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A CAMINHADA DE DAVID HERTZ

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MANIA DE CARRINHOS

MANIA DE CARRINHOS

MOTIVA, EMOTIVA, EM MOVIMENTO: A CAMINHADA DE DAVID HERTZ

Por Ana Augusta Rocha Fotos Angelo Dal Bó

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O taoísmo é uma doutrina ou filosofia de vida nascida na China há quase 6 séculos antes de Cristo. Influenciou culturalmente o Oriente e o Ocidente desde então. Um pequenino livro, com pouco mais de 4 laudas e escrito por alguém que não temos certeza sequer se existiu com este nome – Lao Tze –, é em si mesmo um assombro. Esse livro diminuto mostra que mesmo algo tão pequeno pode guardar em si um caminho gigante. Dentro de suas páginas, algumas frases, aparentemente singelas, são tão vastas que é difícil vislumbrar suas bordas.

Entre muitas sutilezas e belezas, essa filosofia oriental entende que opostos não são inconciliáveis. Ao contrário, são interdependentes. Esses textos tão antigos afirmam que somente se deixando ir é possível ficar. Ou que ao nos perdermos podemos, enfim, nos encontrar.

Então, agora pense em alguém pequeno diante da vastidão do mundo. Esse era David Hertz aos 18 anos. Depois de terminar o ensino médio em Curitiba, Paraná, havia partido para um kibutz, projeto de agricultura coletiva em Israel (um caminho comum para um rapaz de origem judaica), onde as tarefas mais singelas, como a ordenha de vacas e a limpeza, faziam seu dia-a-dia de serviços. Terminado seu tempo ali, já na hora de voltar ao Brasil e ajudar seu pai nos negócios, o rapaz com cara de anjo e temperamento doce discorda do óbvio e afirma que precisa encontrar um novo caminho para sua vida – decide se perder pelo mundo. E começa aí uma “peregrinação” que duraria sete anos e o levaria a inúmeros países, meio que sem destino mesmo.

Sem propósito definido seguiu o rapaz. O taoísmo diria que o vazio é cheio de possibilidades... quem duvida?

Na Índia David fascina-se pelo sagrado revestindo tudo – cada jeito e cada gesto. E pela grandiosidade (que o Ocidente muitas vezes lê como pequenez) inerente ao ato de servir. Na Tailândia, vive o encontro da explosão dos sabores e as muitas possibilidades de brincar com os temperos e com os temperamentos. Chegando ao Canadá, vislumbra uma realidade que lhe parece um sonho: todo trabalho é visto como digno. Com essas três sínteses em seu ser – serviço, sabor e dignidade humana –, chega de volta ao Brasil no final desse setênio peregrino. Estuda e forma-se em gastronomia no SENAC, e começa a trabalhar num restaurante da moda em São Paulo. E é somente aí, quase aos 30 anos, que começa esta história que vamos contar. Ou melhor dizendo: somente aos quase 30 anos quando, talvez, pela voz comum, já fosse tarde para definir seus rumos, ele dá início a um movimento que mudaria o caminho, não somente dele mesmo, como de dezenas de milhares de pessoas. “Voltei ao Brasil e sabia que queria reunir numa receita de vida, gente, comida e culturas”, sintetiza. Em 2006 o chef deixa sua posição no renomado restaurante paulista e começa um projeto social em sua própria cozinha. Nasce assim a Gastromotiva em São Paulo. Mas você pode chamar de Gastroemotiva e, por que não, Gastrolocomotiva. Sem brincadeira gratuita com palavras. A Gastromotiva é um movimento, hoje internacional, e um negócio social que movimenta a uma velocidade considerável milhares de jovens pelo mundo.

Nasceu inspirada no conceito do “alimento como agente de transformação”. Essa transformação fica sediada em cozinhas-escola atualmente nas cidades de São Paulo (fundada em 2006), no Rio de Janeiro (desde 2013), Curitiba (2016) e inspira mais capitais do mundo como Cidade do México, San Salvador, Cidade do Cabo, além de outras na América Latina, pois vários países do mundo têm se interessado pela metodologia da Gastromotiva.

“Nosso movimento proporciona a jovens de baixa renda acesso a cursos profissionalizantes. Durante nove meses, os alunos aprendem técnicas gastronômicas. Inicialmente ninguém pega nas panelas, as matérias envolvem o desenvolvimento pessoal e a cidadania. Vão desde conhecimento sobre nutrição, português e história do Brasil. Somente depois desse mergulho em si mesmo e numa visão de mundo ampla é que são levados para as aulas práticas”, explica. E mais que conhecimento, os alunos são estimulados ao empreendedorismo. “O que falta no ensino de gastronomia no país é uma visão maior de administração e empreendedorismo”, complementa. A Capacitação Profissional em Cozinha atende jovens de 17 a 35 anos, com renda familiar de até três salários mínimos, sem qualificação profissional, porém com alto potencial e em busca de oportunidades de trabalho. De 2007 até hoje formou mais de 3.500 pessoas entre São Paulo, Rio, Salvador, Curitiba, Cidade do México, San Salvador e Cidade do Cabo, atingindo um índice de 80% de empregabilidade, no decorrer de um ano após o término do curso de auxiliar de cozinha.

“O sucesso da Gastromitova é, sobretudo, por conta de uma metodologia colaborativa. Os alunos que passam pelos cursos são disseminadores do projeto. Nosso trabalho final, o TAC (Trabalho de Ação nas Comunidades), é um exemplo. Os alunos desenvolvem um projeto no qual replicam o que aprenderam e se tornam multiplicadores em suas comunidades, levando conhecimento e inf ormação prática ao redor da gastronomia sustentável e social, para que outras ONGs e escolas possam colocar em prática o aprendizado”, complementa.

A pergunta está no site da iniciativa (www.gastromotiva.org): “Muita gente quer ajudar a melhorar o país e não sabe como. A gastronomia e o setor de alimentos e bebidas têm um imenso potencial de transformação: movimentam 9,3% do PIB brasileiro, segundo dados de 2011 da ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação); é um dos maiores empregadores nos grandes centros além de ser um universo rico para o desenvolvimento humano. Então, por que não usar o poder da gastronomia, a comida e todos os seus elementos para transformar a sociedade, unir as pessoas e ajudar a diminuir a desigualdade social?”.

Em 2016, ano das Olimpíadas do Rio, David deu mais um passo de ousadia nessa direção do alimento como criador de momentos de transformação. Em parceria com o chef italiano Massimo Bottura, do Osteria Francescana de Módena, restaurante três estrelas Michelin e considerado em 2016 o melhor do mundo, montaram junto com Alexandra Forbes, jornalista de gastronomia da Folha de São Paulo, o Refettorio Gastromotiva, no Rio de Janeiro. Massimo Bottura havia criado o projeto apenas um ano antes em sua cidade natal, Módena. O conceito é abrir refeitórios coletivos onde chefs renomados e voluntários servem alimentos a quem não tem a garantia de refeições, como moradores de rua e pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Complementando o círculo virtuoso, os ingredientes vêm de excedentes de produtores agrícolas e da indústria, que certamente seriam descartados.

Os Refettorios (há ainda um terceiro em Londres) têm mais uma característica que é pilar do projeto: são lugares muito bonitos, bem decorados e confortáveis (o do Rio de Janeiro, situado na Lapa, teve curadoria do artista plástico Vik Muniz e tem móveis dos Irmãos Campana, por exemplo). Uma iniciativa que redefine o papel dos refeitórios comunitários e que convida não somente profissionais renomados, mas também a população (na forma do voluntariado) a servir a quem precisa. E fazer do momento do alimento uma celebração da dignidade humana.

“Não basta a comida ser boa, ela tem de fazer bem para a sociedade”, convoca David Hertz. “Buscamos um mundo mais inclusivo, com menos desperdício e mais igualdade entre as pessoas”, conclui.

Os excedentes de alimentos no Brasil poderiam alimentar anualmente 27 milhões de pessoas. E temos hoje no país a dura realidade de 7 milhões de pessoas que passam fome. Lado a lado com este triste quadro temos ainda o cenário da alimentação errada e pouco nutritiva que assola os centro urbanos, criando uma população marcada pelo sobrepeso e outras mazelas de saúde.

Para todas estas questões olha David Hertz. Para o combate ao desperdício, para a formação de pessoas pelas vias da gastronomia, para uma educação alimentar no país e para trazer alimentos e acolhimento a pessoas em estado de vulnerabilidade social. Os números são generosos: • mais de 3.500 alunos de baixa renda formados; • mais de 100.000 pratos servidos no Refettorio Gastromotiva; • mais de 75 mil quilos de alimento resgatado para uso; • presença de cerca de 500 chefs do mundo nas escolas Gastromotiva; • cerca de 5.000 voluntários envolvidos.

Alimento é sentimento, lembra David. Um sentimento comum a todos nós, que nos liga em essencialidade. Pois sem comida ninguém vive. Talvez nosso papel, de cada um que vier a ler esta matéria, seja pensar neste momento em como replicar em pequena, média ou larga escala as ideias de David Hertz. Como voluntário, apoiador ou patrocinador. Em tempo: no site é possível doar mensalmente, se comprometer com trabalhos ou até ajudar a viabilizar projetos maiores. É uma questão de respeito, oportunidade e simplesmente acreditar que a vida merece ter mais sabor. Não apenas para si mesmo, mas para muitas mais pessoas.

Contatos:

Rua da Lapa 108 - Lapa - Rio de Janeiro 20021-180 gastromotiva@gastromotiva.org +55 (21) 4141-1367 ou +55 (21) 4109-0016

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BRUNO SENNA E McLAREN SENNA GTR:

ESTRELAS NA INAUGURAÇÃO DA EUROBIKE McLAREN SÃO PAULO

Bruno Senna, piloto de testes da McLaren Automotive, e Andreas Bareis, diretor administrativo da McLaren para Oriente Médio, África e América Latina, estiveram na inauguração oficial da Eurobike McLaren. O destaque foi a apresentação brasileira do novo McLaren Senna GTR Concept

Por Luiz Alberto Pandini Fotos Divulgação

A McLaren Automotive, fabricante britânica de carros esportivos de luxo e supercarros, dá sequência à expansão de sua rede global na América Latina com a abertura de sua mais recente concessionária em São Paulo.

A instalação, localizada no bairro Vila Olímpia, foi cuidadosamente projetada para atender aos exigentes padrões e atenção aos detalhes da McLaren. O showroom de última geração exibirá a linha completa de carros de alto desempenho da McLaren, incluindo o novo 720S, assim como os modelos Sports Series.

O evento de lançamento foi apresentado por Andreas Bareis, diretor-geral da McLaren Oriente Médio, África e América Latina, e Henry Visconde, proprietário da Eurobike, importador e revendedor oficial da McLaren.

Cerca de 200 convidados participaram da inauguração do showroom. O McLaren Senna GTR Concept, a mais recente adição da McLaren à Ultimate Series, foi apresentado pela primeira vez no Brasil, como destaque da noite. A marca tem uma longa associação com o tricampeão mundial Ayrton Senna, que conquistou todos seus títulos ao volante de uma McLaren. O carro foi inspirado em sua homenagem e desenvolvido por seu sobrinho e piloto de testes da McLaren

Na página anterior, o showroom Eurobike McLaren São Paulo, Henry Visconde e Bruno Senna Acima, o McLaren Senna GTR À esquerda, Andreas Bareis, diretor-geral da McLaren Oriente Médio, África e América Latina

Nessa página, no alto o McLaren 570 GT Acima, o McLaren 570S Coupé Na página à direita, no alto, o McLaren 720S

Automotive, Bruno Senna, que também foi convidado de honra na inauguração.

“Desde sua criação, a McLaren Automotive investe continuamente em seu futuro. O Brasil é o próximo passo lógico, dados os ambiciosos planos de crescimento da McLaren na América Latina. Já estamos representados com sucesso em dois outros locais latino-americanos – em Santiago do Chile e na Cidade do México”, comenta Andreas Bareis.

“Para ter sucesso, concessionários fortes como a Eurobike aqui no Brasil são tão importantes quanto ter produtos de classe mundial. Gostaríamos de agradecer a toda a equipe por seu compromisso contínuo com a crescente família McLaren”, continua.

“Estamos extremamente orgulhosos por termos nos tornado o parceiro oficial da McLaren Automotive no Brasil. A Eurobike está comprometida em superar as expectativas dos clientes, oferecendo um serviço personalizado de acordo com a

marca McLaren. Estamos confiantes de que, com nossa experiência e forte histórico, a Eurobike certamente levará a McLaren ao próximo nível na América Latina. Estamos especialmente honrados em ter Bruno Senna aqui conosco para a inauguração oficial”, diz Henry Visconde.

“Fiel ao seu nome, o McLaren Senna é o carro mais radical já aprovado para circulação em estradas que a McLaren construiu. O McLaren Senna GTR é a versão exclusivamente para pista do McLaren Senna, com ainda mais potência, mais torque e mais downforce que seu irmão legalizado para as estradas. Ele se vangloria de ter os tempos de volta mais rápidos da história da McLaren, com exceção dos Fórmula 1. É um prazer vê-lo aqui hoje no Brasil, honrando o nome que ostenta: Senna”, afirma Bruno Senna.

O novo showroom da McLaren São Paulo tem mais de 400 m² e capacidade para expor até quatro carros, tendo espaço complementar no mezanino para os carros seminovos McLaren Qualified, além de instalações de serviço, com três estações de trabalho.

EMOÇÃO

24. McLaren 720S

36. Um patamar bem mais alto

38. Jaguar E-Pace, o SUV compacto

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