ENTREVISTA
AGÊNCIAS E OPERADORAS
Eduardo Giestas, CEO da Atlantica, aponta tendência e delineia futuro da hotelaria
Voetur consegue 25 clientes com chegada em SP e lança seguro viagem
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AVIAÇÃO Itapemim suspende todos os voos e retorno é incógnita
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A PA I X O N A D O S P O R C O M PA R T I L H A R R$ 18,90 |
ANO 40
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Nº 856
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JANEIRO 2022
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Foram décadas de glamour e recepção de personalidades desde 1980 que, em dezembro de 2021, se tornaram memórias. Mas, indo além da disputa judicial com o Grupo JSL, o que o Maksoud Plaza representa? O Brasilturis Jornal conversou com alguns personagens que integram essa trajetória para entender a magnitude do empreendimento em termos mercadológicos e seu legado à hotelaria nacional.
Pág. 12 CRUZEIROS R11 Travel traz produtos para perfis diversificados de cruzeiristas em 2022 Pág. 10
DESTINOS Gastronomia de Belo Horizonte (MG) é um dos principais destaques da capital neste ano Pág. 16
FEIRAS E EVENTOS Operadores brasileios destacam criação de novos produtos no Sul dos Estados Unidos Pág. 20
EDITORIAL Fundado por Horácio Neves, em 1981. Primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis Jornal é de propriedade da Editora Via LTDA, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo.
Ana Carolina Melo Publisher
DIRETORIA: Sócia-diretora Ana Carolina Melo
Keep Calm and...
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tempo é como um rio que nos leva adiante para encontros com a realidade. Ela, por sua vez, exigirá que tomemos decisões. Não podemos parar nosso curso nem evitar tais encontros. Mas podemos, sim, abordá-los da melhor maneira possível.” Esta frase é de Raymond Thomas Dalio, mais conhecido como Ray Dalio, americano bilionário que atua com fundos de investimentos na sua empresa Bridgewater. Além de empresário, ele é escritor e uma espécie de coach de estilo de vida e finanças para empreendedores de todo o mundo. Foi refletindo sobre esta frase que defino meu sentimento para este novo ano. Os desafios serão muitos diante do cenário em que estamos vivendo. Tanto em economia, com juros e câmbio elevados e inflação batendo na porta de casa, quanto no cenário político, com as eleições que estão por vir. Tudo isso acompanhado da ameaça da variante ômicron, assombrando nosso sossego. Mesmo sabendo que estudos mostram ser menos agressiva, com 70% chances a menos de hospitalização, ainda sim, estamos traumatizados. Depois de tudo que passamos, entramos em 2022 com as expectativas em alta e otimistas para o período do “pós”. Contudo, o ano mal começou e tivemos a notícia da suspensão da temporada dos cruzeiros no Brasil, o que gerou aquele desconforto no setor, sem contar a triste crise da Itapemirim, que tomou conta dos noticiários no fim de 2021. Mas calma. Não se deixe abalar. Mesmo com um cenário ainda nebuloso e tão castigados de dois anos passados, sigo acreditando que tudo tem um propósito. Os acontecimentos servirão como um “chacoalhão” onde somos todos convidados a nos reinventar. Mais do que nunca, temos que arregaçar as mangas, melhorar os resultados e, certamente, crescer como profissionais. Precisamos fazer mais com menos e usar nosso recursos com sabedoria. Viver de comparações com o passado antes da pandemia, vai nos atrasar e, afinal, crises sempre existiram. Vamos aceitar a realidade. Porém, isso não significa que devemos nos acomodar. Saiba que toda dificuldade passa. Sempre passa. Então absorva os fatos, aprimore seu serviço e tome decisões apuradas e assertivas. Já dizia Dante Alighieri “no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise.”
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Ah! Uma coisa devemos ficar atentos. Atenção aos que querem aproveitar a crise do jeito errado. Fornecedores que superfaturam seus produtos desnecessariamente, usando apenas as altas de impostos como argumento, podem e devem ligar um sinal de alerta. Mas há boas notícias. Segundo especialistas em economia, a inflação tende a perder um pouco a força em 2022. Também, sem negativar o PIB, é muito provável que ficaremos estagnados, se é que isso pode ser considerado boa notícia. Em nosso setor, a gradativa recuperação da taxa de ocupação na hotelaria, registrando altos índices no final e início de ano, foi um alívio para os empresários do setor. Segundo nosso entrevistado da edição, Eduardo Giestas, CEO da Atlantica Hospitality International, a recuperação já começou e os índices do grupo já beiram aos do pré-pandemia. Deixando as previsões do futuro de lado, trouxemos como destaque desta edição um ícone do passado: o Maksoud Plaza. Palco de eventos glamurosos e abrigo de celebridades mundiais, suas atividades chegaram ao fim. Definitivamente. Depois de quase 42 anos, o hotel fechou as portas, mas sua história, bem como a de quem passou por lá, serão lembradas para sempre como as de um ícone da hotelaria no Brasil. Alguns fatos marcantes de seu período de funcionamento estão nesta edição. Também trouxemos Belo Horizonte, reconhecida como a Cidade da Gastronomia Criativa pela Unesco. Desbravamos por lá o melhor da culinária da capital mineira. No caderno de feiras e eventos, a cobertura completa do International Showcase de 2021, promovido pelo Travel South USA, que mostrou aos operadores brasileiros um leque de oportunidades no Sul dos Estados Unidos. Estes são alguns destaques desta primeira edição do ano. E não podemos deixar de desejar a todos nossos leitores, colaboradores e clientes, um ano repleto de conquistas e alegrias acompanhado sempre de muita saúde. A todos nossos amigos do trade, nosso muito obrigada pela confiança e parceria neste ano que se foi. Que possamos estar juntos novamente em 2022 e somar forças para superar qualquer desafio que surgir. Contem sempre conosco. Tenham todos um ótimo ano e boa leitura e “Keep calm and be strong!
CEO: Amanda Leonel amanda@editoravia.com DIRETORA DE COMUNICAÇÃO: Velma Gregório velma@editoravia.com REDAÇÃO: Editora-chefe: Ana Melo anamelo@editoravia.com CHEFE DE REDAÇÃO: Leonardo Neves leonardo@editoravia.com EQUIPE DE REPORTAGEM: Nadine Alves: nadine@editoravia.com Lucas Kina: lucas@editoravia.com Yan Heiji: yan@editoravia.com ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Diego Siliprando arte@editoravia.com COLABORADORES: João Bueno, Ricardo Hida e Luanny Faustino PUBLICIDADE E MARKETING: Alex Bernardes: alex@editoravia.com Vanessa Leal: vanessa@editoravia.com ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO: Rita de Cassia Leonel financeiro@editoravia.com REPRESENTANTES BRASIL Brasília (DF): Ibis Comunicação Ivone Camargo (61) 3349-5061, (61) 9666-7755 e 98430-7755 ivone@ibiscomunicacao.com.br Salvador (BA): Ponto de vista Gorgônio Loureiro (71) 3334 3277 / 9972 5158 gorgonioloureiro5@gmail.com REPRESENTANTE EUA: Claudio Dasilva: claudio@braziltm.com Phone: +1 (954) 647-6464 ASSINATURAS: info@editoravia.com Av. Angélica, 321 - Cjs. 92 e 93 - Higienópolis CEP: 01227-000 São Paulo/SP - Brasil Tel.: +55 (11) 3259-2400 / 3255-4956 Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião deste jornal.
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2022: ano de paradoxos
odo ano, neste mesmo período, entre novembro e janeiro do ano seguinte, artigos que falam das tendências do turismo para os próximos 365 dias são os mais procurados. Eles obrigam a nós, consultores e empresários, fazer exaustivos exercícios de pesquisa e reflexão. É preciso mergulhar em análises econômicas, relatórios de consumo, conversas com empresários não só do setor de viagens, mas de outros segmentos da economia, e, sobretudo, prestar atenção aos sinais - via sexto sentido - que estão no ar, mas não necessariamente compreensíveis. No caso do Brasil, o grave cenário econômico e as eleições do ano que vem sugerem um 2022 atípico, menos alinhado às tendências internacionais. A irresponsabilidade fiscal do governo com medidas populistas visando a reeleição trará, certamente, ainda mais instabilidade econômica. O cenário de baixíssimo crescimento atrelado a inflação poderá dificultar a retomada do turismo junto à classe média. Do mesmo modo, deve promover retração nos investimentos, inclusive hoteleiros. Não é função de um(a) presiden-
te ou de um(a) governador(a) ser xerife de corrupção ou de costumes. Nele(a) são depositados a confiança de trazer prosperidade para a nação e melhor administração dos recursos públicos. Pode parecer óbvio, mas se as propostas econômicas não estiverem muito claras para quem lidera as pesquisas, a insegurança política fará a economia patinar até novembro do próximo ano. Justamente por isso, é hora de o turismo apostar em produtos tradicionais. Mesmo o turismo de luxo deverá priorizar destinos que são mais conhecidos do grande público. Não é um ano para grandes novidades, destinos exóticos e excentricidades. Europa, América do Norte e Caribe são apostas certas. Ásia apenas para negócios ou para o nicho espiritualista. E, claro, mais oportunidades para o turismo doméstico. Nesse caso, a fórmula se repete: grandes capitais e destinos já consagrados e de fácil acesso. Além disso, o tal do bleisure, que muitos falam ser novidade, mas que já é uma prática existente há pelo menos uma década, ganha maior relevância, já que economizar é a palavra do ano e nada mais sedutor que passar o final de semana no destino
em que se trabalhou. Como já dizia em artigos em 2020, a aposta que a vacinação em massa seria a saída para a crise sanitária se concretizou. Salvo se surgir alguma variante muito perigosa – o que é muito improvável – os dados apontam que caminhamos para o mundo pós-pandemia. Mais do que nunca, empresários do setor, inclusive os microempreendedores, deverão investir em tecnologia. Não apenas para distribuição e vendas, mas também nas operações. Otimização de recursos e ganhos de escala serão fundamentais para a sobrevivência das empresas. E não haverá mais como fugir dos big datas. São eles que garantem a personalização das experiências com custos reduzidos. As grandes plataformas de reservas abocanharão mais mercado. Será preciso observar com atenção a briga entre os tradicionais marketplaces e OTAs. No caso da comunicação, o marketing de influência ganha mais peso, embora a seleção darwiniana dos influenciadores digitais fique mais implacável. A maior parte dos nomes que eram convidados para presstrips nos últimos anos entraram na black
Ricardo Hida CEO da Promonde, formado em Administração e pós-graduado em Comunicação ricardo@promonde.com.br
list pela entrega mequetrefe. É a volta triunfal dos veículos mais tradicionais, agora com portais melhor consolidados. Se nos anos 2000 os blogs empresariais eram aposta, os sites e redes sociais das empresas repletos de conteúdo relevante e interessante para os consumidores passa a ser a principal ferramenta de awareness e relacionamento. Sim, parece um paradoxo. Produtos conservadores e inovação na comunicação e distribuição. Porém 2022 é mais um ano de crise, não no sentido pejorativo, mas no sentido transformador. Os últimos dois anos aceleram mudanças que eram previstas há pelo menos duas décadas como o home office e o ensino à distância. O futuro será ainda mais implacável com quem insiste em se manter no passado.
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ENTREVISTA
O gambito da hotelaria EDUARDO GIESTAS CEO da Atlantica Hospitality International POR LUCAS KINA
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solo brasileiro já despertou o interesse de redes hoteleiras estrangeiras nos últimos anos, mas a criação e desenvolvimento sustentável — econômica e mercadologicamente — de equipamentos de origem nacional é o modus operandi ideal ao conceito da Atlantica Hospitality International. Mais do que isso, o foco em ser algo genuinamente do Brasil e, ao mesmo tempo, sinérgico às mudanças da hotelaria mundial, define a fundação de uma das principais administradoras do país no futuro — que já chegou. Hoje, com o termo “Hospitality” em seu nome e mais abrangente na atuação, a companhia que nasceu como “Atlantica Hotels”, em 1998, cavou um espaço de importância na hospitalidade em formatos além da hotelaria. Sob o comando de Eduardo Giestas desde 2017, fechou 2021 com 28 mil quartos em operação, 165 empreendimentos e um horizonte promissor. Abaixo, o CEO da empresa falou ao Brasilturis Jornal sobre as perspectivas de um mercado hoteleiro prejudicado pela pandemia, expansão da Atlantica nas próximas temporadas e pautas políticas pertinentes ao turismo em geral. Mesmo sendo um ano de altos e baixos no mercado turístico, 2021 foi melhor que 2020. Mas, na prática, o que fica de lição para o mercado? E em específico à hotelaria? O ano de 2021 foi desafiador, mas positivo para a Atlantica considerando todas as adversidades existentes. Quando nós desenhamos e planejamos o ano, não tínhamos como prever a segunda onda da pandemia, que veio mais forte, longa e intensa, e o cenário macroeconômico instável, como o que observamos agora no segundo semestre. Mas, olhando todo esse contexto adverso, o balanço é positivo sobre três aspectos 4
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primordiais: econômico-financeiro, expansão e inovação. Olhando para o primeiro, crescemos 37% em receita frente 2020, marcando o início da retomada. Tivemos também uma recuperação da Receita por Quarto Disponível (Revpar) e fecharemos 2021 com um crescimento de 40%, ainda puxado pela recuperação do índice de ocupação. Já observamos a aceleração da diária média, o que é animador. Outro ponto é que encerramos o ano com mais de 95% dos hotéis da Atlantica já operando com Lucro Operacional Bruto (GOP - Gross Operating Profit) em cerca de 20% positivo. No vetor da expansão, iniciamos o ano com 134 hotéis e 22,7 mil quartos, e fechamos com 165 hotéis e 28 mil quartos. Abrimos 17 hotéis e adicionamos outros 24 da Transamerica, por meio da aliança estratégica que se iniciou em 1º de novembro. Nós também ampliamos nosso portfólio com a Motto By Hilton, marca ainda inédita no Brasil, e as cinco da Transamerica (Transamerica Prestige, Prime, Executive, Classic e Fit Transamerica). Com isso, começamos o ano com 20 bandeiras hoteleiras e fechamos com 26, o que deixa a Atlantica muito bem posicionada quando pensamos no desenvolvimento futuro das marcas que administramos. Além disso, assinamos 15 novos contratos que vão garantir a abertura de 45 hotéis nos próximos cinco anos. No quesito inovação, nesses dois anos de pandemia lançamos uma nova vertical — Atlantica Residences — com uma nova família de produtos voltada ao short-term rental e um novo site, que dobrou a nossa participação em relação à distribuição. Este canal direto já representa mais de 20% das vendas da Atlantica. Por fim, aceleramos a nossa transformação digital, com foco no processo de robotização e automação de processos. Em 2022, qual será o mote para o turismo? É um ano de recuperação
A internacionalização é um caminho natural e o quarto vetor provável de crescimento a ser explorado
ou isso ainda fica para 2023? Por quê? A retomada já começou. Ela se iniciou no segundo semestre e um primeiro sinal foi a recuperação das taxas de ocupação, que já estão acima de 55%, aquém ainda dos 65% do pré-pandemia, mas em um patamar muito interessante e promissor. O melhor é que a recuperação da diária ganhou tração entre setembro e outubro. Podemos dizer que o mercado está muito mais concentrado na recuperação da diária do que na ocupação. Dessa forma, observamos que 2022 ainda será um ano de restrições, com um cenário macroeconômico desafiador, eleições presidenciais, sem previsão de crescimento do PIB e com uma taxa de desemprego ainda alta. Então, haverá pressão na ocupação, mas entendemos que há muito espaço para a retomada do valor da diária, já que a queda durante a pandemia foi agressiva. Mas já observamos uma ligeira recuperação em vários mercados à níveis pré-pandemia, tanto em valor da diária quanto em ocupação, sobretudo em mercados com vocação para lazer. Sendo assim, o grande desafio de 2022 será em mercados específicos como São Paulo. É uma região de grande relevância, mas ainda muito dependente do segmento corporativo, incluindo viagens internacionais de negócios e eventos. A tendência é que a retomada desse segmento ocorra mais lentamente se comparado ao lazer. Quais são as tendências que você enxerga para a hotelaria brasileira nos próximos meses? E a longo prazo? O que define isso? A curto prazo, a tendência está voltada, principalmente, para a recuperação da diária média em todos os mercados do Brasil, com foco na reposição da inflação. Mesmo que cresça, o mercado estará em linha com o que era na pré-pandemia. Em ocupação, ainda não há uma expectativa de crescimento acentuado para 2022, em função do quadro macroeconômico, com exceção de São Paulo, que ainda tem espaço significativo para recuperar com a retomada gradual das viagens de negócios e de eventos corporativos. Olhando a longo prazo, a pandemia acelerou processos de digitalização voltados, por exemplo, para o
O FOHB está muito focado na conscientização da boa gestão de precificação do setor desenvolvimento de plataformas de relacionamento com o hóspede, seja para a venda ou ações de aproximação, que resultaram em crescimento de vendas via internet. As marcas tendem a ganhar relevância com isso, uma vez que se balizam por qualidade – principalmente quando pensamos em segurança sanitária. Na pandemia, de um modo geral, os hotéis buscam maior eficiência operacional. Assim, na retomada, é muito importante que esses ganhos sejam mantidos. Desta forma, entendemos que com as eficiências conquistadas nos últimos dois anos, os hotéis vão capitalizar esse benefício, porque vão chegar ao ponto de break even — igualdade entre custo total e receita — com um nível de ocupação mais baixo. Isso certamente será possível, principalmente, com a centralização, otimização e automação de processos. Há uma tendência de evolução em novas modalidades de hospedagem em linha com a evolução de marcas e bandeiras lifestyle, bem como a modalidade de hospedagem de curta duração em residenciais com serviços, competindo diretamente com as plataformas de aluguel por temporada. O mercado hoteleiro se desenvolveu e a Atlantica tornou-se uma empresa de hospitalidade, abordando modalidades fora da hotelaria. Como foi o primeiro ano com essa atuação mais abrangente? A Atlantica enxerga o mercado brasileiro como um mercado de altíssimo potencial de expansão, mas que ainda está em processo de consolidação, que se dá por meio de três vetores. O primeiro vetor diz respeito ao perfil do mercado brasileiro, ainda sub ofertado em termos de unidades habitacionais. O número de quartos de hotelaria no Brasil, por habitante, ainda é muito baixo se comparado a mercados como o da Argentina, Chile, Peru ou Colômbia. Na prática, há espaço para lançamentos e avalia-
mos que eles vão ocorrer à medida que o mercado se recupere. O Brasil, além de ter poucos quartos, depende muito da hotelaria independente. E esse é o segundo vetor de crescimento. Só para termos uma ideia, cerca de 60% da oferta de quartos no Brasil ainda é de hotéis independentes e cerca de 40% dos quartos são de hotéis de rede. Assim, existe uma tendência natural de conversão de bandeiras e estamos atuando nessa direção, principalmente com marcas voltadas para franquias e mercados secundários. Há um terceiro vetor de crescimento a ser considerado: 40% dos hotéis pertencentes às redes embandeiradas ainda são muito fragmentados, comprovando que ainda há espaço para consolidação — que pode se dar por meio de alianças estratégicas ou fusões e aquisições. Estamos muito ativos e atentos a essas três frentes. A parceria de gestão com a THG ampliou ainda mais a capilaridade da Atlantica no Brasil. Quais são as expectativas para os próximos anos? Como será o desenvolvimento das marcas da Transamerica? A aliança com a Transamerica é muito importante para a Atlantica, sobretudo quando olhando para dois aspectos fundamentais: primeiramente, ela amplia substancialmente a nossa distribuição. Adicionamos — imediatamente — 24 hotéis ao nosso portfólio, todos muito bem posicionados e localizados. Alguns, inclusive, nos permitiram entrar em regiões onde ainda não estávamos, à exemplo do Centro-Oeste. Outros nos levaram a aumentar a nossa participação em mercados prioritários, como é o caso de São Paulo. Com essa adição, praticamente aceleramos o nosso projeto de crescimento em um ano. O segundo aspecto é a impor-
tância de adicionarmos uma marca de peso ao nosso portfólio, com percepção de comportamento e atuação muito forte dentro do mercado nacional. Como está o desenvolvimento da Atlantica Residences? O público comprou a ideia? Este braço da companhia deve representar quanto das operações nos próximos anos? No segmento Atlantica Residences, nós temos um produto finalizado, com quatro marcas prototipadas (M/ode, E/joy, U/rbit e E/pic) e uma de endosso. É um produto que está pronto para toda a jornada do hóspede e o relacionamento com o investidor dessas unidades. Já temos três operações em funcionamento, sendo um produto totalmente digitalizado e operado por meio do aplicativo Atlantica Residences. Além de três produtos já em operação, temos uma nova abertura programada para ocorrer entre janeiro e fevereiro de 2022, que é o E/joy Butantã, e outros 11 contratos assinados para aberturas futuras. Nosso pipeline está muito ativo, com diversas negociações em andamento. Notamos muito interesse entre incorporadores e desenvolvedores por essa modalidade, o que nos mostra que o potencial é muito positivo. A demanda surgiu ainda muito centralizada em São Paulo, mas já observamos interesse em outras capitais. Temos, por exemplo, negociações ocorrendo em Porto Alegre, Fortaleza, entre outras cidades importantes. A Atlantica Residences é um projeto no qual nos debruçamos há três anos e, olhando a longo prazo, entendemos que essa vertical será um grande vetor de crescimento para os próximos tempos. Em número de unidades, a previsão é que represente entre 20% e 25% das nossas operações em até cinco anos. Em termos de receita, acreditamos que
que o produto representará de 15% a 20%. O foco da Atlantica tem sido o Brasil desde o momento de sua criação. Existem planos de internacionalizar a empresa? A internacionalização é um caminho natural e o quarto vetor provável de crescimento a ser explorado quando analisamos mercados adjacentes como o da América do Sul. Estamos muito atentos a isso e ao potencial de expansão. Contudo, isso ainda não é nossa prioridade, pensando no grande potencial de crescimento dentro do Brasil. Além disso, é um processo que exige um passo mais complexo, envolvendo questões regulatórias, tributárias e a necessidade de uma base instalada, entre outras questões. Mas, sim, estamos atentos a esse caminho. Quais são os principais planos como presidente do Conselho de Administração do FOHB? Como foi assumir o cargo durante uma pandemia e o que se pode esperar dessa atuação até o fim do seu mandato em março de 2024? Meu papel como presidente do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) é, basicamente, trabalhar muito perto do nosso presidente executivo, Orlando de Souza, representando o conselho institucionalmente e auxiliando na mobilização de nossos pares nas iniciativas que a entidade abraça e fomenta. O FOHB está muito focado na conscientização da boa gestão de precificação do setor. Estamos promovendo uma série de workshops e ações que visam mobilizar, conscientizar e educar para a gestão de preços. A ideia é que, no futuro, não tenhamos movimentos drásticos tão negativos em momentos de crise. Como está o andamento da pauta sobre a reforma tributária? A che-
O ano de 2021 foi desafiador, mas positivo para a Atlantica considerando todas as adversidades existentes
gada de 2022 coloca uma luz de resolução ou será preciso esperar até 2023? Na pauta de recuperação do setor, existe uma preocupação importante com a reforma tributária, considerando a forma como ela está sendo proposta. O impacto dela é negativo e atinge diretamente o setor de serviços, com aumento de alíquota e sem simplificar o modelo. Estamos nos posicionando em conjunto, elaborando uma proposta que seja mais produtiva para uma cadeia que emprega tanta gente e gera tanto emprego. Uma pauta que estamos trabalhando, primeiramente junto ao Ministério da Economia, é para que o turismo seja incluído na desoneração da folha, assim como outros setores da economia. Junto ao Congresso Nacional, estamos trabalhando na atualização da Lei Nacional do Turismo, que está muito defasada. Na Secretaria Especial da Previdência e Trabalho, trabalhamos na adequação de algumas normas trabalhistas, principalmente para aumentar ao máximo o grau de insalubridade em algumas funções dentro dos hotéis. Existe, ainda, uma disputa com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) sobre as condições de cobrança de direitos autorais. No mais, 2022 será um ano muito desafiador. O Brasil passará por uma eleição altamente polarizada e sem ambiente político para trabalhar reformas tributárias.
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AGÊNCIAS E OPERADORAS
Voetur acrescenta 25 novos clientes com um ano de São Paulo TMC vê negócios prosperarem e estima crescimento ainda maior a partir de 2022 com o lançamento do novo seguro viagem da marca POR LEONARDO NEVES
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Voetur celebrou um ano da abertura da filial de São Paulo em dezembro com índices positivos. A DMC, com base em Brasília (DF) e mais um escritório no Rio de Janeiro, acrescentou 25 novos clientes a carteira corporativa desde a consolidação da presença física no mercado paulista. Fundada em 1984, a Voetur havia expandido para o Rio em 1998, se consolidando como uma das principais DMCs do Brasil, com clientes de peso da esfera pública como Caixa, Petrobras, entre outras. Com a abertura do escritório em São Paulo, acelerado pela pandemia da covid-19 e consolidado em dezembro de 2020, a empresa viu os negócios crescerem. Segundo Humberto Cançado, diretor Comercial, 2021 encerrou com alta de 30% no faturamento no comparativo com o ano anterior. “Nos surpreendemos muito com o mercado de São Paulo, pois imaginávamos que havia pouco espaço para mais uma empresa do meio, sendo que já tínhamos planos de expansão que só foram acelerados com a pandemia. Os negócios aceleraram muito no último trimestre, evidenciando uma retomada do segmento do corporativo”, apontou. “Um fato determinante para essa retomada é a recuperação da malha aérea, principalmente, a internacional. No doméstico a recuperação foi feita de maneira rápida, já com a demanda para o exterior lidamos com questões de reaberturas de fronteiras e volta dos voos”, salientou Cançado. A expansão da Voetur para o mercado paulista resultou em ganhos exponenciais no portfolio de clientes do setor privado. Segundo Luana Nogueira, gerente da filial de São Paulo, o escritório já representa 60% dos clientes privados da empresa e 2022 será mais um ano de expansão. “Projetamos um ano com uma equipe mais robusta, com ainda mais treinamentos de profissio6
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Flavia Galdino, Richard Andreazza, Humberto Cançado, Amanda Dutra, Luana Nogueira, Andreia Paretsi e Marcel Gibin (Voetur)
nalização e com a construção de produtos e preços para nossos próximos ‘kick-offs’ focados em produtos envelopados”, apontou a executiva, destacando ainda a realização de eventos híbridos e presenciais como a principal tendência para 2022. Entre as iniciativas previstas para estrear nos próximos meses estão a ampliação de parcerias do Voe Tech, produto voltado a pequenas e médias empresas, a disponibilização do Clube de Lazer, uma OTA exclusiva para clientes corporativos, entre outras novidades. Para celebrar o primeiro ano completo em São Paulo, o DMC convidou diferentes clientes para uma celebração no hotel Pullman São Paulo Vila Olímpia, no mês em que completou um ano de operações em terras paulistas. EVENTOS EM ALTA Inclusive, são os eventos que devem movimentar grande parte dos negócios da Voetur. De acordo com Flávia Galdino, especialista Comercial e Operacional em Eventos da empresa, os clientes estão se movimentando para realizar encontros, sejam eles presenciais ou no formato mesclado, chamado de híbrido, com opção de conteúdo online.
“Cada vez mais temos demanda pela volta dos eventos, e mesmo aqueles ainda com receio de voltar aos encontros presenciais, estão buscando o formato híbrido. Já nesse início de ano temos eventos confirmados e estamos checando constantemente a disponibilidade de realização dos mesmos com os hotéis”, disse Flávia. Além do sentimento positivo dos clientes da Voetur para retomarem os encontros presenciais, eles também têm respaldo legal. Desde o fim de outubro de 2021 o estado de São Paulo permite a realização de eventos, festas e shows sem restrições de público ou limite de horários. Assim, o caminho para a realização destes encontros está livre. SEGURO TECNOLÓGICO Outro novo produto da Voetur é o seguro viagem. Lançado em novembro desse ano, a novidade visa digitalizar toda a comercialização da proteção para os viajantes, trazendo para o mercado do turismo o conceito de insurance tech, como se fosse uma startup de seguros. De início, o novo produto oferecerá os planos Super, Maxi e Ultra, com coberturas de US$ 50 mil a US$ 150 mil para viagens aéreas, marítimas e terrestres,
nacionais e internacionais. Todos os produtos têm a opção de cobrirem também gastos e tratamentos referentes a covid-19, bastando apenas selecionar a opção no momento de contratar o serviço. Já no mês de lançamento, em novembro, a novidade fez sucesso, sendo comercializado o equivalente a soma de todos os concorrentes que vendiam proteção para os clientes da carteira da Voetur. As metas para o novo produto são ambiciosas. A expectativa da DMC é de aumentar receita na comercialização de seguros em, no mínimo, 30%, e incrementar as vendas em relação a 2019 em pelo menos 50%. “Temos a proposta de digitalizar todo o processo de compra do seguro viagem, trazendo coberturas de alto valor agregado com baixo custo, justamente por todo esse processo digitalizado”, ressaltou Humberto Cançado, destacando ainda que a economia com a contratação através da Voetur pode chegar a 40%. “O seguro já era, na minha visão, indispensável para viagens internacionais e, com a pandemia, os viajantes passaram a dar importância para os roteiros nacionais, sendo que eles têm cobertura nacional de saúde contratando o seguro”, concluiu o executivo.
Movida: futuro mais sustentável
LOCADORAS
POR LEONARDO NEVES
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Movida está apostando na sustentabilidade. A locadora inaugurou uma loja modelo a beira da Marginal Tietê, em São Paulo, com carregadores para carros elétricos, em parceria com a Nissan e a Zletric, em meados de dezembro. Agora, os clientes que alugarem carros elétricos da Movida ou forem proprietários do Nissan Leaf podem passar pela loja, a beira de uma das principais vias da capital paulista, e carregar o veículo. O espaço tem dez carregadores rápidos da Zletric (carregando totalmente os veículos em oito horas) e um ultrarrápido da Nissan (com capacidade de carregar 80% da bateria do carro em meia hora), além de um espaço de coworking com acesso a internet. Recentemente, a locadora anunciou a ampliação de sua frota elétrica, hoje com cerca de 600 veículos de passeio disponíveis para locação, e reforçou seu compromisso de “eletrificação” de sua frota na Cop 26, ainda em novembro, e a intenção de investir até R$ 6 bilhões ao longo de 2022.
Os investimentos previstos para 2022 da Movida resultam do orçamento anual da companhia, suportados pela geração de caixa. Segundo a locadora, todos os investimentos estão alinhados ao planejamento estratégico e ao ritmo de crescimento demonstrado no último ano. Os recursos serão, sobretudo, direcionados para a expansão da frota de veículos e não incluem aquisições. A locadora destacou ainda que parte substancial dos investimentos realizados nos últimos 12 meses ainda não se converteu em receita e resultado. A meta da Movida é chegar em 2030 com 30% da frota total de veículos totalmente elétricos. Além disso, a empresa já estuda ampliar o número de lojas com estações de recarga para outras das suas principais cidades do Brasil ao longo de 2022. “O turismo nacional está muito forte e estamos de olho em uma temporada de verão com os negócios em alta. O corporativo se transformou na pandemia”, afirmou Renato Franklin,
CEO da Movida. “Já expandimos a frota para 600 carros elétricos com o mais recente lote recebido. Temos outras 37 lojas em São Paulo que já possuem estações de carga, mas essa é a primeira com essa escala, onde o cliente pode deixar o veículo carregando”, disse Charles Sperandio, CMO da Movida, detalhando que a tendência é que outras lojas em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte recebam o upgrade no futuro. EXPANSÃO Além da chegada da nova loja modelo, na mesma semana a Movida anunciou a aquisição da Marbor Frotas Corporativas Ltda (Marbor). A transação irá contribuir com 1,8 mil veículos atrelados a contratos de locação, os quais possuem uma idade média de aproximadamente 1,4 ano e estão distribuídos entre mais de 100 clientes corporativos com contratos com prazo médio de 2,7 anos. O contrato prevê que o preço de
Mais turismo em São Paulo POR LEONARDO NEVES
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Setur-SP assinou um convênio de R$ 400 milhões que serão repassados às cidades turísticas de São Paulo, nesta quinta-feira (16). Os valores, captados através do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento de Municípios Turísticos (Dadetur), serão distribuídos em 210 municípios para obras de infraestrutura. O mais recente convênio anunciado pela Setur-SP se soma a outros investimentos da Pasta nas cidades turísticas do estado, que chegam a cerca de R$ 500 milhões desde o início da gestão do secretário Vinicius Lummertz, em 2019. De acordo com Lummertz, ao longo de 2021, um total de 213 obras de infraestrutura em equipamento turístico foram entregues, através de cerca de 350 convênios de financiamento das reformas. “É mais um investimento que se soma aos anteriores que havíamos realizado previamente, totalizando meio bilhão de reais para o turismo no estado”, destacou o secretário, reforçando ainda a criação da Rota Gas-
tronômica do estado, contemplando o Vale do Ribeira, o Vale do Paraíba e a Mantiqueira. “Esse é o setor que mais sofreu com a pandemia, mas será o que retomará com tudo a partir do ano que vem, com a assinatura desse convênio. O turismo será o vetor dos empregos que o estado de São Paulo precisa em 2022”, salientou Wilson Poit, diretor superintendente do Sebrae-SP. A cerimônia de assinatura do convênio realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado, teve a breve participação de João Dória, governador de São Paulo, que destacou a distribuição dos recursos entre os mais de 200 municípios qualificados para captação. “Somos um governo municipalista, sem partidarismo e distinção entre pequenos e grandes, onde todos as cidades do estado já receberam investimentos em diversos segmentos, seja no turismo ou em outras áreas”, apontou o Dória, reforçando a política do estado de adotar o passaporte de vacina para recepcionar os turistas, sem dar detalhes sobre a implementação.
Renato Franklin
aquisição da totalidade das quotas de emissão da Marbor será o equivalente ao valor da sua frota na data de fechamento da transação, avaliada ao valor da tabela Fipe em 30 de junho de 2021, mais um adicional de meia receita líquida mensal de locação, resultando em um investimento de R$ 130 milhões. A aquisição fortalece a Movida em nichos específicos de mercado, além de aumentar ainda mais a participação e carteira de clientes da companhia em um segmento resiliente como o de Gestão e Terceirização de Frota (GTF).
POLÍTICA
PRÊMIO PARA STARTUPS A FIA Business School, em parceria com o Wakalua Innovation Hub e apoio da Setur-SP, divulgou os três vencedores do Desafio SP de Inovação em Turismo. Os projetos das empresas Wine Locals, PayTour e Tourqual levaram, respectivamente, os prêmios de primeiro, segundo e terceiro lugares, recebendo R$ 5 mil cada. Esta é a segunda edição do Desafio SP, criado para reconhecer e premiar iniciativas inovadoras no setor de turismo desenvolvidas por startups, consultorias e membros da comunidade acadêmica, como professores, pesquisadores e estudantes. O Desafio reuniu as categorias Novos Produtos/Serviços Turísticos, Gestão Inteligente de Destinos e Transformação Digital no Setor e recebeu mais de 100 inscrições. Os finalistas foram selecionados em três rodadas por uma comissão julgadora e os três vencedores foram escolhidos por alguns dos principais players do mercado. “Estamos surpresos com o alto nível dos projetos que recebemos, grande parte deles reunindo propostas de
Vinicius Lummertz
impacto e muita tecnologia embarcada. Esse prêmio é um esforço das entidades envolvidas em aproximar a academia dos negócios e desenvolver a cadeia do turismo no estado”, ressaltou Diego Coelho, coordenador executivo da FIA. “Observamos um alto crescimento e uma qualificação muito boa entre os projetos inscritos nesta edição do evento em relação à passada. O Desafio deste ano tinha uma proposta muito clara: gerar negócios com os principais agentes do setor de turismo, tanto na esfera pública quanto na privada. Hoje concretizamos essa proposta neste ambiente tão qualificado”, salientou Eduardo Lorea, diretor do Wakalua. www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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AVIAÇÃO
Sem aviso Itapemirim cessa atividades com mais de 500 voos marcados até o fim do ano e frustra milhares de clientes POR LEONARDO NEVES
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oi curto o tempo de operação da Itapemirim Transportes Aéreos. Comumente apenas chamada de ITA, a companhia do grupo mais conhecido pelo transporte de passageiros em ônibus de viagens, iniciou oficialmente as operações em 29 de junho de 2021 e encerrou, até o momento temporariamente, as atividades em 17 de dezembro de 2021, pouco mais de cinco meses em atividade. A justificativa da empresa para a suspensão foi uma “reestruturação interna”, porém não foram comunicados prazos ou se os voos irão retornar. Apesar de alguns sinais apontarem para uma instabilidade financeira, a queda da Itapemirim foi sem aviso. Na mesma noite em que a suspensão das atividades foi anunciada, centenas de passageiros ficaram desemparados em diferentes aeroportos do Brasil e sem voos disponíveis para seguir viagem. A orientação da empresa, publicada através de nota, foi que os clientes com viagens marcadas entrassem em contato por e-mail. A suspensão das atividades veio em um momento delicado para o mercado aéreo brasileiro, ainda em recuperação dos piores efeitos da pandemia da covid-19. Até o dia 31 de dezembro de 2021, a companhia já havia programado realizar 513 voos, com partidas dos principais terminais de destinos movimentados como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador, impactando mais de 45 mil passageiros. O último voo da empresa antes de suspender as atividades foi entre Fortaleza (CE) e o Rio de Janeiro. Pousando horas antes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspender o Certificado de Operações Aéreas (COA) da Itapemirim, logo no dia seguinte ao anúncio da empresa, e colocar em xeque a continuidade das operações no futuro. Antes mesmo da pandemia, a Itapemirim surgia como um nome para cobrir a lacuna deixava com o fim da Avianca Brasil, que fez o último voo em 24 de maio de 2019. Até a estreia da nova companhia, Azul, Gol e Latam supriam as demandas deixadas para antiga Ocean Air, que 8
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apenas utilizava o nome e marca da Avianca colombiana. A frota da Itapemirim é composta de sete aeronaves, sendo seis Airbus A320 (para 162 passageiros) e um A319 (150 passageiros) e a expectativa era de alcançar a marca de 35 destinos atendidos até 1º de junho de 2022, a poucos dias de completar um ano de operações nos céus do Brasil. REACOMODAÇÕES E REEMBOLSOS A Itapemirim segue orientando os clientes a entrarem em contato via e-mail e que está priorizando a reacomodação de passageiros que já estão fora de sua cidade de domicílio e precisam retornar para casa. Os demais passageiros com viagens de ida e volta, que se encontram em sua cidade de domicílio, serão atendidos prioritariamente com reembolso total dos valores pagos. A CVC Corp disponibilizou voos fretados para reacomodar os passageiros afetados, buscando mitigar os efeitos causados pelo fim temporário das atividades da companhia aérea. O comunicado da CVC Corp veio através de nota oficial aos acionistas, onde disse ainda tomar conhecimento da orientação da Anac, que disse aos passageiros para buscarem assistência e não compareçam aos aeroportos para embarque antes de contatar a companhia. “A CVC Corp, em respeito aos clientes e parceiros, continuará envidando esforços, de forma proativa e célere, para minimizar os impactos e contratempos decorrentes das circunstâncias acima explicitadas”, informou a empresa em comunicado aos acionistas. INSTÁVEL Os sinais de instabilidade da Itapemirim estavam explícitos no mercado. Em meados de novem-
Sidnei Piva, presidente da Itapemirim
bro de 2021, o Sindicato Nacional dos Aeronautes (SNA) entrou com uma ação coletiva contra a empresa na Justiça do Trabalho. A categoria cobrava medidas para regularizar os pagamentos de salários e benefícios que estariam atrasados. Inclusive, desde o início das operações, no fim de junho de 2021, a empresa já passava por reestruturações de malha aérea. Até o fim de 2021, a expectativa era de fechar o ano operando voos para 22 destinos em todo o Brasil. Até a suspensão, apenas 14 estavam recebendo as operações da Itapemirim. Os destinos que estavam marcados para estrearem entre 1º de setembro e 1º de dezembro de 2021, sendo eles São Luis (MA), Aracaju (SE), Goiânia (GO), Ribeirão Preto (SP), Belém (PA), Manaus (AM), Santarém (PA) e Foz do Iguaçu (PR), não ocorreram. Os demais 13 destinos dos 35 estimados iriam gradativamente receber as operações até junho deste ano. Agora, não há mais datas definidas para a estreia dos voos. Além disso, a empresa realizou mudanças na estrutura interna, divulgada na mesma semana da suspensão das atividades. Guilherme Fussi, então gerente Comercial, deixou a empresa no início daquela semana, enquanto Diógenes Toloni, diretor Comercial, anunciou a estrutura de 12 profissionais que iriam lidar diretamente com os agentes de viagens. No início do mês, o profissional pediu demissão. A reestruturação teve o apontamento de seis executivos de contas, sendo quatro baseados em São Paulo, dois regionais, dois profissionais de Inside Sales, um dedicado a grupos e fretamentos,
um de planejamento e Business Intelligence (BI), além de uma gerente e um diretor comercial. OS DESTINOS OPERADOS PELA ITAPEMIRIM: • • • • • • • • • • • • • •
Belo Horizonte (MG) Brasília (DF) Curitiba (PR) Porto Alegre (RS) Porto Seguro (BA) Rio de Janeiro, Riogaleão (RJ) Salvador (BA) São Paulo, Guarulhos e Congonhas (SP) Fortaleza (CE) Florianópolis (SC) Maceió (AL) Natal (RN) Recife (PE) Vitória (ES)
OS DESTINOS PROMETIDOS PELA ITAPEMIRIM: • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
São Luis (MA) Aracaju (SE) Goiânia (GO) Ribeirão Preto (SP) Belém (PA) Manaus (AM) Santarém (PA) Foz do Iguaçu (PR) Macapá (AP) Imperatriz (MA) Navegantes (SC) Presidente Prudente (SP) Uberlândia (MG) João Pessoa (PB) Campo Grande (MS) Palmas (TO) Cuiabá (MT) Porto Velho (RO) São José do Rio Preto (SP) Teresina (PI) Maringá (PR)
GRU Airport, concessionária responsável pela administração do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, anunciou que irá retomar as operações internacionais no Terminal 2 a partir do dia 5 de janeiro com as companhias Aerolíneas Argentinas, Air Europa, Aeroméxico, Amaszonas, Avianca, Boliviana de Aviación, Gol, Sky e TAAG. O fechamento das operações internacionais na plataforma ocorreu em decorrência da pandemia da covid-19, que reduziu drasticamente a quantidade de voos para o exterior, consolidando todas as trajetórias fora do mercado doméstico no Ter-
minal 3 do aeroporto desde 3 de abril de 2020. Agora, a expectativa é que cerca de 5 mil passageiros provenientes dos voos internacionais passem diariamente pelo terminal, além dos viajantes domésticos atendidos pelas empresas Gol, Itapemirim, Latam e Voepass. Outros planos ainda estão em execução para a retomada e introdução de novas trajetórias nos próximos anos. “O retorno das operações internacionais no Terminal 2 vai melhorar a distribuição das companhias aéreas, aumentar a eficiência da nossa operação e trará mais conforto e comodidade a todos os usuários do aero-
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David DeFossey, gerente regional de vendas da Copa Airlines, América do Norte e Tony O’Brian, gerente geral assistente do Aeroporto Internacional Hartsfield-Jackson de Atlanta
Copa Airlines inicia operações entre o Panamá e Atlanta (EUA)
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Copa Airlines é outra que expande suas raízes e estende suas asas: celebrou recentemente o início de suas operações na rota Cidade do Panamá a Atlanta (EUA), cuja primeira decolagem foi realizada em 12 de dezembro, entregando o trajeto a tempo da alta temporada de verão. O voo é operado por um Boeing 737-800 com capacidade de 16 assentos executivos e 138 na cabine principal, que partirá do Panamá às terças, quartas, sábados e domingos às 9h26, chegando em Atlanta às 13h37. O retorno funcionará nos mesmos dias, partindo das 16h06 e chegando às 20h15 no Panamá. Além disso, os passageiros poderão desfrutar de uma visita ao Panamá sem custo adicional com o programa “Stopover Panamá”, uma campanha da Copa Airlines que promove o turismo local através do “Hub das Américas”. David DeFossey, gerente regional de Vendas para a América do Norte da Copa Airlines, comemorou. “Esses novos voos transportarão um número significativo de viajantes de negócios e turismo, atendendo todas as comunidades dentro e ao redor de Atlanta, mantendo nossa posição como uma das principais companhias aéreas das Américas”.
porto”, afirmou Gustavo Figueiredo, presidente do GRU Airport. O aeroporto também recomenda que todos os viajantes interessados em embarcar para destinos internacionais confiram, além da sua companhia aérea, informações por um órgão fiscalizador ou portal oficial do país de destino. O GRU Airport tem voos internacionais regulares para Addis Ababa (Etiópia), Amsterdã, Assunção, Atlanta, Bogotá, Buenos Aires, Chicago, Cidade do México, Cancun, Cidade do Panamá, Dallas, Doha,
Dubai, Frankfurt, Houston, Istambul, Londres, Lisboa, Madrid, Miami, Montevidéu, Newark, Nova York, Paris, Porto, Santa Cruz de La Sierra, Santiago, Zurique e Toronto.
Iata: recuperação plena da aviação doméstica no Brasil será em 2022
Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) sugeriu que a recuperação total da demanda do setor aéreo ocorrerá ainda em 2022. Ainda em outubro de 2021, já foi resgatado 84% da capacidade praticada em 2019, superando rapidamente o sentimento da pandemia graças à segurança sanitária da modalidade de transporte aéreo. Dany Oliveira, diretor Geral da Iata no Brasil, acredita que o panorama da retomada se mostra mais resiliente no âmbito interno, e complementa afirmando que o país já superou o pior momento da crise aérea e precisa focar, agora, em “eliminar âncoras”. “A pandemia nos mostrou bem como é difícil viver em um mundo com transporte aéreo limitado e restrito”, afirmou. “Trabalhamos para a retomada da demanda em todo o país, com mais viagens nacionais e internacionais. Somos a forma mais segura de transporte porque atuamos em alinhamento com o setor e com governos na implementação de melhores práticas, padrões globais e medidas de biossegurança”. SOBRE A PERFORMANCE JURÍDICA E DE SUSTENTABILIDADE
Segundo Ricardo Bernardi, consultor jurídico da Iata no Brasil, o país sofre com um gargalo muito específico: a alta taxa do registro de ações judiciais contra empresas que atuam no setor aéreo. “O barateamento do conceito do dano moral e a criação de mercados oportunistas – websites fomentadores
Foto: Eduardo Saraiva/Nura Films
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Voltando ao normal
Dany Oliveira, diretor geral da Iata no Brasil
de litígios, entre outros fatores - têm contribuído para a judicialização do setor, que pode e deve ser combatida, seguindo as melhores práticas e tratados internacionais”. Por fim, a associação relembra da meta do setor na conquista de emissões de carbono líquido zero até 2050, fato que deve ser alcançado naturalmente com a introdução de novidades tecnológicas tanto em combustíveis quanto em aeronaves. “Este é o momento perfeito para estimular e desenvolver uma indústria de combustíveis sustentáveis para aviação, que irá criar empregos, oportunidades de desenvolvimento de economias locais, apoiar a aviação no cumprimento de seus compromissos, fornecer segurança energética e combater as alterações climáticas”, afirmou Marcelo Pedroso, diretor de Relações Externas da Iata Brasil. www.brasilturis.com.br | Brasilturis
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CRUZEIROS
Mar para todos os gostos A R11 Travel anuncia lançamentos de novos navios para 2022 na Europa e Caribe
Silversea Spirit POR NADINE ALVES
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á consolidada no mercado internacional e brasileiro, a R11 Travel está aproveitando o momento de retomada do setor turístico para divulgar as novidades e lançamento de cruzeiros das marcas que representa no Brasil. Além de ser a distribuidora exclusiva do Grupo Royal Caribbean no país, a empresa também representa mais três marcas do mercado: a Azamara, a Silversea e a Celebrity Cruises, todas com produtos diferenciados para cada nicho de cruzeirista em 2022. Cada uma das quatro marcas oferece propostas e atrações únicas, seja para o viajante casual quanto para os mais exigentes e de alto padrão, que buscam experiências diferenciadas. AS MARCAS R11 TRAVEL O Grupo Azamara traz roteiros de imersão nos destinos em que atraca e funciona como uma “boutique” de cada local visitado. Nesta linha de cruzeiros, o hóspede permanece por mais tempo nos portos e conhece ainda mais a cultura do local com a extensão do navio, como o Azamara Quest, 355 cabines. A Silversea, por sua vez, agrega um público que procura cruzeiros de ultra luxo com pacotes all inclusive e suítes premium. Além disso, as experiências nos roteiros da marca incluem expedições para locais remotos como Antártida. Já a Celebrity Cruise oferece um luxo “moderno”, mais atual e contemporâneo que foge do tradicional e envolve design, gastronomia e cultura. Por fim, a Royal Caribbean tem experiências para toda família com público alvo flexível e mais abrangente, se destacando como opção de hóspedes multi geracional, sendo que a empresa se destaca como a armadora que possui os maiores navios do mundo. 10 Brasilturis
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Navio Khasab
Os atrativos da companhia são exclusivos e atendem diversas classes. Ao todo são 15 atrações únicas para todos os tipos de idade. Ricardo Amaral, presidente da R11 Travel, destacou que o variado portfólio de marcas da empresa é um dos maiores trunfos para retomada das viagens marítimas para o viajante brasileiro, já que é capaz de oferecer aos agentes e operadores uma extensa gama de nichos, porém, o grande destaque fica com a Royal, trazendo o produto mais abrangente. “Quando os agentes de viagens ou os turistas buscam uma opção de roteiro, seja ela em estilo, destino ou categoria, a Royal Caribbean aparecerá como líder dentro de cada segmento desejado, oferecendo o melhor em diversos âmbitos. Não por acaso, a R11 Travel hoje é líder em brasileiros fazendo cruzeiros no exterior”, ressaltou. Amaral também salientou o investimento significativo em tecnologias renováveis nos navios mais modernos e sustentáveis, sempre com o menor índice de impacto ambiental e redução de carbono. Apesar dos produtos diversos, a R11 Travel está sempre buscando expansão para se adequar ao dinamismo do setor turístico. “Começamos a trabalhar com o Club Med no ano passado para atender a demanda de cruzeiristas represados aqui no Brasil durante a pandemia e deu super certo. Conquistamos ainda mais clientes que procura-
vam essa opção”, afirmou Amaral. NOVIDADES PARA 2022 Duas das marcas representadas pela R11 Travel estão com novidades para o primeiro semestre de 2022 e farão uma sequência de grandes lançamentos de navios no próximo ano. A Royal Caribbean lançou seu mais recente navio em novembro, o Odyssey of the Seas. Além deste, a marca tem lançamentos programados em março, no Caribe e em maio, na Europa. Em março, será inaugurado no Caribe o maior navio do mundo, o Wonder of the Seas. A armadora já tinha conquistado o recorde de maior embarcação de passageiros do mundo e irá superar seu próprio feito até o fim do primeiro trimestre. A Celebrity Cruises também tem novidades para 2022. Devido à pandemia, a inauguração do Celebrity Apex que estava programada para 2020, acabou ocorrendo em outubro de 2021. Neste ano, a marca irá lançar sua nova proposta de navios da classe Edge, o Beyond, que faz parte de uma das classes de mais alta classe da empresa e está prevista para abril. “O volume de novos navios das marcas é muito acelerado, é quase um novo por ano. O aumento de oferta é bastante significativo”, reforçou o presidente da R11 Travel, comentando ainda sobre o comprometimento com o trabalho de capacitação de agentes e operadoras de
Ricardo Amaral, presidente da R11 Travel
viagens e destacando a experiência virtual exclusiva dos cruzeiros para capacitações, a R11 Experience, que é uma alternativa que aproxima as pessoas das experiências do navio sem precisar sair de São Paulo. No calendário de eventos e capacitações da empresa para 2022, estão marcados também encontros, webinars e famtours para treinamento de agentes e profissionais do turismo. “No ano passado chegamos a treinar oito mil agentes e temos uma meta de crescer ainda mais esse numero”, concluiu Amaral. “Os brasileiros estão reservando muito, já voltamos aos níveis de venda de 2019 e o grande fator que proporcionou essa arrefecida foi a abertura das fronteiras dos Estados Unidos em novembro”, salientou. Quanto à quantidade de cruzeiros em operação, a R11 Travel estima que a frota completa dos navios das quatro marcas deve voltar a navegar até o final do primeiro trimestre de 2022. Atualmente, mais de 70% da capacidade de embarcações já voltaram a realizar roteiros. “A Royal Caribbean já está navegando nos níveis esperados e o foco é que em 2022 já exista uma rentabilidade maior. O que vai ser uma vitória para uma indústria que ficou parada por mais de 20 meses”, completou.
DIVERSIFICANDO
Retrospectiva 2021 da diversidade
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Temporada suspensa: e agora?
om esperança de realizar a primeira temporada após o início da pandemia da covid-19, as armadoras MSC e Costa Cruzeiros anunciaram a suspensão voluntária das atividades no Brasil até 21 de janeiro. A decisão vai de encontro com mais de 100 casos da doença diagnosticados entre hóspedes e tripulantes, com sugestão da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) de pausar a operação dos navios. Apesar da decisão das empresas, a Cruise Lines International Association Brasil (Clia Brasil) reiterou em múltiplas declarações que os protocolos de segurança estabelecidos para o início das viagens de cruzeiros asseguram a operação em águas nacionais. Em nota, a entidade também criticou a suspensão — a primeiro momento, temporária — da navegação. “A Clia Brasil lamenta que as companhias tenham sido levadas a tomar essa decisão no Brasil, dado que os protocolos de saúde e segurança dos navios continuam mostrando a sua eficiência, destacando-se como um exemplo a ser seguido em todo o mundo”, diz a associação em comunicado. Em outro trecho, visando justificar a manutenção da temporada 2021/2022, tomando também as medidas sanitárias cabíveis à situação dos navios MSC Splendida e Costa Diadema, a Clia Brasil cita o impacto econômico do segmento. De acordo com as informações divulgadas na nota, com início em novembro de 2021, o período de cruzeiros vigente previa arrecadar R$ 1,7 bilhão e o fluxo de 360 mil turistas. O número de empregos, diretos e indiretos, gerados — 24 mil — também serviu de munição à associação. “Estima-se, conforme estudo da Clia Brasil em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que cada navio gera em torno de R$ 350 milhões de impacto para a economia brasileira. A cada 13 cruzeiristas, um emprego é gerado”, finaliza. Em paralelo, Gilson Machado Neto, ministro do Turismo, cita o afrouxamento das regras relacionadas à covid-19 como opção para que a temporada siga normalmente. Paira, portanto, uma incógnita sobre a realização dos cruzeiros na costa brasileira. Com a atividade em cheque e atualizações sobre o risco de contaminação pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC), os custos sanitários, financeiros e operacionais desequilibram as chances de continuidade do setor. A paralisação volta a ser pauta.
ano de 2021 foi atípico em vários sentidos, sendo o segundo ano da pandemia da covid-19, que assolou o mundo todo e nos fez repensar a forma que fazíamos as coisas. “Desconstruir”, “novo normal”, “você está no mudo” e “online” foram algumas das palavras e expressões que mais ouvimos nesse ano. Acredito que retrospectivas sempre são muito importantes, tanto para avaliarmos o que passou quanto para planejarmos o que virá. Por isso, no nosso bate-papo de hoje, eu lhes convido a fazer comigo uma retrospectiva dos tópicos importantes quanto a Diversidade e Inclusão. Tivemos que conviver com essa crise sanitária vergonhosa, a qual além de ter gerado um número assustador de mortos por covid-19, também causou a redução da empregabilidade no Brasil, principalmente de pessoas dos grupos “minorizados” como mulheres e negros. As desigualdades ficaram mais evidentes quando analisávamos dados como os do IBGE que diziam que no primeiro trimestre de 2021 tivemos um nível de desocupação de 17,9% entre mulheres contra 12,2% entre os homens. A discrepância aumenta quando olhamos o recorte racial, onde os brancos têm o menor índice de desocupação com 11,9%, percentual, já pretos tem 18,6% e pardos 16,9%. Por outro lado, sem sombra de dúvidas, em 2021 a “ficha caiu” para muitas empresas que entenderam que diversidade e Inclusão são temas estratégicos, essenciais e inteligentes. Vimos esses temas borbulhando nas redes sociais, nos jornais e nas rodas de conversa. Eu acredito que nesse ano demos um passo muito importante rumo a construção de um mundo mais justo, igualitário e inclusivo. É claro que temos muito o que fazer ainda, mas celebrar as conquistas é necessário. Dentre ações que temos para celebrar quero destacar o aumento de empresas que abriram inscrições para vagas afirmativas, focando na contratação de profissionais representantes dos grupos “minorizados”, visando diversificar seu quadro funcional para que ele espelhe a realidade da sociedade que essa empresa está inserida. Esse tipo de ação tomou força após empresas como Bayer e Magazine Luiza, terem aberto inscrições para seus programas de estágio e trainee com exclusividade para profissionais negros(as). Apesar da repercussão polêmica essa atitude inspirou outras empresas de diversos setores a fazerem o mesmo, dentre elas cito Unidas, Copa Airlines, Latam, Itaú, CVC Corp, Digeo, 99 Jobs, EY e Vivo, que
Luanny Faustino Formada em Relações Internacionais, especialista em negociações internacionais pela USP e em Racismo e Política e Neurociência luannyfasutino@gmail.com
alavancaram vagas afirmativas para contratação de pessoas negras, transexuais e mulheres, além de assinarem compromissos de aumentarem a participação desses grupos em cargos de decisão. É importante destacar, para quem ainda não sabe, que destinar vagas para públicos sub representados é uma forma de realizar ações afirmativas, as quais estão previstas na lei do Estatuto da Igualdade Racial. E essas medidas são essenciais para reparar a discriminação histórica racial, étnica, de orientação sexual afetiva, identidade de gênero, religiosa ou de gênero. Outra conquista nesse ano foi o fato de os Estados Unidos terem emitido seu primeiro passaporte com designação de gênero X, ou seja, para uma pessoa com gênero neutro. Esse fato abre precedentes nunca antes vistos em relação ao respeito aos direitos LGBTQIA+. Vamos torcer para que outros países, como o Brasil, em breve sigam essa diretriz. Já no trade turístico tivemos vários eventos que abriram espaço em seus programas para conteúdos voltados à Diversidade e Inclusão, o que estimula a disseminação da informação e engajamento de novos(as) aliados(as). Precisaremos observar se essas atitudes foram feitas de forma intencional para gerar mudança de mindset, ou se só seguiram tendências. Citei aqui grandes corporações e organizações que estão fazendo sua parte na construção de um mundo mais igualitário, mas existem muitos pequenos e médios empreendedores(as) que também estão fazendo sua parte, assim como indivíduos de forma autônoma também. Pretendo na terceira edição da nossa Coluna Diversificando trazer essas pessoas que estão fazendo sua parte para nos inspirar com suas histórias. Afinal como falamos na CKZ Diversidade, consultoria que faço parte do quadro, pequenas mudanças fazem uma grande diferença. Termino desejando boas festas à todas(os) vocês que seguem a coluna Diversificando. E desejando tê-los(as) comigo em 2022. Bora fazer a diferença que queremos ver no mundo! www.brasilturis.com.br | Brasilturis 11
ESPECIAL
Lobby do hotel nos tempos atuais
Maquete do Maksoud Plaza
POR LUCAS KINA
Paulo Lúcio de Brito foi o arquiteto responsável pelo projeto do Maksoud Plaza
Lendas nunca morrem
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onho. A descrição em palavra e dose única de Roberto Maksoud a respeito do Maksoud Plaza levou dez segundos contados para ser proferida por ligação e chegou em tom de desabafo. Afinal, foram pouco mais de 20 anos de trabalho no hotel, idealizado por seu pai, Henry Maksoud, em meados dos anos 1970, e inaugurado em dezembro de 1979 após dois anos de muitas obras, cansaço, noites em claro, pressão psicológica e até xingamentos aos envolvidos. O objetivo à época, no entanto, era até simples: receber clientes e autoridades relacionadas à Hidroservice, companhia de engenharia de Henry e que deteve, até 27 de dezembro de 2021, controle sobre a propriedade. “Um sonho. É assim que eu resumiria o Maksoud Plaza para mim ao longo dos 42 anos de história que ele deixa não só à São Paulo, mas ao mundo”, diz Roberto em entrevista ao Brasilturis Jornal. O sócio-fundador do empreendimento hoteleiro — por motivos óbvios — aparentava chateação com a notícia do fechamento. Mais do que isso, a surpresa ao ler as primeiras notícias foi o sentimento mais cabível ao ser perguntado a respeito. Mas, longe da temática melancólica que esse tipo 12 Brasilturis
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de situação proporciona, temos um empresário, ou melhor, “hoteleiro raiz” — como foi descrito por alguns dos entrevistados pela reportagem — nitidamente orgulhoso do trabalho que fez. “É difícil assimilar o que aconteceu, mas o importante é que deixo um legado de um novo conceito estabelecido à hospitalidade. Fiz, junto com meu pai e outros integrantes dessa rica história, um dos melhores hotéis do mundo. Sou totalmente realizado”, reitera. Em meio a trajetória como diretor geral do Maksoud Plaza, Roberto passou por momentos gloriosos e viu de perto o que muitos de nós apenas vislumbramos por intermédio de um bom contador de causos. Um dos favoritos dele é a recepção a Tancredo Neves, advogado e político eleito como 33º presidente da República Federativa do Brasil, mas que faleceu em 21 de abril de 1985, antes de tomar posse. “Eu tinha o hábito de aguardar os hóspedes da manhã no lobby, principalmente famosos e autoridades. Um destes seletos foi Tancredo, que certa vez chegou pelas minhas costas, me pegou pelo braço e caminhou em silêncio pelo jardim de entrada. É essa amizade e relacionamento
que o Maksoud Plaza proporcionou a mim e a todos que tiveram alguma relação com ele”, conta o executivo. Envolvido desde o início das operações do hotel, Roberto Maksoud desligou-se do hotel em 2000, levando consigo memórias do que seria considerado o tempo áureo do empreendimento e o conceito da hotelaria “romântica”. Como palco importante da sociedade paulistana por muitos anos, o Maksoud Plaza foi pensado para ter espaços e ambientação distintos do que o segmento brasileiro apresentava à época. Segundo o empresário, um dos principais trunfos para ter tanto destaque, além da boa conexão da família Maksoud para receber autoridades e famosos, se deu pelo fato do hotel se tornar um centro cultural durante a primeira metade de sua história. “Tínhamos restaurantes de muito destaque e uma vida noturna e cultural agitada. Tudo acontecia no nosso lobby e nossa hospitalidade com H maiúsculo também ajudou a cativar clientes”, diz. Ainda existem movimentações judiciais por parte de Roberto para evitar o fechamento definitivo do Maksoud Plaza, buscando sua rea-
Henry Maksoud, fundador do Maksoud Plaza
Roberto Maksoud
Frank Sinatra com os chefs
Frank Sinatra, Henry Maksoud e Roberto Carlos
Hubert Keller, Roberto Maksoud, José Hugo Celdonio, Roger Vergé e Peter Fuchs no La Cuisine Du Soleil, restaurante francês do hotel
bertura. Em todo o caso, a paixão e entrega do hoteleiro não passaram despercebidas e, com certeza, honram a rica história do hotel. “O Maksoud Plaza era minha vida e assim será até o fim. Ter acontecido tudo isso com ele me entristece bastante, mas meu orgulho em ter feito parte disso é enorme”, encerra. O ARQUITETO A pesquisa prévia sobre Paulo Lúcio de Brito não foi além do básico e a surpresa ao conhecê-lo pessoalmente tornou-se elemento crucial para compreender mais sobre os laços entre ele e o Maksoud Plaza. Com 79 anos, o responsável pelo projeto arquitetônico da propriedade continua trabalhando, na maioria das vezes, desenvolvendo empreendimentos hoteleiros. Em visita à sua casa em Atibaia (SP), o arquiteto reforçou que o Maksoud Plaza é visto por ele como um divisor de águas em termos de carreira. No entanto, imagina-se que o garoto de 12 anos, que decidiu desde cedo seguir carreira na arquitetura, não imaginava que um de seus projetos se tornaria um dos principais hotéis de São Paulo e do país. “Sou calado e sempre soube que queria me tornar um arquiteto. Comecei minha carreira de forma mais consolidada em 1969, na
Hidroservice Engenharia, empresa de Henry Maksoud, onde fiquei por 21 anos. Era uma empresa consolidada em algumas construções da época, participando do projeto do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por exemplo. Por isso, em vista de hospedar as muitas autoridades ligadas à companhia, Henry decidiu, em 1974, que queria um hotel como jamais visto na capital paulista. E foi assim que minha missão e atuação na hotelaria começaram”, afirma. Paulo Lúcio conta que o empreendimento onde o Maksoud Plaza situou-se por 42 anos era, na
época em que começou a ser construído, em 1977, o Convento das Carmelitas. O prédio estava para ser tombado há qualquer momento, mas uma ligação entre Henry Maksoud e Olavo Setúbal, prefeito de São Paulo entre 1975 e 1979, fez com que o local pudesse ser transformado no hotel dos sonhos do empresário. O desejo de Henry e do próprio arquiteto era que o hotel ficasse de frente à Avenida Paulista, ponto de referência econômica e cultural da cidade — no passado e presente. No entanto, a estrutura inicial do Maksoud Plaza parecia “apertada”, nas palavras de Paulo Lúcio. Por isso, em viagens com o idealizador da propriedade, ele visitou empreendimentos como Hyatt e Hilton nos Estados Unidos, além de um Sheraton no Chile. Foram destas experiências empíricas que o conceito do hotel foi ganhando forma. “O meu objetivo era criar um hotel grandioso e agradável, utilizando uma quantidade de luz específica para iluminar espaços internos e promovendo relacionamento nas áreas sociais. Foi um projeto difícil em termos técnicos e até pelo fluxo de ideias de Henry Maksoud, que sempre voltava de
Ao longo dos 40 anos do Brasilturis, publicidade e cobertura de eventos estamparam as páginas das edições do jornal. Acima, o Clube do Feijão Amigo presta homenagem ao então governador, Mario Covas. Ao lado, a publicidade do hotel com Adel Auada
Kurt Cobain, do Nirvana, na Brasserie do hotel
suas viagens com algo diferente em mente para a unidade. Contudo, foi minha grande oportunidade e o início de uma carreira sólida. Posso dizer tranquilamente que o Maksoud Plaza saiu da minha cabeça”, pontua. Com custo próximo de US$ 45 milhões, sendo US$ 35 milhões de orçamento e US$ 10 milhões pagos no terreno, as obras começaram cheias de ambição. O hotel, que teve os primeiros elevadores panorâmicos do período no Brasil, foi desenhado e projetado nas pranchetas do arquiteto. Cada detalhe, centímetro e cimento utilizado na construção do Maksoud Plaza passou pelas mãos dele. Mas, como toda boa história, nem tudo são rosas. “Em dois anos de obras, passei dez meses ininterruptos acompanhando os momentos finais do que viria a ser o Maksoud Plaza. Neste período de mais proximidade com os processos, emagreci dez kilos e lidei com a ansiedade de Henry Maksoud pela abertura. Ele ia visitar a obra todos os dias e, algumas vezes, isso atrapalhava o andamento da construção. Apesar disso, confiança
Show do Bobby Short no 150 Night Club, bar icônico dos tempos áureos do hotel
Roger Meddows-Taylor e Freddie Mercury, do Queen, no teatro do hotel
Zhao Ziyang, primeiro-ministro da China, ao lado de Roberto Maksoud
é algo que ele nunca deixou de ter em mim. Em dezembro de 1979, o hotel estava todo montado”, explica. O primeiro hóspede do Maksoud Plaza — não pagante — foi Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo. A ligação de Paulo Lúcio de Brito ao Maksoud Plaza durou até 1981. Depois disso, ele retornou às operações corriqueiras na Hidroservice, ficando até 1990 e saindo para fundar seu próprio escritório de arquitetura — com o qual trabalha até os dias atuais. Mas antes de desligar-se do hotel, ele viveu um pouco do glamour da época, sendo um dos sortudos espectadores de Frank Sinatra em seu show no Maksoud Plaza, também em 1981. Fora a experiência musical, Paulo Lúcio acredita que a participação na constituição do empreendimento fez com que conhecesse um “hotel de verdade”. “É triste ver o que aconteceu com o Maksoud Plaza nos últimos anos, culminando em seu fechamento. Vejo como resultado de um empreendimento descaracterizado ao longo anos e, na minha opinião, mal posicionado no mercado com o fim dos restaurantes icônicos e do 150 Night Club. Foi uma estratégia mercadológica errada. No mais, torço, como arquiteto que sou, para que a estrutura não sofra as mesmas mudanças. Meu sonho era que o hotel fosse comprado e modernizado. O edifício em si tem capacidade para isso e já tinha há anos, mas não foi feito. O que fica de agora em diante é a saudade e a gratidão de integrar a história de um ícone da hotelaria paulistana”, finaliza. LINHA DE FRENTE
Omar Sharif e Roberto Maksoud Roberto e Henry Maksoud conversando com agentes de viagens no Restaurante Vikings
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Roberto Maksoud e Roberto Marinho, fundador e presidente do Grupo Globo
o questionar sobre o fim do Maksoud Plaza, Vera Campacci, ex-funcionária do hotel, não pestanejou em externar seu sentimento de perda — visto na maioria dos entrevistados. “Parece que metade de mim se foi. Só voltei ao hotel duas vezes após minha saída, mas ainda tinha completa admiração pelo mesmo e por todas as memórias vividas e acumuladas ali dentro”, afirma. Atuante entre agosto de 1986 e final de 1992, Vera passou por três funções dentro do hotel: gerente de Vendas, guest relations (relacionamento com clientes VIPs) e, por fim, gerente de recepção. De todas as áreas nas quais habitou, a profissional confessa que a especialização no trato com personalidades, principalmente aos que exigiam mais empenho e veias da hospitalidade
de luxo, tornou-se um prazer à parte no trabalho. “Lembro de um caso em que recepcionei uma princesa tailandesa que exigiu que as flores — entregues aos hóspedes mais notáveis — estivessem em uma bandeja de prata. A parte mais engraçada era que ninguém poderia fazer sombra nela. Tive que me desdobrar e pensar no horário que ela chegaria ao hotel com a luz que entraria. Era trabalhoso, mas divertido”, salienta. De acordo com ela, além do trabalho de Roberto Maksoud à frente da parte operacional e administrativa, a chave para o sucesso do Maksoud Plaza por tantos anos estava, principalmente, no atendimento personalizado. Seja no trato com os hóspedes ou frequentadores dos espaços de entretenimento, ela acredita que o hotel inaugurou o glamour hoteleiro no Brasil. “O hóspede nunca foi um número. Pessoalmente, o Maksoud Plaza foi uma escola e o principal período da minha vida — profissional e pessoal. Aprendi o que é hotelaria e hospitalidade de verdade. Como disse, uma parte de mim se foi e deixa uma lacuna também no tradicionalismo do segmento”, finaliza. A emoção tomou conta ao mencionar a reação de fechamento de um dos principais marcos de sua vida em âmbitos diversos. A notícia foi recebida como se a morte de alguém próximo fosse anunciada e um turbilhão de emoções, com muito choro, veio à tona. A partir daí, Ovadia Saadia resgatou arquivos e fotografias antigas de quando trabalhou no Maksoud Plaza, entre 1998 e 2005. A noite em claro, folheando memórias impressas, o lembrou do porque a informação de que o hotel fechou as portas era tão ruim. “Posso dizer que o Maksoud Plaza me persegue. Minha história com ele começou com um amigo contando sobre a construção de um estabelecimento próximo a Avenida Paulista. Não sabíamos o que era ainda, mas assim que foi inaugurado, no fim de 1979, fiquei impactado. Tanto que, no Réveillon deste ano para 1980, passei no lobby do empreendimento. Me endividei comendo sanduíches para poder, ao menos, viver um pouco do hotel”, explica. Saadia trabalhou como Relações Públicas e assessor do Maksoud Plaza por aproximadamente sete anos, mas a relação dele com a propriedade começou antes. Após 17 anos do amor à primeira vista
João Gilberto, Miúcha e Luís Carlos Miele no lobby do hotel em 1995
Ovadia Saadia e Anthony Perkins, ator de Psicose, de Alfred Hitchcock Arthur Igreja se hospedou algumas vezes no hotel entre 2017 e 2020
2ª edição do Fórum de Turismo LGBT do Brasil em 2018
com o hotel, passou a desempenhar as funções citadas e colocar em prática todo o conhecimento que tinha. “É um empreendimento que, se tentarmos juntar todos aqueles que representaram uma hotelaria de alto nível no Brasil, não conseguimos mensurar a magnitude do Maksoud Plaza. É onde vi Sinatra de perto e coordenei sessões de cinema em um hotel digno de filmes. Além disso, deixá-lo em evidência não era difícil, tendo em vista o produto que tinha em mãos”, afirma. Por fim, o jornalista cita que o legado do Maksoud Plaza fica marcado, entre as muitas camadas existentes, em ter colocado São Paulo no mercado de luxo. “A hospitalidade nestes moldes foi redefinida e pautada pelo Maksoud Plaza por muitos anos. Era um mundo completo dentro de um hotel, no qual dormir era apenas um mero detalhe. Sou grato por fazer parte, na minha opinião, da história mais linda da hotelaria mundial”, conclui. HÓSPEDE Um entre os 4 milhões de pessoas que se hospedaram no Maksoud Plaza ao longo de 42 anos de
história, conforme a contabilização da HM Hotéis, administradora do local, Arthur Igreja, palestrante de inovação e transformação digital, é um entusiasta das histórias que cada parede do hotel poderia contar. Nas mais de dez vezes que ficou no empreendimento, entre 2017 e 2020, notou a mobília mais velha e desatualizada. No entanto, a localização e a mística sempre o fizeram voltar. “Eu ficava no Maksoud mais pelo apelo e história do que por outros fatores. Via mais que a hospedagem em si, vislumbrando conhecer melhor os espaços sociais
PARTE DA VIVÊNCIA O Grupo Via também experimentou um pouco do glamour envolto ao Maksoud Plaza. Realizado pela Revista Via G, o Fórum de Turismo LGBT do Brasil de 2018 aconteceu no empreendimento, inserindo a holding do Brasilturis Jornal em um dos capítulos dos mais de 40 anos de atuação.
e a arquitetura do hotel, já que são grandes diferenciais. Além disso, também sou fã de Frank Sinatra, um entre tantos hóspedes notáveis do empreendimento. Como, então, não querer viver e participar, mesmo minimamente, disso? Olhando para o fechamento do hotel, fico feliz que aproveitei enquanto ele estava em operação. É, sem dúvida, uma grande perda”, afirma. FATOS, INFORMAÇÕES E O RECADO Foram dez anos de um embate judicial, iniciado após uma dívida trabalhista da Hidroservice Engenharia levar o Maksoud Plaza à leilão judicial. Em dezembro de 2021, o Grupo JSL, de Fernando e Jussara Simões, que arremataram o prédio como pessoas físicas, conquistaram o imóvel após a companhia de engenharia ter questionado a decisão judicial em 2011. Sendo assim, a HM Hotéis e a Hidroservice Engenharia entregaram a propriedade por R$ 132 milhões, finalizando a disputa burocrática. Sem a mobília e totalmente descaracterizado internamente desde 27 de dezembro, o Maksoud Plaza deixou 170 funcionários desempregados e um legado de 42 anos na hotelaria paulistana. São os detalhes que continuarão a guiar o hotel pelo imaginário
Ovadia Saadia foi responsável também por coordenar as sessões de filmes do Maksoud Plaza, entre as diversas funções que desempenhou
Vera Campacci trabalhou também na Hidroservice Engenharia, empresa responsável pelo desenvolvimento do hotel
das gerações adiante, como as referências ao empreendedorismo de Henry e Roberto Maksoud, a atuação arquitetônica coordenada por Paulo Lúcio de Brito e as façanhas operacionais de Ovadia Saadia e Vera Campacci, entre tantos outros motivos e citações possíveis, que perduraram quatro décadas. A dificuldade de modernização encontrada na segunda metade de existência — física — e os eventos ocorridos na família homônima são pertinentes e precisam ser contados, mas não descrevem ou fazem jus ao mínimo da magnitude encontrada no universo que é o Maksoud Plaza. Não somente em termos mercadológicos ou técnicos de hotelaria e turismo, o empreendimento espalha o que de melhor carregava ao longo das décadas: memórias. Seja considerado o fim de uma ingerência comercial para alguns ou o mesmo que a morte de um parente para outros, nada tira a grandeza de um empreendimento como o Maksoud Plaza. No final de tudo, sabemos que lendas nunca morrem. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 15
GASTRONOMIA
O ‘beagá’ das cores, cheiros e sabores Reconhecida como uma das melhores do mundo, Belo Horizonte é premiada como a cidade da Gastronomia Criativa pela Unesco POR DIEGO SILIPRANDO
F
undada como Cidade de Minas, em 1897, o chamado Arraial de Belo Horizonte passou a ser o nome da cidade que logo mais se tornaria a capital mineira, conhecida pelas cores, cheiros e sabores, que tem motivos suficientes para se orgulhar.
gastronômica que faz parte da essência mineira e os títulos não param por aqui. Em novembro de 2021, mês que Belo Horizonte completou 124 anos, o Atlético Mineiro, conhecido como Galo, ganhou o Campeonato Brasileiro depois de 50 anos. Se existe um
Em 2019 o destino recebeu o título de Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco que até então três outras cidades brasileiras detinham: Florianópolis (SC), Parati (RJ) e Belém (PA). O reconhecimento é fruto de um esforço coletivo de toda uma cadeia
lugar com tradição, inovação gastronômica e muito orgulho, ele se chama “beagá”. Confira alguns dos principais locais que destacamos nessa experiência que o Brasilturis Jornal teve o prazer de degustar.
Bar da Lora, o mais famoso de Belo Horizonte
FESTIVAL DI BUTECO
Entrada principal do Mercado Central
MERCADO CENTRAL Fundado na década de 1920 por iniciativa do governo municipal o espaço reunia as principais feiras de rua da época. Mais tarde a prefeitura deixou de assumir os altos custos do local, o que mobilizou os comerciantes em uma cooperativa resultando na compra do terreno, o dividindo em pequenos lotes. O mercado hoje é um dos pontos turísticos mais tradicionais e visitados por turistas e moradores que fazem compras dos mais variados produtos.
O famoso festival Comida di Buteco começou em Belo Horizonte e, hoje, tem edições em vários estados brasileiros. As disputas são acirradas. Inicialmente, eram avaliados apenas os pratos como forma de eleger o melhor boteco. Depois, decidiram incluir o quesito “limpeza dos banheiros” o que levou os usuários a loucura, principalmente as mulheres, que sofriam com as péssimas condições de higiene. E por falar em mulheres, temos uma protagonista nessa história: Eliza Fonseca, foi a primeira mulher a assumir um bar no Mercado Central, chamado de Bar da Lora, desenvolvendo os pratos típicos e tradicionais do cardápio de boteco. Em seguida, o local ingressou nos concursos de botecos, conquistando em 2010 o 1º lugar do festival Comida di Buteco, com o tira-gosto “Pura Garra da Lora” o que gerou fama e reconhecimento.
Guilherme Vieira, proprietário da Roça Capital
QUEIJOS À FRANCÉ
Apresentação dos variados tipos de queijos mineiros 16 Brasilturis
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Também em 2019, Minas abocanhou nada menos que 57 medalhas no Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours, o maior evento de produtos lácteos francês, sendo seis delas a Super Ouro, categoria máxima do concurso
que premia produtores de queijo do mundo inteiro. E por falar em um bom queijo mineiro, é imprescindível dar uma parada na Roça Capital, no mercadão. A loja oferece os mais variados tipos de queijos desde os mais simples até os premiados e requintados.
Um dos points mais tradicionais no Mercado
MERCADO NOVO O Mercado Novo surge como um contraponto ao Mercado Central, oferecendo uma vida noturna rica em entretenimento, gastronomia e serviços diversos, atraindo um público mais jovem e alternativo. Nesse novo “velho” espaço existe uma comissão comercial que avalia se o empreendimento é adequado para o espaço, gerando assim um lugar bem peculiar com lojas praticamente exclusivas.
Cervejaria Odeon com 14 tipos de cervejas artesanais
CACHAÇA E CERVEJA NÃO PODEM FALTAR Estar em Belo Horizonte e não degustar uma boa cachaça ou cerveja artesanal é ter uma experiência pela metade. No Mercado Novo é possível degustar a boa e velha
Tilápia empanada com risoto de limão galego, Rotisseria Central
companheira de mesa, com os seus mais diversos tipos e sabores, com produção regional. No Bar Odeon são oferecidas mais de 14 tipos cervejas, produzidas pelas empresas São Sebastião e Mills. A proposta do espaço, decorado como um boteco original
Cachaçaria Lamparina e o drinque “marvadeza”, um dos mais pedidos
de década de 1970, é proporcionar essa experiência aos apreciadores da bebida. E se a purinha é boa para abrir o apetite, a Cachaçaria Lamparina tem o drinque perfeito, que complementa os petiscos e pratos variados da Rotisseria Central, próxi-
mo dali, cujo proprietário, Djalma Victor, participa do programa Top Chef Brasil, da TV Record. O restaurante é uma espécie de laboratório gastronômico, criando pratos inspirados na culinária da região com uso de ingredientes do comércio local.
VIDA BOÊMIA E CULTURAL O Bairro Floresta é um dos bairros boêmios da região leste de BH, onde se concentram os blocos durante o carnaval e eventos diversos na famosa Praça da Estação, que abriga o museu de Artes e Ofício. Floresta é um nome bem sugestivo, mas engana pela aparência, pois, apesar de suas construções não serem modernas e com pouca arborização, seus frequentadores são bem elitizados. Na região não faltam bares, com vista panorâmica do centro da cidade. Ao pôr-do-sol as pessoas se reúnem para beber, conversar ou protestar já que o point é comumente conhecido como local de grandes manifestações artísticas e culturais.
Às sextas-feiras o espaço vira uma casa de shows
O chef Fagner Rodrigues e um dos pratos principais da casa, arroz de costela
O Bairro Floresta é conhecido por concentrar uma parte da elite de Belo Horizonte, sendo palco de diversos movimentos artísticos e culturais
QUERIDA JACINTA
BOTECO PATORROCO
A casa de fachada discreta funciona como bar, restaurante e como casa de shows com apresentações e música ao vivo. O ambiente é bem agradável e amplo, acessível a todos os públicos com cardápio variado e oferta vegana. Porém, o grande diferencial da casa é o chef Fagner Rodrigues, que além das suas muitas atividades como educador, ficou famoso pela participação no programa da GNT “Que seja doce”.
O Bar do Patorroco, bicampeão do Comida di Buteco, conhecido como o mais tradicional da cidade, teve o nome definido a partir de um bullying sofrido pelo dono que tinha rouquidão e que hoje, depois de uma cirurgia nas pregas vocais, se curou. No bairro do Prado, o bar é o lugar para degustar a boa comida de boteco no “canto da paz” como define Marcos da Mata, proprietário e chef do local. O espaço não tem música ao vivo, televisores ou wi-fi, a ideia é que os clientes desfrutarem ao máximo da companhia de uns dos outros. O cardápio oferece comidas típica e autoral como o famoso “caviar da roça”, uma releitura mais leve e saborosa do tradicional chouriço mineiro.
Marcos da Matta Machado
Caviar da roça
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GASTRONOMIA
Bolinho de mandioca com muçarela e torresmo, servem como entrada
Strudel de jiló, um prato típico mineiro
BIROSCA S2 Um bistrô cheio de vida e mulheres no comando. Localizado no bairro de Santa Tereza, o bar tem uma pegada bem mineira, tanto na decoração que lembra muito a casa de vó, quanto nos pratos que são servidos. A proprietária Bruna Martins faz questão de ser “friendly”, dando apoio e visibilidade às mulheres que gerenciam o seu empreendimento. A casa oferece ambientes variados, atendimento acolhedor com um menu diversificado e excelente carta de vinhos de produtores locais.
Linguiça de fabricação própria
Entrada do restaurante
Cozinha com fogão a lenha
Loja de produtos diversos
XAPURI RESTAURANTE Xapuri em Tupi Guarani significa: lugar calmo, tranquilo de águas claras e é exatamente assim o restaurante localizado entre os bairros Trevo e Braúna. O espaço é referência na gastronomia mineira nos quesitos qualidade e experiência. A construção é rústica e o fogão à lenha não se apaga há mais de 34 anos, pois, além de servir para cozinhar, defuma as linguiças que são produzidas e servidas no próprio restaurante.
Américo Piacenza
Flavio Trumbino
“Tudo começou com a minha mãe cozinhando para os amigos e o curioso é que, quando decidimos profissionalizar, o primeiro cliente foi um jornalista que, depois de se encantar com a comida, decidiu publicar uma nota contando a sua experiência gastronômica com o título ‘Atrás da moita onde não se peca’. Sem dar muitas referências de onde era o lugar, gerou uma busca desenfreada pelo restaurante”, conta Flavio Trumbino, gerente do restaurante e filho da Dona Nelsa, fundadora. GLOUTON
Azeites aromatizados é um dos destaques da cantina
Escapole de filé com risoto de queijo minas
CANTINA PIACENZA Uma cantina tradicional e famosa que mistura a gastronomia italiana com a mineira no coração de Belo Horizonte. O chef e proprietário, Américo Piacenza, formado em Turismo, decidiu migrar para a gastronomia quando morou na França. Influenciado por suas viagens mundo a fora, decidiu compartilhar suas experiências gastronômicas em solo mineiro. Com decoração mais industrial, atrelado a história familiar e assinada pelo arquiteto Pedro Moraes, o espaço foge dos estereótipos de casa ou fazenda, sendo acessível a todos os públicos. CERÂMICA SANTANA
Alex Santana 18 Brasilturis
Em nossa próxima parada, Aglomerado da Serra, conhecemos os irmãos Alex e Maicon Santana, que tem uma empresa-projeto-escola de cerâmica no coração de uma comunidade instalada na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A Cerâmica Santana fabrica peJaneiro | 2022
O restaurante tem ambiente aconchegante e sofisticado
Leonardo Paixão
Sorvete de bala Lalka
ças para os comerciantes de bares e restaurantes regionais e, ainda, exporta para o exterior parte do material, que é produzido por seus alunos que são moradores locais, gerando conhecimento e fonte de renda. O projeto conta, ainda, com abertura de vagas para que pessoas de fora possam aprender a arte do manuseio e queima da argila.
Sob o comando do renomado chef Leonardo Paixão, um dos jurados do programa “Mestre do Sabor” da TV Globo, o restaurante é um dois mais refinados de Belo Horizonte. Nele você encontra comida “fine dining”, ou seja, alta gastronomia com pratos autorais inspirados na cozinha mineira. A louçaria foi pensada e criada pela ceramista Léa Diegues e o próprio chef para enriquecer a experiência sensorial de cada prato. O ambiente é acolhedor, com decoração sofisticada e o atendimento é exclusivo.
Renderização 3D do futuro espaço As cerâmicas são produzidas conforme demanda e podem ser personalizadas
DIREITO SERVIÇOS: COMPRAS
Roça Capital (31) 3789-8669 @rocacapital Mercado Central Av. Augusto de Lima, 744 – Centro www.mercadocentral.com.br Mercado Novo Av. Olegário Maciel, 742 – Centro @mercadonovobh Cerâmica Santana @ceramicasantana ONDE COMER Comercial sabia @_sabia Rotisseria Central @rotisseriacentral Panomara Pizzaria R. Sapucaí, 533 - Floresta @panoramapizzaria Querida Jacinta Rua Grão Pará, 185 Santa Efigênia (31) 97116-2900 @queridajacinta Bar Patorroco R. Turquesa, 875 - Prado (31) 3372-6293 @patorroco Birosca S2 R. Silvianópolis, 483 - Santa Tereza (31) 2551-8310 @biroscas2 Restaurante Xapuri Rua Mandacarú, 260 – Trevo (31) 3496-6198 @ xapurirestaurante Cantina Piacenza R. Rio Grande do Sul, 1236 Santo Agostinho (31) 2515-6092 @cantinapiacenza Restaurante Glouton Rua Bárbara Heliodora, 59, Lourdes (31) 3292-4237 @gloutonbh ONDE BEBER Bar da Lora @bardalora
Tradicional Limonada (31) 98118-6380 @tradicionallimonada Cervejaria Mills e Odeon @cervejariasaosebasriao @millsbrewery @odeonbh Cachaçaria Lamparina @lamprina.cachacaria PASSEIOS Casa do Baile Av. Otacílio Negrão de Lima, 751 (31) 3277-7443 www.facebook.com/ casadobaile.bh Iate Tênis Clube Av. Otacílio Negrão de Lima, 1.350 (31) 3490-8400 www.iatebh.com.br Igrejinha da Pampulha Av. Otacílio Negrão de Lima, 3.000 (31) 3465-6219 Entrada paga Museu Casa Kubitschek Av. Otacílio Negrão de Lima, 4.188 (31) 3277-1586 www.facebook.com/ CasaKubitschek Museu de Arte da Pampulha Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585 (31) 3277-7996 www.facebook.com/map.fmc Tirolesa @lojanerea Mineirão @mineirao ONDE SE HOSPEDAR Novotel BH Savassi Av. do Contorno, 6583 Savassi (31) 3311-9400 @novotelbhsavassi RECEPTIVO Sette Turismo @setteturismo O Brasilturis Jornal viajou a convite da Belotur, com transporte executivo feito pela Sette Turismo
Dever coletivo
N
o mês de dezembro de 2021, ao menos 15 países ao redor do mundo já exigiam o passaporte de vacinação como condição para ingresso de viajantes em seus territórios; alguns países europeus como a Itália, impuseram restrições bem rigorosas em seu território interno, impedindo inclusive a circulação e ingresso em diversos estabelecimentos de pessoas que não possuírem o passaporte verde, como é chamado o documento. O incontestável argumento das autoridades italianas é que a vacinação é a única arma contra a covid-19 e, portanto, todos devem se vacinar. Claro que as medidas foram e estão sendo contestadas por parte da população que não entende desta maneira, e atribui à vacinação obrigatória a perda de direitos e liberdades individuais. No Brasil, até o início do mês de dezembro passado, o Presidente da República negava veementemente a adoção de medidas de controle nos aeroportos e a exigência do documento de vacinação, sob as mais diversas alegações, todas baseada em crenças pessoais, nenhuma pautada pela ciência ou pensamento coletivo. Enquanto isso, a variante Ômicron já começava a se mostrar ao redor do mundo, descoberta na África do Sul no mês de novembro de 2021. Esta nova cepa se mostrou mais rápida nas contaminações, gerando um aumento no número de casos naquele país. Rapidamente, países europeus e os Estados Unidos baixaram medidas proibindo voos de ida e volta para a África do Sul como forma de conter a disseminação em escala da variante. Voltando ao Brasil, o Ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF), analisando e atendendo pedido em ação do partido político Rede Sustentabilidade, emitiu decisão determinando a exigência do passaporte de vacinação, atitude que forçou o governo federal definir e publicar uma portaria, no dia 20 de dezembro de 2021, exigindo a apresentação do comprovante de vacinação contra covid-19 de todos os viajantes, brasileiros ou estrangeiros que chegarem ao Brasil, sendo que são aceitas todas as vacinas que foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e também pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
João Bueno Advogado especialista em associações e consultor jurídico para empresas de Turismo e hotelaria. joao.bn@bnem.com.br
Internamente, mais de 20 capitais brasileiras estão exigindo a comprovação da vacinação para entrada em eventos de grande porte como shows, jogos de futebol, festas. A discussão jurídica nestes casos se baseia na competência de Municípios e Estados poder ou não legislar em tema que seria privativo da União. O tema provoca debates acalorados. Juridicamente existe muitos discussões que envolvem o tema tanto da exigência da apresentação do passaporte de vacinação, como também a própria exigência e obrigatoriedade do cidadão se vacinar. Recentemente, o Governo Federal, através de Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho, ao que parece, movido apenas por questões ideológicas e pessoais do Presidente da República, baixou medida proibindo que as empresas exijam o certificado de vacinação em processos para admissão, bem como impediram a demissão por justa causa nos casos de o empregado não apresentar o documento. Tal medida está sob julgamento do STF, que já teve uma decisão inicial do Ministro Barroso suspendendo trechos da citada medida do Ministério do Trabalho, enquanto se aguarda a decisão final pelo plenário. Até o momento, a votação caminha para a confirmação do voto do Ministro Barroso quanto a inadmissibilidade da medida. São temas extremamente polêmicos, não só no Brasil, mas que por aqui foram nocivamente politizados, por ambos os lados da discussão, ignorando a ciência e a saúde coletiva por caprichos ideológicos que trouxeram prejuízos incalculáveis à nação. Não se trata de uma discussão sobre o cerceamento de direitos de ir e vir, liberdades individuais, mas sim a saúde sob a ótica da coletividade que se sobrepõe a uma vontade individual. Este é o princípio que deve balizar a tomada de decisões sobre o tema. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 19
FEIRAS E EVENTOS
Pluralidade americana Feira focada no Sul dos Estados Unidos se torna “laboratório” de novos produtos para os operadores participantes Allan Colen, Travel South USA
POR LEONARDO NEVES
O
International Showcase 2021 do Travel South USA, mais uma vez, trouxe à tona oportunidades únicas de negócios para os operadores do Brasil. O evento, realizado em New Orleans de 29 de novembro a 3 de dezembro de 2021, e que segue os mesmos moldes do IPW porém focado nos 12 estados que formam o Sul dos Estados Unidos, recepcionou seu segundo maior público de todos os tempos na última edição. De acordo com dados do Travel South USA, o International Showcase 2021 teve 376 participantes, dentre eles 113 operadores internacionais de 17 países diferentes, que puderam conhecer as principais novidades da região, conhecida pela autenticidade e experiências imersivas da cultura americana. Dentre a centena de profissionais de turismo do mundo estava o grupo de sete operadores do Brasil (Agaxtur, BWT, Diversa Turismo, Easy Travel Shop, FRT, Orinter e Teresa Perez Tours), que realizaram dezenas de reuniões com os fornecedores dos 12 estados, fomentando negócios e, possivelmente, criando produtos. “Os operadores estão, mais do que nunca, procurando informação qualificada para saber exatamente como estão os Estados Unidos pós-
-pandemia e reabertura das fronteiras traz de volta o mercado internacional que representa 15% de todos os gastos em compras e serviços no país”, salientou Liz Bittner, presidente do Travel South USA. De acordo com a executiva, os reais impactos da reabertura para o turismo internacional devem começar a serem sentidos a partir de abril, quando é esperado que os índices de visitações na região no segundo quadrimestre de 2022 sejam 80% maiores do que o registrado no mesmo ínterim de 2019. Durante a abertura do International Showcase de New Orleans, Chris Thompson, presidente e CEO do Brand USA, salientou ainda que espera que, em breve, a pandemia da covid-19 caia de categoria para endemia, diminuindo o risco e aumentando o fluxo de viajantes. “Estamos investindo para deixar o mundo ciente que estamos abertos e queremos todos de volta. Atualmente, estamos focados nos mercados do Reino Unido, Canadá e México onde iremos trabalhar com três operadoras em cada uma delas para fornecerem dados robustos que vão nos ajudar a promover os EUA de maneira mais precisa”, apontou o executivo. Os importantes índices do mercado internacional fazem com que
o Travel South USA dobre a aposta no mercado do Brasil. O órgão está com agenda em solo brasileiro a partir de abril de 2022, com ações para agentes e operadores de São Paulo e Rio de Janeiro, através da representação de Allan Colen. “O Showcase foi uma excelente vitrine para divulgação dos destinos do Sul, e um excelente veículo para conectar operadoras aos receptivos locais, atrações e ficar em dia com as novidades mais relevantes de cada destino. Muitas reuniões com resultados positivos e conexões de valor que em breve serão notados no mercado”, ressaltou Colen. “Explorar o Sul dos EUA é um movimento natural dos viajantes que estão, cada vez mais, buscando opções de viagens com mais experiências, recheadas de opções culturais e hospitalidade sem igual. A proximidade entre os estados e a grande oferta de atrações e cultura proporcionam um cenário perfeito para aquela road trip dos sonhos, opção para casais, famílias e grupos de todas as idades”, concluiu o executivo. Apesar de, atualmente, a moeda americana estar supervalorizada frente o real, chegando a seis por um no câmbio atual, o órgão crê que a gana do brasileiro por viajar aos Estados Unidos movimente a
ORINTER A Orinter está projetando vendas mais diversificadas para os Estados Unidos em 2022. A empresa aposta no aumento da busca dos brasileiros por destinos menos populosos e roteiros mais selecionados para o próximo ano. Apesar de não deixar de destacar os principais mercados de vendas nos Estados Unidos como Orlando, Miami, Nova York e Las Vegas, a Orinter já trabalha na ampliação dos negócios para cidades do Sul como Nashville, conhecida pelo cenário musical. “Orlando sempre foi o nosso carro-chefe e não deixou de ser vendido, mesmo no período de pandemia. Ou seja, os negócios estavam bem, mas dispararam com a reabertura e os números para a região Sul são muito bons e devem continuar crescendo”, salientou Jorge Souza, gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Orinter que ainda recebeu uma homenagem do Travel South USA durante a cerimônia de abertura da feira. 20 Brasilturis
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economia dos estados do Sul. “Nosso principal objetivo agora é resgatar os índices alcançados em 2019, seguindo todos os protocolos de segurança estipulados pelo Governo, o que é um grande desafio e, por isso, estamos promovendo atividades ao ar livre e experiências selecionadas”, apontou Liz Bittner. Já o International Showcase retorna de 27 a 30 de novembro de 2022, sendo realizado em Louisville, no Kentucky, estado que têm apostado fortemente na promoção da Rota do Bourbon e já visitado pelo Brasilturis Jornal em 2019. UM NOVO EUA EM 2022 Todas as sete operadoras presentes no International Showcase de 2021 exaltaram a construção de novos produtos para os Estados Unidos com base nas reuniões e vivências que tiveram no Sul, principalmente quando os viajantes brasileiros demandam novidades além dos destinos consolidados como Orlando ou Nova York.
O Brasilturis Jornal viajou a convite do Travel South USA e proteção de seguro Afinitty
TERESA PEREZ TOURS A Teresa Perez Tours está ampliando o portfólio de roteiros selecionados. A região Sul é vista como um grande potencial para os viajantes de alto padrão que buscam por novas experiências. De acordo com Tatiane Souza, coordenadora de Produtos da Teresa Perez Tours, as expectativas para o próximo ano são as melhores com a abertura de novas datas para renovação do visto que deve causar um “boom” de clientes nos EUA, que é um dos principais destinos da operadora. “O sul dos Estados Unidos se mostrou muito plural, e com isso poderemos renovar nossos
roteiros e incluir dicas exclusivas que descobrimos durante essa viagem. Agora, estamos prontos para personalizar os roteiros para interesses diferentes”, afirmou Tatiane.
DIVERSA TURISMO A Diversa Turismo também está avançando no mercado dos Estados Unidos. Participando pela primeira vez do International Showcase, a operadora, que já tem procura alta pela capital da Louisiana e por Atlanta, quer acrescentar a costa do Mississippi ao portfólio de produtos neste ano. De acordo com Georgia Mariano, gerente de Produtos da Diversa, a empresa notou que os passageiros estão cada vez mais em busca de experiências novas e que os EUA devem ser um dos países mais vendidos para operadora em 2022. “Esse é um momento muito importante para trazermos uma novidade aos clientes, combinando diversos destinos nos Estados Unidos. Estou considerando agregar a cidade de Biloxi, no litoral do Mississippi, que é a cara do brasileiro, combinando praia, cassino e temperatura agradável”, disse.
EASY TRAVEL SHOP A Easy Trave Shop, também participado pela primeira vez do Showcase, continua em busca de ampliar o portfólio com novos produtos que devem ganhar as prateleiras a partir de 2022. Representada mais uma vez nos Estados Unidos por Bárbara Picolo, diretora de Produtos e Operações, a empresa observa potencial nos diferentes destinos do Sul do país. Cidades com Atlanta e New Orleans, além das rotas etílicas como a do Bourbon no Kentucky e da música em Nashville, são algumas das experiências que devem ganhar destaque no próximo ano. “Nas 37 reuniões que realizei, percebi que os fornecedores locais têm muitas atrações, sendo algumas pagas ou gratuitas, já que dentro da ETS também acrescentamos experiências sem custo, que serão colocadas em breve na nossa prateleira”, afirmou Barbara, destacando regiões como Atlanta, Graceland e Tupelo como ideais para experiências de carro.
FRT A FRT segue incrementando os produtos nos Estados Unidos. A operadora segue tendo alta nas vendas para o mercado americano e já começa a explorar novos destinos no Sul do país. Uma das apostas da FRT que deve alavancar o número de brasileiros indo aos Estados Unidos, é a consolidação do novo voo da Copa Airlines ligando o Panamá a Atlanta, na Georgia, com frequências a partir deste mês. Assim como no IPW 2021, em Las Vegas, a FRT foi a feira do Travel South USA representada por Melissa Rosa, gerente de Mercado Estados Unidos os e Canadá da operadora, visando novos produtos que unam cultura, música, gastronomia e arte. “Mesmo com o dólar alto os viajantes têm buscado os Estados Unidos, ainda mais desde o anúncio da reabertura das fronteiras. Esse mesmo viajante que já conhece Orlando e outros destinos consolidados, quer outras coisas e experiências como as oferecidas nos estados do Sul”, disse a executiva.
AGAXTUR A Agaxtur continua tendo resultados positivos com vendas de produtos dos Estados Unidos no último trimestre de 2021. A operadora, que também foi homenageada durante o Internacional Showcase, tem no país um dos principais produtos, dividindo espaço com Caribe e destinos nacionais. Apesar do aumento no fluxo das vendas dos produtos Estados Unidos, Vilmara Souza, coordenadora de Produtos Internacionais da Agaxtur, apontou que alguns pontos que ainda preocupam a operadora são a instabilidade cambial, deixando o dólar caro para os brasileiros, e a demora no processo de renovação e emissão de vistos dos turistas. “Existe uma preocupação com estes pontos que precisamos levar em consideração que podem ser impactantes para o andamento dos negócios nos EUA em 2022”, apontou Vilmara Souza.
BWT A BWT Operadora está com novidades para os produtos Estados Unidos em 2022. A empresa irá trazer novos destinos e roteiros baseados na região Sul do país norte-americano, com foco nas experiências e viagens de carro. Segundo Bruno Delfini, gerente de Produtos e Operações da BWT, a retomada das viagens para os Estados Unidos deve impulsionar o desenvolvimento de roteiros “self-drive”, onde os viajantes alugam um carro e pegam as estradas americanas, fazendo paradas em diferentes destinos e atrações. “Desde setembro com o anúncio da reabertura as vendas já melhoraram muito, puxados por destinos mais tradicionais e conhecidos, mas gradativamente as vendas têm aumentado para aqueles que vendíamos em menor volume e estão ganhando espaço”, disse o executivo. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 21
FEIRAS E EVENTOS LOUISIANA
NEW ORLEANS
A Rota dos Diretos Civis do estado de Louisiana (EUA) será ampliada a partir de fevereiro de 2022. Atualmente com 15 paradas, entre museus, restaurantes e locais históricos, o roteiro ganhará três pontos adicionais, que poderão ser visitados em qualquer ordem. Apesar dos Estados Unidos contar com um roteiro nacional, a Rota dos Direitos Civis de Louisiana passou a ser elaborada a partir de 2019, em uma ação conjunta de Billy Nungesser, vice-governador do estado, e a equipe de promoção do turismo local. Neste período foram realizadas centenas de reuniões que resultaram em 200 pontos se candidatando para entrar oficialmente na rota. O estado, um dos mais miscigenados e com maior influência da cultura afro-americana nos EUA, aposta fortemente no roteiro para 2022, que deve marcar a volta dos viajantes internacionais após a reabertura das fronteiras. “Este é o melhor momento para promovermos a rota com as viagens crescendo cada vez mais. Ao longo de 2022 vamos levá-la para feiras em mercados internacionais estratégicos e ampliar ainda mais o alcance”, apontou Billy Nungesser.
New Orleans, em Louisiana (EUA), terá um novo festival de música a partir de outubro de 2022. O “Nola by Nola”, introduzido em 2020 no auge da pandemia da covid-19, se tornará um evento anual, movimentando as casas de música da cidade ao longo de dez dias. Conhecido pelo Jazz Festival e o Mardi Gras, New Orleans viu a chance de movimentar o cenário musical da cidade através do “Nola by Nola” que em 2020 realizou mais de 200 shows espalhados em 35 estabelecimentos de toda a cidade. Desta forma, o calendário de eventos da cidade da Louisiana está sendo delineado para o próximo ano, com a expectativa que as atrações voltem ao normal o quanto antes. Kelly Schulz
MISSISSIPPI
Mike Mangeot
KENTUCKY O Kentucky segue promovendo seu principal carro-chefe e chamariz de viajantes: a rota do Bourbon. A trilha turística, que leva os viajantes por diferentes destilarias do estado, teve algumas das paradas totalmente remodeladas em reformas milionárias. Uma das destilarias do Kentucky que passou por mudanças foi a Heaven Hill, que investiu cerca de 20 milhões de dólares para reformas do centro de visitantes, acrescentando novas experiências como a chance de engarrafar seu próprio Bourbon. Além da Heaven Hill, a marca mais conhecida da bebida destilada, a Jim Bean, também aproveitou o período da pandemia para repaginar seu centro de visitantes em um investimento de 40 milhões de dólares. 22 Brasilturis
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O Mississippi é um dos estados americanos que irá investir no mercado brasileiro em 2022. O destino deve ampliar as ações nos países considerados estratégicos, dentre eles o Brasil, de olho no fluxo de viajantes internacionais, provenientes da reabertura das fronteiras. Apesar de ser beneficiado com o aumento do turismo interno, o momento do estado é semelhante aos demais, com a expectativa que o fluxo de viajantes internacionais retorne a partir do período de alta temporada, apostando na proximidade com New Orleans e a região costeira como um dos principais chamarizes. Uma das grandes novidades do destino é a recente abertura de um aquário o Mississippi Aquarium, na cidade de Biloxi. Aberto há cerca de seis meses, o espaço traz diversas espécies de vida marinha local em uma exposição ampla e com espaços abertos. Outra novidade é o Pearl Hotel, um hotel boutique de 53 quartos, que abriu as portas na região costeira do estado, na cidade de Bay Saint Louis.
GEORGIA
Rachel Obermeier e Martin Schafer
A Georgia quer fortalecer sua promoção, principalmente, através das cidades de Atlanta e Savannah, as duas mais populares, para atrair os turistas internacionais em 2022. Através da promoção de rotas gastronômicas e a diversidade urbana nas duas cidades, a Georgia busca atrair os viajantes brasileiros para seus arredores com a mescla de roteiros e destinos que incluem montanhas e parques nacionais, com atividades a céu aberto como explorar as vinícolas no Norte. A maior porta de entrada para o viajante do Brasil na Georgia é a capital Atlanta que, recentemente, ganhou um voo da Copa Airlines, a partir do Panamá, e contando com uma operação robusta da Delta Air Lines a partir de São Paulo.
Jesus Garcia (Atlanta CVB)
TENNESSEE O Tennessee está expandindo sua rota musical para 2022. Conhecida principalmente pelo cenário mais ativo nas cidades de Memphis e Nasville, o estado espera levar mais turistas para as cidades próximas com uma nova competição de música em 40 locais diferentes, a partir de fevereiro do próximo ano. Dessa forma, com a apresentação de artis-
Jill Killgore
tas em diferentes clubes, buscando vencer a disputa de quem escreve a melhor canção, o Tennessee quer fomentar o fluxo de visitantes nos municípios nos arredores das suas duas maiores cidades. O estado, inclusive, já está preparado para a expansão do fluxo de viajantes internacionais que deve ocorrer em 2022, com sua rede hoteleira ainda maior, conforme já adiantado durante o IPW 2021.
ARKANSAS, CAROLINA DO SUL E WEST VIRGINIA
Wit Tuttell
CAROLINA DO NORTE A Carolina do Norte está de olho no fluxo de turistas internacionais que devem visitar a Flórida e Nova York nos próximos meses. Desde a reabertura das fronteiras dos Estados Unidos para o turismo, o estado estuda captar mais visitantes brasileiros, principalmente destes dois mercados. Devido a posição geográfica que beneficia o trânsito entre os três estados, a Carolina do Norte quer convencer os viajantes a passarem uns dias através dos seus roteiros de esqui, considerado ideais para iniciantes na prática, além dos tours de moonshine e atividades a céu aberto nas Smokey Mountains. Além disso, o estado espera captar os viajantes estrangeiros com os roteiros pela costa litorânea, puxado pelos destinos costeiros que podem ser acessados apenas de barco como Buxton, Hatteras, Avon, entre outros.
Travis Napper e Kim Williams
Brie Burnett
Lauren Hough
ALABAMA
Andi Martin
O Alabama é um dos estados com mais novidades no Sul dos Estados Unidos para 2022. O destino traz para o próximo ano diferentes aberturas e reformas de hotéis, atrações e rotas turísticas, com destaque para a Rota dos Direitos Civis, que têm sido um dos carros-chefes da promoção turística local. Inclusive, uma das cidades mais simbólicas da luta racial, Selma, teve o ho-
Arkansas, Carolina do Sul e West Virgínia estão promovendo roteiros de natureza para fomentar o turismo em 2022. Os três estados destacaram atividades ao ar livre e algumas bem peculiares das suas regiões para os turistas. O Arkansas continua a destacar o roteiro bem diferente de mineração de pedras preciosas. O estado tem a única mina aberta para o turismo. Os visitantes podem pegar uma picareta e tentar achar uma pedra valiosa. Caso encontrem algo, eles podem ficar com o que acharem. A Carolina do Sul continua a se apoiar na promoção das atividades a céu aberto, dentre elas a visitação a Myrtle Beach, no litoral do estado. Além disso, a cidade de Charleston está à espera da inauguração do Grand Bohemian Hotel, expandindo a oferta hoteleira local. Já West Virginia, assim como na edição passada do International Showcase, continuou a destacar os parques nacionais da região, nos quais o viajante pode fazer trilhas, acampar, seja a pé ou a bordo de uma motorhome.
tel Saint James totalmente reformado. Já Montgomery se tornou sede do novo e ampliado Museu Legacy, que explora mais afundo a história da escravidão e cárcere de negros no estado. Já no próximo ano, entre abril e maio de 2022, a cidade de Mobile será sede de um novo museu que conta a história do navio negreiro Clotilda. A embarcação levava escravos para o Norte da cidade no Alabama, onde formaram uma comunidade ativa nomeada de Africatown. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 23
VIA SUSTENTÁVEL
Saúde e prosperidade sustentáveis social não nos permite celebrar. podem acessá-lo. Sim. Quem viaE para moldar uma vida mais O confinamento que começou a ja hoje reconhece o seu privilégio. sustentável, é preciso mais transser aliviado com a vacinação con- Seja pela vida ou pelo trabalho que parência nas informações do turistinua sendo uma ameaça real com foram preservados. mo, uma reivindicação recorrente o surgimento de variantes, mas, Velma Gregório Há uma multidão querendo do setor. Nos governos, nas emprincipalmente, um medo latente voar, sair de casa, desestressar, presas, nos fornecedores. Quanto Diretora de Comunicação e especialista em sustentabilidade nas pessoas de voltarem àquele ver o mundo, passear, trabalhar, se mais transparente, mais o turismo velma@editoravia.com estágio. reunir. Mas essas mesmas pessoas fomenta a sustentabilidade. E sera Então, o turismo recebe uma não querem horas em filas, nem assim que o nosso desejo de saúcarga de responsabilidade mui- voos cancelados, nem empresas de e prosperidade para o Ano Novo to grande diante deste cenário e que somem do dia para noite com tornar-se-á ação, a despeito de toessoas ao redor do mundo precisa atender ao interesse de os seus novos sonhos. É responsa- das as ameaças. expressam um forte desejo um vida mais sustentável daque- bilidade de todos cuidar das pesFeliz 2022. Saúde e prosperidade viver um estilo de vida les que são os privilegiados e que soas e dos negócios. de. E viagens. mais sustentável, mas uma proporção muito menor afirma ter realmente feito essas mudanças. Desejo de mudar o estilo de vida x mudanças feitas para Essa lacuna entre aspiração e ser mais sustentável, por região, em 2021. ação é maior nos mercados emergentes, particularmente na América Latina, África e Oriente Médio, onde a maioria das pessoas diz que gostaria de fazer “muito” para viver de forma mais sustentável, segundo um levantamento feito com 30 mil pessoas pela GlobeScan Healthy & Sustainable Living Study em julho de 2021 e divulgado na segunda quinzena de dezembro. As pessoas estão interessadas em viver de forma mais sustentável, mas precisam de ajuda para isso. Essa é uma oportunidade para governos e empresas ajudarem a moldar e possibilitar estilos de vida mais saudáveis e sustentáveis. O ano de 2021 foi muito duro. Mais de cinco milhões de pessoas morreram em razão da Covid-19 no mundo todo e, ainda que haja conquistas pessoais, a tragédia Fonte: GlobeScan Healthy & Sustainable Living Study
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