a doença de interesse e utilizam as células tronco no intuito de obter aceleração da recuperação e melhores resultados devido à capacidade regenerativa da TCCT. Mas o que tem acontecido no mercado é o aparecimento de cursos cada vez mais curtos e até mesmo online, preparando o médico veterinário a aplicar as células, mas não deixando claro que a terapia é algo muito além dessa aplicação, se mal aplicada pode levar o paciente a riscos inclusive de morte, muitos dos bons resultados sequer são totalmente detalhados pelas pesquisas e dependerá muito da união do corpo clínico e do terapeuta para o diagnóstico preciso de doenças primárias e secundárias, localizando então todos os tecidos lesionados, formas de direcionamento celular, formas de fixação celular, dentre vários outros fatores para o êxito final com resultados iguais a melhores em relação aos já publicados. Se você pensa em fazer um curso apenas para oferecer aos seus pacientes a TCCT sem ser seu foco de trabalho tal investimento hoje torna-se desnecessário! Existem no mercado uma equipe multidisciplinar além de pessoas capacita-

72 • Nosso Clínico

Foto1: Arnaud, cão SRD que foi beneficiado com a TCCT após avulsão de plexo

Foto 2: Caluh, Cocker Spaniel com sequela de cinomose que voltou a andar após a TCCT

......................................................................................... das estudando diariamente sobre a terapia, seus resultados negativos e positivos, motivos de tais resultados e essa equipe e pessoas podem fornecer à sua clínica esse serviço, levando uma real possibilidade de recuperação aos seus pacientes e mais um serviço de altíssima qualidade que ajudará a você e sua clínica a fornecerem um diferencial. Durante minhas viagens conhecendo centros de pesquisas, laboratórios e universidades que trabalham com a TCCT vi, principalmente, dos pesquisadores das universidades o medo e a preocupação deles com o rumo da capacitação dos profissionais a utilizarem as células tronco que vem levando a uma banalização podendo ser muito prejudicial à terapia atrapalhando o desenvolvimento de uma nova modalidade que pode ajudar muito os pacientes que dela necessitam, como pode ser visto em nossa fanpage no Dr. Cura feito na Universidade Federal Rural da Amazônia com a professora e pesquisadora Dra. Érika Branco e poderá ser visto em breve com a professora e pesquisadora Dra. Fernanda da Cruz Landim da UNESP de Botucatu. Na próxima edição voltamos falando do caso da Mel e dos efeitos imunomoduladores obtidos através da TCCT.


MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Acupuntura, fitoterapia e muito mais na internação e no tratamento intensivo Quem imagina que a acupuntura (que faz parte da medicina chinesa) é utilizada somente para o tratamento de problemas crônicos, está enganado. Os chineses nos últimos milênios fazem uso das técnicas da Medicina chinesa para tratar todo tipo de problemas, desde os mais crônicos ao mais agudo, dos fáceis aos mais graves e difíceis de resolver. Nos últimos anos a terapia intensiva e os cuidados emergenciais, tiveram uma ascensão na veterinária levando a um enfoque diferenciado, com o surgimento de vários cursos e profissionais aumentando suas capacitações e atingindo níveis de excelência no assunto. Tornou-se rotina encontrarmos nos grandes hospitais, seja da própria empresa ou prestando serviços terceirizados, as unidades de terapia intensiva. Com isso, temos nas grandes e médias clinicas serviços de internação mais sofisticados e comparáveis com os grandes centros hospitalares humanos. Bom, mas qual a relação da medicina tradicional chinesa e o intensivismo? Na verdade, os chineses sempre trataram com excelência seus pacientes em todas as áreas. O tratamento intensivo e o tratamento de doenças agudas e graves sempre foram considerados como carro chefe dos tratamentos realizados pela medicina chinesa, em especial através da fitoterapia usando fórmulas magistrais à base de plantas, minerais e algumas vezes animais, mas também usando técnicas de estímulo a pontos com agulhas, massagens e moxabustão. Na medicina veterinária estes conceitos podem e são facilmente aplicáveis. O que o profissional necessita é somente de um local preparado e organizado com o material correto e pertinente para o tratamento. Assim antes de começar a tratar com medicina chinesa em sua internação deve-se ter um arsenal médico composto em especial por fitoterápicos chineses, agulhas e bastões de moxabustão. Quanto aos fitoterápicos, existem alguns específicos que são essenciais para os tratamentos: aqueles com enfoque especial em problemas relacionados ao sangue como hemorragias e alterações hematológicas, aqueles para tratamento de infecções e suas complicações e final74 • Nosso Clínico

mente aqueles para os casos graves como coma, sepse e choque. Quem deve indicar e escolher os fitoterápicos deve ser um profissional capacitado e com conhecimento dos padrões e formas de diagnóstico dentro da medicina tradicional chinesa. Este diagnóstico se baseia em conceitos antigos de avaliação do pulso, língua e palpação dos pontos chamados de diagnóstico (pontos que possuem influencia sobre os órgãos). O médico chinês, que não possuía exames laboratoriais, desenvolveu um sistema de diagnóstico baseado nestas informações e conseguiu diagnosticar de uma forma muito elaborada e altamente precisa. Atualmente o médico-veterinário que pratica acupuntura (medicina tradicional chinesa) tem essa capacidade, e pode auxiliar inclusive o clínico convencional em seu diagnóstico, e na escolha do tratamento. Certa vez um acupunturista americano disse que muitas vezes é chamado por colegas para estabelecer o diagnóstico e assim auxiliar no tratamento de equinos em casos mais graves, onde com todo o arsenal moderno ocidental não conseguem fechar o diagnóstico. Assim através do pulso, língua, palpação e é claro do conhecimento clínico ocidental associado se estabelece um diagnóstico sindrômico que indica o tratamento correto a se fazer. Nos últimos quatro anos temos implantado em nossa clínica este sistema e já temos resultados impressionantes quando do uso da medicina chinesa na internação. Atualmente reduzimos em cerca de 50% a mortalidade dos animais e 25% o período de internação, além de ajudar na indicação de exames mais precisos e na finalização de diagnósticos. Todos estes dados quando foram apresentados em uma palestra, um colega indagou: “mas assim vamos ganhar menos!”. Não. Ao contrário do imaginado, salvaremos mais animais, deixando os proprietários mais felizes e satisfeitos, fidelizando e tendo o cliente provavelmente pelo resto da vida deste animal e de muitos outros que virá a ter. Assim, vários casos de piometra rompida em animais com sinais graves de sepse vem sendo tratados, sempre associados à terapia convencional com cirurgia e antibióticos, ocorrendo a recuperação no prazo de 1 a 3 dias e com


mortalidade próxima de zero. Casos de leptospirose com lesões renais e hepáticas, casos de hemorragias, edemas por trauma ou anafiláticos, vômitos que não respondem a terapia convencional, diarreias de difícil tratamento e sem resposta ao tratamento convencional, convulsões, status epileticus, parvovirose, cinomose em fase aguda e crônica, gatos obstruídos, gatos com tríade felina, rinotraqueite, animais em caquexia e muitos outros casos têm sido tratados com excelentes resultados, melhorando não só a qualidade de vida do animal como também aumentando a satisfação dos proprietários, que na maioria das vezes ficam fascinados com o tratamento e seus resultados. Na maioria das vezes trabalhamos com a acupuntura baseada na técnica dos planos e pontos de acúmulo. Os fitoterápicos são em número de 30 a 40 para se ter na clínica, porém os principais que podem auxiliar muito a introdução da medicina tradicional chinesa na rotina de intensivismo são os seguintes: • Si Ni San: Usado para choque séptico e hipotermia generalizada; • Pu Ji Xiao Du Yin: Uma das fitoterapias chinesas usadas para infecções graves e sepse; • Wu Mei San: Usado para choque hipovolêmico e para parasitoses intensas, agudas ou crônicas.

• Dang Gui Bu Xue Tang: Usado para repor o sangue como se fosse uma transfusão de sangue. Todos fitoterápicos estão disponíveis no Brasil, de custo e acesso fácil ao clínico. Técnicas de moxa direta de massagem Shen shu e outras completam o arsenal terapêutico, que associados cada vez mais às bombas de infusão, monitores multiparamétricos e aparelhos de monitorização avançada fazem o médico veterinário atingir o seu principal objetivo: salvar e dar o máximo conforto a vida do animal. Possivelmente, num futuro próximo, a maioria das clínicas e hospitais terão dentro de seu serviço de internação um profissional capacitado em medicina chinesa para prestar este serviço, unindo a mais alta tecnologia ocidental ao conhecimento milenar chinês.

Eduardo Lobo, Rodrigo Gusmão Médicos-Veterinários, com cursos de especialização em Acupuntura Veterinária, Dietética e Fitoterapia Chinesa. Coordenadores e profs. em cursos e palestrantes na área por todo o Brasil

Nosso Clínico • 75


MEDICINA FELINA

POR QUE OS GATOS RONRONAM? Na clínica do dia a dia, são comuns as perguntas de proprietários acerca de temas totalmente relacionados aos gatos, mas no que se refere à características comuns e comportamentos normais da espécie. Muitos proprietários ficam curiosos acerca de alguns hábitos, e um dos campeões é o ronronar – Por que os gatos ronronam? Assim como os humanos sorriem e riem para demonstrar uma sensação de satisfação ou alegria, e os cães abanam seus rabos, o ronronar é uma maneira de o gato demonstrar através de uma reação física uma sensação ou sentimento. No entanto, assim como o sorriso pode significar alegria, também pode ser um sinal de nervosismo ou ser utilizado para conseguir algo que se almeja. Recentemente, cientistas da Universidade de Sussex (Inglaterra) mostraram que algumas frequências específicas do ronronar são ferramentas de comunicação interespecíficas que os gatos utilizam para pedir comida aos donos. – É só quando estão felizes ou sentem prazer? Os gatos ronronam em diversas situações, inclusive quando estão felizes, relaxados, com sensação de bemestar. As fêmeas podem ronronar enquanto dão cria, os filhotes ronronam quando mamam. No entanto, gatos também podem ronronar em quadros de doenças crônicas avançadas, após traumas físicos ou em situações terminais. – Como esse ronronar acontece? Quando sinalizado pelo sistema nervoso central, estimulado por situações como as descritas anteriormente (sensações variadas), um estímulo é enviado através de nervos (n. vago e n. laríngeo recorrente) até a musculatura da laringe e ao diafragma. Esses estímulos geram vibrações da musculatura da laringe, que ocorrem em um intervalo muito pequeno (de 40 milisegundos). Com a ativação da musculatura da laringe, ocorre sua vibração. A vibração constante gera uma alternância da pressão dentro da laringe, e essa alteração de pressão produz ressonância do ar que entra e que sai, produzindo o som característico do ronronar. – Qual é o passo-a-passo do ronronar dentro do corpo do gato? O fenômeno é dividido em três fases: Fase 1 (dura de 20 a 30 milisegundos): Com a contração 76 • Nosso Clínico

muscular, ocorre diminuição da abertura da glote, aumentando a pressão e resistência. Fase 2 (dura de 5 a 10 milisegundos): Existe uma rápida abertura da caixa laríngea, com conseqüente redução da pressão, criando uma turbulência do ar. Essa turbulência produz o som. Fase 3 (dura de 5 a 10 milisegundos): A glote permanece aberta, permitindo que o fluxo de ar entre e saia da traqueia. Cada ciclo deste dura de 30 a 40 milisegundos, sendo virtualmente idênticos na inspiração e na expiração (exceto pela direção do fluxo de ar), gerando o som contínuo do ronronar. O ronronar nada mais é que a rápida ativação alternada desta musculatura intrínseca laringeana (por segundo, esse ciclo ocorre de 25 a 30 vezes). Tanto a turbulência do ar quanto as vibrações musculares podem ser sentidas por uma pessoa quando acaricia um gato. – Só os gatos são capazes de ronronar ou existem outros animais que também fazem esse tipo de barulho? O ronronar é um fenômeno bastante conhecido no gato doméstico, no entanto, outros membros da família Felidae também podem ronronar, entre eles: Guepardo, Puma, Lince e o Cerval. Prof. Msc. Alexandre G.T. Daniel Consultoria e atendimento especializado em medicina felina; Coordenador do curso de aprimoramento em Medicina Felina do Cetac - Centro de Treinamento em Anatomia e Cirurgia Veterinária; Proprietário da Gattos - Clínica Especializada em Medicina Felina. (www.gattos.vet.br) (alexandre.daniel@gattos.vet.br)

“CASOS EM MEDICINA FELINA” Autor: Alexandre G.T. Daniel Lançamento oficial: 36º Congresso Brasileiro da Anclivepa (Porto Seguro, BA - 20 a 22 de maio de 2015) AGUARDE!


CONHECIMENTO COMPARTILHADO M.V. MSc. Sandra Nogueira (sandra.nogueira@royalcanin.com) Gerente de Comunicação Científica da Royal Canin Brasil

Distúrbios Gastrintestinais, em cães Os distúrbios gastrintestinais são uma das razões mais comuns que fazem com que o proprietário leve seus cães ao Médico-Veterinário em busca de cuidados. Constipação é caracterizada pela formação de fezes excessivamente firmes e ressacadas, com defecações infrequentes. A estagnação prolongada de fezes no cólon resulta em desidratação progressiva da matéria fecal, que se torna muito ressecada, dura e difícil de ser eliminada. O termo obstipação é usado para casos de constipação persistente, decorrente de alterações graves do colón. O megacólon é definido como uma distensão generalizada do cólon combinada com perda de motilidade (dilatação anormal do intestino grosso). A constipação pode se desenvolver em qualquer doença que prejudique a passagem de fezes através do colón; nos casos onde há atraso no trânsito fecal permitindo a absorção de quantidades adicionais de água e sal, produzindo fezes mais ressecadas ou quando há alterações de motilidade no trato gastrintestinal. Inúmeros fatores podem ser a causa da constipação intestinal e muitas vezes mais de um pode ser identificado. Esse problema pode ser de origem primária ou secundária e somente o Médico-Veterinário poderá diagnosticar. Muitos casos são relacionados à dor ou dificuldade de evacuar e isso faz com que o cão evite a defecação. Ocorre então à absorção de água dessas fezes retidas e, na próxima tentativa, a defecação será mais dolorosa. Esse ciclo de dor e retenção fecal comumente agrava o quadro, podendo culminar em obstipação ou megacólon. Devemos nos atentar que fatores ambientes ou de manejo também podem fazer com que o animal fique predisposto à constipação. Por exemplo, cães que dependem do proprietário para ir ao local de costume para defecar e não são levados o numero de vezes suficientes, podem apresentar quadros de constipação. Outro erro comum é repreender o filhote que defeca em local inapropriado. Ele pode entender que a bronca foi por causa da defecação e não pelo local. O correto é recompensa-lo por fazer no local certo e não repreender por evacuar. Durante a anamnese o Médico-Veterinário deverá procurar por causas iatrogênicas, dietéticas, ambientais ou comportamentais. As fezes deverão ser examinadas para determinar com o intuito de descartar outras doenças ou presença de materiais estranhos. Nos exames físico e retal devem ser excluídas causas de obstruções ou processos inflamatórios. O hemograma, a bioquímica sérica e urinálise podem revelar causas de inércia colônica. A colonoscopia é indicada se houver suspeita de obstrução mais distal, que não puder ser alcançada pelo toque digital. Radiografia e ultrassonografia podem ser utilizadas com o objetivo de descartar todas as causas e colaborar com o diagnóstico. 78 • Nosso Clínico

O tratamento sintomático inicial muitas vezes é bem sucedido, mas é preferível procurar as causas, pois alguns problemas que são inicialmente tratáveis podem se tornar irreversíveis, se o tratamento sintomático mascarar os sinais por muito tempo. A cirurgia fica indicada na presença de lesões obstrutivas do canal pélvico ou lesões compressivas ou quando todas as medidas clínicas ou dietéticas falharem. De todas as espécies animais presentes na Terra, o cão é sem dúvida nenhuma uma das mais diversas, pois quando adultos seu peso pode variar de 1 a mais de 90 kg. Hoje sabe-se que os animais de pequenas, médias e grandes raças apresentam diferenças nas expectativas de vida, tempo de crescimento, numero de filhotes por ninhada além disso, existem, de acordo com o tamanho e a raças, diferenças fisiológicas fundamentais. Os cães de porte muito pequeno (até 4kg quando adultos) apresentam uma maior tendência à constipação intestinal, devido a características digestivas especificas: esses cães possuem um menor tempo de fermentação intestinal no cólon, o que reduz a quantidade de água retida nas fezes. Consequentemente, podem apresentar fezes mais ressecadas podendo levar ao quadro de constipação intestinal (escore fecal 5 – Quadro 1). Outra questão importante é o Quadro 1: Escala de escore fecal baseado no aspecto das fezes de cães

Fezes líquidas, diarreia

Fezes macias, sem forma definida

Fezes macias, bem formadas, úmidas mas que mantém o formato Fezes duras, secas, firmes macias e bem formadas Fezes muito duras e ressecadas, pellets secos e pequenos


fato desses cães muito pequenos apresentarem um maior comprimento intestinal proporcional ao peso do animal quando comparado a cães maiores. Isso significa que possuem uma maior área de absorção intestinal, o que favorece maior absorção de água, a qual ocorre em todo o trato gastrintestinal, podendo contribuir para um maior ressecamento das fezes e, consequentemente, constipação intestinal. O tratamento dietético geralmente é essencial nos animais com doenças no trato gastrintestinal. A dieta deve ser formulada com o uso de ingredientes com alto valor biológico, para garantir a máxima digestibilidade (aproveitamento dos nutrientes pelo organismo do animal). As proteínas devem apresentar altíssima digestibilidade, ou seja, possuírem um alto aproveitamento pelo organismo, reduzindo assim a quantidade de proteína residual que será fermentada pelo intestino. Quanto maior a digestibilidade, menor o resíduo de alimento no colón e fermentação consequentemente melhor escore fecal. Essa alta digestibilidade favorece uma digestão saudável contribuindo para o trânsito intestinal ideal. Outro ponto importante é o enriquecimento da dieta com fibras ajuda a regular o trânsito intestinal em animais constipados. Existem duas formas principais de fibras: 1) Fibras solúveis: em geral, são viscosas, fermentáveis e formam um gel em solução. Estas características afetam o esvaziamento gástrico, o trânsito intestinal e a produção de ácidos graxos de cadeia curta no intestino. As principais fontes de fibras solúveis são polpa de beterraba, pectinas de frutas, psyllium e goma guar, todas apresentam a capacidade de reter água, podendo ser fermentadas pelas bactérias intestinais. Porém, cada fibra apresenta uma capacidade diferente de fermentação pelas bactérias do cólon. A fermentação depende da quantidade de tempo que a fibra está presente no trato gastrintestinal, a composição da dieta, e o tipo de fibra. A pectina e goma de goma guar são rapidamente fermentado pelas bactérias colônicas, enquanto a polpa de beterraba é uma fonte de fibra moderadamente fermentável. Apesar da sua elevada solubilidade, o psyllium apresenta baixa fermentabilidade no intestino grosso, devido a esta propriedade possibilita seu emprego em situações de alteração do trânsito gastrintestinal. A atividade e a fermentação bacterianas exercem um efeito positivo altamente benéfico sobre a mucosa colônica por meio da liberação de ácidos graxos de cadeia curta. Os ácidos graxos de cadeia curta como o acético, propiônico e principalmente o butírico apresentam um importante papel na motilidade do cólon e na manutenção as saúde intestinal. Os ácidos graxos de cadeia curta fornecem mais de 70% do requerimento energético dos colonócitos, ou seja, as células intestinais são nutridas pelos ácidos graxos de cadeia curta e, portanto, um teor adequado destas fibras é importante para manutenção da saúde do cólon. O psyllium em pó (sob a forma de grânulos ou incorporado em um alimento seco) é extramente útil para o tratamento de animais constipados. As fibras solúveis, como o psyllium, são boas opções para auxiliar nos casos de constipação crô-

nica, desde que o cão as ingira espontaneamente ou estejam presentes em alimentos comerciais. Sua ação é baseada na capacidade de atrair e reter água, formando um gel que aumenta a viscosidade do conteúdo intestinal e regulando o trânsito digestivo, o que facilita a defecação. Vale ressaltar que, se as fibras solúveis forem administradas em quantidades excessivas, elas poderão amolecer as fezes. 2) Fibras insolúveis: ao contrário das fibras solúveis, as insolúveis não formam gel, são pouco fermentáveis e não são viscosas, sendo eliminadas nas fezes praticamente intactas. Devido à sua indigestibilidade, aumentam o bolo fecal e, consequentemente, o peso das fezes, além de estimular o peristaltismo. A fibra insolúvel contribui com a manutenção do tempo de trânsito do alimento no trato gastrintestinal, ajuda a prevenir constipação, melhora a motilidade intestinal e regulariza o esvaziamento gástrico. São fontes de fibras farelo de trigo, casca de soja, celulose, casca de ervilha, fibra de cana, fibra de milho, entre outros. Esse tipo de fibras diminui a digestibilidade do alimento e, portanto, não deve ser utilizado de forma indiscriminada. O equilíbrio adequado de fibras na dieta também é fundamental para uma digestão ótima. Nesse sentido, não só a quantidade de fibras como também o tipo (solúveis e insolúveis ou fermentáveis, moderadamente fermentáveis e não fermentáveis) e a proporção destas fibras.

Referências Bibliográficas: 1 - CA SE, L.P.; DARISTOTLE, L.; HAYEK, M.G.; RAASCH, M.F. Canine and Feline Nutrition. Mosby Elsevier. Third Edition, 2012, p.465467. 2 - ELLIOT, D. et al. Armadilhas em distúrbios gastrintestinais no cão. Revista Focus Especial. 2011, p.22-44. 3 - FREICHE, V. How I approach.. constipation in the cat. Veterinary Focus Gastrointestinal Issues. Vol 23 (2), p.14-21, 2013. 4 - GERMAN, A.; ZENTEK, J. The most common digestive diseases: the role of nutrition. In: PIBOT, P. et al. Encyclopedia of canine clinical nutrition. Airmargues: Aniwa SAS, 2006, p.92-133. 5 - MARLETT, J.A.; FISCHER, M.H. The active fraction of psyllium seed husk. Proccedings of the Nutrition Society, v.62, n.1, p.207209, 2003. Disponível em: <http://journals.cambridge.org/action/ displayFulltext?type=6&fid=807288&jid=&volumeId=&issueId= 01&aid=807284&bodyId=&membershipNumber=&societyETOC Session=&fulltextType=MR&fileId=S0029665103000326>. Acesso em: 30 mar. 2015. 6 - PONCIANO NETO, B.; VASCONCELLOS, R.S. A importância da fibra insolúvel na nutrição de cães e gatos. Revista Pet Food, n.34, 2014, p.22-23. 7 - RONDEAU, M.P.; MELTZER, K.; MICHEL, K.E.; McMANUS, C.M.; WASHABAU, R.J. Short chain fatty acids stimulate feline colonic smooth muscle contraction. Journal Feline Med Surg. 2003, Jun; 5(3):16773. Nosso Clínico • 79


ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA MV. MsC. Alessandra Martins Vargas www.endocrinovet.com.br

Diabetes mellitus: o hormônio insulina e as manifestações clínicas da doença Sintetizada pelas células B das ilhotas pancreáticas, a insulina é um hormônio peptídeo (proteico) cuja estrutura varia entre as espécies. A insulina do cão é idêntica à insulina suína, e quando comparada à humana difere em um aminoácido. Já a insulina do gato difere em quatro aminoácidos em relação à insulina humana e em três aminoácidos quando comparada à suína. A administração exógena de insulina com estruturas químicas diferentes pode predispor a formação de anticorpos anti-insulina. Em cães, a produção de anticorpo anti-insulina pode promover uma redução na ação da insulina ou mesmo resistência insulínica, e consequentemente mau controle glicêmico. A Caninsulin®, insulina de USO VETERINÁRIO, consiste em uma suspensão aquosa de insulina-zinco que contém 40 UI/mL de insulina suína de alta purificação, sendo composta por 30% de insulina de zinco amorfa e 70% de insulina de zinco cristalina. Manifestações Clínicas As manifestações clínicas clássicas do DM incluem poliúria, polidpsia, polifagia e perda de peso. Com a deficiência relativa ou absoluta de insulina, tem-se a hiperglicemia, a qual decorre da menor utilização de glicose pelos tecidos periféricos (tecidos adiposo e muscular) e do aumento da gliconeogênese (síntese de glicogênio a partir de produtos do metabolismo das proteínas e gorduras) e da glicogenólise hepática (degradação de glicogênio para formação de glicose). Com o aumento da concentração plasmática de glicose (glicemia superior a 180mg/dL), o limiar de reabsorção tubular renal de glicose é excedido, resultando em glicosúria persistente e conduzindo à diurese osmótica, responsável pelo aparecimento de POLIÚRIA e POLIDIPSIA compensatória. A ausência da insulina nas células do centro da saciedade (localizado no hipotálamo) promove um quadro de glicocitopenia e consequente não supressão da sensação de fome, ocasionando a POLIFAGIA. A insulina é um hormônio anabólico, e desta forma, sua deficiência leva ao aumento no catabolismo de proteínas (aumento da proteólise muscular) e mobilização de gorduras (lipólise), promovendo assim a PERDA DE PESO (Figura 1). É importante destacar que caso o cão diabético apresente anorexia e/ou êmese deve-se investigar a presença de cetoacidose diabética, emergência endócrina potencialmente fatal caracterizada por alterações metabólicas extremas as quais incluem hiperglicemia, acidose meta80 • Nosso Clínico

Figura 1: Manifestações clínicas clássicas do diabetes mellitus

bólica, cetonemia, desidratação e perda de eletrólitos. Nestes casos, o paciente deve ser imediatamente hospitalizado. REFERÊNCIAS 1 - O conteúdo aqui apresentado também constitui parte do informativo Vets Today Nº22 - Julho/2014 (Conhecendo melhor o diabetes mellitus em cães) publicado pela Royal Canin e também escrito pela autora desta coluna. 2 - AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care, v.37, suplemento 1, p.S81-90, 2014. 3 - VARGAS, A.M.; SANTOS, A.L.S. Animais de estimação diabéticos, saudáveis e felizes. Você torna isso possível com Caninsulin®. Manual para o médico veterinário, 2012. Publicação da MSD Saúde Animal, unidade global de negócios de saúde animal da Merck & CO, Inc. 0800 70 70 512.

EVENTOS PARA 2015 • II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS Data: 01/11/2015 Local: São Paulo, SP Organização: ANCLIVEPA-SP Informações: Tel.: (11) 3813-6568 / www.anclivepa-sp.com.br NOVIDADES PARA 2016 • CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO (pós-graduação lato sensu) em ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS Turma 04 ( 2016 - 2017 ) Local: São Paulo, SP Organização: ANCLIVEPA-SP em parceria com UNICSUL Processo seletivo em 2015 Informações: Tel.: (11) 3813-6568 / www.anclivepa-sp.com.br

FONTE: ENDOCRINOVET

O Hormônio Insulina


COMPORTAMENTO EMPRESARIAL Prof. Dr. Marco Antonio Gioso FMVZ-USP www.usp.br/locfmvz

VOCÊ É UM PROSUMIDOR? Marketing colaborativo, pense nisso A tecnologia de hoje permite a conectividade e a interatividade entre indivíduos e grupos colaborando entre si. Possuímos três grandes forças: computadores, celulares, internet de baixo custo e fonte aberta. Estamos na intitulada era da participação, onde criamos e consumimos notícias, ideias e entretenimento. Nos transformamos saindo de consumidores para prosumidores, ou seja, somos consumidores que produz conteúdo. Dividimos constantemente nossas experiências, pontuamos tendências e contribuímos nos processos de criação de produtos e prestação de serviços. Essas características vêm através da poderosa internet, com a fidelidade de identificação, comunicação e compartilhamento. A partir daí há dois cenários a encarar todos os dias: o prosumidor feliz e satisfeito e o prosumidor indignado. A ascensão às mídias sociais são classificadas em duas amplas categorias. Uma é composta de unidade social expressiva, que são os Blogs, Twitters, You Tube, Facebook, Instagran, Whatsapp e outros websites de networking. A outra categoria é a mídia colaborativa, que inclui sites como Wikipedia, Social bookmarking, Social News, Websites de opiniões. Deu para ter uma breve noção do quanto estamos expostos, susceptíveis e devemos nos preocupar com nossa imagem? Como anda a imagem da sua equipe e de sua empresa? O prosumidor feliz e satisfeito relata as boas experiências e elogios que teve com você ou sua empresa. Para esse prosumidor você precisa estar em conexão com seus comentários, respondê-los e replicar a outros consumidores fortalecendo no incons82 • Nosso Clínico

ciente de outros clientes a eficiência de seu trabalho e possivelmente criando afinidade com seu prosumidor feliz e satisfeito. Aproveite e saiba transformá-lo em um evangelizador dos seus serviços. Você já parou para fazer uma busca na rede sobre você ou sua empresa? Muito provavelmente existiram citações a respeito do seu trabalho. Mas cadê você? Interação zero, nenhum tipo de retorno e pouco desempenho para aumentar a satisfação do seu cliente? Aliás, fique atento porque esse pode ser um pulinho para criar reversão à sua marca. E como agir com os prossumidores insatisfeitos? Ele espalha a sementinha do mal rapidamente disseminando no maior número de redes possíveis porque de alguma forma ele foi maltratado, o serviço foi péssimo, não foi atendido quando deveria, não achou o serviço satisfatório, etc. Ele é um perigo principalmente se tiver audiência para sua indignação, existe um companheirismo nunca antes visto entre consumidores. O mais indicado é resolver urgentemente o problema do reclamante, sim você precisa ir atrás e entregar a ele a solução dos sonhos. Indicamos ainda que dê um “extra” para que ele veja sua preocupação em atender seus anseios frustrados. Todavia, responder a reclamações deve ser algo simples, sem comprometer sua imagem. Assim deve agir uma empresa preocupada com sua marca. Prof. Dr. Marco Antonio Gioso FMVZ-USP www.usp.br/locfmvz Karina Costa Mestranda (CRMV/AL 652) Diretora de MktVetCoach


INFOPET comac@comacvet.org.br

Mercado de saúde pet cresceu 11% em 2014 O mercado de saúde pet segue crescendo, mas segue mostrando que o Brasil ainda tem muito a desenvolver no setor. Segundo a Comac (Comissão de Animais de Companhia do SINDAN - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal), em 2014 o crescimento foi de 11% ante 2013, faturando R$580 milhões. Entre 2008 e 2014 o crescimento médio anual foi de 15%, acima de muitos setores importantes da economia brasileira. Dados desse porte evidenciam o potencial do mercado de saúde pet no país, isso porque segundo a pesquisa Radar Pet, realizada pela Comac, estima-se que apenas 44% dos lares possuam pelo menos um cão ou gato, o que é pouco quando comparado ao mercado norteamericano, onde 62% dos lares possuem pets, de acordo com a AVMA – American Veterinary Medical Association.

Por aqui ainda temos um grande número de estabelecimentos (pet shops) que estão saindo de um perfil “loja agropecuária” para loja especializada, com mix de produtos e serviços especialmente desenhados para o mercado pet. Além disso, muitos ainda deixam de oferecer serviços essenciais para os clientes. A diferenciação dos serviços e a familiaridade com o desejo dos consumidores são os grandes pilares dos estabelecimentos bem-sucedidos. Mesmo com grandes desafios e a instabilidade econômica presente no Brasil, a previsão da Comac é otimista para 2015. “Acreditamos que este ano o segmento de saúde animal de animais de companhia repita o desempenho de 2014, com um crescimento ao redor de 10%”, diz Tiago Papa, coordenador da comissão. As categorias de produtos com maior destaque de crescimento estão:

Categoria de produtos que mais cresceram em 2014

Dermatológicos

Endectocidas

84 • Nosso Clínico

14%

17%

19%

FONTE: INFO PET COMAC

Endoparasiticida


EM PAZ COM A FISCALIZAÇÃO Antes de abrir sua clínica, o veterinário precisa saber que, como qualquer outro estabelecimento comercial que envolva atividades ligadas à saúde, seu consultório está sujeito a uma legislação específica O médico-veterinário estuda cinco anos para se tornar um especialista em saúde animal e lidar com inúmeras adversidades que podem atingir a fauna. Ou seja, na faculdade ele se prepara para atender desde um hamster com uma dermatite inespecífica até um elefante acometido de um ataque de pânico por estresse. O curso de Veterinária se inicia com as aulas de Anatomia, depois passa para a Fisiologia, Farmacologia, Patologia, entre outras, com o objetivo primordial de formar um profissional apto para atuar nas áreas de prevenção, controle, erradicação e tratamento de doenças, traumatismos ou qualquer outro agravo à saúde dos animais. Além disso, o veterinário também é o profissional responsável pelo controle da sanidade dos produtos e subprodutos de origem animal destinados ao consumo humano. Depois, ainda tem a especialização com duração de dois anos. Após sete anos, chega a hora de entrar no mercado de trabalho e aplicar tudo o que lhe foi ensinado. Você está preparado para montar sua Clínica? Na matéria de Inspeção, o aluno aprende as leis que regem a fiscalização de produtos de origem animal (RISPOA, DIPOA). Entretanto, o que se percebe na prática é que a maioria dos profissionais formados, que tem intenção de clinicar, não recebe informações básicas de como montar seu consultório corretamente, nem noções de administração e como evitar desperdícios, por exemplo, nem mesmo da legislação que diz respeito ao funcionamento de clínicas veterinárias, para trabalhar dentro dos padrões exigidos e cobrados por lei. Por exemplo: a Resolução nº 670, de 10 de agosto de 2000, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que conceitua e estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médicos veterinários, determina que as clínicas nas quais sejam realizadas cirurgias, ainda que de pequeno porte, devem ter um setor cirúrgico com: a) Sala de preparo de pacientes; b) Sala de antissepsia com pias de higienização; c) Sala de esterilização de materiais; d) Unidade de recuperação intensiva; e) Sala cirúrgica e oxigenoterapia e anestesia inalatória, entre outros quesitos. Outra lei que envolve este segmento é o Decreto nº 40.400, de 24 de outubro de 1995, publicada pelo governo do estado de São Paulo, que aprova norma técnica especial relativa à instalação de estabelecimentos veterinários. No decreto, o pro86 • Nosso Clínico

fissional encontra todas as diretrizes de como montar seu negócio como estrutura, metragem, tipo de material a ser utilizado em pisos e revestimentos, entre outros. Além dessas, existem várias outras leis que envolvem, por exemplo, utilização e prescrição de medicamentos controlados, gerenciamento de resíduos de serviço de saúde (lixo contaminado, infectante, perfurocortante), entre outras. Mas ainda não acabou. Existe, ainda, o alvará de funcionamento, a licença do Corpo de Bombeiros, o Serviço de Controle de Pragas, a limpeza de caixa d’água, o programa de saúde ocupacional dos funcionários, a licença sanitária, licença do conselho de classe, entre outros. Por fim, uma sugestão: lembre-se de que seu negócio é e sempre será muito importante para você, desde a sua inauguração. Portanto, é fundamental que sua clínica esteja dentro das normas exigidas por lei para evitar que você sofra qualquer tipo de punição.

PRECISA DE TUDO ISSO? Sim. Você não investiu tanto tempo e dinheiro para construir um nome, uma clientela, uma reputação para, num piscar de olhos, ao chegar um fiscal no seu consultório, entre com ele o risco de ver todo seu esforço e trabalho irem por água abaixo. Estabelecimento lacrado e multa aplicada podem virar sinônimos de abandono de clientela, o que tornará o prejuízo maior ainda. Para você ter uma ideia, a multa aplicada de acordo com o Código Sanitário do Estado de São Paulo pode variar de R$ 215 a R$ 215 mil. É bom saber que não existem tabelas nem critérios definidos para estabelecer o valor da multa. Em geral, a estimativa é feita pela média de faturamento da clínica. Portanto, antes de abrir seu negócio, pesquise, estude, veja o que é preciso e como deixar seu estabelecimento totalmente dentro da lei. Desta forma, você ficará tranquilo para quando a fiscalização aparecer.

Gustavo Ribeiro Mercatelli Médico-Veterinário (CRMV-SP 14.723) Sócio e diretor da empresa Equillibrium Consultoria Ltda. gustavo@consultoriaequillibrium.com.br


Nosso Clínico • 87


PETS, FAMÍLIAS E VETERINÁRIOS

LUCIANA ISSA

CIÊNCIA EXPLICA PORQUE AS PESSOAS CONSIDERAM OS CÃES COMO MEMBROS DA FAMÍLIA Uma recente descoberta científica comprovou porque pessoas veem os cães como parte da família e o porquê desse vínculo tão forte. Publicado na revista Science, o estudo realizado por pesquisadores da Universidade Azabu, no Japão, demonstrou que a oxitocina, um hormônio presente nos seres humanos e em cães, é responsável pelo fortalecimento do vínculo afetivo, a partir do olhar humano focado nos olhos de um cão de companhia e vice-versa. Para entendermos melhor a pesquisa, vamos conhecer um pouco sobre a oxitocina. A oxitocina foi descoberta em 1909, portanto, há mais de um século. Inicialmente, constatou-se que ela fazia com que o útero em gatas grávidas sofresse contrações. No decorrer das décadas, mais pesquisas foram realizadas e verificou-se que a oxitocina, também, estimulava a musculatura da glândula mamária das mulheres na produção de leite para seus bebês. Ao mesmo tempo, essa substância produzida pelo cérebro tem seu nível aumentado, durante a troca de olhares fixos entre mãe e bebê, em ambos os organismos. Na mãe, o chamado “hormônio do amor” acalma e estimula a genitora a dar de mamar ao bebê, assim como, exteriorizando o carinho por ele. Por sua vez, o bebê também tem o nível de oxitocina aumentado e é estimulado para um comportamento de apego à mãe, na troca de olhares, culminando com o fortalecimento do vínculo biológico entre eles. Uma outra evidenciação empírica mostrou que a oxitocina influenciou no comportamento social de animais elevando o nível de confiança entre eles e de cooperação. O experimento envolveu roedores que toleraram demais membros de sua espécie em espaços apertados, ao receberem a oxitocina no organismo sendo, portanto, uma substância reguladora do comportamento social. Ressalta-se que a presença da oxitocina produzida pelo cérebro não está ativa o tempo todo no organismo e seu efeito é temporário, mas, é gerada na interação entre a pessoa e seu cão já nos instantes iniciais da troca de olhares. Ela, também, leva à produção de outros hormônios como a serotonina responsável pela redução do nível de ansiedade de uma pessoa, além de ajudar no bom humor. A dopamina é outro importante neurotransmissor estimulado pela oxitocina que gera as sensações de prazer e de bem-estar. Uma pesquisa realizada com pessoas, em 2000, mos88 • Nosso Clínico

trou que a oxitocina gera maior grau de generosidade, confiança e melhora no comportamento social. Em 2003, a Universidade de Maryland apresentou uma pesquisa que foi publicada no periódico “Behavioral Neuroscience” demonstrando que a oxitocina influenciava o comportamento monogâmico entre ratazanas. A última descoberta feita pelos pesquisadores japoneses, em 2015, reuniu no processo de evidenciação empírica 30 donos de cães de diferentes raças, tais como: Golden Retriever, Pastor Alemão, Poodles, Jack Russel Terrier e Schnauzers. Fêmeas e machos participaram do estudo. Antes do teste foram coletadas as urinas de todos (humanos e pets) para futura análise do nível de oxitocina. Durante 30 minutos, os donos brincaram com seus cães acariciando-os e focando fixamente o olhar nos bichos, alguns focaram mais do que outros. A seguir, foram coletadas novamente as amostras de urinas. Ao analisar os resultados constatou-se que houve um significativo aumento no nível de oxitocina depois da interação. Tanto a urina dos humanos quanto dos animais mostraram um maior nível de oxitocina. Aqueles donos que focaram mais nos olhos dos cães apresentaram maior volume do hormônio na urina e o mesmo aconteceu com os cães que olharam para seus donos por mais tempo do que outros. Ao repetir o teste, mas, utilizando lobos, ao invés dos cães, a análise das urinas não apontaram alterações no nível de oxitocina. Conclusão: o olhar recíproco entre o cachorro e seu dono dispara os níveis de ocitocina no cérebro fortalecendo e estreitando o vínculo da relação entre eles. À medida que esse olhar é mais constante, maior é a taxa desse hormônio no organismo, maior é o afeto. “Luciana Issa (contato@ibetaa.org.br), psicopedagoga clínica, diretora técnica do Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais e autora do livro “Kíon Branquelo, Joe Caramelo & Amigos. As aventuras e o trabalho de quatro cães terapeutas.”

APOIADORES


Enonomista formado pela Universidade Mackenzie, o Dr. Paulo Corrêa sempre pautou-se pelo empreendedorismo, dando continuidade aos feitos de seus pais, fundadores do Laborartório Biovet. Ao lado do seu irmão Roberto, médico veterinário, o Paulo, então presidente da empresa deu importante impulso ao crescimento da BIOVET, referência no desenvolvimento e produção de vacinas de uso veterinário. Foi membro do Conselho Consultivo do SINDAN, fórum da indústria, onde fazia ouvir suas ideias e onde também compartilhava seus conhecimentos, visando o desenvolvimento setorial. Em 2007 foi eleito Empresário do Ano pela ALA - Associação Latinoamericana de Avicultura pela contribuição dada à avicultura. Atento às atividades da medicina veterinária sempre valorizou os profissionais médicos veterinários, apoiando as atividade científicas. Foi incentivador e apoiador da Revista Nosso Clínico por considerar fonte de divulgação do conhecimento científico. A contribuição da BIOVET, como apoiadora e anunciante tem sido importante, pelo que agradecemos. “Tem pessoas que são importantes, outras são imprescindíveis. Exemplo de generosidade, companheirismo, sempre pronto a ouvir e contribuir com suas opiniões sensatas, Paulo Corrêa deixou na nossa lembrança a mensagem de que vale a pena viver. Temos o momento de chegar e a hora de partir, é o ciclo da vida. Fica a lembrança de uma pessoa única que foi modelo de vida produtiva, em todos os sentidos.” (Palavras do Milson Pereira quando informado por nós). Registramos a homenagem da Revista Nosso Clínico que certamente é compartilhada por todos que tiveram o privilégio de conhecer e conviver com o Paulo Eduardo Alves Corrêa.

Fernando Figuerola Pons Revista Nosso Clínico Nosso Clínico • 89

OBRA DO ARTISTA PLÁSTICO JOSÉ FIGUEROLA

Uma vida dedicada à Saúde Animal


BEM-ESTAR ANIMAL

Como a crise pode afetar nossos amigos O Brasil talvez esteja se preparando para passar por uma de suas maiores crises econômicas, diretamente ligada à crise política que vem ganhando muita força neste primeiro semestre. Não pretendo entrar no mérito da questão, haja vista que cada brasileiro tem uma opinião diferente sobre o que nos levou a chegar nesse ponto, onde a inflação não está mais batendo à porta, e sim já entrou na sala e sentou-se no sofá. Além disso, o desemprego vem aumentando a cada mês, inversamente proporcional ao PIB. Os serviços do governo estão mais precários do que nunca, nos obrigando a pagar dobrado por saúde, educação e segurança. Mas, o que uma coluna de bem-estar animal tem com isso? Tudo. O bem-estar dos animais, principalmente os de companhia, está diretamente ligado ao poder econômico de seu proprietário na maioria dos casos. Vamos imaginar um cenário médio, onde o Brasil passe somente por uma crise pequena, que dure por volta de um ou dois anos e depois volte a se recuperar. Agora vamos imaginar o proprietário que acabou de receber a notícia de sua demissão. Seu primeiro ato é chegar em casa e pensar em todas as despesas rotineiras para ver onde poderá cortar custos. E os animais, em alguns casos, estão no topo dessa lista de cortes. O primeiro corte na lista dos proprietários é o banho e tosa, pois ele acredita que pode passar a banhar seu cão em casa, economizando alguns trocados. Além disso, vai ao supermercado e compra o xampu mais barato, se possível com antipulgas para não precisar gastar com produtos específicos. E isso pode acarretar intoxicações e doenças de pele. Outro pensamento que pode passar pela cabeça do recém desempregado é economizar na ração, pois aquela de ótima qualidade está muito cara e o vizinho disse que outra mais barata é tão boa quanto a que ele fornece para seu amigo. Mas nós sabemos que não há milagre nesse setor. As rações boas são caras devido ao seu alto custo de produção. Mais uma economia, que pode ser a pior, se baseia na vacinação anual. O proprietário pensa que pode dei-

90 • Nosso Clínico

xar para vacinar seu amigo mais pra frente, “quando a coisa melhorar”, mas isso pode durar muito mais tempo do que ele imaginou e seu pet ficar mais de um ano com a vacina atrasada. Então, diante desse cenário todo, vem as doenças, tanto as que poderiam ser prevenidas pela vacinação quanto aquelas causadas pela má alimentação e pelo cuidado errado com a pele. E quando as doenças aparecerem, esse proprietário não terá dinheiro para levar ao Médico-Veterinário para passar em consulta e ainda tentará resolver em casa, com medicamentos caseiros ou mesmo comprado em lojas pouco qualificadas. Com meus vinte e três anos de formado já passei por algumas crises no Brasil e estou temendo que essa seja uma das maiores. Espero estar totalmente enganado. Em todas as crises, o cenário que vi foi o mesmo descrito acima, por isso estou escrevendo esse artigo que deve servir como um alerta para nossos colegas que trabalham em clínica. Acredito que seja o momento de iniciarmos uma campanha junto ao proprietário que ainda está empregado, mostrando para ele o grande erro que é tentar economizar no tratamento de seu pet. Dessa maneira, talvez ele esteja preparado para pensar de forma diferente se o desemprego bater à sua porta e ele reflita bastante antes de colocar seu melhor amigo em primeiro lugar na lista de corte de gastos. O momento é agora. Não vamos esperar nossos clientes perderem o emprego para tentar convencê-los do contrário, pois poderá ser muito tarde.

Sidney Piesco de Oliveira (sidney@ibravet.com.br)

Diretor Científico do Instituto Brasileiro de Recursos Avançados - IBRA Graduado pela FMVZ- USP Mestre em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais (FMVZ-Unesp - Botucatu) Pós-Graduado Lato Sensu em Fisioterapia Veterinária (UNIP) Pós-Graduado Lato Sensu em Acupuntura Veterinária (FACIS - IBEHE) Membro da Comissão Especial de Fisioterapia Veterinária - CRMV-SP Membro Fundador da ANFIVET Coordenador da divisão de Acupuntura Veterinária do IBRA Coordenador geral de cursos IBRA


VENCOFARMA AUMENTA OS INVESTIMENTOS EM 2015 A história do laboratório se confunde com o desenvolvimento do mercado veterinário brasileiro, por conta de seu pioneirismo e contribuição tecnológica

Há 26 anos desenvolvendo produtos exclusivos para a saúde animal, a Vencofarma do Brasil conforme afirma o presidente André Paleari (foto) promete entrar com fortes investimentos nos próximos anos. O foco está nas linhas de vacinas, kit diagnóstico e na gama de produtos para o mercado de animais de companhia, que é o setor que mais cresce no país. A história da Venconforma se confunde com o desenvolvimento do mercado veterinário brasileiro, por conta de seu pioneirismo e contribuição tecnológica. Fundada em Londrina, no Paraná, começou ocupando um importante nicho de mercado produzindo soro antiofídico veterinário e logo ganhou uma importante fatia do mercado de vacinas para pequenos e grandes animais. Lançou o kit diagnóstico, que facilitou a conduta do médico veterinário na rotina da clínica, e desenvolveu o primeiro soro contra botulismo. Produto este inédito no Brasil, que deu importante contribuição e lhe rendeu o Prêmio Destaque Industrial de Insumos na Expointer importante feira agropecuária realizada em Esteio, no Rio Grande do Sul. Hoje com mais de 60 produtos, entres soros, vacinas e medicamentos para pequenos e grandes animais, a Vencofarma ganhou o mercado externo com importante participação na América Latina, Ásia e África. E com essa inovação e com o compromisso de qualidade que a Vencofarma cresceu e vem crescendo a cada dia, buscando levar produtos que melhorem a qualidade de vida das pessoa e dos animais. 92 • Nosso Clínico


94 • Nosso Clínico


Nosso Clínico • 95


IV Curso de Capacitação para Trabalho com Fauna em Vida Livre (Conservação in situ) Pantanal Sul-Matogrossense Estudos com animais selvagens em vida livre há muitotempo vem sendo desenvolvidos, porém poucos cursos de capacitação são realizados no Brasil. Devido ao número crescentede projetos, sejam para pesquisa, empreendimentos ambientais e conservação, faz-se necessária a formação de profissionais capacitados para trabalhar a campo nos diferentes biomas. Elaborado pela Médica Veterinária Flávia Miranda e organizado pelo Projeto Tamanduá em parceria com a Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens - ABRAVAS, o IV Curso de Capacitação para Trabalho com Fauna em Vida Livre, será realizado entre os dias 28 de agosto a 5 de setembro na Pousada Aguapé, em Aquidauana no Pantanal SulMatogrossense. O curso tem como objetivo promover o conhecimento de técnicas desenvolvidas em campo em diferentes espécies de fauna e flora. Contou-se com a presença de seis renomados palestrantes internacionais que vem nos últimos 10 anos desenvolvendo pesquisa e trabalhos em prol da conservação dos animais selvagens. Pesquisadores brasileiros com vasta experiência também contribuíram para aumentar o conhecimento de 30 alunos de diferentes partes da América Latina. Temas como Biologia, Medicina da conservação, Manejo de animais selvagens em vida livre e cativeiro, Técnicas e uso de equipamentos a campo foram discutidos durante o evento.

Por oito dias consecutivos, os alunos puderam aprender na teoria e na prática os métodos diretos e indiretos de observação de fauna, elaboração de lista vermelha de espécies ameaçadas, uso de programas de GPS e telemetria, captura, colheita, processamento e armazenamento de amostras biológicas etc. Tudo isso vivenciando o dia-a-dia dos pesquisadores que trabalham a campo em meio ao melhor que o bioma Pantanal pode proporcionar. De extrema importância para profissionais que pretendem se dedicar a área, o curso incentiva e promove grande crescimento pessoal e profissional para os alunos. Maiores informações, em breve, através dos sites www.abravas.org.br ou www.tamandua.org e http:// projetotamandua.wix.com/cursopantanal

Nosso Clínico • 97


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.