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a revista do esquina paranoia edição no 1 - julho de 2018

botecando Entrevista com a banda de rock nordestina Plutão Já Foi Planeta

arrombassi! Resenha do novo álbum da Orquestra Manancial da Alvorada

Esquina do Choro

Uma reportagem sobre a presença do chorinho, gênero tradicional da música brasileira, em Florianópolis


expediente a revista do esquina paranoia edição no 1 - julho de 2018 Editora: Maria Helena de Pinho Projeto gráfico-editorial: Maria Helena de Pinho Textos: Ana Cristina Machado, Giovanni Vellozo, Kainã Pacheco Santos, Maria Helena de Pinho, Matheus Pereira e Pedro Bermond Valls Imagens: Ana Cristina Machado, Cristine Cabral, Darian Dornelles, Kainã Pacheco dos Santos, Nefhar Borck, Medium (Original Pinheiros Stlye), Bandcamp (NavesHarris), Facebook (Bebeto Alves e Vistas), Pedrinho do Cavaco e Tenho Mais Discos Que Amigos Foto de capa: Val Vesa Arte de contracapa: Maria Helena de Pinho Este trabalho é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, desenvolvido pela acadêmica Maria Helena de Pinho como exercício de projeto gráfico-editorial para a disciplina de Laboratório de Produção Gráfica do curso de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no semestre 2018-1. Não será distribuído, tampouco comercializado.

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editorial “Atenção, ouvinte da Rádio Ponto! Puxa uma cadeira, traz um copo e senta aí que tá começan...” — opa, calma aí! Dessa vez você não vai ouvir nossa clássica vinheta de abertura, mas também viemos te buscar para ficar com a gente até o final. Se não sabe do que estou falando, coloca um sambinha pra tocar no fundo que eu vou te contar. Nascido das ideias e vozes de trs estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Esquina Paranoia começou em 2016 como um programa na Rádio Ponto UFSC — webrádio universitária que funciona como projeto de extensão. Logo, outros apaixonados por músicas, futuros jornalistas de todas as fases, foram se reunindo para dar corpo ao Esquina que conhecemos: focado em música brasileira e priorizando a cena independente e regional. Em dois anos praticando o jornalismo musical tendo como meio aquilo que mais gostamos — o áudio —, diversas ideias surgiram entre a nossa equipe, sempre pensando em como explorar da melhor forma

Maria Helena de Pinho tem dezoito anos e é estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina. Gosta de cinema, política e fotos de galos de roupinha. Musicalmente, é a personificação daquela traseira de carro adesivada com “Racionais MC’s + Joy Division”.

a criatividade de cada um e fazer o carinhosamente apelidado de “Esquina Voador” ir ainda mais longe. E cá estamos, caros leitores e leitoras, muito orgulhosos em anunciar que a primeira edição da revista d’esquina finalmente saiu! Aqui você vai encontrar reportagens, entrevistas, resenhas, análises, recomendações de álbuns e artistas, enfim, materiais que complementam e vão além de nossas produções audiovisuais. A seção “botecando” é um espaço para conhecer artistas e bandas nacionais, assim como a “pega a visão!” explora álbuns e até discografias inteiras, como é o caso dessa edição. Já a “arrombassi!”, expressão do vocabulário manezinho, é dedicada exclusivamente a produções da Grande Florianópolis. A reportagem de capa é “delirante” e preparamos ainda recomendações especialmente para você, na seção “só para noia”. Continue nos acompanhando através do site radioponto.sites.ufsc. br/sitenovo/shows/esquinaparanoia/ e, agora sim, puxa uma cadeira, traz um copo e senta aí que a d’esquina tá chegando com tudo!


sumário botecando Entrevista com a banda de rock nordestina Plutão Já Foi Planeta

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delirante

Reportagem sobre a Esquina do Choro em Florianópolis páginas 10 a 13

arrombassi!

páginas 4 a 7

pega a visão! Análise da discografia do grupo gaúcho setentista Almôndegas páginas 8 e 9

10

Resenha do novo álbum da Orquestra Manancial da Alvorada páginas 14 a 16

Um papo com a banda Vistas página 17

só para noia Lançamentos e agenda cultural páginas 18 e 19

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Existe rock no nordeste

As mulheres nordestinas estão marcando presença com força dentro desse estilo musical. Texto e fotografia por Ana Cristina Machado

A vocalista e multi -instrumentista Natália Noronha, em um show no Sesc Bom Retiro, na cidade de São Paulo.

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botecando “Não é porque eles não usam chapéu de cangaceiro ou não tocam Forró que eles não são nordestinos”. É assim que, Natália Noronha, vocalista da banda Plutão Já Foi Planeta, fala sobre os comentários que ouviu quando sua banda participava do programa Superstar da Globo. De fato, quando falamos de música nordestina, logo pensando em uma banda de forró, um trio elétrico de axé no carnaval ou naqueles guarda-chuvas coloridos que são fundamentais para os dançarinos de frevo. Isso é o que mais chama a atenção das pessoas que visitam a região do nordeste brasileiro. Mas não é só de axé, frevo, forró e pagode que vive a região. Podemos facilmente listar pelo menos cinco bandas de rock nordestinas que fazem sucesso pelo Brasil. Vivendo do Ócio, Far From Alaska, Mombojó, Plutão Já Foi Planeta, Selvagens à Procura de Lei… Essas são algumas bandas que quebram todos os dias os estereótipos e preconceitos regionais ainda existentes em nossa sociedade em pleno 2018.

Além de disso, a presença das mulheres dentro no rock nacional ainda não é reconhecida da maneira que deveria. A maioria das bandas de rock que existem no país são compostas por homens, mas tem muitas mulheres boas mostrando seu talento e sua força e ganhando cada vez mais reconhecimento pelo seu trabalho (muito bem feito). A banda Plutão Já Foi Planeta existe desde 2013. Composta por Natália, Vitória, Gustavo, Sapulha e Renato, a banda de Natal ficou em segunwdo lugar no programa Superstar da Rede Globo em 2015, disputando a final com a banda de forró Fulô De Mandacaru, que também é nordestina. O primeiro álbum da banda foi lançado em 2014, intitulado “Daqui pra Lá” e em 2017 lançaram o segundo disco “Última Palavra, Feche a Porta”, com participação de artistas como Maria Gadú e Liniker. Entrevistamos as meninas da banda sobre música, influências, preconceitos regionais e visibilidade das mulheres no rock.

Quais são as principais influências de vocês? Tem alguma mulher no meio disso? Vitória: Acho que a primeira banda que eu realmente fui fã foi Red Hot Chili Peppers. Quando eu comecei a ouvir eu fiz “caramba que banda”. Aí quando eu comecei a pesquisar mulheres na música... Tipo, Warpaint foi uma das bandas que mais teve força. Não vou saber dizer quando eu comecei a procurar mulheres, mas teve um dia que eu parei, aí fiz “caramba eu só escuto banda de homem...”. Tipo, cadê as mulheres? E aí eu fui buscando. Acho que hoje em dia meu Spotify é tipo... 80% de artistas mulheres. Aí eu fiz “cara, claro que tem artistas mulheres boas”, você tem que pesquisar um pouquinho mais e tal. Natália: Então quando eu tinha, sei lá, 17, 18 anos eu comecei a frequentar o bairro da Ribeira lá em Natal, é um bairro histórico e onde rolava os shows de bandas. E aí, eu ainda não tinha a plutão, eu tinha acabado de sair da banda da igreja, e eu passei a ver shows de bandas com mulheres tipo a Camarones Orquestra Guitarrística, que é a banda da Ana Morena, curadora do Festival do Sol, Simone e Gadelha que é a banda de Simona Talma, na época quem tocava na Banda era Cris e Emmily do Far From Alaska. Eu gosto de citar como inspiração porque realmente foi o meu primeiro contato com bandas com mulheres e eu acho que visibilidade é isso. Tipo, bandas com mulheres vão inspirar mulheres na plateia e assim a mensagem vai ser passada, sabe? É um ciclo assim. julho de 2018 | n. 1 | d’esquina | 5


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Além da tradicional combinação de guitarra, baixo e bateria, as composições da banda também utiilizam violão, ukulele e sintetizadores.

E como é ser uma banda nordestina tocando rock? Natália: Interessante é que tipo, a gente participou do programa Superstar da Globo em 2016 e a gente chegou à final com outra banda do Nordeste, que era a banda de forró Fulô de Mandacaru. E aí eles ganharam. Muita gente na internet tava comentando assim “vou torcer pra Fulô de Mandacaru porque eles são nordestinos, eles são do nordeste”. E aí rolaram comentários se contrapondo, “Mas a Plutão também é do Nordeste... Não é porque eles não carregam aquele estereótipo nordestino, não usam chapéu de cangaceiro ou não tocam Forró que eles não são nordestinos”. Eu acho que a carga nordestina tá dentro da gente também de outra maneira, seja no jeito de falar, sei lá, no sotaque... Então eu acho que a gente é sim uma banda do Nordeste que tá saindo e buscando novos horizontes. A vida de vocês mudou muito depois da participação no programa? Vitória: Mudou... É... A gente diz que teve o programa, e aí acho que todos nós podemos realizar o sonho de seguir só com a banda, entendeu? Tipo quem tinha emprego largou os empregos... A gente pôde começar a se dedicar inteiramente a isso. Teve uma época depois programa que a gente ainda estava processando tudo o que aconteceu. Mas aí foi isso, a demanda de show cresceu, a gente pôde chegar a lugares que a gente nunca tinha chegado.

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E quando vocês vieram pra cá e começaram a fazer mais shows nesse eixo aqui, sentiram algum tipo de preconceito por serem nordestinas? Natália: Sim, inclusive, foi boa essa pergunta nesse momento, porque rolou uma situação bem atípica assim, a gente nunca passou por isso. Não que a gente saiba. Mas a gente tocou no Rio mês passado, e aí a gente ouviu falar que tinha umas pessoas na plateia que estavam debochando do nosso sotaque. E aí beleza, passou, a gente soube disso depois. Mas a gente pode tirar disso é que... Muito bizarro, primeiro... Segundo que a gente está em 2018, não tem mais espaço, não tem mais lugar, não tem mais porque a gente ter esse tipo de preconceito... A gente está numa fase do mundo que as coisas precisam evoluir. As coisas estão evoluindo e eu preciso evoluir junto, né? Principalmente São Paulo e Rio que recebe muita gente de fora, então é estranho que isso ainda aconteça. Vamos acordar pelo amor de Deus.

Vocês tocaram no Lollapalooza desse ano, como que foi essa experiência? Vitória: Foi incrível! Tocar num festival daquele tamanho… Eu fui no Lolla em 2013 como plateia e aí pensar que cinco anos depois eu estava subindo no palco, isso é muito doido! Acho que até agora é muito doido. E pisar no mesmo palco que grandes artistas, pessoas que a gente admira... Foi incrível, foi foda!


“Não é porque eles não carregam aquele estereótipo nordestino, não usam chapéu de cangaceiro ou não tocam Forró que eles não são nordestinos”

Natália: Faz parte de um leque de conquistas que estão rolando… A gente sempre gosta de trabalhar com metas, né? A gente vai listando, elencando objetivos, e o Lolla era um desses, a vinda para São Paulo era um desses, então a gente está aos poucos caminhando lentamente, conseguindo coisas, crescendo… E o que vocês acham da representatividade das mulheres nesses festivais? É suficiente? Precisa melhorar? Natália: Não!! Tem que ter mais! Tem que ter muito mais! Vitória: Infelizmente não é suficiente. A gente vira e mexe comenta, quando a gente vai tocar em festivais, em várias cidades, como você olha para as bandas do festival aí tipo, as vezes tem só eu e Natália e mais uma banda com uma menina. Então infelizmente ainda não é suficiente, tem que botar as minas para tocar. No Lolla, que é um festival desse tamanho é, na verdade, surpreendente como isso ainda acontece. Eram 75 bandas...? Natália: 20% do lineup era composto por mulheres Vitória: 20%. E aí se você for ver.... Mulheres negras... Era muito menor porcentagem.... É um absurdo como que isso ainda acontece. Natália: Acho que se festivais querem ser modernos, seguir tendências e acompanhar a evolução da sociedade, eles têm que atender as mudanças que estão acontecendo, né? Tem que ser diversificados. Tem que ter mulheres sim, tem que ter mulheres negras, mulheres trans, eu acho que tá faltando um pouco de apreço assim, sabe? julho de 2018 | n. 1 | d’esquina | 7


IMAGEM: FACEBOOK

pega a visão!

Discografia: Almôndegas Acima, da esquerda para a direita: Pery, Kledir, Eurico, Gilnei e Kleyton.

Texto por Giovanni Vellozo

No Pega a Visão! de hoje viemos com a banda gaúcha Almôndegas. O grupo foi criado no início dos anos 70 por cinco músicos de Pelotas, Rio Grande do Sul, a saber: os irmãos Kleiton e Kledir Ramil (violino e violão respectivamente) e seu primo Pery Souza (baixo), acompanhados de Quico Castro Neves (violão), Gilnei Silveira (percussão). Famoso pela sua mistura entre música tradicional gaúcha com rock e a MPB de sua época, o Almôndegas participou de festivais regionais, ganhou espaço em trilha de novela e gravou quatro álbuns de estúdio entre 1975 e 1978. Encerraram as atividades em 1979. Vista até hoje como um dos marcos iniciais do que viria a se constituir como Rock Gaúcho a partir da década seguinte, a discografia dos Almôndegas aparece resenhada logo em seguida. Confira! 8| d’esquina | n. 1 | julho de 2018


pega a visão!

Almôndegas (1975):

Aqui (1975):

O ano de 1975 foi brilhante para os Almôndegas. Nele, o grupo gravou o seu primeiro registro de estúdio, o auto-intitulado Almôndegas. O disco já sintetiza bastante as influências regionais do grupo misturadas às líricas características da MPB (Daisy, My Love, Sombra Fresca & Rock No Quintal, Até Não Mais, sendo esta última regravada anos depois por Zizi Possi) e um despretensiosismo bem acentuado - Nós semo umas Almôndega, eh, eh, eh / E viva o Zen-Budismo!, avisa a faixa-título. Destaque aqui para os timbres da percussão de Gilnei Silveira, provavelmente os mais afiados da discografia do grupo em faixas como Quadro Negro, que venceu o I Festival Universitário da Canção Catarinense naquele ano, para a presença de um dos hinos da música gaúcha contemporânea, a faixa Vento Negro, de autoria de José Fogaça.

Quando à meia-noite eu me encontrar / Junto a você / Algo diferente vou sentir vou precisar / Me esconder. Foi começando assim que os Almôndegas emplacaram o único sucesso de abrangência nacional, Canção da Meia-Noite, que apareceu na trilha sonora da novela Saramandaia, da Rede Globo. A música também abre Aqui, o segundo registro dos Almôndegas em estúdio. Mais diverso que o anterior, Aqui vem com canções que remetiam em paradoxo à música tradicionalista (Haragana) e a aspectos mais cosmopolitas do grupo - confira Coisa Miúda, e veja se não poderia estar facilmente em um disco dos Novos Baianos. Com uma lírica mais séria e com tons políticos (Mi Triste Santiago (Tributo A Pablo Neruda), Festa Séria, Barca de Caronte, Vida e Morte e Elevador), o disco é o amadurecimento da primeira fase do grupo. Após esse álbum, sairiam o baixista Pery Souza e o violonista Quico Castro Neves. Em seus lugares, respectivamente, vieram João Baptista e Zé Flávio.

Alhos com Bugalhos (1977):

Circo de Marionetes (1978):

O terceiro disco dos Almôndegas vem após uma coletânea dos dois discos anteriores - a Gaudêncio Sete Luas -, já com sua nova formação, com a banda residindo no Rio de Janeiro. É provavelmente o trabalho menos badalado do grupo, mas está muito longe de ser ruim. Com destaque para as linhas de baixo e violão dos novos integrantes João Baptista e Zé Flavio, o grupo apresenta momentos mais contemplativos, com arranjos orquestrados (Há um pouco de meu coração em Portugal, No Meu Coração e a excelente Futurismo). Há espaço também para algumas faixas mais animadas na pegada dos antigos trabalhos (Em Palpos de Aranha) e para canções tradicionais, como a gravação de Gaúcho do Passo Fundo e de Piquete do Caveira, esta última defendida pelos irmãos Ramil na 5ª Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul, em 1975.

O último trabalho dos Almôndegas antes do fim. Sem muito espaço para as orquestrações de Alhos Com Bugalhos, aqui a banda se volta para músicas mais acessíveis e arranjos mais eletrificados. Com letras alternando entre colocações mais críticas - a natureza que some em Céu do Rio de Janeiro e a aspereza por força do hábito na faixa-título, também gravada pelo MPB-4 - e passagens mais leves sobre relacionamento (Mantra, Muchacha, Mulher Maluca), infância (Androginismo, Cascata) e espiritualidade (Trama, Harmonia), a despedida dos bolas-de-carne é um momento de coesão dentro da variedade costumeira do grupo. Depois disso, os vocalistas principais Kleiton e Kledir Ramil se lançariam em uma carreira bem-sucedida enquanto dupla nos anos 1980 e os membros restantes viriam a se reunir somente uma única vez em 1990, em um show histórico.

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Vinícius Buch no bandolim, Kiki no pandeiro e Álvaro Fasane no violão animam a esquina das ruas João Pinto e Nunes Machado, no centro de Florianópolis.

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Onde a João Pinto se encontra com a Nunes Machado, no centrão de Florianópolis, as choronas e os chorões também se encontram. Dois grupos se alternam para tocar na esquina todos os sábados, ao meio-dia. O chão de paralepípedos se transforma em salão de danças para andantes saídos da manhã de trabalho, do passeio na feira de antiguidades ou mesmo em busca de almoço. “A cidade vive um vento favorável para o choro. O seu melhor momento!... apesar do poder público. “ A leitura favorável da atualidade não vem de qualquer um. O violonista, arranjador e compositor Wagner Segura é uma das principais referências do choro e samba daqui. Além de ser responsável pela formação musical de toda uma geração, ele se engaja para potencializar a cena cultural, a realização da esquina do choro é um exemplo disto. Ele teve a ideia de nutrir este espaço junto a Ahmad Hassan, proprietário do restaurante que contrata os músicos aos sábados. “Eu não gosto de músicas árabes, as de hoje em dia estão muito mescladas com as de fora. O choro é bonito e o público gosta. Desde que começamos, aumentou a segurança da região nos finais de semana”, afirma o proprietário sírio. Faz aproximadamente um ano de esquina. Wagner coordena um dos grupos comprometidos com os sábados de choro. A roda Vai Como Der, formada por pessoas experientes, como o professor de filosofia Nestor Habkost e jovens, como o bandolinista Vinícius Buch, de apenas 22 anos. “Na época que eu comecei tinha mais uns velhinhos tocando, não tinha espaços de seresta e choro, mas atualmente eu vejo que o jovem tá muito interessado. Tem muito jovem tocando violão, flauta, cavaquinho, em tudo que é canto”. julho de 2018 | n. 1 | d’esquina | 11


O bandolinista Geraldo Vargas, integrante da Orquestra de Choro Campeche.

Ontem e hoje A década de 80 dividiu águas em Florianópolis. Wagner Segura começou a estudar choro buscando referências no Rio de Janeiro. “Eu não me lembro de alguém que tenha implementado o sistema de cifras sem mim. Quando eu cheguei não tinha padronização, aí eu trouxe para o pessoal daqui cifras na barra de compasso. Os músicos antigos pegavam tudo de ouvido pela rádio, pelo o que ouviam da rua. Era outra proposta. Eu vim mais com o estudo. Comecei a propagar uma maneira de tocar das pessoas que estavam comigo.” O Centro Musical Wagner Segura, especializado em samba, completou 25 anos em setembro, passaram por suas mãos mais de mil pessoas. O choro se constitui como linguagem musical a partir da fusão de vários outros gêneros. Dos europeus, são gêneros matrizes: a valsa, a mazurca, o tango, o maxixe, a quadrilha, a polka, o schottich e, de origem africana, o lundu. Foi um processo longo, que se principiou no Rio de Janeiro, com a chegada da corte portuguesa. A música importada logo se popularizou entre os músicos cariocas.

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Na dissertação de mestrado produzida por Marcelo da Silva, no programa de pós de Antropologia Social na UFSC, o autor evidencia o processo de segregação entre brancos e pretos na Grande Florianópolis que permeou a configuração do samba e do choro na capital: “Os sambistas e chorões vivenciaram as mudanças estruturais que a cidade sofreu, pois ouviram de seus pais, parentes e avós, as histórias de um tempo em que o samba era feito nos quintais dos bairros do Centro de Florianópolis, antes da expulsão para os morros. Estes espaços de socialidade eram as marcas de africanidades como o Rio da Pulha, no Centro da capital, onde as lavadeiras trabalhavam e se organizavam em seu ‘falatório’, e as festas em cortiços e quintais das casas de uma cidade que crescia e que queria ver longe de si os rastros de um atraso herdado da escravidão.“ Nos fins da década de 1980, o último clube negro da cidade, o Clube 25 de Dezembro, fecha suas portas ao público. Segundo Marcelo da Silva, neste momento, o clube já não era “tão negro assim“.


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Falta de Incentivo Público

Edital Elisabete Anderle

Geraldo Vargas, músico e bandolinista da mesma época de Wagner, teve sua carreira impulsionada quando foi premiado em 2001 no Edital Elisabete Anderle com o projeto do que seria seu primeiro CD autoral, Sarau no Ribeirão, em parceria com o chorão Maurício Carrilho. A obra foi lançada no ano de 2003, projetando Geraldo e o choro de Florianópolis a reconhecimento nacional. Tanto Wagner quanto Geraldo concordam que a agitação cultural existente decorre de grande esforço de musicistas e profissionais da área. O Governo Federal cortou em em 2017, 40% do orçamento anual destinado ao Ministério da Cultura. Entre janeiro e maio de 2017, apenas R$ 524 milhões foram desembolsados pela Pasta, contra R$ 887,4 milhões do exercício passado. O contingenciamento se ref lete no estado e município. Segundo Geraldo, “nos anos 80 tinha, sem medo de dizer, menos pessoas tocando choro do que hoje. O que acontecia é que tinha muita aparição, por que tinha muito projeto público. O dinheiro público estava sendo botado em apresentações. Tocava muito em palco de rua. Mas hoje tem uma quantidade maior de pessoas.” Ele e outros quatro integrantes da Orquestra de Choro Campeche transmitem seus conhecimentos a vinte e três crianças na comunidade do Morro do Mariquinha, num projeto fixo bancado pelo dinheiro do próprio bolso. “Ali tem umas cinco que mostraram habilidade e gosto pelo choro, daí com elas a gente aprofunda o instrumento”, orgulha-se.

Em sua quarta edição, o Edital Elisabete Anderle teve número recorde de inscritos no ano passado: 1803 projetos escancaram a demanda por investimento público na cultura. Os R$ 5.600.00,00 de verbas do Edital foram distribuídos entre 175 premiados, dos quais 27 são da música, incluindo o projeto o projeto “Tocando a História do Choro”, de autoria do Geraldo Vargas. Com o objetivo de aproximar o choro das crianças, serão realizadas dez apresentações com a Orquestra de Choro Campeche, seguidas de oficinas de instrumentos musicais e sobre a história do choro em escolas públicas. “O contato com o instrumento acústico trabalha mais com o sentimento da criança, é diferente do que só escutar. Fazemos muitas mostras de instrumentos diferentes para elas terem essa experiência”, conta Geraldo. Ele acha que a “complexidade do choro nunca afastou as crianças do gênero, mas antigamente elas tinham mais tempo e mais dedicação para atividades manuais”. Outro projeto que aproxima as crianças do choro leva o nome carinhoso de “Meu chorinho: uma história musical”, de autoria do músico e violonista 7 cordas, Luiz Sebastião. “O trabalho do Luiz é justamente mostrar os gêneros matrizes do choro através de uma perspectiva didática. Serão realizados dez concertos didáticos explicando como que se desenvolveu essa linguagem musical, a partir de um repertório de vinte e quatro músicas que compôs”, explica Natália Livramento, música e violonista 7 cordas, assume a coordenação pedagógica do projeto. “São muito pontuais os projetos que levam músicos às escolas, sendo que, acho que é uma responsabilidade nossa, enquanto artistas, de estar sempre na escola”, diz Natália. Além da circulação do espetáculo, o prêmio no valor de cinquenta mil reais vai custear impressão de material gráfico, permitindo que os professores dêem continuidade a proposta em sala de aula. “Esse projeto dialoga. É da música, da educação, das secretarias de cidadania. Não é do campo artístico especificamente, é multidisciplinar”, reforça.

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IMAGEM: NEFHAR BORCK E CRISTINE CABRAL

A Orquestra Manancial da Alvorada se apresentando no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), em Florianópolis, para o lançamento do novo álbum.

Via Várzea

Confira resenha do novo álbum da Orquestra Manancial da Alvorada

Texto por Pedro Bermond Valls

A Orquestra Manancial da Alvorada é um conjunto idealizado pelo violonista, cantor, compositor e saxofonista Julian Brzozowski, que é graduado em música e agora, com este projeto, busca projetar todas suas numerosas fantasias musicais em um só palco, incorporando com graça e fluidez toda essa cachoeira de ideias. Inspirado principalmente pelas formações de grupo e o ímpeto artístico do compositor americano Frank Zappa, a Orquestra atualmente possui oito membros, que tocam instrumentos bastante variados, contribuindo para um som cheio e eclético. Com Dandara Manoela e Marissol Mwaba lhe acompanhando nas vozes, Rafael Pfleger no baixo, Fabio Cadore na percussão do djembe e dununs, Paulo Zanetti no sax tenor, soprano e no clarone, Leonardo Schmidt na gui14| d’esquina | n. 1 | julho de 2018

tarra e na percussão sangban, e por fim, Gabriel Dutra na bateria e sintetizador, a Orquestra e Julian fazem alusões à totalidade de seus próprios gostos musicais, incorporando marcações inusitadas e grooves extremamente dançantes, por vezes quase ritualísticos, juntos à fineza do jazz, da música popular e da música progressiva. Experimentações inusitadas, como o beat eletrônico e o acordeão, não ficam fora de contexto, considerando que toda a proposta da banda estica-se às raízes de descendência dos membros - com ritmos africanos, gaúchos e nordestinos - e ao momento presente em que vivemos e no qual a banda atua, onde música eletrônica ganha cada vez mais relevância. A Orquestra vem ganhando muita notoriedade em Florianópolis, sua cidade natal, com diversos shows e a participações em

festivais da região nos últimos três anos. “Via Várzea” é o primeiro LP lançado pelo octeto, que faz uma síntese dialética desse processo de exposição gradual da banda com o crescimento da coesão entre membros e suas expressões individuais. A primeira música “Ad Remelexum Et Avant” é um exemplo arquetípico da sonoridade Manancial da Alvorada. O violão de aço onipresente no álbum logo dá as caras, tocado com destreza técnica ímpar e o uso de palheta. As muitas notas abafadas e passagem rápidas deixam em dúvida se a influência vem do flamenco, do jazz cigano, do metal ou de qualquer outra fonte. Encontrando o violão ao longo da extensão de “Remelexum” temos a voz de Julian, trabalhando em conjunto com as vozes femininas, o crescendo das diversas percussões, que atingem ápices


arrombassi!

ção melódica guida pelo violão, que por fim nos leva até outra performance predominantemente dominada pelo vocal das meninas e de Julian. A poesia nos conta mais desventuras intensas e dolorosas do povo brasileiro. Nesta faixa podemos apontar uma certa complexificação nos motivos melódicos dos vocais, que pintam emoções mais cheias de nuance e acompanham andamentos e ritmos que variam constantemente ao longo da música. As três primeiras oferendas representam uma divisão do cd, representam a parte cantada do álbum, que a partir da quarta música, Pantristocracia, vira uma obra quase toda instrumental. Com apenas dois minutos ela inaugura este novo trecho da obra, com melodias contínuas e quase ausentes de pausa no violão, guitarras e acordeão. Elas estão acompanhadas por um groove bastante carregado e intenso do baixo, das percussões e da bateria. Estes seguram um tablado sólido aonde os instrumen-

tos melódicos dançam por cima durante os dois minutos e meio de faixa. “Outono” é uma peça mais ousada, demonstrando uma certa “intensidade de combate” por parte dos sopros. Eles carregam a música até que baixa-se o astral com um solo de Clarone, acompanhado por um groove solto, difuso, e estes por final se encontram ao acordeão, em motivos melódicos dissonante e um tanto tenebrosos. Essa é a música, até o momento, mais carregada de elementos tenebrosos, repletos de malícia e uma aura negativa. Intervalos tortos, dissonâncias e a percussão sincopada, de timbres distantes. “Via Várzea” começa reafirmando esses timbres de percussão, mas não por muito tempo, logo a banda cresce junto à uma melodia de três notas do acordeão e se torna uma faixa absolutamente dançante. Esses momentos de festa são interrompidos por passagens mais progressivas, com experimentações na utilização dos instrumentos, IMAGEM: NEFHAR BORCK E CRISTINE CABRAL

frenéticos, os sintetizadores e os longos e grandiosos temas tocados pelos sopros. A base da “fórmula Orquestra” em toda sua excelência. Vale também destacar que o vocal de Julian por vezes assume timbres cômicos e caricatos, fazendo alusão ao recurso muito utilizado pelo ídolo Frank Zappa. A segunda faixa, “Cantiga do Escravo Liberto” orbita toda na performance vocal, que dá largada em um coro de Julian, Dandara e Marissol. A melodia da linha vocal é complexa e vai carregando junto a si uma construção instrumental que novamente recorre ao crescendo, aglutinando cada vez mais elementos no todo, mas sempre dando destaque à melodia. A bela poesia trata do sofrimento étnico, que na história infelizmente se deu numerosas vezes. “Preço Bom Nós Tem” possui uma introdução marcada por acordes abafados e o acordeão em staccato, progredindo para uma grande conven-

Dandara Manoela, vocalista e poeta que vem se destacanndo no cenário da música catarinense, interpreta com intensidade suas letras

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que trazem um tom criativo e original à composição. O tema de três notas do acordeão aparece novamente antes de entrarmos por completo em um outra proposta, com um groove de bateria simplérrimo, fazendo a cama para solos dos dois instrumentos de tessitura mais grave, o clarone e o contrabaixo elétrico. O tema de viagem interdimensional, transtemporal e desafiadora da realidade, que Brzozowski já comentou em apresentações ser a intenção que guia esse som, se evidencia na troca sempre rápida e inusitada do caráter deste. Saímos dos solos graves, para cair um groove alegre e esperançoso que por fim cresce com os sopros e nos toques rápidos do chimbal, mas não resulta em clímax, e sim em uma pantomina louca de timbres e ideias completamente inusitadas. O rock progressivo escorre do ouvido nesse momento, e a música termina nesse tom: insano, arrastado e experimental. A última música do álbum, “Elektromato”, foi o single que a Orquestra deixou disponível nos tempos que precederam o CD. Ela começa com um belo tema, tocado pelo acordeão ou pelo sintetizador, não tenho certeza. O tema é pincelado com acordes profundos e transiciona em um motivo rítmico de uma nota só. Ele vai recebendo novos elementos paralelos, até que entra a primeira batida do som… Uma batida eletrônica! Lasers! House Music! Uma melodia suave do violão trabalha por cima desse colchão futurístico até que somos levados novamente ao ponto de sublimação da “experiência Manancial da Alvorada”, a mistura emocionante e perfeitamente fluida de um grande tema épico, tocados por sopros e voz, acom16| d’esquina | n. 1 | julho de 2018

FIMAGEM: NEFHAR BORCK E CRISTINE CABRAL

arrombassi!

O acordeão de Charles Kobarg ajuda a trazer um elemento interiorano à Orquestra

panhado pelos outros instrumentos de maneira díspar mas perfeitamente coesa. Acontecem mais algumas passagens até que voltamos ao beat eletrônico que vem acompanhado de melodias certamente conhecidas por quem já assistiu os shows da Orquestra. Elas desaparecem abrindo espaço para algumas ideias instrumentais, mas novamente retornam, dessa vez cantadas por Julian, em uma efusão de palavras que podia ser perfeitamente um rap. O rap do interior rural ao invés do rap de gueto urbano. A mesma melodia prossegue, até perder velocidade junto à voz de Julian, caindo derretida no chão e dando espaço para o belíssimo Outro — Outro tanto do CD quanto da música — uma sublime melodia tocada por quase todos instrumentos, tocada em um andamento marchante e acompanhado de viradas de bateria (algo raro no CD

como um todo). A melodia atinge o clímax, acentuado em staccato, para explodir em um efeito sonoro que indica, possivelmente, o som de uma cerimônia teúrgica-musical sendo elevada até uma dimensão mais pura de realidade. Pelo menos é assim que eu gosto de imaginar. A obra é um atestado emblemático e fiel à Orquestra em sua proposta. É capaz de nos mostrar todo o potencial dessa mesma, sintetiza o resultado do trabalho difícil que é coordenar tantos músicos e ideias diversas e criar uma face própria. O octeto sem sombra de dúvidas construiu a sua própria identidade e deixa claro que, dentro dela, milhares de emoções e representações artísticas são possíveis. O grupo é uma das iniciativas autorais mais criativas da história da música catarinense e “Via Várzea” é um documento que nos prova cabalmente esta realidade.


arrombassi!

Nada soa como a luz Com álbum de estreia lançado no ano passado, a banda Vistas vem se destacando no cenário independente de Santa Catarina

IMAGEM: DIVULGAÇÃO

Texto por Matheus Pereira

Da esquerda para a direita: Lorenzo (bateria), Ian (baixo), Hiago (guitarra), Vinícius (sopro), Guilherme (vocal) e Matheus (guitarra).

Letras densas, vocal rasgado e instrumental pesado. Esse é o Vistas, banda de post-hardcore de Florianópolis, que lançou, no fim de 2017, seu primeiro álbum, intitulado “Marasmo”. Devido ao álbum e ao alcance que as músicas tiveram - especialmente os dois singles, “Garoa Seca” e “Festim” -, o Vistas ganhou visibilidade, e, no dia 28 de abril desse ano, abriu o show da banda estadunidense Citizen, em São Paulo. Com influência de grandes bandas do gênero de post-hardcore, como Being As An Ocean, e do emo, como o próprio Citizen e Basement, os manezinhos incluem elementos pouco comuns para músicas pesadas em suas composições, como flauta transversal ou palavra falada. Entrevistamos Guilherme Guths, vocalista da banda, sobre essa crescente que os seis garotos que constituem o Vistas vem construindo. Como foi a experiência de abrir o show do Citzen? Foi muito proveitosa. Mesmo sendo a nossa primeira apresentação em São Paulo, sentimos uma boa conexão com a plateia. Além disso, ter a oportunidade de trocar uma ideia com os caras que inspiraram nosso som desde o início foi indescritível. Vocês sentem que estão conseguindo dar mais visibilidade para o underground catarinense? Acho que a cena atual está fazendo isso por si só, são muitas bandas e produtoras na mesma pegada que a gente: Decurso Drama, Quazimorto, Fatal Blow, Coletivo Brasa, Combustão Produções, Hardcore Madeira, Bizibeizi, Experimental Distro, Marreta, Carinae... É uma lista sem fim. Como está sendo a recepção do primeiro álbum de vocês? Muito boa, conseguimos arranjar gigs da hora em função disso. Além do mais, estamos sempre recebemos mensagens positivas em relação ao “Marasmo”.

Podem nos contar um pouco sobre o processo de produção do álbum? Na época de composição, eu e o Maca [guitarrista] estávamos morando juntos, então havia ensaio pelo menos duas vezes por semana. Juntamos as cinco melhores músicas e decidimos fazer um álbum. A partir disso, foram horas e horas no Arranha Céu Estúdio gravando e regravando com o Leonardo Sabba. Como não chegamos com uma ideia bem estabelecida e um tanto quanto afobados, esse processo se tornou bem exaustivo, durando dois anos. Algum projeto futuro encaminhado? Temos um single pra gravar em meados de junho ou julho, talvez role de montar um Ep Split usando essa música. O nome do outro artista deixarei baixo por enquanto, já que não temos certeza dessa empreitada, mas com certeza pode-se esperar coisa nova vindo. Estamos em processo de criação para um novo álbum também, mas este sem data pra sair. julho de 2018 | n. 1 | d’esquina | 17


IMAGEM: DARYAN DORNELLES

aa n i u nd q s me e ’ d co re

“Deus é Mulher”

Aos 87 anos, Elza Soares lança novo álbum enaltecendo a figura feminina Texto por Giovanni Vellozo

18| d’esquina | n. 1 | julho de 2018

Depois do aclamado A Mulher do Fim do Mundo (Natura Musical, 2015), que deu novo fôlego à carreira de Elza Soares, chega em 2018 o disco Deus é Mulher (Deckdisc). Nele, a octogenária sambista volta a trabalhar com músicos do trabalho anterior, como os guitarristas Rodrigo Campos e Kiko Dinucci, mas tem também a parceria com cantoras e compositoras da nova geração da MPB, como Tulipa Ruiz em Banho e Mariá Portugal em Um Olho Aberto. Há uma clara modificação nos arranjos, com a presença de linhas de sintetizador mais presentes no trabalho, mas sem tornar pasteurizada ou mesmo sem vida a voz marcante de Elza. Destaque para as faixas Exú Nas Escolas - em parceria com o rapper Edgar -, Eu Quero Comer Você e Deus Há de Ser, que encerra o disco.


só para noia

Lançamentos de junho: IMAGEM: DIVULGAÇÃO

IMAGEM: DIVULGAÇÃO

IMAGEM: DIVULGAÇÃO

Por Maria Helena de Pinho

menores atos Lapso

NavesHarris A Flash Of Feeling

O paulista Rômulo Fróes lança seu oitavo álbum solo, “O Disco das Horas”, com faixas que vão da primeira à décima terceira hora. O disco conta com a produção de Thiago França e Cacá Lima, além da parceria com os artistas plásticos Nuno Ramos e Eduardo Climachauska.

“Lapso” é o segundo álbum de estúdio da banda carioca menores atos, formada por Celso Lehnemann, Ricardo Mello e Cyro Sampaio. O disco de estreia da banda, Animalia, foi bem recepcionado no cenário underground brasileiro e completou quatro anos de lançamento.

O duo NavesHarris é um projeto do cantor e compositor brasileiro Jair Naves, vocalista da banda de rock Ludovic, e da atriz, cantora e compositora estadunidense Britt Harris. “A Flash Of Feeling” é o primeiro full-lenght lançado pelo casal, que até então havia lançado dois mini-EPs em 2016.

Agenda Cultural

Rômulo Fróes O Disco das Horas

JUN

Alcest

29

A banda francesa de blackgaze se apresentará no Célula Showcase, em Florianópolis, para divulgar seu último lançamento, o álbum Kodama.

JUL

6a Semana do Rock Catarinense

12

A cerimônia de abertura será no MIS às 20h, mas o festival se estende por 11 dias, com a participação de 44 bandas.

JUL

07 JUL

20

Rassastock 8 A 8a edição do Festival Bienal de Rock do Sul da Ilha contará com sete bandas num line-up bem diversificado. Será na Costa de Dentro, a partir das 17h.

Baile de Atlanta Em sua primeira edição em Florianópolis, a festa de trap reunirá MC Igu, Derek, Sidoka e Teto Preto na Spazio Floripa, a partir das 23h.

julho de 2018 | n. 1 | d’esquina | 19



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