INFOPHARMA
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL EDIÇÃO TRIMESTRAL | MARÇO DE 2020 | Nº1
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AFP recolhe mais de 100 mil seringas usadas Telessaúde e a sua aplicabilidade Conheça os desafios para nas Farmácias. A visão as Farmácias nos próximos de Henrique Martins, Presidente cinco anos, segundo a visão da da SPMS EPE. Pág. 10 Associação Portuguesa deDE Jovens AFP-ASSOCIAÇÃO FARMÁCIAS DE PORTUGAL Farmacêuticos (APJF). Pág.16
Quais os benefícios da dispensa de alguns medicamentos hospitalares na farmácia comunitária? Pág. 32 1
Sumário
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INFOPHARMA
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Seringas Só no Agulhão: O projeto pioneiro que recolheu mais de 102 mil seringas em cinco meses
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Telessaúde: A sua aplicabilidade nas farmácias
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Quais os desafios para a Farmácia nos próximos 5 anos?
• Discutir ideias para melhor servir a comunidade ........................................5 • Descontos em Medicamentos Sujeitos a Receita Médica: O desvio do foco no aconselhamento...........................................................13 • Distribuição Farmacêutica de Serviço Completo – Um Elo Vital.................16 • SIGREM: Um modelo circular para medicamentos e suas embalagens....21 • O acesso a medicamentos hospitalares na farmácia comunitária.............27 • Farmácias 4.0................................................................................................30 • Farmácia Santos: 24 horas por dia a cuidar da saúde dos bracarenses............................................................................31 • Farmácia Albino Pais: Há mais de 100 anos a unir a tradição à vanguarda dos cuidados de saúde...........................................34 • LisbonPH: A Júnior Empresa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa......................................................36 • APDP: A história da primeira associação de diabetes do mundo...............38 • Sensibilizar o doente psoriático para procurar ajuda............................................ 40 • Programa abem: A soma de todas as partes...............................................42 • Alimentação infantil: De pequenino…. Bons hábitos alimentares têm impacto em toda a vida........................................ 45 • Descubra os benefícios dos sabonetes de massagem dermatológicos.....................................................................47
Publicação: AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL. DL: 466964/20
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A valorização do farmacêutico através do desenvolvimento profissional contínuo
Implementação e operação do sistema nacional de verificação de medicamentos: ponto de situação após 10 meses de atividade
Edição, Impressão e Publicidade:
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editorial <
Discutir ideias para melhor servir a comunidade Manuela Pacheco, Presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP)
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a Associação de Farmácias de Portugal (AFP), trabalhamos para garantir que os farmacêuticos comunitários são reconhecidos enquanto especialistas do medicamento e valorizados como membros importantes do conjunto de provedores de cuidados de saúde pública. Queremos fazer mais e melhor pelos farmacêuticos, dando voz às suas preocupações junto dos principais reguladores e stakeholders, mas também da opinião pública e dos cidadãos. “Com esta publicação, a AFP quer dar voz aos especialistas do setor da Saúde para que juntos possamos encontrar pistas para os desafios do futuro da Saúde. Queremos também valorizar o trabalho realizado diariamente pelas farmácias comunitárias de todo o país, contando as suas histórias, os seus testemunhos e ouvindo as suas dificuldades” Sentindo que há uma necessidade de criar espaços de diálogo e de apresentação de ideias que contribuam para melhorar o setor farmacêutico e, em última instância, para cuidar melhor da saúde dos cidadãos, a AFP decidiu relançar a revista Infopharma. Com esta publicação, a AFP ambiciona dar voz aos especialistas do setor da Saúde – sejam eles dirigentes de associações, de farmácias, de
reguladores, ou académicos – para que juntos possamos encontrar pistas para os desafios do futuro da Saúde. Queremos também valorizar o trabalho realizado diariamente pelas farmácias comunitárias de todo o país, contando as suas histórias, os seus testemunhos e ouvindo as suas dificuldades. Esperamos dar-vos a conhecer, trimestralmente em cada edição, um conjunto de opiniões e de visões que possam contribuir para o melhor funcionamento do setor farmacêutico. Nesta primeira edição, por exemplo, contamos com uma análise do professor Henrique Martins, Presidente da SPMS EPE, sobre a transformação digital no setor da saúde e sobre a aplicabilidade da telessaúde nas farmácias. Este é, sem dúvida, um tema fundamental e que vai ser um driver para o futuro das farmácias. Pertinente e atual é também a análise feita pela Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácias (APEF) ao tema da aplicação de descontos em medicamentos sujeitos a receitas médica. Um tema que a Associação de Farmácias de Portugal considera ser uma das áreas prioritárias de intervenção.
funcionar 24 horas por dia e a Farmácia Albino Lopes, em Nelas, que conta com mais de 100 anos de história e soube adaptar-se às exigências do mundo atual. Por último, não poderia deixar de referir o destaque que damos nesta edição ao projeto “Seringas Só no Agulhão”. Um projeto inovador criado pela AFP e que veio dar resposta a um problema que até ao momento não tinha uma solução. Esperamos que todas estas reflexões possam ajudar os farmacêuticos num melhor exercício da sua atividade. Contamos com o vosso contributo e com as vossas visões! •
Nesta primeira edição destacamos ainda a história e o percurso de duas farmácias – a Farmácia Santos que foi a primeira farmácia em Braga a
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“Seringas Só no Agulhão”: O projeto pioneiro que recolheu mais de 102 mil seringas em cinco meses
Destaque <
NO FINAL DE JUNHO DO ANO PASSADO, A AFP LANÇOU UM PROJETO INOVADOR EM PORTUGAL, DESTINADO À RECOLHA DE SERINGAS E AGULHAS USADAS. EM CINCO MESES FORAM RECOLHIDAS MAIS DE 102 MIL SERINGAS. O OBJETIVO É LEVAR O “AGULHÃO” A TODO O PAÍS. Autor: Associação de Farmácias de Portugal
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projeto-piloto “Seringas Só No Agulhão” - que consiste na recolha das seringas usadas pelos diabéticos e por todos os doentes que utilizam medicamentos injetáveis - recolheu 102 mil seringas e agulhas usadas nos primeiros cinco meses do projeto.
Lançado no final de junho de 2019 pela Associação de Farmácias de Portugal AFP (e em parceria com a Stericycle), o projeto “Seringas Só no Agulhão” foi criado para dar uma resposta ao problema da falta de soluções seguras e ecológicas para a recolha das seringas usadas pelos doentes diabéticos. As estimativas da AFP, com base nos dados da IQVIA, apontam para que todos os anos sejam gerados em Portugal mais de 250 milhões de resíduos (seringas e agulhas) em ambulatório. São resíduos que, devido
à inexistência de uma recolha segura, vão parar ao lixo comum.
“Conseguimos recolher 102 mil seringas em apenas 10 farmácias. Acreditamos que se este projeto-piloto for implementado a nível nacional iremos ter um efeito multiplicador na recolha destes resíduos, contribuindo assim para a melhoria da Saúde Pública em Portugal”, assegura Manuela Pacheco, Presidente da AFP
de todo o destino mais adequado para este tipo de resíduos”, explica a Presidente da AFP, Manuela Pacheco. Recorde-se que o único sistema de recolha de seringas que existe em
Portugal está inserido no âmbito do PTS (Programa de Troca de Seringas) – um programa especialmente dirigido às Pessoas que Utilizam Drogas Injetáveis (PUDI). Nestes casos, as farmácias recolhem as seringas usadas (que >
“Tivemos conhecimento das preocupações de alguns doentes diabéticos que se deparam com a inexistência de um sistema de recolha de seringas usadas. Sabemos que estes doentes têm muitas vezes de colocar as seringas dentro de garrafas de plástico que depois depositam no lixo comum. Este não é
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> Destaque CONHEÇA COM MAIS DETALHE COMO FUNCIONA ESTE PROJETO O que é? Trata-se de um projeto-piloto inovador implementado pela AFP, em parceria com a empresa Stericycle, e que se destina à recolha das seringas usadas pelos diabéticos, bem como de todos os cidadãos que necessitam de medicamentos injetáveis. Como funciona? As farmácias aderentes ao projeto-piloto têm um contentor próprio - o “Agulhão” - onde todos os cidadãos podem colocar as suas seringas usadas, sem quaisquer custos associados. Quais as vantagens? Com o “Agulhão”, os cidadãos passam a ter ao seu dispor, pela primeira vez, uma solução segura, ecológica e gratuita para as suas seringas usadas. Quais as farmácias aderentes? Nesta fase, o projeto-piloto “Seringas Só No Agulhão” está implementado em 10 farmácias dos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Gondomar, Braga e Vila Verde. • Farmácia Costa Macedo (Vila Verde) • Farmácia Cristal (Braga) • Farmácia da Areosa (Rio Tinto) • Farmácia de Aguiar (Gondomar) • Farmácia Falcão (Porto) • Farmácia Henriques (Porto) • Farmácia Leça do Balio (Leça do Balio) • Farmácia Monte da Virgem (Vila Nova de Gaia) • Farmácia Padrão da Légua (Custoías) • Farmácia Portela (Vila Nova de Gaia)
depois são destruídas) e, em troca, devolvem aos cidadãos material esterilizado. O projeto-piloto “Seringas Só No Agulhão” arrancou com 10 farmácias do norte do País e em cada farmácia foi instalado um contentor próprio - o “Agulhão” – onde todos os cidadãos podem colocar as suas seringas usadas, sem qualquer custo adicional. Os resultados positivos obtidos até ao momento confirmam a convicção da AFP na relevância desta iniciativa. “O projeto permitiu encontrar uma solução segura que melhora a vida dos cidadãos e tem efeitos ambientais positivos”, explica a Presidente da
AFP, Manuela Pacheco, adiantando ainda: “Conseguimos recolher 102 mil seringas em apenas 10 farmácias. Acreditamos que se este projeto-piloto for implementado a nível nacional, iremos ter um efeito multiplicador na recolha destes resíduos, contribuindo assim para a melhoria da Saúde Pública em Portugal”. Por todas estas razões, em 2020, a AFP estará focada na sensibilização das autoridades competentes para os benefícios do programa “Seringas Só no Agulhão” e para a importância do desenvolvimento de soluções de recolhas de seringas para os utilizadores de medicamentos injetáveis nas farmácias de todo o País. Da mesma forma, a AFP continuará a trabalhar para divulgar o “Agulhão” junto das populações, para que possam beneficiar desta solução inovadora. •
No entanto, e dado o sucesso da iniciativa, a Associação de Farmácias de Portugal ambiciona transformar o projeto “Seringas Só no Agulhão” numa iniciativa de âmbito nacional.
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> Destaque
Telessaúde: A sua aplicabilidade nas farmácias AS FARMÁCIAS NÃO ESTÃO À MARGEM DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL. SÃO, EM MUITOS CASOS, PIONEIRAS NA DIGITALIZAÇÃO DA ATIVIDADE QUE ANTERIORMENTE ERA REALIZADA EM PAPEL, PELO QUE A TELESSAÚDE PODERÁ APRESENTAR-SE COMO UMA CONTINUIDADE DESSE TRABALHO. Autor: Henrique Martins, Presidente da SPMS EPE
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uma sociedade envelhecida, com uma carga crescente de multimorbilidades, há implicações ao nível do acesso a cuidados de saúde e da sustentabilidade do sistema. O recurso às tecnologias de informação e comunicação é um meio para alavancar novas soluções que melhor respondam às necessidades.
Em outubro de 2016 o Conselho de Ministros criou, através da resolução 67/2016, o Centro Nacional de TeleSaúde, no seio da SPMS, E.P.E. e atribui-lhe a tarefa de “promoção da Telemedicina e ...(da) utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação, como parte integrante de processos de reforma dos cuidados de
saúde, com vista a alcançar um nível mais elevado de articulação, integração e melhoria da qualidade dos cuidados (...)”. É neste contexto que em outubro de 2019, e após extensa elaboração e consulta pública, a Tutela da Saúde aprova e é lançado pela SPMS o primeiro
A Saúde Digital e, em particular, a área da telessaúde, tem vindo a ser reconhecida internacionalmente como uma oportunidade para fazer frente aos grandes desafios, na promoção da saúde e na prestação de cuidados. Para além de permitir a transposição de barreiras geográficas, permite um acompanhamento mais próximo. Tal como em outros países, em Portugal há múltiplas iniciativas de novos modelos de prestação de cuidados de saúde assentes no conceito de telessaúde - no serviço público e no privado. A teleconsulta, a teletriagem, a telemonitorização, o telediagnóstico ou o telerrastreio são disso exemplos. No Serviço Nacional de Saúde (SNS) muitas destas iniciativas são locais - isto é, desenvolvidas por equipas de profissionais em hospitais e centros de saúde. Outras têm âmbito regional ou mesmo nacional.
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Destaque <
Plano Estratégico Nacional para a Telessaúde PENTS (2019-2022). Assim, a telessaúde deverá ajudar a inovar os modelos de prestação de cuidados de saúde fora das instituições, assim como a inovação terá que fortalecer a utilidade da telessaúde como meio de apoio à prestação de cuidados de saúde. Estas tendências devem ser integradas sempre que contribuam para aportar valor ao cidadão e ao SNS. Os cidadãos também devem contribuir para a melhoria do SNS, através de um maior conhecimento e confiança para desempenhar um papel ativo nos seus cuidados, e da participação na investigação através dos seus dados de saúde. As farmácias não estão à margem da transformação digital. São, em muitos casos, pioneiras na digitalização da atividade que anteriormente era realizada em papel, pelo que a telessaúde poderá apresenta-se como uma continuidade desse trabalho.
macêutico em todos os locais onde os medicamentos são fornecidos. Em termos de experiência em telefarmácia, é provavelmente nos EUA onde existem mais pilotos por todo o País, especialmente em Estados com baixas densidades populacionais. A Dinamarca é também um exemplo, quando, em 2011, uma associação
de farmácias dinamarquesas forneceu uma solução centralizada, com um serviço de aconselhamento online através do seu website. Poder-se-iam apontar mais exemplos, em países como a Austrália ou o Egito. Os casos práticos em telefarmácia variam, dependendo da região, das necessidades a que dão resposta, das leis ou regulamentos e também >
Neste contexto surge o termo telefarmácia, que consiste no uso de tecnologia eletrónica de informação e comunicação para apoiar o negócio e prestação de serviços farmacêuticos quando a distância separa os diferentes participantes e intervenientes da ação a ser executada. Internacionalmente, este é um tema que surge em vários países e com casos concretos de aplicação. Foi na Marinha dos Estados Unidos da América (EUA) onde se verificaram as primeiras experiências de telefarmácia, de forma sistematizada e continuada. O extenso alcance geográfico deste ramo militar significa a impossibilidade da presença física de um far-
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> Destaque
dade de Cuidados de Saúde Primários (está a ser testado com a USF S. Julião) e as Farmácias Comunitárias de proximidade. Foram definidos os seguintes serviços digitais do lado da farmácia, devidamente articulados com os Cuidados de Saúde Primários (CSP):
da disponibilidade das entidades, mas poderiam resumir-se a quatro áreas de atuação: • Monitorização de terapêuticas farmacológicas. • Aconselhamento farmacológico entre profissionais de saúde. • Pedidos e distribuição remota de medicamentos. • Aconselhamento e esclarecimento terapêutico a cidadãos.
• Registo do Cidadão no Registo de Saúde Eletrónico | Área do Cidadão; • Consulta das medições de saúde registadas tanto no RSE | Área do Cidadão como nos CSP; • Registo de medições no SIFARMA que são transmitidos para o RSE | Área do Cidadão; • Pedido de marcação de consulta; • Pedido de renovação de medicação crónica.
Nas 12 medidas do PENTS, os serviços de telefarmácia podem ter cabimento nestas seis: • Garantir um modelo sustentável para a telessaúde; • Tornar a telessaúde num meio para a criação de sinergias; • Garantir a segurança da informação e interoperabilidade dos sistemas de informação; •G arantir as condições operacionais para o exercício da telessaúde; • Desenvolver novas ofertas de telessaúde; • Promover e divulgar o conceito de eSaúde junto de cidadãos e profissionais e sensibilizar para as suas mais-valias. Mas, para além do potencial, há que dar a conhecer alguns exemplos nacionais, já reais. Por exemplo: A Telefarmácia na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, EPE, onde em 2017 foi dado um passo importante na aproximação entre os cuidados de saúde diferenciados (Hospital) e os cidadãos utentes dos centros de saúde. Trata-se de um serviço que visa a descentralização para as unidades de cuidados de saúde primários da dispensa direta ao doente de medicamentos que
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são exclusivos da farmácia hospitalar. Neste serviço é sincronizado o transporte e entrega dos medicamentos em condições de segurança no centro de saúde, através de uma teleconsulta efetuada no momento da dispensa da medicação ao doente. O Centro de Contacto do Serviço Nacional de Saúde - SNS 24, que dispõe de farmacêutico 24/7, para apoio a enfermeiros no aconselhamento sobre medicamentos de venda livre (over the counter - OTC). É realizado também o aconselhamento farmacológico no que se refere a interações medicamentosas e de posologia. Desde novembro de 2016 até 15 de janeiro foram efetuados 79.864 atendimentos neste âmbito. O Projeto USFarmácia, que tem como objetivo testar um conceito de modelo colaborativo entre uma Uni-
O último serviço a ser implementado foi o da partilha bidirecional de histórico de medições do utente. Em 16/10/2019 a informação de todos os utentes-piloto ficou disponível no RSE| Área do Cidadão, tanto para consulta por parte dos profissionais da USF S. Julião, como por parte dos farmacêuticos – nesta fase deverá estar a Associação Nacional de Farmácias a trabalhar nas conclusões deste piloto. Em relação a números, temos mais de 1.700 medições registadas. Ou seja, há um lugar para as farmácias e os farmacêuticos na saúde digital, e na telessaúde, em particular. Há que experimentar e desenvolver soluções, para tal o PENTS, suas orientações e princípios podem certamente ajudar. Mais informação sobre estas matérias pode ser obtida no site da SPMS em www.spms. min-saude.pt •
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Setor Farmacêutico <
Descontos em Medicamentos Sujeitos a Receita Médica: O desvio do foco no aconselhamento OS DESCONTOS EM MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA (MSRM) SÃO PROCEDIMENTOS QUE A APEF CONSIDERA DESVIAREM O FOCO DO CERNE NO QUAL A PRÁTICA E ACONSELHAMENTO FARMACÊUTICOS DEVEM ESTAR CENTRADOS: O UTENTE. Autor: Carolina Rojais, Presidente da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF)
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Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) é a associação que representa nacionalmente os estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, através dos seus oito membros, distribuídos de Norte a Sul do País. Ao longo dos seus 21 anos de atividade, a APEF sempre se pautou pela típica irreverência estudantil, reivindicando para que a comunidade que representa tenha a melhor preparação e formação possíveis para a profissão a que se propõe, mas também alertando para problemáticas que têm impacto no futuro da mesma e que vão veementemente contra aquilo que é defendido e transmitido na Academia.
Estes são procedimentos que a APEF considera desviarem o foco do cerne no qual a prática e aconselhamento farmacêuticos devem estar centrados - no utente. Simultaneamente, criam desigualdades no acesso ao medicamento e transmitem um conceito de mercantilização das farmácias em detrimento da visão destas como um espaço prioritário de prevenção e promoção para a Saúde. Por isso, a 24 de junho de 2019, a APEF difundiu uma posição pública que viria a ser subscrita por diversas organizações do setor - a Associação de Farmácias de Portugal, a Associação Nacional das Farmácias, a Associação Portuguesa dos Jovens Farmacêuticos, a Ordem dos Farmacêuticos e, ainda, o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos - e que espelha a consensualidade dos
“Urge a necessidade de reiterar a farmácia como um espaço de Saúde e não como mera superfície comercial” Os descontos em Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e os mecanismos concorrenciais praticados nas farmácias portuguesas não são exceção.
profissionais, e dos futuros profissionais, na urgente necessidade de mudança de paradigma, pela dignificação do aconselhamento farmacêutico e das farmácias nacionais.
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A unificação de esforços foi um importante passo, mas muitos mais faltam concretizar. Urge a necessidade de uma discussão fundamentada entre os players do setor farmacêutico, os agentes políticos e a Autoridade Nacional da Concorrência. Urge a necessidade da aprovação da legislação que aplica o teto percentual máximo de desconto permitido na parcela não comparticipada de MSRM. Urge a necessidade de reiterar a farmácia como um espaço de Saúde e não como mera superfície comercial. Que, todos juntos, estudantes e farmacêuticos, políticos e utentes, consigamos reverter a situação para que, por fim, as desigualdades sejam minimizadas, a equidade no acesso ao medicamento seja garantida, e que se compita não pelo maior desconto, mas sim pelo melhor aconselhamento. •
Siga a campanha “Competimos pelo melhor aconselhamento” em https:// melhoraconselhamento.wixsite. com/campanha.
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> Setor Farmacêutico
Quais os desafios para a Farmácia nos próximos cinco anos? OS PRINCIPAIS DESAFIOS DA FARMÁCIA COMUNITÁRIA PARA OS PRÓXIMOS CINCO ANOS DEVERÃO ASSENTAR ESSENCIALMENTE EM TRÊS PONTOS: RECURSOS HUMANOS, FINANCIAMENTO E INTEGRAÇÃO TECNOLÓGICA. Autor: Herlander Silva, Farmacêutico Comunitário, Grupo Consultivo da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF)
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nossa sociedade vive em constante evolução. E a Farmácia Comunitária estará a evoluir ao mesmo ritmo que a restante sociedade? Quais são os grandes desafios que se apresentam no horizonte nos próximos cinco anos? Não querendo ser um vidente, mas também não me colocando ao lado da velha máxima futebolística “prognósticos só no fim do jogo”, julgo que os principais desafios da Farmácia Comunitária para os próximos cinco anos assentarão essencialmente em três pontos: Recursos Humanos, Financiamento e Integração Tecnológica. “Os colaboradores são o principal ativo de uma empresa”. Qualquer empresa cujos colaboradores tenham a formação necessária e estejam motivados para o desempenho das suas funções é uma empresa com elevada
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"O atual sistema de remuneração às farmácias é obsoleto. É necessário procurar alternativas", refere Herlander Silva.
condições de trabalho, melhores horários, melhores perspetivas de carreira e melhores remunerações, a Farmácia Comunitária fica relegada para segundo plano nas escolhas. O caminho passará pela criação de uma carreira mais atrativa e que ofereça alguma qualidade de vida aos que nela ingressarem.
probabilidade de ter sucesso na sua atividade. Aqui começa o primeiro grande desafio para a Farmácia Comunitária. O curso de Ciências Farmacêuticas é muito exigente, mas também muito abrangente. Como consequência, os alunos deste curso estão aptos a desempenhar um elevado número de funções. Como essas funções oferecem, por norma, melhores
A Farmácia enquanto instituição só conseguirá oferecer condições de trabalho competitivas se tiver um financiamento suficiente. A Farmácia é uma empresa e, como tal, deve ser lucrativa, sem nunca esquecer que tem como missão principal do seu funcionamento aquela que lhe foi confiada pelo Estado: a dispensa dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica e a
“Se queremos que a rede de farmácias chegue a populações onde todos os outros serviços não chegam, temos, enquanto sociedade, que lhe dar condições para tal”
promoção do uso racional do medicamento. Por vezes essas duas realidades não são compatíveis. Um exemplo bastante visível é o êxodo em massa que se verificou de pequenas farmácias de aldeia, às quais não foram dadas as ferramentas necessárias para a sua subsistência, para os grandes centros urbanos, resultando na perda da capilaridade da maior rede de cuidados existente no país. O atual sistema de remuneração às Farmácias é obsoleto e insuficiente. É necessário procurar alternativas. E, se queremos que a rede de farmácias chegue a populações onde todos os outros serviços não chegam, temos, enquanto sociedade, que lhe dar condições para tal. Pessoalmente, considero que o campo realmente inovador e com grande potencial para a Farmácia nos próximos cinco
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“A Farmácia é, desde sempre, uma entidade que convive em harmonia com a tecnologia. No entanto, hoje é necessário ir mais além”
anos será a Integração Tecnológica. A Farmácia é, desde sempre, uma entidade que convive em harmonia com a tecnologia. No entanto, hoje é necessário ir mais além. As novas terapêuticas que se avizinham são mais personalizadas, mais complexas e necessitam de um maior acompanhamento para que sejam usadas de forma correta. Está disponível no mercado um grande número de dispositivos capazes de recolher uma variedade de parâmetros biométricos. A informação clínica dos utentes hoje pode ser acedida de forma bastante simples e segura. O aconselhamento farmacêutico pode ser feito online, garantindo assim uma maior segurança no uso do medicamento. As ferramentas existem e estão disponíveis. Haja capacidade inventiva e vontade para as adaptar e usar para aquela que é a nossa prioridade enquanto farmacêuticos: garantir o acesso e o uso seguro e racional do medicamento aos nossos utentes. •
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> Setor Farmacêutico
Distribuição Farmacêutica de Serviço Completo – Um Elo Vital TODOS OS DIAS, MAIS DE 800 MIL EMBALAGENS DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE CHEGAM ÀS FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS ATRAVÉS DA OPERAÇÃO DE 700 VIATURAS ESPECIALIZADAS E 29 PLATAFORMAS LOGÍSTICAS. A DISTRIBUIÇÃO FARMACÊUTICA DE SERVIÇO COMPLETO ASSUME-SE, ASSIM, COMO UM ELO VITAL NO CIRCUITO FARMACÊUTICO. Autor: Manuel Talhinhas, Secretário-Técnico da Associação de Distribuidores Farmacêuticos - ADIFA
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inco voltas ao mundo é a distância percorrida diariamente pelos distribuidores farmacêuticos de serviço completo para assegurar um fornecimento atempado e adequado às farmácias, em qualquer localização geográfica do nosso país.
São mais de 800 mil embalagens de medicamentos e outros produtos de saúde que, por dia, chegam às farmácias comunitárias através da operação de 700 viaturas especializadas e 29 plataformas logísticas, no continente e nas ilhas. A Distribuição Farmacêutica de Serviço Completo assume-se como um elo vital
no circuito farmacêutico, desempenhando um serviço de interesse público absolutamente essencial que garante que os medicamentos e outras tecnologias de saúde, produzidos pela indústria, cheguem às farmácias com elevados índices de satisfação, sem exceção ou diferenciação, disponibilizando uma gama completa de tecnologias de saúde, independentemente do preço, margem comercial ou rotação. Este compromisso com a saúde pública permite que, em conjunto com as farmácias comunitárias, se garanta o acesso de todos os cidadãos aos medicamentos e outros produtos de saúde, de forma célere e contínua, independentemente da localização geográfica ou volume transportado. O serviço de interesse público desempenhado pelos distribuidores farmacêuticos de serviço completo é evidenciado pela sua operação diária, uma vez que são operadas rotas que são pouco atrativas, ou mesmo negativas, em termos económicos.
por día Fonte: Estudio “Caracterização e Avaliação do Impacto da Distribução Farmacéutica em Portugal”. Deloitte Consultores
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Em Portugal, as associadas da ADIFA – Associação de Distribuidores Farmacêuticos disponibilizam os
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medicamentos e produtos de saúde às farmácias comunitárias em média 2,8 horas após o fecho de rota, sendo que, no máximo, se aguardam 5,7 horas. Toda a atividade dos distribuidores farmacêuticos de serviço completo é suportada em processos altamente tecnológicos e automatizados, que cumprem os elevados padrões de Boas Práticas de Distribuição, tornando o circuito de distribuição de medicamentos e outros produtos de
saúde, em Portugal, sinónimo de segurança e qualidade. Desde a sua fundação, em 2017, a ADIFA tem vindo a desenvolver iniciativas que reforçam o papel dos distribuidores enquanto verdadeiros parceiros do sistema de saúde, agentes de saúde pública e garante de coesão territorial. Por isso, para além de uma contribuição ativa para a prossecução de diversos projetos de saúde pública
já consolidados e que contam com a participação dos distribuidores farmacêuticos desde longa data, participamos ainda, em conjunto com os demais parceiros, em iniciativas como o projeto-piloto de dispensa de medicamentos de uso exclusivo hospitalar em farmácias comunitárias e o projeto-piloto de vacinação contra a gripe às populações idosas, nas farmácias da região de Loures. A par destes projetos, a ADIFA, através das suas associadas, colabora também, de forma aberta e construtiva, com os diversos agentes da cadeia de valor do medicamento na prossecução de projetos de interesse público, tais como o Programa de Troca de Seringas e a Via Verde do Medicamento. Em conjunto com as farmácias comunitárias, como agentes de prestação de cuidados de saúde e estruturas de proximidade, centradas na pessoa com doença ou saudável, continuaremos a trabalhar diariamente para garantir que as pessoas, em Portugal, possam encontrar o medicamento certo, no local certo, à hora certa. •
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> Setor Farmacêutico
Implementação e operação do sistema nacional de verificação de medicamentos: Ponto de situação após 10 meses de atividade O SISTEMA DE VERIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS JÁ ABRANGE 2.857 FARMÁCIAS, 116 DISTRIBUIDORES POR GROSSO E 43 HOSPITAIS. OS ALERTAS GERADOS PELO SISTEMA DE VERIFICAÇÃO SÃO ANALISADOS PELA MVO PORTUGAL NO SENTIDO DE DETERMINAR A CAUSA MAIS PROVÁVEL DE CADA ALERTA. Autor: Ricardo Valente, Diretor -Geral da MVO Portugal
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ecorridos cerca de 10 meses após a entrada em vigor do Regulamento Delegado, a estabilização do sistema continua a decorrer conforme esperado. Tem sido registado um aumento significativo, semana após semana, do número de embalagens carregadas no repositório nacional e do número de transações realizadas (verificações, desativações, etc). Atualmente estão registadas
“Atualmente estão ligados ao sistema nacional de verificação de medicamentos 2.857 Farmácias, 116 Distribuidores por Grosso e 43 Hospitais”
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no repositório mais de 250 milhões de embalagens e o número médio de transações por semana ronda 2,1 milhões. Embora se registe um crescimento rápido do volume de atividade, ainda não foi atingido o volume de atividade esperado. Por outro lado, o volume de alertas tem vindo a descer de forma progressiva. Atualmente estão ligados ao sistema nacional 2.857 Farmácias, 116 Distribuidores por Grosso e 43 Hospitais. >
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resposta do sistema de verificação antes de repetir a operação.
ELIMINAÇÃO E PREVENÇÃO DE ALERTAS DE POTENCIAL FALSIFICAÇÃO Os alertas gerados pelo sistema de verificação são analisados pela MVO Portugal no sentido de determinar a causa mais provável de cada alerta. Com base nos resultados da análise, são contactadas entidades relevantes para a resolução dos alertas registados e prevenção de alertas futuros. Para suportar os vários intervenientes na eliminação dos alertas do sistema de verificação, a MVO Portugal preparou um conjunto de documentos nos quais são descritos alertas causados, respetivas causas mais prováveis e formas de eliminação e prevenção. Foram também preparados formulários para reporte de problemas. Os documentos podem ser encontrados no nosso website. ALERTAS EM FARMÁCIAS ASSOCIADAS DA AFP Conforme definido na Circular Informativa nº020/CD/100.20.200 emitida pelo INFARMED, I.P., os alertas gerados pelo sistema serão monitorizados pela MVO Portugal em conjunto com o INFARMED, I.P. Assim, os alertas gerados pelas farmácias conetadas ao sistema de verificação diretamente ou via portal AFP Connect são monitorizados e analisados pela MVO Portugal. No mês de Novembro de 2019 as farmácias associadas da AFP geraram cerca de 8% do total de alertas. Os alertas foram causados por:
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Erros de scanner: Alertas causados por problemas de configuração de scanner (do próprio aparelho e/ou do software que lhe está associado), em especial por troca de letras maiúsculas por letras minúsculas (ex: o número de lote é “A1B2C3” mas é lido “a1b2c3” pelo scanner), ou por separação errada dos elementos do identificador único no código 2D (ex: considerar número de lote a concatenação do número de lote com o número de registo). Os scanners deverão captar e transmitir a informação que consta no código 2D, sem quaisquer modificações. Mais informação relativa a configuração de scanners pode ser encontrada aqui: https://mvoportugal.pt/pt/ legislacao-e-documentacao
“Atualmente estão registadas no repositório mais de 250 milhões de embalagens e o número médio de transações por semana ronda 2,1 milhões” Tentativa de desativação de embalagens já desativadas: Foi tentada a desativação de uma embalagem já desativada anteriormente pela própria farmácia. Para evitar este tipo de alertas, deverá ser realizada uma operação de verificação antes de ser realizada uma operação de desativação. Caso a embalagem já esteja desativada, não deverá ser realizada a operação de desativação. Em caso de utilização de mixed bulk transactions, o Utilizador deve aguardar
O status da embalagem não permite a operação pretendida: Tentativa de execução de operações de undo sobre determinada embalagem quando o status da embalagem não é o necessário que a operação possa ser concretizada com êxito (ex: para undo dispense, o status da embalagem tem de ser dispensed). Para evitar este tipo de alertas, deverá ser realizada uma operação de verificação antes de ser realizada uma operação de undo. Caso a embalagem não esteja no status pretendido, não deverá ser realizada a operação de undo. Erro de software: um erro de configuração de software provoca a geração de alertas sobre a mesma embalagem de forma continuada em intervalos fixos de tempo (ex: de hora em hora). As farmácias deverão contactar o seu respetivo fornecedor de software para resolução do problema. VERIFICAÇÃO E DESATIVAÇÃO DE EMBALAGENS DOTADAS DE CÓDIGO 2D E CÓDIGO 39 Sempre que as embalagens estejam dotadas de identificador único, deve sempre proceder-se às operações de verificação e desativação conforme as regras definidas no Regulamento Delegado. Este procedimento deve ser aplicado mesmo que as embalagens estejam dotadas de código de barras 39. •
Mais informação pode ser encontrada no site da MVO Portugal, em https:// mvoportugal.pt/pt/
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SIGREM: Um modelo circular para medicamentos e suas embalagens (Parte I) VERIFICA-SE NO SETOR FARMACÊUTICO UM INTERESSE CRESCENTE NO MODELO DE ECONOMIA CIRCULAR COMO UMA FORMA POSITIVA PARA AS EMPRESAS. O OBJETIVO É FORNECER PRODUTOS QUE MELHOREM A SAÚDE E O BEM-ESTAR DAS PESSOAS E COM UM IMPACTO POSITIVO NO MEIO AMBIENTE.
Autor: Luís Figueiredo, Diretor Geral da VALORMED
O
papel, preocupações e ações que o setor farmacêutico e os seus atores desde sempre colocaram e desempenharam no respeito e preservação do ambiente, em simultâneo com a investigação e desenvolvimento das melhores soluções terapêuticas para o tratamento das populações, têm sido uma constante ao longo das últimas décadas. A sua missão, particularmente da indústria farmacêutica, tem sido fomentar a inovação de terapêuticas que respondam às necessidades de tratamento e prevenção de novas patologias, disponibilizando medicamentos que promovam a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos cidadãos, sempre defendendo elevados padrões éticos e de qualidade, aliados à responsabilidade social e dever de solidariedade. Desde sempre sujeita a forte regulamentação e habituada a práticas e procedimentos caracterizados pelo rigor, a indústria farmacêutica acumula toda uma experiência em matéria de produção, embalagem e acondicionamento de medicamentos, e desse modo está em condi-
ções de especificar, com elevado grau de rigor, os materiais que utiliza para lançar no mercado. A observância dos mesmos níveis de exigência na gestão de resíduos para os utilizados na produção e embalagem dos medicamentos fazem desta indústria, e sem qualquer margem para dúvidas, um exemplo a seguir, atrevendo-me a afirmar que terá provavelmente sido uma das primeiras atividades industriais a estudar e a implementar sistemas de tratamento para os resíduos produzidos na fabricação dos seus produtos, reintroduzindo-os no seu ou noutros ciclos produtivos.
“Permanentemente são colocadas no mercado milhões de unidades incorporando uma melhoria ambiental, com redução do seu peso ou incorporação de materiais mais ecológicos” uma oportunidade de emendarmos o “mal” aplicado sobre o planeta Terra. Há vários estudos que estimaram o impacto económico da inadequada >
Partindo desde contexto, surge o conceito de transformar este modelo linear num modelo circular de produção, no qual os materiais retornam ao ciclo produtivo ao invés de serem descartados como lixo, por exemplo, através da logística reversa, com a reutilização, a recuperação e a reciclagem de materiais, atingindo o chamado ciclo fechado de produção. Este modelo, defendido e disseminado pelo Mundo, surge como
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> Setor Farmacêutico
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utilização dos resíduos sólidos e os números apontados são significativos. Este é, pois, o momento de agir, articular políticas e partilhar obrigações, nomeadamente entre os diversos setores industriais, governos e consumidores sobre a responsabilidade compartilhada de produtos, a implementação de sistemas de logística inversa e gestão de resíduos envolvendo as cidades e empresas.
mais escassas, o setor farmacêutico é um modelo exemplar. Desde sempre apostou na responsabilidade e otimização dos recursos, através da inovação e química verde ou sustentável, assumindo o compromisso que o fabrico de medicamentos seguros e de qualidade se compatibiliza, durante o ciclo de vida, com o respeito pelos valores associados à preservação e conservação do ambiente.
Num contexto como o atual, em que as matérias-primas são cada vez
No pressuposto que o melhor resíduo é aquele que não se produz, destaco
a permanente proatividade dos laboratórios na aplicação de medidas de ecodesenho nas embalagens e desenvolvimento de planos de prevenção de resíduos. Obviamente que este aspeto tem de ser associado à necessidade de procura de materiais mais seguros, resistentes e leves, que promovam a redução dos custos logísticos, quando sabemos que tem sido objetivo das grandes companhias uma tendência cada vez maior na concentração da sua produção em unidades a partir das quais são distribuídos os seus produtos.
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Graças a tais medidas, são permanentemente colocadas no mercado milhões de unidades incorporando uma melhoria ambiental, com redução do seu peso ou incorporação de materiais mais ecológicos. Este êxito deve-se ao esforço do setor e elevado grau de adesão e participação dos laboratórios a planos de prevenção de resíduos, cujo trabalho desenvolvido é prova do interesse da indústria farmacêutica em incorporar a componente ambiental ao longo do ciclo de vida dos seus produtos. Isto, apesar de todas as
condicionantes legais, técnicas, económicas e de segurança, as quais, em muitas ocasiões, continuam a limitar a adoção de outras medidas pré-concebidas. Esta responsabilidade, nomeadamente no ecodesenho da embalagem de um bem necessário para a nossa saúde, determina uma marca de identidade que distingue a indústria farmacêutica: a preocupação pelo bem-estar, com a aplicação de medidas que contribuem para uma sociedade mais sustentável e favorece o avanço rumo
a um modelo de economia circular. A economia circular veio trazer-nos uma abordagem diferente, que nos abre novas e excelentes perspetivas. Neste domínio, há a ideia de que um produto não se torna, num ápice, um resíduo: antes se devem procurar processos de reutilização e reciclagem, que potenciem o seu valor. Com esta nova perceção, de que se pode transformar resíduos sólidos em matéria-prima secundária, este conceito aplicado à gestão de resíduos assenta na
política dos quatro R’s: reduzir, reutilizar, recuperar, reciclar. Verifica-se no setor, de facto, um interesse crescente no modelo de economia circular como uma forma positiva para as empresas, que visa a adopção de programas abrangentes com o objectivo de mudar o seu modelo económico, vinculado directamente à visão essencial que é fornecer produtos que melhorem a saúde e o bem-estar das pessoas e com um impacto positivo no meio ambiente. • (Continua na próxima edição).
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A valorização do farmacêutico através do desenvolvimento profissional contínuo TODOS OS CIDADÃOS TÊM O DIREITO DE SABER QUE OS FARMACÊUTICOS QUE LHES PRESTAM CUIDADOS PERMANECEM COMPETENTES AO LONGO DE TODA A SUA VIDA PROFISSIONAL. NA PROSSECUÇÃO DESTE OBJETIVO, A SECÇÃO REGIONAL DO SUL E REGIÕES AUTÓNOMAS (SRSRA) PROMOVE DIVERSAS AÇÕES DE FORMAÇÃO. Autor: Luís Miguel Lourenço, Presidente da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos
A
s definições, enunciados e princípios de Desenvolvimento Profissional Contínuo (DPC), na literatura, remontam ao século XX. Aliás, o primeiro curso de Formação Médica Contínua (FMC) foi reportado em 1935. Contudo, apenas em 1960, o conceito de DPC passou a ser descrito na literatura de forma concertada e consistente.1
A elevação do conceito de DPC pressupôs que este último incorporasse e reconhecesse a integração não só dos conhecimentos e das competências técnico-profissionais, mas também das competências éticas, sociais e pessoais, num sistema de desenvolvimento e aprendizagem ao longo da vida e de responsabilidade individual e profissional de cada um.2 Em 1997, a Federação Interna-
cional dos Farmacêuticos (FIP) vem reconhecer pela primeira vez a responsabilidade individual e ética dos profissionais em “assegurar competência em cada serviço farmacêutico prestado, através da atualização
continuada de conhecimentos e competências”. 3 Atualmente, a Ordem dos Farmacêuticos (OF) define o conceito de DPC como “a responsabilidade individual dos farmacêuticos com a atualização permanente
1.- Grant J. The good CPD guide. A practical guide to managed continuing professional development in medicine. 2nd ed. London: New York Radcliffe Publishing. 2012 2.- Filipe HP, Silva ED, Stulting AA, Golnik KC. Continuing professional development: best practices. Middle East Afr J Ophthalmol. 2014;21(2):134–141. 3.- International Pharmaceutical Federation. Statement on Professional Standards: Code of Ethics Pharmacists. 1997
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e o desenvolvimento sistemático de conhecimentos, competências e aptidões ao longo da sua vida ativa”. Sabemos que os Farmacêuticos, nas suas diversas áreas de intervenção profissional, têm responsabilidades que incluem garantir as condições de qualidade, eficácia e segurança da terapêutica e do medicamento (responsabilizando-se por todo o seu circuito) e, no limite da sua definição de competências, ser promotores de saúde do cidadão e da população. Ora, todas es-
tas responsabilidades exigem que o farmacêutico se mantenha a par dos desenvolvimentos nas práticas e nas ciências farmacêuticas, nos regulamentos e enquadramentos legais pelos quais se rege o sistema de saúde (e, em particular, o medicamento e todas as áreas de intervenção profissional) e avanços nos conhecimentos, nas técnicas e nas tecnologias. Compreendendo este dever profissional e ético, as entidades reguladoras da profissão farmacêutica, a nível internacional, deram como resposta o desenvolvimento
de sistemas de DPC que exigem a demonstração comprovada de participação dos profissionais como pré-requisito para a revalidação do direito à prática do ato farmacêutico.4 Concordando que todos queremos uma saúde mais “centrada na pessoa” e conhecendo as exigências do sistema de saúde, temos de afirmar que todos os cidadãos têm o direito de saber que os farmacêuticos que lhes prestam cuidados permanecem competentes ao longo de toda a sua vida profissional. >
4.- International Pharmaceutical Federation. Statement on Professional Standard: Continuing Professional Development. 2002
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Na prossecução deste objetivo e no cumprimento dos desígnios estatutários da OF, a Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas (SRSRA) promove diversas ações de formação. Em 2018, foram realizadas mais de 60 ações de formação presencial descentralizadas, que contaram com 1021 participantes, em nove cidades diferentes, localizadas na zona sul de Portugal Continental e Regiões Autónomas. Paralelamente, promoveram-se 26 ações de formação acessíveis a todos os farmacêuticos, através da plataforma de formação à distância (e-learning), que integrou cerca de 400 participantes. Perspetivando corresponder aos desafios profissionais dos farmacêuticos, foram desenvolvidos 15 novos projetos de formação, graças Luís Miguel Lourenço, Pesidente da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos
aos contributos de grupos de trabalho, constituídos por profissionais de reconhecido mérito e experiência nas cinco diferentes áreas profissionais ditas tradicionais (Farmácia Comunitária, Farmácia Hospitalar, Indústria Farmacêutica, Análises Clínicas e Distribuição Grossista), fundamentais para a definição de novas temáticas e desenvolvimento e de novas oportunidades de formação. No final do 1.º semestre de 2019, a SRSRA conta já com mais de 500 participantes e sete novos temas de formação. Acrescem as oportunidades formativas proporcionadas pelas restantes Secções Regionais e resultado do sistema de creditação de atividades e ações formativas da OF. Há que ressalvar outras atividades da SRSRA, como é o caso do Ciclo de Conferências, do Simpósio Científico, do ActionTalks e do Programa de Capacitação Política, que visam promover competências éticas, políticas, comportamentais e pessoais.
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“Todas as suas responsabilidades exigem que o farmacêutico se mantenha a par dos desenvolvimentos nas práticas e nas ciências farmacêuticas, nos regulamentos e enquadramentos legais pelos quais se rege o sistema de saúde (e, em particular, o medicamento e todas as áreas de intervenção profissional) e avanços nos conhecimentos, nas técnicas e na tecnologias” Em suma, o farmacêutico tem como responsabilidade e dever o seu próprio desenvolvimento e valorização. Podemos afirmar que estar inscrito na OF é sinónimo de um contínuo desenvolvimento e valorização pessoal e profissional. No futuro, haverá certamente a identificação de novas oportunidades nas diferentes áreas profissionais, de acordo com necessidades e preferências dos farmacêuticos, e exigências do cidadão, do setor farmacêutico, do sistema de saúde e da sociedade. •
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O acesso a medicamentos hospitalares na farmácia comunitária É PRIORITÁRIO QUE O MINISTÉRIO DA SAÚDE, O SNS, AS FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS E AS ASSOCIAÇÕES DE DOENTES TRABALHEM EM CONJUNTO PARA DESENVOLVER O MODELO PRÁTICO DE IMPLEMENTAÇÃO DE DISPENSA DESTES MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA COMUNITÁRIA, PROMOVENDO A COMODIDADE, A SEGURANÇA E UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA PARA TODOS OS DOENTES. Autor: Helder Mota Filipe, Professor, Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa
O
s medicamentos podem ter diversos estatutos quanto à dispensa: não sujeitos a receita médica, não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva na farmácia ou sujeitos a receita médica. Dentro dos medicamentos sujeitos a receita médica estão os que são dispensados na farmácia comunitária e os que apenas podem ser dispensados a nível hospitalar. Existem diversas razões que justificam a restrição da dispensa exclusiva ao meio hospitalar, através da farmácia hospitalar:
• Necessidade de administração dos fármacos em ambiente hospitalar; • Controlo e monitorização de efeitos adversos graves; • Mecanismos de controlo que garantam a melhor e mais custoefetiva utilização dos medicamentos. Existem medicamentos que necessitam de condições ou tecnologia especiais para a sua administração e outros que, devido à gravidade dos seus efeitos adversos, não podem ser administrados senão em ambiente hospitalar que permita o
controlo e o tratamento adequado desses efeitos. Embora a garantia de acesso aos cuidados de saúde - e, portanto também aos medicamentos - deva ser uma preocupação essencial e um desafio constante para qualquer sistema de saúde, em Portugal, o acesso a medicamentos de dispensa exclusiva hospitalar obriga os doentes a terem que se deslocar ao hospital, geralmente uma vez por mês. Se em muitas situações essa deslocação ao hospital é justificada pela necessidade de consulta médica ou realização de exames, em muitas outras a dispensa de
medicamentos é a única razão para ter que faltar mensalmente ao trabalho e ter, frequentemente, que se deslocar muitos quilómetros. Em diversas áreas terapêuticas existem medicamentos onde parece já não se justificar manter >
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“O acesso a alguns medicamentos - que atualmente são dispensados exclusivamente na farmácia hospitalar - através da farmácia comunitária, pode promover a adesão, a comodidade e um maior acesso à terapêutica por parte da população”
a sua dispensa exclusiva no hospital. Esta situação resulta da longa experiência obtida com alguns destes medicamentos ou do aparecimento de novos medicamentos que não obrigam às mesmas exigências que os anteriores, relativamente à sua administração ou aos efeitos adversos. Nestes casos, a dispensa exclusiva de medicamentos no hospital pode representar um obstáculo à acessibilidade sem que haja benefício desta deslocação para o doente. Exemplos de áreas terapêuticas
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com medicamentos na situação acima referida são a Oncologia e o HIV.
se traduz na prestação de cuidados de proximidade ao doente oncológico e que contribui de forma evidente para o aumento da sua qualidade de vida. Esta nova realidade dos cuidados de proximidade ao doente oncológico deverá ser acompanhada também por um acesso de proximidade aos medicamentos, sempre que seja clinicamente adequado.
Na Oncologia tem-se verificado um crescente aumento do número de novos medicamentos de administração oral disponíveis no mercado, obviando uma administração necessariamente em meio hospitalar e por profissionais de saúde especificamente treinados para o efeito. Ao mesmo tempo, assistimos atualmente a uma tendência crescente de desinstitucionalização dos cuidados de saúde, que
No caso dos medicamentos para o tratamento da infeção por HIV, os novos medicamentos apresentam um perfil de segurança muito maior do que os mais antigos. É por essa razão que foi efetuado um projeto-piloto na área de Lisboa, iniciado no final de 2016, para testar a dispensa destes medicamentos em farmácia comunitária, evitando os doentes de ter que se deslocar ao hospital.
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Os dados disponíveis do projeto-piloto mostram a existência de benefícios com a transferência destes medicamentos para a farmácia comunitária quer para o utente, quer para o sistema de saúde. Nesta linha, já o programa do XXI Governo Constitucional (2015-2019) incluía a seguinte medida: “Valorizar o papel das farmácias comunitárias enquanto agentes de prestação de cuidados, apostando no desenvolvimento de medidas de apoio à utilização racional do medicamento e aproveitando os seus serviços, em articulação com as unidades do SNS, para nelas ensaiar a delegação parcial da administração de terapêutica oral em oncologia e doenças transmissíveis.” É também importante sublinhar que os farmacêuticos comunitários e os farmacêuticos hospitalares detêm a mesma formação académica e competência científica.
Perante o acima descrito, conclui-se que o acesso a alguns medicamentos, que atualmente são dispensados exclusivamente na farmácia hospitalar, através da farmácia comunitária, pode promover a adesão, a comodidade e um maior acesso à terapêutica por parte da população, evitando ausências mensais ao trabalho e deslocações entre a residência e o hospital. É prioritário que o Ministério da Saúde, o SNS, as farmácias comunitárias e
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“Em diversas áreas terapêuticas existem medicamentos onde parece já não se justificar manter a sua dispensa exclusiva no hospital” as associações de doentes trabalhem em conjunto para desenvolver o modelo prático de implementação de dispensa destes medicamentos na farmácia comunitária, promovendo a comodidade, a segurança e uma melhor qualidade de vida para todos os doentes. •
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Farmácias 4.0 A NOVA REALIDADE DAS FARMÁCIAS EM PORTUGAL PEDE MUDANÇAS PODEROSAS PARA REAGIR, COM DINAMISMO E EM TEMPO REAL, A UMA CONCORRÊNCIA E UTENTES EXIGENTES. Autor: Pedro Moura Castro, Administrador Logitools
V
ivemos numa economia global onde a gestão dos negócios exige cada vez mais digitalização, desmaterialização e automatização de todos os fluxos de trabalho, além da constante monitorização, avaliação e atuação. E tudo isto, em tempo real! As farmácias, em particular, estão a sentir cada vez mais esta mudança de realidade. O setor está cada vez mais complexo e exigente; tudo acontece ao mesmo tempo, com proprietários com várias farmácias que precisam de as gerir em simultâneo, com a maior economia de tempo e recursos. Não podendo, ainda, descartar a necessidade de ligação com um mundo totalmente digital. O farmacêutico de hoje, por oposição há pouco mais de 10 anos, tem de ser mais dinâmico, estar em vários sítios e tomar várias decisões ao mesmo tempo. E, para isso, é inevitável a necessidade de se atualizar, inovar e de se ajustar às novas exigências do mercado, da concorrência e dos seus próprios
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utentes. Como? Com ferramentas que apoiem e facilitem essa gestão. As ferramentas de gestão da farmácia têm de ser simples na utilização e aprendizagem e estar alojadas na nuvem. Tudo isto para permitir ao farmacêutico aceder, a qualquer hora, em qualquer lugar com o seu computador, tablet ou telemóvel com acesso à internet, - sem necessidade de quaisquer instalações locais ou investimentos em equipamentos dedicados que são dispendiosos e rapidamente ficam obsoletos. Desta forma, o farmacêutico consegue gerir tudo num só acesso, não só a compra e venda do medicamento, mas também toda a sua atividade, sejam eles recursos físicos, tecnológicos, logísticos, fiscais e/ou humanos, de uma ou várias farmácias. Hoje, a farmácia faz parte de um ecossistema complexo: existem novos canais e oportunidades de negócio e é necessário interagir também com as várias entidades reguladoras do mercado, e-commerce, google-shop, marketplaces, ferramentas de e-mail marketing,
redes sociais, entidades de comparticipação, associações, seguradoras e com o seu próprio utente. Por tudo isto, o futuro da farmácia passará por aqui: ter uma ferramenta única de controlo e gestão de indicadores que permita ao farmacêutico monitorizar, em tempo real, a complexidade do seu negócio, agir e interagir com todos os seus recursos e players de forma simples e segura, e que acompanhe todas as transformações digitais, de automatização e desmaterialização dos processos do seu negócio. E embora já existam no mercado ferramentas que oferecem várias soluções para responder a esta urgência, é ainda de forma parcial, uma vez que o farmacêutico tem de recorrer a múltiplas ferramentas isoladas, somando ao trabalho manual, que só aumenta os custos da solução e o tempo de resposta necessário, logicamente com um resultado não compatível com a realidade em que vive. •
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Farmácia Santos: 24 horas por dia a cuidar da saúde dos bracarenses COM 52 ANOS DE EXISTÊNCIA, A FARMÁCIA SANTOS É UMA REFERÊNCIA PARA OS HABITANTES DE BRAGA. ESTA FOI A PRIMEIRA FARMÁCIA DA CIDADE A FUNCIONAR 24 HORAS POR DIA. Autor: Associação de Farmácias de Portugal
que querem aproveitar esse desconto adicional”, explica a diretora técnica.
U
ma farmácia pode ser um organismo vivo? Olhando para o percurso da Farmácia Santos, em Braga, a resposta é: sim, pode. Criada em 1968, na Rua de São Vicente, a farmácia tem evoluído ao longo das décadas, mudando de instalações, alargando os serviços e adequando a sua oferta às necessidades dos seus clientes e às exigências dos tempos modernos. Sinal disso mesmo, a Farmácia Santos – pertencente ao Grupo Sofarma – foi a primeira na cidade de Braga a funcionar 24 horas por dia. Um marco importante que aconteceu em 2015. Atualmente a funcionar na Rua Conselheiro Januário (bem perto das primeiras instalações), a Farmácia Santos tem uma equipa de 18 pessoas, a trabalhar por turnos, em que a maior preocupação é “servir bem o cliente”.
Quem o diz é Fátima Silva, diretora técnica deste espaço e que se mantém como o “fiel da balança” deste estabelecimento há várias décadas. Fátima Silva ingressou na Farmácia Santos no âmbito de um estágio curricular em 1998. Cerca de 17 anos depois, em 2015, foi promovida a diretora técnica da Farmácia. Com 22 anos de experiência no mesmo espaço, Fátima Silva explica os fatores que distinguem esta farmácia: “A Farmácia Santos distingue-se pela localização, pelo horário alargado, pelo desconto, pela vasta gama de oferta de produtos, pela experiência e conhecimento da equipa que a constitui”. Para dinamizar a atividade, a farmácia aplica um desconto de 10% na maioria dos seus produtos e, além disso, no dia 20 de cada mês, aplica um desconto de 20%. “São os dias de maior afluência dos clientes à farmácia,
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Com uma equipa especializada e experiente, a Farmácia Santos destaca a importância da relação entre o cidadão e o farmacêutico. “É muito importante criarmos empatia e proximidade com os nossos utentes pois é isso que permite fidelizar os clientes. “Somos muitas vezes a “primeira porta onde os utentes batem” e essa relação de confiança deve ser trabalhada e prezada”, garante Fátima Silva. A diretora técnica explica ainda o perfil dos clientes que procuram a Farmácia Santos. “Temos um leque diferenciado de clientes, desde o mais idoso, com as receitas mensais de medicamentos de uso crónico, como mais novos, mais direcionados para a vasta gama de produtos de dermocosmética, como também de puericultura. Temos também jovens mamãs que procuram aconselhamento e diversas pessoas que nos procuram nas situações de urgência, devido ao nosso horário alargado”. Independentemente da heterogeneidade do perfil dos clientes, há um denominador comum na Farmácia Santos: a prestação de um atendimento de excelência. •
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> Farmácias Comunitárias TRÊS QUESTÕES A FÁTIMA SILVA, DIRETORA TÉCNICA DA FARMÁCIA
“A Farmácia Santos foi a primeira em Braga a estar aberta 24 horas por dia” Que serviços são disponibilizados pela Farmácia Santos? Neste momento, a farmácia tem várias farmacêuticas com curso de administração de injetáveis. Fazemos a medição de parâmetros bioquímicos (glicémia, colesterol, triglicerídeos), tensão arterial, consultas/rastreios de nutrição. Temos ainda colaboradores especializados em aconselhamento dermocosmético, cuidados primários, testes de gravidez, rastreios pontuais de pele e cabelo, ecografias 4D gratuitas regularmente e conselheiras de variadas marcas de dermocosmética com (tratamentos) mini-faciais e maquilhagem.
“A Farmácia Santos, do Grupo Sofarma, tem uma equipa de 18 pessoas a trabalhar por turnos, em que a maior preocupação é servir bem o cliente” O que distingue e diferencia a Farmácia Santos das restantes farmácias? A Farmácia Santos foi a primeira farmácia em Braga, e única durante bastante tempo, aberta 24 horas e
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Fátima Silva, Diretora Técnica da Farmácia Santos: "Somos muitas vezes a primeira porta onde os utentes batem".
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com 10% de desconto em todos os produtos (salvo algumas exceções) Adicionalmente, temos um atendimento que prezamos ser de Excelência e que nos distingue. A Farmácia Santos distingue-se ainda pela
“Somos muitas vezes a primeira porta onde os utentes batem e essa relação de confiança [entre os utentes e a farmácia] deve ser trabalhada e prezada”
localização, pelo horário alargado, pela vasta gama de oferta de produtos, pela experiência e conhecimento da equipa que a constitui. Quais são as principais barreiras que a Farmácia sente no exercício da sua atividade? Neste momento, penso que o maior problema são os produtos esgotados ou rateados no mercado, em que, muitas vezes, o cliente não entende que a farmácia não tem o produto porque não o consegue arranjar. •
A FARMÁCIA SANTOS À LUPA: Propriedade: Grupo Sofarma Direção Técnica: Fátima Silva Morada: Rua Conselheiro Januário, 95 – 99, Braga Telefone: 253 264 216 Horário de funcionamento: 24 horas por dia
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> Farmácias Comunitárias
Farmácia Albino Pais: Há mais de 100 anos a unir a tradição à vanguarda dos cuidados de saúde EM NELAS, A FARMÁCIA ALBINO PAIS JÁ FOI, EM TEMPOS, UM ESPAÇO DE TERTÚLIA CULTURAL E SERVIU DE CENTRO DE ESTUDOS. HOJE, PASSADOS MAIS DE 100 ANOS DESDE A SUA FUNDAÇÃO, A FARMÁCIA ESTÁ FOCADA EM DESENVOLVER SERVIÇOS QUE VÃO AO ENCONTRO ÀS NECESSIDADES DOS CIDADÃOS. Autor: Associação de Farmácias de Portugal
“
Não quero outra. Atendimento fantástico”. “Excelente profissionalismo”. Estes são exemplos de opiniões que os cidadãos deixaram em diversas plataformas online sobre a Farmácia Albino Pais, situada em Nelas, no distrito de Viseu. A convergência das opiniões dos cidadãos reflete uma preocupação constante de Isabel Videira Lopes, proprietária desta farmácia, em encontrar soluções para as necessidades da comunidade onde está instalada. “Temos uma relação de proximidade muito grande com a comunidade. O mais importante, e o que nos satisfaz, é sabermos interpretar as necessidades de cada pessoa e conseguirmos satisfazê-las, cada vez mais e melhor”, explica Isabel Videira Lopes. É exatamente essa procura constante de soluções que tem levado a Farmácia Albino Pais a investir na disponibilização de um conjunto alargado de serviços, entre os quais se destacam: os rastreios cardiovasculares, o aconselhamento em nutrição, o tratamento do pé do diabético, o tratamento de feridas, a podologia, a recuperação de problemas osteoarti-
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culares, dor crónica, dores e problemas musculares. UMA FARMÁCIA COM MAIS DE UM SÉCULO DE HISTÓRIA A Farmácia Albino Pais é uma farmácia centenária, com um percurso e uma história peculiares e que espelham a evolução dos tempos. Fundada no final do século XIX pelo farmacêutico e humanista, Senhor Albino Pais, a farmácia era, no início, muito mais do que um simples espaço onde se disponibilizam medicamentos. Era
Para Isabel Videira Lopes, proprietária da Farmácia Albino Pais, é importante “estar o mais atualizada possível”.
“Deparamo-nos com situações em que para o mesmo medicamento, se este sofrer correção de preço, podem existir de forma absolutamente legal dois preços diferentes. Muitas vezes, as farmácias assumem o prejuízo, para não confundirem as pessoas” também um centro de apoio ao conhecimento e à discussão de ideias. “Esta farmácia teve sempre uma forma de estar muito virada para a cidadania. Para se ter uma noção, durante o dia faziam-se manipulados, exercia-se a profissão farmacêutica, com o foco de orientar e ajudar a tratar a saúde do cidadão. À noite, a farmácia transformava-se num centro de reuniões onde se discutiam as notícias da atualidade ou tornava-se numa sala de aula, onde se preparavam as pessoas para fazerem o exame da antiga 4º classe de adultos”, explica a atual proprietária desta farmácia de Nelas. Não é, pois, de estranhar que, quando Isabel Videira Lopes chegou a esta farmácia, em 1981, se tenha deparado
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ção, pois, por falta de espaço, já não estávamos a garantir o bem-estar ao cidadão”. Sobre o panorama atual do setor farmacêutico nacional, Isabel Videira Lopes salienta que os últimos anos têm sido dramáticos para o setor, devido à “radical” diminuição de preços dos medicamentos. “Deparamo-nos com situações em que, para o mesmo medicamento, se este sofrer correção de preço, podem existir de forma absolutamente legal dois preços diferentes. Muitas vezes, as farmácias assumem o prejuízo, para não confundirem as pessoas”, explica.
com um stock de livros de 35 linhas, selos fiscais e jornais, entre outros produtos, que eram na altura vendidos na farmácia, em conjunto com os medicamentos. “Tudo se vendia na farmácia naquela altura”, explica a responsável. Na época, Isabel Videira Lopes era uma recém-farmacêutica e ficou à frente dos destinos da Farmácia Albino Pais. Coube a esta jovem acabada de sair da faculdade, a tarefa de introduzir hábitos e também uma nova dimensão do papel do farmacêutico junto da comunidade. Em quase quatro décadas de trabalho, Isabel Videira Lopes desenvolveu novos serviços, aumentou o número de colaboradores (conta atualmente com 12 funcionários) e mudou de espaço.
O segredo do sucesso da farmácia está assente em dois pilares: a equipa e a aposta numa constante melhoria de condições. “A nossa equipa é constituída por diferentes grupos etários e foi crescendo consoante as necessidades. Organizei subgrupos que, com formação permanente, aumentam cada vez mais os seus conhecimentos, podendo assim dar uma resposta cada vez melhor ao cidadão”, explica Isabel Videira Lopes. Mas o sucesso da farmácia reside também no investimento na melhoria continua das condições do espaço. “Para podermos dar condições de trabalho à equipa e também garantir o conforto a quem nos procura, esta farmácia sofreu ao longo dos anos três grandes reformulações de instalações. Na última, optámos por fazer uma transferência de localiza-
“Organizei subgrupos [de colaboradores] que, com formação permanente, aumentam cada vez mais os seus conhecimentos, podendo assim dar uma resposta cada vez melhor ao cidadão” AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL
Apesar dos tempos desafiantes que as farmácias enfrentam, Isabel Videira Lopes salienta que a confiança que os cidadãos depositam nas farmácias e nos farmacêuticos não está beliscada. “Pelo que conheço posso dizer que os portugueses podem confiar em pleno no nosso profissionalismo, na nossa dedicação e, principalmente, no nosso trabalho”. E conclui: “O meu posicionamento, enquanto farmacêutica, é estar o mais atualizada possível naquilo que se pode fazer como prevenção na saúde dos cidadãos”. •
A FARMÁCIA ALBINO PAIS À LUPA Proprietária: Isabel Videira Lopes Nº de colaboradores: 12 Morada: Avenida João XXII, Bloco 2, R/C Esq. Nelas Telefone: 232 944 214
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> Inovação
LisbonPH: A Júnior Empresa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa A LISBONPH É A JÚNIOR EMPRESA DA FACULDADE DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA QUE, COM APENAS SEIS ANOS DE EXISTÊNCIA, JÁ CONTA COM MAIS DE 100 PROJETOS, MAIS DE 300 HORAS DE FORMAÇÃO E MAIS DE 6.000 PROFISSIONAIS DE SAÚDE FORMADOS. Autor: Sofia Lopes, Junior Member of the Scientific & Innovation Department (LisbonPH)
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LisbonPH é uma associação sem fins lucrativos, fundada por um grupo de estudantes empreendedores, dinâmicos e com vontade de acrescentar valor à sua formação, através do desenvolvimento de projetos focados no profissional de saúde. Trata-se da Júnior Empresa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa que, com apenas seis anos de existência, já conta com mais de 100 projetos, mais de 300 horas de formação e mais de 6.000 profissionais de saúde formados.
Esta vontade de complementar a formação académica rapidamente se alastrou a outros países europeus e a outros continentes, sendo que, atualmente e apenas em Portugal, podemos contar com 17 Júnior Empresas federadas e com cerca de 700 Júnior Empresários. A nível europeu são cerca de 365 as Júnior Empresas que, em 14 países, englobam cerca de 30.000 Júnior Empresários. Se alargarmos a escala ao mundo inteiro, contam-se 1.227 Júnior Empresas e cerca de 51.000 Júnior Empresários!
Os conceitos de Júnior Empresa e Júnior Empresário permanecem ainda para muitos desconhecidos, mas datam já do ano de 1967, quando um grupo de estudantes sentiu a necessidade de complementar a sua formação académica, aplicando na prática os conhecimentos adquiridos em meio universitário. Ao criarem a primeira Júnior Empresa, tiveram a possibilidade de contactar com o mundo empresarial de forma precoce, o que lhes trouxe inúmeras vantagens quando chegou a altura de ingressarem no mercado de trabalho.
AS PRINCIPAIS ÁREAS DE ATIVIDADE DA LISBONPH A LisbonPH é a primeira e única Júnior Empresa do setor da Saúde em Portugal, destacando-se pelo seu empenho e proatividade na consciencialização e formação do profissional de saúde, realizando para tal formações-chave temáticas da saúde e empreendedorismo, quer presenciais, quer online. As suas principais áreas de atuação assentam em três serviços, nomeadamente: LisbonPH Events, LisbonPH e-Learning e LisbonPH Consulting & Logistics.
No serviço LisbonPH Events, a Júnior Empresa compromete-se a organizar, gerir e promover eventos de cariz científico, direcionados aos profissionais de saúde, dispondo de todos os recursos necessários para uma execução de excelência do serviço prestado.
“Em Portugal podemos contar com 17 Júnior Empresas federadas e com cerca de 700 Júnior Empresários. A LisbonPH é a primeira e única Júnior Empresa do setor da Saúde no nosso País” Já o LisbonPH e-Learning, destaca-se pela disponibilização de formações interativas online especializadas para profissionais de saúde e creditadas pela Ordem dos Farmacêuticos. Esta demonstra ser uma alternativa de qualidade e de custo acessível comparativamente com outras formações existentes no mercado. O serviço LisbonPH Consulting & Logistics fornece aos interessados consultoria na área da saúde através de um acompanhamento personalizado ao cliente, direcionado para as >
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necessidades logísticas, formativas, de design e de marketing. Tudo isto é gerido e alcançado na sua totalidade por estudantes universitários da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, que, querendo acrescentar valor à sua formação, não se ficam pelo ensino lecionado em aula. Conscientes de que o mundo do trabalho anseia por indivíduos formados com mais do que aquilo que é transmitido entre as paredes de um estabelecimento de ensino, cada Júnior Empresário retira diariamente algumas horas do seu dia para se dedicar ao sucesso de algo que não depende só
de si próprio. “Ser LisbonPH” não é ter um ponto extra no currículo, é querer aprender, saber errar, ouvir e evoluir. É entrar com nada e sair com quase tudo. Se trabalham para o Profissional de Saúde do futuro, criativo, empreendedor e multidisciplinar, é porque acreditam que assim o devem ser no futuro. A quem entra, não se exige conhecimento prévio, apenas vontade de progredir e fazer crescer este projeto, que tão exponencialmente tem evoluído desde o início. A quem sai, resta olhar para trás e constatar que nunca se entra na LisbonPH de igual forma a como
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se sai, notando-se sempre, e sem exceção, uma evolução imensa, um verdadeiro orgulho e uma sensação de pertença. Estes Júnior Empresários entram empreendedores, desenvolvem a criatividade e no fim tornam-se mesmo multidisciplinares. Aplicando o termo Learning by doing, um LisbonPH’iano destaca-se dos demais por tudo aquilo que aprende na sua passagem pela Júnior Empresa, fazendo jus à procura de profissionais de saúde bem formados. Descubra mais sobre o nosso projeto e a nossa oferta formativa em www.lisbonph.pt! •
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> Associações
APDP: A história da primeira associação de diabetes do mundo A ASSOCIAÇÃO PROTECTORA DOS DIABÉTICOS DE PORTUGAL (APDP) É UMA DAS ASSOCIAÇÕES QUE MAIS INTERVENÇÕES TEM DESENVOLVIDO NO APOIO ÀS PESSOAS COM DIABETES, SEUS FAMILIARES E CUIDADORES. CONHEÇA O SEU PERCURSO. Autor: José Manuel Boavida, Presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP)
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m Portugal, a luta contra a diabetes está desde o início ligada à Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP). O seu fundador, o médico Ernesto Roma, realizou um estágio de especialização nos Estados Unidos da América e ali assistiu aos primeiros ensaios clínicos, nos quais se administrou insulina no tratamento das pessoas com diabetes tipo 1. Ficou tão impressionado com os excelentes resultados obtidos que, logo em 1926, fundou em Lisboa aquela que viria a ser a primeira associação de diabetes do mundo, a Associação Protectora dos Diabéticos Pobres. Ernesto Roma concebeu assim uma instituição de saúde sustentada pelo apoio de mecenas e benfeitores. Na sua génese, a associação tinha como missão fornecer insulina gratuita às pessoas com diabetes sem posses para a adquirir e educação para o seu uso. Nos seus primeiros estatutos, publicados em 1927, lê-se que a APDP tem como objetivo principal: “Combater por todas as maneiras possíveis a diabetes e as suas consequências”. Com o início dos anos 70 assiste-se em Portugal ao aumento do número de pessoas com diabetes em todas
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as classes sociais, que chegam à associação para solicitar apoio técnico. Progressivamente, a APDP vai alargando a sua base assistencial e social e é nesse contexto que, em 1973, passa a denominar-se Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal. OS SERVIÇOS DA ASSOCIAÇÃO À LUPA Com Manuel Sá Marques, sucessor de Ernesto Roma, registou-se uma profunda remodelação e renovação na APDP no início dos anos 80, criando-se novos serviços e especialidades. Com uma clínica que prestava cuidados diferenciados em
“A APDP acompanha 50.000 pessoas por ano, sendo feitas anualmente cerca de 5.000 novas consultas” diabetologia, podologia e nutrição, foram abertas novas consultas nas áreas da cardiologia e da oftalmologia. Mais tarde, também, de pediatria, urologia, nefrologia, saúde mental e saúde reprodutiva. Em 2002, a APDP é, por despacho conjunto do Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças, reconhecida como Instituição de Superior Interesse Social.
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“APDP foi a primeira instituição a ser reconhecida como Centro de Excelência pela Federação Internacional de Diabetes e é o único Centro Europeu de Referência em Educação Terapêutica” No 80.º aniversário da APDP, a 13 de maio de 2006, na sede da associação, sita na Rua Rodrigo da Fonseca, foram alojados um centro de hemodiálise, um bloco operatório e outros serviços, que incluem uma farmácia social e uma ótica, completando-se todo o circuito estabelecido numa assistência de qualidade à pessoa com diabetes acompanhada na APDP. Desenvolveu-se ainda um Departamento de Crianças e Jovens e
um Departamento de Colocação de Bombas de Insulina e Monitorização Contínua de Glicose. No Departamento de Formação da APDP organizam-se ações de formação inicial e avançada, dirigidas não só a profissionais de saúde e a pessoas com diabetes, mas também a profissionais de outras áreas, familiares de pessoas com diabetes e cuidadores informais. Na APDP
existe um Departamento de Investigação que integra um centro de ensaios clínicos nas novas terapêuticas e nas tecnologias, e participa em projetos internacionais e nacionais. A APDP foi a primeira instituição a ser reconhecida como Centro de Excelência pela Federação Internacional de Diabetes e é o único Centro Europeu de Referência em Educação Terapêutica. Foi também o primeiro centro português a ser incluído nos Centros de Referência de Diabetes Pediátrica, no âmbito da rede internacional Sweet Pediatric Diabetes e é o único centro nacional a pertencer à Rede Europeia de Referência de Doenças Endócrinas – Diabetes raras (Endo-ERN). Três das reuniões anuais da EASD (European Association for the Study of Diabetes), o principal encontro mundial da comunidade científica na área da diabetes, que conta com a participação de mais de 18.000 especialistas, realizaram-se em Lisboa, tendo sido a APDP a instituição anfitriã e uma das organizadoras deste evento, em 1979, 2011 e 2017. Atualmente, a APDP acompanha 50.000 pessoas por ano, sendo feitas anualmente cerca de 5.000 novas consultas. A caminho da comemoração dos seus 100 anos de existência, a APDP é não só a associação de diabetes mais antiga do mundo, mas uma das que mais intervenções tem desenvolvido no apoio às pessoas com diabetes, seus familiares e cuidadores, colaborando na implementação de políticas públicas e sociais centradas nos direitos e nas necessidades das pessoas com diabetes. •
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> Associações
Sensibilizar o doente psoriático para procurar ajuda EXISTEM MAIS DE 200 MIL PORTUGUESES QUE SOFREM DE PSORÍASE. A DOENÇA NÃO É CONTAGIOSA, AINDA NÃO TEM CURA, MAS TEM TRATAMENTO. SAIBA COMO A ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DA PSORÍASE (PSOPORTUGAL) PODE APOIAR ESTES DOENTES. Autor: Jaime Melancia, Presidente da PSOPortugal
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PSOPortugal – Associação Portuguesa da Psoríase é uma IPSS da Saúde sem fins lucrativos, fundada em 2005, e tem como objetivos promover a melhoria da qualidade de vida dos portadores de psoríase, bem como desenvolver iniciativas de índole social e cultural de forma a esclarecer e sensibilizar a opinião pública com o intuito de alertar, despertar e sensibilizar a sociedade para a discriminação social e profissional de que são alvo os mais de 200 mil portugueses que sofrem de psoríase. Quando comparado com há quinze anos, o desconhecimento sobre a psoríase era muito maior do que é hoje. Sem dúvida que as atividades
desenvolvidas pela PSOPortugal e apoiadas pelos nossos parceiros da indústria farmacêutica, muito contribuíram para que a doença seja mais conhecida. Quando hoje abordamos alguém e falamos da doença, a maior parte das vezes essa pessoa tem um amigo, familiar ou conhecido que sofre de psoríase. PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE OS DOENTES COM PSORÍASE ENFRENTAM O principal problema para um doente com psoríase é obviamente ter acesso ao tratamento mais adequado, mas não menos importante são as lutas diárias que os psoriáticos enfrentam e, talvez a mais antiga e sem sentido nos dias de hoje, é a questão da discriminação. A psoríase é uma doença que não mata nem é contagiosa, mas que é para a vida e que incomoda ao olhar. Mas incomoda muito mais a quem é olhado, de tal forma que há doentes que nem querem sair de casa quando
“É fundamental que o doente de psoríase seja acompanhado pelo dermatologista e siga à risca a terapêutica que lhe foi por este indicada. (…) Deve estar consciente que a doença não é contagiosa, ainda não tem cura, mas tem tratamento” 40
os surtos aparecem. As implicações psicológicas que a psoríase provoca são tão profundas que podem levar os doentes a estados depressivos que em nada contribuem para a sua qualidade de vida. Quase todos nós sabemos que a psoríase tem o seu próprio esquema de tratamento, que necessita de um cuidado diário, que mais ou menos bem se vai integrando no dia-a-dia de cada um. Contudo existe um fardo ainda maior que é a necessidade constante de lidar com a realidade, que revela a si e aos outros a sua doença. E este é um ponto muitas vezes crítico: o ser visível aos outros. Ao contrário de muitas outras doenças, a psoríase, além de tudo o mais, vê-se! E daí a necessidade dos doentes de a desmistificar, ora explicando às pessoas com quem lidamos, ora arranjando formas de fuga que permitem ocultar a doença, sem ter que, novamente, e mais uma vez explicar de viva voz o que é a psoríase. É fundamental que o doente de psoríase seja acompanhado pelo dermatologista e siga à risca a terapêutica que lhe foi por este indicada. Um estilo de vida saudável é com certeza uma ajuda preciosa para o sucesso
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do tratamento. Deve estar consciente que a doença não é contagiosa, ainda não tem cura, mas tem tratamento. Atualmente é possível tratar quase todos os casos de psoríase de modo a que não haja lesões visíveis e se possa levar uma vida normal. Muito importante também para o doente psoriático é a ajuda que pode receber do farmacêutico que, em muitos casos, é o primeiro profissional de saúde a que o doente recorre quando lhe aparece a psoríase. Naturalmente que será o médico quem diagnostica e prescreve o tratamento mais adequado a cada caso, mas o farmacêutico desempenha um papel importantíssimo em termos de informação e acompanhamento do doente. Há imensas terapias, nomeadamente tópicas, muito utilizadas na psoríase em placas, que é a mais vulgar, e é fundamental que o doente as saiba usar. Neste âmbito, o farmacêutico pode ser uma ajuda preciosa em ensinar ao doente como aplicar o tratamento e, sobretudo, em motivar o doente na adesão à terapêutica, crucial para o sucesso do tratamento.
“A psoríase é uma doença que não mata nem é contagiosa, mas que é para a vida e que incomoda ao olhar. Mas incomoda muito mais a quem é olhado, de tal forma que há doentes que nem querem sair de casa quando os surtos aparecem” vasculares, entre outras. Portanto, o nosso objetivo é que todas as pessoas com psoríase tenham acesso a consulta de dermatologia e a tratamento adequado. A ATIVIDADE DA PSOPORTUGAL A PSOPortugal conta, neste momento, com perto de 1.000 associados, um número que tem vindo a aumentar sustentadamente ao longo dos anos. Estabelecemos protocolos e acordos de cooperação com estabelecimentos de saúde, nomeadamente farmácias, clínicas, termas e outras, que permitem facilitar aos seus associados o acesso a cuidados de saúde. Neste âmbito, foi desenvolvido o programa “A Cuidar da SUA Pele”, que resulta de um protocolo assinado entre a PSOPortugal, os
laboratórios aderentes e as associações de farmácias. Este programa permite aos sócios da PSOPortugal usufruir de descontos na aquisição de cremes hidratantes, champôs e outros auxiliares terapêuticos, que constam de uma tabela de comparticipações elaborada e disponibilizada pela PSOPortugal. Enquanto presidente da PSOPortugal, gostaria de deixar uma mensagem simples, mas importante: a psoríase não é uma mera condição da pele, é uma doença autoimune e sistémica que deve ser diagnosticada e tratada tão precocemente quanto possível, bem como acompanhada por um estilo de vida saudável. Não existe cura, por enquanto, mas existe tratamento, seguro e eficaz. Todos temos direito a ser felizes. •
A eficácia da terapêutica de combate à psoríase é cada vez maior, de tal forma que hoje em dia falamos em “pele limpa”, uma realidade que na prática se traduz em qualidade de vida para os doentes, alguns dos quais não hesitam em afirmar que a mudança equivale a renascer. Continuamos a tentar desmistificar a psoríase como uma condição da pele, esclarecendo que se trata de uma doença sistémica, autoimune, que se não for tratada pode suscitar comorbilidades, nomeadamente artrite psoriática e doenças cardio-
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> Associações
Programa abem: A soma de todas as partes O PROGRAMA ABEM: PARTE DO PRINCÍPIO ELEMENTAR DE SOLIDARIEDADE, QUE DITA QUE TODOS DEVEMOS SENTIR-NOS RESPONSÁVEIS POR TODOS, APOIANDO A AQUISIÇÃO DOS MEDICAMENTOS DOS CIDADÃOS QUE MAIS PRECISAM. Autor: Maria João Toscano, Diretora Executiva da Dignitude
de impacto social que promovam a qualidade de vida e o bem-estar dos portugueses. Assim surgiu, em maio de 2016, o abem: Rede Solidária do Medicamento. É o primeiro programa promovido pela Associação Dignitude e parte de um princípio elementar de solidariedade, que dita que todos nos devemos sentir responsáveis por todos, apoiando a aquisição dos medicamentos dos cidadãos que mais precisam.
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Associação Dignitude, fundada em Coimbra, em novembro de 2015, nasceu da constatação de que, em cada dez portugueses, há um que não tem dinheiro para comprar os medicamentos de que precisa, e da convicção partilhada por um conjunto de parceiros de que a saúde é um bem precioso à vida, e o medicamento um meio essencial para o seu alcance. As farmácias, através da AFP e da ANF, a indústria farmacêutica, pela APIFARMA, a Plataforma Saúde em Diálogo, a Cáritas Portuguesa,
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a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, a União das Misericórdias Portuguesas e a Associação Nacional de Municípios Portugueses conformam os pilares desta IPSS, que assumiu para si a missão de intervir positivamente nos contextos de carência, comprometendo-se com o desenvolvimento de programas solidários de gran-
“No final de dezembro de 2019, o programa abem: apoiava 6.666 famílias carenciadas, traduzindo-se num total de 12.190 beneficiários”
COMO FUNCIONA O PROGRAMA ABEM: O abem: usa a capacidade operacional e logística das farmácias e assenta numa rede de parcerias locais com entidades autárquicas e instituições de solidariedade social. Profundamente conhecedores da realidade das populações que servem, são estes parceiros que, no terreno, identificam os mais carenciados e os referenciam ao Programa. Os beneficiários recebem, então, um cartão que lhes permite aviar as receitas médicas na farmácia, sem custos, sem mais burocracias ou qualquer ato discriminatório. Enfim, com total dignidade. A despesa produzida é coberta pelo abem:, através do Fundo Solidário
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que gere, o qual é integralmente aplicado na compra de medicamentos para os beneficiários. A sustentabilidade deste Fundo é assegurada pelas contribuições dos promotores do programa e parceiros, assim como por uma permanente campanha de fundraising, pontuada por momentos de maior mediatismo, em iniciativas dedicadas, como a campanha “Dê Troco a Quem Precisa”. Os últimos dados disponíveis mostram que, em 31 de dezembro de 2019, eram 159 as entidades referenciadoras parceiras do programa, em 142 concelhos do país, espalhados por todos os distritos e regiões >
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> Associações
“Os beneficiários recebem um cartão que lhes permite aviar as receitas médicas na farmácia, sem custos, sem mais burocracias ou qualquer ato discriminatório” autónomas. Até esse dia, o abem: prestava já apoio a 6.666 famílias carenciadas, traduzindo 12.190 beneficiários, números que mudam diariamente, à medida que a rede vai crescendo. A avaliação de impacto do programa veio validar o seu percurso positi-
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vo, concluindo que está a gerar, por cada euro investido, um retorno social de 7,8 euros. Para os beneficiários, abem: é sinónimo de mais qualidade de vida, mas também de maior estabilidade emocional, de reforço da coesão familiar, de redução do absentismo, de aumento da autoestima e de estabilidade financeira.
O primeiro compromisso da Associação Dignitude, de intervenção solidária e positiva, tem vindo a fazer o seu caminho. Mas há ainda um longo percurso até que a primordial missão se cumpra: chegar a todos os que precisam. E só com o apoio de todos isso será possível. Contamos consigo, faça parte. I niciativa apoiada pela Portugal Inovação Social, através de Fundos da União Europeia. •
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Alimentação infantil: De pequenino…. Bons hábitos alimentares têm impacto em toda a vida A ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA É ESSENCIAL PARA UM ADEQUADO CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AINDA PARA A MODULAÇÃO INDIVIDUAL DO RISCO DE DOENÇAS CRÓNICAS NO ADULTO. CONHEÇA AS RECOMENDAÇÕES DA DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE SOBRE ESTE TEMA. Autor: Camila da Mota Neves, Medicina Geral e Familiar
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Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou em outubro de 2019 o “Manual de Alimentação Saudável dos 0-6 anos” dirigido a profissionais de saúde e educadores, no sentido de uniformizar as recomendações relativamente à alimentação infantil. A criação de bons hábitos alimentares e de um estilo de vida saudável desde cedo tendem a persistir até à idade adulta. A alimentação nos primeiros anos de vida é essencial para um adequado crescimento, desenvolvimento cognitivo e ainda para a modulação individual do risco de doenças crónicas no adulto. De uma forma geral, o manual assenta na premissa de que a alimentação infantil deve basear-se na roda dos alimentos, em produtos não processados e isentos da adição de sal e açúcar. É consensual que nos primeiros seis meses de vida o leite materno
é o alimento ideal: previne infeções, obesidade e diabetes. Para além disso, está sempre pronto e à temperatura ideal, sendo económico e de fácil digestão. Para a mãe, a amamentação previne hemorragias no período pós-parto, reduz o risco de osteoporose, cancro da mama e cancro do ovário, ajudando ainda a recuperar o seu peso pré-gravidez. O recém-nascido deve iniciar a amamentação na primeira hora de vida mantendo-o em exclusivo e em livre demanda até ao mais próximo possível do 6º mês. A mãe deve adotar uma alimentação variada e equilibrada, sem evicção de qualquer alimento de modo a promover o treino do paladar do bebé. Na impossibilidade do aleitamento materno devem ser utilizadas fórmulas infantis standard pelo menos até ao final do 1º ano. A fórmula infantil para lactente ou fórmula 1 pode ser mantida até aos 24-36 meses. Caso se opte por uma fórmula infantil de transição (fórmula
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2) a partir do 6º mês, esta deve ser de baixo teor proteico. As fórmulas infantis especiais (anti-refluxo, etc) devem apenas ser utilizadas mediante indicação médica, e pelo mínimo de tempo possível. A partir dos 6 meses recomenda-se a introdução progressiva de outros alimentos. A diversificação alimentar pode ocorrer entre os 4 meses e 1 semana e os 6 meses e 1 semana (idealmente o mais próximo dos 6 meses), mantendo o aleitamento materno. A diversificação alimentar deve ocorrer de igual forma num lactente com ou sem história familiar de atopia (alergia), não havendo indicação para atrasar ou proibir nenhum alimento. A introdução de cada grupo de alimentos pode ser feita sequencialmente, com intervalos de 2-3 dias. Pode iniciar-se pelo creme de legumes ou papa de cereais com glúten (desde os 4 meses, preferindo as sem açúcares adicionados). A proteína animal (carne ou peixe) não deve exceder as 30 g/dia, >
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> Associações
devendo oferecer-se carne quatro vezes e peixe tres vezes por semana. O ovo pode ser introduzido a partir dos 8-9 meses de idade, podendo ser oferecido inteiro até tres vezes por semana, em vez da carne ou do peixe. A partir dos sete meses os alimentos devem ser progressivamente menos moídos para estimular o treino da mastigação. O iogurte natural pode ser introduzido aos 8-9 meses, desde que se mantenha o leite materno ou a fórmula infantil como fontes lácteas principais. É proibida a oferta de sumos (naturais ou não) e deve ser estimulado o consumo de água. Deve ainda ser interdito da alimentação da criança no primeiro ano de vida o mel, alimentos processados (bolachas, enchidos, etc.) e a adição de sal ou açúcar aos alimentos.
a variedade/ qualidade e não tanto a quantidade. Relativamente à suplementação é recomendada de forma universal a vitamina D desde o nascimento até pelo menos ao final do 1º ano de vida.
A partir dos 12 meses o lactente pode partilhar a dieta familiar, evitando fritos, doces, refrigerantes e outros alimentos processados, mantendo-se se possível o aleitamento materno/fórmula infantil de baixo teor proteico. Nesta fase é essencial
Um outro ponto de destaque no manual é a referência à importância do exercício físico, logo desde o nascimento, promovendo o movimento e limitando o tempo sentado/parado. A família e a escola desempenham um papel fundamental na alimentação e na adoção de um estilo de vida saudável e, consequentemente, na promoção da saúde e na prevenção da doença. Este manual visa orientar todos os intervenientes para a criação de uma população mais saudável. •
PROPOSTA DE DIVERSIFICAÇÃO ALIMENTAR PARA UM LACTENTE SAUDÁVEL INDEPENDENTEMENTE DO RISCO DE ALERGIA Açorda, farinha de pau Arroz, massa Alimentos não triturados “Comer com as mãos” (Finger-foods)
Carne¤ Peixe¤
Leite Materno *
Idade/meses
Dieta Familiar
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Creme de legumbres Fruta fresca Papas de cereais (con glútem#)
Ovo Leguminosas Iogurte
* Na ausência deve ser utilizada uma Fórmula Infantil de baixo teor proteico. # A introdução do glútem deverá ocorrer depois dos 4 meses, em doses crescentes, e até aos 12 meses. ¤ Cerca de 30 g/dia de carne OU de peixe, devendo haver a oferta de carne 4x por semana e de peixe 3x por semana. Os 30 g poderão ser totalmente oferecidas na refeição do almoço ou fraccionadas entre esta e o jantar. Fonte: DGS
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Descubra os benefícios dos sabonetes de massagem dermatológicos OS SABONETES DERMATOLÓGICOS TÊM DIVERSAS PROPRIEDADES QUE MELHORAM A SAÚDE DA PELE. CONHEÇA-OS COM MAIS DETALHE. Autor: LONGLIFE
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om origem no Ribatejo (Torres Novas), a LONGLIFE – Saboaria Artesanal Portuguesa é uma empresa portuguesa que se dedica à criação, produção e comercialização de sabão e sabonetes dermatológicos, com cunhagem e embalamento manuais, sob as insígnias “Essências de Portugal” e “Essences D’Monde”. A empresa acabou de lançar três sabonetes únicos, com característi-
cas ímpares. Estamos a falar de dois sabonetes pitonados para o corpo e de um sabonete pitonado especificamente para o rosto. Os sabonetes para o corpo são sabonetes de massagem esfoliante com grainha de uva (produto certificado, do Vale do Douro). São sabonetes com formatos ergonómicos, com efeito terapêutico e relaxante pela massagem que estimula a circulação sanguínea e melhora a saúde da pele. A esfoliação pela grainha
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de uva triturada elimina as células mortas e regenera a pele porque absorve o resveratrol puro do óleo da grainha de uva. O óleo de azeitona reforça a hidratação e mantém a pele mais lisa. Estes sabonetes vêm com aroma a Eucalipto (verde) e Violeta (azul). O sabonete de massagem de rosto é hipoalergénico, especificamente idealizado para o cuidado do rosto, enriquecido com extrato orgânico de camomila e de calêndula. A calêndula apresenta propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias que, combinadas com as propriedades suavizantes e calmantes da camomila, reduzem a irritação e sensibilidade da pele. Estes produtos são comercializados com um expositor, especialmente concebido para as farmácias. •
MAIS INFORMAÇÕES disponíveis no site www.essenciasdeportugal.pt ou através do mail comercial@ longlife.pt.
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