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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO DE ARTES VISUAIS LICENCIATURA - EAD CENTRO DE ARTES
ELDER FERREIRA MARQUES NUNES
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Vila Velha, Espírito Santo: uma visão por meio da fotografia
Vila Velha 2012
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Elder Ferreira Marques Nunes
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Vila Velha, Espírito Santo: uma visão por meio da fotografia
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Artes Visuais, modalidade EAD do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura em Artes Visuais. Orientador: Prof. Aparecido José Cirillo
Vila Velha 2012
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Elder Ferreira Marques Nunes
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Vila Velha – Espírito Santo
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Artes Visuais, modalidade EAD do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura em Artes Visuais.
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________ Profo. Aparecido José Cirillo Universidade Federal do Espírito Santo Orientador
_______________________________________ Profo Ms. Luciano Coutinho Cardoso Universidade Federal do Espírito Santo Tutor à Distância
_______________________________________ Profa Ms. Rejane Schlosser Leal Universidade Federal do Espírito Santo Tutora Presencial
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Ă€ minha famĂlia, por ser o meu porto seguro.
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AGRADECIMENTOS O período da graduação é um constante vai e vem de pessoas que, de uma maneira ou de outra, nos deixam ensinamentos e impressões os mais variados. Saber como utilizá-los para aumentar o nosso volume de conhecimentos é uma preocupação que deve ser constante.
Agradeço aos meus colegas de curso que com suas variadas características sempre estiveram ao meu lado e que entraram na minha história de vida.
Aos professores da Universidade Federal do Espírito Santo, que se dispuseram a empreender uma nova caminhada ao nosso lado, mostrando que a modalidade à distância é viável para um curso de Licenciatura.
Ao secretário executivo do nosso polo, André Lyra Lopes, aos nossos tutores, Julieta Michelini, Luciano Coutinho Cardoso e Rejane Schlosser Leal, à coordenadora do nosso polo, Mônica Cristina Médice da Costa, pelo apoio emocional, material e didático que proporcionaram.
Ao meu orientador professor Aparecido José Cirillo, pela simplicidade, objetividade e coerência com que se pautou.
Ao engenheiro e pesquisador Gether Quintaes Freitas Lima e ao professor e pesquisador Jair Malisek Santos por disponibilizarem fotografias e documentos de seus arquivos e pela gentileza com que nos receberam.
Ao frei Franciscano Paulo Pereira do Santuário Divino Espírito Santo por gentilmente permitir fotografar o interior da igreja.
Às dificuldades encontradas, pois elas é que nos ensinam e motivam.
A Deus, que nos acompanha e nos permite o livre arbítrio para que erremos e acertemos visando a aprimorar a nossa alma.
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"É de mister que não só reunais os trabalhos das gerações passadas, ao que vos tendes dedicado, quase que unicamente, como também pelos vossos próprios torneis aquela a que pertenceis digna dos foros da posteridade." (D. Pedro II, imperador do Brasil)
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RESUMO Este trabalho faz um levantamento histórico da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Vila Velha, Espírito Santo, através da fotografia. Como a invenção de Joseph Nicéphore Niépce se deu apenas no século XIX, os registros anteriores são, no máximo, de mapas que se referem à Igreja e a citações encontradas em livros de história. A pouca importância que a coroa portuguesa dava à Capitania do Espírito Santo, se refletiu também nessa escassez de registros. Foram coletados, em ordem cronológica, os textos que se referiam a eventos importantes na história da Igreja. A extrema dificuldade em encontrar registros sobre a evolução do templo foi uma constante ao longo do desenvolvimento da pesquisa. Mesmo após a invenção da fotografia, são escassos os registros imagéticos. A conclusão a que o trabalho leva é de que nós devemos não apenas preservar a documentação histórica existente, mas, também, cuidar para que seja gerada uma documentação organizada e sistemática para que as gerações futuras não encontrem a mesma dificuldade, pois o que para nós é presente, para as gerações vindouras será passado.
Palavras chave: rosário, vila velha, fotografia, espírito santo
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ABSTRACT The purpose of this study was to do, through photograph, a historical research about the Nossa Senhora do Rosário church (Our Lady of the Rosary church), in Vila Velha, state of Espírito Santo. Since Joseph Nicéphore Niépce invention of photography occurred only in the XIX century, the earlier records are, at most, maps and citations in history books which refer to the church. The Portuguese Crown did not give much importance to the hereditary captaincy of Espírito Santo and this fact also reflected in the scarce amount of information recorded. The texts that make reference to the important events related to the church, were listed in chronological order. The extreme difficulty to find data about the evolution of the Nossa Senhora do Rosário church, was a constant challenge throughout the research, for, even after the invention of photography, there are not many imagistic records of it. The conclusion of this research tells Us that We should, not only preserve the historical data that already exists, but also, to make sure that an organized and systematic documentation is produced, in order to prevent future generations to face the same type of difficulties We face now, regarding clear and precise information. We must be aware that what is Present for us now, for the future generations it will be Past.
Key words: rosário, vila velha, photography, espírito santo
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................ 9
2. ANTES DA FOTOGRAFIA ......................................................... 11 2.1 O INÍCIO E AS DÚVIDAS ........................................................... 11 2.2 A PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO ............... 20
3. A FOTOGRAFIA COMO DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA........ 26 3.1 SÉCULO XX ............................................................................... 26 3.2 SÉCULO XXI .............................................................................. 53
4. CONCLUSÃO ............................................................................. 77
5. REFERÊNCIAS............................................................................ 78
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1. INTRODUÇÃO
A recepção que os índios deram a Vasco Fernandes Coutinho e aos sessenta homens que com ele vinham tomar posse da Capitania do Espírito Santo já era um prenúncio de que a troca que a grande maioria tinha feito com a Coroa Portuguesa pelo perdão de seus crimes talvez não tivesse sido uma boa ideia. Junte-se à resistência indígena à pouca, ou nenhuma, afeição que os recém-chegados tinham ao trabalho para que se tenha uma ideia das dificuldades que a colonização da Capitania teve desde o início.
Não compunha a tripulação que veio com Vasco Fernandes um escrivão para documentar as venturas e desventuras vividas por aqueles pioneiros e, com isso, temos uma grande ausência de relatos confiáveis sobre os primeiros anos da vila do Espírito Santo.
Como o Regime de Padroado exigia, Vasco Fernandes construiu uma capela para abrigar a pedra d'Ara (pedra de altar) que havia trazido de Portugal e que serviria, depois, de relicário das Santas Relíquias que seriam posteriormente enviadas quando e se a capela ora erguida passasse a ser sede de uma paróquia. Alguns historiadores escreveram que a capela original era de palha e/ou de madeira e que uma de alvenaria só seria erguida em 1551, mas, certeza, não há, assim como outros colocam a devoção inicial a Santa Catarina e até a São João. Não existe documento que corrobore as afirmações e nos dê bases seguras para uma conclusão definitiva.
Com a mudança da sede da Capitania para a ilha de Santo Antônio (atual Vitória) devido aos constantes embates com os índios, a vila antiga passou a ser denominada Vila Velha, em oposição à Vila Nova e houve um abandono completo da Vila original e, consequentemente, de sua capela. Só permaneceram no local alguns poucos colonos que haviam se amancebado com índias. Houve um apagão histórico que durou até o século XVIII.
10 A descoberta de ouro nas "Minas Geraes", fez com que a capitania do Espírito Santo assumisse oficialmente a função de barreira geográfica ao acesso às minas de ouro e assim relegada ao esquecimento histórico. Nada mais natural que a Vila Velha e sua Igreja ficassem no esquecimento e a índole dos seus habitantes contribuiu para isso.
Somente no século XX é que a vila começou a acordar do seu estado de dormência, com raros e muito espaçados momentos em que parecia despertar.
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2. ANTES DA FOTOGRAFIA:
2.1 O INÍCIO E AS DÚVIDAS
Quanto à data do início da colonização não existem dúvidas: 23 de maio de 1535. Ao tentar desembarcar na baía existente entre dois morros, na entrada da baía e que os navegantes julgaram tratar-se de um rio, foram impedidos pelos índios e tiveram que reagir: Chegada E recepção – A vinte e três de maio de 1535, oitava de Pentecostes (domingo), a caravela de Vasco Fernandes Coutinho aportou à sua capitania, aproando em uns terrenos baixos, ao fundo de uma enseada, bem junto ao monte Moreno, à esquerda da entrada da baía – que julgaram ser um rio. O primeiro contato com a terra revelou os tropeços que aguardavam aquele pugilo de aventureiros: os índios preparavam uma recepção nada cordial. Postando-se armados em grupos na praia, mostravam-se dispostos a impedir o desembarque. Alguns disparos das peças de bordo, porém, anularam a pretensão, afugentando-os para a floresta. (DAEMON, 2010, p. 115)
Ao desembarcar ordenou o donatário o início da construção de uma povoação com cabanas para abrigar os colonizadores. Iniciou-se o plantio de sementes que traziam e a construção de uma fortaleza ali perto para que pudessem se defender das tentativas de invasão pela água. Essa construção foi o início da hoje Fortaleza de Piratininga onde hoje se encontra o 38º Batalhão de Infantaria. Iniciaram, também, a construção de uma capela como exigia o acordo com o Vaticano (Regime de Padroado), sendo nela depositada a pedra de altar (d'Ara) que mais tarde, quando a capela fosse a sede de uma paróquia receberia as Santas Relíquias: Consagrada a Nossa Senhora do Rosário, era pequena e situada “próxima à praia e no fim da mesma, pouco mais ou menos no lugar hoje denominado Rua de São João”, informa Daemon. A sua pedra d’ara recorda às gerações o milésimo de fundação da mais antiga freguesia do sul do Brasil: 1535. Lá está, também, em uma das capas, como a lembrar a origem nobre, o nome: Lisboa. A devoção exigia algo mais que um simples granito da terra dos bugres... (OLIVEIRA, 2008, p. 38)
12 Segundo a maioria dos historiadores a capela foi consagrada a Nossa Senhora do Rosário, mas no testamento de Vasco Fernandes Coutinho (o filho) há a menção a uma Igreja de Santa Catarina em Vila Velha, é o único documento que faz referência a esse nome: Há os que sustentam ter existido outro templo antes da igrejinha do Rosário. Vasco Fernandes Coutinho, filho, na Carta Testamento datada de 19 de abril de 1573, refere-se à igrejinha chamando-a de "Igreja de Santa Catarina de Vila Velha". (SANTOS, 2003, p. 11) Qual teria sido a razão dessa troca de orago? Conta o escritor e estudioso da nossa história, Dijairo Gonçalves Lima, que Vasco Fernandes Coutinho (filho), no momento em que escreveu esse documento, referiu-se a Santa Catarina talvez por entender ser essa a melhor oportunidade para revelar sua gratidão ao seu Rei João III, por ter agraciado Vasco Coutinho (pai) como um dos primeiros donatários das terras do Brasil, e a esposa de D. João III chamava-se Rainha Catarina. (SANTOS, 2003, p. 12)
Há ainda outra referência ao nome de Igreja de São João: Não demorou muito para que o povoado nascente despertasse aos encantos da nova capitania para um verdadeiro progresso. Coutinho, sempre ativo, mandava erguer cabanas, distribuir sementes, rodar engenhos de cana e, logo depois, via-se como que nascer do solo uma bizarra igrejinha, que recebia por patrono São João, em memória do monarca reinante. (SANTOS, apud REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESPÍRITO SANTO, N. 10, dez. 1935)
A construção de um templo católico também possibilitava a união dos colonos e a fé católica lhes dava a certeza da proteção divina numa terra que lhes era totalmente desconhecida. Resolvia também problemas práticos de uma comunidade nascente: Além disso, a igreja podia funcionar temporariamente como Casa da Administração, pois a ela competia fazer os registros de nascimentos, de óbitos e das terras doadas, além de zelar pelo cemitério da comunidade e outras atividades. Pelo que era subvencionada. Esse compromisso só deixou de existir depois do advento da República, quando a Igreja se separou do Estado. (SANTOS, 2003, p. 22)
13 Foi construído também um pelourinho e uma forca em uma ilha, hoje ligada à terra e que fica em frente à Marinha, no local onde há a réplica de um barco utilizada pelos marinheiros em seu treinamento. A ilha era denominada de ilha da Forca e muitos foram ali submetidos a castigos e executados, tanto portugueses quanto indígenas.
A denominação da capitania foi devido à data de desembarque, pois quando Vasco Fernandes Coutinho recebeu a doação do rei D. João III, a referência era apenas geográfica: cinquenta léguas entre o rio Mucuri e o rio Itabapoana. "[...] Como tudo tivesse ocorrido no dia pela Igreja dedicado à terceira pessoa da Santíssima Trindade, ao rio e à vila logo iniciada, foi dado o nome de Espírito Santo, depois estendido a toda a capitania." (DAEMON, 2010, p. 115)
Os índios, principalmente tupiniquins e goitacases, foram um grande empecilho às intenções de
colonização,
efetuando
sucessivos e
constantes ataques e
emboscadas, necessitando os portugueses ficarem sempre em estado de alerta. Causaram inclusive a mudança da sede da capitania para a ilha de Santo Antônio em 1951 e só "[...] no ano de 1558 é que foram derrotados completamente." (OLIVEIRA, 2008, p. 38).
Com alguma discordância quanto a datas, pode-se afirmar que Vasco Fernandes Coutinho ausentou-se da Capitania indo a Portugal e lá permanecendo por sete anos, retornando em 1547 ou 1548: Na ausência do donatário, que permaneceu sete anos em Portugal, os goitacás empreenderam um fulminante ataque aos portugueses. A obra a tanto custo realizada foi destruída. Entre os mortos estava D. Jorge de Menezes, que não conseguira impor sua autoridade sobre os colonos, desunidos na ocasião do ataque. Ao regressar, Vasco Coutinho encontrou a capitania em ruínas, os índios fortalecidos e os portugueses desanimados. Mas era preciso reconstruir e reforçar a defesa. Com essa intenção, a sede da capitania foi transferida para a ilha de Santo Antônio, naturalmente protegida pelo mar. A nova vila recebeu o nome de Vitória. (SALETTO, 2011, p. 20) Continuando os ataques dos indígenas na vila do Espírito Santo, nos quais em encontros morreram alguns dos povoadores, delibera Vasco Coutinho e outros estabelecerem-se na ilha de Duarte de lemos tendo-a este abandonado e seguido para Porto Seguro, por ser a ilha rodeada por mar e haver abundância d’água, o que na vila do Espírito Santo faltava, e por ser
14 mais fácil a defesa dos moradores, que se viam continuamente incomodados. (DAEMON, 2010, p. 120)
Ao mudar a sede da capitania para a ilha de Santo Antônio, futura Vitória, Vasco Fernandes leva consigo a grande maioria dos moradores e deixa para trás apenas alguns colonos que haviam se amancebado com índias e as ruínas de uma obra que aos portugueses havia custado muito.
Fica patente que o comando de Vasco Fernandes Coutinho é que fazia a capitania desenvolver-se. Na sua ausência a desunião entre os colonos e a tentativa de escravização apenas fortaleceu o conflito com os índios, permitindo que os goitacazes empreendessem um ataque fulminante aos portugueses.
No meio do turbilhão causado por estes acontecimentos a Igreja do Rosário foi relegada ao esquecimento, juntamente com a Vila do Espírito Santo, que daí por diante passou a ser chamada de Vila Velha, pois a vila fundada na ilha de Santo Antônio passou a ser chamada de Vila Nova. Essa mudança resultou na negra noite de esquecimento vivida por Vila Velha durante mais de 300 anos. [...] Sabemos, por exemplo, que a vida local não se extinguiu porque alguns colonos cedo se amancebaram com índias, com quem constituíram família, passando a morar em casas que juntos construíram. (SANTOS, 2003, p. 17)
A igreja construída por Vasco Fernandes Coutinho era muito pequena mesmo para a quantidade de colonos que habitavam a vila do Espírito Santo em 1550: Depois, em 1550, o padre jesuíta Leonardo Nunes, cumprindo dever missionário, passou pela Vila do Espírito Santo, de onde, em carta aos seus superiores, disse ter sido recebido por um sacerdote de nome Francisco da Luz que ali estava substituindo temporariamente um irmão chamado João Dormundo. Nessa missiva revelou também que a maior parte dos fiéis de Vila Velha estava em pecado, que fez nove a dez sermões e ouviu quase quarenta confissões durante o período de trinta dias que ali esteve. Disse ainda que viu nesse curto período muitos se apartarem do pecado mortal e que dois colonos se casaram com as índias que tinham em casa. Essa narrativa é reveladora da cessação do clima de ódio dos silvícolas contra os colonos europeus porque era deles que as mulheres nativas ganhavam afagos e afeto. Contou ainda que, vendo que o número de fiéis não cabia no
15 interior da igrejinha, preferia fazer a catequese no largo fronteiro, onde é hoje a Praça da Bandeira. (SANTOS, 2003, p. 30)
A capela originalmente erguida por Vasco Fernandes Coutinho corresponde hoje à nave menor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário: Tendo no ano antecedente chegado à Bahia uma armada trazendo por capitânia um galeão por nome Velho, nela vêm quatro padres jesuítas, que foram Afonso Brás, Salvador Rodrigues, Manoel de Paiva e Francisco Pires, três dos quais, os primeiros, estiveram na capitania do Espírito Santo, e para onde foi mandado neste ano pelo padre provincial Manoel da Nóbrega o padre Afonso Brás e um irmão companheiro de nome José de Paiva, que também entendia do ofício de carpinteiro. Tendo estes partido de Porto Seguro a 23 de março aqui chegaram a esta capitania sendo recebidos com alvoroço pelo povo pela necessidade que tinha de sacerdote, pois só quando tocava algum galeão ou caravelo (sic), que ia ou vinha das capitanias do norte e sul é que auferiam os sacramentos da igreja; é então ouvida pela primeira vez pelos indígenas a palavra sagrada de Afonso Brás, que os admirou e fizera respeitarem-no. Na vila do Espírito Santo, deram o padre Afonso Brás e o irmão companheiro princípio à catequese dos índios, doutrinando e exortando-os, principiando ali uma pequena capela. (DAEMON, 2010, p. 119) “Em março de 1551, tendo chegado o Pe. Afonso Brás e um irmão de nome José de Paiva, ambos da Companhia de Jesus e os primeiros que aqui vinham, e notando a insuficiência da capela existente para os fiéis, deram começo à capela, consagrando-a a Nossa Senhora do Rosário." (DAEMON, apud NERY, Carta pastoral, p. 20)
Encontramos ainda: Em 1551 o jesuíta Afonso Brás e o irmão Simão Gonçalves foram enviados para a sede da capitania do Espírito Santo a fim de trabalhar na construção do Colégio de São Tiago (hoje Palácio Anchieta). Com a transferência da sede da província para a ilha de Santo Antônio (hoje Vitória), Vila Velha entrou em decadência e se transformou numa vila de pescadores muito pobre. Nesse período, Afonso Brás e Simão Gonçalves trabalharam na construção da nave maior da Igreja do Rosário. Foi quando ela ganhou novos detalhes construtivos, mesmo assim, não podemos fazer idêntica afirmação com relação à sua parte interna que, no transcurso de muitos anos, recebeu altar novo e retábulos que possibilitaram a criação da sacristia dentro do mesmo espaço da antiga ermida ou nave menor, sendo que na nave maior foram construídos o púlpito e o coro elevado, sustentado por duas colunas, tudo originalmente de madeira. Alguns historiadores assinalam como concluída a igrejinha do Rosário quando Afonso Brás terminou a construção dessa nave maior em 1551, fato
16 esse que, segundo consta, foi registrado no livro tombo da Vila de Itapemirim. (SANTOS, 2003, p. 37)
De 1550 a 1564 ocorreram os seguintes fatos importantes:
- Viagem de Vasco Fernandes Coutinho a Portugal (1550 ou 1552 a 1555). - Sua renúncia por volta de 1557 causada pela desilusão com o progresso da capitania, passando a administração da mesma a D. Jorge de Menezes. - Posse de Vasco Fernandes Coutinho, filho, da capitania do Espírito Santo em 1564.
Enquanto tais fatos ocorriam, Vila Velha e a Igreja do Rosário desaparecem das citações nos livros de história. De qualquer modo a vida na vila deve ter transcorrido normalmente sem nenhum fato relevante, pois, o centro das atenções passou para a Vila Nova. Uma citação no livro de Daemon mostra que Vasco Fernandes Coutinho, à época de sua morte, residia na Vila Velha: Falece neste ano, na vila do Espírito Santo, então Vila Velha, em sua Fazenda da Costa, o segundo donatário da capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho Filho, tomando posse do governo da mesma sua mulher, D. Luíza Grinalda, tendo por seu adjunto o capitão de ordenanças Miguel de Azeredo, pertencente a uma família de fidalgos em Portugal. Fazemos ainda aqui uma observação e é que encontrando em modernos escritos como sendo morador na vila da Vitória este donatário, retificamos este engano, pois bem se vê que, depois de sua morte, a viúva, D. Luíza Grinalda, continuou a residir em sua fazenda na então Vila Velha, a qual era junto ao monte Moreno e pouco distante da colina do Convento da Penha. (DAEMON, 2010, p. 149)
O ano a que se refere Daemon é 1589, o que nos leva a concluir que por essa época os índios e os portugueses conseguiam conviver em relativa paz. Permanece a dúvida: Vasco Fernandes Coutinho continuou residindo em Vila Velha após a sede de a capitania ter se mudado para a Vila Nova ou para lá voltou posteriormente?
Um indício de que a Vila Velha não estava tão parada no tempo é que por solicitação do padre José de Anchieta foi feito, no final do século XVI, um anexo na
17 Igreja do Rosário para abrigar a Casa da Misericórdia, sendo que posteriormente mudou para outra edificação: Julgamos ser neste ano que foi fundada na vila do Espírito Santo uma casa de caridade por Miguel de Azeredo, a esforços do padre José de Anchieta; foi uma espécie de asilo onde eram recolhidos doentes pobres e infectados de certas moléstias; já Vasco Coutinho Filho e D. Grinalda haviam tido esse desejo, por assim aconselhar o venerável José de Anchieta ou os outros padres da Companhia; o certo é que nessa data ela existia e fora erigida nos terrenos que fazem fundos na chácara da Sra. D. Francisca Martins Ferreira Meireles, na rua que tem o nome de Pedro Palácios, e onde se podem encontrar ainda os restos dos alicerces daquele antigo asilo, que nos parece ter sido feito no tempo de Pedro Palácios, e onde talvez fossem recolhidos os infectados da peste que, por diversas vezes, reinara na capitania, como a da varíola. No entanto, nada afiançamos de exato a respeito de quem fundou aquele asilo e casa de caridade pela divergência que encontramos; mas o que é certo é que existia nesta data e que mais tarde, no século XVII, por alvará do 1º de julho de 1605, dado pelo rei de Espanha, Felipe II, lhe foram concedidos grandes privilégios e posteriormente ainda outros, como os da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, em recompensa da bravura das mulheres desta capitania, que em um ataque que houve no largo de Afonso Brás, estas não só recolhiam os feridos para um asilo no lugar em que está a igreja da Misericórdia e os tratavam, como também animavam os combatentes fornecendo-lhes armas e munições, e talvez nesta ocasião é que fosse mudada a casa de caridade de Vila Velha e com este título para esta hoje capital. (DAEMON, 2010, p. 156)
Em Santos, encontramos outra citação que coloca de modo mais claro o que de fato aconteceu, esclarecendo que a Casa da Misericórdia erguida como um anexo da Igreja do Rosário foi para resolver uma necessidade urgente: Mas tarde, em 2 de julho de 1595, a igrejinha de Vila Velha recebeu, a pedido de José de Anchieta, um anexo para receber as vítimas do surto de varíola ocorrido na capitania e sua construção ficou sob a responsabilidade do capitão Miguel de Azevedo. Esse anexo ficou sendo a primeira Casa da Caridade ou Casa da Misericórdia, assim denominada por outros. Na verdade, a Casa da Caridade ou Casa da Misericórdia que estava sendo construída próximo dali teria essa mesma finalidade, mas, enquanto a obra não terminava, os enfermos foram acolhidos na Igrejinha do Rosário em situação de emergência. (SANTOS, 2003, p. 33)
Essa Casa da Misericórdia foi posteriormente transferida para a vila de Vitória e foi a origem da atual Santa Casa de Misericórdia.
18 A partir do século XVII a Igreja do Rosário é indicada ou aparece em alguns mapas:
Mapa de data desconhecida, provavelmente século XVII
No mapa acima, veem-se dois desenhos representando edificações em Vila Velha, o menor é a Igreja do Rosário.
No mapa da página seguinte podemos ver uma citação expressa à Igreja de N. S. do Rosário: Cartas 21 e 22 – intituladas Demostração do Sprito Santo e Costa do Sprito Santo ao Cabo d: S: Thome – do Livro de toda a Costa da provincia santa crvz feito por João Teixeira Albernas / anno d. 1666, pertencente ao Ministério das Relações Exteriores (Brasil). 1666 (OLIVEIRA, 2008, p. 137)
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20 Em 1705 a Igreja do Rosário recebe uma doação: Em 1705, o donativo do dote de Inglaterra e o de paz de Holanda alcançaram 2:420$000. O prédio da matriz da Vila Velha exigia obras, mandadas executar pelo bispo do Rio de Janeiro, para o que pedira 200$000 de empréstimo. (OLIVEIRA, 2008, p. 191)
“Consulta do Consul sobre a informação do bispo do Rio de Janeiro de ter mandado reedificar a matriz da vila do Espírito Santo e de ter pedido de empréstimo 200$ para as respectivas obras, cujo pagamento solicitava. Lisboa, oito de janeiro de 1709” (OLIVEIRA, apud ALMEIDA, Inventário, VI, 317).
Vila do Espírito Santo era o nome oficial da Vila Velha. Note-se que na citação consta "reedificar", o estado da igreja era de uma ruína pelo total abandono desde o final do século XVI. Não deixa de ser interessante a constatação de que a pedra de altar (d' Ara) ainda se encontrava em meio às suas ruínas. O fato de a igreja ter chegado a esse estado mostra que os habitantes de Vila Velha não davam muita importância às questões religiosas e o fato de a ela não ter sido designado um pároco permanente contribuiu decisivamente para o seu abandono.
2.2 A Paróquia de Nossa Senhora do Rosário
A população da vila de Vila Velha não podia mais ser deixada desassistida pela Igreja e, em 1707 a Igreja do Rosário foi considerada uma paróquia encomendada, isto é, não podia arrecadar fundos para o sustento de um pároco permanente, mas já dispunha de um vigário que seria enviado pelo bispo. Em 1750 a Igreja do Rosário passa a ter um vigário permanente, foi considerada uma paróquia colada, e podia arrecadar fundos para seu próprio suporte financeiro. A partir daí é que, oficialmente, a Igreja do Rosário passa a ter vida própria e é, também, suportada oficialmente: É neste ano avaliado o número de índios doutrinados e em paz com os moradores desta então capitania, sendo orçados pela estatística feita pelos padres jesuítas em 40.000 habitantes auxiliares. Idem. Foi neste ano concedida à igreja mais antiga da então capitania do Espírito Santo, a de Nossa Senhora do Rosário, fundada na Vila Velha, hoje do Espírito Santo, já considerada paróquia encomendada desde 1707, o título de colada, sendo seu primeiro vigário colado o padre Manoel Lopes de Abreu, que fora
21 por muitos anos coadjutor daquela freguesia e passara a vigário por falecimento do respectivo. (DAEMON, 2010, p. 215)
Em 2005 descobre-se em Vila Velha um documento datado de 1771 comprovando a autenticidade das santas relíquias enviadas para a efetivação da Igreja do Rosário como sede de uma paróquia oficial, era a "Pius Bellingerius". Com a descoberta deste documento, uma equipe formada por Jair Santos, Geraldo de Moura, Renato Ximenes Bolsanello, Gether Quintaes Freitas Lima, Artelírio Bolsanello, Luiz Cláudio Bagatelli, Márcio Oliveira Jorge, André Oliveira Jorge e Solange Fonseca Santos foi formada e a partir da tradução da carta abriram o relicário contido na pedra d'Ara e constataram, após radiografias, que havia dentro da mesma fragmentos ósseos e uma resina antimofo. O documento confirmava que estas Santas Relíquias eram fragmentos ósseos pertencentes a São Colombo e São Liberato, mártires da Igreja Católica.
a pedra d'Ara, localizada no altar da Igreja do Rosário e que contém as Santas Relíquias (Elder Ferreira)
O "Pius Belligerius" era uma certidão da Igreja Romana atestando a autenticidade das Santas Relíquias, trazia o nome do santo ou dos santos a que pertenciam as relíquias e a chancela de autenticidade passada por um prelado católico no seu
22 verso. A Pedra d'Ara, segundo decisão tomada no Concílio de Trento, no século XVI deve ser colocada sobre o altar, defronte o Sacrário, por ser um local santo onde ficam também as hóstias consagradas que sobram de cada celebração.
Segue a tradução do anverso e do verso do "Pius Belligerius": Pio Belingério Pela graça de Deus e da Santa Sé Apostólica, bispo de Tuncsem F.U., preposto do douto colegiado da Igreja e da Cúria Episcopal de Papia, como Vigário Geral do Ilustríssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo Amasiense, nos assuntos temporais e espirituais, etc. A todos e a cada um que lerem as nossas presentes cartas tornamos indubitável a nossa Fé e atestamos, tendo-nos sido mostradas as várias sagradas relíquias, as quais reconhecemos terem sido tiradas dos seus autênticos lugares, das quais uma grande parte da urna funerária de meritíssima memória de Santo Colombo e São Liberato. Reverentemente recolocamos, e pusemos dentro de duas caixas retangulares, de fina lâmina branca porém prateada na parte anterior, protegidas pro vidro, e amarradas por um fio de bronze prateado, chanceladas com nosso selo, impresso em cera vermelha hispânica, para sua identidade, para a maior glória de Deus entregamos e ofertamos à veneração de seus santos. Para efeito e como poder de conservar junto de si, de dar aos outros, em qualquer igreja, oratório ou capela, de pôr e expor à pública veneração dos fiéis. E para a verdade do exposto, dado em Pápia, do Palácio Residencial do predito Ilustríssimo e Reverendíssimo Arcebispo, no dia 27 de setembro de 1771. Reverendíssimo Dom Belingério (Mantido o texto original do documento romano.) Tradutor: Geraldo de Moura (27-3325.9398) (Santos, 2006, p. 15) As Sagradas Relíquias de meritíssima memória de Santo Colombo e São Liberato postas dentro das duas caixas retangulares descritas anteriormente que igualmente incluídas no presente e existe em conchas e em duas caixas maiores de fios metálicos mostrando a forma de braço, carimbada e foram reconhecidas e existem em selo com cera vermelha hispânica, do Ilustríssimo, Reverendíssimo e Digníssimo Pio Belingério Tuncsem e do Vigário Geral Papiense e portanto podem ser expostas livremente a veneração dos fiéis. Da Cúria Episcopal de Pápia, no dia 21 de novembro de 1879. Cônego Marchelli Aloysius Conselheiro Episcopal As supraditas (?) caixas para a veneração foram abertas no ano de 1895 e novamente fecharas e firmadas com selo de D. Lyri. Pápia, 19 de agosto de 1895. Excelentíssimo (?) (Mantido o texto original do documento romano.) Tradutor: Geraldo de Moura (27-3325.9398) (Santos, 2006, p. 16)
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25 Novamente mergulha a vila de Vila Velha numa escuridão histórica e apenas em 1860, quando da viagem de D. Pedro II, é que novamente temos informações oficiais. A viagem de D. Pedro II à província do Espírito Santo durou apenas 15 dias, de 26 de janeiro a 9 de fevereiro de 1860, valendo-se dos mais variados e desconfortáveis meios de locomoção disponíveis à época D. Pedro II visitou Itapemirim, Rio Novo, Benevente, Guarapari, Santa Isabel, Viana, Vitória, Vila Velha, Serra, Santa Cruz e Linhares. Em Vila Velha, visitou o Convento de Nossa Senhora da Penha e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a qual o impressionou pelo abandono: O repórter do jornal acompanhou o imperador: “Descendo do convento, S. M. percorreu ainda a vila, visitando a matriz cuja vista interior faz apertar de dor o coração do cristão; e aproveitamos este ensejo para suplicar ao Exmo. Presidente que mande aplicar a ela o conto de réis decretado pela assembléia para suas obras, e ao vigário da vara para que empregue suas forças a fim de ser dado um pastor às ovelhas daquela freguesia. ”Aquela povoação de pescadores, local donde Vasco Coutinho escorraçou os índios, em 1535, ao tomar posse da capitania que lhe doara D. João III, mereceu estas considerações do soberano: O lugar da Vila Velha é uma várzea excelente para uma cidade, com enseada abrigada e perto da costa; só o medo dos caboclos faria mudar os habitantes para a Vitória.Dessa opinião não só divergiam os historiadores capixabas Brás Rubim e José Marcelino como, mais experientes, os que tentavam lavrar aquele solo arenoso, dominado pelo sapé, camará e formigas cabeçudas. D. Pedro impressionou-se com o estado de penúria da igreja de Nossa Senhora do Rosário, em cujo altar não faltavam as modestas oferendas dos aromáticos alecrim e rosmaninho, e doou para reforma da mesma, do seu bolsinho, quatrocentos mil réis. Escreveu: A matriz que não tem vigário há bastante tempo conserta-se; tudo na vila está em decadência; é uma espécie de S. Vicente de S. Paulo. (ROCHA, 2008, p. 116)
Segundo o texto, a Igreja do Rosário não dispunha mais de vigário permanente. O fato de ter sido eleita pela Igreja Católica uma paróquia colada em meados do século XVI não impediu que o "estado de penúria" passasse a ser a realidade no século XIX.
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3. A FOTOGRAFIA COMO DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA
3.1. SÉCULO XX
As informações sobre a história da igreja e da comunidade ao seu entorno eram escassas e muito espaçadas. Os textos mostram ainda controvérsias entre os autores acerca de eventos importantes para a igreja e sua comunidade.
A resistência dos índios, a falta de um espírito de colonização dos homens que vieram com Vasco Fernandes Coutinho e as próprias características do solo pobre da vila, sem dúvida, contribuíram para a pouca importância da capitania, e esta pouca importância se traduziu numa falta de elementos palpáveis para o estudo de sua história.
Com o advento da fotografia no século XIX, verifica-se uma facilidade maior de documentação dos acontecimentos, pois os textos tinham de corresponder ao que se via nas imagens, diminuindo o espaço para divergências entre diferentes relatos. O poder da fotografia como documentação da história é contribuir para que os textos sejam mais fiéis à realidade, mostrando e comprovando fatos de maneira incontestável.
A perpetuação imagética de um momento atua de modo muito mais incisivo e confiável na análise histórica. O fato de aquela imagem retratar um momento que realmente existiu e que foi registrado por alguém que lá estava e a tudo presenciou, dá mais veracidade e autentica o acontecido.
A pouca importância da vila de Vila Velha dentro da província do Espírito Santo contribuiu para que, apesar de a fotografia ter se tornado comum como documentação desde a segunda metade do século XIX, somente a partir do século XX aparecerem imagens mostrando alguns de seus pontos principais.
27 Somente a partir da década de 1950 é que encontramos uma maior variedade de documentos fotográficos sobre Vila Velha, e nas décadas seguintes, com o crescimento da importância da cidade e com a evolução e popularização sempre crescente da fotografia a documentação visual torna-se comum.
A sequência de fotografias a seguir foi colocada em ordem cronológica mostrando os aspectos principais da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e da comunidade ao seu redor. A autoria da grande maioria das fotografias é desconhecida.
espaço em frente à Igreja do Rosário – século XIX - XX
A fotografia anterior foi tirada de frente para a Igreja do Rosário e de costas para o mar. Mostra o espaço em frente à igreja, onde hoje se situam as Praças da Bandeira e Almirante Tamandaré. A construção pontuda ao centro e à direita da fotografia era um chafariz alimentado pela fonte de Inhoá, ali perto, e que durante muito tempo serviu à comunidade de Vila Velha.
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portão de acesso ao Convento de Nossa Senhora da Penha – século XIX - XX
Temos agora uma cena mostrando a população voltando de uma festa de Nossa Senhora da Penha. Este acesso ao Convento de Nossa Senhora da Penha fica próximo à Igreja do Rosário e leva ao Convento pela "Ladeira das Sete Voltas" ou "da Penitência". As sete voltas remetem às “Sete Alegrias de Nossa Senhora”, devoção pregada pela Ordem Franciscana.
Em frente ao acesso ficava um cais onde aportavam os barcos trazendo pessoas, geralmente, de Vitória. Hoje, localiza-se ali a entrada ao 38º BI do Exército Brasileiro.
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Igreja de Nossa Senhora do Rosário e parte da comunidade da Prainha – século XIX - XX
A fotografia anterior é o único documento que mostra a Igreja do Rosário com o anexo da Casa da Misericórdia. Ela é a construção à esquerda e na parte de trás da igreja, que, como vimos, foi construída em 1595, por recomendação do padre José de Anchieta. Sua construção foi em caráter emergencial para atender aos doentes de um surto de varíola enquanto não era construída outra Casa da Misericórdia ali perto e que posteriormente passou para Vitória.
Ao fundo a fotografia mostra a Praia da Costa, que a esta época era desabitada.
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Praça da Bandeira e Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 1910
Vista de noroeste mostrando a atual Rua Luciano das Neves, parte da atual Praça Almirante Tamandaré, a Praça da Bandeira com o antigo coreto e a Igreja do Rosário.
É perceptível que a igreja era pintada em, pelo menos, duas cores.
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primeiro coreto na atual Praça da Bandeira – 1912
Este coreto era de madeira e foi construído na Praça da Matriz, hoje Praça da Bandeira. Nota-se ao fundo, no que hoje é a Praça Almirante Tamandaré, as palmeiras que haviam sido plantadas recentemente.
A atual Praça Almirante Tamandaré acabava numa rua e em seguida ficava a praia onde Vasco Fernandes Coutinho desembarcou, na sequência, a entrada da baía de Vitória, e, do outro lado da baía, a parte norte da ilha de Vitória e onde hoje fica Camburi e o Bairro de Fátima, ambos já no continente e o último no município da Serra. O Mestre Álvaro encontra-se encoberto pelos galhos da árvore à direita do quadrante superior esquerdo da fotografia.
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Morro da Ucharia, convento de Nossa Senhora da Penha e a Prainha – 1930
Temos na fotografia uma visão do entorno da Prainha, onde fica a Igreja do Rosário. À esquerda parte do Morro do Moreno, o 38º Batalhão de Infantaria (à época 3º Batalhão de Caçadores), o Morro da Ucharia, onde hoje vê-se a Bandeira do Brasil, o morro do Convento da Penha, a Prainha e parte do Inhoá. No topo do quadrante inferior direito da fotografia o portão de entrada do Convento e, ao fundo a Praia da Costa. No espaço entre o Morro do convento e o Morro do Moreno, passa hoje a ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça (3ª ponte).
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Prainha e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário – década de 1930
Fotografia tirada do Convento de Nossa Senhora da Penha, mostrando a Igreja do Rosário e grande parte da Prainha. O descampado claro à esquerda e abaixo no quadrante superior esquerdo da imagem é a atual Praça Duque de Caxias, no centro de Vila Velha. A linha quase horizontal que aparece na parte de cima da fotografia foi devido a uma dobradura na fotografia original.
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Jardim Dr. Athayde – década de 1930
A Praça Dr. Athayde, antiga Praça da Matriz é hoje a Praça da Bandeira, logo à frente da Igreja do Rosário. O coreto ao fundo da Praça foi a segunda versão, construída com tijolo e cimento e sem cobertura.
As palmeiras da atual Praça Almirante Tamandaré já se encontram crescidas, Vê-se também, a esquerda do centro da fotografia e entre o telhado de uma casa de dois pavimentos e a copa de uma árvore um pedaço do Mestre Álvaro.
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comemoração de 23 de maio de 1935
comemoração de 23 de maio de 1935
As fotografias acima mostram a comemoração dos 400 anos da Colonização do Solo Espírito Santense na Praça da Matriz, atual Praça da Bandeira. Na fotografia ao alto da página a cena mostra a rua hoje existente entre a Praça da Bandeira e a Praça Almirante Tamandaré e a fotografia de baixo a Praça da Bandeira.
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Praça Almirante Tamandaré – 1936
Vemos a atual Praça Almirante Tamandaré com o bonde passando ao fundo. A fotografia foi tirada de cima do coreto que ficava na atual Praça da Bandeira. Entre as palmeiras foram colocados bancos. Percebe-se, também, pela altura uniforme e pelo idêntico diâmetro dos troncos que as palmeiras foram plantadas na mesma época, portanto, ainda eram as originais.
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Prainha - 1936
Na imagem temos o Convento de Nossa Senhora da Penha, ao pé do seu morro temos o pórtico de acesso à ladeira do convento, a Prainha, a Igreja do Rosário e a Praia da Costa. A fotografia foi tirada de cima de um morro que fica, provavelmente, próximo à casa do comandante da Marinha, mais próximo da igreja do que a fotografia do começo do século XX (página 29). O anexo da Casa da Misericórdia não existe mais.
No canto inferior direito vemos a assinatura do fotógrafo que foi o autor da imagem: Paes, E. E. Santo.
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Prainha e Convento de Nossa Senhora da Penha – 1936
A fotografia mostra a estrada de acesso ao 38º BI (à época 3º BC), o oratório erguido ao lado da gruta de frei Pedro Palácios, o portão de acesso à Ladeira da Penitência, o Convento de Nossa Senhora da Penha e a Prainha.
A casa logo após a árvore em primeiro plano é atualmente a sede da Casa da Memória em frente ao largo ocupado pelas atuais Praça Almirante Tamandaré e Praça da Bandeira, em frente à Igreja do Rosário.
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Vila Velha – 1936
Na fotografia acima, tirada do Convento de Nossa Senhora da Penha, aparece a região central de Vila Velha com a atual Praça Duque de Caxias (descampado na região central e à esquerda da fotografia), Avenida Carlos Lindenberg e o bairro da Prainha com a Igreja do Rosário.
A fotografia dá uma ideia de como era o município de Vila Velha na época, vemos que o total de áreas descampadas era bem maior do que o de áreas construídas. A imagem foi feita do primeiro terraço do Convento da Penha, no mesmo nível do museu do Convento.
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Prainha e Inhoá – 1936
Prainha e Inhoá – 2012 (Elder Ferreira)
41 As fotografias anteriores mostram como foi a mudança em 76 anos, uma é de 1936 e a outra de 2012, ambas tiradas do Convento de Nossa Senhora da Penha. Algumas diferenças entre as perspectivas das fotografias se devem à diferença das lentes utilizadas.
O aterro feito na praia com a construção do parque da Prainha, a construção da Colônia dos Pescadores, o aterro feito para a construção da sede atual da Marinha e o aumento das construções, tanto em Vila Velha quanto em Vitória, que se pode ver à direita no quadrante superior da foto são as mudanças principais. O morro que se destaca à direita no plano posterior da fotografia é o monte Mochuara no município de Cariacica.
Prainha – 1940
Fotografia tirada a partir do cais da Prainha. Vê-se do lado esquerdo a parte superior da Igreja do Rosário, próximo ao centro da fotografia a casa onde atualmente funciona a Casa da Memória e à direita a casa da família Shalders.
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Festa da Coroação – Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 1940
Festa da Penha – Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 1940
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Igreja de Nossa Senhora do Rosário – década de 1950
Praça Otávio Araújo – 1950
A praça foi construída onde era o cemitério da antiga Vila do Espírito Santo. O primeiro prefeito eleito na República, Manoel Francisco Duarte, no período de 1913 a 1916, é que transferiu o cemitério para uma área mais afastada do centro, na Rua Coronel Sodré. No cemitério da Vila do Espírito Santo existia a necrópole onde foi sepultado Vasco Fernandes Coutinho, com a mudança os seus restos mortais foram transferidos para Vitória e aí desapareceram.
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Prainha e Vila Velha – década de 1950
Prainha e Vila Velha – 2012 (Elder Ferreira)
45 As fotografias da página anterior foram tiradas aproximadamente do mesmo ponto do Convento da Penha, a do alto da página no final da década de 1950 e a de baixo em novembro de 2012. Comparando a fotografia do final da década de 1950 com a da página 39 que foi tirada em 1936, percebe-se que as diferenças no número de construções e na área ocupada foram incomparavelmente menores do que as correspondentes diferenças entre a fotografia de 1950 e a de 2012. Entre as fotografias da página anterior existem diferenças devido às características das lentes utilizadas e também devido ao fato de a fotografia de 1950 ter sido tirada de cima do muro, o que hoje é impossível devido à modificação feita no mesmo, ele tinha o seu topo horizontal e foi modificado para um "v" invertido. Tal mudança se deveu ao fato de que, desprezando a segurança, muitos sentavam sobre o muro, possibilitando acidentes já que o mesmo fica muito alto.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 1950
Na fotografia, mesmo em preto e branco, nota-se que a igreja tinha, pelo menos, três cores. As colunas e os contornos do frontão em uma cor clara, talvez branca, as paredes numa cor mais escura e os contornos de portas e janelas em outra mais escura.
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Cerimônia de lançamento da Pedra Fundamental da construção do Santuário de Vila Velha – início da década de 1960
Em 1952 Dom José Joaquim Gonçalves teve a ideia de construir em Vila Velha um santuário em honra ao Divino Espírito Santo. A sua construção começou no início da década de 1960 e o seu término em 26 de abril de 1967.
Com isso a Igreja de Nossa Senhora do Rosário deixou de ser a sede da paróquia e foi relegada a um relativo esquecimento.
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Praça da Bandeira e Praça Almirante Tamandaré – 1970
O obelisco que na fotografia aparece na Praça da Bandeira, hoje situasse na Praça Almirante Tamandaré. Percebe-se também que das doze palmeiras originais só restaram sete, as outras foram derrubadas na década de 1960 por estarem doentes. Novas palmeiras foram plantadas no mesmo lugar.
Vê-se ao fundo, no alto do quadrante inferior esquerdo da fotografia a parte de cima do Mestre Álvaro.
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Prainha – 1980
Etapa final do aterro da Prainha, a enseada de Inhoá já estava aterrada.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 1980
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Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 1990
Na fotografia anterior, de 1980, a igreja encontrava-se em restauração, como indica a placa colocada acima da porta principal. Comparando-se com esta fotografia de 1990, percebe-se que as pequenas colunas na lateral da igreja foram retiradas e que toda a igreja foi contornada por um barrado de cor escura. Luminárias diferentes também foram colocadas nas laterais e na frente da igreja.
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altar mor no interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2000
A imagem mostra como eram as cores do altar antes da última restauração. Aparece também o Senhor Morto abaixo do altar mor, no interior de um nicho com janelas de vidro. Fotografia do acervo de Gether Lima.
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Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2006
A fotografia mostra a Praça da Bandeira e a igreja do Rosário. O barco de cimento ainda continua na praça e agora serve de jardim. Nota-se também que o barrado em cimento na parte inferior da frente da igreja, que aparece na fotografia da página 49, foi retirado. Segundo moradores da Prainha "os padres" os retiraram porque estavam sendo utilizados como assento pelas pessoas.
Ao alto, ao lado da cruz da igreja a protuberância escura que aparece é o resultado da germinação de uma semente levada por pássaros e mostra bem o descaso com a igreja.
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Parque da Prainha – 2000 Google earth
Parque da Prainha – 2012 Google earth
53 3.2. SÉCULO XXI
As fotografias a seguir mostram de vários ângulos, o interior e o exterior da igreja atualmente. Ela passou por um processo de restauração que foi interrompido para que se decida sobre qual será o aspecto do interior da igreja. A dúvida é entre pintar o interior da igreja de branco como a maioria das construções jesuíticas ou usar as mesmas cores dos altares que são do começo do século XX.
placa do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – 2012 (Elder Ferreira)
A Igreja do Rosário foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1950. Esta placa encontra-se afixada na parede lateral oeste da igreja.
A imagem mostra o descaso com que a restauração foi feita. O fato de se pintar sobre a placa de bronze do IPHAN mostra bem a qualidade dos operários que trabalharam na obra e a total falta de cuidado e zelo do responsável pela restauração.
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Praça da Bandeira e Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
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Praça da Bandeira e Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Praça Almirante Tamandaré, Praça da Bandeira e Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
56 As fotografias anteriores mostram a frente da igreja externamente e as praças da Bandeira e Almirante Tamandaré.
Um detalhe interessante é que o eixo longitudinal da igreja não coincide com o das praças, como mostram as fotografias da página 55. As praças foram construídas deslocadas lateralmente em relação à igreja.
Na fotografia superior da página 54 nota-se também que o barco presente na fotografia da página 51, tirada em 2006, não se encontra presente, e os bancos da Praça da Bandeira que eram de cimento, foram substituídos por bancos de madeira.
Veem-se também as palmeiras mais novas que são menores que as outras.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 – (Elder Ferreira)
Vista da igreja da posição noroeste, mostrando os corrimões colocados no acesso lateral para facilitar a subida na escada aos fiéis mais idosos ou com problemas de locomoção. A lateral que era um passeio foi transformada em um jardim e a rua entre a igreja e a Praça da Bandeira foi isolada.
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Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
58 Na fotografia superior da página anterior, da lateral leste da igreja veem-se os sinos que ainda são tocados para avisar aos fiéis dos eventos religiosos. Provavelmente estes sinos eram acionados pelo lado de fora da igreja, hoje cordas no coro permitem o seu acionamento pela parte interna.
A porta lateral leste, que é voltada para o Convento de Nossa Senhora da Penha, tem, na parte superior, um relevo em pedra com a inscrição em latim "Tota pulcra est Maria" (toda formosa és Maria) em homenagem a Nossa Senhora da Conceição. Já na porta da lateral oeste, como mostra a fotografia da página 56 este relevo não existe.
Na fotografia inferior temos uma vista da posição sudoeste, mostrando a lateral oeste e a parte dos fundos da igreja. Esta vista permite distinguirmos bem as duas naves, a pequena que foi a original construída por Vasco Fernandes Coutinho em 1535 e a nave maior que foi construída em 1551 pelo padre jesuíta Afonso Brás. Acredita-se também que durante a reconstrução do século XVIII é que foi aberta a passagem posterior que se vê na página 57 para a atual Praça Otávio Araújo e que o frontão da igreja foi formatado como se apresenta hoje.
Na nave menor, sobre a porta, havia também um buraco circular como os que se vê na fotografia inferior da página 57, na mesma altura. Tais orifícios eram para ventilação e para a entrada de luz, não se sabe em que ano o orifício acima da porta foi retirado, acredita-se que na reconstrução do século XVIII.
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frontão da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
detalhe do frontão da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
60 As fotografias da página 59 mostram o frontão da Igreja do Rosário e os seus relevos. Ao centro localiza-se a coroa do rei Felipe III da Espanha e II de Portugal, pois na época em que o frontão foi construído, na grande reforma do século XVIII, Espanha e Portugal compartilhavam o mesmo rei. Cada um dos relevos tem um significado que neste trabalho não detalharemos.
Um pormenor relativo aos relevos vale a pena ser comentado: a fotografia de cima na página anterior mostra que exceto o brasão central todos os relevos do frontão tem simetria, ou seja, o lado direito é o espelhamento do lado esquerdo. Um operário, não se sabe em que época, ao restaurar o frontão e notando que no lado esquerdo havia um calombo de massa e no outro lado no relevo correspondente era uma fruta, resolveu fazer a representação de outra fruta. Ninguém atentou para o fato de que, sendo os relevos do frontão simétricos, a fruta destruída teria de ser a mesma do outro lado. A partir daí o frontão ficou com um caju do seu lado esquerdo e outra fruta não identificada do seu lado direito.
As colunatas nos extremos do frontão também são motivo de controvérsias. Uns associam o seu formato ao de abacaxis, enquanto outros acreditam que os relevos sobre as colunatas se parecem com as flores de uma variedade de bromélia. Realmente, comparando-se com a flor da bromélia, o cimo dos frontões tem uma total semelhança com esta planta que era comum na região.
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Praça da Bandeira e Praça Almirante Barroso – 2012 (Elder Ferreira)
Fotografia tirada a partir da janela central superior da frente da igreja, mostrando a Praça da Bandeira, a Praça Almirante Barroso e, bem ao fundo, do outro lado da baía, os prédios da Enseada do Suá em Vitória.
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Praça Otávio Araújo – 2012 (Elder Ferreira)
A Praça Otávio Araújo onde até o começo do século XX era o cemitério da antiga vila do Espírito Santo (Vila Velha) e onde estava o túmulo de Vasco Fernandes Coutinho.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Fotografia tirada a partir da nave maior mostrando os altares laterais e o altar principal na nave menor. Aparece também o pórtico que separa as duas naves contornado por relevos imitando colunas.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Interior da nave menor mostrando o altar principal e a raspagem efetuada durante a restauração onde apareceu a pintura anterior e um afresco pintado, acredita-se, na década de 1930.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Altar mor, na nave menor, em madeira pintada e confeccionado no começo do século XX. Da esquerda para a direita as imagens são de São José, Cristo crucificado, São João Batista e acima Nossa Senhora do Rosário.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Altar à direita da igreja, também em madeira pintada e da mesma época do altar mor. Os santos são Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora das Dores e Santa Rita de Cássia.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Altar à esquerda da igreja, também em madeira pintada e da mesma época do altar mor. Os santos são Nossa Senhora do Carmo, Nosso Senhor dos Passos e São Benedito.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Altar do Sagrado Coração de Jesus, à esquerda da igreja, também em madeira pintada e da mesma época do altar mor. A imagem foi esculpida por um ateliê austríaco em 1905.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Confessionário localizado no centro do coro da igreja. As imagens são de Santa Rita de Cássia, Nossa Senhora de Lourdes e Santa Teresinha.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Imagem de São Sebastião, localizada ao lado do confessionário, no coro da igreja.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
No coro, à direita da igreja, vemos ao fundo a porta de acesso aos sinos e as cordas utilizadas para tocá-los. À direita um pequeno órgão e sobre o mesmo as imagens de São Pedro, Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora do Rosário.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Frente da igreja onde, ao lado da porta de entrada vemos a pia de água benta e, na parte superior o coro, que era originalmente de madeira e, numa reforma na década de 1980 foi refeito em alvenaria. Na mesma reforma o piso de madeira com contrapiso em pedra foi substituído pelo ladrilho hidráulico mostrado. Em cima e ao fundo vemos um crucifixo.
Os tirantes foram colocados em 1912, no governo Jerônimo Monteiro, quando o serviço de bondes começou a circular. A vibração causada quando passavam pela Rua Luciano das Neves, ao lado da igreja, poderia causar rachaduras nas paredes. São em número de quatro e em aço.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
No piso da igreja abaixo dos sinos, temos um nicho onde fica a pia batismal, atualmente coberta por um pano e com várias imagens e objetos sobre o pano.
Supõe-se que antigamente essa era uma passagem para o exterior da igreja e de onde se tocavam os sinos.
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interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Fotografia panorâmica tirada a partir do piso da igreja, mostrando todo o seu interior.
interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Fotografia panorâmica tirada a partir do coro da igreja, mostrando todo o seu interior.
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Missa de domingo na Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Missa de domingo na Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
76 As fotografias da página anterior mostram uma missa sendo realizada na igreja do Rosário. Segundo frei Paulo, da Paróquia do Santuário Divino Espírito Santo, responsável pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a intenção é colocar a Igreja funcionando e servindo aos fiéis de Vila Velha. Além de suas funções como monumento histórico, não ficarão em segundo plano suas funções como igreja.
Debate realizado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário – 2012 (Elder Ferreira)
Convite do encontro realizado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário
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4. CONCLUSÃO
Não houve a preocupação de incluir no grupo que veio de Portugal junto com Vasco Fernandes Coutinho alguém responsável pela documentação da viagem e dos acontecimentos na colonização. A documentação sobre o início da colonização da Capitania do Espírito Santo é escassa, apenas no século IXX é que se escreveu um livro coletando informações encontradas nos museus brasileiros e na Torre do Tombo em Portugal. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário aparece em mapas pela primeira vez somente no século XVII.
Com o advento da fotografia em meados do século IXX a documentação ficou mais fácil, pois as imagens podiam corroborar as informações contidas em textos e ir muito mais além. Numa imagem podemos colher informações sobre a arquitetura, costumes, vestuário, tecnologia e sobre algo impalpável como a atmosfera da época, elementos que texto algum seria capaz de mostrar da mesma maneira, por mais exímio que fosse o escriba. Mesmo pinturas falseiam muito a análise por estarem mais limitadas não apenas à capacidade do artista, mas também pela montagem de uma cena que obedece a um roteiro para mostrar o que se quer. Fotografias também retratam cenas que podem ser montadas, mas pelo fato de reproduzirem fielmente o que a luz reflete, fica muito mais difícil do que numa pintura ou num desenho modificar a realidade.
D Pedro II era um homem de visão futurista muito aguçada, percebe-se isso pela citação que foi colocada no início deste trabalho e que é reproduzida a seguir: "É de mister que não só reunais os trabalhos das gerações passadas, ao que vos tendes dedicado, quase que unicamente, como também pelos vossos próprios torneis aquela a que pertenceis digna dos foros da posteridade." (D. Pedro II, imperador do Brasil)
É necessário que no afã de procurarmos os elementos que nos permitam documentar a história passada de uma comunidade, não nos esqueçamos de tornar
78 esse trabalho mais fácil para as futuras gerações. Uma documentação fotográfica e textual dos acontecimentos atuais é e será extremamente útil.
Quanto à história mais recente, é relativamente abundante a documentação fotográfica existente, mas ela é caótica, desorganizada e pulverizada. Não há o hábito de, nas comunidades oficiais ou não, documentar fotograficamente de modo sistemático e organizado o nosso dia a dia e os acontecimentos contemporâneos.
Do mesmo modo que hoje há órgãos e entidades preocupados em coletar a documentação relativa à história do nosso passado, deve-se também organizar para as gerações futuras a documentação do nosso contemporâneo. Com a fotografia digital a quantidade de imagens aumentou inimaginavelmente, mas não há a mínima preocupação em organizar, selecionar e catalogar essas imagens.
É crescente o número de empresas que se preocupam com a própria documentação imagética, departamentos são criados para isso, profissionais estão sendo contratados, mas ainda é percentualmente insignificante perante o número total de comunidades comerciais e industriais existentes. Nas comunidades sociais a preocupação é menor ainda, desenhando uma situação que no futuro pode ficar caótica e cheia de falhas, pois o número de imagens será muito grande, mas a abrangência não é uniforme e o trabalho de seleção será enorme.
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5. REFERÊNCIAS BURY, John. Arquitetura E Arte No Brasil Colonial / John Bury; organizadora Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira. – Brasília, DF; IPHAN / MONUMENTA, 2006.
DAEMON, Basílio. Província do Espírito Santo: sua descoberta, história cronológica, sinopse e estatística; coordenação, notas e transcrição de Maria Clara Medeiros Santos Neves, 2.ed., Vitória : Secretaria de Estado da Cultura; Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2010. OLIVEIRA José Teixeira de. História do Estado do Espírito Santo – 1834-1893, 3. ed. rev. - Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2008.
Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, n. 10, dez. 1935
ROCHA, Levy. Viagem de D Pedro II ao Espírito Santo, 3. ed. - Vitória: Secretaria de Estado da Cultura; Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, Coleção Canaã volume 7, 2010.
SALETTO, Nara. Donatários, colonos, índios e jesuítas: O início da colonização no Espírito Santo / Nara Saletto. - 2. ed. rev. - Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2011.
SANTOS, Jair Malisek. A igrejinha do Rosário, Casa da Memória de Vila Velha e Secretaria Municipal de Cultura de Vila Velha, Gráfica Ita, 2003
SANTOS, Jair Malisek. Relíquia histórica é revelada da igrejinha de Vila Velha, GM Gráfica e editora Ltda, 2006
SANTOS, Jair Malisek. Estado do Espírito Santo: fragmentos de uma história, GM Gráfica e editora Ltda, 2006
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JANSON, Horst Waldemar, História da Arte, 5ª edição, São Paulo, SP, 1992
TEIXEIRA, Gildo Pereira, História da Arte 1, Vitória, UFES, NEAAD, ES, 2010
CORASSA, Maria Auxiliador de Carvalho, História da Arte 2, Vitória, UFES, NEAAD, ES, 2010
CORASSA,
Maria Auxiliadora
de
Carvalho,
REBOUÇAS, Moema
Martins,
Propostas metodológicas do ensino da Arte I, UFES, NEAAD, ES, 2009
CORASSA,
Maria Auxiliadora
de
Carvalho,
REBOUÇAS, Moema
Propostas metodológicas do ensino da Arte II, UFES, NEAAD, ES, 2009
Martins,