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Do outro lado do rio. José León Acosta
Do outro lado do rio
a João Arroja
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Eu não estou longe, há os de quase sempre que sempre encontro nas mesmas portas, nos mesmos bares, nas mesmas esquinas, do outro lado de fora.
Eu não estou longe, canto mal, mas canto, chegam emails, tenho trabalho, toca o telefone, a imagem do meu pai olha-me durante horas por trás do outro lado do ecrã.
Eu não estou longe, do outro lado da estrada e nos cantos da memória aparecem vocês comigo diferentes e virtuais.
Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do rio, ao pé de uma praça cheia de incertezas quando todos vão embora, quando fica vazia e fica a fonte do meio a jorrar água turba.
Eu não estou longe, nem mais morto, apenas distante, do outro lado para quem quiser atravessar.
Jose Leon Acosta. Almada 2018