ENTREVISTA
AVIAÇÃO
FEIRAS E EVENTOS
Luciane Leite antecipa as novidades e revela os destaques da WTM Latin America 2020
Nova rodada de leilões irá conceder 22 aeroportos brasileiros à iniciativa privada
Lacte atrai 1,1 mil gestores e clientes corporativos com programação sob demanda
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A PA I X O N A D O S P O R C O M PA R T I L H A R R$ 18,90 |
ANO 40
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Nº 834
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MARÇO 2020
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brasilturis
brasilturisjornal
FESTAS JUNINAS
Comemorações trazem oportunidades de negócios a agências e operadoras Pág. 16 HOTELARIA
PARQUES E ATRAÇÕES
DESTINO
PET FRIENDLY Turismo faturou R$ 36 bilhões com produtos e serviços voltados aos pets em 2019 Pág. 20
Universal Resorts reforça próximas estreias em megatreinamento e Hopi Hari propõe retorno às origens para reconquistar o público Pág. 22
PERNAMBUCO Carnaval 2020 reforça identidade cultural do estado e adota iniciativas sustentáveis Pág. 24
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EDITORIAL
O primeiro passo
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iver em sociedade exige posturas e pressupõe comportamentos que variam de acordo com o objetivo de cada um. Os pré-requisitos básicos para uma convivência pacífica são a educação e o respeito mútuos, o que vale também para o mundo dos negócios. Ouvimos, desde cedo, recomendações sobre a importância de se desculpar. Pais, professores, gestores e mentores profissionais... O reforço vem de todos os lados e se mantém por diferentes estágios da vida. O problema é que a sociedade contemporânea trouxe novos desafios ao propor a convivência também nos ambientes criados pelas redes sociais. Em um planeta polarizado, o mundo virtual trouxe ambientes seguros e reduziu nossa capacidade de argumentar. Bombardeadas por informações (muitas vezes de origem duvidosa) e alimentadas pela falta de empatia, as pessoas acabaram por automatizar as desculpas. A palavra surge como um escudo para apresentar visões dissonantes. Em uma reunião, o profissional confrontado por um superior com visão diferente em relação a um determinado assunto já começa sua fala se desculpando. “Desculpe, mas eu vejo a situação de outra maneira”. Como se fosse preciso se livrar da culpa antes de expor uma opinião divergente da maioria. Ou, pior, iniciando a conversa já em tom de discussão. Perdemos a habilidade de argumentar, diminuímos as doses de espontaneidade em nosso cotidiano. Só consideramos como verdadeiras as informações com as quais concordamos. Protegidos em nossas bolhas, optamos por não ouvir a opinião do outro. Essa atitude, que já não é saudável para a vida pessoal, traz ainda mais danos para os negócios porque fecha portas que poderiam trazer novas oportunidades. O Turismo é uma atividade que pressupõe troca, que
requer tolerância com as divergências. Viajar é, antes de tudo, ter contato com novas culturas, é conhecer formas diferentes de lidar com a vida. É ver o mundo sob uma nova perspectiva e deixar que
a novidade nos transforme. “Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”, como já diria o pernambucano Chico Science. Resta saber quem está disposto a dar o primeiro passo.
Camila Lucchesi Editora-chefe
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ENTREVISTA
Ela disse sim LUCIANE LEITE Diretora da WTM Latin America
POR CAMILA LUCCHESI
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ão adianta negar: a maioria dos profissionais do trade ainda torce o nariz ao notar a circulação de universitários em eventos e feiras de Turismo. Guiados pelo desejo de “encontrar clientes, não estudantes” os executivos se esquecem, entretanto, que o bacharelando de hoje pode ser o fornecedor de amanhã. Foi pensando em solucionar essa equação que a WTM Latin America decidiu “importar” um modelo que já é sucesso na edição da feira em Londres. A feira disse sim para os estudantes com o “Future U”, projeto que será realizado pela primeira vez no Brasil, em parceria com o Institute of Travel & Tourism, e com apoio local das professoras doutoras Mariana Aldrigui (USP) e Elizabeth Wada (Anhembi Morumbi). Essa é uma aposta forte, mas não é a única novidade preparada para a edição 2020. O formato segue o modelo focado em alianças para expandir a oferta de conteúdo com apoio de empresas, institutos de pesquisa internacionais e de nomes consagrados. Como Paulo Salvador que, neste ano, migra do conselho consultivo da WTM para a curadoria do teatro dedicado a debates sobre a tecnologia e o futuro da indústria. Assim, enquanto Phocuswright e Euromonitor aproveitam o encontro latino-americano para expor o resultado de pesquisas que debatem os caminhos e apontam os desafios do turismo na região, a sinergia com associações de turismo corporativo e Mice tornam a programação atrativa também aos gestores de viagens. A organização dá as boas-vindas a novos expositores e oferece vantagens extras para os clientes, como um novo aplicativo para aumento do ROI e gerar leads de vendas – com promessa de pouca mão de obra e direito a avaliação personalizada. Outro tema que vem sendo festejado pela direção é a entrega inédita do Prêmio de 4
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Turismo Responsável às melhores inciativas latino-americanas. Competição de startups, conteúdo focado em tendências segmentadas por área, mentoria para mulheres... Para Luciane Leite, diretora da WTM Latin America, a diversificação e inovação constantes vêm da abertura que a organização dá para o mercado. “Quando falamos com o cliente, descobrimos interesses, necessidades e particularidades que até então eram desconhecidas para nós. A partir daí, a gente se alia aos melhores especialistas para estudar como podemos entregar o que foi demandado. Tudo começa com a atitude de ouvir o mercado. Insisto que a gente tem de aprender a escutar”, diz. Um mês antes do corte da fita inaugural, a executiva pontuou desafios e destacou as novidades do evento que acontece de 31 de março a 2 de abril, no Expo Center Norte, na capital paulista. Confira! Nesses oito anos, a WTM Latin America conquistou fama de boa ouvinte ao estrear áreas e serviços pautados em demandas do mercado. Quais são as novidade para este ano? Na pesquisa mais recente, 85% dos respondentes disseram que a geração de leads de vendas era o principal objetivo dos expositores. Por isso, vamos lançar, neste ano, o Emperium, um aplicativo que funciona offline e lê as informações do crachá de todos os visitantes do estande, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados. Os executivos podem dar notas para cada contato, de acordo com a possibilidade de negócios com determinado cliente. O expositor não precisa solicitar, todos vão receber o link para download gratuito. Outras solicitações de expositores era ter espaços para a promoção de marcas, produtos e empresas em áreas alternativas, o que nos levou à criação da Wi-Fi Plaza, como ponto de apoio e para networking, e do WTM Live no ano passado. Pode adiantar quem estreia na feira este ano? Estou muito feliz com a chegada de Portugal que, pela primeira vez, participa com estande próprio; e com o retorno do México, que passou por reformulações estratégicas no ano passado e volta a expor em 2020. Moscou e Índia também estreiam e o Panamá
retorna. Muitos estados brasileiros participam de forma independente, não apenas no espaço reservado ao Ministério do Turismo. Temos toda a América Latina representada e a América do Norte, com um estande grande do Brand USA. Temos grandes redes hoteleiras como Accor, GJP, Iberostar, Hilton, Meliá... A área de operadoras está ainda mais forte e nosso casamento com os cruzeiros também vai muito bem.
organizadores de eventos, porque os visitantes querem encontrar clientes. Mas eles esquecem que o estudante de hoje é o fornecedor de amanhã. A ação trará os estudantes para visitar a feira e participar de uma palestra sobre mercado de trabalho no terceiro dia [2/4]. Esse papel é muito maior do que entregar um evento de sucesso, temos a responsabilidade de criar profissionais sintonizados com o mercado.
E quanto às tendências destacadas tradicionalmente por Phocuswright e Euromonitor? Ainda não divulgamos os temas, mas teremos essas confirmações em breve. O que eu posso confirmar é a realização do primeiro Startup Hub dentro da programação do Travel Foward. Eles terão dois dias para desenvolvimento e aconselhamento e a premiação acontece na quinta-feira [2/4]. Os três melhores colocados terão acesso ao Campus Party. Essa área ganha mais um dia e curadoria mais do que especial neste ano. Paulo Salvador é um profissional fantástico! Ele foi mediador de algumas palestras no Travel Foward de Londres, no ano passado, e agora é responsável pela curadoria dessa área que traz conteúdo e fornecedores voltados ao futuro da indústria focado em três pilares: técnico, antecipação de tendências e transformação de pessoas.
Sustentabilidade é um pilar que vem guiando as ações de muitas empresas e a WTM cede espaço para premiar as melhores iniciativas em Turismo Responsável. Além desta homenagem, que ações concretas a feira realiza nesse sentido? O prêmio teve 53 inscritos, considerando 38% de iniciativas do Brasil e 62% da América Latina. Queremos trazer algum grupo que represente minorias para prestar serviço, podem ser idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou alguma síndrome. Também estamos buscando parceria com refugiados para trazer novos sabores à área de alimentação e negociando com o Expo Center Norte a separação do lixo reciclável. O catálogo oficial, produzido em parceria com o Brasilturis Jornal, será impresso em papel reciclado e estamos fazendo um grande trabalho de conscientização para diminuir a circulação de papel na feira.
Depois do Women in Travel, no ano passado, a WTM traz agora um programa voltado ao universo acadêmico. Qual é a ideia principal do Future U? O programa de mentoria para mulheres foi criado pela Alessandra Alonso para a feira de Londres e veio para cá no ano passado, sob a responsabilidade de Mariana Aldrigui, professora doutora da Universidade de São Paulo. Foi um sucesso! Temos novidades para este ano que incluem um painel com a participação de executivas e secretárias de turismo latino-americanas e a criação de uma plataforma para manter as participantes em contato. Agora, decidimos investir no profissional do futuro, em parceria com o Institute of Travel & Tourism de Londres. Localmente, o projeto é apoiado pela Mariana e pela Elizabeth Wada [professora doutora da Universidade Anhembi Morumbi]. Trazer estudantes sempre foi um desafio para os
Existe alguma solicitação que vocês ainda não conseguiram atender? Estamos tentando melhorar os alinhamentos para o speed networking. O desafio é o seguinte: na hora do agendamento, na plataforma, é possível escolher com quem você quer falar. Acontece que alguns profissionais latino-americanos que desejam ampliar sua atuação solicitam reuniões que não têm a ver, necessariamente, com o escopo atual. É desafiador fazer o fornecedor entender que não adianta ele tentar vender o roteiro de barco pela Amazônia, por exemplo, para um comprador britânico que não trabalha com roteiros fluviais na região. Os fornecedores estrangeiros são muito claros ao pontuar a impossibilidade de fechar negócios e os latinos ficam constrangidos. É um choque de cultura que estamos trabalhando para resolver.
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AVIAÇÃO
Novos domínios aéreos Confira como o leilão de 22 aeroportos brasileiros marcado para acontecer neste ano irá impactar o mercado e o consumidor
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POR FELIPE LIMA
s recentes concessões aeroportuárias se mostraram como um divisor de águas para o setor aéreo. Geridos pela iniciativa privada, alguns terminais brasileiros puderam esten-
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der serviços e rotas, atendendo ao objetivo principal imposto pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de ampliar a infraestrutura e avançar em competitividade. A quinta rodada de
negociações neste formato, finalizada no ano passado, concedeu contrato de 30 anos para cada um dos 12 aeroportos. Segundo o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), os
leilões foram responsáveis pelo investimento total de mais de R$ 3,5 bilhões. O bloco Sudeste contemplou os aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RS) com R$ 630 milhões. No Centro-Oeste, os equipamentos de Alta Floresta, Sinop, Várzea Grande/Cuiabá e Rondonópolis (MT) receberam R$ 763 milhões. A maior fatia - R$ 2,14 bilhões - foi destinada aos aeroportos de Juazeiro do Norte (CE), Campina Grande e João Pessoa (PB), Recife (PE), Maceió (AL) e Aracaju (SE). Neste mês de março, inicia-se a consulta pública para outros 22 terminais, o que, na prática, significa que em breve começará a sexta rodada de concessões dos equipamentos que foram divididos em três blocos – Sul, Central e Norte -, para contratos de concessão de 30 anos. A expectativa é alcançar investimento total de R$ 6,7 bilhões para os terminais que, juntos, são responsáveis por 11% dos passageiros registrados no País. Em 2019, foram contabilizados 23,9 milhões de embarques e desembarques por esses terminais. As novas concessões aquecem o mercado aéreo e criam um tom de otimismo em relação a ações futuras, como aponta a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Em entrevista ao Brasilturis Jornal, a entidade salientou que apoia a continuidade do processo, iniciado pelo governo federal em 2012, por conta do ganho de agilidade na expansão da capacidade operacional. “Isso possibilita mais opções de voos, conectividade e sensíveis melhorias na experiência dos passageiros, preparando o Brasil para o aumento do tráfego aéreo esperado a partir do crescimento da economia”, reforçou. Como contraponto, a associação
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AVIAÇÃO revelou preocupação em relação a um eventual aumento excessivo dos custos aeroportuários nos terminais concedidos, já que a elevação das taxas impacta diretamente nas despesas das companhias. “A Abear espera que os investimentos previstos para a malha aeroportuária brasileira nos próximos anos atendam ao planejamento de expansão das operações aéreas no País”, complementa a entidade, por meio de comunicado. Marcos Antônio de Andrade, professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pontua que os consumidores serão os principais beneficiados pelas concessões com a redução nos preços dos bilhetes. Contudo, nada acontecerá no curto prazo. “Isso será possível pela ampliação do mercado brasileiro, principalmente com a chegada das low costs”, defende. O docente deixa claro, no entanto, que a tendência otimista em termos econômicos deve ser impactada pelo cenário político caraterístico de um ano de eleições. “O objetivo é abrir o mercado brasileiro para que seja explorado por companhias aéreas internacionais, principalmente as de baixo custo. O maior obstáculo não é técnico, mas político. Hoje o transporte aéreo brasileiro é muito caro e de baixa qualidade”, opina.
HISTÓRICO DE CONCESSÕES Durante a quarta rodada de concessões, realizada em 2017, a Fraport Brasil assumiu a gestão dos aeroportos de Porto Alegre (RS) e Fortaleza (CE). De acordo com Natalie Valezi, diretora de Marketing, Comunicação e Qualidade da concessionária, a empresa tomou como premissa levar os padrões internacionais de segurança, operações e serviços aos seus passageiros e usuários. A executiva destaca a eficiência do time para superar desafios, como os prazos apertados do contrato de concessão. “O apoio dos órgãos governamentais e do poder concedente foi e é essencial para os resultados”, informa. Natalie ressalta que o aeroporto de Porto Alegre já está com 82% das obras concluídas. Dentre as principais mudanças do terminal gaúcho estão a inauguração de uma área para controle de segurança, sala de embarque internacional, check-in e salas de embarque e desembarque domésticos. O aeroporto terá ainda a expansão da pista para pousos e decolagens – que saltará dos atuais 2,8 quilômetros para 3,2 quilômetros -, permitindo a recepção de aeronaves maiores. Em Fortaleza, já estão concluídas parte das obras de expansão – incluindo o acesso ao embarque internacional, salas de embarque
e desembarque internacional – e as inaugurações – área de check-in doméstico e internacional, espaço para fluxo de passageiros em desembarque e conexões, duas esteiras de restituição de bagagens e seis das oito pontes de embarque. Até abril, o equipamento deve estrear uma área para controle eletrônico de passaporte. Responsável pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) desde 2012, a GRU Airport foi responsável por uma das maiores conquistas do equipamento: a ampliação no sítio aeroportuário com a inauguração do Terminal 3, que levou a uma reorganização de todos os outros terminais. A novidade expandiu a capacidade de tráfego de passageiros em 500 mil, o que permite ao maior aeroporto da América do Sul receber 50,5 milhões de viajantes por ano. Em 2019, o aeródromo recebeu 43,3 milhões de clientes. Gustavo Figueiredo, CEO da GRU Airport, reforça a estratégia de negócios baseada no tripé modernização dos terminais, investimentos em tecnologias que facilitam os processos internos (embarque, desembarque e despacho de bagagem) e infraestrutura de segurança. “Para o usuário do aeroporto, deve ser perceptível que temos aumentado a oferta de rotas diretas para dentro e fora do Brasil a cada ano. Isso comprova a aceitação do mercado em relação à nossa administração e nos mantém cientes
do desafio de manter os índices de qualidade, apesar das oscilações do mercado”, declara. DESTINOS MAIS CONECTADOS Mato Grosso foi o estado que mais teve novidades nas gestões aeroportuárias durante a quinta rodada de concessões. Jefferson Preza Moreno, secretário adjunto de Turismo do estado, afirma que a pasta avalia positivamente a ação, por conta da agilidade nos processos de melhorias dos aeroportos, proporcionando melhor infraestrutura para os turistas. A Centro-Oeste Airports, concessionaria responsável pelos quatro terminais leiloados no ano passado, se comprometeu a investir em ampliação e manutenção desses aeródromos.
Rafael Brito
OPINIÃO DO MERCADO Consultadas pela reportagem do Brasilturis Jornal, duas aéreas afirmaram ver o movimento de privatização com bons olhos. Conheça a posição oficial de cada corporação: AZUL - “Conceder esses equipamentos para a iniciativa privada garante o investimento necessário para ampliação e modernização das estruturas, fundamentais tanto para garantir operações mais eficientes e pontuais como para suportar o crescimento da demanda brasileira. O poder público não tem a capacidade de realizar o crescente investimento necessário, tanto para atualizar muitos aeroportos antigos ou saturados, que ficaram anos sem melhorias, como para dar conta da expansão potencial da demanda por transporte aéreo no País. O início da nova gestão nos aeroportos concessionados é um fator natural desse processo e a Azul
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está trabalhando para criar um relacionamento próximo com seus novos interlocutores, endereçar questões operacionais de curto, médio e longo prazo, e até mesmo, revisar planos de crescimento em cada um deles.” LATAM - “As concessões aeroportuárias ajudam a acelerar os investimentos em infraestrutura com tecnologias mais modernas, proporcionando ganhos de eficiência para a operação e, principalmente, oferecendo um produto de qualidade aos passageiros (melhor experiência). Entretanto, é importante que esse processo de modernização
dos aeroportos não provoque aumentos de custos operacionais para as companhias aéreas tampouco para os clientes. Independentemente dos leilões, a Latam está sempre atenta a todas as oportunidades de mercado para ampliar a sua malha aérea. A companhia avalia constantemente sua rede doméstica e internacional para identificar as rotas que são rentáveis e sustentáveis a médio e longo prazo.” GOL - A companhia preferiu não se manifestar, reforçando que apoia o posicionamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
A estimativa, segundo Moreno, é que R$ 386,7 milhões sejam aplicados durante os primeiros cinco anos de concessão. “Isso trará melhorias, como adequação de banheiros e fraldários, disponibilização de internet wifi gratuita, sistemas de climatização, escadas rolantes, elevadores e esteiras para restituição de bagagens, além de outras intervenções de acordo com informações disponibilizadas
Dorval Uliana
pela Anac”, detalha. O executivo reforça a expectativa de fomento no fluxo de passageiros, mas destaca a necessidade de aderir a iniciativas para reduzir a alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o querosene de aviação para consolidar a melhora na malha aérea do estado. “Devido à posição estratégica, o Aeroporto Internacional Marechal Rondon, localizado na região metropolitana de Cuiabá, já está recebendo investimentos para tornar-se um hub da América do Sul”, completa. Rafael Brito, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas, declara que o destino já batalhava de forma independente para o crescimento na malha aérea e no desenvolvimento de novas oportunidades para atração de turistas. Agora, a chegada da gestora aeroportuária Aena Desarrollo Internacional é vista como um reforço e tanto para concretizar a oferta de novas rotas e ampliações. Ele ressalta que, contratual-
mente, a concessionária deve investir em infraestrutura nos primeiros cinco anos e revela o contentamento das companhias que operam no destino com a possibilidade de fechar novos negócios. “A Aena iniciará um grande programa de incentivos com redução de tarifas aeroportuárias para passageiros e companhias aéreas [em pousos, decolagens e hangar] para atração de novas rotas e destinos”, se orgulha Brito. No Sudeste, o otimismo vem do Espírito Santo, conforme declara Dorval Uliana, secretário de Turismo do estado. Pelos próximos 30 anos, o Aeroporto de Vitória estará sob a gestão do Grupo Zurich. “É uma empresa internacional com grande experiência na Europa e já presente em dois outros aeroportos brasileiros, o que pressupõe conhecimento do mercado”, avalia o executivo. Uliana afirma que o aumento no fluxo de passageiros é o grande objetivo, mas que para isso é necessário união entre estado, muni-
Jefferson Preza Moreno
cípios, mercado e concessionária. “Já existe um plano em discussão com o estado para consolidação o mais breve possível. Um fator positivo é o convênio mantido pelo governo do Espírito Santo, que prevê redução do ICMS de querosene da aviação, um estímulo muito competitivo para que as empresas aéreas possam abrir novos voos para nosso estado”, finaliza.
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CRUZEIROS
Tendências nos mares
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á faz algum tempo que a indústria de cruzeiros vem passando por importantes transformações que vão além da ampliação dos serviços aos passageiros. Mais tecnológicos, os navios oferecem estruturas com doses generosas de comodidades e oferta de entretenimento inimaginável anos atrás. Sob outra perspectiva, essa mesma inovação tem sido aplicada para modernizar sistemas de gestão de resíduos, gerenciar recursos hídricos, identificar e desenvolver combustíveis mais limpos para, assim, reduzir o impacto da atividade. Neste ano, segundo a Associação Internacional dos Cruzeiros Marítimos (Clia, da sigla em inglês), 44% das novas embarcações já zarpam abastecidas com gás natural liquefeito (GNL), um aumento de 60% na capacidade global quando comparado ao número de 2019. Para reforçar a urgência em adotar ações contínuas de proteção ambiental marítima, a entidade incluiu três tópicos relacionados ao turismo responsável entre as iniciativas que orien-
LÉXICO
David Leslie Autor do livro “Turismo para Leigos e Curiosos”. leslie@cbsmarketing.com.br
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inha intenção é falar sobre cruzeiros marítimos, fluviais e similares que fazem parte de forma tão relevante do mundo atual de viagens e Turismo. Mas, de onde vem este termo, qual é sua origem e quais são os outros conceitos associados? Ao consultar os dicionários mais confiáveis, aprendemos que o substantivo significa “uma cruz de pedra ou de madeira que se ergue nas igrejas e praças”. Na arquitetura, o termo se refere à parte da igreja en10 Brasilturis
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tam as associadas e sugerem tendências para o segmento nos próximos anos. Conheça as sete frentes defendidas pela associação em nível global. 1 – Sustentabilidade ambiental: O mais recente Relatório de Práticas e Tecnologias Ambientais da Clia mostra que a adoção de ferramentas inovadoras e as novas formas de aumentar a eficiência resultam em progresso significativo. Destacam-se: Gás Natural Liquefeito (GNL), sistema de limpeza de gases de exaustão e sistemas avançados de tratamentos águas residuais. 2 – Gestão de destinos: A indústria de cruzeiros está explorando novas maneiras de gerenciar o fluxo de visitantes e implementar altos padrões de turismo responsável. Isso inclui parcerias com governos locais, chegadas e partidas escalonadas, diversificação de excursões, uso da energia litorânea e gastos locais dos passageiros.
3 – Prolongamento de estadas: O Relatório de Perspectiva sobre o Estado da Indústria de Cruzeiros revelou que os viajantes estão passando mais tempo nos portos ou nos arredores. Os dados apontam que 65% dos passageiros dedicam dias extras para os destinos de embarque e/ou desembarque. 4 – Redução de plásticos: O estudo concluiu que mais de oito em cada dez cruzeiros reciclam e reduzem o plástico de uso único durante as viagens. Sete em cada dez viajantes também abandonam o uso de canudos plásticos.
6 – Viagem solitária: O número de adultos solteiros vem crescendo globalmente. Como resultado, as companhias estão respondendo a essa tendência demográfica de passageiros, oferecendo cabines e atividades para solteiros.
5 - Adesão: Mais de 66% das pessoas da geração X e 71% dos millennials estão assumindo uma atitude mais positiva em relação aos cruzeiros em comparação com resultado obtido há dois anos.
7 – Microviagens: As companhias oferecem cruzeiros com duração média de três a cinco dias, o que possibilita operar itinerários mais curtos para uma variedade maior de destinos.
Cruzeiro... O que é o que é? tre a nave central e a capela-mor. Também corresponde à extensão do mar em que os navios cruzam ou à extensão do ar percorrida por aviões – geralmente, em casos de patrulhamento – e, na constelação, identificamos o Cruzeiro do Sul, visível a olho nu no Hemisfério Sul. Cruzeiro também foi uma Ordem Militar criada por Dom Pedro I e uma unidade do nosso sistema monetário em três diferentes ocasiões. Outros significados permeiam áreas de botânica, zoologia e, até, definem o padrão de velocidade e a altitude de aeronaves (velocidade de cruzeiro). Para nós, profissionais que atuam na área de viagens, um cruzeiro marítimo e/ou fluvial se refere a uma viagem de lazer efetuada em embarcações que navegam por mares, lagos, rios ou outras áreas similares cobertas por água. É um passeio turístico que pode acontecer com ou
sem escalas, não necessariamente saindo e regressando de um mesmo porto ou núcleo. Especula-se que o primeiro navio de cruzeiro voltado exclusivamente para passageiros em férias foi o Ceylon. Inaugurado em 1858, a embarcação pertencia à Peninsular & Oriental Steam Navigation Company, companhia fundada na Inglaterra em 1822 e que, hoje, está ligada à Carnival Cruise Line. De lá para cá – e com interrupções durante as duas grandes guerras mundiais, quando os navios eram utilizados para o transporte de tropas -, esta modalidade de viagem vem ganhando espaço e uma notável preferência por parte de grande maioria dos turistas em todo o mundo. Com razão, já que se trata de um autêntico centro de entretenimento, repleto de atrações, shows, atividades esportivas, culturais e artísticas, oferta de restaurantes, bares, cafés e
lanchonetes e dezenas de outras facilidades e serviços paralelos reunidos num hotel flutuante que navega por entre portos em várias áreas de interesse turístico pelo mundo. Para atender grupos de pessoas com interesses específicos, muitas das companhias voltadas à operação desenvolveram cruzeiros especiais e temáticos, como os voltados a apreciadores de música clássica, para solteiros e para o público LGBT+, entre outros. Hoje, devemos contar com algo entre 40 e 70 operadoras de cruzeiros marítimos e/ou fluviais, envolvendo por volta de 400 embarcações e transportando anualmente mais de 30 milhões de cruzeiristas, felizes turistas que vêm crescendo a cada temporada. Reconhecidamente, as viagens de cruzeiro se transformaram em uma das formas mais recomendáveis de se divertir e curtir férias inesquecíveis.
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FEIRAS E EVENTOS
Lacte 15 recebeu mais de mil passantes durante os dois dias
Protagonismo no segmento corporativo Mais de mil gestores e clientes puderam escolher seu próprio conteúdo e estreitar relacionamento com fornecedores durante o Lacte 15 POR FELIPE LIMA
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esquizofrenia do dia a dia, com conteúdos partindo dos mais diversos meios de comunicação e plataformas, faz parte do cotidiano profissional de todos os segmentos. Para os gestores e clientes do setor corporativo, esse cenário foi mantido durante o Lacte 15, evento promovido pela Associação Latino Americana de Gestão de Viagens e Eventos Corporativos (Alagev), entre os dias 17 e 18 de fevereiro. Com o tema Dados Humanos, o encontro realizado na capital paulista abordou diferentes vieses, divididos entre a programação exibida pelos estandes, no palco principal e durante os mini labs. Rodrigo Cézar, atual presidente da Alagev, declara que esse é exatamente o objetivo do evento: permitir que cada um consiga trilhar seu próprio caminho. “O público é acostumado a receber informações pelo celular, e-mail, redes sociais e é ele que escolhe quais delas serão aproveitadas. Ele também pôde agir assim durante o evento que o coloca como protagonista. Só ele sabe o que mais lhe interessa e como pode fomentar 12 Brasilturis
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ainda mais seus negócios”, afirma. Esta visão faz parte do planejamento da associação, que vem reforçando a qualidade - tanto do evento quanto da própria entidade – como principal atributo. “Ano passado, a gente registrou um total de 935 passantes e, neste ano, foram 1,1 mil. Há maior participação e interesse do público e isso significa que estamos acertando em focar na qualidade do evento e ao debater temas que estão no radar de nossos convidados, como a presença de mulheres no setor corporativo, falado no ano passado, e políticas corporativas para LGBT+”, declara Eduardo Murad, diretor executivo da Alagev, que observa um retorno de 90% do público do primeiro dia no segundo dia. Além de temas pontuais e específicos para o mundo corporativo, a Alagev decidiu dar mais vazão aos eventos, proporcionando um equilíbrio em relação ao tema corporativo que foi o foco principal no ano passado. Por isso, as apresentações foram divididas em quatro vertentes: Mice Dados, Mice Humanos, Viagens Dados e Viagens Humanos.
“A tecnologia está cada vez mais em nosso cotidiano, mas ela vem para realizar algumas funções. Nunca vai substituir a imagem humana e o trabalho humano. No setor, o profissional sempre será necessário”, declara Cézar. O ato de ser humano abordado pela associação também envolve as interações entre os participantes. Murad afirma que o design do evento foi uma das preocupações para a Alagev, que tinha como objetivo permitir aos participantes transitar por todo o espaço e gerar mais contato entre os presentes. Esse estreitamento foi ainda mais marcado pelo lançamento do aplicativo Lacte 15, ferramenta desenvolvida pela Yazo, disponível para Android e IOS. Foram mais de 900 downloads registrados até o último dia do evento. “O que a gente queria era engajamento. E conseguimos! Além de permitir que os participantes conseguissem postar fotos, como em uma rede social, o aplicativo possibilitou que as pessoas trocassem contatos e conexões, principalmente com fornecedor”, afirma o diretor executivo da Alagev.
Existe a possibilidade de tornar a ferramenta em uma plataforma fixa para manter a comunicação contínua com o público corporativo. “Queremos continuar colocando conteúdo. Gravamos algumas palestras e queremos desenvolver alguns materiais, mas é um plano que estamos estudando”, explica Murad. MAIS INCLUSÃO O Lacte 15 também foi palco para anunciar a gratuidade para novos interessados em se associar à Alagev. O presidente da associação afirma que a ideia é tirar a imagem de exclusão e assumir um posicionamento de inclusão. “Acredito que exclusividade é um grande mal das associações. Além disso, continuaremos com a postura de ouvir muito. A gente tem de trabalhar para suprir as necessidades dos nossos convidados”, completa. Durante o evento, Roberta Moreno, gerente de Eventos da Bristol-Myers Squibb, foi anunciada como a nova presidente da entidade. Com 12 anos de atuação no setor de eventos e com passagens por
importantes empresas - como Staybridge Suites, Renaissance São Paulo e Roche -, ela assume o cargo em 3 de maio e lidera a associação no biênio 2020/21. A nomeação foi vista com otimismo. “Já estabelecemos as metas para os próximos anos. Temos claro para onde queremos ir, o que a gente quer fazer e os objetivos, incluindo manter o foco no conhecimento, expandir o número de associados e dar mais democraticidade a um setor que é carente de informação, sempre pensando no melhor para o mercado”, finaliza Cézar, que permanece no conselho da associação.
FATURAMENTO CORPORATIVO Dados da Pesquisa Conjuntural de Viagens Corporativas (PCVC) divulgados pela Associação Latino Americana de Gestão de Viagens e Eventos Corporativos (Alagev) mostram que o setor movimentou R$ 75,9 bilhões no acumulado entre janeiro e dezembro de 2019, crescimento de 4% frente aos dados de 2018. Somente em dezembro, houve variação positiva de 2,2%, o que revela um dado significativo. Segundo Eduardo Murad, diretor executivo da Alagev, trata-se de um mês de baixa para o segmento, já que o lazer ganha destaque pelas férias de verão. O número de 2019 ainda fica R$ 10 bilhões abaixo do resultado de 2014, considerado o me-
lhor ano para o segmento, quando foi registrado faturamento de R$ 84,2 bilhões. “Estamos satisfeitos com esse resultado. Pelo terceiro ano consecutivo, estamos crescendo e 2019 foi um grande avanço”, pontua Murad, que lembra que, no comparativo entre 2018 e 2017, houve um crescimento tímido de 0,4%. Para este ano, as expectativas são bem otimistas. O diretor executivo declara que o setor acompanha a economia e, como a taxa Selic beira os 4,25%, acredita-se que os profissionais se sentem mais à vontade para investir cada vez no segmento de Encontros, Incentivos, Congressos e Eventos (Mice, no inglês).
CLIQUES LACTE 15
Alexandre Berbel (Gol), Sebastião Wildes (Pontestur), José Guilherme Pontes (Pontestur), Carlos Vazques (Ideas Fractal) e Gervasio Tanabe (Abracorp)
Andrea Policeno e João Paulo Floriano (Royal Palm Hotels)
Equipe Movida com o ator Cássio Reis
Alexandre Cordeiro (Argo Solutions)
Bruno Omori (ABIH-SP)
Erica Salvagni e Carlos Barbosa (Vitrine)
Carlos Schwartzmann, Camyla Ferreira, Anna Ravagnani, Fernanda Fernandes (Costa Brava Viagens e Eventos) e Fernando Marcomini (Radius Travel)
Juliane Castiglione (Gol)
Gonzalo Romero (Air Europa)
Equipe Wex
Clovis Casemiro (IGLTA), Giovana Jannuzzelli (Alagev), Eduardo Murad (Alagev) e Alex Bernardes Daniel Vernillo Chimentão, Altieri Menezes e Marcos Vileski (Jurema Águas Quentes) (Editora Via)
Luanny Faustino, Washington Sena e Veronica Maia (Visit Iguassu)
Augusto Bezerra (à esquerda) com a equipe Localiza
Rodrigo Cézar (Alagev) e Heber Garrido (Aviva)
Roberto Matsuzaka (Visa), Luiz Augusto Ramos (Wex), Karina Deranian (SBK-BS) e Marisol Peinado (Mastercard)
Patricia Thomas e Viviânne Martins (Academia de Viagens Corporativas)
Marta Rolim, Manoel Vale e Sheila Salles (Wex)
Roberta Moreno (Alagev)
Luciane Leite (WTM Latin America)
Sandra Roscito, Eva Ramirez, Viviane Amadei e Camila Zucoloto (Best Western Hotel) www.brasilturis.com.br | Brasilturis 13
PUBLIEDITORIAL
KISSIMMEE: A CAPITAL MUNDIAL DAS CASAS DE FÉRIAS®
K
issimmee, Fl.– Pronto para descansar e relaxar nesta temporada de férias? Considere passar o tempo em uma das casas de férias de Kissimmee. Você sabia? Com mais de 50 mil aluguéis disponíveis, Kissimmee é considerada a Capital Mundial das Casas de Férias®. As casas de férias de Kissimmee oferecem tudo o que é necessário para hospedar familiares e amigos nesta temporada de férias. Desde cozinhas completas (equipadas com fogão, forno, micro-ondas e geladeira) para preparar os pratos favoritos, até vários quartos para acomodar todas as idades. Ficar hospedado em Kissimmee está mais fácil do que nunca. Além disso, algumas casas são um centro de entretenimento a parte. Cada uma oferece um interior único, com todos os temas imagináveis - de estilos clean e simplistas, a fadas, princesas, natureza, galáxia e muito mais. Alguns quartos têm navios piratas e casas na árvore com escorregadores, enquanto outros
foram convertidos em salas de jogos, cinemas com poltronas reclináveis e pistas de boliche. A área externa é um oásis próprio. A maioria possui piscinas particulares - ou, em algumas casas, um lazy river, piscina em formato de rio para flutuar em boias e relaxar. Aproveite o clima da Flórida preparando as refeições em uma cozinha e bar de última geração ao ar livre, e tenha uma experiência diferente, de morar e descansar em uma casa americana. Para aqueles que procuram comodidades no estilo de hotel, algumas casas de férias em Kissimmee estão localizadas em condomínios fechados - oferecendo aos hóspedes acesso a clubes com restaurantes, parques aquáticos, spas, campos de golfe e muito mais. Ficar em Kissimmee significa que os hóspedes estão a poucos minutos de parques temáticos mundialmente famosos, maravilhas naturais da Flórida e restaurantes incríveis. Quando as férias terminam os hóspedes podem fazer as malas e voltar para casa. As
equipes das casas de férias cuidarão de tudo para você.
Sobre Experience Kissimmee Com quase 50 anos de experiência em férias e mais de 8 milhões de visitantes por ano, Kissimmee fica a poucos minutos dos parques temáticos e das atrações mais famosas do mundo. Em Kissimmee você encontra desde belezas naturais extraordinárias, como a nascente do Everglades, à gastronomia para todos os paladares. Experience Kissimmee é a autoridade oficial de turismo do Condado de Osceola, na Flórida, responsável pelas vendas e marketing do destino. Kissimmee também é a Capital Mundial das Casas de Férias®, com mais de 70 mil opções de hospedagem, incluindo resorts de luxo, hotéis para famílias e mais de 50 mil casas de aluguel. Inspire-se em www.ExperienceKissimmee.com
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AGÊNCIAS E OPERADORAS
No balancê do Brasil: confira as principais festas juninas do País Número de viajantes que tem as festas juninas como motivação aumenta a cada ano o que revela oportunidades para agências de viagens e operadoras de turismo POR ANA AZEVEDO E LUCAS KINA
O
carnaval mal chega ao fim e as festas juninas já começam a pipocar na cabeça dos viajantes brasileiros. Afinal, quem resiste à degustação de pé de moleque, quentão e pamonha, tendo o forró ou quadrilhas juninas como trilha sonora? A tradição brasileira tem forte componente religioso e é comemorada no País inteiro, com destaque para os estados da região Nordeste que se consagraram nessas celebrações, transformando destinos em referências internacionais. Em 2019, o Ministério do Turismo investiu R$ 4,2 milhões nos festejos de 13 municípios em seis estados, com mais de 400 encontros cadastrados no Calendário de Eventos do MTur. As festas mais expressivas como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE) - chegam a movimentar cifras cima de R$ 500 milhões durante as comemorações que ultrapassam 50 dias de programação. Além disso, o nicho é responsável por gerar cerca de 3 mil empregos diretos e indiretos anualmente. “Depois do carnaval, as festas juninas são as principais representações da cultura popular brasileira, um produto turístico único, com forte potencial de despertar o interesse do viajante pelos destinos nacionais”, define Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo. Segundo historiadores, o evento surgiu na península Ibérica como forma de agradecer aos deuses pela colheita. A população da época as16 Brasilturis
Março | 2020
sociava os deuses Afrodite, Zeus, Adônis e Perséfone aos ciclos da vegetação, que se encerra com o solstício de verão, na segunda quinzena de junho – daí o período fixado para as comemorações. O ritual foi adotado pela igreja, que substituiu os ícones originais pelos santos católicos. Assim, o dia 24 de junho – dedicado a São João Batista - ficou marcado como símbolo de renovação. No Brasil, a comemoração chegou por volta do século XVI, trazida pelos portugueses que incorporaram à tradição a devoção a Santo Antônio (13) e São João (29). A mistura de culturas deu características ímpares ao período, a começar pelo cardápio que mescla receitas produzidas com o trigo - tradicional para os europeus - com os preparados à base de milho e de outras sementes, raízes e especiarias oriundas da cultura indígena e presentes nas colheitas nacionais. A Festa Joanina - como foi chamada inicialmente, em referência a São João - teve seu nome alterado para festa junina devido ao mês de realização. E, até hoje, tem o estômago dos foliões como principal chamariz. Somente em Mossoró (RN), o apelo gastronômico atraiu 100 mil visitantes por noite no ano passado. O evento aquece a economia local em mais de R$ 50 milhões, tanto para o pequeno quanto para o grande empreendedor do setor alimentício. O destino exibe 30 estandes de comidas típicas e 350 vendedores cadas-
trados.
CALDEIRÃO
Do francês “quadrille”, a quadrilha é o símbolo da festa junina. A dança feita em pares se popularizou nos salões da corte na França, país cuja aristocracia também inspirou as vestimentas coloridas. Vêm de lá, ainda, alguns dos termos utilizados para orientar os participantes da quadrilha, como o “anarriê” que vem de “en arrière” - para trás, em francês. Da mesma forma, “en avant, tout” (todos para a frente) virou “alavantú” e a orientação para trocar de par virou o “changê”. Tudo indica que a origem da melodia, no entanto, seja inglesa – chamada originalmente de campesine e difundida entre os camponeses. A coloração forte, viva e variada está presente nos trajes típicos e na decoração que veste as ruas com bandeirinhas e balões. Na antiguidade, acreditava-se que soltar balões com pedidos amarrados levava os recados diretamente a São João, o que ampliava as chances de ter uma boa safra no ano seguinte. A mistura de diferentes culturas com as peculiaridades nacionais fez da festa uma verdadeira expressão brasileira, com direito à inclusão dos nacionalíssimos ritmos de triângulo, zabumba e sanfona. O fato é que a prática com alcance nacional resultou na criação da Confederação Brasileira de Entidades de Quadrilhas Juninas (Confebraq), da qual partici-
pam grupos de 20 estados brasileiros. E EU COM ISSO? O número de viajantes que tem as festas juninas como motivação aumenta a cada ano, o que traz oportunidades para agências de viagens e operadoras de turismo. Incluir os festejos nos pacotes garante lucratividade extra, especialmente nos destinos que têm essa oferta consolidada. “Neste ano, vamos prestigiar as festas juninas pernambucanas. O estado tem uma das festas mais movimentadas do Brasil e também exibe destinos para descansar durante o período”, diz Ana Santana, diretora da Schultz. Em Recife, a operadora comercializa o Trem do Forró - com operações em 6, 13, 20 e 27 de junho – rumo ao Cabo de Santo Agostinho. Já a Diversa Turismo aposta em ampliar a oferta, com produtos para festejar o São João em João Pessoa e Campina Grande (PB), Recife (PE) e Salvador (BA). “Com o aumento do dólar, acreditamos que esse é um momento favorável para a venda de viagens domésticas”, afirma Adriana Fredericce, diretora de Operações e Produtos da empresa. A tradição movimenta milhões – de adeptos e de reais - Brasil afora. Apesar de terem as atrações e programação divulgada somente após o carnaval, selecionamos as principais celebrações de São João para você ficar de olho.
Alagoas
Marina Cavalcante
Divulgação
Em 2019, o São João de Maceió reuniu cerca de 120 mil pessoas na arena Jaraguá - bairro histórico no coração de Maceió (AL) - além do público dos 47 arraiais em outras partes da capital. Neste ano, a programação principal está prevista acontecer no período de 20 a 29 de junho, no entanto, a partir do dia 11 já é possível encontrar apresentações culturais típicas na cidade. Dentre os atrativos, a preferência fica com artistas regionais, concursos de quadrilhas, festivais de coco de roda, arraiais, trios de forró e músicos alagoanos, além das comidas típicas.
Ceará
Divulgação
Segundo dados divulgados pela Federação de Quadrilhas do Ceará (Fequajuce), o período junino se traduz na arrecadação de R$ 130 milhões para o estado. Além disso, uma média de 8 mil profissionais dos setores de figurino, transporte e montagem de estruturas conseguem ocupações temporárias. A região reforça a aposta voltada às quadrilhas. Em 2019, 71 projetos foram selecionados por meio de editais da prefeitura de Fortaleza e receberam R$ 1,065 milhão como ajuda de custo para o desenvolvimento das festas. Considerando todo o estado, o aporte foi de R$ 3,13 milhões, oferecidos a 136 quadrilhas, festivais e campeonatos juninos.
Maranhão
Minas Gerais
Divulgação
Apesar de ainda não ter a programação definida, já se sabe que a festa junina de São Luís acontecerá entre 13 e 29 de junho. Em 2019, o evento foi responsável pela movimentação de 1,7 milhão de passageiros no Aeroporto Marechal Cunha Machado. Um estudo feito pela Secretaria de Estado de Turismo, por meio do Observatório do Turismo, destacou que 72% dos visitantes viajam em grupos familiares ou de amigos com até três pessoas. No quesito hospedagem, 47% dos viajantes ficaram em hotéis, 15% em pousadas e 17% na casa de amigos ou parentes. Os hotéis próximos à orla da capital atingiram ocupação máxima, assim como a rede de Barreirinhas, que chegou a 90%. Entre os turistas, a pesquisa mostrou que 82% eram brasileiros - com destaque para os maranhenses (22%), paulistas (20%) e cariocas (12%). O ranking lista também os viajantes oriundos do Ceará (7%), Brasília (6%) e Minas Gerais (5%). Entre os emissores de turistas internacionais destacam-se franceses (24%), argentinos (8%), japoneses e espanhóis (ambos com 7%). Alemães (6%), estadunidenses (5%) e portugueses (4%), também prestigiaram a festividade.
Realizado na Praça da Estação, em 2019, o Arraial de Belo Horizonte atraiu 233 mil pessoas, movimentando R$3,65 milhões. O gasto médio de R$37,27 por participante superou o volume de 2018, quando o estado arrecadou R$ 2,74 milhões no período. Dos respondentes da pesquisa aplicada pela Empresa Municipal de Turismo (Belotur), 50,6% declararam terem ido pela primeira vez ao evento. Dentre aqueles que já conhecem a festa, 59,6% afirmaram melhora na qualidade. Os dados mostram, ainda, que 68% dos participantes eram nativos e 29,1% residiam na região metropolitana da cidade. A quadrilha foi apontada por 42,9% dos espectadores como o principal motivador para participar da festa. A decoração recebeu nota 9,5, seguida pela vila gastronômica (9) e sensação de segurança (8,6). A pesquisa levou em conta a opinião de 98 mil participantes para avaliar os quatro dias de festejo. O levantamento identificou que 39,2% dos presentes estavam acompanhados por grupos de amigos e 22,9% de familiares. A faixa etária média é de 32 anos e o sexo feminino representa 52,2% dos respondentes.
Paraíba Com a realização de um dos maiores eventos do período no País, Campina Grande é o destaque no estado. A programação preliminar, que dura um mês - 5 de junho a 5 de julho - terá shows de artistas como Luan Santana, Cavaleiros do Forró e Elba Ramalho. Em números, a prefeitura da cidade registrou 30% de aumento no faturamento da edição de 2019 da festividade, frente ao mesmo período no ano anterior. A estada média foi de 5,6 dias. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 17
Janine Moraes
AGÊNCIAS E OPERADORAS Pernambuco A festa junina no estado é representada, principalmente, por Caruaru. A cidade do Agreste pernambucano recebeu, no ano passado, muitos viajantes do próprio estado (68,8%), além de turistas de outros polos nordestinos – especialmente Alagoas, Bahia e Paraíba. Em média, o gasto diário dos visitantes foi de R$ 170,40, com uma porcentagem alta (61,3%) de pessoas que já conheciam os eventos do período junino.
Sergipe O Forró Caju de Aracaju é o destaque do estado nordestino. No último ano, a prefeitura contabilizou a participação de 200 mil pessoas por noite na festa que começa em 1º de junho e se estende por 30 dias, o que leva a ocupação hoteleira a oscilar entre 90% e 95% no período que é marcado por representações folclóricas e oferta de comidas típicas em quase todos os municípios. Na orla de Atalaia, também na capital, o Arraiá do Povo atrai famílias e turistas. Devido à proximidade, a Bahia é o maior emissor de turistas para o estado. Além de Aracaju, outro destaque vai para o município de Estância, conhecido regionalmente pela celebração do “barco de fogo”, que consiste na queima de fogos a partir de uma embarcação. O estado já começou os preparativos para as festas de 2020, mas ainda não divulgou a programação. 18 Brasilturis
Março | 2020
POR LUCAS KINA
A
chegada das companhias aéreas de baixo custo ao Brasil marcou uma nova fase para o setor aéreo nacional. As low costs trouxeram a promessa de conexão a preços mais convidativos e serviços similares à oferta de companhias aéreas convencionais. A questão, entretanto, vai além de chamar a atenção do viajante e se destaca também para a formatação de negócios do trade. A programação anual de eventos prevê muitas ações voltadas ao treinamento, campanhas de incentivo e premiações por desempenho realizadas pelas grandes empresas aéreas aos profissionais que atuam na linha de frente das vendas. Mas, e no caso dessas organizações? Que tipo de facilidades elas podem oferecer aos agentes de viagens e operadores turísticos brasileiros? A atuação conjunta entre operadoras e companhias low cost ainda
Decola? não aconteceu, de fato. Mas as operadoras sinalizam que estão abertas para os negócios. “Por enquanto, não estamos trabalhando a formulação de pacotes com passagens de companhias low costs. Entretanto, não temos objeções para começar a fazê-lo. Já abrimos canais de negociação com as companhias e, se o acordo trouxer benefício aos clientes, daremos continuidade. O momento é de avaliar o mercado e entender a permanência destas companhias no Brasil”, afirmou Ana Santana, diretora da Schultz. A Diversa Turismo também afirmou que a elaboração de produtos com bilhetes low cost não faz parte de sua estratégia de negócios. “É necessário ser uma venda muito bem conduzida e para um segmento de público especifico que não é o perfil da maioria dos viajantes que fecham conosco”, explica Adriana Fredericce, diretora de Operações e
Produtos. A exceção vale para solicitações específicas e, mesmo assim, com cautela. “Caso algum cliente nos solicite, incluiremos a opção na venda deixando claro que serviços como segunda refeição em voo longo ou marcação de assento, por exemplo, são cobrados à parte”, completa. Seja por entraves legais ou barreiras que atrapalham os negócios, é fato que aviação é um assunto sensível às operadoras. E, quando as low costs entram na conta, a equação complica. A Diversa, por exemplo, parou de comercializar pacotes combinando bilhete aéreo e serviços terrestres. “Isso se deve à mudança no posicionamento das companhias aéreas, que gradativamente passaram a descartar as tarifas vol-
A saúde no Turismo brasileiro
P
ensar fora da caixa implica em ir muito além de inovação em produtos, promoção de vendas e relacionamento com clientes. Pode ser o singelo ato abraçar novas oportunidades que são ignoradas pela maior parte das empresas - seja por preconceito ou puro desconhecimento. Em 2018, muito se falou sobre Turismo de Saúde. Na época, os números já eram sedutores, mas nem por isso favoreceram o desenvolvimento esperado no setor. A Associação Brasileira de Turismo de Saúde (Abratus) - sim, ela existe! - anunciou que esperava trazer para o Brasil 10% dos 14 milhões de turistas que viajam a cada ano para cuidados médicos, segundo um cruzamento de dados de Visa e Deloitte. Há mercado? Sim. Muito mais gente viaja para a capital paulista para cuidar da saúde ou realizar algum procedimento estético do que se pensa. A começar por todos os presidentes da República, senadores, governadores, deputados e ministros. Embora 70% do movimento esteja concentrado na maior cidade da América do Sul, a lógica se aplica quando falamos enquanto país-
-destino, já que as cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, assim como o Distrito Federal, estão na rota desse turismo. Ainda que o maior fluxo seja doméstico, nossa posição não é desprezível. Mesmo que muitos pessimistas desavisados desconheçam, o Brasil é respeitado internacionalmente por conta de seus profissionais de saúde e tratamentos médicos, sobretudo em cirurgia plástica. Especialistas colocam nosso País na 22ª posição no ranking mundial de Turismo médico da Global Healthcare Resources, com crescimento de 20% ao ano. O maior número de pacientes estrangeiros em tratamento no País vêm dos Estados Unidos, Emirados Árabes, Reino Unido, Egito, Omã, Alemanha e Kuait, em sua maioria com objetivos estéticos. A permanência média é de 22 dias e o gasto, estimado em US$ 120 diários. Muito mais do que outros segmentos. Segundo o Campinas e Região Convention & Visitors Bureau, os hotéis da cidade no interior paulista recebem mais de 60 mil hóspedes por ano atraídos pelo Turismo de Saúde. É um dos três segmentos mais im-
portantes da hotelaria, ao lado do turismo de negócios e do de eventos. Juntas, as três áreas conquistam receitas acima de R$ 55 milhões de reais. A secretaria de Turismo de Itapecerica da Serra (SP) também descobriu o nicho e vem investindo no segmento, muito por conta dos SPAs com objetivos de saúde. Aqui vale uma importante lembrança: à medida que o Brasil fortalece sua posição internacional no Turismo de Saúde, a tendência é ver crescer igualmente o número de eventos ligados ao assunto. Assim, grandes congressos internacionais também podem se beneficiar de investimentos no setor. Empresas como Rede D’Or, Sírio Libanês e Albert Einstein têm convidado grandes nomes que fizeram carreira em hotéis de luxo para integrar seus quadros. O lema deles é ter os melhores recepcionistas, concierges, garçons e camareiras, além dos melhores médicos e enfermeiros. Essa revolução nos serviços começou pelas maternidades e se estendeu a outras alas. Cardápios assinados por chefs, com apoio técnico de nutrólogos, enxovais de primeira linha, ammenities impor-
tadas às operadoras’”, complementou Adriana. Até o momento, quatro empresas low cost operam no País. A estreante foi a Sky, em dezembro de 2018; seguida pela Norwegian Air, em março de 2019. Jetsmart e Flybondi se juntaram ao time pouco tempo depois. A reportagem do Brasilturis Jornal entrou em contato com as companhias para entender eventuais planos para aproximação com o trade brasileiro e geração de negócios com benefícios mútuos. Até o fechamento desta reportagem, não obtivemos respostas.
MARKETING
Ricardo Hida CEO da Promonde, formado em Administração e pós-graduado em Comunicação ricardo@promonde.com.br
tados, projetos arquitetônicos com obras de arte e peças de design fazem parte desse universo. Em gestões anteriores, o Turismo de Saúde ganhou reconhecimento e investimento promocional do governo federal. Profissionais do setor têm se movimentado para ampliar os números, mas as iniciativas ainda são singelas. É preciso uma ação maior e mais bem articulada para tirar o Turismo brasileiro da UTI. Um dos melhores remédios pode estar exatamente no Turismo médico. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 19
HOTELARIA
Hotéis ampliam opções e fortalecem o conceito pet friendly
Em suas a(cão)modações Dados do Instituto Pet Brasil estimam que o setor de Turismo tenha faturado R$ 36 bilhões em 2019 com iniciativas voltadas aos mascotes POR FELIPE LIMA
T
er um animal de estimação dentro de casa virou sinônimo de alegria para muitas famílias brasileiras. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualizados pelo Instituto Pet Brasil, em 2019, revelam aumento de 7 milhões de mascotes domésticos, entre 2013 e 2018. Esse número posiciona o Brasil como o segundo principal mercado pet do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. Os cães lideram o ranking com 54,2 milhões, representando 38,9% do montante. Em seguida, vêm as aves, que respondem por 28,5%, totalizando 39,8 milhões. Gatos completam o pódio e somam 23,9 felinos, uma parcela de 17,1%. Peixes também integram a lista, com 19,1 milhões, já répteis e pequenos mamíferos chegam a 2,3 milhões nos lares brasileiros. O estudo, também indicou onde estão os pets: O Sudeste detém a grande maioria, com uma fatia de 47,4%, seguido pelo Nordeste, com 21,4%; Sul, com 17,6%, Centro-Oeste, com 7,2% e Norte com 6,3%. Ter um animal de estimação em casa ultrapassa a representação dele como mascote; os pets se tornaram membros das famílias. Isso resulta no desejo de tê-los em todos os momentos especiais, inclusive nas viagens. Dados do Instituto 20 Brasilturis
Março | 2020
Pet Brasil projetam faturamento de R$ 36 bilhões pelo o setor de Turismo em 2019, número que representa crescimento de 5,4% sobre o resultado consolidado de 2018. Neste ano, a expectativa é somar mais de R$ 40 bilhões em negócios impulsionados pelos pets. Stephanny Eringis de Queiroz, docente no curso de Veterinária na Faculdade Método de São Paulo (Famesp), explica que a adesão à tendência define o atual cenário de viagens acompanhadas pelos amigos de quatro patas, impulsionada, também, pelas facilidades proporcionadas na hora de levar os animais para as viagens em família. “Cada vez mais as pessoas querem estar em todos os ambientes com seus animais, principalmente no Brasil, onde há grande concentração de pessoas com pets nos centros urbanos”, declara ao Brasilturis Jornal. CHECK-UP ANIMAL Hoje, o mercado hoteleiro e o setor aéreo se destacam quando o assunto é assumir o título de pet friendly. No entanto, Stephanny declara que cruzeiros também começarão a destacar mais esse posicionamento. Analisando os possíveis prós e contras, a docente declara que somente questões relaciona-
das tanto à saúde animal quanto à postura do tutor merecem mais atenção. “É preciso que exista um controle maior das zoonoses. Os tutores precisam manter a higiene de seu animalzinho e as vacinas em dia”, alerta. A docente de Veterinária destaca a necessidade de estar em dia com a saúde. “As vacinas obrigatórias para estada de um animal em um hotel, geralmente, são V10 e antirrábica. É válido lembrar que a regra tem exceções, já que há animais que não poderão, por algum motivo específico, receber as vacinas. Como, por exemplo, animais extremamente idosos, ou que estejam passando por algum processo médico”, detalha. Para viajar com um pet no avião, algumas questões devem ser destacadas. O transporte internacional exige documentos, como o Certificado Veterinário Internacional (CIV) e o Passaporte para Trânsito, ambos emitidos pelo Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro). Alguns destinos podem solicitar documentação extra, já que cada país tem exigências específicas para permitir a entrada de animais. Para reforçar a segurança, o implante de um microchip é exigido em voos internacionais pela maior parte dos países do mundo. O transporte em voos domés-
ticos tem menos burocracia, mas requer carteirinha de vacinação antirrábica atualizada, que deve ser aplicada pelo menos 30 dias antes do embarque. Além disso, é necessário apresentar um atestado de saúde veterinária emitido por um médico veterinário. Independentemente do destino, é imprescindível que o pet viaje dentro de uma caixa de transporte que deve seguir as regras da companhia aérea em termos de altura, comprimento, largura e peso. Obviamente há riscos, como em todas as viagens. Por isso, Stephanny observa a importância de fazer um seguro viagem para o animal. “Ainda existem poucas empresas no Brasil e no exterior que fazem este tipo de prevenção aos pets. Qualquer animal pode ficar doente numa viagem, até mesmo pelo simples fato de estar num local diferente. Benefícios como ter a possibilidade de consulta e suporte veterinário serão essenciais para que o tutor e o pet viajem tranquilos”, reforça. Mas, afinal: O que é ser pet friendly? Karen Fujiwara, treinadora e tutora de três cães, uma tartaruga, uma ave e alguns peixes, deixa claro que o serviço hoteleiro pet friendly de qualidade vai além do fato de aceitar a presença da mascote. “O conceito deve ser levado ao pé da letra; significa ser amigável. O tratamento faz uma distinção tremenda porque, em momentos, acaba havendo discriminação. Se a gente vai ao restaurante, por exemplo, e tem de ficar do lado de fora. Eu entendo que, às vezes, isso é até uma questão dos hóspedes que não sabem se comportar”, avalia. Outro ponto abordado pela tutora é a regra imposta pelas propriedades pet friendly, que se limitam a receber cães e gatos de até 15 quilos e apenas um animal por apartamento. “A Bella, que é a de raça samoieda, é muito convidada para visitar alguns hotéis, mesmo que passe do limite de peso, pelo fato de ela ser uma ex-cão-guia e contar com mais de 137 mil seguidores nas redes sociais. Mesmo assim, quando a gente vai gravar ou fazer alguma ação promocional do hotel, os seguidores vão querer saber onde é, mas não há garantia que terão o mesmo tratamento”, pontua. CASE PAULISTANO Assim como Karen, há hóspedes que possuem outras espécies de
Bella conta com mais 137 mil seguidores
Grand Hyatt São Paulo recebe cães, gatos, aves, hamsters, furões e chinchilas e se posiciona como “pet lover”
animais. Como fazer? Esse assunto veio à tona para o Grand Hyatt São Paulo, estabelecimento que aceita cachorros, gatos, aves, furões, hamsters e chinchilas. “Começamos essa ampla aceitação pelas aves, porque tem um hóspede fiel que vem sempre acompanhado por dois papagaios. Então decidimos passar a aceitar também as aves e, assim, fomos expandindo o conceito”, declara Ana Carolina Caleiro Gomes, gerente assistente de Marketing do empreendimento, que recebe uma média mensal de 15 animais. A adição não apenas consolidou o empreendimento como pet friendly, como reposicionou o hotel, que agora trabalha como pet lover. A imagem ficou ainda mais forte com a chegada de duas mascotes: a gata Jessica – que caminhava pela área do hotel e foi incluída à família após solicitação dos colaboradores - e a cadela Mocotó - adotada no Instituto Luísa Mell. Ambas ficam no lobby, com suas casinhas ao lado do restaurante Kinu. “Decidimos abraçar a causa animal e a aceitação é alta. Muitos de nossos hóspedes, principalmente os que vêm com crianças, gostam de ter esse contato”, revela a gerente. Mesmo com essa aceitação mais ampla, Ana Carolina afirma que, por enquanto, os serviços diferenciados são oferecidos apenas para cães e gatos. No apartamento, é co-
locado um kit para o hóspede pet, com cama personalizada do empreendimento, tigelas para água, uma amenidade especial e sinalização de porta personalizada. Os cachorros têm direito a cerveja e pipoca desenvolvidas especialmente para eles. A Pet Station, com sinalização e água, e o Parcão, espaço para os pets brincarem, complementam a gama de serviços oferecida pelo hotel paulistano. Outro destaque é o programa de fidelidade, oferecido durante o check-in. Um cartão de Registro Pet é personalizado com as informações do animal - nome, raça e idade. A cada hospedagem, o animal ganha um adesivo e benefícios. Quando completa o quinto check-in, o cliente tem isenção da taxa de limpeza. Na décima estada, ganha uma caminha personalizada do hotel para o pet. As aves e os roedores permitidos no hotel estão nos planos do empreendimento e Ana Carolina afirma que novidades para eles estão no radar. “Acho que essa receptividade é um mimo. É um modo educativo de o hotel mostrar carinho pelas mascotes, mas informando que há direitos e deveres”, observa Karen. Agentes e operadores de viagens têm como missão encontrar meios de hospedagem que atendam às demandas de seus clientes. Quando o assunto é encontrar um
hotel pet friendly, essa tarefa pode ser um pouco mais complexa. Além do Grand Hyatt São Paulo, há outros casos de estabelecimentos no País que hasteiam a bandeira pet friendly. A começar pelas redes Atlantica Hotels e Vert, que prometem cuidados especiais para cães e gatos na maioria dos 50 hotéis administrados. Na capital paulista, o Maksoud Plaza solicita reserva antecipada para hóspedes com cães de pequeno porte. O hotel aceita animais de até dez quilos e inclui na diária uma cama, comedouro, bebedouro e tapete higiênico. Em Campos do Jordão (SP), o Hotel Toriba recebe cães e gatos de até dez quilos com kit pet composto por comedouro, bebedouro, cama e tapete higiênico. O empreendimento aceita até
dois pets por unidade habitacional. A rede Othon permite hospedar mascotes de até 34 quilos nas unidades Rio Othon Palace e Savoy Othon – ambas no Rio de Janeiro – e no Othon Suítes Natal (RN). A reserva inclui potes para ração e água, além do tapete higiênico e caminha. Já o Wyndham Gramado (RS) aceita receber um cão de até dez quilos por apartamento junto com seu tutor. O hóspede pet tem direito a cama, bebedouro, comedouro, fralda e biscoitos. Entre as bandeiras internacionais, o destaque vai para a rede Loews. A bandeira está espalhada por diversos destinos na América do Norte – incluindo as unidades que funcionam dentro do complexo Universal Resorts, em Orlando (EUA) – e aplica o conceito “Loews Loves Pets” que dá direito a tigelas, jogos americanos, caixas de areia, postes de arranhar, brinquedos e presentes exclusivos. A rede também oferece identificação de porta “Pet in the Room”, menu gourmet para cães e gatos e mapas de rotas para os animais. Outro empreendimento que aplica bem o conceito é o W South Beach, em Miami (EUA), que recebe cães e gatos de até 18 quilos – limitado a um animal por quarto. Com o programa “pets are welcome” (animais são bem-vindos), a propriedade oferece brinquedos, petiscos, tags, sacos de limpeza, cama, tigelas de água e comida, tapetes e placa de sinalização, além da possibilidade de realizar eventos e atividades especiais.
VOZ PROFISSIONAL Stephanny Eringis de Queiroz, docente no curso de Veterinária na Faculdade Método de São Paulo (Famesp), orientou hóspedes e meios de hospedagem a tirar melhor proveito do conceito. Confira: É importante que o proprietário saiba se há algum surto ou particularidade em termos de saúde pública na região para onde ele pretende viajar. No litoral, por exemplo, existe a conhecida doença como “verme do coração”, que é transmitido por um inseto com uma picada semelhante à de um pernilongo. Nestes casos, a professora recomenda fazer um controle dessas picadas e desaconselha deixá-los sozinhos no hotel. “Ele pode ficar com medo ou estressado, já que está em um ambiente diferente de seu lar”, explica. O hotel também precisa tomar certos cuidados, principalmente em relação à higiene e limpeza. O empreendimento tem de realizar análises periódicas de controle de parasitas, aplicar remédios específicos e fazer o controle ambiental para que o local esteja sempre protegido. A profissional também recomenda prestar atenção à questão do bem-estar do animal. “Quartos muito pequenos e muito próximos podem deixar o pet desconfortável. É importante que o hotel esteja preparado para receber diferentes espécies, além de cães e gatos, pois sabemos que os animais silvestres também estão ganhando espaço”, finaliza Stephanny. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 21
PARQUES E ATRAÇÕES
Renato Gonçalves palestra para mais de 700 agentes em São Paulo
Universal reforça contato com mercado nacional Expansão hoteleira, novos atrativos e ações de marketing compõem a estratégia da marca para fomentar as vendas brasileiras para o destino POR ANA AZEVEDO
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m 13 de fevereiro, a Universal Parks & Resorts promoveu um roadshow com a participação de 737 agentes de viagens da capital paulista. O tradicional encontro anual tem como objetivo sanar dúvidas e apresentar novos produtos. Apresentado por Renato Gonçalves, desenvolvedor de Negócios da Universal, o evento pôs em xeque o conhecimento da plateia com um formato dinâmico de perguntas e respostas. Os cinco participantes que mais pontuaram participarão do Famtour Universal and U, que acontece no segundo semestre. Marcela Nogueira e Luíza Belice, respectivamente, gerente e analista de Trade Marketing, falaram sobre o posicionamento da marca e a importância em conhecer bem os produtos na hora da venda. A promoção “2+2” foi lançada com exclusividade para o mercado nacional, visando ampliar a experiência do turista nos parques. Na compra de dois dias de ingressos para dois parques, o usuário recebe o tíquete para quatro dias. Com o acréscimo de US$ 40, é possível incluir, ainda, o Volcano Bay. A oferta é válida para vendas de 13 de fevereiro a 13 de agosto e o ingresso deve ser usado entre 13 de fevereiro a 18 de dezembro. “A oferta 2+2 é aberta para todos os mercados. A intenção é trazer ainda mais valor para o tíquete e proporcionar uma experiência sensacional”, en22 Brasilturis
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fatiza Gabriella Cavalheiro, diretora de desenvolvimento de Negócios da Universal para a América Latina. EXPANSÃO Outro assunto que foi destacado na apresentação foi a abertura do Dockside Inn & Suítes, dentro do Universal Endless Summer Resort. O estabelecimento começa a funcionar em 17 de março e segue o formato do Surfside Inn and Suites, aberto em junho de 2019. Tarifas e formatações são semelhantes, a diferença fica apenas na cor e nos elementos escolhidos para a decoração. A estrutura oferece dois tipos de acomodações: Standard - com capacidade para quatro adultos em 29 metros quadrados, com duas camas queen, frigobar e internet – e Two Bedroom - que comporta seis pessoas em dois quartos de 41 metros quadrados, com três camas queen, geladeira e micro-ondas. O Endless Summer é o primeiro complexo hoteleiro da categoria value na Universal Parks & Resorts e possui 2.050 quartos. Além da megacapacitação na capital paulista, o grupo Universal realiza roadshows em dez cidades brasileiras até o fim de março, com expectativa de instruir 5 mil profissionais. “Não estamos preocupados com quantidade, e sim com qualidade. Sabemos que quando os visitantes chegam com recomendações,
Pedro Davoli e Gabriella Cavalheiro
hotéis e ingressos, a experiência é bem melhor. Fazemos essa ação para garantir que os agentes conheçam o portfólio e, assim, orientem melhor os clientes”, declara Gabriella. “Mesmo em um mundo corrido, é necessário entender o cliente para orientar e ajudá-lo a ter a melhor experiência. A única vantagem da internet, hoje, é o preço. Por isso, é imprescindível manter o vínculo com o cliente”, pontua Waldir Souza Junior, gerente de Atendimento da Diversa Turismo, que participou de um painel junto com Deivide Dalto (Flytour Viagens Shopping ABC) e Joice de Souza (Magic Blue Turismo). TERROR CONFIRMADO Uma das atrações mais famosas dos parques da Flórida (EUA), o Uni-
versal Horror Nights, foi confirmado para acontecer entre 10 de setembro e 1º de novembro. Em 2019 o evento cresceu mais de 150%, segundo Gonçalves. Até abril deste ano, o Universal Orlando Resort estreará The Bourne Stuntacular, atração que une teatro com tecnologia e chega para substituir a atração dedicada ao Exterminador do Futuro. Com 3 mil quilômetros quadrados, o Universal’s Epic Universe foi reconfirmado como o quarto parque da marca em Orlando. O empreendimento fica localizado a 12 minutos do Universal Boulevard – onde estão Universal Studios, Islands of Adventure, City Walk e Volcano Bay -, segundo anúncio oficial feito pela Universal em julho do ano passado. A data de abertura ainda não foi fixada, mas a previsão é que as portas se abram em 2023.
Volta por cima POR LUCAS KINA
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pós anos difíceis, a administração do Hopi Hari se comprometeu a colocar os negócios de volta aos trilhos. Localizado em Vinhedo (SP), o parque de diversões, que chegou a fechar as portas em 2017, passa agora por um plano gradual de recuperação. O primeiro passo foi renovar a gestão, na transição entre o primeiro e o segundo semestre do ano passado. Desde junho de 2019, a diretoria que assumiu o empreendimento vem escrevendo novos capítulos que prometem momentos de diversão para as famílias brasileiras. Alexandre Rodrigues assumiu a presidência e reforçou o compromisso de recuperar o parque por meio de uma combinação de retorno às origens e estreias. A aposta em atrações que apelam para a nostalgia dos antigos frequentadores combinada com novas áreas e com um calendário repleto de eventos deve ser responsável pelo faturamento de 2020, estimado em R$ 100 milhões.
Com pouco mais de 40 atrações instaladas em uma área de 700 mil metros quadrados, o parque apresenta a Virtual Montezum como principal novidade para este primeiro semestre. O simulador da montanha-russa, que é um dos cartões-postais do parque, chega para democratizar a aventura e é resultado de investimento próprio. “Nós queremos que todos tenham a mesma sensação de adrenalina, incluindo visitantes com problemas de saúde, os que têm medo e menores de idade”, explica Eduardo Fernandez, gerente geral de Manutenção. DE VOLTA AOS HOLOFOTES Rodrigues afirmou que o ressurgimento do parque não depende apenas de ações internas. “Desde que a gestão atual começou, recebemos um bom apoio da gestão do Governo de São Paulo, o que é essencial para que o turista nos veja como atração turística”, diz. Ele
O parque tem 700 mil metros quadrados de extensão e cerca de 5% de área construída
também destaca a importância do parque para o público da região, especialmente durante eventos especiais que se tornaram tradicionais - como Hora do Horror e o Hopi Pride, que serão mantidos na programação. O executivo revela, ainda, que os números mantêm um ritmo de crescimento constante, tomando como base o resultado de R$ 55 milhões, em 2018, logo após o período mais conturbado. Em 2019, as receitas do parque somaram R$ 75 milhões. Em termos de visitantes, o parque recebeu 732.822 mil pessoas no ano passado, número que representa aumento de 31% frente ao resultado do ano anterior
A responsabilidade dos dirigentes
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a edição anterior, trouxe algumas considerações sobre o papel das associações, sua importância junto à sociedade civil e embasamento legal. Agora, vou abordar a questão alusiva à responsabilidade dos dirigentes das associações no tocante aos compromissos financeiros assumidos. Convém relembrar que as associações se diferenciam de uma sociedade comercial, pois não possuem finalidade lucrativa ou econômica e são formadas pela união de pessoas sem direitos e obrigações recíprocos. Ao nos aprofundar em aspectos da responsabilidade civil no âmbito das associações, encontramos, na doutrina vigente, que responsabilidade corresponde à aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral e/ou patrimonial causado à instituição. A ocorrência de efetivo prejuízo, praticado por ação, omissão, negligência ou imprudência é requisito fundamental para a possibilidade de res-
ponsabilizar o dirigente. Este ato ilícito pode ser configurado em situação na qual um dirigente abusa de seu poder para obter vantagens à custa da associação, deixando de honrar com compromissos da mesma em prol de sua satisfação financeira pessoal e, consequentemente, gerando prejuízos à associação e aos seus credores. Repito que só ocorrerá o chamamento dos dirigentes para responder pela dívida da associação no caso de atos ilícitos na gestão, praticados com dolo ou intenção. Comprovada a má fé, o caminho será a desconsideração da personalidade jurídica da entidade, com a inclusão dos dirigentes e de seus bens para quitação de débitos então executados. O mesmo entendimento é aplicado à questão da responsabilidade por débitos tributários. Como dispõe o Código Tributário Nacional, no artigo 135, caput e inciso III: “São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a
obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado”. O texto legal tributário é bastante claro ao condicionar a responsabilidade de dirigentes às situações nas quais for identificada a prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. É essencial salientar que o não recolhimento de tributo, no entendimento doutrinário e jurisprudencial, não tem o condão de acarretar responsabilidade pessoal ao dirigente. O não pagamento de tributos constitui infração à lei tributária, mas não é esse o entendimento pretendido pela lei, fazendo menção às regras empresariais propriamente ditas. A mera inadimplência tributária representa mora da associação, mas não é uma infração capaz de trazer à discussão à figura do dirigente.
Alexandre Rodrigues
(553.499 mil pessoas). “A gente se afastou do nosso ideal e da forma de trabalho que tínhamos há alguns anos. A missão agora é recuperar a confiança dos visitantes”, conclui.
DIREITO
João Bueno Advogado especialista em associações e consultor jurídico para empresas de Turismo e hotelaria. joao.bn@bnkm.com.br
Em resumo, é bem abrangente o entendimento de que a responsabilização de dirigentes de instituições só poderá ocorrer nos casos de dissolução irregular da sociedade ou quando forem comprovados excessos de poder e/ou infração à lei praticada pelo dirigente, considerando as situações aplicáveis. Se comprovada a má fé do dirigente, ele deverá arcar com a responsabilidade e seu patrimônio poderá ser bloqueado judicialmente para o pagamento dos prejuízos gerados. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 23
DESTINO
Centro Histórico
Bonecos de Olinda
Galo da Madrugada
Genuíno e responsável Carnaval em Pernambuco reforça identidade cultural e adota iniciativas sustentáveis
POR CLEBER FRANÇA, ESPECIAL PARA O BRASILTURIS JORNAL
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ernambuco é, sem dúvidas, um dos destinos mais procurados pelos viajantes brasileiros. A combinação entre praias, cultura ímpar e o calor humano do pernambucano desperta cada vez mais o interesse por descobrir toda a história do estado nordestino. E, quando acrescentamos as comemorações de carnaval a essa equação, o interesse do público realmente dispara. Conhecido pelo maior carnaval de rua do mundo, Recife mostra que sabe fazer festa. E, com o tempo, passou a dominar também a arte de rentabilizar toda essa alegria que invade as ruas, beneficiando sua própria gente. Segundo Ana Paula Vilaça, secretária de Turismo, Esportes e Lazer da capital pernambucana, o faturamento de 2020 foi 7,8% superior ao registrado em 2019. A prefeitura da capital registrou a presença de mais de 2 milhões de foliões e 24 Brasilturis
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promoveu 3,2 mil apresentações divididas nos 46 polos localizados em pontos estratégicos. A capital registrou, no período, taxa de ocupação de 95,38%, segundo pesquisa realizada pela Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur). Para Marcelo Rocha, gerente de Vendas do Sheraton Reserva do Paiva, o resultado foi ainda melhor. O executivo revelou que o hotel, localizado em uma área de preservação afastada do agito do centro, teve ocupação completa. “Antes e depois do carnaval, a média de reservas antecipadas se mantém acima dos 46%”, diz. Os benefícios para a população local incluíram também a oferta de empregos diretos e indiretos. A prefeitura contratou 1.120 trabalhadores – incluindo 530 coletores registrados no projeto “Bora Reciclar”, que reuniu 529 toneladas de resí-
Rodrigo Novaes e Ana Paula Vilaça
duos e encaminhou 31 toneladas para reciclagem –, além de investir em ações de empreendedorismo para fortalecer os negócios de pequenos comerciantes e artesãos. No estado, a geração de empregos diretos e indiretos chegou a 56 mil postos. Esse viés sustentável não se limita à esfera pública, já que muitos empresários reforçam a ideia com a gestão de projetos próprios. É o caso de Jorginho Peixoto, um dos sócios da “Carvalheira na Ladeira”, evento privado que recebe uma média de 40 mil pessoas por dia. “Em 2019, reaproveitamos 72% do lixo e a meta para este ano é chegar a 90%”, diz. A empresa também hasteou a bandeira da inclusão, registrando seis colaboradores com Síndrome de Down para atendimento nos bares. Com sangue pernambucano, o maior bloco de carnaval do mun-
do é outro reforço para fazer circular a mensagem de preservação e valorização proposta pelo estado. Em sua 43ª edição, o Galo da Madrugada também foi porta-voz das causas verdes. “Eu não queria que tudo terminasse na quarta-feira de cinzas, então criei este conceito de eco-arte e educação, com oficinas para ajudar na montagem”, explica Leopoldo Nóbrega, artista plástico local e responsável pela montagem do imenso Galo pelo segundo ano consecutivo. Com 28 metros de altura e pesando 8 toneladas, o Galo de 2020 foi feito com 100% da estrutura e 75% do revestimento em material reaproveitável e também se vestiu com tecnologia. Dia e noite, 38 painéis de LED com projeção de imagens e 1,5 mil lâmpadas garantiram o brilho do gigante ao lado da ponte Duarte
DE JANEIRO A JANEIRO No século 16, a briga territorial entre portugueses e holandeses criou marcas indeléveis na cultura em Pernambuco. Arquitetura, costumes e gastronomia trazem o legado dos colonizadores na região e combinam perfeitamente com as belíssimas praias e piscinas naturais que convidam a passeios de barco pela orla. Selecionamos cinco passeios imperdíveis em Recife e Olinda: MARCO ZERO: O local de fundação de Recife fica na praça Rio Branco, rodeado por prédios históricos e próximo a diversos pontos turísticos. CAIS DO SERTÃO: Instalado em um armazém na zona portuária de Recife, o museu fica pertinho do Marco Zero e exibe tradições e costumes da vida sertaneja em um espaço moderno. Carnaval de rua em Bezerros
Bloco Papangus
Coelho. Em ação com coletores de lixo, o bloco também se engajou na causa de redução na geração e gestão de resíduos. Desde agosto do ano passado, a agremiação ostenta o selo Eu me Manifesto pelo Planeta, que demonstra respeito às normas e orientações que asseguram a sustentabilidade na construção. OH! LINDA CIDADE Durante o carnaval, as ladeiras históricas de Olinda ficam tomadas pelos foliões e pelos famosos bonecos gigantes. As alegorias retratam o cenário sociopolítico do momento, mudando a cada ano e servindo também como forma de protestos em meio à diversão. Personagens clássicos - como escritores e músicos, políticos, artistas, esportistas e personalidades de diversas áreas - estão por lá a cada virada de calendário, se misturando às figuras da moda. Neste ano, os bonecos incluíram representa-
Leopoldo Nobrega
ções da ativista sueca Greta Thunberg e até do palhaço Coringa. Os camarotes tomam conta dos grandes casarões e as pequenas casas se transformam neste período, levando milhões às ruas e disseminando a cultura e a gastronomia local. Com 397 mil habitantes, Olinda é Patrimônio Cultual e Histórico da Humanidade e foi fundada em 1535. A distância de apenas dez quilômetros até a capital permite deliciosos roteiros bate-volta entre os dois destinos. A cidade respira cultura nas igrejas e mosteiros icônicos, geralmente usados como cenário para casamentos e festas sociais. A 99 quilômetros de Recife, a cidade de Bezerros entra no circuito por conta de uma característica especial. A particularidade é o carnaval dos mascarados, evento que acontece sempre no domingo, com adesão de toda a população. Segundo uma lenda local, homens casados se cobriam com mascaras
Jorginho Peixoto
e fantasias para pular carnaval sem que fossem reconhecidos. A taxa de ocupação na cidade chegou a 96,67%, ultrapassando a média estadual. Recife e Olinda registraram respectivamente 98,56% e 99%. Rodrigo Novaes, secretário estadual de Turismo e Lazer, informa que o carnaval pernambucano de 2020 teve R$ 21 milhões investidos em áreas como segurança, saúde, serviços públicos e atrações. Além de destacar o aumento de empregos, com um total de 56 mil ocupações diretas e indiretas geradas no período, Novaes ressalta a proposta de enaltecer e valorizar a cultura local. “O diferencial é o nosso povo, a nossa história. O carnaval de Pernambuco nunca será o mesmo em nenhum outro lugar do mundo”, finaliza. Brasilturis Jornal viajou a convite da Empresa Pernambucana de Turismo
IGREJA DO CARMO E BASÍLICA DE SÃO BENTO: Situadas no centro histórico de Olinda, as igrejas se destacam pela arquitetura e pelos adornos barrocos em madeira e ouro. ALTO DA IGREJA DA SÉ: Um dos pontos turísticos mais procurados pelos turistas no fim do dia pela vista panorâmica de Olinda. Vale entrar para conhecer a igreja datada de 1537 que esbanja altares folheados a ouro e azulejos portugueses pintados à mão. GASTRONOMIA: Não é exatamente um ponto turístico, mas provar as delícias típicas locais é programa igualmente imperdível. A dica é experimentar a Cartola, sobremesa que é tão famosa em Pernambuco que ganhou título de patrimônio imaterial. Ela é feita com banana frita na manteiga de garrafa e coberta por queijo coalho derretido e, em alguns lugares – como no restaurante Reteteu, do chef Thiago das Chagas -, é servida com sorvete. Isso sem falar no charmoso Centro de Artesanato instalado em um antigo presídio, no parque de esculturas Francisco Brennand, estúdio Ricardo Brennand, Paço do Frevo – que deve receber investimento de R$ 413 mil do Ministério do Turismo para reformas - e no próprio rio Capibaribe com suas pontes que cortam a capital. O fato é que Recife e Olinda têm atrações de sobra – seja durante o carnaval ou em qualquer outra época do ano. www.brasilturis.com.br | Brasilturis 25
VIA SUSTENTÁVEL Primeiro jornal criado especialmente para a indústria do turismo nacional, Brasilturis é de propriedade da Editora Via LTDA, grupo de comunicação especializado em publicações segmentadas sobre turismo. Fundado por Horácio Neves, em 1981.
Cássio Garkalns CEO da GKS Inteligência Territoriale professor do curso de pós-graduação em Gestão Estratégica da Sustentabilidade (FIA/USP) cassio@gks.com.br
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DIRETORIA: Sócia-diretora Ana Carolina Melo
Carnaval sustentável
carnaval no Brasil é uma das festas populares mais conhecidas em todo o mundo, estimulando um intenso fluxo de visitantes e turistas. Nos dias de festa, algumas cidades concentram uma quantidade enorme de pessoas, o que faz mudar significativamente números importantes - como consumo de água, de energia e geração de resíduos. Como exemplo, o carnaval de Salvador (BA) produz aproximadamente 1,5 mil toneladas de lixo acima da média da cidade, que precisa ser coletado e destinado corretamente. Embora eu, pessoalmente, não goste de grandes aglomerações e prefira não cair na folia, tive a grata surpresa de perceber uma mudança positiva de atitudes, tanto nas ruas quanto na repercussão de notícias relacionadas à sustentabilidade. Mesmo as empresas privadas parecem ter feito movimentos para promover uma festa mais consciente: a Ambev apoiou quase 3 mil profissionais da reciclagem, organizados em 45 centrais de coleta nas cidades de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA) e Recife (PE) para reciclar os resíduos coletados e, com parte deles, fabricar lixeiras para serem instaladas nessas cidades. Outras gigantes globais do mercado de bebidas também estão colocando em prática ações alinhadas a metas ousadas: a PepsiCo assumiu o
compromisso de tornar todas as suas embalagens recicláveis ou biodegradáveis até 2025 e aproveitou o carnaval para sensibilizar os usuários a descartar corretamente suas embalagens. Já a The Coca-Cola Company trabalha com a meta de coletar e reciclar o equivalente a cada garrafa ou lata que a empresa venha a vender globalmente até 2030. Ações menores, mas não menos importantes, foram divulgadas pelas redes sociais citando a preocupação de moradores e foliões em diminuir a geração de lixo e, depois da festa, coletar e destinar corretamente os resíduos para cooperativas de catadores. Iniciativas como essa geram resultados reais: de acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte, a quantidade de lixo recolhida pelas ruas no carnaval de 2020 foi aproximadamente um terço do que foi coletado no ano passado – 700 toneladas neste ano contra 2,8 mil toneladas em 2019. Outro índice interessante é que a quantidade de materiais recicláveis recolhida também aumentou de 24 toneladas no ano passado para pouco mais de 30 toneladas neste ano. Essas mudanças de postura estimulam um movimento positivo, gerando um ambiente mais consciente e sustentável. E elas não precisam estar relacionadas apenas a grandes empresas e governos. Sistematizando algumas das boas práticas ado-
tadas em várias experiências exitosas pelo Brasil, algumas ideias simples e importantes podem ser disseminadas para passarem e fazer parte da nossa cultura carnavalesca (e também possam ser adotadas em outras festas populares): • Prefira latinhas a vidro, pois a reciclagem desse produto é melhor e mais fácil, gera menos volume e menos peso. Além disso, o valor estimula a atividade dos catadores, que conseguem R$ 0,10 por quilo de vidro, e R$3,50 por quilo de latinha de alumínio. • Tenha uma mochila para guardar seus resíduos e, depois, colocar nos locais de coleta apropriados. • Use bioglitter, a versão biodegradável! O glitter original é feito de microplásticos que poluem muito o ambiente, principalmente a água. • Faça seus próprios confetes usando folhas secas de árvores e um furador de papel. • Recuse brindes desnecessários ofertados por grandes empresas e que, segundos depois, vão para o lixo. • Leve seu copo/ squeeze e canudo reutilizáveis. • Valorize os catadores! Demonstre simpatia e apoio às pessoas que estão trabalhando e gerando um benefício enorme para o meio ambiente. Dizem que no Brasil o ano começa mesmo depois do carnaval... Então, estamos começando com o pé direito. Vamos em frente!
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