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HOMENAGEM A EXMO. BRIGADEIRO HENRIQUE ALVES CALLADO

HOMENAGEM AO EXMO. BRIGADEIRO1 HENRIQUE ALVES CALLADO POR OCASIÃO DA CENTÉSIMA EDIÇÃO DO CONCURSO HÍPICO INTERNACIONAL OFICIAL DE LISBOA (CSIO) – maio de 2022

Resumo Biográfico.

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Resumo biográfico elaborado por Cor Art Res Pedro Miguel Calado Gomes da Silva – neto de Henrique Callado – maio de 2022.

Capitão Henrique Callado, com “Caramulo”, vencedores do Grande Premio/CSIO Lisboa - 1956 XX. Assim, Henrique Callado herdou o seu amor pelo cavalo e dedicação à prática equestre.

Casou em 1941, com Maria Augusta Vieira Pinto Bagão, que sempre o acompanhou ao longo da sua vida e de quem teve uma filha, Maria Fernanda Bagão Calado (1944).

Alistou-se, como voluntário, em 01-08-1938, ingressou na Escola do Exército e concluiu o Curso de Cavalaria em 1941, com a classificação final de 15, 50 valores, sendo promovido a Alferes, e sucessivamente a Tenente (1945), a Capitão (1948), a Major (1959), a Tenente-Coronel (1963), a Coronel (1967) e a Brigadeiro (1971).

Henrique Alves Callado nasceu em 12 de junho de 1920 , em Rio Frio – Alcochete. É curioso referir que Rio Frio é terra de cavalos da então Coudelaria Santos Jorge, dirigida, na altura, por seu pai António Passos Callado, também oficial da Arma de Cavalaria, concursista hípico e durante toda a sua vida apaixonado pela prática da equitação, tendo sido o vencedor do 1º Campeonato de Cavalo de Guerra (1904) e participou em algumas das primeiras equipas equestres que competiram em Espanha. Sua mãe, Berta Alves Callado, também era uma distinta amazona, tendo participado e vencido algumas competições realizadas no início do séc. Prestou serviço em diversas Unidades do Exército, salientando-se o Depósito de Remonta/ Mafra (1943-48), a Escola Militar de Equitação/ Mafra (1950-58), o Centro Militar de Educação Física, Equitação e Desportos/Mafra (1958-63), a Escola Prática de Cavalaria/Santarém (1963-65) (2º Cmdt), o Regimento de Lanceiros Nº 2 (1967-68) (Cmdt), a Direção da Arma de Cavalaria (1969-70 e 1972-74). Cumpriu duas comissões de serviço no Ultramar português, uma na Guiné (1965-67) (Cmdt do Batalhão Cav 790) e outra em Moçambique (1970-72) (Cmdt do Agrupamento 2971/Tete e do Comando Territorial do Sul/Lourenço Marques (1971). Transitou para a situação de reserva em 30-09-1974 e para a de reforma em 1990.

Começou a sua participação em provas desportivas como júnior aos 13 anos (1933), concorrendo três anos depois (aos 16 anos) como sénior (1936). Em 1941 frequentou o curso de equitação realizado em Mafra, obtendo a classificação de “Mestre de Equitação” em 1943. Nesse ano, com apenas 23 anos, integrou pela primeira vez a equipa nacional de obstáculos, tendo, no ano seguinte (1944), vencido o seu primeiro Grande Prémio (GP) de Madrid e o seu primeiro GP de Lisboa. No CSIO/Madrid venceu por quatro vezes o respetivo GP (1944 – “Desejado”; 1957 – “Caramulo”; 1960 e 1962 – “Martingil”), feito este conseguido até hoje por muito poucos cavaleiros. No CSIO/Lisboa venceu por seis vezes o respetivo GP (1944 – “Paiol”; 1953, 54 e 56 – “Caramulo”; 1955 – “Martingil” e 1961 com o “Konak”), feito que até hoje ainda não foi igualado.

Ao cavaleiro olímpico ficarão sempre associados, entre outros, os seguintes cavalos: Caramulo, Martingil, Joc de L´ile, Konak, Lord Robert, Vouga, Paiol, Zuari, Xerez, Faraó, Abrunho, Dise-Tu, Raso, Refused, Favorito, Unico, Radioso, Sire du Brossais, Ulla de Lancôme, Flipper, Remus, Émeraude e Nefertina.

Tenente Henrique Callado, com “Paiol”, transpondo obstáculo a 1,60m, sem sela, sem cabeçada e sem rédeas, mantendo uma excecional posição a cavalo.

Do seu palmarés, além do que já se apresentou, destaca-se:

• Venceu o CCG em 1944 (“Batedor”), 1947 (“Dize-Tu”), 1954 (“Marcoli”), em Torres Novas e em 1957 (Mafra – “Fanfarrão”) e o CEM em 1959 (Mafra), com o “Radioso”;

• Em 1958, sagrou-se campeão nacional de hipismo na modalidade de obstáculos;

• Integrando a equipa nacional disputou 22 Taças de Ouro da Península Ibérica, com vitórias em 16 edições, e 13 “Taças das Nações”, sendo por dez vezes o melhor cavaleiro em prova: três em Lisboa, três em Madrid, duas em Nice, uma em Roma e outra em Aachen/Alemanha;

• Em concursos internacionais de obstáculos obteve um total de 134 vitórias em competições realizadas em Madrid, Barcelona (1945), Burgos (1947), Paris (1949), Bilbau (1951), Corunha (1962), Nice, Dublin (1958 e 1964), Londres (1958), Aachen (1963), Roma (1964), Lisboa, Cascais e Penina. Do seu palmarés salientam-se também, entre outros, os triunfos em 62 Grandes Prémios, em três Taças do Generalismo/Madrid (1955, 1958 e 1960), nas Potências de Madrid (1957 e 1964) e de Nice (1960), nos Prémios Campidoglio – Roma (1964), no prémio do Principado do Mónaco, no Grande Prémio de França e, por três vezes, no Prémio Bucephale, todos do Concurso de Nice/França e, ainda, em dois Prémios do Concurso de Dublin/Irlanda. Venceu também a Prova General Kaúlza de Arriaga, da Federação Equestre Portuguesa, realizada no conjunto de três anos (1969-70-71).

• Concursou também no Brasil/Rio de Janeiro (1950), em Genéve (1963), em Antuérpia (1966), Ostende (1968) /Bélgica, Dortmund/ Alemanha (1968).

3- Campeão do Mundo de Saltos de Obstáculos - 1953 (Paris). 4- “Revista da Cavalaria” – Ano de 1957 (pág. 284 a 286).

Do seu palmarés, além do que já se apresentou, destaca-se:

• Alcançou mais de 1200 classificações, das quais se contam mais de 300 vitórias, das quais pelo menos 134 em provas internacionais e mais de 50 em Grandes Prémios;

• Foi ainda recordista de Portugal em salto em altura com 2,20 m (1952/Caldas da Rainha com o “Caramulo”), cujo record ainda se mantém e em comprimento com 6,50 m, com o mesmo cavalo;

• Brigadeiro Henrique Callado, com 53 anos de idade, vence a Prova de Salto em Altura no Concurso Hípico da Penina (Algarve), em 1973, montando “Flipper”, saltando 2.05m. (Foto de “Duarte Espada”).

• No ano de 1957, vence com o “Caramulo” o GP do CSIO de Madrid, disputando uma “barrage” (ao cromómetro) com Francisco Goyoaga3 , de quem era amigo e que montava “Fanhenkonig”, cujo percurso parecia imbatível, em que Henrique Callado consegue também um percurso limpo e em menos 02 segundos4 . Várias vezes o ouvi dizer que considerava a vitória neste Grande Prémio como a mais significativa de toda a sua carreira de concursista e cujo relato na primeira pessoa se encontra disponível nos Arquivos da RTP 5 .

• Marcou presença em três Campeonatos do Mundo, com destaque para o de Paris (1953), no qual atingiu a meia final.

• Em 1961 classificou-se em 5º lugar no Campeonato da Europa, em Achen, montando “Konak”;

• Em 1963, montando o “Joc de L`ile, vence em Achen/Aix-LaChapelle a prova “Lankreiss” de qualificação para o Campeonato da Europa desse ano, à frente de Hans Gunter Winkler, entre outros cavaleiros dessa categoria 6 .

5- Programa (novembro de 1972) em Arquivos da RTP: https://arquivos. rtp.pt/conteudos/um-dia-com-brigadeiro-henrique-calado/ 6- idem.

Entre os galardões desportivos com que foi distinguido contam-se a Medalha de Honra ao Mérito Desportivo de Portugal, a Medalha de Mérito Desportivo de Espanha, a Medalha de Bronze da Ordem Olímpica do Comité Olímpico Internacional, a Medalha Nobre Guedes do Comité Olímpico Português e o Emblema de Ouro da Federação Equestre Internacional, conferido aos cavaleiros mundialmente mais classificados.

Em agosto de 1988 ainda entrou em provas de obstáculos no Concurso de Cascais e em 1996 (com 76 anos) ainda o vimos montar a cavalo e saltar no campo dos plátanos, no final da 40ª Semana Equestre Militar, em Mafra.

Partiu em 12 de novembro de 2001, deixando-nos um importante legado, ao recordarmos a sua prática quotidiana dos mais nobres valores, a sua essência como pessoa, amigo, esposo, pai e avô e a sua integridade como Homem bom e de bem, não o esquecendo nunca, pois compete-nos a nós, que o conhecemos, e aos que com ele privaram, não permitir que a sua memória se apague, deixando cair no esquecimento quem tanto fez pelo Hipismo Nacional e projetou, em muitas ocasiões, as cores nacionais, quer no país, quer além fronteiras.

Brigadeiro Henrique Callado, com 53 anos de idade, vence a Prova de Salto em Altura no Concurso Hípico da Penina (Algarve), em 1973, montando “Flipper”, saltando 2.05m. (Foto de “Duarte Espada”).

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