Livros, filmes & teatro ∫ Edição 01 ∫ Julho 2019
NESTA EDIÇÃO
Os Miseráveis VEJA TAMBÉM
O Fantasma da Ópera Sweeney Todd
Editorial & Expediente
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ós, da revista Holofote acreditamos que a música, os livros, o cinema e o teatro são algumas das mais belas formas de expressão artística da humanidade. Por isso, nosso conteúdo está voltado à essa temática. Em nossa primeira edição, decidimos explorar três clássicos da literatura, do teatro e do cinema. As obras escolhidas foram: Os Miseráveis, O Fantasma da Ópera e Sweeney Todd: o barbeiro demoníaco da rua Fleet. Contamos com cinco sessões: Os Livros, O Teatro, A Entrevista, O Cinema e O Leitor. Na primeira seção apresentamos uma introdução às obras literárias que deram origem às histórias abordadas nas seções seguintes. Além disso, falamos sobre o autor, curiosidades, e um breve resumo das histórias e dos personagens. Você também pode conferir uma análise literária do livro Os Miseráveis, produzida pelo doutorando em Estudos Literários, Josoel Kovalski. Na segunda seção, há reportagens sobre as adaptações teatrais, no caso, musicais, que se basearam nos livros. Destacamos os compositores das canções, adaptações brasileiras, e grandes produções. Há também uma matéria sobre o ator e cantor de musicais Colm Wilkinson, um grande expoente desse meio.
Com o intuito de dar visibilidade à produções brasileiras, há uma entrevista na terceira seção com os atores de teatro Rhuan Santos, Bel Lima e Vitor Louzada. Os três participaram da montagem da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), do musical Sweeney Todd: o barbeiro demoníaco da rua Fleet, em 2016. Nesta versão, Vitor participou do processo de versionar e adaptar as canções originais para português. Bel Lima e Rhuan Santos foram os responsáveis por interpretar os personagens principais Sweeney Todd e Dona Lovett. Para fechar a tríade Livros-Teatro-Cinema, na quarta seção há linhas do tempo que acompanham e colocam em evidência as principais adaptações cinematográficas que foram feitas tomando como base os livros mencionados anteriormente. Estão em destaque as primeiras produções, e as mais famosas. Para finalizar, na última seção sugerimos algumas canções provenientes dos musicais, para que você, leitor ouça enquanto aprecia a leitura da Holofote! Além disso, contamos com o depoimento de quatro leitoras da revista, que compartilham suas experiências com os livros, filmes e peças de teatro que compõem esta edição. Desejamos a todos uma boa leitura! Maria Woldan
Edição : N° 1 julho de 2019. Editora: Maria Vitória Woldan Projeto gráfico-editorial: Maria Vitória Woldan Textos: Josoel Kovalski e Maria Vitória Woldan Fontes: Cantata One, Georgia, Merriwether, Another Danger Demo. Imagens: Aloysio Araripe, Printest, Matthew Murphy, Marcos Mesquita, Joan Marcus, James Fisher, Daren Bell e Tracy Martin, Johann Person, Marco Grob.
Esse trabalho é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, criado e editado pela acadêmica Maria Vitória Woldan como exercício de projeto gráfico-editorial para a disciplina de Laboratório de Produção Gráfica do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no semestre 2019-1. Não será distribuído, tampouco comercializado. Seu conteúdo e suas opiniões são de inteira responsabilidade dos acadêmicos , isentando assim a UFSC e o docente da disciplina de qualquer responsabilidade legal por essa publicação.
SUMÁRIO OS LIVROS Os Miseráveis...................................................................................................6 Análise Crítica: Os Miseráveis e a arte de narrar...................................................................8 Por trás da máscara.......................................................................................11 Sweeney Todd: o penny dredful de terror que ganhou o mundo....................................................................................12
O TEATRO Os Miseráveis versão musical......................................................................15 O gigante dos musicais.................................................................................18 O Fantasma da Ópera está dentro de mim...............................................19 E de gosto nem se deve comparar!.............................................................21
A ENTREVISTA Bate papo com Bel Lima, Vitor Louzada e Rhuan Santos.....................23
O CINEMA Os clássicos estão nas telas!.........................................................................27
O LEITOR Leia ouvindo..................................................................................................30 Cometários do leitor......................................................................................31
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OS LIVROS
Os Miseráveis
Crítica social a desiguldade, livro marcou e marca épocas O romance é dividido em cinco partes: Fantine, Cosette, Marius, O Idílio da rua Plumet e a Epopeia da rua Saint-Denis, e Jean Valjean. A história narra, através da vida do personagem principal as mazelas vividas por diversos personagens, bem como a estrutura político-social que permeava as camadas mais baixas da sociedade francesa do século XIX. Texto por Maria Woldan Foto por Stock
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Na segunda metade do século XIX, mais precisamente em 1862, o escritor francês Victor-Marie Hugo publicou sua mais famosa obra literária: Les Misérables. O livro foi lançado pela editora belga A. Lacroix, Verboeckhoven & Cie. Um dos fatores que colaborou para o sucesso de vendas foi a intensa divulgação, que ocorreu principalmente através de anúncios publicitários em jornais. O romance inicia-se em 1815, e acompanha a vida de Jean Valjean desde a saída do personagem das Galés (antigas prisões francesas), até a sua morte. Durante sua trajetória, Valjean torna-se um foragido da lei, empresário bem sucedido e o prefeito de uma pequena cidade. O sumiço do ex-presidiário enfurece Javert, antigo carcereiro das Galés. A partir disso, Javert tenta freneticamente recapturar Valjean. Guiado por boas ações e por um forte apego religioso, Valjean torna-se um homem caridoso. Após a trágica morte de Fantine, ex-funcionária de Valjean, o empresário adota Cosette, filha de Fantine. A menina estava sendo explorada por um casal de golpistas, os Thénardier. Anos se passam, Cosette e Jean Valjean constroem uma relação amorosa de pai e filha. Juntamente com o surgimento de barricadas contra o governo francês, eclode uma paixão entre a jovem Cosette e o revolucionário Marius. Éponine, filha dos Thénardier nutre um amor (não correspondido) por Marius. Nas barricadas, Éponine morre. Javert comete suicídio. Marius e Cosette se casam, e Jean Valjean morre. Assim, diante da trajetória e da relação existente entre os personagens, o autor Victor Hugo faz críticas e constatações em relação a sociedade parisiense da época. O escritor demonstra, através do romance, suas percepções sobre o mundo. Ao longo da história é interessante notar, que apesar das diferentes características de cada personagem, todos eles são, de algum modo, miseráveis. Jean Valjean: personagem principal da história, é apresentado como uma pessoa humilde, que por necessidade roubou um pedaço de pão e tornou-se um
presidiário. Durante 19 anos, Valjena esteve preso, e isso o tornou um homem frio. Após sair das Galés e ser ajudado pelo bispo Miryel, o ex-prisioneiro converte-se num homem religioso e benevolente. Buscando redenção, Valjean passa a vida ajudando as pessoas ao ser redor. Javert: antagonista da história, configura-se com um homem rígido, casto, fiel a seus princípios e a lei. Durante a narrativa, ele desempenha duas profissões: carcereiro das Galés e inspetor de polícia. A rigidez de sua personalidade é aplicada principalmente no desempenho de sua função. Fantine: mulher simples e solitária, engravidou jovem e foi abandonada pelo pai de sua filha, Cosette. Sem condições de criar a criança, Fantine deixou sua filha sob os cuidados do casal Thénardier. Para sustentar Cosette, Fantine trabalha na empresa de Jean Valjean. Depois de ser demitida injustamente, Fantine é obrigada a se prostituir. Cosette: filha de Fantine, foi explorada pelo casal Thénardier em sua infância, até ser resgatada por Jean Valjean. Cosette desconhece suas origens, e isso a aflige. Em sua juventude ela se apaixona perdidamente por Marius. Senhor e Senhora Thénardier: casal de vigaristas, ambos vivem uma vida miserável. Como forma de sobrevivência, praticam pequenos golpes e cometem delitos. São gananciosos e sem escrúpulos, capazes de passar por cima de tudo e de todos. São pais de cinco filhos, dentre eles, Éponine. Marius: proveniente de uma família rica, saiu de casa e decidiu viver por conta própria. Isso ocorreu por divergir da postura política de seu avô. Marius considera o governo corrupto, e decide juntar-se a resistência. Ele apaixona-se por Cosette. Éponine: filha do casal Thénardier, a garota era mimada quando criança. Entretanto, depois da falência de seus pais Éponine passa a viver uma vida deplorável. Ela apaixona-se por Marius, e sofre profundamente por não ter esse amor correspondido, já que o rapaz, por sua vez, ama Cosette. Julho 2019 ∫ Edição 01 ∫ Holofote ∫ 7
OS LIVROS
Os Miseráveis
A arte de narrar Texto por Josoel Kovalski Foto por Grandminers
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em Jean Valjean, nem Cosette; nem D. Bienvenu nem Fantine ou Marius: a figura central do romance Os Miseráveis, do prolífico francês Victor Hugo, é a voz tonitruante que escapa a cada investida das personagens da imensa trama, voz que conta a história, e que a teoria literária nos ensinou a chamar de narrador. Exímio tanto em se mostrar onipresente, em cada pequeno gesto das personagens, em cada reforço factual com uma pretensa história baseada em fatos reais, quanto nas considerações de teor religioso, político ou filosófico que proclama nos entremeios das narrativas, chamando muitas vezes mais a atenção para si, que para a história que conta, esse narrador – confundido biograficamente com a pessoa histórica de Victor Hugo – esse narrador nos interpela em cada movimento da extenuante obra, fazendo valer seu ponto de vista como uma entidade discursiva que se expande para além dos diálogos e situações da trama narrada. A figura do narrador onipotente a nos levar pela mão em cada situação, sabendo exatamente como pensam os personagens, animou por muito tempo as narrativas livrescas propícias a deleitar uma classe de leitores a ela acostumados. Não foi sem razão que o advento do romance moderno colocasse em xeque essa figura – tão ficcional quanto as histórias e personagens que preenchem a vida do romance – e consagrasse a voz narrativa como uma das formas em que a ficção moderna se projetaria, ou seja, como desconfiança, como impossibilidade de se saber, como quem olha de cima, as verdades pretensamente sedimentadas pela persuasão de seu discurso magno. Os Miseráveis, Opus Magnum de um dos maiores escritores do século XIX – e lembremos que esse século foi o mesmo de Dickens, por exemplo, a quem tão apaixonadamente escreveu a histórias dos desvalidos, tematizando a miséria e o lapso abissal que compunha as classes mais abastadas da imensa maioria da sociedade; ou de um Dostoievski, que penetrou na psicologia de suas personagens fazendo-nos ver, mesmo hoje, que as sendas que percorremos estão imbuídas de entraves que não nos cabe ultrapassar; ou finalmente de um Machado de Assis,
A figura do narrador onipotente nos leva pela mão em cada situação cuja verve realista ultrapassa muito o simples contar e que os narradores intrometem-se na narração, fazendo do romance uma dinâmica discursiva em que a história narrada às vezes parece mero pretexto para que a voz narradora seja ouvida. Mesmo assim, o romance de Hugo com seu narrador clássico – aquele que nos avisa de cada passo –, e com suas duas mil páginas (o que colide com o leitor moderno acostumado às narrativas rápidas) entrou para o rol como um dos melhores romances de todos os tempos. O tema é simples: a miséria dos desvalidos em confronto com o Estado, gravitando pela história de Jean Valjean e seus entornos, sua adesão a uma vida moralizante após o encontro com o Bispo Bienvenu, a bondade humana como centelha divina inerente ao coração dos homens. A narrativa confunde-se com a história da França pós-Restauração, cobrindo 18 anos (1815-1833). Mas não se limita a somente isso. Cada pormenor é às vezes exaustivamente relatado, cada encontro fortuito é preparado, descerrado em minúcias; e cada agente envolvido, sobretudo os mais interessantes ao encaminhar da trama, é biografado pelo narrador de Hugo. Fosse Jean Valjean quem contasse a história, em vez de um narrador em terceira pessoa, não ficaríamos sabendo dos defeitos e contrafeitos esmiuçados de cada personagem; optasse Victor Hugo por essa tática mais direta, provavelmente a obra, publicada pela primeira vez em 1862, não tivesse o alcance que até hoje tem. Teriam por acaso suas personagens a visibilidade que um narrador onisciente a elas projeta? Ou nos perderíamos em situações cada vez mais in-
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OS LIVROS dividuais, relatadas pelas personalidades que no romance representam a miséria, flagelo constatado por muitos já no século de Hugo, mas por ele tematizado de maneira magistral? O século XX também é o século do cinema. As traduções que antes se debatiam com o verter de uma língua a outra precisaram alcançar outros meios que não somente o literário, o escrito: precisaram adaptar-se. Como “traduzir” obra de tamanha magnitude às telas, trocar personagens envoltos e construídos em nossa imaginação e personificá-los em atores, o enredo em roteiro, o narrador em câmera, tudo isso sem se perder em qualidade, ou perdendo o menos possível? Óbvio que as linguagens são diferentes, e suprimir “aquele que conta” – o narrador do romance – e ao mesmo tempo extirpar da história seu teor dramático sublevando-o pela atuação dos que encarnam as personagens é tarefa muitas vezes mais fadada ao desastre do que empreendimento de sucesso. O tempo é essencial. Reconfigurar uma obra literária de muitas centenas de páginas no espaço de duas horas exige um imenso grau de intimidade dos roteiristas, produtores e atores para com o texto literário. Deve-se, e isso muitas vezes ocorre, mais que adaptá -lo, traduzi-lo, reinventá-lo. Agindo assim, muitas vezes ilumina-se o texto literário, tira-o de um arrefecimento só interrompido quando algum amante da leitura o encontra nos desvãos bibliotecários. O empreendimento audacioso de verter-se Hugo para as telas tem lá suas responsabilidades. Parece que os cineastas têm conseguido bons resultados. Longe da comparação fortuita e costuQuem é o autor? meira entre a obra literária e a cinematográfica – limitamo-nos aqui somente a esses dois media, Josoel Kovalski possui graduação em Letras: Pordeixando a discussão sobre a ópera, os musicais, tuguês/ Inglês pela Faculdade Estadual de Filosoo teatro, etc, para um outro espaço – que se arrofia, Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV ga de achar os “defeitos” na obra vertida às telas 2005) e mestrado em Letras pela Universidade que figurariam de maneira “melhor” na escrita, Federal do Paraná (UFPR 2013). Atualmente faz sabemos que desde os gregos, ao que nos lembradoutorado em Estudos Literários na UFPR. Josoel mos, as adaptações (ou reinvenções) de um texto tem experiência na área de Letras, com ênfase em em outro já eram prática costumeira, o que não Teoria Literária, atuando principalmente nos seimpedia de tornar também as adaptações em noguintes temas: crítica literária, ensaio, literatura, vos clássicos. O cinema, assim como o narrador e método crítico. da obra escrita Os Miseráveis, continuará sendo Joso, apelido pelo qual é chamado pelos amigos um soberbo narrador de histórias e de temas, um próximos, se considera um verdadeiro apaixonagrande contador das agruras e alegrias humanas, do por literatura. e por quê não, como Victor Hugo, um desvelador de realidades congraçadas nas teias da ficção.
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Por trás da máscara
Texto por Maria Woldan Foto por Printest
Conheça um pouco mais sobre o clássico da literatura francesa O Fantasma da Ópera, e sobre seu - riquíssimo - autor O autor do romance gótico foi o parisiense Gaston Leroux. Nascido em 1868, o escritor teve uma vida abastada: herdou milhões de francos (moeda corrente da época) e viveu “ostentando” até quase falir. Teve diversas profissões ao longo de sua vida: foi advogado, jornalista, e escritor. Além disso, Leroux fundou, juntamente com o produtor Arthur Bernède (1871 - 1937), uma companhia cinematográfica chamada Sociéte des Cinéromans. Os dois pretendiam transformar os romances publicados em filmes. Leroux faleceu em 1927, na cidade de Nice - França. O Fantasma da Ópera foi lançado de maneira periódica entre setembro de 1909 até janeiro de 1910, nas páginas da revista literária francesa Le Gallois. As inspirações utilizadas pelo autor para escrever a obra foram fatos históricos ocorridos no edifício da Ópera de Paris durante a segunda metade do século XIX, bem como um conto apócrifo relativo à descoberta de um esqueleto humano durante a produção da ópera O Franco Atirador, em 1841. “O Fantasma da Ópera existiu”. É com essa frase que Leroux inicia o prefácio de sua obra. O autor se insere no romance, narrando como conseguiu certos documentos, cartas e declarações que buscam embasar sua afirmação inicial referente à existência do fantasma. O livro é dividido em duas partes: Érik e O Mistério dos alçapões, respectivamente. A narrativa gira em torno do triângulo amoroso protagonizado pelos personagens Fantasma da Ópera, Christine Daaé e Raoul de Chagny. O romance inicia-se com a saída dos, até então, diretores da Ópera de Paris. A partir disso, os senhores Armand Moncharmin e Firmin Richard assumem o cargo. Com essa troca, os novos diretores passam a receber cartas contendo exigências. Em meio a isso, a jovem Christine Daaé passa a ter aulas de canto com o Fantasma. Ele apaixona-se perdidamente pela garota. A partir das aulas, Christine consegue desenvolver todo o seu potencial e toma o lugar de Carlotta como cantora principal da Ópera de Paris. Nesse cenário, Raoul, amigo de infância de Christine, reaparece na vida da cantora. Os dois se apaixonam. Essa paixão enfurece o Fantasma, e ele rapta a jovem. A partir dessas circunstâncias a segunda parte do livro se desenvolve. Fantasma da Ópera: homem com o rosto desfigurado, gênio da música, possuidor de uma personalidade cruel, assassino. Por ter uma aparência horrível, o “fantasma” tornou as catacumbas da Ópera de Paris seu abrigo. Em determinado momento do livro ele se apresenta para Christine como Érik. Christine Daaé: jovem, bela, sonhadora e romântica. Sua mãe faleceu quando ela era criança, e, por isso, Christine fora criada por seu pai, que era músico. Antes de falecer, o pai de Christine disse que
mandaria um “Anjo da Música” para ensinar sua filha a cantar cada vez melhor. Por essa razão, a princípio, a cantora acredita que o Fantasma é esse anjo. Raoul: proveniente de família rica, Raoul é um jovem Visconde. Em sua infância, ele conheceu Christine, e os dois se tornaram bons amigos. No início da história, Philippe, o irmão de Raoul, torna-se o patrocinador da Ópera de Paris. Com isso, o Visconde passa a frequentar a Ópera, e apaixona-se por Christine. Madame Giry: mulher madura, possui um temperamento rígido ao exercer seu ofício - professora das bailarinas. Por trabalhar há um longo tempo na Ópera, ela sabe que o Fantasma realmente existe, e do que ele é capaz de fazer quando suas ordens são desobedecidas. Carlotta: mulher adulta e bela, possui uma personalidade difícil. Ela vangloria-se de ser a cantora principal da Ópera de Paris. Quando percebe que seu posto está ameaçado pela jovem Christine, ela faz tudo que está ao seu alcance para prejudicar a garota. Armand Moncharmin e Firmin Richard: novos dirigentes da Ópera, demonstram-se incrédulos quando são informados sobre a existência do Fantasma. Entretanto, quando alguns acontecimentos suspeitos passam a ocorrer, ambos passam a crer - e a temer - essa figura misteriosa. Julho 2019 ∫ Edição 01 ∫ Holofote ∫ 11
Sweeney Todd: o penny dreadful de terror que ganhou o mundo Por Maria Woldan
IMAGENS: SANGUE POR GIU CETRATO & NAVALHA POR REDDIT
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OS LIVROS Lançado originalmente sob o título “The String of Pearls”, a história que originou o caricato personagem Sweeney Todd foi editada por Edward Lloyd. Publicada na passagem do ano de 1846 para 1847, a obra literária ficcional foi distribuída de modo fracionado, em 18 capítulos semanais, em jornais da Inglaterra. Essa forma de distribuição de literatura ficou conhecida como penny dreadful, e se assemelha à que ocorria nos folhetins aqui do Brasil. O principal público alvo dos penny dreadfuls eram jovens de classes menos abastadas, por esse motivo, o valor de cada capítulo era apenas um penny (a menor unidade monetária da época, equivalente, de certa forma, a um centavo). Uma das consequências do trabalho de editor - um tanto quanto bagunçado - de Lloyd é que até os dias atuais, não se sabe exatamente quem foi o autor de “The String of Pearls”. Em 1894 o jornalista George Augustus Sala afirmou que o criador da história seria o britânico Thomas Reskett Prest. Em contrapartida, em 1901 o colunista do jornal Liverpool Mercury, argumentou que o autor seria James Malcolm Rymer. Dentre as duas hipóteses, a mais provável é que Lloyd comprou a história de alguém desconhecido, e entregou para um de seus escritores de confiança (possivelmente Prest) para encaixar a narrativa nos padrões do que Lloyd acreditava que podera ser um penny dreadful de sucesso. Posteriormente, em 1850, quando o editor resolveu reunir os capítulos da história em um único livro, ele teria procurado Rymer para realizar tal adaptação. De qualquer forma, a autoria de “The String of Pearls” continua um mistério.
Londres 1785. Sweeney Todd é um barbeiro oportunista. Em sua
barbearia, ele possui como ajudante o pequeno Tobias Ragg, que é constantemente maltratado pelo o barbeiro. A princípio, um cliente (que não tem seu nome revelado), entra na barbearia. Depois de revelar ao barbeiro que iria entregar um - caríssimo - colar de pérolas à jovem Johanna Oakley, o cliente misteriosamente desaparece. O colar acaba nas mãos de Todd. A partir de então, o Coronel Jeffery, que possuía uma forte amizade com o “cliente”, passa a investigar seu desaparecimento. Em meio a esse cenário, o leitor é apresentado ao romance existente entre Johanna e Mark Ingestrie. Dois anos antes, os dois jovens namorados separaram-se. Quando data do reencontro finalmente chegou, Mark não apareceu. Desesperada por informações, Johanna acaba conhecendo o Coronel Jeffery, e juntos os dois passam a investigar o sumiço do “cliente”. Neste momento, instaura-se um dos maiores mistérios do livro. Enquanto Johanna acredita que o “cliente” é Mark, o Coronel Jeffery insiste em dizer que trata-se de Thornhill, seu velho amigo. Outro núcleo da história, são as tortas de carne da Srta Lovett, e o obscuro segredo que as tornam únicas e deliciosas. Para ajuda-lá na confecção das tortas, Lovett prende em seu porão um morador de rua. Através de sua convivência diária com Todd, o jovem Tobias passa a desconfiar que o barbeiro é, na verdade, um assassino. Depois de confirmar suas suspeitas, Tobias é internado em um hospício. Entretanto, o garoto consegue fugir. Ao final da história, Johanna, o Coronel Jeffery e as autoridades desvendam o mistério: Sweeney Todd era realmente um assassino, e as tortas da Srta Lovett eram feitas de carne humana, provenientes das vítimas de Todd. Os dois personagens maléficos são assassinados. Por fim, descobre-se que o “cliente” que aparecera no primeiro capítulo tratava-se realmente de Thornhill, e que ele havia sido uma das vítimas de Sweeney Todd. Mark estave em Londres, vivendo como morador de rua. Vulnerável nessa situação, o rapaz fora aprisionado por Lovett. Depois de conseguir escapar, ele reencontra Johanna e os dois se casam.
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Sweeney Todd: barbeiro cruel e calculista, ele aproveita-se de sua profissão para atrair, assassinar e roubar seus clientes. Dono de uma risada maquiavélica, Todd é descrito como uma figura marcante: possui grandes mãos e pés, além de um cabelo volumoso. Senhorita Lovett: mulher interesseira, ela possui uma bem-sucedida loja de tortas. O segredo por trás da suculenta carne utilizada pela Srta Lovett é macabro: trata-se de carne humana! Seus suprimentos de carne são abastecidos pelos assassinatos cometidos por Todd. Johanna Oakley: dona de uma beleza excepcional, a jovem é perspicaz e muito corajosa. Johanna é perdidamente apaixonada por Mark Ingestrie. A partir do sumiço de seu amado, ela decide investigar o ocorrido. Mark Ingestrie: depois de apaixonar-se por Johanna, o jovem viajou para a Índia em busca de grandes riquezas, para que os dois pudessem casar. Nessa viagem, Mark tornou-se amigo de Thornhill, e contou-lhe seus planos de casamento. Durante a navegação, o navio que continha os dois amigos afundou. Thornhill foi salvo pelo Coronel Jeffery, e Mark considerado como morto. Entretanto, o jovem havia sobrevivido. Sem dinheiro, ele retorna para Londres onde passa a viver como morador de rua. Nessa condição precária, Mark é aprisionado pela Srta Lovett e obrigado a produzir as tortas de carne. Thornhill: amigo fiel. Sabendo do romance existente entre Mark e Johanna, e acreditando que o rapaz havia morrido, Thornhill vai a Londres entregar à jovem um precioso colar de pérolas e informá-la sobre a morte de seu amado. Antes que possa completar sua missão, Thornhill é assassinado por Sweeney Todd. Seu desaparecimento desencadeia o início da história. Coronel Jeffery: também pode ser descrito como um amigo fiel. Estando ciente da missão de Thornhill em Londres, Jeffery fica alarmado quando seu amigo desaparece. Unindo forças com a jovem Johanna, ele busca desvendar o mistério acerca do desaparecimento. Tobias Ragg: garoto humilde, ele trabalha como ajudante na barbearia de Sweeney Todd. Depois de presenciar várias situações suspeitas, de ser oprimido pela maldade de Todd, o menino passa a suspeitar que o barbeiro é, na verdade, um assassino oportunista.
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Curiosidades A história pula o capítulo XVII: do capítulo XXII vai direto para o XXIV. Há quatro títulos de capítulos que não condizem com o que é relatado: The mad-house Yard, and Tobias new friend (XXVI), Tobias makes an attempt to escape from the mad-house (XXV), Tobias escape from Mr. Fogg establishment (XXVIII), e The rapid journey to London of Tobias (XXIX). Na época, estava na moda que as narrativas tivessem “histórias dentro da história”, ou seja, histórias secundárias que não interferem nos acontecimentos principais. Isso ocorre, por exemplo no capítulo Tobias escape from Mr. Fogg establishment (XXVIII), em que uma interna do hospício conta a Tobias como ela fora parar naquela situação. A utilização deste recurso foi muito importante para o editor Edward Lloyd, pois como w foi escrito e publicado de forma fracionada, nem sempre o autor havia produzido aquele determinado capítulo que necessitava ser publicado durante semana. Para preencher a publicação, possivelmente, Lloyd teve que improvisar com as “histórias dentro da história”. Isso também explicaria a confusão em que os títulos dos capítulos não correspondem aos acontecimentos neles descritos.
O TEATRO
Os Miseráveis versão musical Texto por Maria Woldan Foto por Catherine Ashmore
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CRÉDITOS: MICHAEL LE POUR TRENCH
A
s canções que compõem o musical Os Miseráveis foram criadas pelo compositor Claude-Michel Schönberg, e pelos libretistas Alain Boublil e Jean-Marc Natel, em 1978. O processo criativo que viabilizou a produção do musical, inspirado na obra literária homônima de Victor Hugo, demorou dois anos para ser finalizado. Escritas originalmente em francês, as músicas produzidas por Boublil e Schönberg, foram lançadas em 1980 em um álbum conceitual. As gravações foram sucesso: mais de 260 mil cópias foram vendidas. Em setembro do mesmo ano, 1980, o cineasta Robert Hossein foi o responsável por dirigir a primeira adaptação teatral do musical, que ficou em cartaz por três meses, no Palais des Sports, em Paris. A maioria dos artistas que interpretaram os personagens na adaptação teatral foram os mesmos que cantaram no álbum conceitual. Dentre eles figuram: Maurice Barrier como Jean Valjean,
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Elenco do musical Os Miseráveisde 1985 durante ensaio.
Fabienne Guyon como Cosette, e Rose Laurens como Fantine. Depois de apenas três meses de apresentações, o contrato expirou, e o espetáculo teve de ser retirado de exibição. Apesar do curto período em que esteve em cartaz, o musical obteve um bom resultado perante o público francês. Em 1982, o produtor britânico Cameron Mackintosh foi responsável por adaptar o musical francês para a língua inglesa. Dentre os musicistas que participaram da adaptação, encontra-se o famoso letrista Herbert Kretzmer. Depois de dois anos de trabalho, a versão em inglês finalmente estreou em outubro de 1985 na West End, em Londres. O elenco contou com Colm Wilkinson no papel principal, Pattie LuPone como Fantine e Roger Allam como Javert. Após obter um sucesso expressivo, em 1987, o musical foi transferido para a Broadway, em Nova Iorque. Na versão estadunidense, Wilkinson continuou interpretando Jean Valjean entre 1987 e 1995. Em 2010, o musical completou seu 25º aniversário, para comemorar a ocasião foi realizado um concerto especial na O2 Arena, em Londres. A apresentação contou com a participação de parte do elenco do 10º aniversário, cantando a icônica música “One Day More”. Além disso, houve um breve discurso dos criadores Cameron Mackintosh, Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg. Dentre os mais de 20 prêmios que o musical ganhou ao longo de seus 34 anos de existência, encontram-se: Laurence Olivier Awards, Tony Awards, Drama Desk Awards, Dora Awards, entre outros. Em 2001 estreou, no então Teatro Abril em São Paulo, a primeira adaptação brasileira do musical Os Miseráveis. As letras das canções ganharam sua versão em português através do letrista, compositor e tradutor Claudio Botelho. O espetáculo foi produzido pela Companhia Interamericana de Entretenimento, e teve como orçamento 3,5 milhões de dólares. A direção da peça ficou sob responsabilidade do diretor residente Helzer de Abreu. O elenco contou com Marcos Tumura como Jean Valjean, Saulo Vasconcelos como Javert e Alessandra Maes-
CRÉDITOS: CÍNTIA CARVALHO
O TEATRO
Ao lado: Léo Wagner como Jean Valjean, em produção brasileira. São Paulo, 2017.
trini como Fantine. A importância relativa à produção da versão brasileira do Os Miseráveis vai muito além do que aparenta a superfície: a partir de então os musicais produzidos no Brasil passaram a ser mais valorizados, e a ocorrer com mais frequência. Dezesseis anos depois, o musical voltou ao Brasil, sendo exibido no mesmo teatro da versão anterior - agora rebatizado como Teatro Renault. A montagem seguiu o formato adotado na comemoração do londrina do 25º aniversário do espetáculo. O diretor associado da produção foi o inglês Adrian Sarple. No elenco, o espanhol Daniel Diges interpretou Jean Valjean, e os brasileiro Nando Pradho e Kacau Gomes deram vida aos personagens Javert e Fantine, respectivamente. O musical foi premiado em três categorias do Prêmio Reverência 2017: melhor espetáculo, melhor atriz coadjuvante (Andrezza Massei) e melhor ator coadjuvante (Ivan Parente). Em 2015, o Prêmio Reverência de Teatro Musical surgiu no Brasil com a premissa de servir como indicativo de qualidade das produções brasileiras. A intenção é servir como uma referência para o público, a crítica e o mercado teatral do país. O júri conta jornalistas especializados, artistas já indicados ao prêmio e veteranos consagrados. De acordo com o exposto em seu site oficial, os organizadores do Prêmio acreditam que “valorizando nosso mercado poderemos potencializar nossas qualidades e nos tornarmos exportadores de cultura, levando essas memórias e emoções para o maior número possível de pessoas”.
CRÉDITOS: MATTHEW MURPHY
Abaixo: Gavin Lee e Rachel Izen como os Thénardier. Produção da West End. Londres 2017.
CRÉDITOS: JOHAN PERSSON
No centro da página: Elenco da produção do West End. Londres 2017.
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O TEATRO
O gigante dos musicais
Colm Wilkinson ganhou destaque no cenário internacional por sua participação como Jean Valjean, em Os Miseráveis, e como o Fantasma, em O Fantasma da Ópera
CRÉDITO: ROBERT RAGSDALE
Nascido em 5 de junho de 1944, em Dublin, o artista provém de uma família de músicos. A sua trajetória em musicais começou em Dublin, no ano de 1972. Foi na produção Jesus Cristo Superstar, que Wilkinson interpretou seu primeiro personagem: Judas Iscariotes. Durante esse período, trabalhou com o produtor Andrew Lloyd Webber. Anos mais tarde, a parceria entre os dois se repetiria. Em 1976, Colm lançou sua carreira solo como cantor e compositor. No ano seguinte, lançou seu primeiro álbum, intitulado “C. T. Wilkinson”. Nas oito semanas que seguiram ao lançamento, o disco permaneceu em primeiro lugar no “Irish Chart” (índice de popularidade de produções musicais da indústria musical da Irlanda). Em 1985, o cantor e o compositor Andrew Lloyd Webber trabalham juntos novamente. Wilkinson in-
terpretou o Fantasma numa apresentação prévia do musical O Fantasma da Ópera. A apresentação foi realizada no Festival de Sydmonton, na cidade de Winchester, Inglaterra. O responsável pela composição de algumas músicas, e pela organização do evento foi Webber. O principal objetivo do festival é introduzir, para um público seleto, novos trabalhos artísticos. A partir disso, de setembro de 1989 até maio de 1994, Wilkinson estrelou a produção canadense do musical O Fantasma da Ópera, no Teatro Pantages. Em Londres, no mesmo ano de 1985, Wilkinson estrelou como Jean Valjean no musical Os Miseráveis, no Barbican Arts Centre. Dois anos mais tarde o musical foi transferido para a Broadway, em Nova Iorque. Nessa transferência, a instituição americana Actors Equity Association (Associação de Equidade de Atores, em tradução literal), se negou a aceitar que Wilkinson interpretasse Jean Valjean. Isso se deu porque a Associação tinha uma política de contratação que engloba va apenas atores americanos. No entanto, o produtor do musical, Cameron Mackintosh, se negou a realizar o espetáculo, a menos que Wilkinson interpretasse Jean Valjean. Dessa forma, a Associação cedeu. Por sua performance, Wilkinson ganhou o Prêmio Helen Hayes, o Outer Critics Circle Award e o Theater World Award. Depois disso, Wilkinson interpretou Jean Valjean mais uma vez, no décimo aniversário do musical Os Miseráveis, em 1995. Além disso, em 2012, o artista interpretou o personagem Bispo de Digne, na adaptação cinematográfica do musical Os Miseráveis. Em 2010 e 2011, Wilkinson participou do evento comemorativo do vigésimo quinto aniversário dos musicais Os Miseráveis e O Fantasma da Ópera, nessa ordem. Em ambos houve a participação especial de vários artistas que interpretaram, ao longo dos anos, Jean Valjean e o Fantasma. Colm Wilkinson no papel de Fantasma da Ópera.
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O Fantasma da Ópera está dentro de mim Texto por Maria Woldan Foto por Matthew Murphy
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O TEATRO
N
o início dos anos 80, a obra literária gótica de Gaston Leroux serviu como inspiração para a criação de um musical homônimo. Suas músicas foram compostas pelo britânico Andrew Lloyd Webber, e seu libreto escrito por Charles Hart, Richard Stilgoe e pelo próprio Webber. Em 1985, uma versão prévia do musical foi apresentada no Festival de Sydmonton, localizado cidade de Winchester, Inglaterra. Nessa primeira produção, os artistas Colm Wilkinson e Sarah Brightman atuaram como o Fantasma e Christine, respectivamente. Na época, Webber e Brightman eram casados, por esta razão, muitos acreditam que a artista foi a grande inspiração do compositor. A partir desta apresentação prévia, alguns ajustes foram realizados. Dentre eles destaca-se a adaptação da máscara utilizada pelo Fantasma durante o show. Nessa primeira produção, Wilkinson utilizou uma máscara que cobria todo o seu rosto, como consequência sua voz foi abafada e sua visão prejudicada. Para sanar o problema, a estilista francesa Maria Björnson desenvolveu uma meia-máscara que viabilizou mais conforto ao artista durante sua performance. A partir de então, a meia-máscara passou a ser utilizada nas produções e se tornou símbolo do musical. Além disso, na apresentação prévia o personagem principal trajava a máscara do início ao fim do espetáculo. Posteriormente, uma cena em que o Fantasma é desmascarado foi adicionada. No ano seguinte, em 1986, a produção estreou oficialmente no Teatro Her Majesty’s, na West End, em Londres. Sarah atuou novamente como Christine, mas Colm Wilkinson preferiu participar do musical Os Miseráveis, e teve de ser substituído por Michael Crawford no papel principal de O Fantasma da Ópera. Para formar o triângulo amoroso, o personagem Raoul - o mocinho - foi interpretado por Steve Barton. A apresentação recebeu dois prêmios Oliver: Melhor Musical Novo e Melhor Ator em um Musical (Michael Crawford). Dois anos depois, em 1988, o show foi apresentado no Teatro Majestic, na Broadway. Desta vez, os três papéis principais fo-
ram representados pelos mesmos artistas da produção londrina. Essa produção estadunidense foi indicada a dez Tony Awards, das quais foi vencedora de sete. Dentre eles encontra-se a premiação por melhor musical. O diretor brasileiro Claudio Botelho - que possui em seu currículo diversas adaptações de famosos musicais estrangeiros para o Brasil, como por exemplo Os Miseráveis, Mamma Mia!, A Bela e a Fera, e Um Violinista no Telhado - foi o responsável por adaptar as as canções do Fantasma da Ópera para português. A partir do trabalho do diretor em 2005 o musical criado por Webber estreou pela primeira vez no país. À época, a montagem do espetáculo foi a mais cara produzida até então, tendo um custo de R$ 26 milhões. Foi realizada no antigo Teatro Abril, em São Paulo. Sob a direção associada de Arthur Masella, as apresentações contaram com os artistas brasileiros Saulo Vasconcelos, Sara Sarres e Nando Pradho interpretando Fantasma, Christine e Raoul, respectivamente. A produção foi tão bem recebida pelo público que sua temporada foi estendida por duas vezes, ficando em cartaz até 2007. Onze anos depois, em agosto de 2018, o musical retornou aos palcos brasileiros, no mesmo teatro - agora rebatizado como Teatro Renault - e sob a mesma direção de Arthur Masella. Desta vez, na interpretação dos papéis principais têm-se os artistas Thiago Arancam, Lina Mendes e Fred Silveira. Aparentemente esta nova produção irá repetir o sucesso de 2005, pois sua temporada também foi estendida. A princípio o show ficaria em cartaz até dezembro de 2018, porém a receptividade do público foi tão alta que os organizadores decidiram prorrogar as apresentações até fevereiro de 2019, e posteriormente até setembro do mesmo ano. Desta maneira, o Fantasma da Ópera se consolida como um dos mais grandiosos musicais já apresentados em terras brasileiras.
“Nessa primeira produção, os artistas Colm Wilkinson e Sarah Brightman atuaram como Fantasma e Christine”
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De gosto nem se deve comparar! Em 1979 o compositor estadunidense Stephen Sondheim adaptou a icônica história de Sweeney Todd para o mundo dos musicais. Para tanto, baseou-se no livro de Hugh Wheeler O livro de Wheeler, por sua vez, fundamenta-se no clássico penny dreadful The String of Pearls de 1846-1847. Em relação à história original, o livro de Wheeler possui diferenças consideráveis. Há o acréscimo de três personagens: O marinheiro Anthony, o juiz Turpin, e uma mulher chamada Lucy. Além disso, há uma grande dramatização no enredo. Benjamin Barker é um barbeiro pacato, que possui uma linda família: uma esposa chamada Lucy, e uma filha bebê, Johanna. A vida simplória e feliz de Barker instiga inveja no prepotente juiz Turpin. Motivado por isso, o juiz utili-
za sua profissão para exilar injustamente Barker na Austrália. Depois de 15 anos, barbeiro foge do exílio e retorna a Londres com a intenção de reencontrar sua família. Após descobrir as atrocidades cometidas por Turpin em sua ausência, Benjamin Barker assume a identidade de Sweeney Todd e começa a executar sua vingança contra o juiz. A partir de então, Todd firma uma parceria com a excêntrica Senhorita Lovett, que é dona de uma - excêntrica e falida - loja de tortas. No dia 1º de março de 1979 estreava na Broadway a primeira adaptação do musical sob o título Sweeney Todd: o barbeiro demoníaco da rua Fleet. O espetáculo foi dirigido por Harold Prince, e estrado por Len Cariou e Angela Lansbury, na representaração de Todd e a senhorita Lovett. A produção recebeu oito Tony Awards em seu ano de estreia dentre eles encontram-se: melhor musical e melhor trilha sonora. Além disso, o show recebeu onze Drama Desk Awards e o Drama Critics ‘Circle Award de melhor musical. No ano seguinte, o musical foi apresentado na West End, em Londres. Novamente sob a direção de Harold Prince, o elenco contou com Denis Quilley e Sheila Hancock interpretando os personagens principais.
CRÉDITOS: JULIE PLASENCIA
Scott Ramsay e Timothy Nolen nos papéis de Bedel Bamford e Juiz Turpin. Teatro St. Louis, 2012.
George Hearn e Patti LuPone nos papéis de Sweeney Todd e Senhorita Lovett em 2001.
CRÉDITOS: KEN HOWARD
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O TEATRO CRÉDITOS: CLIFF BURGESS
Londres, 2017. Na fotografia, Shane R. Tanner e companhia em apresentação do musical Sweeney Todd, que foi produzido pela empresa Palm Beach Dramaworks.
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Desde sua criação em 1979, o musical de Sondheim foi apresentado dezenas de vezes ao redor do mundo todo. Uma dessas montagens que merece destaque é a de 2001. O grande diferencial desta, que foi dirigida por Lonny Price, é a incorporação de um humor ácido na trágica trama de Sweeney Todd. Além disso, a maestria e o entrosamento dos artistas George Hearn e Pattie LuPone nos palcos é admirável. Em 2010, em comemoração do aniversário de 80 anos de Stephen Sondheim, o Teatro Henry Miller foi rebatizado com o nome do compositor. Nesse evento, houve diversas apresentações musicais, que buscavam homenagear o trabalho de Sondheim . Para cantar “A Little Priest” - uma das mais conhecidas canções de Sweeney Todd - os artistas escolhidos foram justamente George Hearn e Pattie LuPone, ambos provenientes do musical de 2001. No Brasil, as canções criadas por Sondheim ganharam sua versão em português nas mãos do versionista Vitor Beire. Em 2007, a escola de artes Operária organizou a montagem do espetáculo, que se concretizou no Teatro Brigadeiro, em São Paulo. O musical teve a direção de Guilherme Terra, e contou com os artistas Saulo Vasconcelos e Anna Flavia Galvão interpretando Sweeney Todd e a Senhorita Lovett. Nove anos depois, em 2016, o musical sobre o barbeiro demoníaco retornou aos palcos brasileiros através da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), que fica localizada no Rio de Janeiro. Desta vez as canções de Sondheim foram adaptadas pelo diretor Menelick de Carvalho e pelo assistente de direção Vitor Louzada, resultando em letras diferentes das produzidas pelo versionista Vitor Beire em 2007. Os personagens do musical foram interpretados por alunos da CAL, dentre eles: Bel Lima, Rhuan Santos, Natália Seiblitz e Renato Ribone.
A ENTREVISTA
O barbeiro demoníaco no teatro brasileiro
Bate papo com Bel Lima, Rhuan Santos e Vitor Louzada Texto por Maria Woldan Foto por Aloysio Araripe Julho 2019 ∫ Edição 01 ∫ Holofote ∫ 23
A ENTREVISTA
O
s alunos da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), que já concluíram a fase avançada do Núcleo de Teatro Musical podem participar das audições que definem quem irá atuar no “Mergulho no Musical”. Nesse mergulho, alunos, professores e diretores são os responsáveis pela produção de um espetáculo aberto ao público. Em 2016, o musical escolhido foi Sweeney Todd: o barbeiro demônio de Fleet Street. Ao todo aproximadamente 2500 pessoas prestigiaram o espetáculo, que foi apresentado em duas temporadas, em maio e outubro. Também houve apresentações no FESTU, o Festival de Teatro Universitário, que acontece anualmente no Rio de Janeiro. O diretor cênico Menelick de Carvalho e o assistente de direção Vitor Louzada foram os versionistas do musical. Eles adaptaram as músicas originais, compostas por Stephen Sondheim, para português. Além disso, Vitor também atuou como o personagem Tobias Ragg. O espetáculo contou também com uma orquestra de 13 músicos liderados por André Poyart. Os atores Bel Lima e Rhuan Santos interpretaram, em algumas apresentações, os personagens principais: Dona Lovett e Sweeney Todd. Rhuan tem 25 anos e se define como um amante das artes cênicas. Ele começou a estudar teatro aos 10 anos de idade, e desde então, nunca mais parou. Apesar de ter se formado em Cinema pela PUC - Rio em 2016, Rhuan não trabalha diretamente na área, pois sua verdadeira paixão é o teatro. Sua primeira participação em um musical profissional aconteceu no espetáculo Yank! em 2017. Bel Lima tem 24 anos e foi aluna da CAL por três anos. Em sua carreira, participou de montagens acadêmicas e profissionais. Dentre as montagens acadêmicas destacam-se: Matilda, Vem buscar-me que ainda sou teu, Sweeney Todd e A Festa Selvagem. Em seu último trabalho profissional, Bel interpretou a personagem Kate Porter no musical Cole Porter: ele nunca disse que me amava. Vitor Louzada tem 25 anos e é bacharel em Interpretação das Artes Cênicas pela Unirio. Começou seus estudos em teatro musical no Núcleo do Mergulho no Musical da CAL em 2012 e desde 2014 passou a trabalhar como assistente de direção do curso avançado e das montagens anuais. Já participou de varias montagens acadêmicas como Sonho de uma Noite de Verão - O musical, Sweeney Todd e Into the Woods. Profissionalmente integrou o elenco de musicais como Yank! e A História do Príncipe que Nasceu Azul.
Bel Lima no papel de Dona Lovett
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Ao fazer as audições para a seleção você pretendia interpretar a Dona Lovett/ Sweeney Todd? Bel Lima: Eu sempre fui a-p -a-i-x-o-n-a-d-a pela senhora Lovett. Sempre. E eu fiz a audição esperando pegar esse papel. Mas eu tenho certeza que eu ficaria feliz fazendo qualquer outro porque esse musical é incrível. Rhuan Santos: O aluno escolhe, se candidata e prepara o material do personagem que ele quer fazer. No dia da audição ele se apresenta e pode ser que não passe para o personagem que queria, mas passe para outro. (...) No caso eu cheguei com o material do Sweeney, acabei passando, e foi muito legal.
Como foi a experiência de interpretar um personagem como Dona Lovett/ Sweeney Todd? Bel Lima: Ela é uma das minha personagens preferidas, então foi uma experiência incrível aprender com ela! Meu sonho reencontrar essa personagem no futuro!
CRÉDITOS: ALOYSIO ARARIPE
Rhuan Santos: Foi bem difícil porque (...) ele tinha os momentos em que ele saia [do mundo dele], explodia rapidinho e depois voltava. Mas foi uma experiência bem desafiadora, em relação a manter o foco. (...) Tinha que ter uma presença, ele [Sweeney Todd] tinha que ser um cara contido mas tinha que [ficar evidente o desejo de] vingança.
Vitor Louzada no papel de Tobias Ragg
CRÉDITOS: ALOYSIO ARARIPE
Por que motivo Sweeney Todd foi escolhido como musical a ser apresentado? Vitor Louzada: O [diretor] Menelick de Carvalho decide, ele olha os alunos que teve nos últimos anos, nas últimas turmas avançadas [do Núcleo de Teatro Musical] e encontra peças que tenham um melhor suporte de personagem ou que encaixem com o perfil dos alunos que passaram mais recentemente pelo curso. (...) . A montagem também é um jeito de se estudar repertório, de se estudar grandes obras, ou de criar grandes obras.
Vocês se inspiraram em alguma produção prévia de Sweeney Todd, como por exemplo o filme de Tim Burton ou algum dos diversos musicais que precedem a produção da CAL? Vitor Louzzada: Não, em nenhuma montagem específica de Sweeney Todd, uma coisa que a gente sempre faz na CAL quando se faz obras consagradas, obras que já existem é nunca partir da direção de ninguém, a direção do espetáculo é construída com os atores, para aqueles atores, através da visão do Menelick, então a estética expressionista, o expressionismo alemão foi muito utilizado como referência mas nenhuma montagem de Sweeney Todd foi levada em consideração como base.
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O TEATRO
O TEATRO
Como foi esse processo de adaptação das canções originais de Sondheim para português? Vitor Louzada: Foi bastante difícil na verdade, porque Sondheim ele é um gênio e o jeito que ele escreve é muito particular, mas no mergulho na turma avançada a gente já há alguns anos tem o hábito de fazer o show sempre em português, versionando. Quem versiona são os alunos, que são coordenados pelo Menelick e por mim. (...) O processo de fazer versão de uma música é complicado, [porque] você tem que prestar atenção no significado primeiramente, na métrica - ou seja no encaixe de sílabas dentro das sílabas da música, na prosódia - que é a sílaba tônica das palavras tem que bater no tempo forte da música para ela ser inteligível na primeira vez que se escuta. [Além disso,] o texto em português tem que ser fluído e não ter dúvidas do que está sendo dito. Foi muito interessante fazer Sondheim, foi maravilhoso porque eu sou muito fã, amo o trabalho dele, acho ele um verdadeiro gênio o jeito que ele escreve é sublime, é incrível. Ele compõe realmente pensando na cena de teatro. É uma música muito, muito rica, então é muita, muita responsabilidade tentar manter tudo que ele disse. Eu me orgulho muito da nossa versão de Sweeney Todd eu acho ela foi realmente o melhor trabalho que deu para se fazer naquelas condições, naquela época, com aquelas pessoas.
O musical teve duas temporadas em 2016, certo? Porque a produção decidiu realizar a segunda temporada? Vitor Louzada: Toda vez que um musical da CAL decide fazer uma segunda temporada é por vontade dos alunos, dos atores que querem continuar explorando aqueles personagens, que querem ficar mais tempo em cartaz aprimorando o trabalho que foi feito. Então para a segunda temporada todos os profissionais abrem mão de receber qualquer tipo de salário e os alunos levantam a verba para poder tornar isso possível, porque é muito caro alugar som, luz, tudo isso é muito difícil. Em Sweeney Todd a gente fez um financiamento coletivo para arrecadar fundos e minimizar os gastos do elenco para que a segunda temporada acontecesse.
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Quais acontecimentos curiosos marcaram a produção? Vitor Louzada: O sangue que a gente usava na abertura do segundo ato era feito de xarope de milho, glucose de milho com corante e era muito, muito doce e todo mundo ficava melado para sempre depois daquela cena. A gente usava sebo de carne de verdade em cena. Toda semana uma das meninas que fazia Dona Lovett ia num açougue e pegava doação de sebo, ou seja, o restinho que sobrou da carne que limpavam no açougue. Então, às vezes, o cheiro do camarim não era tão agradável. As tortinhas de “carne humana” eram empadas de frango geralmente, e elas eram muito, muito boas. Então era bem interessante de fazer a cena e você fingir que você está comendo carne humana enquanto você está comendo só uma empada de frango. Bel Lima: O amor, o afeto, o carinho, a vontade que todo mundo tinha de fazer marcou muito pra mim. Eu lembro que muita gente se machucou em cena e continuava, o que eu acho de uma coragem absurda. Várias eu já quebrei muita coisa lá naquela mesa da Lovett, e também tive que continuar. Em montagem independente acontece esses tropeços, mas enfim tudo foi tudo sempre muito legal e tinha um clima muito bom. Rhuan Santos: O que marcou pra mim foi estar ali com meus amigos, fazendo mesmo. Com amigos que eu admiro, que eu admirava. Isso te dá um gás diferente, de querer fazer sempre o melhor. (...) Eu tinha muito isso, de chegar e querer estar no mesmo nível do meu amigo de cena [Renato Ribone]. Estava todo mundo ali no mesmo barco, construindo junto.
O CINEMA
Os clássicos estão nas telas
Ao longo dos anos, os três clássicos da literatura apresentados nesta edição da Holofote – Os Miseraveís, O Fantasma da Ópera, e Sweeney Todd – foram adptados diversas vezes para o universo cinematográfico. Confira nas páginas a seguir os principais lançamentos.
O Fantasma da Ópera 1925 A primeira adptação foi
gravada nos Estados Unidos, e dirigida por Rupert Julian. O longametragem é mudo e majoritariamente em preto e branco. Apenas algumas cenas utilizam a tecnologia Technocolor, que permitia a reprodução de imagens coloridas. No elenco, o ator Lon Chaney interpreta o Fantasma e a atriz Mary Philbin traz vida à personagem Christine. O próprio Chaney foi o responsável por fazer sua maquiagem. Para trazer mais realismo ao olhar turvo do Fantasma, ele colocava membrana de ovo em seus olhos!
1943 Arthur Lubin dirigiu outro longa-metragem baseado na obra literária de Gaston Leroux. O filme estadunidense foi produzido com imagens coloridas e com som. No elenco: Claude Rains (Fantasma), Susanna Foster (Christine) e Edgar Barrier (Raoul). 1962 Os atores Herbert Lom e Heather Sears interpretaram o Fantasma e Christine, respectivamente. A atuação ocorreu no longa-metragem dirigido por Terence Fisher.
1989 o filme estadunidense
CRÉDITOS: UNIVERSAL STUDIOS
O Fantasma da Ópera foi lançado. Escrito por Gerry O’Hara e dirigido por Dwight H. Little, o longametragem. No elenco, os atores Robert Englund e Jill Schoelen foram os responsáveis por trazer a vida os personagens principais Fantasma e Christine.
2004 foi lançada uma adaptação cinematográfica do musical O Fantasma da Ópera. Originalmente, o musical foi criado pelo compositor Andrew Lloyd Webber. Sob direção de Joel Schumacher, o longa-metragem surgiu a partir de um investimento pessoal de 96 milhões de dólares, provenientes do próprio Webber. Posteriormente, os direitos do filme foram comprados pela Universal. No elenco, o ator Gerald Butler interpreta o Fantasma e a atriz Emmy Rossum, Christine.
CRÉDITOS: PRINTEST
Acima: Lon Chaney e Mary Philbin nos papéis de Fantasma e Christine. 1925. Ao lado:Claude Rains e Susanna Foster nos papéis de Fantasma e Christine. 1943.
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Sweneey Todd
CRÉDITOS: LEAH GALLO
1926 A primeira adaptação ocorreu no Reino Unido. Sob o título “Sweeney Todd”, o filme foi dirigido por George Dewhurst e estrelado por G.A. Baughan, no papel principal. Atualmente, a produção é considerada um filme perdido, pois não há cópias de tal obra.
1970 o filme norte-americano Bloodthirsty Butchers (em tradução literal, Carniceiros Sanguinários) estreou Dirigido por Andy Milligan. O longa-metragem possui som e imagens com cores. Nesta adaptação, John Miranda interpreta o barbeiro assassino.
1928 estreava a segunda adaptação, também sob o título de Sweeney Todd. Dirigido por Walter West, a produção é em preto e branco e muda. O elenco era composto por Moore Marriott (Sweeney Todd), Iris Darbyshire (Senhorita Lovett) e Charles Ashton (Mark Ingestre). Foi baseado na peça “The String of Pearls” do dramaturgo George Dibdin-Pitt.
1997 o diretor John Schlesinger foi o responsável por comandar uma nova adaptação chamada The Tale of Sweeney Todd. O filme foi estrelado por Ben Kingsley e Joanna Lumley, nos papéis de Todd e Srta Lovett.
CRÉDITOS: CONSTITUTION FILMS
1936 Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet foi produzido e dirigido por George King. Nesta adaptação, as imagens também são em preto e branco. Entretanto, diferentemente da adaptação anterior, esta possui som. No elenco, Tod Slaughter ocupava o papel principal. Curiosamente, a palavra inglesa “slaughter” significa “matança, chacina, abate”.
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2007 Sweeney Todd, em sua versão musical da Broadway, ganhou as telas de cinema. Dirigido por Tim Burton, o longametragem mistura a dinâmica de um filme com as canções de um musical. Johnny Depp, Helena Boham-Carter e Alan Rickman interpretam os personagens Todd, Srta Lovett e o juiz Turpin, respectivamente. No ano seguinte a produção foi ganhadora do Oscar de melhor direção de arte. Além disso, o filme foi vencedor do Globo de Ouro, nas categorias: melhor ator de comédia/musical, para Johnny Depp, e melhor filme comédia/musical. Ao lado: John Miranda e Jane Helay nos papéis de Sweeney Todd e Srta Lovett na versão de 1970.
CRÉDITOS: DAILY TELEGRAPH
CRÉDITOS: ANNERAMSDEM.WORDPRESS.COM
Acima: Johnny Depp e Helena Boham Carter nos papéis principais de 2007. No centro: Um dos únicos registros do filme de 1926. Em pé, G. A. Baughan no papel de Sweeney Todd. Abaixo: Charles Ashton e Iris Darbyshie nos papéis principais da versão de 1928.
CRÉDITOS: PRINTEST
CRÉDITOS: MUBI.COM
Os Miseráveis 1905 apenas dez anos após a invenção dos irmãos Lumiére ser apresentada ao mundo, surgiu a primeira adaptação cinematográfica de Os Miseráveis. Dirigido por Albert Capellani, o curta-metragem francês conta parcialmente a história presente no livro de Victor Hugo. Intitulado Le chemineau, a película é muda, e em preto e branco.
1967 estreou a primeira novela do canal de televisão brasileiro TV Bandeirantes. Com adaptação de Walter Negrão, a novela intitulada Os Miseráveis teve 71 capítulos, e durou de 19 de maio a 25 de agosto. O elenco era composto por Leonardo Villar (Jean Valjean), Maria Lizandra (Cosette), e Laura Cardoso (Fantine). Além desses, os futuros autores de novela Sílvio de Abreu e Chico de Assis participaram da produção como atores.
1929 Candlesticks The Bishop’s é a primeira adaptação cinematográfica de Os Miseráveis em que houve som. Dirigida por George Abbott, o curtametragem possui 22 minutos e corresponde a primeira parte do livro de Victor Hugo. Nele, é apresentado o encontro entre Jean Valjean e o Bispo Miryel. Todas as 11 adaptações anteriores a esta, foram em cinema-mudo.
Acima à esquerda: Ator desconhecido no papel de Jean Valjean na primeira adaptação, em 1905. Acima à direita: Gérard Depardieu também no papel de Jean Valjean na produção de 2000.
Ao lado: Hugh Jackman no papel principal, durante gravações do filme-musical de 2012.
CRÉDITOS: GETTY IMAGES/ CORDON
1958 ocorreu a primeira adaptação brasileira. Dirigida por Dionísio Azevedo, a produção relata toda a história presente na obra homônima. O elenco conta com Fernando Baleroni (Jean Valjean), Laura Cardoso (Fantine), Débora Duarte (Cosette). Foi exibido em dois capítulos por semana, na extinta TV Tupi.
Houve também adaptações parciais e completas em diversas línguas e países. Dentre eles, destacam-se os títulos: AA Mujou (Japão, 1923), Gavrosh (União Soviética, 1937), Los Miserables (México, 1943), El Boassa (Egito, 1944), Ezai Padum Pado (Índia, 1950) e Sefiller (Turquia, 1967).
2000 uma coprodução realizada entre França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Espanha, originou a minissérie Les Miserablés. Dirigida pela francesa Josée Dayan, a produção foi realizada em quatro capítulos. O ator Gérard Depardieu interpreta o personagem principal da trama. 2012 foi realizada uma adaptação cinematográfica diferente. Desta vez, foi a vez da versão do musical Os Miseráveis, da Broadway, ganhar as telas do cinema. Dirigido por Tom Hooper, o longa-metragem conta com atores de peso, como Hugh Jackman (Jean Valjean), Anne Hathaway (Fantine) e Russel Crowe (Javert). Dos oito Oscars para qual foi indicado, o filme ganhou três.
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Escutas o povo a cantar?
O LEITOR
leia ouvindo
Com tantas canções presentes no musicais, não poderíamos deixar de indicar algumas para você ouvir e enquanto aprecia a leitura! O Fantasma da Ópera All I Ask of You Think of Me The Music of the Night Angel of Music
Sweeney Todd A Little Priest Pretty Woman Epiphany Kiss me
Os Miseráveis One day More At the end of the day Do you hear the people sing? I Dreamed a Dream
CRÉDITOS: KARIME XAVIER
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Comentários dos leitores
Luiza Monteiro
Nossa, já perdi a conta de quantas vezes assisti 0 filme Sweeney Todd! Eu adoro, está na minha listinha de favoritos, com certeza. A versão que eu assisti foi dirigida por Tim Burton e tenho certeza que é a melhor de todas. A história se encaixou muito bem com o diretor. Enfim, acho que eu sou um pouco suspeita pra falar, mas eu super recomendo!
Luana Santos
CRÉDITOS: ACERVO PESSOAL
O Fantasma da Ópera é o musical preferido da minha mãe. Ela é apaixonada pelo filme, viu a peça completamente em inglês e, mesmo sem falar uma palavra na língua, conta que foi uma das emoções mais fortes que já sentiu em um teatro. Inevitavelmente, me apaixonei também. Tivemos a oportunidade de assistir à peça juntas, e a emoção foi gigantesca. Outra herança do amor da minha mãe por musicais foi justamente Os Miseráveis. Na época do lançamento do filme fomos ver juntos em família e saí encantada do cinema. Não só pelas músicas, mas pelo elemento histórico e social da narrativa. Assisti a peça dos Miseráveis somente com meu irmão. Na saída do teatro, anestesiados com aquele “tapa na cara” que é um musical impactante ao vivo, minha mãe esperava tão animada quanto nós. “Não é demais?”. Sim, é.
CRÉDITOS: ACERVO PESSOAL
CRÉDITOS: ACERVO PESSOAL
CRÉDITOS: ACERVO PESSOAL
Confira a declaração de nossos leitores que já assistiram os filmes, leram os livros, ou prestigiaram as peças abordadas nesta edição
Eu amo o filme O Fantasma da Ópera, principalmente por causa das músicas! Nunca tive a oportunidade de ver o musical no teatro (não por falta de vontade), então me contento com o filme de 2004; sei que não é o melhor filme do mundo, mas eu amo mesmo assim. É um daqueles raros casos de amar mais o filme do que o livro.
Luiza Pereira Meu primeiro contato com o livros Os Miseráveis foi na escola. Já na leitura eu gostei muito, e alguns anos depois assisti ao filme que conta com meus atores preferidos: Anne Hathaway e Eddie Redmayne. Posso dizer que é o meu musical preferido e que a música On my own é sem dúvida alguma a melhor música de todos os musicais que já assisti. O filme é certo para quem quer se emocionar e cantar junto também.
Letícia Maia
Julho 2019 ∫ Edição 01 ∫ Holofote ∫ 31
Livros, filmes & teatro
NA PRÓXIMA EDIÇÃO
clássicos de
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