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PERGUNTAS
Básica Texto Wendel Lima Imagem siraanamwong | Adobestock
O sacerdócio é de todos os crentes
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TODOS PODEM SERVIR
Durante séculos, o catolicismo sustentou um modelo de igreja que separava os leigos dos sacerdotes. Com uma hierarquia muito verticalizada, a igreja medieval se colocou como mediadora da graça de Deus, por meio dos sacramentos (ritos) ministrados pelo sacerdócio ordenado. A crença era de que fora da igreja não havia salvação.
No século 16, porém, Lutero e Calvino protestaram contra vários problemas do catolicismo. Lutero, por exemplo, definiu igreja como uma “congregação” ou “comunhão dos santos”. Para ele, o “poder das chaves” não havia sido dado ao papa, e sim a toda a igreja (Mt 18:15-20; 1Pe 2:9). O reformador alemão entendia que a distinção entre leigos e sacerdotes não era de status, mas apenas funcional. Todos os cristãos eram chamados a servir. Calvino foi além, ao tentar experimentar em Genebra, na Suíça, as implicações coletivas da mensagem protestante. Inspirado na metáfora de “corpo de Cristo” usada por Paulo, ele foi o primeiro a estabelecer um modelo representativo de igreja. No entanto, Calvino e Lutero não abandonaram a ideia de que a salvação depende da igreja nem deixaram de buscar o apoio do poder civil para questões religiosas.
Já os protestantes radicais, como os anabatistas, rejeitaram a crença nos sacramentos e se opuseram à união entre igreja e estado. Para eles, a salvação não estava na vinculação com uma igreja nem na aceitação de credos. Seus ministros eram eleitos pela congregação local, mas não recebiam remuneração. Nenhum segmento do cristianismo levou tão a sério o conceito de “sacerdócio de todos os crentes”. Contudo, isso gerou divisões e o surgimento do denominacionalismo.
A visão adventista seria um meio-termo dos extremos aqui apresentados. Entende-se que a igreja não é “a arca da salvação” e que não deve se unir ao Estado. A Bíblia tem autoridade sobre a igreja, e a igreja, primazia sobre a pessoa. Por razões práticas e não teológicas, os ritos são realizados por um pastor ou líder ordenado. Porém, todos são chamados a servir de acordo com suas habilidades e nível de compromisso (Rm 12; 1Co 12; Ef 4). Por sua vez, o modelo de governo é representativo e mescla autonomia local com superintendência mundial.
Fonte: Message Mission and Unity of the Church (Review and Herald, 2013), de Ángel Manuel Rodríguez (org.), p. 191-217.
Curiosa Texto Julie Grüdtner
O PREÇO DO BOM SONO
Quando lê sobre o sono, você boceja e até tem vontade de tirar uma soneca? Se sim, talvez seja porque não dormiu o suficiente à noite. E essa parece ser a rotina de muitos brasileiros. Com base numa pesquisa realizada em 2017, a Associação Brasileira de Neurologia estimou que 60% da população nacional dormiam apenas de quatro a seis horas por noite, o que é insuficiente. O levantamento foi feito para dar suporte a uma campanha de prevenção de acidentes causados por quem dorme ao volante. Afinal, a expressão “estar bêbado de sono” não é exagero nem brincadeira. Um estudo realizado por pesquisadores de psicologia da Universidade de New South Wales, na Austrália, descobriu que o efeito de ficar mais de 15 horas sem dormir é semelhante ao da intoxicação alcoólica. Dormir pouco compromete as funções cognitivas e motoras do cérebro. Logo, só deve pegar no volante quem está descansado. Além disso, se você quer fixar o que está aprendendo nas aulas, deve esquecer a ideia de virar a noite estudando. Isso porque enquanto estamos descansando, o cérebro organiza e armazena as novas informações obtidas durante o dia.
Para quem deseja controlar o apetite e manter o peso na medida certa, precisa descansar também. Noites maldormidas desregulam a produção do hormônio do apetite, gerando aquela vontade intensa de comer besteiras o tempo todo. Foi o que mostrou um estudo realizado pela Universidade de Stanford (EUA), no qual crianças que dormiam pouco apresentaram 89% mais probabilidade de se tornarem obesas. Se ainda não está convencido, segue mais uma informação. Dormir bem também reduz o estresse e diminui as chances de desenvolver depressão e ansiedade. Por isso, se você quer acordar com o pé direito, invista no seu sono. Ele vale muito.
Fontes: Boletim da Associação Brasileira de Neurologia (ABNews) março/abril de 2017, p. 13 (abneuro.org); Cappuccio FP e outros, “Meta-analysis of short sleep duration and obesity in children and adults”, em Sleep de maio de 2008, número 31, p. 619-626; e A. M. Williamson e Anne-Marie Feyer, “A moderate sleep deprivation produces impairments in cognitive and motor performance equivalent to legally prescribed levels of alcohol intoxication”, em Occupational and Environmental Medicine , de outubro de 2000, p. 649-655.
DOS EMOTICONS AOS DONS
MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL
Prática oriental milenar, a meditação transcendental tem se popularizado no Ocidente nas últimas décadas. Suas diversas modalidades, como ioga, mindfulness, zazen, apresentam um denominador comum: o esvaziamento da mente na tentativa de um encontro com o “eu interior”.
O controle das emoções e a melhora da qualidade de vida são alguns dos benefícios destacados pelos adeptos dessa antiga filosofia. Embora a medicina moderna reconheça a contribuição do estado meditativo para a saúde física e emocional, os cristãos têm assumido diferentes posturas quanto à sua prática.
Sim Com o slogan “100% Jesus e 100% ioga”, o movimento cristão Holy Yoga tenta propagar o exercício da meditação transcendental entre os evangélicos. Fundado nos Estados Unidos por Brooke Boon, o movimento utiliza técnicas que mesclam costumes indianos e preceitos cristãos. Para Jo Ann Bauer, divulgadora do projeto, essa espécie de meditação aprimora a visão tradicional de adoração, possibilitando o uso de todas as faculdades que Deus concedeu ao ser humano. Atualmente, essa comunidade conta com milhares de instrutores e está presente em dezenas de países.
Depende Em carta publicada no dia 15 de outubro de 1989, a Igreja Católica se posicionou oficialmente quanto ao uso de métodos orientais de meditação. De acordo com Joseph Ratzinguer, autor do documento e que depois se tornaria o papa Bento 16, é possível que alguns elementos da meditação oriental ajudem a “acalmar as paixões internas” e alcançar a “paz interior”. No entanto, tal prática deveria servir para os católicos somente como complemento da meditação cristã e jamais substituir a oração e o estudo da Bíblia. Portanto, deveria ser usada como um meio, mas não como um fim.
Não Para os adventistas do sétimo dia, a meditação recomendada pela Bíblia não requer postura específica nem repetição de uma palavra para atingir determinado nível de concentração. O pastor Mark Finley argumenta que a meditação bíblico-cristã é sempre ativa, nunca passiva, e leva a pessoa a olhar para fora de si mesma, a fim de enxergar Jesus. Em contrapartida, a meditação transcendental conduz a estados alterados de consciência, abrindo a mente para todo tipo de influência, inclusive a maligna. Ellen White, cofundadora da Igreja Adventista, entendia que a resposta para as inquietações humanas jamais pode ser encontrada no próprio eu – o que contraria a pretensão da meditação oriental. Esse também é o entendimento de denominações como as Testemunhas de Jeová.
Fontes: artigos “Território proibido: Por que o misticismo oriental não combina com a espiritualidade bíblica”, em Revista Adventista, dezembro de 2015, p. 12-17, e “Serve a meditação transcendental para os cristãos?”, em revista Despertai!, maio de 1977, disponível na biblioteca on-line da Torre de Vigia (wol.jw.org/pt); livro Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 84 (CPB, 2014); sites holyyogafoundation.org, holyyoga.net; artigo acadêmico “Os benefícios da meditação: melhora na qualidade de vida, no controle do stress e no alcance de metas”, de Denise Assis, na revista Interespe, n o 3, 2013. (revistas.pucsp.br/interespe); e “Carta aos Bispos da Igreja Católica Acerca de Alguns Aspectos da Meditação Cristã”, do então cardeal Joseph Ratzinger (vatican.va).
Emoticons :) Nome dado aos sinais gráficos criados a partir da pontuação. Eles deram origem aos famosos emojis (), que nos últimos anos viraram febre nas mídias sociais. Curiosamente, cerca de 100 anos antes da internet, eles já apareciam em algumas publicações. Porém, do jeito como conhecemos, a invenção é atribuída a Scott E. Fahlmann, que, na década de 1980, sugeriu o uso de ícones como uma forma de aproximar a linguagem escrita da falada e transmitir emoções que não poderiam ser expressadas simplesmente por meio do
Texto Mais do que um conjunto de letras e frases, na realidade é um conceito bem amplo, podendo se referir a outras formas de narrativa que utilizam recursos verbais ou não verbais. Etimologicamente falando, a palavra vem do latim, texere, que quer dizer “construir”, “tecer”. Mas acredita-se que foi só por volta do século 14, com a evolução semântica do termo, que o vocábulo incorporou o sentido de “tecer”ou “estruturar” palavras, isto é, de composição literária, na qual as ideias e significados se entrelaçam, formando algo
Coeso Qualifica o que é ou está unido. Por exemplo, quando os ingredientes de uma receita de pão ou bolo se misturam bem, diz-se que a massa tem consistência ou coesão. Deu liga! Já no caso da redação do Enem, o que se espera é a coesão textual (relação entre palavras, frases, parágrafos e ideias, para que o conjunto da obra faça sentido). Um trabalho harmônico, lógico, coerente, contínuo e conectado com as necessidades das pessoas também é o que torna “coeso” e eficaz o uso dos
Dons No senso comum, aptidão natural, talento. Porém, do ponto de vista religioso, designa uma habilidade concedida por Deus para um propósito especial (Rm 12:3-8; 1Co 12; Ef 4:1-16; 1Pe 4:10). Ao transformar suas aptidões em dons, você pode levar pessoas a entender melhor o personagem central do texto sagrado, a ver que sua vida é coerente com a Bíblia e a entender a mensagem do evangelho de maneira simples e clara como um emoticon ou emoji.