Edição no. 09

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Gente

Sênior - Jornal da Terceira Idade

Fevereiro de 2010

Eolina de Paula Xavier 90 Anos: uma mulher à frente do seu tempo

“Cultura e talento não tem sexo. Não sei da onde tiraram que isso é privilégio masculino” “Sou uma pessoa comum. Apenas em alguns momentos tive o privilégio de enxergar primeiro”

Eolina de Paula Xavier tem princípios sociológicos e fi-

losóficos que aprimorou ao longo da jornada. Ela perfilhou a convicção de que “ser honesto não é virtude, é obrigação”, e faz valer esse ponto de vista: “Quando um político se diz honesto, eu já desconfio...”

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igura humana realmente extraordinária, Eolina de Paula Xavier é uma paranaense do Rio Negro, mas que se integrou totalmente à vida de Balneário Camboriú, onde reside há alguns anos. Do alto dos seus 90 anos intensamente vividos e com uma lucidez de dar inveja, Eolina é uma testemunha viva da evolução histórica do Brasil dos últimos, pelo menos, setenta anos. Educada em colégio de religiosas alemãs, absorveu das freirinhas o sentimento de solidariedade que foi uma constante ao longo da vida. Foi ali também que viu despertar a sua capacidade de liderança, qualidade

que nunca a abandonou. Quando se mencionou durante a entrevista que ela foi uma pessoa á frente do seu tempo, ela disse que não é bem isso: -Apenas eu tive o privilégio de enxergar primeiro. Considera-se uma pessoa normal. Viveu a adolescência quando teve de vivê-la, namorou na época em que tinha que namorar, apaixonou-se quando chegou a hora e casou com homem que gostava. Tem 6 filhos (3 homens e três mulheres), 18 netos, 22 bisnetos e 2 tetranetos (por enquanto). Além dos 6 filhos legítimos, criou 12 adotivos.

Quando estava entre seus 18 e 20 anos, já escrevia para jornais do Paraná e de Santa Catarina. Tal atividade lhe rendeu junto à comunidade um conceito de liderança. Daí para a política foi um passo. Com a redemocratização do país em 1945, cuidou-se de reimplantar a normalidade democrática, com eleições para o provimento de cargos no executivo e no legislativo dos municípios em todo o país. Quando foram convocadas eleições para o seu município, a jovem Eolina de Pala Xavier foi instada a integrar a chapa de vereadores por um dos partidos da época. Foi eleita, claro. O mandato foi pontilhado de proposituras polêmicas. O projeto que estabelecia no município o “sábado inglês” foi o de maior repercussão, ganhando espaço nas rádios e nas páginas de jornais locais e dos grandes centros do país. Naquela época a legislação trabalhista estabelecia a obrigatoriedade de trabalho para os empregados no comércio durante seis dias da semana. O sábado era considerado dia laboral como os demais com expediente até às 18 ou 18h30. O projeto de Eolina era de reduzir o expediente da tarde, encerrando o dia de trabalho às 12 horas. Foi “um Deus nos acuda”. As entidades patronais levantaram-se contra o “abuso” proposto pela mocinha vereadora. O projeto foi aprovado e a lei implantada. Esta foi, pelo menos no Estado do Paraná, a primeira lei implantando o que, na época, se chamava “sábado inglês”. Eolina tem princípios socioló-

gicos e filosóficos que aprimorou ao longo da jornada. Ela perfilhou a convicção de que “ser honesto não é virtude, é obrigação”, e faz valer esse ponto de vista: “Quando um político se diz honesto, eu já desconfio...” Eolina diz que não se arrepende de coisa alguma do que fez ou deixou de fazer ao longo da vida. “Eu tenho um lema” não olhar para trás. O dia em que começar a pensar que deveria ter feito as coisas de um jeito diferente, a gente para no tempo. Por isso vou sempre em frente, com o coração limpo, a consciência tranquila, podendo encostar a cabeça no travesseiro e dormir sossegada. Mas Eolina não é só isso. Ela transita à vontade de pelo terreno da literatura. Sempre escreveu. Entre seus trabalhos dois livros se destacam: “Cada Vida um Destino” e “Poeira Vermelha”. Um livro de contos, “Cadeira na Calçada”, deve ser editado brevemente, completando (por enquanto) o seu projeto literário. Eolina escreve bem. Produz um texto escorreito e de fácil leitura. O fato de escrever fácil não significa que é fácil fazê-lo. O Padre Antônio Vieira, do alto da sua sapiência, já dizia: -Não é fácil escrever fácil. Este é o perfil de Eolina De Paula Xavier, uma mulher extraordinária. O texto não chega a ser um retrato de corpo inteiro, apenas uma foto três por quatro, daquelas que a gente tira para colocar em documento. Mesmo assim, dá para ter uma ideia da grande figura humana que ela é.

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Sênior Jornal da 3ª Idade

Sênior - Jornal da Terceira Idade - Ano 1 - Número 9 - Santa Catarina - Fevereiro de 2010

Terceira Idade cai na folia

Perfil: Cintia Milene

Página 13

Artigo do Dr. Ulisses Coelho: Para viver mais e melhor Página 10

Acesso facilitado para remédios com desconto Página 12

Uma mulher à frente de seu tempo

Eolina de Paula Xavier Página 16

A população de idosos de Balneário Camboriú demonstrou no grande baile de coroação Rainha do Carnaval da Melhor Idade que animação e alegria não são privilégio dos jovens. Leia e veja mais sobre a festa na Página 3.

O Brasil trata de previnir-se contra gripe suína que vem aí As autoridades de saúde previram a necessidade de imunização em massa da população, antes que se inicie o inverno com vistas a impedir uma epidemia de gripe suína. O Ministério da Saúde vai promover uma campanha em ní-

vel nacional para prevenir a doença. A campanha será deflagrada no dia 8 de março estendendo-se até 7 de maio. Espera-se que 62 milhões sejam imunizadas, ou seja, quase um terço da população do país. Curioso é que pessoas com

mais de 60 anos que não sejam portadores de doença crônica não receberão vacina contra a gripe suína. Serão imunizadas apenas contra a gripe sazonal. Leia mais na Página 8


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