Revista acaso

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[Editorial] Um dia você acorda e está do outro lado do atlântico, vivendo experiências que talvez nunca tenham passado pela cabeça, experiências completamente novas. De repente você está inserido em uma nova cultura, adquirindo novos hábitos. E no dia seguinte surge a oportunidade de desenvolver um projeto. Cinco meses depois, eis aqui o resultado. Esta revista surgiu de um projeto na cadeira de design editorial e no final das contas acabou se tornando uma espécie de portfólio dos nossos trabalhos por aqui. Uma pequena mostra das portas que nos foram abertas neste semestre. Três cabeças, três ideias e pensamentos diferentes. Uma mistura de referências e bagagens culturais de diferentes locais do brasil que vieram a se encontrar por acaso em Portugal. Coisas do destino...

[Índice] Projeto Gráfico.....................................#4 Projeto Embalagem..............................#6 Ilustração.............................................#8 Artigo: Primeiras Impressões..............#10 Artigo: Intercâmbio.............................. #12 Palíndromos Visuais............................#14 Entrevista Mr. Dheo.............................. #18 Intervenção Tipográfica........................ #22


[Projeto Gráfico da revista acaso] Subtítulo em duas colunas: tipografia e artes gráficas Por Eduardo Garcia, Elaine Cristine e Karollyna Raposo Uma revista trimestral feita para estudantes da área do design e artes gráficas. Pede por uma linguagem visual clara e contemporânea, para que a diagramação não chame mais atenção do que o conteúdo em si. Neste caso, a paleta cromática envolve cores complementares que criam uma harmonia entre si e ao mesmo tempo um visual contrastante. A paleta tipográfica também é muito simples, a opção escolhida foi trabalhar sempre com a mesma família, não utilizando mais do que três pesos, para tornar a revista muito leve. A publicação conta com grandes margens e áreas de respiro, dando sempre muita visibilidade às imagens. Clareza e objetividade, sem utilizar-se de elementos que poluem as páginas.

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Logotipo da revista


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Papéis Capa: Colorplus, 180 g Miolo: Offset, 90 g Especiais (internas): Vegetal

Formato 21 × 23 cm Margens: 3 cm × 1,5 cm

Acabamento Brochura

Paleta de cor Ref: C77 M43 Y61 K26 Ref: C78 M3 Y63 K0 Ref: C21 M95 Y100 K14 Ref: C0 M0 Y0 K80 Ref: C0 M0 Y0 K50

Paleta Tipográfica

1 - HelveticaLTStd Bold Condensed; 2 - HelveticaLTStd Light Condensed; 3 - HelveticaLTStd Condensed; 4 - HelveticaLTStd Bold Condensed Oblique; 5 - Minio Pro Bold Condensed

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[Embalagem]

Projeto de embalagem para a disciplina TPG Por Eduardo Garcia

Faculdade de Design da UFJF Design da Comunicação − UP/2012

A primeira etapa do projeto da disciplina TPG − Tecnologias de produção gráfica foi a elaboração de uma embalagem. Tal embalagem deveria ser feita somente com dobras e encaixes, nada de colagem. Deveria também transportar dois produtos idênticos sem estabelecerem contato um com o outro. A minha proposta foi projetar uma embalagem para 2 sprays de desodorante que possui além das especificações iniciais, suporte para o transporte e armazenagem nas prateleiras dos supermercados e drogarias. Especificações Técnicas Papel cartão preto, 180 g Corte e vinco Formato aberto 400 × 287 mm Particularidades: A embalagem mantém as duas unidades unidas, fornece suporte para ser transportada ou ser afixada nas prateleiras e mantem o produto a mostra. 8


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[Ilustração] Por Eduardo Garcia

8º Período da Faculdade de Design da UFJF Design da Comunicação − UP/2012

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[Primeiras Impressões] Então você percebe o quanto pode mudar em apenas 40 dias Por Izabella Woyames Faculdade de Direito UFJF/MG − Brasil Erasmus FDUP 2012 − Portugal

Quantas pessoas você pode conhecer. Por quantas histórias de vida se fascina e pelas quais nutre, em pouco tempo, grande admiração. Por quantas dessas pessoas vai se apaixonar, enquanto ser humano. Você entende que gente é gente em qualquer lugar do mundo: tristeza, alegria, frustração, luta e pobreza, também. Compreende o quanto é feliz por ser de um país em que as pessoas estão sempre sorrindo, e mais ainda, o quanto é feliz por ter a oPORTOnidade de conhecer um mundo novo, cheio de conhecimento, lugares, paisagens, histórias, e acima de tudo, pessoas. Pessoas e suas bagagens de vida, prontas pra nos trazer um monte de conhecimentos que só a vida oferece. Muda seu estilo de roupas e passa a usar só sapatos que te deixam andar, porque

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sempre há um lugar que você quer conhecer, sempre há uma rua que vai chamar a sua atenção, um museu escondido numa ruela, um antiquário no caminho da padaria (ou seria da pastelaria?)... Descobre que as paisagens e as imagens do cotidiano podem ser lindas, se você observar as luzes e seus reflexos, da maneira mais sensível possível. Você vê o que não via antes. Se machuca fisicamente por querer conhecer tudo o quanto antes, naquela ansiedade de absorver o máximo que consegue dos lugares. Sofre por não poder trazer quem ama consigo. Sofre ainda mais por saber que é uma experiência com prazo de validade. Fazendo intercâmbio, você vive intensamente. Conhece. Absorve. Aprende. É feliz.


Provas do projeto de Técnicas de Impressão I do curso de Design da Comunicação da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Técnica: Xilogravura | Formato: 29,7 × 42 cm Título: Moldura do Douro Autor: Eduardo Garcia Ano: 2012

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[Intercâmbio] “...Uma nova conexão, um outro olhar sobre todas e tantas novas coisas. “ Por Lorena Goretti,

Fac. de Ciências da Comunicação UFJF/MG − Brasil Erasmus FDUP 2012 − Portugal

Intercâmbio. É sinônimo de troca. Troca de cultura, de ideias, experiências, sentimentos. É descobrir-se. Perceber os seus limites, respeitar o outro, o diferente. É encarar o mundo, ter coragem. Uma nova conexão, um outro olhar sobre todas e tantas novas coisas. É aprender. Aprendizado do técnico, da técnica da vida. É a experiência de experimentar. São escolhas. Onde ir, o que fazer, o quanto dormir, o quanto gastar, o que comprar! Meu Deus, preciso estudar! É um constante sonhar, mesmo a dormir... Pra que acordar? Despertar. Isso sim. Ah, Portugal, do português, do brasileiro. Tão diferente, por vezes igual. As ruelas, as cores, as árvores, os varais, o vinho, os rios, pontes, os sabores...histórias e mais estórias. O meu Porto. Meu sim. Meu e de todos que passam aqui. Inevitável. Porque metade é felicidade, e outra, saudade.

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Exercícios elaborados na disciplina de Geometria da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Potugal 2012. Eduardo Garcia


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[Palíndromos Visuais] Projeto caligráfico inspirado nos azulejos do Oporto Por Elaine Cristine

Faculdade de Design em Programação Visual da UNIVILLE Design da Comunicação − UP/2012

Palíndromo: Diz-se de verso, palavra ou grupo de palavras em que o o sentido é o mesmo, quer se leia da esquerda para a direita quer da direita para a esquerda. Dentre as coisas que mais lembram Portugal, estão os azulejos. Peças únicas que estampam boa parte das casas lusitanas. De trás pra frente, de um lado para o outro. Sempre vão formar o mesmo desenho. Assim como os palíndromos, palavras ou grupo de palavras que lidas ao contrário sempre vão formar a mesma frase. Brincando com isto, criei esta galeria que mistura experimentos caligráficos de frases palíndromas com fotografias de azulejos pela cidade afora. Estes, são os meus palíndromos visuais.

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[Entrevista Mr. Dheo]

Writer português com maior projeção no atualidade. Entrevista na integra publicada no Blog http://sobredotado.com/ em Janeiro de 2010 É da cidade do Porto, tem 27 anos, vive dos graffitis e tem clientes de peso na sua agenda. Mr.Dheo esteve sempre ligado à Arte. Aos três anos de idade começou a copiar frases de jornais e revistas e a desenhar sozinho. Rejeitando sempre qualquer tipo de envolvência a uma escola ou curso de Arte durante a adolescência desenvolveu as suas próprias técnicas, o que lhe permitiu registar uma evolução sem influências directas. Como autodidata, o seu primeiro contacto com o graffiti surgiu aos quinze anos e rapidamente os seus desenhos se transformaram em inúmeros estudos de letras. Meses mais tarde fez o primeiro trabalho na rua e foi conhecendo outros artistas com os quais se identificava e que o motivavam a continuar.

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Blog: O que é para ti arte e graffiti? São conceitos que andam juntos?

...Foi a única expressão artística com a qual me identifiquei.

R. Sem dúvida. Tenho tanta certeza de que o que faço é graffiti como certeza de que o que faço é Arte. Agora o que para mim é preto no branco para os outros pode não ser, e aqueles que definem o conceito de Arte e ditam as suas regras muitas das vezes são aqueles que nunca tiveram a capacidade de fazer o que quer que seja e então se dedicaram a esse caminho - dificilmente irão catalogar o graffiti como Arte porque para já não lhes enche os bolsos, porque a sua essência é “gratuita”, está na rua visível para tudo e todos. O mundo da Arte é um mundo preconceituoso e, sobretudo elitista. Mas como em tudo as sociedades regem-se pelos padrões que lhes são impostos e até as coisas mudarem a nosso favor, muita coisa tem de acontecer. Agora pessoalmente podem tentar provar-me de todas as formas que conseguirem que graffiti não é Arte que nunca me irão convencer disso. Blog: Como Artista Plástico que é, por que escolheu a Arte dos graffitis? R. Porque foi a única expressão artística com a qual me identifiquei. Ficar em casa e fazer quadros a pincel expô-los a um grupo restrito de pessoas, num mundo artístico onde se vinga mais pelas influências e pelo estatuto social do que

pelo talento, não é uma coisa que me motive. Na rua, o meu trabalho é visto por toda a gente que o quiser ver. Pelos pobres, pelos ricos, pelos gordos e pelos magros, pelos brancos e pelos negros, sem qualquer tipo de discriminação. E é na rua onde minha mensagem pode ser veiculada de uma forma mais directa e mais pura. Blog: Tem algum ídolo ou inspiração? R. Nunca tive um ídolo em nenhuma área, pelo menos no verdadeiro sentido da palavra. Ou seja, alguém por quem tenha uma admiração excepcional e cuja admiração interfira na minha vida pessoal, na minha forma de ser ou nas coisas que faço ou deixo de fazer. Tenho sim inspirações e pessoas ou artistas que gosto mais do que os outros. E isso envolve desde família e amigos a artistas e profissionais em muitas áreas. Blog: Por que Mr. Dheo? Qual o significado de HDVOGTBMLDJ, que se encontra presente em muitos dos seus trabalhos? R. O nome Mr. Dheo não tem qualquer significado. Procurei juntar 4 letras que me agradassem e que juntas fossem difíceis de ver repetidas em algum lado, porque no mundo do graffiti geralmente os nomes tem 4 ou 5 letras e há sempre nomes “repetidos” em locais diferentes. Ou seja, procurar um nome original,

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que me diferenciasse e que fossem boas em termos caligráficos, que é à base do graffiti. O “Mr” surgiu uns anos mais tarde numa brincadeira de amigos e ficou, dando ainda mais ênfase a essa originalidade. Blog: Qual o melhor momento de sua carreira artística? R. É sempre difícil responder, porque são vários, mas as viagens que faço são sempre experiências únicas e enriquecedoras como é natural. Lá fora o meu trabalho é muito mais valorizado e é bom sentirmos reconhecimento fora de portas.

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Blog: Quais são as tuas influencias? E qual o teu estilo de graffiti preferido? R. Confesso que sou muito esquisito e exigente comigo próprio e com o que faço, mas sou muito ecléctico no que respeita o trabalho dos outros. Gosto de muitos artistas e de muitos estilos, a maior parte deles com abordagens que nem tem nada a ver com a minha, mas como é óbvio também não gosto de tudo. Não sinto que tenha influências directas, sinceramente. Mesmo nos primeiros anos onde se tenta encontrar um estilo próprio, uma identidade, não há nenhum artista em que eu me tenha inspira-


...O graffiti é reflexo da nossa sociedade.

do particularmente. Talvez, como referi, por gostar de muita coisa. Ultimamente o meu trabalho é mais foto realista e isso, apesar de eu não querer que seja um rótulo porque automaticamente me torna num artista mais limitado, é muito cativante pela dificuldade que representa para mim. Acho que até à data é a abordagem mais complexa e que requer mais estudo, a abordagem onde as falhas são mais visíveis, e esse desafio agrada-me porque se algum dia sentir que as coisas são fáceis de fazer acho que perderá metade da piada. Blog: Qual é para ti o ponto de situação do graffiti em Portugal? R. O graffiti é o reflexo da nossa sociedade, no sentido em que fazer o mínimo é suficiente. Há pouca ambição para a qualidade que existe, pouco esforço e pouca iniciativa. Temos bons artistas mas são muito poucos aqueles que realmente tentam elevar a fasquia, na minha opinião. E é aí que perdemos comparativamente a outros países. Não quero parecer demasiado crítico porque repito que existe qualidade, temos writers que são realmente bons e que fazem trabalhos com muito valor, mas falta-nos o resto e acho que é nisso que temos que nos esforçar. Blog: O que te motiva para continuar? R.Duas coisas: o gosto pelo que faço e a vontade de testar os meus limites, de

aprender e de evoluir. Acho que num meio como o graffiti quem não tiver estes dois ingredientes não tem grandes hipóteses, porque por muito difícil que seja para quem está de fora compreender isto, o graffiti é um jogo duro. É preciso ter estofo e saber lidar com muita coisa, com muitos obstáculos, com muita competição, com más experiências, com muitas consequências...e é por isso que hoje começam 100 miúdos a pintar e daqui a 10 anos, desses 100, sobram 5. Blog: A tua identidade é algum segredo? R. Não é um segredo, já dei a cara em diversas situações...mas procuro não estar demasiado exposto. Pessoalmente não sou adepto de ter um hi5 com dezenas de fotos minhas por exemplo, nunca tive, não é o meu estilo. E adopto a mesma postura no graffiti porque não me interessa publicitar-me a mim mesmo se aquilo que eu quero que seja visto é o meu trabalho. Este foi um dos motivos que me levou a construir o conceito do “Homem sem rosto”, e de forma surpreendente o feedback foi tão positivo que quis manter este “jogo” até agora. Não vou dizer que não me agrada que exista alguma curiosidade à minha volta porque isso torna as coisas mais engraçadas...mas não fujo, não me escondo, estou presente em alguns eventos, acabo por dar a cara como referi, por isso quem quiser saber quem eu sou tem sempre forma de o saber.

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[Intervenção] Projeto tipográfico baseado no trabalho de Mr. Dheo Por Karollyna Raposo

7º Período da Faculdade de Design da UFPE/CAA Design da Comunicação − UP/2012

A tipografia pode produzir um efeito neutro ou despertar paixões, simbolizar movimentos artísticos, políticos ou filosóficos, ou exprimir a personalidade de uma pessoa ou organização.” Fundamentos do Design Criativo, pág 57 Com base no trabalho do Mr. Dheo, apresentamos a intervenção do design ao criar uma tipografia digital presente em seus trabalhos e que exprime a sua personalidade, tal qual suas expressões artísticas presentes nas ruas da cidade do Porto.

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“A tipografia ĂŠ o meio pelo qual uma ideia escrita recebe uma forma visual [...]

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[expediente] Organizadores: Elaine Cristine − UNIVILLE − Brasil Karollyna Raposo − UFPE − Brasil Eduardo Garcia − UFJF − Brasil Editorial: Elaine Cristine Texto colaboradores: Izabella Woyames Lorena Goretti Revisão: Karollyna Raposo Projeto Gráfico: Elaine Cristine Eduardo Garcia

1ª Edição Jan/Fev/Mar2013 Periodicidade Trimestral Diagramação: Eduardo Garcia Acabamento: Karollyna Raposo Eduardo Garcia Impressão Norcópia Tiragem 3 Cópias



www.acaso.com 351 22 936 424 394 - Porto - Portugal 55 32 9176 2924 - Juiz de Fora - Brasil


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