www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, novembro de 2019 - Ano 7 - Nº 77 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Sistema de produção facilita o cultivo de orapro-nóbis para agricultores familiares
O gênero Pereskia é considerado um ancestral primitivo dos cactos e compreende várias arbóreas REVISTA 100% CAIPIRA |
| REVISTA 100% CAIPIRA
REVISTA 100% CAIPIRA |
6 16 22
Gestão: Redução de custos nas fazendas exige estratégia e planejamento
28
Energias renováveis:
Eólicas e usinas a gás devem liderar expansão do sistema elétrico até 2029, diz PDE
Saúde animal:
Redução do uso de antibióticos é um movimento sem retorno
Pesquisa:
Pesquisadores desenvolvem sorvete probiótico à base de leite de cabra
4 | REVISTA 100% CAIPIRA
8
Artigo:
Sistema de produção facilita o cultivo de ora-pro-nóbis para agricultores familiares
30
Brasil:
Brasil é líder no contexto da bioeconomia mundial
36 38
Agricultura inclusiva:
42 48
Feiras e eventos: 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio
Programa Mulheres do Agro reúne produtoras rurais em Rio do Sul
Processamento:
TOMRA: olhando para uma indústria de alimentos mais conectada
Receitas Caipiras: Bolinho de ora-pronóbis REVISTA 100% CAIPIRA |
5
LATICÍNIOS
LÁCTEOS: Produção brasileira crescerá 2% em 2020, estima USDA A produção brasileira de lácteos deve aumentar 2% em 2020, impulsionada por maiores exportações e pelo aumento na demanda doméstica, estimou o adido do Departamento de Agricultura dos Estado Unidos (USDA) no Brasil, em relatório
Fonte: Portal Paraná Cooperativo
Economia - De acordo com o USDA, as perspectivas para a economia brasileira em 2020 são cautelosamente otimistas após um período de recessão. Nesse cenário, o aumento de produção de lácteos será impulsionada pela alta demanda de leite fluido usado para produtos lácteos, como leite condensado e queijos. Produção total - Neste ano, a produção de leite no Brasil deverá totalizar em 24,4 milhões de toneladas, aumento de 3% em relação a 2018. Em 2020, a perspectiva é que a produção chegue a 24,9 milhões de toneladas, estimulado pela perspectiva de exportação recorde de produtos lácteos, especialmente para a China, no ano que vem e pela recuperação do mercado doméstico. Em pó - A produção de leite em pó no país deve alcançar 597 mil toneladas neste ano, alta de 2,2%. Para 2020, a perspectiva é que o crescimento seja de 2%, para 610 mil toneladas. O aumento na demanda doméstica e a menor volu| REVISTA 100% CAIPIRA
me de importação de Argentina e Uruguai explicam, a projeção. A importação deve alcançar 63 mil toneladas em 2020 e 65 mil toneladas em 2019, ante 68 mil toneladas de 2018. Queijo - A produção de queijo no país em 2019 está estimada em 775 mil toneladas, aumento de 1,97% ante ao ano passado. O aumento é atribuído a uma maior demanda para consumo doméstico especialmente por parte das indústrias de alimentos. A previsão para 2020 é de 790 mil toneladas, alta de 2%. Importações - As importações de queijo pelo Brasil devem manter o mesmo nível de 2018 em 2019 e alcançar 27,9 mil toneladas, volume que deve se manter em 2020, em razão da desvalorização do real em relação ao dólar. Já as exportações devem se manter em 4 mil toneladas. No entanto, a abertura do mercado chinês para 34 plantas é motivo de entusiasmo para as indústrias brasileiras, destacou o USDA.
Brasil, novembro de 2019 Ano 7 - Nº 77 Distribuição Gratuita
EXPEDIENTE Revista 100% CAIPIRA®
www.revista100porcentocaipira.com.br
Diretora geral: Adriana Reis - adriana@ revista100porcentocaipira.com.br Editor-chefe: Eduardo Strini imprensa@ revista100porcentocaipira.com.br Diretor de criação e arte: Eduardo Reis Eduardo Reis eduardo@ revista100porcentocaipira.com.br (11) 9 6209-7741 Conselho editorial: Adriana Oliveira dos Reis, João Carlos dos Santos, Paulo César Rodrigues e Nilthon Fernandes Publicidade: Agência Banana Fotografias: Eduardo Reis, Sérgio Reis, Google imagens, iStockphoto e Shutterstock Departamento comercial: Rua das Vertentes, 450 – Vila Constança – São Paulo - SP Tel.: (11) 98178-5512 Rede social: facebook.com/ revista100porcentocaipira A revista 100% Caipira é uma marca registrada com direitos exclusivos de quem a publica e seu registro encontra-se na revista do INPI Nº 2.212, de 28 de maio de 2013, inscrita com o processo nº 905744322 e pode ser consultado no site: http://formulario. inpi.gov.br/MarcaPatente/ jsp/servimg/validamagic. jsp?BasePesquisa=Marcas. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião desta revista, sendo eles, portanto, de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.
Redução de custos nas fazendas exige estratégia e planejamento GESTÃO
Projetos customizados trazem economia para a pecuária e agricultura
O Circuito de Conhecimento, organizado pela Máxima Agronegócios que aconteceu recentemente no espaço para eventos do restaurante Rubaiyat, em São Paulo -, reuniu pecuaristas e agricultores dispostos a discutir estratégias personalizadas que reduzam os custos nas fazendas. No acontecimento, o palestrante Orlando Murgel, diretor executivo da IFB (Instituto de Fosfatos Biológicos), falou sobre “Alternativas de adubação visando produtividade e sustentabilidade”; Anderson Di Pietro, gerente de Produtos - Ruminantes da De Heus, dissertou sobre “Suplementação estratégica e terminação intensiva de bovinos de corte”; e Daniel Rabelo, zootecnista e consultor da Máxima Agronegócios, discorreu sobre os “Aspectos financeiros da pecuária de recria e engorda”. Segundo Henrique Lemos, diretor técnico da Máxima Agronegócios, o intuito do evento foi passar conhecimento técnico e financeiro e permitir que os profissionais que atuam no segmento se atualizem e tenham uma atividade mais segura: “Para 2020 já temos uma programação de cerca de seis novos eventos como este pelo Brasil”. Durante sua palestra, Murgel des-
tacou que a sustentabilidade no agronegócio é um caminho sem volta, e que o uso correto de adubos orgânicos gerados pela própria fazenda, de forma inteligente e com assistência técnica nas lavouras, auxilia o meio ambiente e ainda traz rentabilidade. Para ele, ações conscientes, tanto na produção animal como nas plantações, aperfeiçoam certamente o alimento que chega às mesas das pessoas. “Essa parceria em eventos como este, entre a Máxima Agronegócios e a De Heus, é produtiva para a área de agronegócio, que pode se atualizar sobre as novas tecnologias e tendências de mercado”, completa. Para Daniel Rabelo, há como aperfeiçoar resultados com uma produção sustentável — que respeite a reserva do solo para que não haja degradação — e acertos nos aspectos financeiros, com suporte, ganho ideal e custo, potencializando o faturamento das propriedades: “Integrando lavoura e pecuária, o uso do local será maximizado, mais produção em menos áreas, com menos recursos. Para tanto, ações como boas escolhas em nutrição e adubação personalizada geram resultados satisfatórios — trabalhando dentro de um sistema ILP (Integração Lavoura Pecuária) —, pois há um uso mais consciente dos
Fonte: EstiloPress recursos”. Anderson Di Pietro concorda que as suplementações estratégicas auxiliam a melhor rentabilidade numa pecuária mais sustentável: “Cada propriedade tem sua particularidade e, para melhor ganho, é necessário um diagnóstico anterior da produção, para que sejam conhecidas as particularidades, como a infraestrutura e as necessidades — também a quantidade de recursos disponíveis —, para uma apresentação mais adequada de soluções personalizadas, que tragam uma melhor produção e, consequentemente, mais resultado”. Denise Redoschi — sócia de uma empresa de agropecuária com propriedades em Goiás e Avaré —, que participou do Circuito, acredita que um evento como este é muito interessante, pois muitas vezes os empreendedores de agronegócio estão tão absorvidos no dia a dia das suas atividades que não têm tempo para uma reciclagem de conhecimento: “Ter uma consultoria com especialistas que façam um diagnóstico das condições das fazendas e apresentem um projeto com soluções individualizadas, que potencializem a produtividade, hoje em dia é fundamental para o sucesso do nosso negócio”. REVISTA 100% CAIPIRA |
7
ARTIGO
Sistema de produção facilita para agriculto
O gênero Pereskia é considerado um ance várias a 8 | REVISTA 100% CAIPIRA
a o cultivo de ora-pro-nรณbis ores familiares
cestral primitivo dos cactos e compreende arbรณreas
Por : Paula Rodrigues (MTb 61.403/SP) - Embrapa Hortaliรงas REVISTA 100% CAIPIRA | 9
D o l at im “rogai p or nós”, o nome indígena é mor i ou gu ai ap á, que sig nif ic a “pl ant a que pro duz f r utos com espin hos muito f inos”, mas no l at im ora-pro-nobis “rogai p or nós”. R e za a lend a que a ig rej a de uma cid ade histór ic a de Minas G erais p ossuí a um j ardim com arbustos de ora-pro-nobis. C omo o p adre não ut i lizava a col heit a, as p ess o as aproveit avam os momentos de oraç ão p ara p egar as fol has d a hor t a liç a. O gênero Peresk i a é considerado um ancest ra l pr imit ivo dos c ac tos e compre ende vár i as arb óre as. Nat iva d a Amér ic a Tropic a l, a ora-pro-nóbis é uma d as únic as c ac t áce as que p ossui f l has verd adeiras com p otenci a l p ara us o a liment ar como hor t a liç a. Pe quenos pro dutores brasileiros j á p o dem cont ar com um
10 | REVISTA 100% CAIPIRA
sistema de pro duç ão própr io p ara ora-pro-nóbis, que t raz faci lid ade nos t ratos c u lturais e p er mite uma col heit a es c a lonad a ao longo do temp o. A prop ost a do sistema é fazer o pl ant io adens ado – p ara garant ir maior pro dut iv id ade p or áre a – e prog ramar col heit as sucessivas p ara manter cont rol ad a a arquitetura d a pl ant a e e v it ar emaran hados de ga l hos e espin hos. Os exp er imentos foram conduzidos nos c amp os d a Embrap a Hor t a liç as, em Brasí li a (DF). C om o cres cente interess e dos consumidores p el a hor t a liç a, e t amb ém p or su a ap ar iç ão em c ard ápios de rest aurantes de a lt a gast ronomi a do eixo R io-São Pau lo, surg iu um nicho de merc ado e, p ara v i abi lizar a ofer t a do pro duto, foi va lid ado o sistema de pl ant io adens ado – até cinco
mi l pl ant as p or he c t are – com col heit as sucessivas que p er mite a conduç ão dess a esp é cie de for ma mais simples e ef ic az p elo pro dutor r ura l. O esp a ç amento prat ic ado anter ior mente resu lt ava em cerc a de 1.250 pl ant as p or he c t are. O ut ra vant agem do novo sistema é que ele disp ens a a ne cessid ade de tutoramento d a pl ant a p ara col heit a d as fol has, j á que pre vê a p o d a de hastes. “O ora-pro-nóbis é uma pl ant a muito r úst ic a e com b om p otenci a l pro dut ivo, que s e apres ent a como uma op ç ão de diversif ic aç ão de rend a e de c u lt ivo esp e ci a lmente p ara o ag r ic u ltor fami li ar, j á que a pro duç ão em l arga es c a l a é dif ic u lt ad a p el as própr i as c arac ter íst ic as d a pl ant a, que exige intens a mão de obra”, sugere o p es quis ador Nuno Madeira.
Por s er uma pl ant a d a famíli a dos c ac tos, o ora-pro-nóbis cres ce como um arbusto, com espin hos agudos dist r ibuídos ao longo dos c au les e ramos, o que dif ic u lt a o manus eio p elos ag r ic u ltores. “No gera l, os produtores não consideram est ab ele cer l avouras de ora-pro-nóbis p el a dif ic u ld ade de lid ar com a pl ant a espin hos a”, contextu a liza o p e s quis ador, ao coment ar que a pl ant a, ap es ar de muito nut r it iva, costuma s er ut i lizad a s omente como cerc a-v iva ou, em reg iõ es esp e cíf ic as, como ing rediente de re ceit as t radicionais em cid ades histór ic as de Minas G erais, como Di amant ina, Tiradentes e Sab ará. Tamb ém con he cid a p or lobrob ó ou p eresk i a, o ora-pro-nóbis é considerad a uma pl ant a a liment íci a não convenciona l (PANC) e apres ent a um rele vante te or de proteína – t rat a-s e de um a limento de or igem veget a l com cerc a de t rês g ramas de proteína a c ad a 100 g ramas de fol has. “Emb ora ess e va lor s ej a e quiva lente em out ras hor t a liç as como r úc u l a e ag r i ão e t amb ém em fol has de coloraç ão verde-esc ura, a qu a lid ade d a proteína do ora-pro-nóbis é mel hor p orque apres ent a mais complexid ade e amino ácidos ess enci ais, ou s ej a, tem maior va lor biológ ico p ara o organismo p orque contém amino ácidos ess enci ais em qu ant id ade e prop orçõ es ade qu ad as”, explic a a p es quis adora Neide B ot rel. C ol heit as suce ssivas O ora-pro-nóbis p o de at ing ir até qu at ro met ros de a ltura, p or iss o, as col heit as sucessivas, a c ad a s eis ou de z s emanas, dep endendo d as condiçõ es climát ic as, f uncionam como p o d as que, a lém de faci lit ar o manej o d a pl ant a espin hos a e garant ir ergonomi a p ara o pro dutor, est imu l am o des envolv imento veget at ivo e a pro duç ão comerci a l de
fol has. S egundo c á lc u los feitos nos exp er imentos, a pro duç ão p o de at ing ir até dois qui los de fol has p or pl ant a a c ad a cor te, com qu at ro a oito cor tes anu ais – o que e quiva le de 20 a 40 tonel ad as p or he c t are ao ano. Madeira dest ac a que a pl ant a p o de s e manter pro dut iva p or até de z anos, mesmo com press ão p or a lt a pro dut iv id ade, des de que s ej am feit as adub açõ es p er ió dic as com matér i a orgânic a. A lém d a p ar te ag ronômic a, a p es quis a t amb ém obte ve resu lt ados na áre a de p ós-col heit a, com testes que indic aram a condiç ão ide a l p ara prolongar a v id a út i l d as fol has de ora-pro-nóbis. D e acordo com Neide, qu ando emb a l ad as em b andej as de is op or com f i lme de pl ást ico e ar mazenad as à temp eratura de 10ºC, as fol has mantêm a qu a lid ade p or até 15 di as. Matér i a-pr ima p ara a indúst r i a a liment íci a S e reside em Minas G erais to d a a t radiç ão d a re ceit a de f rango ens op ado com as fol has suc u lent as de ora-pro-nóbis, nos demais est ados do Brasi l ess a hor t a liç a aind a é p ouco explorad a na ag r ic u ltura e na c u linár i a, s ej a na for ma f res c a ou pro cess ad a. C ontudo, uma p arcer i a f irmad a ent re a Embrap a Hor t a liç as e a empres a Proteios, d a áre a de nut r iç ão f unciona l, pretende mud ar ess e cenár io. A p ar t ir do sistema de pro duç ão va lid ado p el a p es quis a, ag r ic u ltores fami li ares d a reg i ão do Município de Pa lmeira, dist ante 80 k m de Cur it ib a, c apit a l do Paraná, inici aram o c u lt ivo d a hort a liç a p ara ofere cer à empres a, que fabr ic a um pro duto denominado C omplemento Nut r iciona l Funciona l (CNF), uma proteína veget a l em p ó comp ost a b asic amente p or fol has de ora-pro-nóbis. E ss e pro duto é uma esp é cie de far in ha ut i lizad a p ara enr i-
que cer b ebid as e a limentos como p ães, mass as e b ar ras de cere ais. O dest aque d a comp osiç ão nut r iciona l é a ele vad a concent raç ão de proteína, que g ira em tor no de 28% d a matér i a s e c a. “O t rab a l ho tem apres ent ado b ons resu lt ados p orque a produç ão est á integ rad a com a indúst r i a e próxima d a fábr ic a pro cess adora”, coment a Madeira. E le dest ac a que, atu a lmente, há cerc a de 50 pro dutores inici ando a col heit a em, p elo menos, oito municípios do Paraná e Sant a C at ar ina. “O maior des af io é gan har es c a l a p ara supr ir a demand a d a indúst r i a, mas há p otenci a l p ara a lc anç ar mos até 400 pro dutores, s endo um he c t are p or famí li a com o ora-pro-nóbis ent rando como a lter nat iva de diversif ic aç ão de rend a, mas t amb ém como garant i a de s eguranç a a liment ar”, ana lis a. A g rande maior i a dess es produtores c u lt iva f umo e, a lém do histór ico de vender p ara a indúst r i a em sistema de pro duç ão cont rat ad a, eles t amb ém p ossuem exp er iênci a com o pro cess o de s e c agem d as fol has em estufas p ara desidrat aç ão. No sistema de pro duç ão va lid ado p el a Embrap a, a proj e ç ão de rendimento é de até R$ 3 mi l mens ais p or he ct are c u lt ivado, no c as o d a fol ha verde. Na prop orç ão, oito qui los de fol has verdes rendem um quilo de fol has desidrat ad as. Ness e c as o, invest ir em e quip amentos de s e c agem é vant aj os o p orque a empres a p aga até R$ 18 p or qui lo de fol ha s e c a, enqu anto a fol ha verde rende s omente 8% dess e va lor – cerc a de R$ 1,50 p or quil o. No que s e refere à s eguranç a a liment ar, tem-s e re comend ado fazer a p o d a apic a l ou “quebra d a p ont a” de z di as antes d a col heit a d a haste p ara consumo dos própr ios ag r ic u ltores. “E ss a prát ic a, a lém de ofer t ar um a limento nut r it ivo p ara o pro dutor, p er mite um maior rendimento d as fol has d a haste p elo ap or te de nut r ienREVISTA 100% CAIPIRA | 11
tes dire cionado p ara el as e não mais p ara o ápice, que foi p od ado”, explic a Madeira ao ress a lt ar que antes o p otenci a l do ora-pro-nóbis era subut i lizado, j á que na R eg i ão Su l não hav i a a t radiç ão de consumir a pl ant a. O ora-pro-nóbis est á s endo estud ado no âmbito do proj eto “Ava li aç ão ag ronômic a, c arac ter izaç ão nut r iciona l e estudo d a v id a út i l de hor t a liç as não convencionais”, d a Embrap a Hor t aliç as, que bus c a tor nar acessíveis as infor maçõ es s obre ess as esp écies com o intuito de foment ar a pro duç ão, o consumo e a comerci a li zaç ão. O ut ras hor t a liç as estud ad as s ão: a lmeirão-de-ár vore, amaranto, anre dera, aze din ha, b eldro ega, b er t a l ha, c apuchin ha, c ará-do-ar, c ar ur u, f is á lis, j ambu, maj or-gomes, mangar ito, maxixe-do-reino, mur ic ato, p eixin ho, s er ra l ha, t aiob a e v inag reira. O Ministér io do D es envolv imento Ag rár io (MDA) t amb ém est á v inc u l ado ao proj eto de fomento do c u lt ivo de ora-pro-nóbis no Paraná. O órgão adicionou a c u ltura na list a dos produtos f inanci ados p elo Prog rama 12 | REVISTA 100% CAIPIRA
Naciona l de For t a le cimento d a Ag r ic u ltura Fami li ar (Pronaf ), p er mit indo o c usteio d a l avoura. “É um s on ho meu que p o de s e tor nar re a lid ade” O pro dutor r ura l É lcio R ochinsk i c u lt iva um he c t are de ora-pro-nóbis em Pa lmeiras (PR) e, em p arcer i a com a empres a de nut r iç ão f unciona l, ap ost a na c u ltura como a lter nat iva ao t ab aco. C omo surg iu o interess e p elo pl ant io de ora-pro-nóbis? Na reg i ão onde moro, existem p ouc as p ossibi lid ades de c u lt ivos p ara p e quenos ag r ic u ltores e a g rande maior i a d as famí li as com uma p e quena p arcel a de terra t rab a l ha no c u lt ivo do t ab aco, p ois em p e quenas áre as de pl ant io é a c u ltura que mais d á resu lt ados. Di ante diss o, s empre há a bus c a p or novas op çõ es de c u lturas p or p ar te dos ag r ic u ltores, j á que a c adei a pro dut iva de t ab aco é extenu ante e p o de t razer out ras implic açõ es p ara o ag r ic u ltor. Por iss o, s empre t ive o ans eio de
p o der pro duzir a lguma cois a diferente e o s on ho de que t amb ém out ras p ess o as pudess em dep ender menos dess a c adei a pro dut iva. Eu nunc a t in ha ouv ido fa l ar s obre ora-pro-nóbis. Fiquei s ab endo d a p ossibi lid ade qu ando a empres a bus c ava p arceiros p ara come ç ar a des envolver l avouras aqui na reg i ão. Eu ader i logo aos exp er imentos p ara s er v ir de modelo s obre o des envolv imento d a pl ant a na reg i ão e p ara tor ná-l a mais con he cid a p or aqui. Q u ais os pr incip ais resu lt ados obs er vados com o sistema de pl ant io adens ado e col heit as sucessivas? Depois de um processo de adaptação e conhecimento sobre a planta e sobre seu cultivo, percebi que essa seria uma boa oportunidade para produtores aqui da nossa região. Em comparação com outros sistemas de produção, o plantio adensado possibilitou produção maior em um mesmo espaço de terreno sem prejudicar o desenvolvimento das plantas e também sem dificultar o manejo. Outra coisa que evoluiu muito no cultivo foi a possibilidade
de fazer um manejo de podas sucessivas dando agilidade e rendimento na hora da colheita. Além disso, a cada poda, a planta é estimulada a produzir mais, assim o rendimento aumenta gradativamente conforme as plantas vão sendo podadas.
nograma de colheita adotado por cada produtor, que varia conforme a disponibilidade de tempo destinado para a cultura.
Em média, qual tem sido o rendimento obtido por área plantada?
No caso da diversificação, embora não pareça, a ideia principal não é aumentar exorbitantemente a lucratividade dos produtores, mas sim trazer segurança com opções de renda diferenciadas, caso alguma cultura venha a não produzir. Além disso, para que a diversificação seja eficiente é preciso que o produtor tenha consciência da sua capacidade de produção para cada cultura. Em resumo, quando há exagero nas proporções de atividades para desenvolver, acaba que nada fica sendo bem cuidado e, assim, não há o rendimento esperado. O primeiro passo para fazer uma boa diversificação na propriedade é estar consciente da sua capacidade
Faz um ano e meio que, em minha propriedade, tenho cultivado um hectare de ora-pro-nóbis. Nesta área de plantio, é possível afirmar com clareza que, com o trabalho de podas adequado e com tratos culturais de limpeza e adubação regulares, a média de produção de cada planta a cada corte é algo em torno de 1 quilo de folha verde. Isso significa, após a secagem, algo em torno de 125 gramas de folhas desidratadas. Em média, temos o rendimento de R$ 2,25 reais por planta a cada corte. O rendimento semanal ou mensal depende muito do cro-
Para a região, qual a importância de diversificar renda e cultivo?
de produção e saber dosar tudo que pretende fazer. Quais são as perspectivas para o plantio de ora-pro-nóbis? Há um grande caminho para percorrer, mas o primeiro passo foi dado, com o plantio sendo estudado cada dia mais. Costumo dizer que a planta se garante e mostra um potencial enorme. Há ainda um desafio pela frente, que é torná-la mais conhecida. Penso que, sob esse aspecto, a pesquisa e a indústria terão um papel fundamental na difusão do conhecimento e no estímulo ao consumo dessa planta. Para os produtores que pretendem obter renda em maior escala, o papel da indústria é indispensável. No geral, as perspectivas são as melhores possíveis – o ora-pro-nóbis é um sonho meu e de muitos outros produtores da agricultura familiar como opção de trabalho e renda que pode se tornar realidade.
REVISTA 100% CAIPIRA |13
PESQUISAS
Cientistas desenvolvem as primeiras cultivares de umbuzeiro
A pesquisa da Embrapa acaba de registrar as primeiras cultivares de umbuzeiro do PaĂs
Fonte: Embrapa SemiĂĄrido
14 | REVISTA 100% CAIPIRA
Trata-se de um passo importante para a organização da cadeia produtiva do umbu, fruto capaz de servir de matéria-prima para vários alimentos, além de ser consumido in natura. Seu extrativismo proporciona renda a muitas famílias e com ele são feitos doces, geleias e até cerveja artesanal. A planta é bem conhecida dos moradores da Caatinga e os vaqueiros usam as batatas do umbuzeiro para matar a sede. Foram quatro novos materiais registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa): as cultivares BRS 48, BRS 52, BRS 55 e BRS 68, todas com produtividade acima da média (veja quadro abaixo). “A disponibilização de mudas desses materiais cairá como uma luva em iniciativas de revegetação da Caatinga, de estabelecimento de uma fruticultura de sequeiro e da agroindustrialização, presentes em praticamente todos os estados nordestinos”, afirma o pesquisador Viseldo Ribeiro, da Embrapa Semiárido (PE), que participou do desenvolvimento das cultivares. As cultivares estão entre os resultados mais relevantes de pesquisa sobre umbuzeiros. De acordo com Ribeiro, elas são capazes de apoiar atividades de geração de renda e de serem associadas a projetos de preservação ambiental, como o reflorestamento da Caatinga. “Além disso, é um passo significativo para domesticar a espécie e viabilizar seu cultivo comercial com materiais de bom potencial produtivo e frutos de qualidade”, acredita o cientista. Umbus maiores que a média As quatro BRS se destacam pelo tamanho maior dos frutos em relação aos pesos médios dos umbus, entre 20g e 30g. Duas delas, as identificadas como 48 e 68, registram pesos médios de 85g e 96g, respectivamente, e são indicadas para consumo in natura ou de mesa. Nas outras duas, a 52 e a 55, os pesos dos frutos observados são de 42g e 51g por unidade, e tanto podem ser consumidos in natura ou usados como matéria-prima nas agroindústrias. As quatro apresentam boas características físico-químicas, com destaque para sólidos solúveis (Brix) entre 10º e 12º, indicador de doçura do fruto, além de terem boa consistência de
frutos. O lançamento das cultivares atende a uma antiga demanda de instituições vinculadas a Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas) e de outras entidades. Os dados sobre as cultivares foram registrados em condições naturais, semelhantes às sofridas pelas plantas que crescem entre a vegetação nativa, dependendo exclusivamente de água de chuva. Foram avaliadas também o cultivo sob irrigação. Outra vantagem importante é que os pesquisadores não constataram relatos de ataques de pragas e doenças nas regiões onde as BRS 48, BRS 52, BRS 55 e BRS 68 foram avaliadas. Pesquisa teve início da década de 1980 Os trabalhos começaram em 1987 com estudos sobre a variabilidade de frutos em plantas espontâneas na área experimental da Embrapa Semiárido. A atuação foi depois ampliada para áreas de municípios próximos à sede da instituição e passou a envolver a localização de plantas, coleta de frutos e multiplicação por estacas e sementes, que deram origem aos primeiros testes com dezenas de umbuzeiros. Na década de 1990, de acordo com o pesquisador da área de melhoramento genético Carlos Antônio Fernandes dos Santos, “a coleta saiu do entorno de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) e ‘desabamos no mundo’ a percorrer entre 20 mil e 25 mil quilômetros por BRs, estradas vicinais, caminhos e veredas do norte de Minas Gerais até o Rio Grande do Norte”. Nesse trabalho, chegaram a coletar cerca de 50 mil sementes a fim de montar uma coleção básica com amostragem da ampla variabilidade como estratégia de conservação da espécie. Ao mesmo tempo, orientados por informações fornecidas pela população, recolheram garfos de plantas que representavam a variabilidade visível da espécie com destaque para tamanho de fruto. Aquelas que possuíam essa característica foram usadas em ensaio de competição pioneiro na região com o fim de identificar clones para recomendação aos produtores e viveiristas. “Os garfos foram utilizados na propagação das plantas originais e serviram para instalação do banco
ativo de germoplasma (BAG). A variabilidade de formatos (pequenos, “gigantes” e de cacho) e pesos (de 4,88g até 96,5g) dos frutos dá boa ideia da diversidade genética da espécie”, conta Fernandes, informando que hoje, 80 acessos, ou tipos de umbuzeiros, são mantidos no BAG. Nos próximos anos, essa quantidade deve chegar a 90. Os garfos das cultivares registradas têm origem em diferentes municípios da Bahia, Pernambuco e Minas Gerais e foram selecionados pelas maiores produções, frutos grandes e elevados teores de açúcar na polpa. Outro critério considerado foi o crescimento vegetativo mais acentuado. Na seleção dessas cultivares os pesquisadores consideraram acessos mais precoces e tardios em relação ao período reprodutivo anual. “Em uma situação de cultivo comercial, o fato de ter clones com diferentes ciclos na mesma área assegura uma colheita mais prolongada, o que favorece a gestão da mão de obra disponível”, esclarece o pesquisador. O tempo necessário para o início da produção ainda é um desafio para a pesquisa. A técnica da multiplicação vegetativa permitiu antecipar o tempo de produção da planta para em torno de oito anos após o cultivo. “É um tempo considerado inadequado para a precocidade de produção que almejamos”, argumenta o cientista da Embrapa. No entanto, Ribeiro pondera que devem ser consideradas as condições naturais de ocorrência da espécie, com escassez hídrica e condições de solo mais severas. “Não se pode idealizar o uso de condições irrigadas semelhantes a culturas como a manga, por exemplo”, diz ele, informando sobre a necessidade de pesquisas que associem manejo cultural à irrigação para possibilitar avanços na precocidade da produção. “Dessa forma será possível estabelecer um sistema de produção comercial de umbuzeiro e gerar produtos com maior aceitação e valor no mercado, cultivando essa frutífera em bases sustentáveis, até mesmo revertendo uma tendência de diminuição da população da planta na vegetação nativa”, acredita o pesquisador. Em avaliações preliminares de cultivares submetidas à irrigação, as safras chegam a alcançar quantidades próximas de três mil quilos por hectare. REVISTA 100% CAIPIRA | 15
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Eólicas e usinas a gás dev sistema elétrico a Usinas eólicas e termelétricas a gás deverão l geração de energia no Brasil na próxima déca
Decenal de Energia
16| REVISTA 100% CAIPIRA
vem liderar expansão do até 2029, diz PDE
iderar a expansão da capacidade instalada de
da, de acordo com versão preliminar do Plano
a 2029 (PDE 2029) O documento do Ministério de Minas e Energia, que passará por processo de consulta pública por 30 dias, vem em momento em que o governo do presidente Jair Bolsonaro tenta incentivar a competição no mercado de gás natural para reduzir preços do insumo. Segundo o PDE, os investimentos na expansão da oferta de gás deverão somar 33 bilhões de reais na próxima década, dos quais 9 bilhões de reais em empreendimentos já previstos e o restante em outros projetos, alguns deles “incentivados pela abertura do mercado” com o programa federal, o chamado Novo Mercado de Gás. A estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pela elaboração do plano, projetou uma possível demanda adicional de gás de 17 milhões de metros cúbicos por dia até 2029, caso as ações do governo tenham sucesso em viabilizar oferta do energético a preço-alvo de até 7 dólares por milhão de BTU. Essa demanda seria viabilizada pelas indústrias de metanol, eteno e propeno, fertilizantes nitrogenados, pelotização, ferro-esponja, vidro, cerâmica branca e mineração, segundo a EPE. GERAÇÃO DE ENERGIA A matriz de geração de energia brasileira deverá passar por importante mudança ao longo da década, período em que a participação das hidrelétricas na capacidade instalada deverá cair de 64%
estimados em 2020 para 49% em 2029, segundo o PDE. O plano anterior já mostrava as hidrelétricas perdendo espaço, mas o novo aponta uma participação ainda menor da fonte, que já foi o carro-chefe da matriz brasileira. A retração da fatia hídrica deverá ser compensada com expansão principalmente dos parques eólicos, que deverão somar 21 gigawatts em capacidade adicional nos próximos 10 anos e alcançar 17% da matriz ao final do período. As térmicas, principalmente a gás, também serão destaque, com 20,9 gigawatts adicionais até 2029, enquanto as usinas hidrelétricas de grande porte deverão acrescentar apenas 1,8 gigawatt no período, segundo o cenário de referência da EPE. Também terão significativo crescimento as usinas solares fotovoltaicas, com 7 gigawatts adicionais nos próximos 10 anos. Mas a expansão solar ainda pode eventualmente mais que dobrar em cenário alternativo projetado pela EPE, em que o custo de investimento nas usinas da fonte tivesse redução de cerca de 30%. “É estimado que, com o CAPEX menor, a expansão fotovoltaica no horizonte decenal... possa chegar a até 15.000 MW, ou seja, variando entre o indicado na expansão de referência e pouco mais que seu dobro”, apontou a estatal no PDE. Já as instalações de geração distribuída —como solares em telhados ou regiões
remotas— devem alcançar 11,4 gigawatts até 2029, com 1,3 milhão de sistemas, que exigirão quase 50 bilhões de reais em investimentos até lá. TRANSMISSÃO, PETRÓLEO Na área de transmissão de energia, o PDE projeta investimentos totais de 103 bilhões de reais até 2029, sendo 73 bilhões de reais em linhas e 30 bilhões em subestações. Desse montante, 39 bilhões seriam para novas instalações, ainda não outorgadas, das quais o correspondente a 24 bilhões de reais referem-se a projetos já recomendados em estudos de planejamento. No setor de petróleo, o plano decenal projeta aportes de entre 424 bilhões e 472 bilhões de dólares apenas para atividades de exploração e produção até 2029. A estimativa leva em conta projeção de entrada em operação nos próximos 10 anos de 42 unidades estacionárias de produção (UEPs). A produção em áreas da chamada cessão onerosa, incluindo volumes excedentes de áreas unitizáveis, deverá responder por cerca de 35% do total da produção brasileira de petróleo em 2029, segundo o PDE. O pré-sal responderá por cerca de 77% da produção nacional de petróleo em 2029, “com forte participação da Bacia de Santos”, ainda de acordo com o plano. Fonte: Reuters REVISTA 100% CAIPIRA |17
BOVINOS DE CORTE
Manejo sanitário no período de cria melhora desenvolvimento do bezerro
Especialista orienta que o pré-parto também exige atenção para aumentar a resposta imunológica do animal Evoluir para manejos sanitários mais efetivos é uma forma de tornar a produtividade nas fazendas ainda mais lucrativa. Porém, de acordo com Ingo Mello, gerente técnico da Ourofino Saúde Animal, alguns erros acontecem frequentemente nesse campo e um ponto de atenção é a fase de cria do bezerro, que se intensifica neste período do ano e impacta a qualidade de vida e desenvolvimento do animal a longo prazo. No entanto, o profissional da Ourofino alerta: “Antes ainda de pensar nas melhores práticas para tornar as crias mais saudáveis, deve-se instituir práticas de pré-parto que ajudem a prevenir os abortos e a morte embrionária, além de servirem para melhorar a taxa de fertilidade das fêmeas que serão inseminadas artificialmente, prática altamente recomendada por promover a prenhez mesmo em período de anestro (quando o cio biológico não se manifesta)”. Segundo Ingo, a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) ajuda o processo de cria e recria por concentrar os nascimentos em um único período na propriedade, o que, em consequência, gera bezerros mais pesados no período de desmama. Outra vantagem da prática é o melhoramento genético do rebanho em comparação aos bezerros nascidos a partir da monta natural. Um levantamento feito por docentes da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 18| REVISTA 100% CAIPIRA
Universidade de São Paulo (USP) aponta que a IATF proporcionou ganhos de R$3,5 bilhões em 2018 para a cadeia de produção de corte e de leite brasileira. Ainda no período de pré-parto, a infestação parasitária é um problema desafiador para a grande maioria das propriedades brasileiras, tendo em vista que o país apresenta clima tropical, que mescla o calor e a umidade em diversas regiões. Por isso, as vacas direcionadas para o sistema de cria devem estar livres ou com um baixo grau de manifestação parasitária, sejam dos tipos internos, sejam externos. Nesses casos, o pecuarista pode recorrer aos endectocidas, como o Master LP, solução da Ourofino com alta concentração de Ivermectina e de longa ação que atua para eliminar parasitas, protegendo os animais por mais tempo e resultando em melhor desempenho produtivo. “Manter frequente e sistematicamente o controle de parasitas é extremamente recomendado como medida preventiva. Apesar disso, é comum ver pecuaristas que começam esse manejo quando o rebanho já está com 100% dos animais estão acometidos pelo problema”, pontua Ingo. Ainda de acordo com o gerente técnico, a vacinação contra doenças infecciosas, como a clostridioses, também entra como uma medida para assegurar tanto a qualidade de vida das fêmeas quanto para melhorar a imunida-
de do bezerro. Outro ponto de atenção é que, a partir da ingestão do colostro, que é naturalmente reforçado quando há maior controle sanitário vacinal no período de gestação, o recém-nascido que mamou adequadamente apresentará uma imunidade mais eficiente e duradoura. Com todas essas ações preventivas é possível reduzir a taxa de mortalidade, que geralmente é superior aos 5%. De acordo com o especialista, a taxa de mortalidade pode aumentar muito quando os cuidados indicados não são adotados. “Em sistemas com maiores riscos sanitários, com muitas falhas de manejo e higiene ambiental precária, o indicador de mortalidade pode chegar a 28% nas primeiras semanas de vida do bezerro.” Nesse estágio inicial de vida, as principais enfermidades são as diarreias, meningites bacterianas e pneumonias, além da tristeza parasitária/anemia, amarelão e clostridioses. A cura do umbigo é outro dentre os cuidados recomendados, até porque as consequências de infecções nos locais são de longo prazo. “Uma infecção de umbigo pode atrasar em 25% o ganho de peso até a desmama. Bezerros com umbigos inflamados e infeccionados desmamam mais leves, mesmo depois de curados”, salienta Ingo, reforçando a importância do manejo sanitário preventivo para o melhor desempenho Fonte: Ourofino Saúde Animal do setor.
GESTÃO
Plantio Direto de Hortaliças reduz o uso de agrotóxicos O sistema é utilizado em cerca de 3 mil hectares de 1,2 mil propriedades r u r a i s catarinenses Se existe um caminho para deixar a olericultura gradualmente mais limpa, ele se chama Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH). Difundido como uma transição da agricultura convencional para a agroecológica, ele permite reduzir o uso de agrotóxicos e adubos altamente solúveis até eliminá-los das lavouras. As pesquisas da Epagri na área iniciaram em 1998 e, hoje, o sistema é utilizado em cerca de 3 mil hectares de 1,2 mil propriedades rurais catarinenses, o que representa em torno de 10% da área plantada com hortaliças no Estado. Em 2018, a Epagri orientou a implantação de 142 hectares de novas lavouras em SPDH. A meta da Empresa é que toda a olericultura catarinense seja conduzida nesse sistema até 2030. O segredo do SPDH é promover a saúde da lavoura com práticas voltadas para o conforto das plantas. Isso significa reduzir o estresse relacionado a fatores como temperatura, umidade, salinidade e PH do solo, luminosidade e ataque de pragas e doenças. “Na nutrição da planta, é preciso seguir as taxas diárias de absorção de nutrientes ajustadas às reservas nutricionais do solo, aos sinais apresentados pelas plantas e às condições ambientais”, diz Marcelo Zanella, engenheiro-agrônomo da Epagri. Se a planta fica mais resistente, exige menos
insumos para se desenvolver de forma adequada. Como funciona - O sistema prevê uma série de práticas conservacionistas. A principal é a proteção permanente do solo com palhada, utilizando plantas de cobertura para formar biomassa. Além dessas plantas, conhecidas como adubos verdes, são mantidos na área de plantio os restos vegetais de culturas anteriores. Cada hectare de horta precisa de, pelo menos, 10 toneladas de palha por ano. O revolvimento do solo é restrito à linha de plantio e, nessa área, o olericultor deve praticar rotação de culturas. Além de proteger o solo, as plantas de cobertura servem de alimento para macro e microrganismos, aumentam a concentração de matéria orgânica, reduzem o surgimento de plantas espontâneas e mantêm a umidade e a temperatura mais estáveis. “Com a rotação de várias espécies, há redução nos problemas fitossanitários, aumento na biodiversidade e na ciclagem de nutrientes, mantendo e melhorando a fertilidade do solo”, diz Marcelo. Custos menores - Reduzindo o uso de adubos e agrotóxicos, o agricultor gasta, em média, 50% menos para produzir hortaliças em SPDH. A melhoria na qualidade e na uniformidade das plantas permite reduzir em 35% as perdas na colheita. Além disso, as taxas de
infiltração de água no solo chegam a ser três vezes maiores que no sistema convencional – a redução média no uso de água para irrigação é de 80%. Na cadeia produtiva do tomate, o sistema tem permitido reduzir em 60% o uso de fungicidas, em 100% o uso de herbicidas e em 60% o uso de adubos químicos, mantendo a produtividade quando comparada ao sistema convencional. No cultivo de cebola, além de reduzir em 60% o uso de adubo químico e em mais de 40% o uso de fungicidas, o SPDH permite estender em 60 dias o tempo de armazenagem do bulbo. Outra hortaliça com resultados surpreendentes é o chuchu. Os olericultores têm conseguido eliminar totalmente o uso de herbicidas e fungicidas, em 80% o uso de inseticidas e em 70% os adubos químicos. “Em propriedades de Anitápolis, após cinco anos de SPDH, registrou-se aumento de 100% na produtividade em relação ao método convencional”, acrescenta Marcelo. Além de alimentos mais seguros, a redução dos insumos significa dinheiro no bolso. De acordo com o Balanço Social da Epagri, em 2018 o SPDH beneficiou os olericultores catarinenses com R$25 milhões em aumento de produtividade e R$15 milhões em redução de custos em comparação com o cultivo convencional. Fonte: Epagri REVISTA 100% CAIPIRA | 19
ORGÂNICO
Agricultura orgânica: c
biológico de pragas e
De acordo com a ABCBio, o controle biológico
requer a adoção de técnicas específicas e tecnologias avançadas que priorizem o uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis
Fonte: Assessoria de Imprensa ABCBio
20| REVISTA 100% CAIPIRA
como fazer um controle
e doenças adequado? A agricultura orgânica no Brasil, regulamentada pela Lei 10.831/2003 e Decreto Nº 6.323/2007, considera como produtos orgânicos todos aqueles obtidos por meio de um sistema orgânico de produção agropecuária ou oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao meio ambiente. Ou seja, para ser de fato orgânica, a agricultura deve ser realizada sem nenhuma utilização de insumos sintéticos, radiação ionizantes e organismos geneticamente modificados. Com esse objetivo, os produtores orgânicos utilizam estratégias como a rotação de culturas, cultivo mecânico, adubação verde, utilização de estercos animais, compostagem e controle biológico. Os produtos de controle biológico são capazes de reduzir a população de pragas e doenças específicas, mantendo-a em parâmetros ecologicamente aceitáveis de acordo com os princípios do sistema orgânico de produção agropecuária. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), o controle biológico requer a adoção de técnicas específicas e tecnologias avançadas que priorizem o uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis, respeitando a integridade cultural das comunidades rurais. Para isso, é de extrema importância que agricultores se adequem às normas de orgânicos, mas também avaliem estratégias apropriadas às peculiaridades de cada região, entre elas, solo, clima, água e biodiversidade. Os produtos biológicos de controle, para serem utilizados dentro da agricultura orgânica, precisam ser registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na ANVISA
e no IBAMA, seguindo as especificações de referência para a agricultura orgânica ou certificados por empresas credenciadas. “Esse processo é essencial para garantir a segurança e a qualidade dos produtos orgânicos que chegam à mesa do consumidor final”, observa Amália Borsari, diretora-executiva da ABCBio. Em função da sua natureza, os produtos biológicos de controle podem ser categorizados como macro-organismos (insetos, ácaros e nematoides), microrganismos (bactérias, fungos, vírus), bioquímicos (extratos de plantas, algas, enzimas e hormônios) e semioquímicos (metabólitos e feromônios). Em geral, são disponibilizados na forma granulada, suspensão concentrada, pó molhável WP, em cartela contendo ovos parasitados, em capsulas contendo microvespas. No caso de macro biológicos são comercializados ovos, pupas, larvas ou insetos vivos. A certificação de produtos orgânicos Na mesma linha, a certificação de produtos orgânicos é realizada por certificadoras credenciadas no MAPA e acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Assim as certificadoras avaliam criteriosamente todo o sistema de produção orgânica de cada agricultor - inclusive o controle biológico aplicado - e registram por escrito se determinado produto obedece às normas e práticas da agricultura orgânica. Com isso, a certificação dos produtos orgânicos em mercados é indicada pela presença do selo federal SisOrg em seus rótulos, os quais servem para garantir ao consumidor final que os
princípios da agricultura orgânica foram cumpridos naqueles alimentos. Mas, caso se trate de produtos vendidos a granel, a informação da certificação deve estar indicada por meio de cartazes, etiquetas ou outro recurso similar. “A certificação orgânica é um fator importante e decisivo para conquistar maior credibilidade dos consumidores, além de conferir maior transparência aos insumos utilizados na produção de orgânicos”, complementa Amália Borsari. O crescimento do mercado de orgânicos no Brasil e no mundo A preocupação da sociedade com a forma de produção dos alimentos tem crescido e, com isso, impulsionado práticas sustentáveis como a agricultura orgânica. Nos últimos oito anos, o número de produtores orgânicos registrados no Brasil triplicou. Segundo levantamento do MAPA, em 2012, eram 5,9 mil produtores registrados e, em março de 2019, esse número chegou a 17,7 mil. E dados da Federação Internacional de Movimentos da Agricultura Orgânica (IFOAM) disponibilizados em fevereiro de 2019 apontam que existem cerca de 3 milhões de produtores orgânicos distribuídos em 181 países. O levantamento também indica que a agricultura orgânica ocupou, em 2017, uma área de 69.8 milhões de hectares no mundo. Em relação a área destinada a agricultura orgânica, o Brasil ficou em terceiro lugar na América Latina com 1.1 milhões de hectares, atrás da Argentina (3.3 milhões de hectares) e do Uruguai (1.8 milhões de hectares). E, assim, ocupa o décimo segundo lugar no mundo. REVISTA 100% CAIPIRA |21
SAÚDE ANIMAL
“Redução do uso de antibióticos é um movimento sem retorno”, diz Ricardo Pereira, diretor geral da Biomin Latam
Os produtores de proteínas animais precisam se ajustar às novas exigências do mercado e dos consumidores 22| REVISTA 100% CAIPIRA
Os produtores de proteínas animais precisam se ajustar às novas exigências do mercado e dos consumidores. Para isso, têm de tomar decisões rápidas e com foco na qualidade e na segurança alimentar. Esse processo simplesmente não tem volta. E não é para amanhã; é para hoje”. As palavras são de Ricardo Pereira, Managing Director da Biomin para a América Latina, que promoveu o fórum ABReduction Day, um dia inteiro de discussões sobre soluções naturais para nutrição e saúde animal, redução do uso de antibióticos e os novos desafios da produção animal”. O fórum reuniu cerca de 190 empresários, técnicos e formadores de opinião de toda a América Latina, em Lima (Peru), no dia anterior ao Congresso Latino-Americano de Avicultura (OVUM 2019). “A proposta foi atualizar os produtores e técnicos sobre esse movimento global e cada vez mais intenso de redução do uso dos antibióticos na avicultura, suinocultura, aquacultura e demais atividades animais. Os antibióticos foram essenciais para a produção global de alimentos chegar no patamar em que está hoje. Porém, os antimicrobianos estão, em várias situações, perdendo a capacidade de controlar as bactérias. Com a ocorrência cada vez mais frequente de resistência, é preciso usar outras ferramentas para manter a segurança alimentar e os níveis de produtividade”, ressalta Pereira. O Brasil é um campeão de produção de alimentos de origem animal e, informa o Managing Director da Biomin para a América Latina, está liderando o processo de substituição dos antibióticos por aditivos naturais. “Nosso país representa cerca de 40% das vendas de probióticos da Biomin no mundo. Os produtores brasileiros reconhecem a necessidade de transformação da nutrição e da saúde animal”. Luciano Sá, Diretor Técnico e de Marketing da Biomin para a América Latina, esclarece que a realização do fórum ABReduction Day objetivou disseminar os mais recen-
tes conhecimentos sobre a soluções naturais e a necessária redução do uso dos antibióticos na produção animal. “Uma grande preocupação dos produtores é se as tecnologias disponíveis já conseguem manter os índices de produtividade na avicultura e na suinocultura. A resposta é: sim. Há um arsenal de ferramentas disponível para ajudar as granjas a trabalhar com segurança, bem-estar, conforto e indicadores de produtividade”, explica o especialista da Biomin. Com o objetivo de cumprir o seu papel de “polinizar conhecimento”, o fórum ABReduction Day reuniu especialistas de várias partes do mundo. Nataliya Roth (Biomin Áustria) deu uma visão geral sobre o uso de antibióticos no mundo e defendeu que sua redução é “uma importante mensagem para a população de que, sim, estamos preocupados e, sim, estamos trabalhando nisso”. Ana Caselles (Sanphar Latam) descreveu as conquistas da avicultura nas últimas décadas e, olhando para o futuro, mostrou os desafios a serem superados com as tecnologias já disponíveis. “É preciso pensar em várias frentes, inclusive de intensificação das práticas de biosseguridade nas granjas”, recomendou. Plínio Barbarino (Biomin Áustria) enfatizou esse ponto, apresentando os diferentes fatores envolvidos na redução do uso de antibióticos. “Trata-se de uma demanda crescente dos consumidores; é preciso pensar em produtividade com sustentabilidade; e não se pode esquecer de que se trata de uma questão de saúde pública”. Maarten De Gussem (Vetworks Bélgica) concentrou sua apresentação em dois pontos: biosseguridade e vacinação. “É preciso lançar mão de várias ferramentas complementares para contribuir para a redução do uso de antibióticos na produção animal. Os produtores precisam ser eficientemente alertados para isso”, disse. A saúde intestinal das aves foi um importante tópico do fórum ABReduction Day, da Biomin. Bre-
no Beirão (Imunova e Universidade Federal do Paraná) abordou tecnicamente a fisiologia da inflamação intestinal, com destaque para suas causas e iniciativas de proteção, como ação contra as micotoxinas. Francisco Aspée (Aritzía Chile) reforçou o tema, alertando para a importância da nutrição de qualidade tanto para a saúde intestinal como para o desempenho das aves. Melina Veron (Granja Três Arroyos Argentina) deu depoimento sobre a granja argentina que, há três anos, não usa antibióticos. “É uma decisão também pensando nas próximas gerações”, enfatizou. O fórum ABReduction Day encerrou com duas mesas-redondas de especialistas da Biomin (Brasil e Áustria), Sanphar, Romer Labs e consultores, que compartilharam suas visões, cases e experiências sobre redução do uso de antibióticos na produção animal e manutenção do desempenho produtivo. Renata Reis, Christiane Matias e Sergio Alvarez (Biomin Brasil) e Alexandro Marchioro (Biomin Áustria) aprofundaram a discussão sobre “Redução dos Antibióticos: Efeitos Diretos dos Aditivos Nutricionais”, com casos de sucesso sobre a atuação das soluções naturais da Biomin. Leonardo Teixeira (Romer Labs Brasil), Rogério Frozza (Sanphar Brasil), Fabrício Delgado (consultor) e Gustavo Triques (Biomin Áustria) avançaram no tema “Como Reduzir o Uso de Antibióticos e Manter um Bom Desempenho”, comprovando que as alternativas disponíveis apresentam custo-benefício positivo e elevados índices de produtividade nas granjas. “O fórum ABReduction Day obviamente não esgota o tema, mas certamente evoluímos muito na discussão e difusão de conhecimento. Ficou claro que o movimento é irreversível e que a produção animal precisa se ajustar o quanto antes a uma realidade de uso racional de antibióticos e aditivos naturais, prevenção e biosseguridade”, pontuou Ricardo Pereira. Fonte: Texto Comunicação REVISTA 100% CAIPIRA | 23
GESTÃO
Fusão inicia nova geração no controle de insetos P r o d u t o s funcionam
com
feromônios
e
outros compostos naturais Fonte: Agrolink
O surgimento da ISCA Global, Inc. – formada através da fusão da ISCA Technologies, Inc. (EUA), ISCA Tecnologias, Ltda. (Brasil) e ATGC Biotech (Índia) – vai capitalizar 25 anos de profunda pesquisa e desenvolvimento de produtos ambientalmente seguros para o controle de insetos que desempenharão um papel decisivo na sustentabilidade da agricultura global. Os produtos da ISCA funcionam usando feromônios e outros compostos naturais: os semioquímicos, com os quais é possível manipular o comportamento das espécies-alvo de insetos antes que elas se tornem pragas. Esses produtos evitam o acasalamento de insetos alvo, afastam das lavouras ou atraem para armadilhas seletivas e localizadas, deixando as abelhas e outros animais benéficos ilesos. A ISCA Global também está desenvolvendo produtos para controlar mosquitos e carrapatos que espa24 | REVISTA 100% CAIPIRA
lham doenças. “Essa nova e extraordinária parceria nos permite levar a próxima geração de controle de insetos ao mercado em escala global”, disse o Dr. Agenor Mafra-Neto, entomologista e ecologista químico e CEO da ISCA Global. “Os consumidores querem alimentos mais limpos e os governos em todo o mundo exigem reduções no uso de pesticidas convencionais. Nossos produtos atendem a essa necessidades. Eles controlam pragas devastadoras, evitam a resistência a pragas e têm um impacto mínimo no meio ambiente, reduzindo a contaminação do solo e da água”, completou. Sediada em Riverside, Califórnia, nos Estados Unidos, a ISCA Tecnologia passou mais de 20 anos desenvolvendo produtos que se adaptassem a culturas de escala (milho, soja, algodão, etc) e culturas especializadas (frutas e outras). Os esforços resultaram em formula-
ções e métodos de aplicação inovadoras adaptados a diferentes geografias, culturas e climas. Desde a aplicação manual em algumas das menores fazendas do mundo (Índia), até a aplicação por aviação agrícola nas maiores fazendas do mundo (Brasil), os produtos da ISCA estão fornecendo proteção de cultivos em 30 países. A versatilidade das formulações, junto a redução de custos de fabricação, tornaram esses produtos de controle de insetos prontos para adoção em comercial em grande escala. Nos últimos 10 anos a ATGC investiu em capacidade de produção e pesquisa, e se tornou um dos principais fornecedores de feromônio em escala global. Usou o conhecimento dos principais cientistas indianos, com décadas de experiência em agroquímica e farmacêutica, aumentou a produção de feromônios e outras sínteses semioquímicas com inovações na química e no estabe-
lecimento de parcerias-chave para a fabricação desses produtos. Isso diminuiu ainda mais o custo das soluções de controle de pragas baseadas em feromônios e as tornou competitivas em termos de custo com os pesticidas convencionais. Essas soluções verdes, anteriormente proibitivas em termos de custo, agora estão acessíveis a todos os agricultores. “Nossos processos de síntese não apenas reduzirão drasticamente o custo de feromônios para o nível necessário para o manejo de pragas em milho, soja, algodão e muitas outras culturas, mas também proporcionará à ISCA Global e aos parceiros a cadeia de suprimento semiquímica confiável e necessária para atender às demandas dos produtores”, disse o Dr. Markandeya Gorantla, diretor técnico da ISCA Global Inc. A ISCA Brasil tem sido um centro de desenvolvimento de produtos e mercados focado em soluções locais. No Brasil e na América Latina a ISCA tem colocado a prova sua capacidade de entregar produtos comerciais à base de semioquímicos adequados aos grandes cultivos. Nas videiras da Argentina aos campos de soja e algodão do Brasil a ISCA tem tido sucesso comercial em amplas áreas que necessitam tanto aplicação aérea de semioquímicos como custos compatíveis. Jean-Pierre Princen ingressou na equipe da ISCA há mais de três anos, traz mais de três décadas de experiência com as principais empresas de tecnologia agrícola como CEO e estrategista global e possui um profundo conhecimento das práticas e tecnologias atuais de proteção de culturas. Além de fornecer suporte crítico às vendas globais, o Sr. Princen será Presidente do Conselho Global da ISCA, desempenhando um papel consultivo essencial. Ele traz inestimável experiência e conhecimento de negócios globais para a empresa. “A variedade de soluções baseadas em semioquímico, demonstradas em campo, combinadas com recursos extremamente competitivos em custos, colocam a ISCA na vanguarda da próxima geração de controle de insetos em todo o mundo”, afirmou Princen. “Acredito que soluções baseadas em semioquímica, comprovadamente eficientes por décadas em culturas especializadas de alto valor, agora serão acessíveis como
parte de qualquer programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP) para todos os tipos de culturas e práticas agrícolas, convencionais e orgânicas”. A ISCA Global também está de mãos dadas com a NATCO Pharma, com sede na Índia, como um forte parceiro na fabricação de nichos químicos. Essa parceria estratégica permitirá à ISCA Global capitalizar todas as capacidades das três entidades consolidadas ao longo de cada etapa da cadeia de valor. Com suas habilidades em químicas complexas e um histórico comprovado de oferecer produtos a preços acessíveis em todas as regiões do setor farmacêutico, a NATCO recentemente ingressou no setor de Ciências da Saúde das Culturas para alavancar seus conhecimentos técnicos, de fabricação e de marketing. A parceria estratégica da NATCO com a ISCA Global permite melhorias de capital, entre outras necessidades, além de criar sinergias em toda a cadeia de valor, garantindo cadeias de suprimentos dedicadas com os menores custos, informam as empresas. “A NATCO sempre teve uma missão de fornecer medicamentos acessíveis às pessoas em geral. Estou animado com a parceira com a ISCA Global e no esforço para trazer uma filosofia semelhante para as soluções semioquímicas, para que sejam acessíveis, eficientes e sustentáveis para produtores em todos os lugares”, disse Rajeev Nannapaneni, vice-presidente e CEO da NATCO Pharma Limited Agenor Mafra-Neto, PhD, CEO. Foi pesquisador de ecologia e entomologia química na Universidade da Califórnia, Riverside. Em 1996 fundou a ISCA Technologies Inc.. Desde então, ele é o pesquisador principal da ISCA, tendo obtido mais de 70 projetos financiados por agências federais dos EUA e outros grupos. Líder, visionário e empreendedor, Mafra-Neto viajou o mundo várias vezes para estabelecer mercados para suas inovações. Jean-Pierre Princen, Presidente do Conselho e líder para Desenvolvimento de Negócios. O Sr. Princen traz décadas de experiência executiva adquirida com as maiores corporações de tecnologia agrícola do mundo antes de dedicar sua carreira à expansão de biotecnologias sustentáveis para aagricultura. Princen é
um CEO e estrategista global experiente, com especial experiência nos mercados dos EUA e da Europa. Markandeya Gorantla , PhD, Diretor Técnico. Dr. Gorantla foi durante anos o presidente e diretor administrativo de fabricação de semioquímicos. Gorantla tem anos de experiência em pesquisa nas áreas de biologia molecular de plantas, farmacêutica e engenharia química. Leandro Mafra é o quarto fundador. Por 20 anos administra a ISCA Tecnologias, sediada no Brasil, e responsável pelo mercado da América Latina. Desenvolver soluções adaptadas às demandas locais. O Sr. Mafra traz para a ISCA Global a experiência de fabricar e distribuir um dos primeiros produtos semioquímicos em escala para as grandes culturas (milho, soja e algodão). Kim Li Spencer, MD, é o quinta fundadora. Dra. Spencer atuou como vice-presidente da ISCA Technologies. Guiou a empresa por uma década de rápido crescimento, supervisionando o recrutamento de pessoal, processos de fluxo de trabalho e assuntos regulatórios. Parceiros Estratégicos Globais da ISCA: A NATCO Pharma Ltd está sediada em Hyderabad, na Índia, e possui oito instalações de fabricação de desenvolvimento farmacêutico em toda a Índia e duas instalações de fabricação em desenvolvimento para a divisão Crop Health Sciences que emprega mais de 5.000 pessoas. A NATCO é reconhecida por sua capacidade de fabricar produtos farmacêuticos de nicho, com ênfase na qualidade, proporcionando acessibilidade à população em geral. A NATCO está constantemente entre as empresas farmacêuticas de mais rápido crescimento e mais respeitadas da Índia. Pragas direcionadas: A ISCA Global tem soluções ambientalmente amigáveis para muitas das pragas de insetos mais prejudiciais do mundo, incluindo a lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), a traça europeia da videira (Lobesia botrana), a traça do tomate (Tuta absoluta ), a lagarta da espiga do milho (Helicoverpa zea), Helicoverpa armigera, Dendroctonus ponderosa, a mariposa cigana (Lymantria dispar dispar), a lagarta rosada (Pectinophora gossypiella ), Ectomyelois ceratoniae, a mosca da fruta Tephritidae e muitas outras. REVISTA 100% CAIPIRA |25
26 | REVISTA 100% CAIPIRA 2624
REVISTA REVISTA100% 100%CAIPIRA CAIPIRA || 27
PESQUISA
Pesquisadores desenvolvem sorvete probiótico à base de leite de cabra
O desenvolvimento de um sorvete dietético à base de leite de cabra, contendo probióticos e prebióticos, pode contribuir para ampliar a oferta de alimentos funcionais tendo o leite caprino como principal ingrediente Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos
28 | REVISTA 100% CAIPIRA
A
pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) Karina Olbrich destaca que os testes iniciais mostraram que a formulação do sorvete ajudou a reduzir a taxa de glicemia de pessoas saudáveis e que também é adequada ao consumo por pessoas diabéticas. Isso porque o diabetes tipo 2 vem sendo associado a um desequilíbrio da microbiota intestinal (denominado disbiose) e os probióticos e prebióticos podem contribuir para reequilibrar a população de microrganismos no intestino. O sucesso dos primeiros testes animou os pesquisadores que buscam agora parceiros da iniciativa privada para ampliar a validação dos resultados e desenvolver o escalonamento para uma produção industrial. Por isso, o sorvete foi selecionado entre os produtos a serem apresentados no fim de outubro no Workshop Nichos de Mercado, em São Paulo. Além do leite de cabra, o sorvete contém cacau em pó, o prebiótico inulina, a bactéria probiótica Bifidobacterium lactis e sucralose. A pesquisadora explica que tanto os probióticos como os prebióticos agem sobre a microbiota (flora) intestinal. Os probióticos são microrganismos que promovem efeitos benéficos para a saúde, se ingeridos regularmente e em quantidades adequadas. “Esses microrganismos, geralmente lactobacilos e bifidobactérias, devem chegar vivos ao cólon intestinal (intestino grosso), onde permanecem temporariamente e exercem atividades benéficas para o organismo”, explica. Já os prebióticos, conta a pesquisadora, são compostos não digeríveis, geralmente fibras alimentares, que estimulam seletivamente o crescimento de bactérias benéficas, como lactobacilos e bifidobactérias. “Os prebióticos passam pelo estômago e intestino delgado humano sem serem digeridos, chegando quase intactos ao cólon intestinal, onde são fermentados pelas bactérias intestinais benéficas, promovendo seu crescimento e a geração de substâncias benéficas à saúde”, esclarece Olbrich. O desenvolvimento do sorvete foi realizado em parceria com a nutricio-
nista e professora do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Masu Portela, e a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Sueli Rodrigues. Os testes de desenvolvimento das formulações e a maior parte das análises químicas, microbiológicas e sensoriais durante a estocagem do produto, visando checar a estabilidade, foram feitos no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos (LCTA) da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE). Os primeiros testes clínicos foram realizados na própria Embrapa Caprinos e Ovinos e em três postos de saúde do município de Sobral, tanto com pacientes diabéticos quanto não diabéticos. “Indivíduos saudáveis e diabéticos foram submetidos aos testes para avaliar a resposta glicêmica ao sorvete, ou seja, verificar se o consumo do sorvete reduzia a glicemia, em comparação com a ingestão de glucose. Os resultados foram positivos, pois os níveis de glicemia após o consumo do sorvete foram menores em ambos os grupos, embora o efeito só tenha sido estatisticamente significativo no grupo saudável”, detalha a pesquisadora da Embrapa. Segundo ela, a formulação do sorvete foi bem-sucedida, pois o produto foi capaz de manter populações elevadas de bifidobactérias durante a estocagem sob congelamento, conforme exige a legislação, e os testes de simulação da digestão indicaram que as bifidobactérias resistiriam bem à passagem pelo trato gastrintestinal, importante para os efeitos benéficos dos probióticos no intestino. “Além disso, a aceitação sensorial do sorvete foi alta entre diabéticos, nosso público-alvo. O ensaio clínico também forneceu resultados importantes, confirmando o baixo índice e carga glicêmica do sorvete e seu baixo impacto na glicemia após o consumo, que favorece o controle glicêmico para os diabéticos”, diz. A ideia da parceria para o desenvolvimento do estudo foi resultado do convênio entre a Embrapa e o IFCE Campus Sobral, com alunos do curso em Tecnologia de Alimentos que fizeram estágio de graduação na Embrapa Caprinos e Ovinos. “Quando a Masu foi fazer doutorado na Rede de Biotecnologia do Nordeste (Renorbio), ela buscou
parceria com a Embrapa, e o projeto de desenvolvimento de alimentos probióticos a partir de leite de cabra estava em execução”, conta a cientista. “O sorvete é um produto que favorece o funcionamento do trânsito gastrointestinal e apresento baixo teor calórico comparado aos outros sorvetes do mercado”, acrescenta Masu. As pesquisadoras ressaltam que, apesar de bastante promissores, esses resultados são iniciais e serão necessários mais testes para a validação dos resultados. Probióticos a partir de leite de cabra - Karina conta que tem trabalhado com probióticos desde 2007. Segundo ela, a ideia inicial foi desenvolver produtos probióticos à base de leite de cabra, buscando agregação de valor e diversificação da oferta de derivados lácteos caprinos com foco em alimentos funcionais, ou seja, em produtos que oferecessem benefícios à saúde além das necessidades nutricionais básicas. “O leite de cabra já se destaca como um alimento valioso do ponto de vista nutricional e de saúde, em razão de sua maior digestibilidade e menor potencial alergênico, em comparação com o leite bovino. Nos pareceu relevante agregar novas funcionalidades ao leite caprino, gerando produtos adicionados de bactérias probióticas e ampliando as oportunidades de mercado”, conta a cientista. Perspectivas - Outros produtos probióticos à base de leite de cabra já foram desenvolvidos pela Embrapa utilizando diferentes culturas comerciais: queijo cremoso, queijo semicurado, petit suisse com maracujá, sorvete com cajá, e leite fermentado com suco de uva e enriquecido com polifenóis e fibras da casca de uva. Segundo a pesquisadora, o trabalho com probióticos continua, principalmente com bactérias nativas do Brasil, isoladas de leite e produtos lácteos caprinos, que demostraram ter propriedades probióticas em testes in vitro e in vivo. “Novos produtos com as bactérias nativas estão sendo desenvolvidos em projeto da Embrapa Agroindústria de Alimentos, incluindo produtos vegetais, como smoothie e bebida à base de cereais”, conclui. REVISTA 100% CAIPIRA |29
BRASIL
Brasil é líder no contexto da bioeconomia mundial
Modelo de produção industrial baseado no uso sustentável de recursos biológicos, a bioeconomia movimenta cerca de 2 trilhões de euros no mercado mundial
Fonte: EMBRAPA
30 | REVISTA 100% CAIPIRA
Rica biodiversidade, grande extensão territorial para a produção de alimentos e de energia renovável e domínio tecnológico fazem com que o Brasil seja um dos líderes globais no contexto da bioeconomia mundial. É o que pensa o Chefe-geral da Embrapa Agroenergia Guy de Capdeville. Modelo de produção industrial baseado no uso sustentável de recursos biológicos, a bioeconomia movimenta cerca de 2 trilhões de euros no mercado mundial e gera cerca de 22 milhões de empregos, segundo dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, as atividades do setor são prioridade em pelo menos metade dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da
ONU, desde a segurança alimentar até a garantia de acesso à energia e saúde. “No novo contexto de sustentabilidade ambiental, o que estamos buscando são fontes renováveis de matéria-prima e o desenvolvimento de processos para convertê-las de forma sustentável e ambientalmente amigável e de forma a produzir resíduos que possam ser reincorporados ao processo de produção”, explicou o pesquisador. Capdeville citou alguns setores importantes para o País dentro do contexto da Bioeconomia, como o do etanol, que utiliza a cana-de-açúcar com matéria-prima para a produção de etanol, açúcar e bioeletricidade, o do biodiesel e o de papel e celulose. “O simples fato de misturamos o etanol com a gasolina gera uma redução enorme em volumes de emissão de CO2 equivalente. Reduzimos em tal nível que, nos últimos 20 anos, essa mistura foi equivalente ao plantio de quatro bilhões de árvores no País”, disse o pesquisador. Ele citou algumas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa na área de energia que têm contribuído para a inovação na economia brasileira, como a pesquisa com cana-de-açúcar que permite a utilização do bagaço da cana para a produção de etanol de segunda geração, polímeros, novas moléculas e/ou ácidos orgânicos entre outras. “A Embrapa Agroenergia está desenvolvendo novos materiais de cana-de-açúcar, e também buscando novas oleaginosas que possam ser alternativa à soja visando a diversificação de matérias-primas no setor de produção de biodiesel. Também temos pesquisado novos processos e desenvolvido novos insumos agroindustriais como coquetéis de enzimas e novos microrganismos, a fim de ampliarmos o rol de ofertas de produtos de interesse e com maior valor agregado”, disse. Novas oportunidades de ganho para a indústria Produzir
matérias-primas
que
possam ser convertidas por múltiplos processos em produtos de alto valor agregado poderá gerar novas oportunidades de ganho para a indústria, afirmou Guy. “Mesmo o bagaço da cana-de-açúcar sendo utilizado para produção de bioeletricidade, ainda há muita sobra que poderá ser convertida em outros produtos de valor agregado com novas oportunidades de ganho para a indústria”. Segundo o pesquisador, a Europa faz grande pressão para que o setor de energia em geral, e biocombustíveis em particular, use no processo produtivo apenas matérias-primas que não concorram com a produção de alimentos. No Brasil, algumas alternativas como o algodão cujo óleo pode ser utilizado para a produção de biodiesel são consideradas tóxicas por possuírem moléculas com efeito nocivo para humanos e animais. Tal toxicidade inibe a utilização dos coprodutos destas cadeias produtivas, como a torta resultante da prensagem, na alimentação animal. No caso, cita o pesquisador, o caroço do algodão (torta) só pode ser adicionado num percentual de 20% na ração animal, em função da presença de gossipol. Para resolver esse problema, e com isso alavancar a utilização da matéria-prima, a Embrapa Agroenergia desenvolveu um processo que utiliza macrofungos para detoxificar a torta do algodão e possibilitar um melhor aproveitamento na ração animal, além de baratear o seu custo. Apoio e Políticas Públicas O p e s qu i s a d or t amb é m f a l ou d a n e c e ss i d a d e d e ap oi o gove rn am e nt a l p ar a qu e o Br a s i l av an c e n o c onte x to d a bi o e c on om i a . “O p ap e l d a E mbr ap a n e ss e s e n t i d o te m s i d o o d e prove r t an to a s s olu ç õ e s p ar a o s e g m e nto pro dut ivo e mb arc ar e m n ovo s pro duto s , pro c e ss o s e s e r v i ç o s qu anto a s i n for m a ç õ e s qu e p o s s am su b s i d i ar a s p ol ít i c a s pú bl i c a s qu e e ve ntu a l m e nte o s go ve r n o s e i n dú st r i a qu e i r am p ar a i mpl e m e nt ar e ss e s n ovo s pro c e s s o s m ai s su ste nt áve i s”, af i r m ou.
C om o e xe mpl o d o qu e j á ve m s e n d o fe ito n o Br a s i l n o âmbito d a p ol ít i c a , e l e c itou o Pro g r am a Bi o e c on om i a Br a s i l – S o c i obi o d ive rs i d a d e l an ç a d o e m ju n h o p e l o Mi n i sté r i o d a Ag r i c u ltu r a , Pe c u ár i a e Ab a ste c i m e nto ( M A PA ) , u m g r up o d e e s tu d o s e m bi o e c on om i a d e nt ro d o Mi n i sté r i o d a C i ê n c i a , Te c n ol o g i a e In ov a ç õ e s ( MC T IC ) e ai n d a o R e n ov abi o, p ol ít i c a c r i a d a p e l o Mi n i sté r i o d e Mi n a s e E n e rg i a ( M M E ) qu e v i s a d ar c ré d ito a qu e m pro du z i r c om m ai s s u s te n t abi l i d a d e. C om o d e s af i o s p ar a o f utu ro, o p e s qu i s a d or c itou, a l é m d e p o l ít i c a s qu e aju d e m o s e tor a s e e st r utu r ar, a n e c e ss i d a d e d e s e f a z e r u m e s forç o p ar a a ab e r tu r a d e m e rc a d o s pr i n c ip a l m e nte n o e x te r i or, a re s olu ç ã o d e probl e m a s l o g í st i c o s p ar a p o s s i bi l it ar a m ov i m e nt a ç ã o d o s pro duto s d a bi o e c on om i a e pro g r am a s d e p e s qu i s a for te s c om f i n an c i a m e nto, d e nt ro d a l ó g i c a d e i nte r a ç ã o pú bl i c o - pr iv a d a . “O B an c o Na c i on a l d o D e s e n volv i m e nto E c on ôm i c o e S o c i a l ( B N DE S ) te r á p ap e l i mp or t ante p ar a ap oi ar a s n ov a s i n dú s t r i a s qu e ve n h am a s e e st ab e l e c e r d e nt ro d o c onte x to d a bi o e c o n om i a , c om o foi fe ito c om o p e t ról e o n o p a ss a d o. O E st a d o v ai pre c i s ar ap oi ar e ss a e s t r utu r a ç ã o p ar a qu e d e p oi s o própr i o s e tor i n du st r i a l c ons i g a s e m ov i m e nt ar s oz i n h o n e ss e c onte x to”, c on clu iu. Por ú lt i m o, o p e s qu i s a d or d a E mbr ap a d i ss e a c re d it ar qu e a m at r i z e n e rgé t i c a br a s i l e i r a p o d e r á s e r tot a l m e nte su b s t itu í d a p or fonte s re n ov áve i s d e e n e rg i a . “Já e st am o s n e ss e m ov i m e n to. Hoj e o s e tor d o bi o d i e s e l te m u m a c ap a c i d a d e o c i o s a e ai n d a p o d e d obr ar a su a pro du ç ã o. O própr i o s e tor j á e st á bu s c an d o s olu ç õ e s e a lte r n at iv a s p ar a p o d e r pro du z i r e m g r an d e e s c a l a e f a c i l m e nte p o d e re m o s su b s t itu i r a n o ss a m at r i z e n e rgé t i c a p or fonte s re n ov áve i s”. REVISTA 100% CAIPIRA |31
CAPACITAÇÃO
Dia de campo promove imersão no maior programa de melhoramento de trigo da América Latina Evento celebrou os 30 anos de parceria entre a Biotrigo e a Sementes Butiá no desenvolvimento de cultivares de trigo no Brasil O dia campo da Biotrigo Genética desta safra, realizado na última terça-feira (22), fugiu do tradicional cenário do evento na sede da empresa, em Passo Fundo, onde cerca de 320 pessoas participaram de uma inédita imersão no melhoramento genético de trigo direto do campo de produção de sementes genéticas e básicas. O evento aconteceu na Sementes Butiá, em Coxilha, em um dos mais de 50 campos experimentais da Biotrigo e onde também acontece a produção de sementes com categorias superiores de trigo. O evento, que marcou a parceria de 30 anos de pesquisa entre a Biotrigo e a Sementes Butiá, reuniu toda a cadeia de trigo do Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, com a presença de multiplicadores de sementes e produtores de trigo, engenheiros agrônomos, recomendantes e profissionais da indústria moageira. Segundo Ottoni Rosa Filho, diretor e melhorista da Biotrigo, esse ano o dia de campo oportunizou a possibilidade de conhecer na prática e no campo, os investimentos e a tecnologia empregados no desenvolvimento das novas cultivares e na produção das sementes. “Nossos convidados puderam conhecer nosso programa sob a ótica dos processos de melhoramento genético, da experimentação e da produção de sementes e ter uma compreensão da amplitude do trabalho e tecnologia utilizada por ambas as empresas – Biotrigo e Sementes Butiá - ao longo das últimas três décadas e ainda conferir o que che32 | REVISTA 100% CAIPIRA
gará num futuro bem próximo”, disse. Fernando Michel Wagner, gerente comercial para a América Latina (Latam) da Biotrigo Genética ressaltou que a interação do setor produtivo com a pesquisa é fundamental para o desenvolvimento de soluções tecnológicas. “A cultura do trigo vem recebendo muitos investimentos em tecnologia e inovação e os resultados podem ser vistos aqui na Butiá, que cultiva trigo a nada menos que 70 anos, sendo que nesses anos de parceria e aprendizado mútuo, vem assegurando a disponibilidade de sementes com alta qualidade acelerando o acesso de nossas cultivares aos multiplicadores de sementes e estes aos triticultores brasileiros”, ressaltou. A Butiá é responsável pela multiplicação das sementes básicas do portfólio e dos lançamentos da Biotrigo nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e no Cerrado. Verônica Bertagnolli, gerente comercial da Sementes Butiá, ressaltou a relação de confiança entre as empresas e a contribuição na criação de cultivares de trigo. “Somos testemunhas do que a Biotrigo fez pela triticultura nacional. Relembramos todos os desafios e principalmente as conquistas com a imensidão de variedades que foram criadas frutos dessa parceria de melhoramento genético ao longo desses trinta anos, somando mais de 50 cultivares que fizeram a triticultura brasileira evoluir de forma sustentável e, principalmente, com muita qualidade. Temos muito orgulho dessa parceria que impulsiona
o crescimento da agricultura nacional e que produz o pão nosso de cada dia”, finalizou. Investimento em pesquisa e desenvolvimento Um dos exemplos de alto investimento realizado para fortalecer e agilizar o programa de melhoramento é o conjunto de tecnologias utilizadas na etapa de experimentação. Giovani Facco, gerente do setor comentou que todos os materiais são semeados de maneira que possam demonstrar seu valor genético, posteriormente avaliados pela equipe de melhoramento. “Utilizamos em nossas áreas de experimentação uma semeadora e uma colheitadeira de parcelas de alto desempenho, específicos para ensaios de cultivo e de variedades. A semeadora aplica em cada linha um genótipo distinto e a colheitadeira realiza o corte, trilha a limpeza dos grãos, a pesagem, a verificação de peso hectolitro e umidade dos grãos. Essa tecnologia traz mais precisão e agilidade ao programa de melhoramento”, explicou. Somente no Rio Grande do Sul em 2019, esses processos foram realizados em mais de 88 mil parcelas de linhagens (futuros lançamentos) distribuídos em 10 locais na região tritícola. “Esse trabalho minucioso possibilita posteriormente que o setor de melhoramento avalie o potencial de cada material, conforme a realidade da região em estudo, fertilidade, homogeneidade da área e garante que as cultivares sejam
adaptadas para cada região, antes de estar disponível ao produtor”, explicou. Somente na Butiá, neste ano, são mais de 110 hectares destinados ao setor de experimentação e multiplicações em pequenas escalas. Outro processo importante é a produção de sementes pré-genéticas e genéticas. O gerente de produção de sementes, Bruno Moncks da Silva, explicou sobre a importância dos cuidados e da tecnologia empregada na etapa que acontece antes de registrar, lançar e comercializar uma cultivar para garantir a pureza do material. “A geração de volume de sementes genéticas envolve a separação destas linhagens, tratamento de sementes industrial, semeadura, manejos fitossanitários, roguing, colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento em câmara fria. Os cuidados durante a semeadura e colheita são muito importantes para evitar contaminações de sementes entre linhagens”, comentou. Uma vitrine tecnológica já pensando nas próximas safras Além do roteiro inédito pelo programa de melhoramento no campo, os participantes percorreram quatro estações tecnológicas e assistiram palestras que trataram do resgate da safra atual, manejo integrado de plantas daninhas, comportamento das cultivares TBIO já lançadas e os lançamentos para a safra 2020. O diretor e melhorista da Biotrigo, André Cunha Rosa, detalhou as características, potencial produtivo e o manejo da cultivar mais recente, o TBIO Astro, diretamente do campo de multiplicação de semente básica da cultivar. “Aqui é possível conferir um dos seus principais diferenciais: a resistência ao acamamento. É sempre um grande desafio trazer para o programa de melhoramento alto potencial, combinado com um tipo de planta que traga segurança ao agricultor, sem acamamento e o resultado foi plenamente atingido. Essa lavoura está intacta depois de mais de 100 mm de chuva e fortes ventos ocorridos recentemente. TBIO Astro tem o melhor tipo agronômico já lançado em nosso portfólio”, relatou. André destacou suas características
que fazem da cultivar a atual recordista do programa de melhoramento. “Agronomicamente é a cultivar mais resistente a germinação na espiga e ao acamamento e, considerando o nosso ranking de qualidade industrial, é o que alcançou maior Força de Glúten (W), com valores médios de 550 10¯4J”, disse. TBIO Astro é um trigo Melhorador, de ciclo superprecoce e estará disponível aos multiplicadores de sementes a partir de dezembro deste ano para ser semeado no inverno de 2020. Para o combate de ervas daninhas Na estação Manejo Integrado de Ervas Daninhas (MIED), os assuntos abrangeram a importância do trigo no sistema; como a ocorrência de plantas daninhas interfere no seu cultivo; o problema da resistência aos herbicidas e uma nova tecnologia que vai contribuir no controle especialmente de azevém (Lolium spp.) e aveia (Avena spp.). Segundo o melhorista da Biotrigo, Francisco Gnocato, a tecnologia é a primeira cultivar de trigo brasileira desenvolvida em conjunto com a alemã Basf, que é detentora da tecnologia Clearfield, que entrega tolerância aos herbicidas do grupo das imidazolinonas, mais precisamente ao ingrediente ativo imazamoxi (Raptor 70DG®). “Esse trigo qualifica o portfólio da Biotrigo ao oferecer um recurso para eliminar importantes plantas daninhas, oferecendo maior rentabilidade à cultura do trigo e estabilidade ao sistema produtivo”, comentou. Giliardi Dalazen, doutor em fitotecnia e professor na Universidade Estadual de Londrina (UEL), ressaltou a importância do controle das invasoras. “As plantas daninhas competem com a cultura do trigo por elementos essenciais para que se atinjam grandes produtividades, como água, luz, nutrientes, CO2 e espaço físico”, comentou. A recomendação do especialista para prolongar a vida útil da tecnologia é introduzir a cultivar num cronograma de rotação. “A tecnologia dever ser utilizada em 33% da área cultivada com trigo a cada ano, sem repeti-la na mesma área nos anos seguintes. Assim, se dificultará a seleção de biótipos de plantas daninhas
resistentes ao herbicida utilizado”, ressaltou. A cultivar estará disponível para multiplicação na safra 2020. Portfólio e trigos especiais No dia de campo foram expostas cultivares do portfólio e que serão tendências no mercado nas próximas safras. O supervisor comercial Tiago de Pauli detalhou o manejo da cultivar TBIO Ponteiro, a qual chega comercialmente ao mercado já na próxima safra, cujo maior diferencial é o ciclo com espigamento médio-tardio, importante para abertura de semeadura. “A cultivar tem potencial de rendimento similar ao TBIO Sinuelo e ainda com destaque ao superior perfil sanitário, sendo R/MR para Oídio, por exemplo. Além disso, possui tolerância ao Alumínio tóxico, o que em anos mais secos, será um trunfo para os agricultores e, com certeza uma importante ferramenta para combinar com trigos mais precoces”, explicou. Na estação de Novos Negócios, Everton Garcia, supervisor comercial da Biotrigo, apresentou a linha de trigos especiais voltadas para nutrição de gado de leite e corte - Linha Energix (para silagem - Energix 201 e Energix 202) e Lenox (trigo para pastejo). Para o mercado de panificação, foram apresentadas as cultivares TBIO Noble e TBIO Aton e, para biscoito, TBIO Alpaca. Safra 2019 A safra de trigo 2019 avança com bons resultados no Rio Grande do Sul. O estado é o segundo maior produtor do grão do Brasil, com 739,4 mil hectares semeados neste ano - 37% da área total de plantio. Algumas lavouras já estão em fase de colheita, mas a maioria encontra-se no de final da floração a enchimento de grãos. A diminuição de área em relação ao ano passado deve ser compensada pelo elevado potencial produtivo das áreas, com perspectiva de maior qualidade e rendimento de grãos. Além do clima propício, o investimento em cultivares com maior potencial e o manejo adequado estão sendo indispensáveis para formação do potencial Fonte: Biotrigo visto até o momento. REVISTA 100% CAIPIRA |33
Os verdadeiros guardiões das culturas sertanejas
RUA CIRIEMA Nº 100 - VILA AYROSA - OSASCO - SP Fone: (11) 97464-9622 E-mail: contato@abasertanejo.com.br http://www.abassertanejo.com.br/
Cachaça Leandro Batista
O sommelier de cachaças Leandro Batista escolheu a premiada Weber Haus para elaborar as cachaças que levam sua chancela. O especialista começou sua trajetória no restaurante Mocóto /SP. Formado mestre alambiqueiro pelo Centro de Tecnologia da Cachaça, também fez curso de Análise Sensorial na USP de São Carlos e de Bartender no SENAC. No ramo a mais de oito anos, é responsável pela seleção de cachaças do Restaurante Barnabé, além de realizar degustações orientadas e palestras. A cachaça Leandro Batista é um Blend de madeiras brasileiras que envelhecem durante um ano em cada barril de amburana, bálsamo e canela sassafrás, resultando em uma cachaça leve, com notas de especiarias, destacando no aroma baunilha, anis e um leve sabor marcante de canela.
| REVISTA 100%da CAIPIRA 34Av. Mendes Rocha, 79 Vila Sabrina - SP
55 (11) 96991 6047
@sommelierleandrobatista
R
A REVISTA DE AGRONEGÓCIO QUE RESGUARDA A CULTURA CAIPIRA
100 95 75
25
ACESSE: WWW.REVISTA100PORCENTOCAIPIRA.COM.BR
https://www.facebook.com/pages/100porcentocaipira 35 5 0
REVISTA 100% CAIPIRA |
AGRICULTURA INCLUSIVA
Programa Mulheres do Agro reúne produtoras rurais em Rio do Sul e Mafra A produtora rural Cirlene Tarachucky Rosa, de Rio Negrinho, possui uma propriedade com aproximadamente 900 metros quadrados de estufas para produção de hortaliças, que são comercializadas em uma rede de supermercados do município
Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional
36 | REVISTA 100% CAIPIRA
Quando iniciou, há seis anos, foi buscar conhecimento em São Paulo, Minas Gerais e Florianópolis. “Comecei com o cultivo de morango suspenso, com uma estufa para mil pés. No ano seguinte, fui para Minas Gerais e fiz também um curso na UFSC, em Florianópolis, e aumentei a produção para 7 mil pés, mantendo assim por três anos”, contou Cirlene. Porém, o aumento da geração de renda na propriedade era um objetivo para a produtora rural, que não deixou de buscar conhecimentos. Entre 2017 e 2018 participou de um curso do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC), entidade vinculada à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), sobre horticultura orgânica. “A ajuda do SENAR foi fundamental para produzir hortaliças. Trabalhamos eu e meu filho. Atualmente, produzimos alface, rúcula e temperos, atuando desde o plantio até as entregas”, relatou Cirlene. A produtora rural foi uma das participantes do programa Mulheres do Agro Catarinense, em Mafra, na última semana. “O encontro foi importante para estimular as mulheres a ocuparam espaços de liderança e para motivar outras mulheres a integrarem o grupo para construirmos uma agricultura cada vez mais forte. Quando comecei tive que ir para fora buscar conhecimento. Unidas, podemos somar para fazer o melhor para a nossa agricultura, por meio de cursos, conhecimentos e técnicas”, salientou Cirlene. O Programa Mulheres do Agro promoveu dois encontros na última semana: um em Rio do Sul, que reuniu 24 produtoras rurais, e em Mafra, com participação de 23 mulheres. Os eventos contaram com pronunciamento do superintendente do SENAR/SC, Gilmar Antônio Zanluchi, explanação sobre o Sistema CNA/FAESC/SENAR/Sindicato Rural com a responsável pelo Departamento Sindical da FAESC, Andréia
“
Barbieri Zanluchi, e palestra com o tema “O empoderamento feminino no agronegócio familiar catarinense”, com Renato Vieira de Avila. Outra atividade foi a formação da Comissão Mulheres do Agro Catarinense, conduzida pela coordenadora do Programa Mulheres do Agro Catarinense Nayana Setubal Bittencourt. A intenção é fazer com que cada Sindicato Rural tenha representante na comissão estadual. A produtora rural de Massaranduba, Neuzeli Zimmermann, participou do encontro em Rio do Sul. Juntamente com o esposo, Tomé Zimmermann, tem o Sítio Sabor & Saúde, no qual pro-
e trazemos outras tantas mulheres que vivem no anonimato da produção agrícola para juntas ocuparmos o espaço que é nosso, com propriedade e conhecimento”, enfatizou. PRESENÇA FEMININA NO CAMPO Nayana salientou que o Sistema FAESC/SENAR e Sindicatos Rurais incentivam a participação das mulheres e a formação da Comissão Mulheres do Agro Catarinense tem demonstrado a força das mulheres no agronegócio. “Elas têm assumido cada vez mais a liderança e a gestão das atividades tanto nas propriedades quanto nas entidades representativas do setor”, considerou. Zanluchi destacou os dados de uma pesquisa coordenada pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e pelo Instituto de Estudos do Agronegócio (IEAG), intitulada como “Todas as Mulheres do Agronegócio”. Foram entrevistadas 862 mulheres vinculadas ao agronegócio de todas as regiões do Brasil. A pesquisa apontou que dentro do agronegócio a mulher vem ocupando espaços em diversos segmentos, sendo que 55,5% das entrevistadas disseram sentirem-se totalmente preparadas para gerirem seus negócios, 40,9% sentem-se parcialmente preparadas e apenas 3,60% não se sentem preparadas. “A pesquisa ainda demonstra que a mulher tem maior facilidade para transitar entre o campo e a cidade, é resiliente e consegue conciliar a carreira profissional e a família”, ressaltou. O presidente do Sistema FAESC/ SENAR, José Zeferino Pedrozo, enfatizou que o empoderamento da mulher no agronegócio mundial tem impactos extremamente positivos. “Segundo estudos da Organização das Nações Unidas (ONU) essa mudança de postura pode representar um aumento de 30% na produção agrícola e garantir a segurança alimentar do planeta”, comentou.
Elas têm assumido cada vez mais a liderança e a gestão das atividades tanto nas propriedades quanto nas entidades representativas do setor” duzem frutas. A propriedade possui certificado orgânico há quatro anos. “Temos aproximadamente 200 espécies plantadas, nem todas produzindo ainda. Como é muita fruta para vendemos tudo in natura, também fazemos geleias e geleiadas, polpas, conservas, desidratados, licores e cachaças. Para mim, particularmente, foi e é um grande desafio. Primeiro conhecer, estudar, pesquisar sobre a fruta, depois transformá-la num outro alimento. Isso me dá prazer e quando ele é reconhecido, fico mais feliz ainda, pois é sinal que nosso esforço está valendo a pena”, avaliou. Neuzeli considerou como um grande desafio a valorização da mulher produtora. “Sempre fomos o alicerce, mas não tínhamos a consciência do nosso valor. Hoje, participo desse grupo seleto, onde buscamos atualização, trocamos experiências e perspectivas, debatemos assuntos relacionados com o dia a dia, empreendemos, aprimoramo-nos
REVISTA 100% CAIPIRA |37
PROCESSAMENTO
TOMRA: olhando para uma indústria de alimentos mais conectada Por Eamon Cullen, Diretor de Mercado da TOMRA Food. O mundo - particularmente o mundo da alimentação - está mudando mais rápido do que nunca, com os avanços tecnológicos e a inovação alimentando todo um novo conjunto de requisitos de negócios e comportamentos do consumidor. Por Eamon Cullen, Diretor de Mercado da TOMRA Food. Com os consumidores que já vivem no mundo digital, a indústria de processamento de alimentos está buscando o processamento inteligente e a ‘transformação digital’ necessária para 38 | REVISTA 100% CAIPIRA
digitalizar seus processos, aprimorar a produção, otimizar a eficiência e, geralmente, aumentar a qualidade e a velocidade gerais de toda a operação. Tópicos e frases populares como ‘blockchain’, ‘digital’ e ‘internet 4.0’ apontam a crescente necessidade de processadores de alimentos se adaptarem a um setor em rápido avanço, adotando os sensores necessários, pontos de captura de dados e conectividade que funcionam em conjunto para permitir tomada de decisão operacional e estratégica aprimorada; elementos
que se combinam para beneficiar toda a cadeia alimentar. Os benefícios operacionais do processamento inteligente de alimentos A tecnologia não pára e as tecnologias de deteção continuam a evoluir rapidamente. A última geração de descascadores a vapor e classificadores ópticos, por exemplo, é fornecida com monitoramento aprimorado de coleta e processamento de dados, uma tendência que deve crescer à medida que
a transformação de dados ocorre. Para entender os benefícios operacionais do processamento inteligente de alimentos, precisamos apenas olhar para um processador de alimentos e os desafios que eles enfrentam em suas operações diárias. Por exemplo, quando uma grande cadeia de supermercados solicita uma alteração em um pedido de alimentos de conveniência, o produtor precisa reagir rapidamente para fazer alterações no processo de processamento. Hoje, essa mudança exigiria muitas pessoas fazendo várias alterações no equipamento do processo em todas as etapas. Isso pode levar um tempo considerável e resultar em desperdício adicional em vários pontos. Além disso, também é necessário entrar em contato com fornecedores e empresas de logística para alterar o cronograma de recebimento de batatas e o envio do produto acabado. No entanto, com o processamento inteligente de alimentos, essa mesma alteração pode ser implementada em uma fração do tempo, com maior eficiência e de uma maneira muito mais sustentável. Além disso, a tecnologia finalmente possibilita um histórico seguro de transações do movimento dos alimentos em cada parte do processo, alimentando uma crescente demanda por rastreabilidade em todos os níveis da cadeia de suprimentos. O caminho para a transformação digital: pavimentado com desafios Embora os benefícios possam ser infinitos, existem desafios significativos quando se trata de criar módulos que se conectam perfeitamente e compartilham dados continuamente. Isso inclui formatação de dados, protocolos de comunicação e design de rede compartilhada. Para oferecer isso, você precisa de um único grupo de tecnologia dedicado a essa tarefa e operar como parte das equipes de pesquisa e desenvolvimento que trabalham no equipamento de processo. Os fabricantes de equipamentos, sintonizados no futuro dos alimentos, já estão introduzindo um número maior de soluções integradas de sen-
sores e estão coletando uma ampla gama de dados. Isso incluirá a coleta de dados sobre o tamanho, qualidade e rendimento da batata. Outro aspeto importante é a padronização da conectividade e formatação de dados para garantir que as comparações de dados em tempo real possam ser visualizadas instantaneamente. Conectividade, sistemas de circuito fechado e processos circulares Classificadores de produtos inteiros podem ver todas as batatas. Essa deteção está ocorrendo no produtor antes de chegar ao processador. O agricultor está retirando as batatas do campo e, em seguida, concluindo uma classificação de qualidade, defeito e tamanho antes de partir. O mesmo produto é inspecionado nas instalações de armazenamento e processamento. Os dados coletados para cada peça de matéria-prima estão presentes, mas quando você tem o mesmo formato de coleta de dados e uma rede comum para compartilhar-los, esses dados podem ser usados não apenas para avaliar a configuração de processamento necessária, mas para rastrear o produto à sua fonte. A conectividade não apenas de classificadores, mas a conectividade de classificadores com outros equipamentos de processamento é outro grande passo que vemos. Os descascadores a vapor sempre foram controlados por dispositivos PLC extremamente robustos e confiáveis, mas com capacidade limitada em termos de análise de dados. A introdução de um módulo de descascador a vapor que conecta a linha de descascamento e o classificador apresenta ao processador uma imagem mais completa do processo. A integração dos módulos permite a introdução do controle de malha fechada, um elemento necessário para fornecer maior rendimento e menor desperdício. Os descascadores de vapor controlam a taxa de fluxo de linha das batatas em um estágio importante do processo alimentar, proporcionando a maneira mais eficiente de remo-
ver a pele. Classificadores ópticos de produtos inteiros analisam o resultado do processo de descascamento a vapor e em 2 minutos ajustam o descascador, para evitar desperdícios e uso desnecessário de vapor. Os mesmos classificadores também classificam o produto em termos de qualidade e tamanho e usam uma unidade de “repeel” para garantir que a saída final da solução integrada esteja conforme as expectativas dos clientes. A criação de um registro digital de todos os alimentos que entram nas instalações de processamento ainda está engatinhando. Empresas como a TOMRA Food, que fornecem classificadores em todas as etapas do processo, agora têm a oportunidade de desempenhar um papel central na transformação digital da indústria de processamento de alimentos, fornecendo soluções digitais integradas que incluem os sensores necessários, conectividade e coleta de dados que, juntos, ajudarão a alimentar a revolução da alimentação inteligente. Os descascadores de alimentos a vapor da TOMRA estão instalados nas principais plantas de processamento de batatas e vegetais do mundo. A TOMRA oferece uma ampla gama de soluções. A Paturpat, empresa espanhola especializada na preparação e comercialização de batatas no vapor, optou pelo descascador a vapor Orbit, da TOMRA Food, pelas vantagens que oferece no processo e no resultado final. “A possibilidade de trabalhar com menos de 12 bars foi uma vantagem decisiva para escolher a TOMRA em relação a outros descascadores. Além disso, o descascador Orbit 250I permite ajustar os tempos e o vapor para que o descascamento seja realizado sem atingir o cozimento que deve ser feito na próxima etapa. Essa vantagem é fundamental para nós, pois, após realizar diferentes estudos de P&D, não queríamos começar a cozinhar a batata na área de descascamento. E, das opções que estamos considerando, foi a TOMRA que nos ofereceu essa vantagem”, conclui Iratxe Arce, diretor de produção de Paturpat. REVISTA 100% CAIPIRA | 39
FLORICULTURA
40 | REVISTA 100% CAIPIRA
REVISTA 100% CAIPIRA | 41
FEIRAS E EVENTOS
Com mensagem de integração, 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, encerra edição superando expectativas 1 . 9 0 0 mu l h e re s d e t o d o o B r a s i l e d e out ro s p a í s e s l ot a r a m o s c or re d ore s d o Tr a n s a m e r i c a E x p o C e nt e r, e c on f i r m a r a m o e v e nt o c om o o m a i s i mp or t a nt e d o s e t or p a r a o d e s e nv o l v i m e nt o e d e b at e d a mu l h e r n o a g ron e g ó cio O C N M A - C on g re s s o Na c i on a l d a s Mu l h e re s d o Ag ro n e g ó c i o e n c e r rou s u a 4 ª e d i ç ã o c om re s u lt a d o s e x t r a ord i n á r i o s . O e v e nt o, qu e f oi re a l i z a d o n o s d i a s 8 e 9 d e out u bro, n o Tr a n s a m e r i c a E x p o C e nt e r e m S ã o Pau l o, re c e b e u 1 . 9 0 0 c on g re s s i s t a s qu e s e re u n i r a m p a r a d e b at e r o t e m a “Ag i r – Aç ã o G l o b a l : Int e g r a ç ã o d e R e d e s”, q u e n or t e ou a pro g r a m a ç ã o d o e n c ont ro. 42 | REVISTA 100% CAIPIRA
D u r a nt e d oi s d i a s a s p a r t i c i p a nt e s a c omp a n h a r a m u m a s é r i e d e a ç õ e s qu e d e s t a c a r a m a c ont r i bu i ç ã o d a s mu l h e re s c om o a c e l e r a d or a s d a s i n ov a ç õ e s qu e c on du z e m o a g ron e g ó c i o n o B r a s i l e n o mu n d o. For a m c i n c o p a i n é i s , oit o A re n a s d e C on h e c i m e nt o, 1 ª e d i ç ã o d o # M i n h a Vo z No Ag ro, 2 º P rê m i o Mu l h e re s d o Ag ro, R o d a d a s d e Ne g ó c i o Na c i on a l e Int e rn a c i on a l , l a n ç a m e nt o d o L i v ro Mu l h e re s d o Ag ron e g ó c i o, d e n t re out r a s . “C om a pre s e n ç a c a d a v e z m a i s m a rc a nt e d a mu l h e r e m p o s i ç õ e s d e i mp or t â n c i a n o s e t or, t e m o s n o C on g re s s o u m a op or tu n i d a d e d e re u n i r e s s a s re pre s e nt a nt e s e prom ov e r u m e s p a ç o p a r a d e b a -
t e s e , pr i n c ip a l m e nt e ou v i - l a s , v i s a n d o e nt e n d e r qu a i s s ã o s e u s o bj e t i v o s e a n g ú s t i a s”, d e s t a c ou a S h ow Ma n a g e r d o C N M A , R e n at a C a m a r g o. Pa r a A l e x a n d re Ma rc i l i o, d i re t or d o Tr a n s a m e r i c a E x p o C e nt e r, o C N M A re pre s e nt a u m e s p a ç o d e m o c r át i c o n o qu a l a s mu l h e re s p o d e m e n f at i z a r a s u a i mp or t â n c i a n o a g ron e g ó c i o, prom ov e n d o a t ro c a d e e x p e r i ê n c i a s e i nt e g r a n d o e s s a re d e . “Po d e m o s d i z e r qu e o C on g re s s o t e m re n d i d o b on s e i mp or t a nt e s f r ut o s . Te m o s s e g u i d o c om s u c e s s o a n o s s a m i s s ã o d e prom o v e r u m a mbi e nt e d e d e b at e e nt re a s prot a g on i s t a s d e s t e s e t or, t ã o i mp or t a nt e p a r a o n o s s o p a í s”.
REVISTA 100% CAIPIRA43 |
ARTIGO
44| REVISTA 100% CAIPIRA
REVISTA 100% CAIPIRA45 |
GESTÃO
46 | REVISTA 100% CAIPIRA
REVISTA 100% CAIPIRA47 |
RECEITAS CAIPIRAS
48| REVISTA 100% CAIPIRA
Bolinho de ora-pro-nóbis INGREDIENTES
50 g de ora-pro-nóbis 1 tomate picado 1/2 cebola picada 1/2 cenoura ralada
1/2 xícara de arroz cozido 2 ovos 1/2 colher (chá) de fermento em pó sal e pimenta-do-reino a gosto 1 xícara de farinha de trigo
PREPARO Bata os ovos e as folhas de ora-pro-nóbis, já lavadas, em um liquidificador. Com a mistura pronta, junte o tomate, a cebola, a cenoura e o arroz cozido. Misture tudo muito bem e adicione a farinha de trigo aos poucos. Mexa com cuidado até formar uma massa. Coloque o fermento em pó, o sal e a pimenta. Dica: você pode incrementar com outros temperos. Mexa novamente e com a ajuda de uma colher, faça bolinhas. Frite-as em 1 litro de óleo quente. REVISTA 100% CAIPIRA | 49
50 | REVISTA 100% CAIPIRA
REVISTA 100% CAIPIRA |51
Onde seu cavalo ĂŠ mais feliz
Baias amplas e higienizadas Pista de treino Ambiente familiar Transporte especializado de animais
Rodovia Arthur Matheus km 2,5 Santa Isabel Fone: (11) 96404-7694 | REVISTA 100% CAIPIRA