Relatório Projeto BOX CDs Rita Lee

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FACULDADE DE DESIGN

EDUARDO ALBRING WAHLBRINK

BOX CDS RITA LEE: EDIÇÃO ESPECIAL PARA COLECIONADOR

PORTO ALEGRE 2016


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EDUARDO ALBRING WAHLBRINK

BOX CDS RITA LEE: EDIÇÃO ESPECIAL PARA COLECIONADOR

Relatório de Prática do Projeto Final da disciplina de Introdução ao Projeto Gráfico apresentado à Faculdade de Design do Centro Universitário Ritter dos Reis, como requisito parcial para aprovação na disciplina supracitada. Professores Orientadores: André Giron Bernaud e Júlio Cesar Caetano da Silva

PORTO ALEGRE 2016


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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .................................................................................... 05 RESUMO...................................................................................................... 07 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 08 CAPÍTULO 1: PROJETO DE PESQUISA ................................................... 09 1.1 TEMA ..................................................................................................... 09 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ...................................................................... 09 1.3 OBJETIVOS ........................................................................................... 09 1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................... 09 1.3.2 Objetivos Específicos ....................................................................... 10 1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 10 1.5 METODOLOGIA ..................................................................................... 11 1.6 CRONOGRAMA ..................................................................................... 11 CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO ................................................... 12 2.1 BOX ........................................................................................................ 12 2.2 ESTADO DA ARTE DOS BOXES PARA COLECIONADORES............. 12 2.3 RITA LEE E OS GÊNEROS MUSICAIS ................................................. 20 2.4 ROCK „N‟ ROLL E ROCK PSICODÉLICO ............................................. 21 2.5 BOSSA NOVA E TROPICALISMO ........................................................ 22 2.6 BIOGRAFIA RITA LEE ........................................................................... 21 2.7 DISCOGRAFIA RITA LEE ...................................................................... 26 CAPÍTULO 3: DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ................................. 30 3.1 CONCEITO ............................................................................................ 30 3.2 RECORTE - SELEÇÃO DE MÚSICAS PARA OS CDS ......................... 32 3.3 PAINÉIS SEMÂNTICOS......................................................................... 32 3.4 ALTERNATIVAS .................................................................................... 36 3.5 GRID ...................................................................................................... 40 3.6 TIPOGRAFIA.......................................................................................... 42 3.7 CORES................................................................................................... 43 3.8 DESENVOLVIMENTO DAS PEÇAS ...................................................... 45 3.9 MÍDIAS ................................................................................................... 49 CONCLUSÃO .............................................................................................. 52


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 53


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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: Box Caetano Veloso ................................................................ 14 FIGURA 02: Box Elis Regina........................................................................ 14 FIGURA 03: Box Djavan .............................................................................. 14 FIGURA 04: Box Legião Urbana .................................................................. 15 FIGURA 05: Box Tim Maia ........................................................................... 15 FIGURA 06: Box Rita Lee ............................................................................ 15 FIGURA 07: Box CD David Byrne e Brian End ............................................ 16 FIGURA 08: Box KISS ................................................................................. 16 FIGURA 09: Box Iron Maiden ....................................................................... 16 FIGURA 10: Box CD Rolling Stones ............................................................ 17 FIGURA 11: Box Queen ............................................................................... 17 FIGURA 12: Box Hotel Côstes ..................................................................... 18 FIGURA 13: Box CD Vonnegut Dollhouse ................................................... 18 FIGURA 14: CD Beyoncé Visual (2013) ....................................................... 19 FIGURA 15: CD Beyoncé LEMONADE (2016) ............................................ 19 FIGURA 16: Linha do Tempo Discografia Rita Lee ...................................... 28 FIGURA 17: Painel Semântico Rita Lee ....................................................... 33 FIGURA 18: Painel Semântico Rita Lee FORMOSA .................................... 33 FIGURA 19: Painel Semântico Rita Lee APAIXONADA .............................. 34 FIGURA 20: Painel Semântico Rita Lee AUDACIOSA ................................. 34 FIGURA 21: Painel Semântico Rita Lee ROCK „N‟ ROLL ............................ 34 FIGURA 22: Painel Semântico Rita Lee OVELHA NEGRA ......................... 35 FIGURA 23: Testes de encartes e embalagens ........................................... 35 FIGURA 24: Foto Rita Lee escolhida para capa do Box .............................. 36 FIGURA 25: Foto Rita Lee em processo de edição ..................................... 36 FIGURA 26: Módulos com ícones para ilustrar os CDS ............................... 37 FIGURA 27: Estudos iniciais de rótulos e encartes ...................................... 37 FIGURA 28: Estudos de tipografia, rótulos e ícones .................................... 38 FIGURA 29: Estudos iniciais de capas ......................................................... 38 FIGURA 30: Estudos iniciais de conjuntos ................................................... 38 FIGURA 31: Malha Estrutural e Diagramacional do projeto ......................... 39


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FIGURA 32: Aplicação das Malhas Estrutural e Diagramacional na diagramação do encarte .................................................................................................... 40 FIGURA 33: Aplicação das Malhas Estrutural e Diagramacional capa ........ 40 FIGURA 34: Aplicação das Malhas Estrutural e Diagramacional rótulo ....... 40 FIGURA 35: Aplicação das Malhas Estrutural e Diagramacional luva ......... 41 FIGURA 36: Fonte Corisande ...................................................................... 42 FIGURA 37: Fonte Bebas Neue ................................................................... 42 FIGURA 38: Estudos de cores 01 ................................................................ 43 FIGURA 39: Estudos de cores 02 ................................................................ 43 FIGURA 40: Estudos de cores 03 ................................................................ 43 FIGURA 41: Imposição das páginas do encarte cd Formosa....................... 44 FIGURA 42: Planificação do Box: luva externa dupla .................................. 45 FIGURA 43: Planificação do Box: luva externa produzida ........................... 45 FIGURA 44: Layout final das peças ............................................................. 46 FIGURA 45: Peças do Box finalizadas ......................................................... 47 FIGURA 46: Cartaz Lançamento Box Rita Lee Faces ................................. 48 FIGURA 47: Outdoor Lançamento Box Rita Lee Faces ............................... 49 FIGURA 48: Flyer Lançamento Box Rita Lee Faces .................................... 49 FIGURA 49: Banner Lançamento Box Rita Lee Faces ................................ 50 FIGURA 50: Display Lançamento Box Rita Lee Faces ................................ 50


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RESUMO

Muitos artistas que consolidaram uma carreira musical de sucesso são celebrados através de coletâneas ou boxes em edições especiais e limitadas. Esses artefatos são peças de bastante valor comercial e principalmente afetivo para fãs e colecionadores, que não medem esforços para adquirir um exemplar do Box de seu artista preferido. Dessa forma, este trabalho trata do desenvolvimento de um projeto gráfico para Box fictício alusivo à artista Rita Lee, um dos grandes nomes do rock nacional e um ícone da Música Popular Brasileira. O primeiro capítulo apresenta o tema e os objetivos pretendidos com este projeto, enquanto que o segundo capítulo traz de forma sistematizada um estudo sobre a artista e os estilos musicais que fizeram parte da história nacional e foram contemporâneos das canções de Rita Lee. Por fim, o terceiro capítulo apresenta os resultados obtidos a partir do conceito e do projeto gráfico desenvolvido para a confecção dos protótipos dos CDs, embalagens, encartes e o Box, bem como as mídias utilizadas para a divulgação do lançamento do material. Palavras chaves: Box. CDs. Rock Nacional. Rita Lee.


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INTRODUÇÃO

Quando se fala em rock nacional um dos primeiros nomes a ser mencionado é o de Rita Lee. A cantora paulistana que iniciou sua carreia musical nos tempos de escola, na década de 1960, ainda hoje é considerada uma das principais artistas deste gênero musical no país. Rita sempre foi uma mulher politizada, uma cidadã consciente de seu papel e da influência que suas músicas tiveram em diferentes períodos da sociedade brasileira. No entanto, além de ser uma estrela do rock que questiona padrões e transpõem barreiras, por vezes Rita também mostrou um lado mais sensível e delicado, que proporcionava uma combinação perfeita de sua essência feminina com sua postura de mulher intensa, astuta e corajosa.

Ao longo de mais de quatro décadas de trajetória na música, Rita Lee conquistou milhões de fãs no Brasil e no exterior. Muitos CDs e DVDs da artista já foram lançados e movimentaram o mercado fonográfico, mas até hoje, somente um Box especial foi produzido. Diante disso, considerando a proposta do trabalho final da disciplina de Introdução ao Projeto Gráfico da Faculdade de Design do Centro Universitário Ritter dos Reis, realizou-se um projeto experimental de um novo Box que celebra a carreira de Rita Lee e reúne seus principais sucessos em cinco CDs.

Sendo assim, este trabalho foi divido em três etapas que conduziram a realização do projeto: no Capítulo 1 desenvolveu-se o projeto de pesquisa, através do qual se definiu o tema e o início das pesquisas. No Capítulo 2 realizou-se o aprofundamento dos estudos sobre a artista e o meio musical em que ela está inserida e por fim, o Capítulo 3 foi produzido a partir da elaboração de um conceito e da descrição das práticas desenvolvidas para a concretização do projeto.


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CAPÍTULO 1: PROJETO DE PESQUISA

1.1 TEMA

Box CDs Rita Lee: Edição Especial para Colecionador.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Através da disciplina de Introdução ao Projeto Gráfico da Faculdade de Design Gráfico, do Centro Universitário Ritter dos Reis, realizou-se como prática final do terceiro semestre, o planejamento e a confecção de um Box de CDs fictício com tema da MPB – Rock Nacional: Rita Lee, para colecionadores desse tipo de artefato.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Com a finalidade de desenvolver as habilidades projetuais e manuais, bem com colocar em prática as teorias que foram ensinadas no decorrer da disciplina de Introdução ao Projeto Gráfico, pretendeu-se realizar o planejamento visual gráfico e a confecção artesanal de um Box de CDs da artista Rita Lee, juntamente com peças para simular o lançamento comercial do mesmo.


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1.3.2 Objetivos Específicos 

Realizar pesquisa sobre o artefato box para compreender sua forma e função como peça de coleção;

Pesquisar exemplos e identificar os fatores projetuais que tornam os boxes um estado da arte;

Pesquisar sobre a biografia e a discografia da artista Rita Lee;

Realizar pesquisa bibliográfica a respeito da Música Popular Brasileira e o Rock Nacional: origens, influências e período histórico relacionado à carreira de Rita Lee;

Realizar a análise gráfica das capas dos discos e CDs de Rita Lee para identificar quais os elementos que formam a identidade visual dos materiais;

Desenvolver um conceito para a geração de alternativas adequadas para o projeto gráfico.

1.4 JUSTIFICATIVA

A dedicação com a música e a originalidade de Rita Lee fizeram dela uma das grandes estrelas do rock brasileiro. Seu estilo, caracterizado por cabelos e óculos coloridos, é uma de suas marcas registradas que influencia a moda e o comportamento de muitas pessoas. Rita para sempre será lembrada como a “Ovelha Negra”, a mulher ousada e irreverente que fala o que pensa e canta o que sente. Grande parte de suas composições e muitas das versões e interpretações que fez ao longo de sua carreira, são até hoje ouvidas e cantadas por fãs em todas as partes do mundo. O grande sucesso de Rita Lee e a existência de um único Box de CDs especial possibilitou o desenvolvimento do tema apresentado no inicio deste capítulo para projetar e confeccionar um novo Box exclusivo para celebrar a artista.


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1.5 METODOLOGIA

Para a realização deste projeto foram realizadas pesquisas qualitativas em bibliografias, revistas e em meios eletrônicos, com a intenção de reunir informações relevantes para o tema do Projeto, e que possibilitaram também, um melhor entendimento dos assuntos relacionados à Musica Popular Brasileira e os métodos projetuais para artefatos de coleção.

1.6 CRONOGRAMA

O desenvolvimento deste projeto foi realizado em três etapas principais aqui descritas nos Capítulos 1,2 e 3. No entanto, no decorrer do projeto foram realizadas etapas intermediárias de apresentações e assessoramentos que foram de fundamental importância para se chegar ao resultado que será apresentado nas páginas seguintes. Abaixo segue cronograma demonstrativo.

CRONOGRAMA DO PROJETO BOX RITA LEE ATIVIDADE

DATA PREVISTA

REALIZAÇÃO

Sorteio do Tema Artista

19/04/2016

19/04/2016

Início das Pesquisas

19/04/2016

19/04/2016

Apresentação da Pesquisa inicial

29/04/2016

29/04/2016

Análise Gráfica da Discografia

06/05/2016

06/05/2016

Definição do Conceito

17/05/2016

17/05/2016

Início do Projeto

17/05/2016

20/05/2016

Entrega Final do projeto

08/07/2016

08/07/2016


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CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRIO

Este capítulo do relatório foi desenvolvido através das pesquisas realizadas em bibliografias e meios eletrônicos para melhor compreensão dos assuntos relacionados ao projeto, especialmente sobre a artista Rita Lee, Música Popular Brasileira e o estilo musical rock. Também foram realizados estudos sobre o artefato a ser confeccionado e os diferentes estilos musicais relacionados ao tema.

2.1 BOX

Os boxes de CDs, DVDs ou livros, são embalagens personalizadas que comportam um ou mais volumes de uma obra musical, audiovisual ou literária, podendo ser apresentados em coleções ou edições especiais. Geralmente os boxes têm formato retangular ou cúbico, e por esse motivo receberam essa denominação proveniente da língua inglesa (box - caixa).

Especialmente nos boxes de Cds, os projetos gráficos são bastante amplos e transmitem de forma unificada os elementos visuais e as referências que deram origem ao conceito de cada peça. A maioria dos produtos comercializados apresenta características que fazem parte da identidade do artista ou de algum período de sua carreira, que são facilmente identificados pelo público.

A indústria gráfica que dá forma aos projetos vem sendo constantemente aprimorada e o surgimento de novas tecnologias possibilita os mais diversos tipos de formatos, pigmentos e acabamentos. Com essa variedade de matérias-primas e


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diferentes processos de produção, os boxes se tornaram mais que um mero produto vinculado ao artista, muitos podem ser considerados verdadeiras obras de arte, que são cobiçados e colecionados não somente pelos fãs, mas por muitas pessoas que apreciam a beleza de um projeto gráfico bem elaborado.

2.2 ESTADO DA ARTE DOS BOXES PARA COLECIONADORES

Muitos colecionadores e pessoas que apreciam um determinado artista ou o design gráfico de modo geral buscam constantemente por novos boxes que tenham algum diferencial ou que superem as suas expectativas em relação ao produto. Quanto melhor for o papel (suporte) e mais criteriosos forem os processos de e os acabamentos, mais atrativo será o produto final, aumentando assim também o seu valor de venda.

Apesar de o valor financeiro de um box ser parecido em diferentes lojas, o valor afetivo que cada indivíduo atribuiu a um determinado box pode ser inestimável. Um bom design é capaz de persuadir o expectador no primeiro contato visual e criar vínculos emocionais, que fazem com que o indivíduo não dê atenção ao preço e fique completamente realizado ao adquirir o produto.

Considerando que um box seja esplêndido, não somente pelo obra do artista mas, principalmente pelos fatores projetuais que o tornaram material, entende-se que este objeto tenha alcançado o estado da arte. Esta expressão refere-se ao que existe de mais belo relacionado a um determinado objeto e no caso do projeto dos boxes diz respeito aos melhores formatos, a melhor fotografia, as cores mais apropriadas, a tipografia mais adequada e os acabamentos que conferem à peça um visual capaz de encantar o expectador.

Abaixo, seguem algumas imagens de boxes que foram produzidos para artistas brasileiros e do exterior, que podem ser considerados o estado da arte por várias razões, especialmente pelo acabamento primoroso e pela unidade visual de todas as partes que compõem o box (cds, embalagem, encartes, brindes, etc.)


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FIGURA 01: Box Caetano Veloso. FONTE: http://www.saraiva.com.br

FIGURA 02: Box Elis Regina. FONTE: http://www.saraiva.com.br

FIGURA 03: Box Djavan. FONTE: http://www.saraiva.com.br


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FIGURA 04: Box Legião Urbana. FONTE: http://www.saraiva.com.br

FIGURA 05: Box Tim Maia. FONTE: http://screamyell.com.br/blog/2011/01/21/tim-mais-chega-ao-mercado-em-20-cds/

FIGURA 06: Box Rita Lee. FONTE:http://universalmusicfacil.com/rita-lee/


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FIGURA 07: Box CD David Byrne e Brian End. FONTE: http://www.sagmeisterwalsh.com/

FIGURA 08: Box KISS. FONTE:http://www.kissasylum.com/news/2012/11/18/kiss-release-casablanca-singles-1974-1982box-set/

FIGURA 09: Box Iron Maiden. FONTE: http://www.ironmaiden666.com.br/2014/06/mondadori-beast-collection-digipack.html


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FIGURA 10: Box CD Rolling Stones. FONTE: http://www.sagmeisterwalsh.com/

FIGURA 11: Box Queen. FONTE: http://www.ultimatequeen.co.uk/queen/discography/box-of-tricks.htm


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FIGURA 12: Box Hotel Côstes. FONTE: http://www.saraiva.com.br

FIGURA 13: Box CD Vonnegut Dollhouse. FONTE: http://adsoftheworld.com/media/ambient/cd_packaging?size=original


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Mesmo que este não seja o ponto principal do conceito de estado da arte, é válido comentar a respeito das questões políticas e sociais que alguns artistas abordam em seus álbuns e que são representadas nos encartes e boxes de cds, mesmo que de maneira subliminar. Em vários momentos da história do Brasil e de outros países, muitos artistas utilizaram a música e os discos/cd‟s (capas e encartes) para expressar opinião e posicionamento.

Um dos exemplos mais recentes é o da artista norte-americana Beyoncé que em seus dois últimos álbuns, Visual (2013) e Lemonade (2016), abordou assuntos como

o

empoderaento

da

mulher,

gênero,

raça,

padrões

estéticos

e

comportamentais. Nos dois álbuns o projeto gráfico é muito objetivo (poucos elementos) destacando fotografias muito bem produzidas que remetem aos temas inseridos nas letras das músicas.

FIGURA 14: CD Beyoncé Visual (2013). FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 15: CD Beyoncé LEMONADE (2016). FONTE: http://www.beyonce.com/


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2.3 RITA LEE E OS GÊNEROS MUSICAIS

Quando se fala em artistas brasileiros que são conhecidos pelo seu visual excêntrico ou pelas performances diferenciadas, um dos primeiros nomes citados é o de Rita Lee. A mulher de cabelos vermelhos, azuis, roxos ou platinados, que geralmente usava óculos de armação redonda e lentes coloridas e que há muitas décadas faz das suas músicas um cântico conhecido pela maioria dos brasileiros nascidos antes dos anos 2000.

Desde o início de sua carreira musical no início da década de 1960, quando fazia parte da banda Os Mutantes, Rita Lee se destacou pela sua irreverência e pela forma como interpretava as canções. No entanto, conforme MOTTA (2000, pág. 87), Rita Lee e Os Mutantes foram recebidos entre vaias e aplausos no Festival de Mmúsica da TV Record em 1967. O autor acrescenta: “Com toda a polêmica que incendiou, com aquela música e aquela letra, aquele arranjo, aqueles meninos cabeludos que tocavam muito bem, aquela lourinha maravilhosa que balançava os cabelos de seda e tocava pratos.” (MOTTA. 2000, pág. 87).

Muitos anos já se passaram desde que Rita Lee gravou seu primeiro álbum solo, intitulado Build it Up (1970), mas ainda hoje suas músicas - que compõem uma vasta discografia - são ouvidas nas rádios, na internet ou através dos cds e discos.

SEVERIANO (1998, pág 280), fala sobre o sucesso que Rita Lee alcançou no começo dos anos 80, quando lançou dois álbuns seguidos e manteve algumas faixas entre as mais tocadas nas rádios. O autor destaca a música Lança-Perfume, composta por Rita e Roberto de Carvalho: “...uma canção bem ao estilo da dupla Lee-Carvalho, a maliciosa “Lança-Perfume” faz a ligação entre o rock dançante e o carnaval, uma combinação havia muito almejada por nossos compositores.”

Considerando a importância desta artista para a história e a cultura do Brasil na sequência será tratado sobre os gêneros musicais pelos quais Rita Lee transitou, as influências que teve no comportamento e no estilo das pessoas e principalmente, sobre a sua obra musical.


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2.4 ROCK „N‟ ROLL E ROCK PSICODÉLICO

Apesar da carreira de Rita Lee ter sido trilhada por diversos estilos musicais, foi no rock que ela encontrou seu caminho. O Rock „N‟ Roll, que surgiu nos Estados Unidos entre as décadas de 1940 e 1950, é originário de alguns estilos afroamericanos e está estreitamente relacionado com questões sociais e raciais que marcaram a história norte-americana.

Não demorou muito para que esse novo estilo migrasse para outros continentes e se tornasse um dos principais estilos musicias de todos os tempos, que influenciou a moda, o estilo de vida e até a linguagem de diversos países. No Brasil, o rock „n‟ roll chegou a partir do final da década de 1950 e também esteve diretamente relacionado com questões sociais e políticas da época.

Durante o período do regime militar, alguns artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil foram exilados em outro país, mas deram continuidade aos seus projetos musicais e gravaram discos. Nos anos 60 surgiam novos artistas e bandas como Os Mutantes - da qual Rita Lee fez parte. Ney Matogrosso com “Os Secos e Molhados” e Raul Seixas também são pessoas importantes que surgiram no cenário musical pouco tempo depois.

WORMS (2002, pág. 127) explica que no início da década de 1970, a política cultural do regime militar deu preferência às manifestações artísticas do exterior. A indústria fonográfica nacional se empenhou para que os artistas brasileiros fossem travestidos em americanos, interpretando canções em inglês. Em 1975 foi realizado, na cidade do Rio de Janeiro, o “Hollywood Rock”, o primeiro festival de Rock brasileiro registrado no documentário “Ritmo Alucinante”. Junto com Os Mutantes, Rita Lee fez parte de um período muito importante do rock brasileiro, também influenciado pelo rock norte-americano, que ganhou notoriedade com o Festival de Woodstock (1967/1969) e ficou conhecido como rock psicodélico ou psicadélico. De acordo com WORMS (2002, pág. 127), o cenário do rock


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internacional estava sendo tomado pelo psicodelismo e o rock sinfônico e aqui no Brasil, Os Mutantes estavam aderindo ao estilo.

Esse

movimento

musical

de

abrangência

internacional

introduziu

características da música indiana e tentava, através do efeito sonoro de guitarras elétricas, teclados e instrumentos indianos, intensificar o efeito de alguns alucinógenos consumidos naquela época. Muitas letras faziam referência a temas esotéricos e à fantasia.

Nos anos seguintes o rock ganhou força e notoriedade em todas as regiões brasileiras, destacando as bandas Blitz, Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Legião Urbana, que assim como Rita Lee, são referências desse estilo no brasil. Nos anos 90 e 2000 muitas outras bandas foram surgindo e conquistando seu espaço no mercado musical, como por exemplo, Raimundos, CPM 22, Detonautas, Reação em Cadeia, Cachorro Grande, Nenhum de Nós e a cantora baiana Pitty, que se inspirou muito em Rita Lee.

2.5 BOSSA NOVA E TROPICALISMO

Tão importante quanto o rock, o Tropicalismo e antes desse a Bossa Nova, também fazem parte do alicerce sólido da carreira de muitos artistas. A Bossa Nova teve seu marco inicial no ano de 1958 quando foi lançado o compacto do violonista João Gilberto com composições próprias e também de Tom Jobim e Vinícius de Morais, e de acordo com WORMS (2002, pág. 73), foi na letra da música “Desafinado” que o termo Bossa Nova apareceu pela primeira vez.

Esse momento da MPB está associado ao crescimento das cidades brasileiras nos anos 50, quando o então presidente Juscelino Kubitschek almejava fazer a capital Brasília crescer cinco décadas em apenas cinco anos. Além do otimismo e das perspectivas de um Brasil mais próspero, a Bossa Nova também


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versava sobre temas leves e descompromissados, cantados de forma serena, com palavras bem pronunciadas e tom de voz ameno. “ A segunda grande fase da música popular brasileira começa com o surgimento da bossa nova, em 1958, e se estende ao final da era dos festivais, em 1972, passando pelo tropicalismo e outras tendências. É uma fase de renovação e modernização, que introduz novos estilos de composição, harmonização e interpretação, determinando uma apreciável mudança na linha evolutiva de nossa canção.” (SEVERIANO, 1998. pág 15).

O estilo fez grande sucesso no Brasil e no exterior, e ainda hoje é mundialmente conhecido como um dos maiores expoentes da cultura brasileira, embora tenha declinado nos anos 60, quando houve conflito ideológico entre os músicos que estavam sofrendo influência do jazz norte-americano e os que defendiam a reaproximação com artistas e gêneros locais, como o “samba do morro”, o baião e o xote nordestinos.

A década de 1960 iniciou com muitas transofrmações culturais no país e muitos artistas da pintura, da música e escritores começavam a traçar um novo panorama para a sociedade brasileira. A união de artistas da Bahia para o Festival da Música Popular Brasileira, promovido pela Rede Record em São Paulo (1967) e Globo no Rio de Janeiro (1968), deu origem a um novo estilo musical que se fez tão atuante quanto a Bossa Nova e ficou conhecido como Tropicalismo.

De acordo com a obra de SEVERIANO (1998, pág. 16), os baianos Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé, acompanhados do piauiense Torquato Neto, lançaram a tropicália ou o tropicalismo. O movimento poético-musical de vanguarda causou grande agitação cultural e influenciou na obra de diversos compositores, apesar de ter durado pouco tempo.

A tropicália recebeu influência de correntes artísticas estrangeiras e da cultura pop nacional e definiu traços comportamentais que confrontavam o regime militar instaurado no Brasil em 1960. Através da música, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e muitos outros artistas, interpretavam canções com mensagens e questionamentos relacionados ao regime, demonstrando o desejo de romper com o sistema.


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Visualmente, o Tropicalismo foi caracterizado pelos excessos: roupas muito coloridas, cabelos compridos e performances que protestavam contra a música brasileira tradicional. Os artistas deste movimento fizeram muito uso de paródias e por vezes debochavam dos seus antecessores. Houve uma mescla da cultura brega com o rock psicodélico, ao som de guitarras elétricas, violinos e berimbau.

Em 1968 a Tropicália aproximava-se do seu fim e a partir do ano seguinte, até por volta de 1974, o pós-tropicalismo expressou a frustração dos sonhos dos artistas e se caracterizou pela abordagem de temas mais tristes como a solidão e a derrota, por exemplo.

2.6 BIOGRAFIA RITA LEE

Nascida no dia 31 de dezembro de 1947 na cidade de São Paulo, Rita Lee Jones é a filha caçula do casal Charles Fenley Jones – imigraante norte-americano e Romilda Padula Jones – descendente de italianos. Desde pequena viveu no bairro da Vila Mariana e estudou no colégio paulistano francês Liceu Pasteur. Quando criança fez aulas de piano clássico, mas não tinha pretensão de seguir carreira musical. Suas primeiras influências musicais foram, segundo seu depoimento no documentário “Biografitti”, Carmem Miranda, Elvis Presley, Beatles, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Emilinha Borba, Dalva de Olivieira e Maysa.

Durante a adolescência, Rita se interessou mais pela música e começou a cantar e se apresentar em festivais escolares com o grupo “Tulio’s Trio”. Em 1963, com mais duas garotas, formou o conjunto Teenage. No ano seguinte as garotas conheceram um trio masculino (Wooden Faces) e se juntaram a eles para formar o Six Sided Rocckers, que depois passou a se chamar O‟Seis e gravou um disco compacto com duas músicas. Com a saída de três dos integrantes ficaram Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias que passaram a se chamar “Os Bruxos”, que posteriormente se tornaram Os Mutantes.


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A banda viveu o seu auge de 1966 a 1972 e é considerada por muitos a maior banda da história do rock nacional, devido a sua repercussão fora do Brasil naquela época. Em 1970, Rita Lee gravou seu primeiro disco intitulado Build Up, do qual seu primeiro single foi “José', uma versão do hino francês “Joseph” interpretado por Nara Leão. Dois anos mais tarde, um novo disco foi gravado com o título “Hoje é o Primeiro dia do Resto da Sua Vida”.

Após a separação dos Mutantes, Rita Lee ingressou em um projeto com a amiga Lucia Turnbull em 1973, que recebeu o nome de As Cilibrinas do Éden. Porém, a dupla se transformou na banda Tutti-Frutti com o ingresso de Luis Sérgio Carlini e Lee Marucci. Rita além de cantar tocava piano, gaita e violão. A música Fruto Proibido, lançada em 1975 pela Som Livre, alavancou a carreira de Rita Lee como cantora.

De 1979 até 1990, Rita firmou parceria com o músico Roberto de Carvalho e naquele período lançou vários discos que lhes deu reconhecimento internacional. Após uma separação temporária a dupla voltou a se unir e se dedicaram à carreira de Rita Lee, compondo diversas músicas e lançando novos discos com freqüência. No ano 2000 ela lançou o álbum “3001”, com grande destaque para a música Erva Venenosa. Em 2009, já com muitos sucessos que marcaram diferentes épocas da sua carreira, Rita Lee lançou um CD, gravado ao vivo no Multishow.

Pouco tempo depois Rita lançou o álbum Reza e iniciou uma das últimas turnês de sua carreira. Após longos anos de palco e shows, Rita Lee anunciou sua aposentadoria no showbusiness, mas continua atuando no cenário musical, além de escrever livros infantis e interpretar personagens em dublagens de filmes.


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2.7 DISCOGRAFIA RITA LEE

A discografia de Rita Lee é uma das mais diversificadas de toda a história da música brasileira, seu estilo único e híbrido permitiu que ela transitasse por diferentes gêneros e consolidasse uma carreira com muitos álbuns, cheios de personalidade e canções que marcaram a história do rock brasileiro e até hoje são hinos de muitas gerações. Abaixo segue linha do tempo com os discos e CDs gravados ao longo da carreira de Rita Lee.


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FIGURA 16: Linha do Tempo Discografia Rita Lee. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

Com base na análise1 das capas dos discos e CDs que Rita Lee gravou ao longo de sua carreira, foi possível reconhecer alguns elementos em comum que ajudaram a formar uma identidade visual da artista em relação aos materiais gráficos. Mais da metade (aproximadamente 66%) das capas foram produzidas com fotos (da artista, da banda ou produzidas). Além disso, constatou-se que o preto predominou em aproximadamente 46% das capas, seguido pela cor vermelho (26%). As fontes que mais estiveram presentes nas capas e encartes, respectivamente, foram do tipo fantasia (46%) e do tipo moderno (50%).

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Análise Gráfica das capas dos discos e CDs Rita Lee completa encontra-se no final deste Relatório, no Apêndice A.


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CAPÍTULO 3: DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

Neste capítulo do relatório serão apresentadas as práticas realizadas para o desenvolvimento do projeto gráfico e a confecção do box, iniciando pela explanação sobre o conceito desenvolvido para nortear a comunicação visual do artefato, os painéis semânticos e o recorte das músicas para compor cada um dos cds. Na sequência serão apresentados os procedimentos relacionados às teorias ensinadas durante a disciplina, que foram utilizadas para realizar o projeto.

3.1 CONCEITO

A artista Rita Lee é um ícone de estilo e de múltiplas facetas, pois desde o início de sua carreira musical junto dos Mutantes, ela se caracterizava de muitas maneiras e criou um estilo único de se apresentar. Posteriormente à sua saída da banda, a carreira solo trouxe à tona uma nova Rita: uma mulher audaciosa e cheia de malícia, que explorou ao máximo a figura feminina para mostrar que as mulheres são muito fortes, têm opinião e precisam defender o seu espaço.

Em um dos seus primeiros álbuns como artista solo - Fruto Proibido (1975) Rita já mostrou a que veio e o projeto gráfico do disco indicava o posicionamento da artista. A capa do disco Fruto Proibido foi um marco, pois além de ser considerado o melhor álbum de rock nacional de todos os tempos, também trouxe elementos visuais impactantes para a época. Na foto de capa, Rita aparece com um vestido fluído, pernas à mostra, meia de seda preta, sandália de salto alto, cigarrilha na mão


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direita e o pé sobre um teclado. Além da foto, são visíveis ao fundo vários ícones de maçã (o fruto proibido), formando uma textura em tons de cor de rosa que complementam a marca da artista.

O grande sucesso do álbum Fruto Proibido", cantado até hoje por diversas gerações é Ovelha Negra, uma canção de autoria de Rita Lee que trata da rebeldia e da transgressão. A ovelha negra da família pode ser a filha que confronta os pais, pode ser a mulher que confronta o homem, pode ser a esposa que se nega a viver à sombra do marido. Diversas ovelhas negras se identificaram com a canção e fizeram desta música um hino do rock nacional.

Esse ponto de partida fez com que Rita Lee trilhasse um caminho bastante importante para as mulheres no Brasil. Nos álbuns que seguiram sempre houve espaço para letras afiadas, com tons de sarcasmo e críticas explícitas ao papel das mulheres na sociedade. O álbum Rita Lee e Roberto de Carvalho (1983) emplacou o sucesso “Cor de Rosa Choque”, através do qual a artista trata das diferentes faces da mulher e de como ela pode ser forte. O refrão é um recado bem-humorado: “Por isso não provoque, é cor de rosa choque”. Anos mais tarde, em 1993, o álbum Rita Lee trouxe a música “Todas as mulheres do mundo”, onde novamente a artista elevou a figura feminina e com bastante acidez e bom humor fez jogos de palavras que reiteraram o poder e a força da mulher. Rita inclusive citou nesta canção o nome de Leila Diniz (25/03/45 – 14/06/72), uma artista carioca que ficou conhecida nacionalmente por ser uma mulher muito à frente de seu tempo, que escandalizou o país ao ir à praia grávida vestindo biquíni e falando sobre sexo em entrevistas.

Em 2003, outro álbum repercutiu muito com duas canções bastante irreverentes e que logo tomaram conta do cenário musical: Erva Venenosa e Pagu. Esta última, fazendo referência à Patrícia Rehder Galvão, escritora de São Paulo que militou em prol das mulheres e foi uma das primeiras mulheres a ser presa no país por motivos políticos.


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Considerando essas mulheres tão diversificadas que se encontram na pessoa de Rita Lee, definiu-se como conceito para o projeto do Box uma mulher plural, de vários estilos que se entrelaçam em uma mesma essência, nos sentimentos, na força e na astúcia para combater a repressão e defender os seus direitos.

Sendo assim, o box Rita Lee recebeu o nome FACES, para referenciar as diversas expressões das mulheres representadas por Rita e foi apresentado com imagens da artista e ícones que contemplam a feminilidade, o romantismo, a sensualidade, o poder, a política, a força, a paixão, entre tantos outros temas que fazem parte do repertório de Rita Lee. Esses ícones também são uma referência ao álbum Fruto Proibido, como se fosse uma releitura que referencia os diversos momentos da artista e as questões mais relevantes abordadas em suas canções.

3.2 RECORTE – SELEÇÃO DE MÚSICAS PARA OS CDs

O desenvolvimento dos CDs para o Box Rita Lee Faces iniciou com a definição dos temas para cada álbum, representando as cinco faces que foram apresentadas no Box em uma transição gradativa e sutil de cores. A pesquisa realizada na discografia da artista contribuiu para a escolha do título de cada cd e auxiliou na escolha das músicas que foram inseridas nos respectivos temas: Disco 01 – FORMOSA: Este primeiro cd do Box contempla uma face meiga e juvenil de Rita Lee, quando ela interpreta canções mais delicadas, que falam de sonhos e aspirações. A escolha das músicas compreende um recorte dos álbuns A Marca da Zorra (1995), Santa Rita de Sampa (1998), Acústico MTV (1998), Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar (2001) e Reza (2012). Disco 02 – APAIXONADA: O segundo cd do Box reúne canções de diversos momentos em que Rita Lee canta sobre o amor e a paixão. As letras de autoria própria e algumas de outros autores revelam uma mulher intensa e devota ao seu parceiro, no caso, o músico e companheiro de palco, Roberto de Carvalho. O recorte das músicas inclui músicas dos álbuns Entradas e Bandeiras (1976), Rita Lee


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(1979), Rita Lee (1980), Rita Lee e Roberto de Carvalho (1982), Rita e Roberto (1985), 3001 (2000), Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar (2001). Disco 03 – AUDACIOSA: O terceiro cd do Box é uma celebração à força da mulher e sua autonomia. O título “Audaciosa” se deve ao fato de que, para a época da maioria das canções, Rita Lee foi ousada e rompeu muitas barreiras impostas pela sociedade. O recorte reúne canções dos álbuns Fruto Proibido (1975), Rita Lee (1979), Rita Lee (1980), Saúde (1981), Rita Lee e Roberto de Carvalho (1982), Bombom (1983), Rita e Roberto (1985), Balacobaco (2004). Disco 04 – ROCKEIRA: Este cd faz referência à artista como uma referência do rock nacional. Rita foi uma das pioneiras a cantar o estilo e consolidou sua carreira como uma verdadeira rock star. As músicas deste cd foram selecionadas a partir do recorte dos álbuns Atrás do Porto Tem uma Cidade (1974), Fruto Proibido (1975), Refestança (1976), Rita Lee (1978), Rita Lee (1980), Bombom (1983) e MTV AO VIVO (2004). Disco 05 – OVELHA NEGRA: O quinto e último cd do Box homenageia uma das canções mais lembradas de Rita Lee. “Ovelha Negra”, há mais de quatro décadas, é considerada um hino para muitas gerações, pois fala da experiência de transgressão e libertação que as pessoas vivenciam ao deixar sua família para ir em busca de seus próprios objetivos. As canções deste álbum tratam de vários assuntos relacionados à autonomia, ao confronto e à superação, o recorte reúne canções dos álbuns Fruto Proibido (1975), Rita Lee Roberto de Carvalho (1982), Zona Zen (1988), Rita Lee (1993), Santa Rita de Sampa (1998), 3001 (2000), Multishow Ao Vivo (2009) e Reza (2012).


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3.3 PAINÉIS SEMÂNTICOS

Após a definição do conceito e a seleção das músicas para compor o box Rita Lee Faces, foi iniciada a coleta de imagens e ícones para compor painéis semânticos de referência para cada um dos cds. Foram selecionadas imagens que pudessem contribuir com o conceito do projeto e que ajudassem a gerar alternativas.

FIGURA 17: Painel Semântico Rita Lee. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 18: Painel Semântico Rita Lee FORMOSA. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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FIGURA 19: Painel Semântico Rita Lee APAIXONADA. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 20: Painel Semântico Rita Lee AUDACIOSA. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 21: Painel Semântico Rita Lee ROCK „N‟ ROLL. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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FIGURA 22: Painel Semântico Rita Lee OVELHA NEGRA. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

3.4 ALTERNATIVAS

Em um primeiro momento, foram definidos os formatos das embalagens e montados mock ups com diferentes tipos de papel para verificar como cada material poderia ficar depois de finalizado. Para os encartes realizou-se testes com gramaturas variadas de papel couché e offset, e para as embalagens e o box, foram testados os paéis supremo 250g, triplex 300g e couché 300g. Assim que foram concluídos os testes e definidos os moldes de cada peça, iniciou-se um estudo inicial de composição seguindo a ideia de referenciar o álbum Fruto Proibido.

FIGURA 23: Testes de encartes e embalagens para definição de formatos. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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Realizou-se uma pesquisa mais específica de imagens da artista e ícones para criar os módulos de textura que fazem parte do layout. Através da página oficial de Rita Lee e de suas respectivas redes sociais, foram selecionadas algumas imagens e na página FreePik, foram coletados diversos ícones que serviram de referência para se desenvolver os grafismos utilizados.

Apesar da carreira de Rita Lee ter proporcionado um vasto acervo de fotos, houve dificuldade para se conseguir imagens em alta resolução e por isso, foi necessário utilizar alguns artifícios para conseguir trabalhar com as imagens coletadas. Com o uso do plug in para photoshop Blow Up3 - Alienskin foi possível editar algumas fotos e deixá-las com qualidade suficiente para o formato planejado.

FIGURA 24: Foto Rita Lee escolhida para capa do Box. FONTE: https://www.flickr.com/photos/ritaleeoficial/, 2016.

FIGURA 25: Foto Rita Lee em processo de edição. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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Simultaneamente à seleção e edição de imagens, foram escolhidos e vetorizados os ícones para ilustrar cada um dos cds e para compor a textura que envolve toda a embalagem do box. Os vetores foram divididos em temas conforme os painéis semânticos e foi criado um módulo de cada tipo para ser replicado nos respectivos cds e no box.

FIGURA 26: Módulos com ícones para ilustrar os CDs. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

Com as imagens editadas e os módulos organizados, foram realizadas algumas composições iniciais com cores e tipografias variadas, para se definir um ponto de partida para o projeto gráfico, buscando por soluções adequadas ao tema e tentando manter a referência com o disco Fruto Proibido.

FIGURA 27: Estudos iniciais de rótulos e encartes. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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FIGURA 28: Estudos de tipografia, rótulos e ícones. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 29: Estudos iniciais de capas. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 30: Estudos iniciais de conjuntos. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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3.5 GRID O projeto gráfico do Box foi iniciado com a definição das malhas estrutural e diagramacional para realizar a composição de cada peça. Inicialmente foi definida uma unidade modular que serviu de base para as proporções dos espaçamentos e alinhamentos tanto dos encartes, quanto dos rótulos, embalagens e o próprio Box. Seguindo as teorias do diagrama de Gutenberg e dos retângulos dinâmicos, a partir da proporção áurea, buscou-se projetar uma malha diagramacional bem estruturada para facilitar a aplicação da malha filosofal.

A malha estrutural foi desenvolvida a partir de 48 módulos no sentido horizontal por 22 no sentido vertical (considerando a relação largura X altura do encarte planificado), e a partir dessas diretrizes, foram definidas três colunas para cada página, separadas por um módulo. Posteriormente, conforme a necessidade de cada peça foram realizadas as adaptações para conseguir adequar o conteúdo aos diferentes formatos.

FIGURA 31: Malha Estrutural e Diagramacional do projeto. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

Na sequência seguem exemplos de como essa malha estrutural e diagramacional foi aplicada em cada uma das peças para manter a unidade visual do projeto gráfico.


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FIGURA 32: Aplicação da Malha Estrutural e Diagramacional na diagramação do encarte. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 33: Aplicação da Malha Estrutural e Diagramacional na capa do encarte. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 34: Aplicação da Malha Estrutural e Diagramacional no rótulo do CD. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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FIGURA 35: Aplicação da Malha Estrutural e Diagramacional na luva externa do Box. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

3.6 TIPOGRAFIA

Considerando as análises feitas na discografia de Rita Lee e nos dados levantados sobre as fontes predominantes nos materiais gráficos da artista, realizouse uma pesquisa para seleção de fontes compatíveis com a identidade visual já existente e que também fossem adequadas para este projeto de Box especial para colecionador.

Foram selecionadas duas famílias de fontes modernas e sem serifa com suas respectivas variações de peso: BEBAS NEUE e CORISANDE. No caso desta última, que foi utilizada para o corpo de texto dos encartes, em tamanhos menores, foram feitos ajustes no espaçamento entre as linhas e também foi utilizado o recurso de hifenização para garantir uma boa legibilidade das letras das músicas e das informações das fichas técnicas de cada encarte.


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FIGURA 36: Fonte Corisande. FONTE: http://www.myfonts.com/fonts/fw-identikal/corisande/, 2016.

FIGURA 37: Fonte Bebas Neue. FONTE: http://www.myfonts.com/search/bebas+neue/

3.7 CORES

Os estudos realizados para a definição das cores das peças componentes do Box Rita Lee Faces foram iniciados com uma análise do disco Fruto Proibido, que foi um dos pontos de partida para a definição do conceito do box. Como já mencionado anteriormente, esse disco causou um grande impacto na época em que foi lançado, pois através de recursos gráficos e da semiótica, conseguiu manifestar um novo posicionamento da artista como mulher.

Toda a embalagem do disco foi impressa em rosa (magenta) e tem variações de nuances em grafismos e na tipografia, formando um conjunto harmônico de cores análogas. Dessa forma, para fazer referência ao disco e também para representar as diferentes faces da artista, desde a “Formosa” até a de “Ovelha Negra”, foram realizados estudos para definir cinco matizes de rosa com uma variação gradativa de tonalidade. Inicialmente foram feitos testes a partir da variação da porcentagem do


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magenta, em seguida com a inserção de amarelo na composição e por fim, com referência em uma tabela Pantone foram selecionados os matizes e feita a conversão de cada um para o modo de cor subtrativo (CMYK).

FIGURA 38: Estudos de cores 01. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 39: Estudos de cores 02. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 40: Estudos de cores 03. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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3.8 DESENVOLVIMENTO DAS PEÇAS

Após a definição das malhas estrutural e diagramacional, bem como a escolha das tipografias e cores a serem utilizadas no projeto, realizou-se a aplicação dessa malha filosofal para que fosse possível visualizar como os elementos iriam se harmonizar no conjunto de cada peça.

Inicialmente foi realizada a diagramação de um dos encartes e em seguida foi feita uma impressão de teste para se verificar a legibilidade das fontes, as tonalidades das cores e a espessura final da peça com o papel escolhido para produção (couché fosco 170g). Assim que se chegou a um resultado satisfatório, realizou-se a diagramação dos demais encartes.

FIGURA 41: Imposição das páginas do encarte cd Formosa. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

O projeto dos rótulos e das embalagens (digipacks) seguiu as mesmas etapas dos encartes até a definição dos mock-ups de todas as peças, para posteriormente encaminhá-las à produção na gráfica. Em função dos formatos limitados para impressão em pequenas tiragens na gráfica escolhida para a produção dos materiais, foi necessário abrir mão da idéia de fazer as luvas do Box duplas, deixando o artefato com a rigidez um pouco menor que o previsto inicialmente.


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No entanto, o revestimento do papel com prolan ajudou a minimizar esse problema da espessura e permitiu que o artefato ficasse com um acabamento satisfatório. Depois de impressas as peças foram cortadas, vincadas e montadas manualmente, com exceção dos rótulos dos CDs, que foram produzidos em plotter digital. Abaixo seguem algumas imagens das peças.

FIGURA 42: Planificação do Box: luva externa dupla. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 43: Planificação do Box: luva externa produzida. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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FIGURA 44: Layout final das peรงas. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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Para deixar a luva externa do Box com um acabamento mais sofisticado, se fez a aplicação de um adesivo vinil prateado para simular o título em hot stamp, que é um processo de impressão a quente que permite destacar os textos através de uma película colorida prensada sobre a superfície de papel.

FIGURA 45: Peças do Box finalizadas. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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3.9 MÍDIAS

Junto com o projeto gráfico das peças componentes do Box também foram realizados estudos para o desenvolvimento de um cartaz e um outdoor para simular o lançamento do Box Rita Lee Faces. Estas peças gráficas seguem a mesma identidade visual definida no conceito inicial e serviram de referência para a criação de algumas outras peças gráficas para simular também a divulgação do evento no local onde o mesmo seria realizado.

FIGURA 46: Cartaz Lançamento Box Rita Lee Faces. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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FIGURA 47: Outdoor Lanรงamento Box Rita Lee Faces. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 48: Flyer Lanรงamento Box Rita Lee Faces. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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FIGURA 49: Banner Lanรงamento Box Rita Lee Faces. FONTE: WAHLBRINK, 2016.

FIGURA 50: Display Lanรงamento Box Rita Lee Faces. FONTE: WAHLBRINK, 2016.


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CONCLUSÃO

A realização deste trabalho foi de fundamental importância para melhor compreensão dos métodos projetuais e dos conceitos teóricos ensinados durante a disciplina de Introdução ao Projeto Gráfico, além de possibilitar um estudo muito interessante sobre a Música Popular Brasileira, os diferentes estilos que ela abrange e principalmente, conhecer mais sobre um dos maiores nomes do rock nacional.

A experiência de imersão no tema proposto e a oportunidade de conhecer detalhes da biografia e da trajetória musical de Rita Lee proporcionou uma experiência única que despertou total interesse na realização de todas as etapas do projeto, especialmente no desenvolvimento do conceito para criar a identidade visual das peças que compõem o Box. Foi possível entender a importância que esse tipo de artefato tem para um artista e os seus fãs, o quanto esse produto pode gerar valor financeiro e afetivo e tornar-se de fato uma peça de coleção.

A confecção praticamente manual de todas as peças também auxiliou no desenvolvimento de algumas habilidades manuais e permitiu compreender melhor diversas questões da produção gráfica que até então eram apenas conhecidas na teoria. Manusear os papéis, testar os tamanhos e formatos de fonte, as tonalidades das cores, a resolução das imagens em diferentes formatos e manter a identidade visual do projeto foi um grande desafio e uma excelente oportunidade para se vivenciar a rotina profissional do design gráfico.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOTTA, Nelson. NOITES TROPICAIS: SOLOS, IMPROVISOS E MEMÓRIAS MUSICAIS. São Paulo: Objetiva, 2000. SEVERIANO, Jairo. A CANÇÃO NO TEMPO: 85 ANOS DE MÚSICAS BRASILEIRAS, VOL. 2: 1958-1985 / Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. São Paulo: Ed. 34, 1998 WORMS, Luciana Salles. Brasil SÉCULO XX: AO PÉ DA LETRA DA CANÇÃO POPULAR / Luciana Salles Worms, Wellington Borges Costa. Curitiba: Nova Didática, 2002. Facebook Rita Lee. Disponível em < https://www.facebook.com/ritalee.oficial>. Acesso em 19 de abril de 2016. Flickr Rita Lee. Disponível em < https://www.flickr.com/photos/ritaleeoficial/>. Acesso em 20 de abril de 2016. Site oficial Rita Lee. Disponível em <http://www.ritalee.com.br/index_site.php/>. Acesso em 19 de abril de 2016.


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APÊNDICES

APÊNDICE A: Análise Gráfica dos discos e CDs Rita Lee. APÊNDICE B: Painéis semânticos e testes de cor, tipografia e malha filosofal.


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