Revista da Editora UFSM ∙ Edição n. 7 ∙ 2020 ∙ ISSN 2359-4713
BOOKTUBERS O YouTube como ferramenta para falar de livros CLUBES DE ASSINATURAS DE LIVROS Tendência toma o mercado editorial e se expande pelo Brasil
PROFISSIONAIS DO LIVRO Conheça as formações para trabalhar em uma editora TRANSFORMAÇÕES E OS LIVROS A importância do acesso à leitura
Sete propostas para o mercado editorial
Jaime Mendes apresenta sugestões para o presente e o futuro das editoras
MAIS CONTEÚDO MAIS LIVROS MAIS INTERATIVO MAIS E-BOOKS MAIS RESPONSIVO E MAIS FORMAS DE PAGAMENTO
CHEGOU O NOVO SITE DA EDITORA UFSM
Acesse e descubra as novidades
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Editorial É com grande satisfação que chegamos à sétima edição da Revista Estilo Editorial, a qual tem como focos a produção e o mercado editorial, bem como ser um canal de comunicação da Editora UFSM com a comunidade universitária. O ano de 2020 foi extremamente desafiador, visto que afetou as nossas relações afetivas, sociais e culturais. Nesse sentido, a Editora UFSM passou por significativas mudanças visando estar mais próxima da comunidade universitária, mesmo sem termos um contato físico. Isto passou por ações como a modernização dos nossos sites (Editora, Livraria e Grife), o aperfeiçoamento do e-commerce, das redes sociais e de ferramentas como WhatsApp. Além disso, participamos de vários eventos e ações on-line, tais como a Feira do Livro de Santa Maria, onde lançamos 18 livros, a Feira Virtual da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU), as lives que realizamos, que tiveram como foco questões relacionadas à produção, à gestão e ao mercado editorial, à qualificação e ao aperfeiçoamento da nossa equipe com cursos de capacitação e o aperfeiçoamento do design e do projeto gráfico dos nossos e-books. Várias dessas ações os leitores poderão compreender com acuidade na presente edição em tela. Nesta edição os leitores terão pertinentes matérias, tais como as dos clubes de assinatura de livros, que são importantes formas de intercâmbio cultural para a disseminação da leitura e do conhecimento. Outros destaques nesta Estilo Editorial são os artigos de convidados, os quais versam sobre questões relacionadas ao mercado, gestão, edição de livros e sobre as tecnologias de informação. Além disso, trazemos uma matéria muito especial sobre a importância da qualificação e da capacitação de profissionais para trabalharem no mercado editorial, visando com isso que tenhamos cada vez mais profissionais proativos e que se dediquem com acuidade e seriedade à gestão, produção, editoração e comercialização de livros. Enfim, completamos sete anos à frente da Editora, Livraria e Grife da UFSM e sabemos que temos vários desafios pela frente, mas o que fizemos até aqui nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Para isso foram fundamentais o apoio, a dedicação e o entusiasmo de nossa abnegada equipe de servidores. Agradecimentos que estendo a todos os bolsistas, estagiários, autores, pareceristas, conselheiros editoriais e, para a edição desta revista, aos colegas Maicon Antonio Paim, Marina Boeira e ao Gustavo de Souza Carvalho, que desde a primeira edição desta revista vem sendo o responsável pelo design e a diagramação da revista. Por fim, compartilhamos com imensa satisfação que mais dois livros da Editora da UFSM, Moeda e Sistema Financeiro: ensaios em homenagem a Fernando Cardim de Carvalho e Economia Institucional e Dimensões do Desenvolvimento foram premiados respectivamente em primeiro e terceiro lugar no XXVI Prêmio Brasil de Economia, promovido pelo Conselho Federal de Economia (COFECON). Desejo um ótimo 2021 com paz, saúde, alegrias e também com vacinação para toda a população, possibilitando assim o retorno com tranquilidade às nossas atividades, bem como o contato presencial com a nossa comunidade. A todos uma boa leitura!!!
Prof. Dr. Daniel Arruda Coronel Diretor da Editora, Livraria e Grife da UFSM
Revista da Editora UFSM ∙ Edição n. 7 ∙ 2020 ∙ ISSN 2359-4713
Universidade Federal de Santa Maria Reitor Paulo Afonso Burmann
Vice-Reitor Luciano Schuch
Diretor da Editora UFSM Daniel Arruda Coronel
Expediente Coordenação editorial Maicon Antonio Paim e Marina Boeira Chagas
Projeto gráfico e diagramação Gustavo de Souza Carvalho
Redação Gabriel Marques, Gabrielle Pillon de Carvalho e Isabela Escandiel
Imagens Alana Anillo, Editora UFSM, Livraria UFSM, Grife UFSM, Equipe NTE, Freepik, Gustavo de Souza Carvalho, Pexels e Pixabay
Artigos de convidados Jaime Mendes, Marília de Araujo Barcellos e Paulo Roberto Colusso
Revisão de texto Maicon Antonio Paim, Tagiane Mai e Eduarda Gonçalves Paz (bolsista)
Sobre a Editora UFSM
Criada em 1981, a Editora da UFSM tem por finalidade implantar e executar a política editorial da Instituição. Assim, cabe à Editora editar e divulgar os trabalhos relacionados às atividades de ensino, pesquisa e extensão nos diversos campos do conhecimento ou que sejam relevantes ao progresso socioeconômico e cultural das comunidades regionais e do país. Ao longo dos seus 39 anos, a Editora UFSM tem publicado conteúdos que contemplam cada uma das suas cinco linhas editoriais e, assim, tem colaborado para a difusão cultural e intelectual do conhecimento produzido dentro e fora da Universidade.
Sobre a Revista Estilo Editorial
A Revista Estilo Editorial surgiu em 2014, com o propósito de divulgar as ações desenvolvidas pela Editora, promover a discussão de temas relacionados ao meio editorial acadêmico e servir como uma ferramenta de aproximação
Editora da Universidade Federal de Santa Maria Av. Roraima, 1000 – Prédio da Reitoria, 2º andar Campus Universitário – Camobi – Santa Maria-RS – 97105-900 Telefone: (55) 3220-8610 – E-mail: editufsm@gmail.com Site: www.editoraufsm.com.br Distribuição gratuita Impressão: Gráfica e Editora Copiart Tiragem: 300 exemplares
entre a Editora e o seu público. Desde a sua primeira edição, a publicação preza pela relevância e qualidade das matérias, entrevistas e artigos apresentados e pela qualidade gráfica das suas edições. Dessa forma, a publicação contribui para a propagação de ideias e saberes relacionados ao mercado editorial brasileiro.
NESTA EDIÇÃO
07
Pluralidade nos cursos e singularidade no trabalho: a formação para atuar em editoras
22
Série Caleidoscópio: Múltiplos olhares sobre o meio editorial
Livro reúne 12 Trabalhos de Conclusão do Curso de Produção Editorial
Especialistas contam o que é indispensável na formação para realizar o sonho de trabalhar no mercado editorial
10
Pesquisador de nível mundial
Livros publicados por professor da UFSM são referência para o estudo dos peixes
13
Licenciaturas da UFSM no Ensino a Distância
Os cursos de Educação do Campo e Educação Indígena promovem mudanças de perspectiva e proporcionam igualdade no Ensino Superior
16
A aprendizagem conectada: das tecnologias de informação e comunicação ao letramento digital
Paulo Roberto Colusso apresenta uma visão sobre a utilização das tecnologias educacionais em todas as modalidades de ensino
26
Para além do texto: fenômeno dos clubes de assinatura de livros propõe imersão literária
Espalhados pelo país, clubes como TAG, Turista Literário, Rádio Londres e Calhamaço encantam leitores de todos os tipos ao oferecer seleta literatura aliada aos boxes criativos que conquistam o mercado editorial
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Mar de incertezas no pós-pandemia: hábitos, rotinas e desafios em práticas editoriais
Marília de Araujo Barcellos apresenta um olhar sobre as facetas enfrentadas pelo mercado editorial após meses de paralisação, em que práticas de comercialização, edição, leitura mantiveram-se entorpecidas.
35
O Encantamento dos Sentidos
Livro do professor Rogério Koff estuda a teoria estética de Edmund Burke
38
As transformações da sociedade passam pelos livros Vitor Tavares traz em discussão a importância do acesso à leitura
62
Novos livros para diversas áreas
40
Saúde, arte, futebol, piscicultura e estética são algumas das temáticas que marcaram os lançamentos da Editora UFSM no último ano
História do Banditismo no Brasil
Lançamento da Editora UFSM é pioneiro no país e traz um compilado de abordagens que preenche importante lacuna na historiografia nacional brasileira
69
Conselho Editorial
Integrantes da UFSM compõem o órgão consultivo e deliberativo da Editora
43
De leitor para leitor: o booktuber na lanterna do público e do mercado
Com um papo sincero, uma câmera e uma estante ao fundo, os booktubers podem impulsionar tendências de leitura, no mesmo grau com que podem criá-las
49
71
Pareceristas
Os pesquisadores, externos à UFSM, que dão o aval para que um livro seja publicado pela Editora
Sete propostas para o mercado editorial fazer diferente e seguir adiante
Jaime Mendes sugere alguns pontos para discussão de alternativas que possam fortalecer o mercado do livro
54
Um ano com eventos a distância
Em 2020 a Editora UFSM teve que se reinventar para estar próxima do seu leitor
73
Distribuidores
Os diversos locais, em todo o país, onde podem ser comprados os livros da Editora UFSM
Para atuar em editoras
Pluralidade nos cursos e singularidade no trabalho: a formação para atuar em editoras Especialistas contam o que é indispensável na formação para realizar o sonho de trabalhar no mercado editorial O trabalho realizado em uma editora de livros contempla diversas funções, como a de editor, tradutor, revisor, diagramador, capista, isto é, todas as fases de preparação de um exemplar. Processos que vão desde a negociação para publicar um livro estrangeiro no país até o projeto gráfico de capa demandam profissionais preparados para situações específicas, logo com formações plurais. Nas editoras espalhadas pelo Brasil, é possível encontrar entre seus profissionais algumas formações predominantes, como Jornalismo, Letras e Produção Editorial/Editoração. Esta última é considerada a mais completa para o mercado, tendo em vista que o graduado se torna um profissional do livro, devido à ênfase do curso em cada uma das etapas de preparação de uma obra. Para a coordenadora do curso de Produção Editorial na UFSM, Prof. Sandra Depexe, o curso desenvolve nos alunos habilidades relacionadas à capacidade de experimentação e inovação, ao senso crítico e ao conhecimento do contexto histórico e contemporâneo, características procuradas por uma editora ao contratar. Ela afirma ainda que a profissão de produtor editorial é tradicionalmente associada às editoras, especialmente no que diz respeito às etapas de edição de livros impressos, como preparação de originais e revisão.
Já para Paulo Verano, professor do curso de Editoração da Universidade de São Paulo (USP) e diretor acadêmico dos cursos de Publishing da plataforma Casa Educação, o essencial para trabalhar nesse mercado é o gosto por livros e pela leitura. Ele enfatiza que uma editora precisa de “profissionais que gostam do que fazem, que se preocupam mais em buscar soluções do que meramente apontar os problemas”. Não menos importante é a capacidade de desenvolver uma visão própria do produto trabalhado, além da busca incessante por especializações, segundo o docente.
“é preciso ser proativo, ter conhecimento técnico na área de atuação, porque o negócio do livro é muito peculiar, e buscar aprimorar-se sempre, de modo a construir uma visão completa da cadeia editorial de ponta a ponta”, argumenta Verano
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Trabalho com o texto
Em relação à função de editor de textos, o professor diz que um dos principais desafios encontrados é o de exercer, com cuidado, suas competências linguísticas, adequando suas preocupações textuais com outras questões, como o relacionamento e o respeito ao estilo do autor da obra editada. Esse trabalho linguístico-textual converge para a área das Letras, em que, tanto com os cursos de Inglês e Espanhol quanto com o bacharelado em Língua Portuguesa, a escrita e a reescrita são aprofundadas. Seja para traduzir uma obra ou construí-la junto ao autor, esse profissional possui a competência necessária. Segundo a professora do Departamento de Letras Vernáculas da UFSM Andrea Reginatto, muitos dos alunos visualizam o trabalho voltado à língua. Nesse campo, ela acredita que o processo de revisão seja o mais atrativo para eles no mercado. Quanto ao perfil do profissional do livro, ela enxerga o entrelaço entre Comunicação e Letras como uma forma interessante para o setor: “Não diria que há um curso ideal para o trabalho em editoras. Penso que é preciso refletir sobre o perfil de quem irá trabalhar neste campo, pois trata-se de um trabalho que envolve, além da linguística, questões de diagramação”. Reginatto também persiste na ideia do editor como alguém que “faz tudo” em uma editora, o que exige organização no trabalho. Fruto dessa união entre comunicação e linguística, encontra-se o curso de Jornalismo. Para Viviane Borelli, docente de Jornalismo na UFSM, as disciplinas do currículo proporcionam ao futuro profissional uma formação humanista e crítica da sociedade, através da produção de textos e também da análise reflexiva do mercado discursivo das mídias. Para ela, é essencial que o jornalista adquira conhecimento sobre o processo de produção do livro, desde os critérios de seleção até a parte burocrática. Além disso, a professora destaca a necessidade do saber de jornalismo científico, a fim de produzir materiais com linguagens distintas de acordo com os públicos a serem alcançados com a publicação de matérias e material de divulgação. Tudo isso sem abandonar o gosto e o interesse pela literatura. Portanto, a presença do jornalista em uma editora incentiva publicações de revistas e conteúdos para blogs, fazendo com que o alcance da obra se estenda para outros espaços. Borelli sintetiza: “Ter mailing com os contatos, saber produzir material de divulgação para
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todas as plataformas midiáticas da editora, saber também produzir pautas e entrevistas com autores são habilidades fundamentais para o aprofundamento do tema relativo ao livro”.
Relação com o mercado através da publicidade
Outra área de destaque é a do Marketing, a qual proporciona a seu profissional oportunidades singulares em uma editora, como o acesso a boas pesquisas e contato direto com quem vende ou quem compra. Segundo Paulo Verano, profissionais com boa formação em negócios podem atuar em todas as pontas dentro de uma editora, da propriamente editorial à comercial, desde que se especializem para tal. Ainda assim, ele declara que é preciso que o Marketing respeite o Editorial e busque informação específica. Também ressalta que esse time necessita ser composto por pessoas interessadas por livros e por leituras. A professora Depexe concorda: “O profissional também pode atuar em áreas de planejamento, criação e gerenciamento de um produto editorial: da concepção, design, produção até estratégias de comunicação e marketing editorial”. Quanto à preparação do aluno para o mercado de trabalho, a coordenadora relata que a proposta experimental e criativa é enfatizada pelos professores, de modo a capacitar o aluno para a prática editorial a partir da atuação em disciplinas e em projetos com livros, revistas, vídeos, produtos hipermídia, demais produtos textuais, gráficos e digitais, sejam educacionais, científicos ou de entretenimento. Esses diferentes cenários demonstram como o trabalho em uma editora vai além da produção do livro, porque atinge o campo da divulgação e o da propaganda, os quais estão cada vez mais produzindo conteúdos próprios em redes sociais e abrindo espaço para quem é formado na área de negócios, administração e também marketing.
Capa como a roupa do livro
Enquanto alguns profissionais atentam-se ao texto e derivados, a iconografia do livro fica a cargo de outros, os designers. Com aprendizagem voltada a diversos tipos de materiais, tanto culturais quanto técnicos, a área gráfica e criativa é trabalhada nos cursos de Desenho Industrial ou Design. Professor da graduação em Desenho Industrial na UFSM, Mario Lucio Bonotto Rodrigues acredita que, antes de qualquer habilidade, o designer precisa compreender o trabalho em uma editora e o que
PARA ATUAR EM EDITORAS
ele significa. Segundo ele, o curso dá uma formação ampla ao aluno, para que ele esteja apto a trabalhar em qualquer lugar. A vantagem que o profissional possui é a da fácil adaptação aos diferentes programas gráficos utilizados de local para local. O futuro designer deve compreender que, entre as atividades gráficas existentes na produção de um livro, é ideal que a capa, a tipografia e a diagramação interna sejam pensadas juntas, porque, dessa maneira, a obra será projetada como um objeto único, conforme Mario Lucio. Ele continua ao dizer que a leitura da obra antes de desenvolver a parte gráfica é algo relativo: se for um livro técnico, pode-se ler apenas a sinopse ou entrevistar o autor; já se for o caso de um livro literário, é mais interessante lê-lo. Em relação ao mercado, o professor acredita que as editoras ainda precisam se abrir mais aos designers, pois, segundo ele, elas têm medo de ousar e apostar no novo.
Noções de mundo
Paralelo às funções delegadas a cada cargo nas editoras de livros, cabe ao profissional possuir conhecimento de mercado, construído por ele ao longo de sua formação – seja ela qual for –, como, por exemplo, o problema da violação dos direitos autorais de uma publicação através da internet. Verano afirma: “A pirataria é um grande problema para o mercado editorial. Nas redes sociais, muitas vezes até quem é do mercado editorial divulga ‘obras completas em pdf’ de autores que não estão em domínio público. Para se combater isso, além das medidas legais, é necessário investir na obtenção de conhecimento nessa área de direitos autorais”. Nessa via, um bacharel em Direito consegue encontrar seu lugar em uma editora. Além disso, torna-se de grande valia a ação de agentes literários na atualidade. Para o aluno aspirante a essa ocupação, o professor universitário comenta o caso do escritor Paulo Coelho e ressalta como é fundamental desenvolver o olhar perceptivo e analítico à cultura: “É certamente o escritor brasileiro mais reconhecido fora do Brasil e é de se lamentar que o mercado interno não o valorize nem o estude enquanto fenômeno comercial, nem a academia de modo geral o estude como fenômeno literário. Entender melhor o que levou Paulo Coelho a tal sucesso estrondoso (temáticas universais? certo rebaixamento de repertório?) poderia nos ajudar, inclusive, a exportarmos mais nomes literários”, observa.
Onde buscar formação A Casa Educação é uma escola de gestão executiva que realiza, entre outras modalidades, cursos e palestras presenciais e via EaD. Possui programas de liderança baseados nas publicações da revista Harvard Business Review Brasil. Com professores e profissionais especializados na área de Publishing, são ofertados cursos que vão de Literatura Infantil a MBA em Edição de Didáticos e Sistema de Ensino. A Universidade do Livro, da Editora Unesp (Universidade Estadual Paulista), oferece aos interessados no mercado editorial cursos a distância e presenciais de aprofundamento teórico e mercadológico no mundo do livro e da editoração. Além disso, possui um programa de articulação com a literatura, chamado “Encontro com escritores”, com a presença de nomes como Luis Fernando Verissimo e Milton Hatoum. A Cultura e Mercado é uma escola que oferece cursos sobre mercados de cultura, entretenimento, economia criativa e terceiro setor. Outro serviço fornecido é o de soluções, para as marcas interessadas em atuar no setor, com o oferecimento de palestras, seminários e conferências sob-medida e in company. O NESPE (Núcleo de Estratégias e Políticas Editoriais) é um centro de pesquisa em diversas vertentes da editoração, tais como a circulação e o comércio de exemplares, com o intuito de compartilhar informações para aprimorar os profissionais do mercado. Também disponibiliza pós-graduação em Edição e Gestão Editorial; Escrita Criativa e Preparação e Revisão de Originais.
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Pesquisador de nível mundial
Pesquisador de nível mundial Livros publicados por professor da UFSM são referência para o estudo dos peixes
Bernardo Baldisserotto é professor titular da UFSM e membro do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, atuando na linha de pesquisa ligada à piscicultura e à fisiologia de peixes. Durante seus 32 anos como docente na Universidade, Bernardo exerceu funções administrativas e publicou quatro livros pela Editora UFSM, que desde a primeira edição são sucesso de venda. Em 2020, Espécies Nativas para Piscicultura no Brasil chegou à terceira edição, com seu conteúdo revisto e ampliado servindo como uma valiosa fonte de consulta. Bernardo é formado em Oceanologia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), desde 1983. Respectivamente nos anos de 1987 e 1991, concluiu o mestrado e o doutorado em Fisiologia Geral pela Universidade de São Paulo (USP). Dez anos depois, iniciou o pós-doutorado na MacMaster University, no Canadá. Ele conta que esta foi a maior experiên10 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
cia durante sua vida acadêmica porque nessa viagem houve uma troca de conhecimento com vários pesquisadores de nível, de diferentes países: “Cada um estava fazendo seu trabalho, não era algo em grupo, mas mesmo assim havia muita conversa e interação sobre nossas pesquisas”.
O caminho até aqui
O interesse em seguir a carreira acadêmica começou ainda durante a graduação. Naquela época, muitos de seus professores não tinham pós, seja mestrado ou doutorado. Assim, frequentemente, os alunos eram estimulados a ingressar na docência após o término do curso. Hoje, aos 57 anos, Bernardo alcançou diversas conquistas que um professor almeja. Entre as funções que desempenhou nessas três décadas de UFSM está a de coordenador do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia. Inicialmente,
PESQUISADOR DE NÍVEL MUNDIAL
ele foi pego de surpresa nesse cargo, já que o professor Celso Mello, que cumpriria a função, precisou se ausentar. Essa responsabilidade ficou, então, a cargo de Bernardo. Enquanto desempenhava o cargo, surgiu outra grande vivência de sua trajetória, ao fazer parte da comissão de avaliação do CNPq em Brasília: “Foi um pouco diferente do que na coordenação, porque nem todos os projetos passavam por mim, era mais preparação de relatórios e atividades relacionadas à própria pós. No congresso [do CNPq] foi muito mais de seleção, então alguns projetos foram reprovados. Isto foi o mais difícil, ter que deixar algum projeto de fora”, comenta Bernardo. Foi lecionando em outra pós, na Zootecnia, que surgiu a necessidade de publicar seu primeiro livro. Havia poucas bibliografias que abordavam a fisiologia e a piscicultura, e as existentes não estavam traduzidas para o português. Então, Bernardo tomou a iniciativa de preparar um material que servisse de apoio para esse estudo em suas aulas e demais pesquisas. Fisiologia de Peixes aplicada à Piscicultura foi lançado em 2002 pela Editora UFSM. Desde então, já foram três edições e uma reimpressão, feita em 2018. Essa foi a primeira obra publicada pelo professor, posteriormente mais três inéditas seriam publicadas: Criação de Jundiá, Espécies Nativas para Piscicultura no Brasil e Farmacologia aplicada à Aquicultura.
Bernardo Baldisserotto observa um sistema de recirculação de peixes no Laboratório de Fisiologia de Peixes da UFSM
Bernardo revela ser mais satisfatório publicar livros, mesmo que mais trabalhoso, em vez de artigos. Para ele, os artigos focam muito mais em explicar e usam de dados, enquanto os livros se preocupam em expor o
tema. Ele também considera melhor publicar uma obra integrada sobre apenas um assunto do que livros sobre congressos, que, embora possam tratar da mesma área, não apresentam tanta relação entre os trabalhos.
Bernardo realiza experimentos no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia)
Processos de criação e reconhecimento
Nas duas primeiras edições de Espécies Nativas (2005 e 2010), Bernardo teve como coorganizador Levy de Carvalho Gomes, que foi seu orientando de mestrado em Zootecnia entre 1996 e 1997. “Trabalhamos juntos já faz 22 anos. O prof. Bernardo é um excelente orientador e uma pessoa maravilhosa. Eu considero que ter tido oportunidade de trabalhar e aprender com o professor Bernardo foi um dos principais suportes para o desenvolvimento da minha carreira. Eu sou muito grato por ter sido aluno dele durante o mestrado, isso mudou a minha vida, me deu direção”, diz Levy. Atualmente Levy é professor titular da Universidade Vila Velha. Quanto à preparação dessas obras, Levy destaca a primeira edição. Nela foi preciso definir toda a estrutura da publicação, a abordagem, os autores convidados e o público-alvo, que seria tanto do meio acadêmico como do setor produtivo. Foram escolhidas as espécies a serem estudadas e padronizados os capítulos. Assim, garantiu-se que os autores manteriam os textos similares um aos outros e a coerência na escrita. Bernardo classifica a etapa na qual cada autor convidado escreve o capítulo como uma das partes mais difíceis, em função dos prazos e eventuais atrasos. Nesse sentido, Levy observa que Bernardo é Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 11
uma pessoa calma e paciente, o que facilita o trabalho. Ele também exalta a dedicação e organização do professor: “É espantoso como ele consegue fazer tantas coisas ao mesmo tempo e todas bem feitas”. Levy vê esses livros como de fundamental importância em dois níveis, o acadêmico e o produtivo. No âmbito acadêmico, os livros fazem parte da bibliografia obrigatória de alguns processos seletivos para cursos de pós-graduação, de ementas de disciplinas de ensino técnico profissionalizante, de graduação e de pós-graduação. Um sinal do sucesso das publicações iniciadas por Bernardo pode ser observado pelo fato de que Espécies Nativas já tenha recebido mais de 100 citações. Ademais, o periódico Neotropical Ichthyology realizou uma revisão crítica dessa obra, com comentários positivos em relação a ela. “É uma grande alegria saber que os livros estão sendo bem recebidos e aproveitados pela comunidade acadêmica. Sinto-me motivado a continuar melhorando”, comenta Bernardo. Já no meio produtivo, é possível perceber a relevância das obras pela quantidade de vendas. Os livros se esgotaram rapidamente devido à grande procura por pesquisadores, piscicultores, estudantes e interessados pelo assunto.
uma grande contribuição feita pelo professor Bernardo para o entendimento dessas espécies e posteriormente para a criação delas em cativeiro. Célia também é pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – Regional (APTA) e conta que Bernardo é um pesquisador competente e reconhecido mundialmente: “Eu já conhecia seu trabalho, mas me lembro de conhecê-lo pessoalmente em 2010, no Congresso da WAS (World Aquaculture Society), em San Diego, EUA”.
Onde encontrar Todos os livros publicados por Bernardo junto da Editora podem ser encontrados em nosso site: www.editoraufsm.com.br.
Bernardo realiza experimentos no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia)
32 anos e contando
Mesmo após esses 32 anos como professor na UFSM, o tempo não desgastou o interesse de Bernardo em contribuir para o ensino. Antes mesmo da pandemia Farmacologia aplicada à Aquicultura (2017) do coronavírus, ele já planejava melhorar suas aulas Edição impressa: R$ 100,00 através de programas on-line. Com o uso do Regime de E-book: R$ 70,00 Exercícios Domiciliares Especiais (Rede) adotado pela Fisiologia de Peixes aplicada à Piscicultura (2018) Universidade, suas ideias puderam ser postas em práEdição impressa: R$ 52,50 tica. No âmbito da pesquisa, Bernardo deseja poder E-book: R$ 36,75 continuar orientando nos programas de pós-graduação em Zootecnia e Farmacologia e interagindo com outros Espécies Nativas para Piscicultura no Brasil (2020) pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Edição impressa: R$ 125,00 E-book: R$ 85,00 Bernardo Baldisserotto reconhece ter tido mais ligação com os alunos que orientou e ainda orienta. Para eles, espera deixar a busca pelo conhecimento: A presidente da Sociedade Brasileira de Aquicultura “O legado que quero passá-los é o gosto pela descoe Biologia Aquática (Aquabio), Célia Maria Dória Fras- berta e divulgação das pesquisas, bem como a ética, cá Scorvo, assinou o prefácio da terceira edição do li- respeito aos outros e a colaboração como partes fundamentais do trabalho”. vro Espécies Nativas para Piscicultura no Brasil. Ela vê
Criação de Jundiá (2004) Edição impressa: R$ 32,00
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Ensino a Distância
Licenciaturas da UFSM no Ensino a Distância Os cursos de Educação do Campo e Educação Indígena promovem mudanças de perspectiva e proporcionam igualdade no Ensino Superior A educação a distância proporciona inúmeras vantagens e é uma grande oportunidade para o ingresso no Ensino Superior, uma vez que essa modalidade oferece liberdade e autonomia para a formação, pois o aluno pode acessar as aulas de qualquer lugar, a qualquer hora, necessitando apenas de um dispositivo com acesso à internet, como um celular, computador ou tablet. Na UFSM, o órgão que implementa e gerencia os cursos EaD ou semipresenciais oferecidos pela Instituição é o Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), que também desenvolve projetos de educação com verba direta da Universidade Aberta do Brasil (UAB). Os cursos a distância ofertados pela UFSM são: Pedagogia, Licenciatura em Educação do Campo, Educação Especial, Ciências da Religião, Letras – Espanhol/Literaturas, Letras – Por-
tuguês e Literaturas, Licenciatura em Computação, Licenciatura em Educação Indígena, Licenciatura em Física, Licenciatura em Geografia e Licenciatura em Sociologia, distribuídos por quase 40 polos de ensino pelo Brasil e somando um total de 1.730 alunos regulares. Os cursos de Pedagogia, Educação do Campo e Educação Especial são os que contavam com mais alunos matriculados no primeiro semestre de 2020 – Pedagogia com 766, Educação do Campo com 285 e Educação Especial com 153 alunos. São ofertadas principalmente licenciaturas, em razão da prioridade da UAB em oferecer formação inicial a professores em efetivo exercício na Educação Básica pública. Todos os cursos têm duração indicada de oito períodos para conclusão, com exceção da Licenciatura em Sociologia, com nove Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 13
períodos. A UAB/UFSM já ofertou cursos em 69 polos, formou 2.708 alunos de graduação e 5.100 alunos de especialização, totalizando 7.808 alunos formados pelos cursos EaD. A série “Da distância à mudança”, produzida e publicada pelo NTE, traz histórias e depoimentos de alunos e ex-alunos de cursos EaD da UFSM, que revelam o esforço, os desafios, a gratificação e os sonhos que se tornaram realidade através da possibilidade de cursar uma das licenciaturas pela Universidade. A série mostra como os estudantes conseguiram obter ou ampliar sua formação, podendo ainda expandir seu conhecimento e lecionar para outras pessoas.
Do campo para o campo
Historicamente as populações do campo lutam por uma educação de qualidade e que respeite suas limitações e especificidades no contexto da agricultura familiar. Para suprir essa necessidade, o curso de Licenciatura em Educação do Campo foi criado em 2016, visando à formação e capacitação de profissionais de ensino para que atuem como educadores na Educação Básica nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Os egressos lecionam as disciplinas de História, Geografia, Sociologia e Filosofia, podendo ainda participar e auxiliar na elaboração e execução de projetos locais de desenvolvimento sustentável, por exemplo. O corpo docente do curso é formado por professores de quatro centros de ensino da UFSM, que são os Centros de Ciências Rurais, Sociais e Humanas, Naturais e Exatas e de Educação. Com 370 estudantes matriculados, a Licenciatura encontra-se disponível em 11 polos no Rio Grande do Sul. Entre os municípios, estão as cidades de Agudo, Novo Hamburgo, Santana do Livramento e Sobradinho. Por ser ofertada na modalidade a distância, o que aumenta a possibilidade de cursá-la, a graduação propicia que o perfil do estudante seja diverso e aproxima a população do campo à universidade. A coordenadora do curso, Liziany Müller, assegura que a elaboração da Licenciatura em Educação do Campo é inovadora pela modalidade em que se insere e pela temática do curso, e considera que a qualificação da juventude possibilitará a reprodução social da agricultura familiar. Ela ainda ressalta: “o curso tem o diferencial de estar contribuindo para a formação de professores voltados a atender a demanda das popu14 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
lações do campo, além de potencializar a mediação de conhecimentos e transformar a realidade onde vivem”. A acadêmica Claudia Porto Pasqualini percebeu a fuga existente do campo para a cidade e enxergou nesse cenário uma oportunidade de trabalho: “a educação no campo é mais voltada para aquilo que tu tem, para a cultura que tu já vive. Se tu tá no interior e busca no interior aquilo que tu tem, é muito mais revigorante fazer parte daquilo que tu tem”, ressalta, destacando ainda a importância do ensino a distância como algo muito mais próximo da sua realidade, pois permite estudar a qualquer hora, seja no sábado, domingo ou feriado. No primeiro semestre de 2020, nos meses de abril a julho, a licenciatura ofertou o curso de formação a distância em parceria com o NTE, em que proporcionou debates com temas interdisciplinares, sendo aberto para participação de toda a comunidade.
Qualificação aos caingangues
O mais novo curso a ser ofertado pela UAB/UFSM é a Licenciatura em Educação Indígena. Discutido e desenvolvido desde 2012, ele possibilita a formação crítica e qualificada do profissional indígena caingangue, capacitando-o para atuar na gestão escolar de Ensino Fundamental e Médio em comunidades indígenas caingangues, considerando os contextos interculturais. Multidisciplinar, a graduação possui quatro grandes áreas de formação: Ciências Naturais e Saberes, Línguas e Linguagens, Ciências Humanas e Territoriais e os campos da Arte e Cultura. A modalidade EaD se justifica devido às necessidades geográficas das comunidades e à presença de polos em diferentes áreas, podendo beneficiar diversas aldeias. Além disso, o curso também atende ao Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI (2016-2026) da Universidade, alinhado com os objetivos e metas da Instituição nos desafios quanto à educação inovadora e transformadora com excelência acadêmica, inclusão social e desenvolvimento local, regional e nacional. Atualmente, é ofertado em quatro polos de ensino, distribuídos nas cidades gaúchas de Constantina, Palmeira das Missões, Tapejara e Três Passos. Segundo a coordenadora do curso, professora Aline Ferrão Custódio Passini, os alunos são todos indígenas e o pré-requisito para confirmação da matrícula é ser da etnia caingangue. A licenciatura ainda não possui nenhum indígena em seu corpo docente, mas os caingangues já estão representados por dois tutores graduados.
ENSINO A DISTÂNCIA
A acadêmica Daniela Sales conta que as escolas indígenas possuem currículos próprios, com disciplinas como valores culturais, língua caingangue e artesanato. Por essa razão, quando um profissional chega na escola indígena para lecionar, não possui a aptidão necessária, pois vem de uma formação que não trabalha questões específicas da educação indígena. “Então eu acredito que todo esse conteúdo que a gente vai receber aqui nessa graduação, ele vai se encaixar e vai dar um aparato grande para nós produzirmos e trabalharmos uma educação diferenciada. A temática abordada vai aprofundar questões relativas à cultura, língua, saberes, enfim, toda questão cultural, e eu acho que isso é um ganho para nós, é um ganho para a comunidade”, pondera a estudante.
Coordenadora e discentes da Licenciatura em Educação Indígena
A maioria dos alunos já são professores nas aldeias, portanto o curso auxilia diretamente na formação desses professores para atuarem com maior qualificação. Tendo iniciado em junho de 2019, o curso conta com cerca de 40 alunos matriculados, distribuídos por várias aldeias. “Tem sido um grande desafio a todos, com ganhos imensuráveis para nós. Uma troca de experiências fantástica. Os alunos estão muito motivados para esse encontro, para realmente se sentirem parte da universidade”, revela a professora e coordenadora. A equipe de design gráfico do NTE elaborou a marca do curso, tendo como base uma pesquisa realizada com os acadêmicos caingangues sobre quais elementos os representavam e sobre os costumes e a educação indígenas, sendo selecionados a representação de um livro aberto, um cesto e grafismos caingangues. A coordenadora do curso garantiu que a marca desenvolvida teve ampla aprovação pela comunidade acadêmica. A criação da Licenciatura em Educação Indígena demonstra um olhar sensível e de grande responsabilidade social por parte da UFSM. O acadêmico Juvino Sales defende que a vivência, a convivência das comunidades, a cultura e a língua caingangues precisam continuar, mesmo que o índio esteja nas grandes cidades e nas universidades. Por isso, assegura que esse curso a distância é de grande importância para as comunidades indígenas.
Docentes e discentes no polo universitário de Tapejara.
Nesse sentido, o curso viabiliza mais qualidade e suporte à educação, oferecendo mais oportunidades, possibilidades e respeito aos indígenas. “Saliento ainda que a UFSM auxilia a suprir, a partir dessa licenciatura, uma lacuna histórica dos povos indígenas em relação a seu planejamento quanto a uma política educacional voltada para os povos indígenas e à luta secular de suas lideranças tradicionais e de seus professores por uma educação específica, diferenciada e de qualidade, elevando com isso, para outro patamar, a educação indígena caingangue em todo o estado do Rio Grande do Sul. Nosso curso é o primeiro e único no Rio Grande do Sul!”, declara a coordenadora, Aline. Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 15
A Aprendizagem Conectada
A aprendizagem conectada:
das tecnologias de informação ecomunicação ao letramento digital Por Paulo Roberto Colusso Na atualidade, vivemos em uma sociedade tecnológica, com possibilidades de informação e comunicação diversas e acessíveis. Essas possibilidades integram pessoas em diferentes grupos sociais e interesses, gerando conhecimentos e promovendo mudanças importantes nas formas de utilizar as tecnologias no ensino e aprendizagem. O ensino a distância nos demonstra, pelas metodologias utilizadas, a procura por diversificar os
meios que permitam ao aluno construir seu conhecimento, em uma forma consolidada de aprender. As pesquisas existentes não deixam dúvidas sobre a importância do processo de ensinar e aprender a 1 distância. A facilidade dos recursos didáticos digitais nos ambientes virtuais, com variedade de textos, imagens, movimentos, sons e interação dão ao professor e ao aluno possibilidades de interação diversas, individualizadas e flexíveis.
1 É coordenador do Núcleo de Educação Profissional a Distância do Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM/UFSM) e diretor do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE/UFSM).
16 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
APRENDIZAGEM CONECTADA
O letramento digital amplia as condições práticas de leitura e escrita na tela não conectada off-line e a internet envolve práticas on-line, permitindo aos alunos e professores a utilização da tecnologia de forma intuitiva, através de textos digitais, multimídias, objetos interativos, jogos, e muitas dessas formas agregadas e com possibilidades não somente de acessos como também de serem interativas. Os livros são importantes no universo da educação, mas com o acesso a conteúdo facilitado pela tecnologia podemos dizer que há uma série de caminhos fornecendo trilhas de informação e conhecimento, que podemos considerar em projetos e pesquisas. No processo de ensino-aprendizagem as tecnologias permitem que se utilizem mídias síncronas e assíncronas, o que oferece ao aluno e ao professor interação não só em acesso aos materiais didáticos, como uma interação em tempo real. Cabe organizar o conteúdo a explorar, seja em projetos, pesquisas ou estudos pelos sujeitos, seja em alunos ou professores, tanto em ambientes virtuais como em redes sociais, blogs e videoconferência. Os recursos pedagógicos nesses elementos didáticos, projetos ou pesquisas devem levar em consideração a análise, o planejamento, as variadas ferramentas e a diversidade de equipamentos para uma utilização adequada conforme os objetivos a serem alcançados. As interfaces interativas para a produção e utilização de textos, imagens e multimídia permitem facilitar o aprendizado, trazendo motivação, assimilação e interesse ao processo. Os computadores e a ampla possibilidade de aplicativos aliados aos dispositivos móveis aumentam a utilização de textos, imagens, sons, vídeos e jogos, requerendo algumas observações no tocante à produção e utilização de mensagens, videoconferências, textos e sons. As postagens dessas mídias devem observar o tamanho de tela, o tamanho de fonte, as cores e possibilidades de retorno e interação do receptor em função tanto de seu dispositivo, velocidade de internet, uso de dados para baixar e postar, considerando a obtenção do objetivo proposto. As possibilidades de interação em vídeos e imagens, como por meio das funções pausar, ampliar e editar permitem infinitas construções. Essas possibilidades, integradas à portabilidade conectada à rede de internet móvel, e a velocidade de tráfego de dados aumentadas no mundo contemporâneo, fazem um diferencial na utilização das informações e no conhecimento competitivo atual.
Um breve histórico
A história do computador é um exemplo claro do que estamos a explicitar, pois é espetacular o seu andor até o formato que contamos hoje. Desde as fitas perfuradas que recebiam as programações de homens e mulheres com as matemáticas e instruções em sua forma mais rudimentar de representar textos e resoluções, até o primeiro loop de Ada Lovelace, que revolucionou a programação e deu início à era das tecnologias que produziram aparelhos para uso pessoal. A liberdade que a tecnologia computacional proporcionou, individualizando as pessoas, se deu através de colaborações de muitos profissionais, contribuindo para uma revolução de informação e de conhecimento e rompendo estruturas de expressão e liberdade individual. As ideias criativas vêm de repente e combinadas com experiências anteriores, como disse Einstein, corroborado por Ausubel e seus subsunçores em teoria de Aprendizagem Significativa. Não significa dizer que nesse conjunto de experiências não existam ideias de outrem, mas na forma como a empregamos existe sim a criação pela capacidade de atingir determinados objetivos. Charles Reich, professor de Yale nos anos 1970, dizia que a máquina contribuiria para mudanças sociais, uma vez que fosse personalizada: “poderia ser utilizada para fins humanos, se tornando força criativa, renovando e recriando a própria vida”. Nessa época, aparecem gurus tecnológicos como Wiener, Fuler e McLuhan com mantras como “Turn on, boot up, jack in” (Ligar, Inicializar, Conectar-se). Em uma conferência na Universidade de Illinois, anos 1970, Alan Kay vaticinou que em uma década telas gráficas com janelas, ícones, hipertexto e cursor controlado por mouse seriam incorporados aos computadores. Esse projeto de computador teve inspiração no tipógrafo Aldo Manúcio - do século XVI -, o qual descobriu que os livros deveriam ter o tamanho que coubesse nos alforjes para serem levados a qualquer lugar - foi um passo importante para reconhecer o tamanho que o computador pessoal deveria ter para hoje o levarmos no bolso. No início dos anos 1970, o correio eletrônico, inventado por Ray Tomlinson, passou a integrar redes de pesquisadores, passando o endereçamento nomeusuário@ nomedoservidor a alcançar em poucos anos incrível popularidade e sucesso até nossos dias. Essas trocas de informações através de e-mails resultam na criação de comunidades virtuais, facilitando o que se tornou Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 17
um desejo dos usuários de internet, e tornando-se um grande sucesso com a criação de redes sociais off-line e agora on-line. Isaac Asimov disse, em 1979, que “este era o início da Era da Informação”. O anúncio foi feito em uma propaganda dos serviços telefônicos do Washington Post, que fornecia informações de tempo, bolsa de valores, horóscopos e notícias. A Apple, em janeiro de 1983, lança uma revolução nos computadores pessoais, um Macintosh (tipo de maçã apreciado por Jef Raskin2), com diferentes fontes, documentos, gráficos, desenhos, planilha eletrônica, aperfeiçoando e implementando a interface gráfica de usuário num pulo de interação homem-máquina. Outro campo fértil até os dias de hoje são as interações humano-computador em que Larry Page (um dos fundadores da empresa Google), influenciado por sua professora Judith Olson (interfaces fáceis e intuitivas), pesquisou, desenvolvendo ideias inovadoras para a época. O pesquisador fez com que alunos da Universidade de Stanford tivessem foco em empreendedorismo tecnológico, vindo a ser um de seus principais incentivadores. Sergey Brin e Larry Page, com o desenvolvimento de motores de busca, acabaram por criar um lema do Google “de tornar a informação do mundo universalmente acessível e útil a todos”, o qual perdura até os dias atuais. As pesquisas das interações humano-computador visando o usuário acabaram por dar inteira atenção à cognição humana, o design de interfaces. Como a linguagem computacional poderia passar de simples sistema colaborativo e com cada vez mais links, para um sistema com páginas, que realmente representassem importância na medida em que o número de links e sua qualidade apontassem para ela, a matemática foi uma ferramenta essencial para ajudar nessas classificações. Ao nos darmos conta da criatividade humana no desenvolvimento e avanço tecnológico das ciências, engenharia e educação, devemos levar em consideração que essa evolução é parceira da contribuição do desenvolvimento humano. Quando falamos de interação homem-máquina, estamos centrando nas necessidades que temos de resolver problemas complexos que auxiliam o belo, o criativo e a cultura, respeitando as humanidades. Essas associações são fundamentais e não devem ser esquecidas.
Tecnologia e educação na contemporaneidade
A utilização dos dispositivos tecnológicos na educação é um desafio a ser debatido e aprimorado, pois, assim como podem ajudar em inúmeras tarefas que o aluno pode efetuar com instrumentos da escola, também podem dispersá-lo nas possibilidades de uso de redes sociais, por exemplo. Dentre os recursos digitais, os objetos de aprendizagem são fundamentais, na medida em que compõem conhecimentos específicos para recursos e materiais didáticos necessários a determinados conteúdos, utilizando textos, imagens, sons interativos e jogos com a finalidade de complementar e auxiliar a assimilação e a aprendizagem. Esses recursos educacionais abertos são disponibilizados na rede em repositórios, podendo ser utilizados na íntegra ou editados dependendo de suas permissões para a composição de outros conhecimentos. A aprendizagem em dispositivos móveis se apresenta com possibilidades de alcance e individualização, proporcionando acesso à informação e conhecimento, em qualquer lugar e tempo. Também oferece solução de continuidade da educação, por exemplo, por meio de comunicação entre escola, alunos e famílias durante tempos de crise. Os dispositivos móveis se apresentam em uma gama infinita de possibilidades de conexão, telefones celulares, consoles de videogames, leitores de livros digitais, tablets, notebooks. Há mais de 5 bilhões de assinaturas de telefonia móvel no mundo. No Brasil, há mais de 230 milhões de assinaturas (ANATEL). A aprendizagem formal e informal são potencializadas por essas tecnologias com ampla taxa de penetração e com a criação de redes sociais e o auxílio a deficiências dos estudantes. Além disso, outro desafio que se apresenta, tornando-se ainda mais evidente no atual contexto de pandemia por conta do Covid-19, diz respeito à necessidade de capacitação para o uso de tecnologias digitais em ambiente educacional. O atual contexto suscita reflexões acerca da prática docente, evidenciando a necessidade de atualização e de domínio de novas habilidades, ressaltando-se aqui as competências relacionadas às tecnologias digitais de informação e comunicação.
2 Jef Raskin é um especialista americano em interação humano-computador. Tornou-se bastante conhecido por ter iniciado o projeto Macintosh para a Apple Computer no final dos anos 1970.
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APRENDIZAGEM CONECTADA
PRESENCIAL - UFSM - LOGINS 450.000
360.000
270.000
180.000
90.000
0
Maio - Dezembro 2014
Janeiro - Dezembro 2015
Janeiro - Dezembro 2016
Janeiro - Dezembro 2017
Quantidade de usuários distintos que acessam o moodle por mês
Janeiro - Dezembro 2018
Janeiro - Dezembro 2019
Janeiro Maio 2020
Quantidade de logins por mês
Figura 1 - Gráfico Moodle UFSM. Fonte: NTE/UFSM.
PRESENCIAL - UFSM - POSTS (Todos os papéis) 470.000
282.000 188.000 94.000 0
Maio - Dezembro 2014
Janeiro - Dezembro 2015
Janeiro - Dezembro 2016
Janeiro - Dezembro 2017
Janeiro - Dezembro 2018
Janeiro - Dezembro 2019
Janeiro Maio 2020
Figura 1 - Gráfico Moodle UFSM. Fonte: NTE/UFSM.
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Atualmente, com as bruscas mudanças no contexto escolar, com a suspensão de atividades presenciais nas escolas e universidades de todo o país, muitos professores buscaram alternativas tecnológicas para suas aulas e para a manutenção do vínculo com os alunos, gravando videoaulas, fazendo videochamadas, enviando áudios com explicações e tarefas e conteúdos via redes sociais, criando turmas em plataformas como o Google Classroom, utilizando ambientes virtuais de aprendizagem, como o Moodle da Universidade Federal de Santa Maria em exemplos nos gráficos aqui representados de logins com postagens de professores, tutores e alunos, podendo ainda conter dados de outras plataformas aqui não computados. Em exemplo do fato desses primeiros meses das suspensões das aulas presenciais, houve um aumento de 34% de usuários no ambiente virtual MOODLE da Universidade Federal de Santa Maria, um aumento de 53% de duração média de sessões e um número de usuários com acréscimo de 100%, passando de 6.000 para 12.000 usuários em mesmo instante. Esses aumentos de usuários e acessos, colocam o uso dessas plataformas virtuais, não como domínio, mas como experimentação, podendo ao longo do tempo representar desenvolvimento para novo design curricular visando uma aprendizagem significativa nesse espaço. Nesses estudos, através dos dados explorados, pode-se avaliar quais os sistemas operacionais os usuários utilizaram, bem como os dispositivos utilizados, servindo para o planejamento, a escolha e o uso das tecnologias para a possibilidade de ampliar a aprendizagem.
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Sistema Operacional
Usuários
1. Windows
21.664 (51,20%)
2. Android
14.704 (34,75%)
3. IOS
3.832 (9,06%)
4. Linux
1.358 (3,21%)
5. Macintosh
713 (1,69%)
6. Chrome OS
26 (0,06%)
7. Tizen
7 (0,02%)
8. Playstation 4
4 (0,01%)
9. SunOS
1 (0,00%)
10. Windows Phone
1 (0,00%) 24.157 Porcentagem do Total 100% (24.157)
Período 08/03 a 17/05 Figura 3 - Gráfico Moodle UFSM. Fonte: NTE/UFSM.
APRENDIZAGEM CONECTADA
Categoria do dispositivo 1. Desktop
Usuários
22.236 (54,30%)
2. Mobile
18.092 (44,18%)
3. Tablet
619 (1,51%) 24.157 Porcentagem do Total 100% (24.157)
Período 08/03 a 17/05 Figura 4 - Gráfico Moodle UFSM. Fonte: NTE/UFSM.
REFERÊNCIAS
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Com a mudança de contexto, professores, alunos e escolas tiveram que repensar suas práticas em sala de aula, buscando reinventar as formas de ensino e aprendizagem para um momento totalmente inesperado. No entanto, muitas dessas buscas recaem, ademais da dificuldade de acesso a dispositivos e à rede de internet, no problema da falta de capacitação tecnológica para os profissionais e para os estudantes. A capacitação é primordial para a compreensão das potencialidades da tecnologia como ferramenta de ensino e de aprendizagem, formas de utilização em sala de aula, recursos e objetos de aprendizagem, repositórios virtuais, possibilidades de interação e de construção de relações entre conteúdos e entre disciplinas, dentre outros. É um potencial de aprendizagem que deve ser levado em consideração, porém deve-se atentar para a construção de políticas que ofereçam soluções de acesso, possibilidades de posse de equipamentos pelos atores do processo e a capacitação ao uso das tecnologias disponíveis, não somente aos professores, como também aos alunos. A utilização das tecnologias educacionais em todas as modalidades de ensino está a hibridizar o processo de ensino-aprendizagem. As possibilidades da rede mundial de internet em portar informação e conhecimento, bem como em flexibilizar local e horário de acesso, tornam a utilização de recursos tecnológicos no ensino um processo sem retorno e aumentam a necessidade de apropriação do letramento digital em todos os níveis.
lifornia: Wadsworth, 2005. ISAACSON, W. Os inovadores: uma biografia da revolução digital. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. KRATHWOHL, D. R. A revision of Bloom’s taxonomy: An overview. Theory into practice, v. 41, n. 4, p. 212–218, 2002. LATOUR, B. Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 34, 1994. LÉVY, P. Ciberdemocracia. Instituto Piaget. São Paulo: Divisão Editorial, 2002. LING, S. Y.; DE MARTINO, M. M. F. Características cronobiológicas de um grupo de alunos universitários de enfermagem. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, v. 13, n. 1, p. 43-49, jan./mar. 2004. MILL, D. (Org.) Dicionário crítico da educação e tecnologias e de Educação a Distância. Campinas, SP: Papirus, 2018. PARRISH, P. E. The trouble with learning objects. Educational Technology Research and Development, v. 52, n. 1, p. 49–67, mar. 2004. SOLOMON, G.; SCHURM, L. Web 2.0: New tools, new schools. ISTE, 2007. Disponível em: <http://www.iste.org/docs/excerpts/ NEWTOO-excerpt.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2014. TAROUCO, L. M. R. Objetos de Aprendizagem: teoria e prática. Porto Alegre: Evangraf, 2014. UNESCO Policy Guidelines for Mobile Learning. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), 7. Place de Fontenoy, Paris, France, 2013.
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 21
Série Caleidoscópio
Série Caleidoscópio:
Múltiplos olhares sobre o meio editorial Livro reúne 12 Trabalhos de Conclusão do Curso de Produção Editorial
autores –, enquanto a finalização, revisão final e A Série Caleidoscópio: Estudos Editoriais está em seu segundo volume. Publicada em 2019, pela edi- impressão são feitas pela própria editora. Com o Volume III no horizonte, a professora Matora pE.com, a obra aborda diversos assuntos, que rilia conta que a Série tem recebido boas avaliações: variam desde livros, games, rádio, audiovisual, até narrativas transmidiáticas, plataformas digitais, “Desde o primeiro volume de Estudos Editoriais houve publicações científicas, entre outros temas. Orga- visibilidade na imprensa, inclusive nacional. Tivemos nizado por Marilia Barcellos, professora do Depar- maior aderência a outras editoras experimentais no país. E a inclusão em estudos acadêmicos como tamento de Ciências da Comunicação da UFSM, o da Sandra Santos, da Universidade de Aveiro, em livro também serve para aproximar os alunos da Portugal, na qual coloca entre outros laboratórios a disciplina complementar de graduação (DCG) de pE.com como referência de editora experimental”. Editora Experimental II às lógicas de mercado. Os volumes são lançados bianualmente, e a pE.com abre edital à publicação dos Trabalhos de Imersão nas Artes Conclusão de Curso (TCCs). Para participar, é necesGabriela Barreto é autora do capítulo que inisário que o trabalho tenha recebido nota igual ou cia a obra. Com o título “As cores contam histósuperior a 9 e que o texto tenha coautoria com o rias: a significação do vermelho do cinema”, em professor orientador. Os alunos matriculados na seu TCC ela fez uma análise sobre o vermelho nos DCG atuam em todos os processos de editoração filmes Beleza Americana, Moulin Rouge e Sexto – leitura, preparação de texto, tratamento de ima- Sentido. Para a publicação nos Estudos Editoriais, gem, projeto gráfico, diagramação e contato com abordou somente o Beleza Americana. 22 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
SÉRIE CALEIDOSCÓPIO
Na concepção de um produto audiovisual, como o cinema, entre tantos papéis, há o de diretor de fotografia, que pensa os enquadramentos, ângulos e lentes para cada cena a ser filmada, bem como o de diretor de arte, que planeja os cenários, figurinos e objetos. É nessas escolhas que a paleta de cores determina as sensações de cada ato da trama. Para Gabriela, “a questão das cores é que elas trazem uma magia ao filme que nem sempre as pessoas conseguem ver claramente. Elas apenas conseguem sentir que tem algo de diferente ali, que fascina, que torna tudo mais bonito e mais encaixado”. A cor vermelha é rapidamente associada ao amor, ao ódio ou ao perigo, sensações que sentimos ao vê-la representada. Ela também está presente em expressões como “ficar vermelho de raiva/vergonha” e “subir o sangue à cabeça”, sendo que o sangue nos remete à cor. Partindo para a compreensão do filme Beleza Americana, de 1999, o personagem principal, Lester Burnham, vive um casamento de aparências com sua esposa, Carolyn, tem uma filha rebelde e corre o risco de ser demitido de seu emprego. O vermelho aparece em várias situações: “a presença é sutil, mas faz toda a diferença no filme como um todo”, afirma Gabriela.
A personagem Angela em um dos pensamentos eróticos de Lester, cena do filme Beleza Americana, de 1999.
Pontiac vermelho na garagem, cena do filme Beleza Americana, de 1999.
A Personagem Carolyn está colhendo rosas no jardim, do filme Beleza Americana, de 1999.
Já na cena de abertura, Carolyn está colhendo rosas no jardim. A cor continua a aparecer nos pensamentos eróticos de Lester com Angela, melhor amiga de sua filha, no Pontiac na garagem, nas peças de roupa e na hora da morte do protagonista. “Em Beleza Americana, vermelho significa beleza, vida, morte, traição, sedução e acima de tudo: liberdade” (BARRETO, 2017, p. 72).1
Quanto à participação no segundo volume do livro, Gabriela diz que essa é uma boa forma de fazer com que seu trabalho não fique apenas nas páginas do TCC e espera que outros estudantes possam seguir a mesma linha de pesquisa: “Esse trabalho é um resumo de tudo que aprendemos na faculdade e é nosso dever levar esse conhecimento adiante. Além disso, sinto orgulho em saber que meu trabalho, que foi escrito lá em 2017, continua sendo lido por mais e mais pessoas”, conclui. Seguindo com a abordagem de obras cinematográficas, Emanuelly Vargas parte para a pesquisa de livros que inspiraram filmes. Intitulado “Estratégias para apresentar temáticas em interface com a ciência em narrativas de ficção científica”2, o estudo identifica as metodologias usadas e aponta maneiras de tornar essa modalidade mais abrangente na literatura e na sétima arte. Foram selecionadas as obras História da sua vida (livro) e A Chegada (filme); e Contato (livro) e Contato (filme).
1 BARRETO, Gabriela de Souza. As cores contam histórias: a significação do vermelho do cinema. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social – Produção Editorial) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2017. 2 Título adaptado para a publicação. Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 23
Emanuelly ressalta que seu trabalho não é dedicado a comparar as obras, e sim perceber como é feita a troca de conteúdo de um modelo para o outro: “Me parece algo equivocado a ideia de escolher um em detrimento do outro. Cada um dos formatos tem suas peculiaridades, cada um é capaz de nos provocar experiências diferentes. Ter acesso a diferentes obras é algo a se comemorar, não algo para criar oposição”.
Outro item trabalhado na pesquisa da Emanuelly foi o papel da área da comunicação em contato com a ciência. Muitas vezes, os comunicadores trabalham como tradutores de conteúdo e divulgam as informações vindas do campo científico. Segundo ela, ciência e comunicação ainda estão aprendendo a trabalhar juntas, e a dificuldade está em escrever sobre ciência respeitando suas complexidades e ao mesmo tempo expressando vivências e sentimentos. “Minha viagem pela Arte Moderna: livros de arte para crianças”3 é o projeto experimental feito por Alana Anillo. O trabalho consiste na criação de um box com cinco livros destinados ao público infantojuvenil (de nove a 12 anos), que retratam escolas artísticas do período moderno. São elas o Impressionismo, o Pós-Impressionismo, o Cubismo, o Neoplasticismo e o Suprematismo. É dado destaque ao autor de maior relevância em cada fase, respectivamente Claude Monet, Vincent Van Gogh, Pablo Picasso, Piet Mondrian e Kazimir Malevich.
Capa do livro História da sua vida e outros contos e pôster em inglês do filme A Chegada.
Ao analisar a forma de linguagem em cada uma das obras, a autora percebeu que “os termos em si aparecem de forma muito parecida com o que é usado no campo científico. Os termos se apresentam da mesma forma que um cientista falaria, a grande diferença é que ele está em um contexto que é comum a todos nós”. Para ela, as diferenças estão no formato e nas limitações do livro e do cinema.
Os cinco livros que compoem o box Minha viagem pela Arte Moderna: livros de arte para crianças.
Capa do livro Contato e pôster em inglês do filme Contato.
3 Título adaptado para a publicação.
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Por se tratar de um projeto que envolve arte e crianças, Alana teve que buscar aportes teóricos além do campo da comunicação. Foi necessária a leitura de bibliografia das artes, literatura, pedagogia e psicologia, para que a construção do trabalho estivesse coe-
SÉRIE CALEIDOSCÓPIO
rente com as necessidades do público-alvo: “Passei por livros do CAL, do CE e do CCSH que jamais eu pensei em ler. Fiquei um ano mergulhada em universos que ainda não tinha explorado, o da arte moderna e o da cognição infantil”. Isso porque, às vezes, dependendo da idade, as crianças não são capazes de perceber detalhes, na forma ou na cor. Para que o conteúdo dos livros estivesse adequado ao entendimento dos pequenos leitores, a descrição de cada escola artística foi feita de forma resumida, porém sem perder seu conteúdo e sua essência. Outra forma de atrair a atenção à leitura está na maneira como o projeto foi pensado. O box tem o formato de uma mala de viagem. Ao abri-lo, a criança encontrará, além dos cinco livros, um pequeno passaporte para anotações, adesivos, cartões-postais, tintas e papéis para usar nas atividades de fixação propostas nos livros: “Acredito que tornamos o processo de entendimento da arte mais divertido, dando liberdade à criança de criar à sua maneira, mostrando que nem só as crianças pintam sem forma definida, que pintores adultos fizeram o mesmo e foram reconhecidos por isso”, diz Alana.
Na confecção de cada livro, Alana precisou realizar algumas etapas do trabalho fora dos programas de computador. Na construção do miolo, ela tirou várias medidas para que as páginas se ajustassem ao grid produzido e para que o texto coubesse naquele espaço. Os detalhes que compõem os livros foram feitos à mão, com pinceladas ou com o uso de uma bola de papel para criar os efeitos do Impressionismo: “Usando apenas o computador eu não conseguiria transmitir a sensação da pincelada no papel nem a imperfeição do traço. Foi trabalhoso, mas amo o resultado”. Alana não descarta a possibilidade de, no futuro, prosseguir com esse trabalho, com novos artistas da Arte Moderna, entretanto ela pondera que o projeto experimental não se restringe apenas a criar um produto. Ele é chamado de experimental porque possibilita descobrir novas fontes de inspiração, fugir do óbvio e não apenas produzir mais do mesmo.
Novas publicações
A professora Marilia Barcellos lembra como a ideia desse trabalho surgiu, em 2012: “Uma informação que poucos sabem é que quando prestamos concurso, no caso da Produção Editorial, houve uma prova prática em que os candidatos deveriam propor um projeto editorial. E a série Caleidoscópio foi o meu. Enfim, deu nisso. Um projeto que tem nos dado muito trabalho, mas infinitas alegrias”.
Capas da obra seriada Estudos Editoriais volume I (2017) e volume II (2019).
Box de livros da Minha viagem pela Arte Moderna: livros de arte para crianças, em formato de uma mala de viagem.
A Série Caleidoscópio abrange a publicação da obra seriada Estudos Editoriais volume I (2017) e volume II (2019). Novas publicações estão nos planos da editora e vão além dos Estudos Editoriais. A proposta dentro da pE.com é de continuar com obras que versem sobre os diferentes olhares na produção editorial. Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 25
Para além do texto (Divulgação)
Para além do texto:
fenômeno dos clubes de assinatura de livros propõe imersão literária
Espalhados pelo país, clubes como TAG, Turista Literário, Rádio Londres e Calhamaço encantam leitores de todos os tipos ao oferecer seleta literatura aliada aos boxes criativos que conquistam o mercado editorial Sucesso no século XX até o hiato começado nos anos 1990, os clubes de assinatura de livros no Brasil ganharam força com a ascensão do comércio on-line, o qual não somente possibilitou seu marketing ostensivo, como também proporcionou um terreno fértil para que a experiência de receber em casa um livro novo todo mês fosse compartilhada por toda uma comunidade virtual, através das redes sociais. Nesse cenário, surgiu a gaúcha TAG - Experiências Literárias, em 2014. De lá para cá, o clube acumula mais de 50 mil associados, que se dividem entre quem assina a categoria Inéditos e a Curadoria. Esta oferece livros selecionados por persona26 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
lidades, como Luis Fernando Verissimo; já aquela tem os exemplares escolhidos conforme o sucesso obtido pelo livro no exterior, assim os assinantes recebem em primeira mão o lançamento no país. Luise Spieweck, analista de conteúdo da TAG, ressalta que a curadoria, além de estreitar a relação entre os escritores e aqueles que já são seus fãs, busca fazer com que mais pessoas conheçam e se interessem por essas figuras. “Temos muito respeito e admiração pelos nossos curadores e buscamos transmitir isso nos materiais complementares aos livros do mês, em entrevistas e matérias nas nossas revistas, por exemplo”, explica.
PARA ALÉM DO TEXTO
(Divulgação)
Nesse âmbito de experiência literária por assinatura, também se encontra o Clube Calhamaço. Segundo seu responsável, Diego Lautert, a ideia surgiu da vontade de indicar livros para um público maior, isto é, para pessoas além de seu círculo de contatos, que quisessem receber indicações literárias interessantes. Para ele, a questão norteadora do clube é fugir do óbvio, através de uma curadoria de qualidade. “Na cultura digital que tem se desenvolvido no século XXI, estamos cada vez mais expostos a algoritmos que buscam nos manter consumindo o mesmo tipo de informação e de cultura, como, por exemplo, ‘Se você comprou X, provavelmente vai gostar de Y...’, ou ‘Frequentemente comprados juntos...’ e por aí vai. Isso acaba nos deixando meio autocentrados e fechados na mesma bolha”, analisa.
Da tela do celular ao olho vivo
Segundo o pesquisador da pós-graduação em Comunicação da UFSM e autor de pesquisas sobre a TAG, Jean Rossi, a “cereja do bolo” do clube são seus encontros presenciais, pois proporcionam ao leitor a oportunidade de tornar a leitura íntima uma experiência coletiva. Luise concorda ao revelar dois benefícios principais dos encontros. O primeiro é o de promover o debate de ideias e, assim, estimular a leitura e o pensamento críticos sobre o texto. O segundo é a ampliação do círculo de convívio, ao possibilitar que os associados conheçam pessoas com interesses em comum Para Érika Luft, administradora que assina a Curadoria desde 2016, a troca de vivências entre os leitores a ajuda a persistir em uma história: “eu adoro debater sobre esses livros porque eu mudo radicalmente de opinião sobre várias percepções que eu tive durante a leitura”, conta. Antes de acontecerem as reuniões para debate, o aplicativo do clube faz o papel de integrador de todos os associados, tornando-se um espaço para que cada um comente, compartilhe fotos, dê notas às obras, como uma comunidade.
Leitura para fora do livro
(Reprodução Instagram)
Outro clube que se destaca quanto à experiência de leitura é o Turista Literário, das irmãs Mayra e Priscilla Sigwalt. O box do clube vem com uma variedade de itens, como souvenir e um guia de viagem, utilizado como passaporte para registrar os lugares presentes nos livros enviados. Porém, o diferencial de seus boxes Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 27
está nos brindes de imersão sensorial, isto é, objetos com o propósito de despertar os sentidos humanos, como olfato e paladar, para fazer o leitor ter acesso às sensações descritas nos livros. Já foram entregues velas aromáticas, bolachas, enfeites decorativos, além da preparação de uma playlist inspirada na trama da obra. A assistente administrativa Thauane Almeida descreve sua experiência com o clube: “Poder sentir o cheiro de florestas, entre outros, permitiu a imersão na leitura muito mais real. As playlists também tiveram grande importância no auxílio em saber o que sentir em cada acontecimento, igual a um filme”. O brinde incentiva o leitor a consumir outras mídias, acrescenta Jean Rossi. Ele afirma que a experiência sempre se complementa no espaço virtual, por meio de podcasts, vídeos no Youtube, entre outras mídias que uma empresa possa utilizar. É algo com a finalidade de deixar quem lê curioso sobre o conteúdo e, dessa forma, descobrir o significado ao longo das páginas, complementa o comunicador.
assinantes. A psicóloga Ana Cristina Bolli é uma das leitoras do clube. Ela revela que esse fator é o responsável por deixá-la curiosa e propensa a assinar, já que havia lido a maioria dos livros clássicos ao longo de sua vida e gostaria de saber mais sobre a literatura contemporânea: “comecei a perceber que vários ótimos autores do mundo não eram publicados aqui no Brasil e passei a me interessar por literatura de outros países que não só os usuais, gostei muito de ler os holandeses”. Ela também observa como as obras africanas estão em alta.
(Reprodução Instagram)
“acho fascinante conhecer, através de um bom livro, outras culturas e formas de viver e pensar, o mundo da literatura é inesgotável”, admira Ana Cristina
(Reprodução Instagram)
Sair da zona de conforto
Um dos aspectos dos clubes de assinatura de livros é a proposta de experimentar algo novo. Seja um gênero literário pouco comum, seja um autor não muito conhecido, é dessa maneira que eles chamam a atenção do consumidor, obtendo destaque em meio aos best-sellers de grandes livrarias. Entre os clubes que utilizam essa fórmula de vendas está o carioca da Editora Rádio Londres, o qual lança autores atuais de diferentes nacionalidades para seus 28 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
O cenário para a TAG é semelhante, conforme a pesquisa de Rossi. Inclusive, ele observa que esse é um dos motivos pelos quais as pessoas aderem ao clube. Mesmo com o fato de o Brasil historicamente sofrer com influências externas em produtos culturais e midiáticos, autores fora dos eixos europeu e norte-americano tendem a enfrentar mais resistência dos leitores. Ele aponta que “a TAG assumiu um compromisso muito bacana de trazer para o clube esses autores não tão conhecidos”, mas reconhece a coexistência deles com os europeus e norte-americanos. “No fim, o clube tenta equilibrar para que a experiência dos leitores seja a mais plural possível”. Na sua experiência de quatro anos com a empresa, Érika compara sua rotina literária antes e depois da assinatura: “de repente, recebo livros que eu não com-
PARA ALÉM DO TEXTO
praria se fosse em uma livraria. Foi bem desafiador, mas me tornei mais eclética e comecei a pesquisar os assuntos que começaram a me interessar, por consequência acabei lendo mais”, repara. Conforme o Calhamaço, sair da zona de conforto é ir além dos best-sellers, pois eles pertencem a uma indústria que acaba se retroalimentando e, dessa forma, ofuscando o trabalho dos autores de outras obras. Lautert diz mais: “procuramos devolver o brilho merecido ao trabalho editorial de qualidade que é feito no Brasil, conectando esse trabalho com leitores que querem se desgarrar da manada dos livros do momento”.
Modelo de negócios
No formato adotado pelos clubes de assinatura como um todo, com o box, existe o fator surpresa, isto é, o assinante não sabe qual livro chegará em sua casa. Para a TAG, segundo Luise, esse é um dos pilares fundamentais de seu funcionamento. As pessoas fazem diversos questionamentos do porquê comprar um livro sem saber o título, ou sem a garantia de que será uma obra da qual se vá gostar, ela admite, e termina ratificando que essa é a graça e a dinâmica do clube. Já entre os leitores, há múltiplas opiniões. Para Thauane, o livro que seria mandado era o que menos importava: “Ficava ansiosa pelos outros itens. Para ver o quão profunda seria a imersão na leitura. Assim como a experiência num todo”. Todavia, para a assinante do Clube da Rádio Londres, Ana Cristina, é vantajoso saber qual obra chegará pela transportadora.. Antes de se associar, ela pesquisou o catálogo no site da editora e depois os autores, já que grande parte nunca publicou no Brasil. Não menos importante, surge a incógnita da sustentação desse mercado no ano da pandemia do coronavírus. Para Diego Lautert, o mercado livreiro estava esboçando uma recuperação neste ano, mas deve sofrer com a situação de crise. “Ainda é uma realidade imponderável, inquantificável, mas não há dúvida de que vai impactar muito nos resultados deste ano. Mas minha visão de longo prazo não muda, o setor de livros deve crescer no Brasil. Talvez aos solavancos, à mercê da economia, mas deve crescer de forma consistente nos próximos anos”, pondera. Ele também acredita que o Brasil é um país que lê pouco, mas tem potencial, principalmente por as pessoas estarem mais em casa, por isso a distribuição desses serviços, em sua maioria digitais, não seria tão precarizada pelo atual cenário.
Relação clube-editora
Os clubes podem nascer tanto de uma editora, com o propósito de vender seus próprios lançamentos, quanto de um grupo de pessoas interessadas em compartilhar uma mesma leitura. No meio disso, há parcerias entre os dois, como no caso da TAG. Por meio de uma coleta de dados do aplicativo dos assinantes, o clube envia as informações para a editora, repassando quais são as tendências deles como consumidores perante uma obra. Segundo Jean, esses dados são um embasamento repassado como relatório para as editoras utilizarem em estratégias de venda posteriormente, o que faz com que a TAG contribua para os livros no mercado editorial “bombarem”. Outra parte dessa parceria está na divisão de funções no processo de lançamento de um livro. Por exemplo, o clube garante à editora a venda de certa quantidade de exemplares, enquanto ela cuida da parte burocrática, como o processo da compra dos direitos autorais de uma obra estrangeira. “Penso que as vantagens são válidas para ambos”, conclui o pesquisador.
O consumidor
Uma das projeções feitas para o mercado de assinaturas como um todo é de que, cada vez mais, os processos sejam participativos, com o consumidor exercendo um papel ativo no produto que adquire. Para Rossi, as empresas querem oferecer mais experiências e não apenas serviços, e isso é possível ao entregar alternativas: “A Netflix, por exemplo, dá a liberdade de escolha entre um catálogo de milhares de produções. O Spotify, de milhares de músicas, e assim por diante. O que se espera do mercado de assinaturas, ao menos, é justamente a comodidade e exclusividade dos serviços”, analisa. Érika também enxerga o tom de exclusividade na comunicação com o leitor como uma das razões que a fizeram assinar a TAG: “senti algo mais aconchegante. Não sei se foi na linguagem das postagens ou no fato de ser daqui do RS. Eu não conhecia nenhum assinante (em 2016) e nenhum dos meus amigos conhecia o clube, então acredito que tenha sido a questão das postagens mais ‘lar’ que eles fazem, sabe?”, comenta a respeito do marketing. Quanto ao perfil de leitor, para o Calhamaço, é aquele que está disposto a se aventurar pela boa literatura, porque ela não está reservada apenas a intelectuais e acadêmicos. Quem já tem uma carga literária adquirida também tem seu lugar: “ele será recompenEstilo Editorial | Edição 7 | 2020 29
sado com obras que escapam do óbvio e que muitas vezes passam despercebidas no mercado”, acrescenta o responsável pelo clube, alegando ainda que é difícil estimar qual é o leitor médio brasileiro. Em outra perspectiva, para a leitora Thauane, o que mais compensou ao entrar para a comunidade do Turista Literário foi o fato de adquirir ganhos pessoais e profissionais. Ela destaca a partilha de experiências.
os leitores têm acesso a um material exclusivo e complementar na internet. Já foram lançados livros sobre mudança de hábitos, ansiedade, autoestima, depressão e, recentemente, sobre a saúde mental na pandemia.
“ter com quem conversar sobre livros, discutir sobre a mesma leitura e saber que essas pessoas partilham deste mesmo sentimento foi uma experiência grandiosa”, lembra Thauane Extra - Clube de assinatura de livros além da literatura
Tão crescentes quanto os literários, clubes como Panaceia, Empiricus Books e Eurekka ocupam um espaço único no meio das assinaturas. Isso porque cada um se detém sobre uma área do conhecimento para selecionar os livros, ou seja, as publicações são específicas de um tema e, dessa forma, atendem a um público que sabe o que quer consumir e quer consumir um conteúdo especializado. No caso do Panaceia, em suas indicações são encontrados livros de cunho político, educacional, histórico-geográfico e sociocultural. Já a Empiricus Books traz obras sobre economia, mundo financeiro, investimentos e desenvolvimento.
(Reprodução Instagram)
PREÇO TAG INÉDITOS
R$45,90 (ANUAL)
R$52,90 (MENSAL)
Lançamentos internacionais inéditos no Brasil
TAG CURADORIA
R$55,90 (ANUAL)
R$62,90 (MENSAL)
Indicações de escritores
TURISTA LITERÁRIO
R$71,90 (ANUAL)
R$79,90 (AVULSA)'
Literatura Young Adult
RÁDIO LONDRES
R$35,00 (MENSAL)
R$105,00 (TRIMESTRE)
Literatura Contemporânea
CALHAMAÇO
R$44,90 (AVULSO)
R$36,90 (ANUAL)
Literatura de ficção; livros garimpados
BUX CLUB
Entre Entre R$49,90 R$44,90 e e R$ 72,90 R$ 65,90 (MENSAL) (ANUAL)
PANACEIA
R$62,90 (ANUAL)
R$69,90 (MENSAL)
EUREKKA
Não há plano anual
R$59,30 (MENSAL)
PACOTE DE TEXTOS
R$39,90 (ANUAL)
R$47,90 (MENSAL)
INTRÍNSECOS
R$49,90 (ANUAL)
R$54,90 (MENSAL)
(Reprodução Instagram)
Também há o clube Eurekka, fundado no ano de 2017, por três jovens psicólogos em Porto Alegre. A cada mês, seus assinantes recebem um kit de Saúde Emocional em casa, o qual aborda alguma temática do cotidiano sob o viés da psicologia, como guias práticos. Depois, 30 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
SOBRE
Composto por 18 curadorias de personalidades, que indicam livros de cada gênero/assunto Indicações de curadores; livros de política, jornalismo, história, filosfia, economia, etc. Os livros ensinam conceitos da Psicologia de um jeito descomplicado e prático Livros de autores consagrados e lançamentos aclamados pela crítica Lançamentos da editora Intrínseca
hábitos, rotinas e desafios em práticas editoriais
Mar de incertezas
Mar de incertezas no pós-pandemia: Por Marília de Araujo Barcellos1
“As pessoas podem não lembrar exatamente o que você fez, ou o que você disse, mas elas sempre lembrarão como você as fez sentir” Maya Angelou Em tempos pós-pandêmicos, quando nem sequer se sabe definir a linha tênue que demarca a última fronteira do final da passagem do vírus por entre os ambientes, os desafios enfrentados passam a ser não somente de ordem pessoal, como, também, profissional. Nesse sentido, propõe-se, aqui, um olhar sobre as facetas enfrentadas pelo mercado editorial após meses de paralisação, em que práticas de comercialização, edição, leitura mantiveram-se entorpecidas. Hoje, com a retomada da normalização dos setores de produção, hábitos e conjunturas rompem-se com a rotina até então dominada. Para tanto, concebeu-se um cenário possível em que agentes do campo editorial, como editores e leitores, atuam. Contudo, a questão a ser perseguida é: o período de pandemia foi suficiente para criar hábitos que definam novas práticas no comportamento de editores e de leitores/consumidores? Eis a questão. Sob o contexto epidêmico, dominado pelo ‘invisível’, a situação da indústria editorial vê-se diante de imenso oceano de incertezas e, também, de possibilidades para a sobrevivência. O planeta é o mesmo, mas as condições em que se navegam
não. A verdade é que o cenário se nos apresenta um tanto difuso, pouco transparente. Portanto, ao falar do produto ao qual se submete, o livro, o mercado embrenha-se no fenômeno cíclico da maré das alternativas de como nortear a embarcação. E, talvez, uma das opções seja a de se repensar, para poder enfrentar a tempestade. Reescrever as linhas de uma rotina estabelecida há séculos, em que o produto era somente impresso, a comercialização e o acesso ao livro quase que se repetem, como destaca Jaime Mendes (08/07/2020). Por outro lado, não se pode deixar de considerar a situação dos leitores/consumidores – ponta extrema da cadeia produtiva –, em meio a esses novos hábitos. Por certo que o comportamento sofrerá alteração diante das novas práticas de procedimentos que se impuseram no decorrer da quarentena. Pesquisas realizadas sobre o novo comportamento do consumidor apontam para um maior direcionamento ao entretenimento em várias de suas categorias: em destaque, rede social, além de cem outros canais, como o Youtube, streaming como Netflix etc. Mas, aliados a outros hábitos inseridos no cotidiano, como cuidar da saúde, da higienização e da imunidade, além de maior convivência familiar, apreciar vestir um bom pijama, zelar o corpo e a casa, configuram-se em novos comportamentos que tendem a se manter em período pós-pandêmico.
1 Professora Assistente do Departamento de Ciências da Comunicação UFSM. Dra. em Letras | Estudos de Literatura PUC-Rio. Membro do Grupo de Pesquisa de Produção Editorial, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - Intercom.
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Incerteza, volatilidade e mobilidade
Da incerteza às novas formas de viver: uma análise sobre o novo cotidiano, pesquisa sobre comportamento e varejo, realizada em julho de 2020 (PIRES; BERNARDES; 2020), realça três eixos para se pensar a relação no pós-pandemia, a saber: a incerteza, a volatilidade e a mobilidade. Segundo as pesquisadoras, essas forças “juntas determinam as respostas comportamentais que vêm ganhando tração desde o início da crise e do isolamento social”(idem). Em síntese, as tendências apontam para a insegurança de como proceder, uma vez que modelos anteriores podem não mais funcionar, identificando novas formas de abordagem; por parte dos consumidores é maior a cautela nas escolhas para as compras. Muito em virtude das instabilidades, inclusive a financeira, e o surgimento de novos canais para consumo no modo on-line, de serviços on demand e opções de delivery. Pode-se pensar em outras alterações na rotina alimentar e atividades físicas, além de como utilizar o tempo para o entretenimento, e por conseguinte, o espaço para leituras, em meio a tantas outras mídias disponíveis num clique. Os resultados destacam a importância de quesitos como segurança, conforto e familiaridade. É compreensível, uma vez que a relação público e privado mudou, a vida na pandemia se instalou a partir de sua casa, quando o produto chega em seu lar, os espaços ganham o status de minimundo, do ‘meu lugar’. Aliás, tal atitude não deve ser considerada novidade, uma vez que o acesso à rede social vem ampliando o uso das mídias, e o livro não seria uma exceção. Afinal, conteúdos disponibilizados na rede social induzem ao consumo, e dentre eles insere-se o livro. Aqui, considera-se livro para além do objeto impresso, estendendo-se ele a modalidades de narrativas em diferentes suportes. Nesse caso, também são levados em conta e-books, audiolivros e toda sorte de plataformas que permitem a circulação dos conteúdos narrativos. Se antes do coronavírus tais tendências já se manifestavam, durante a pandemia aceleraram-se, conforme realça Carlo Carrenho em live sobre o mercado editorial (25/06/2020). O isolamento social possibilitou um maior acesso ao mundo digital, em detrimento do presencial. Tal comportamento resultou em um crescimento nas vendas de e-books. Em pesquisa intitulada Conteúdo digital do setor editorial brasileiro, realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional dos Editores (SNEL) e Nielsen Book, os resultados divulgados em 25/08/2020 apontam para uma progressão do faturamento e no 32 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
consumo de e-books e de audiolivros. Pós-pandemia, o desafio é a manutenção do resultado e, para tanto, os agentes do campo editorial devem manter os elos com a tecnologia e o contato com o consumidor, que já se iniciara durante a quarentena. As tratativas de modelo de atuação junto às etapas da cadeia produtiva, durante o isolamento social, ora facilitaram, ora dificultaram a continuidade do trabalho e seus resultados. Se, por um lado, editores, livreiros, distribuidores tiveram de se adequar às rupturas decorrentes do cenário pandêmico, por outro lado, a condição globalizada permitiu olhares mais atentos para os rumos a serem tomados. O fato é que ocorreu, nesse momento, uma troca de armação das lentes – um tanto embaçadas diante da rotina secular do livro impresso –, face às ações disruptivas do processo no qual se encontra o mercado. Em relação à cultura digital, o hábito de o consumo por meio de e-commerce ser identificado, não está diretamente relacionado à criação de práticas culturais, ou seja, não constitui uma garantia de que, após a pandemia, os leitores manterão a aquisição via internet. Seja ela do livro analógico, seja ela de conteúdos digitais. No entanto, segundo resultados da pesquisa Estudos novos hábitos digitais em tempos de Covid-19, realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em 14/05/2020, registram que após experimentarem o comércio eletrônico em novas categorias, “52% dos entrevistados [estão] comprando mais em sites e aplicativos durante a quarentena, e 70% pretendem continuar comprando mais on-line do que faziam antes da Covid-19” (UOL, 18/05/2020). Tal fato vem a confirmar uma mudança efetiva no comportamento, tanto de empresas quanto de consumidores. A pandemia mudou hábitos de consumo, diz a matéria “Hábito de consumo adquirido na pandemia deve permanecer após Covid-19”. A nova maneira de viver, de usar o dinheiro, requer priorizar o consumo e, nesse caso, inovações que possibilitem o acesso remoto, ou emulações digitais de visitação em livrarias, uma loja ‘ao vivo’, por exemplo, motiva o consumidor, ampliando o conceito de inovação, ao oferecer conforto, segurança e agilidade. Se as situações disruptivas chegam com a força da ‘presença’ do digital, cabe ao empreendedor, qualquer que seja a posição da cadeia produtiva a que pertença, atuar conforme a condição que lhe foi dada ‘durante’ ou ‘pós’ a pandemia. Todavia, há de se refletir, aqui, quais seriam as consequências do desaparecimento da condição da leitura, em atenção profunda. A seguir, discorre-se a respeito.
MAR DE INCERTEZAS
O que diz a cognição?
O isolamento social traduziu um período de quebra de rotina e, por conseguinte, a quarentena facultou tempo suficiente para aquisição, aprofundamento, ou mesmo rechaço de hábitos de consumo. Inicialmente, o hábito – definido como ‘escolhas’ que, com o tempo, tornam-se movimentos automatizados – estabelece novos comportamentos, consiste em assunto da esfera da neurociência. Em se tratando de apreensão da leitura, o viés educacional é acionado. Para compreender o quanto o comportamento está ligado à mente, há de se acionar conceitos da educadora e neurocientista cognitiva Maryanne Wolf para discorrer sobre o consumo de livros e a relação com a leitura. Destaca ela a formação do leitor e o hábito da leitura, o que diz respeito ao realinhamento entre o estilo de leitura e do da escrita, ou seja, como se lê e o que se lê. E prossegue, lembrando que “(...) a relação crítica entre a qualidade da leitura e a qualidade do pensamento é fortemente influenciada pelas mudanças na atenção (…)” (WOLF, 2019, p. 109). Maryanne Wolf chama de ‘paciência cognitiva’ o potencial de processar o mundo sem pressa. Ora, esse olhar sobre a leitura no impresso, modelo tradicional, também é defendido por Roger Chartier, que destaca a relevância do impresso por possibilitar a leitura profunda. A leitura profunda a que se referem Wolf e Chartier está contida no verbo utilizado para deter a atenção sobre as distintas linguagens como a ‘leitura’ pode ser executada. Explicando melhor: cabe à página impressa, ou ao écran, ver em vez de ‘olhar’; para os audiolivros, cabe o ‘escutar’ no lugar de ‘ouvir’. O papel dos leitores é abrir o conteúdo, clicar sobre ele, a fim de cumprir a função que lhe provocou a motivação: aquele produto, não somente consumido, mas que também deve ser incorporado, apreendido pelo leitor. Esse conceito é caro, é estimado a quem dedica ao livro/conteúdo digital/narrativa áudio uma experiência sensorial. Um livro ou e-book, para ser lido, um audiolivro para ser escutado, uma narrativa para ser descoberta, um conteúdo a ser conhecido, um produto para fazer a diferença, uma vida a ser modificada... Tais causas afetam a maneira de se agir, de se pensar e, portanto, não constitui um produto qualquer, porquanto lhe cabe um papel civilizatório. Dizem que os livros são feitos para os leitores. Examinando-se o mercado através uma lupa, a lente de aumento fornece a visão daquele que representa o foco,
o motivo do produto, seu fim maior: o leitor consumidor. Assim, já que se chegou à recepção da narrativa por alguém que a ela terá acesso, comprando, tomando emprestado, acessando a web, lançando mão dos livros na própria estante, enfim, quem quer que esteja a executar tais tarefas, da maneira que o fizer, a narrativa será acessada e processada cognitivamente. Portanto, o modo como o conteúdo é acionado por meio dos sentidos, literalmente – visão, audição, tato, olfato, ‘paladar’ –, é o que salta, é o que se destaca. Portanto, se o isolamento social, implicado pela pandemia, fez dos leitores e não leitores atores de novos hábitos, cabe igualmente a esse momento, o movimento para vislumbrar oportunidades. A de exercitar sentidos nunca anteriormente ‘cutucados’ concomitantemente, sem de se deixar envolver pelo espírito da leitura, conforme Alberto Manguel pontua, como a definição do ato de ler, para entender a habilidade nascida da necessidade de sobreviver por meio da imaginação e da esperança. (MANGUEL, 2017). Conforme foi anteriormente relatado, em tempos de pós-pandemia é provável que os leitores mantenham os novos comportamentos adquiridos durante o isolamento social. Nesse sentido, segurança, conforto e comodidade são aspectos relevantes e devem ser trabalhados pelo mercado a fim de atender nesse novo contexto, os hábitos de leitores, criados durante a pandemia, usufruindo assim da tríade para navegar em direção à recuperação de perdas causadas pela paralisação.
Como você as fez sentir?
O sociólogo John B. Thompson ressalta que “escrever sobre a indústria nos tempos atuais é sempre como atirar em um alvo móvel: mal terminamos o texto e a matéria já se modificou” (2013, p. 1). Obsolescência é o nome disso. Estaria o modelo de livraria física ultrapassado? Conforme provoca Carrenho, a pandemia “não cria novas tendências, mas acelera as já existentes” (2020). Diante de tais assertivas, questiona-se: estariam os livreiros dispostos a abraçar o e-commerce para ampliar suas vendas? Ousa-se uma resposta ancorada no comportamento adquirido por todos os que compõem a cadeia produtiva: editoras, bibliotecas, centros culturais, livrarias, formadores de opinião (imprensa, professores, entre outros), pré-, durante e pós-pandemia. Pode-se aventurar, inclusive, objetando que, se a cultura é uma prática que aumenta o prazer da leitura, o hábito de buscar, de procurar o mecanismo para adquirir Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 33
Por fim, diante de um mar de incertezas, há de semo produto é igualmente um aprendizado, uma vez que pre haver um horizonte, ao alcance do olhar humano. foi reforçado pelo largo período de isolamento social. As mídias disponíveis constituem um fato contemporâ- O consumo de experiência é testado em elevado grau, durante a pandemia. Condição essa que acelerou os neo, e não se pode ignorá-las. No entanto, é igualmente sentidos dos leitores e provocou nos editores a busfato que, ao mesmo tempo que os sujeitos apresentam ca de alternativas. E esse momento será rememorado, características distintas e que a cultura letrada persiste através dos séculos, o letramento digital também care- conforme sublinha a escritora e poetisa norte-americana Maya Angelou, acionando sensações para as quais, ce de investimento. Nesse sentido, hábitos que possam experiências geradas e registradas, possam fazer a difevir a se tornar práticas em período pós-pandemia vêm rença para todos os cidadãos na sociedade. a corroborar para o alargamento das possibilidades de aquisição de linguagem, bem como do surgimento de um novo público-leitor/consumidor. REFERÊNCIAS Em contrapartida, práticas de comercialização e CARRENHO, Carlo. O mercado editorial pós-pandemia. Live Famarketing utilizadas indicam que se trata de tendên- cebook da Editora UFSM. 25 de junho de 2020. cias a serem mantidas, atendendo o consumidor que, conforme já anunciado anteriormente, pretende man- CHARTIER, Roger. Conaler. Observatório do livro, Galeno Amorim, 2020. ter seu hábito de comprar no ambiente on-line. Por um lado, o fácil acesso a catálogos numerosos, a disponiHARARI, Yuval. Na batalha contra o coronavírus, faltam líderes bilidade relativa aos horários para aquisição do proà humanidade. E-pub. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. duto, as lives de todos os tipos que ‘pipocam’ na web como ferramentas de socialização, os sem-número de MANGUEL, Alberto. O leitor como metáfora: o viajante, a torre e elementos ofertados por ambientes digitais, tudo isso a traça. E-pub. Trad. José Eraldo Couto. SP, edições SESC , 2017 apenas complementa aquele atendimento personalizado, aquele ambiente de descoberta, aquele abraço MENDES, Jaime. Sete propostas para o mercado editorial fazer pessoal, proporcionado pelas livrarias físicas. É um diferente e seguir adiante. Live Editora UFSM. 08 de julho de 2020. espaço em que contracenam o analógico e o digital, e PIRES, Marina; BERNARDES, Thaís Brum. Da incerteza às novas cuja finalidade qualifica o exercício de hábitos antigos formas de viver: uma análise sobre o novo cotidiano. Julho de e a aquisição de novos outros. Dessa maneira é que o 2020. Disponível em <https://www.thinkwithgoogle.com/intl/ pós-pandemia possibilita a soma das aprendizagens pt-br/tendencias-de-consumo/da-incerteza-as-novas-formasno período de recolhimento, do #ficaemcasa, pelo qual -de-viver-uma-analise-sobre-o-novo-cotidiano/> . Acesso em: passamos. O conhecimento adquirido é intransferível, 15 ago. 2020. porém, compartilhável. A cooperação se faz necessária para que seja enfrenSociedade Brasileira de Varejo e Consumo – SBVC. Novos hátado o próximo período, isto é, o pós-pandêmico, sem bitos digitais em tempos de Covid-19, 14/05/2020. Disponível se deixar de lado o individual. E, na esteira do professor mediante cadastro: <http://sbvc.com.br/novos-habitos-digiisraelense e historiador Yuval Harari, repete-se com ele. tais-em-tempos-de-covid-19/>. Acesso em: 15 ago. 2020. “Tal qual uma planta que precisa do calor do sol, outra da sombra; (...) a natureza humana desenvolve-se dianTHOMPSON, John B. Mercadores de cultura. São Paulo: Unesp, 2013. te de suas especificidades, e montam uma paisagem mais bela, se encenadas juntas” (HARARI, 2020). E assim UOL. Hábito de consumo adquirido na pandemia deve permaseguirá o mercado, rumo às tendências previamente necer após Covid-19. Agência Brasil. Disponível em: <https:// apuradas. Nesse sentido, as pesquisas e levantamen- economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/18/habito-detos realizados corroboram para a sinalização do cená- -consumo-adquirido-na-pandemia-deve-permanecer-apos-corio editorial. A confiança e a solidariedade, atributos da vid-19.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 15 ago. 2020. espécie humana – não sem grandes exceções –, é claro, WOLF, Maryanne. O cérebro no mundo digital: os desafios da fazem-se presentes em iniciativas coletivas, como não leitura na nossa era. Trad. Rodolfo Ilari, Mayumi Ilari. São Paupoderia deixar de ser, iniciativas que teriam força expolo: Contexto. 2019. nencial, se apoiadas pelo poder público. 34 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
O Encantamento dos Sentidos
O Encantamento dos Sentidos Livro do professor Rogério Koff estuda a teoria estética de Edmund Burke
originou sua obra mais famosa, Reflexões sobre a Publicado pela Editora UFSM no primeiro semestre Revolução na França, datada de 1790. Nela, Burke de 2020, O Encantamento dos Sentidos: o Sublime e a Beleza na teoria estética de Edmund Burke anali- fez duras críticas à forma como a revolução se desenvolveu baseada no intuito de destruir e carente sa os conceitos publicados pelo filósofo e político de saberes. Nesse livro, podemos encontrar uma irlandês durante o século XVIII. Escrito por Rogério célebre frase: “A raiva e o frenesi derrubam em Koff, professor titular da UFSM, a obra contextualiza as ações políticas feitas por Burke, que posterior- meia hora mais do que a prudência, a deliberação mente seria considerado o primeiro conservador, e a previsão logram construir em 100 anos”. Enquanto esteve na Inglaterra, Edmund Burke mas ancora seus estudos nas bases estéticas defez parte do partido Whig, no qual foi secretário senvolvidas pelo filósofo. Edmund Burke (1729-1797) nasceu em Dublin, de Rockingham e fez parte da Câmara dos Comuns. Entre as principais lutas que travou estão a defesa mas por vezes passou momentos de sua vida em idas e vindas entre Irlanda e Inglaterra. Ainda jo- dos colonos norte-americanos contra as taxações que a Coroa inglesa propunha. vem, Burke mudou-se para Londres, e foi lá que escreveu a Investigação Filosófica sobre a Origem de nossas Ideias do Sublime e da Beleza, publicada O Sublime e a Beleza em 1957. Trata-se de um estudo de mais de 10 anos Burke não é um filósofo frequentemente estudano qual ele rompe com paradigmas de sua época. do no Brasil. Segundo o professor Koff, há maior intePoucos anos depois, Burke retornou à sua terra na- resse na filosofia alemã, em detrimento da britânica. tal, onde assumiu seu primeiro cargo político, como Quando Burke vira objeto de análise, suas reflexões secretário particular de William Gerard Hamilton. sobre a Revolução Francesa recebem maior atenção. Devido à sua aproximação com a política, Bur- Então, o estudo de Koff traz a discussão para o lado ke jamais voltou aos estudos da estética e dedicou “esquecido” pelo próprio Burke e pelos pesquisasua vida a discussões do campo político, o qual dores brasileiros, a Investigação Filosófica sobre a Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 35
Origem de nossas Ideias do Sublime e da Beleza. A obra aborda os efeitos sensoriais percebidos pelo corpo em face de determinadas situações. O filósofo trata de questões que envolvem o gosto e as paixões humanas. Sobre o gosto, Burke chega a admitir que, embora ele seja igual para todos os homens, a tradição infere uma percepção mais apurada em certos indivíduos, bem como a educação pode influenciar seus julgamentos, numa sequência que vai dos sentidos à imaginação e ao juízo. Já as paixões humanas fazem referência à autopreservação, na qual encontramos o conceito de Sublime. Dor e perigo – sensações positivas – nos causam o Assombro, a maior representação do Sublime, normalmente ligado a fenômenos da natureza que estão além das ações do homem. Outro item, o Deleite – sensação relativa – ocorre ao cessar da dor ou do perigo. Burke usa das artes como exemplo de uma vista confortável, na qual quem observa tem consciência de que não será afetado pelo terror que possa estar representado, como uma forte tempestade. Quanto à Beleza, a encontramos nas paixões da sociedade, que estão subdivididas entre sociedade dos sexos e sociedade em geral. A primeira faz menção ao amor existente entre homens e mulheres. A segunda aborda o contato homem-homem e homem-animal, o qual pode surgir de sentimentos de simpatia, imitação e ambição. Burke também considerou três atributos que não causam a Beleza, são eles: proporção, adequação e perfeição. “Uma grande originalidade de Burke é ter rompido com o legado platônico que considerava as questões de proporção, adequação e perfeição”, diz Koff.
Joseph Mallord William Turner. Vapor numa Tempestade de Neve. 1842.
Na outra ala, por assim dizer, está o retratismo, gênero este também existente no Neoclassicismo, contemporâneo do Romantismo. Os retratistas comumente eram contratados para pintarem reis e pessoas ligadas à Coroa. O próprio Burke foi retratado por Joshua Reynolds (1723-1792), seu amigo próximo. Junto dele, Burke fez parte do The Club, grupo de pensadores que, somados a Samuel Johnson (1709-1784), realizava debates intelectuais.
Romantismo
O período romântico no século XVIII se caracterizou por pinturas de paisagens, de naturezas selvagens e de retratos. Destacam-se as obras que mostravam os ambientes em fúria. Nessa característica, William Blake (1757-1822), Joseph Mallord William Turner (1775-1851) e Caspar David Friedrich (1774-1840) estão entre os principais pintores. Ambientes em fúria nos remetem ao conceito de Sublime descrito por Burke, em especial os ligados ao oceano. Burke disse em sua Investigação que o oceano é “o princípio governante do Sublime” (BURKE, 2016a, p. 66 apud KOFF, 2020, p. 86).1 Aqui cabe a indagação: teria Burke influenciado o Romantismo ou sido influenciado por ele?
Sir Joshua Reynolds. Retrato de Edmund Burke.
1 KOFF, Rogério Ferrer. O Encantamento dos Sentidos: o Sublime e a Beleza na teoria estética de Edmund Burke. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2020.
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O ENCANTAMENTO DOS SENTIDOS
As pesquisas recentes de Koff sobre a estética, aliadas ao gosto pela pintura romântica e ao interesse pela filosofia política de Burke, moveram o estudo do Encantamento dos Sentidos, que inicialmente tinha como maior questionamento “o fato de um pensador conservador como Burke estar associado ao romantismo. E então decidi investigar o que parecia ser originalmente uma contradição”, explica Koff.
O Primeiro Conservador
Edmund Burke é considerado o pai do conservadorismo moderno por algumas batalhas aqui já expostas, mas a que certamente lhe rendeu tal título foi a Revolução Francesa, de 1789. A França era declaradamente inimiga da Inglaterra. Os Estados Unidos passaram a ser independentes com o apoio dos franceses. Em resposta, quando o caos tomou conta das ruas parisienses, foi a vez de os ingleses darem o troco e contribuírem para a manutenção da histeria no país. Burke destacou-se por um pensamento racional diante desses acontecimentos. Ele percebeu que, independente dos interesses ingleses, aquela revolta era motivada por uma doutrina armada, uma vez que se buscava radicalmente uma alteração social (KIRK, 2016 apud KOFF, 2020, p. 48).2 Semelhantemente, Koff caracteriza o conservadorismo como “um modo de pensar que desconfia das soluções utópicas, que não acredita em soluções mágicas para problemas sociais. É o avesso das ideologias”. Curiosamente, Burke jamais foi chamado de conservador durante a vida. Esse é um cunho que passou a ser usado a partir do século XX. Koff afirma que “a expressão ‘conservador’ nem sequer era considerada em seu tempo. Esse rótulo veio depois de Burke ‘remar contra a maré’ dos entusiastas da Revolução Francesa”. Koff estuda o pensamento conservador há cerca de oito anos, mas anteriormente já era um crítico do marxismo e da esquerda. Ele diz que encontrou argumentos em autores como Russell Kirk, Roger Scruton, Gertrude Himmelfarb e Thomas Sowell.
Ausência de Burke nas universidades
Luiz Rohden, professor da graduação e da pós-graduação em Filosofia da Unisinos, escreveu a contracapa do Encantamento dos Sentidos e observa a ausência de Burke no âmbito da filosofia. Ele avalia que “talvez
a falta de Burke aconteça por ter se dedicado ao tema da arte, da estética, questões sobre as quais reinam suspeitas sobre seu valor e importância. O mesmo já não se dá com a ética, a metafísica, a lógica, que, desde suas origens, tiveram status reconhecido pela academia filosófica”. No âmbito da UFSM, o professor Marcos Fanton compartilha do mesmo pensamento de Rohden. Na filosofia política, Marcos diz que se encontra muito de Platão, Aristóteles e alguns nomes modernos, como Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau, Kant e Hegel. Ele lembra que outros nomes também foram esquecidos porque “a filosofia política possui uma, quando muito, duas disciplinas no curso e essa área não possui tanto destaque nas disciplinas”. Marcos também conta que há uma crescente discussão incentivada pelos alunos em repensar o cânone filosófico, na qual é debatida a incorporação de novas obras e novos pensadores.
Por que ainda ler Burke?
Robson Pereira Gonçalves, doutor em Teoria da Literatura e Psicanálise e professor titular aposentado pela UFSM, é o autor da apresentação que abre o trabalho de Koff. Ele enfatiza a importância da obra pelo ineditismo na pesquisa realizada por Koff, que, em consonância com o filósofo irlandês, não considera o Sublime como uma elevação da mente, além do mundo sensível. Em Burke, o Sublime causa reações incontroláveis ao corpo e à mente humana, geradas pelos sentidos. O professor Luiz Rohden considera que o livro de Koff, por nos apresentar obras pouco conhecidas e por ter sido escrito de forma clara e agradável, será imprescindível para quem tiver interesse em conhecer ou pesquisar temas referentes à arte e a Edmund Burke. Por fim, Rogério Koff acredita que seja importante estudar Burke para entender o que é o pensamento conservador: “O conservadorismo é algo bem diferente do que as pessoas que desconhecem este pensamento imaginam que seja. Conheço gente que acredita que conservadorismo é parecido com fascismo ou intolerância. Não tem nada a ver com isso”. Koff dedica sua obra a quem busca saber um pouco mais sobre a história da arte e filosofia política.
2 Ibid.
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As Transformações passam pelos Livros
As transformações da sociedade passam pelos livros Por Vitor Tavares
A escrita acompanha e traça a história da humanidade. Pensar os livros é pensar o homem e a sua relação em comunidade. É fundamental que tenhamos a capacidade de interpretar os acontecimentos da sociedade em que vivemos. E é também no exercício da leitura e da escrita que conseguimos dar voz às nossas reflexões sobre o mundo. Isso faz do livro uma ferramenta muito importante para a difusão dos nossos pensamentos e ideias. O livro é ainda um convite ao diálogo. Quando uma pessoa se dispõe a escrever sobre qualquer assunto, ela irá contribuir de alguma forma com a construção de uma cultura e suas narrativas por meio de uma conversa sobre as realidades ao seu redor. Páginas e mais páginas podem ganhar conteúdos que valorizam a diversidade de um país, de
uma cidade, de um bairro. E é fundamental que o ato de criar esse conteúdo seja livre. Na liberdade da criação dos textos, criam-se os espaços necessários aos mais variados discursos e aos pilares de uma sociedade democrática que olha e considera todas as suas diferenças. A base de toda escrita encontra suas raízes na leitura. 1 Os bons livros são escritos por aqueles que se debruçaram sobre páginas ao longo de sua existência. Por esse motivo é tão importante tratar do tema do acesso à leitura. Juntos, mercado editorial, escolas, universidades e governos podem criar políticas e ações que levem os livros ao alcance da população em todas as esferas da sociedade, principalmente em suas bases. Formar leitores desde os primeiros anos de vida é essencial nesse sentido.
1 Presidente da CBL – Presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) - Biênio 2019 - 2021 Iniciou sua atuação no mercado editorial aos 17 anos na Editora Vozes de São Paulo, onde fez carreira. Em 1992, junto com um grupo empresários do setor e com o apoio da direção da Edições Loyola, inaugura a Distribuidora & Livraria Loyola. Foi diretor e presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL) por dois mandatos, além de membro da Comissão em defesa do Livro, Leitura e Literatura. Diretor e vice-presidente da CBL por 5 gestões. Bacharel em Administração de Empresas com ênfase em Recursos Humanos - PUC-SP. Diretor geral da Distribuidora Loyola desde fevereiro de 2016.
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AS TRANSFORMAÇÕES PASSAM PELOS LIVROS
Projetos e atividades que incentivam crianças e jovens a ler por prazer e não por obrigação, são a certeza de que teremos leitores fiéis por muitos anos. E esses mesmos leitores serão os agentes de reflexões e mudanças importantes ao longo da história. E por razões muito simples: ler estimula o pensamento crítico, desenvolve o raciocínio, alimenta a imaginação e o desejo de um mundo melhor e mais justo. É possível medir a força de um país e de uma nação a partir do índice de leitura de sua população. O Brasil é um grande produtor de livros e de literatura. De acordo com a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Ano-base 2019”, desenvolvida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Nielsen, o país produziu 395 milhões de exemplares de livros em 2019, volume 13% maior em comparação com 2018. Mas ainda apresenta um baixo desempenho quando o assunto é dedicação em ler. Um brasileiro lê, em média, 2,8 livros por ano. O ideal é que o país encontre caminhos para dobrar esse percentual. Além de contribuir para a formação e transformação social, ler mais melhora também os aspectos econômicos de um país, além de gerar empregos. Instituições como a Câmara Brasileira do Livro buscam estar sempre adiante dos acontecimentos em âmbito nacional e internacional. Olhar para os exemplos de outros países e a forma como eles criam a relação entre a sua produção literária, que envolve autores e editores, com programas de incentivo dos governos para a difusão e o acesso ao livro, é importante para nos fazer refletir sobre como articular ideias e ações no Brasil. Não basta produzir muitos e bons livros, é preciso fazer com que eles circulem. Livro pede movimento. Das parcerias entre governos, universidades, bibliotecas e livrarias podem surgir sempre boas políticas e ações que facilitem o acesso ao livro em todo o país. Os governos podem garantir que leitura chegue até a população menos favorecida, por meio da compra de livros e da criação e manutenção de espaços públicos que sejam um convite ao convívio em bibliotecas com ricos acervos. Escolas e universidades podem investir constantemente em ambientes e parcerias que fazem das livrarias pontos de encontro para novas descobertas no universo da pesquisa e da literatura. Dessa forma, o mercado editorial também ganha força para seguir abrindo caminhos para novas editoras, que estão sempre em busca de produzir conteúdos que atendam às necessidades dos leitores.
Todas essas ações se complementam, não funcionam isoladamente e precisam caminhar juntas. Um país de leitores encontra o caminho do equilíbrio entre os pilares que sustentam a sociedade: o desenvolvimento social, econômico e ambiental. A educação como ferramenta de leitura. Outro dado da pesquisa sobre produção e vendas do setor editorial aponta que a venda de livros científicos, técnicos e profissionais, apresenta queda desde 2015, e que o maior consumo se dá nos cursos de pós-graduação, como mestrado e doutorado. Algumas iniciativas podem mudar essa realidade para que, ao incentivar as leituras nos primeiros anos escolares, essa prática siga viva nos anos seguintes. Nesse sentido, destaco o trabalho dos professores. Eles são, possivelmente, os profissionais que mais criam pontes com os livros. Suas sugestões, atividades e esforços podem apontar caminhos que levam aos encontros com esse hábito por meio de estudos e pesquisas. Como aliada, as escolas e universidades devem seguir investindo em acervos diversificados, além de fazer com que os espaços de leitura tenham lugar de destaque em seus ambientes. Olhar para o novo ao longo da história, acontecimentos e situações diversas mudam a forma como nos relacionamos com o nosso meio. O mundo vive a crise social e econômica mais séria do século, que nos convida a repensar o futuro por meio de ações que temos de fazer no presente. Assim como os demais setores, o mercado livreiro e o contato com a leitura também enfrentam grandes desafios. Composto em sua maioria por pequenas e médias empresas, o setor busca se reinventar diante dos novos tempos. As livrarias e bibliotecas físicas não deixarão de existir, mas haverá mudanças importantes principalmente em relação à experiência do consumo de livros. É importante que o mercado e todas as iniciativas que promovem a leitura se abram para os novos canais de comunicação e de acesso à leitura. Mais do que nunca, essas ações precisam transitar entre o ambiente físico e o digital, e unir esses dois universos. As livrarias e bibliotecas, grandes ou pequenas, devem seguir como espaços muito convidativos, de boas e novas experiências enriquecidas com o contato humano. As tecnologias são e continuarão sendo um complemento dessas ações insubstituivelmente humanas. As experiências de contatos físicos e os recursos digitais podem caminhar em harmonia, e os livros irão contar tudo sobre essas vivências. Ainda bem! Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 39
História do Banditismo no Brasil
História do Banditismo no Brasil
Lançamento da Editora UFSM é pioneiro no país e traz um compilado de abordagens que preenche importante lacuna na historiografia nacional brasileira Lançado em 2019 pela Editora UFSM, o livro História do Banditismo no Brasil: novos espaços, novas abordagens é fruto de pesquisas individuais de um grupo de historiadores de vários estados do país especializados no tema do banditismo. Trazendo uma seleção de ensaios sobre esse assunto, a obra explora diversas territorialidades e temporalidades, um diferencial dessa que é a primeira publicação brasileira sobre a temática em âmbito nacional. 40 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
Com organização de Mariana Flores da Cunha Thompson Flores, Francisco Linhares Fonteles Neto e Marcos Luiz Bretas, a obra vinha sendo pensada há pelo menos sete anos, tendo ganhado força e sendo mais bem definida em 2017. A intenção é abordar o banditismo além do cangaço e da região Nordeste, uma visão preconceituosa e muito delimitada que é atribuída ao tema. Portanto, o livro tem relevância por apresentar uma visão ampla
HISTÓRIA DO BANDITISMO NO BRASIL
desse fenômeno, mostrando que ele ocorre em regiões, épocas e situações variadas pelo território brasileiro, que é extenso e diverso, assim como as abordagens da temática. Dessa forma, a obra é fundamental para a compreensão do fenômeno em nível macro, contribuindo de forma significativa para a historiografia nacional acerca do banditismo. O leitor é apresentado às discussões do livro pelo prefácio, escrito pelo professor e historiador Frederico de Castro Neves. Os capítulos tratam de ladrões de gado, vinganças, perseguições, fugas mirabolantes, vidas em perigo, assassinatos, sendo que, por trás desses crimes, há a história de uma sociedade se configurando em seus conflitos relativos à noção de propriedade, à montagem de um aparato policial, ao estabelecimento de um Estado capaz de controlar seus habitantes dentro de limites legais mais ou menos legítimos. Assim, o livro torna-se essencial para se compreender a formação da sociedade brasileira.
Os organizadores
Mariana F. da C. Thompson Flores é doutora em História e atua como professora na UFSM. Ela já expôs um pouco de sua pesquisa sobre o crime no livro Crimes de Fronteira: a criminalidade na fronteira meridional do Brasil (2014). A pesquisadora afirma que, de certa forma, seus estudos sempre penderam para questões de ordem política e delimitação de fronteiras, chamando-lhe a atenção a questão do contrabando, muito descrito na historiografia do Rio Grande do Sul, apesar de pouco ou nada pesquisado. Segundo a historiadora, pesquisar temas marginais à sociedade não foi uma tarefa fácil, já que tendem a ser de difícil registro. “O esforço, quase um trabalho de detetive, compensou e os resultados foram muito interessantes. A partir de então, costurando questões de fronteira e criminalidade, pendi para esse lado e ali permaneci como pesquisadora”. No livro História do Banditismo no Brasil, Mariana apresenta parte de seu estudo sobre a criminalidade nas fronteiras da região do Prata, que compreende o sul do Brasil, Argentina e Uruguai. No capítulo intitulado “Bandidos de fronteira: o fluxo de criminosos num espaço limítrofe”, a pesquisadora relata questões do fluxo de criminosos através da fronteira, um espaço que é extremamente instável e permeado por conflitos, e o quanto esse espaço incidia no cometimento de crimes como contrabandos, roubos de gado, aliciamento de escravos, e no estabelecimento de estratégias de sobrevivência.
A professora assume que suas origens a influenciaram na escolha do seu objeto de pesquisa: “Nasci e me criei num espaço de fronteira e todo esse cenário e clima sempre povoaram minha infância e lembranças mais remotas. Certamente, enveredei para esse lado em busca de compreender elementos que sempre estiveram presentes na minha vida de forma natural”. Ela destaca aí o papel de historiadora de “desnaturalizar e compreender os processos e construções de significados e contextos”. Outro organizador do livro é Francisco Linhares, graduado, mestre e doutor em História, professor do Departamento de História e do curso de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Humanas na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Seus estudos acadêmicos iniciaram com a polícia como tema, aprofundando-se nas pesquisas sobre a polícia de Fortaleza das primeiras décadas do século XX, já no mestrado. No doutorado, Francisco estudou narrativas de crime na imprensa de Fortaleza dos anos de 1920. Ele revela que o banditismo sempre lhe despertou muito interesse, pois é um tema clássico da história social, área na qual se deu toda a sua formação como historiador, mas apenas depois do doutoramento começou a ler e pesquisar com mais afinco a esse respeito. No estudo que ofereceu ao livro, o autor discorre sobre a abordagem do folclore em relação ao banditismo. Em seu capítulo, intitulado “O folclore e o banditismo no Nordeste brasileiro”, narra histórias e processos de monumentalização de criminosos como Jesuíno Alves de Melo Calado, um “bom bandido”. Pelos esforços de folcloristas, tradições, costumes antigos, canções e gestas que narram “façanhas heroicas” dos bandoleiros, esses criminosos foram salvos do esquecimento. O tema fascina o pesquisador há bastante tempo e segue sendo seu objeto de estudo: “utilizo as gestas preservadas pelos folcloristas para perceber como essa fonte tem transformado as ações de Jesuíno e seu bando em narrativas incríveis, tornando-o quase um ser mitológico!”, conta Francisco Linhares. O pesquisador afirma que atualmente ainda se vê presente esse processo de monumentalização de personagens folclóricos, pois é muito difícil separar o homem do mito, das construções que foram se fortalecendo e acabaram por se tornar uma verdade histórica. Mas ele esclarece: “tenho utilizado o folclore para problematizar essa monumentalização e, ao fazer o cotejamento dessa fonte com outras, procuro fugir dessa visão mais romantizada”. Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 41
Também participou da organização da obra o professor Marcos Luiz Bretas, que possui mestrado em Ciência Política e doutorado em História. Atualmente ele leciona na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Marcos iniciou suas pesquisas estudando militares, mas desviou-se muito cedo para o estudo da polícia. Com vasta experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil República, o pesquisador se dedica há quase quarenta anos ao estudo da violência, crime e polícia, reunindo uma extensa lista de obras publicadas e organizadas, entre elas os títulos A Guerra das Ruas: povo e polícia na Cidade do Rio de Janeiro e História, Violência e Criminalidade: reflexões temáticas e narrativas regionais.
Um estudo de referência abre caminhos de oportunidades
Os organizadores contam que a parceria neste projeto foi fácil, pois os três já se conheciam e são pesquisadores de temas ligados ao crime. Como relata a professora Mariana Thompson Flores, “Francisco tem uma trajetória bem consolidada nesse campo do banditismo e eu tenho trabalhado com história de criminosos já há algum tempo. O Marcos é, atualmente, a maior 42 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
autoridade brasileira, com reconhecimento externo inclusive, na área da História do Crime”. Sendo assim, os três pensaram o livro em conjunto, acompanhando os autores convidados e trocando ideias e experiências de outras obras publicadas por eles. Na fase de publicação junto à Editora UFSM, Mariana assumiu o comando. “A ideia é consolidar e conectar as produções dispersas, permitindo que se pense nas mudanças temporais e nas especificidades regionais. Por muito tempo a pesquisa histórica no Brasil viveu uma hegemonia do eixo Rio-São Paulo. Acho importante investir numa maior pluralidade”, complementa Marcos Bretas. História do Banditismo no Brasil é de grande importância para os estudos historiográficos do país, e os organizadores acreditam que a obra atinja o patamar de referência, pois apresenta, de forma muito ampla, o banditismo nas suas questões temporais e territoriais. Além disso, o tema é de interesse internacional. Publicações como essa, em outros países, são muito comuns, mas no Brasil ainda estavam em falta, ou seja, essa é uma obra pioneira que permite uma expansão do estudo e abre múltiplos caminhos para a publicação de outros volumes.
De Leitor para Leitor
De leitor para leitor: o booktuber na lanterna do público e do mercado Com um papo sincero, uma câmera e uma estante ao fundo, os booktubers podem impulsionar tendências de leitura, no mesmo grau com que podem criá-las Há pouco mais de uma década, a plataforma YouTube se consolidou no Brasil como um espaço único de entretenimento, no qual todos os nichos culturais possuem vez. Com pouca ou muita produção nos vídeos, anônimos tornam-se porta-vozes de comunidades sobre os mais diversos assuntos, ao criarem uma rede fiel de inscritos que chega a sair da tela e consumir produtos em lojas, devido à tamanha influência e identificação. A diversidade de conteúdos que podem ser encontrados no site proporcionou a concretização do
segmento dos booktubers, isto é, os youtubers com canais literários. Amantes de livros, eles transformam a experiência outrora solitária da leitura em uma experiência coletiva, pois, assim como seu público, não são nada menos do que também leitores, relacionando-se com outros milhares. Claro, essa responsabilidade foi conquistada através de profissionalismo não somente na concisão de suas opiniões a respeito de uma obra, mas também na apuração de suas informações, bem como na curadoria de listas de “melhores alguma coisa”. Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 43
Com livros e tudo o que envolve o universo literário como pano de fundo, não é à toa que o mercado editorial, mais precisamente as editoras, sinta os movimentos causados por esses influenciadores. A booktuber Paola Aleksandra, dona do canal Livros e Fuxicos, com mais de 262 mil inscritos, conta que percebe sua força no público quando algum exemplar indicado por ela vai parar na lista dos mais vendidos da Amazon: “também noto essa influência quando me marcam nas redes sociais falando que leram ou estão lendo uma indicação minha”, diz. Já para a booktuber Karine Leôncio, do canal Kabook TV, com 103 mil inscrições, os fãs lhe dão recomendações: “Eles fazem de tudo! Eu acho isso muito incrível, eles simplesmente se importam com minha opinião e ficam ansiosos com meus vereditos”, relata. Segundo Karine, para lhe fazerem uma sugestão, as pessoas têm desde as atitudes mais simples, como comentários nos vídeos e mensagens nas redes sociais, até as mais efetivas, como lhe presentear com livros em encontros na Bienal do Livro.
nião para comprar ou não um livro. Somos basicamente uma fonte segura para elas”. Ele entende que sua classe consegue conversar tanto com quem publica quanto com quem lê e, a partir disso, consegue transitar plenamente no mercado. Tanto é que, como comentou Leo, muitas editoras adquirem direitos de livros indicados por booktubers.
A confiança como chave do sucesso
Embora haja um expressivo alavanque nas vendas de livros em decorrência do prestígio dos booktubers, isso não se reflete numa curva de aspecto mais amplo, analisa o especialista Daniel Lameira. Ele, que é editor da Aleph e da Antofágica, acredita que o que ajuda a vender é algo maior, do qual esses influenciadores fazem parte e são essenciais. “É uma nova forma de se falar e de se comunicar sobre livros. Acaba por ter eles como representantes, mas passa por todos os leitores que compartilham suas leituras e interagem na internet, produzindo o conteúdo, mesmo que para 200 pessoas”. Lameira ainda compara a função dos booktubers com a dos antigos livreiros e sua divulgação boca a boca. Para ele, a prática não é extremamente revolucionária, mas, de dez anos para cá, tem se tornado uma tendência. Para o editor do PublishNews, Leonardo Neto, a chave do serviço dos booktubers é a curadoria. Segundo ele, o influenciador é um leitor avançado, que tem acesso às editoras e aos seus lançamentos em primeira mão. Dessa forma, o leitor, seguidor de um canal específico, é alguém interessado em consumir a curadoria lá feita. Neto complementa: “É uma espécie de chancela do influenciador: ‘isso é bom, vai por mim, você vai gostar’”. O booktuber Leo Oliveira, com 34,8 mil inscritos, concorda: “Às vezes, as pessoas esperam a nossa opi44 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
(Leo Oliveira/reprodução Instagram)
Se há uma troca constante de dicas e recomendações entre o canal literário e quem o acompanha, é porque foi estabelecida uma relação de confiança na capacidade de discernimento do booktuber. Isso porque o espectador consegue identificar qual pessoa corresponde às suas expectativas. Quando aquele reconhece nesta um gosto similar ao seu, ele está sujeito a gostar das demais sugestões que ouvir. A booktuber Aione Simões, com 39,6 mil inscritos, explica: “A partir do momento em que alguém confia suficientemente em mim para comprar algo que recomendei, essa pessoa também escutará com atenção o que eu falo sobre quaisquer outros assuntos. Assim, é preciso estar atenta para não ter falas irresponsáveis”. Leo compartilha do pensamento de responsabilidade perante o público, quando afirma que toma cuidado ao abordar alguns temas, para que todos se sintam contemplados pelo vídeo e abraçados pela sua fala. “Nossa opinião pode influenciar positivamente ou negativamente alguém, por isso me sinto responsável e pesquiso muito antes de gravar”, comentou. Ele ainda assume que é um trabalho exaustivo, mas recompensador.
DE LEITOR PARA LEITOR
(Aione Simões/reprodução Instagram)
A noção de responsabilidade
Quanto à situação de pandemia do novo coronavírus, em que serviços precisaram parar, Paola Aleksandra percebeu sua função social ao estimular o ato de ler. “Por acreditar que livros são capazes de mudar pessoas, uso meu espaço para indicar leituras que promovam debates sociais atuais e extremamente importantes”, reflete. Como esta é uma época difícil para grande parte das população, os livros são uma fonte de prazer e alegria em meio ao caos, segundo Paola. Por essas razões, ela gosta de compartilhar as dicas literárias de maneira direta e simples, com a finalidade de atingir mais pessoas.
(Paola Aleksandra/reprodução Instagram)
Trazer à luz assuntos e problemas que os livros carregam, discuti-los e levá-los para a realidade é o papel da literatura no mundo, acrescenta Karine. Ela afirma que, ao disseminar literatura, também dissemina visões de mundo, novos conhecimentos, sem contar a desconstrução de padrões e estereótipos. “Não tem como ser diferente!’, salientou. Paralelamente, Aione enxerga a importância e singularidade de sua classe, uma vez que o trabalho virtual pôde continuar a acontecer durante o isolamento social. Ela exalta sua profissão: “vejo hoje nos produtores de conteúdo literário um dos principais meios de divulgação para o mercado editorial, justamente por falar diretamente com quem consome seus produtos”. Karine Leôncio concorda, ao afirmar que, em 2020, houvelivros sendo lançados só em e-book (formatos digitais), divulgados principalmente pelos booktubers. Além de crer que este período de crise reafirmou a força da internet, a jovem comenta seu papel: “Somos um braço do marketing do livro, e uma ponte até o leitor que não pode ser ignorada por uma editora. Entre uma editora falar que seu livro é bom ou um booktuber falar, há um mundo de diferença para o leitor final”.
O preço da opinião
Umas das formas rentáveis de ser booktuber é a prática da publieditorial, ou seja, o influenciador fará a resenha de um livro com patrocínio de um interessado, o qual pode ser o próprio autor ou até mesmo a editora, ao pagarem pelo serviço. Essa ação, aliada a outras, como os links afiliados para compra de livros na Amazon (uma espécie de cupom de desconto nas descrições dos vídeos), faz com que uma pessoa possa sobreviver financeiramente somente pela profissão. Lameira vê isso como um processo demorado, que varia de caso em caso, porque, antes de o indivíduo conseguir o feito de largar seu trabalho e dedicar-se totalmente à produção de conteúdo, ele precisa, muitas vezes, de tempo no YouTube, como aconteceu com nomes como Isabella Lubrano e Tatiana Feltrin, por exemplo. No caso do Kabook TV, só neste ano Karine conseguiu fazer do canal seu trabalho principal. Antes, era como um hobby ou uma renda extra. Ela conta que o reconhecimento veio gradualmente, pois seu maior desafio foi ser persistente e manter-se constante na produção de conteúdo durante cinco anos. Com o Livros e Fuxicos não foi diferente: Paola disse Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 45
como foi difícil descobrir qual tipo de vídeo gostava de gravar, assim como cumprir com uma determinada periodicidade e qualidade nas postagens, ao mesmo tempo que precisava prender o interesse geral. Hoje, ela venceu os obstáculos e detém uma comunidade verdadeiramente engajada. A moça aconselha: “quando você é autêntico no que lê e na forma como passa sua opinião ao público, as pessoas passam a te acompanhar por gostar de você – e não só dos livros e/ou conteúdos que produz”.
(Karine Leôncio/reprodução LinkedIn)
Se o que faz alguém ser fiel a um canal é como seu dono divaga e apresenta um livro, de forma pessoal, o que ocorre quando ele o faz por dinheiro ou outro interesse? Aione conta que só lê livros de sua própria preferência, porque quer priorizar sua relação de sinceridade com as leituras e, em consequência, com quem a acompanha. Ela relata que sua indicação perde o sentido se for ler uma obra sobre a qual não possa dar uma opinião intencionada e, portanto, construtiva. Situação similar acontece com Leo: “todas as resenhas que já fiz foram por livre e espontânea vontade”. Pode ocorrer de a editora fazer uma publicidade com um influenciador para ele falar de alguma obra e, na hora, ele fazer comentários negativos e desa46 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
provar. É questionável se essa atitude, em nome da sinceridade com o leitor, irá prejudicar as vendas. Lameira relata que fez uma parceria para divulgar o lançamento da biografia do Leonardo da Vinci. Quando aconteceu, das três pessoas envolvidas, uma não gostou. Para o editor, isso foi ótimo: “um bom episódio, melhor do que seria se os três ficassem só ‘massageando’”. Segundo Lameira, muitas vezes quem negocia essas ações não faz um acompanhamento, não é um consumidor da mídia, e assim não entende como essa situação faz parte de tudo que torna o anúncio relevante. Desde que esse cenário tornou-se comum na divulgação de livros, iniciaram-se comparações com a crítica literária especializada dos tradicionais veículos de imprensa, sob a ideia de que ela estaria sendo substituída. A respeito, o editor da Aleph entende que é um preconceito bobo, vindo de um grupo de pessoas já estabelecidas na estrutura de um mercado conservador e teimoso quanto a investir em influenciadores. Tudo isso, segundo Lameira, devido à sacralidade imposta ao produto cultural livro, enquanto outros do gênero, como o cinema e a música, não enfrentam tamanha oposição da crítica quando são tematizados em vídeos no YouTube. “Os criadores de conteúdo da internet são bastante insistentes em mostrar que sua voz é bacana e merece ser ouvida. Muitas vezes sem nem ter um horizonte financeiro, só querem trocar ideia sobre aquilo que gostam, querem impulsionar outras pessoas a terem essa experiência, através de uma linguagem mais legal e normal”, analisa Daniel. Já para Leonardo Neto, é fundamental informar ao usuário do canal que aquele conteúdo é um publieditorial. Aliás, ele entende que, polêmicas à parte, o que o booktuber faz pode até ser, mas não é necessariamente jornalismo. “Não são as mesmas regras do jogo. Confundir isso com aquilo não faz sentido, da mesma forma que não faz sentido dizer que todo trabalho de booktubers é equivalente ao de um crítico literário”, compreende o editor.
Marketing e autonomia
Para entender a lógica bem-sucedida por trás desse fenômeno, é necessário conhecer as suas raízes. Antes da explosão dos canais, os blogs literários ocupavam seu espaço. Inclusive, diversos booktubers somente começaram a gravar vídeos para complementar o con-
DE LEITOR PARA LEITOR
teúdo exposto nos sites. Nesse ambiente, as editoras estabeleciam parcerias com os blogueiros. Daniel Lameira recorda: “Era uma política de ‘você só vai receber o próximo livro quando resenhar o anterior’, ‘só pode receber um livro por mês’, ‘só pode receber o livro que a gente mandar, não pode pedir’ etc. Isso não faz mais sentido, as pessoas criaram uma independência, e uma força política ficou defasada”. Essa tática se perdeu quando os influenciadores conquistaram o seu público, o qual se identificava com eles nos vídeos. Assim, tornou-se necessário que os booktubers fossem autônomos e tivessem a liberdade para criar conteúdos diversificados, sem amarras com empresas. Depois disso, a relação de divulgação editora-influenciador digital foi se estruturando. A primeira pode enviar lançamentos para alguns influenciadores, para mantê-los a par de seu catálogo, mas sem a garantia de que serão anunciados no canal. Já se for previsto pagar por uma divulgação, os resultados podem ser mais promissores. Sobre esse contato, Lameira fala que a empresa deve selecionar alguém que possua afinidade e relação com o produto alvo da campanha de marketing. “Deve-se achar quem mais tem convergência com o livro, quem você acha que tem mais o custo-benefício e seja um investimento razoável. A lógica de contato com criadores de conteúdo é algo à parte”, recomenda. O editor cita uma parceria da Antofágica com um booktuber, em que o investimento foi pequeno (apenas uma pequena divulgação), porém foi feito para demonstrar interesse no trabalho do indivíduo e, com isso, iniciar uma relação em que ele pode conhecer melhor a editora e recomendar outros livros futuramente. Mais uma ação citada por Lameira é a parcela, de cerca de 9% sobre o preço do livro, recebida pelos influenciadores por acesso e compras nos links afiliados da Amazon, deixados na descrição dos vídeos dos canais parceiros. Além dessas estratégias, existe a lógica da pirâmide. Segundo o editor da Antofágica, acontece quando se faz um investimento com alguém do alto escalão da área. Isso vai criar um alarme em volta do livro, de modo que influenciadores menores irão se interessar também e, assim, repercutir mais, através da criação de conteúdos para as pesquisas que serão feitas pelo público em torno daquele produto. Ou seja, a editora só fez o investimento com um influenciador, os demais fazem divulgação gratuita.
Ser booktuber possibilitou ser escritor
“Por muitos meses eu usava o Youtube só como rede de reforço, até o momento em que percebi que gostava muito de gravar vídeos sobre minhas leituras e resolvi investir mais nesse espaço. Hoje o YouTube é uma das minhas principais redes de compartilhamento de dicas literárias [...]. Foi muito especial quando a Editora Planeta entrou em contato perguntando se eu tinha interesse e/ou sonho de escrever uma história. Era algo que já passava na minha mente, mas que eu – naturalmente insegura – achava que nunca ia acontecer. Quando o convite apareceu, resolvi tirar uma história da gaveta e apresentar meu lado escritora ao mundo.” Paola Aleksandra Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 47
“Eu entendi que queria trabalhar com livros e que, acima de tudo, eu queria escrever livros. De lá para cá, me dediquei o quanto pude à escrita, finalizei meu primeiro romance em 2017 [...], ajudou muito o fato de eu ter construído um público com o Minha Vida Literária. Receber os feedbacks positivos, saber como algo que escrevi pode impactar alguém... Faz absolutamente tudo valer a pena!” Aione Simões
“Recebi o convite na Flipop [um evento literário criado pela Editora Seguinte]. Publicar sempre foi um sonho, eu só não esperava um retorno tão incrível e imediato como recebi. Meus leitores são maravilhosos e tornam o desafio de escrever um livro ainda mais prazeroso. Divulgar é um trabalho diário, mas que me deixa muito feliz, algumas histórias simplesmente voam das nossas mãos e foi o que aconteceu com E se tocássemos o céu?” Leo Oliveira
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Sete Propostas
Sete propostas para o mercado editorial fazer diferente e seguir adiante Por Jaime Mendes1
Tudo que esteva latente, quando surge um peO mercado do livro será tão mais forte quanto o foríodo de escassez, aflora e fica mais visível. A esrem os elos da sua cadeia. Um elo muito fraco pode cassez atual é da falta de dinheiro proveniente da quebrar um mercado. E os principais elos do ponto de vista da comercialização do livro são: editora – diminuição do faturamento e da queda do mercado que vem acontecendo faz uma década. distribuidora – livraria. Voltando à questão da animosidade, a mais visíNo Brasil, atualmente, existe uma animosidade vel no momento é entre um grupo de 102 pequenas muito grande no mercado do livro entre: e médias editoras (critério do tamanho do catálogo y editores e livreiros e vice-versa neste caso; e/ou faturamento), de um lado, e livreiros e distriy livreiros e varejistas (não livreiros), mas os buidores, de outro. A manchete do PublishNews foi: varejistas não estão nem aí; “Editores e livreiros em pé de guerra.” y livreiros com loja única (ou poucas) e as Existe uma visão equivocada no mercado (resredes de livrarias. Esta talvez já tenha ficado para salvadas sempre as exceções), tanto de editores, trás, tendo em vista as RJs de Saraiva e Cultura, a quanto de livreiros, de que um setor faz um favor falência da Laselva e a saída da Fnac do país; ao outro e vice-versa. As editoras emprestariam os y redes de livrarias, que talvez já tenha paslivros às livrarias, e estas cederiam o espaço para sado também, mas que é importante registrar. as editoras mostrarem seus catálogos. Também escuto muitos editores dizerem que investem muito, Neste último caso, ao invés de se verem como e antecipadamente, para ter o livro. É verdade, mas concorrentes, existia uma visão de “inimigos de guerra”, mais especificamente entre Saraiva e Cul- isso não quer dizer que os livreiros também não intura. Essa visão de inimigo teve uma trégua em 2017, vistam antecipadamente. Cada setor o faz segundo pois tiveram que tentar colocar em prática a máxi- o seu tamanho, faturamento ou retorno financeima, tantas vezes já utilizada na história da huma- ro do negócio. Custo? Cada um tem os seus e, tal como as unhas, devem estar sempre sob vigilânnidade: “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. E cia constante e, se possível, cortar toda a semana. quem era o “inimigo” em comum? A Amazon. Mas ficou só na vontade...e, hoje, estão ambas, em si- Além disso, existe o rompimento de compromissos de forma unilateral, sem uma conversa anterior sotuação muita crítica, tentando evitar a falência. 1 Jaime Mendes trabalha com livros desde 1981, quando, ao entrar para a faculdade de História no IFCS/UFRJ, foi um dos responsáveis pela cooperativa dos estudantes. Em 1986, com mais quatro amigos, funda a Livraria Bruzundangas no próprio IFCS. Em outubro de 1999 entrou na editora Zahar, na qual trabalhou por 11 anos, na função de gerente comercial. Entre maio de 2011 e novembro de 2012 trabalhou na editora Cosac Naify em São Paulo, também na função de diretor comercial. De janeiro de 2013 a dezembro de 2019 exerceu as funções de diretor comercial no Grupo Editorial Nacional (GEN), que é líder no segmento de publicações e conteúdos científico, técnico e profissional no Brasil. Desde janeiro de 2020, Jaime Mendes reside em Portugal, onde cuida da empresa Nova Guanabara, do Grupo GEN, que distribui os livros do grupo para o mercado português e para outros países da Europa e África. Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 49
bre eventuais dificuldades, para encontrar soluções. É só lembrar de março de 2018, quando a Saraiva avisou às editoras que não ia pagar durante 6 meses o que devia, tendo, entretanto, se estocado entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018. A sensação que ficou é que o fez de caso pensado. E isso voltou a acontecer, em menor proporção de valores, em março de 2020, quando livrarias e distribuidores romperam de forma unilateral compromissos assumidos com as editoras, avisando que não passariam acerto de consignação nem pagariam duplicatas. A reação das editoras foi a carta das 102, denominada Juntos pelo Livro. A visão deveria ser a da simbiose, de associação recíproca de dois ou mais organismos diferentes que lhes permite viver com benefícios para ambos. Não existe um mercado editorial sem editoras, mas também não existirá sem livrarias. O e-commerce não vai resolver tudo. A venda direta da editora para o leitor também não vai resolver. O comércio de proximidade será cada vez mais importante em alternativa aos shoppings, por exemplo. Esta não será a última pandemia; outras virão, tal qual as recentes SARS (2002-2003); H5N1 (20032013); H1N1 (2009-2010); MERS (2012-atualidade) e a atual SARS-Cov-2 (a Covid-19) (2019-atualidade). Mas, de onde vem tudo isso? Qual sua origem? Como e por que se deve acabar com essa animosidade? A ausência de informação fidedigna, o desconhecimento no uso de ferramentas digitais e a falta de transparência nas ações e decisões são os “vírus” desta animosidade. A tecnologia e o estabelecimento de novas regras de negócio, e seu cumprimento, podem ajudar neste combate. Assim, sugiro alguns pontos para discussão de alternativas que possam fortalecer o mercado do livro. Uns mais simples de execução; outros mais complexos.
1 – CONSIGNAÇÃO
A consignação é centenária no mercado do livro. Nas minhas leituras, cheguei a 1918 com Monteiro Lobato. A prática ficou adormecida por muitos anos. Entretanto, a partir de 1996 começa, ano a ano, a “tomar corpo” e, atualmente, é a forma de comercialização predominante, quase absoluta, no mercado do livro. Prática, aliás, de que ficaram reféns editoras e livrarias. Também é o cerne, o âmago da animosidade entre editores e livreiros, na minha interpretação. Na consignação, as editoras enviam os livros às livrarias e distribuidores sob esta forma fiscal. Distribuidores também consignam para livrarias. Ainda
50 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
não é uma venda. É um “empréstimo”, digamos. Os problemas se originam na falta de transparência, na falta de confiabilidade, na falta de cumprimento do prazo da prestação de contas previamente acordado e na sonegação dos números exatos do que foi vendido. Na maioria absoluta dos casos, quero crer, deve-se à dificuldade de gestão de centenas de fornecedores que as livrarias ou distribuidores têm. Sem um sistema eficiente de gestão é quase inviável que se faça corretamente. Minoritariamente, existe, sim, subnotificação (por opção) do que foi vendido. Para as editoras, não ter os números corretos do que foi vendido, não é somente uma questão de faturar mais ou menos num mês, traz dificuldades para tomar decisões de reimpressões e até de novos lançamentos. Hoje em dia, com tantas editoras e centenas e centenas de milhares de títulos disponíveis, parece inviável realizar uma boa gestão da consignação. Qual a saída então? O uso da tecnologia. Tanto editoras quanto livrarias precisam ter números corretos sobre a venda e, de preferência, on-line e em tempo real. Isso só é possível com uma ferramenta que apure a venda no checkout, no registro da venda no caixa da livraria. Que emita relatórios que possibilitem ver o que foi vendido, em que dia, em que horário. Qual o giro de cada produto por dia, semana ou mês. Prever se deve reforçar ou não um título para não perder vendas. Por outro lado, se sabe o que vendeu, sabe também o que não vendeu e que, após avaliação, pode decidir se deve ser devolvido ou não à editora. Afinal o espaço de prateleira física é finito e custa caro. Assim, cada editora teria acesso somente às informações dos seus títulos e a livraria teria uma visão geral e relatórios comparativos por editora, por área etc. Mais importante que ter uma pessoa na livraria para contar livros, conferir notas fiscais, preparar o acerto da consignação a enviar, será ter uma pessoa para analisar os relatórios e tomar decisões. Complexo, não? A boa notícia é que a tecnologia para fazer a gestão da consignação, dar transparência, confiabilidade, credibilidade aos números, tanto para as editoras quanto para as livrarias, enfim, automatizar um processo braçal, já existe no mercado. Já conhece a Bookinfo?
2 – DESCONTOS
O livro é um dos poucos produtos que tem seu preço de venda ao consumidor final definido pelo fabricante, a editora no caso. O chamado preço de capa,
SETE PROPOSTAS
que é o preço de referência para essa venda. As livrarias e distribuidores têm um desconto nesse preço de capa para que possam vender por esse mesmo preço de referência sem aumentá-lo. O valor desse desconto em reais é para remunerar o negócio como um todo das livrarias e distribuidores. A outra parte, que fica com a editora, é para remunerar o seu próprio negócio. O preço definido pelas editoras representa o valor do trabalho acumulado de inúmeros profissionais, começando no autor, passando por todos os profissionais da editora, além dos prestadores de serviços. Por isso que, ao se dar desconto no preço de capa na venda ao consu-
midor final, o que se está a dizer é que aquele livro não vale o valor que lhe foi atribuído. Entretanto, quem sabe o custo/investimento necessário para que um livro exista é a editora e não a livraria ou qualquer outro varejista. Existe o falso discurso de que se dá o desconto para baixar o preço do livro, pois o livro é caro. Assim, as editoras seriam as “vilãs” e, quem dá desconto, o “mocinho”. Como ainda podem existir dúvidas se o livro no Brasil é caro ou não, vamos ver alguns dados da pesquisa da Fipe para o período de 2006 a 2018, a preços constantes em 2018, expurgando-se, assim, a inflação para a efetiva comparação.
Mercado preços corrente (R$ milhões)
Mercado preços constantes (R$ milhões de 2018)
Taxa de crescimento real
Exemplares mercado (milhões)
Preço médio corrente
Preço médio constante (R$ 2018)
2006
2.748,66
5.361,49
-1,92
193,25
14,22
27,74
2007
2.924,85
5.461,58
1,87
209,15
13,98
26,11
2008
3.116,72
5.495,62
0,62
220,93
14,11
24,87
2009
3.251,04
5.495,60
0,00
238,86
13,61
23,01
2010
3.348,16
5.343,94
-2,76
258,70
12,94
20,66
2011
3.449,25
5.169,29
-3,27
283,98
12,15
18,20
2012
3.668,66
5.194,73
0,49
268,56
13,66
19,34
2013
3.885,00
5.194,10
-0,01
279,64
13,89
18,57
2014
4.169,66
5.238,86
0,86
277,39
15,03
18,89
2015
4.003,18
4.544,77
-13,25
254,70
15,72
17,84
2016
3.872,51
4.136,25
-8,99
226,62
17,09
18,25
2017
3.951,08
4.099,24
-0,89
222,33
17,77
18,44
2018
3.686,93
3.686,93
-10,06
202,68
18,19
18,19
A queda do preço médio no setor editorial foi de R$ 27,74, em 2006, para R$ 18,19, em 2018, diferença de 65,57%. Também é importante dizer que existe uma diferença fundamental entre preço e valor. Não se compra, nem se vende preço, e sim valor. O que existe perto e/ou dentro de qualquer faculdade ou universidade no Brasil? Uma livraria?
Não. Um bar, pelo menos um, com certeza. Com R$ 50,00 se pode comprar um livro ou tomar umas 5 cervejas. O dinheiro é o mesmo. O valor não. Onde esses R$ 50,00 serão usados? Nada contra a cerveja, muito pelo contrário. É apenas uma questão de percepção de valor. O que se pode fazer para que as pessoas tenham percepção de valor no livro? Para começar, não tirar valor dele com o desconto.
Preço de capa R$
% desc. livraria e varejo
R$ líquido que fica com livraria e varejo
R$ líquido que fica com editora
Desconto livraria para cliente
Livraria fica com R$
Cliente paga R$
100,00
50%
50,00
50,00
20%
30,00
80,00
Reduz 20%
Reduz 10%
Preço de capa R$
% desc. livraria e varejo
R$ líquido que fica com livraria e varejo
R$ líquido que fica com editora
Desconto livraria para cliente
Livraria fica com R$
Cliente paga R$
80,00
40%
32,00
48,00
zero
32,00
80,00
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 51
Mas o que se pode fazer para fortalecer as livrarias de pequeno e médio porte e, assim, descentralizar a venda e, por consequência, garantir a existência de um mercado do livro? Diminuir o desconto geral do mercado! Com a diminuição do desconto, a livraria e o varejista ganham mais e o cliente final, o leitor, paga o mesmo. Segue simulação na qual a diminuição do desconto em 10% possibilita a redução do preço de capa em 20%. A livraria e o varejo ganham mais 6,67% de margem. Como as redes de livrarias e grandes varejistas exigem mais desconto das editoras, e o usam com outros objetivos que não o de ter mais margem, tendo em vista que abrem mão dele ao dar descontos na venda, está na hora das editoras voltarem a ter a mão no leme e não ficarem a reboque ou à deriva no mercado. E, para quem achar que o seu negócio não se sustenta com margens de: 9 42,86%, equivale a desconto de 30%; 9 53,85%, equivale a desconto de 35% ou 9 66,67%, equivale a desconto de 40%; O problema não está na margem, no desconto, mas na gestão do próprio negócio. E, nesse caso, nem Jesus salva. Outra questão que precisa ser revista diz respeito à diferenciação de desconto entre as livrarias, as redes de livrarias e os varejistas. Livro não é cerveja, nem refrigerante. Livro não tem escala elevada de produção e venda. O leitor não compra dois exemplares do mesmo título só porque está com desconto. Portanto, não é porque compra mais, ou que vende mais, que alguns players devem ter mais desconto que outros. Afinal, se já tem capacidade de vender mais, naturalmente já vai ganhar mais. A diferenciação no mercado deve ser pelo serviço, e não pelo preço/desconto. Condições comerciais isonômicas são fundamentais para a sustentabilidade do mercado do livro a partir de agora.
3 – E-COMMERCE
Durante 545 anos, desde Gutemberg, o comércio do livro foi feito seguindo a cadeia: editora – distribuidor – livraria – leitor, com uma ou outra variação, pulando-se o distribuidor. A venda acontecia em lojas físicas, as tais de argamassa e tijolo. Em 1995, ocorre uma quebra de paradigma, uma disrupção, quando a já existente internet possibilita que surja a Amazon e o comércio do livro on-line: o e-commerce. Como os investimentos em tecnologia eram, e são, muito elevados, isso sempre foi uma barreira de entra52 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
da para as livrarias físicas. O bom da tecnologia é que, com o tempo, ela tende a ficar barata, acessível. Assim, existem hoje soluções no mercado que possibilitam a qualquer livraria, por menor que seja, por menor capacidade de investimento que tenha, de estar presente também no e-commerce. Até porque o e-commerce não é inimigo das livrarias físicas. Algumas práticas realizadas no ambiente virtual é que o são. Portanto, não mate o mensageiro. Neste momento existem algumas possibilidades de acesso rápido para montar uma loja para o e-commerce já com todas as questões relativas a meios de pagamento, disponibilidade de estoque, manuseio e logística incluídas. A Catavento Distribuidora oferece esse serviço. Que as livrarias, portanto, não fiquem de fora do e-commerce, não entreguem “de mão beijada” esse espaço no on-line, pois será cada vez mais representativo como canal de vendas. Entretanto, não se esqueçam de que, tal como na loja física, não dá para ficar atrás do balcão, ou da tela do computador, esperando o cliente entrar. Tem que ir atrás dele, mas com oferta de serviços.
4 – E-BOOKS
Sabe onde ocorre a venda de e-books? Amazon, Apple, Google, Kobo. Nenhuma delas é uma livraria. Portanto, temos mais uma gigantesca concentração e, decorrente disso, uma dependência dos “produtores” de conteúdo. Neste caso, as editoras. Aqui a barreira de entrada é gigantesca pois, além da necessidade de um e-reader, os custos de licenciamento para ambiente de leitura e proteção de conteúdo (Adobe, por exemplo) são altíssimos. No Brasil, além dos citados, existe também o e-reader Bookshelf da VitalSource, empresa que faz parte do Ingram Content Group. É muito importante que as livrarias também pudessem vender o acesso aos e-books. O cliente fidelizado de uma livraria gosta de comprar nela, independente do suporte para o conteúdo. É possível um marketplace para vender e-books?
5 – REGULAÇÃO DO MERCADO
A questão da Lei do Preço Fixo do livro no Brasil arrasta-se há décadas. Entretanto, em 4 das 5 maiores economias da Europa ela está presente. Alemanha, França, Espanha e Itália representam 54,04% do PIB europeu. Também está presente na Áustria, Dinamarca, Grécia, Hungria, Países Baixos e Portugal. Todas economias capitalistas, só para registrar.
SETE PROPOSTAS
Visões mais neoliberais para a economia e sociedade têm ojeriza à regulamentação e a qualquer intervenção do Estado na economia. Entretanto, na hora do aperto, em que a economia não vai bem, e a mão invisível do mercado não tem uma solução, o chamado sempre vem. Voltando à Lei do Preço Fixo, no Brasil a própria posição do SNEL mudou. Nas palavras do seu presidente, Marcos Pereira, em 25 de abril de 2017: “Acho que os editores em geral, e eu mesmo durante muito tempo, fui uma voz contrária à Lei do Preço Fixo. Não tínhamos muita clareza de como era a aplicação da lei no mundo e do impacto realmente danoso que a concorrência passou a praticar. Achamos que a concorrência era boa. Só que ela passou a ser desleal e aí se entra em um ciclo que é impossível se manter as livrarias saudáveis... Acho que um pacto entre o mercado não funcionaria. O mecanismo deve ser legal.”
6 – AUMENTAR USO DA TECNOLOGIA
Publicar é muito mais do que imprimir. Publicar é tornar público. Logo, precisa ser visto. Entretanto, com a diminuição dos espaços em livrarias, sejam elas as menores em espaço ou as maiores, com o encerramento das lojas da Fnac, algumas da Cultura e muitas da Saraiva, os livros ficarão mais escondidos. Na tela de um computador, vê-se apenas entre 10 e 20 títulos. E as outras centenas de milhares que existem e que estão disponíveis, como se encontram, como se acham? Hoje temos melhores ferramentas à disposição do que o tradicional catálogo, que ficava desatualizado rapidamente. As ferramentas são os agregadores de informações sobre cada título. As empresas são a Mercado Editorial e a Metabooks. Assim, não é mais possível concorrer neste mercado do livro sem as editoras disponibilizarem e atualizarem de forma rápida, e a todos os clientes, que podem vender seus livros, a informação, os metadados, que são muito mais do que o título do livro, autor, editora, ISBN e preço. E que não são estáticos, pois sempre podem ser esmiuçados e melhorados. As livrarias também precisam se convencer de que precisam dessa ferramenta.
7 – ANTIGOS E NOVOS ESPAÇOS DE COMERCIALIZAÇÃO
Vamos fazer a seguinte conta para o livro. Considere-se valores médios: 2 cm de lombada; 1 metro de prateleira; logo, cabem 50 livros numa prateleira;
Pensando em todas as lojas de livrarias que já fecharam recentemente, como todas as Fnac, algumas da Cultura, muitas da Saraiva e de outras livrarias, eram lojas de mais de 1.000m, 700m, 400m, 150m, 80m, enfim, de vários tamanhos. Em seis prateleiras de uma estante de livraria cabem, em média, 300 exemplares. Uma livraria com 50m² pode ter 20 estantes ou 6 mil livros. Uma loja de 100m² teria 12 mil livros pelo menos. Pensando nas 110 lojas que fecharam, teríamos então 1.320.000 (um milhão, trezentos e vinte mil) exemplares de livros sem uma prateleira para chamar de sua, sem uma mesa de exposição para serem vistos e folheados pelo leitor. Como faz para repor esse espaço perdido para os livros? Como as editoras vão ter condições de fazer tiragens maiores? A escala, que já não era muito elevada, vai despencar. Que outros espaços podem ser utilizados em substituição? Voltando a Monteiro Lobato, ele encontrou a seguinte saída:
"Vossa Senhoria tem o seu negócio montado, e quanto mais coisas vender, maior será o lucro. Quer vender também uma coisa chamada "livros"? Vossa Senhoria não precisa inteirar-se do que essa coisa é. Trata-se de um artigo comercial como qualquer outro; batata, querosene ou bacalhau. É uma mercadoria que não precisa examinar nem saber se é boa nem vir a esta escolher. O conteúdo não interessa a V.S., e sim ao seu cliente, o qual dele tomará conhecimento através das nossas explicações nos catálogos, prefácios etc. E como V. S. receberá esse artigo em consignação, não perderá coisa alguma [...] Desconsiderando o “Vossa Senhoria não precisa inteirar-se do que essa coisa é”, que alternativas nós encontraremos? A certeza é que não existem saídas individuais, nem para um setor específico, nem para as economias dos países. A única saída é com ações e respostas globais, de interdependência, no sentido de envolver todos. Teremos essa capacidade? Venceremos a animosidade lá do início do texto? Com esperança e trabalho cooperativo, sim! Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 53
Eventos de 2020
Um ano com Eventos a distância Em 2020 a Editora UFSM teve que se reinventar para estar próxima do seu leitor
Num ano marcado pela pandemia, coube à Editora repensar sua agenda de eventos e incluir nova modalidade de interação para compensar o distanciamento físico do seu público. Foi um período em que as lives e as feiras virtuais estiveram presentes. Dentre os destaques estão: Live "O mercado editorial pós-pandemia", com a participação do di54 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
retor da Editora, Daniel Coronel, da professora do curso de Comunicação Social da UFSM, Marilia Barcellos, e do fundador da PublishNews, Carlos Carrenho; a participação da Editora na 1ª Feira Virtual das Editoras Universitárias, na 2ª Feira Virtual da ABEU e na 47ª Feira do Livro de Santa Maria. Nas páginas seguintes o leitor pode conferir todos os eventos realizados pela Editora.
EVENTOS DE 2020
Troca troca de livros
Durante as atividades da Calourada UFSM, estivemos com
nosso estande em frente ao Restaurante Universitário I nos dias 9, 10 e 11 de março. Uma estante com livros disponíveis
para troca foi exposta. Os participantes puderam deixar um livro e pegar outro. O objetivo da ação era incentivar a leitura, disseminar a cultura e promover a troca de conhecimento. Na ocasião, exemplares do catálogo novo da Editora foram distribuídos. Também foram comercializados produtos da Grife da UFSM.
Live “O Mercado Editorial Pós-Pandemia” A crise do Coronavírus afetou a economia drasticamente. Com uma retomada ainda não muito clara, os diversos setores devem se adaptar para manter suas rotinas de produção, a fim de garantirem sua própria existência no mercado. Diante desse cenário, a Editora UFSM, junto com o curso de Produção Editorial (UFSM) e com o Observatório Socioeconômico da UFSM, realizou, no dia 25 de
junho, uma conversa sobre o mercado editorial com Carlo Carrenho, formado em Economia pela FEA-USP e fundador do PublishNews, e com Daniel Coronel, diretor da Editora UFSM. A mediação foi de Marilia Barcellos, professora do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM. Foram postos em pauta assuntos ligados à digitalização, ao acesso à leitura, à globalização e outras tendências aceleradas pela covid-19.
Participação na 1ª Feira Virtual das Editoras Universitárias
Do dia 1º até 10 de julho, várias editoras universitárias estiveram participando da 1ª Feira Virtual das Editoras Univer-
sitárias, realizada pela Associação Brasileira de Editoras Universitárias - Abeu, nela as publicações foram comercializadas com descontos especiais nos canais de vendas on-line das editoras.
a FEIRA VIRTUAL DAS EDITORAS UNIVERSITÁRIAS
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Live “Sete propostas para o mercado editorial fazer diferente e seguir adiante” Continuando com a programação de lives, desta vez o convidado foi Jaime Mendes. Residindo em Portugal, ele cuida da empresa Nova Guanabara, do Grupo GEN (Grupo Editorial Nacional), no qual já exerceu a função de diretor comercial de 2013 a 2019. Novamente, estiveram presentes Daniel Coronel, diretor da Editora UFSM, e Marilia Barcellos, professora do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, que fez a mediação do bate-papo.
A live foi realizada no dia 8 de julho. Com o tema “Sete
propostas para o mercado editorial fazer diferente e seguir adiante”, Jaime trouxe alternativas a serem implementadas no ramo editorial para que esse segmento não perca fôlego em suas vendas e, consequentemente, mantenha seu pleno funcionamento. Uma colaboração do curso de Produção Editorial (UFSM) e do Observatório Socioeconômico da UFSM.
Live “O processo editorial e suas questões jurídicas” Nossa terceira live ocorreu em 30 de julho e tratou dos processos envolvidos na elaboração de um produto editorial, bem como dos cuidados necessários no que se refere à propriedade intelectual. O plágio foi o grande tema abordado na edição passada da revista Estilo Editorial, que contou com um artigo escrito por Gabriel Magadan e Carlos Alberto Gianotti, nossos convidados para esta conversa. Gabriel é advogado, mestre em Direito Romano e Civil pela Univeristà di Roma ‘Tor Vergata’ e doutor em Direito Civil pela UFRGS. Carlos Alberto foi professor de Física e Cálculo Diferencial por mais de 30 anos. Atualmente, é editor executivo da Editora Unisinos. Novamente,
estiveram
e Marilia Barcellos.
56 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
presentes
Daniel
Coronel
EVENTOS DE 2020
Live “Direitos Autorais: Breves Noções | Conceitos Fundamentais” Dando continuidade ao assunto levantado na última live, a Editora UFSM ampliou o debate a respeito dos direitos au-
torais. A convidada da live do dia 12 de agosto foi Sintia Mattar, especializada em Copyrights pela Harvard Law School, em Direito Autoral pela Associação Paulista de Direito Autoral - ASPI e graduada em Administração de Empresas pela Universidade de Guarulhos - UnG. Atualmente é sócia-diretora da Trevisan | Mattar Consultoria em Direito Autoral. Em sua apresentação, Sintia abordou questões que envolvem a legislação brasileira, os conceitos filosóficos, a vertente moral e patrimonial envolvida nos direitos autorais, bem como as condições nas quais as obras de um autor passam a ser de patrimônio público. Daniel Coronel e Marilia Barcellos fizeram a mediação do bate-papo.
Live “Conteúdo digital no Brasil: Experiências de Mercado” Historiadora e podcaster, Camila Cabete foi a convidada da nossa quinta live. Camila apresentou suas percepções sobre o mercado de conteúdo digital no Brasil, após anos trabalhando nos setores editorial e comercial da primeira livraria digital do país. Atualmente, é Senior Country Manager da Kobo Brasil, além de ser podcaster no Disfarces Podcast. Daniel Coronel, diretor da Editora UFSM, também esteve presente. A mediação do bate-papo ficou por conta de Marilia Barcellos, professora do Departamento de Ciências
da Comunicação da UFSM. O evento ocorreu no dia 26 de agosto, às 17hrs.
Uma colaboração do curso de Produção Editorial (UFSM) e do Observatório Socioeconômico da UFSM.
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 57
Live “Desafios do mercado editorial brasileiro” A sexta live da Editora UFSM ocorreu em 16 de setembro e contou com a presença da economista Mariana Bueno. Formada pela PUC-SP e com MBA pela FIPE-USP, Mariana trabalha há mais de 10 anos com pesquisa de mercado análise de negócios e atualmente é consultora da Nielsen Book, responsável pela pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro” e pela pesquisa “Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro”. Além disso, também é colaboradora do blog da CERLALC e nos últimos anos vem se dedicando a estudar o desempenho do mercado editorial brasileiro e de outros países. Seguindo o padrão de nossas lives anteriores, Daniel Coronel, diretor da Editora UFSM, também esteve presente, enquanto a mediação do bate-papo ficou por conta de Marilia Barcellos, professora do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM.
Participação na segunda Feira Virtual da ABEU
Esta edição teve como foco as publicações de cultura e ocorreu em paralelo com o XVI Encontro de Estudos Multidiscipli-
nares em Cultura – Enecult 2020. Assim como a feira passada, vários livros puderam ser adquiridos com descontos. A Editora UFSM ofereceu descontos de 20 a 30%. A feira ocorreu de 15 a 18 de setembro.
58 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
EVENTOS DE 2020
Participação na 47ª Feira do Livro de Santa Maria
Esta edição aconteceu de 1º a 10 de outubro, de uma
Kahlo - berço de artistas”, na qual conversou com a fotógra-
forma diferente do habitual. Normalmente realizada no
fa Cristina Kahlo, sobrinha-neta de Frida Kahlo, que partici-
mês de maio, a Feira precisou mudar de data devido à pan-
pou diretamente do México. Ao final da conversa foi aberta
demia do coronavírus e aconteceu em outubro, do dia pri-
a visualização da exposição virtual “Tantas Fridas”, de Cris-
meiro até o dia dez.
tina Kahlo. Nela, a fotógrafa retrata os diferentes olhares e
Com a necessidade de evitar ao máximo as aglomera-
percepções feitos sobre a figura de Frida Kahlo. A exposição
ções, a Feira foi realizada em formato híbrido, com livrarias
está disponível no Instagram @liccdaufsm. A terceira live
e sebos participando de seus próprios endereços, enquan-
foi para o lançamento do e-book As Mulheres no Universo
to as demais atrações ocorreram por meios de lives nas
do Futebol Brasileiro, dia 09, às 16h, também transmitida
redes sociais da Feira.
pelo Facebook da Editora UFSM.
A Editora UFSM realizou uma série de atividades, in-
Tivemos o livro Covid-19, conhecimentos compartilha-
cluindo o lançamento de 18 obras e a realização de lives.
dos entre crianças e adultos, das autoras Aruna Noal Cor-
Além disso, a Livraria UFSM ofereceu descontos de 40%
rea e Giséli Duarte Bastos, gratuito para retirada na Livraria
para os lançamentos impressos durante os dias de Feira,
UFSM. Outro lançamento, o e-book Migrações Internacio-
30% para os demais livros impressos e 20% para os lança-
nais: experiências e desafios para a proteção e promoção
mentos no formato e-book.
de direitos humanos no Brasil, organizado por Giuliana Re-
Ocorreram três lives no Facebook da Editora, a primei-
din, também esteve gratuito para retirada.
ra no dia 06, às 14h, com o tema “Seja Autor”. Integrantes
Outras obras como A Intermidialidade e os Estudos In-
da Editora, Livraria e Grife UFSM apresentaram como é o
terartes na Arte Contemporânea, das organizadoras Camila
processo para submissão de uma obra na Editora UFSM. No
Figueiredo, Solange Ribeiro de Oliveira e Thaïs Flores No-
dia seguinte (07), às 16h, aconteceu o lançamento do livro
gueira Diniz, e O Encantamento dos Sentidos: o Sublime e a
O Abraço de Amor de Kahlo, Estrada, Zenil e Eu: uma genea-
Beleza na teoria estética de Edmund Burke, de Rogério Koff,
logia matricial a partir do corpo performativo, de Odailso
foram lançadas nos dias 05 e 07, respectivamente. Confira
Berté. O autor participou da live Mesa de Diálogo “Família
a lista completa:
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 59
•
Programação Linear: conceitos, modelagem e soluções
no R Autor/Organizador: Marcelo Battesini Data: 01/10 (Qui) •
Economia Institucional e Dimensões do Desenvolvimento
Autor/Organizador: Adriano José Pereira, Herton Castiglioni Lopes e Octavio Augusto Camargo Conceição Data: 01/10 (Qui) •
Breno Blauth: uma trajetória entre mundos (e-book)
Autor/Organizador: Lúcius Batista Mota Data: 02/10 (Sex) •
Moeda e Sistema Financeiro: ensaios em homenagem a
Fernando Cardim de Carvalho Autor/Organizador: José Luis Oreiro, Luis Fernando de Paula e Rogério Sobreira Data: 02/10 (Sex) •
A Cooperativa de Consumo dos Empregados da Viação Fér-
rea do Rio Grande do Sul: imaginário e espaço social (e-book) Autor/Organizador: Luiz Fernando da Silva Mello Data: 05/10 (Seg) •
A Intermidialidade e os Estudos Interartes na Arte Con-
temporânea Autor/Organizador: Camila Figueiredo, Solange Ribeiro de Oliveira e Thaïs Flores Nogueira Diniz Data: 05/10 (Seg) •
Migrações Internacionais: experiências e desafios para
a proteção e promoção de direitos humanos no Brasil Autor/Organizador: Giuliana Redin Data: 05/10 (Seg) •
Espécies Nativas para Piscicultura no Brasil
Autor/Organizador: Bernardo Baldisserotto Data: 06/10 (Ter), das 15h às 16h, o autor estará presente para o lançamento na Livraria UFSM •
Solos Arenosos no Bioma Pampa Brasileiro
Autor/Organizador: Fabrício de Araújo Pedron e Ricardo Simão Diniz Dalmolin Data: 06/10 (Ter) •
O Encantamento dos Sentidos: O Sublime e a Beleza na
•
Compromisso Social com Crianças, Adolescentes e Jovens
em Situação de Vulnerabilidade: o papel da extensão universitária de direitos humanos e justiça (e-book) Livro Série Extensão Autor/Organizador: Jana Gonçalves Zappe, Ana Cristina Garcia Dias e Silvia Renata Magalhães Iordello Data: 07/10 (Qua) •
O Abraço de Amor de Kahlo, Estrada, Zenil e Eu: uma ge-
nealogia matricial a partir do corpo performativo Autor/Organizador: Odailso Berté Data: 07/10 (Qua), às 16h, live Mesa de Diálogo “Família Kahlo - berço de artistas” •
Educação e Trabalho em Tempos de Intervenção Regu-
ladora do Capital (e-book) Autor/Organizador: Liliana Soares Ferreira, Célia Tanajura Machado e Luiza Braido Data: 08/10 (Qui) •
Polos de Defesa e Segurança: Estado, Instituições e Ino-
vação Autor/Organizador: Igor Castellano da Silva e Júlio Eduardo Rohenkohl Data: 08/10 (Qui) •
Covid-19: conhecimentos compartilhados entre crianças
e adultos Autor/Organizador: Aruna Noal Correa e Giséli Duarte Bastos Data: 08/10 (Qui) •
Seleção Ambiental de Barragens: análise de favorabi-
lidades ambientais em escala de bacia hidrográfica - 2º edição revista e ampliada Autor/Organizador: Jussara Cabral da Cruz e Geraldo Lopes da Silveira Data: 09/10 (Sex) •
As Mulheres no Universo do Futebol Brasileiro (e-book)
Autor/Organizador: Cláudia Samuel Kessler, Leda Maria da Costa e Mariane da Silva Pisani Data: 09/10 (Sex), live às 16h •
Núcleo de Implementação da Excelência Esportiva e
Manutenção de Saúde (NIEEMS): a extensão universitária em destaque (e-book)
teoria estética de Edmund Burke
Livro Série Extensão
Autor/Organizador: Rogério Ferrer Koff
Autor/Organizador: Luiz Fernando Cuozzo Lemos
Data: 07/10 (Qua)
Data: 09/10 (Sex)
60 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
EVENTOS DE 2020
Live “Mercado editorial pós-pandemia” Conforme a pandemia se estende, novas discussões surgem sobre a economia e seus nichos. O mercado editorial segue sendo o centro de nossos debates, uma vez que este já sofria duras reformulações devido à crise interna que estava passando. Logicamente, o coronavírus afetou ainda mais este negócio, mas saídas focadas ao mercado de livros digitais se apresentam como as mais garantidas agora e pós-pandemia.
Nossa sétima live, no dia 14 de outubro, discutiu esse
e vários outros assuntos ligados ao mercado editorial. Contou com a presença de Rita Virginia Argollo, graduada em Jornalismo (UFBA), especialista em História Regional (UESC), mestre e doutora em Educação (UFBA). Atualmente, é diretora da Editus – Editora da UESC e presidente da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU). Mais uma vez, Daniel Coronel, diretor da Editora UFSM, e Marília Barcellos, professora do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, estiveram contribuindo para o debate. Iniciativa da Editora UFSM, Curso de Produção Editorial e Observatório Socioeconômico da Covid-19.
Live “Mercado editorial pós-pandemia” Na oitava live da Editora UFSM, que ocorreu em 02 de
dezembro, voltamos a discussão ao mercado editorial, e este mês foi favorável para algumas análises do cenário comercial, fortemente afetado pela pandemia do novo coronavírus. Alguns segmentos da área editorial podem sair satisfeitos? Quais sofreram mais? O que mudou? Quais as novas tendências? O convidado foi Leonardo Neto, jornalista e editor-chefe do PublishNews. Estiveram presentes também Daniel Coronel, diretor da Editora UFSM, e Marília Barcellos, professora do Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, que fez a mediação do bate-papo. A live é uma iniciativa da Editora UFSM, do Curso de Produção Editorial e do Observatório Socioeconômico da Covid-19.
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 61
Lançamentos de 2020
Novos livros para diversas áreas Saúde, arte, futebol, piscicultura e estética são algumas das temáticas que marcaram os lançamentos da Editora UFSM no último ano
Em 2020 a Editora trouxe um total de 12 obras publicadas. Mais do que o número de livros, cabe ressaltar que a Editora preza pela qualidade e relevância em suas edições, abrangendo publicações das mais diversas áreas do conhecimento. Alguns dos livros de destaque no ano são COVID-19: conhecimentos compartilhados entre crianças e adultos, de autoria de Aruna Noal Correa e Giséli Duarte Bastos, com ilustrações de Guilherme 62 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
Mohr; a 3ª edição de Espécies Nativas para Piscicultura no Brasil, organizado por Bernardo Baldisserotto; o Encantamento dos Sentidos: o Sublime e a Beleza na teoria estética de Edmund Burke, escrito por Rogério Ferrer Koff. Além dos livros mencionados, a seguir o leitor poderá conferir todos os demais lançamentos do ano. Esperamos que sirva de estímulo para você adquirir e conhecer a nossa produção editorial de 2020.
LANÇAMENTOS DE 2020
A intermidialidade e os estudos interartes na arte contemporânea Este livro reúne um conjunto significativo de ensaios de renomados pesquisadores estrangeiros, traduzidos para a língua portuguesa, que vem contribuir para a discussão teórica sobre práticas artístico-literárias que demandam abordagens transdisciplinares inovadoras. Trata-se da terceira coletânea organizada por membros do grupo de pesquisa Intermídia, que está registrado no diretório do CNPq e que busca consolidar no Brasil o campo dos estudos interartes e da intermidialidade. Este volume apresenta, portanto, um conjunto coerente e oportuno de refllexões em diálogo crítico com a produção moderna e contemporânea, que vem renovar nosso olhar sobre as múltiplas e diversas manifestações culturais marcadas pelo cruzamento das fronteiras. Organizadoras: Camila A. P. de Figueiredo, Solange Ribeiro de Oliveira e Thaïs Flores Nogueira Diniz Edição Impressa (2020): 978-65-5716-009-1 | 320 p. | R$ 65,00 E-book (2020): 978-65-5716-014-5 | R$ 45,50
As mulheres no universo do futebol brasileiro Composto por 18 capítulos, este livro é um presente a todos/ as os/as entusiastas do futebol feminino no Brasil, bem como é um convite de leitura aos curiosos em conhecer um pouco mais sobre essa modalidade tão controversa e fascinante. Os textos aqui compilados foram escritos – em sua grande maioria – por mulheres que possuem longa trajetória acadêmica nos estudos sobre práticas esportivas. A área de atuação dos/as autores/as aqui presentes é bastante variada: Antropologia, Comunicação Social, Educação, Educação Física, História e Psicologia. Essa multiplicidade fornece vieses diferentes sobre os diferentes futebóis praticados por mulheres, dentro e fora dos gramados. Esta obra consolida, de vez, o trabalho e a pesquisa sobre o Futebol Feminino/de Mulheres, bem como nos mostra que ainda existe um longo caminho que precisa ser percorrido para que essa modalidade esportiva receba o respeito e a visibilidade que merece. Organizadoras: Cláudia Samuel Kessler, Leda Maria da Costa e Mariane da Silva Pisani E-book (2020): 978-65-5716-018-3 | R$ 38,00
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 63
Brasil e Portugal: ditaduras e transições para a democracia O livro resulta da colaboração de investigadores brasileiros, portugueses, uruguaios e espanhóis ligados à historiografia e à sociologia, à ciência política e aos estudos europeus, aos estudos da comunicação e aos estudos artísticos. São 14 textos dedicados a análises acerca das ditaduras, das transições e suas consequências para a democracia em Portugal, Espanha, Brasil e noutros Estados do Sul da América. Foram abordadas as ditaduras estruturadas ao longo do século XX, as mudanças e permanências políticas verificadas por via revolucionária ou através de transições negociadas; evoluções ocorridas em países de desenvolvimento intermédio e em países subdesenvolvidos; estratégias transicionais e políticas de memória muito ou pouco presentes ou ausentes, objetivantes ou ideológicas, inclusivas ou fraturantes. Organizadores: Gilvan Veiga Dockhorn, João Paulo Avelãs Nunes e Diorge Alceno Konrad E-book (2019): 978-65-5716-019-0 | Gratuito
Compromisso social com crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade Esta coletânea apresenta Projetos de Extensão universitária comprometidos com os direitos humanos e a justiça social, por meio de trabalhos voltados para crianças, adolescentes e jovens. São relatos de experiências exitosas em três campos que representam desafios significativos para boas práticas: socioeducação, educação e proteção social. Busca-se dar visibilidade à boa qualidade das intervenções realizadas pelos Projetos de Extensão universitária, que cumprem um papel fundamental no campo das políticas públicas brasileiras, desejando que sejam inspiradores para outros projetos. Organizadoras: Jana Gonçalves Zappe, Ana Cristina Garcia Dias e Silvia Renata Magalhães Lordello E-book (2020): 978-65-88636-00-8 | Gratuito
64 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
LANÇAMENTOS DE 2020
Covid-19: conhecimentos compartilhados entre crianças e adultos A nossa proposta, enquanto Centro de Educação e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é apresentar dois tipos de textos que se mesclam e compõem este livro: na primeira parte, uma história, com base científica, para ser lida ou contada de diferentes maneiras; e, na segunda parte, algumas sugestões de como organizar os dias entre as crianças. Assim, propomos reflexões e a construção de conhecimentos mais aprofundados sobre essa nova doença e o momento que estamos vivendo. Somos todos corresponsáveis pelo mundo que nos cerca e pelas situações do cotidiano. Portanto, é fundamental dialogar e lidar com os diferentes sentimentos, tornando a sua experiência de vida em família a mais prazerosa possível. Textos: Aruna Noal Correa e Giséli Duarte Bastos Ilustrações: Guilherme Mohr Edição Impressa (2020): 978-65-5716-012-1 | 68 p. | Gratuito E-book (2020): 978-65-5716-013-8 | Gratuito
Educação e trabalho em tempos de intervenção reguladora do capital O trabalho é uma intervenção dos seres humanos no ambiente e existe desde que esses passaram a produzir, metabolizando suas condições de existência. Com o intuito de pôr em relevo a relação entre educação e trabalho como subsídio para discutir-se a educação, a escola, o momento político atual, reuniu-se neste compêndio textos de diversos autores que se dedicam a esse tema. Provenientes das diversas regiões brasileiras e do México, os autores, como se abordará a seguir, têm em comum analisar a educação, o social, os seres humanos a partir da relação educação e trabalho. Organizadoras: Liliana Soares Ferreira, Célia Tanajura Machado e Luiza Da Silva Braido E-book (2020): 978-65-5716-007-7 | R$ 30,00
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 65
Espécies nativas para piscicultura no Brasil
3ª edição revista e ampliada
Esta terceira edição apresenta informações atualizadas e completas sobre a criação de várias espécies nativas de peixes brasileiros. Cada capítulo fornece ao leitor informações sobre a biologia, reprodução e larvicultura, engorda, efeitos da qualidade da água, nutrição, doenças e transporte dessas espécies, sendo leitura obrigatória para pesquisadores, piscicultores, estudantes e entusiastas pelo assunto. Portanto, neste livro, foram reunidos capítulos com informações atualizadas sobre o cultivo de várias espécies, cada um escrito por pesquisadores especialistas na espécie em questão, de modo que os piscicultores tenham uma fonte valiosa para melhor decidirem que espécie criar ou o rumo de sua criação. Algumas novas espécies foram incluídas nesta edição. Organizador: Bernardo Baldisserotto Edição Impressa (2020): 978-85-7391-347-7 | 544 p. | R$ 125,00 E-book (2020): 978-65-5716-000-8 | R$ 85,00
Migrações internacionais: experiências e desafios para a proteção e promoção de direitos humanos no Brasil A obra dialoga com um dos grandes temas de direitos humanos da atualidade: a exclusão/inclusão dos sujeitos da mobilidade humana internacional. Composto por 11 capítulos, distribuídos em duas partes, o livro traz o debate ético, interdisciplinar e crítico sobre a realidade das migrações e do refúgio, marcada pelas relações estruturais de dominação e sujeição. O livro problematiza a realidade das migrações internacionais como uma das mais significativas expressões das relações estruturais de exclusão e, sob a dinâmica exclusão/inclusão, aborda os desafios para a proteção e promoção de direitos humanos da população migrante e refugiada. Composta por onze textos construídos a partir das áreas de Direito, Antropologia, Letras, Relações Internacionais, Psicologia, Ciências Sociais, Comunicação e Filosofia, a obra apresenta o debate ético, interdisciplinar e crítico sobre o grande tema das migrações internacionais, evidenciando-as, com Sayad, como um “fato social total”. Organizadora: Giuliana Redin E-book (2019): 978-65-5716-010-7 | Gratuito
66 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
LANÇAMENTOS DE 2020
Núcleo de Implementação da Excelência Esportiva e Manutenção da Saúde (NIEEMS) O NIEEMS atua na busca de promover benefícios na vida de distintos públicos. Entre esses estão diferentes faixas etárias (crianças, adolescentes, adultos e idosos), com e sem privação de liberdade, com ou sem alta vulnerabilidade social, acadêmicos ou comunidade externa à UFSM, entre outros. Tudo o que envolve o NIEEMS está equilibrado e fundamentado na tríade do Ensino Superior, ou seja, no ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO. Portanto, os envolvidos no NIEEMS estão imbuídos em ações científicas, ao produzir o conhecimento que é abordado nas ações de ensino e difundido na comunidade pela extensão. Logo, nossas pesquisas estão inseridas na extensão e no campo prático, o que proporciona a criação de um ciclo virtuoso pautado pelo esporte e pela manutenção da saúde. As diversas ações que este livro apresenta são belos exemplos de como o trabalho bem planejado pode provocar grandiosas mudanças sociais nos envolvidos. Organizadores: Luiz Fernando Cuozzo Lemos, Gabriel Ivan Pranke e Leandra Costa da Costa E-book (2019): 978-65-88636-01-5 | R$ 35,00
O abraço de amor de Kahlo, Estrada, Zenil e eu: uma genealogia matricial a partir do corpo performativo Três homens engravidados por Frida Kahlo é a (im)provável e potente metáfora que possibilita refletir sobre a (pro)criação dessa artista e questionar o ensimesmamento que tem despolitizado seu trabalho artístico. A perspectiva de que o pessoal é político atravessa este estudo, destacando a autobiografia, o corpo e o contexto sociocultural como as bases primordiais da arte. Enlaçados ao trabalho artístico-investigativo do autor, esses artistas, temas e posições políticas constroem uma bricolagem entre cultura visual, artes visuais, dança contemporânea e performance para pensar-fazer a arte como luta em nossa América Latina colonizada, explorada, mas também valente, exuberante e, se quiser, revolucionária. O livro tece uma genealogia matricial entre esses artistas a partir da performatividade do corpo e seus processos criativos. Autor: Odailso Berté Edição Impressa (2020): 978-85-7391-345-3 | 304 p. | R$ 52,00 E-book (2020): 978-65-5716-011-4 | R$ 36,00
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 67
O encantamento dos sentidos: o sublime e a beleza na teoria estética de Edmund Burke Nesta obra, o leitor se deparará com uma série de agradáveis surpresas filosóficas, graças ao estilo e à densidade que ela comporta. Em primeiro lugar, destaco o fato de o livro trazer à luz pertinentes reflexões de Edmund Burke (1729-1797). Só o fato de constituir um texto capaz de cativar o leitor e levá-lo a compreender a envergadura filosófica e atualidade de legado de Burke já seria o suficiente para fazer da obra do prof. Rogério Koff um manual introdutório e importante para qualquer leitor interessado em iniciar seus estudos na área em questão. Sem a pretensão de esgotar as questões, Koff apresenta, de forma clara e convincente, a pertinência e atualidade da filosofia de Burke e certamente atingirá seu escopo; isto é, despertará o interesse e o devido respeito por este grande autor tal como se propôs ao escrevê-la. Autor: Rogério Ferrer Koff Edição Impressa (2020): 978-85-7391-346-0 | 176 p. | R$ 52,00 E-book (2020): 978-65-5716-001-5 | R$ 35,00
Polos de defesa e segurança: estado, instituições e inovação Este livro aborda as referidas necessidades a partir do modelo da tríplice hélice, um modelo variável e não linear de colaboração, integração e diferenciação entre universidade, indústria e governo em prol do desenvolvimento de atividades que produzem benefícios mútuos, de forma que as empresas maximizem sua informação estratégica; os agentes públicos e gestores de governança identifiquem mais claramente os seus desafios de gestão, cooperação e integração; as forças armadas disponham de produtos confiáveis; e as instituições de ensino compreendam mais claramente as demandas de inovação do mercado e disponham de mais incentivos para transbordar ao setor privado o conhecimento nelas produzido. Organizadores: Igor Castellano da Silva e Júlio Eduardo Rohenkohl Edição Impressa (2020): 978-85-7391-349-1 | 360 p. | R$60,00 E-book (2020): 978-65-5716-008-4 | R$ 42,00
68 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
Conselho Editorial
Conselho Editorial O Conselho Editorial é o órgão consultivo e deliberativo da Editora UFSM, responsável, por exemplo, por definir a política editorial da Universidade, analisar e aprovar o plano anual de atividades da Editora e o relatório anual do Diretor. Atualmente o Conselho é composto pelo Diretor da Editora (Presidente), por um representante docente de cada unidade de ensino, indicado pelo Conselho da Unidade, por três representantes téc-
nico-administrativos em educação, indicados pelas representações sindicais da categoria e nomeados pelo Reitor, e por representantes dos campi da UFSM de Frederico Westphalen, Palmeira das Missões e Cachoeira do Sul, indicados pelos diretores dos campi. Os membros do Conselho Editorial assumem essa função tendo mandato de dois anos, sendo permitidas duas reconduções. Os conselheiros da Editora UFSM podem ser conhecidos a seguir.
Presidente do Conselho Daniel Arruda Coronel
Professor associado do Departamento de Economia e Relações Internacionais, com atuação como docente permanente nos programas de Pós-Graduação em Gestão de Organizações Públicas, em Agronegócios e em Economia e Desenvolvimento, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente é Diretor da Editora UFSM.
Representantes técnico-administrativos Raone Somavilla Arquivista no Departamento de Documentação da UFSM
Graziela Inês Jacoby Assistente em administração na Secretaria do Curso de História da UFSM
Debora Marshall Técnica em assuntos educacionais na Secretaria do Curso de Educação Especial
Representante do Centro de Artes e Letras Célia Helena De Pelegrini Della Méa Professora adjunta do Departamento de Letras Clássicas e Linguística da UFSM
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 69
Representante do Centro de Ciências da Saúde Beatriz Silvana da Silveira Porto Professora adjunta do Departamento de Pediatria do Curso de Medicina da UFSM
Representante do Centro de Ciências Naturais e Exatas Adriano Mendonça Souza Professor titular do Departamento de Estatística da UFSM
Representante do Centro de Ciências Rurais Fernanda Alice Antonello Londero Backes Professora associada do Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Rurais da UFSM
Representante do Centro de Ciências Sociais e Humanas Jose Renato Ferraz da Silveira Professor adjunto do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM
Representante do Centro de Educação Amarildo Luis Trevisan Professor titular do Departamento de Educação Especial da UFSM
Representante do Centro de Educação Física e Desportos Maristela da Silva Souza Professora do Departamento de Desportos Individuais da UFSM
Representante do Centro de Tecnologia Marcelo Battesini Professor associado do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da UFSM
Representante do Campus de Cachoeira do Sul/RS Ricardo de Souza Rocha Professor associado do Campus Cachoeira do Sul (UFSM)
Representante do Campus de Frederico Westphalen/RS Melina de Souza Mota
Professora titular do Departamento de Ciências da Comunicação, do Campus Frederico Westphalen (UFSM)
Representante do Campus de Palmeira das Missões/RS Neida Luiza Kaspary Pellenz Professora do Departamento de Ciências da Saúde, do Campus Palmeira das Missões (UFSM)
Representante do Colégio Politécnico (UFSM) Cândida Martins Pinto Professora do Ensino Básico Técnico e Tecnológico
Representante do Colégio Técnico Industrial (UFSM) Paulo Roberto da Costa Professor do Ensino Básico Técnico e Tecnológico
Representante da Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo (UFSM) Joze Medianeira dos Santos Andrade Professora da Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo
70 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
Pareceristas
Pareceristas Responsáveis por darem o aval para que a Editora UFSM publique ou não uma obra, os consultores ad hoc – também chamados pareceristas externos – são pesquisadores com notável conhecimento sobre a temática tratada no livro. O trabalho deles se inicia depois que a obra é analisada e considerada adequada pelo Conselho Editorial. Para essa tarefa, são selecionados dois consultores, a partir do tema específico de cada livro. Eles realizam uma minuciosa análise de aspectos, como a
relevância e a qualidade do conteúdo, a atualidade do tema, o potencial mercadológico e o público-alvo. No caso de autores vinculados à UFSM, os pareceristas devem ser externos à Instituição. Quando os autores são externos, os consultores podem ser da própria Universidade. Para todos os casos, os consultores devem possuir título de doutor. A seguir, são apresentados os pesquisadores que colaboraram com a Editora UFSM como pareceristas externos em 2020.
Ana Paula Iglesias Santin Doutora em Ciência Animal, pela Universidade Federal de Goiás (2008). Atualmente é professora associada da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás.
Carolina Fernandes Doutora em Agronomia - Produção Vegetal (2005) e pós-doutorado em Agronomia - Ciência do Solo (2010) pela UNESP - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de Jaboticabal. Atualmente é professora associada da Universidade Estadual Paulista (UNESP). É líder do Grupo de Pesquisa em Física do Solo (GPFIS), credenciado pelo Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil no CNPq.
Claudia Luiza Caimi Doutora em Linguística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001). Atualmente é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 71
Cristina Cardoso Doutora em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atuou na Educação Básica por 6 anos - nos ensinos fundamental e médio. No ensino superior tem experiência docente no ensino presencial e EaD com ênfase em Letras, com interesses voltados especialmente às seguintes áreas: literatura e cultura de língua espanhola, literaturas e outros sistemas semióticos, estudos da memória e identidade, formação de professores.
Daniel Lena Marchiori Neto Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tendo realizado estágio de doutorado no Colorado College, EUA. Atualmente é professor adjunto do Centro de Ciências Sócio-Organizacionais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito e Justiça Social da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Fábio Goulart de Andrade Doutor em Patologia Experimental pela Universidade Estadual de Londrina. Atualmente é professor adjunto do Departamento de Histologia da Universidade Estadual de Londrina.
Felipe Bonatto Umann Doutor em Educação, licenciado em Educação Física, especialista em Psicologia Transpessoal. Diretor e coreógrafo do Grupo de Brincantes do Paralelo 30. Atualmente é professor assistente do curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Francisca de Paula de Oliveira Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande. Atualmente é professora adjunta II da Universidade Federal do Amapá.
Pedro Brum Santos Doutor em Letras (Teoria Literária) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Em 2007, realizou pós-doutoramento no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP com a pesquisa O romance histórico no Brasil. Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Santa Maria.
Rafael Gianella Mondadori Doutor em Ciências Biológicas (Biologia Molecular) pela Universidade de Brasília e pósdoutorado na Universidade McGill-Canadá (2016). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Pelotas.
Reisoli Bender Filho Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é professor adjunto do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Maria.
Sandra de Fatima Batista de Deus Doutora em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professora associada da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
72 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
Distribuidores
Distribuidores A Editora UFSM está inserida no mercado editorial, distribuindo os livros disponibilizados em seu catálogo em todas as regiões do Brasil, por meio de sua participação no Programa Interuniversitário para Distribuição de Livros (PIDL), promovido pela Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU). A Editora UFSM é também associada à Associação Nacional de Livrarias (ANL), sendo de suma importância para seu crescimento, forta-
lecendo e ampliando suas relações comerciais e buscando uma inserção no panorama editorial brasileiro. A Editora UFSM busca, ainda, o contato com novas livrarias comerciais e distribuidoras, a fim de viabilizar uma maior divulgação e comercialização dos seus livros. Os livros da Editora UFSM encontram-se distribuídos em diversos parceiros pelo Brasil, concentrados na sua maior parte nas regiões Sul e Sudeste. Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 73
Nordeste
TRAVESSIA EDITORA E LIVRARIA
AG LIVRARIA E DISTRIBUIDORA LTDA.
Endereço: Rua Rio Mar, 63A
Endereço: Av. Santa Luzia, 1000 – Sala 01
Bairro Nossa Senhora das Graças
Cond. Villa do Parque Brotas
CEP: 69053-180
Salvador – BA
Manaus – AM
CEP: 40295-050
Telefone: (92) 3213 8984
Telefone: (71) 3356-4001
E-mail: travessia.compras@hotmail.com
E-mail: aglivrariaba@gmail.com
Centro-Oeste
LIVRARIA CENTENÁRIO
GM COMÉRCIO DE LIVROS
Endereço: Av. Centenário, 837 – Edifício Mattos – 2º andar
Endereço: Rua Coronel Antônio Estigarribia, 177
Bairro Garcia
Bairro Duque de Caxias – CEP: 78043-274
Salvador – BA
Cuiabá – MT
CEP: 40100-180
Telefone: (65) 3321-1313
Telefone: (71) 99172-0805
E-mail: gmlivros@bol.com.br
E-mail: empresa.mattos@hotmail.com
LIVRARIA LITUDO LIVRARIA EDUFRN
Endereço: Avenida Tenente Coronel Duarte, 504 - subsolo
Endereço: Campus Universitário S/N.
Bairro Centro – CEP: 78005-500
Bairro Lagoa Nova
Cuiabá – MT
CEP: 59072-970
Telefone: (65) 3622 2022
Natal – RN Telefone: (84) 3215-3261
OCTOPOS COMERCIO E SERVIÇOS LTDA Endereço: Avenida Anápolis – Quadra 30A – Lote 3 – Vila Brasília
PONTUAL DISTRIBUIDORA LTDA
CEP: 74911-360
Endereço: Praça de Casa Forte, 426
Aparecida de Goiânia – GO
Bairro Casa Forte
Telefone: (62) 9606-9030
CEP: 50061-420
E-mail: compras@grupooctopos.com.br
Recife – PE Telefone: (81) 3241-6985 E-mail: pontualdistribuidora@live.com
Sudeste
CORUJET IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA Endereço: Rua Professor Rocca Dordal, 12
LIVRARIA PRAÇA DE CASA FORTE LTDA.
Bairro Vila Pompeia
Endereço: Praça de Casa Forte, 454
CEP 05026-030
Bairro Casa Forte
São Paulo – SP
CEP: 52061-420
Telefone: (11) 2776-7658
Recife – PE
E-mail: compras2@corujet.com.br
Telefone: (81) 3039 3112
Site: www.corujet.com.br
Norte
DE OLHO NO LIVRO DISTRIBUIDORA
EDITORA INPA
Endereço: Rua Dr Augusto Miranda, 1322
Endereço: Avenida André Araújo, 2936
Bairro Vila Pompeia – CEP: 05026-001
Bairro Petrópolis
São Paulo – SP
CEP: 69067-375
Telefone: (11) 3729-3550
Manaus - AM
E-mail: compras@deolhonolivro.com
Telefone: (92) 3643 3223
Site: www.deolhonolivro.com
74 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
DISTRIBUIDORES
EDIÇÕES D’O NARRADOR
GD DISTRIBUIDORA
Endereço: Rua Dr. Alberto Seabra, 1175
Endereço: Avenida Clara Nunes, 25 – Complemento: Loja B
Bairro Vila Madalena
Bairro Renascença
CEP: 05452-001
CEP: 31130-680
São Paulo – SP
Belo Horizonte – MG
E-mail: contato@30porcento.com.br
Telefone: (31) 3421-9693 | (31) 3423-1736 E-mail: comprasgddistribuidora@gmail.com
EDITORA DA UFLA
Site: www.gdlivros.com.br
Endereço: Caixa Postal 3037 Bairro Campus da UFLA
IMPRENSA OFICIAL
CEP: 37200-973
Endereço: Rua XV De Novembro, 318
Lavras - MG
Bairro Centro
Telefone: (35) 3829 1551
CEP: 01013-000
E-mail: comercial.editora@ufla.br
São Paulo – SP Telefone: (11) 3105-6781 | (11) 3101-6473 | (11) 2799-9673
EUNICE LIVROS Endereço: Rua Maria José, 306
INOVAÇÃO
Bairro Bela Vista
Endereço: Rua Conselheiro Ramalho, 719
São Paulo – SP
Bairro Bela Vista
CEP: 01324-010
CEP: 01325-001
Telefone: (11) 3101-5816
São Paulo – SP
E-mail: compras@eunicelivros.com.br
Telefone: (11) 3262-1380 Site: www.inovacaodistribuidora.com.br/site
ÊXITO DISTRIBUIDORA Endereço: Rua Conselheiro Ramalho,713-715
ITALIVROS DISTRIBUIDORA DE LIVROS
Bairro Bela Vista
Endereço: Rua Otalibe Pelliser, 262 – Quadra 38 – Lote 04
CEP: 01325-001
Bairro Reserva Santa Rosa
São Paulo – SP
CEP: 13255-339
Telefone: (11) 3101-6701 | (11) 3101-5816
Itatiba – SP
Site: www.exitolivros.com.br
Telefone: (11) 94791-5987 E-mail: fernando@italivros.com.br / luisfernandomika@hotmail.com
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS – FGV Endereço: Rua Jornalista Orlando Dantas, 44
JULIANI COMÉRCIO DE LIVROS EIRELI
Bairro Botafogo – CEP: 22231-010
Endereço: Rua Alice Alem Saadi, 855
Rio de Janeiro – RJ
Bairro Nova Ribeirânia
Telefone: (21) 3799-4426 | (21) 3799-4427 | (21) 3799-4428
CEP: 14056-570
E-mail: marcelo.pontes@fgv.br
Ribeirao Preto – SP
Site: www.portal.fgv.br
Telefone: (16) 3975-6409 E-mail: compras02@julianilivros.com.br
FUNEP Endereço: Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, S/N
LEMOS & ANDRADE LIVRARIA E DISTRIBUIDORA
Bairro Rural
Endereço: Avenida Maranhão, 1419
CEP: 14884-900
Bairro Santa Maria
Jaboticabal – SP
CEP: 38050-470
Telefone: (16) 3209-1300 | (16) 3209-7100
Uberaba - MG
Site: www.funep.org.br/index_livraria.php
Telefone: (34) 3311-1103
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 75
LIVRARIA DA FÍSICA
M.A. PONTES EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS
Endereço: Rua Enéas Luis Carlos Barbanti, 193
Endereço: Av. Patrocínio Paulista, 204
Bairro Freguesia do Ó
Bairro Jardim Triana
CEP: 02911-000
São Paulo – SP
São Paulo – SP
CEP 03552-000
Telefone: (11) 3936-3413 | (11) 3459-4323
Telefone: (11) 2957-0789
Site: www.livrariadafisica.com.br
E-mail: maria.alice@mapontes.com.br
LIVRARIA DA UNESP
PLD LIVROS
Endereço: Praça da Sé, 10
Endereço: Rua José Pires De Godoy, 40
Bairro Centro – CEP: 01001-900
Bairro Jardim Santa Rosa – CEP: 13414-124
São Paulo – SP
Piracicaba – SP
Telefone: (11) 6604-5816
Telefone: (19) 3421-7436 | (19) 3423-3961
E-mail: fabio.igaki@editora.unesp.br
Site: www.pldlivros.com.br
LIVRARIA E DISTRIBUIDORA MENTE SANTA LTDA
SUSANNE BACH COMERCIO DE LIVROS
Endereço: Av. Afonso Pena, 952 – Conj 311/313
Endereço: Rua Visconde de Caravelas, 17
Bairro Centro
Bairro Botafogo – CEP: 22271-021
CEP: 30130-003
Rio de Janeiro – RJ
Belo Horizonte – MG
Telefone: (21) 2539-3590
Telefone: (31) 3347-7861
Site: www.sbachbooks.com.br
Site: www.mentesana.com.br
TECHNICAL BOOKS LIVRARIA FL UNIVERSITÁRIA
Endereço: Rua Gonçalves Dias, 89 – Sala 207
Endereço: Av. das Alamedas, 850 – Bloco 3 – Ap 33
Bairro Centro – CEP: 20050-030
CEP: 08225-310
Rio de Janeiro – RJ
São Paulo – SP
Telefone: (21) 2224-3177 | (21) 2252-9299
Telefone: (11) 2046-3396
Site: www.tblivraria.com.br
E-mail: livrariafluniversitaria@gmail.com
TERRA SAPIENS COMÉRCIO DE LIVROS LTDA LIVRARIA INTERCIENCIA
Endereço: Rua José Salvador Cozer, 103
Endereço: Rua Hermengarda, 560
Bairro Jaguaribe – CEP: 06065-240
Bairro Meier – CEP: 20710-010
Osasco – SP
Rio de Janeiro – RJ
Telefone: (11) 3609-0942
Telefone: (21) 2242-9095 | (21) 3242-7787
E-mail: vendas@terrasapiens.net
E-mail: inter@home.cybernet.com.br
Site: www.terrasapiens.net
LIVRARIA UFV
WMF MARTINS FONTES LTDA.
Endereço: Edifício Francisco São Jose, S/N
Endereço: Av. Paulista, 509 – lojas 17,20, 21 e 22 – salas 9 e 11
Campus universitário
Bairro Bela Vista
CEP: 36570-900
São Paulo – SP
Viçosa – MG
CEP: 01311-910
Telefone: (31) 3899-2143
Telefone: (11) 2167-9900
Site: www.editoraufv.com.br
E-mail: atendimento@martinsfontespaulista.com.br
E-mail: editoraconsignacao@ufv.br
76 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
DISTRIBUIDORES
Sul
DISTRIBUIDORA CURITIBA
A PÁGINA DISTRIBUIDORA DE LIVROS
Endereço: Marechal Floriano Peixoto, 1762
Endereço: Rodovia BR 116, 14056
Bairro Rebouças – CEP: 80230-110
Bairro Fanny – CEP: 81690-200
Curitiba – PR
Curitiba – PR
Telefone: (41)3330-5191
Telefone: (41) 3213-5600
E-mail: compras17@livrariascuritiba.com.br
Site: www.apaginadistribuidora.com.br
Site: www.livrariascuritiba.com.br
AGROLIVROS
KUNDA LIVRARIA UNIVERSITÁRIA
Endereço: Av. Ivo Lessa Silveira, 562
Endereço: Rua Almirante Barroso, 1473
Bairro Chácara das Paineiras
Bairro Centro – CEP: 85851-010
CEP: 92500-000
Foz do Iguaçu – PR
Guaíba – RS
Telefone: (45) 3523-4606 | (45) 98404-1473
Telefone: (51) 3403-1155
E-mail: livros@livrariakunda.com.br
Site: www.agrolivros.com.br
LIVRARIA CULTURAL ANATERRA
Endereço: Avenida Unisinos, 950
Endereço: Rua Dr. Bozano, 329 – Sala 02
Bairro Cristo Rei – CEP: 93022-000
Bairro Centro
São Leopoldo – RS
CEP: 97015-001
Telefone: (51) 3590-4888 | (51) 3509-8850
Santa Maria – RS
Site: www.culturalstore.com.br
Telefone: (55) 3226-4016 Site: anaterralivros.livronauta.com.br
LIVRARIA DA UNESC Endereço: Avenida Universitária, 1105
ATHENA LIVRARIA E PAPELARIA - CENTRO
Bairro Universitário
Endereço: Rua Marechal Floriano Peixoto, 1112
CEP: 88806-000
Bairro Centro – CEP: 97015-370
Criciúma – SC
Santa Maria – RS
Telefone: 48 3431 2731
Telefone: (55) 3307-4000
E-mail: livraria@unesc.net
Site: blog.athenalivraria.com.br
LIVRARIA LIVROS E LIVROS LTDA ATHENA LIVRARIA E PAPELARIA - SHOPPING PRAÇA NOVA
Endereço: Centro Cultural e Eventos, S/N
Endereço: Shopping Praça Nova – Lojas 1171/1172/1173
Campus universitário – Caixa Postal 5167
BR 287, Km 245 (com Rua Irmã Dulce)
CEP: 88040-535
Bairro Patronato – CEP: 97070-150
Florianópolis – SC
Santa Maria – RS
Telefone: (48) 3222-1244
Telefone: (55) 3032 0160
E-mail: marcelo@livroselivros.com.br
Site: blog.athenalivraria.com.br
Site: www.livroselivros.com.br
CESMA
LIVRARIA UEPG
Endereço: Rua Professor Braga, 55
Endereço: Praça Santos Andrade, 1
Bairro Centro
Bairro Centro
CEP: 97015-530
CEP: 84010-790
Santa Maria – RS
Ponta Grossa - PR
Telefone: (55) 3221-9165
Telefone: (42) 3220 3369
Site: www.cesma.com.br
E-mail: livraria@uepg.br
Estilo Editorial | Edição 7 | 2020 77
LIVRARIA UFPR
TERRA BISTRÔ E LIVRARIA
Endereço: Rua Dr. Faivre, 405
Endereço: Rua Expedicionário Almeida, 1038
Bairro Centro
Bairro Centro – CEP: 97400-000
CEP: 80060-140
São Pedro do Sul – RS
Curitiba – PR
Celular: (55) 9 9647-2019
Telefone: (41) 3360-5214
E-mail: seboterralivros@gmail.com
Site: www.editora.ufpr.br/portal/livrarias
Site: www.estantevirtual.com.br/seboterra
LIVRARIA UFSM
TERRITÓRIO DO LIVRO COMÉRCIO DE LIVROS LTDA
Endereço: Av. Roraima – Conjunto Comercial, 12
Endereço: Rua São Lucas, 115
Bairro Campus Universitário
Bairro Sagrada Família
CEP: 97105-900
CEP: 94198-253
Santa Maria – RS
Gravataí – RS
Telefone: (55) 3220-8115
Telefone: (51) 3085-0461
Site: www.livrariaufsm.com.br
E-mail: territoriodolivro@terra.com.br
SEBO CAMOBI
USEB – JAILTON GONÇALVES FERNANDES
Endereço: RST-287, 7100 – Faixa nova
Endereço: Rua Tancredo Neves, 156
Bairro Camobi – CEP: 97105-070
Bairro Areal
Santa Maria – RS
CEP: 96085-520
Telefone: (55) 9979-0110
Pelotas – RS
E-mail: sebocamobi@gmail.com
Telefone: (53) 9954-1371 E-mail: useb.brasil@hotmail.com
SEBO CAPITU Endereço: Rua Acampamento, 239
VANGUARDA LIVRARIA LTDA
Bairro Centro
Endereço: Rua Gonçalves Chaves, 374 – Cj. 2/4
CEP: 97050-003
Bairro Centro
Santa Maria – RS
Pelotas – RS
Telefone: (55) 3029-2485
CEP: 96015-560
Site: www.estantevirtual.com.br/sebobancadolivro
Telefone: (53) 3027-9205 E-mail: comercial@livrariavanguarda.com.br
SINOPSYS Endereço: Rua Vinte e Cinco de Julho, 1118 Bairro Rio Branco CEP: 93310-251 Novo Hamburgo – RS Telefone: (51) 3035 1166 E-mail: livrarianh@sinopsyseditora.com.br
SORVIL LIVROS Endereço: Rua Londrina, 145 Bairro da Velha – CEP: 89036-610 Blumenau – SC Telefone: (47) 3325-2992 | (19) 3531-5700 E-mail: sorvil@terra.com.br Site: www.sorvillivros.blogspot.com.br
78 Estilo Editorial | Edição 7 | 2020
A Editora UFSM conta com distribuidores em todas regiões do Brasil
Muita coisa mudou, nos afastamos dos familiares, dos amigos, dos colegas, dos lugares que gostamos, lidamos com diversas emoções, uma simples saudação mudou. Apesar dos dias difíceis, isto tudo será passado e fará parte de uma história a ser contada em livros.
Grife UFSM
Livraria UFSM
Livrariaegrifeufsm
Livrariaegrifeufsm
grifeufsm@gmail.com
livrariaufsm@gmail.com
www.livrariaufsm.com.br/grifeufsm
www.livrariaufsm.com.br
Avenida Roraima, 2 | Conjunto Comercial | Sala 12 Cidade Universitária | Camobi | Santa Maria-RS | 97105-900
(55) 3220-8115
Inspirando pessoas para transmitir conhecimento Editora UFSM
editoralivrariaufsm
www.editoraufsm.com.br