Cenário Piloto: residência artística

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ELISA NAUD

CENÁRIO PILOTO residência artística



CENÁRIO PILOTO residência artística

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ARQUITETURA E URBANISMO

UNICEUB

AUTORIA ELISA NAUD ORIENTAÇÃO PATRICIA ASSREUY BRASÍLIA | 2016


POR QUÊ A ABORDAGEM NAS ARTES? O mundo artístico, muitas vezes, é relegado à função de hobby ou lazer, algo que você faz apenas quando tem tempo livre. Ouve-se que as artes não proporcionam renda, que quando alguém se intitula como artista é porque ainda não decidiu, de fato, qual profissão seguir e ainda está ‘curtindo por aí’. O objetivo do trabalho feito aqui é retomar a tamanha importância que as artes podem realizar de vida de alguém e esse alguém influenciar, emocionar, trazer reflexões a tantos outros. O projeto enfoca a criação de uma Residência Artística em Brasília e, a princípio, é relatado o surgimento dessa temática no mundo em geral. A ideia de um projeto como esse surgiu a partir de conversas com pessoas relacionadas em várias expressões artísticas, sendo observada a relação das mesmas com a cidade. Brasília, além de ser capital do país, tendo como maior foco sua parte governamental e administrativa, é palco também de manifestações culturais. Ora, se Brasília já começou sendo planejada por um grande artista, o arquiteto e urbanista Lucio Costa, em parceria com outros grandes artistas como Oscar Niemeyer, responsável por edifícios com formas inovadoras, Roberto Burle Marx, à frente do paisagismo do Parque e Superquadras, e Athos Bulcão, com a diversidade e abstração de seus alegres azulejos, era de se esperar que essa cidade, ainda muito jovem, tivesse também um grupo de habitantes interessados nesse meio artístico.

CIRCO DANÇA TEATRO ARTES VISUAIS MÚSICA ARTE DIGITAL LITERATURA CINEMA

DESIGN

ARQUITETURA


N

a arte, a inspiração tem um toque de magia, porque é uma coisa absoluta, inexplicável. Não creio que venha de fora pra dentro, de forças sobrenaturais. Suponho que emerge do mais profundo “eu” da pessoa, do inconsciente individual, coletivo e cósmico.

Clarice Lispector


AGRADECIMENTOS


Antes de tudo agradeço a todos que me apoiaram nessa longa trajetória. Minha família que sempre está ao meu lado, principalmente minha mãe que olha de perto e me encoraja a seguir em frente. Aos meus amigos de profissão e de vida, por todas as conversas que tanto me ajudaram a realizar esse projeto. Sem vocês eu não teria chegado ao ponto em que cheguei. À minha orientadora Patricia por me guiar nesse último ano, me encorajar a alcançar o meu melhor e me fazer refletir cada vez mais sobre a importância da Arquitetura. E enfim, a todos os professores da instituição, que tão dispostamente me tiraram as dúvidas e me incentivaram ao longo do curso. Meu muito obrigada, Elisa Naud.


8


ÍNDICE 1

INTRODUÇÃO contexto histórico 14 o que é residênca artística 12

CONTEXTO no brasil 22 e na capital 24 objetivo

70

2

20

O CENÁRIO PILOTO 3 o ponto de partida 30 localização 36 rotas de acesso 42 conceitos 44 diretrizes 46 o complexo 53 a residência 58 a exposição 66 materiais utilizados 29

INTERVENÇÃO URBANA 4 o complexo cultural orla 3

ADENDO 76

plantas multifuncionais

ANEXOS 82

5

projeto orla e seus polos

matéria de jornal sobre a situação cultural em brasília

6

85

BIBLIOGRAFIA 88

7

fontes de pesquisa

9


INTRODUÇÃO


1


CONTEXTO

M

uito se discute sobre a origem das residências artísticas e pode-se notar que a ideia de convívio entre pessoas e troca de experiências se dá, segundo Packer (2012, p. 34), no período do mecenato, em que o investidor em artes do Renascentismo, o nobre mecenas, escolhia seu afortunado artista para trabalhar para sua família1 , ou ainda, padres da igreja católica contratavam certos pintores para decorarem o interior das igrejas e suas cúpulas. A partir do período do Maneirismo ocorrem ideias divergentes daquilo sendo imposto na época, a começar pela reação ao naturalismo relativo à Alta Renascença. Com a revolução científica no Barroco, o contraponto entre luz e sombra e uso de decoração pesada, surgem novos conceitos de arte e as maiores encomendas feitas aos artistas plásticos se dá pelo

HISTÓRICO ROMANTISMO

Le Bateau Lavoir, Paris

Academia de Belas Artes, Paris

IMPRESSIONISMO REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E REVOLTAS POPULARES

1  VASCONCELOS, Ana; BEZERRA, André. Mapeamento de Residências artísticas no Brasil, realização Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, Rio de Janeiro, 2014.

1400

1700

RENASCIMENTO E MECENATO BARROCO E GRAND TOUR

1800

financiamento do papado de Roma. Em meados de 1718, muitos aristocratas britânicos, com o poderio do mercantilismo, passam a viajar pela Europa para conhecer os novos estilos artísticos desenvolvidos em cada país e, assim, adquirem conhecimento profundo sobre o mundo artístico. Muitos artistas com possibilidade de arcar com essas despesas também foram influenciados, sendo a França e a Itália muito renomadas e influentes sobre os movimentos artísticos. Esse movimento é nomeado de Grand Tour e perdura até 1824. De acordo com Moraes (2009) ocorre também, nesse período, a premiação feita pela Academia de Paris fornecendo aos seus melhores alunos o Prix de Rome, premiação que consistia em realizar uma parte dos estudos na sede da Academia, em Roma, para aprofundar os conhecimentos nas técnicas clássicas de escultura e pintura italianas.2

Lorenzo de’ Medici

12

Michelangelo Buonarroti

2  MORAES, Marcos José Santos. Residência artística: ambientes de formação, criação e difusão. 2009. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 2009.


Devido à época de contestações, com as Revoluções Francesa e Industrial, também os artistas irão se opor às instituições e escolas de arte e formarão sociedades, de acordo com suas expressões artísticas, desvencilhando-se do estilo regrado e sem inovação imposto pelas escolas. Com essas transformações de cunho social, pode-se também dividir esses novas sociedades de artistas em duas: apreciadores da vida no campo e a busca em captar a luz no instante determinado a formar paisagens bucólicas e momentâneas (os chamados impressionistas); e outros moradores nos grandes centros urbanos que dividem os ateliês, ou mesmo alojamentos, e buscam novas formas de expressar a realidade pós-revolução, concentrados principalmente no centro de Paris (os chamados primitivistas).

artístico e outros países passam a entrar nesse ciclo de inovações artísticas. Em 1964, a fim de retomar a força como capital das artes, Paris institui aquilo que viria a ser a dita Residência Artística, como complemento da formação de um artista. A Cité Internationale des Arts significou o começo dessa nova mentalidade de intercâmbio e troca cultural entre artistas vindos de outras partes do mundo. Lá se disponibiliza uma série de apartamentos/ estúdios (282 no total) além de ateliês coletivos, espaços expositivos, auditório e até sala de concerto. Os interessados são aprovados por meio

Após a 1ª Guerra Mundial, com a Europa destruída, não havia mais oportunidades para os artistas exporem seu trabalho e obterem apoio e

1900

1940 ESCOLA DE PARIS REALISMO E REGIONALISMO

1950

1960

Cité Internationale des Arts, Paris - 1964

PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL

Black Moutain College, EUA

reconhecimento. Há, então, um grande êxodo para os Estados Unidos da América, com outros movimentos a acontecer. Lá também encontra-se a divisão de colônias de artistas: alguns se reuniam em comunidades rurais, isolados da vida agitada das capitais, à procura de uma vida comunitária e o contato com a natureza, longe das escolas de artes. Já outros, segundo Moraes (2009), aproveitavam galpões ou lofts abandonados e criavam assim ateliês comunitários (movimento chamado A.i.R – Artists in Residence), ocorrido intensamente nos bairros de Nova York (novo pólo mundial artístico e cultural). Com isso, a França perde sua vantagem como único polo

de seleção entre a Cité e suas inúmeras instituições conveniadas ao redor do mundo. Esses selecionados ganham a oportunidade de morar temporariamente (de dois meses a um ano) em uma cidade que foi, e ainda é, importante para o meio artístico e suas expressões.3 3  Informações retiradas do estudo de MORAES, Marcos José Santos. Residência artística: ambientes de formação, criação e difusão. 2009. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pósgraduação, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 2009.

13


ENFIM, O QUE É UMA RESIDÊNCIA ARTÍSTICA? fundação terceiros

PERMANENTE TRANSITORIEDADE

patrocínio instituições

ESPAÇO-TEMPO

EXPOSIÇÃO palestras workshops

+ artista

programa

residência

edital concurso

estadia delimitada

m espaço que permite a formação, criação e difusão de produções artísticas levando ao intercâmbio cultural e troca de ideias, potencializando assim a arte em todas as suas expressões.

14

GRANDE

REDE

DEDICAÇÃO TRANSFORMAÇÃO DIVERSIDADE CONCENTRAÇÃO CONTATO PESSOAL

seminários

apoio financeiro

U

RESIDÊNCIA

encontros

oficinas mostra produção

COLABORAÇÃO

IMERSÃO ISOLAMENTO

DESLOCAMENTO

CONVIVÊNCIA COMPLEXIDADE

MIGRAÇÃO

EXPERIMENTAÇÃO


Um breve resumo do processo de inserção de um programa de residência artística é:

1

lançamento de edital da residência contendo as informações necessárias e o período de permanência, feito pela própria administração ou instituição responsável

2

seleção dos inscritos com a possibilidade de apoio financeiro ou não, a depender de cada instituição

do programa com a ex3conclusão posição da obra dos residentes

O objetivo de uma dita Residência Artística é promover a formação, criação e difusão das diversas expressões artísticas, permitindo a troca de ideias e o intercâmbio cultural. é um lugar direcionado a todos os integrantes do mundo das artes por permitir que o residente se desapegue de sua rotina e cotidiano imergindo por completo na produção de sua obra. É, portanto, um local que oferece tempo e espaço sendo voltado àqueles que queiram pesquisar, experimentar e inovar acerca de sua própria visão artística. “A necessidade de buscar maneiras de experimentar e vivenciar o mundo em que nos relacionamos, marcado pela mobilidade, globalização e afirmação do lugar como forma de marcar esta transitoriedade” (MORAES, 2009, p. 19). As estadias são por período limitado e, ao final da temporada, o artista expõe sua obra ao público. A ideia é que o interessado se desloque do seu ambiente usual de convívio, vivencie uma outra cidade e obtenha a visão não só de um turista daquele lugar, e sim, mais profundamente, como um morador, mesmo que um morador temporário. “A experiência da residência artística afirma-se como forma de questionamento aos sistemas de conhecimento e de pensamento totalizantes, ao permitir o compartilhar” (MORAES, 2009, p. 32).

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ATUALMENTE SÃO MAIS DE

500 RESIDÊNCIAS

ESPALHADAS EM MAIS DE

70 PAÍSES!

Em todo o mundo houve o boom de residências artísticas na década de 1990 sendo necessária a criação de plataformas de pesquisa que facilitassem ao artista o encontro com estes complexos ao redor do mundo. As mais famosas são: ResArtis 1, associação que divulga os programas de residência e consta com mais de 550 parcerias em mais de 70 países; TransArtis 2, plataforma de apoio que contabiliza 1400 residências espalhadas pelo mundo; Alliance of Artists Communities 3, sociedade americana que facilita o intercâmbio dos artistas para residências filiadas pelo próprio país, constam mais de 250. Em sua maioria, as residências não se limitam apenas ao programa propriamente dito oferecendo atividades ao público em geral como workshops, cursos, palestras e exposições. Ou seja, não são apenas locais de experimentação e pesquisa privativos, mas facilitadores de contato com novos artistas e expressões, interessados em cultivar novas habilidades ocorrendo a dinamização da vida cultural naquele meio. 1  Disponível em http://www.resartis.org/en/ 2  Disponível em http://www.transartists.org 3  Disponível em http://www.artistcommunities.org

16


17


CONTEXTO


2


NO BRASIL Em 1996, a Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP, localizada em São Paulo, estabeleceu um acordo de filiação com a Cité des Arts. Nesse acordo, a FAAP selecionava seus melhores alunos, de início a partir de um convite informal sendo depois transformado em processos seletivos. As residências ocorrem no período de seis meses e já na Cité des Arts é ofertado um apartamento/estúdio próprio além de todos os ambientes constituintes da instituição.1 Os convênios são, habitualmente de longa duração, como aquele firmado, em 1996, com a Fundação Armando Alvares Penteado, de São Paulo, que prevê uma ocupação do ateliê – 1422 – por um período inicial de cinquenta anos. Ele é o único, atualmente, em vigor, com uma instituição brasileira, vinculada à área de ensino (pesquisa) e criação artística visual. (MORAES, 2009, p. 36) A própria FAAP possui uma residência artística localizada no Edifício Lutetia, de sua propriedade, edificação tombada em 1992. Depois de longo processo de restauração e adaptação, no ano de 2008 recebe uma grande quantidade de artistas estrangeiros, maior número vindos da França, Alemanha, Espanha e Japão.2 A residência consiste em 10 apartamentos, além de ateliê coletivo, sala de reuniões, espaço para projeção e salas de aula. Esse processo de reutilização do espaço, a partir de locais abandonados, retoma ao movimento ocorrido em Nova York com a ocupação de artistas em galpões industriais seu uso.

1  Informações retiradas do estudo de MORAES, Marcos José Santos. Residência artística: ambientes de formação, criação e difusão. 2009. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 2009. 2  Ibid, gráfico indicativo p. 102.

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Vista do Edifício Lutetia.

Planta baixa 1º projeto para apartamento/estúdio. Imagem retirada do documento de tese de Marcos Moraes. Imagem de um dos apartamentos/estúdio.


TIPOLOGIAS DE RESIDÊNCIAS ENCONTRADAS NO BRASIL

EXO residências: experiência que se limitou entre os anos de 2003 a 2006 reunindo 33 artistas de várias áreas, vindos de outras cidades e países, para estadias de curta duração no Edifício COPAN, em São Paulo.

Inicialmente, é possível observar três formas básicas de organização de residências artísticas: 1. Espaços de criação e pesquisa com a finalidade específica de sediar residências artísticas, em especial voltadas ao segmento de artes visuais ou artes integradas, se constituindo em diversos formatos e modelos de gestão; 2. Realização de residências por um determinado período em um ateliê, centro cultural, Ponto de Cultura, sede de uma companhia ou grupo de espetáculos, institutos de ensino, dentre outros, que não se configuram como atividade principal da instituição, sendo um mecanismo complementar de sua programação para o estímulo à criação e troca artística; 3. No campo das artes cênicas, é muito comum a noção de residência atrelada à presença de um criador convidado, como diretores ou coreógrafos residentes, a fim de realizarem novas criações e trabalhos.1 1 Informações relacionados às diferentes formas de organização encontradas em residências no Brasil. VASCONCELOS, Ana; BEZERRA, André. Mapeamento de Residências artísticas no Brasil, realização Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, Rio de Janeiro, 2014.

VOCÊ SABIA? Algumas conclusões feitas por esse mapeamento são bastante relevantes:

Crescer e Viver, Rio de Janeiro - circo

•  um grande número dessas residências encontram-se no eixo RioSão Paulo; •  interesse de intercâmbios que se realizem no Norte do país, apesar de não haver instituições responsáveis; •  a maioria não se encontra situada em capitais; •  os territórios internacionais com maior potencial para intercâmbio com residências artísticas brasileiras são América do Sul, países do MERCOSUL, Europa e África;

Bolsa Iberê Camargo, Porto Alegre

•  a Residência mais antiga data de 1995 (qual?) •  no período de 2006 a 2012 o número de quantidade de residências quadruplicou •  as residências são operações de relativamente baixo custo.

1

1  VASCONCELOS, Ana; BEZERRA, André. Mapeamento de Residências artísticas no Brasil, realização Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, Rio de Janeiro, 2014.

21


E NA CAPITAL... Não existe em Brasília um local com as características de Residência Artística. Por ser uma cidade reconhecida como Patrimônio Mundial, seu zoneamento rígido impede novos usos e instalações na área tombada. Assim, seria inimaginável a construção de um estabelecimento com a função de programa de Residência Artística. Entretanto, a vida cultural está presente na capital. Vê-se no mapa, com foco em locais presentes no Plano Piloto, que são oferecidos espaços voltados à arte, dentre eles museus e locais comerciais com ofertas de cursos e oficinas ao público em geral, muitas vezes com altas taxas de custo. Nota-se, então, o acesso elitizado à arte e cultura, sem um lugar com enfoque na diversificação das artes. Contudo, há um grande crescimento de manifestações artísticas e culturais pela cidade, o que sugere a existência de um público, cada vez mais notório, disposto ao maior contato com as diversas formações de expressões artísticas atualmente. LEGENDA 1 MEMORIAL JK 2 MUSEU DO ÍNDIO 3 TEATRO NACIONAL 4 CAIXA CULTURAL 5 MUSEU DA REPÚBLICA 6 ESTÚDIO CARBONO

7 CCBB

8 A CASA DA LUZ VERMELHA

9 PERESTROIKA 10 CINE BRASÍLIA 11 COMO É QUE TÁ LÁ 12 MUSEU DOS CORREIOS

22

13 PAR DE IDEIAS


MANIFESTAÇÕES CULTURAIS ATUANTES

GRAFITE NAS RUAS

PICNIK

misto feira artesanal e atrações musicais

COLETIVO FEIRA LIVRE

LAMBES DO AMORÇO

SUB DULCINA - CONIC

BURACO DO JAZZ 23


OBJETIVO Após a verificação desse contraponto entre a oferta de atividades em espaços elitizados e manifestações culturais, propõe-se a instalação de uma Residência Artística que possa assistir em uma grande renovação artística em Brasília. Como já dito, uma residência permite o intercâmbio não só estrangeiro como também nacional, facilitando que mais pessoas tenham a oportunidade de conhecer a capital além do eixo turístico de visitas composto pelos palácios governamentais e o intenso itinerário por obras de Oscar Niemeyer. Deste modo, os residentes terão a oportunidade de expandir sua visão como habitantes da cidade, vivenciando os parques e as superquadras bem como colaborando com a troca de ideias em centros culturais. A residência artística também possibilitará um maior apoio para recém-formados, ou mesmo artistas já bem estabelecidos, que queiram se reinventar de alguma forma. “Não existe uma política internacional específica para a mobilidade dos profissionais das artes pelo mundo. [...] É preciso [...] desenvolver relações de reciprocidade, que permitam que todo lugar possa operar como centro, lugar de chegada, acolhimento e partida.” (PACKER, 2014, p. 32)1

1  Presente no arquivo: VASCONCELOS, Ana; BEZERRA, André. Mapeamento de Residências artísticas no Brasil, realização Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, Rio de Janeiro, 2014.

24


25


O CENÁRIO PILOTO


3


28


O PONTO DE PARTIDA As residências artísticas não possuem uma linguagem em comum ou um modo de projetar. Por ser em espaços que permitem a rotatividade de diversos e diferentes usuários, pode-se notar que cada uma investe em determinado argumento, seja na integração de espaços e vida coletiva, ou em âmbitos mais intimistas. A quantidade de alojamentos também é variada, sendo mais comuns as de pequeno porte, para até 5 residentes, e de médio porte, entre 10 e 15 residentes. Inicialmente pensou-se no lugar escolhido, pois isso influenciaria inteiramente nos espaços projetados.

29


LOCALIZAÇÃO No anseio de implantar a residência em um lugar que pudesse ser tanto de fácil acesso à rota turística quanto permitir um espaço íntimo com uma ideia de casa, foi observada desde a análise local dos pontos culturais, uma área que atende a esses requisitos. Aqui se resgata novamente o mapa de espaços culturais para observar que, dentre os locais destinados à exposições artísticas e vida cultural, três estão desativados, são eles:  a. Espaço Cultural Renato Russo: com início na década de 1970, composto por antigos galpões industriais, começa a ser usado por pessoas do teatro e apresentações estendendo-se suas funções com instalação de salas para diferentes fins.  b. Concha Acústica: projetado por Oscar Niemeyer em 1969 tem capacidade para 5 mil pessoas e foram realizados alguns concertos na época da inauguração.  c. Museu de Artes de Brasília - MAB: criado em 1985 seu acervo era composto por mais de 2 mil obras. Foi fechado em 2007. LEGENDA 1 MEMORIAL JK 2 MUSEU DO ÍNDIO 3 TEATRO NACIONAL 4 CAIXA CULTURAL 5 MUSEU DA REPÚBLICA 6 ESTÚDIO CARBONO

7 CCBB

8 A CASA DA LUZ VERMELHA

9 PERESTROIKA 10 CINE BRASÍLIA 11 COMO É QUE TÁ LÁ 12 MUSEU DOS CORREIOS

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13 PAR DE IDEIAS

A ESPAÇO CULTURAL RENATO RUSSO B CONCHA ACÚSTICA C MAB


HOJE

HOJE

HOJE

ESPAÇO CULTURAL RENATO RUSSO

CONCHA ACÚSTICA

MAB

ANTIGAMENTE

ANTIGAMENTE

ANTIGAMENTE

De grande valor para a história da cidade e intensa atividade na década de ? esses locais estão ou abandonados (Concha e MAB), ou desativados (Espaço Renato Russo) e não há planejamento claro para reativação dos mesmos. 31


P

ortanto, o terreno escolhido é aquele entre a Concha Acústica e o MAB, pois desde o planejamento da cidade a orla do Lago Paranoá é destinada a atividades culturais estando em meio à escala bucólica, com lotes específicos para a Concha Acústica, o Museu de Artes e a Bienal. Sendo dois dos espaços ditos desativados e outro para o qual sequer existe projeto, o terreno antes pensado originalmente para o MAB se tornou a localização perfeita para uma residência artística, pois integra todo o complexo cultural já esperado e, ainda, provoca maior atenção para a renovação de toda aquela área.

32


“E

vitou-se a localização dos bairros residenciais na orla da lagoa, a fim de preservála intacta, tratada com bosques e campos de feição naturalista e rústica para os passeios e amenidades bucólicas(...)”.

Lucio Costa

em seu Relatório do Plano Diretor de Brasília

N

33


EXTRA Em 1992 houve a elaboração de um projeto chamado Projeto Orla, que constituiu em revitalizar as áreas ao longo de toda a orla do Lago. O Projeto foi dividido em 11 polos, sendo que aquele destinado para a Concha Acústica e o MAB é o de Polo numero 3. mais informações - em anexo 1.

34


PROJETO ORLA POLO 3

N 35


ROTAS DE ACESSO O local permite fácil acesso, já que no entorno foram construídos vários condomínios residenciais. Com estacionamentos espalhados por entre os lotes especificados, pode-se chegar também por meio de transporte público desde a rodoviária. LEGENDA transporte particular transporte público indicação do terreno

N 36


TERRENO ESCOLHIDO

N CONCHA ACÚSTICA

MAB

A NGB que rege o terreno é a 80-96, que considera a altura de coroamento máximo de 9 metros, comum a todas as outras edificações ao redor. Como era prevista a construção de museu o uso permitido do lote é institucional ou comunitário, com atividade de cultura e educação e, para a realização do projeto, sugere-se a ampliação de uso para residencial, dada a existência do mesmo em lotes lindeiros. Por fim, a orla do lago, desde sempre pensada para uso comum, sem privatizações, se vê em área privilegiada e com grande potencial, clama por um projeto como este aqui elaborado: a integração de toda uma área cultural já esperada com a renovação do espaço hoje abandonado e degradado.

TERRENO DESTINADO À BIENAL

N

37


1 4 2

1 FACHADA NORTE

3

N

38

2 FACHADA SUL


3 FACHADA LESTE

4 FACHADA OESTE

39


40

FACHADA NORTE


41


CONCEITOS

FACHADA PRINCIPAL - SUL

Ao pensarmos em residência, esta tem como característica principal o intimismo e privacidade. Já o conceito de exposição pressupõe um lugar amplo, público e de rápida acessibilidade. O então projeto Cenário Piloto consiste em dois ambientes específicos: o público, com a função de exposição, e o privado, na abordagem de residência artística. No entanto, esses dois espaços compartilham da ideia de mutação, mobilidade e temporariedade, já que a residência artística recebe constantemente artistas por temporadas limitadas. Imaginase desde já a integração de espaços e a dinamicidade do meio.

42


resultado de espaços integrados

relação de usos entre níveis 43


DIRETRIZES Desde o início preocupou-se em utilizar aberturas zenitais e a transitoriedade de um lugar a outro, questões estudadas nos projetos de Lelé. Partiu-se, assim, de três premissas de projeto pré-definidas: - voltar aberturas para fachada leste, com o máximo de aproveitamento para os ambientes de trabalho; - vista para o lago, porém com proteção à incidência solar por ser a fachada norte; - aproveitamento da vegetação existente, usufruindo do natural bucólico de Brasília. Com o uso de um elemento triangular houve a manipulação de sua forma para possíveis aberturas de iluminação como também proteção. A isso aliou-se a função estrutural do aço e sua cadência para a formação do edifício.

44


PLANTA TOPOGRAFIA EXISTENTE DO TERRENO

N

45


O COMPLEXO Com a demarcação de dois blocos, o de residência e o de área para exposições, unida à ideia do elemento triangular, voltouse então à análise dos três palácios governamentais de Oscar Niemeyer: o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto e o Superior Tribunal Federal – STF. Para o Palácio da Alvorada Niemeyer partiu de uma sequência de colunas, elemento clássico, e na formação de colunatas segue “perfazendo uma forma ao redor de um volume recuado sob uma mesma cobertura”(ROSSETTI, 2012, p. 66). Porém o desenho das colunas é inovador, com formato em losango, de modo que remete à modernidade e inovação para a construção de uma cidade com os mesmos propósitos.

PALACIO DA ALVORADA - retirado do livro de ROSSETTI. 46


RESIDÊNCIA

EXPOSIÇÃO

47


Na Praça dos Três Poderes, temos o mesmo elemento de colunatas, para uma relação simbólica entre os Poderes, mas aqui é manipulado de outra forma. Segundo Rossetti, para o Palácio do Planalto, a forma da coluna é mais verticalizada e dispõe o edifício em dois pavimentos. Já no Superior Tribunal Federal – STF, o elemento tem sua base mais próxima do chão, voltando ao pavimento único.1 As similaridades entre esses dois edifícios vêm do perfil da coluna sendo utilizada aqui apenas metade do perfil da coluna feita no Palácio da Alvorada, que com sua sequência são dispostas perpendicularmente a um volume quadrado recuado e envidraçado. Ainda segundo Rossetti, “para dinamizar a percepção dessas novas colunatas e para valorizar suas funções representativas, o arquiteto emprega a colunata ora na perpendicular, ora em paralelo ao espaço da praça” (ROSSETTI, 2012, p. 78). 1  ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Arquiteturas de Brasília. Realização ITS – Instituto Terceiro Setor, coleção arte em Brasília: cinco décadas de cultura, Brasília – DF, 2012, p. 78.

PALACIO DO PLANALTO - retirado do livro de ROSSETTI.

48


SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL retirado do livro de ROSSETTI.

Vista do Planalto para o STF - retirado do livro de ROSSETTI.

49


Diante dessas observações feitas dos palácios formados por um elemento que se repete e compõe em colunatas, mas se transforma em cada edifício, empregou-se no projeto essa mesma contraposição.

FACHADA NORTE

Definiu-se para a residência o elemento triangular disposto em pórticos, o que permite sombreamento, útil para a parte mais afetada, de direção Norte. Para a exposição adaptou-se o elemento de forma a criar aberturas zenitais, voltadas para o eixo Leste, permitindo a iluminação natural para o interior.

50


níveis de relação entre ambientes na residência

Aliada a essa ideia de contraste é organizado no projeto, além de seus ambientes de público e privado, áreas de usos opostos como: descanso e trabalho, imersão e convívio, troca de ideias e intimismo.

MIT, MIES VAN DER ROHE - ILLINOIS

Assim também a escolha do material é contrastante à linguagem de Brasília, com o uso do concreto na maior parte de suas obras, aqui então é utilizado o aço. Um projeto relevante que auxiliou na criação do complexo é o Illinois Institute of Technology em Chicago, de autoria de Mies Van der Rohe, onde foi empregado o aço para vencimento de grandes vãos, o cadenciamento de pórticos e planta livre para usos alternados.

51


PARA MELHOR ENTENDIMENTO, A DESCRIÇÃO DE CADA BLOCO SERÁ FEITA SEPARADAMENTE.

52


A RESIDÊNCIA A residência em si possui não apenas os alojamentos como também os espaços de ateliê e trabalho. É utilizada aqui a disposição de sete pórticos, triangulares e de função para sombreamento, dispostos a cada 5 metros. As dimensões do bloco são de 30,30m x 35,70m. Como aproveitamento das duas curvas de nível existentes, a parte voltada para o lago é composta por dois pavimentos, aterrando-se mais 72 cm para tal.

3 VIGA

1 ATERRO

4 PILAR PÓRTICO

7 DIVISÓRIA

2 PILAR

5 LAJE

8 ESQUADRIA

6 COBERTURA

9 PAINEL METÁLICO 53


CROQUI ATELIÊ DA FAU

Além disso há a divisão do bloco em três níveis:

DESCANSO quartos individuais

CONVIVÊNCIA ambientes de estar, cozinha e café

TRABALHO salas de uso privativo, coworking, workshop, reunião, projeção e ateliê coletivo Portanto, os quartos são voltados para a fachada Sul, seguidos pelos espaços de convivência e cozinha e por último as salas e ambientes de trabalho. Ali é feito um mezanino sob o qual encontra-se o ateliê coletivo de planta livre.

54


CORTE B ESCALA 1:50

55


B

legenda quartos ateliê coletivo sala escura salas de oficina sala de reunião sala áudio-visual espaço co-working salas de leitura café | estar cozinha comunitária área molhada serviço circulação

MAPA CHAVE

PLANTA SUBSOLO 0

1

3

5

10

ESCALA 1:200

56

N


B A

N

PLANTA TÉRREO 0

1

3

ESCALA 1:200

5

10

57


A EXPOSIÇÃO O bloco de exposições parte da ideia de caixa composta por colunatas que se estendem mais 3,75 m entre eixos além da caixa, instituindo um peristilo. Essas colunatas se formam pelo elemento triangular com inclinação de 10% em seu topo, criando aberturas zenitais em direção ao Leste, para iluminação e ventilação. São 9 pilares dispostos também a cada 5 metros entre eixos e 7 colunatas que seguem os pilares. As dimensões da caixa são de 40,30 m x 23,30 m. Aqui preocupa-se em deixar a planta o mais livre possível para justamente servir de uso versátil para as várias expressões artísticas. Os ambientes fechados são mínimos: auditório, área administrativa, café e sanitários, localizados na fachada Sul, assim como a entrada principal para a exposição. Aproveita-se o caimento do terreno também, além de mais 72 cm enterrados, e assim, o auditório, a administração e os sanitários são dispostos abaixo da entrada da exposição e café, para não se imporem como ambientes proeminentes.

3 VIGA

58

4 VIGA TRELIÇA

1 ATERRO

2 PILAR

5 LAJE

6 DIVISÓRIA


7 CIRCULAÇÃO

8 PILAR TRELIÇA

9 VIGA TRELIÇA - COBERTURA

10 COBERTURA

11 PAINEL METÁLICO

12 ESQUADRIA

59


C

A

MAPA CHAVE

N

PLANTA SUBSOLO 0

1

3

ESCALA 1:200

60

5

10


C

legenda área exposição auditório administração recepção café serviço área molhada circulação

A

PLANTA TÉRREO 0

1

3

ESCALA 1:200

5

61 10

N


C

legenda área exposição auditório administração recepção café serviço área molhada circulação

A

62

MAPA CHAVE

N

PLANTA 1º PAVIMENTO 0

1

3

ESCALA 1:200

5

10


CORTE C ESCALA 1:50

63


64

Imagem interna ateliê Imagem interna do espaço encontro

Ou seja, há uma divisão clara para o uso em cada bloco. A residência é específica aos que nela irão habitar ao longo de período determinado e aqueles que participem de cursos gratuitos, de preferência com os artistas residentes. Ao contrário do funcionamento da maioria das residências fechadas ao público, aqui é proposta a maior integração a partir dos espaços de estar e reuniões e salas de trabalho para convidados e professores que se interessem em trocar ideias com os residentes. Até mesmo o ateliê usufrui de generosa área, podendo ser setorizado por painéis divisores temporários, permitindo ainda o uso misto, a depender das técnicas utilizadas pelos residentes. A exposição, havendo controle pela recepção, que cobrará ingresso, em valor não exacerbado, mas que possa ajudar na manutenção da mesma, permite fluxo dinâmico aos visitantes. Pode-se escolher entre permanecer apenas no pavimento semienterrado e passear pelo exterior ou fazer o trajeto completo seguindo para o primeiro piso até o próximo, distante do primeiro em meio-nível, com altura de 1,5m.


Imagem interna último pavimento na Exposição Imagem interna pavimento meio-nível na Exposição

Por fim, o bloco da residência é disposto no lado Oeste do terreno, afastado 3,5m da divisa Oeste e 7,95m da divisa Sul do limite do mesmo. Cria-se um espaço de 13,10m entre a residência e exposição e esta dista de 8,60m da divisa Leste do limite do terreno.

65


MATERIAIS UTILIZADOS Como já dito, a estrutura é feita de aço, assim como seus elementos triangulares, em contraponto com a arquitetura modernista de Brasília feita em concreto e também a facilidade de vencer grandes vãos. Eles serão compostos por aço patinável tipo Aço Corten, remetendo ao período seco de Brasília, em que se destaca o barro da terra. Para fechamento e composição dos dois blocos são utilizados brises para proteção solar, feitos em placas perfuradas de chapa metálica e painéis inclinados no mesmo material. Em fachadas e ambientes que não necessitem de privacidade ou proteção solar, é empregado o vidro temperado encaixilhado 10mm com controle solar, mantendo a permeabilidade, seja com o exterior ou entre ambientes. Por fim, as coberturas são compostas por telhas metálicas termo-acústicas conservando a linguagem em metal proposta nas edificações.

CORTE A ESCALA 1:50

66


67


INTER

VEN ÇÃO UR BA NA


4


COMPLEXO CULTURAL ORLA 3

70


Como ampliação do projeto e melhor conexão entre os locais de uso cultural (Concha Acústica, Residência Artística projetada e Museu de Artes de Brasília), é proposta a instalação de espaços complementares de uso público que tragam melhor utilização do entorno. O Complexo Cultural Orla 3, já prevista uma intervenção como tal para Brasília (maiores informações disponível em anexo 1), compõe em seu entorno uma grande área voltada à diversificação das artes e cultura, proporcionando aos visitantes opções variadas de lazer.

71


3

2

1

4 praça

INTERVENÇÃO URBANA PLANTA BAIXA

72

carga e descarga

N


O COMPLEXO CULTURAL ORLA 3 Os espaços complementares possuem relação com a Residência Artística projetada e suas funções, vistas na planta baixa ao lado, são numeradas a seguir:

1

arquibancada

2

disposição de painéis decorativos e área livre para esculturas

EXEMPLO DE DISPOSIÇÃO DE BANCOS PARA PRAÇA Kic Park, Shanghai - China

3

cinema ao ar livre

4

Além disso, há ainda a instalação de um pequeno estacionamento de uso específico da Residência e Exposição, uma vez que para os outros espaços existem estacionamentos amplos. Como preocupação relacionada ao uso futuro na exposição de obras que possam vir de outros lugares, também é projetada uma área de carga e descarga, enterrada e localizada no espaço entre os blocos de residência e exposição. Esse ambiente proporciona um ponto para descarga de obras vindas de outros locais, produtos alimentícios para o café da exposição e a cozinha comunitária da residência.

tendas para gastronomia

EXEMPLO DE PAINÉIS DECORADOS Wywood Walls, Miami - EUA

73


ADENDOS


5


A

+ FORMAS DE OCUPAÇÃO NO ATELIÊ COLETIVO

OPÇÃO 1 - COM DIVISÓRIAS PARA AMBIENTES PRIVADOS ESCALA 1:100

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OPÇÃO 2 - COM DIVISÓRIAS E ESPAÇO CENTRAL LIVRE ESCALA 1:100

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OPÇÃO 1 - OCUPAÇÃO NOS 3 NÍVEIS COM ARQUIBANCADA E PALCOS ESCALA 1:100

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+ FORMAS DE OCUPAÇÃO NA EXPOSIÇÃO

B

OPÇÃO 2 - OCUPAÇÃO DIFERENTE EM CADA PAVIMENTO ESCALA 1:100

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ANEXOS


6


1

PROJETO ORLA E SEUS POLOS informações encontradas em1

Obs: trechos mais relevantes foram selecionados.

1  NERI, Rosângela Viana Vieira. A (re)produção do espaço como mercadoria: Pólo 3 – Projeto Orla extensões-latências. 2008. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação, Universidade de Brasília – UnB, Departamento de Geografia, Brasília – DF, 2008.

82


83


Teatro Nacional Cláudio Santoro

Espaço Cultural Renato Russo 84

Museu de Artes de Brasília - MAB

Centro de Dança do DF

Concha Acústica


MATÉRIA DE JORNAL

Fãs de Renato Russo gravam vídeo para pedir criação de memorial para o cantor em Brasília

Tudo fechado: principal teatro de Brasília e mais quatro espaços culturais estão sem previsão de reabertura

Movimento sugeriu ao governo a construção de espaço em Centro Cultural

No momento, o Centro Cultural Renato Russo da 508 Sul, região central de Brasília, está fechado para reforma, sem previsão de entrega, assim como outros quatro pontos culturais do DF, algo para o qual o movimento busca chamar atenção, segundo o professor de inglês Paulo Castelo.

Do R7

Centro Cultural Renato Russo está fechado para reforma na 508 sul desde dezembro de 2013 Fred Leão / R7

Apaixonados pela Legião Urbana formaram um grupo na internet para honrar e relembrar o líder da banda, Renato Russo. Nesta terça-feira (16), na Igreja Dom Bosco, região central de Brasília, eles gravaram um vídeo para pedir assinaturas e curtidas ao movimento na internet que tem como objetivo a criação de um memorial no Centro Cultural que leva o nome do cantor. Com menos de um mês de existência, o movimento ‘Memorial Renato Russo’ já tem mais de 2 mil curtidas e adeptos na página do Facebook. Os idealizadores do projeto Hans Tramm, Eliane Cunha e Paulo Castelo se conheceram em um grupo de fãs do Legião Urbana, e a partir das conversas do trio surgiu a ideia, concretizada no dia 24 de maio deste ano. Na petição pública, até a tarde desta quarta-feira (17), ele conseguiram 300 assinaturas. Pela hashtag #MemorialRenatoRussoEuApoio, eles também receberam apoio em vídeo de artistas como Felipe Seabra, vocalista da banda Plebe Rude. Eles já contam com um projeto arquitetônico que foi sugerido ao governador do DF Rodrigo Rollemberg para usar parte do Centro Cultural Renato Russo como o espaço do memorial.

— Não queremos bater de frente com ninguém, não temos cunho político, nem fins lucrativos ou ligação com a Legião Urbana Produções. Queremos reivindicar o direito de se ter cultura e arte, além de alertar autoridades e artistas para que se valorize a memória. A ideia é reconhecer o Renato como um ícone da música e cultura de Brasília, e para isso temos apoio da família e amigos dele. De acordo com o secretário de Cultura do DF, Guilherme Reis, o Governo de Brasília deve elaborar em breve um projeto do Centro Cultural Renato Russo. Vídeo para arrecadar assinaturas e curtidas Nas imagens, uma mulher (interpretada por Célia Porto) perde um anel na entrada da Igreja Dom Bosco. Eis que um homem o encontra, e quando busca pela dona dentro do santuário, aparece em meio a fumaça uma personificação de Renato Russo, vivido no vídeo pelo cantor Nilson Júnior, de uma banda cover da Legião. Ainda em produção, o vídeo é dirigido por Renato Soares, que também fez clipes para o cantor Wilson Sideral. Presente nas filmagens desta terça-feira (16), a irmã de Renato Russo Carmem Manfredini apoia o movimento. Ela informa, porém, que o filho do

sobre situação cultural em Brasília

2

cantor, Giulianno Manfredini, ainda vai decidir se o memorial ficaria mesmo no Centro Cultural ou em algum outro local, o que dependeria da disponibilidade de terrenos. — A decisão final é do Giulianno, mas queremos construir ele em Brasília, pois foi onde o Renato viveu boa parte da vida e da formação musical dele. Queremos um museu que não tenha só um acervo do Renato, mas um centro no qual jovens possam participar com estúdio musical para gravar, com anfiteatro e oficinas. Seria mais ou menos no estilo da 508 Sul, só que extensivo para outras atividades. A cena cultural em Brasília não passa por um bom momento. E não é por culpa dos artistas e produtores. O problema são os espaços culturais da capital, fechados para reforma ou pelo simples abandono do poder público. No total são cinco espaços inativos, todos pertencem ao GDF (Governo do Distrito Federal): Teatro Nacional, Centro Cultural Renato Russo, MAB (Museu de Arte de Brasília), Centro de Dança, Concha Acústica. Todos eles foram fechados para reforma, mas os cronogramas estão atrasados e ainda não há previsão de reabertura de nenhum deles Texto: Fred Leão, do R7 http://noticias.r7.com/distrito-federal/fas-de-renato-russo-gravam-video-para-pedir-criacao-de-memorial-para-o-cantor-em-brasilia-20072015

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BIBLIOGRAFIA


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TEXTOS MORAES, Marcos José Santos. Residência artística: ambientes de formação, criação e difusão. 2009. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 2009. disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16136/tde-29042010093532/ publico/Marcos_Jose_tese.pdf VASCONCELOS, Ana. Residências artísticas como política pública no âmbito da Funarte. III Seminário Internacional de Políticas Culturais. Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, 2012. disponível em http://culturadigital.br/politicaculturalcasaderuibarbosa/files/2012/09/Ana-Vasconcelos.pdf VASCONCELOS, Ana; BEZERRA, André. Mapeamento de Residências artísticas no Brasil, realização Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, Rio de Janeiro, 2014. disponível em www.funarte.gov.br/residenciasartisticas IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Relatório do Plano Piloto de Brasília. Superintendência do IPHAN no Distrito Federal 3ª edição, Brasília – DF, 2014. ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Arquiteturas de Brasília. Realização ITS – Instituto Terceiro Setor, coleção arte em Brasília: cinco décadas de cultura, Brasília – DF, 2012 FARTHING, Stephen; PLOWMAN, Fiona. Tudo sobre Arte: os movimentos e as obras mais importantes de todos os tempos. Título original “This is Art”. Editora Sextante Ltda, Rio de Janeiro, 2010. PFEIL, Walter; PFEIL, Michèle. Estruturas de Aço: dimensionamento prático. Editora LTC, 8ª edição, Rio de Janeiro, 2009. REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. Estruturas de Aço, Concreto e Madeira. Zigurate Editora, São Paulo, 5ª edição – setembro, 2011. DIAS, Luís Andrade de Mattos. Aço e Arquitetura: estudo de edificações no Brasil. Zigurate Editora, São Paulo, setembro, 2004. DIAS, Luís Andrade de Mattos. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Zigurate Editora, São Paulo, 4ª edição – setembro de 2002. NERI, Rosângela Viana Vieira. A (re)produção do espaço como mercadoria: Pólo 3 – Projeto Orla extensões-latências. 2008. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação, Universidade de Brasília – UnB, Departamento de Geografia, Brasília – DF, 2008. Manuais de Construção em Aço com publicação pela CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço. Todos disponíveis em http://www.cbca-acobrasil.org.br/site/ publicacoes-manuais.php 88

MEIOS ELETRÔNICOS Res Artis. Disponível em http://www.resartis.org/en/ Trans Artis. Disponível em http://www.transartists.org Alliance of Artists Communities. Disponível em http://www.artistcommunities.org


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