Revista SHOT

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Sumário Lomografia

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Lomografia

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PSD CS5

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O Fotográfo cibernético

Time Line

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We Heart It!

Polaroid

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HDR

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Henry Cartier Bresson

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Tilt-Shift

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LOMOGRAFIA: NÃO PENSE, SEJA RÁPIDO Ela é russa, alternativa e altamente artística. Criada em plena Guerra Fria, é bem quista por toda uma legião de amantes da fotografia. E ainda hoje, continua revelando suas cores contrastadas, imagens distorcidas e criatividade potencializada.

Arvore florida no centro de União da Vitória - PR

A ideia era comercializar uma câmera de pequeno porte, baseada em um modelo japonês, que fosse financeiramente viável, e também prático. Em 1982, o general da URSS, Igor Petrowitsch Kornitzky, do Ministério da Indústria e da Defesa Soviética, ordenou que a empresa Lomo produzisse em grande quantidade uma máquina fotográfica robusta, pequena e fácil de usar. Foi quando nasceu a Lomo LC-A, se espalhando vagarosamente por países como Vietnã e Cuba, com suas lentes 100% plástico. Mas somente em 1991, quando dois jovens tchecos que estavam de férias caíram de amores pelos brinquedinhos, a Lomografia ficou conhecida e adorada por todos os jovens de Viena, chegando a fundar uma Sociedade Lomográfica, que organizava

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eventos culturais e vendas de câmeras. A partir daí modelos com diferentes efeitos surgiram e todos puderam dispor de câmeras que casassem com suas ideias. Como a Olho de Peixe, a ActionSampler e a Diana, que forma uma borda escurecida ao redor da fotografia. Fotografar com uma Lomo é fotografar por acaso, sem previsões ou intenções. Ela não é encenada ou produzida, simplesmente guiada pelo desejo de retratar algo. Um dos grandes projetos da Sociedade Lomográfica em colaboração com outras várias organizados sobre o tema que estão espalhadas pelo mundo hoje, é a constituição do LomoWordArchive, um registro visual que possui fotografias do lomógrafos de mundo inteiro. A estudante de jornalismo Elaine Schmitt,


de União da Vitória-PR, é uma dessas admiradoras da fotografia que não resistiu às toy cameras, como também são conhecidas, e na primeira oportunidade comprou a sua lomo, uma Holga vermelha, 35mm. Ela conta da ansiedade que é ter de fotografar um rolo de filme inteiro para então poder revelar e ver como ficaram as fotos, coisa que há muito não fazia devido a praticidade das câmeras digitais. “É engraçado você fotografar e procurar rápido o display para ver como a foto ficou. A gente acaba se acostumando e esquece como é bom essa sensação de surpresa ao pegar um pacote de fotos reveladas.” Ela conta também do efeito artístico que a fotografia de uma Lomo têm. “A primeira vez foi estranho, eu tinha uma imagem desfocada e espelhada. Mas logo pensei em uma das regras da Lomo “Não se preocupe com as regras”, e fiquei feliz. Ficou totalmente artístico”, conta ela rindo. Aquilo que começou como uma abordagem artística à fotografia na Europa, tomou proporções de um movimento sociocultural que ultrapassou fronteiras. A Lomografia ganhou uma expressão que vai para além dos conceitos da fotografia. Este desenvolvimento é suportado pela venda de produtos, com novidades frequentes, e por diversas atividades culturais como exposições e festas que promovem essa ideia.

Camera Fotográfica Lomo Holga, filme 120mm.

Os lomógrafos convivem com um conjunto de dez regras básicas:

6.Seja rápido.

1..Leve a sua Lomo onde você for.

7.Você não precisa saber antes o que fotografou...

2.Fotografe a qualquer hora do dia ou da noite.

8....Nem depois.

3.A Lomografia não interfere na sua vida, ela é parte dela. 4.Aproxime-se o mais possível do objeto a ser fotografado.

9.Não fotografe com os olhos. 10.Não se preocupe com as regras.

5.Não pense.

Paisagem de Florianópolis - SC

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PHOTOSHOP: Ele voltou, ainda melhor

Durante o primeiro semestre de 2010, desde amadores a profissionais, esperaram ansiosamente pelo lançamento da quinta versão do software de edição de imagens mais famoso do mundo, o Adobe Photoshop CS5. Que entre suas já excelentes ferramenta e interface quase mágica, inclui novidades como o “Contentaware Fill” (ou preenchimento considerando o conteúdo) e o “Refine Edge” (ou refino de margem). Essas ferramentas, e outras, tornam o aplicativo o mais completo e realista que existe, fazendo as fotografias digitais que sofreram manipulação não parecerem de fato, manipuladas. Mas para que sua produção não pareça mal feita, é preciso um pouco de estudo sobre o CS5 pois as centenas de ferramentas podem acabar confundindo o editor que não é muito familiarizado, principalmente se sua versão for em inglês, pois termos não muito comuns são utilizados o tempo todo.

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Mauricio Tonon, que trabalha como freelancer em design fala da importância em conhecer bem o programa: “Só conhecendo a interface e o básico você não conseguirá usar de todo o potencial desse programa, é uma ferramenta profissional, você faz o que quiser em uma imagem com este software, mas somente conhecendo nas entrelinhas, sabendo o que você quer fazer, como fazer, você vai extrair de tudo que esse programa te possibilita.” Além das novas ferramentas, aprimoramentos como o Mini Bridge, um organizador de arquivos que até então não era linkado ao Photoshop, passa a ser e o Câmera RAW, que serve para um determinado formato de foto muito conhecido para profissionais, também recebe atenção. O site Baixaqui, conhecido por liderar a distribuição de downloads gratuitos no Brasil, publicou uma nota de opinião sobre o programa, que inclusive já está dis-

ponível para baixar. “Organização parece ter sido uma das prioridades da Adobe no novo Photoshop. Além do Mini Bridge, que permite organizar as imagens de trabalho, a própria interface do Photoshop recebeu funcionalidades de melhoria na disposição das ferramentas. Como personalização significa adaptação ao ritmo de produção de cada usuário, ponto para a Adobe ao facilitar esse processo. Em termos de funcionalidades, não há o que dizer. Todo mundo já viu aquilo de que o Photoshop CS5 é capaz, e não há quem não fique impressionado.”

Interface do software mostrando nova ferramenta


FOTOGRAFO CIBERNÉTICO Saiba o que a internet oferece aos fotógrafos hoje A internet, para um fotógrafo, permite aprimorar habilidades, mostrar o trabalho, adquirir informação sobre lançamentos e tecnologias e conhecer tendências mundiais. Juntamos os mais conhecidos sites, a maioria em inglês, para apresentar aos amantes da fotografia as novidades que a internet traz:

Camera Simulator: É um site suíço que simula, on-line, as funções de uma câmera fotográfica na versão manual. Ali você pode testar diferentes combinações de abertura, tempo e ISO e treinar suas habilidades. Touchpuppet: Este site contém editoriais das maiores publicações de moda do mundo e é diariamente atualizado. Ele traz tendências de todos os cantos, com a assinatura de cada fotógrafo. Flickr: Um portfólio em que o fotógrafo pode divulgar seu trabalho para o mundo todo. Sua versão gratuita possui limite de postagens, mas a versão paga dá ao usuário liberdade para postar conteúdo ilimitado. Possui ainda estatísticas de acesso, dados EXIF da foto (marca, WB, ISO, abertura, obturador), busca por tags, georreferência, edição e organização.

Digital Photography Review: Divulga os maiores lançamentos de câmeras, objetivas e todos as ferramentas que um fotógrafo precisa conhecer.

Picnik: Editor de imagens on-line que permite alterar fotos armazenadas no computador ou na internet sem a necessidade de download ou instalação de programas. Possui efeitos muito legais para quem quer algo divertido e diferente para suas fotos.

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LINHA DO TEMPO - CAIXA PRETA: Como funcionava a fotografia trinta anos atrás

A fotografia que é capaz de aparecer em uma telinha da câmera, rapidamente transportar-se para o computador e sofrer a manipulação que o fotógrafo bem entender, é coisa nova. Em minutos, desafios foram vencidos. Mas antigamente coisas como ficar 8 horas na mesma posição para se conseguir um retrato era normal, e caríssimo. Além de pensarem ser obra do capeta, a fotografia sofria por nascer tomando lugar da pintura e necessitar de um entendimento muito mais complexo que o de hoje. O processo de revelação, quando ainda se prezava pelo papel, levava horas e precisava de uma sala preparada especificamente para isso. Escura, com químicos e ferramentas especiais. Veja a seguir a linha do tempo do mundo da fotografia :

1604 - O cientista italiano Angelo Sala percebe que um composto

de prata escurecia quando era exposta ao Sol, achando que esse efeito fosse produzido devido calor.

1724 -

Johann Heinrich Schulze fazendo experiências com ácido nítrico, prata e gesso, determinou que era a prata halógena, convertida em prata metálica, e não o calor, que provocava o escurecimento.

1826 – O francês Joseph Nicéphore Niépce, produz a primeira ima-

gem conhecida foto grafia , numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado Betume da Judéia. A imagem foi produzida com uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar.

1839 - O britânico William Fox Talbot, que já efetuava pesquisas

garante os direitos sobre sua invenção: papéis fotossensíveis. Ele desenvolveu um diferente processo denominado calotipo que usava folhas de papel cobertas com cloreto de prata produzindo a imagem positiva.

1861 – Surge a fotografia colorida, tirada pelo físico James Clerk Maxwell.

1888 - Com a introdução da câmera tipo “caixão” e pelo filme em

rolos substituíveis criados por George Eastman, a fotografia se popularizou-se como produto de consumo.

1990 - A Kodak lança o DCS 100, a primeira câmera digital comercialmente disponível. 2006 /2007 – As vendas de câmeras digitais crescem e dominam o mercado fotográfico.

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Desde então, o mercado fotográfico tem experimentado uma crescente evolução tecnológica. Com inovações que facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade de reprodução ou a rapidez do processamento, mas pouco foi alterado nos princípios básicos da fotografia. O aperfeiçoamento da tecnologia das imagens digitais tem quebrado barreiras de restrições em relação aos que ainda prestigiam o tradicional filme, e assim, irreversivelmente ampliando o domínio da fotografia digital.


WE HEART IT: NÓS AMAMOS ISSO! O We heart it é um site de compartilhamento e armazenamento de imagens e vídeos. Com ele você pode unir fotos e vídeos encantadores que vê pelos blogs, sites e pesquisas na internet, em um só lugar por meio de um simples click. Assim terá acesso a elas a hora que quiser, sem ter que salvar nada em seu próprio computador. We Heart It, em uma tradução livre, seria “Nós amamos isso”. Seu funcionamento é muito simples. É preciso criar um usuário no site - seu login é usado como o link direto para o seu álbum. A exemplo do Twitter, você tem seguidores, e pode seguir, também, os perfis que mais gosta, visualizando suas atualizações na home. Na rede social, você pode compartilhar com amigos suas imagens e vídeos favoritos, ou que simbolizam seus gostos. Você pode adicionar hearters como contatos, bem como as imagens que achar bonitas no próprio site, neste último caso, com o simples “I heart it too”. Criada pelo designer e desenvolvedor brasileiro Fábio Giolito, é uma espécie de “delicious para imagens”. Uma vez que o hábito se construa, pode ser muito útil.

O QUE É O WE HEART IT? -Aqui é onde você guarda a sua inspiração O We Heart It vai criar um álbum online para você (um coração) com as suas fotos e vídeos favoritos. E ao mesmo tempo você pode ver o que as outras pessoas estão adicionando em seus próprios corações e salvar isso no seu para aumentar sua coleção. COMO ISSO FUNCIONA? -Crie seu coração Seu coração e sua página pessoal no We Heart It, é onde você vai colocar as imagens e os vídeos que você gosta. Clique no link “Join Us” no topo da página e crie um. -Ame alguma coisa Quando você ver alguma coisa que gosta no We heart It, basta clicar no coração na extremidade da imagem. Ele vai ser preenchido de cor, isso significa que esta imagem está no seu coração agora. -Adicione Tags Descreva as imagens do seu coração com tags. Isso vai facilitar para você e para todo mundo a encontrar isso de novo. Se você clica em uma tag você pode ver todas as imagens com tags iguais.

-Veja detalhes de uma imagem Quando você clica em uma imagem você pode vê-la maior, quem amou isso, as tags que foram adicionadas, os comentários feitos sobre ela, imagens semelhantes, o site original onde ela foi encontrada...Muita, muita, muita coisa! -Siga outras pessoas Veja corações de outras pessoas clicado em suas fotos. Em seus corações você escolhe se quer seguilas e ver todos as suas atualizações em sua página inicial (Home). -Adicione coisas de outros sites Para fazer isso a primeira coisa que você deve fazer é adicionar o botão especial em seu navegador. Então, quando você ver a imagem que você gosta em qualquer site, clique neste botão para marcar esta imagem e adicionar em seu coração. Ana Luiza Almeida de Lima, que trabalha o dia todo no computador, conta do vício que é abrir o site, que te faz gastar horas olhando as páginas com fotos e mais fotos encantadoras. ”São muitas fotos e elas são muito bonitas. Entre um trabalho e outro sempre abro o site para relaxar um pouco”.

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COMO FUNCIONA

A Polaroid foi uma invenção de Edwin Land, que em 1947 transformou o mundo da fotografia com um filme que era revelado em minutos. A tecnologia da instantaneidade foi fez muito sucesso, e trouxe um faturamento de mais de 5 milhões de dólares à empresa de Land, a Polaroid Corporation . O filme instantâneo é muito parecido com os convencionais, mas apresenta um elemento extra: os produtos químicos responsáveis por revelar a imagem no papel, que estão armazenados em uma bolha na borda do papel do filme plástico. E fazem com que, ao clicar, o fotógrafo mova dois roletes que comprimirem a bolha e a fazem liberar o químico na imagem já projetada sobre o papel. Um pacote com 10 folhas de filme instantâneo custam em torno de R$80,00, o que torna o produto um divertimento raro. Para fotógrafa de 25 anos, Tainá Azeredo, o que lhe encanta é o ar vintage que a polaroid dá às suas fotos “A foto em Polaroid sempre sai com cara de uns dez anos mais velha, mesmo que você fotografe num contexto atual”. Com a câmera sendo usada de modo correto, o filme em seu interior fica protegido da luz, mas quando é expelido sua camada ácida reage ao químico álcali e o opacificador, que tornam a imagem finalmente visível. Em segundos! É este processo que causa a sensação da imagem estar se formando diante dos olhos, mas não, ela já estava projetada ali desde o momento que foi clicada, apenas cumprindo o curto processo de ativação dos químicos. Mas quando a imagem finalmente se forma em uma fotografia, o revelador não está completamente seco ainda, e muitas pessoas aproveitam isso para criar efeitos espalhando as cores com uma caneta ou com a ponta dos dedos. Essa é mais uma forma de se divertir com a Polaroid, ou também você pode pressionar O papel durante o momento em que a uma fotografia ainda molhada contra sua pele e fazer uma tatuagem bolha de químico é ativada. temporária com qualidade fotográfica! Mesmo tendo quase 60 anos, a Polaroid está forte no mercado, se atualizando e trazendo novidades para os fãs. A Polaroid PoGo é o novo modelo, mais econômica e com dimensões reduzidas, é uma espécie de mini-impressora que não possui tinteiros nem fitas. São resistentes à água e às marcas dos dedos, e as cores do resultado parecem satisfatórios. Usa um papel autocolante especial e é muito fácil de utilizar, além de oferecer Bluetooth para impressões sem fios. O pacote com 10 papeis são encontrados na internet Poe R$24,00. Mas Fernanda Brianti de 30 anos, e é fotógrafa, defende o modelo anterior da marca e fala da riqueza de produtos antigos. “Comprei minha Polaroid num ‘família vende tudo’, impecável, com nota fiscal. As pessoas mais senRepresentação das camadas quimicas síveis estão começando a perceber que as coisas estão muito descarde um papel fotográfica de Polaroid táveis, faltando alma. Qualquer um que fotografa com Polaroid já tentou inventar um jeito de ressuscitar a máquina”.

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HDR, AGREGANDO MAGIA À FOTOGRAFIA High Dy namic Range (HDR, ou Grande Alcance Dinâmico, em português) é um método utilizado na fotografia para alargar o alcance dinâmico, em outras palavras, a intenção da técnica é conseguir preservar nas imagens tanto áreas claras, como as mais escuras, as sombras. Para fazer um HDR, precisa-se de uma série de pelo menos 3 fotografias iguais, mas que tenham diferentes tempos de exposição, que lhe dará uma muito clara, uma com tons equilibrados e outra muita escura. E por meio de softwares como Photomatix Pro 3, em que você customiza os valores de contraste e luz da fotografia, o alcance dinâmico é atingido e uma foto com cores e luzes preservadas e destacas é obtida. Essa técnica foi utilizada pela primeira vez a 60 anos atrás por Charles Wyckoff, que fotografava explosões nucleares. O professor Lúcio Kürten dos Passos, professor de fotografia e coordenador do curso de jornalismo, na Uniuv, já aderiu à novidade, e fala da diferença que a técnica traz, principalmente para a fotografia publicitária. “Em uma foto de praia, por exemplo, você consegue ter uma cor tanto do céu azul como das ondas quebrando muito mais vivo que em uma fotografia normal.”

“Uma boa HDR faz a cena parecer real, quase podemos tocar. Nossos olhos funcionam como uma câmera, mas muito melhor. Quando olhamos uma paisagem no geral conseguimos ver o céu e todo o resto da cena. Quando olhamos uma pessoa conseguimos ver tanto os detalhes de sua pele quanto os detalhes do local que está atrás dela. As câmeras não têm essa versatilidade e em uma foto normalmente não conseguimos reproduzir o que estamos vendo. É aí que entra a HDR – tentando reproduzir a qualidade dos nossos olhos que (ainda) não está nas câmeras.”

Fotografía HDR da Ponte do Arco em União da VItória - PR

As principais características de um HDR são: - Áreas brilhantes podem ser realmente brilhantes; - Áreas escuras podem ser realmente escuras; - Detalhes podem ser vistos em ambas. A designer e fotógrafa curitibana Cláudia Regina conta por que esse tipo de foto é legal:

Fotografía HDR do Patrimônio Histórico de Porto União - SC, Castelinho

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“Minha fotografia é resistência da memória.”

Araquém Alcântara


fotógrafo Henri Cartier Bresson

HENRI CARTIER BRESSON taneidade do movimento e o prazer de estarem vivos, Cartier Bresson se surpreendeu. “A única coisa que era completamente nova para mim e me trouxe para o fotojornalismo foi o trabalho de Munkacsi. Quando eu vi a fotografia das crianças negras correndo em uma onda, não pude acreditar que tal coisa pudesse ser capturada com a câmera.“ Logo após passar um ano na Costa do Marfim, ele descobriu a famosa câmera Leica que seria sua companheira pelo resto da vida. Em 1943 entrou para uma organização clandestina de ajuda a prisioneiros e fugitivos, depois de ter sido prisioneiro alemão e conseguido escapar na terceira tentativa. Mais tarde fotografou, junto de jornalistas profissionais, a libertação de Paris e filmou o documentário Le Retour. Em 1947, após as revira-voltas da Segunda Grande Guerra, fundou uma agência fotográfica chamada Magnum juntamente com Robert Capa, David Seymour (Chim), William Vandivert e George Rodger. Foi quando deu inicio a uma fase de trabalho mais requintado. Contratado por revistas como a Life, Vogue e Harper’s Bazaar, passou a viajar por todo o mundo registrando imagens que viriam a formar

“Minha fotografia é resistência da memória.” Araquém Alcântara

Nacido em Seine-et-Marne em 1908, o pequeno Bresson demonstrou interesse por fotografia desde de cedo, e ainda entusiasmado com uma câmera Box Brownie que acabara de ganhar de seus pais, enquadrou diversas cenas que comprovaram sua habilidade e gosto. Depois de utilizar pela primeira vez uma câmera de filme 35 mm, decidiu manter sua atenção no ramo das artes, começando por estudá-la sobre ensino de André

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Lhote em seu pais vizinho, França, e a encantar-se por pintura surrealista. Quando já estava com 22 anos, Henri Cartier Bresson conheceu obras do fotógrafo húngaro Martin Munkacsi durante uma viajem para Marselha. E depois de ver uma fotografia de Munkacsi em que três jovens negros corriam em direção ao mar, no Congo, apaixonou-se de vez pela arte de escrever com a luz. Quanto a captura de liberdade, graça, espon-


Bruxelas 1932

seu legado. Cartier Bresson explicou certa vez o que a fotografia representava pra ele. “Para mim, a máquina fotográfica é um bloco de notas, um caderno de desenhos, um instrumento de intuição e espontaneidade, o mestre do instante que, em termos visuais, questiona e decide simultaneamente. É pela economia de meios que chegamos à simplicidade de expressão.” Achava que a fotografia deveria ser composta no visor da câmera, não em uma sala escura. E comprovou esta ideia tendo suas fotos livres de qualquer corte ou manipulação. Disse que suas cópias não eram cortadas pois as imagens impressas mostravam uma borda escura, que era o primeiro milímetro do negativo não exposto. “A fotografia não é como a pintura,” falou em uma entrevista ao Washington Post em 1957. “Há uma fração de segundo criativo quando você estiver tirando uma foto. Seus olhos devem ver uma composição ou uma expressão que a própria vida lhe oferece, e você deve saber, com intuição quando clicar a câmera. Esse é o momento em que o fotógrafo é criativa “, disse. “Oop! O momento! Uma vez que você perder, ele se foi para sempre.” Ele trabalhou exclusivamente em preto e branco e não gostava de fazer sua própria impressão. “Eu

nunca estive interessado no processo da fotografia, nunca, nunca. Logo desde o início. Para mim, a fotografia com uma câmera pequena, como a Leica é um desenho num instante.” Bresson é considerado uma das personalidades mais modestas do mundo da arte. Mesmo tendo fotografado grandes famosos como Pablo Picasso, Truman Capote, Marilyn Monroe, Lucian Freud, William Faulkner, Robert Kennedy, Che Guevara, Martin Luther King, Coco Chanel, e Dalai Lama, não gostava de publicidade e exibia uma timidez feroz. Seu rosto era pouco conhecido, o que lhe concedia a vantagem de trabalhar nas ruas em paz. Quando aceitou um diploma honorário da Universidade de Oxford, em 1975, colocou-o na frente do rosto para evitar ser fotografado. Em uma entrevista de Charlie Rose, em 2000, ele disse que não detestava ser fotografado, mas que não aceitava a ideia de ser fotografado para se tornar famoso. Tornou-se um homem prestigio, viajando sem limites e documentando algumas das grandes convulsões do século 20, como a guerra civil espanhola, a libertação de Paris em 1945, a rebelião estudantil de 1968 em Paris, a queda do Kuomintang na China para os comunistas, o assassinato de Mahatma Gandhi, o Muro de

Berlim, e os desertos do Egito. Rejeitou rótulos sobre o termo “arte” para suas fotografias, pois achava que elas eram apenas reações de seu instinto durante o momento que haviam acontecido. Após diversas demonstrações de um trabalho bem feito, Bresson ascendeu em sua vida de fotógrafo e recebeu reconhecimento proporcional. Então obteve livros publicados, sendo o mais conhecido deles “Images à la Sauvette”. Em 1960, uma grande exposição sobre seu trabalho foi feita nos Estados Unidos, tornando Henri Cartier Bresson referência do ramo, considerado até hoje pai do fotojornalismo moderno. Ao longo do caminho parou para documentar muitos retratos famosos. Mas suas fotografias mais conhecidas, como Behind the Gare St. Lazare, são da vida quotidiana. Mais tarde, diminuiu a atividade fotográfica e passou a dedicar-se ao desenho e à pintura, ele disse que manteve sua câmera em um cofre em sua casa e raramente levando-a para fora. No ano de 2003, criou a Fundação Henri Cartier Bresson em Paris, para providenciar um lugar permanente para o seu trabalho e também poder exibir para outros artistas. No ano seguinte, no dia 3 de agosto e com 95 anos, faleceu em paz na sua casa em Montjustin.

Rue Mouffetard, Paris, 1954

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TILT SHIFT: QUERIDA, ENCOLHI A CIDADE

Fotografía com o efeito Tilt-shift da Avenida de União da VItória - PR, Manuel Ribas

Estilo de fotografia conhecida como “tilt and shift” ou simplesmente tilt-shift, produz fotografias de objetos e cenários reais, mas que parecem maquetes. Não se preocupe, não é nenhuma invenção cientifica nova para transformar cidades de verdade em miniaturas, e sim uma técnica fotográfica que dá esta sensação. A técnica do tilt-shift é uma técnica já antiga, que foi aderida pela marca de produtos fotográficos Nikon e em seguida copiada e aperfeiçoada pela concorrente Canon, em que uma lente SRL (Single Lens Reflex) para câmeras

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de 35mm seriam capazes de provocar o shift em uma imagem, ou seja, um efeito de deslocamento devido a rotação da imagem e também a inclinação, chamada de báscula pelos fotógrafos. Mas hoje, graças aos avanços digitais, a aplicação do efeito deixou de ser técnica somente para profissionais, pois com a ajuda de programas de edição de imagem, como o Adobe Photoshop é possível recriar este efeito em alguns minutos. A publicitária Bruna Lenci, achou a técnica interessante e já pensa em aplicá-la em algum material de sua agência de pub-

licidade. “Achei que se a foto for bem escolhida, a impressão é que realmente parece uma maquete. Vamos achar um material bacana para usarmos ela.” Com alguns ajustes simples de cor e nitidez, qualquer fotografia na mão de um entusiasta criativo, pode dar essa impressão de maquete. Uma outra opção de programa para criar a sua miniatura é o TiltShift Maker, fácil de usar e disponível gratuitamente na internet. http://tiltshiftmaker.com/


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