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Alfonso

A Solidão Dos Trópicos

Vasculho nos escolhos por saber encontrar-me no sopesar das sobras, na sombra do espaço desenhado na memória do que fui na poeira do tempo. Escrevo-me cartas onde habitam todos quantos sou. Mas quem sou?

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Quem é este que me habita? Se me acho sempre um outro espreitando-me por sobre o parapeito da alma. Não escrevo, pois que existo em cada verso e consagro todos quantos sou no chão de uma página em branco.

Nenhuma hora acontece onde mora um poema, o tempo tem o rosto transfigurado das idades e em todas me acho sentado comigo, calcando a massa dos dias

Que me enegrece os dedos, e a húmida tristeza planta uma lágrima. E todos quantos sou desaparecem por um instante.

Sempre estive só, sem que saiba quem são todos estes que no meu nome habitam.

Poema : João Miguel Pereira Fotografía : Carlos Afonso.

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