Estruturas de mercado

Curso: CURSO:Tecnologia em Gestão Comercial DISCIPLINA: Economia e Mercado PROFESSOR: Carlos Martins

ESTRUTURAS DE MERCADO 1. Mercado – é uma forma de intercâmbio na qual se realizam compras e vendas de bens e serviços, pondo em contato compradores e vendedores.

As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de três características: a) número de empresas que compõem esse mercado. b) tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados). c) se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.

Concorrência – é uma forma de organizar os mercados que permite determinar os preços e as quantidades de equilíbrio.

Tipos de mercado: a) concorrência perfeita – muitos compradores ante muitos vendedores. b) oligopólio – número reduzido de vendedores ante muitos compradores. c) monopólio – um só vendedor ante muitos compradores d) concorrência monopolística – muitos vendedores, produtos diferenciados com substitutos próximos; empresas têm pequeno controle de preços.

- Concorrência perfeita - Concorrência Imperfeita

Oligopólio Concorrência monopolistica Monopólio

Muitos produtores Número reduzido de produtores Muitos vendedores, produtos Diferenciados Um só produtor

2. CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA •

Um mercado em concorrência pura ou concorrência perfeita é aquele no qual existem muitos compradores e muitos vendedores, de forma que nenhum comprador ou vendedor individualmente afeta os níveis de oferta do mercado e, conseqüentemente, o preço de equilíbrio.

As empresas são apenas tomadoras de preços (price-takers)

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2.1 HIPÓTESES PARA UM MERCADO PERFEITAMENTE COMPETITIVO • mercado atomizado – composto de grande número de vendedores e compradores (como átomos), de forma que um agente isolado não tem condições de afetar o preço de mercado. Assim, o preço de mercado é um dado fixado para as empresas e consumidores (são price-takers, isto é tomadores de preços dados pelo mercado).

• homogeneidade do produto – todas as firmas oferecem um produto semelhante, homogêneo.

• liberdade de entrada e saída de empresas – não existem barreiras à entrada e saída de empresas do mercado.

• transparência de mercado – todas as informações sobre preços, qualidade, custos etc. são conhecidas por todos os participantes do mercado.

Em concorrência perfeita, como o mercado é transparente, se existirem lucros extraordinários, isso atrairá novas firmas para o mercado, pois também não há barreiras ao acesso. Com o aumento de oferta de mercado (devido ao aumento no número de empresas), os preços tenderão a cair, e conseqüentemente também os lucros extras, até chegar-se a uma situação em que só existirão lucros normais, cessando o ingresso de novas empresas nesse mercado.

Essas hipóteses são as “ideais”, refletindo um mercado sem barreiras, sem interferências, enfim, pouco realista. Contudo, representam uma base, um referencial para a construção de modelos mais próximos da realidade.

O mercado de hortifrutigrangeiros talvez seja o exemplo mais próximo desse modelo.

Observação: - lucro normal (custo de oportunidade do capital) – é o valor que mantém o empresário em uma dada atividade: se o lucro fosse mais baixo, o empresário sairia desse mercado, aplicando em outro negócio ou no mercado financeiro.

- lucro extraordinário (ou lucro extra), também denominado lucro econômico: é o que excede ao lucro normal.

Concorrência perfeita (a) P

(b) P

Oferta de mercado

Oferta da empresa

P0 Demanda de mercado Q0 Equilíbrio de mercado (mercado total)

Demanda individual (da empresa) Q Equilíbrio da empresa (uma firma isolada)

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A curva de demanda, do ponto de vista da empresa perfeitamente competitiva, tem a configuração de uma reta (gráfico b), mostrando o preço estabelecido pelas forças de mercado (gráfico a), e todas as firmas componentes desse mercado tornam-se tomadoras de preços (price-takers).

Nenhuma firma isoladamente tem condições de alterar o preço ou praticar preço superior ao estabelecido no mercado, pois possui uma pequena participação no mercado (é um ”átomo”) e sua atuação não influenciará o preço de mercado por não dispor de quantidade suficiente para tanto.

- se quiser vender a um preço mais alto, não venderá nada (como os produtos são homogêneos, os consumidores comprarão mais barato das outras empresas); - não venderá a um preço mais baixo. Fere o princípio da racionalidade: se ao preço de p0 vende quanto quer, por que vender mais barato?

Contudo, a esse preço (p0), dado pelo mercado, poderá vender quanto puder dependendo de seu tamanho e estruturas de custos.

As empresas, em concorrência perfeita, devem procurar maiores lucros por meio da maior eficiência, do melhor aproveitamento dos fatores produtivos e da modernização tecnológica.

3. MONOPÓLIO O mercado monopolista caracteriza-se por apresentar condições diametralmente opostas às da concorrência perfeita. Nele existem, de um lado, um único empresário (empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores.

Não há concorrência, nem produtos substitutos ou concorrentes. Ou os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou deixarão de consumir o produto.

3.1 HIPÓTESES PARA UM MERCADO MONOPOLISTA Uma estrutura de mercado monopolista apresenta três características principais: • • •

uma única empresa produtora do bem ou serviço. não há produtos substitutos próximos. existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.

As barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado podem ocorrer das seguintes maneiras: •

monopólio puro ou natural: ocorre quando o mercado, por suas próprias características, exige elevado volume de capital (investimentos). A empresas já instaladas operam com grandes plantas industriais, com elevadas economias de escala e custos unitários bastantes baixos, o que possibilita a cobrança de preços

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• •

•

relativamente baixos por seu produto, o que acaba sendo uma grande barreira para a entrada de novos concorrentes. patentes: enquanto a patente não cai em domínio público, a empresa é a única que detém a tecnologia apropriada para produzir aquele determinado bem. Ex. Xerox. controle de matérias-primas básicas: Ex. o controle das minas de bauxita pelas empresas produtoras de alumínio (a Alcoa detinha quase todas as minas de bauxita nos EUA); a Microsoft, direitos exclusivos de produzir e vender cópias do Windows; A DeBeers, empresa sul-africana que controla cerca de 80% da produção mundial de diamantes etc. tradição no mercado: Ex. mercado de relógios: os japoneses precisaram investir muito dinheiro, durante muito tempo, para concorrer com a tradição dos relógios suíços.

Existe, ainda, uma categoria diferenciada de monopólio, o monopólio estatal ou institucional, protegido pela legislação, em setores considerados estratégicos ou de segurança nacional. Ex. energia, comunicações e petróleo.

3.2 REGULARIZAÇÃO DO MONOPÓLIO: POSSÍVEIS ALTERNATIVAS Alternativas de regulação do monopólio: • • •

dividir o monopólio em duas ou três empresas. impedir que se formem monopólios. regular monopólios existentes.

- deixar que funcionem com uma regulação mínima e estabelecer impostos.

- obrigar o monopólio a fixar um preço que elimine os lucros extras.

- obrigar o monopólio a fixar um preço que situe a empresa numa situação similar à concorrência perfeita.

- Existem leis que lutam contra o monopólio com o objetivo de dividir o monopolista em duas ou mais empresas ou de impedir que ele se forme.

- Esse tipo de lei pretende proteger não só os consumidores, mas também as empresas concorrentes.

- Em outras ocasiões, aceita-se a existência do monopólio,e o papel do governo é regulá-lo.

Para isso, há as seguintes possibilidades: •

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permitir que o monopólio funcione livremente, obtendo lucros extraordinários, mas estabelecer, por parte do governo, um imposto sobre o monopolista para reduzir os lucros extras, devolvendo aos consumidores, em forma de transferências, o excesso de preço que pagaram. Exemplos: a venda de combustíveis, a venda de tabaco etc. obrigar o monopolista a fixar um preço que elimine os lucros extras. Essa política consiste em estabelecer o preço mais baixo sem forçar a empresa a sair do mercado.

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estabelecer um preço que situe a empresa monopolista numa posição em que seu volume de produção seja equivalente ao da concorrência perfeita. Ao adotar essa política, surgirão sérias dificuldades, especialmente se for um monopólio natural (quando a empresa diminui de maneira expressiva seu custo médio por unidade de produto à medida que aumenta a produção). Neste caso, os custos médios podem ser superiores aos preços, e a empresa incorrer em perdas.

Para se evitar que a empresa seja obrigada a sair do mercado, no caso de se desejar continuar com esse tipo de regulação, pode-se recorrer a um subsídio oficial para compensar as perdas. Isso explica por que o governo, em certas ocasiões, ao controlar o poder dos monopólios, acaba por subsidiá-lo. Por isso, os preços dos monopólios estatais são geralmente preços políticos, inferiores a seus custos, o que gera perdas que são compensadas com subsídios.

4. CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA (CONCORRÊNCIA IMPERFEITA) Trata-se de uma estrutura de mercado com as seguintes características: • Muitas empresas, produzindo um dado bem ou serviço; • Cada empresa produz um produto diferenciado, mas com substitutos próximos; • Cada empresa tem certo poder sobre os preços, dado que os produtos são diferenciados, e o consumidor tem opções de escolha, de acordo com sua preferência (se bem que bastante elástica, sensível, porque tem substitutos próximos).

Exemplos: mercados de aspirinas, sabonetes, serviços médicos, odontológicos etc.

Portanto, é um modelo mais realista que o de concorrência perfeita, que supõe produtos completamente homogêneos, idênticos, sem diferenciação.

4.1 A DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTOS DÁ-SE VIA: • características físicas: - composição química; - potência (hp); • embalagem; • promoção de vendas: - propaganda; - atendimento; - brindes; • manutenção, atendimento, pós-venda etc.

Como não existem barreiras para a entrada de firmas, a longo prazo há tendência apenas para lucros normais (RT=CT), como em concorrência perfeita, ou seja, os lucros extraordinários a curto prazo atraem novas firmas para o mercado, aumentando a oferta do produto, até chegar-se a um ponto em que persistirão lucros normais, quando então cessa a entrada de concorrentes.

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5. OLIGOPÓLIO É um tipo de estrutura de mercado que pose ser definido de suas formas: • •

pequeno número de empresas no setor. Ex. indústria de cimento grande número de empresas dominado por poucas empresas. Ex. Nestlé, Parmalat no setor de alimentos; Pão de Açúcar e Carrefour no setor de supermercados etc.

Devido à existência de empresas dominantes, elas têm o poder de fixar os preços de venda em seus termos, defrontando-se normalmente com demandas relativamente inelásticas, em que os consumidores têm baixo poder de reação a alterações de preços.

O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar vários exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel, indústria de bebidas, indústria química, indústria farmacêutica, dentre outras.

O oligopólio ocorre basicamente devido à existência de barreiras à entrada de novas empresas no setor. Essas barreiras são devidas aos seguintes fatores: • proteção de patentes.

• controle de matérias-primas chaves.

• tradição.

• oligopólio puro ou natural Alguns produtos, por razões tecnológicas, só podem ser produzidos por empresas de grande porte (automóveis, extração de petróleo). Assim, nesses mercados, é normal um pequeno número de empresas.

5.1 TIPOS DE OLIGOPÓLIO • •

oligopólio com produto homogêneo ( alumínio, cimento) oligopólio com produto diferenciado (automóveis).

A longo prazo, os lucros extraordinários permanecem, pois as barreiras à entrada de novas firmas persistirão, principalmente no oligopólio natural, em que a alta escala de operações propicia uma produção a custos relativamente baixos, sem concorrência.

5.2 FORMAS DE ATUAÇÃO DAS EMPRESAS OLIGOPOLISTAS No oligopólio, podemos encontrar duas formas de atuação das empresas: • •

concorrem entre si, via guerra de preços ou de promoções. formam cartéis (conluios, trustes). Cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor, que determinam a política para todas as empresas do cartel. O cartel fixa preços e a repartição (cota) do mercado entre empresas.

As cotas podem ser: 6

a) perfeitas (cartel perfeito): todas as empresas têm a mesma participação. A administração do cartel fixa um preço comum e divide igualmente o mercado, agindo como um bloco monopolista. b) imperfeitas (cartel imperfeito): existem empresas líderes (que têm maior tamanho ou custos menores) e que fixam os preços, ficando com a maior cota. As demais empresas concordam em seguir os preços da líder. O governo, por meio de leis antitrustes, não permite que a líder fixe um preço que seja muito baixo, que poderia liminar as demais empresas. É o chamado Modelo de Liderança de Preços, em que a empresa (ou empresas) líder fixa um preço e as demais consideram esse preço dado (como em concorrência perfeita).

6. ESTRUTURAS DO MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO O mercado de fatores de produção (mão-de-obra, capital, terra e tecnologia) também apresenta diferentes estruturas. Como o mercado de fatores depende da demanda de insumos pelos setores produtores de bens e serviços, ou seja, deriva do mercado do produto, a demanda por esses fatores é chamada de demanda derivada. Ex. a demanda de autopeças deriva da demanda de automóveis; se a demanda de automóveis se reduzir, cai também a demanda de autopeças.

Estruturas dos mercados de fatores: • Concorrência perfeita no mercado de fatores: corresponde ao mercado cuja oferta do fator de produção (ex. mão-de-obra não especializada) é abundante. Os ofertantes ou fornecedores, como são em grande número, não têm condições de obter preços mais elevados por seus serviços.

• Monopsônio (ou monopólio na compra de insumos): compreende uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos.

Ex: uma empresa que se instale em determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se a demandante exclusiva da mão-de-obra local e das cidades próximas, tendo para si a totalidade da oferta de mão-de-obra.

• Oligopsônio (ou oligopólio na compra de insumos): é o mercado em que há poucos compradores negociando com muitos vendedores.

Ex: indústria de laticínios - em cada cidade existem dois ou três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais.

A indústria automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de autopeças.

• Monopólio bilateral – ocorre quando um monopsonista, na compra do fator de produção, defronta com um monopolista na venda desse fator.

Exemplo: só a empresa A compra um tipo de aço que é produzido apenas pela siderúrgica B. A empresa A é monopsonista, porque só ela compra esse tipo de aço, e a siderúrgica B é monopolista, porque só ela vende esse tipo de aço.

Nesses casos, a determinação dos preços de mercado dependerá não só de fatores econômicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preço mais baixo (por ser o único comprador), e o monopolista tentando vender por um preço mais elevado (por ser o único fornecedor).

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