Revista Nosso Clinico nr 106 - Colunas - MAI/JUN 2015

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ISSN 1808-7191

A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO

ANO 18 - Nº 106 - JUL/AGO 2015

• Tratamento com vacina autóloga para papilomatose oral em um cão: relato de caso • Lipossarcoma em cão: relato de caso • Interpretação da otite externa em cães pela Medicina Tradicional Chinesa com uso de acupuntura • Utilização da Gabapentina em cães • Acaríase em Hedgehog causada pelo ácaro: relato de caso

• Persistência de dentes quarto pré-molares inferiores decíduos de cão com presença de dentes permanentes erupcionados em furca: relato de caso e técnica de exodontia ENCARTE: Clínica de Marketing COLUNAS: Dicas do Laboratório • Conhecimento Compartilhado • Bem-Estar Animal • Terapia Celular • Nutrição Animal • Gestão Empresarial • Medicina Tradicional Chinesa • Pets, Famílias e Veterinários • Endocrinologia • Estética • Medicina Felina • Fisioterapia

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Utilização de no tratamento de cão com sequela neurológica de cinomose: relato de caso Indexação Qualis


DICAS DO LABORATÓRIO

DR. LUIZ EDUARDO RISTOW tecsa@tecsa.com.br MV, Mestre em Medicina Veterinária UFMG CRMV-SP 5540 V CRMV-MG 3708

Diagnóstico precoce para Alergias caninas sultas, o TESTE ALÉRGICO de 36 painéis é um exame de alta sensibilidade que objetiva traçar o perfil alérgico daquele paciente. Sendo assim, será possível inferir que, mesmo ausentado de sintomas, o paciente tem grande potencial para o desenvolvimento da doença, permitindo uma atenção maior para este quadro, antes mesmo que a sintomatologia grave se instale (como exemplo abaixo).

INTRODUÇÃO A Alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância estranha ao organismo, ou seja, uma hipersensibilidade imunológica a um estímulo externo específico. Os portadores de alergias são chamados de “atópicos”. As reações alérgicas, sendo reações imunológicas, são extremamente específicas, reagindo o organismo sensibilizado exclusivamente ao determinante antigênico usado como imunógeno ou uma estrutura semelhante. Os antígenos são inalados, ingeridos, injetados ou em contato com a pele. Sua fisiopatologia é considerada complexa e envolve vários fatores de natureza imunológica e não imunológica. Acredita-se que mutações genéticas conduzam a distúrbios de função da barreira tegumentar, a defeitos na resposta imune antimicrobiana e a hiperreatividade cutânea a aeroalérgenos, antígenos microbianos, irritantes e trofoalérgenos. Associado a estas mutações, observa-se que doenças alérgicas possuem alta correlação com a hereditariedade, ou seja, a intensidade com que os indivíduos recebem a carga genética que os compõe, proveniente de seus progenitores. Sendo assim, a atopia está fortemente ligada à expressão dos genes herdados (pedigree), principalmente em relação à questão racial. COMO DIAGNOSTICAR Animais com sintomatologia característica de prurido; alopecia e rubor de extremidades, ventre e dorso; regiões edemaciadas distribuídas pelo corpo; pele ressecada e quebradiça, excessivo afinamento ou espessamento do tecido cutâneo; espirros, ceratoconjuntivite e dificuldade respiratória; dor a palpação abdominal na região intestinal com aumento de peristaltismo e fezes amolecidas devem realizar os exames específicos para alergia (PAINEL ALÉRGICO COM 54 • Nosso Clínico

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24 ou 36 ALÉRGENOS), nos quais serão dosados Imunoglobulinas E (IgE) vinculadas a cada alérgeno pesquisado. Associado a estes exames, recomenda-se que sejam realizadas análises para eliminar possíveis diagnósticos diferenciais, como Hiperadrenocorticismo (Cortisol com supressão com dexametasona 3 dosagens), Hipotireoidismo (T4 total + TSH) e Hiperestrogenismo (Dosagem de estradiol). DIAGNÓSTICO PREVENTIVO Algumas raças possuem alto potencial para desenvolver doenças alérgicas. Baseado em dados estatísticos do TECSA LABORATÓRIOS, as seis raças com maiores índices de diagnóstico positivo para atopia são: Golden Retriever, Shih Tzu, SRD, Poodle, Lhasa Apso e Yorkshire. Por isso, é de grande valia que o Médico Veterinário associe aos exames de rotina e check-up geral em suas con-

Com o resultado positivo para o teste alérgico, caso apareçam algum dos sintomas mencionados, já identificados os alérgenos com maiores respostas, será possível formular a IMUNOTERAPIA ESPECÍFICA para o tratamento adequado do animal: A IMUNOTERAPIA HESKA é o padrão ouro no mundo. A única com resultados científicos comprovados.

MATERIAL

COD / EXAMES

PRAZO DIAS

Soro

686 - Testes Alérgicos – Painel com 24 Alérgenos

7

Soro

685 - Testes Alérgicos – Painel com 36 Alérgenos

7

Raspado / Pelos

355 - Pesquisa de Sarna e Fungos

1

Raspado / Pelos

060 - Pesquisa de Ectoparasitos

1

Soro

688 - Teste Alérgico Alergia à Malassezia

7

Soro

684 - Teste Alérgico Alergia à picada (saliva) de Pulga

7


Você Sabia ?

Cinomose - Aspectos Diagnósticos A cinomose é uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus RNA de fita simples e envelopado, da família Paramyxoviridae, gênero Morbilivirus. Existem várias cepas virais porém sorologicamente indistinguíveis. A doença tem distribuição mundial, com alta morbidade e mortalidade e já foi descrita no cão e em vários animais selvagens. Não há predisposição por raça ou sexo, porém, observa-se maior incidência durante os meses de inverno. Quanto a idade, indivíduos entre 60 e 90 dias de vida são mais suscetíveis. Contudo, cães em qualquer idade podem apresentar a doença. A transmissão ocorre por contato direto, por aerossol e gotículas, quando cães infectados liberam o vírus em secreções e exsudatos. Estima-se que cerca de 75% dos cães infectados sejam assintomáticos, eliminando o vírus sem sinais clínicos da doença e tornando-se uma importante fonte de infecção. O diagnóstico é uma conjunção de história, avaliação física e exames laboratoriais. A rapidez do diagnóstico pode evitar a evolução para a fase neurológica, normalmente mais fatal, e, ainda, evitar a transmissibilidade para animais suscetíveis. Os animais podem apresentar sinais sistêmicos, gastroentéricos, dermatológicos, oftálmicos, pulmonares e/ou neurológicos. Portanto, sinais como vômito, diarreia, febre, depressão, anorexia, tosse seca a produtiva, broncopneumonia, conjuntivite serosa ou ceratoconjuntivite seca, uveíte, cegueira súbita por lesão ou degeneração em nervo óptico, hipoplasia do esmalte dentário, pústulas principalmente em abdômen e hiperqueratose de coxim e plano nasal. Os sinais neurológicos dependem da localização da lesão no sistema nervoso, classificando-os em encefalomielite aguda, não supurativa e crônica. Pode haver hiperestesia e rigidez cervical, convulsões generalizadas ou focais, sinais cerebelares e vestibulares, paraparesia, tetraparesia e mioclonias. As alterações laboratorias não são conclusivas e o cão pode apresentar anemia, trombocitopenia, neutropenia, linfopenia e hiperproteinemia. Na fase aguda virêmica, pode se encontrar inclusões citoplasmáticas (corpúsculo de Lentz) em linfócitos, neutrófilos e células epiteliais. Porém, a sensibilidade deste teste é baixa. Testes sorológicos por ELISA, imunofluorescência e soroneutralização, além de testes moleculares como a RT-PCR (reação em cadeia de polimerase com transcrição reversa) são utilizados para diagnóstico, porém a escolha do tecido e a fase da doença devem ser levados em consideração. Os testes sorológicos por ELISA e imunocromatográficos, que detectem anticorpos antivírus são úteis apenas para animais não vacinados ou que tenham tido declínio dos anticorpos maternos. Portanto, não discriminam vacinados daqueles expostos ou infectados.

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Entretanto, podem ser úteis como acompanhamento dos animais vacinados, determinando o momento de nova vacinação ou susceptibilidade. Existem testes rápidos imunocromatográfico para pesquisa do antígeno do vírus da cinomose, podendose utilizar material de mucosa nasal, saliva, conjuntiva, urina, soro, plasma e líquor, com alta sensibilidade e especificidade, não apresentando falsos positivos, nem em animais vacinados. Porém, dependendo da fase da doença e do tecido, esta sensibilidade pode ser bem mais baixa, levando a falsos negativos. A análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) é indicada em todo animal com doença neurológica sem diagnóstico conclusivo. No estágio agudo de desmielinização não ocorrem alterações inflamatórias no líquor, porém, na fase crônica pode se encontrar principalmente pleocitose linfocítica e aumento de proteínas, além de aumento de anticorpos antivírus, que oferece evidência de encefalite pela cinomose, pois estes anticorpos são produzidos no local. A presença do antígeno nos testes de pesquisa de antígeno também apontam para o diagnóstico de encefalite por cinomose. Atualmente, a RT-PCR tem detectado o vírus da cinomose em diferentes tipos de amostras biológicas provenientes de cães com sinais clínicos sistêmicos e neurológicos, inclusive urina de cães com encefalite aguda ou crônica. Tanto a RT-PCR quanto a reação de imunofluorescência direta podem ser positivas em animais poucos dias após a vacinação. Portanto, o tempo mínimo entre vacinação e o exame em cães doentes deve ser de seis semanas para excluir o resultado falso-positivo. Contudo, o sequenciamento dos genes amplificados pela RT-PCR pode levar a classificação das cepas virais da cinomose e a diferenciação das cepas em selvagens ou vacinais. A cinomose é uma doença de apresentação diversa e variada, afetando vários órgãos e sistemas e com mortalidade inferior apenas a raiva. O diagnóstico para intervenção precoce pode evitar a transmissibilidade e a evolução da doença para fases menos responsivas. Vários testes podem ser utilizados para diagnóstico mas é preciso reconhecer as fases da doença para que se evitem falsos negativos e positivos. Dr. Paulo Tabanez M.V. graduado pela Univ. Est. de Londrina UEL/PR. Pós-graduado em clínica e cirurgia de pequenos animais. Mestre em imunologia pela UNB. Membro fundador do Brasileish grupo de estudos sobre leishmaniose animal

..................................................................................... Colaboração:


CONHECIMENTO COMPARTILHADO M.V. MSc. Luciana Peruca (luciana.peruca@royalcanin.com) Membro da Equipe de Comunicação Científica da Royal Canin Brasil

Quais os benefícios dos alimentos específicos para cães de raça? Os alimentos industrializados para animais de companhia são formulados considerando, primeiramente, a espécie. Uma vez definido se o produto será destinado ao cão ou gato, a segunda questão deve ser se este animal possui uma raça específica ou não. Caso a resposta seja positiva, avalia-se, então, se a raça referida requer um alimento específico e se há a disponibilidade desse produto no mercado. A necessidade nutricional de cada raça é um tema em ascensão baseado nas características morfofisiológicas que definem o padrão racial. O NRC (Nutrient Requirements of Dogs and Cats) de 2006 menciona que cães da raça Labrador, por exemplo, possuem Necessidade Energética Diária de Manutenção (NEM) diferente de cães de outras raças. Assim, pode-se observar que há diferenças já reconhecidas na literatura em níveis de energia requeridos por uma determinada raça para a manutenção de seu peso e saúde de uma forma geral. Além de necessidades energéticas divergentes os cães também apresentam diferenças do ponto de vista anatômico pertinentes como a morfologia do crânio. Os variados formatos de cabeça, mandíbula e maxila determinam a necessidade de croquetes adaptados a essa especificidade, a fim de facilitar a preensão e possibilitar a mastigação mais adequada do alimento (Figura 1.1).

Dessa forma, cães braquicefálicos, por possuírem um crânio largo e curto, requerem um alimento com um croquete de formato diferente do produzido para cães mesocefálicos, que possuem um crânio de comprimento e largura medianos. Facilitar a preensão do alimento implica aumentar a palatabilidade, além de tornar a velocidade de preensão e mastigação adequadas. Vale ressaltar que o ponto de partida para o desenvolvimento de um alimento industrializado para uma raça de cão ou gato provém da particularidade racial específica e respaldada pela literatura. Ademais, a contribuição por meio de escuta ativa de criadores renomados reforça a ideia de buscar uma formulação mais adequada e que atenda às sensibilidades inerentes à raça. Com a finalidade de esclarecer os benefícios que os alimentos industrializados fornecem quando formulados para raças específicas de cães, segue um exemplo: Bulldog Francês:

Há alguns pontos-chave importantes a serem considerados, específicos do Bulldog Francês: • O Bulldog Francês é caracterizado por uma mandíbula braquicefálica. Em função de sua morfologia maxilofacialbraquicefálica, a preensão dos croquetes pode ser difícil para essa raça. • Predisposição às dermatopatias: dermatite atópica17, piodermitebacteriana1, alopeDolicocefálico Mesocefálico Braquicefálico cia sazonal dos flancos cíclica11. Collie Pastor Alemão Boxer • Predisposição a problemas respiratórios: estenose das narinas, alongamento do palato mole, eversão de venSaluki Rottweiler Shih Tzu trículo, hipoplasia traqueal e pneumonia por aspiração (fenda palatina)5,7,9,14,8,10. • Predisposição às gastroenteropatias: problemas de mastigação, hipersalivação, deglutição repetida, ingestão anormalmente frequente de grama/capim, vômito em “jaFigura 1.1: Tipos de conformações cranianas em cães tos” na presença de fator es-

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tressante, regurgitação12, esofagite por refluxo8, gastrite, duodenite linfoplasmocitária16 e colite ulcerativa histiocítica19, capacidade enzimática limitada2, esvaziamento gástrico em intervalos mais curtos21 e acentuada permeabilidade do intestino delgado20. • Predisposição a problemas osteoarticulares: hemivértebra6, osteocondrodisplasia,angulação da coluna vertebral (cifose, lordose ou escoliose), estreitamento do canal medular, deslocamento ou fratura das vértebras após traumatismo e síndrome de má-formação occiptal caudal18,3. • Predisposição a problemas oftálmicos: prolapso da glândula de Harder (3ª pálpebra) ou cherry eye13. • Predisposição às cardiopatias: estenose da artéria pulmonar4. Algumas das manifestações decorrentes dessas afecções podem ser minimizadas com o fornecimento de um Tabela 1: Correlações entre as características da raça com as características nutricionais específicas para o Bulldog Francês Filhote e respectivos benefícios Particularidades da Raça

Características Nutricionais Específicas para o Bulldog Frances Filhote

Benefícios

Braquicefálica

Croquetes de formato e tamanho adapatados

Croquete adaptado

Apetite exigente

Palatabilidade elevada Perfeita conservação

Alta palatabilidade

Sensibilidade digestiva

Proteína de baixa indigestibilidade Prebióticos (MOS e FOS) Saúde Polpa de beterraba digestiva Ácidos graxos de cadeia curta: ômega 3

Desenvolvimento imunológico

Antioxidantes: vitamina E, vitamina C, luteína e taurina

Defesas naturais

Tabela 1.2: Correlações das características da raça com as características nutricionais específicas para o Bulldog Francês Adulto e respectivos benefícios Particularidades da Raça

Características Nutricionais Específicas para o Bulldog Frances Adulto

Benefícios

Braquicefálica

Croquetes de formato e tamanho adapatados

Croquete adaptado

Predisposição às doenças osteoarticulares

Glicosamina e condroitina Ácidos graxos de cadeia curta: ômega 3 Antioxidantes

Ossos e articulações

Sensibilidade digestiva

Proteína de baixa indigestibilidade Prebiótico (MOS)

Redução de volume e odor das fezes

Manutenção da musculatura

Teor proteico ideal L-carnitina

Condição da massa muscular

alimento específico para a raça predisposta. Com isso, abaixo seguem duas tabelas de correlações entre as particularidades da raça com as características nutricionais específicas. A Tabela 1.1 se refere ao Bulldog Francês na fase de filhote, isto é, de 2 aos 12 meses de vida e a Tabela 1.2 ao Bulldog Francês adulto (acima de 12 meses de vida). As vantagens dos alimentos específicos para cães e gatos de raça são diversas e pontuais. As características de tais produtos atendem às necessidades raciais cientificamente reconhecidas por Médicos-Veterinários e criadores e objetivam o aumento do bem-estar e da longevidade de cães e gatos. Referências 1. BENSIGNOR, E.; GERMAIN, P.A.; DAIX, B. et al. Etude étiologique des pyodermites récidivanteschez le chien. Revue Méd Vét, 2005,156: p.183-189. 2. BUDDINGTON, R.K.; ELNIF, J.; MALO, C. et al. Activities of gastric pancreatic, and intestinal brush-border membrane enzymes during postnatal development of dogs. Am J Vet Res, 2003, 64(5): p.627-634. 3. DEWEY, C.W. Caudal occipital malformation syndrome in dogs. Proceedings of the 2005 Congresso Nazionale Multisala SCIVAC; Rimini, Italia. 4. DOMENECH, O. Diagnosis and Treatment of Pulmonic Stenosis. Proceedings of the 2006 North American Veterinary Conference (Eds). Publisher: NAVC (www.tnavc.org). Internet Publisher: International Veterinary Information Service, Ithaca, NY (www.ivis.org). 5. DORANGE, B. Le syndrome d’obstruction des voies respiratoires supérieures chez les chiens brachycéphales. Etude bibliographique. Thèse de doctorat vétérinaire, n.111, Nantes, 2002. 6. DREW, R.A. Possible association between abnormal vertebral development and neonatal mortality in Bulldogs. Vet Rec, 1974; 94: p.480-481. 7. DUCAROUGE, B. Le syndrome obstructif des voies respiratoires supérieures chez les chiens brachycéphales.Etude clinique à propos de 27 cas. Thèse de Doctorat vétérinaire, Lyon, 2002. 8. DUPRÉ, G. Brachycephalic syndrome: new knowledge, new treatments. Proceedings of the 2008, World Small Animal Veterinary Congress; Dublin, Ireland, p.631-632. 9. FLETCHER, D.J.; SNYDER, J.M.; MESSINGER, J.S. et al. Ventricular pneumocephalus and septic meningoencephalitis secondary to dorsal rhinotomy and nasal polypectomy in a dog. J Am Vet Med Assoc, 2006; 229:240-245. 10. GINN, J.A. et al. Nasopharyngeal turbinates in brachycephalic dogs and cats. J Am Anim Hosp Assoc, 2008. 44 (5): p.243-249. 11. GUAGUÈRE, E.; HUBERT, T.; MULLER, A. et al. Alopécie du tronc. In: Dermatologie du chien: questions et réponses. Elsevier-Masson (eds), 2004: p.68-69. 12. LECOINDRE, P.; RICHARD, S. Digestive disorders associated with the chronic obstructive respiratory syndrome of brachycephalic dogs: 30 cases (1999-2001). Rev Méd Vét, 2004; 155: p.141-146. 13. MARTINEZ, N. Actualisation des données bibliographiques concernant les affections oculaires héréditaires du chien (janvier 1995-janvier 2004). Thèse de Doctorat vétérinaire, Alfort, 2004. 14. MONNET, E. Brachycephalic airway syndrome.In: Proceedings of the 2007 North American Veterinary Conference (Eds). Publisher: NAVC (www.tnavc.org). Internet Publisher: International Veterinary Information Service, Ithaca, NY (www.ivis.org). 15. NATIONAL RESEARCH CONCIL (NRC). Nutrient requirements of dogs and cats. Washington, D.C: National Academy Press, 2006. 16. PONCET, C.M.; DUPRÉ, G.M.; FREICHE, V.M. et al. Prevalence of gastrointestinal tract lesions in 73 brachycephalic dogs with upper respiratory syndrome. J Small Anim Pract, 2006; 6: p.273-279. 17. PRÉLAUD, P. Canine atopic dermatitis:a genetic disease? Bull Acad Vét France, 2007; 160: p.229-234. 18. SCHAER, M. Appareil musculo-squelettique; II:os et articulations. In: Médecine clinique du chien et du chat. Elsevier-Masson (eds), 2006: p.522. 19. VAN DER GAAG, I.; VAN TOORENBURG, J.V.; VOORHOUT, G. et al. Histiocytic ulcerative colitis in a French Bulldog. J Small Anim Pract, 1978; 19: p.283-290. 20. WEBER, M.; MARTIN, L.; DUMON, H. et al. Influence of age and body size in intestinal permeability and absorption in healthy dogs. Am J Vet Res, 2002; 63 (9): p.1323-8. 21. WEBER, M.; STAMBOULI, F.; MARTIN, L. et al. Gastrointestinal transit of solid radiopaque markers in large and giant breed growing dogs. J Anim Physiol Anim Nutr (Berl), 2001, 857 (7-8): p.242-250.

Nosso Clínico • 59


MEDICINA FELINA

A panleucopenia é comumente encontrada em colônias, abrigos e locais com grande rotatividade de animais. Pela gravidade do quadro, aliada à importância da vacinação como medida de prevenção de maior eficácia, comentarei alguns pontos importantes desta doença, divididos em 2 informativos diferentes. Boa leitura! Introdução A panelucopenia é uma doença viral causada por um parvovírus (FPV), semelhante ao parvovírus canino. Todas as espécies de felídeos são susceptíveis à infecção pelo FPV. Por ser um vírus não envelopado, o agente pode permanecer infectante por meses no ambiente, mantendo-se viável por até um ano. Fatores como esse perpetuam a infecção em locais superpopulosos, com poucas condições de higiene e animais susceptíveis. Epidemiologia e Patogenia A prevalência pela infecção é muito maior do que a prevalência pela doença; muitos animais adquirem o vírus (infecção), mas permanecem assintomáticos. A doença é observada principalmente em animais jovens e/ou imunocomprometidos, sendo de grande importância epidemiológica em abrigos/criatórios, onde o número de filhotes é elevado. O vírus é eliminado por todas as secreções corpóreas durante a fase ativa de infecção, principalmente pelas fezes (até 109 partículas virais por grama de fezes), fazendo com que se acumule rapidamente nos locais de permanência dos animais enfermos. Por ter grande potencial infeccioso e resistência ao ambiente, animais susceptíveis introduzidos em ambientes contaminados, mesmo com medidas higiênicas corretamente estabelecidas, podem adquirir o vírus. É recomendado que somente animais imunizados sejam introduzidos em ambientes suspeitos ou sabidamente contaminados pelo FPV. A transmissão ocorre principalmente por via oro-fecal (via direta), podendo ocorrer também através de fômites (agulhas/ seringas, vestimentas, objetos de higiene, mãos – via indireta). Após entrada por via oral, o vírus tem uma primeira replicação em tecido orofaríngeo, com posterior disseminação sistêmica. A replicação do FPV requer células com rápida atividade de divisão (em fase S de divisão); isso gera grande predileção do vírus por células do trato gastrintestinal (TGI), tecido linfoide e medula óssea. No TGI, se replica principalmente em células das criptas intestinais, gerando necrose, translocação bacteriana e bacteremia. Na medula óssea, o FPV se replica em células precursoras mielóides, gerando leucopenia importante. O sistema nervoso central (SNC) pode ser acometido em casos de infecções intra-uterinas e neonatais, gerando lesões cerebrais, cerebelares, em nervo óptico e retinianas. As lesões cerebelares consistem de hipoplasia e anormalidades nas células de Purkinje. Morte fetal, reabsorção, infertilidade e abortos, bem como fetos mumificados podem ser causados pela infecção pelo FPV durante a gestação. 60 • Nosso Clínico

Figura 1: filhote acometido pela panleucopenia, evidenciando prostração e ventroflexão de pescoço, decorrente de hipocalemia

Manifestações Clínicas e Alterações Laboratoriais A maior parte dos animais que desenvolvem manifestações clínicas não possuem vacinação adequada e são jovens, usualmente com até 1 ano de idade. Não existe predisposição sexual ou racial. Muitos gatos adultos adquirem a infecção, mas apresentam manifestações clínicas discretas, ou nem mesmo se tornam sintomáticos. As manifestações clínicas surgem após um período de incubação, que dura cerca de 2 a 9 dias. Os animais desenvolvem febre, anorexia, vômitos (em grande número, de início agudo e não relacionado com a alimentação), desidratação grave, prostração; gastroenterite pode ou não ocorrer, sendo bem menos comum quando comparado ao quadro de infecção pelo parvovírus em cães. Em casos graves, diarreia com conteúdo mucoso ou hemorrágico e icterícia podem ocorrer. A palpação abdominal pode evidenciar alças espessadas e sensibilidade abdominal. Filhotes infectados por via intrauterina, em fase final de gestação, podem nascer cegos ou com alteração cerebelar não progressiva, caracterizada por ataxia, hipermetria, tremor de intenção e “cauda em bandeira”, sem alteração de estado mental. O achado laboratorial clássico desta enfermidade é a grave leucopenia, principalmente por neutropenia e linfopenia associadas; no entanto, leucopenia não está presente em todos os casos, e sua ausência não descarta a doença. Em alguns gatos, a leucopenia pode ser de discreta a moderada. Quanto mais grave a leucopenia, pior o prognóstico. Anemia pode ocorrer por perda gastrintestinal, e trombocitopenia por coagulação intravascular disseminada. Achados bioquímicos são inespecíficos, como azotemiaprérenal, hipocaliemia, hipoglicemia e hiperbilirrubinemia.

Prof. Msc. Alexandre G.T. Daniel Gattos - Clínica Especializada em Medicina Felina Aprimoramento e Pós-Graduação em Medicina Felina - CETAC (www.cetacvet.com.br) Universidade Metodista de São Paulo (alexandre.daniel@gattos.vet.br)

FOTO: ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR.

PANLEUCOPENIA FELINA (parte 1)


TERAPIA CELULAR

DR. MARCELO NEMER XAVIER Coordenador Curavet (curavet.terapia@gmail.com) www.curavet.com.br

Uma viagem pelo mundo da Pesquisa Nessa edição, vimos o caso clínico da Bulldogue Inglês Mel, mostrando a capacidade imunomodulatória e regenerativa da terapia celular o que auxilia os profissionais da reabilitação na recuperação rápida e eficaz dos pacientes com sequela neurológica provocada pela cinomose. Além disso, daremos continuidade a essa viagem pelo mundo da pesquisa que vem acontecendo em diversas faculdades do Brasil. Iremos entrevistar uma pesquisadora muito atuante e também pioneira na área da terapia celular com células-tronco, da Faculdade de Medicina Veterinária da UNESPBotucatu, Dra. Fernanda da Cruz Landim (foto). Dr. Cura: Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de nos mostrar o laboratório, os projetos de pesquisas e tudo que vocês vêm realizando aqui na UNESP-Botucatu em prol da medicina veterinária e da terapia celular com células-tronco. Para termos uma ideia da visão atual do mundo das pesquisas a Sra. poderia nos relatar um breve histórico das células-tronco na medicina veterinária em nosso país e citar alguns centros de referência nas pesquisas? Dra. Fernanda Landim: Embora a descoberta da existência de células-tronco nos organismos vivos seja bastante antiga, a possibilidade de sua utilização em procedimentos terapêuticos é bem mais recente. Meu primeiro contato com este campo de pesquisa ocorreu em 2006 durante a execução de um projeto de clonagem. Na época não sabíamos nada sobre métodos de coleta, cultivo e caracterização destas células e os dados na literatura eram bastante precários. Mesmo assim começamos a trabalhar em testes pré-clinicos e clínicos com reparação de não união óssea. Os resultados foram excelentes e assim passei a me dedicar a essa linha de pesquisa. Na mesma época existiam grupos fortes em veterinária na USP e em Santa Maria. Hoje existe um grande número de laboratórios que atuam na área, no entanto somente alguns tem se dedicado a pesquisa básica sobre o comportamento das células-tronco. É difícil falar nomes, pois sempre posso esquecer alguém, mas gostaria de ressaltar os grupos da Profa. Maria Angélica Miglino e Carlos Ambrosio, ambos na USP (Campos de São Paulo e Pirassununga, respectivamente) que trabalham com células tronco de tecidos placentários, o Grupo do Prof. Flávio Meireles, que trabalha com iPS, o Grupo do Prof. Ney Pipi, em Santa Maria, que faz inúmeros testes clínicos com células mesenquimais e o grupo de minha colega de instituição, Profa. Ana Liz Garcia Alves que atua em problemas ortopédicos em equinos. Estes profissionais, sem dúvida são pessoas de renome nacional e internacional na área. 62 • Nosso Clínico

Dr. Cura: Hoje vemos laboratórios que defendem o uso de células autólogas, outros defendem o uso de células heterólogas. Em nossa equipe damos as duas opções aos proprietários. Como a Sra. vê a utilização correta nas terapias? Poderia nos explicar brevemente o por quê? Dra. Fernanda: Esta falta de padronização do procedimento terapêutico vem do pouco conhecimento que ainda temos sobre a forma de ação destas células, por isso é tão importante a continuidade das pesquisas. Existem benefícios e problemas na utilização das duas fontes celulares. As células autólogas, potencialmente trazem uma maior segurança biológica, pois quando as aplicamos não administramos ao animal antígenos desconhecidos. No entanto, muitas vezes os animais que necessitam da terapia já são idosos ou estão muito debilitados e suas células não são de boa qualidade. Além disso, o cultivo primário, que é aquele que fazemos logo que obtemos o tecido do animal é demorado, podendo levar até 20 dias, o que pode ser muito tempo para o início do procedimento terapêutico. Por outro lado, as células heterólogas são obtidas em bancos de células-tronco, tendo um desenvolvimento bem mais rápido (em média 4 a 5 dias). Os doadores de células são sempre animais jovens e livres de patologias e, finalmente, um bom banco de células sempre caracteriza o seu material quanto ao potencial de desenvolvimento e terapêutico, através de testes imunofenotípicos e de diferenciação, além do cariótipo. O inconveniente nestes casos é que estamos administrando ao paciente antígenos desconhecidos que podem levar a uma reação imunológica. Embora as células aplicadas tenham a capacidade de modular a imunidade e controlar essa reação, em casos extremos, podem acontecer reações anafiláticas. Dr. Cura: Sabendo que somos parte integrante de um processo, onde muitas vezes o paciente já passou por grandes nomes e especialistas antes de haver a indicação da terapia celular. Além disso, a necessidade de esclarecer dúvidas do proprietário, do médico veterinário e de fazer um acompanhamento pós-aplicação, pergunto: A Sra. acha que cursos de poucas horas são capazes de preparar um profissional para atuar na área de terapia celular com células-tronco? Como vê essa questão? Dra. Fernanda: O sucesso da terapia celular é um processo complexo. Ele depende de um bom diagnóstico, de uma boa aplicação de células de qualidade com a concentração e viabilidade certas e também de um bom acompanhamento, realização de terapias de suporte, como a fisioterapia e também da avaliação da necessidade de novas aplicações. Por isso mesmo os profissionais que indicam e administram as células-tronco tem que ter um excelente conhecimento do mecanismo de ação das células. Vou dar um exemplo prático: Você pretende tratar um paciente que apresenta um trauma medular e não está se movimentando. Se você fizer uma aplicação sistêmica das células, não é esperado que elas atingissem o foco de lesão, porque


estas células não tem a capacidade de romper a barreira hemato-encefálica. Desta forma a melhor opção terapêutica é a via intratecal ou epidural. Este tipo de conhecimento não é adquirido em poucas horas. Existem inúmeras possibilidades terapêuticas e pra cada uma delas é necessário um bom entendimento de como as células irão atuar. O mau uso, por pessoas mal treinadas pode levar a um descrédito da terapia, o que seria um enorme atraso para a medicina veterinária e uma pena para os inúmeros animais que podem se beneficiar com os tratamentos. Dr. Cura: Uma pergunta importante é a que sempre ouvimos quando vamos apresentar a terapia: Há publicação sobre terapia com células-tronco? Nós sabemos que sim e o quanto vem sendo estudada. Contudo, acho válido mostrar a visão de quem vive junto às pesquisas. O que a Sra. pode nos falar sobre as pesquisas? Dra. Fernanda: Hoje existem inúmeras publicações sobre este tema, abordando os mais diversos aspectos, desde caracterização das células e testes clínicos até o estudo de expressão gênica e vias metabólicas para o funcionamento das células tronco. Esta realidade não é diferente aqui no Brasil. Em meu Laboratório ainda trabalhamos com caracterização de células de espécies exóticas, no entanto temos cada vez mais nos dedicado ao estudo dos mecanismos de ação que fazem com que estas células tenham um bom efeito terapêutico. Desta forma temos nos dedicado a análises da expressão gênica e da proteômica caracterizando principalmente as moléculas imunomoduladoras liberadas pelas células-tronco. Outra linha de pesquisa importante e que precisa ser ressaltada é o estudo de biomaterias que possam servir como arcabouços para a sustentação das células durante procedimentos cirúrgicos. Dr. Cura: O mundo todo gira em torno das pesquisas, nada do que é utilizado hoje em medicina pode-se dizer que não está sendo pesquisado. Dessa forma, descobrem-se novas tecnologias, novas utilizações, minimizam-se efeitos colaterais, aumenta-se espectro de ação, etc. Vivemos isso com as cirurgias, com os medicamentos, dentre outros e o que hoje é algo revolucionário, amanhã é substituído por um similar ou uma nova geração. Com relação à terapia celular com células-tronco, quais as expectativas futuras? Dra. Fernanda: Imagino que as perspectivas futuras residam na identificação das moléculas liberadas pelas células-tronco e no mecanismo de ação destas células. Hoje sabemos que estas células produzem citocinas e fatores de crescimento, mas também mRNAs que influenciam a ação das células alvo. Além disso, também é conhecido que o efeito terapêutico pode ser mediado por outras células do próprio órgão lesado, ou até de outros órgãos. Tudo isso ainda é novo, mas irá definir e talvez modificar a forma de utilização da terapia celular com células tronco. Pode ser que no futuro a gente consiga fazer aplicações com material liofilizado, por exemplo. Dr. Cura: A medicina veterinária tem crescido para diversos ramos de atuação, um deles é o mercado de animais exóticos. Em uma visita à Universidade Federal Rural da Amazônia, vimos um lindo trabalho na clínica de animais silvestres e uma preocupação da Dra. Érika Branco em realizar estudos na área de purificação e utilização das células-tronco para esses animais. O que a Sra. pode nos acrescentar sobre esse mercado e sobre

as pesquisas nas faculdades? Dra. Fernanda: Eu tenho pouca experiência nesta área. Sempre que temos a oportunidade trabalhamos em conjunto com o Centro de Animais Silvestres da FMVZ - UNESP. Já tivemos a oportunidade de tratar macacos, lobo guará, leão e até um coruja. Nem sempre o sucesso é bom, pois os animais via de regra estão em condições muito ruins. Dr. Cura: Sabemos que muitos confundem capacidade tumorogênica com capacidade carcinogênica. Com relação às células-tronco, a Sra. poderia nos explicar essa capacidade e qual a segurança desse tratamento? Dra. Fernanda: Sabemos que existem vários tipos de células-tronco, cada uma delas com um potencial de diferenciação. Quanto maior o potencial de diferenciação das células maior a capacidade destas formarem tumores após o transplante. Por exemplo: embora o uso de células-tronco embrionárias em terapia celular seja extremamente promissor, ainda não temos o controle de seu processo de diferenciação. Quando transplantadas, em seu estado indiferenciado, essas células originam tecidos dos 3 folhetos embrionários formando teratomas. Por outro lado, as células da medula óssea ou do tecido adiposo só pode se transformar em tecidos estromais (osso, cartilagem, gordura, musculo, tendão...) mas não se transforma em tecido nervoso. Isso confere a estas células uma maior segurança na hora da aplicação, uma vez que a possibilidade de formação de tumores é praticamente nula. No entanto é importante ressaltar que as células-tronco de medula e tecido adiposo tem um enorme potencial de estimular a proliferação celular. Assim, se o animal tratado tiver um tumor, mesmo que pequeno, estas células podem migrar em direção a ele e estimular o seu desenvolvimento. Dr. Cura: Seriam várias perguntas e tomaríamos o seu dia inteiro, por isso antes de tudo, agradecemos sua atenção e atendimento a nossa equipe Curavet em prol de uma coluna rica em informações da Revista Nosso Clínico. Mas, antes de terminarmos, gostaria de perguntar se teria algum ponto que considera importante relatarmos e que acabamos não perguntando na matéria? Dra. Fernanda: Na verdade, eu é que gostaria de agradecer pelo convite. Acho que a mídia tem ressaltado de forma bastante incisiva os benefícios do uso da terapia celular com células-tronco. Isso tem elevado às expectativas de médicos e pacientes em relação aos resultados. Assim é importante ressaltar também a complexidade dos mecanismos de ação das célulastronco e a possibilidade de variação na obtenção dos resultados terapêuticos. A ação das células depende da interação destas com o órgão tratado e para cada animal estas condições serão diferentes. Então a melhora pode ser enorme e muito rápida para alguns, lenta e pequena para outros e até ineficiente em alguns casos. O uso de células de boa qualidade, em boa concentração e viabilidade, bem caracterizadas e com bons testes de segurança biológica é fundamental para o sucesso da terapia. Após essa rica matéria e aula dada pela Dra. Fernanda Landim, deixamos aqui nosso agradecimento e nos encontramos na próxima edição, com uma visão agora do clínico veterinário que possui em sua clínica a terapia celular com células-tronco e teve experiência com diversos aplicadores diferentes. Nosso Clínico • 63


FISIOTERAPIA, FISIATRIA E REABILITAÇÃO M.V. Maira Rezende Formenton Fisioanimal / Hovet Pompéia maira@fisioanimal.com www.fisioanimal.com

Uso de

para cães Com o crescimento da área de reabilitação veterinária e a necessidade de fornecer uma melhor qualidade de vida aos nossos pacientes, é cada vez mais frequente o número de animais que precisam do auxílio das cadeiras de rodas. Estes aparatos podem ser indicados para os animais que apresentam paralisias parciais (apenas membros posteriores), totais ( quatro membros) ou até mesmo animais que sofreram amputações de mais de um membro e/ou precisam de auxílio para caminhar. A qualidade de vida do animal é o foco quando propomos a utilização de uma cadeira de rodas. Para alcançarmos isso, é essencial que o animal seja colocado de forma correta na cadeira, sem que force os membros anteriores ou cause lesões em região de coluna cervical. O animal deve ficar posicionado de forma alinhada (sem deslocamento da cadeira nem para baixo, nem para cima), e a cadeira deve ser ancorada envolvendo todo o peitoral do animal, não apenas na coluna tóraco-lombar (foto), onde pode gerar graves lesões se estiver mal posicionada. A adaptação à cadeira deve ser gradual. O animal deve iniciar com 10 a 15 minutos de permanência, acrescentando 5 a 10 minutos por semana, até atingir um tempo máximo de 1 hora. Não recomendamos que o animal

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Animal posicionado corretamente, com a coluna alinhada e a cadeira é ancorada em todo o peitoral distribuindo as forças e diminuindo as chances de lesões secundárias. Neste animal os pés foram deixados apoiados pois existia a possibilidade de movimentação e deambulação. Caso o animal não consiga movimentar os pés, é recomendado que sejam erguidos em suportes presentes na cadeira para evitar escoriações nos membros ......................................................................................................................

fique o dia todo na cadeira de rodas, como acontece em humanos, pois a cadeira para cães é desenvolvida apenas para o passeio e exercícios do animal, e não como um substituto em tempo integral à locomoção. Deixar o animal o dia todo no aparato leva à sérias alterações de biomecânicas e lesões secundárias, dentre elas escoriações em locais de apoio, hérnia de disco em coluna cervical, piora de lesões tóraco-lombares, contraturas graves, além da fadiga muscular. Recomendamos que os animais realizem parte dos exercícios da fisioterapia na própria cadeira de rodas, utilizando assim o aparato como um instrumento à reabilitação. Exercícios de movimentação dos membros como o “engrama”, mobilizações articulares, estação assistida e caminhadas são extremamente benéficos e podem ser realizados diariamente em animais. O acompanhamento deste animal por um veterinário fisioterapeuta ampliará as possibilidades de uso da cadeira como um auxílio no retorno ao caminhar, porém ressaltamos que a cadeira é apenas um dos instrumentos para a reabilitação, e não o único.


NUTRIÇÃO ANIMAL foto

Keila Regina de Godoy - keila@premierpet.com.br M.V., Gerente de Desenvolvimento e Capacitação Técnica da PremieR pet www.premierpet.com.br

Pet food natural para cães e gatos no Brasil O entendimento científico sobre nutrição de animais de companhia tem aumentado de forma contínua, acompanhando o fenômeno visto em diversas áreas do conhecimento. Na última década, têm-se prioritariamente pesquisas direcionadas ao uso de nutrientes na promoção de saúde, prevenção de doenças degenerativas, melhoria da qualidade de vida e aumento da expectativa de vida de cães e gatos. Este direcionamento de pesquisas é, em grande parte, explicado pela importância que cães e gatos assumiram na vida das pessoas, fazendo com que as decisões alimentares dos proprietários com seus animais se assemelhassem às que adotam para si próprios. (Carciofi e Jeremias, 2008). A breve descrição acima faz parte do estudo “Progresso científico sobre nutrição de animais de companhia na primeira década do século XXI” e dá uma boa ideia do motivo pelo qual surgiram novas alternativas para a nutrição e alimentação de cães e gatos. Atualmente a variedade de alimentos é enorme, incluindo não só opções para as respectivas faixas etárias, mas também para cuidados especiais, muitos dos quais já tratamos anteriormente, como por exemplo: • Pós-castração; • Pele e pelagem; • Idosos; • Raças específicas; • Atletas; • Sobrepeso; • Animais enfermos (alimentos coadjuvantes); • Etc. Além destes citados, um nicho do mercado pet food vem crescendo: o de alimentos naturais. Este crescimento segue uma tendência mundial. Para se ter uma ideia, nos EUA, segundo dados da empresa GfK, 63% de todos os alimentos vendidos em pet shops são alimentos com apelo natural. Os proprietários que adotam para si 66 • Nosso Clínico

um estilo de vida natural, que prezam pelo bem-estar, saúde e sustentabilidade, frequentemente buscam alternativas semelhantes para seus pets. Querem oferecer um alimento completo e balanceado, mas não querem abrir mão de sua filosofia de vida. E o que já está disponível para eles no Brasil? É possível encontrar alimentos naturais com uma ou mais das seguintes características: • Fonte de proteína derivada de frangos criados com certificação de bem-estar animal e livres de antibióticos e promotores de crescimento; • Poucos grãos ou totalmente livre de grãos (grainfree); • Antioxidantes naturais ou com antioxidantes sintéticos; • Blends de vegetais ou frutas; • Sem ingredientes transgênicos; • Sem glúten; • Sem corantes e aromatizantes artificiais A variedade de produtos vem crescendo para atender a um público cada vez mais exigente e atento aos rótulos. A preocupação, inclusive, extrapola o produto e inclui ainda embalagens feitas de matéria-prima de fonte renovável (cana de açúcar), que colaboram para redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa e se alinham com os valores das empresas e dos consumidores. As atividades fabris das empresas também passam a ser pautadas pelo conceito de bemestar e sustentabilidade que os produtos oferecem. E o que dizer de tudo isso? Alguns ingredientes devem ser destacados, dada a polêmica que envolvem: • Frango natural: são criados sem antibióticos e promotores artificiais de crescimento, em baixa densidade populacional, baixo nível de estresse, com um manejo que permite expressarem seu comportamento natural. São transportados somente à noite, é feita pega individual para colocação nas caixas de transporte. O resultado é a preservação das propriedades naturais da carne, mais sabor e uma pro-

teína mais saudável, livre de resíduos químicos. A polêmica do uso de antibióticos nos frangos é um assunto que tem pautado importantes discussões no mercado. Embora a criação desses frangos ainda seja extremamente restrita no Brasil, existe uma pressão internacional cada vez maior para que os grandes produtores se adequem. • Transgênicos: soja, milho e seus derivados são os transgênicos encontrados nos alimentos para humanos e animais. Embora haja muita polêmica em torno do assunto, estudos demonstram segurança em seu consumo e até o momento absolutamente nenhuma evidência científica demonstrou que possam causar algum tipo de malefício. Para saber mais, é possível acessar www.gmoanswers.com, um site exclusivamente dedicado a responder dúvidas e fornecer informações sobre os transgênicos. • Antioxidantes: Um produto deve ser tanto nutricionalmente completo quanto seguro para o consumo de animais de companhia durante toda sua validade. O uso de antioxidantes é realizado para evitar que o produto entre em processo de auto oxidação. A Food and Drug Administration (FDA) define antioxidantes como substâncias que auxiliam na preservação de alimentos através do retardo da sua deterioração, rancificação ou descoloração devido ao processo oxidativo. A inclusão de compostos antioxidantes no alimento industrializado pet mantém o sabor do produto, odor e textura, além de prevenir o acúmulo de substâncias tóxicas geradas através da degradação lipídica que, inclusive, têm papel em diversas doenças e intoxicações farmacológicas. A degradação lipídica também causa consequências nutricionais, como: destruição parcial dos ácidos graxos essenciais linoleico e linolênico; destruição parcial de outros lipídeos insaturados como a vitamina A, carotenoides e tocoferois; destruição parcial da vitamina C; formação de produtos secundários da oxidação lipídica capazes de reagir com proteínas diminuindo a absorção destas; ir-


ritação da mucosa intestinal por peróxidos, que provocam diarreia e diminuem a absorção; e formação de lipídeos oxidados que são antagonistas de diversos nutrientes como: tiamina, pantotenato de cálcio, riboflavina, ácido ascórbico, vitamina B12, tocoferóis, vitamina A, proteínas, lisina e aminoácidos sulfurados. O uso de antioxidantes em doses adequadas previne a produção de compostos tóxicos na dieta. Em geral, os antioxidantes sintéticos são mais utilizados devido a sua alta eficácia, boa durabilidade e estabilidade, de modo a garantir a integridade do produto durante toda sua vida de prateleira. Antioxidantes sintéticos efetivos na alimentação de pets incluem BHA e BHT entre outros. Tanto o BHA quanto o BHT são aprovados para o consumo humano também, e têm efeito antioxidante sinérgico quando usados ao mesmo tempo, possibilitando redução da dose. Confira no quadro ao lado um resumo comparativo dos principais aspectos relacionados à eficácia e viabilidade de uso dos principais antioxidantes naturais e sintéticos disponíveis atualmente no mercado. • Blends de frutas e vegetais - são ingredientes naturalmente ricos em fibras solúveis e insolúveis (que promovem a saúde intestinal e regulam o trânsito) e ricos em sais minerais. Porém, não podemos contar com suas vitaminas, as quais são altamente sensíveis à extrusão, restando quantidades ínfimas no produto acabado. Não há comprovação científica de que as vitaminas destes blends resistem à alta temperatura e pressão. Cabe ainda lembrar que nem tudo que é natural é bom. A exemplo disso, é bem sabido que uvas e passas para cães, bem como cebola e alho para cães e gatos, são ingredientes naturais que não devem ser oferecidos, devido ao seu potencial altamente tóxico.

Disponibilidade

Duração

Efetividade

Tocoferóis mistos

Baixa

Pobre

Baixa

Ácido ascórbico

Baixa

Pobre

Baixa

Palmitato de ascorbilo

Baixa

Pobre

Baixa

BHA

Moderada

Boa

Alta

BHT

Moderada

Boa

Alta

Pobre

Boa

Alta

Boa

Excelente

Alta

Antioxidantes Naturais

Antioxidantes Sintéticos

TBHQ Etoxiquim

Adaptado: Canine and Feline Nutrition - 3.ed. / Mosby Elsevier (2011)

Atualmente muitos proprietários, na busca por um alimento natural, optam por uma alimentação caseira sem qualquer tipo de acompanhamento especializado, o que, vale sempre alertar, pode ter graves consequências nutricionais e de saúde para o pet. Mediante o contexto e todos os pontos mencionados, é importante que o médico veterinário se mantenha sempre atualizado sobre o tema e conheça todas as opções de alimentos naturais existentes no mercado. Só assim ele poderá orientar seus clientes quanto à melhor escolha para cada caso. Até a próxima!

Nosso Clínico • 67


PREVENÇÃO & TENDÊNCIAS

Jaime Dias Gerente Técnico de Animais de Companhia Merial Saúde Animal jaime.dias@merial.com

Novidades e tendências mundiais sobre vacinações em cães e gatos Ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento de novos estudos aliados à elevada tecnologia na elaboração de produtos biológicos, possibilitaram a fabricação de vacinas mais eficientes e diversificadas para os animais de companhia. A história do desenvolvimento das vacinas iniciou-se a partir dos anos 50, quando foram obtidos novos conhecimentos em torno das doenças que acometiam os animais de companhia, sendo em sua maioria fatais. Posteriormente, nos anos 70, com o avanço das pesquisas, surgiram as primeiras vacinas polivalentes, combinando antígenos para maior comodidade do médico veterinário. Somente nos anos 80, foram descobertos os adjuvantes de imunidade, substâncias responsáveis por causar um processo inflamatório para o reconhecimento dos antígenos das vacinas inativadas, possibilitando uma melhor resposta ao estímulo vacinal. A partir dos anos 2000, surgem os guias internacionais de vacinação, instituídos por associações de médicos veterinários e pesquisadores de diferentes países; com o objetivo de orientar e passar informações relevantes a cerca dos protocolos vacinais, baseados em dados epidemiológicos e características individuais de cada paciente. Desta maneira as vacinas foram segregadas em dois grupos – essenciais e opcionais – surgindo novas recomendações sobre protocolos vacinais, visando atender as necessidades de acordo com o estilo de vida de cada animal. Segundo as novas orientações do WSAVA e AAHA, a vacinação inicial deve ser iniciada com 8 a 9 semanas de idade, seguida por uma segunda vacinação 3 a 4 semanas após e, por fim, uma terceira dose administrada entre a 14ª a 16ª semanas de vida. Vale lembrar que, os anticorpos maternos interferem com a eficácia de várias vacinas no início da vida. Sendo assim, alguns animais poderão não responder de forma adequada até a 12ª-14ª semanas de idade. Desta forma, considera-se a dose realizada entre a 14ª e 16ª semana, a mais importante do esquema de vacinação. Destaca-se ain-

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da que os reforços anuais são recomendados após a conclusão do esquema de primovacinação. Atualmente uma nova visão sobre os protocolos vacinais vem sendo amplamente discutida pelos guias internacionais, onde as questões individuais do paciente devem ser fortemente levadas em consideração no delineamento do protocolo vacinal. Desta forma o ideal é que o médico veterinário busque adaptar os guias existentes de acordo com a realidade do Brasil, utilizando como base nos conhecimentos de imunologia, experiência clínica, realidade e estilo de vida de cada paciente, ambiente em que vivem, riscos de exposição a determinados agentes infecciosos e características individuais. Os laboratórios veterinários possuem uma ampla variedade de produtos biológicos, no entanto, nem todos os cães e gatos precisam de todas as vacinas disponíveis, sendo o papel do médico veterinário fundamental na escolha e construção do protocolo vacinal. Por fim, é importante ressaltar que, nem todo processo vacinal irá imunizar de forma efetiva, uma vez que, existem fatores inerentes ao hospedeiro, que poderão ocasionar falhas na resposta vacinal como: presença de elevada quantidade de anticorpos maternos, imunodeficiência, incubação de doenças, stress, protocolos terapêuticos que possam interferir na imunização, dentre outros. Segundo os últimos dados divulgados em pesquisa realizada pelo IBGE, o Brasil possui uma população de 52 milhões de cães e 21 milhões de gatos, da qual aproximadamente apenas 30% destes animais são vacinados, ou seja, um percentual ainda muito baixo quando comparado ao cenário ideal, o que torna o desafio frente às doenças ainda muito elevado. A vacinação é a melhor ferramenta para promover proteção e controlar gradativamente o alto desafio às doenças infecciosas.


ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA MV. MsC. Alessandra Martins Vargas www.endocrinovet.com.br

Diabetes mellitus: diagnóstico preciso e a introdução ao tratamento Diagnóstico

O diagnóstico do diabetes mellitus (DM) baseia-se na presença das principais manifestações clínicas (poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso) e na constatação de hiperglicemia (glicemia em jejum, acima de 200 mg/dL) e de glicosúria persistentes. A glicemia (mensuração da glicose sérica) pode ser determinada enviando-se a amostra (sangue total, plasma ou soro) para laboratórios veterinários ou ainda por meio de glicosímetros (amostra de sangue total). É possível utilizar o sensor portátil (glicosímetro) para mensuração da glicemia em cães desde que a precisão analítica e clínica do referido sensor tenha sido avaliada como adequada (necessária validação para uso em medicina veterinária). Dessa forma, recomenda-se verificar a calibragem do glicosímetro e se o mesmo possui precisão comprovada. De acordo com a literatura, dois glicosímetros já foram validados para uso em medicina veterinária, mais especificamente em cães. Bluwol et. al (2007) validaram o glicosímetro Optium Xceed (Abbott®) enquanto que Calamari et. al (2012) comprovaram a precisão do glicosímetro Breeze (Bayer®). O estudo do autor Dobromylskyj (2010) validou o glicosímetro Accu-check Active (Roche®) para uso em gatos. Em cães cuja suspeita diagnóstica é o DM, a glicemia pode ser realizada mesmo que não estejam em jejum. Nestes casos, se o valor da glicemia for superior a 273 mg/dL confirma-se o diagnóstico. Tal hiperglicemia denomina-se INEQUÍVOCA. A glicosúria (presença de glicose na urina) pode ser identificada utilizando fitas reagentes que alteram sua cor quando a glicose está presente na urina. Em gatos, além da presença das manifestações clínicas e da constatação de hiperglicemia (em jejum) e de glicosúria, recomenda-se realizar a mensuração da FRUTOSAMINA, uma vez que gatos não diabéticos podem apresentar hiperglicemia decorrente do estresse. A frutosamina é uma proteína glicada formada da ligação entre glicose e albumina. Gatos diabéticos apresentam frutosamina acima dos valores de referência. Introduzindo o tratamento É fundamental que os tutores do paciente diabético compreendam todos os aspectos do diabetes mellitus e principalmente que a sua participação no tratamento será decisiva para a sobrevivência do paciente e o sucesso terapêutico. A aplicação de insulina no paciente deve ser diária e obrigatoriamente em horários fixos. Deve-se utilizar seringas específicas. Por exemplo, a Caninsulin® (insulina de USO VETERINÁRIO) possui concentração de 40 UI/mL. Dessa forma, utiliza-se seringas específicas 40 UI. Com relação à dieta do paciente diabético, a quantidade e a composição das refeições devem ser constantes. Reco70 • Nosso Clínico

menda-se o uso de alimentos coadjuvantes para pacientes diabéticos, como por exemplo, o alimento Diabetic® para cães. IMPORTANTE: o uso do alimento coadjuvante não substitui a terapia convencional para o DM (insulinoterapia) e tanto a prescrição quanto a transição para este alimento deve ser realizada mediante acompanhamento do médico veterinário. Nota-se que em situações específicas pode ser necessária a prescrição de dieta caseira, e nestes casos, a formulação da referida dieta deve ser realizada pelo médico veterinário especializado em nutrição, profissional habilitado para promover a adequada nutrição ao paciente. O objetivo do tratamento é eliminar as manifestações clínicas do DM além de evitar suas complicações crônicas. Destacam-se entre as complicações mais comuns a uveíte, catarata, pancreatite crônica, infecções recorrentes (principalmente em trato urinário, pele e cavidade oral), lipidose hepática, hipoglicemia, hipertensão e cetoacidose diabética. Outras complicações tais como neuropatia periférica, glomerulopatia, retinopatia, insuficiência pancreática exócrina, paresia gástrica e diarreia crônica são incomuns. REFERÊNCIAS O conteúdo aqui apresentado também constitui parte do informativo Vets Today Nº22 - Julho/2014 (Conhecendo melhor o diabetes mellitus em cães) publicado pela Royal Canin e também escrito pela autora desta coluna. 1 - BLUWOL, K.; DUARTE, R.; LUSTOZA, M.D.; SIMOES, D.M.N.; KOGIKA, M.M. Avaliação de dois sensores portáteis para mensuração da glicemia em cães. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.6, p.1408-11, 2007. 2 - CALAMARI, C.V.; SILVA, R.D.; DE MARCO, V.; VARGAS, A.M.; FURTADO, P.V. Validação dos monitores portáteis Breeze®2 e Contour TS® para a mensuração da glicemia em cães. In: 2º CIABEV, 2012, Búzios, Proceedings... Rio de Janeiro, CIABEV, 2012, p.30. 3 - DOBROMYLSKYJ, M.J.; SPARKES, A.H. Assessing portable blood glucose meters for clinical use in cats in the United Kingdom. Vet. Record, n.167, p.438-442, 2010. 4 - VARGAS, A.M.; SANTOS, A.L.S. Animais de estimação diabéticos, saudáveis e felizes. Você torna isso possível com Caninsulin®. Manual para o Médico Veterinário, 2012. Publicação da MSD Saúde Animal, unidade global de negócios de saúde animal da Merck & CO, Inc. 0800 70 70 512.

EVENTOS PARA 2015 • II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS Data: 01/11/2015 Local: São Paulo, SP Organização: ANCLIVEPA-SP Informações: Tel.: (11) 3813-6568 / www.anclivepa-sp.com.br NOVIDADES PARA 2016 • CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO (pós-graduação lato sensu) em ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA EM PEQ. ANIMAIS Turma 04 ( 2016 - 2017 ) Local: São Paulo, SP Organização: ANCLIVEPA-SP em parceria com UNICSUL Processo seletivo em 2015 Informações: Tel.: (11) 3813-6568 / www.anclivepa-sp.com.br


MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Avanços no tratamento de doenças infecciosas na veterinária com o uso da Medicina Tradicional Chinesa Epidemiologicamente as doenças infecciosas são as principais causas de mortalidade em animais até sete anos. Segundo estudos, nesta faixa etária elas representam até 40% da taxa de mortalidade em cães e até 60% em gatos. Desta forma se transformam em um desafio à medicina convencional que mesmo com todo o desenvolvimento e toda tecnologia de prevenção disponíveis ainda não tem a capacidade de cuidar destes animais mais precisa e adequadamente. A Medicina Tradicional Chinesa pode ajudar neste processo. Historicamente desde o início da técnica chinesa de terapêutica há 4000 anos na China antiga até hoje, as principais doenças que acometem a humanidade são epidemias causadas por agentes infecciosos. Doenças como cólera, paralisia infantil e outras acometem os grandes agrupamentos humanos há muitos séculos atrás, e já naquela época conseguiam ser tratadas. Assim, neste período, várias técnicas tanto à base de acupuntura, como dietoterapia e fitoterapia vêm sido desenvolvidas, testadas e aprovadas para o tratamento de doenças epidêmicas. Mas, e para os animais? Tal conhecimento é antigo e experimentado o suficiente para ser utilizado desta forma? Podemos dizer que sim pois o chinês não trata a doença e seu nome, mas sim o conjunto de sintomas e a síndrome clínica que estes causam. Assim se pensarmos nos sintomas, morbidade e mortalidade da Cólera teremos algo bem similar a Parvovirose Canina. Se pensarmos na evolução, patogenesia e consequências da Poliomielite teremos muitas coincidências com os animais infectados e doentes pelo vírus da Cinomose, se pensarmos na gripe e nas várias formas de epidemia que esta doença já desenvolveu e apresentou no ser humano, teremos os casos de Influenza felina tratados comparativamente. Podemos com certeza tratar todas as doenças infecciosas na fase aguda usando os recursos da Medicina Tradicional Chinesa: Acupuntura, Fitoterapia e Dietética principalmente. Falando destas três doenças vamos dar uma amostra de como indicar o tratamento e realizá-lo no seu atendimento do dia a dia. Iniciando pela parvovirose canina. No caso desta doença o tratamento é muito efetivo através da acupuntura. Existem algumas fórmulas fitoterápicas chinesas que podem ajudar o animal, porém o mais eficiente é o uso da acupuntura. Isto se deve ao fato da parvovirose atuar mecanicamente, mas principalmente no sistema imune do animal. A destruição das vilosidades e a penetração de agentes na circulação sanguínea, faz com que a ação física local da fórmula fitoterápica não seja tão eficiente quanto à modulação imunológica/energética do organismo. Temos inclusive publicado nos anais do congresso de especialidade de 2013 um piloto onde tivemos redução do tempo de internação dos animais em mais de 50% somente com o uso de pon72 • Nosso Clínico

tos de acupuntura no tratamento diário dos animais. Pontos simples como Pc6 , VG1 e outros ajudam em muito na recuperação. Já os fitoterápicos tanto para o tratamento de sepse (calor no sangue), como os de uso antidiarreicos (calor ou frio invadindo o intestino) em nossa prática tem poucos resultados nas diarreias da parvovirose. Em relação à cinomose, durante muito tempo foi passado o conceito que o tratamento da cinomose só podia ser feito após a estabilização do quadro para quando a desmielinização imunológica causada por esta doença estivesse estabilizada. Porém os chineses tratam a poliomielite desde o início de seus sintomas. Assim usando a técnica correta de tratamento podemos tratar também a cinomose e nas fases iniciais e ajudar ainda mais aumentando o pequeno arsenal terapêutico que temos com mais armas para esta luta. Existem fitoterápicos que podem ser usados nas fases iniciais respiratórias como o Da Qing Long Tang e o Xiao Qing Long Tang (que tratam o problema nas fases de trato respiratório superior - problemas nos olhos e garganta como nas fases onde exista traqueite e bronquiolite) e o Ma Xin Shi Gan Tang (usado para as fases pneumônicas). A Acupuntura também é altamente indicada, aumentando em 20 a 30% a sobrevida dos animais na fase aguda. Para isso é utilizada a técnica dos planos, descrita no Tratado das Doenças pelo Frio (220 DC), onde através das barreiras anatômicas/energéticas dos canais de defesa faz-se a movimentação e a retirada deste vírus (energia patogênica do corpo) melhorando a resposta do animal. Apesar de não apresentarem alta mortalidade, os problemas respiratórios nos gatos tem uma morbidade alta e deixam os animais muito debilitados. O tratamento com fitoterápicos (especialmente os utilizados na mesma técnica descrita para a cinomose), reduzem em até 80% o curso da doença, recuperando o animal em menor tempo. Devemos sempre lembrar que a Medicina Tradicional Chinesa é uma medicina completa onde qualquer problema e doença pode ser abordada e se corretamente tratado, dependendo da condição física e imunológica do animal, vai dar um melhor prognóstico e menor tempo de tratamento. Procure sempre um Veterinário especialista. Ele conseguirá auxiliar a sua conduta, ajudando em seus tratamentos mais complicados. Eduardo Lobo, Rodrigo Gusmão Médicos-Veterinários, com cursos de especialização em Acupuntura Veterinária, Dietética e Fitoterapia Chinesa. Coordenadores e profs. em cursos e palestrantes na área por todo o Brasil


COMPORTAMENTO EMPRESARIAL Prof. Dr. Marco Antonio Gioso FMVZ-USP www.usp.br/locfmvz

O MODELO DOS 3 I’S - MARKETING EMOCIONAL Seu objetivo é estar consumidores. à frente dos demais coOs profissionais de ntegridade da marca legas de profissão? Então marketing devem atingir saiba que hoje já não mente e espírito dos Diferenciação Posicionamento basta atingir apenas a consumidores simultamente, também precisaneamente para chegar mos atingir o coração dos ao seu coração. consumidores. O modelo dos 3 Is Execentes exemplos também é relevante de marketing emocional para o marketing nas mívêm de profissionais dias sociais. Na era do como Howard Schultz, da empowerment dos conMarca Starbucks, Richard Bransumidores induzidos son da Virgin, e Steve pela abundancia de inJobs, da Apple. Conceitos formações e pelas code “terceiro lugar para se munidades em rede, a tomar um café” da Stardiferenciação e o posicibucks, de “marketing onamento harmonioso não convencional da Virgin” e de “imaginação cri- da sua imagem é tudo que você precisa. ativa” da Apple são implementações de marketing Sua identidade é classificada de acordo com o emocional. São esforços voltados para as nossas número de experiências. Uma experiência ruim emoções, nossos sentimentos. prejudicará sua integridade e destruirá sua imaOs profissionais de marketing além de aten- gem. Esteja atento a isso e deixe os clientes fazeder as ansiedades e desejos devem “decifrar o có- rem o marketing por você. digo da alma” dos clientes para manterem-se reEstamos na era da comunicação horizontal, em levantes. Os veterinários devem alcançar seus cli- que o controle vertical não funciona. Apenas a hoentes como consumidores plenos. nestidade, originalidade e autenticidade funcioNesse estágio redefinimos um triângulo har- narão. monioso entre marca, posicionamento e diferenciação. Para completar o triângulo, introduzimos Prof. Dr. Marco Antonio Gioso os 3 Is: identidade, integridade e imagem. FMVZ-USP www.usp.br/locfmvz Uma diferenciação que estabeleça sinergia Karina Costa com o posicionamento criará automaticamente Mestranda (CRMV/AL 652) uma boa imagem, conquistando as emoções dos Diretora de MktVetCoach

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CENTRO DE ESTÉTICA

Importância do Centro de Estética dentro da clínica veterinária Nos últimos anos o banho e tosa está passando por uma constante transformação e hoje muitas empresas já utilizam o conceito de centro de estética, o que isto significa? Significa que tudo tem ficado realmente profissional, com o tosador procurando aperfeiçoamento para que possa, cada dia com mais consistência, atender a real necessidade dos seus clientes. Profissionais não estão mais simplesmente tosando os animais, mas sim, se preocupando e dando atenção à saúde do pelo e da pele. Os conhecimentos hoje procurados pelos melhores profissionais, e por quem procura prestar um serviço de qualidade, estão muito além de técnicas de tosa. Hoje todos se preocupam com comportamento, cinofilia, primeiros socorros e até nutrição, para assim levar as informações mais assertivas aos proprietários. Este novo cenário faz com que os profissionais mudem seus conceitos a respeito dos centros de estética em suas clínicas. Quantas e quantas vezes ouvimos as frases “banho e tosa, isso é um mal necessário”, “nem sei por que não fechei ainda, pois só me incomoda”. Parte da culpa também é da gestão da clínica, que por muito tempo deixou à margem esta parte de empresa. Transformar o banho e tosa em um centro de estética é levar informação ao cliente e oferecer um centro de “medicina preventiva”. Para isto os colaboradores devem se sentir seguros em falar com o cliente, precisam de respaldo do corpo clínico e dos gestores. Somente assim falarão e mostrarão com consistência seu conhecimento e profissionalismo ao cliente. No Brasil, diferente do resto do mundo, os pets tomam banho todas as semanas. Os clientes semanais no centro de estética chegam à 90% da carteira de clientes, isto quer dizer que este animal está dentro da sua loja durante 52 semanas por ano com uma média de vida por volta de 12 anos, perfazendo um total de 624 visitas à empresa. O mesmo animal, se saudável, quantas vezes visita o veterinário ao longo destes 12 anos? – Respondemos: em média, 12 vezes. Logo temos mesmo de tratar o centro de estética como um centro de triagem para a clínica, é lá que podemos identificar uma otite no início, uma dermatite, problemas com placa bacteriana etc. Feito isto aumentaremos substancialmente o número de visitas ao veterinário, sem contar que um conhecimento mais amplo pode incrementar as vendas do pet shop. 76 • Nosso Clínico

Sendo assim, é de extrema importância que todos no centro de estéticas estejam permanentemente treinados para esta triagem. Seguem algumas ideias para implementar em sua empresa: • Reuniões quinzenais para motivar, levantar números obtidos e metas a serem alcançadas; • Mini palestras mensais usando o corpo clínico da empresa para falar sobre estruturas, cuidados, primeiros socorros e contenção, higienização e esterilização dos materiais e espaço físico; • Mini palestras com parceiros (distribuidores) sobre nutrição (ração), problemas com pele e pelagem (shampoos), etc. • Treinamentos com o corpo clínico sobre aplicação dos shampoos medicinais para tirar o melhor proveito e ter um tratamento eficaz; Tratando o Centro de Estética desta maneira, os números aumentarão substancialmente, além de termos cliente extremamente satisfeitos com os serviços prestados e com o trato de seus animais. Pense você também em levar o seu banho e tosa ao próximo nível e veja seus números crescerem!

WALDECIR SILVA Coordenador de Promoção Groomer Referência waldecir.silva@petsociety.com.br

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BEM-ESTAR ANIMAL

O Médico-Veterinário e suas responsabilidades Outro dia eu estava refletindo sobre a importância do Médico-Veterinário para o bem-estar animal e diversas coisas vieram à minha mente. Entre elas a responsabilidade do profissional dessa área. Costumo dizer que saímos da faculdade sabendo 5% do que deveríamos aprender e, se vivermos bastante e estudarmos todo esse tempo, morreremos sabendo 50% do necessário. E isso pode ser constatado pela quantidade de dúvidas que temos durante o exercício de nossa profissão. Um colega que não estuda, não se aprimora ou atualiza, pode conseguir exercer sua profissão ao longo da vida sem enfrentar grandes problemas ou processos, pois o nosso paciente é diferente e costuma esconder seus sentimentos. Como exemplo podemos usar uma otite. O paciente chega à clínica e o colega percebe que ele está com uma importante infecção no ouvido externo. Automaticamente prescreve um medicamento de amplo espectro que é capaz de combater desde infecções por fungo até sarnas otodécicas. Porém, sua ação pode não ser a mais eficaz para a bactéria que está infectando o conduto auditivo e, dessa maneira, o tratamento pode se arrastar por longos períodos até chegar à cura. Isso não ocorreria com um colega atualizado, que poderia optar por exames complementares e descobrir o medicamento ideal para o tratamento. O exemplo acima pode ser transportado para quase todas as patologias com baixa mortalidade, e assim o colega desatualizado vai atendendo ao longo da vida e acreditando que está ajudando os animais, quando na verdade está atrasando sua cura. Fico feliz em saber que a maioria dos Médicos-Veterinários não age dessa forma. Ao contrário, estão em constante atualização participando de simpósios, congressos e cursos, sejam estes últimos de pós-graduação, especialização ou de atualização. Porém, um cuidado maior deve ser observado por nossos colegas, pois no momento atual de crise, alguns Médicos-Veterinários ou mesmos curiosos, acreditam que uma boa saída para a baixa remuneração seja organizar cursos, haja vista o sucesso de empresas de cursos como a que eu dirijo. Essas pessoas procuram por um local que seja grande o suficiente para acomodar vinte ou trinta cadeiras, convidam um profissional e, sem maiores planejamentos, divulgam o curso nas redes sociais.

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Muitas vezes, esses cursos carecem de organização, de conteúdo e mesmo de profissionais gabaritados para ministrarem, o que é muito preocupante, pois o veterinário, de maneira inocente, acredita que está aprendendo o suficiente para tratar corretamente os animais e essa pode não ser a realidade. A responsabilidade da organização de um curso é muito grande, pois algo que seja ensinado de forma errada pode se propagar e se eternizar como um tratamento correto, prejudicando os pacientes e clientes. Cabe aos Médicos-Veterinários se prevenirem contra esses cursos com má qualidade, pois cabe somente a eles essa fiscalização. A maneira mais correta de fiscalizar a qualidade de um curso é iniciando pela formação da empresa, além de seus profissionais. Abaixo vou colocar algumas dicas para não caírem em armadilhas. Veja se a empresa é legalizada, se está registrada nos órgãos competentes e, principalmente, no CRMV ou CFMV. Isso é muito importante, caso contrário, você não terá para quem reclamar se a qualidade não for a esperada. Procure se informar sobre a formação dos profissionais que estão coordenando e ministrando o curso, assim como a reputação da empresa que o organiza. Jamais participe de cursos organizados de forma amadora, como uma sala no fundo de uma clínica ou pet shop, pois essa provavelmente não tem licença para isso. No caso de cursos de pós-graduação veja se há uma faculdade regularizada no MEC chancelando os diplomas, e nas especializações e atualizações, se há um instituto de ensino regulamentado emitindo os certificados. Dessa forma você aprenderá de maneira correta e poderá tratar os animais como eles realmente merecem e com a máxima excelência.

Sidney Piesco de Oliveira (sidney@ibravet.com.br)

Diretor Científico do Instituto Brasileiro de Recursos Avançados - IBRA Graduado pela FMVZ- USP Mestre em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais (FMVZ-Unesp - Botucatu) Pós-Graduado Lato Sensu em Fisioterapia Veterinária (UNIP) Pós-Graduado Lato Sensu em Acupuntura Veterinária (FACIS - IBEHE) Membro da Comissão Especial de Fisioterapia Veterinária - CRMV-SP Membro Fundador da ANFIVET Coordenador da divisão de Acupuntura Veterinária do IBRA Coordenador geral de cursos IBRA


PETS, FAMÍLIAS E VETERINÁRIOS

LUCIANA ISSA

PETS, UMA FONTE DE BEM-ESTAR DESDE A INFÂNCIA Uma criança e um animal de estimação formam uma boa dupla. Pets são para as crianças fonte de bem-estar, estimulando áreas do desenvolvimento infantil, assim como, ensinam os pequenos a respeitar a vida, a dar e receber afeto, além de promover a boa convivência. Segundo o veterinário inglês Bruce Fogel, os animais de companhia atuam como uma “janela” para a família, em outras palavras, são um vínculo essencial nas relações familiares, principalmente, porque atualmente o núcleo familiar tem sofrido muitas transformações e nem sempre é formada por um pai, uma mãe e filhos. Milhares de lares são cuidados por apenas um pai ou uma mãe que tem a grande responsabilidade de cuidar dos filhos. Diante de várias situações, as crianças podem experimentar o sentimento de confiança e amizade, ao estarem ao lado de um animal de companhia. Elas encontram apoio enquanto atravessam as diversas etapas do crescimento e desenvolvimento. Uma criança que começa a andar na companhia de um cãozinho pode ter ainda mais estímulos e força para explorar o mundo ao seu redor. Ele ajuda a criança a construir uma ponte de comunicação com outras crianças, aumentando também a habilidade de aprender e a dominar a expressão verbal, sem falar que a aceitação incondicional do animal de estimação favorece a autoestima. Quando adulta ela, certamente, irá combater a violência contra os animais. Cuidando de um animal, a criança aprenderá a ser mais responsável, terá autocontrole e autodisciplina, além de favorecer a atenção e concentração. Entre outros benefícios, o trabalho de ser pai e mãe de filhos felizes se faz mais facilmente com a ajuda de um animal como membro da família. O primeiro contato entre um animal de companhia e um bebê será o início de uma relação frutífera, contudo, essa interação requer um planejamento cuidadoso porque a rivalidade não é exclusiva das crianças, e se a família já possui um gato ou um cachorro que era o centro da atenção, esses podem ver o bebê como um rival. É preciso realizar alguns procedimentos para que o animal de estimação trate com carinho o novo membro da família. 1) Primeiramente, a docilidade do animal e sua saúde perfeita são o “ponto de partida” para se viabilizar a interação com as crianças. Antes mesmo da chegada do bebê, estimule o pet a se relacionar o máximo possível com crianças de todas as idades, inclusive, bebês. O cão vai se acostumando com a presença deles começando com o olhar. 2) Acostume o animal a ouvir sons de um bebê, até mesmo usando uma gravação. 3) O pet deve se acostumar com todos os objetos relaciona80 • Nosso Clínico

dos ao bebê, tais como: berço, carrinho, bebê conforto e brinquedos. Vale ressaltar que é necessário ter bom senso, por exemplo, no caso do cão ter contato com os brinquedos deve-se passar álcool nos objetos para higienização. 4) Deixe o pet se familiarizar com os odores típicos de um bebê: pomada, shampoo, sabonete, colônia, etc. Antes da apresentação do bebê ao seu pet, deixe um paninho com o cheiro do bebê onde fica o animal. 5) Devem-se corrigir os problemas de comportamento e obediência do cão, por exemplo, pular nas pessoas ou de ficar latindo. 6) Esteja presente em todos os momentos em que o pet e o bebê estejam juntos, assim, você vai assegurar tranquilidade e estabilidade entre os novos amigos que estão se conhecendo. 7) Ofereça petiscos ao cão nas primeiras semanas durante a interação com o bebê. 8) Seja paciente com o animal, pois, assim como, uma criança pode se sentir que não é mais o foco da atenção dos adultos, diante da chegada de um irmãozinho, e passa a ter um papel mais infantil, isto é, mostrando um comportamento de regressão dizendo que também é um bebê, por sua vez, o cão pode vir a agir como filhote, fazendo as necessidades no local errado. Com paciência, carinho e uso de educador o animal vai se adaptar. 9) No caso de gatos, treine para que ele não suba ou entre no berço. 10) Crie suas próprias estratégias seguindo duas observações: continue a dar carinho e atenção ao seu pet, ainda que em menor tempo e vá permitindo que a interação aconteça gradativamente e com constância. Baixe gratuitamente o livro digital “As aventuras e o trabalho de quatro cães terapeutas” acessando o site www.ibetaa.org.br Luciana Issa (contato@ibetaa.org.br), psicopedagoga clínica, diretora técnica do Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais e autora do livro “Kíon Branquelo, Joe Caramelo & Amigos. As aventuras e o trabalho de quatro cães terapeutas.”

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Vivemos no mundo hoje, Liderança é sobre pessoas e uma fase de transição, de uma soliderar é dar o exemplo. Para educiedade e cultura excepcionalcar um filho, exemplificando, premente materialistas para uma culcisamos ter continuidade, persistura altruísta e espiritualista. E estência, paciência e muito amor. piritualidade não é religiosidade. Demoramos alguns anos para, Longe disso. como pais, desenvolver e educar Ser espiritualista é respeitar outro ser humano. E acima de o seu liderado, seu colega de tratudo, precisamos dar o exemplo. “Desenvolver e motivar balho, seu líder. É entender que Essa não é a melhor forma, é a o ser humano e suas habilidades. Valorizar o não somos feitos apenas de maúnica. No mundo corporativo a sique cada pessoa e empresa tuação se repete. Não somos rotéria, que temos algo muito valitêm de melhor. oso além disso, e que existe um bôs, não temos chip e não conseMostrar que é melhor mundo invisível. É se tornar útil a guimos mudar padrões de comservir que ser servido. sociedade. portamento da noite para o dia. Fazer brilhar.” O ser humano pensa, sente Temos nossos valores pessoais e ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ e age de acordo com suas crencrenças que herdamos da nossa ças, valores, experiências, conhecimento. Ao mes- família. Portanto, quebra de paradigma, mudança mo tempo, tem muito para doar, para compartilhar, de comportamento e a criação de uma identidade para evoluir. É preciso reconhecer isso. coerente, que defina bem a Missão de uma empreDentro desse cenário, as empresas e corpo- sa, demandam tempo. Uma empresa não é feita rações procuram e sentem cada vez mais a necessi- apenas de máquinas. É, acima de tudo, feita de pesdade de formarem elementos humanos com quali- soas. De ideias. Dessa forma, treinamento, desendade, consciência e profundidade. Os empresários volvimento pessoal e uma imagem adequada são têm uma busca latente por “algo mais”. Falta algu- elementos fundamentais para se conquistar o suma coisa. Sim, falta olhar para o outro e enxergar cesso, prosperidade e felicidade. E só conseguem que por trás de cada rosto, existe uma história, uma alcançar aqueles que entendem ser esse, um propersonalidade e identidade únicas. Há uma neces- cesso contínuo e evolutivo. sidade de reconhecimento do desempenho no traEsse é o papel da Cnagai: desenvolver e motibalho e valor que cada um agrega através do seu var o ser humano e suas habilidades. Valorizar o que “know-how”, de suas habilidades. cada pessoa e empresa têm de melhor. Mostrar que Quando um líder consegue vislumbrar a rique- é melhor servir que ser servido. Fazer brilhar. Afiza que reside na diversidade, e valorizar os pontos nal, a essência do ser humano, é a essência do propositivos de seu liderado, o resultado é surpreen- fissional. dente. O mercado exige qualidade: no atendimenRosália Casagrande to, na entrega do serviço, no relacionamento interrosalia@cnagai.com.br pessoal. Por esse motivo, líderes e equipe precisam Tel.: (11) 3253-2757 ser treinados e desenvolvidos. www.cnagai.com.br

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