IMIGRAÇÃO e colonização: conflitos pela terra no Paraná e São Paulo entre os séculos XIX e XX

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IMIGRAÇÃO E COLONIZAÇÃO Conflitos pela terra no Paraná e São Paulo entre os séculos XIX e XX


Editora UNICENTRO Rua Salvatore Renna, 875, Santa Cruz, CEP 85015-430 - Guarapuava - PR. Fone: (42) 3621-1019 editora@unicentro.br www.unicentro.br/editora

Angelo Priori João Fábio Bertonha (Org.)

IMIGRAÇÃO E COLONIZAÇÃO Conflitos pela terra no Paraná e São Paulo entre os séculos XIX e XX

Publicação aprovada pelo Conselho Editorial da UNICENTRO


Universidade Estadual do Centro-Oeste Reitor: Aldo Nelson Bona Vice-Reitor: Osmar Ambrosio de Souza Editora UNICENTRO Direção: Denise Gabriel Witzel Assessoria Técnica: Beatriz Anselmo Olinto, Ruth Rieth Leonhardt, Suelem Andressa Lopes, Victor Mateus Gubert Teo, Waldemar Feller Divisão de Editoração: Renata Daletese Correção: Dalila Oliva de Lima Oliveira Diagramadores: Roger Ongaratto Nunes, Helana Wichinoski, Édina Regina Neumann, Victor Mateus Gubert Teo Diagramação: Roger Ongaratto Nunes Capa: Helana Wichinoski Imagem da capa: FDR Presidential Library & Museum

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Introdução

Parte 1 As companhias colonizadoras e a ocupação do território: São Paulo e Paraná

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Giani Vendramel de Oliveira

Ficha catalográfica Catalogação na publicação Fabiano Queiroz Jucá - CRB 9/1249 Biblioteca Central da Unicentro, Campus Santa Cruz I32

IMIGRAÇÃO e colonização: conflitos pela terra no Paraná e São Paulo entre os séculos XIX e XX / Organizado por Angelo Priori e João Fábio Bertonha. – – Guarapuava: Ed. da Unicentro, 2015. 225 p. ISBN 978-85-7891-177-5

A Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização (Caic) e o processo imigratório no Estado de São Paulo (1928-1936)

A construção das Memórias sobre os conflitos agrários na região Oeste do Paraná (1950/80)

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Leandro de Araújo Crestani

Bibliografia 1. Paraná - História. 2. São Paulo - História. 3. Imigração. 4. Colonização. I. Título. CDD 981.62

Copyright © 2015 Editora UNICENTRO Nota: O conteúdo desta obra é de exclusiva responsabilidade de seus autores.

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A luta dos “brasiguaios” pelo acesso à terra

Roberto Carlos Klauck; Angelo Priori


Parte 2

I ntrodução

Imigrantes, migrantes e a ocupação dos espaços paulista e paranaense

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O

Os imigrantes de origem alemã no Paraná: debate sobre a presença teuta no Estado

Márcio José Pereira

A imigração espanhola para São Paulo e as memórias de Braz Ponce Martins (1897-1938)

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Gelise Cristine Ponce Martins

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A ocupação do espaço brasileiro da Tríplice Fronteira

Micael Alvino da Silva

s trabalhos aqui apresentados representam uma emanação direta do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Estadual de Maringá (UEM), linha de pesquisa Política e Movimentos Sociais, no qual os organizadores lecionam e a maioria dos autores defendeu dissertações de Mestrado. Mais ainda, as reflexões contidas, nos vários textos deste livro, estão claramente vinculadas aos estudos dos dois organizadores em torno dos temas da imigração e da colonização. Fenômenos que são estudados, muitas vezes, de forma estanque, mas que, na verdade, formam os dois lados da mesma moeda. Eis por que foi decidida a formatação de um livro reunindo textos que abordam ambas as temáticas, preferencialmente, mas não exclusivamente, tratando os dois temas de forma conjunta. Isso indica uma coerência interna que, em termos de temáticas, se não sufoca a diversidade de interesses e de abordagens, permite um diálogo e um trânsito interno entre os vários pesquisadores que compõem a presente publicação. Este livro representa mais um capítulo nessa história de pesquisa coletiva ou, no mínimo, associada, e é uma prova da capacidade do Programa de Pós-graduação em História da UEM em formar pessoas, articulá-las em torno de linhas de pesquisa e permitir que investigações individuais caminhem em direções próximas, fecundando-se mutuamente. Refletindo essa amplitude de temas de pesquisa, mas com uma articulação clara derivada dos interesses maiores, o livro se organiza em torno de dois temas centrais, a saber, a imigração e a colonização, os quais perpassam, horizontalmente, todos os textos


aqui reunidos. Ao mesmo tempo, verticalmente, uma problemática também cruza, com maior ou menor intensidade, todos os capítulos do livro: a posse da terra e as lutas e conflitos que surgem a partir dela. Seja como imigrantes, colonos ou, o que era mais comum, como uma combinação de ambos, os homens e as mulheres que vieram para o Estado tiveram que lidar, em boa medida, com o problema do acesso à terra e esse eixo é o tema e problemática comuns que dão coerência ao livro e que, apesar de não serem monolíticos, formam um conjunto coerente. A coerência é reforçada pela delimitação geográfica do livro, ou seja, os Estados do Paraná e de São Paulo. Apenas um texto foge desse padrão, mas, ao abordar os brasiguaios, está perfeitamente integrado, já que aborda um processo histórico que indica o esgotamento do processo de colonização no Estado do Paraná. Assim, as duas partes do livro refletem essas preocupações e o esforço em formar um todo coerente sem romper com as especificidades dos trabalhos individuais. Na primeira parte, o foco são as companhias colonizadoras que tiveram fundamental importância na colonização, especialmente no século XX, de largas áreas do Oeste de São Paulo e do Norte e Oeste do Paraná. No primeiro texto, Giani Vendramel trabalha centralmente com a Caic, companhia que ajudou na colonização do Estado de São Paulo. Um trabalho que joga luzes sobre um momento diferente da história da imigração no Brasil e, especialmente, em São Paulo, quando companhias começaram a lotear terra e vendêla aos imigrantes ou outros interessados, num modelo diferente da parceria ou do colonato do século XIX e início do XX. Esse modelo, aliás, foi replicado no Norte e no Oeste do Paraná, espaços em que várias companhias foram instrumentais para a ocupação e colonização do território por imigrantes ou nacionais. Tais companhias são estudadas, a seguir, no capítulo de Leandro de Araújo Crestani, que discute a luta pela terra a partir das ações, do discurso e das atuações da Colonizadora Norte do Paraná, na região Oeste do Estado, especificamente nos municípios de Assis Chateaubriand e Tupãssi, no período de 1950 a

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1980. Tomando como referência a metodologia da história oral, Leandro Crestani busca compreender o processo de estruturação da memória coletiva, entendendo a memória como evocação do passado, lembrança e esquecimento. Ao se deparar com os conflitos agrários na região Oeste do Paraná, o autor recupera as várias e intricadas lutas dentre as quais, muitas delas, a história oficial deixou perdidas no tempo, ou seja, esquecidas, rejeitadas, apagadas da memória. Ao reconstituir a história dos conflitos agrários nos municípios de Assis Chateaubriand e Tupãssi, ajuda a construir outra versão da história da região Oeste do Paraná. Por fim, mostrando a fase final de um processo iniciado em São Paulo e replicado no Paraná, e tendo seus desdobramentos finais no Paraguai, Roberto Carlos Klauck e Angelo Priori trabalham justamente com o colapso do modelo de colonização do Norte do Paraná e com a tentativa, usualmente não bem sucedida, de continuá-lo no Paraguai, com a geração de conflitos pela posse da terra que, ainda hoje, povoam as manchetes dos jornais. Na segunda parte, o foco passa para o imigrante europeu e sua participação na colonização do Estado de São Paulo e do Paraná. Assim, Márcio Pereira faz um balanço da produção dos historiadores sobre uma das correntes imigratórias mais marcantes na história do Paraná, a saber, a alemã, levantando tópicos e problemas a respeito dessa historiografia. Gelise Ponce Martins, por sua vez, usando como fonte a autobiografia de um imigrante espanhol, reflete tanto sobre a imigração espanhola em geral, especialmente para São Paulo, como também a específica, para o Norte do Paraná. O texto seguinte, de Micael Alvino da Silva, por fim, também aborda um processo de colonização, mas que seguiu um modelo um pouco diferente, absorvendo a mão de obra excedente das colônias alemãs e italianas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Além disso, o autor trabalha com uma região particular do Oeste/ Sudoeste paranaense, a Tríplice Fronteira, que tem, como demonstra, especificidades com relação ao resto do Estado. A colonização do Oeste e do Sudoeste paranaense veio de outra fonte geográfica e cultural,

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mas, mesmo assim, os conflitos e problemas que daí surgiram e boa parte dos efeitos (como a emigração para o Paraguai) são os mesmos abordados na parte anterior e, portanto, os textos das duas partes se complementam, o que indica novamente a coerência do todo. Enfim, este livro representa o fruto de um trabalho coletivo de vários anos. Não traz apenas colaborações significativas para a historiografia do Paraná e do Brasil. Pode ser motivo de orgulho, com razão, para todos os envolvidos na sua redação e formatação. Ângelo Priori e João Fábio Bertonha

Parte 1 As companhias colonizadoras e a ocupação do território: São Paulo e Paraná

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