Jornal Tô em Casa. 5ª edição

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08/10/2021 / / SEXTA-FEIRA / /ED.05VOL. II Nº02

O JORNAL DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS VISA INTERAÇÕES COMUNITÁRIAS E FORTALECER A CIDADANIA.

Nesta Edição ❖ NOTÍCIAS ❖ ARTIGO ❖ MINHA VIDA, MINHA HISTÓRIA ❖ MATEMÁTICA E A EDUCAÇÃO FINANCEIRA ❖ SAÚDE, ESPORTE E QUALIDADE DE VIDA ❖ CANTINHO DO ARTISTA E CULTURA ❖ MOMENTO EM LIBRAS ❖ DIZENDO A VIDA ❖ A VOZ DA EJA ❖ ENTREVISTA ❖ DIÁLOGO POÉTICO ❖ ESPAÇO SOCIAL ❖ RECEITAS DA EJA ❖ CLASSIFICADOS ❖ ENTRETENIMENTO

100 anos de Paulo Freire, 19/09/21.

Acolhimento presencial dos gestores, coordenadores e professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA), 08/09/21, auditório da SMEC.

Volta às aulas presenciais Cleópatra Guarani Alves Santana A pandemia do coronavírus provocou significativas mudanças nas esferas da sociedade. No âmbito educacional houve o fechamento das instituições educacionais e a busca das redes de ensino por alternativas que pudessem garantir momentos de aprendizado aos estudantes. O ensino remoto, através do uso das tecnologias, foi a opção usada para aproximar escola e estudante. No município de Catu essa realidade não foi diferente, e desde então, toda equipe que atua na educação tem se mobilizado para garantir o direito ao aprendizado dos estudantes e o acesso às atividades escolares. Em meados do mês de julho (20/07), o governador Rui Costa, tomando como apoio a redução dos casos de Covid-19 em todo estado,

decretou o retorno às aulas semipresenciais. O fato dividiu a opinião pública e causou controvérsia entre os favoráveis e os contrários ao retorno imediato e alguns municípios, como é caso de Catu, optaram por planejar melhor o retorno. A Secretária de Educação, Rosa Sales, afirmou que Catu não retornaria de imediato às aulas semipresenciais, pois a rede está se preparando para um retorno seguro, obedecendo todos os protocolos de saúde e imunizando os profissionais que atuam na educação. O retorno presencial dos professores aconteceu no dia 08/09 e o retorno dos alunos no dia 04/10. Em resposta às indagações sobre o retorno presencial, alguns estudantes da EJA disseram que estão inseguros, mas esperançosos. PÁGINA 1


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No radar da EJA Evanildes Teixeira da Silva

100 Anos de Paulo Freire A EJA homenageia o educador popular, Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire. Recifense, nascido no dia 19 de setembro de 1921, que lutou a favor da pedagogia libertadora e transformadora.

Disponível em: Wikimedia Commons. Paulo Freire Acesso: 26/09/21.

A finitude da sua vida foi no dia 2 de maio de 1997, aos 75 anos de idade, em São Paulo. Porém o seu legado não tem fim.

Com base nos ensinamentos do nosso mestre, “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”. É isso que nos move na EJA, ou seja, aqui aprendemos juntos. Os estudantes ensinam os seus saberes, as experiências se diversificam e os docentes ensinam aqueles saberes que vão ajudá-los a resolver os seus problemas na vida. Para fortalecer o trabalho desenvolvido na EJA, precisamos trilhar nos ensinamentos de Paulo Freire e nos círculos de cultura questionar palavra, trabalho e ação e, depois refletir sobre a mudança que estamos provocando na vida da gente e depois na sociedade. Mas não se alcança sozinho a liberdade. Então, as escolas do campo, sindicatos rurais e sujeitos que lidam com a educação popular, precisam afirmar a ciranda da vida. “Num país como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário”, Paulo Freire.

Editorial Evanildes Teixeira da Silva O jornal Tô em Casa traz neste fascículo o retorno das aulas presenciais, a luta contra a evasão escolar, as histórias de vida dos estudantes e egressa da EJA, bem como os seus modos operantes na busca, por meio da educação, de sua dignidade e igualdade social. No que tange ao ensino semipresencial, a mudança sempre produz uma inquietude e a Covid-19 ainda não foi combatida no país, o que requer total cautela para assegurar a saúde de todos. É irrefutável a defesa da vida e cumprimento das medidas sanitárias. Por isso, o estudo, planejamento e simulação de rotinas são imprescindíveis na comunidade escolar. Assim, a EJA está discutindo o alinhamento das medidas de segurança, a interdisciplinaridade e a busca ativa dos estudantes no combate à evasão e desigualdade social. Boas reflexões!!!

Imagens do encontro pedagógico de acolhimento dos profissionais da EJA em Catu.

Carla Rafaele de J. Marinho

Retorno presencial em Catu Nos dias 08 e 09/09/21 houve o retorno presencial dos professores da rede municipal de Catu. Nas três primeiras semanas ocorreram acolhimento dos profissionais,

orientações sobre o protocolo de biossegurança e planejamento do ensino semipresencial. As atividades oportunizaram o olhar afetivo no ato de planejar com foco nas especificidades da EJA. Por exemplo: dinâmicas, momentos de escuta, roda de conversa com psicóloga, fonoaudiólogo, músicas, brindes,

encontros interdisciplinares etc. Espera-se um retorno presencial com responsabilidade, distanciamento social, uso de máscaras e a recuperação do aprendizado. Assim, a EJA busca cumprir com o seu compromisso de oferecer o direito à educação para todos. PÁGINA 2


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Artigo Luciene de Jesus Silva

Ensino Híbrido, o que é isso mesmo? O ensino facilitado pelo uso das novas tecnologias, que permite unir as aulas presencias e as propostas pedagógicas on-line de forma complementar, possibilitando oportunidades enriquecedoras de aprendizagem tanto para os educandos como para os educadores. O ensino híbrido (blendeb learning), neste momento de pandemia causado pela crise de saúde mundial imposta pela Covid-19, tem permitido que as unidades escolares continuem favorecendo os períodos de aprendizagem, apesar das dificuldades de acesso aos recursos tecnológicos que muitos alunos da rede pública de ensino têm enfrentado. Essa realidade é mais um desafio desnudado pelas desigualdades sociais no contexto da educação pública que vivemos. O uso da internet, mais do que nunca, tem se mostrado como uma ferramenta indispensável no processo de ensino aprendizagem em tempo de pandemia e, como ferramenta, pode trazer autonomia para os envolvidos, porém, investir em infraestruturas nas escolas e oferecer mecanismos para que os estudantes sem exceção consigam participar do ensino híbrido, faz parte deste desafio. O papel da educação nestes tempos difíceis de pandemia tem sido intensificado. Apesar de tudo, as escolas mantêm as portas e janelas virtuais abertas desde a suspensão das aulas presenciais em 2020. Em breve, se tudo der certo, estaremos de volta aos espaços escolares, observando as orientações da Organização Mundial de Saúde – OMS e dos protocolos de

biosegurança, em observação a preservação da vida. Uma das vertentes do processo de ensino ultimamente é o modelo remoto. Você se percebe neste ensino remoto? Pois é. O conteúdo específico de cada disciplina é pensado, elaborado e disposto para os alunos de forma virtual de acordo com uma programação, que é claro, pode ser adaptada dentro das questões pedagógicas. Dentro do modelo remoto destacam-se, de acordo com a realidade dos participantes, duas naturezas de atividades remotas: Assíncronas e Síncronas. Segundo a Rede Jornal Contábil, as atividades assíncronas são aquelas usadas nas aulas remotas e a distância. Alunos e professores não precisam estar online na plataforma para ter acesso ao conteúdo. O estudante pode acessar a qualquer momento ou hora do dia. As atividades são disponibilizadas em forma de vídeo-aulas, fóruns de discussão, e-mail, slides, ebooks, etc, que ficam hospedados nas plataformas de transmissão e disponibilizados pelo professor para eventuais pendências ou dúvidas. As atividades síncronas que fazem parte das aulas remotas, por outro lado, vão exigir interação entre professor e a turma, ao vivo e pode ser feita através de salas virtuais, ligações de voz ou até através dos chats simultâneos. Aqui em nossa cidade as escolas da rede municipal de ensino: Dom Justino, Gilberto Alves e Jecelino Nogueira, com o apoio da SMEC, realizou um

animado arraiá virtual com alunos da EJA, em comemoração as festas juninas/2021. Festa Virtual Arraiá Junino/2021

Foto 1- Arquivo da Coordenação da EJA.

Foto 2- Arquivo da Coordenação da EJA.

A interação virtual ao vivo realizada em 16 de junho/2021, com direito a brindes, envolveu a comunidade escolar da EJA e convidados.

Foto 3- Arquivo da Coordenação da EJA.

A possibilidade do retorno às aulas semipresenciais é eminente! Precisamos estar seguros e preparados para esse novo recomeço. Em observação ao Protocolo de Retorno às Aulas Fase Semipresencial divulgado em setembro/2021, a Secretaria Municipal de Educação demonstra estar atenta aos espaços escolares, orientando os(as) professores(as), pessoal de apoio e também ouvindo a opinião dos alunos da EJA quanto ao retorno às aulas presenciais, que será de forma rotativa/escalonada, com a alternância dos grupos de estudantes (G01 e G02). Fonte: https://www.jornalcontabil.com.br Acesso: 24/-9/21. PÁGINA 3


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Minha vida, minha história Djalma Diniz Genivaldo dos Santos Bispo, estudante da EJA da Escola Rural Dom Justino (Sítio Novo), parou de estudar em 1972 devido à necessidade de trabalhar e retornou em 2019. O conselho que ele recebia era: “É Genivaldo, tu não aprende mais nada porque tu já está velho”, porém ele não ouviu e seguiu seus propósitos. E Genivaldo rebatia:

"Velho é o mundo, e a gente vive nele. Não temos que ir pela cabeça de ninguém, temos que seguir nossos objetivos."

Arquivo pessoal de Genivaldo dos Santos Bispo, Escola Dom Justino, Eixo V.

Hoje, sente-se feliz, pois já aprendeu muito mais do que sabia e nem pensa em desistir. Ele é o protagonista de nossa reportagem MINHA VIDA, MINHA HISTÓRIA!

Dona Gildete de Jesus, estudante da EJA do Dom Justino, 58 anos, filha do famoso trabalhador rural Sr. Cazuza, de infância difícil e teve que conviver com a separação dos seus pais. Ela acabou indo morar com pessoas que pediram ao seu pai para criá-la, mas que na verdade a fizeram de “escrava”. Mentiram dizendo que iriam colocá-la para estudar, mas o que queriam com ela era explorá-la. Diversas pessoas acompanharam seu sofrimento, até que aos 12 anos a colocaram para estudar. Esse era o seu maior sonho! Decide retornar e morar com seu pai.

“Não desista dos seus sonhos. Vocês são capazes, assim como eu! Não existe idade para realizar!” Nesse cenário, veio a luta diária para buscar o pão, depois a gravidez, os filhos, morar com o seu companheiro e os estudos foram novamente se distanciando! Hoje, com 58 anos, retornou aos estudos e conseguiu realizar sua maior conquista. Gildete dá um conselho para quem estiver lendo essa linda e vitoriosa história: “Não desista dos seus sonhos. Vocês são capazes, assim como eu! Não existe idade para realizar!”. Ela é a protagonista da nossa reportagem MINHA VIDA, MINHA HISTÓRIA!

Arquivo pessoal de Gildete de Jesus, Escola Dom Justino, Eixo V.

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Matemática e a educação financeira Marcelo Mattos

Por que os alimentos estão mais caros? Três fatores em jogo! Arroz, feijão, óleo e leite, itens básicos da alimentação brasileira estão mais caros. Nos últimos meses, em 2021, os preços observados nas prateleiras do mercado subiram em resposta a desvalorização do real, mudanças nos hábitos de consumo e ao aumento da inflação, aliados a crise econômica criada pela pandemia da Covid-19. Observando a aluna da EJA sentada com uma caneta fazendo as contas para ver se consegue, com pouco dinheiro, se virar para comprar os alimentos da cesta básica, pensamos na situação de diversos brasileiros que hoje sofrem com aumento de energia, combustíveis e gás de cozinha que influenciam diretamente no aumento dos alimentos e que estão atrelados ao aumento de vários itens.

Veja a comparação feita pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de como a inflação reduziu o poder de compra dos brasileiros, entre 2020 e 2021, mostrando como os fatores citados fizeram os alimentos estarem com altos preços.

Arquivo pessoal de Valnete Conceição da Silva, Escola Dom Justino, Eixo IV.

Sem um reajuste adequado no salário mínimo, a população brasileira vivenciará ao longo de 2021 o menor poder de compra – capacidade de adquirir bens e serviços por meio do real. Temos que fazer igual a Sra Valnete Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/03/25/g1Conceição da Silva, do Eixo IV da Escola Dom mostra-a-queda-do-poder-de-compra-de-r-200-em-um-ano.ghtml Acesso: Justino em Sítio Novo - Catu - BA, que está 01/09/21. tentando através de seu estudo aprender a Observamos no infográfico que diminuíram as organizar os seus gastos e usando a caneta para quantidades de alimentos de 2020 para 2021 na cuidar do orçamento da sua família. compra de R$ 200,00 (duzentos reais). PÁGINA 5


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Saúde, esporte e qualidade de vida Gindson Soares Orléans Bragança

A importância da atividade física em tempos de pandemia Em tempos de pandemia, o distanciamente social foi a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para controlar a disseminação do coronavírus. Com isso, os educadores físicos criaram várias estratégias, como vídeos, fotos, imagens e chamadas para incentivar os estudantes a praticarem atividades físicas em casa. De acordo com o educador Lima, “o exercício ajuda a prevenir muitas doenças e fatores de risco, melhora a sensação de bem-estar, é coadjuvante no tratamento e controle de várias doenças, além de ajudar a manter uma boa imunidade e uma composição corporal mais adequada”. Isso significa que precisamos mudar o nosso estilo de vida e adotar algumas destas medidas que indicamos abaixo.

Dicas do Prof. Gindson Utilização de materiais de fácil acesso. Cadeira e garrafas pets.

Agachamento livre - com cadeira 3x10 Membros inferiores.

☺ DICAS PARA SE MANTER ATIVO (A) DENTRO DE CASA DURANTE A PANDEMIA: ✓ Suba e desça escadas; ✓ Faça exercícios de alongamento; ✓ Coloque uma música e dance; ✓ Brinque com os seus filhos, sobrinhos ou pais; ✓ Pratique algum esporte com bola, adaptando o espaço da casa etc.

O objetivo principal da Educação Física na Educação de Jovens e Adultos, modalidade específica da educação destinada àqueles a quem o direito à educação foi negado no tempo escolar, é a “cultura corporal do movimento”. Todas as vivências culturais dos sujeitos são valorizadas: a caça, a pesca, a agricultura, expressões lúdicas, artísticas, recreativas, esportivas etc.

Elevação frontal - garrafas pets. 3x10 Membros superiores

Flexão de cotovelos - garrafas pets 1 litro. 3x10 Membros superiores PÁGINA 6


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Cantinho do artista e da cultura Adriana Rezende Carvalho Montoni

Artistas da EJA de Catu-BA O que é arte? Onde pode ser encontrada? Quem é capaz de apreciá-la? Quem a produz? Ao pensarmos nessas perguntas, é natural que evoquemos respostas associadas ao universo da cultura erudita. Em uma palavra: para ser artista, é preciso ter um dom. Será mesmo? Vejamos a definição de um grande especialista no assunto, o filósofo britânico Robin George Collingwood (1889-1943), ele sustenta que arte é algo feito pelo ser humano para exprimir seus sentimentos subjetivos. Sob esse ponto de vista, as obras artísticas falam de sonhos, epifanias, perplexidades, frustrações, dores, amores. São capazes de suscitar emoções no público que os fatos do dia a dia não conseguem transmitir. Provocam riso, choro, reflexão, mudança de mentalidade. Daí sua importância na vida de cada um de nós. Arte é liberdade para criar. Contextualizando o momento que estamos vivendo, com estes sentimentos descritos acima, eu, Arte Educadora, apresento as produções artísticas desenvolvidas pelos meus alunos da EJA, da Secretaria Municipal da Educação de Catu-BA, nas escolas: Jecelino José Nogueira, Gilberto Alves de Araújo e Dom Justino. Apreciem!

Maud Lewis (7/03/1903 – 30/07/1970) ainda na juventude apresentou problemas de artrite reumatoide, o que gerou deformações nas articulações do seu corpo. Maud era uma dona de casa com habilidades artísticas e, apesar das suas limitações físicas, buscou superar a doença tornando-se uma artista bastante popular no Canadá. Disponível em: https://www.greelane.com/pt/humanidades/artesvisuais/maud-lewis-biography-4172425/ Acesso: 29/08/2021.

A partir do estudo destas produções, os estudantes da EJA produziram a sua própria arte.

Vanessa de Jesus Silva, Ana Carolina A. Alves, TFII, Escola Jecelino José Nogueira. Nathália de Jesus Santos, TF II, Gilberto Alves de Araújo.

José S. Gomes, Sinvaldo J. Santos, Crislene dos Santos, TF II, Escola Jecelino José Nogueira.

Cristiane Bahia, Vânia Pimenta Gomes, Uilliam Cardoso dos Santos, Tiago Lima, TF II, Escola Gilberto Alves de Araújo.

Desse modo, compartilhar o caminho da criação artística contextualizada com a Abordagem Triangular (Ana Mae Barbosa), que se sustenta em três pilares: conhecer a história, o próprio fazer artístico e saber apreciar uma obra de arte, deixa claro que a obra criada é um percurso e não um estalo de imaginação. PÁGINA 7


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Momento em Libras Raquel Lopes Silva Dourado Queridos estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a volta às aulas de maneira presencial está sendo desafiadora, por conta da pandemia. A gestão, junto com a equipe da EJA, está organizando a melhor maneira desse encontro acontecer. Todos nós estamos com saudades das aulas presenciais, de ter esse contato com os estudantes, principalmente os estudantes surdos. Vejam os momentos brilhantes que já tivemos... E, com o retorno presencial, muita coisa boa vamos continuar produzindo.

Fotos do arquivo da Escola Gilberto Alves de Araújo.

Para amenizar a saudade, o nosso jornal está criando este desafio para você responder e também conhecer um pouco mais a Libras. Que tal brincar de PEDRA, PAPEL E TESOURA?!

Disponível em: http://sitedaverinha.blogspot.com/2014/11/projeto-pedrapapel-tesoura-jogos-e.html Acesso: 29/08/21. PÁGINA 8


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Dizendo a vida: educação, trabalho e cidadania Maria José Maurício Este momento ímpar de produção textual teve como ponto de partida uma roda de conversa intitulada “Um pouquinho de mim”, e o vídeo de Eliana Dias (https://www.youtube.com/watch ?v=0QNNDTKVHII), mulher negra que vivia na periferia e durante a infância encontrou um livro no lixo cuja leitura muito contribuiu para o seu desenvolvimento. Ela jamais desistiu de sonhar. Tornou-se advogada e empresária do grupo musical Racionais. Com a palavra, as estudantes da escola Prof. Jecelino José Nogueira, Eixo V.

Ana Carolina Araújo

Meu nome é Ana Carolina, conhecida como Carol. Tenho 24 anos. Nasci em Jaboatão dos Guararapes, Recife. Tenho uma filha que se chama Maísa. Sou uma pessoa forte, pois já passei por muitas coisas. E ainda estou de pé. Quem me conhece sabe que minha vida é difícil. Mas sou sonhadora e vou chegar aonde quero. Tenho fé que tudo vai melhorar e, como eu sempre falo, sou uma sobrevivente. Não tenho saudade da infância nem da adolescência. Sempre fui uma pessoa difícil e foi assim que aprendi a viver.

Inajara Pereira dos Santos

Olá! Eu me chamo Inajara Pereira dos Santos. Tenho 24 anos. Nasci em Catu, na Policlínica. Estudo na Escola Professor Jecelino José Nogueira. Meu apelido é Nega. Na minha infância eu aproveitei muito a vida. Brincava com meus amigos e estudava. Na adolescência, tive um filho, Kauã Henrique. Parei os estudos para cuidar dele. Ele tem oito anos. Hoje, que está grande, voltei a estudar. Voltei para realizar meus sonhos e objetivos. Meu grande sonho é ingressar numa faculdade e me formar. Fazer curso de Técnica em logística, dar um futuro melhor pra ele, e pra mim também.

Taisla queiroz dos Santos

Olá! Eu me chamo Taisla Queiroz dos Santos. Tenho 24 anos, e estudo na Escola Professor Jecelino José Nogueira. Meu apelido é Tai. Na minha infância, eu aproveitei o máximo: brincava com meus amigos e estudava com eles também. Na adolescência, tive uma filha linda que se chama Sophia, e tem sete anos. Acabei abandonando os estudos pra cuidar dela, e agora que ela tá maior, dá pra voltar a estudar. Meu sonho é fazer uma faculdade e me esforçar para conseguir uma oportunidade de emprego. Quero fazer curso de administração e dar um futuro melhor pra ela. Essa sou eu.

Bianca Souza Santos

Oi. Meu nome é Bianca. Algumas pessoas me chamam de Bya. Tenho 21 anos. Minha infância foi dolorida, desprezada pelo meu pai. Mas, enfim, Deus me deu pessoas maravilhosas: meus avós, minha mãe. Tenho vários sonhos, um deles é me formar. Já enfrentei muita coisa, mas glória a Deus, pois sobrevivi, e continuo sobrevivendo.

Cristiane da Conceição Silva

O meu sonho é terminar o meu colegial que, por causa das dificuldades, não concluí na idade correta. Mas, como diz o ditado, "enquanto há vida, esperança". PÁGINA 9


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Voz da EJA

A declaração pública do ministro da educação Milton Ribeiro de que há crianças “com um grau de deficiência que é impossível a convivência” foi discutida na EJA, na escola Dom Justino José de Santana. Embora o Ministério da Educação tenha emitido uma nota de “pedido de desculpas às pessoas que se sentiram ofendidas”, essa discussão é relevante, pois é preciso garantir o direito à educação e inclusão escolar de todos os estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) sem qualquer distinção.

Quando as crianças têm alguma deficiência, devem ser tratadas com amor e carinho por todos ao seu redor. Mas muitas pessoas são excluídas. Por isso elas não querem participar do mundo real, ir à escola, que é necessário para um bom desenvolvimento. Assim, acabam não aprendendo a se comunicar fora de casa. Cada um aprende de um jeito diferente. Quando o professor dá atenção individual ao aluno, não prejudica a turma. Roseneia de Jesus Rosário, Escola Dom Justino José de Santana, Eixo IV.

#InclusãoEscolarJá!

Quando o professor dá atenção individual ao aluno, não prejudica a turma As crianças, adolescentes e jovens precisam estudar para ter lá na frente um futuro adiante. É muito complicado o ensino para quem tem dificuldade, mas tem que continuar tentando. Há uns alunos que aprendem mais Adenildes Maria de Almeida Bispo, rápido e outros não. Mas não Escola Dom Justino José de Santana, Eixo IV. podemos desistir nunca. Mirian Feitosa dos Santos, Escola Dom Justino José de Santana, Eixo IV.

#SomosTodosEja

Valnete Conceição da Silva, Escola Dom Justino José de Santana, Eixo IV.

Acho que o ministro está errado, pois a escola é um direito de todos. Ele é preconceituoso e essa é a verdade.

#EducaçãoParaTodos

Mas não podemos desistir nunca.

A escola é para todos e os deficientes não atrapalham os outros. Isso é preconceito. É muito triste ter pessoas assim. Se por um acaso este ministro da educação tivesse alguém da família dele com deficiência, ele não falaria um absurdo desse. Ele é muito preconceituoso, poderia se colocar no lugar de uma pessoa com deficiência para ver como se sentiria. ********** Diante destes depoimentos, pode-se dizer que eles representam a indignação de muitos brasileiros que reconhecem a importância da inclusão no Sistema Educacional brasileiro. PÁGINA 10


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Ex-aluna da EJA Evanildes Teixeira da Silva

Entrevista de Lucinalva de Santana para a EJA EJA: Olá, Lucinalva de Santana! É um prazer para a EJA ter esta conversa com você, nossa ex-aluna da escola Gilberto Alves de Araújo. Você continua estudando depois da EJA e qual a sua ocupação? Lucinalva: Estou cursando o ensino médio, não terminei ainda devido à pandemia, mas com fé em Deus vou terminar porque a EJA na minha vida fez a diferença. Eu trabalho no ramo da farinha há muito tempo e deste modo criei meus filhos com muito orgulho. EJA: Considerando que é empreendedora do ramo da farinha, como anda a luta nesse contexto de pandemia? Lucinalva: O trabalho na casa de farinha é uma correria daquelas e mesmo com a pandemia não deixei a peteca cair, vamos levando, superando as dificuldades, Lucinalva de Santana, egressa da EJA (2019), confiando em Deus que tudo dará certo. empreendedora.

EJA: A EJA teve alguma importância na sua formação? Lucinalva: Sim. Foi muito importante na minha formação, pois através da EJA eu consegui avançar nos meus estudos. Consegui chegar onde cheguei, realizar meu sonho de adquirir mais conhecimentos, como fazer um cordel, participar do teatro, apresentar no palco e ganhar o concurso. EJA: Isso! Em 2019, você foi vencedora do Literarte com o poema “Daqui sai meu sustento”, o qual narra em versos a arte de produzir a farinha e a rotina de trabalho. Foi importante essa conquista? Lucinalva: Ganhar no Literarte foi de grande importância na minha vida, porque além de ter uma meta conquistada, vi que podemos realizar algo que almejamos muito, é só não desistir. É tão bom quando conseguimos realizar sonhos difíceis pra gente, mas não impossíveis pra Deus. No ano passado, realizei mais um sonho, comprei meu carro pra fazer minhas entrega de farinha. EJA: Parabéns, Lucinalva! A sua experiência de vida e luta são lições para todos nós. Qual o seu grande sonho?

Projeto: Virada Cultural de Catu (SMEC), Literarte, 06/12/2019.

Lucinalva: Na minha vida... um dos sonhos que tenho é que quero ser uma fazendeira, uma minifazendeira. Que Deus possa na minha vida conceder isso para que eu possa comprar minha terra, conseguir ter gado na minha fazenda. Mas sou feliz com o que tenho. Se for da vontade de Deus Jeová, quem sabe eu chego lá. Se conquistar esse sonho, levo a pró para passar um dia na minha fazenda. EJA: Já ficarei feliz em passar um dia com você na roça. Agradecemos a sua participação no jornal Tô em Casa. Qual a mensagem que você deixa para homens e mulheres que ainda não concluíram os estudos? Lucinalva: O que eu tenho falado para as pessoas que não concluíram os estudos é que nunca desistam dos seus sonhos, vão em frente porque estudar é muito importante, pois é com estudo que adquirimos conhecimentos e traçamos objetivos na vida. Estudar faz bem! EJA: Obrigada! Continue ampliando seus horizontes com os estudos. Lucinalva: Foi um prazer! Muito obrigada.

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Diálogo poético Uma porta aberta para o curso técnico Para o curso na universidade também Hoje se vocês não têm o 2º grau É tratado como um João Ninguém O curso fundamental é aquele que soma Para o trabalho quase vaga não tem

Reinaldo Nonato – Poeta Popular

Escola do Saber Um ano de pandemia Do coronavírus em ação Alunos ficaram sem aulas presenciais E os professores criaram nova educação Não esqueceram que o saber é a base Para qualquer formação Professores ficaram preocupados Com essa triste situação O ensino para jovens e adultos Na prática é a melhor solução Facilita para o futuro emprego E melhora a vida para o cidadão

Atente bem para os meus versos Escuta o apelo que faço Volta amigos para as aulas presenciais Não queira mergulhar no fracasso Para se obter melhores dias na vida A educação merece estar passo a passo Conselho se dá, não se vende É aquela divina ajuda Se você abandonar os estudos Vai ser aquele Deus nos acuda Porque para frente é que se anda Essa é a lei da evolução e não muda. O ensino remoto perde espaço A internet ajuda na reta final Com o decreto do retorno presencial, surge outra rotina que é essencial. Com cautela e uso de máscara, a escola vai voltando ao normal.

Sem água Por que não ferrugem? O amarelo é cor agradável. O cheiro da mesma forma. Sentir um gosto de terra faz bem. E de ferrugem também. Motivo para isso deve haver Há quem diga: falta água. Culpa é da ladeira! Culpa é do cano de ferro! Culpa é da bomba! E coitada da lavadeira. Como cuidar da roupa do patrão? Se água não tem? Como deixar branca feito coco? Se a água que usa tem cor? Corre risco essa mulher De perder o vintém.

Maria José Maurício

A mulher carrega o fardo. Nem roupa e nem casa bem lavada. Muito menos banho final de tarde. Como fazer o café? Se até a água deu no pé? Só volta na madrugada. Continua com gostinho de ferrugem. PÁGINA 12


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Espaço social Ivanildes Pereira Conrado Santos

Diana Pio Costa ,TF II – Escola Gilberto Alves de Araújo.

Cláudia de Jesus Santos, TF I – Escola Gilberto Alves de Araújo.

Rosemary Pereira Pio , TF II – Escola Gilberto Alves de Araújo.

Thiago de Lima Barbosa, TF II – Escola Gilberto Alves de Araújo.

Lucicleide de Rezende, TF I – Escola Prof. Jecelino José Nogueira.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA/SMEC) está muito otimista com a participação dos estudantes na campanha de vacinação contra a Covid-19 e esperançando o retorno de todos às aulas semipresenciais com segurança e imunidade contra o vírus. Os depoimentos dos estudantes nos grupos de WhatsApp da escola, após serem vacinados, evidenciam o engajamento estudantil na campanha vacinal e a percepção da importância da imunização de toda população, enquanto direito cidadão. Ana Carolina Araújo Alves (TF II/Eixo V Escola Prof. Jecelino José Nogueira ) comentou:

“Estou muito feliz e grata, pois me vacinei na semana passada. Tive a COVID... sei o quanto tanta gente esperou por essa vacina e não teve essa oportunidade.” A estudante Maria de Lourdes dos Santos (Tempo Formativo I – EixoII - Escola Prof. Jecelino José Nogueira) alertou aos colegas:

Gracielia Vieira Dantas, TF II – Escola Gilberto Alves de Araújo.

Ana Lúcia Santos de Sales, TF I – Escola Prof. Jecelino José Nogueira.

Camila Conceição Rodrigues TF II – Escola Gilberto Alves de Araújo.

Malena Cruz Sena, TF II – Escola Prof. Jecelino José Nogueira.

Ana Carolina Araújo Alves, TF II – Escola Prof. Jecelino José Nogueira.

“Pessoal, corram pra fila da vacina, assim que sua oportunidade chegar. Ela é muito importante pra nos proteger contra a COVID e podermos voltar às aulas presenciais”.

O exemplo da professora Jaciene Ferreira Acioly Lins (Tempo Formativo I – Escola Gilberto Alves de Araújo) e de outros professores foi fundamental para motivar a participação dos estudantes nos grupos etários e incentivar a postagem de suas fotos sendo imunizados, demostrando assim, o orgulho de ter seu direito à saúde garantido. PÁGINA 13


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Receitas com o toque da EJA Cleópatra Guarani Alves Santana

Suziane Santos de Jesus Eixo V, Escola Gilberto Alves de Araújo.

Carine Santos de Jesus Eixo V, Escola Gilberto Alves de Araújo.

Receita com cascas de batatinha

Suco de casca de abacaxi

Ingredientes:

Você vai precisar de:

Cascas de batatas e sal a gosto, queijo ralado (opcional).

Casca de abacaxi 4 colheres de sopa de açúcar Peneira Liquidificador

Modo de preparo: Lave bem as cascas, depois de secas, frite com óleo bem aquecido, escorra e coloque no guardanapo. Por último, adicione uma pitada de sal e queijo ralado.

Tudo aqui em casa é consumido sem perdas nem desperdícios. Eu não conhecia essa receita, achei bem diferente, mas muito interessante. (Suziane)

Modo de preparo: Lave bem as cascas. Em seguida, bata no liquidificador com água filtrada e o açúcar. Depois é só coar e servir. Fica uma delícia e é bem refrescante.

Já conhecia essa receita e acho boa, prática e saborosa.(Carine)

Doce de casca de maracujá Modo de Preparo: Ingredientes: 3 xícaras de chá de açúcar granulado; Cravo da índia a gosto; 6 a 8 cascas de maracujá cozido, lavados e cortados; ½ xícara de chá de suco de maracujá. Ana Cléa da Silva, Eixo V, Escola Gilberto Alves de Araújo.

Leve ao fogo os cravos, a água e o açúcar até obter uma calda em ponto de fio fraco. Junte as cascas do maracujá escorridas e cozinhe por 20 minutos ou até ficarem macias. Depois, acrescente o suco de maracujá e cozinhe até ferver e deixe no fogo por mais 5 minutos. Coloque em potinhos (ou em cascas de maracujá no formato de copo) e sirva gelado. PÁGINA 14


08/10/2021 / / SEXTA-FEIRA / / VOL. II Nº 02

Classificados da EJA Nadja Lima Borges

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Entretenimento Maiane Gomes Bastos

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

CONSELHO EDITORIAL Coordenadoras: Ivanildes Pereira Conrado Santos, Lucidalva Álvares dos Santos e Rita de Cássia Alves Pereira. Professores: Ana Maria da Silva, Djalma Diniz, Evanildes Teixeira, Gustavo Muniz, Luciene Silva, Maiara Abreu, Marcelo Mattos, Maria José Maurício, Cleópatra Santana.

SMEC – CATU – BA Telefone: (71) 3641 – 2185 E-mail: smec@catu.ba.gov.br

Avenida Geonísio Barroso, s/n, Centro Administrativo. CEP: 48110-000, Catu – Bahia . PÁGINA 16


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