Revista Plano Brasília Edição 68

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Plano

abril de 2010 · 2ª Quinzena Ano 7 · Edição 68 · R$ 5,00

BRASÍLIA w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r

Para

onde vai

Brasília? Entrevista Tadeu Filippelli Opinião Eliana Pedrosa PONTO DE VISTA Rejane Pitanga


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Belo Horizonte: (31) 2129 - 0550

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Sumário

48 13 52

50 56

54

40 Tecnologia

66 Mundo Animal

13 Entrevista

42 Cotidiano

68 Jornalista Aprendiz

16 Panorama Político

44 Planos e Negócios

70 Música

18 Brasília e Coisa & Tal

46 Automóvel

72 Propaganda e Marketing

20 Política Brasília

48 Vida Moderna

74 Ta Lendo o Quê?

22 Dinheiro

50 Esporte

76 Frases

24 Capa

52 Personagem

77 Justiça

28 Cidadania

54 Saúde

78 Diz aí Mané

30 Gente

56 Comportamento

79 Cresça e Apareça

32 Cidade

58 Moda

80 Ponto de Vista

34 Opinião

60 Cultura

82 Charge

36 Mercado Imobiliário

62 Artes Plásticas

38 Educação

64 Gastronomia

12 Cartas

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Na luta contra a dengue, conhecimento e união fazem toda a diferença. O combate à dengue não pode parar. Ainda mais agora nesta época de chuva e calor, condições ideais para o aparecimento do mosquito transmissor da dengue. Junte seus amigos, parentes e vizinhos e elimine tudo que possa acumular água. E fique atento aos sintomas: febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, no corpo e nas juntas pode ser dengue. Qualquer pessoa que apresente esses sintomas deve procurar imediatamente uma unidade de saúde e não tomar nenhum medicamento sem orientação médica. Prevenir e saber reconhecer os sintomas é o melhor caminho para preservar a saúde do Brasil e deixar a dengue bem longe do nosso país.

O COMBATE NÃO PODE PARAR. www.combatadengue.com.br


Expediente DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias Gerente Comercial Roberto Thomé e Gustavo Sasse CHEFIA DE REDAÇÃO Alessandra Germano e Luciana Vasconcelos Reis PROJETO GRÁFICO Sandra Crivellaro DIRETORA DE ARTE Rodrigo Dias DESIGN GRÁFICO Diego Fernandes, Eward Bonasser Jr Fotografia Estúdio Dephot e Gustavo Lima COLABORADORES Tarcisio Holanda, Romário Schettino, Mauro Castro, Luis Turiba, Gabriela Rocha, Flávia Umpierre, Juliana Mendes, Tássia Navarro, Clarice Gulyas, Augusto Dauster, Gustavo Lima, Camila Coelho, Sabrina Brito, Renato França, Mariana Rosa, Maycon Fidalgo, Alvaro Lins, Eliana Pedrosa, Marco Antonio Rodrigues da Cunha Jr, Vitor Santos, Gustavo Fröne, Raphael Herzog, Carolina Bezerra, Felipe Bezerra DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS Distribuidora Jardim DIRETOR POR MAILING Vip Logística IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 413 Bl. D Sl. 201 CEP: 70876-540, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1257 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Carta ao leitor As comemorações acabaram, mas a vida na Capital cinquentona segue adiante com esperanças de que os próximos 50 anos sejam melhores. E fomos conversar com alguns moradores sobre as expectativas o futuro da nossa Capital. Em entrevista exclusiva, o Deputado Federal, Tadeu Filipelli, do PMDB/DF, que atua, desde 1999, na Câmara dos Deputados em favor de Brasília, fala o que espera para as próximas eleições, além de outros assuntos pertinentes ao cenário político atual. Para falar sobre o futuro da nossa cidade, nada melhor que discutir pendências para sua melhoria. Na editoria de cidades, um novo olhar sobre a Asa Norte. Projetos que ainda não saíram do papel, por incompetência ou descaso do GDF, ações que melhorariam a vida dos moradores e de todos que passam pela região diariamente. Se o homem das faixas, César de Abreu, ainda estivesse entre nós, teria muitos temas e os metros de panos talvez não dessem conta de tantos escândalos. Ele lutou e protestou contra a cegueira do governo e contra a corrupção na política através de faixas, que durante 15 anos foram marca registrada na quadra 216 norte. E é esse exemplo de cidadão brasileiro que figura as páginas de personagem desta edição. Outro destaque é o artista plástico Darlan Rosa, que além das grandes esculturas expostas no Memorial JK e outras tantas espalhadas pelo mundo, criou o personagem Zé Gotinha. Pesquisas realizadas pelo Dieese mostram que Brasília é campeã no aumento da inflação. A cesta básica brasiliense é uma das mais caras do país. Além de outros setores como moradia, que também aumentou mais que a média nacional. E para quem pensa em fugir um pouco da cidade e do país, uma ótima opção é o intercâmbio cultural, que proporciona fluência em outros idiomas, dá a oportunidade de aprender um pouco de outras culturas, além de acrescentar experiências que farão toda a diferença na conquista do sucesso profissional. O coração do país abriga diversas tribos e nacionalidades. Os Skinheads brasilienses adotam opinião contrária ao neonazismo e desmistificam boatos que os associam à violência e o preconceito. Eles lutam pelo respeito ao próximo e contra a intolerância com negros e homossexuais. Em saúde, apresentamos uma opção para os que sofrem de algum problema que impede a prática de atividades físicas. É o Deep Water Running, um tipo de corrida dentro da água, que melhora o condicionamento físico, inclusive, de quem sofre de lesões musculares e osteoarticulares. Boa leitura e até a próxima!



Cartas

Fale conosco

Adorei a edição especial em homenagem a Brasília. Relembrar personagens ilustres como o ex-governador Elmo Serejo é sempre bom para a alma da nossa Capital. Parabéns! José Henrique Lago Norte

Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540 Brasília-DF Fones: (61) 3202.1357 / 3202.1257 revista@planobrasilia.com.br

A edição pelos 50 anos de Brasília ficou muito boa. E os depoimentos das pessoas deram maior emoção à revista. Parabéns Brasília mais uma vez e parabéns à equipe da revista. Giany Lopes Asa Sul

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. À Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumí-las para publicação.

Gostei da matéria sobre o carveboard, já vi uns caras praticando e fiquei super interessada. Mas acho que faltou a fala de uma mulher que pratica na matéria. Fora isso, ficou legal. Mariana Castro Lago Sul Muito legal essa revista, parabéns por tanto bom gosto, nas matérias, estrutura e edição gráfica. Atenciosamente, Antonio Jorge Sales Rei Momo de Brasília

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Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.

Erramos A Plano Brasília se desculpa por alguns erros visualizados na edição 67. Entre eles ressaltamos: 1) A belíssima foto publicada na capa é de autoria do senhor Fernando Bizerra.; 2) O telefone correto da Finna Pizzaria é: (61) 3234.3639.


Entrevista

Por: Flávia Umpierre | Fotos: Gustavo Lima

Aonde irá Tadeu Filippelli? Rumores de um acordo feito entre PT e PMDB definiria o deputado federal como vice na chapa de Agnelo Queiroz para governador

A

pesar de toda a especulação, o deputado federal e presidente regional do PMDB, Tadeu Filippelli, ainda não anunciou formalmente sua candidatura como vice na chapa de Agnelo Queiroz (PT) para concorrer ao governo do Distrito Federal nas próximas eleições. Em entrevista à Plano Brasília, Filippelli nega que já esteja certo o apoio ao PT para as eleições locais, mas reafirma o esforço dos dois partidos em firmar a aliança, reflexo das intenções nacionais. Porém, declara que o PMDB é capaz de andar com as próprias pernas e, quem sabe, poderia até lançar um candidato próprio para concorrer ao governo. Em nível nacional, o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), faz visíveis esforços para sair com a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) na chapa para a Presidência da República. Com isso, visando uma vitória tanto em escala nacional, quanto nos estados, a executiva de ambos os partidos se esforça para lançar essas chapas mistas. No Distrito Federal, as especulações tiveram início nas prévias que levaram à vitória do candidato peemedebista Rogério Rosso para o mandato-tampão. O apoio do PT, caso a eleição fosse para segundo turno, foi determinante para a vitória de Rosso.

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Entrevista Plano Brasília> Já está definida a sua indicação como vice de Agnelo Queiroz? Tadeu Filippelli> Não, não está de forma alguma fechado. O que existe é um esforço efetivo, isso não é negado. Existe um esforço de entendimento entre PT e PMDB, mas a negociação pronta e acabada, não existe. Pode estar em curso, mas não existe.

vez tenta-se fazer costurar esses entendimentos. PB> De onde partiu? TF> Partiu de uma iniciativa mutua. Não se pode dizer que partiu de “A” ou de “B”. Uma aliança desta se parte de uma consciência, da consciência de dois partidos em busca do que é melhor, nesse momento, para o DF.

PB> Mesmo já estando na mídia essa informação? TF> É, mas se você não está ouvindo de mim, não é? Não tem sentido, se ouvindo de mim, se pautar por outro meio de comunicação. PB> Então não há essa confirmação? TF> Não, não há. Existe um esforço que nós já demos demonstração na eleição do governador Rogério Rosso (PMDB). Isso é inquestionável. Mas um entendimento confirmado para outubro, ainda não existe. PB> Quando começou a ser costurada essa aliança? TF> Essa aliança começou desde um primeiro momento, ainda no governo passado, nos últimos meses da primeira gestão do governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva, quando já se definia que ele concorreria ao segundo mandato. E onde o próprio PT nacional optou por um governo de coalizão. Houve a reunião do PMDB com o Governo Federal, com o próprio presidente Lula em pessoa, onde eu fui um dos representantes da ala oposicionista do PMDB. Ali começou a ser construída uma aliança por um entendimento e caminhar para 2010, PT e PMDB. Tão logo, essa gestão, em nível nacional, resultou nas negociações que ainda não estão prontas, mas nos esforços que acontecem em nível local. Sobretudo, é um reflexo da aliança em nível nacional, em torno do vice da candidata do PT, Dilma Rouseff. Sem dúvida, é um reflexo. Não digo nem do vice deste ou daquele candidato, mas do reflexo da aliança federal entre o PT e o PMDB.

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Eu acho que a grande ciência no exercício da presidência de um partido, é você entender os limites de ser o presidente do partido, que é da articulação política, e a obrigação de governar do governador sem se submeter

PB> O presidente Lula tem dado alguma instrução nas alianças pelo governo do Distrito Federal? TF> Não. O que eu tenho visto é que o próprio presidente entende ser desejável que essa seja uma aliança ampla, incluindo o PMDB. Da nossa parte, logicamente que, o próprio histórico do PT e do PMDB no DF envolvera uma história de completo embate em todas as eleições até hoje e que, pela primeira

PB> Seria a visão da força de um adversário que se quer combater? TF> Não é exatamente isso. Acho que temos que estar preocupados com o compromisso com Brasília e não com o aspecto político deste ou daquele elemento. PB> O que o senhor pode agregar à candidatura do Agnelo, além de alianças políticas? TF> O que posso agregar a uma candidatura com o Agnelo, ou em uma aliança entre PT e PMDB, é o fato de que o PMDB tem quadros de políticos expressivos. Sem desmerecer os quadros do PT, mas eu entendo que os que o PMDB tem são pessoas de excepcional envergadura, de uma experiência na administração pública muito grande, inclusive na instância política. Com isso, podemos contribuir profundamente com um bom governo para o DF. A qualquer candidatura, não apenas a do Agnelo. Isso é importante colocar, a qualquer candidatura que o PMDB estiver junto. Ou a própria candidatura que o PMDB idealizar, ele tem quadro e experiência para trazer uma boa solução para o DF. PB> Seria com um apoio para conseguir legislar na Câmara Legislativa? TF> Não, eu não entro nesse aspecto. É que você faz as perguntas como se já tivesse o apoio. PB> Existe a possibilidade de apoiar outro candidato? TF> Não existe um impedimento de apoiar outro candidato. Da mesma


forma que o Agnelo Queiroz tem também essa liberdade. PB> O senhor está pronto para bater o provável candidato Joaquim Roriz? TF> Não... não quero bater em ninguém. [risos] Eu quero contribuir com o DF. Eu não sei das candidaturas que foram colocadas até agora, só a do Agnelo e a do Roriz... Mas podem ser colocadas outras. Na eleição indireta da Câmara o PMDB foi o último a registrar a candidatura e foi vencedor. PB> Caso não ocorra essa aliança com o PT, existe alguma possibilidade do PMDB migrar para a candidatura de outro candidato, ou lançar candidato próprio? TF> Claro! Tem possibilidade de outro leque de coligações do PMDB e de candidatura própria do PMDB. Porque não? PB> Quem seria o candidato? TF> Não importa. Mas digo que o PMDB tem condições de andar com as próprias pernas. PB> O senhor está arrependido ou insatisfeito de alguma forma com o governo de Rogério Rosso, seu candidato? TF> De forma alguma, é o PMDB mais uma vez no governo. Não posso influenciar, quem é o governador é ele. Eu não tenho esse direito. Eu acho que a grande ciência no exercício da presidência de um partido, é você entender os limites de ser o presidente do partido, que é da articulação política, e a obrigação de governar do governador sem se submeter. Não há parâmetros políticos que contrariem propostas de governo. Pelo contrário. O que é decisão, o que é competência do Rogério, é decisão dele e tem que ser respeitada, não importa se eu concordo ou não concordo. Foi uma decisão do Rogério Rosso, que é governador do DF. PB> Mesmo tendo ele deixado cargos importantes do governo nas mãos do DEM?

TF> Eu acho que as modificações que tem que ser feitas, elas devem ocorrer sem movimento brusco, e com muito cuidado, para prevalecer o fator técnico. Não estamos em um momento de uma normalidade no governo. Nós temos consciência de que esse governo que hoje o Rogério Rosso exerce, em nome do PMDB, é um governo de apenas oito meses, um governo-tampão. Sendo três meses,

Eu fico satisfeito quando prevalece a essência da política. A capacidade de superar diferenças partidárias, a capacidade de superar divergências políticas, em função de um compromisso que se tenha com a sociedade

obrigatoriamente, será parte de uma transição, e os outros cinco meses serão de efetivo governo, serão meses de desafios. Se nós conseguirmos vencer o simples fato de trazer Brasília à normalidade política e resgatar a auto-estima e de esperança, o PMDB já foi vitorioso no governo. PB> O governo de Rogério Rosso afasta o risco da intervenção? TF> Eu acho que o governo do PMDB com o Rogério Rosso está dando a sua cota de contribuição para que não haja intervenção no DF. E da mesma forma que eu respeito os limites do executivo, eu tenho que respeitar os limites do legislativo. PB> O senhor vê a eleição do candidato do PMDB como uma virada do jogo, mostrando o enfraquecimento do poder do ex-governador Roriz, que não conseguiu eleger seu candidato? TF> Eu costumo dizer que isso são circunstâncias políticas. Às vezes as pessoas falam que política muda de um momento para o outro, como uma nuvem, um dia de uma forma, outro dia de outra. O quadro do momento fez o PMDB vencedor, juntamente auxiliado por um grupo de partidos que tinham uma consciência do momento vivido, e fez alguns outros grupos derrotados. Grupos que apesar de não terem prevalecido com seus candidatos, tinham a consciência da candidatura do PMDB e estariam dispostos a ajudar em um segundo turno, caso fosse necessário. Portanto, eu fico satisfeito quando prevalece a essência da política. A capacidade de superar diferenças partidárias, a capacidade de superar divergências políticas, em função de um compromisso que se tenha com a governabilidade e com a sociedade. Eu acho que qualquer pessoa que faça política, que queira fazer política e que tenha carinho pela política, sempre vai ter espaço no palanque com o PMDB.

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Panorama Político

tarciísio holanda

É difícil acabar a

reeleição

J

osé Serra acaba de criticar o direito à reeleição, que foi uma inovação de seu ilustre correligionário, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, anunciando que, se eleito em 2010, vai propor ao Congresso uma proposta de emenda constitucional para acabar com esse instituto. A proposta foi feita quando de sua passagem por Belo Horizonte e com o intuito de tranqüilizar Aécio, que poderia, no caso, disputar a Presidência em 2014. Existem várias propostas no mesmo sentido tramitando no Congresso e muitos duvidam que qualquer delas venha a ser aprovada. Há, hoje, muitos interesses defendendo a reeleição, que acabam envolvendo os deputados – são, principalmente, governadores e prefeitos dispostos a obter mais um mandato. Logo depois que Serra fez a crítica à reeleição, defendendo um mandato de cinco anos, como mais do que suficiente, o presidente Lula saiu em defesa do direito à reeleição. Confessou que estava entre os que combateram a reeleição, mas depois verificou que ela é necessária, uma vez que o presidente termina o mandato de quatro anos sem ter tido tempo de concluir o programa que imaginara.

O triste histórico da reeleição Lula fez a defesa da reeleição, sem deixar de espicaçar os tucanos, acusando-os de ter manobrado a redução

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do mandato de cinco para quatro anos pensando que ele, Lula, iria ganhar as eleições em 1994, o que não aconteceu. Foi Fernando Henrique Cardoso, via Plano Real, que Itamar colocou como candidato, quem ganhou. “Eles ganharam em 1994 e aprovaram a reeleição em 1996. Em política, não vale ingenuidade. Ninguém vai acreditar que o mesmo partido que criou a reeleição venha a querer acabar com ela. Ninguém está pedindo isso, só o Aécio Neves”. Só a oposição do PT autoriza a expectativa de não aprovação pelo Congresso de uma emenda constitucional acabando com a reeleição. Emenda constitucional exige quorum de três quintos, ou 308 deputados e 49 senadores. E há muitos parlamentares em todos os partidos que defendem a manutenção desse instituto – tanto na base aliada, quanto na oposição. Nesse caso, falam mais alto os interesses que envolvem a sobrevivência política de cada um. Governadores e prefeitos interessados na reeleição são aliados de parcela expressiva de deputados e senadores. A proibição à reeleição perdurou desde a primeira Constituição republicana, de 1891, até 1996, quando Fernando Henrique Cardoso, então presidente da República, por meio de um trabalho político empreendido no Congresso pelo seu ministro das Comunicações, Sérgio Motta, com a

ajuda do ex-ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, conseguiu o quorum para aprovar a emenda. Motta foi acusado de comprar cinco deputados do Acre, conforme gravação de conversa telefônica de um deles. Todos os envolvidos renunciaram para evitar a criação de uma CPI.

Má vontade com Brasília A grande mídia do eixo Rio-São Paulo aproveitou o cinqüentenário de Brasília para exprimir sua má vontade para com a capital do país. Não se falou que a mudança da capital foi uma decisão de largo alcance estratégico, obrigando o desenvolvimento, antes circunscrito ao litoral, a entrar pelo interior do Brasil. Também não se falou que foi graças a essa mudança da capital que o Centro-Oeste se transformou no maior produtor de grãos do país. Pelo contrário, o empenho todo foi o de apelar para clichês de modo a mostrar Brasília como uma cidade artificial. Destacou-se que Brasília consome R$ 7 bilhões do Orçamento da União e que cada brasileiro paga um tanto pela sua existência, o que é o óbvio. E mais: que Brasília é a capital da desigualdade social, sem a preocupação de analisar as causas do fenômeno que apareceu por aqui. Não se disse que a maioria dos 180 mil desempregados que vivem em torno da capital são agregados liberados pelas fazendas, na


maioria do Nordeste. O ex-deputado Fernando Lyra, certa vez, disse que esses migrantes não eram desempregados, mesmo porque nunca tiveram empregos. Destacou-se o escândalo promovido pelo ex-governador José Roberto Arruda com cerca de 30 pessoas – ou mais. O que nos faz lembrar o mineiro Benedito Valadares, que costumava dizer: “Mais de dois é comício...” Escândalos não ocorrem só em Brasília. Ninguém fala que Paulo Maluf é um produto de São Paulo e que os anões do Orçamento, aqueles deputados que fabricavam verbas no Orçamento da União, eram provenientes de vários Estados. Não eram de Brasília.

LULA PODE MAIS? No seu blog, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, sustenta que “Lula já fez o que podia fazer, em matéria de transferência de votos, e que o problema agora é com a própria candidata, Dilma Rousseff ”. Observa que Lula e Dilma são personagens totalmente diferentes um do outro. Confere a Dilma perfil de “séria, tecnocrática, vertical, inflexível”. E lembra frase de Jacques Séguelá, marqueteiro de Mitterrand: “Política e teatro são semelhantes. Mas há uma grande diferença. No teatro o ator muda de personagem e continua a provocar ar emoções. Na política, não! “Elas por elas – diz o ex-prefeito carioca – as pesquisas mostram que 20% dos eleitores votam em qualquer

candidato de Lula, que 20% dos eleitores não votam em nenhum, 20% não estão nem aí e serão a abstenção/ brancos/nulos na eleição, e 60% dizem que podem ou não votar, dependendo do candidato. É nesse espaço que entra a dúvida sobre a capacidade de transferência de Lula. Mas, nesse espaço, 2 terços já se definiram por Serra e Marina. Sobram outros 20%”. Afirmação temerária essa de Cesar Maia, de que Lula já esgotou seu potencial de transferência de votos!

O forte potencial de Lula A última pesquisa do Datafolha mostrou Serra com 38%, 10 pontos à frente de Dilma, que tem 28%. Candidato de oposição, Serra se recusa a ser opositor de Lula. Como o país vive uma boa situação econômica, Dilma promete manter e ampliar as conquistas, enquanto Serra sustenta que pode fazer mais. A pesquisa do Datafolha revela que 14% dos eleitores declaram que votarão no candidato de Lula, mas não são eleitores de Dilma. Dizem não saber que ela é candidata. Claro que Lula vai chegar junto a esses eleitores para lhes dizer que Dilma é a sua candidata. Trata-se de um contingente eleitoral em sua maior parte instalado no Nordeste, composto por gente muito humilde e longe das informações. Basta que esse percentual acompanhe Lula, no auge da campanha, para que a candidata chegue aos 42%. Foi com semelhante percentual de votantes

que o presidente Lula venceu Serra. Em sua reeleição, Lula sobrepujou o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, com 44,05% dos votos. Mas deve-se lembrar que, em 2006, Lula venceu Alckmin em Minas Gerais, e é por isso, certamente, que Serra tenta se aproximar de Aécio Neves. Serra vence Dilma em São Paulo e no Sudeste, região a que pertencem Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Dilma ganha no Rio de Janeiro e tem chances de ampliar seus votos aí, enquanto Serra enfrenta dificuldade para ter uma base forte entre os fluminenses. Fernando Gabeira, o mais consistente candidato a governador, está se recusando a carregar o fardo pesado de Cesar Maia, entre os eleitores de classe média do Rio, e isso ameaça detonar uma forte aliança partidária, composta pelo PSDB, PPS e DEM, naquele importantíssimo Estado. Lula sempre imaginou a eleição plebiscitária entre Dilma e Serra. E sempre quis afastar a candidatura de Ciro. Chegou a propor que ele fosse candidato a governador de São Paulo, trazendo o PT para o seu projeto. Conseguiria alcançar dois objetivos: retirava Ciro do páreo presidencial e com ele ganhava um candidato capaz de dar base em São Paulo a Dilma Rousseff. Ciro não aceitou a oferta, criticou duramente o PT e disse que, se deixasse de ser candidato, deixaria a política por uns tempos.

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Brasília e coisa & tal

Romário Schettino

PDT no GDF? A indicação de Marcelo Aguiar para o cargo de Secretário de Educação do governo Rogério Rosso causou frisson. Marcelo se apressou a dizer que o convite era pessoal e que, inclusive, tinha se licenciado do PDT para aceitar. O PDT finge que não é com ele. Reguffe e Cristovam Buarque podem ter suas razões para ignorar o fato.

Tá Rosso! A surpresa, mas nem tanto, na eleição indireta para governador do DF ficou por conta da escolha, em primeiro turno, de Rogério Rosso e Ivelise Longhi, na chapa do PMDB. O fator Tadeu Fillipeli pesou na decisão, num acerto de bastidor com o PT Nacional. Os deputados petistas poderiam ter votado em Rosso se Wilson Lima ameaçasse ganhar. Limado o Lima, bastou Rogério Rosso contar com os oito deputados distritais envolvidos na Operação Caixa de Pandora para se eleger. O movimento de Joaquim Roriz em favor de Lima apressou essa manobra política de Fillipeli. Resta agora saber se o STF engole esse sapo. A intervenção federal ainda é uma ameaça.

A bomba do Irã O presidente Lula está certo ao tentar mediar uma solução para o conflito entre Irã e Estados Unidos. É evidente que o perigo não é o Irã explodir uma bomba atômica sobre Israel, até porque a radiação seria tão desastrosa que devastaria toda a região, incluindo o Irã. O perigo é a supremacia dos EUA nesse caso. O Brasil está no caminho correto, toda solução para os conflitos tem de surgir de mecanismos e organismos multilaterais. O Itamaraty tem acúmulo nessa área diplomática e vem conquistando espaço cada vez maior.

Voto Feminino As pesquisas mostram que as mulheres resistem à candidata Dilma Rousseff, preferem o José Serra. As mulheres resistiram ao candidato Lula. O que há em comum? As mulheres são conservadoras ou o Serra é só simpatia?

Rollemberg no senado Com a retirada da candidatura de Ciro Gomes, o PT Nacional garante que dará a segunda vaga de senador para Rodrigo Rollemberg (PSB) em Brasília. Nesse caso, Geraldo Magela terá de se contentar com sua reeleição ao cargo de deputado federal. E assim o mundo gira... e a Lusitana roda!

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Candidatos em ação Os pré-candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) estão mais vivos na internet do que na grande imprensa. As novas tecnologias arregimentaram especialistas de ambos os lados. O volume de informação é tão grande que o eleitor não tem tempo de assimilar nenhuma delas. Tudo é meio superficial, mas os efeitos são imediatos. Twittar uma notícia virou moda. Se você quiser ficar por dentro tem que estar linkado no facebook, no twiter, no orkut, no blog, no celular, no ipad, no ipod etc etc. Haja disposição!

Ainda o fator Filipelli Se o Procurador Geral da República desistir de insistir na intervenção federal, é possível que Rogério Rosso consiga tocar o barco do GDF sem grandes turbulências. Nesse caso, volta à cena a dobradinha Agnelo-Filipelli. A resistência vem das bases do PT, tudo depende da limpeza ética que o PMDB-DF terá que fazer para conquistar pelo menos parte dos corações petistas.


Comunicando

Minha Homenagem aos 50 anos de Brasília III

I

Eu ouvia dizer, nos anos 60, em Caratinga, que, em Brasília, os lotes eram quase de graça, a cidade era coberta por uma grande cúpula de vidro e as calçadas eram esteiras rolantes. Ninguém precisava andar, Que maravilha!

Fazer aniversário junto com Brasília, nascer em abril e ser taurino, é mais do que um privilégio! É mais do que festejar uma data emblemática, dessas que lembram duas mortes e um nascimento: Tiradentes, Tancredo, Brasília. É fazer parte da história!

1

2

II Quando cheguei aqui, nos anos 70, vi que o céu de julho era mesmo limpo e azul, como uma cúpula, mas não era fácil conseguir um lote sem o poderoso padrinho. As calçadas, sim, eram frustrantemente normais. Nas ruas, os carros andavam, e andam, em alta velocidade. Que loucura!

Homenagem do Adriano Crespo, quando tinha 9 anos Poesia de Brasília Brasília, tão bonita, tão florida! Eu ouço os pássaros cantar e Você passar ao luar. Vejo teatros, cinemas e shoppings Mas nada é mais bonito do que esta estrofe. Vejo cigarras cantarem nas árvores secas. E as coitadinhas, vesgas de tanto esforço. Em você tem muita pessoa ruim, mas não tem jeito, você é a mais bela de todas as cinderelas!

Cultura candanga Foi um sucesso a programação alternativa dos artistas de Brasília para comemorar os 50 anos. O Espaço Cultural Funarte ferveu de criatividade. A transformação para os outros 50 já começou. Vamos ver como ficarão a Câmara Legislativa e o GDF em outubro.

E mais esta Brasília está quente, com esse céu azul estonteante, prepara-se para se tornar a cinquentona mais gata do Planalto Central. Apesar dos vampiros que rondam os palácios e as urnas, Brasília é uma mulher de sorte, tem entre seus amantes poderosos dentes de alho e olhos de lince.

3

Ribondi e Sartório em Milão Como parte das comemorações dos 50 anos de Brasília, a peça Cru, escrita por Alexandre Ribondi - que este ano completa 40 anos de teatro - irá se apresentar, dia 17 de maio, no Teatro dei Filodrammatici, em Milão. O convite para a apresentação partiu do embaixador Luiz Henrique da Fonseca, cônsul-geral do Brasil em Milão, para quem é importante “ressaltar a importância deste evento como testemunho da difusão da cultura brasiliense, que tem vida própria e que, nos últimos anos, tem se desenvolvido e se afirmado cada vez mais”. Cru é dirigida por Sérgio Sartório e Ribondi, e, no elenco, além do próprio Sartório, conta também com as participações de Chico Sant’Anna e André Reis. A obra, depois de uma boa temporada nos palcos brasilienses está sendo transformada em longa-metragem pelo cineasta Jimi Figueiredo. Além disso, saiu do II Festival Nacional de Teatro de Goiânia com os prêmios de melhor texto e melhor ator coadjuvante, para André Reis. Erramos : O nome correto do livro do jornalista Lourenço Cazarre é “A Misteriosa Morte de Miguela de Alcazar” e não “A Misteriosa Miguela de Alcazar”, como saiu na coluna da edição anterior.

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Política Brasília

Por: Flávia Umpierre | Fotos: Gustavo Lima

Outra CPI que se arrasta Após três meses de criação, a CPI da Codeplan ainda não mostrou serviço

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Deputado Paulo Tadeu, relator da CPI da Codeplan

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Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan) surgiu com o objetivo de investigar suspeita de corrupção nos governos de 1991 a 2009. A princípio, a instrução era levantar indícios que atentassem, especialmente, contra o ex-governador Joaquim Roriz, que governou o Distrito Federal até 2006. Porém, com o aparecimento das denúncias da Polícia Federal contra o governo Arruda, os parlamentares cederam e a CPI passou a investigar este governo. Mas o quadro se inverteu, e as denúncias de corrupção e o envolvimento de parlamentares persistiram. Contudo, a CPI da Corrupção, como era chamada, vem perdendo força. Então vieram os atrasos nas convocações de reuniões, ausência e desistência de membros e depoimentos silenciosos protegidos por hábeas corpus. Com isso, a CPI da Codeplan, que já foi encerrada uma vez e logo depois ressuscitada, não deverá cumprir o prazo para a entrega do relatório final da comissão, estipulado inicialmente para 18 de junho. Os parlamentares pretendiam mostrar serviço para evitar a intervenção, mas não estão demonstrando muita disposição em levar à frente a comissão que tinha por objetivo investigar 18 anos de contratos do GDF. Grande parte dos documentos recebidos pela comissão ainda nem foram analisados. O primeiro a debandar foi o distrital Alírio Neto (PPS), depois Eliana Pedrosa (DEM) e por último o deputado José Antônio Reguffe (PDT), que deixou a comissão alegando ilegitimidade nos trabalhos realizados na Casa. “Saí, pois não estava vendo resultado prático. Eu não queria participar de uma investigação de fachada, que só gastava o dinheiro do contribuinte”, declarou Reguffe.


Foto: Gustavo Lima

Em plenário, deputado Reguffe (PDT) e ao fundo, presidente da Casa, Wilson Lima (PR)

Para ele, as únicas investigações que realmente estão sendo feitas são as realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. “São instituições que estão fazendo um belíssimo trabalho, nas quais deposito minhas esperanças de que deem resultado”, afirmou. A CPI convocou na última semana os depoimentos de 41 pessoas citadas no Inquérito nº 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que investiga denúncias de corrupção deflagradas pela Operação Caixa de Pandora, da PF. Entre os convocados estão o ex-governador Joaquim Roriz, o exgovernador José Roberto Arruda e o conselheiro Domingos Lamóglia. Também estão na lista de depoentes os deputados Eurides Brito (PMDB), Benedito Domingos (PP), Benício Tavares (PMDB), Geraldo Naves (sem partido), Osório Adriano (DEM) e Rogério Ulysses (sem partido). Tais depoimentos deverão ser entregues por escrito à CPI, que tem dez dias úteis para elaborar e encaminhar as questões que deverão ser respondidas. O deputado Paulo Tadeu (PT), relator da CPI, afirma que vai enfrentar a resistência da Casa pela continuidade das investigações. “A Constituição

permite que na fase de inquérito o parlamentar depoente permaneça calado. Por isso, nós resolvemos priorizar o estudo dos documentos apresentados à comissão”, explica. Para que os trabalhos não continuem emperrados, devem ser definidos nas próximas semanas os nomes que faltam para compor três cadeiras que estão vagas na comissão, eleger o novo presidente e o vice, e definir o calendário das oitivas. Na última sessão foi acordado para o cargo de presidente da CPI o deputado Batista das Cooperativas (PRP). O DEM tem direito, pela proporção partidária, a um representante na CPI da Codeplan. Porém, o partido anunciou a retirada de seus filiados da comissão. A líder do PMDB na Câmara Legislativa, a deputada Eurides Brito, indicou Aguinaldo de Jesus (PRB) para compor a CPI. O deputado Chico Leite (PT) foi indicado pelo presidente da Casa, Wilson Lima (PR), para ocupar a vaga deixada por Reguffe, mas recusou. Com isso, falta ainda um último integrante, que deverá ser indicado por Lima. O primeiro depoimento da CPI

da Codeplan serviu apenas para ameaças feitas pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, delator do esquema de propinas no DF. Ele afirmou que ainda viria "um rolo compressor" de denúncias e que mais gente estaria envolvida no escândalo de corrupção. Na semana passada, o segundo depoimento foi o de Gilberto Lucena, dono da empresa de informática Linknet, citada no inquérito como financiadora do esquema. O empresário foi protegido por um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e entregou um depoimento por escrito, no qual dizia apenas que ele permanecerá calado e não responderá as perguntas feitas pelos membros da CPI. Os distritais Batista das Cooperativas (PRP) e Raimundo Ribeiro (PSDB) se mostraram desesperanços com os avanços das investigações feitas pela CPI. Afirmaram durante discurso em plenário que a comissão não dará mais resultado e que, com a não permanência dos parlamentares, seria melhor encerrar os trabalhos.

Entenda A CPI surgiu para investigar denúncias de condutas ilícitas e imorais de agentes públicos e políticos, ocorridos especialmente no âmbito da Codeplan. Tais denúncias constituem inquéritos policiais, ações penais em trâmite no TJDF e Inquérito nº 650 em trâmite no STJ, que indicam a existência de desvio de dinheiro público, de crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, fraude a licitação e crime eleitoral, materializados em investigações do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público do Distrito Federal, da Procuradoria Geral da República e da Polícia Federal, que teriam causado prejuízos ao Tesouro do Distrito Federal e enriquecimento ilícito dos envolvidos.

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Dinheiro

Mais

mauro castro

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esmo parecendo assunto requentado, falar do aniversário de Brasília deveria ser proibido. Só que pede o bom senso que seja determinado um marco neste meio século de vida. Brasília exagerou na dose. A renda do brasiliense, o custo de vida e a vocação da cidade (político-administrativa) não deveriam permitir espaço para mais gente. Essa discriminação com os que chegam mais tarde na cidade não é correta, mas, sinceramente, necessária. Nossa Capital é provida financeiramente pela União. Educação, saúde e segurança pública têm aqui verbas que não se vê em outros estados – pelo menos proporcionalmente à população. O orçamento do Distrito Federal é imenso, digno de primeiro mundo, no entanto, falta dinheiro para tantas necessidades. Brasília acabou se tornando uma cidade de pessoas vindas de lugares sem esperança, à procura de um centro acolhedor. Avolumam-se em cidades satélites – que nome propício – e buscam melhorar de vida. Para uma pessoa sem renda proveniente de uma região pobre, no Brasil, quase todas as regiões são mais pobres que Brasília, pelo simples fato de chegar aqui faz com que a vida melhore instantaneamente. Coisa simples como saúde já faz uma diferença monumental. São pessoas que sequer têm casa e comida. Encontrar uma cidade com tantas possibilidades de moradia, comércio e educação me-

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lhora muito o nível de vida. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Distrito Federal tem pontuação elevada, indicando que qualquer morador daqui tem acesso a serviços e estrutura que outras boas cidades, como Goiânia, não oferecem. O que melhora na qualidade de vida das pessoas com baixa renda não representa uma justiça social, já que Brasília ostenta uma das mais altas taxas de desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres, conforme estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Brasília está ficando cara e desajeitada. Está cortada por obras e gastos. Torna-se estorvo para a União. Tudo isso pode acabar em um triste fim. Já há pessoas que se posicionam a favor de criar um novo estado autônomo com a capital em Taguatinga, limitando o Distrito Federal à pequena área do Plano Piloto. Essa loucura tem muito tempero de economia e pouco de sabedoria. O fato é que a cidade está com uma doença que a maioria das grandes capitais já pegou, “populacionite” invasora. O DF não consegue mais reter a vinda de novos habitantes e tão pouco consegue abraçar essa gente. O orçamento aperta para quem mora na cidade. Águas Claras, que era o bairro da classe média já apresenta sinais de sofisticação. Samambaia que abrigava a população de baixa renda, já tem prédios

enormes com estrutura para a classe média. Em tudo Brasília se apresenta como cara. E a medida que a cidade cresce, aumentam os problemas. O impacto de uma nova pessoa já deveria ser medido e impedido, lembrando que a União repassa ao Distrito Federal apenas o que é compatível com a arrecadação federal. Possível ou não, há chances de um dia alguém ter a infeliz ideia de cortar essa verba, por meio de uma emenda à Constituição. Tomara que não, podemos nos arrepender e transformar Brasília em uma grande favela com alto custo para o contribuinte.

Ilustração: Diego Vedita


304 Sul Boulevard Shopping Conjunto Nacional ParkShopping


Capa

Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Estúdio Dephot

Para onde vai

Brasília?

São 50 anos de evolução, muitas conquistas, grandes escândalos e expectativas ainda maiores

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Quando pensamos em uma cidade ideal e com boa qualidade de vida, devemos pensar o que nós, como brasilienses ou moradores do DF, estamos fazendo para transformar a Capital em uma cidade melhor? Atitudes simples, poderiam fazer toda a diferença. Iniciativas que partem do individual para o coletivo, lições de cidadania como jogar o lixo no local apropriado, se preocupar com a civilidade e tratar o semelhante com respeito, para assim, esperar um futuro melhor para nossa geração, nossos filhos e netos. A Capital planejada que recebe de braços abertos a todo o povo brasilieiro e até estrangeiros, completou 50 anos. Cheia de graça, com muitas histórias para contar ela passeia no imaginário dos turistas, afinal, é Patrimônico Cultural da Humanidade.

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Conhecida por suas curvas arquitetônicas e pelo gentileza de seu povo, a cidade está numa estrada onde não é possivel dar marcha ré, agora, é evoluir e evoluir. Mas não podemos negar que no ritmo que vai, em poucos anos o caos populacional e a tortura nas rodovias serão significativamente maiores. É necessário pensar com cautela e responabilidade sobre a infraestrutura e sobre as políticas urbanas aplicadas no DF, precisamos de planos urgentes para o futuro. Brasília é reduto de todas as tribos, aqui não há preconceito. É fácil achar seu espaço, ela é rica em cultura popular e tradições, também é o novo berço da música sertaneja, do hip hop, além de ser transformada em capital do Choro, do Rock e reduto de boêmios do samba. Ela é uma senhora de muitas virtudes e como todas, também

tem defeitos, mas é plural e seu povo não só espera que ela cresça ainda mais, mas tem trabalhado e lutado para que boas iniciativas continuem, que cada vez mais, seus políticos e cidadãos se orgulhem desta cidade que nasceu para brilhar. Não podemos tapar o sol com a peneira, os desmandos, o nepotismo, a má administração, muitas vezes tira do brasiliense a motivação para defender sua cidade, mas não arranca de seu peito o amor que sente pela Capital da Esperança. Mesmo porque se não temos bons políticos a culpa é dos outros estados que nos enviam parlamentares de qualidade e ética duvidosa. A Plano Brasília foi conversar com alguns moradores do Distrito Federal que falaram sobre suas expectativas para os próximos anos.


Vinicius NicolasBorba Behr

Vinicius Borba

Renato Matos

Hélio Doyle

Rodrigo Falcão

Jaira Coca

Reynaldo Jardim

Ronaldo Costa Couto

Rodrigo Falcão Analista judiciário e professor universitário Nos últimos anos, o DF andou na contramão do nosso país. O Brasil segue o caminho da verdadeira modernidade. Aquele em que a sociedade consegue unir o desenvolvimento econômico com saúde pública, educação pública e melhor distribuição de renda, melhorando todos os índices sociais. Aqui vivemos entre a falsa modernidade - que fazia de conta que era democrática quando era a forma mais atrasada de administrar - e a demagogia escancarada daqueles que aceleraram artificialmente o crescimento populacional usando terras públicas para criar os velhos currais eleitorais da atrasada política dos coronéis. É hora de olhar para o futuro e recuperar nossa autoestima, pois o DF precisa de um governo que nos devolva as condições básicas de boa saúde pública, educação pública de qualidade, segurança e transporte público em todos os setores de nossas cidades. Em suma, que permita que seus cidadãos possam exercer a criatividade, competência e solidariedade que são nossas características.

Hélio Doyle Jornalista Sempre fui otimista, daqueles que acreditam que no fim tudo dá certo. Mas confesso que não sou otimista quanto ao futuro de Brasília. Há tanta coisa errada que é difícil consertar sem uma mudança radical em todo um sistema que ao longo de 50 anos, contrariando as boas intenções dos que fizeram a cidade, favoreceu a especulação imobiliária, as invasões de terras públicas e entronizou a transgressão como norma. Um sistema que se fundamenta na politicagem rasteira, no empreguismo, no patrimonialismo e no corporativismo. Que possibilita a ascensão social de pessoas que nada seriam sem as benesses ilegítimas do Estado e a corrupção. Hoje sou mais cético, mas para mim ainda é difícil deixar de ser otimista. Brasília, apesar das enormes distorções, ainda é para mim e para maioria dos que aqui vivem uma ótima cidade para se viver. Então temos de acreditar que antes dos próximos 50 anos nos livraremos de todo o mal feito nesses primeiros 50 anos. E trabalhar muito

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para que os filhos e netos de minha geração possam viver na Brasília sonhada nos anos 1960 – quando achávamos que um novo mundo estava sendo construído. Mas, infelizmente, estávamos enganados.

Vinicius Borba Estudante universitário bolsista, ativista cultural e morador de São Sebastião DF “São diversos os caminhos desta vida, para quem tem amor”, já dizia o poeta. A ilha da fantasia passa pelas contradições e releituras que uma grande capital pede para se constituir como urbe incontrolável. Apesar das condições adversas, a nova “cinquentona” Capital evolui. Perturba-me que as agendas culturais ainda não passem pelos subúrbios. Na grande Brasília, a noção de distinção entre quem sabe ou não das festas do centro, e quem tem ou não ônibus corujão para participar dos eventos, ainda deixa claro que a ideia dos pseudo governantes do momento é a mesma dos demais: manter o povo que construiu a cidade fora dela. O movimento estudantil tem participado intensamente de lutas. Algumas descontextualizadas outras de primeira hora, demonstrando que o vanguardismo de uma juventude aguerrida pulsa nas veias de alguns desses jovens, ultimamente, tão padronizados, uniformizados. É visível que a sede de agitação de alguns, passa justamente pela vontade de melhorar o processo e nestes termos a molecada ainda pensa e age para um futuro próximo melhor. Agora em banda larga, geração 2.0, é verdade, com a agilidade de poder denunciar e tornar públicas questões importantes para os outros 50, que estão por vir. Apesar das exclusões sociais, a Capital interage com as periferias a seu redor. Com bolsas de estudo e as redes sociais, jovens de outras bandas vêm expôr seus trabalhos no centro e levam o que possa ser útil para disseminar em suas realidades. Uma nova geração acadêmica, espalhada nas “quebradas” por políticas de cotas e bolsas, está dando voz e autoridade a uma outra geração, r a cidade linda que é hoje,

Renato Matos Cantor, escritor e poeta Os profetas preveem o futuro, os poetas vivem-no. Brasília nasceu de uma utopia, concretizada pela força e coragem de um povo enérgico vindos de todos os recantos do Brasil a convite do presidente JK. Antes ela era apenas passagem das sesmarias, que transportavam o gado da Bahia para Goiás e São Paulo. Extraí de Clarice Lispector alguns fragmentos da sua visita a Brasília durante a construção: “Brasília é linda e é nua. O despudoramento que se tem na solidão.

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Brasília é uma cidade abstrata, e não há como concretizá-la. Brasília não vai terminar nunca, eu morro e Brasília permanece (...) Brasília é o mistério classificado em arquivo de aço...”

Esta última frase da Clarice já justificava a indignação que a cidade tem vivido. Mas acredito que este arquivo de aço está sendo obstruído pelo raio laser da consciencientização das classes artística, estudantil, trabalhadora, jornalista, poetas e intelectuais, que respira a cidade no seu dia a dia. O seu futuro é agora. Brasília não merece mais carregar o estigma de corrupta para o resto do país. E o melhor caminho para a mudança é através do carinho e da estima, que for adotado a sua cultura e educação. Brasília precisa consumir-se, reconhecendo-se através de seus poetas, seus agentes culturais, independente de qualquer mídia estabelecida. Frequentar seus espaços e projetar em si mesma para tornar-se cada vez mais universal. Esse é o futuro para Brasília, nossa querida cidade.

Nicolas Behr Poeta e ecologista Vamos ser uma metrópole. A ideia modernista substituída pela cidade orgânica. A busca permanente da humanização da maquete. Vamos sair amadurecidos da crise política. Vamos escolher melhor nossos representantes, vigiá-los mais de perto. Vamos presenciar o secamento do Lago Paranoá. Só os ribeirões do Torto, Bananal, do Gama e Cabeça de Veado, por estarem em áreas protegidas, têm garantida a sua vazão. Os outros cursos d’água estão ameaçados pela expansão urbana e agrícola. Água do Lago de Corumbá vai salvar o Lago Paranoá. Vamos ver a consolidação do deslocamento do eixo econômico do DF para Taguatinga, Águas Claras, Ceilândia e Samambaia, formando uma mega-cidade: Táguasceibaia. Vamos ouvir a explosão da panela de pressão que é o entorno do DF. Hoje o muro é distância, mas virá um outro, concreto, de cimento. A explosão vai destruir o muro. Vamos ver crescer o sentimento nativista do brasiliense e acontecerão manifestações pela transferência da Capital. Um dia nossa cidade se chamará Braxília - não-capital. Vamos assistir ao estrangulamento das reservas ambientais do DF e desistir de vez na implantação de corredores ecológicos entre as áreas protegidas. Teremos três grandes “ilhas” (Parque Nacional, Águas Emendadas e Complexo Jardim Botânico-UnB-IBGE) mas sem contato entre si, levando à extinção de plantas e animais, por falta de trocas genéticas.


Vamos assistir ao fim da escala bucólica de Brasília. As áreas verdes tomadas por estacionamentos e a vista para o Lago Paranoá obstruída por blocos de superquadras disfarçadas de apart-hotéis. SQL. Vamos começar a ter sinais da nossa incipiente identidade cultural, baseada na rebeldia. Contra a linha, contra o poder e a burocracia (que é a mesma coisa!) e contra a exclusão. Sempre a favor do contra. Vamos ver iniciativas burocráticas e nada ousadas para tentar resolver o problema da falta de transporte público na cidade planejada. Mais viadutos, mais pistas para os carros, mais carros. Mais carros. Mais carros. Gasolina no extintor de incêndio. Vem aí o rodízio de carros, como em São Paulo. Vamos testemunhar a falência da cidade-autorama.

Reynaldo Jardim Jornalista e escritor Brasília está caminhando para ir ao beleléu. Ou se estabelece um limite de crescimento ou o nosso destino será, no trânsito, igual ao de São Paulo. Precisamos brecar a entrada de novos veículos na cidade e estabelecer horários diferenciados para o encerramento do expediente nos ministérios, comércio, empresas estatais. Se o pessoal for dispensado das 16 h até às 19h, com intervalos de cinco minutos, a situação melhoraria muito. O VLT e outros projetos contribuiriam para acabar com o tumulto no trânsito. Brasília vê seu futuro ameaçado com o desornamento do governador mais operoso de nossa história. A autonomia econômica das “satélites” as tornariam menos dependentes dos serviços hospitalares, escolares e teria um mercado de trabalho suficiente para evitar o afluxo da população periférica às nossas instituições. Já foi um grande avanço o deslocamento da sede do governo para Taguatinga. Bem que o gênio de Lúcio Costa, traçando um projeto urbanístico perfeito, procurou estabelecer um limite de crescimento. Todavia, a cidade é um ser vivo, megalomaníaco e expansionista, impedida de crescer para dentro, Brasília cresceu para fora. E o fora se expande numa conturbação que funde, por exemplo, Taguatinga e Ceilândia. Não somos uma ilha, sofremos as consequências de pertencer a uma sociedade modelada pelo modo de viver norte-americano. Ainda bem que Lula teve a coragem e a competência de tirar as patas do FMI do Palácio do Planalto, conseguiu que o país se tornasse autossuficiente na questão petrolífera e está elevando o patamar social das classes mais desprovidas de recursos. De labuta ainda ganhou o Pré-sal. Esse quadro nacional positivo pode contribuir para que a vaca brasiliense não vá para o brejo.

Jaira coca Empresária Tive o privilégio de chegar a Brasília há 45 anos, e a honra de enfrentar os desafios aqui encontrados. Criada em Córdoba e Buenos Aires na Argentina, o desafio foi crescer com uma cidade que estava começando a se erguer. Vi Brasília se tornar a cidade linda que é hoje, aqui criei meus três filhos e cinco netos, e fiz muitos amigos. Aqui sou feliz e espero que Brasília se torne uma cidade melhor em todos os aspectos sócio-econômicos. Que a política, a educação, a cultura, a segurança, a paz etc. sejam um exemplo para as gerações que se formam aqui todos os dias. Que nossos jovens construam uma cidade exemplo para todo o planeta. O sonho seria uma cidade sem violência, sem fome, sem analfabetismo, sem drogas; com muita paz e amor. Na política, que exista a honestidade e justiça para todos. Enfim, Brasília é uma cidade muito nova que tem muito para evoluir e crescer, mas espero que isso ocorra de forma ordenada e segura, com muito empenho dos que aqui vivem. Que a paz, deixada de lado em outros centros urbanos, reine absoluta na Capital do país.

Ronaldo Costa Couto* É justo e correto chamar o quinquênio que começa em 1956 de Era JK. Um tempo de crescimento acelerado, sólidas transformações estruturais, integração nacional, modernidade. O referencial do desenvolvimento nacional mudou de qualidade e patamar. Gostando ou não do governo Kubitschek é forçoso reconhecer sua grandeza, visão de futuro, confiança e operosidade na construção democrática do país. Tempo de ruptura com o marasmo oficial, de clareza quanto a objetivos e metas, de resultados que impressionaram o mundo. De mais e melhores oportunidades de emprego, elevação da renda pessoal, investimentos públicos notáveis, ocupação de novos espaços, avanço empresarial sem precedentes, ascensão da autoestima, florescimento das artes, intensa movimentação e criatividade cultural. Brasília, nossa bela capital futurista, é parte essencial de tudo isso. Apesar de polêmica muito antes de nascer, ela produziu uma unanimidade: sua construção em apenas 42 meses é um feito espetacular do povo brasileiro.

(*) O escritor Ronaldo Costa Couto é doutor em história pela Sorbonne (Paris IV), autor, entre outros livros, do best seller Brasília Kubitschek de Oliveira, cuja 6ª edição, revista e ampliada, chega às livrarias na próxima semana, pela Editora Record.

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Cidadania

Por: Juliana Mendes | Fotos: Juliana Mendes

Verônica ajuda Ana Márcia na corrida por uma vaga no TCU

Voluntários são os olhos dos deficientes visuais para auxílio nos estudos Criado há mais de dez anos, o Clube do Ledor é uma ótima opção para os que querem ajudar quem precisa por meio do serviço voluntário

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uando temos vontade mesmo, tempo a gente arruma. Às vezes falamos: ‘mas eu só tenho uma hora’. Junta essa hora que eu posso, com uma que você pode e uma que o outro pode, já serão três horas para ajudarmos. E isso faz a diferença”, afirma Fausta

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Cristina Panquestor, que há um mês e meio doa um pouco do seu tempo para o trabalho voluntário. O Clube do Ledor foi criado pela Associação de Amigos dos Deficientes Visuais (AADV). É formado por voluntários que leem para os deficientes, os ajudam a estudar para matérias

escolares, vestibulares e concursos públicos. Além de gravarem livros em áudio para o acervo da biblioteca do Centro de Ensino Especial, onde funciona o projeto. Atualmente existem mais de 250 voluntários cadastrados, mas cerca de 30 participam. Os mais ativos


são da faixa etária de 30 a 60 anos, mas também há um público jovem muito dedicado. São aposentados, estudantes, donas de casa, além de profissionais formados como advogados, juízes, jornalistas e professores que ajudam nas matérias específicas para concursos públicos. Para Thuanne Carolini de Souza, que começou a frequentar o Clube do Ledor ano passado e há um mês conta com o auxílio de Fausta, a ajuda que começou com voluntários em Uberlândia, Minas Gerais, e que encontrou quando chegou a Brasília foi imprescindível para a boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e para a conquista de uma vaga no curso de serviço social da Universidade Católica de Brasília (UCB). “Nem todos os livros são traduzidos para o braille, então a ajuda é muito grande para as leituras. Uso livros em áudio, mas prefiro o acompanhamento do voluntário porque às vezes ele entende melhor um assunto e pode me passar com mais clareza”, diz. Segundo uma das professoras responsáveis pela biblioteca, Ana Consuelo Moreira, o Clube do Ledor é aberto para deficientes visuais residentes em Brasília e entorno, que cursam o ensino fundamental, médio e superior de instituições públicas ou privadas, ou que estejam se preparando para provas de concursos e vestibulares. Segundo controle da biblioteca é registrado por dia uma média de dez atendimentos, sendo o funcionamento de segunda a sexta das 08h às 17h. É crescente o número de deficientes visuais em busca de uma vaga no serviço público e para eles o Clube do Ledor preparou atendimento especial. Todas terças e quintas é montado um cronograma para estudo em grupo, com revezamento de voluntários para auxiliá-los em matérias próprias para essas provas como lógica, direito, português e noções de informática. A expectativa é que ultrapasse o

resultado de 2009 em que mais de 40 pessoas foram aprovadas em provas de concurso e 35 em vestibular. Para Consuelo é uma vitória não só para os alunos, mas para todos que colaboram para o sucesso deles. “Tem voluntário que se emociona. Quando eles chegam a mim e falam: ‘Consuelo agora eu sou servidor público’, eu também fico muito emocionada”, fala sensibilizada. E são por essas vitórias que os responsáveis lutam para que o projeto continue. Segundo a advogada Verônica Maria de Almeida Santos, que começou a atuar no projeto há apenas duas semanas, já sente que

Quando eles chegam a mim e falam: ‘Consuelo agora eu sou servidor público’, eu também fico muito emocionada

Professora Consuelo Coordenadora do Clube do Ledor

a ajuda é recompensada. Ela estuda legislação junto com Ana Márcia Pereira dos Santos que está em busca de uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Ana Márcia começou a frequentar o Clube do Ledor em 2006 para fazer faculdade de letras. As dificuldades foram muitas e hoje ela afirma que conseguiu graças ao auxílio dos voluntários do projeto e da disponibilidade do acervo da biblioteca. Ana Márcia diz sentir que as pessoas ficam com receio em se aproximar para ajudá-los, muitas vezes por não saber como lidar com os deficientes visuais, e aconselha as pessoas a pensarem na importância desse trabalho. “A gente consegue alcançar objetivos que não conseguiríamos sozinhos. Os voluntários são nossos olhos”, finaliza em tom de agradecimento às voluntárias que já a ajudaram e hoje são suas amigas. Para Consuelo, a ajuda dos voluntários é de extrema importância para o funcionamento do projeto, não só pelo auxílio direto aos alunos, mas também pelas doações de materiais para o acervo e para a estrutura da biblioteca, que também recebe livros normais e em braile, revistas e jornais da fundação Dorina Nowill, Instituto Benjamin Constant e órgãos do governo. Mas ainda há carências, como dicionários e gramáticas atualizadas. E para finalizar, a professora manda um recado para quem pensa em prestar algum serviço voluntário: “Estamos aqui de braços abertos esperando você. Tenho certeza de que quem vier não sairá mais porque é um trabalho muito gratificante. Apesar da simplicidade do local, os alunos conquistam a gente. Por isso peço que quem tiver interesse nos procure na biblioteca do Centro de Ensino Especial de Deficientes visuais”. Serviço Clube do Ledor SGAN 611/ 612 – L2 Norte (61) 3345.1631

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Gente

Foto: Divulgação

Foto: Marri Nogueira

Por: Edson Crisóstomo

Dolce Bebê

comemora três anos com festa em clima circense. Com “Cirque Dolce Bebê”, a empresária Cláudia Bertozzo comemorou no último dia 17 de abril, mais um ano da empresa, com lojas no Lago Sul e Sudoeste.

Foto: Divulgação

Dj Pedro Righetto discotecando na festa de lançamento da Ana Paula Homem.

Inauguração da Ana Paula Homem A empresária Ana Paula Gonçalves badalou a nova loja, no Gilberto Salomão. Com caipiroskas de frutas variadas com vodka Absolut os clientes conferiram as novas coleções de Ralph Lauren, Reserva, Diesel e Balasarae.

Política

Caixa Rápido

Bola da vez O Governador Rogério Rosso afirmou que iria desativar o famigerado Centro Administrativo de Taguatinga conhecido por Buritinga, voltou atrás.

Cofrinho Cheio Com a disposição dos brasileiros de ir às compras, a previsão de arrecadação do Governo sobre a atual base de R$ 2,2 trilhões.

Palhaçada Disse que trocara toda a cúpula do metrô, em função das suspeitas na implantação do VLT, o que aconteceu? Não trocou. R$ 160 milhões, grave esse valor! Esse é o número da semana. Pelo menos foi o que Durval Barbosa declarou ter desviado para sustentar o esquema criminoso de distribuição de proprina no GDF.

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Homenagem As vendas da moeda comemorativa pelos 50 anos de Brasília estão de vento em popa. Um dia e meio após o início das vendas, o Banco Central do Brasil já havia vendido 1.261 unidades. A tiragem inicial é de 5.000.


Foto: Lula

Tomando posse

Foto: Moreno

Nilton Paixão, comandará o Sindilegis no triênio 2010-2013. Prestigiando o presidente esteve o senador Heraclito fortes e o ministro Ubiratan Aguiar, presidente do TCU.

A arquiteta Cybele Barbosa

Foto: Bruno Stuckert

ofereceu um almoço aos arquitetos de seu escritório na loja Ornare. No encontro, os profissionais puderam conhecer as novidades da marca. O almoço foi realizado no último dia 28.

Atriz Camila Rodrigues é a convidada especial da inauguração da loja Vivara no Iguatemi. O coquetel foi realizado na última quinta-feira, 29 de abril, no Shopping Iguatemi.

Geléia Geral Tem canarinho mexendo na poupança dos hermanos O Banco do Brasil adquiriu 51% das ações do Banco Patagônia, da Argentina. A negociação, que foi fechada por US$ 479,66 mi, é o início do plano de internacionalização do BB que pretende ainda estender seus negócios nos Estados Unidos e outros países que tenham forte presença de empresas brasileiras.

Imperdível Já abrindo sua agenda cultural, o Shopping Iguatemi faz o lançamento do Traveller Book Tereza Perez, dia 4 a partir das 19h. Vinhos e Risotos Para quem já teve o prazer de conhecer o Projeto Vinhos e Risotos, a Belini renovou o cardápio para o mês de maio. E se você ainda não foi experimentar, vale a pena conferir. Diariamente a partir das 19:30 na Belini II Ristorante na SCLS 113. Para variar Pacientes voltam para casa todos os dias, mais doentes e de mãos vazias porque vários medicamentos estão em falta na Farmácia de Alto Custo da rede pública do DF.

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Cidade

Por: Alessandra Germano | Fotos: Estúdio Dephot e Luciana Vasconcelos Reis

Banheiro público desativado entre banca de revistas e chaveiro

Mau planejamento paisagístico

Um novo olhar para a Asa Norte Não são ideias visionárias nem projetos intangíveis. O desenvolvimento urbano sustentável é mais palpável do que se imagina

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uando se fala em desenvolvimento urbano sustentável, dos bairros do Distrito Federal, o mais bem sucedido exemplo é a Asa Norte, que conta com uma rede viária para o transporte de bicicletas, formada por ciclovias, faixas compartilhadas e rotas operacionais de ciclismo, além de locais específicos para estacionamento como bicicletários e paraciclos. Para manter a boa qualidade dos asfaltos e calçamentos, foi desenvolvido um sistema de drenagem específico às condições da rede de águas pluviais. A Asa Norte também tem mais de 200 banheiros públicos construídos em todas as paradas de ônibus localizadas no bairro, assim como em passarelas subterrâneas e estações de metrô. Você deve estar se perguntando: Asa Norte? É verdade, esse não é o bairro da Asa Norte. Mas é exatamente como ele deveria e poderia ser. O abandono e a demora para realizar significativos projetos urbanísticos pelo Governo do Distrito Federal viraram regra. A exemplo disso há o Decreto n° 30.587/09 que institui o Programa de Gestão das Águas e Drenagem Urbana (Águas do DF) que visa a realização de obras

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para eliminação dos pontos críticos de alagamentos em áreas urbanas do DF; a Lei nº 4.397/09 que dispõe sobre a criação do Sistema Cicloviário do DF para incentivar o uso de bicicletas e promover a mobilidade sustentável e a Lei nº 4.226/08 que dispõe sobre a obrigatoriedade de implantação de banheiros públicos nos logradouros públicos do DF.

O fim dos alagamentos Moradores e comerciantes da Asa Norte já sabem: é só chover para se instalar o caos. Para resolver esse problema, o GDF firmou contrato de empréstimo de R$ 60 milhões com a Corporação Andina de Fomento (CAF), os recursos seriam aplicados no programa Águas do DF. O total estimado era de R$ 200 milhões, sendo 70% pagos pelo GDF. Em julho de 2009, o então secretário de Obras, Márcio Machado, previu o início das obras para março deste ano e garantiu que a futura rede de águas pluviais evitaria as enchentes na Asa Norte, “principalmente nas tesourinhas”. O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda assegurou que ampliaria e recuperaria

o sistema de drenagem para dar fim às enchentes nas épocas chuvosas: “Com esse dinheiro vamos fazer as galerias de águas pluviais nos lugares onde há mais inundação, especialmente nas quadras 200 e 400 da Asa Norte”. Segundo informações da Administração de Brasília nenhuma obra nas redes pluviais foi iniciada no bairro. Até o fechamento da edição, a Secretaria de Obras não deu explicações sobre o assunto.

Ocupação de áreas públicas A Lei dos Puxadinhos, Lei Complementar 766/08, que regulariza o uso e a ocupação de espaços públicos pelo comércio só saiu do papel depois de quase um ano de sua publicação e, ainda assim, pela metade: só contempla a Asa Sul, a Asa Norte ficou de fora. Há 20 anos que a regularização da concessão de uso de áreas públicas vinha sendo discutida, quando os empresários foram autorizados a instalar toldos, muretas e pisos, sem limites estabelecidos para a expansão. A falta de regras e uniformidade levou vários comerciantes da Asa Norte a receberem ordens judiciais com autos


Raízes e galhos quebraram a calçada e invadiram a pista da L2 Norte

de demolição para remover as construções indevidas. É indispensável uma lei específica que atenda as necessidades peculiares da Asa Norte. Visto que seus prédios comerciais divergem bastante das instalações da Asa Sul, onde as lojas são voltadas apenas para a frente das quadras comerciais e não foram projetadas para ter entrada nem movimento pelos fundos, diferentemente da Asa Norte. Além disso, os empresários devem ter consciência de que não podem aumentar indiscriminadamente seu espaço pavimentando as áreas verdes a fim de atender seus interesses econômicos, usando como desculpa a geração de emprego. A Asa Norte já tem uma rede pluvial bastante debilitada e precisa manter livres as áreas verdes para facilitar o escoamento da água das chuvas. Sem mencionar o aspecto visual árido que dá ao bairro, como os pisos cimentados abandonados na W3 pelas antigas concessionárias de automóveis.

Desníveis e pedaços faltando são comuns às calçadas na Asa Norte

Menos congestionamentos A lei que dispõe sobre o Sistema Cicloviário foi publicada ano passado, mas não saiu do papel. Em setembro de 2009, era prevista a construção de 50 estações de locação de bicicletas, 11 na região central de Brasília, com três meses para entrega, e dez na Asa Norte, no prazo de seis meses. Além das construções não terem sido iniciadas, é interessante ressaltar que em nenhuma dessas regiões há ciclovias. Segundo o gerente do Programa PEDALA-DF, “o maior programa cicloviário brasileiro”, Leonardo Firme, atualmente há 42 km de ciclovias construídas, abrangendo a DF-005, São Sebastião, Itapoã e Samambaia, além de 125 km em obras. Extensão muito aquém da meta do programa, que era construir 600 km até 2010. Se os quilômetros restantes ficarem prontos, terão alcançado apenas pouco mais de 27% da meta. Firme assegura que há previsão para pavimentação de

ciclovias na Asa Norte, mas não existe data estabelecida para o início das obras. “A nossa ideia é ainda começar este ano, mas se vai ser possível é outra história”, diz.

Banheiros públicos Brasília tem sanitários públicos sim, mas os que não estão fechados, estão sucateados. Na W3 Sul, por exemplo, há 20 anos, havia banheiros em todas as bancas de revista. Atualmente, todos estão desativados. Alguns servem de armário para ambulantes e lavadores de carro. A Lei n° 4.226/08 estabeleceu prazo até janeiro deste ano para que o GDF tomasse as providências necessárias ao fiel cumprimento do projeto: a instalação de banheiros públicos nas paradas de ônibus, passagens subterrâneas, estações do metrô, e em bancas de revista e chaveiros nas áreas comerciais. Mais uma política pública que só tem relevância no papel.


Opinião

Eliana Pedrosa*

E nós, aonde vamos? V

ivemos tempos de inquietude, de estupefação, de susto. Tempos ásperos e estranhos, sem bússola a nos indicar rumo ou norte. O que parecia sólido, parece agora desmanchar-se no ar. Lideranças políticas aparentemente consolidadas esfumaçaram-se, varridas por denúncias, vídeo - tapes, inquéritos, boatos, rumores. Personalidades públicas que há bem pouco tempo desfrutavam da confiança do eleitorado e que, eleição após eleição, colhiam fartos balaios de votos populares, são agora execradas, são abominação, demônios a exorcizar presta e rapidamente. Aonde vamos nós agora? Não o sabemos. Ninguém o sabe, nem analista político, nem dirigente partidário. Não o sabe o profissional da imprensa, não o sabe tão pouco o professor do colégio ou a dona de casa. A crise é profunda e é grave, não há dúvida. Que a crise abalou fortemente as estruturas políticas da capital da república é indiscutível. Estamos no olho do furacão. Toda crise, entretanto, é passageira. Todo furacão é passageiro. A nossa obrigação agora, é vencermos furacão e crise. É atravessar o nosso Rubicão, é reconquistar a normalidade institucional. “Longo é o caminho, mas grande é a meta!”. Essa era a palavra de ordem, era o chamamento, era a voz dos peregrinos e dos monges

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descalços que criaram multidões de cristãos para as Cruzadas, buscando a reconquista do Santo Sepulcro, em Jerusalém, onde foi sepultado o Senhor Jesus Cristo. As Cruzadas não reconquistaram Jerusalém, mas mudaram a Europa. Abriram novas rotas comerciais, mostraram aos europeus mundos e culturas desconhecidos. Ao final do ciclo das Cruzadas, a Europa era mais rica, mais culta, mais segura, mais justa. Longo o caminho, grande a meta! A nossa obrigação é atravessarmos em segurança essa fase crítica. Estamos trilhando um longo caminho, árdua travessia. Equilibramo-nos precariamente sobre pinguela instável e frágil. Não sabemos nem da profundidade nem da extensão das águas turbulentas que vamos cruzar. Nem mesmo do que encontraremos do outro lado do rio, fim da nossa travessia, sabemos. Mas é nossa obrigação cruzá-la, atravessar o rio, trilhar um longo caminho, tal como os penitentes medievais, até que atinjamos a nossa meta, que nos recompensará pelas asperezas do duro caminhar. Transposta a instável e frágil ponte, pisaremos de novo em solo estável. Haverá de novo dias de sol claro, passado estará o tempo da procela. Quando chegar esse dia – e chegará – teremos pelo frente outro dever. Teremos que repensar o nosso modelo político, o nosso modelo

representativo. Essa crise de Brasília não é exclusividade candanga, bem ao contrário. Essa crise, nós já a vimos antecipada em Rondônia e em Tocantins. Nós já a vimos nos mensalões de tantos governos municipais, estaduais e – recordemo-nos – já a vimos também na esfera federal. Dinheiro em cuecas não é exclusividade nossa! Essa crise é uma crise de modelo político e é essa a grande meta: pensar um modelo político novo, menos confortável para os patrimonialistas e malandros de todo o gênero. Pensar em um modelo representativo menos favorável aos aventureiros e escroques. E tudo isso terá que ser feito, e bem feito, sem que se sacrifique o mais indispensável, o mais precioso legado que recebemos dos nossos antigos: a democracia, sem adjetivos e sem limitações, a democracia apenas. Essa, a grande meta, que atingiremos após termos percorrido o longo caminho, penitentes de erros nossos e de todos nós, eleitos e eleitores, governantes e governados. A democracia custou-nos caro reconquistá-la. Ela é a nossa meta, hoje e sempre, ou não terá valido a pena termos percorrido o nosso caminho na vida pública.

* Eliana Pedrosa Deputada distrital



Mercado Imobiliário

Por: Flávia Umpierre | Foto: Flávia Umpierre

Evento em Brasília discutiu os rumos do

mercado imobiliário A Nova Lei do Inquilinato e os investimentos no mercado de locação foram alguns dos pontos discutidos

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epresentantes de 11 associações imobiliárias de todo o Brasil se reuniram mês passado em Brasília para discutir os novos indicadores do setor e os resultados da nova Lei do Inquilinato, sancionada em dezembro de 2009. O encontro teve como objeto estabelecer um parâmetro geral do mercado nacional e discutir a importância dos indicadores de cada organização. O mercado imobiliário do Distrito Federal tem hoje um déficit habitacional de 12 mil unidades, calcula a Rede Avançada de Locação (RAL), formada por algumas das maiores imobiliárias do país. Os indicadores mostram que houve um crescimento de 20% em 2009 na locação de imóveis para a população de baixa renda, estimulados pela melhora nas condições de crédito. O aumento foi maior em imóveis de até R$ 10 mil o metro quadrado para venda e em áreas com até R$ 100 o metro quadrado para locação. O presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (ABIC-SP) e da Lello Imóveis, José Roberto de Toledo, prevê um crescimento de 20% nos aluguéis

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gerado pela nova Lei do Inquilinato. “A nova lei estimula o mercado tanto de construção quanto de locação”, analisa. Porém, ele observa que ainda falta incentivo para que o mercado de locações cresça ainda mais. “É preciso que o locador se sinta seguro para investir e o locatário para alugar”, afir-

Daniel Claudino e José Roberto de Toledo

ma. Desconto do aluguel na tabela de imposto de renda e a nova Lei do Inquilinato são algumas ações que podem estimular o mercado, segundo ele. A nova lei deixou a relação mais equilibrada, ficando ruim apenas para o mau pagador. Hoje o despejo, por exemplo,


pode acontecer em até 30 dias, o que antes podia levar mais de 12 meses. O processo foi simplificado e pode ser resolvido em primeira instância. Segundo especialistas no mercado imobiliário, o primeiro reflexo foi a recente queda na inadimplência. A rapidez no despejo também animou os proprietários, que têm mais confiança em deixar os imóveis para locação. Se o proprietário não quiser renovar o contrato, pela nova lei, ele terá que deixar o imóvel em 30 dias. Após o fim do contrato a renovação continua automática se as partes, dono do imóvel e inquilino, não se manifestarem. Entre as mudanças na lei estão a desobrigação do fiador e a criação de regras para a mudança de fiador durante o contrato. An-

teriormente, a Lei do Inquilinato não tratava do assunto. O fiador podia desistir da função, ficando apenas responsável pelos efeitos da fiança durante 120 dias depois de o locador ter sido notificado. O proprietário agora pode exigir um novo fiador, caso o antigo ingresse no regime de recuperação judicial. Com isso, pretende-se dar mais garantias ao proprietário e exonerar a empresa fiadora que passe por crise econômico-financeira. O crescimento efetivo no mercado de locação tem efeito cascata e acaba buscando o investidor tímido, que nunca colocou seu imóvel para alugar, provocando o encorajamento de investidores, é o que observa Daniel Claudino, diretor de negócios da Thaís Imobiliária, representante do Distrito

Federal no encontro. Para tanto, ele acredita ser necessário primeiro a conscientização do mercado e principalmente da população, que ainda desconhece os efeitos da nova Lei do Inquilinato. Temos no DF um déficit habitacional de 60% na oferta adequada de imóveis. Isto é, hoje existe uma demanda sobressalente de habitação precária. É necessário, portanto, atender a procura, aumentando o mercado ofertante. “Os programas habitacionais do Governo, por exemplo, desenvolvem um crescimento desordenado. Isso inflaciona o mercado e é um dos efeitos negativos da política na economia”, observa Daniel. Serviço www.thaisimobiliaria.com.br

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Educação

Por: Sabrina Brito | Foto: Arquivo Pessoal

Intercâmbio cultural Mais que uma aventura, o intercâmbio também pode ser o “pulo do gato” para o sucesso profissional. Conheça as novidades desse setor

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egar a mochila e aventurarse pelo mundo afora... Qual jovem nunca pensou em seguir a estrada em busca de emoções, paixões, novas experiências ou simplesmente, descobrir-se, realizar sonhos e testar suas próprias limitações? É, o intercâmbio tem dessas coisas: facilita a entrada e saída de estrangeiros em outros países, proporciona momentos que só quem vive consegue descrevêlos. Hoje, o mercado de intercâmbio cultural movimenta milhões de dólares em todo o mundo e as agências brasileiras dispõem cada vez mais de novidades a preços acessíveis. O Au Pair é um dos programas que mais têm se destacado no Brasil, que permite a moças entre 18 e 27 anos morar durante um ano como membro de uma família americana, cuidando das crianças, estudando e viajando. As participantes retornam mais maduras, fluentes em inglês e com um currículo que inclui experiência internacional e novas credenciais acadêmicas. Essa foi a modalidade de intercâmbio escolhida

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por Grazieli Hemielewski, 22 anos. “Morei durante um ano nos EUA em uma casa de família, ajudava a cuidar das crianças e estudava. Fiquei surpresa com a receptividade da família, foi uma troca de experiências inesquecível”, lembra. Para a jornalista Joseani Lima, que participou da modalidade Work and Travel USA (Trabalho e Viagem nos EUA), foi uma experiência incrível e o sentimento inexplicável: “A gente volta com outros olhos, dando valor ao nosso país e a nossa família”. Essa é uma das alternativas para quem deseja passar suas férias trabalhando em estações de ski, parques temáticos, hotéis, restaurantes, lojas e voltar mais fluente no inglês. “Acho que palavras são insuficientes para descrever o quanto eu cresci cuidando de mim mesma e aprendendo a me virar sem pai ou mãe. Foi realmente enriquecedor para meu crescimento pessoal e também cultural”, conta. Diversas são as opções de intercâmbio cultural, para várias idades, finalidades e custos. “Hoje em dia

todos encaram esse desafio. Temos alunos de 14 a 71 anos”, ressalta Ivana Valim, proprietária da agência World Study. As agências disponibilizam várias modalidades de pacotes de acordo com o tempo que se pretende passar no país e com a disponibilidade de investimento, como Au Pair, True, High School, Work and Travel USA, Work + Study e outros. A escolha da agência intermediadora é muito importante, vale lembrar que a qualidade de serviço e a seriedade das empresas são essenciais para garantir uma viagem sem transtornos. Em um primeiro momento, o trabalho das agências é de conversar com o aluno para definir o intercâmbio que combina com o seu perfil. Existem, por exemplo, intercâmbios apenas para o estudo de idiomas, nos quais é possível programar o tempo de retorno ao Brasil. É o caso de Edilene de Araújo, 42, que fez um curso de inglês de três semanas, em San Diego. “Fiquei em uma residência de estudantes e, apesar de ter mais idade, em compara-


ção à turma de adolescentes que me rodeava, me senti muito à vontade”, comemora. Dos 18 alunos na classe de Edilene, 15 eram brasileiros, tendo um deles 60 anos. De acordo com Ivana Valim, um dos países mais procurados é o Canadá, onde as escolas oferecem preços promocionais. “Além disso, o Canadá é hoje um dois países mais receptivos e com melhor qualidade de vida”, reforça. O curso mais acomodação de seis meses no Canadá custa em torno de R$ 17 mil. Na Nova Zelândia, o mesmo curso de igual duração, custa cerca de R$ 13 mil.

Fluência no idioma, hoje é uma necessidade de mercado Com o mercado competitivo as empresas exigem dos candidatos mais cursos, maior grau de instrução

e experiência. Normalmente a vaga de emprego é ocupada por quem tem conhecimento avançado e fluência em outro idioma. Recente pesquisa realizada por uma empresa de recrutamento e seleção de executivos, que avaliou anúncios das seções de empregos dos maiores jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, apontou que mais de 60% das vagas de emprego em nível gerencial e superior exigem o conhecimento de dois ou mais idiomas estrangeiros. Essa realidade também se reflete dentro das empresas. É cada vez maior o número de executivos que buscam aprender outro idioma, como maneira de manter ascendente a trajetória de seu plano de carreira. Atentas a isso, escolas de ensino de idiomas no exterior oferecem opções de cursos que atendem exatamente

as necessidades desses executivos: aprender de forma rápida e duradoura o idioma estrangeiro. Por isso, mais que viajar ou se aventurar, o intercâmbio pode ser a chave para o crescimento profissional. Além de possibilitar não a troca de conhecimentos entre estudantes e famílias de diferentes culturas, bem como o aprendizado fluente. Aprender fluentemente outro idioma é, sem dúvida, um ganho muito grande, “O intercâmbio abre as portas do mercado de trabalho tornando-se um importante diferencial para o currículo”, conclui Ivana Valim. Serviço World Study SCLN 201 – Bl. A – Lj. 7/11 (61) 3326.2255 / 3328.3044 brasilia@worldstudy.com.br

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Tecnologia

Da Redação | Fotos: Divulgação

Celulares de ponta ainda são o sonho de consumo do brasileiro Vivo e Motorola lançam o Backflip com Motoblur no Brasil com exclusivo design reverse-flip

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Motorola e a Vivo lançaram o Backflip com Motoblur em Brasília. O novo aparelho é o terceiro smartphone powered by Android da Motorola lançado no Brasil e o primeiro com o design diferenciado reverse-flip, que vira a tela e o teclado totalmente ao avesso. “O Backflip combina a experiência diferenciada do Motoblur, que permite a personalização do acesso às redes sociais, com a capacidade multitarefa de um smartphone, mas sem esquecer o design diferenciado e inovador característico da Motorola. Além de bonito, este smartphone torna o uso muito mais confortável”, afirma Sérgio Buniac, vice-presidente de Produtos Móveis da Motorola Brasil.

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“Esse smartphone com o sistema operacional Android integra nossa estratégia de oferecer os mais modernos dispositivos, permitindo que nossos clientes se mantenham conectados, já para propostas profissionais ou de entretenimento. Com essa oferta de lançamento, tornamos o produto ainda mais acessível ao nosso consumidor”, afirma João Truran, Diretor Regional da Vivo no Centro-Oeste. O Motorola Backflip vem com teclado QWERTY, tela HVGA de alta resolução de 3,1 polegadas touchscreen, além da nova e exclusiva função Backtrack, um painel sensível ao toque, localizado na parte de trás do celular, que permite navegação rápida e fácil, sem necessidade do teclado ou da tela para acionar comandos. Seu formato foi projetado para potencializar tanto a experiência da solução Motoblur, que integra o acesso às redes sociais, quanto o acesso a e-mails, vídeos, músicas e fotos, com uma navegação mais confortável, rápida e funcional. O Motoblur, serviço exclusivo da Motorola, é a primeira e única solução que sincroniza contatos, posts, mensagens, fotos e muito mais – de fontes como Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, Gmail, além de e-mail pessoais e corporativo e LastFM. Tudo isso disponível automaticamente na tela principal do celular. Com isso, não é necessário abrir e fechar aplicativos, browser ou vários menus para acessar suas redes sociais. O desenho inédito do Backflip proporciona novas maneiras de ver

fotos, vídeos ou ouvir músicas. No modo reverse-flip superfície de mesa, é possível ouvir músicas ou ver vídeos com as mãos livres. No modo portaretratos digital, é possível ver fotos confortavelmente. O novo celular ainda pode servir de despertador. O Backflip também vem com navegador HTML, 3G, Wi-Fi, Bluetooth estéreo e cartão de memória de 8 GB (expansível até 32 GB) e carregador veícular. O Android Market ainda proporciona ao usuário o acesso a cerca de 30 mil aplicativos e widgets para personalizar o aparelho. O lançamento vem com máquina fotográfica de cinco megapixels com flash e permite o compartilhamento de fotos em redes de relacionamento. Para a navegação veicular via GPS, o Backflip oferece ainda o Motonav gratuito por 60 dias, com licença posterior a ser contratada no site da Motorola.

As principais funções do celular incluem: • F unção Backtrack – acesso a comandos na parte de trás do celular • Teclado QWERTY • Display de 3,1” touchscreen • Câmera de cinco megapixels com flash • Bluetooth estéreo • Fones de 3,5 mm • Sincronismo dos favoritos do browser com a página iGoogle™ • 3G e Wi-Fi.



Cotidiano

Por: Alessandra Germano | Fotos: Gustavo Lima

Inflação cresce mais no DF do que em outros estados De janeiro a março, a maioria dos produtos e serviços cotados no DF apresentou alta nos preços, inclusive maior que a registrada em nível nacional

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rasília tem a quarta cesta básica mais cara do país (R$ 236,41 - mais da metade do salário mínimo), segundo pesquisa elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) a alta do preço foi de 9%. Ao trabalhador comum, são necessárias 102 horas de labuta para pagar pela ração básica, ou quase a metade de um mês de trabalho. O que deixa o carrinho de compras mais vazio são os legumes, com uma alta de 41,8% de março a abril. O grande vilão do hortifruti ainda é o tomate, que subiu 94,6% no mesmo período. Ainda segundo o Dieese, R$ 2.159,65 (4,23 vezes o salário mínimo vigente de R$ 510,00) seria o valor do salário mínimo necessário capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. O preço alto também amarga o sabor do prato de quem precisa comer fora: nos três primeiros meses deste ano, o aumento foi de 2,23% na capital. Comer fora, no Brasil (R$ 18,20) em média, abocanha por mês cerca de 75% do salário mínimo, em Brasília (R$ 20,10), a mordida é de 83%. Dos bairros de Brasília, o tempero da Asa Norte é o mais apimen-

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Recalls encarecem os serviços automotivos

tado (R$ 24,30), média mais cara que a observada no Rio de Janeiro (R$ 20,40), a cidade com o custo médio mais alto do país. Taguatinga (R$ 19,80) e Asa Sul (R$ 18,70) também têm custos mais altos que a média nacional. Somente o Setor Comercial Sul (R$ 15,80) ficou abaixo da média. O prato à la carte mais indigesto é preparado em Taguatinga por R$ 36,70. Esses são dados coletados pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert) e da Sodexo que revelam ser o Centro-Oeste e o Sudeste as regiões mais salgadas do Brasil.

(IBGE), no primeiro trimestre deste ano, a inflação da moradia aumentou 2,62%, enquanto a média do Brasil foi de 0,91%. No mês de março, o reajuste referente à habitação no DF (1,40%) ficou quatro vezes acima da média brasileira (0,32%) – disparado o maior em comparação com outras regiões analisadas. Acerca do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) o reajuste foi ainda mais alto, de 1,63%. De janeiro a março,

Inflação da moradia No entanto, em Brasília, os custos com moradia e serviços de casa ainda são os que mais devoram o bolso dos brasilienses. Em 2009, o reajuste nas taxas de condomínio do DF (8,41%) foi o mais caro do País – quase duas vezes maior que a média nacional (4,83%). De acordo com a pesquisa feita pela Plano Brasília com dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Em Brasília, o preço do cimento é cinco vezes maior que a média nacional


Está mais caro comer em Brasília

entre encargos e manutenção (1,85% contra 0,49% da média nacional), aluguel e taxas (2,19% - 0,47%), aluguel residencial (3,78% - 1,05%) e condomínio (3,26% - 1,66%), a taxa de água e esgoto (3,98%) foi a que mais cresceu, no país o aumento foi de apenas 0,74%.

Serviços automotivos ficam acima da inflação As mecânicas e concessionárias que já vinham fazendo a festa com a grande expansão da frota de veículos, agora têm mais um motivo para comemorar: o alto número de recalls automotivos. Em 2009, foram 46 e, somente de janeiro a abril, 13. A expressão recall vem do inglês e significa “chamar de volta”. Esse é o procedimento seguido pelas montadoras quando verificam algum problema no veículo que precisa ser reparado. O possível descaso que gerou a queda no controle de qualidade é justificado pelas fábricas e montadoras com a desculpa da aceleração da produção

de automóveis: de 2001 a 2009, mais de 24 milhões de veículos foram para as ruas. Os inúmeros e frequentes recalls foram os responsáveis pelos reajustes dos serviços mecânicos além da inflação: em 2009, ficaram 8,5% mais caros, enquanto a inflação do período fechou em 4,99%. Em oito anos, a indústria de autopeças expandiu mais de 200%, faturando mais de R$ 4 bilhões no ano passado. O que dilatou também foi o tempo de espera, que era de até três dias e agora pode ultrapassar uma semana.

FMI preocupado O Fundo Monetário Internacional (FMI) alterou a previsão de crescimento do Brasil, para este ano, de 4,7% para 5,5%, com base nos sinais de aquecimento da economia. Contudo, o Fundo está preocupado com as taxas inflacionárias, muito além da meta traçada, de 4,5%, que já trazem dor de cabeça ao Banco Central. Para o FMI, é necessário acabar logo com os estímulos concedidos pelo governo no ápice da crise, e mantidos desde então, para movimentar a economia, como retroceder com as isenções fiscais destinadas a diversos setores produtivos e aumentar a taxa básica de juros (Selic). Henrique Meirelles, presidente do BC, disse que o aumento da Selic é a maneira

mais acertada para manter a inflação na meta. E assim o fez: o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa em 0,75 ponto percentual, de 8,75% para 9,50%. “Muitas vezes, as pessoas se confundem porque determinado movimento de alta da Selic é entendido como uma reversão dos ganhos da redução dos juros já absorvidos pela economia. Mas isso é parte de um processo normal que tem ciclos de aperto monetário e flexibilização. Isso é que garante a queda continuada dos juros no longo prazo”, defende Meirelles.

IPI zero Em contrapartida, o governo resolveu prolongar o prazo de validade da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para materiais de construção civil até o fim deste ano. Essa seria uma estratégia para evitar que a compra antecipada, para aproveitar os descontos nos preços desses produtos, gere uma pressão cada vez mais forte no consumo. Em Brasília, por exemplo, o preço do cimento subiu 2,94% no mês de março, contra a média nacional de 0,52%. "Com o prazo de validade do incentivo chegando ao final, há uma concentração de pedidos, o que atrapalha e aumenta os preços", afirma Guido Mantega, ministro da Fazenda, defendendo as políticas fiscais de redução do superaquecimento da economia como medida para evitar mais altas nos preços.


Planos e Negócios

alex dias

Cristalmais A Cristalmais está há cerca de 20 anos no mercado de Brasília. Especializada em criar soluções inovadoras em vidros para o ramo da construção civil, se firma pela excelência em obras comerciais e residenciais. São produtos com tecnologia de ponta, testada e patenteada, presentes nos mais simples e nos mais ousados projetos arquitetônicos em andamento na Capital. Possui sua própria fábrica de esquadrias, de alumínio e PVC, permitindo, dessa maneira, uma solução integrada para o desenvolvimento de fachadas com o que há de mais moderno na Europa e EUA. É referência em vendas e instalação de vidros e esquadrias. Oferece aos arquitetos, engenheiros e ao consumidor final, o suporte técnico e artístico para a concepção e implementação de seus projetos.

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Plaza Motors Inaugurada há pouco mais de um ano na Asa Norte, a Plaza Motors é a maior e mais nova concessionária Honda do Distrito Federal. Conta com ambientes sofisticados e toda a qualidade Honda em uma estrutura monumental. A Honda faz os seus produtos com o mais rigoroso controle de qualidade. E faz questão de manter esse padrão através da excelência em serviços de suas concessionárias. A Plaza Motors proporciona toda a qualidade dos produtos honda e ainda oferece assistência técnica completa. Em um ambiente totalmente moderno possui um pátio de seminovos coberto. Funciona de segunda a sábado e faz plantão todo último domingo do mês.

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Arktetonicos A Arktetonicos é uma loja especializada em artigos para presente. Trabalha com móveis customizados, objetos pessoais e presentes com estilo e exclusividade.

Vidrotec A Vidrotec está há 25 anos no mercado de Brasília. Sempre com a preocupação de atender bem seus clientes e as exigências cada vez maiores do mercado atual. A empresa investe na renovação e na constante atualização de tecnologias, equipamentos, tendências e mão-de-obra especializada. Desenvolve móveis totalmente em vidro, trabalha com fornecimento de espelhos especiais, vidros laminados, filtros coloridos, além de atender ao mercado de iluminação, engenharia e presentes. Dinamicidade, qualidade nos processos, excelência no atendimento, criação de soluções, adequação e aprimoramento de produtos e projetos são prerrogativas que fazem da VIDROTEC uma empresa que se orgulha do que faz.

Serviço Vidrotec SCLRN 708 Bl. H Lj. 63 (61) 3349.8444 / 3034.8444 www.vidrotec.com.br

Um produto exclusivo da loja é a cama preguiça. Uma cama criada para proporcionar conforto e comodidade a qualquer pessoa. Possui apoio regulável com inclinação variável, ligado à cabeceira, apoio para café da manhã, suporte para livro, uma mesa que corre ao longo da cama de forma leve, silenciosa e prática. A cama possui um baú em sua extremidade inferior, onde podem ser guardados travesseiros, colchas e lençóis, podendo também ser usado como assento. Quando a mesa não esta sendo utilizada, fica sobre o baú, livrando totalmente a superfície do colchão. Existem duas versões para a cabeceira. Com ou sem mesas laterais. Ela pode ser fixada na parede ou ligada ao corpo da cama.

Serviço Arktetonicos CLS 409 Bl. D Lj. 12 (61) 3244.1533 www.arktetonicos.com.br


Automóvel

Por: Redação | Fotos: Divulgação

Nova Nissan Frontier conquista lugar de destaque na categoria pick-up C

om o motor 2.5 turbodiesel, mais potente da categoria, a nova pick-up Nissan Frontier é agora fabricada no Brasil. O modelo, antes importado da Tailândia, passou a ser construído em São José dos Pinhais, no Paraná. O veículo segue o padrão estético externo da pick-up produzida no exterior, mantendo o design agressivo. Os principais destaques dessa versão são itens como a tração nas quatro rodas, suspensão traseira com feixes de mola e eixo rígido, além da capacidade de até uma tonelada de peso.

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A nova Nissan Frontier possui ainda cabine dupla e câmbio automático de cinco marchas com overdrive, exclusivo da categoria brasileira, que possibilita trocas de câmbio mais suaves e de forma econômica comum aos carros da Nissan. Também proporciona maior desempenho e conforto tanto nas ruas quanto na terra, podendo ser comparada a um carro de passeio. A suspensão traseira absorve o impacto da pick-up e a reconfiguração da cabine oferece mais espaço para as pernas também nos bancos traseiros, além de maior inclinação nos encostos dianteiros. Nos terrenos de relevo, buracos e até na lama, a Frontier, dotada de tração 4x4 desenvolve muito bem, deixando o motorista mais confiante e seguro. O comprimento de cinco metros facilita as manobras, principalmente em

locais mais apertados, como nos centros urbanos. Agora fabricada no país, a nova Frontier possui a melhor relação custo/benefício. Os preços variam de R$ 79.790, na versão XE 4X2 manual, a R$ 115.890, na mega versão LE Luxury 4X4 automática. Confira mais detalhes dessa novidade na

Gran Premier Veículos, revendedora autorizada da Nissan em Brasília.

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Vida Moderna

Por: Alessandra Germano | Fotos: Gustavo Lima

Quem casa

quer presente

Se nos dias atuais não há mais o dote, as listas de presentes indicadas aos convidados desempenham papel parecido. Até as agências de viagem entraram na festa

Primavera Enxovais

A

lgumas tradições nunca acabam, no entanto, modernizam-se. O que poucas pessoas sabem é que os ritos que vêm sendo repetidos ao longo dos anos nem sempre tiveram um motivo romântico. Antigamente, o casamento visava tão somente a conquista de bens, os acordos políticos e a procriação. A união, que nem sempre foi monogâmica, configurava uma aquisição (o homem pagava à família para ter a esposa), na qual o essencial era

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Villa Morena

a estabilidade social, não o amor. Entre essas tradições, está o ato de jogar arroz, símbolo de fecundidade, pois, à época, ter muitos filhos era tão importante quanto ter uma ampla força de trabalho. O enlace, essencialmente político-social, buscava constituir grandes unidades familiares no intuito de alcançar a paz. As noivas e os noivos eram escolhidos entre famílias rivais: no momento em que o sangue das famílias se misturava, a hostilidade anulava-se.

A hora do chá No Brasil, são mais de 800 mil casamentos por ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com os tempos modernos, nasceram novas tradições como o chá de panela e o chá de enxoval, e mais recentemente, o chá de lingerie, o chá-bar (versão moderna do chá de panela) e o chá de viagem. Em seguida, criaram-se as listas de presente, para aprimorar a escolha e evitar a troca de itens repetidos.


outra, o atendimento será sempre personalizado. Nossa equipe está sempre pronta para atendê-los pelo tempo que considerarem necessário”, explica a gerente Andressa Carmo. Os itens mais procurados na loja são a linha de porcelana branca com detalhes em estanho polido, os produtos Bugatti e, principalmente, a linha de móveis.

Curiosidades

Copacor

O chá de viagem serve para ajudar os noivos a pagar a viagem de lua-de-mel. O casal escolhe o roteiro de cidades que quer visitar, cria sua lista e os convidados compram quantas cotas quiserem. O valor das cotas é estabelecido de acordo com o destino da viagem e a quantidade de convidados para o chá.

Listas de presentes Mais do que comum, as listas de presentes de casamento tornaramse indispensáveis. A auxiliar de lista da Copacor, Daniela Alves, explica que há duas maneiras de fazer a lista: uma é deixar em aberto para livre escolha dos convidados e a outra é selecionar os produtos que lhe interessam. Daniela garante que, mesmo quando a lista é deixada em aberto, é feito o controle de cada peça adquirida para não haver presentes repetidos. “Além disso, envio e-mail para todas as noivas a cada venda realizada, dizendo o que foi comprado e quem o comprou”, declara. Também é possível adquirir presentes pela internet

sem nenhuma taxa extra. Ela ainda conta que a cada troca de presentes, a noiva ganha um brinde. Sueli Ribeiro, proprietária da Primavera Enxovais, conta que os produtos mais solicitados nas dez lojas da rede são os jogos de cama e de toalha. “A noiva pode deixar a lista em qualquer uma das nossas lojas que ela será enviada a todas as outras, assim os convidados têm a facilidade de comprar o presente na loja mais perto de sua casa”, explica. Sueli ressalta que é importante que o casal saiba o tamanho das camas e mesas, e se são redondas ou quadradas, para que os produtos escolhidos sirvam perfeitamente. Ela também garante que Primavera Enxovais é a maior rede do ramo de cama, mesa e banho de artigos finos do Centro-Oeste. Na Villa Morena os noivos podem fazer sua lista na loja ou optar pelo envio do catálogo com fotos dos produtos via e-mail. “Na loja, não é necessário marcar horário. Mas se desejarem, atendemos com hora marcada. De uma maneira ou de

O casamento enquanto uma união indissolúvel e celebrada por um sacramento é invenção do Cristianismo, os antigos costumes evocavam a poligamia. Mas nem o enlace monogâmico instituído pela religião conseguiu trazer à tona o amor romântico. Naquela época, o amor era visto como subversivo e destruidor da sociedade. Quando um casal se apaixonava e seu casamento não fazia parte dos planos político-financeiros de seus pais, essa união só se concretizava pelo adultério ou assumia a forma de estupro, maneira de tornar o casamento irreversível. Nesses casos o amor era efetivamente subversivo, uma vez que destruía a ordem estabelecida. Muito dos ritos copiados até hoje foram popularizados pelo casamento da rainha Vitória em 1840, como a marcha nupcial, véu e grinalda, buquê, damas de honra, alianças e vestido branco.

Serviço Copacor QNE 2 Lt. 2 Taguatinga Norte (61) 3351.0102 QSD 11 Lt. 3 Taguatinga Sul (61) 3034.0708 Primavera Enxovais CLS 206 Bl. A Lj. 36 Asa Sul (61) 3242.0222 Villa Morena SHIS QI 13 Bl. I Lj. 2 Lago Sul (61) 3248.4583 / 3248.3887

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Esporte

Por: Augusto Dauster Pontual | Fotos: Augusto Dauster Pontual e Marco Antônio Rodrigues da Cunha Jr

Automobilismo no

Distrito Federal

um problema do Governo

Felipe na linha de chegada da categoria A1 GP

Apesar do nível dos atletas automotores de Brasília, o Governo mantém-se omisso às necessidades do esporte na Capital Federal

B

rasília é a casa de um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1 do Brasil, e do mundo, Nelson Piquet. Além de Piquet, a cidade já exportou outros grandes talentos do automobilismo, como Nelsinho Piquet (filho de Nelson), e Vitor Meira (corredor da Fórmula Indy). Mas existem também muitos atletas com potencial, sendo perdidos por conta da falta de incentivo, privado ou estatal.

Falta investimento na base

No meio do automobilismo o kart é tratado como “a escola de pilotos”, ou seja, onde é mais fácil encontrar jovens talentos para o esporte. Carlos Leão, pai, agente e “paitrocinador” do campeão Centro-Oeste de Kart, Ítalo Leão, fala sobre a dificuldade encontrada na cidade tanto para os

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pilotos, quanto para quem apoia a carreira destes, “o automobilismo no Distrito Federal hoje é muito fraco, pois falta incentivo tanto do Governo, quanto dos dirigentes que cuidam da Federação de Automobilismo do Distrito Federal (FADF). Uma briga interna da FADF com os clubes, dificulta muito o trabalho a ser desenvolvido”. Seu filho Ítalo, que atualmente corre na categoria “graduado” no kart, ano que vem passará para a recém-formada, categoria Fórmula Future Fiat (organizada pela montadora de automóveis FIAT, no Brasil, possui como um de seus idealizadores o piloto Felipe Massa e servirá de base para os pilotos que saem do kart), sente na pele as dificuldades do automobilismo brasiliense. Carlos conta que facilidades para importar

equipamentos sem imposto, já seria uma grande ajuda do Governo, “ajudaria muito no crescimento do esporte. Mas nem isso conseguimos. E vai além, quando denuncia a dificuldade de organizar corridas, no único kartódromo estatal do Distrito Federal, o kártodromo do Guará, que segundo Carlos é dirigido por José Argenta, “para fazer um evento tem que ter o aval do Argenta, e isso complica bastante, pois, ele não quer investir, só quer ganhar”, frisou.

Talentos ignorados

Felipe Guimarães, jovem piloto que já passou pela etapa do kart e hoje inicia na Fórmula GP 3, apesar de ter como agente o renomado expiloto, e bicampeão mundial, de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, também não está isento de problemas finan-


ceiros para ascender sua carreira no automobilismo. Seu pai, e principal apoiador, Wellington Guimarães, fala dos empecilhos enfrentados desde o início: “No começo, eu tive muita dificuldade para levantar verbas. Na época eu mesmo patrocinei a carreira dele. Hoje, o Emerson Fittipaldi conseguiu uma parte da verba necessária para o Felipe correr este ano, mas ainda falta outra parte. Eu estou indo atrás do Governo para isso, mas não obtenho sucesso”. Quando questionado sobre o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF), Wellington é incisivo, “no DF, o governo não dá nenhum apoio ou incentivo ao automobilismo”, o que Felipe completa, “E nem a Federação de Automobilismo do Distrito Federal (FADF), esta só faz ganhar”. “O Felipe mesmo, é um moleque que tem tudo para chegar à Fórmula 1, é um grande talento, e parece que eles não enxergam, assim como tantos outros que estão sendo desperdiçados. Ama-

nhã ele pode estar representando o Brasil no mundo inteiro, mas ainda assim os governantes não apoiam” desabafa Wellington Guimarães, “O que nos deixa chateados, é que a gente prepara o piloto, para ser entregue à Europa, sentar em um carro de Fórmula 1 e representar bem o Brasil. Nessa hora, precisamos de um patrocínio forte para que ele apareça. E o patrocínio não chega, eles batem com a porta na nossa cara”. Sobre a Secretaria de Esportes do Distrito Federal, fica clara a falta de compromisso, “Eu estive hoje (20 de abril) lá, e eles disseram que nós não conseguiríamos levantar dinheiro nenhum. Que se quisermos conseguir algum apoio para a carreira dele, nós teremos que procurar a CEB, a CAESB, a NOVACAP ou o BRB”, lamenta Wellington dizendo, “Uso recurso próprio para manter o Felipe no páreo, porque ele tem talento e tudo para chegar lá, e sem o apoio do Governo, é o que resta”.

Felipe Guimarães e Emerson Fittipaldi

Para finalizar, Wellington faz um apelo aos responsáveis, para incentivar o esporte no Distrito Federal: “eu quero pedir que o Secretário de Esportes olhe mais para os talentos de Brasília. Que veja com carinho as várias modalidades, que existem, além do futebol. Pois sem apoio, as pratas da casa estão sendo perdidas. Nós não divulgamos apenas Brasília, divulgamos o Brasil também”, encerra Felipe Guimarães.

Felipe Guimarães liderando grupo da categoria A1 GP

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Personagem

in memorian

Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Arquivo pessoal

Homenagem a um brasileiro compromissado com a verdade e em defesa das minorias “Sou apenas um brasileiro que ama o Brasil e gostaria que tudo desse certo. Não sou brasiliero de Copa do Mundo”, afirmava Cesar

T

alentoso, o economista Cesar de Abreu, tornou-se conhecido como o homem das faixas. Bem humorado e muito crítico, ele fazia de seu comércio de secos e molhados, na Asa Norte, um espaço para expor sua indignação contra os políticos brasileiros e não poupava nenhum partido. Foram mais de 700 faixas num período de 15 anos. Os moradores da quadra 216 Norte, já estavam acostumados aos protestos e ficavam à espera do próximo grito em defesa da cidadania e dos bons princípios. Cesar, também chamado de gordo, se declarava apartidário, a ele interessava despertar a consciência dos brasilienses quanto a importância de eleger e fiscalizar o trabalho desenvolvido pelos governantes, que na maioria das vezes não são éticos. O cearense Cesar, que já foi funcionário público, lecionou na UnB e na Universidade Católica, sentiu que tinha muito mais a oferecer do que a rotina das salas de aula ou de um escritório. Então, cansado de ver as coisas acontec e re m ,

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em 1993, aventurou-se como empresário. Suas frases já foram publicadas em colunas de grandes jornais como a Folha de S. Paulo. “O Cesar é um dos anônimos de Brasília que se tornou extremamente conhecido por um modo muito especial de contestar aquilo que considera errado. Por este seu trabalho diuturno que nunca custou nada aos cofres públicos, mas sim ao seu próprio bolso, é que nós lhe entregamos o título de cidadão honorário de Brasília. A Capital precisa da indignação política de milhares de césares”, afirmou a exdeputada Maninha. Outra virtude que vale ser ressaltada em nosso ilustre “brasiliense” é que ele devolveu o título de Cidadão Honorário de Brasília, que havia recebido da Câmara Legislativa do Distrito Federal, indignado com os malfeitos da Casa e depois de verificar que o “prêmio” não tinha valor,

já que era entregue a pessoas sem o menor critério e muitas delas não tinham o menor merecimento. Infelizmente, além de se multiplicarem os escândalos no DF, poucas são as pessoas dispostas a se indispor com amigos ou com a vizinhança, por falar a verdade. Mas para Cesar, a ideologia e a verdade falavam mais alto. Para citar alguns dos mandões que foram alvo das faixas do comerciante estão FHC, Lula, Cristovam (na época, seu vizinho) e Roriz. Nosso herói das palavras, era amado por muitos e evitado por outros tantos. Mas com toda a garra lutou bravamente contra um um câncer que tomou 50% do fígado e retirou de nós esse poeta e anarquista político. Contemporâneo de seu tempo, várias de suas frases continuam atualíssimas. “Corrupção é como certos médicos: não passa recibo”. Já algumas causaram proibições, é o caso


de: “Te cuida Roriz, já prenderam o Maluf ”, com essa a Administração de Brasília pegou no pé de Cesar e o proibiu de estender faixas. Nosso “anarquista” respondeu com um cartaz: “Proibido afixar faixas com críticas ao governador Joaquim Roriz” e lógico, desmoralizou a proibição e continuou protestando. A vida do economista totalmente envolvido com jornalismo foi muito além de publicar faixas. Ele editava “O Esculacho”, um jornal publicado uma vez por mês. Nos livros “Brasil Enfaixado”, publicação com três volumes, Cesar reuniu boa parte da produção faixística. Outra ousadia de Cesar que deu o que falar, mas que foi

um sucesso editorial foram as publicações “A Preocupação Social de FHC”, detalhe, eram 32 páginas totalmente em branco e “Compromissos éticos de Lula”, também em branco, este último foi publicado depois do escândalo do mensalão. Os amigos declaram cheios de saudades “Aqui na quadra nós o chamávamos de ‘Gordo’. Pelos quilos acumulados e pela densidade moral, é claro. Vai deixar uma saudade enorme”. O grande Cesar foi enterrado com a camiseta do “Esculacho” e a bandeira do Vasco. Por todo seu amor, seu jeito prestativo, coragem e utilidade pública aos moradores do DF, ele merece nossos aplausos!

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Saúde

Por: Tássia Navarro | Fotos: Vitor Santos

Corrida na

água Uma atividade física que anula o impacto sobre as áreas articulares do corpo e melhora o condicionamento físico até mesmo de quem tem lesões musculares e osteoarticulares

H

á cerca de oito anos surgiu em Brasília uma atividade física na água que proporciona aos praticantes melhora na resistência cardiorrespiratória e força muscular. Essa atividade, denominada Deep Water Running (em português, corrida no fundo da água), ou acquatreino, tem como vantagem a anulação do impacto sobre as áreas articulares do corpo, como as áreas óssea e muscular. O acquatreino consiste na execução de exercícios de corrida dentro da piscina funda. É muito utilizado para aumentar o condicionamento, ajudar na reabilitação e também como treinamento complementar para atletas. Os praticantes utilizam na cintura um colete flutuador que faz com que não encostem os pés no chão, além de caneleiras e halteres para aumentar a flutuação e a resistência dentro da água. De acordo com o professor da atividade Marco Antonio Mota, pessoas com determinadas lesões, que as impossibilitam de praticar qualquer atividade física no meio terrestre, podem fazer Deep Water Running,

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pois embaixo da água o impacto sobre as articulações é menor. Profissionais de saúde vêm acompanhando os resultados e benefícios que a corrida na água traz para os praticantes lesionados ou não. O ortopedista Esdras Calland, já colocou a atividade dentro de seu receituário. “Tanto em trabalhos como em minha experiência pessoal posso confirmar os bons resultados do Deep Water Running”, destacou. Suely Sano é um exemplo de superação. A bióloga de 54 anos

possui um cisto no joelho que não a deixava praticar esportes e atividades físicas até conhecer o acquatreino, o qual iniciou por indicação médica. “Melhorou bastante o problema no joelho e me deu mais disposição no dia a dia. Foi a melhor coisa que já me recomendaram”, afirma. Humberto Nunes, 42 anos, pratica a atividade há quatro. Conta que tem colegas que chegaram de muletas, recém-saídos de cirurgias, quatro meses depois já estavam recuperados. “É uma atividade realmente milagro-


sa, melhorou meu condicionamento físico, preveniu possíveis lesões que eu poderia ter por consequência da corrida de longa distância e, criamos também um ciclo de amizades aqui, nos divertimos nas aulas”, afirmou. “Além de fortalecer os músculos e trazer benefícios cardiorrespiratórios o acquatreino promove um completo bem-estar físico, mental e social. É bom para regularizar o intestino e prevenir doenças crônicas como diabetes, hipertensão, dislipidemias (presença de níveis elevados ou anormais de lipídios no sangue) e obesidade”, assegura a nutricionista Ana Nery. O praticante Pedro Rosa, 44 anos, estava com o nível de gordura no sangue elevado e sofria com uma tendinite no calcanhar, após o início da atividade obteve, em quatro meses de prática, enorme redução do HDL

Melhorou bastante o problema no joelho e me deu mais disposição no dia a dia. Foi a melhor coisa que já me recomendaram

Suely Sano - praticante do aquatreino

(colesterol bom), LDL (colesterol ruim) e triglicerídeo. Nobor Saito, 66 anos, por consequência de uma artrose no joelho esquerdo não conseguia fazer exercícios e, em 1999, teve um problema cardíaco. Passou a ter que praticar exercícios físicos, mas não podia por causa da artrose. Foi nesse momento que conheceu o acquatreino e está há oito anos nele. O Deep Water Running visa melhorar a qualidade de vida dos participantes e pode ser praticado por pessoas de todas as idades. Para praticar não é necessário saber nadar. Serviço ASSEFE - Associação dos servidores do Senado Federal Setor de Clubes Sul - Tr. 1 Lt. 1 (61) 9558.3249

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Comportamento

Por: Clarice Gulyas | Fotos: Clarice Gulyas e Divulgação

Skinheads invadem o

cerrado pregando paz e união

Brasilienses que seguem o perfil tradicional originado na Inglaterra lutam contra o estigma neonazista

O

s skinheads são geralmente taxados como nazistas e associados à violência e ao preconceito. Mas o que poucos sabem é que os verdadeiros skinheads (cabeças raspadas), são nacionalistas e antinazistas. Defendem o convívio pacífico entre negros, estrangeiros e homossexuais. Há grande concentração de skinheads no Distrito Federal. Jovens entre 15 e 25 anos de idade costumam andar em grupos formados, inclusive, por mulheres. Nada de socos-ingleses, correntes ou facas, os skinheads da Capital apostam no visual descolado como ferramenta principal de expressão social. Com cabelos curtos ou raspados, botas militares (coturno), calças jeans e suspensórios, esses jovens costumam frequentar lugares alternativos com estilos musicais que vão do rock ao reggae. A fama de brigões fez com que eles se dividissem cada vez mais em segmentos com diferentes ideologias. São os Red and Anarchist Skinheads (Rash), que pregam ideias anarquistas e comunistas; os Against Racial Prejudice (Sharp), que combatem o preconceito racial; os Oi! (nome retirado de uma música punk), que pregam a união entre punks e skins; e os Ska, ou tradicionais. Este último busca a cópia fiel do skinhead originado na Inglaterra, em 1966, que surgiu a partir da união entre operários ingleses (que influenciou o visual skin)

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e imigrantes jamaicanos, por meio do Ska (ritmo jamaicano antecessor do reggae). Os negros-brancos, como também são chamados, conhecem de cor a história política e cultural do País. Orgulham-se, por exemplo, da Bossa Nova e do desfile de Sete de setembro. “Vivemos em um país bonito, sem raça definida e rico em cultura popular. Seria ignorância sermos nazistas no Brasil”, dispara o skinhead Igor*, de 17 anos. Para Natasha*, 25 anos, o movimento skinhead nada mais é do que um estilo de vida. “Temos uma visão romântica do mundo, valorizamos a família, a solidariedade e a lealda-

Imagem do filme This is England, 2006

de”, afirmou. Aos 16 anos, Natasha tornou-se punk e aos 18 definiu-se como skinhead Oi!. Ela é uma das poucas mulheres do grupo ao qual pertence. Possui tatuagens, piercings e cabelo cortado ao padrão chelsea, usado pelas skinheads inglesas - uma espécie de franja curta e reta com mechas de cabelo compridas na frente e raspado atrás. O estigma nazista carregado pelos skinheads, segundo Natasha, diz respeito ao modo parecido de se vestir e a falta de conhecimento das pessoas. “Isso se deve aos partidos políticos britânicos de extrema direita, como o National Front, que invadiram nossa identidade em meados de 1980. A li-


gação com o nazismo aconteceu por meio da extrema direita conservadora e não durante a Segunda Guerra como os leigos imaginam”, explica. Em 2007 três pessoas envolvidas com grupos skinheads, punks e neonazistas foram assassinadas no DF. A ex-punk admite a existência

Igor raspou a cabeça para integrar o grupo skinhead ao qual pertence

de gangues violentas que se dizem skinheads como os White Powers, ou Força Branca (grupo tradicionalista com princípios neonazistas, com estilo skinheads). “Os verdadeiros skinheads não concordam com a má conduta, seja o uso de drogas ou a discriminação. Eu não curto o homossexualismo por defender a constituição da família, mas nunca agredi verbal nem fisicamente nenhum deles” diz. O especialista em antropologia e sociologia da Universidade de Brasília, Antônio Flávio Testa, vê o crescimento destes grupos dentro do DF como modismo e busca constante por uma identidade própria. “O jovem é muito volátil e imita tudo o que vem dos países desenvolvidos. O problema é quando estas tribos se tornam gangues e agridem grupos desprotegidos, como os homossexu-

ais. Há muita contradição entre eles e as imitações de padrões e comportamentos servem para chamar a atenção”, diz.

Violência As principais vítimas das agressões praticadas por White Powers, ou Boneheads, e neonazistas (geralmente formado por homens entre 30 e 40 anos, e de classe média alta) no DF, são os homossexuais. A ONG Estruturação (grupo de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) oferece apoio jurídico, psicológico e assistência social às vitimas homossexuais. Todas as denúncias podem ser enviadas para estruturacao@estruturacao. org.br * Os nomes dos skinheads entrevistados são fictícios, reservando o direito ao anonimato.

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Moda

Por: Gabriela Rocha | Fotos: Divulgação

Sapatos de inverno Confraria - Scarpin de onça

P

ara deixar as mulheres ainda mais apaixonadas, no inverno de 2010 os sapatos tornaram-se foco principal de alguns looks. Abotinados, aplicações e estampas de bichos são as principais tendências da estação. Os saltos estão democráticos e a novidade são os anabelas e plataformas, que há tempos não apareciam nas vitrines. O segredo para atualizar o armário é investir em sapatos pesados, amarrações e couros trabalhados, como os de cobra. Para as mais ousadas, vale procurar pares com paetês, zíperes ou laços.

Confraria - Scarpin de verniz com laço

Schutz - Bota marrom

Belluno - Abotinado de camurça

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Belluno - Sandália em verniz

New Order - Sandália alta com zíper

Zeferino - Ankle boot de couro de cobra

Zeferino - Bota de cadarço

Schutz - Sandália abotinada verde

Confraria - Peet Toe com zíper

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Cultura

luis turiba

Fotos: Luis Turiba

Luísa Lulusa

a atriz principal Um livreto de pai para filhos

N

“Filhos...Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los?”

o “Poema Enjoadinho”, Vinícius de Moraes se derrama: “como saber/ que macieza/ nos seus cabelos/ que cheiro morno/ na sua carne/ que gosto doce/ na sua boca”. Mas logo vem o contra-canto, o terrível aviso: “chupam gilete/ bebem xampu/ ateiam fogo/ no quarteirão”. São assim nossas crionças, coisa louca/ coisa linda. Pois bem... Quando Luísa se anunciou intenção de gente, fizemos um pacto: escreveremos juntos um longo poema em breves capítulos e sem nenhuma pressa, de maneira que ele só termine com a chegada de um novo serzinho, quem sabe a irmãzinha Manuela, três anos depois de sua chegada. Confesso, não foi minha primeira experiência de poética paterna. Antes, já havia criado três – Thiago, Júlia Morena e João Luís – e cada um teve lá seu poema de boas-vindas à vida terráquea. Agora, aos 11 e já quase mocinha, ela me ajudou a editá-lo, tendo ao lado sua fiel escudeira Manu, palpiteira e desenhista de mão cheia. Grato sou também aos tios Resa, programador visual; e ao fotógrafo Paulo Amaral, que documentou as beldades para a contra-capa deste livreto. Para finalizar, me vem à memória uma letra de Toquinho, “Caderno”, que um dia ouvi no rádio na voz de Chico e fui às lágrimas, tomado por uma emoção sem limite. Pensei muito em nós, Luísa.

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‘Sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o bêabá em todos os desenhos coloridos vou estar a casa, a montanha, duas nuvens no céu e um sol a sorrir no papel Sou eu que vou ser seu amigo, vou lhe dar abrigo se você quiser Quando surgirem seus primeiros raios de mulher A vida se abrirá num feroz carrossel, e você vai rasgar meu papel O que está escrito em mim, comigo ficará guardado se lhe dá prazer A vida segue sempre em frente o que se há de fazer Só peço a você um favor se puder Não me esqueça num canto qualquer” É isso aí, papais, mamães, vovós,

vovôs. E muito obrigado Lulusa pela inesquecível parceria. Serviço Onde adquirir o livro Quiosque Cultural do Ivan sebo que funciona no CONIC Café com Letras na 203 Sul Restaurante Natural Flor de Lótus 102 Norte (61) 9601.1221 (com Ivan Presença) turibapoeta@gmail.com

No lançamento: Manu, o cineasta Vladimir Carvalho, professora Lucília e Luísa Lulusa


Um livro feito Livre

Guido Heleno Mal abri o livro “Luísa Lulusa – a atriz principal” e me bateu a certeza de que estava diante de uma obra literariamente ousada. Não estavam ali ousadias para afrontar ou para exibir modernidades inconsistentes. Ao ler, ao deixar os olhos correrem livres pelas páginas no livro de Luís Turiba, se é guindado não apenas à condição de leitor, mas de cúmplice, coparticipante de uma ventura que, de tão simples, é mágica. Como anuncia o autor, o livro é um segredo guardado por mais de dez anos, uma gestação histórica, familiar, literária. Não há personagens: há pessoas. A figura principal é a filha Luísa, já sendo alguém mesmo antes de nascer. Uma criança que catalisa atenções e provoca emoções. Ao passar as páginas, movimenta-se o tempo. Aleatoriamente se é apresentado a imagens, alguns desenhos característicos do mundo infantil. É aí que se dá a mágica transformação e se dá conta que não é apenas um livro infantil ou para criança. É um livro sem idade, para todas as idades. Livro bom é assim, desses que não se pega para ler, mas que permite mergulhar em seu universo criativo com um prazer novo de quem também é personagem. Ninguém é proibido de brincar e todos são livres perante o mundo de Luísa. No caso, um quintal que convida ao sonho e nos faz acordar bem melhor. Parabéns Turiba. Opa! Parabéns Luísa e quem mais chegar.

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Artes Plásticas

Por: Juliana Mendes | Fotos: Gustavo Lima, Clarice Gulyas e arquivo pessoal

Darlan Rosa, um artista completo Apresentador de TV, ilustrador, pintor, escultor, criador. Esse é Darlan Rosa, um artista plástico que nasceu em Minas Gerais, mas que adotou Brasília como sua grande inspiração

Q

uando adolescente sonhava em ser piloto de avião, com o simples objetivo de conquistar as belas mineiras de Uberlândia. Mas seu destino já estava traçado. Na escola, precisou fazer uma redação ilustrada sobre a cultura brasileira para um intercâmbio com o Japão, bem humorado diz que a redação não ficou boa, já o desenho da Carmem Miranda fez sucesso. Ainda aos nove anos, esculpiu sua primeira escultura em mármore. Seguindo os passos do pai, também

escultor, começou na marmoraria da família produzindo peças para decoração de igrejas e túmulos. Em 1967, veio para Brasília, cidade nova, cheia de belas formas que atiçaram sua imaginação. Foi amor à primeira vista pelo lugar que até hoje lhe serve de inspiração. Darlan Rosa é um artista plástico nascido em Minas, mas com coração brasiliense. Reconhecido, porém humilde e apaixonado pela arte. Além de Brasília, o mundo infantil também lhe fascina. Pode

ser considerado o artista plástico das crianças, pois muitos de seus trabalhos foram pensados para esse público e a partir de detalhes desse universo. Quem não se lembra do famoso Zé Gotinha, criado em 1986 para a campanha de erradicação da poliomielite no Brasil? Pois é, criação de Darlan Rosa. “Digamos que a parte geométrica do meu trabalho é a influência de Brasília, de Oscar Niemeyer, de Athos Bulcão e a parte lúdica é o mundo infantil, sou muito ligado a ele”, afirma.

Memorial JK

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“Casulo”, parque para as crianças no CCBB

“Monalisa”, sua primeira escultura

Exposição “Sphere Lumineuse”, na França

Instalação “Gravidade Zero”, em Toronto, Canadá

Ele começou a carreira como escultor, mas ficou fascinado pela pintura. Lutou para fazer dessa arte o grande marco de sua carreira, porém uma paralisia no olho, devido a uma alergia a pigmentos, o impediu. Talvez para mostrar-lhe que não era aquele o caminho a seguir. Hoje costuma brincar: “Era para fazer esculturas, como não queria, Deus me deu uma porrada no olho. Agora você vai né”, diz entre sorrisos. Simples bolinhas de gude lhe serviram de inspiração para criar as esculturas em metal expostas no Memorial JK, que segundo ele, são como o lançamento de sua carreira por ocupar um local privilegiado. Mais uma vez o universo infantil influencia seu trabalho. Até as broncas que a criançada ganhava dos guardas do Memorial por entrarem nas enormes bolas, serviram de luz para mais uma criação: O Casulo. Um parque com esculturas de 22 metros, no CCBB, próprias para os pequenos brincarem à vontade, sem broncas e sem correrem risco de se machucar, mas que encanta até o público adulto. Darlan é um artista completo. Trabalhou na televisão apresentando programas infantis, produziu diversas campanhas publicitárias para o Unicef e órgãos do governo, além de grandes exposições

pelo mundo afora. Só no Brasil são mais de 25 exposições individuais. E participações em mostras como a “Sphere Lumineuse” realizada em 2006, na bela Paris, que posteriormente o levou em itinerância pelas universidades francesas, que para ele foi o ponto alto de sua carreira. Entre as muitas exposições marcantes para Darlan estão “Jardim das Nações”, em Ramallah, na Jordânia, e a instalação “Gravidade Zero”, em Toronto, no Canadá. Não ousou mais mexer com pigmentos, mas descobriu um tipo de impressão que está em alta no mundo das artes plásticas, e está tirando grande proveito dos avanços tecnológicos na área da computação gráfica. “Eu levava um ano pintando até chegar a um ponto que eu queria. Agora no computador esse um ano eu faço em uma manhã”, afirma. Atualmente, está trabalhando em pinturas digitais que serão expostas na Câmara dos Deputados no dia 17 de maio. Ele se diz satisfeito com suas realizações profissionais, e quando questionado sobre qual é sua obra mais importante, responde com firmeza: “Na realidade o meu trabalho mais marcante é sempre o último. A gente nunca fica satisfeito. A gente nunca acha que chegou no final e que o próximo pode ser melhor”.

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Gastronomia

Por: Alessandra Germano

Espetáculo de hambúrguer Os apreciadores de fast-food agora têm uma nova casa para extravasar a sua gula, e ao longo das 24 horas do dia: o Respeitável Burger, aberto ao público no dia 19 de abril. Quem anuncia a novidade é o chèf Dudu Camargo, apresentando a nona casa da rede, mais uma de suas várias facetas gastronômicas. “Temos um público exigente que gosta de variar aqui em Brasília. Por isso busco investir nos diferentes tipos de cozinha, oferecendo um mix de serviços para meus clientes”, declara. Com arquitetura assinada por Karla Amaral, a hamburgueria que tem capacidade para 70 pessoas veste-se de tema circense e é decorada com obras de Ralf Gehre, artista plástico discípulo de Athos Bulcão. As cores vermelha e amarela saltam aos olhos: tem homem bala, urso, tigre, leão, palhaço, trapezista e homem

cuspindo fogo, todos juntos no painel de entrada para receber o respeitável público. A carta da casa também é bastante variada, com opções para o café da manhã, almoço, jantar e comidinhas para depois da balada, e o cliente ainda pode montar seu próprio sanduíche. Os nomes dos grelhados, saladas, omeletes, sobremesas, banana split, sunday, milk shakes também seguem o tema circo, tem X-Panzé, Globo da Morte, Trapezista e Malabarista Desastrado. O Leão Faminto leva hambúrguer de picanha, salada de rúcula e muçarela de búfala. Os preços variam de R$ 6,20 a R$ 28,80. Para quem quer manter a forma e se deliciar ao mesmo tempo tem iogurte com banana e granola, sucos batidos com água, laranja ou iogurte.

Foto: Gustavo Fröner

“A ideia é que a casa funcione 24 horas até pela carência que a cidade tem em relação a estabelecimentos que funcionem nessa dinâmica. Vamos ter a chance de avaliar a receptividade e aceitação dos clientes e ir ajustando as coisas aos poucos”, afirma o chèf. Além das delícias, a casa ainda tem o serviço de manobrista, wi-fi e banheiro para portadores de necessidades especiais.

Massa de fino trato

Foto: Gustavo Lima

O proprietário da recéminaugurada Finna Pizzaria, que trabalha há mais de 15 anos no ramo, Quinho, neto de italiano, é meticuloso em todos os detalhes que dizem respeito à qualidade dos seus produtos e atendimento. Ele conta que sua esposa, Luciana Grossi, pesquisou durante três meses, o tempo que durou a reforma do ponto, as melhores receitas

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e sabores de pizza. Ela foi responsável pela elaboração do cardápio. A decoração remete ao rústicochique, prevalecendo a cor preta e os detalhes em madeira de obra. Do teto pendem duas luminárias feitas de galhos secos retorcidos. Na parede lateral, há um vidro transparente pelo qual o cliente pode ver a montagem das pizzas. Os sabores mais pedidos são a Margherita Finna (muçarela de búfala, tomate caqui, parmesão em lascas e manjericão) e a Buffala ao Pesto (muçarela de búfala, tomate caqui, parmesão em lascas e molho pesto), esta, o carrochefe da casa, é deliciosamente leve e marcante ao paladar e, ao mesmo tempo que é crocante, derrete na boca. A massa, feita com

azeite de qualidade, e o molho de tomate são receitas exclusivas da casa preparadas pelo pizzaiolo Aparecido Carneiro. “O nosso forno é o único do Brasil revestido de vidro”, garante. A casa que tem capacidade para 80 pessoas, também oferece carta de vinhos elaborada por um sommellier da Top Wines, dos quais Quinho indica o chileno El Huique Carmenère, e afirma: “Aqui é o lugar perfeito para vir num domingo depois de sair do cinema para comer uma boa pizza e tomar um bom vinho”. Quinho e seu sócio Juanes Garakis contam que em um mês o movimento da casa superou o previsto. “A clientela do Lago Sul é muito exigente no que se refere à qualidade do serviço. Por isso, temos uma equipe extremamente preparada para atender as expectativas deles”, afirma Quinho.


Parrilla Madrid apresenta novidades de Cordeiro. Segundo Rodrigo, “o carro-chefe da casa são a Picanha Premium e a Fraldinha Angus”. Mas a menina dos olhos é mesmo a Paleta de Cordeiro: 1,6 quilos de carne marinada no vinho com alecrim, assada lentamente e grelhada na parrilla que serve até quatro pessoas. Durante todo o dia é possível apreciar entradas, petiscos na parrilla, saladas, como a Madrid (alface americana, chicória, shitake grelhado, crispy de panceta e molho gorgonzola), e sobremesas, como a Panqueca de Doce de Leite Argentino com sorvete de creme. Entre os acompanhamentos, há que se exaltar o sabor do Arroz Parrillero (arroz com linguiça, ovo, batata palha e cebolinha), molhadinho ao paladar e crocante a cada mordida. É aquele tipo de prato que dá vontade de comer sozinho e sentado no chão, simplesmente maravilhoso. O restaurante também serve, somente à noite, pizzas e sanduíches na parrilla.

Quem frequenta a casa é um público mais maduro que se preocupa com o preparo e o sabor da comida. O ambiente é agradável e bastante arejado, com decoração que prima pelos detalhes em madeira, além de quadros que remetem à Espanha e à Argentina. A presença de vasos de plantas e um jardim lateral também são notáveis. A música ambiente faz do local ainda mais calmo e tranquilo, perfeito para um almoço de negócios e também para uma reunião de amigos. De segunda a quinta, das 18h às 20h30, a casa tem happy hour com dose dupla de chopps, caipirinhas e sangrias (vinho tinto com frutas e soda) e petiscos na parrilla, e toda quinta, a partir das 20h, a casa apresenta o La Movida, um lounge latino com músicas quentes. Foto: Tássia Navarro

O Parrilla Madrid é o irmão mais novo do Oliver e da Baco, e a cria dos restauranters Gil Guimarães e Rodrigo Freire não deixa nada a dever à família já bem sucedida e conceituada na cidade. A casa especializada em cortes nobres da legítima carne Angus, que antes se chamava Bar Madrid, teve que crescer para driblar os limites impostos pela Lei Seca. “Há um ano e meio, por uma questão de mercado, resolvemos expandir a casa e mudar o foco. Já tínhamos a nossa parrilla e o distribuidor de carnes do Oliver, só juntamos a fome com a vontade de comer”, explica Gil. E essa mistura de ingredientes deu um prato ótimo. O Parrilla Madrid, que é um restaurante à la carte, acaba de expandir novamente lançando duas novidades: o delicioso buffet de saladas e antepastos, para quem pede uma parrilla na hora do almoço, e uma elaborada carta de vinhos. Entre as opções da parrillera, há o Super Back Ribs, o Bife Parrillero, o Bife Ancho, o Filé Mignon, os Assados de Tira e a Costeleta

Parrilla vem do espanhol e é o equivalente ao que chamamos de grelha. Esse também é o nome que recebe o churrasco típico das gastronomias argentina, chilena, uruguaia e paraguaia. A grelha tem que ficar a uma distância de cerca de 20 centímetros do fogo para que a carne receba calor de forma lenta. Quando a carne está ao ponto, aproxima-se um pouco mais do fogo para que a parte externa fique com uma aparência dourada, crocante e suculenta, além de eliminar o resto de gordura. A carne não é temperada com sal grosso, como costumamos fazer, mas com sal refinado e depois de assada, para evitar que desidrate. Assim como não é espetada para manter os nutrientes.

Serviço Respeitável Burger CLS 402 – Bl. B – Lj. 25 (61) 3224.8852

Finna Pizzaria SHIS QI 11 – Bl. P – Lj. 37 – Lago Sul (61) 3234.3639 Todos os dias, das 18h às 0h

Parrilla Madrid CLS 408 – Bl. D – Lj. 1 (61) 3443.0698 Segunda a sábado, das 12h às 15h e das 18h à 1h - Domingo, das 12h às 17h

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Mundo Animal

Por: Mariana Rosa de Lima | Fotos: Luciana Vasconcelos Reis

Tratamento vip é com o Pet Shop Móvel

Serviço de banho e tosa na porta de casa é a nova mania dos donos de animais de estimação

C

onsagrou-se na sociedade ocidental que animais, especialmente os de estimação, não gostam de tomar banho. A cena clássica dos bichanos correndo de água marcou o cinema, as histórias em quadrinhos, os desenhos animados. Não tem jeito. O banho é o terror. Eles fogem, ficam nervosos é um verdadeiro drama! Pensando em economizar tempo e diminuir o cansaço nos animais, os chamados Pet Móveis têm ganhado destaque. São carros no estilo de vans que atendem o freguês na porta de casa. É só ligar e marcar o horário. Oferecem banho completo, tosa e hidratação do pelo. Tudo em no máximo 40 minutos. O bichano volta para casa limpo, perfumado, com lacinho ou gravatinha, unhas cortadas e o melhor, sem grandes traumas.

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A ideia nasceu nos Estados Unidos. Em Brasília, não tem cinco anos. Um dos donos do empreendimento Pet Móvel, Gustavo Rezende, morou em Orlando, na Flórida e lá usava o serviço de banho e tosa em casa para seu animal de estimação. “Inspirado no produto americano, decidi estabelecer o mesmo serviço em Brasília”, afirma Rezende. A van atende há 8 meses cerca de 16 animais por dia. Só na quadra 112 sul são 17 clientes. O banho em cachorro de pequeno porte custa R$35,00, o de grande, R$40,00. Há ainda produtos especiais que substituem o perfume, uma opção para donos que não gostam do cheiro ou para animais alérgicos. O carro é estruturado com reservatório de 90 litros de água limpa e outro vazio, para recolher a água suja, que é despejada em bueiros no final do dia.

Completam o veículo, um soprador, que tira o aceso de água do pelo; secador de cabelo; banheira; chuveirinho com água aquecida e produtos especializados para cada tipo e cor de pelagem. Além de toalhas, cortador de unha e muitos enfeites. Thiago Victor e Moisés Sousa Pereira atendem diretamente no Pet Shop Móvel. Ambos com curso de banho e tosa. “Os clientes adoram a proposta. Muitos têm curiosidade em ver o processo, como é ao ar livre, eles podem espiar”, afirmou Pereira. Os clientes são fiéis e alguns possuem o plano de pagamento mensal. “O número de clientes só aumenta. Sempre que estamos aqui aparece alguém querendo encaixar o animal. A gente sempre tenta ajudar, mas o bom mesmo é marcar o horário com antecedência e deixar agendado”, explica Victor. Quem acha o projeto maravilhoso é a poodle Minnie, de 12 anos. Há seis meses, toda quinta-feira é a primeira a ser atendida. Helena Costa, dona da cadela, viu a van parada na quadra onde mora, a 112 sul, e achou a proposta interessante. “Uma vez levei a Minnie para o pet shop e o carro que a levava bateu. A gaiola caiu na rua e ela fraturou o fêmur. A pobrezinha manca até hoje e vive no antiinflamatório. Essa história deles virem aqui é ótima. Pago um pouco mais caro, mas pelo menos ela corre menos risco de acidentes”, destacou. Serviço Pet Móvel (61) 9971.3444 / 3445.1444 petmovel@petmovel.com Banho e Tosa em Domicílio José Henrique de Sousa Neto (61) 9176.5809



Jornalista Aprendiz

Por: Maycon Fidalgo | Fotos: Maycon Fidalgo e Raphael Herzog

Os 50 anos

de juventude

Brasília é uma jovem de 50 anos. Veste-se com a vastidão do céu azul, enfeita-se com o sol magnífico e dança ao som de sua música que aglomera multidões

E

m espaços exuberantes, os jovens a veneram em uma sucinta utopia, ou a odeiam com as agruras de sua opressão. O território plano, a visão permanente do horizonte, as superquadras da Asa Sul e as singulares esculturas representam a simbólica Capital do Brasil que é

Prédio residencial na Asa Norte

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motivo de orgulho e discrepância entre os brasilienses que cresceram junto a ela. Jovens de 18 a 30 anos partilharam, e começam a compartilhar com a cidade, suas vivências e histórias construídas nos amplos espaços desenhados por Oscar Niemeyer e urbanizados por Lúcio Costa.

Arthur Tadeu Curado

Os operários que atravessaram todo o país para construir Brasília também tentavam fazer dela sua morada. Porém, a “capital era feita por eles e não para eles”, e para dar ênfase a esse conceito, surgiu a cidade satélite de Taguatinga. Afastada 19 quilômetros do Plano Piloto, acolheu os trabalhadores notívagos e suas famílias. O primeiro morador da QSA de Taguatinga Sul, Manoel Tavares da Silva, encontrou nesta cidade seu aconchego. Ela o agradou tanto, que faz dela sua moradia até hoje. Filha de Manoel e irmã de mais quatro outros brasilienses, Dilza dos Santos Tavares, que nasceu nove anos depois da inauguração de Taguatinga orgulha-se por viver mais de 35 anos ainda na mesma casa construída por seu pai. “Quando ele chegou só havia o cerrado, tudo era mato. Eu e meus irmãos nascemos nessa casa e moramos metade de nossa vida nela”, diz.


Domingo de lazer no Eixão Norte

Dilza Tavares relembra seus tempos de infância comparados aos dias de hoje. “Em 1980, os jovens eram mais tranqüilos. Era uma época mais inocente. Brincávamos de pingue-pongue, voleibol. Ficávamos na esquina até de madrugada. Que saudades! Hoje não há jovens na rua, estão em casa, em seus computadores”, lamenta. Numa época em que se fala sobre uma busca de identidade, não há lugar mais apropriado para se falar no o assunto como a Capital. Em 1980, a primeira geração da cidade se tornou jovem. Filhos dos mais de 60 mil trabalhadores que chegaram à Brasília em busca de oportunidades e construíram a capital a todo custo, se deparavam com paradoxos brasilienses. A modernidade pela qual Brasília foi construída e projetada, não oferecia aos primeiros candangos o que desfrutar – não sabiam como se divertir. Partindo desse contexto, surgem as bandas de rock, os escritores, os artistas e os demais intelectuais brasilienses. “Na década de 1980, nada era definitivo. Brasília foi construída

para ser moderna e não oferecia aos jovens nada de moderno. Começamos a inventar o que fazer, procurávamos na leitura, na escrita, na música, o prazer. Criávamos bandas todos os dias”, relembra o empresário Eduardo Barreto, 42 anos, que chegou a Brasília acompanhado do pai. Enquanto as bandas surgiam em Brasília e o som contaminava toda uma juventude, nascia o ator e dramaturgo Arthur Tadeu Curado, que cresceu na Asa Sul. Na década de 1990, Tadeu e seus amigos tinham o hábito de andar pelos blocos residenciais do bairro e freqüentar boates, hoje desconhecidas. “Ficávamos embaixo de prédios até tarde, íamos à boate Zoom, no Gilberto Salomão a pé, e o trânsito de Brasília não era este problema. Naquela época frequentávamos muito mais as casas dos amigos e seus pais eram nossas tias e tios”, conta Arthur. Quase duas décadas depois, jovens do Distrito Federal mergulham no vasto cerrado de Brasília para se encontrar e descobrir o que é Brasília. A inquietação constante

dos brasilienses reflete um comportamento único de uma cidade múltipla que ainda se encontra aos moldes das décadas passadas “Brasília parece ser grande, mas se torna pequena porque todos se conhecem. Acho que criamos uma identidade cultural”, opina a moradora de Samambaia, Juliana Parada,19 anos. Segundo ela, apesar de cultivar amizades no Plano Piloto, há uma diferença nítida entre o Plano Piloto e as cidades satélites. “Há preconceito. Quem mora no Plano não vem ao Entorno porque encontram tudo o que precisam lá, além da diferença cultural por serem mais informados e estudados” diz. Nos momentos de lazer, os jovens se encontram em bares do Plano Piloto. Saem de Taguatinga, Ceilândia, Asa Norte, Núcleo Bandeirante ou apenas atravessam a rua para encontrar seus amigos. Alguns, com violão nas mãos, relembram bandas brasilienses como o Legião Urbana e o Paralamas do Sucesso. Tocam músicas compostas, principalmente, por Herbert Viana, que parece descrever o cotidiano dos jovens candangos.

Maycon Fidalgo é aluno da Universidade Católica de Brasília (UCB) QS 07 Lt. 01 EPCT - Taguatinga Coordenador responsável: André Carvalho (61) 3356.9000 / 3356.9318

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Música

Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Carolina Bezerra e Felipe Bezerra

Macunaíma, 100% brasileira

Diversidade de ritmos marca a batida da banda formada por sete componentes que declaram seu amor pela capital

A

banda Macunaíma, legitimamente brasiliense, foi criada em 2006 com a ideia de renovar o panorama musical por meio da mistura rítmica, fundindo princípios de todos os brasileiros, entre eles o congo capixaba que mistura o índio com o negro e o branco. O congo é um ritmo

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folclórico original do Espírito Santo, marcado pelo toque forte de tambores, mesclados com a casaca, instrumento símbolo do estilo musical. Mas a mistura vai além, o grupo que tem o nome inspirado no herói de uma das obras de Mário de Andrade, Macunaíma, acrescentou às

suas canções instrumentos da música pop trazendo muito mais do que um novo conceito para o Distrito Federal, ousou misturar reggae e rock e a receita deu certo. O tom é inovador. A musicalidade chama atenção do público, que é contagiado pela energia e vibração do som. Até para os mais


tímidos, o difícil é ficar quieto e não dar uns passinhos. A banda já lançou um compacto com cinco canções e aproveitou os 50 anos de Brasília para homenagear a cidade com a música “Linda Brasília”. A declaração de amor pela capital foi composta há dois anos, mas aguardava o melhor momento para ser lançada. Inclusive, já entrou no repertório da banda no último Festival Caça Bandas no UK Brasil Pub. Segundo o vocalista, Thiago Bezerra, o grupo se inspirou na beleza ímpar e planejada de Brasília: “O céu da cidade é simplesmente encantador, suas curvas as mais belas da arquitetura, além do inesquecível pôr do sol”. Brasília se consagrou como a cidade da esperança e atualmente tem servido de inspiração para muitos artistas, que apregoam e cantam

suas belezas, mostrando que somos e temos muito mais do que política e brigas de poder. A banda Macunaíma deixa transparecer em suas letras e músicas, o que ela chama de “congada do cerrado”, exaltando a terra natal do grupo. Os temas são muitos, cultura, natureza, amizade, saudades do verão, entre outros. Na liderança do grupo está Bezerra vocal, fundador da banda, apaixonado pelo congo e pelas misturas rítmicas. Trazendo linhas maduras e cativantes está Rafajoe (guitarra), que harmoniza como poucos. Outro guitarrista é Henrique, que toca com desprendimento e versatilidade, unindo técnica e percepção para completar a congada do cerrado. Puxando pelos toques firmes e enérgicos do baixo, está Adolfo Neto (baixo). Dominando estrategicamente a casaca, símbolo do congo está Marconi, presença marcante nas misturas que caracterizam o ritmo da banda e como não pode faltar a bateria, que marca o som de qualquer grupo, a banda conta com Maranhão para tornar possível a fusão rítmica. Já André, percussionista, cuida do tambor de congo.Na percussão, ele dá brilho aos encaixes e cria climas perfeitos para a congada do cerrado. Serviço www.macunaima.tk www.macunaima.palcomp3.com.br www.myspace.com/congadadocerrado

LINDA BRASÍLIA Letra e música: Bezerra Olhe pra cima, não tem como se confundir É o céu de Brasília beleza divina só se vê aqui Mãe de todo cerrado, abençoado centro da nação Bem te conheci e não quero mais sair daqui Pôr do sol na Ermida, pintura única de Deus Sua curva é bonita que linda vista que belo apogeu O lago coberto de velas, a lua desfila na passarela De água limpa e alma boa de quem mereceu Estar contigo Sou calango, candango, filho de sua terra Raiz seca e terra vermelha, nasce a flor mais bela Seu planalto é admirado por todo esse país Mas quem não te conhece esquece que antes do poder Estamos contigo Te amo Brasília e esse congo eu fiz pra você Minha linda e querida só quem te ama que vai te entender

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Propaganda e Marketing

Dilma não é Barack e Serra não é Obama Campanha Eleitoral e web 2.0 no país do rebolation

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super produção de técnicos recémconvertidos não leva em conta três aspectos fundamentais. Primeiro, ao contrário do que dizia um político baiano, nem tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil. Acenar para qualquer campanha com um site para o candidato capaz de carrear fundos “como o Obama fez” é enganação. No Brasil, não temos tradição de doações voluntárias para campanhas. Fizemos recentemente um levantamento em cinco campanhas majoritárias grandes nas duas últimas eleições e as doações individuais não chegaram a 3% do total do valor oficial declarado. Pensar que um cidadão brasileiro, depois de ver políticos eleitos colocando dinheiro nas meias, nas bolsas e até na cueca, irá pegar seu cartão de crédito para contribuir numa campanha é muita ingenuidade. Devemos instituir mecanismos capazes de garantir as contribuições voluntárias Foto: Moreno

vitória de Barack Obama, sua trajetória nas prévias do Partido Democrata americano e, principalmente, o seu excelente desempenho na utilização de novas tecnologias e domínio das ferramentas e criatividade na sua campanha nas redes sociais marcaram uma nova era. Com a campanha de Obama começou a nova forma de fazer propagandas eleitorais. Em 2008, nas eleições municipais, apesar da miopia dos legisladores, que tentaram, inutilmente, controlar o uso da internet nas campanhas, as mudanças foram significativas. Praticamente todos os candidatos a prefeito de cidades médias e grandes fizeram os seus sites, mantiveram comunidades no Orkut, produziram e divulgaram seus blogs e, com mais ou menos êxito, buscaram a interatividade com seus eleitores. Para as eleições de 2010 confirmase que a campanha tradicional dos carros de som, panfletagens e grandes comícios está com os dias contados! Chegou a hora da internet, do celular 3G, da TV digital e das novidades que surgem na web. Nestas eleições, além do tradicional “marqueteiro”, das pesquisas, da produção de rádio e televisão, será necessário agregar um profissional especializado em redes sociais. Mas quem será ele? Começa, aí, o imbróglio! Hoje todo mundo se autointitula especialista em redes sociais. No Twitter pululam “experts” e centenas de empresas, a partir da rápida leitura da experiência Obama, se apresentam como capazes de “fazer campanha eleitoral nas redes sociais”. E essa

sabendo que se isso significar algo em torno de 5% dos custos globais da campanha já será uma grande vitória. Em segundo lugar, temos que entender a influência da internet. Enquanto a região do Lago Norte em Brasília tem 92% de suas residências conectadas com banda larga, índice alto até para o primeiro mundo, alguns estados patinam na inclusão digital. Nos EUA, a principal rede social é o Facebook, no Brasil (e na Índia), é o Orkut. Se não considerarmos as diferentes realidades, tentando reproduzir tudo que deu certo lá, e que não foi testado em terras brasileiras, jogaremos tempo e dinheiro fora. Finalmente, a eleição: campanha eleitoral, não é propaganda de cerveja. É uma campanha política, que ao planejar, organizar e coordenar, a empresa ou o profissional de marketing deve ser cuidadoso. Sem política, conhecimento da realidade, da história, dos costumes do público eleitor envolvido, por mais mirabolantes que sejam as propostas de ação na web, elas estão condenadas ao fracasso, ao desperdício de recursos, à perda de tempo e de votos. No país do rebolation cabe a sugestão aos nossos candidatos para 2010: vamos botar a mão na cabeça, ter jogo de cintura e apostar com cautela nos novos horizontes abertos com a web 2.0. *Álvaro Lins é consultor em marketing político e diretor da Piguara.com Comunicação, Organização e Marketing



Tá lendo o que?

Adelmir Santana

Jeruza Aguiar

Jorge Manzur

Leonardo Michetti

Senador e presidente do DEM/DF

Empresária

Diretor do colégio Leonardo da Vinci

Empresário

Livro Emoções e estratégias eleitorais

Livro A afirmação histórica dos Direitos Humanos Autor Fábio Konder Comparato

Livro O sonho europeu

Livro A arte da guerra

Autor Jeremy Rifkin

Autor Sun Tzu

É um livro fascinante, apresenta as várias etapas da evolução histórica dos direitos humanos, esmiuçando importantes documentos normativos, como leis, constituições e tratados internacionais, dentro do contexto da realidade econômica e social de cada época. Uma fonte riquíssima e indispensável para a construção de uma teoria renovada dos Direitos Humanos. A proposta é ajudar a compreender as instituições jurídicas na inesgotável complexidade social.

Enquanto o Sonho Americano agoniza, um novo Sonho Europeu começa a cativar a atenção e a imaginação do mundo. Vinte e cinco nações, representando 455 milhões de pessoas, se uniram para criar uma espécie de Estados Unidos da Europa. Sob muitos aspectos, esse sonho é o reflexo invertido do Americano. Enquanto este enfatiza o irrestrito crescimento econômico, a riqueza pessoal e a busca do interesse próprio, o Europeu se concentra antes no desenvolvimento sustentável, na qualidade de vida e no fomento à comunidade.

Este livro foi escrito no século IV a.C, e preza a invencibilidade, a vitória sem luta. É um livro de capítulos curtos com provérbios chineses, que levam à interpretações diversas, cada pessoa pode achar uma interpretação pessoal para o livro, levando para sua área de atuação. Como é passado na Era Medieval, fala sobre guerras e estratégias para vencê-las sem luta física, vencer por meio de estratégias, inteligência e atenção nas suas ações e do inimigo.

Autor Antônio Lavareda

Este mês escolhi obras que tratam de temas que me interessam muito: a política e o empreendedorismo. O livro de Lavareda tem me empolgado por mostrar os bastidores de uma campanha sob o ponto de vista de alguém que participou de 76. Estou tendo a oportunidade, como senador e como eleitor, de aprender tudo sobre as eleições.



Frases Brasília é uma cidade inóspita José Serra

Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destas montanhas, aparecerá neste sítio a terra prometida, donde fluirá leite e mel Dom Bosco

O céu é o mar de Brasília Lúcio Costa

A maior agressão para um jovem é morar em Brasília, porque você vê aquelas coisas acontecendo no Planalto e no Congresso e não pode fazer nada Renato Russo

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Se o horário oficial é de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta? Marta Suplicy

A criação de Brasília é um ato de afirmação humana que constitui um acontecimento na história da humanidade Arnold Toynbee

Espero que Brasília seja uma cidade de homens felizes; homens que sintam a vida em toda sua plenitude, em toda sua fragilidade; homens que compreendam o valor das coisas simples e puras, um gesto, uma palavra de afeto e solidariedade Oscar Niemeyer


Justiça

Dr. Wilson Sampaio*

A declaração parcial de inconstitucionalidade do PDOT

N

o último dia 27 de março, o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal – frise-se, de forma minuciosa e acurada – declarou a inconstitucionalidade de 60 dispositivos do tão comentado PDOT, em vista da ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Ministério Público do DF (Processo nº 17552-9/2009) contra a lei que definiu o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal (Lei 803/2009) e, dessa forma, fora afastado o pedido para que toda a lei fosse tida como inconstitucional. No voto do eminente Desembargador Relator Otávio Augusto, após detalhada análise de todos os dispositivos da lei que foram questionados pelo Ministério Público, destaca-se o fato de que em 50 deles, constatou-se a ocorrência do vício formal de iniciativa e, apenas em 10 deles, chegou-se à inconstitucionalidade pela conclusão de que a matéria tratada fora tida como inconstitucional frente às disposições da Lei Orgânica do DF Com efeito, chamou atenção a nulidade de diversos dispositivos que tratavam da expansão territorial no DF e, principalmente, no tocante a determinação para que se exclua do zoneamento do Distrito Federal o Setor Habitacional Catetinho como Zona Urbana de Uso Controlado II. O entendimento que prevalecera no referido julgamento, especificamente nos 50 dispositivos declarados como inconstitucionais pela incidência do vício formal – tal qual ocorrido no supracitado caso de expansão territorial – fora de que tal matéria é de competência privativa do Governador,

ou seja, somente o chefe do Poder Executivo local poder-se-ia iniciar o projeto legislativo para criar um novo empreendimento habitacional, sendo de responsabilidade da Câmara Legislativa do DF apenas a sua votação. Dessa forma, o egrégio TJDFT seguira a mesma linha de intelecção que vinha sendo aplicada aos demais casos análogos, senão vejamos: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - PEDIDO LIMINAR - LEI DISTRITAL N.º 2.695/2001 - ALTERAÇÃO DA DESTINAÇÃO DE ÁREA DA REGIÃO ADMINISTRATIVA DE BRASÍLIA - RA I - VÍCIO DE INICIATIVA – [...] Da exegese dos artigos 3.º, XI, 52 e 100, VI, da Lei Orgânica distrital, em matéria de disponibilização de bens públicos, uso e ocupação do solo no território do Distrito Federal, à Câmara Legislativa do DF compete apenas votar projeto de lei apresentado pelo Poder Executivo. [...] (TJDFT, 20070020099217ADI, Relator LECIR MANOEL DA LUZ, Conselho Especial, DJ 06/11/2008 p. 22 – g.n.)” Assim, diante do vício de iniciativa que restou por macular os dispositivos da lei, não foi possível a análise da matéria propriamente dita nesses contida, não obstante a eventual necessidade, utilidade ou importância do tema tratado nessas normas tidas como inconstitucionais pelo vício formal. Com o fito de aclarar a situação em tela, temos que o art. 3º da Lei Orgânica do DF coloca como objetivo principal do Distrito Federal o dever de zelar pelo conjunto urbanístico de Brasília, tombado sob a inscrição nº 532, do Livro do Tombo Histórico, bem como respeitar as definições e

critérios constantes do Decreto nº 10.829/87, e da Portaria nº 314/92 do Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), normas estas que conferem ao Governador do DF, a competência privativa para iniciar o processo legislativo sempre que o tema for a utilização e a ocupação do solo do Distrito Federal (Cf. ADI nº 20080020148639, Rel. Des. Lécio Resende, Conselho Especial, DJ 07/12/2009 p. 39). Vê-se, pois, que o TJDFT ao analisar a ação proposta pelo MPDFT, e depois de elevado grau de esforço para refugar a declaração de inconstitucionalidade da integralidade do PDOT, reconhecera que 60 dispositivos normativos estavam eivados de vícios, sendo que em 50 deles pela violação da competência privativa do Governador – uma vez que tiveram origem parlamentar – e sequer caberia a convalidação pela sanção daquele que deveria propor a norma, razão pela qual foram declarados inconstitucionais frente à Lei Orgânica do DF, decisão a qual possui eficácia imediata, válida para todos, e retroage à data da criação da lei. Ressalte-se, por fim, que, embora o restante da lei permaneça vigendo, a Constituição Federal ainda prevê em seu artigo 102, inciso I, alínea “a”, que cabe ao STF a guarda da CF/88, logo, o PDOT ainda poderá sofrer outra ação direta de inconstitucionalidade em face de eventuais outras inconstitucionalidades frente à Constituição Federal.

(*)Wilson Sampaio é advogado e Assessor Jurídico da FIBRA

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Diz ai mané Pérolas do vestibular

Os homens brasileiros, estão acabando com tudo, as árvores para desmartar para fazer tauba e outra coisa. Tiradentes, depois de morto, foi decapitulado. Na Grécia, a democracia funcionava muito bem, porque os que não estavam de acordo, se envenenavam.

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Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados que aumenta.

O hino nacional francês se chama La Mayonèse.

A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país.

As glândulas salivares só trabalham quando a gente tem vontade de cuspir.

Caracter sexual secundário são as modificações morfológicas sofridas por um indivíduo após manter relações sexuais.

Nos dias atuais a educação está muito precoce.

Concordância verbal é quando nós estamos de acordo com o que o outro falou.

Segundo a terceira lei de Newton, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Anafaquistão, um país que derrubou as torres e que tem como deus um tal de Bilack.

O calor é a quantidade de calorias armazenadas numa unidade de tempo.

A TV no entanto é um consumo que devemos consumir para nossa formação, informação e deformação.


Cresça e apareça

Adriana Marques*

Falar de crescimento é falar de ação Q

uando paramos para avaliar qual foi a fórmula de nossas conquistas, a resposta é simples - ação. Comprar um carro, mudar de emprego, melhorar um relacionamento ou conseguir uma promoção. Se alguma coisa aconteceu, não importa o quanto você gastou de energia, você entrou em ação! Reflitamos: Já que sabemos o segredo simples de trazer resultados para nossa vida, por que será que tantas vezes demoramos para decidir, deixamos tarefas inacabadas ou tentamos esquecer o que tem que ser feito? O fato é que é difícil sair da zona de conforto. Para entrar em ação você tem que abrir mão do estado tranquilo de “a vida me leva”. É mais fácil deixar para manhã, ou quem sabe, para o próximo mês, atitudes que mudariam o resultado final do seu ano! Entrar em ação não é fácil, mas vale muito à pena. Então vamos para o próximo passo: como entrar em ação?

Primeiro é necessário decidir que vale a pena mudar. Vale à pena descartar antigos hábitos, a preguiça e tudo o mais que te freia. Segundo passo: Mãos a obra! Escolha uma agenda ou caderninho para ter sempre com você. Não opte por papéis soltos que podem ser esquecidos ou amassados na bolsa. Anote tudo que vier a sua cabeça que precisa ser providenciado. Faça isso durante uma semana. Nesta lista devem estar a troca de óleo do carro, a visita a um amigo, a finalização de um projeto ou o inicio de uma atividade física. Ao término da semana, com todas as suas anotações feitas, estabeleça o grau de prioridade de cada uma, sendo um (1) a mais importante e três (3) a menos importante. Separe as anotações em grupos - você formará três (3) grupos de providências. Determine o que precisa ser feito em cada caso e estabeleça ao menos uma atitude para cada. Agora é “a” hora ! Escolha uma

das providências que, se resolvida, trará um grande benefício à sua vida. Comprometa-se em resolvêla o mais rápido possível. Passe para a segunda. Marque com entrelinhas coloridas tudo que for sendo finalizado. Congratule-se. Perceba e celebre as suas vitórias. Faça uma reflexão do quanto valeu a pena entrar em ação. Você é responsável pela sua vida e pelos seus troféus. Esta é uma poderosa ferramenta usada no coaching e nos processos de desenvolvimento pessoal. Acredite no poder das suas ações - é impressionante como os resultados aparecem quando a gente começa a se mexer. Viva o prazer das suas vitórias e... Sucesso!

(*) Adriana Marques é Business coach pela Sociedade Brasileira de Coaching Master coach Behavioral Coaching Institute, Usa Presidente do CoachingClub.

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Ponto de Vista

Rejane Pitanga*

1º de Maio: a reafirmação da luta pela

ampliação de direitos e conquista da cidadania

N

ão se deve enxergar o 1º de Maio apenas como uma data cívica, oficial, até porque a classe dominante teima em nominála de Dia do Trabalho e não Dia do Trabalhador. Essa diferença, que parece ser simples, é carregada de ideologia. Essa data deve ser usada para celebrar as conquistas de uma classe que é fundamental para a sociedade. Sem nós e nossa força de trabalho a história da humanidade seria outra. Comemorar o quê? Muitos perguntam. A história de cada trabalhador e trabalhadora que em sua labuta cotidiana dá seu suor e sangue em busca de uma vida digna já justifica comemorar. Mas temos mais motivos: sempre fomos protagonistas nas lutas coletivas, enfrentamos patrões, governantes de plantão, a polícia e o preconceito da grande imprensa. Sobrevivemos, conquistamos, nossas sementes estão plantadas nos rincões do Brasil e do planeta. É necessário que atualizemos nossas bandeiras e que modernizemos nossas táticas de luta, combinando mobilização com a relação institucional, as greves com a negociação, os direitos das categorias com os direitos mais amplos da sociedade.

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Nesse 1º de Maio, a palavra de ordem foi a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução nos salários, e a apresentação geral da plataforma dos trabalhadores para as eleições de outubro deste ano. Essa plataforma é um conjunto de reivindicações que destacam a valorização do trabalho; a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho; a distribuição de renda com inclusão social e um Estado democrático com caráter público e com participação ativa da sociedade. Estas propostas, que queremos construir em conjunto com as demais centrais sindicais, serão apresentadas aos candidatos que concorrerão nas eleições gerais deste ano. Vale dizer que, no âmbito geral, a classe trabalhadora conquistou avanços significativos nos últimos oito anos, principalmente nas questões sociais, como a geração de empregos, a inclusão social, a melhoria da qualidade de vida e a distribuição de renda. Mas há muitas conquistas que precisam ser alcançadas, como exemplos, a melhoria da qualidade no emprego, o incremento de mais

investimentos em áreas vitais, como saúde e educação. Também é fundamental continuarmos a luta pela ampliação dos direitos sociais e trabalhistas. A regularização da terceirização e as ratificações das Convenções da OIT 158 e 156 também são outras lutas essenciais e, como já disse, a implantação da jornada de 40 horas semanais, sem redução nos salários. Mas é fundamental afirmar que os trabalhadores e as trabalhadoras são protagonistas, e que a CUT-DF continuará a mobilização contra a corrupção, a luta em defesa dos direitos e conquistas, e da cidadania plena. Temos muito que comemorar e mais ainda pelo que lutar. Nossas lutas não começaram ontem e nem terminarão amanhã e, como disse Lula, “que ninguém mais ouse duvidar da capacidade de luta da classe trabalhadora”.

*Rejane Pitanga Presidente da CUT-DF



Charge

Eixo Monumental

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Educação e cultura foram seu projeto de vida. O complexo cultural que leva seu nome concluiu o projeto original de Brasília.

COMPLEXO CULTURAL DA REPÚBLICA JOÃO HERCULINO O espaço da cultura nos 50 anos de Brasília.

O Complexo Cultural da República João Herculino concluiu, em 2006, o projeto original da Esplanada dos Ministérios. O maior centro cultural do país homenageou um dos grandes incentivadores da educação de cidadãos e profissionais do Distrito Federal: João Herculino, fundador do CEUB. Projeto de Oscar Niemeyer, o Complexo faz parte da vida cultural de Brasília com exposições e mostras que trazem conhecimento à população. Na comemoração dos 50 anos de nossa cidade, é importante lembrar: Brasília não estaria completa sem a contribuição de João Herculino.

Há 42 anos formando profissionais de verdade

www.uniceub.br



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