heloísa helena siqueira correia
Doutora em Teoria e História Literária pela UNICAMP e Professora do Mestrado em Estudos Literários UNIR. É vice coordenadora do Grupo Devir-Amazônia: Grupo de Pesquisa em Literatura, Educação e Interculturalidade (UNIR) e membro do GT da ANPOLL “Vertentes do insólito ficcional”. Trabalha com as relações entre literatura e filosofia; o insólito literário em textos de literatura brasileira e latino-americana; desenvolve projeto de pesquisa sobre as possíveis relações entre as narrativas indígenas e a literatura de expressão amazônica, a partir de referencial crítico dos Estudos Literários, Estudos Animais, da Antropologia e Ecocrítica.
jorge luis borges, autor dos tempos
Heloísa Helena Siqueira Correia
Tomamos a simultaneidade como marca da poética na obra do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Simultaneidade essa que se desdobra na simultaneidade das características dos gêneros ensaio e conto. O ensaio, originalmente tomado como produto da razão, passa a ser também produto da imaginação. O conto, em princípio reconhecido como produto da imaginação, pode ser visto também como produto da razão. O objetivo do leitor é descobrir como a marca da simultaneidade da obra borgeana sobrevive quando relacionada a outras temporalidades. Ensaios e contos supõem tempo da linguagem, tempo da escritura, tempo da narrativa, tempo da coordenação dos conceitos, tempo da leitura, e alguns, em particular, contam com o tempo-tema. Os ensaios escolhidos são: Historia de la Eternidad, cujo tempotema é a eternidade; e El tiempo y J. W. Dunne, que tematiza a multiplicação do tempo em infinitas séries. Os contos: Aleph, cujo tempo-tema é a simultaneidade; e El jardín de senderos que se bifurcan, que tematiza a multiplicação do tempo. A conclusão, se fosse possível uma conclusão, não aponta para uma síntese definitiva, o que mantém a marca da simultaneidade da obra borgeana.
jorge luis borges, autor dos tempos heloísa helena siqueira correia
O que é o tempo? Como podemos provar sua existência? E a eternidade? É algo que podemos experimentar? Ao invés de tempo, “tempos” simultâneos, sobrepostos, móveis... Quem pode escrever e ler os tempos que negam o sucessivo, o cronológico e o contínuo? Entre tantos caminhos, a literatura... Entre tantas vozes, a de Jorge Luis Borges...