ENTREVISTA
AVIAÇÃO
CRUZEIROS
João Pita explica como o GRU Airport trabalha para atrair rotas e detalha as novidades no maior aeroporto do País
Boeing suspende produção do 737 Max; entenda os impactos da decisão da gigante norte-americana
Confira a estreia da MSC no porto de Itajaí (SC) e a chegada inédita do Azamara Pursuit ao Brasil
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A PA I X O N A D O S P O R C O M PA R T I L H A R R$ 18,90 |
ANO 40
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Nº 832
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JANEIRO 2020
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brasilturisjornal
O que esperar?
Associações analisam o desempenho de cada setor durante o ano de 2019 e revelam as expectativas para 2020 DESTINO
Matt Stroshane
PARQUES E ATRAÇÕES
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FEIRAS E EVENTOS
DISNEY Complexo de Orlando (EUA) estreia Star Wars: Rise of the Resistance e reforça as novidades Pág. 18
Pág. 23 LITORAL NORTE (SP) Com stopover paulista, operadores canadenses participam de famtour pela região
TRAVEL SOUTH USA
WET’N WILD Parque inaugura clube de praia e oferece tecnologia inovadora em fotos Pág. 22
SALVADOR (BA) Centro de convenções reacende o turismo de eventos na capital baiana
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Feira internacional exalta experiências autênticas e revela estratégias para bater um novo recorde no Brasil Pág. 26 www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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EDITORIAL Camila Lucchesi Editora-chefe
Para onde aponta o seu GPS?
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omeço de ano é sempre a mesma história. Queremos antecipar tendências, sinalizar para onde vai o mercado, e fazer o possível para cumprir nosso papel de apoiar o crescimento dos negócios no Turismo brasileiro. Sabemos, entretanto, que o futuro é instável. Tudo pode mudar (e muda!) a cada minuto. Por outro lado, organização e planejamento são essenciais para garantir os próximos passos em qualquer setor. Uma análise crítica e constante do seu modelo de negócios é primordial para avançar. O ano de 2019 foi desafiador em muitos aspectos, isso é fato. Mas também trouxe consigo boas notícias. E o 2020 que se descortina tem instrumentos para consolidar resultados que estavam engavetados há tempos. O primeiro está relacionado ao setor aéreo. De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a lamentável quebra da Avianca Brasil será superada ainda neste mês de janeiro, quando o segmento retomará a oferta anterior à falência. Iniciativas que se espalharam por todo o País com foco na redução do ICMS sobre o querosene da aviação também trouxeram alento ao setor que tende a crescer – ainda que de forma tímida – neste ano, segundo um relatório recente da Associação Internacional do Transporte Aéreo. Aguardando votação do Congresso Nacional, a Medida Provisória 907 segue em alta. A Hotelaria enaltece, em coro, a extinção da taxa do Ecad, prática que traz prejuízos ao setor e é criticada há anos pelos empresários do segmento. Isso sem falar na proposta mais relevante da MP, a transformação da Embratur em uma agência, com mais recursos de promoção. O assunto voltou à tona por conta da matéria de capa desta edição, na qual dirigentes das principais associações de classe fazem um retrospecto do ano que passou e projetam cenários para 2020. É claro que ainda é preciso fazer mais em busca da estabilidade que permite o crescimento sustentável, sem solavancos. Um dos pontos essenciais é ter políticas públicas sólidas que estejam voltadas à expansão do setor, orientadas para as melhores práticas globais, mas considerando as particularidades locais. E, acima de tudo, que tenham garantia de continuidade. Mas não basta delegar a responsabilidade exclusivamente aos governantes, é preciso arregaçar as mangas. Você, que desacredita no impacto de sua pequena empresa nos resultados em nível macro, também precisa se movimentar para garantir seu lugar ao sol. E o início de ano é perfeito para dar novos ânimos e reforçar nossa esperança por dias melhores. Além da Lei Geral de Proteção de Dados, que entrará em vigor em agosto, outro assunto que ganhará os holofotes em 2020 é o compliance. A urgência de adoção da prática pelas empresas foi abordada por dois de nossos colunistas nesta edição. Fique de olho! Estamos no rumo certo? Como o mercado caminha? Para onde aponta o seu GPS? Isso só o tempo dirá. E, para não perder o timing nessa difícil tarefa de prever o futuro, é essencial fazer o exercício constante de olhar para trás para confirmar o avanço e, eventualmente, recalcular a rota. Estamos fazendo nossa parte e reforçamos o compromisso com o mercado em 2020, ano que marca entrada do Brasilturis Jornal em sua quarta década. São 40 anos de parceria com os agentes de viagens, cada vez apostando mais em ética e transparência na apuração das notícias que mostram os movimentos do mercado e te ajudam a antecipar os próximos passos. Boa leitura, bons negócios!
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ENTREVISTA
Novas rotas, múltiplas funções
JOÃO PITA Gerente de Negócios Aéreos da GRU Airport
POR CAMILA LUCCHESI
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esde que foi concedido à iniciativa privada, em novembro de 2012, o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), vem apresentando melhorias na estrutura e novas rotas que hoje conectam o estado paulista a 104 destinos – 51 internacionais e 53 domésticos – de 40 companhias aéreas. No ano passado, o aeroporto registrou 42,2 milhões de passageiros, com share doméstico de 64%. Para se ter uma ideia, no ano anterior à concessão, o número de viajantes em Guarulhos chegou a 32 milhões. João Pita, gerente de Negócios Aéreos, afirma que parte do sucesso se deve à abertura para uma maior diversidade de operações, o que permite estender o atendimento a diferentes perfis de público – de adeptos do modelo low costs até clientes da aviação executiva. Depois de inaugurar o terminal 3 (em maio de 2014) e melhorar a experiência do passageiro no terminal 2, a concessionária investe na ampliação do mezanino do terminal 1, além de trabalhar na operação do pátio 7, novo espaço para aeronaves de grande porte. O aeroporto, que entrou em operação em 1985 como o mais importante hub aéreo do País, hoje é considerado o principal complexo aeroportuário da América do Sul, com uma média de movimentação de 120 mil passageiros nos 830 pousos e decolagens diários. Para seguir a expansão, Pita reforça o compromisso de atuar em conjunto com poder público, empresas de Turismo e companhias aéreas. E anuncia: Há negociações em andamento para inaugurar uma rota direta do Brasil com a Oceania e estrear um novo destino nos Estados Unidos. Qual é o maior desafio na administração de um aeroporto do porte de Guarulhos, tendo em vista os 6
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gargalos que ainda impactam a aviação brasileira? Essa pergunta envolve várias questões. Há o preço do querosene, que continua sendo o principal entrave à expansão. Com a redução do ICMS no estado de São Paulo, tivemos resultados incríveis, o que prova que uma eventual liberalização do combustível e da cadeia de distribuição e refino pode ter impactos ainda maiores. Na comparação entre setembro de 2018 e o mesmo mês de 2019, a Azul cresceu de 11 destinos domésticos para 19; Gol operava 34 e agora tem 39; e a Latam subiu de 29 para 33. A questão regulatória e as incertezas que pairam sobre os negócios no País é outro gargalo, pois faz com que companhias aéreas internacionais e investidores estrangeiros nos olhem com alguns pontos de interrogação. E o terceiro ponto é a necessidade de ter mais marcadores para expansão e para a melhoria contínua de companhias e aeroportos. Seguimos com otimismo e somos proativos na busca do negócio e do aumento de capacidade, pois entendemos que a aviação é um mercado global extremamente competitivo. Essa estratégia de expansão, aliada a políticas públicas, permitiu a chegada das companhias low cost a Guarulhos. Como o aeroporto vem se preparando para receber essas operações? Somos um aeroporto que consegue receber qualquer tipo de companhia aérea. O que uma low cost quer é eficiência. É isso que conceitua o modelo de negócios, ela quer ser mais ágil e o aeroporto dá todas as condições para que isso aconteça. Estamos preparados para pousos e decolagens em 40 minutos, no máximo, e processo rápido de embarque. E em relação às aéreas internacionais que anunciaram recentemente a retomada ou o início de voos? Como essas operações vão impactar o fluxo de passageiros neste ano? Essas operações que foram anunciadas já se enquadram na estrutura. Temos como estratégia diversificar destinos e fortalecer rotas de grandes mercados a partir de São Paulo, como é o caso da Virgin, com Londres. Todas as operações têm horários atrativos, o voo da Air Canada para Montreal chega e retorna pela
manhã, o que permite rápidas possibilidades de conexão, assim como a ligação da Gol com Lima, no Peru. A Lufthansa vai voltar a servir Munique, na Bavária, uma das regiões mais ricas da Europa. É um voo que tem apelo enorme, foi uma pena quando a frequência foi suspensa. Agora, com o avião certo, teremos sucesso. Como é feita a prospecção de novas rotas? Quantas pessoas trabalham exclusivamente para isso e quanto tempo leva, em média? Vou usar o caso da Virgin. Falamos com eles pela primeira vez em 2014 e a rota só se tornou realidade agora, em 2020. O desenvolvimento de mercado para novas rotas é um trabalho de longo prazo, porque analisamos o fluxo de passageiros em São Paulo e no destino que pretendemos servir. Em seguida, procuramos a companhia aérea com capacidade para atender ao mercado e falamos conjuntamente com aeroporto do destino para mostrar os possíveis resultados dessa rota em termos de receita, número de passageiros, número de voos e horários. Temos duas pessoas ligadas diretamente a esse trabalho em Guarulhos e todo um time de suporte que fornece análise de PIB e dados econométricos. Que novidades os brasileiros podem esperar em termos de destinos conectados? Um mercado que está preparado para ter uma rota direta é, sem dúvidas, São Francisco, nos Estados Unidos. Essa é uma das nossas grandes prioridades, junto com Auckland, na Nova Zelândia, que é uma enorme porta, tanto para os brasileiros como também para receber turistas da Oceania. O segredo é a alma do negócio, mas posso dizer que estamos conversando com companhias aéreas nos destinos e seguimos bem confiantes. Devemos anunciar novidades em cerca de quatro meses, mas isso também depende muito de questões internas, como a retomada da economia e o câmbio. São duas apostas estruturantes para a malha aérea não apenas de São Paulo, mas do Brasil. E em relação à América do Sul? Já existem resultados concretos? Estamos nos aproximando dos agentes de viagens para entender quais são os mercados mais aqueci-
dos para trabalharmos no continente. Vivemos um momento desafiador, porque, hoje, viajar para Argentina e Chile é mais barato para brasileiro, mas os mercados destes países estão com economias instáveis. Adoraríamos ter ligações diretas com Ushuaia (Argentina), Calama (Chile), Cartagena (Colômbia) e Cusco (Peru), só para mencionar alguns, mas estamos na fase de planejamento e trabalhando junto com o mercado para ampliar as conexões com a América do Sul que é, sim, prioridade. Depois, queremos desenvolver Cancún (México) e a região do Caribe que tem forte apelo entre os brasileiros. Em termos de diversificação de formatos, vocês iniciaram a operação internacional do terminal executivo. Quanto tempo levou para transformar a ideia em realidade e como funciona a estrutura? Foram mais de dois anos para concretizar a ideia deste que é o primeiro terminal do gênero que funciona dentro de um aeroporto deste porte, em um esforço coordenado com as autoridades migratórias e aduaneiras que fazem os procedimentos no local. O hangar tem de 10 a 12 aeronaves permanentemente estacionadas, um sinal que o mercado da aviação executiva entende o potencial de São Paulo para esse cliente. Mais do que aumentar número de passageiros, entretanto, queremos expandir a circulação desse perfil de cliente que vem ao Brasil em busca de negócios. Temos capacidade para atender de 20 a 30 pessoas, entre processos de embarque e desembarque, mas é raro ter mais de um voo ao mesmo tempo. O que esperar para 2032, quando termina a concessão? Seguiremos com postura proativa, em busca do negócio, e investindo em ferramentas tecnológicas, como os e-gates, que facilitam a vida do passageiro, além de oferecer cada vez mais conforto para todos os que estão no aeroporto. Mais do que tudo, queremos dar condições para que cada passageiro, com perfil e demandas próprios, consiga ser servido de maneira eficiente. Atender desde o cliente de low cost, que busca agilidade, até a pessoa que viaja com jato executivo ou que vem de helicóptero e quer poupar cada minuto da sua viagem. Entendemos que o futuro é esse.
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AVIAÇÃO
Boeing suspende produção do 737 Max Gol informa que não irá rever seus planos de frota, que incluem a entrega de 16 aeronaves deste modelo POR CAMILA LUCCHESI
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egurança está acima de tudo. Foi com esse mote que a Boeing anunciou, em 16 de dezembro, a suspensão na produção do 737 Max. A decisão vale a partir deste mês de janeiro e não trará impactos para os colaboradores, já que a fabricante norte-americana garantiu que os funcionários serão temporariamente realocados para outros projetos. A produção foi interrompida por nove meses – após os acidentes fatais com o equipamento na Indonésia, em outubro de 2018, e na Etiópia, em março de 2019 - e a intenção era retomar os voos no fim de 2019. Autoridades reguladoras norte-americanas, entretanto, sinalizaram que o retorno do 737 Max aos céus não aconteceria tão cedo. “Sabemos que o processo de aprovação e determinação de requisitos de treinamento apropriados devem ser completos e robustos, para garantir que nos-
sos reguladores, clientes e o público confiem nas atualizações”, informou a fabricante, em nota. A companhia tem cerca de 400 aeronaves deste modelo armazenadas e irá priorizar as entregas para diversas companhias aéreas ao redor do mundo, assim que os engenheiros da Boeing resolverem os problemas técnicos. “Acreditamos que essa decisão é menos perturbadora para a manutenção da saúde do sistema de produção e da cadeia de suprimentos no longo prazo. Continuaremos a avaliar nosso progresso em direção ao retorno do serviço e a tomar deci-
sões sobre a retomada da produção e entregas em conformidade”, afirma a Boeing. No Brasil, a Gol opera sete aeronaves 737 Max e tem outras 16 encomendadas. Segundo a companhia, os modelos estavam previstos para serem entregues a partir de 2020 e, atualmente, estão no pátio da fabricante, em Seattle (EUA). A brasileira informou, por meio de nota, que não irá rever seus planos de frota. “A Gol reitera sua confiança na Boeing, parceira exclusiva desde o início da companhia, em 2001, e reitera que o Max continua sendo o pilar da estrutura
de custos e estratégia de internacionalização de sua malha”, afirma. Desde a paralização temporária na produção e com as especulações em relação a uma parada definitiva, a Boeing amarga prejuízo de US$ 9 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões) e viu suas ações caírem mais de 4%. A fabricante divulgou queda de 53% no lucro líquido do terceiro trimestre do ano passado e prometeu fornecer informações atualizadas sobre o impacto financeiro da suspensão de produção no final de janeiro, junto com o comunicado dos resultados do quarto trimestre de 2019. Procurada pelo Brasilturis Jornal, a Embraer disse que não comenta o assunto. A companhia brasileira tem 20% de participação em uma joint venture com a Boeing. Nominada Boeing Brasil – Commercial, a nova empresa depende de aprovações regulatórias que devem ser concluídas no início deste ano.
Turbulência: setor tenta superar altos e baixos Cenário global conturbado trouxe fortes impactos para a atividade em 2019 POR ANA AZEVEDO
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esponsável por conectar milhões de pessoas diariamente em todo o mundo, a aviação é um dos setores mais importantes dentro da cadeia do Turismo. Em 2019, o nicho cresceu abaixo do esperado globalmente, com queda de 3% no rendimento do transporte de passageiros na comparação com os resultados de 2018. Os números são reflexos da movimentação mercadológica global (+0,9%) e do PIB (+2,5%), que também não atingiram o desenvolvimento esperado. “O crescimento econômico mais lento, as guerras comerciais, as tensões geopolíticas e a agitação social, além da incerteza contínua sobre o Brexit, geraram um ambiente de negócios mais difícil do que o previsto para as companhias aéreas”, afirma Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, da sigla em inglês). Segundo o executivo, o setor conseguiu fechar a década fora do vermelho, com uma reestruturação focada em corte de custos. Para este ano, a previsão do segmento 8
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é alcançar US$ 29,3 bilhões em lucro líquido global. As metas visam retorno de 6% do capital investido, margem de lucro líquida de 3,4% e aumento no fluxo de pessoas de 4,1% - totalizando a previsão de 4,72 bilhões de passageiros transportados em 2020. A capacidade será 4,7% superior, no entanto, a taxa de ocupação média deve cair para 82%. A receita do transporte de passageiros, excluindo complementares, deverá atingir US$ 581 bilhões, aumento de 2,5% em relação aos US$ 567 bilhões em 2019. O desenvolvimento da aviação será refletido também na expansão da mão de obra, com estimativa de chegar a 2,95 milhões de postos de trabalho em 2020 - 1,6% a mais que no ano passado. POR REGIÕES África e Oriente Médio devem fechar 2019 com índices negativos, assim como a América Latina, que deve ter perda de US$ 400 milhões. Além da desvalorização da moeda em 2019, a economia da região de-
sacelerou consideravelmente para apenas 0,2%, devido a problemas no México, recessão na Argentina e declínio de cerca de um terço na economia da Venezuela. Nossa região só deve voltar a crescer em 2020 - com lucro previsto de US$ 100 milhões - à medida que as economias regionais se fortalecerem, de acordo com a estimativa da associação global. Na América do Norte, as companhias aéreas devem apresentar lucro líquido de US$ 16,5 bilhões em 2020 - abaixo dos US$ 16,9 bilhões conquistados no ano anterior - devido à desaceleração econômica. Na Europa, a perspectiva é de crescimento. O lucro líquido, previsto em US$ 7,9 bilhões para 2020, é superior ao fechamento de 2019 (US$ 6,2 bilhões). As companhias estabelecidas na região da Ásia-Pacífico também serão beneficiadas com a recuperação do mercado. A margem líquida será de US$ 6 bilhões, com aumento de 2,2%. No Oriente Médio, o processo contínuo de reestruturação - que ainda deve ser lento - indica perda de US$ 1 bilhão para 2020. Ainda assim, o resultado fica abaixo do
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obtido em 2019, quando o prejuízo chegou a US$ 1,5 bilhão. Na África, os altos custos, a influência de impostos, os baixos índices de ocupação e ausência de um mercado único de transporte aéreo no continente deverá acarretar na perda de US$ 200 milhões, resultado semelhante ao obtido em 2019. A organização indica ainda aumento de conexões diretas entre cidades para 23.162, um incremento de 4,2% em relação aos 22.228 municípios ligados em 2018 e alta de 126% na comparação com os números de 1998. O gasto global de consumidores e empresas com transporte chegará a US$ 908 bilhões em 2020, o que representa crescimento de 4% em relação a 2019.
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CRUZEIROS
A única piscina do navio fica centralizada no último andar da embarcação
As suítes são espaçosas e possuem varanda
Os restaurantes comuns e de especialidade têm áreas com vista para o exterior
O navio contém 46 suítes e 351 cabines
Além do centro fitness, há spa e jacuzzi
Recém-chegado: Azamara Pursuit aporta pela primeira vez no Brasil Navio se destaca por chegar a portos de pequeno porte e alcançar destinos exclusivos POR ANA AZEVEDO
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m 12 de dezembro, o Azamara Pursuit aportou pela primeira vez em Santos (SP). O navio de luxo, que integra a frota da companhia desde 2018, é, em seu interior, idêntico às embarcações Journey e Quest. Por questões burocráticas, o Pursuit não fará embarques e desembarques em território nacional, mas inclui o País para escalas terrestres. Para fazer o roteiro completo, os viajantes precisam voar para Argentina ou Uruguai. A companhia oferece a todos os hóspedes, gratuitamente, as Azamara’s Evenings, noites de imersão na cultura e nos atrativos da cidade por onde o navio passa. O evento é promovido pela armadora e contempla apresentações musicais, degustação de bebidas e culinária de alto nível. “A proposta do Pursuit é ligada não só ao requinte do ambiente e da gastronomia, mas também à 10 Brasilturis
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imersão do turista no destino”, afirma Ricardo Amaral, CEO da R11 Travel, representante oficial da marca no País. Com pouco mais de 180 metros de comprimento, o Azamara Pursuit acomoda 694 passageiros. A embarcação contém 93% das cabines externas e 68% com varanda, além de áreas adaptadas para pessoas com baixa mobilidade. As acomodações têm sete diferentes configurações: Club Interior; Club Oceanview; e Club Varanda, todos com direito ao serviço de concierge; e suítes Continent, Spa, Ocean e World Owner’s. O cliente que opta pela suíte tem vantagens no pacote: atendimento exclusivo de mordomo, 240 minutos de internet por passageiro, lavanderia a cada sete dias de viagem e jantar em restaurantes de especialidades. O regime a bordo é all inclusive e
os viajantes encontram, mesmo nos restaurantes comuns, máquinas de chá gelado, suco, café e até frozen yogurt à vontade. Bebidas premium também fazem parte do pacote. O navio contém cinco restaurantes, dos quais dois são de especialidades - o Aqualina e o Prime C steakhouse. Os estabelecimentos são os únicos que cobram as refeições à parte. Por ser uma embarcação compacta, o Azamara Pursuit consegue boa localização em portos, além de permitir a proximidade com o centro das cidades. Para os casos em que o porto e os atrativos são distantes, a companhia disponibiliza transfers aos viajantes para passeios terrestres. A bordo, os navegantes podem se divertir com apresentações noturnas no The Cabaret, teatro do navio que promove também sessões de cinema. Há, ainda, uma biblioteca com vista panorâmica.
AUMENTO ESPERADO Segundo Ricardo Amaral, até o fim da temporada em 2020, espera-se um crescimento de 9% a 10% na demanda. O roteiro permanecerá em operação contínua passando por Montevidéu (Uruguai), Santos (SP) e Ilhabela (SP), Paraty e Búzios (RJ), Punta del Este (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina). Para relaxar, há o spa. O uso é livre, com exceção das massagens especiais que não fazem parte do pacote. Um centro fitness está instalado bem ao lado, disponibilizando equipamentos de musculação e ginástica. A embarcação conta, ainda, com piscina e hidromassagens.
CONFIRA AS SAÍDAS PARA FEVEREIRO E MARÇO: CANAIS DO CHILE Embarque em Santiago: 04/02/2020 Número de noites: 15 Roteiro: Santiago, Puerto Montt (Chile), Puerto Chacabuco (Chile), canais do Chile, Punta Arenas (Chile), Estreito de Beagle (Argentina), Ushuaia (Argentina), Stanley (Ilhas Malvinas), Punta del Este, Montevidéu e Buenos Aires.
CARNAVAL Embarque em Buenos Aires: 19/02/2020 Número de noites: 12 Roteiro: Buenos Aires, Montevidéu, Rio de Janeiro, Ilhabela, Santos, Punta del Este e Buenos Aires. ARGENTINA, CHILE E PERU Embarque em Buenos Aires: 02/03/2020 Número de noites: 21 Roteiro: Buenos Aires, Punta del Este, Montevidéu, Ushuaia, Estreito de Beagle, Punta Arenas, canais do
Nas suítes, bebidas alcoólicas e não alcoólicas estão disponíveis, além do serviço de mordomo para cada acomodação
Chile, Puerto Chacabuco, Puerto Montt, Valparaíso (Chile), La Serena (Chile), Pisco e Lima (Peru). PANAMÁ, CARIBE E EUA Embarque em Lima: 23/03/2020
Número de noites: 13 Roteiro: Lima, Canal do Panamá (Panamá), Cartagena (Colômbia), George Town (Ilhas Cayman), Cozumel (México) e Miami (Flórida/EUA).
Estela Farina
NCL lança guia 2020/2021
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o início de dezembro, a Norwegian Cruise Line (NCL) lançou o guia de cruzeiros 2020/2021, reunindo representantes de agências e operadoras em um evento que também apresentou novos roteiros e embarcações. Entre os destaques, a companhia reforçou a oferta do navio Encore, entregue no final de outubro e confirmado para operar roteiros com embarque no porto de Nova York (EUA), a partir de abril deste ano. Em dezembro, a embarcação volta a ficar baseada no porto de Miami para cruzeiros no Caribe e, no próximo ano, terá embarques em Seattle para roteiros no Alasca. O navio reforça o compromisso da armadora com o meio ambiente e dispõe de tecnologias mais eficientes, além de eliminar de vez as garrafas de plástico a bordo. O entretenimento também é destaque, com um centro que utiliza realidade virtual aumentada e imersão para divertir públicos de diferentes idades. Uma pista de kart e um parque aquático a bordo também estão disponíveis. A equipe da NCL destacou, ainda, o remodelado Spirit, a ilha privativa Great Stirrup Cay e os novos roteiros para Ásia, África e Europa. “Queremos ajudar as pessoas a planejar antecipadamente as viagens”, enfatizou Estela Farina, diretora geral da NCL no Brasil. (Ana Azevedo) www.brasilturis.com.br | Brasilturis 11
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MSC Sinfonia reabre embarque em Itajaí (SC) Adrian Ursilli, diretor geral da MSC Cruzeiros, confirma a cidade como o homeport também para a temporada 2020/2021 na América do Sul POR VELMA GREGÓRIO
Eduardo Mariani, Márcia Leite, Adrian Ursilli e Ignacio Palacios
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s agentes de viagens da região Sul estão comemorando: a partir desta temporada, os clientes de cruzeiros poderão embarcar no MSC Sinfonia diretamente em Itajaí (SC). A notícia foi dada pessoalmente aos profissionais por Adrian Ursilli, diretor geral da MSC Cruzeiros no Brasil, durante a Cerimônia de Troca de Placas realizada a bordo do navio. Agentes e autoridades locais do destino catarinense foram convidados para um shiptour na primeira escala deste navio na cidade. Entre os convidados, estavam Volnei Morastoni, prefeito de Itajaí; Evandro Neiva, secretário municipal de Turismo e Eventos; Thiago Morastoni, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico; e Marcelo Salles, superintendente do porto de Itajaí. De acordo com Márcia Leite, diretora de Operações da MSC, cerca de 80 empregos foram gerados na região para atender à demanda da armadora no embarque e desembarque de passageiros no porto de Itajaí. Tradicionalmente, a MSC já conta com tripulantes brasileiros ou que falam português, além das adaptações do cardápio para o gosto local, como feijoada, pão de queijo e outras opções. Segundo Eduardo Mariani, gerente de Marketing, os agentes de viagens estão no centro da estratégia. “Nosso objetivo é gerar fluxo nos pontos de vendas para o agente de viagens. A operação no Porto de Itajaí amplia esse mercado”, explicou. “É uma opção para embarcar clientes perto de casa”, completou Ignacio Palacios, diretor comercial e de Revenue da MSC. Alyxala Veiga, da On Way Travel, de Joinville (SC), confirma que a novidade facilitou a vida de quem mora na região. “Muitos passageiros deixavam de fazer esse tipo de viagem porque tinham que pegar um voo até São Paulo para acessar o porto mais próximo que, até então, era o de Santos. Estamos com um grupo bem grande, de quase 100 passageiros, embarcando por aqui em fevereiro”, disse. 12 Brasilturis
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Agentes de viagens do Sul do País fizeram shiptour no MSC Sinfonia em sua passagem por Itajaí (SC)
Joce da Veiga e Alyxala Veiga (On Way Travel Joinville)
Le Piscine
O MSC Sinfonia terá um roteiro de sete noites com escalas em Ilhabela (SP), Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina). “A escolha de Itajaí como homeport do MSC Sinfonia é um reflexo da nossa estratégia de levar navios para mais perto do público. Essa decisão reforça a nossa atuação cada vez mais presente no Brasil, país estratégico para companhia, onde continuaremos a crescer e a investir. Itajaí já era nossa casa de navios de carga e passa a ser também de passageiros”, defende Ursilli. Com capacidade para 2,6 mil
hóspedes, o MSC Sinfonia é um navio que faz parte da frota clássica da companhia. Possui 11 bares e lounges - dentre eles, um pub irlandês -, quatro restaurantes e lojas multimarcas. Para a prática de atividades físicas, além da academia com equipamentos Technogym, oferece minigolfe e quadra poliesportiva. O navio dispõe, ainda, de hidromassagens e três piscinas, uma delas especial para crianças. O navio possui teatro, onde são apresentados espetáculos ao estilo Broadway, discoteca, o Áurea SPA e um salão de beleza da rede Jean Louis David.
Para as crianças, existem três espaços para idades diferentes - o Baby Club, para crianças com até 3 anos; o Mini Club, de 3 a 6 anos; e o Junior Club, de 7 a 11 anos. Há, ainda, o Teen’s Club, com programação voltada aos jovens de 12 a 17 anos. Em 2015 o MSC Sinfonia passou pelo programa de revitalização, chamado Renaissance, com o objetivo de aprimorar as instalações a bordo. Após a modernização, o navio passou a contar com mais cabines com varanda, mais áreas públicas para os hóspedes, melhores opções gastronômicas e espaços dedicados para o público infanto-juvenil. Brasilturis Jornal viajou a convite da MSC Cruzeiros, com proteção Affinity
O que esperar de 2020?
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mbora incerteza ainda seja uma palavra que explique o País, há certas tendências que ajudam a entender o que será o Turismo em 2020. O exercício de futurologia em consumo costuma ser mais certeiro que a previsão do tempo, porque o comportamento do consumidor se mostra mais previsível do que o aparecimento das nuvens. E é inegável que ciclos econômicos e preferências de compras não surgem de uma hora para outra, o que dá segurança para os profissionais de Marketing em suas decisões. O primeiro ponto a se observar é um certo conservadorismo no consumo. O brasileiro, neste novo ano, fugirá de experiências muito novas e destinos que não são consolidados. Não apenas para otimizar o dinheiro investido, mas para fugir de riscos. O medo da flutuação do câmbio e de movimentos sociais, muitos com viés nacionalista, podem espantar os brasileiros de vários destinos internacionais. O Japão, sede dos jogos olímpicos, será o destino da vez. No caso doméstico, a situação da segurança pública e meio ambiente
determinarão as preferências dos viajantes. As imagens das queimadas na Amazônia e a presença de óleo no Nordeste atrapalharam o Turismo neste final de ano. Outro aspecto a ser observado é o resultado de pesquisas publicadas recentemente sobre o orçamento dos viajantes. Cerca de 25% dos gastos em viagens são destinados para hospedagem, contra 20% em passagens aéreas. Mais do que nunca, será necessário que redes hoteleiras e companhias aéreas invistam em vendas online para garantir presença em motores de busca e redes sociais. Até porque, o número de brasileiros que utiliza o smartphone para escolher os destinos e equipamentos turísticos de suas viagens continua crescendo. Além disso, encontrar experiências únicas e realmente divertidas é o objetivo dos viajantes. Algo que destinos, hotéis e operadores de Turismo têm de manter em mente. Vale lembrar que, curiosamente, o termo millennial deixou de ser um rótulo geracional para se tornar uma qualificação determinada por hábitos de consumo.
Não podemos deixar de mencionar que, embora o governo federal insista em minimizar a diversidade e a sustentabilidade para agradar um eleitorado fiel em torno de 20%, a imensa maioria do País espera de marcas – sejam elas do Turismo ou não – uma postura de respeito ao meio ambiente e combate ao machismo, racismo e homofobia. Não ter essa preocupação afasta não apenas os turistas estrangeiros, mas, sobretudo, os próprios brasileiros. Bem-estar e saúde também ganham relevância no Turismo, não apenas em 2020, mas nos próximos anos. A exigência vai muito além de uma academia nos hotéis. A preocupação com boa forma é tão significativa que houve aumento no uso de serviços de spa, inclusive em hotéis de negócios. Do mesmo modo, cardápio balanceado e com opções vegetarianas se tornaram obrigatórios em restaurantes, não importa a categoria do estabelecimento. O envelhecimento da população e as viagens multigeracionais têm obrigado novos empreendimentos a criar todas as condições de acessi-
MARKETING
Ricardo Hida CEO da Promonde, formado em administração e pós-graduado em comunicação ricardo@promonde.com.br
bilidade. O número de idosos ativos no País não para de crescer e, segundo todos os estudos de mercado, aumentarão significativamente até 2035. Para uma parcela da população que poderá viver 100 anos, viajar entre os 65 e 95 parece razoável. Nenhum dos pontos descritos é novidade para empresários de nossa indústria. No entanto, uma realidade de consumo que parecia distante está bem diante de todos nós. As tendências se tornam realidade em um prazo muito curto, o que deve influenciar investimentos presentes. Chegou a hora! Não dá mais para adiar mudanças. Seja no País, seja no Turismo, seja nos nossos negócios.
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CAPA
Próximos passos
Associações analisam o setor durante o ano de 2019 e criam expectativas otimistas para o ano que se inicia POR ANA AZEVEDO, FELIPE LIMA E LUCAS KINA
O
início de 2019 proporcionou novos ares, novos cenários e novos planejamentos. Mesmo que o panorama econômico não se mostrasse favorável, uma onda de otimismo tomou conta de muitos, principalmente no setor turístico. O período repleto de ações e promessas de novidades resultou em algumas boas notícias. O ano foi de altos e baixos, como é de costume. No entanto, foi possível notar mais motivos para acreditar que o Turismo ampliou sua representatividade. De acordo com um levantamento realizado pela Expedia, a procura pelo Brasil cresceu 30% no primeiro semestre, sendo
que 77% das buscas foram realizadas por internautas brasileiros. O primeiro semestre se destacou pela isenção permanente de vistos para viajantes dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália, anunciada em fevereiro e iniciada em junho. A iniciativa segue a estratégia do governo federal de duplicar o número de visitantes estrangeiros que o Brasil recebe hoje – um salto de 6 milhões para 12 milhões por ano –, conforme estima Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo. Outra pesquisa – desta vez produzida pela Amadeus – sinaliza que este ano que se inicia traz expectativas altas quanto à chegada de es-
ABAV NACIONAL A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav Nacional) registrou, em 2018, um faturamento de R$ 31 bilhões dos seus associados e a expetativa é que 2019 tenha sido melhor, com crescimento tímido, mas acima do PIB. Magda Nassar, aclamada presidente da entidade por mais dois anos, afirma que não foi um período fácil, principalmente pela instabilidade do dólar. Para 2020, as expectativas também são de melhoria. Mas, para que isso se consolide, são necessárias mudanças no setor, como declara a executiva. “Há uma demanda reprimida de pessoas querendo viajar. Notamos isso na Black Friday realizada durante a Abav Expo, que vendeu bem. Nós precisamos de câmbio reduzido, de novas companhias aéreas no Brasil, como estamos tendo a possibilidade com a chegada das low costs, e com um governo sólido, sem tantos altos e baixos. Isso fará com que o mercado acredite de forma contundente em crescimento”, pontua. Magda afirma, ainda, que a Abav continuará trabalhando para que mais vantagens sejam proporcionadas às agências, fomentando, assim, todo o mercado. “As associações fazem tudo o que não é possível fazer sozinho, trabalham pelos seus associados. Se não tiver ninguém à frente, nada muda. Então não teríamos a Lei Geral do Turismo, não haveria capacitações, não haveria ninguém atuando a favor do setor”, completa. 14 Brasilturis
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trangeiros. O crescimento nas reservas de viajantes dos quatro países beneficiados pela isenção de vistos deve acontecer principalmente em junho de 2020, o que deve representar um acréscimo de 158% nas entradas, em relação ao mesmo período do ano passado. Esse possível aumento também deve aparecer em julho (+148%), maio (+118%), setembro (+104%), agosto (+54%) e março (+42%). A projeção pode crescer ainda mais com a extensão da isenção de visto para chineses, anunciada em outubro do ano passado. Há planos, também, de ampliar essa van-
tagem aos indianos. Álvaro Antônio afirma que os números comprovam os resultados das ações e iniciativas de 2019. “Com as medidas adotadas pelo MTur, estamos avançando focados em transformar as potencialidades do Brasil em realidade”, disse. A onda de otimismo também se instala em muitas associações do mercado, que visam garantir o fomento à economia brasileira e mostrar o impacto que o setor gera em toda a cadeia social. Confira a análise de 2019 sob o olhar das entidades e entenda as expectativas para este ano.
ABEAR Para a aviação, 2019 foi um ano de superação. “Com a falência da Avianca, vivemos o pior cenário da aviação desde 2005, quando a Viação Aérea São Paulo (Vasp) fechou as portas”, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Para preencher a lacuna deixada pela aérea, medidas como a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o querosene de aviação (QAV) foram cruciais para a retomada do setor. Essas ações ajudaram que o setor, entre o fim de novembro de 2019 e meados de janeiro de 2020, pudesse disponibilizar novamente a oferta de voos anterior à quebra da Avianca, que tinha 13% do share no mercado. “Para 2020, estamos avaliando que o cenário da economia está projetado para crescer 2%. Diante disso, a aviação costuma crescer o dobro, ou seja, 4%”, explana Sanovicz. Com o segmento reestabelecido, segundo o executivo, a Abear terá quatro desafios para 2020. O primeiro é a estabilização do câmbio, seguido pela precificação do combustível de aviação por parte da Petrobrás. Há, ainda, a luta pela redução do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), que atualmente prevê alíquota de 1,5% sobre o leasing de aeronaves e motores, com aumento gradual anual. “O ministro vai liberar as ações do setor para voltar ao tributo zero, como tínhamos desde 1997”, detalha. O último desafio para garantir o crescimento é a exoneração de sites ‘abutre’ de inflação judicial. O termo remete a endereços eletrônicos que ‘compram’ reclamações de viajantes do segmento aéreo e, devido a en-
traves na legislação brasileira, processam o setor por atrasos ou adversidades no serviço que, na maioria das vezes, são causados por fatores naturais, como chuva, neblina e outros fenômenos. O excesso de processos judiciais às companhias trará prejuízos de R$ 300 milhões ao setor neste ano, segundo Sanovicz. O resultado será refletido no custo das passagens, com um aumento estimado entre R$3 e R$ 4 por bilhete. Para evitar esse tipo de prática, o presidente afirma ser necessário equiparar a regulamentação da aviação nacional com as práticas globais para erradicar o exercício deste tipo de site. “Nós estamos entre os melhores em atendimento no mundo”, finaliza, destacando que a Abear também irá apresentar ao Governo Federal uma proposta de expansão da malha doméstica. “Queremos propor uma política, em parceria com o poder público, para dobrar o número de municípios atendidos pela aviação em poucos anos”, declara. A proposta está em fase final de elaboração e mais detalhes devem ser divulgados no primeiro semestre deste ano.
ABLA Segundo Paulo Miguel Junior, presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), o balanço de 2019 ainda não está pronto. O ano que se inicia, no entanto, promete mudanças no mercado e a abertura de novas oportunidades. “É possível adiantar que as locadoras adquiriram 240 mil veículos zero quilômetro no primeiro semestre deste ano e desmobilizaram 150 mil – uma diferença de 90 mil unidades para acrescentar à frota do setor”, conta. Vale lembrar, para aqueles que não são familiarizados com os termos técnicos, que a desmobilização de frota consiste no procedimento de recebimento de veículos das empresas para vistorias e repasse.
O profissional declara que a movimentação do segmento corresponde a 20% de compra da indústria automobilística e reforça a necessidade de preparo dos profissionais para atender às novas demandas. “O segmento seguirá passando por transformações, a partir do momento em que já somos um dos mais importantes players de mobilidade urbana no Brasil. Vejo o mercado em 2020 com a conectividade dos carros em expansão rápida; a chegada de veículos híbridos e elétricos ao mercado acontecendo com mais ênfase; novas formas de compartilhamento de veículos sendo postas em prática; e uma diversidade ainda maior de aplicativos relacionados ao transporte de pessoas, entre outros exemplos”, estima. A expectativa para o Turismo nesse segmento, segundo o executi-
vo, é positiva, uma vez que a alta do dólar influencia no aumento da demanda turística nacional. Há ainda, segundo ele, uma forte tendência no setor corporativo. “Entendemos que existe um mercado potencial para o nosso setor, principalmente na terceirização de frotas para pequenas e médias empresas dos mais variados setores que, cada vez mais, passam a estudar com mais atenção e a considerar a possibilidade de vender seus veículos e migrar para o aluguel de frotas”, pontua. Até o momento, o ingresso de novas locadoras no País não está previsto. Isso se deve à dificuldade burocrática que os empresários enfrentam para investir no País. “É preciso lembrar que a taxa de juros por aqui continuou alta quando comparada a da maioria dos países desenvolvidos. Nesse cenário, per-
manecem determinadas dificuldades para obtenção de crédito, o que implica, para os empresários locais, em estar muito bem preparados e ter um planejamento adequado às necessidades de capital. Além disso, a carga tributária que incide sobre as locadoras, por sua vez, permaneceu acima da realidade do negócio”, enfatiza.
ABRACORP
ALAGEV O ano de 2019 teve muita expectativa, conforme declara Eduardo Murad, diretor comercial da Associação Latino Americana de Gestores de Viagens e Eventos Corporativas (Alagev). “Todo mundo estava animado desde o fim de 2018, mas a realidade é que foi um ano bem mais difícil do que era estimado. Sempre tem um positivismo no começo do ano e, para 2020, não é diferente”, avalia. Ainda de acordo com o executivo, existe a necessidade de estreitar o relacionamento entre o viajante final e o gestor de viagens que, em geral, não vem escutando muito os clientes. “Ele pode achar, muitas vezes, que o preço é o único fator que vai ser levado em conta pelo consumidor, mas ele também pode querer localização ou experiências. Por isso, estamos proporcionando aos gestores a oportunidade de viajar e se colocar no papel de cliente, com direito a experiência no aeroporto, hotel ou locação de carro. Quando trazemos a compreensão desses profissionais, isso muda de figura”, avalia Giovana Jannuzzelli, gerente da Alagev. Essa estratégia, além da contínua aposta em bleisure (união de negócios e lazer) é levada pela associação como sugestão para integrar a política das empresas. Outras preocupações estão relacionadas às demandas advindas dos millennials, como sustentabilidade e assuntos LGBT+. “Esse público não costuma se sentir à vontade em viagens corporativas”, diz Murad.
O balanço do ano ainda não está concluído, mas seguindo a trilha do ano, é possível notar que o alavancamento faz parte do histórico trimestral da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp). No primeiro semestre, o setor rodoviário se destacou no mercado corporativo e auxiliou a entidade a registrar um crescimento de 14,7%. Já no terceiro trimestre, o aumento foi de 4,1% nas vendas das TMCs, impulsionado pelo setor aéreo. De acordo com Carlos Prado, presidente da Abracorp que deve permanecer à frente da associação, a linha de atuação desenvolvida para 2020 envolve trabalhar em cinco pilares: governança, conhecimento, inovação, presença parlamentar e os rumos do mercado. Para este ano, a ideia é crescer dois dígitos, alcançados pelo crescimento de 3,5% em viagens corporativas a cada 1% do PIB. Para que isso aconteça, Prado afirma que
haverá um trabalho mais forte em parcerias, movimentadas pelo compartilhamento de opiniões e ideias. “A Abracorp, além de defender os interesses dos associados, também trabalha para promover o desenvolvimento do Turismo corporativo e, consequentemente, da indústria como um todo. Queremos estar próximos de pessoas que pensam de forma coerente com a nossa. É isso que a Abracorp trouxe nos últimos tempos. Apresentamos nosso trabalho e, se faz sentido, os grupos se aproximam”, declara.
ABIH Para Manoel Linhares, presidente da entidade, as expectativas são as melhores possíveis. O executivo disse que, entre as pendências para 2020, espera-se o encaminhamento da atualização da Lei Geral do Turismo. Além disso, Linhares citou também entraves de alguns anos na hotelaria. O primeiro é a regulamentação de plataformas online de hospedagem. “Temos criticado a concorrência desleal dessa modalidade de locação por não ser regularizada e fiscalizada como a hotelaria tradicional, além de não recolher milhões de impostos ao fisco já que essas plataformas se aproveitam do vácuo legislativo para não pagarem os tributos”, salienta. A outra questão mencionada pelo presidente foi a legalização dos jogos no País que, segundo ele, é benéfica e importante para toda a indústria. “É um setor que pode arrecadar R$ 20 bilhões por ano em impostos, gerar 400 mil novos postos de trabalho e criar e desenvolver regiões em função do turismo”, conclui Linhares. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 15
CAPA BRAZTOA
CLIA BRASIL A temporada 2018/2019 de cruzeiros encerrou com 15% de crescimento em comparação com a anterior. Os dados da associação apontam que, no período, foram ofertados 500 mil leitos e 545 escalas em destinos nacionais. “A estimativa é que esse período tenha um impacto na economia brasileira acima de R$ 2 bilhões, considerando os 15% de aumento no total de viajantes embarcados, em relação à temporada anterior de 2017/2018, que injetou mais de R$ 1,8 bilhão na economia nacional”, afirma Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil. A temporada 2019/2020 contou com oito embarcações, uma a mais que a passada: MSC (Seaview, Sinfonia, Fantasia, Musica e Poesia), Costa (Pacifica e Fascinosa) e Pullmantur (Soberano – fretado pela CVC Corp), trazendo 530.121 leitos, divididos em 144 roteiros e 575 escalas. A expectativa é que o número de cruzeiristas aumente 6,5%, podendo chegar a 493 mil pessoas embarcadas, com impacto total do setor à economia brasileira projetado em R$ 2,2 bilhões. Para 2020/2021, a estimativa de oferta é de 594 mil leitos, com a chegada de nove navios à costa brasileira. “A MSC informou que vai trazer o Grandiosa, maior navio da América do Sul. Somente esse navio tem capacidade para 6,3 mil passageiros e 2,4 mil tripulantes. E a Costa Cruzeiros anunciou mais um navio além dos dois que já estão por aqui”, exemplifica. Como parâmetro, Ferraz afirma ainda que 25 novos navios estarão disponíveis em âmbito global. Com a recente inauguração do porto de Itajaí, em Santa Catarina, com autorização para embarques e desembarques, fez com que o destino pudesse receber um navio para operar a temporada 2019/2020 e um segundo para 2020/2021. “Os trabalhos estão intensos e as conversas, avançando, para que tenhamos escalas em diversas cidades brasileiras, como Penha, Ilha do Mel, Arraial do Cabo, Itaparica e Vitória” ressalta o executivo. 16 Brasilturis
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De acordo com Roberto Nedelciu, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), a expectativa é de crescimento do Turismo em 2020. “Eu vejo o próximo ano com bons olhos. Conseguimos mostrar que o Turismo é primordial e está desenvolvendo o Brasil. Hoje o setor representa 8% do PIB, o que é mais que o café”, afirma. Segundo o executivo, um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento é a liberação de vistos e a transformação da Embratur em agência. “Eu acredito que os governantes estão no caminho certo. Há seis meses, eu diria que a meta de alcançar 13 milhões de
turistas até 2022 era ousada. Hoje, eu acredito que conseguiremos até mais”, ressalta. De acordo com o presidente, dentre as medidas planejadas pelo governo para o próximo ano, estão a redução de impostos e a liberação de parques para a iniciativa privada. Apesar de ainda não ter sido divulgado, o executivo adianta que experiências personalizadas seguirão entre as principais tendências da próxima edição do Anuário Braztoa. Para este ano, Nedelciu reforça sua visão otimista para o setor. “Particularmente acredito muito no Turismo. Precisamos mostrar para o governo que é só acreditar e investir no setor que a resposta será rápida, gerando emprego e crescimento. Existe uma tendência da Organização Mundial do Turismo (OMT) que diz que a cada dólar investido no setor, recebemos sete como retorno”, enfatiza.
CNC Alexandre Sampaio, diretor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Turismo e Serviços (CNC), explicou que o primeiro ano do governo Bolsonaro teve iniciativas importantes e que podem alavancar o ambiente de negócios em 2020. Isso porque, de acordo com o executivo, as principais bandeiras levantadas há anos pelo setor foram acatadas, como a isenção e facilitação de vistos, entrada de até 100% do capital estrangeiro nas empresas aéreas e barateamento de taxas portuárias, entre outras. Para 2020, Sampaio acredita que a atividade turística pode ser protagonista no crescimento do País economicamente. “O empresariado brasileiro acredita em uma maior abertura de mercado e, se essa tendência se concretizar, o Turismo pode dar um salto na geração de negócios”, disse.
FOHB
EMBRATUR A Embratur citou os caminhos trilhados em 2019 como momentos históricos para o Turismo brasileiro. Na prática, a alteração do modelo de autarquia para o de agência tem como principal ponto positivo o orçamento mais robusto, o que segundo Gilson Machado Neto, presidente da Embratur, deixa a entidade mais competitiva em relação a outros países quando se trata de divulgação. Em 2020, Machado Neto vê investimentos estrangeiros com bons olhos e enxerga a desburocratização de processos como uma maneira de abrir o Brasil ao mundo. “A internacionalização do Brasil, tendo o Turismo como um dos protagonistas econômicos, promove uma mudança de eixo positiva. O novo momento do turismo brasileiro se deve à superação de uma das principais barreiras do setor – a falta de vontade política. Este novo momento será decisivo para o impulso do Turismo e a definitiva retomada econômica”, afirma.
Em tom otimista, Orlando de Souza, presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), falou de como previsões do governo e do próprio setor hoteleiro tornam a tendência de crescimento “inequívoca”. Com aumento de 2,32% esperado para o PIB em 2020 – segundo projeções do Ministério da Economia -, o executivo cita que a hotelaria brasileira deve continuar crescendo em 2020, com resultados nunca conquistados em anos passados. Ao regionalizar o sucesso, Souza citou diversas capitais - como Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Salvador (BA) - como grandes expoentes da hotelaria nacional em 2019. O executivo também comemorou a conquista, advinda com a MP 907, de retirada da cobrança da taxa do Ecad – relativa ao direito autoral de músicos - em apartamentos hoteleiros. “A medida é muito benéfica à hotelaria”, disse. Facilidade de vistos e queda do dólar foram outras questões ressaltadas sobre o desempenho do setor em 2019. Para este ano, o executivo pontuou o que o FOHB estima em relação ao setor: 177 hotéis; 25.984 novas unidades habitacionais (UHs) e aproximadamente R$ 7 bilhões em investimento. “Cautela é sempre bom, mas otimismo é essencial para o ano”, conclui.
TURISMO SEM CENSURA MTUR Para o Ministério do Turismo (Mtur), o setor vive um momento inédito no Brasil, principalmente com a economia. Em nota oficial, a pasta informou que, somente em julho, mais de 15 mil postos de trabalhos foram criados pelo Turismo. A respeito de outras conquistas em 2019, foram citados também a isenção de vistos e a abertura do capital estrangeiro às aéreas. A expectativa para 2020 inclui o Plano Nacional de Turismo (PNT), com a redução do custo do turismo doméstico para estimular brasileiros a viajar pelo País e duplicar os atuais 6,6 milhões de turistas estrangeiros por ano até 2022. Além disso, outros pontos estão no radar do ministério. “A pasta continuará com a realização de visitas técnicas para detectar os gargalos que têm travado o desenvolvimento, estimular o turismo rodoviário, atrair novas empresas aéreas e terminais de passageiros exclusivo para cruzeiristas”, declara Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo.
UNEDESTINOS Roberto Duran, vice-presidente de Relações Institucionais da União Nacional de CVBx e Entidades de Destinos (Unedestinos), reconhece que o Turismo vem passando por momentos delicados e que, por isso, a entidade trabalha em parceria com os destinos que vencem crises de modo criativo e distinto. Mesmo com um ano desafiador, o executivo afirma que há crescimento na entidade, ainda não calculado, mas que estará acima do PIB. Um dos mercados que Duran citou é o corporativo, que também vem se destacando em destinos de sol e praia, já que muitos lugares apostam em infraestrutura para receber ações do segmento Mice. “Fortaleza é muito bem estruturada para negócios, tem um bom aeroporto. Então, além do sol e da praia, há produtos que se adequam. No Recife e em Salvador é a mesma coisa. Estamos trabalhando os destinos em diversas vertentes para que os mercados ganhem força e façam a roda da economia girar”, pontua. Para 2020, o profissional afirma que muitos destinos terão seu momento de glória, já que se posicionam bem no mercado, como é o caso de Salvador. “É uma capital que não vai ter problemas. Em 2019, tivemos elevação de 10% na ocupação e de 15% na diária média e, para este ano, esperamos que a ocupação cresça, no mínimo 12% e de 15% a 20% na diária média”, finalizou deixando claro que a hotelaria é uma das formas mais palpáveis de mensurar crescimento.
Fabio Steinberg Jornalista e administrador, trabalhou como executivo e consultor de comunicação em grandes empresas como IBM, Rede Globo e AT&T. Edita o site Turismo Sem Censura e é autor de três livros. (www.turismosemcensura.com.br) fabio@steinberg.com.br
Gralhas, raposas e prêmios
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ma gralha, com um queijo pendurado no bico, se preparava para devorá-lo do alto de uma árvore. Lá embaixo, uma raposa de olho no alimento resolveu bajular a ave. Começou por elogiar sua plumagem, superior à do pavão. Depois, falou que para se tornar o mais belo dos pássaros só faltava à gralha cantar. Não sobraria espaço nem para o rouxinol, dizia a espertalhona. Envaidecida, a gralha resolveu soltar a voz. Ao fazer isto, deixou o queijo despencar de seu bico para o chão. A guloseima foi imediatamente embocada pela raposa que, a seguir, caiu fora. A fábula de Esopo serve para lembrar que o mundo está cheio de gralhas, daquelas que nem têm plumagem linda e, muito menos, sabem cantar bem. Apesar disso, deixam-se enganar por artimanhas e palavras lisonjeiras de espertas raposas da vida. Com isto, quando não banalizam suas eventuais e legítimas conquistas, fazem papel de bobo. É que vaidade e soberba formam combinação tóxica. A questão vem a calhar por conta da enxurrada de premiações que costuma acometer o ambiente corporativo. Áreas como o Turismo são particularmente suscetíveis a estas situações e o bom-senso alerta que há algo errado nisto. Há duas explicações possíveis. Numa visão otimista, o setor estaria experimentando um extraordinário e desproporcional número de gente brilhante, com sucessivos recordes de competência e criatividade. Ou, então, o que soa como mais sensato: Há exagero de reconhecimentos, distribuídos com fartura e sem qualquer critério. Diante de tal multiplicidade, fica impossível separar a premiação honesta e merecida de mero caça-níquel que só objetiva enriquecer seus promotores. Por que tanta gente inteligente e experiente ainda cai no conto dos prêmios picaretas e inúteis, produzidos em série? Será que ninguém percebe ser
vítima de um golpe que só explora a carência humana de busca por reconhecimento? Talvez isto se explique pela crescente despersonalização das atividades econômicas, com a tecnologia tendendo a reduzir o espaço antes dedicado às relações entre pessoas. Mesmo assim, é assustador ver tanto marmanjo ser tapeado por espertalhões. Em troca de estatuetas que não valem o que pesam ou diplomas assinados por um joão-ninguém que se autodenomina “premiador-mor”. Não precisa ser especialista no assunto para concluir que a indústria do Turismo no Brasil ainda deixa muito a desejar. Cada vez mais exportamos brasileiros para tirar férias no exterior. Somos incapazes de atrair mais visitantes internacionais ao País no ritmo necessário. Nós nos tornamos lanterninhas do mundo na categoria - e não é por ausência de atrativos, potencial e talentos. Falta muito para fazer e, por isso, seria melhor evitar comemorações irrelevantes. E redundantes porque, em geral, são sempre os mesmos a ganhar troféus, sejam eles merecedores ou não. Como ter certeza de que os prêmios ganhos foram merecidos ou não passam de cambalachos sem valor, nascidos de armadilhas tipo pega-trouxa? O Turismo precisa menos destas bajulações individuais descartáveis. Para não cair na esparrela, o lema deveria ser “quem sabe faz, e quem não sabe premia”. Submeter-se a tapeações que só exploram egos é ser conivente com o embuste. É fingir que tudo está bem, na contramão da realidade. Nestas embromações com verniz de seriedade não se busca o real reconhecimento de bons profissionais, mas apenas fazer todo mundo levar um prêmio para casa. Por isto, está na hora de parar de prestigiar estes ardis, verdadeiros sanguessugas que se alimentam das boas intenções e ingenuidade das vítimas. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 17
Camila Lucchesi
PARQUE E ATRAÇÕES
Com nova atração na área de Star Wars, Disney consolida seu império, divulga novos planos e sinaliza um retorno aos clássicos POR CAMILA LUCCHESI
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enhum lugar ganha fama à toa. Menos ainda, se consegue consolidar o lema de “lugar mais feliz da Terra”. Na contagem regressiva para os 50 anos – que serão comemorados em 2021 – o Walt Disney World Resort, na Flórida (EUA), vem apresentando novidades que consolidam a oferta multigeracional nos quatro parques, aumentam a variedade de opções nos meios de hospedagem e investem no futuro, sem deixar de lado o passado. A ação em diversas frentes é estratégia certeira para seguir encantando viajantes de todas as idades, sejam eles repetidores ou estreantes no mundo da magia. Espaço não é problema, já que com a área total somada de parques, estacionamentos, centro de compras e gastronomia, terrenos disponíveis, estufas e jardins, bastidores e os mais de 30 hotéis administrados pela Disney na Flórida chegamos a 120 quilômetros quadrados – mesmo tamanho da cidade de San Francisco, na Califórnia, e duas vezes o território da ilha de Manhattan, em Nova York. A força da Disney, entretanto, vai além de democratizar as op18 Brasilturis
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ções; ela está no domínio do storytelling. O conceito que vem sendo cada vez mais empregado como diferencial para as vendas tem a companhia como uma das principais referências em nível mundial, o que se vem se traduzindo em mais engajamento e novos negócios. O ciclo segue em crescimento constante, com o ritmo ditado pelas aquisições de marcas valiosas para o core business do grupo. Pixar, Marvel, ESPN, Lucasfilm e outras abrem novas possibilidades e mantêm a roda girando. SIGA O MESTRE “Faça ou não faça. Tentativa não há.” A frase dita por Yoda em “O Império Contra-Ataca” foi seguida à risca pela equipe envolvida na criação de “Rise of the Resistance”, segunda atração da área temática que já foi inaugurada no Disney’s Hollywood Studios, na Flórida, e tem estreia marcada para o dia 17 deste mês no Disneyland Park, na Califórnia. Foram cinco anos de trabalhos intensos para chegar ao resultado que surpreende à primeira vista pela eficiente combinação de story-
telling com tecnologia inovadora. Presente à inauguração oficial para convidados, na noite de 4 de dezembro, Bob Chapek, presidente da Disney para Parques, Experiências e Produtos, explicou que a equipe jogou fora o livro de regras para criar uma “narrativa experiencial de grande escala cinematográfica”. Imersão é palavra de ordem na atração que é composta por um mix de formatos e se divide em cinco etapas principais – parte a pé, parte embarcados, mas sempre em meio a cenários grandiosos e com recursos surpreendentes. A interação é subjetiva, já que o fato de saber que se trata de uma “atração de parque”, com enredo pré-formatado, não impede a aceleração dos batimentos cardíacos assim que o visitante percebe o que está acontecendo. O convite para integrar o time da Resistência contra o domínio da Primeira Ordem é a primeira ponta da história que se desenrola por 18 minutos – o que faz dela três vezes mais longa do que a média. O chamado feito por uma versão holográfica de Rey e pelo droid BB-8 eleva os níveis de adrenalina dos participantes proporcionalmente
ao envolvimento de cada um com o tema. De lá, os novos rebeldes seguem a pé e viajam em uma nave que é interceptada pelos inimigos. Os viajantes desembarcam para interrogatório e chegam a um dos espaços mais impactantes da nova atração: Um hangar extenso, com luz baixa, onde um exército de 50 stormtroopers com suas armaduras reluzentes os espera com armas empunhadas. TECNOLOGIA INÉDITA Os capturados são direcionados para uma segunda sala onde Kylo Ren, o vilão da segunda trilogia, os aguarda para tentar arrancar informações sobre o local onde a Resistência se esconde. Eles conseguem escapar e embarcam em naves, divididos em grupos de oito pessoas. O veículo especial desliza por cenários que reproduzem com perfeição uma estação liderada pela Primeira Ordem enquanto tenta fugir de seus nefastos sequestradores. As naves se locomovem próximas ao chão, como se estivessem flutuando por espaços sem trilhos e, quase sempre, de maneira imprevisível – uma tecnologia até en-
Matt Stroshane
Kent Phillips
2 Steven Diaz
Matt Stroshane
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tão inédita. As surpresas incluem ainda se deparar com gigantescos AT-AT, presenciar o poder de atração de Kylo, encontrar versões animatrônicas dos personagens de heróis e vilões. Vale mencionar que alguns dos robôs com movimento e voz foram dublados pelos mesmos atores que participam da segunda trilogia de Star Wars. Os efeitos especiais, cenografia e o percurso foram criados em parceria com a Lucasfilm, com direito à trilha sonora clássica e a uma nova melodia composta especialmente para a atração por John Williams, mesmo autor do inconfundível tema da série. As referências à franquia surgem em abundância, para delírio dos fãs, e a fuga se consolida no trecho final, quando um simulador leva todos de volta, sãos e salvos. Repleta de efeitos sonoros e sensoriais, ação e muita tecnologia o pacote da experiência tem muito de sua eficiência ligada ao fator humano. Isso porque o staff desta área veste figurinos extremamente fiéis à história e não sai do papel, tornando a aventura ainda mais real para os participantes. É claro que os apaixonados pela saga sentem-se especialmen-
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Nave de transporte por onde se inicia a aventura de Rise of the Resistance (1); atração é agitada com a presença de gigantes AT-AT (2) e dos encontros com personagens como Kylo Ren e o General Hux (3). Bob Chapek, presidente da Disney para Parques, Experiências e Produtos participou da inauguração oficial para convidados junto a Chewbacca e o grupo de rebeldes (4)
te atraídos, mas mesmo aqueles que não têm familiaridade com o enredo conseguem acompanhar e se envolver na história. “Criar uma área que fosse autêntica para os superfãs que vão reparar em todos os detalhes, sem descuidar do apaixonado Disney que não entende tanto da história, foi um desafio para o time. Mas conseguimos fazer esse casamento para que ninguém ficasse de fora do enredo”, explica Paula Hall, gerente de Comunicação da Disney Parks para o mercado brasileiro. A próxima aposta do grupo no tema é o Galactic Starcruiser, hotel espaçonave que iniciará suas decolagens em 2021. Mais do que um meio de hospedagem, entretanto, o local funcionará como uma nova atração de Star Wars: Galaxy’s Edge, com duração de 48 horas. A permanência será restrita a duas noites por passageiro, mantendo o mesmo grupo embarcado para estimular a interação. Ann Morrow Johnson, produtora executiva da Walt Disney Imagineering, o braço criativo do grupo, adiantou que a
experiência recria a rotina de uma nave em outra galáxia. A bordo, os hóspedes poderão conhecer a torre de comando, interagir com robôs e alienígenas, participar de treinamentos de sabres de luz e descobrir áreas secretas. “As escolhas feitas pelos viajantes irão determinar os rumos de sua própria história Star Wars”, disse a executiva, sugerindo que “algumas coisas podem dar errado e existe a chance de o hóspede precisar manejar armas”. A Disney ainda não divulgou o número de quartos, mas já se sabe que todos terão vista para a galáxia. MISSÃO DO AGENTE Bem-vindos a Batuu! O planeta que é apenas citado na saga Star Wars - como um entreposto comercial remoto, bem distante de Alderaan, Dagobah, Tatooine, Naboo e dos demais planetas que realmente aparecem nos filmes da saga - ganha vida na área temática criada pela Disney dentro dos parques da Flórida e da Califórnia. As duas atrações podem até ser o foco principal,
mas visitar a área de 56 mil metros quadrados é um must do para qualquer visitante – independentemente do nível de fanatismo. Não há como não se impressionar com a paisagem rochosa que recria esse cantinho escondido e muda de acordo com a incidência de luz. É impossível permanecer inerte ao ver a réplica em tamanho real da Millennium Falcon – e embarcar na lendária nave que já foi de Han Solo e hoje pertence a Rey e Chewbacca para participar da “Smuglers Run”, primeira atração da área, que transforma os participantes em pilotos, atiradores e engenheiros da “lata-velha mais veloz da galáxia”. O nível de detalhes é de cair o queixo, com restaurantes que investem em cardápios temáticos, lojinhas espalhadas pela área - seja na ostensiva First Order Cargo, que só vende itens relacionados à Primeira Ordem, ou na escondida Resistance Supply, com oferta de acessórios para os fãs da Resistência - e interação constante com o staff. Reserve um tempo para conversar com aldeões ou vendedores do Black Spire Outpost, um entreposto comercial pirata do planeta www.brasilturis.com.br | Brasilturis 19
Camila Lucchesi
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8 Batuu, e como na preparação para qualquer viagem internacional, reforce sua fluência em “batuuês”. Esqueça os dólares, o preço por lá é fixado em créditos e, para ser cordial, decore as expressões: bright suns (o equivalente ao bom dia em uma terra com três sois), rising moons (boa noite, com direito a duas luas) e til the spires (até logo). Se quiser ir ao banheiro, não deve procurar o restroom, mas o “refresher”; já os bebedouros são “hydrators”. Aliás, um deles revela uma grande surpresa: ao pressionar o botão da água, fique de olho na cisterna de vidro que alimenta o equipamento. Uma versão animatrônica da Dianoga - espécie de molusco de um olho só que participa de “Uma Nova Esperança”, primeiro filme da saga, de 1977 - irá aparecer lá dentro. A imersão também abre espaço para o merchandising e há muitas possibilidades para levar um pedacinho de Batuu para casa. Elas vão desde os refrigerantes da Coca-Cola - envazados em garrafinhas temáticas - até a possibilidade de construir, mediante reserva prévia e pagamento antecipado, seu próprio droid (no Droid Depot) ou sabre de luz (no Savi’s Workshop). Há, ainda, toda a sorte de vestimentas, brinquedos e souvenires, além dos famosos leites intergalácticos – na versão verde e azul – vendidos no Milk Stand. Diante de tantas possibilidades, 20 Brasilturis
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9 o trabalho do agente de viagens se torna ainda mais primordial. A consultoria é essencial para que o visitante complete a difícil missão de desbravar cada cantinho de Star Wars: Galaxy’s Edge. “A curadoria ajuda a determinar o perfil e definir as experiências que cada um irá fazer para aproveitar melhor seu tempo na área”, resume Paula. “Planejar é essencial”, sugere Cinthia Douglas, diretora de Vendas e Marketing dos parques para o Brasil. Ela reforça que o País continua entre os três principais emissores para o complexo na Flórida e destaca uma novidade recém-lançada para driblar esse momento de alta no dólar: a promoção 4-Parks Magic. “Além de um considerável desconto em relação aos ingressos normais, os bilhetes podem ser usados até setembro deste ano”, revela Cinthia. A promoção é comercializada pelas nove operadoras Disney Select e prevê um ingresso de um dia para cada parque. Vale lembrar que, seguindo as novas regras estipuladas para os tíquetes, é preciso determinar a data das visitas. Outra alternativa para quem não quer perder tempo é contratar o VIP Tour Guide, serviço que oferece acompanhamento por períodos a
10 Cinthia Douglas e Paula Hall, da Disney, (5) em frente à réplica da Millennium Falcon, em detalhe mais abaixo (10). A paisagem de Batuu (6) chama a atenção pelos detalhes e pela diversidade de souvenires (8 e 9), bem como pela possibilidade de montar seu próprio droid (7)
partir de sete horas até 14 horas por dia, disponível em www.disneyagentedeviagens.com.br. O custo começa em US$ 450, mas pode subir de acordo com a demanda. Trilíngue, o guia vip Álvaro Reis trabalha para os parques há dez anos e desmistifica a questão do custo diante dos benefícios. “Não é só milionário que opta pela contratação. O que temos visto muito são famílias ou casais de amigos que se juntam para dividir o valor, já que podemos guiar grupos de até dez visitantes”, explica. Durante o tempo contratado, o guia fica 100% à disposição do visitante e pode fazer de tudo: buscar no aeroporto, no hotel ou até no porto. “Se a ideia é maximizar as horas, entretanto, minha sugestão é encontrar no próprio parque”, indica. A partir daí, o cliente conta com todas as comodidades, como ingressar pela saída das atrações (evitando qualquer tipo de fila), entrar no parque pelo backstage (podendo chegar bem próximo das atrações mais disputadas) e se acomodar em áreas vip para assistir às paradas,
shows de fogos e espetáculos nos parques. RETORNO AOS CLÁSSICOS É claro que a abertura de “Star Wars: Rise of the Resistance” é a cereja no topo, mas há muitas camadas deliciosas para serem consideradas nesse bolo. A maioria das novidades já foi divulgada e segue um cronograma de lançamentos até 2021, ano que marca o cinquentenário do complexo. Parte dos anúncios remete a um retorno aos clássicos, a começar por “Mickey & Minnie Runaway Rail”, que estreia em 4 de março deste ano, no Disney’s Hollywood Studios. Essa será a primeira atração dedicada ao ratinho que iniciou toda essa história, junto com sua eterna namorada e seus inseparáveis amigos. Trazer o ambiente 2D das revistas em quadrinhos para uma experiência multidimensional imersiva foi o maior desafio para a conclusão da obra, na opinião de Charita Carter, produtora sênior da Disney
David Roark Divulgação/Disney
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miniaturização dos participantes que ingressam no “Remy’s Ratatouille Adventure”; um sing-along de “A Bela e a Fera”; a viagem em 360 graus pela China; e uma completa renovação de “Spaceship Earth”, atração que funciona dentro da bola que é símbolo do parque. Outras estreias aguardadas são “Journey of Water”, inspirada em Moana; e o show noturno “Epcot Forever”. Para facilitar o entendimento dos visitantes, o parque exibe desde outubro do ano passado um vídeo que destaca todos os marcos dessa tão esperada renovação. O filme pode ser visto em uma tela de 360 graus dentro do Odyssey Events Pavilion, espaço que também inclui uma maquete tecnológica com a nova configuração do parque. Um jeito bem Disney de apresentar as novidades. Depois de tanta novidade, o que será que nos aguarda para os próximos anos? A resposta está em outra frase clássica do mestre Yoda: “Difícil prever. Sempre em movimento o futuro está”. Vale para a vida, vale para a Disney.
Divulgação/Disney
Imagineering. DuckTales também ganha espaço, com uma proposta de caça ao tesouro interativa dos visitantes junto com Scrooge McDuck, Donald e seus sobrinhos por meio do aplicativo móvel Play Disney Parks. Segundo Paula, a chegada dos personagens clássicos atende a uma solicitação de um determinado perfil de visitante. “Eles pedem pelas experiências e sabemos que existem muitos fãs ‘puristas’, que gostam de atrações e áreas com essa turma”, diz, reforçando que o grupo vem caminhando para chegar aos 50 com uma série de grandes títulos. Já anunciada, a transformação de Epcot também demonstra o interesse da Disney em revisitar seu passado, trazendo-o ao futuro. O parque será dividido em quatro áreas principais: World Showcase exibe a riqueza cultural e gastronômica dos países; World Discovery mira em ciência e tecnologia; World Celebration conecta os participantes e homenageia o legado de Walt Disney; e World Nature será dedicado à preservação. Entre os destaques estão a recriação da casa da família Banks, na primeira atração relacionada a Mary Poppins; a
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Disney/Lucasfilm
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16 Odyssey Events Pavilion (11) exibe o Epcot Experience, filme em 360 graus que mostra a transformação do parque (12), incluindo Remy’s Ratatouille Adventure (13). A Disney também reforçou Mickey & Minnie’s Runaway Railway (14 e 15), primeira atração dedicada ao casal, que estreia em Hollywood Studios; e divulgou as primeiras imagens (16) do terminal que levará os fãs de Star Wars a uma aventura de 48 horas na Galactic Starcruiser
Brasilturis Jornal viajou a convite da Disney Parks, com proteção Affinity www.brasilturis.com.br | Brasilturis 21
Ana Azevedo
PARQUE E ATRAÇÕES
Flyboard, uma das atrações do espaço
Ao todo, são 13 bangalôs no clube de praia
Alain Baldacci
Wet’n Wild: Sentir-se exclusivo Com aporte de R$ 3 milhões, o Lagoon Beach Club torna o empreendimento o primeiro parque aquático brasileiro a contar com um clube de praia POR FELIPE LIMA
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m 2019, o Wet’n Wild comemorou 21 anos de operação e, durante todo o ano, o empreendimento passou por melhorias, como a instalação de uma esteira de boias para a atração Vortex e investimentos na Ilha Misteriosa do Cascão. No entanto, de acordo com Bruno Baldacci, gerente de Marketing da marca, o presidente Alain Baldacci é “inquieto e está sempre trabalhando para proporcionar novidades e um melhor atendimento”. Assim, no dia 15 de dezembro, o Wet’n Wild inaugurou o Lagoon Beach Club, um espaço exclusivo para os visitantes que buscam por um atendimento distinto e mais afastado do agito das atrações aquáticas. A área, que consumiu investimentos de R$ 3 milhões, conta com 3,6 mil metros quadrados e entrada privativa, podendo receber até 3,2 mil pessoas por dia. Durante todo o mês de lançamento, a novidade funcionou integrada ao parque. Os visitantes do novo espaço têm a opção de alugar bangalôs, garantindo ainda mais privacidade. Ao todo, são 13 bangalôs, sendo nove simples – capazes de receber de quatro a seis pessoas – e quatro com jacuzzis e combo de bebidas – que podem 22 Brasilturis
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acomodar de seis a oito pessoas. Desenvolvida em cinco meses, a área à beira do lago, que também serve de espaço para eventos, está disponível para sediar desde reuniões sociais, como formaturas e casamentos, até encontros corporativos. Além disso, a empresa utilizará o espaço para promover ações, como pool party, que começa às 10h e vai até às 17h, ou sunset party, que começa às 18h e vai até 4h. O presidente também se orgulha do fato de, mesmo antes de inaugurar o espaço, contar com 23 reservas para sediar eventos. “Os clientes vieram em período de obra. Ainda assim, reservaram e demonstraram interesse”, declara. Aqueles que adquirem o ingresso para o Lagoon Beach Club têm acesso livre ao parque. Já quem adquiriu o tíquete regular para o parque aquático pode fazer upgrade para o espaço. “A área terá várias possibilidades e contribuirá muito para o Turismo”, pontua Alain, reforçando que o atrativo pode fomentar a economia turística em nível estadual, principalmente por conta do programa de stopover, lançado em setembro. “Se alguém está indo de Belém para Porto Alegre, por exem-
Piscina com bar molhado
plo, e vai fazer escala em São Paulo, pode ficar até cinco dias no estado sem cobrança adicional na passagem aérea, se hospedar pela região e aproveitar o beach club”, pontua. Desde 18 de dezembro, o Lagoon Beach Club está entre os produtos expostos na loja online do Wet’n Wild. Diferentemente dos ingressos regulares, entretanto, a entrada para o espaço privativo não trabalhará com precificação dinâmica. Entretanto, essa possibilidade não está totalmente descartada, de acordo com o gerente de Marketing. “É algo que a gente vai estudar, porque é um produto novo. Se a demanda crescer muito, pode ser que façamos de forma dinâmica para manter uma exclusividade”, avalia. Assim como o parque aquático, o Lagoon Beach Club abrirá diariamente até 1º de março. A partir de então, operará somente aos fins de semana, com direito a serviço de cabelereiro e maquiagem em dias selecionados. UM ROSTO FAMILIAR O lançamento oficial, em 15 de dezembro, também marcou o
anúncio de uma nova tecnologia de fotos, trabalhando o sistema Photo Opportunity. Em parceria com a Aipix, o parque irá disponibilizar as fotografias captadas por fotógrafos que estarão no parque registrando a diversão dos visitantes. A novidade funciona da seguinte forma: o cliente entra no site pomvom.me/aipix pelo smartphone, tira uma selfie e, a partir do reconhecimento facial, o aplicativo exibirá todos os registros disponíveis. As fotos poderão ser adquiridas pelo próprio aplicativo e, claro, postada nas redes sociais. “Essa tecnologia é inédita no Brasil. Existe reconhecimento facial para outras coisas, mas não para esse tipo de serviço. Os visitantes poderão escolher as suas fotos preferidas, que estarão disponíveis até cinco dias depois da visita. Somos o primeiro parque do Brasil a fazer precificação dinâmica e, agora, somos também pioneiros oferecendo foto por reconhecimento facial e os primeiros a ter um beach club”, comemora o presidente. A tecnologia estará à disposição dos clientes a partir deste semestre.
DESTINOS
Ilhas das Couves, em São Sebastião
Expansão caiçara Litoral Norte de São Paulo apresenta belezas naturais, culturais, gastronômicas e atende ao perfil de uma fatia do mercado estrangeiro Operadores canadenses junto a Gustavo Monteiro no Mirante do Camaroeiro, em Caraguatatuba (SP)
POR LUCAS KINA
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relação entre turista e destino se dá em grandes atrações e setores como culinária, história e outras características. Entretanto, pequenos detalhes, como falar outros idiomas, ter cordialidade no atendimento, produtos de qualidade e entender o que o viajante quer ver são pontos essenciais para a engrenagem do Turismo em qualquer local. Neste aspecto, cidades como Bertioga, São Sebastião, Maresias, Ilhabela e Caraguatatuba que, juntas, formam o consórcio Circuito Litoral Norte de São Paulo – iniciaram um processo de profissionalização na área. As iniciativas vêm do consórcio e também por meio do investimento de receptivos na promoção de atrações naturais e que conectam o visitante a cidade. Para acompanhar essa mudança de perto, o Brasilturis Jornal embarcou com um grupo de operadores canadenses para um famtour pela região. Idealizado pelo Circuito, o projeto teve apoio da Air Canada – aérea que ingressou no programa de stopover do governo paulista – e da Maresias Tur, receptivo do litoral. Claude Lariviere (Tours Chanteclerc); Julien Regragui (Terratour); Jean-Michael Gendron (Gendron Voyages Travel); Susan Dono (Sky Link); Patricia Perez (Canandes) e Viviane Bouclin (Voyages Traditours) experimentaram a tradicional hospitalidade caiçara, acompanhados dos anfitriões Karen Acs (Air Ca-
nada), Gustavo Monteiro (Circuito Litoral Norte de São Paulo) e Drisana Holland (Maresias Tur). BERTIOGA O principal argumento da viagem foi entender os pontos fortes e fracos dos destinos sob a ótica dos profissionais canadenses. A primeira parada em Bertioga já deixou claro que a base de conhecimento para o turismo histórico é muito grande, o que compensa, ao menos em parte, a falta de sinalização em inglês. Drisana Holland, guia de Turismo, acompanhou o passeio para traduzir as informações fornecidas por Aluizio Durço, chefe do Ecoturismo da cidade, a respeito do Véu da Noiva, cachoeira localizada no quilometro 86 da Rodovia Mogi-Bertioga. Com queda de mais de 300 metros, o local recebe ações de trilha e rapel, além de ser admirada por milhares que passam pela via todos os dias. Aos que desejam ir além das praias e do sol, o Circuito promoveu visitas à tribo indígena Rio Silveira. Ao todo, são 948 hectares que abrigam 120 famílias da etnia tupi-guarani, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai). Este é um dos locais que mais fornece conexão com o destino, já que os nativos também preservam costumes, como as moradias de pau-a-pique ou madeira e a manutenção da língua materna entre as crianças - que só aprendem o português a partir dos sete anos.
Entre uma viagem e outra no traslado das atrações, observa-se o processo de modernização de estabelecimentos próximos à praia. É possível ver uma série de construções renovadas ou em reforma, visando a melhoria da imagem dos locais como primeiro fator. “Temos muito potencial para receber turistas do mundo inteiro. É claro que sempre existem coisas a serem atualizadas e melhoradas, mas estamos no caminho certo”, defende Gustavo Monteiro, secretário executivo do consórcio. Para ele, o potencial da região não é ser apenas um possível destino no estado de São Paulo, mas se tornar um importante polo indutor do Turismo nesta região. SÃO SEBASTIÃO Os canadenses percorreram o circuito de ilhas, tour que os levou a visitar águas pouco conhecidas, mesmo entre os brasileiros – como a Ilha das Couves e a Ilha dos Gatos. Em Ilhabela, o grupo mergulhou na Ilha das Cabras, local rico em fauna aquática, e teve contato com guias de Turismo locais que falavam inglês e outros idiomas, o que garantiu o título de destino mais preparado da região para receber turistas internacionais. Até mesmo a estrutura, segundo um dos operadores, fez com que Ilhabela fosse destacada como exemplo por garantir detalhes que fazem diferença. Além do mergu-
lho, um tour histórico pela cidade trouxe à tona a raiz cultural e histórica que foi citada posteriormente pelos canadenses como compatível ao perfil de cliente das empresas que representavam. CARAGUATATUBA A rápida passagem pela cidade destacou sinais de movimentação em prol da atração do turista internacional. Com direito a vídeos promocionais em inglês, parte da estrutura do município foi apresentada e destacou pelo menos 19 hotéis considerados aptos a receber esse tipo de visitante, além de restaurantes, atrativos naturais e radicais, como as trilhas e o voo de asa delta. A cidade foi a última parada dos canadenses pelo litoral Norte, antes do retorno à capital. A opinião compartilhada por todo o grupo é que existe potencial para estender a visitação para territórios além da capital paulista. “Quem compra de nós, de forma geral, pertence às classes A e B, e tem entre 50 e 60 anos. Isso quer dizer que são exigentes e realmente desejam se conectar com a cultura local e a cidade em si”, definiu Viviane Bouclin, da Voyages Traditours. Brasilturis Jornal viajou a convite do consórcio Circuito Litoral Norte de São Paulo e da Air Canada, com proteção Affinity www.brasilturis.com.br | Brasilturis 23
DESTINOS
De volta ao palco Inauguração do Centro de Convenções reacende o turismo de grandes eventos e convenções na capital baiana
POR VELMA GREGÓRIO
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udo novo. Prédio, gestão, direção, investimento, enfim, todo o axé soteropolitano para o lançamento do Centro de Convenções “Antônio Carlos Magalhães”, em Salvador (BA), neste janeiro de 2020. Construído no bairro de Armação, na área do antigo Aeroclube, o espaço de aproximadamente 100 mil metros quadrados abrigará até 14 mil pessoas em áreas cobertas e, além dessas, outras 20 mil pessoas em uma área externa. De frente para o mar, recebendo a brisa de Salvador, o novo centro de convenções tem ainda 30 salas de reuniões - que podem se transformar em camarins ou camarotes -, restaurante para 350 pessoas, tudo planejado para customizar o local de acordo com a demanda e abrigar até oito eventos simultâneos. Os formatos dos salões e auditórios podem variar de 400 a mil metros quadrados. Iniciativa da prefeitura de Salvador, em especial da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), a obra foi realizada pela GL Events por meio de um contrato de concessão de 25 anos, no valor de R$ 10 milhões. O investimento previsto para o projeto, no final de 2017, é de R$ 123 milhões, sendo R$ 93 milhões de recursos próprios da prefeitura e R$ 30 milhões de investimento privado. Depois de uma perda estimada em R$ 1,2 bilhão e dez hotéis fechados desde 2015, a cidade está animada para a inauguração e se prepara para receber visitantes. Uma simples caminhada consolida essa sensação. Há obras por toda parte. Desde as de saneamento básico até a reforma de áreas históricas, como o entorno do Mercado Modelo e o calçadão da Igreja do Bonfim. “Tudo foi feito igual, com os mesmos materiais e qualidade, tanto no centro quanto na periferia de Salvador”, atesta Antônio Barretto Júnior, diretor de Turismo da Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador. Outras novidades são a reabertura do hotel Pestana no Rio Vermelho, que foi fechado há cerca de quatro anos e deve reabrir - pelo 24 Brasilturis
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Fernando Brandão (Salvador Destination), Manoel Neto (Secult ), Lisângela Pelegrino (Grupo Pestana), Roberto Duran (Salvador Destination), Antonio Barretto Junior (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) e Rafael Bulhões (Grou Turismo)
Perspectiva do Centro de Convenções “Antônio Carlos Magalhães”
menos parcialmente -, e a concessão de uso do Palácio do Rio Branco, localizado no Centro Histórico, para a rede Vila Galé. “O projeto Nova Salvador requalificou a cidade para integrar o visitante e o morador às experiências locais. Até a reforma das calçadas foi planejada para promover a convivência e a experiência peatonal, como acontece na Europa”, ressalta Roberto Duran, presidente da Salvador Destination, entidade facilitadora da vocação turística de Salvador que é ligada à Unedestinos. TRADIÇÃO E NOVAS ATRAÇÕES É lugar comum ouvir que as pessoas amam Salvador. Não sabem explicar o porquê, mas é fato que desde celebridades que são frequentes na cidade até viajantes mais esporádicos dizem constantemente que a energia da cidade é muito boa. As autoridades locais resolveram, então, adotar de vez essa sensação como slogan na hora de reapresentar a cidade ao mundo: Salvador da Bahia, você sente que é diferente. Nessa temporada de verão, além de sentir, vai perceber as mudanças à primeira vista. A cidade está linda, bem cuidada e mais limpa. Para quem nunca foi será uma boa oportunidade de conhecer uma cidade revitalizada e, para quem já conhece, além de uma surpresa positiva, terá novas atrações para visitar. A cidade se prepara para receber, neste verão, um fluxo de visitantes 10% superior ao do mesmo período do ano passado, quando 3,7 milhões de turistas chegaram a Salvador.
Mas por que escolher Salvador? O slogan do governo municipal responde que é a primeira capital do Brasil e só isso já seria um motivo para se aprofundar mais na história do País. Além disso, Salvador está a três horas dos principais aeroportos brasileiros, tem a maior orla urbana do país (com 50 quilômetros de praias), três ilhas – a Ilha de Bom Jesus, a Ilha de Maré e a Ilha dos Frades -, 372 igrejas católicas abertas à visitação e mais de dois mil terreiros de candomblé, além de ser uma forte referência gastronômica por sua culinária local. Os passeios clássicos do Pelourinho, Igreja Nosso Senhor do Bonfim, e Farol da Barra continuam excelentes opções, até porque todos eles combinam atrações que se renovam. No Pelourinho, por exemplo, além das apresentações musicais constantes e do Restaurante Cuco Bistrô - de frente para o Cruzeiro de São Francisco, que ressalta as tradições nordestinas com toque mediterrâneo -, foi inaugurada a Casa do Carnaval. O espaço traz a história da festa mais popular do Brasil e relata como ela se transformou em um ícone da cidade. É um lugar que exibe a história antiga e recente, conectando os visitantes com experiências sensoriais, como a de dançar ao som de clássicos carnavalescos. O último andar reserva uma surpresa – uma área aberta com vista muito, mas muito privilegiada para a Baía de Todos os Santos. NÃO PODE FALTAR O mar de águas com temperaturas agradáveis é muito convidativo
aos banhos. As praias mais badaladas de Salvador – Flamengo e Stella Maris – contam com estrutura turística, como a Barraca do Lôro, que vale a pena visitar. Os clubes de praia também são famosos, como o Blue Beach Club, na praia do Buracão, no Rio Vermelho. Mas à noite, a iluminação da praia do Porto da Barra permite permanecer na areia e no mar até tarde. No final do dia, projeções de Carybé, artista argentino que viveu em Salvador, estampam as paredes do Forte São Diogo, que também ganhou um bar moderninho para acolher os visitantes. Uma atração que a Fundação Baía Viva está trabalhando para fortalecer como destino turístico é a Ilha dos Frades, que tem 70% do seu território privado. A fundação vem atuando com um viés de preservação e transformação do local. A praia de Nossa Senhora de Guadalupe, por exemplo, tem certificação Bandeira Azul desde 2015. Para receber este selo, o local tem de atender a requisitos de qualidade socioambiental, como segurança, qualidade da água, gestão e educação ambiental. Uma das atrações mais concorridas da Ilha dos Frades é o Restaurante da Preta. Colorido, rústico e todo feito com madeira reaproveitada, ele foi “importado” da Ilha de Maré há dois anos e é um sucesso. Emprega mão de obra local, tem comida típica com padrão internacional e cinco minutos de prosa com a chef Angeluci Figueiredo, a Preta, justificam a viagem. Empreendedora, ela administra o restaurante que é pura energia, com gente sorrindo, bebida gelada, ótimo atendimento e cuidadinhos que ganham o cliente. Na entrada, um chuveiro com toalhinhas de pano é oferecido para quem vem da praia. Para chegar à Ilha dos Frades, a Grou Turismo oferece traslados de catamarã que por si só já são um passeio. A travessia dura, em media, 90 minutos. Na ida há show de música local, serviço de bar, frutas inclusas e atividades para animar os passageiros. Na volta, a ideia é relaxar depois um dia feliz de sol e mar.
LÉXICO David Leslie Autor do livro “Turismo para Leigos e Curiosos”. leslie@cbsmarketing.com.br
Largo da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim
HOSPEDAGEM Salvador tem uma grande variedade de hotéis que contemplam 37 mil leitos, à disposição dos diversos perfis de visitantes. Há opções de luxo, como o Fera Palace e o Fasano, passando por hotéis business de redes até pequenas pousadas charmosas do Pelourinho. Mas uma experiência de hospedagem que só Salvador tem é a do primeiro hotel histórico do País, o Hotel Pestana Convento do Carmo. Original do século XVII, o prédio foi construído pela Ordem Primeira dos Carmelitas e é palco de grandes acontecimentos da história. Em 1625, os holandeses assinaram nele sua rendição após invadir a Bahia. É um exemplar do Barroco brasileiro para experimentar. Aos sábados, às 10h, o hotel abre para um tour guiado e gratuito, mas ficar lá é diferente. Andar pelos corredores largos, entrar na piscina dos frades carmelitas, dormir em um quarto que já foi cela de monge com banquinho próximo da janela, pisar na madeira antiga do piso e fechar a pesada porta de madeira puxando uma argola é impagável. Os quartos e banheiros são atualizados com as facilidades de hospedagem, mas a aura histórica não se perdeu. E vale a pena consultar as tarifas. É um hotel que fica entre três e quatro estrelas, que não tem garagem nem os luxos tradicionais. A maior sofisticação é estar lá. Brasilturis Jornal viajou a convite da Salvador Destination, com proteção Affinity e apoio da Grou Turismo e do hotel Pestana Convento do Carmo
S Escultura de entrada da Casa do Carnaval
DESTINO SALVADOR
Para apoiar essa nova fase, a Salvador Destination criou uma campanha de captação de visitantes para conhecer (ou revisitar) Salvador. Imprimiu mapas turísticos em três idiomas, lançou vídeos inspiracionais, roteiros culturais e promocionais, produziu materiais de alta qualidade para o mercado de Turismo. Além disso, a campanha digital Visit Salvador fortaleceu a presença da cidade nas redes sociais Facebook, Instagram e Youtube com a marca Salvador Destination, um portal próprio (www. salvadordestination.com) e o portal oficial da cidade (www. salvadordabahia.com). Em 2019, junto com a prefeitura e parceiros locais, como o hotel Pestana Convento do Carmo e a Grou Turismo, a Salvador Destination promoveu o programa “Nice to Meet You” que convidou presidentes de entidades de Turismo, organizadores de eventos de outros destinos, gerentes de Marketing de grandes empresas que fazem convenções, além de jornalistas de Turismo e Economia para viver a nova experiência.
Compliance... O que é o que é?
e tentarmos traduzir, do inglês, a expressão “to comply with”, poderíamos entendê-la como “estar em conformidade com” ou “estar de acordo com”. A expressão em questão encontra, ainda, diversas personificações que, de certa forma, convergem para um mesmo significado: aquiescer, aceder, anuir, cumprir, realizar, corroborar... Isso leva o termo compliance a uma sensação de consentimento, condescendência, complacência e – por que não? – a uma espécie de submissão. Nesta linha, a aposição contemporânea do termo (em particular, no mundo dos negócios) quer nos induzir a agir de acordo a regras, normas, regulamentos, leis, instruções ou comandos e, até, a determinados pedidos ou contratos específicos, relacionados direta ou indiretamente à nossa área de atuação. Neste contexto, o compliance se resumiria à aplicação de políticas e/ou procedimentos estruturais a serem implementados numa organização ou associação para lhes permitir adequar suas operações funcionais em sintonia com legislações externas ou normas internas e os seus estabelecidos princípios corporativos ou objetivos institucionais e comunitários. A inclusão de uma área dedicada a implementação de uma política e, até mesmo, de uma consciência relacionada ao próprio conceito têm resultado num relevante benefício na gestão dos negócios em empresas, minimizando riscos às suas atividades e maximizando a segurança de atuação. O compliance também favorece a imagem das empresas e as protege de eventuais penalizações impostas por órgãos públicos e/ou outras entidades reguladoras. Diz o ditado que “prevenir é melhor que remediar” e, nesta visão, o desenvolvimento de um
programa desse tipo assegura a proteção de qualquer organização contra possíveis aborrecimentos jurídicos ou eventuais processos referentes à atuação junto aos órgãos que regem a sua atividade empresarial ou operacional. Apesar de ter sido identificado como linha para orientar a atuação, a conduta e o comportamento de uma organização/empresa frente ao mercado de atuação, o compliance parece ter recebido esta terminologia apenas há poucas décadas, devido à preocupação de alguns órgãos dos Estados Unidos em análises relacionadas ao ambiente financeiro vigente na ocasião - principalmente por causa de processos que envolviam escândalos de corrupção. Também na área de viagens e turismo, é indiscutível a importância do compliance que estuda e acompanha todas as determinações impostas por meio de normas emitidas pela Embatur, Código de Defesa do Consumidor, pelos estatutos de associações de classe (Abav, Braztoa e outras), pelo Ministério da Indústria e Comércio, pelo Ministério do Turismo, pelo Conselho Nacional de Turismo, pelos seus sindicatos, etc. A correta interpretação e a boa gestão, no emaranhado de todas estas normas e determinações, é fundamental para o bom desempenho da atividade em referência. A aplicação do compliance como preocupação a ser inserida, entre tantas outras, à rotina essencial de qualquer organização que esteja ciente do seu importante papel junto ao mercado e/ou à sociedade na qual atua, ainda se desdobra e se aprofunda em ramificações existentes no contexto operacional. Surgem, assim, o compliance fiscal, compliance trabalhista, compliance tributário, etc. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 25
FEIRAS E EVENTOS
A verdadeira América
Feira promovida pela Travel South USA com operadores internacionais exalta experiência norte-americana tradicional e quer emplacar mais um recorde de visitantes do Brasil em 2020 POR LEONARDO NEVES, ESPECIAL PARA O BRASILTURIS
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verdadeira América. Autêntica. Inexplorada. Única. Essa foi a série de adjetivos que compôs os discursos dos fornecedores presentes à oitava edição do International Showcase do Travel South USA, evento que aconteceu de 1 a 5 de dezembro, no Hyatt Regency de Saint Louis, no Missouri (EUA). Discursos estes que têm atraído a atenção dos viajantes estrangeiros, mesmo que de maneira discreta, apontando que a região traça um caminho certeiro para se consolidar mundialmente. A versão internacional da feira que tem também uma etapa nacional, no primeiro semestre - reuniu operadores de Turismo de 17 países (com destaque para China, Japão e Brasil), que puderam ver de perto as estratégias e oportunidades de negócios dos 12 estados do sul dos Estados Unidos. Do País, viajaram Ana Taquecita (New Age), André Fulop (AIT High Light), Bruno Delfini (BWT), Cintia Damasceno (Queensbery), Kimie Finardi (Orinter), Georgia Mariano (Flytour), César Turlão (Mondiale), Melissa Rosa (CVC Corp) e Saulo Reis Júnior (Schultz). A estimativa é que o evento conquiste até US$ 500 milhões em novos negócios firmados ao longo das reuniões promovidas no marketplace, espaço que reuniu os presentes em reuniões de 15 minutos cada, semelhante ao formato do IPW, a maior feira norte-americana de promoção turística B2B. O International Showcase foi marcado por apresentações musicais de blues e teatrais (promovidas pelo Missouri e o Mississippi), além de pratos de culinária local que sinalizaram os eixos da oferta local: gastronomia, música e as atividades ao ar livre. Atualmente, o mercado brasileiro representa um volume relativamente baixo comparado ao peso dos viajantes do Reino Unido, França, Alemanha e Austrália. Mas o País começa a figurar entre os cinco principais emissores. Cerca de 140 mil turistas brasileiros visitaram os 12 estados do Sul, com destaque para a Georgia (aproximadamente 47 mil), Carolina do Norte (16 mil), Louisiana (15 mil), Alabama (12 mil) e Kentucky (10 mil). 26 Brasilturis
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Os números ainda são modestos, mas já representam uma alta de quase 10% no volume registrado em 2018. Contudo, o fim de 2019 trouxe notícias que animaram ainda mais os fornecedores e aumentaram as expectativas para 2020. A conversão de franquias da Latam Travel em lojas Agaxtur, a compra do share da Latam por parte da Delta Airlines e o ingresso do Brasil no Global Entry Program (GEP) norte-americano, anunciado no fim de novembro, são os principais motivos. De acordo com Liz Bittner, presidente e CEO do Travel South USA, a ampliação da rede Agaxtur significa trazer mais produtos do sul dos Estados Unidos às prateleiras das agências e o negócio da Delta com a Latam é uma oportunidade de ter a região ainda mais conectada com voos. “Novos voos são a maior abertura para termos mais visitantes na região e podemos trabalhar, junto com a Delta, para aumentar o número de frequências nas principais cidades da região”, afirma. O GEP é o primeiro passo para que os visitantes de um determinado país dispensem a necessidade de vistos para entrar nos Estados Unidos. “Desta forma, mais brasileiros poderão nos visitar”, apontou. Allan Colen, representante do Travel South USA para a América Latina, destacou que a demanda de brasileiros tem crescido, principalmente, nas maiores cidades do sul, como Nashville e New Orleans. “Esta é uma oportunidade de mostrar aos operadores selecionados um mercado diferente daquele dos Estados Unidos de compras e parques. Queremos despertar o trade do Brasil para os novos destinos que os clientes ainda não têm o hábito de visitar, por falta de informação”, defende. O executivo enxerga a evolução do País com otimismo. “Já tenho notado um aumento gradual no número de turistas brasileiros nas cidades maiores do sul, e que eles têm passado mais noites nestas cidades, mesmo sem campanhas extensas voltadas ao consumidor final”, destaca Colen. Ele reforça que, em 2020, o Travel South retomará a agenda de capacitações no Brasil com a Missão
Allan Colen, responsável do Travel South USA para a América Latina
Liz Bittner, presidente do Travel South USA
de Vendas, que passará por diferentes cidades ao longo do ano. Além disso, os operadores de turismo embarcaram em uma série de famtours por diferentes estados do sul dos Estados Unidos. A delegação do Brasil seguiu para o Kentucky, onde os operadores puderam conhecer cidades como Owensboro, Bardstown, Lexington e Louisville. A próxima edição do International Showcase já tem local marcado: New Orleans, na Louisiana, receberá os operadores internacionais no início de dezembro de 2020. Saulo Reis Júnior, gerente de Produtos da Schultz, destacou a evolução de fornecedores e destinos ao formatar seus produtos para atender mercados internacionais, muitos deles com estratégias específicas para os mercados de língua espanhola e para o Brasil. “A maioria dos representantes está ciente das diferenças entre a nossa cadeia de distribuição e as de outros países, sabem da importância de envolver os agentes de viagens nas estratégias de marketing e promoção, ao mesmo tempo que já têm mapeados quem são seus concorrentes e qual a sua proposta de valor”, pontua.
mais consolidados no país. Inclusive, o que mais foi proposto aos operadores é uma combinação, alinhada com roadtrips, que é o principal estandarte do turismo entre os 12 estados. Ou seja, aproveitar a passagem por Orlando ou por Los Angeles para pegar a estrada é a pedida para quem busca a originalidade do sul. Neste ponto fica evidente o alinhamento dos discursos e do reconhecimento dos fornecedores que, para crescer no turismo internacional, reforçam a união. Colen fez um paralelo entre as cidades líderes de visitas internacionais e os destinos do sul, que buscam apoio entre si. “Os estados do Travel South sabem que ainda não são destinos finais dos viajantes e, por isso, buscam se unir para aumentar o alcance das suas ações”, disse. César Turlão, gerente geral da Mondiale, empresa do grupo Ancoradouro, destacou a visão estratégica da organização em buscar uma demanda que ainda é pequena. “O evento nos dá a oportunidade de vivenciar algo que não temos noção, desenvolvendo networking in loco, com toda cadeia de negócios do Turismo, além de poder conhecer alguns produtos pessoalmente”, pontua. Representada por Ana Taquecita, a New Age afirma que espera alavancar as vendas para o sul dos Estados Unidos. “O foco é a riqueza histórica
O VALOR DA UNIÃO Apesar da promoção exclusiva do sul dos EUA, o discurso dos fornecedores presentes no evento está longe de querer excluir destinos
e cultural, destacando sua música e gastronomia, sem se esquecer da diversão, dicas e tempo para compras, claro”, afirma a gerente de Planejamento da operadora. Bruno Delfini, coordenador de Produtos e Operações da BWT, participou pela segunda vez do evento e destacou a possibilidade de criar novos produtos após as reuniões. “A maioria dos estados já apresenta número maior de visitantes brasileiros”, diz. Brasilturis Jornal viajou a convite da Travel South USA e da Delta Airlines, com proteção Affinity
Destino anfitrião Saint Louis não ficou de fora da rota dos operadores. O destino anfitrião do evento é uma das cidades históricas mais marcantes dos Estados Unidos, por ser passagem do rio Mississippi, usado até hoje para o transporte de cargas, principalmente de produtos provenientes da agricultura norte-americana. O mais conhecido cartão-postal local é o Gateway Arch, estrutura de 130 metros que foi construída na década de 1960, no qual os visitantes podem subir ao topo com um elevador interno e terem uma pista panorâmica do centro. Além disso, o museu que fica embaixo do Arch passou recentemente por uma reforma milionária para aprimorar a estrutura. Contudo, a grande novidade de Saint Louis é a construção de um aquário municipal, que ficou pronto no fim de dezembro, dentro da Union Station. O local deverá receber milhares de visitantes anualmente, devendo se tornar, em breve, uma das principais atrações locais. Para Kimie Finardi, operadora de América do Norte da Orinter, Saint Louis é grande, mas com jeitinho de cidade pequena. “O destino nos recebeu de forma calorosa. Sem o agito das grandes metrópoles, sem trânsito, sem aglomeração nas ruas e lojas, mesmo estando a poucos dias do Natal. Saint Louis oferece um pouco de tudo para quem a visita, mas é, principalmente, uma ótima opção para quem procura boa comida e bebida com vistas que encantam os olhos”, opina.
WEST VIRGINIA - O estado teve alta de 10% no volume de turistas nos últimos dois anos. Durante a feira, a província exaltou as atividades ao ar livre, que continuarão sendo o foco em 2020. A alta registrada em 2018 vem após um período de quedas no Turismo de West Virginia até 2016. Agora, com os dados consolidados do último ano, o estado supera a média geral de crescimento do turismo dos EUA em 56%. DESTAQUES LOCAIS A Travel South USA é uma organização privada, sem fins lucrativos, que tem como objetivo direcionar os visitantes para os escritórios de turismo de seus 12 estados membros. O grupo se intitula líder em marketing regional, com apoio da Brand USA, e trata o Turismo como atividade vital para o desenvolvimento econôFornecedores e compradores reunidos durante o almoço mico da região. A indústria do Travel South USA International Showcase ocupa a terceira colocação na geração de renda – atrás apenas da manufatura e agricultura -, sendo responsável por US$ 133 bilhões em gastos de viajantes e 1,4 milhão de empregos diretos. Confira os destaques apresentados por cada um dos estados presentes à edição 2019 do International Showcase.
“O operador de turismo tem o importante papel de buscar informações, tendências, estreitar parcerias, buscar novos contatos e tudo o que for necessário para o desenvolvimento de novos produtos, sempre lembrando em adaptar tudo isso à nossa realidade, ao público brasileiro. As trocas que tive durante as reuniões foram enriquecedoras, não só em relação à elaboração e aprimoramento de produtos, como também no trabalho de promoção e divulgação do destino.” ANA TAQUECITA, gerente de Planejamento da New Age CAROLINA DO SUL - Já a Carolina do Sul aposta na diversidade do seu arquipélago para chamar a atenção dos viajantes internacionais. Dentre as 48 ilhas que formam a costa do estado, Hilton Head se destaca por oferecer até 12 milhas de praias e ter prédios de até cinco andares, mantendo a vista do horizonte preservada.
MISSOURI - O estado da cidade anfitriã, Saint Louis, aproveitou a feira para divulgar os diferenciais dos seus principais municípios, dentre eles Kansas City, e seu cenário artístico e musical ativo. Além disso, a promoção de destinos mais econômicos deve ganhar força para o próximo ano. MISSISSIPPI - O estado aposta na proximidade com New Orleans – uma hora de carro da cidade que recebe voos diretos da Copa Airlines vindos do Panamá - para atrair mais visitantes estrangeiros em 2020. Apesar de receber cerca de 23 milhões de turistas ao ano, o Mississippi ainda não conta com margens expressivas de visitantes internacionais. ARKANSAS - Um dos estados mais intocados do sul dos Estados Unidos destacou o início dos trabalhos mais intensos de captação de turistas estrangeiros durante o oitavo International Showcase do Travel South USA.
“Foi uma oportunidade de ter contato com fornecedores locais que podem oferecer passeios diferentes e criar opções sob medida. Ouvir pessoalmente as propostas de quem entende o produto e poder expor nossas necessidades particulares foi enriquecedor.” KIMIE FINARDI, operadora de América do Norte da Orinter. Beth Glender, vice-presidente de Vendas do Turismo de GULF SHORES DO ALABAMA, destacou que essa estratégia de união e parcerias tem dado resultado. “Muitos viajantes que já estiveram nos Estados Unidos antes estão buscando os destinos do sul. Estamos procurando, cada vez mais, parcerias com CVBs de cidades e estados maiores para promover a passagem por nosso estado e isso tem nos ajudado bastante”, aponta.
“O que mais chamou minha atenção ao longo do evento foi a famosa ‘Hospitalidade Sulista’, que não é uma mera elaboração, estava presente por onde passamos, e só é possível vivenciá-la completamente viajando para lá. Deve ser um diferencial importante para que os brasileiros, notórios ‘repetidores’ de destinos, decidam retornar ao sul dos Estados Unidos.” SAULO REIS JÚNIOR, gerente de Produtos da Schultz
“Nosso desafio agora é transformar estas oportunidades em novos negócios, estruturando e capacitando nossa equipe e os agentes de viagens, para que eles possam transmitir para o cliente final toda riqueza desta região em cultura, música, gastronomia e influência de outras nações.” CÉSAR TURLÃO, gerente geral da Mondiale www.brasilturis.com.br | Brasilturis 27
FEIRAS E EVENTOS ALABAMA – O estado do Alabama apostou em uma combinação curiosa e surpreendente de produtos durante o oitavo International Showcase do Travel South USA. Com roteiros que variam desde o acampamento de astronautas em Huntsville até a formação dos direitos civis com 20 locais históricos e um golfo com novos hotéis, o estado mostrou versatilidade. LOUISIANA – O estado aposta fortemente no voo direto da Copa Airlines, que liga o Panamá a New Orleans, para continuar a atrair visitantes da América do Sul. Com participação ativa durante o International Showcase do Travel South USA, a Louisiana trouxe conteúdo variado, desde tours em antigas casas de plantações até interação com jacarés.
“A feira foi muito profissional e bem organizada. Tive reuniões muito boas que, provavelmente, vão se transformar em novos negócios em um curto prazo, e outras que foram um primeiro contato com destinos que, no futuro, podem ser novos produtos.” ANDRÉ FULOP, diretor da AIT High Light KENTUCKY – Com forte presença no evento, o estado levou seus principais fornecedores que mostraram a aposta na promoção de roteiros que envolvam a produção da bebida Bourbon e da história da música local, de olho em alta para 2020.
“Vemos cidades como Nashville, Memphis, New Orleans e Atlanta como prioritárias para trabalhar produtos, já que contam com mais conexões aéreas a partir do Brasil. Outros estados como Virginia, West Virginia, Missouri e Kentucky ainda precisam de mais divulgação, ainda que estejam começando a surgir na cabeça dos agentes de viagens para novas ofertas aos clientes.” MELISSA ROSA, gerente de Produtos EUA (exceto Flórida) e Canadá da CVC Corp TENNESSEE - A aposta continua sendo no atrativo mais forte: a música. O estado, inclusive, introduziu um novo roteiro musical, com paradas em cidades como Nashville, reconhecida como um dos principais destinos musicais do mundo e que vem aumentando leitos na capacidade hoteleira. CAROLINA DO NORTE - Outro estado do Travel South USA que tem registrado alta no volume de brasileiros, a Carolina do Norte tem o País entre os dez principais mercados da região, que tem como grande trunfo a proximidade com a Flórida, o que deve fazer com que o local invista em roadtrips ligando os dois estados.
“A premiação recebida pela Flytour é o reconhecimento oficial de que estamos realizando um bom trabalho na promoção e no enaltecimento da marca no Brasil. Isso é muito importante, pois enfatiza junto aos nossos clientes a diversidade de produtos que temos em nossa prateleira.” GEORGIA MARIANO, gerente de Destinos da Flytour
GEORGIA - ATLANTA, capital da Geórgia (EUA), está focada em alavancar os eventos esportivos. A cidade, que recebe o maior fluxo - com quase 50 mil visitantes do Brasil anualmente chegando ao estado -, aposta na promoção dos variados esportes, como o futebol ou a versão norte-americana, para atrair mais turistas. Em nível estadual, a Georgia também fará parte do conteúdo de divulgação pelo território brasileiro. Porém, o foco será nas produções de Hollywood e em atrações temáticas como uma Escape Room de Stranger Things, na cidade de Powder Springs.
“Acreditamos muito no potencial dos estados do sul dos Estados Unidos, inclusive, a maioria dos que já divulgamos apresenta aumento no número de visitantes brasileiros. Após o evento, com certeza podemos evoluir na criação e divulgação destes destinos em nossos mercados.” BRUNO DELFINI, coordenador de Produtos e Operações da BWT
Ambassador Award Durante o evento, a Flytour recebeu o prêmio Ambassador Award, em reconhecimento ao trabalho realizado na promoção dos destinos da região. Geórgia Mariano, gerente de destinos da Flytour, foi ao palco receber a premiação de Liz Bittner, presidente da Travel South USA, e de Wit Tuttell, diretor de Turismo da Carolina do Norte. Na ocasião, operadores de turismo parceiros de outros países, como China e Itália, também foram homenageadas. “Continuaremos fortes com nossa parceria com a Flytour e outras operadoras, mirando cada vez mais alto na meta de trazer brasileiros para o sul dos Estados Unidos”, enfatiza Liz.
“Foi uma feira muito produtiva, pois possibilitou conhecer melhor os destinos da região e descobrir os inúmeros atrativos e possibilidades que o sul dos EUA tem a oferecer, incluindo produtos extremamente interessantes para o segmento de luxo, nicho com o qual trabalho.” CINTIA DAMASCENO, desenvolvedora de Produtos da Queensbery
CLIQUES
Duane Parrish (Turismo da Carolina do Sul) durante a abertura do International Showcase 28 Brasilturis
Craig Ray, diretor de Turismo do Mississippi, abriu o almoço com a apresentação especial do seu estado
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Peach Morrison (South Carolina Lowcountry) e Wes Kitashima (Hilton Head Island)
Grey Brennan (Turismo do Alabama)
Katie DeMetz (Turismo do Mississippi)
Angela Blank (Turismo do Kentucky)
Jennifer Berthelot e Margot McNeely (Turismo de Louisiana)
Eleanor Talley (Turismo da Carolina do Norte)
Jill Kilgore (Turismo do Tennessee)
Kate Renfrow (Turismo do Missouri)
Jim Dailey e Kim Williams (Turismo do Arkansas)
Kara Moore e Kayla Asbury (Turismo de West Virginia)
Compliance será a palavra da vez em 2020
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proveitando que estamos no início de mais um ano, nada mais adequado do que trazer à discussão: como está sua organização no tocante ao compliance? O conceito nada mais é que uma prática empresarial que consiste na criação de sistemas de controle e fiscalização internos em sua empresa com objetivo de reduzir os riscos à imagem do negócio, priorizando a transparência das práticas da empresa com relação à sociedade na qual está inserida. Impacta tanto público interno (funcionários) quanto externo (clientes), além dos integrantes da comunidade na qual a empresa está inserida. Nos Estados Unidos, o compliance é conhecido desde o início do século XX. No Brasil, o conceito começou a ser difundido a partir da década de 1990, mas se tornou fundamental nas estruturas organizacionais anos depois. Especificamente a partir de 2013, com o advento da Lei 12.846/13 que dispôs sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, que ficou conhecida como a Lei Anticorrupção. Relativamente novo em nosso ordenamento jurídico, o mecanismo vem sendo aprimorado ao longo dos anos, abrangendo várias áreas
das organizações. Ele está diretamente associado ao quão transparente uma empresa é na condução de seus negócios, “visto que o mercado tende a exigir cada vez mais condutas legais e éticas, para a consolidação de um novo comportamento por parte das empresas, que devem buscar lucratividade de forma sustentável”, como conceituam Marcia Carla Pereira Ribeiro e Patrícia Dittrich Ferreira Diniz em “Compliance e Lei Anticorrupção”. É sabido que a legislação impõe diversas responsabilidades às empresas. Por esse motivo, ao compliance cabe a prevenção da aplicação de sanções decorrentes do descumprimento das leis. Não pense que o compliance é uma atribuição apenas aos advogados da empresa, ela é responsabilidade de todas as áreas da mesma. Daí a importância de se mapear detalhadamente todas as atividades e interações para, ao final, termos um processo completo e eficaz que possibilite uma gestão transparente e que permita a geração de dados seguros decorrentes de sua atuação. O compliance ganha cada vez mais ênfase na área de Recursos Humanos. Com as alterações nas relações de trabalho, a consultoria preventiva trabalhista se torna uma importante ferramenta para a adoção das melhores práticas na área,
com a difusão das novas modalidades existentes - como acordo coletivo, a normatização do teletrabalho e o trabalho intermitente, dentre outros. A obediência a essas melhores práticas cria um ambiente transparente entre os funcionários atuais e também gera uma boa reputação para a empresa junto à comunidade, despertando o interesse de outros profissionais. Para que os processos tenham êxito, é muito importante que as equipes recebam constantes treinamentos, sobre a cultura da empresa, regulamentos, políticas e, o mais importante, como esse conjunto de regras se relaciona com a atividade daquele funcionário no seu dia a dia. Não basta apenas divulgar para as equipes o regramento existente, mas como este funcionário deverá agir diante daquele regramento, e qual o impacto que suas ações ou a falta delas terão no coletivo. A regra não basta, o mindset de cada funcionário deverá capturar essa cultura! Cada funcionário precisa entender que integra uma estrutura complexa e que sua participação é fundamental para que esta estrutura se mantenha em conformidade. Treinamentos são importantes, mas é essencial que este conteúdo seja objetivo e com linguagem correta. Não basta elaborar documentos genéricos, ba-
Jesus Garcia (Turismo de Atlanta)
DIREITO
João Bueno Advogado especialista em associações e consultor jurídico para empresas de turismo e hotelaria. joao.bn@bnkm.com.br
seados em outras realidades, de outras empresas, por exemplo, da mesma área de atuação. O documento deve refletir integramente a realidade de cada organização, seus valores, suas crenças, tudo isso alinhado às normas legais impostas externamente. Uma empresa que está em conformidade tem na transparência um de seus pilares de sustentação, se torna mais competitiva e atraente ao mercado, pois tanto seus funcionários quanto seus clientes e comunidade na qual ela está inserida têm a percepção de seus valores e obediências às normas vigentes, ou seja, com boas práticas de compliance. Pense nisso! www.brasilturis.com.br | Brasilturis 29
VIA SUSTENTÁVEL
Cássio Garkalns CEO da GKS Inteligência Territoriale professor do curso de pósgraduação em Gestão Estratégica da Sustentabilidade (FIA/USP) cassio@gks.com.br
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stive recentemente visitando e estudando as inovações relacionadas a experiências sensoriais proporcionadas por parques temáticos nos Estados Unidos. É incrível como algumas atrações conseguem transportar os visitantes a experimentar sensações incrivelmente reais, como voar em um Banshee, pilotar uma espaçonave, interagir com super-heróis. Aparentemente, em um futuro não muito distante, será possível viver experiências exóticas e distantes sem ter que viajar. Entendo que a diminuição da distância entre o real e a fantasia ajudará na concretização de muitos sonhos que, até então, seriam impossíveis de viabilizar. Isso significa que o Turismo está com os dias contados? Certamente não! Ainda há experiências autênticas, ligadas à convivência com culturas locais e suas manifestações, com possibilidades de interações em situações inusitadas e que ainda não são podem ser transformadas em algoritmos. A este contexto, pode-se agregar o crescente desejo de turistas por experimentar situações verdadeiras (em oposição às minuciosamente preparadas), ao mesmo tempo em que se consolida o interesse por viagens que insiram o viajante à realidade local – quando, então, a relação visitante/visitado passa a ser de interação e não de observação.
Turismo, cultura e desenvolvimento
Essa experiência dos viajantes, associada à crescente consciência socioambiental em relação ao consumo em destinos turísticos, vem ampliando a percepção dos elementos que verdadeiramente integram o produto turístico. Foge-se aqui do reducionismo industrial para se adotar uma perspectiva holística da oferta, que já não seria constituída pelos serviços de hospedagem, transportes e alimentação, mas também pela qualidade territorial, sociocultural e ambiental. É possível perceber o desenho de novos modelos de desenvolvimento, de gestão e operação do Turismo, comprometidos com valores mais amplos do que aqueles que vieram norteando a criatividade humana nos últimos séculos. Assim, essa relação provoca a reflexão, a criatividade e o desenho de novas tecnologias com um novo tipo de Turismo, aquele que poderá competir com a realidade virtual e com o acesso fácil à informação. Quando qualificado a partir de uma perspectiva de convivência e interação, o Turismo pode contribuir não apenas para o desenvolvimento socioeconômico das regiões visitadas, mas também com a valorização da diversidade étnica e cultural dos destinos. Também pode criar processos sustentáveis de estímulo à economia criativa e valorização do patrimônio - neste caso, em particular, o patrimônio cultural -, considerando a interdependência cada vez mais consolidada que existe entre Cultura e Turismo e suas oportunidades únicas de manifestação. Tudo isso fervilha numa equação complexa que sustenta o es-
forço pelo desenvolvimento de ofertas turísticas diferenciadas com estratégias capazes de contribuir duplamente. Por um lado, com a eficácia e transparência na comunicação do destino turístico com o mercado, e por outro, com a mobilização social necessária para estimular processos de inclusão social, da oportunidade de convivência e da inovação. É preciso unir o esforço de leitura à interpretação de oportunidades ainda não exploradas e que despertem nas comunidades a identificação necessária para sua participação (cri)ativa e à valorização dos aspectos socioambientais. O processo dinâmico de valorização é catalisado pelo Turismo e se desdobra naturalmente em ofertas turísticas de cunho endógeno e, portanto, social e culturalmente sustentáveis. Sendo assim e, na entrada de uma nova década, a provocação que faço é para pensarmos o Turismo como uma dinâmica capaz de projetar um conceito inovador de interação (Turismo-Cultura-Desenvolvimento), amparado nas melhores práticas da sustentabilidade e das boas relações. Os suportes desse cenário devem incluir não apenas a ressignificação e a interconexão de vocações culturais identificadas no destino, mas também o apelo à participação coletiva, o estímulo à atividade empreendedora e a materialização de um processo de convocação de âmbito local, nacional e mesmo internacional. Caso contrário, uma atração de um parque temático seria suficiente para garantir que conhecêssemos todo o nosso planeta. Que 2020 traga muitas oportunidades e bons desafios. Vamos em frente!
Primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis é de propriedade da Editora Via LTDA, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo. Fundado por Horácio Neves, em 1981. DIRETORIA Sócia-diretora: Ana Carolina Melo CEO: Amanda Leonel amanda@editoravia.com DIRETORA DE COMUNICAÇÃO: Velma Gregório velma@editoravia.com REDAÇÃO Editora-chefe: Camila Lucchesi camila@editoravia.com EQUIPE DE REPORTAGEM: Ana Azevedo: anaazevedo@editoravia.com Felipe Lima: felipe@editoravia.com Lucas Kina: lucas@editoravia.com ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Diego Siliprando arte@editoravia.com COLABORADORES: Antonio Salani, Cassio Garkalns, David Leslie Benveniste, Fábio Steinberg, João Bueno, Leonardo Neves e Ricardo Hida. PUBLICIDADE E MARKETING Marcos Araújo: marcosaraujo@editoravia.com Alex Bernardes: alex@editoravia.com Vanessa Leal: vanessa@editoravia.com ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Gerente: Rita de Cassia Leonel financeiro@editoravia.com REPRESENTANTES BRASIL Brasília (DF): Ibis Comunicação Ivone Camargo (61) 3349-5061, (61) 9666-7755 e 98430-7755 ivone@ibiscomunicacao.com.br REPRESENTANTE EUA: Claudio Dasilva: claudio@braziltm.com Phone: +1 (954) 647-6464 ASSINATURAS: info@editoravia.com Av. Angélica, 321 - Cjs. 92 e 93 - Higienópolis CEP: 01227-000 São Paulo/SP - Brasil Tel.: +55 (11) 3259-2400 / 3255-4956 Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião deste jornal.
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