UMA ANÁLISE DAS CONCEPÇÕES DE ENSINO DE ZOOLOGIA NO BRASIL A PARTIR DA SBZ Guilherme Lenz (Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Cerro Largo/Bolsista do PIBID Ciências Biológicas). Elivelto Richter (Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Cerro Largo/Bolsista do PIBID Ciências Biológicas). Roque Ismael da Costa Güllich (Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Cerro Largo/Orientador e Coordenador do PIBID Ciências Biológicas). Erica do Espírito Santo Hermel (Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Cerro Largo/Orientadora e Coordenadora do PETCiências). RESUMO Concepções de ensino estão presentes na prática docente e exercem grandes influências no ensino/aprendizado. Este trabalho apresenta uma pesquisa realizada com o objetivo de identificar as concepções de ensino presentes nos resumos da seção Ensino de Zoologia dos Congressos Brasileiros de Zoologia entre os anos de 2004 a 2014. Na pesquisa documental, de cunho qualitativo, foram analisados 167 trabalhos, categorizando as concepções de ensino em: técnico, prático e emancipatório. Foi realizada a identificação das regiões, nível de ensino e instituições de origem das produções. Os resultados apontam para um ensino praticamente norteado por concepções técnicas (49.1%), seguido por concepções práticas (31.1%). As concepções de ensino emancipatórias estão presentes em menor número (19,8%). Os dados indicam que 107 trabalhos foram desenvolvidos na Educação Básica, 36 no Ensino Superior, 17 na educação não formal, 4 na Educação de Jovens e Adultos e 3 na Educação Infantil. Constatamos que 43,35 % dos trabalhos são da região nordeste, 16,78% da região norte, 14,68% da região sudeste, 9,79% da região centro-oeste e 8,39% da região sul. Defendemos a ideia de que as concepções docentes não devem ser intactas e fixas, mas serem fluentes para que possam ser transformadas e aperfeiçoadas de acordo com o contexto vigente. No decurso da formação inicial e continuada a investigação e a reflexão devem ser contínuas, para que o docente longo de sua atuação possa pensar a própria prática, em processo flexível de ação/reflexão/ação, buscar desenvolver um ensino de excelência. Palavras chave: Ensino de Ciências, Ensino de Biologia, Prática Docente. RESUMIN ????? Conceptos de Enseñanza están presentes en la práctica docente y ejercen una gran influencias en la enseñanza / aprendizaje. Este trabajo presenta una encuesta con el fin de identificar las
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concepciones educativas resúmenes actuales de la sección Zoología Enseñanza del Congreso Brasileño de Zoología en los años 2004 a 20014. Se analizaron 167 puestos de trabajo, la categorización de conceptos de enseñanza en: Asociado , práctico y emancipador. Se llevó a cabo la identificación de regiones, nivel de educación y las instituciones donde el trabajo fue desarrollado y aplicado. Los resultados apuntan a una enseñanza práctica guiada por concepciones técnicas (49,1%), seguidas de las concepciones prácticas (31,1%). Los conceptos educativos emancipadores prevalecen menos (19,8%). Los datos indican que se desarrollaron 107 proyectos en la educación básica, 36 en la educación superior, 17 en la educación no formal, la educación de adultos en 4 y 3 en la educación infantil. Se encontró que el 43,35% de los puestos de trabajo se encuentran en el noreste de Brasil, 16,78% en la región norte, 14,68% del Sureste, 9,79% de la región central y 8,39% en la región sur. Defendemos la idea de que las concepciones de los profesores no deben estar intactos y fijo, pero tenga fluidez para que puedan ser transformados y mejorados. Durante la inicial y permanente investigación de la educación y la reflexión debe ser continuo para que el maestro pueda identificar vacíos que son obstáculos para la enseñanza / aprendizaje, y pasar a una transformación conceptual e ideológica. Palabras clave: Concepciones de la enseñanza , Zoología Enseñanza, Enseñanza Práctica . INTRODUÇÃO O significado da palavra “ensino” nos remete a realizar uma reflexão sobre o que é ensinar. Castro (2001, p.15) propõe que, “[...] a ação de ensinar é sobretudo uma intenção que na maior parte das vezes há um longo caminho entre o propósito e sua realização”. Segundo Libâneo (1994, p. 23) “o ensino corresponde a ações, meios e condições para realização da instrução [...]”, sendo a instrução a formação de capacidades por meio de conhecimentos sistematizados. A concepção de ensino pode possuir muitos significados entre sujeitos. Podem existir concepções distintas como também similares entre si. Concepções de Ensino são geradas a partir de necessidades advindas do contexto político/social e podem ser consideradas intenções que são determinantes na ação docente. A partir das concepções docentes sobre o ato de ensinar, é constituída a prática educativa. A escola atual está diretamente ligada à sociedade, sendo que o contexto social pode interferir diretamente sobre a prática docente. Segundo Libâneo (1994, p. 48) “o magistério é
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um ato político por que se realiza no contexto das relações sociais onde se manifestam interesses das classes sociais”. O ensino pode ser influenciado por “intenções” advindas do contexto social e político, e quando aplicadas na prática docente são determinantes na formação de sujeitos, pois as concepções refletem na constituição discente por meio da aprendizagem. Nesse sentido, Rosa e Shenetzler (2003, p.31) preconizam que “o saber é resultado da atividade humana impulsionada por necessidades naturais e por interesses apontados como ‘constitutivos dos saberes”. De acordo com Penin (2001, p.33): “uma concepção origina-se numa busca contrapondo representações recorrentes sobre um fenômeno com sua observação direta”. Concepções de ensino são consideradas como tendências (LIBÂNEO 1994) e analogicamente uma tendência pode significar uma “moda” e cativar seguidores desta proposta. Muitas tendências surgiram em contextos sociais e políticos que diferem do cenário atual, mas essas concepções podem continuar a persentirem na prática pedagógica. Penin (2001, p.33) afirma que “tais concepções possuem uma longevidade variável, conforme a correspondência com a realidade”. Profissionais que exercem a docência devem estar atentos e em constante inovação, para que a prática não esteja em discordância com a realidade. O Ensino de Zoologia é uma subárea dentro do estudo da Educação em Ciências, circunscrito ao Ensino de Biologia. Nos últimos anos tem se discutido constantemente as ações pedagógicas aplicadas ao Ensino de Zoologia, a fim de buscar atribuições e melhorias no ensino/aprendizagem. A Zoologia é abordada durante a educação básica nas disciplinas de Ciências e Biologia e também em cursos de nível superior. É uma importante área da Ciência, em que o ensino busca desenvolver uma construção de conhecimento significativo acerca dos seres vivos, vertebrados e invertebrados, sendo que desenvolver um bom aprendizado é essencial para entender os fatos biológicos. O ensino mediado pela ação pedagógica do professor pode apresentar várias concepções, sendo o docente um sujeito com idealizações próprias. Realizar um estudo de caso sobre as concepções de ensino docentes é importante para identificar e realizar uma análise crítica de como o Ensino de Zoologia vem sendo abordado nos espações educativos brasileiros. Será que o Ensino de Zoologia atual contempla todas as perspectivas de um ensino influente na realidade de sujeitos alvos dessa ação? Como as concepções de ensino se reestabeleceram nos últimos anos? Em quais regiões do Brasil o Ensino de Zoologia esta sendo discutido constantemente? Será que essas discussões possuem uma ampla reflexão
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sobre todo processo de ensino/aprendizado? Essas incógnitas são pontos que iremos identificar, analisar e refletir ao longo do texto, construindo um abrangente panorama das relações estabelecidas nos espações educativos, servindo como objeto de estudo para os educadores. METODOLOGIA O Congresso Brasileiro de Zoologia (CBZ) é um evento nacional que é realizado sob a organização da Sociedade Brasileira de Zoologia (SBZ) desde o ano de 1979. O CBZ é subdivido em várias subáreas ou sessões que contemplam a Zoologia. Uma dessas subáreas é o Ensino de Zoologia, em que são publicados trabalhos referentes ao Ensino de Zoologia aplicado a Educação Básica, Ensino Superior e também na educação não formal. A cada congresso é gerado um documento contendo os anais do evento. Ao decorrer do texto iremos apresentar uma pesquisa qualitativa sobre as concepções de ensino identificadas sob análise documental dos resumos do CBZ - subárea Ensino de Zoologia entre os anos de 2004 a 2014. Uma análise com um histórico recente (últimos 10 anos), mas que pode indicar perspectivas do Ensino de Zoologia e cenários do ensino decorrentes em um contexto social. Esta pesquisa discorre sobre como se ensina e se aprende Zoologia no âmbito nacional com base em análise de documentos públicos do CBZ, sendo esse congresso o principal espaço de discussões sobre o Ensino de Zoologia no Brasil. Foram delineadas etapas para o desenvolvimento da pesquisa documental. Seguiu-se um roteiro que embasou a determinação dos objetivos, obtenção do material, tratamento dos dados, confecção de tabelas, construção lógica e redação do trabalho (GIL, 2002). A análise buscou identificar e classificar concepções de ensino presentes nos resumos publicados da seção de Ensino de Zoologia do CBZ. A categorização das concepções seguiu os pressupostos de Rosa e Shenetzler (2003), sendo divididas em: técnico, prática e emancipatória. De acordo com Rosa e Shenetzler (2003, p.31[grifos das autoras]): o técnico é aquele que movimenta os seres humanos para adquirir conhecimentos que levam ao controle técnico dos objetos naturais. O conhecimento que resulta desse tipo de interesse é tipicamente instrumental, na forma de explicações científicas. O interesse técnico é supostamente “desinteressado”. Por outro lado, o prático gera um conhecimento de natureza interpretativa, capaz de informar e orientar o juízo prático, sendo delimitado por significados subjetivos. Nessa perspectiva, todos os sujeitos participantes validam o conhecimento produzido. O emancipatório investe na possibilidade de superar a limitação dos significados
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subjetivos em direção a um saber emancipador cujo marco de referência objetivo permite a comunicação e a ação social, mediante processos reflexivos.
A pesquisa contemplou um roteiro para realização da análise dos dados, seguimos os pressupostos de Lüdke; André (2001) desenvolvendo três etapas de análise, sendo elas: préanálise, exploração do material e o tratamento dos resultados e interpretação. Foram estabelecidos critérios de inclusão dos trabalhos, a saber: i) foram analisados apenas trabalhos que abordavam ações voltadas para o Ensino de Zoologia, ou seja, resumos que denotavam uma ação pedagógica com base na relação entre ensino/aprendizado; ii) não foram analisados trabalhos que não compartilham vínculo nenhum com o ensino e trabalhos de outras áreas da Zoologia . A pesquisa também objetivou identificar a região, as instituições produtoras dos trabalhos e os níveis de ensino indicados no trabalho. Foram analisados 167 trabalhos dentre os 247 publicados na sessão do ensino entre os anos de 2004 a 2014, conforme o quadro 1: Quadro 1: Distribuição dos trabalhos publicados e analisados na sessão Ensino de Zoologia entre os anos de 2004 a 2014
Ano Publicação
da 2004
2006
2008
2010
2012
2014
Total
Nº de trabalhos 29 publicados
57
23
69
47
22
247
Nº de trabalhos 21 analisados
20
18
41
46
21
167
Fonte: Lenz, Richter, Güllich e Hermel, 2015. Nota: Trabalho de Conclusão de Curso, Licenciatura em Ciências Biológicas, UFFS, Campus Cerro Largo/RS.
No ano de 2004 e 2010 as seções de Ensino de Zoologia e Educação Ambiental foram agrupadas na mesma subárea, necessitando realizar uma seleção dos trabalhos específicos do Ensino de Zoologia para a análise. Já no ano de 2010 verificou-se trabalhos em outras línguas, inglês e espanhol. Constatamos que em 2006 foram publicados um grande número de trabalhos de outras subáreas da zoologia na seção do ensino, assim há uma grande discrepância entre trabalhos publicados e trabalhos analisados, tendo em vista os critérios de inclusão já apresentados. ANÁLISE E DISCUSSÃO A Zoologia é uma importante área do ensino, sendo abordada durante a escolarização básica e também em alguns cursos superiores, como na formação de professores de Ciências e
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Biologia. Identificar e discutir problemáticas presentes no ensino de zoologia se faz necessário para a construção de um ensino que reflita uma boa aprendizagem. O Ensino de Zoologia deve promover a autorreflexão discente, requisitar a incorporação da aprendizagem teórica/científica com fatos reais, efetivar uma aprendizagem motivadora que ultrapasse o contexto escolar, construindo competências em sujeitos promotores de saberes em constante transformação. Todas as atribuições citadas acima são próprias, acreditamos que elas podem tornar o Ensino de Zoologia mais dinâmico e atraente. Nós possuímos concepções próprias, outras pessoas podem ter suas próprias concepções e estas podem ser similares ou completamente distintas das nossas. O fato é que concepções são determinantes na forma de pensar e agir no ensino. Por meio do método aplicado durante a pesquisa é possível construir um abrangente panorama sobre as concepções docentes aplicadas no Ensino de Zoologia. A parir deste estudo é possível identificar concepções presentes na prática docente e também como elas se estabeleceram nesse período de tempo. Ao realizar uma análise dos dados, em relação às concepções de ensino, de acordo com o referencial utilizado (ROSA E SHENETZLER, 2003), os resultados apontam para um Ensino praticamente norteado por concepções técnicas (49.1%), seguido por concepções práticas (31.1%). As concepções de ensino emancipatórias estão presentes em menor número (19,8%) como apresenta o quadro 2. Quadro 2: Análise das concepções de ensino (técnico, prático, emancipatório) identificadas nos resumos do CBZ. Concepções de Ensino (%)
2004
2006
2008
2010
2012
2014
Total
Técnico
66,7
45
38,9
44
53,2
42,9
49.1
Prático
19
45
38,9
36,5
23,4
33,3
31.1
Emancipatório
14,3
10
22,2
19,5
23,4
23,8
19,8
Fonte: Lenz, Richter, Güllich e Hermel, 2015. Nota: Trabalho de Conclusão de Curso, Licenciatura em Ciências Biológicas, UFFS, Campus Cerro Largo/RS.
Também identificamos o local onde esses trabalhos foram produzidos em nível de regiões brasileiras (figura1). Essa análise permite avaliar regiões brasileiras onde o Ensino de Zoologia esta sendo investigado criticamente, sendo que a escrita por meio de publicações é uma forma de o docente investigar a própria prática e também proporcionar a exposição desta experiência para outros docentes e investigadores, a fim de compartilhar experiências.
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Figura 1: Percentual de trabalhos analisados por regiões brasileiras, identificados na sessão de Ensino de Zoologia do CBZ entre os anos de 2004 a 2014.
Fonte: Fonte: Lenz, Richter, Güllich e Hermel, 2015. Nota:1- Trabalho de Conclusão de Curso, Licenciatura em Ciências Biológicas, UFFS, Campus Cerro Largo/RS. 2- Os trabalhos em que não era explícita a localização não foram catalogados.
Foi possível identificar os níveis de ensino em todos os resumos, por meio de fragmentos do texto que indicavam o nível de ensino da ação descrita, como pode ser obervado na Figura 2. Nos anos de 2010, 2012 e 2014 houve um grande acréscimo de trabalhos desenvolvidos na educação básica em relação aos outros anos. É relevante e importante reiterar que a Zoologia também está sendo trabalhada na educação infantil, fora do plano curricular desta etapa da escolarização. Figura 2: Níveis de ensino identificados na análise documental do CBZ na seção de Ensino de Zoologia.
Fonte: Fonte: Lenz, Richter, Güllich e Hermel, 2015. Nota: Trabalho de Conclusão de Curso, Licenciatura em Ciências Biológicas, UFFS, Campus Cerro Largo/RS.
Algumas Universidades destacaram-se na análise realizada sob os documentos, apresentando grande número de trabalhos publicados nos CBZ. Dentre elas estão a Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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(UFRN), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e Universidade Federal de Goiás (UFG), o que fortalece a prevalência de trabalhos na região nordeste. Ainda é incipiente o número de educadores a nível nacional que participam deste importante congresso. Integrar a prática educacional a uma investigação é fundamental para aprimorar a prática docente e realizar uma reflexão sobre o que fazemos, enquanto fazemos (ANTUNES, 2013). Pereira e Vasconcelos (2010, p.326) publicaram um trabalho no CBZ de 2012 nominado de “Pesquisa em Ensino de Zoologia: uma análise dos trabalhos apresentados no CBZ entre os anos de 1998-2008”, e demonstram a mesma preocupação: o Ensino de conteúdos zoológicos tem sido objeto de estudo de um número relativamente pequeno de pesquisadores e educadores, e isto se reflete na tímida presença do tema em congressos científicos. Essa reflexão sobre a ação educativa contribui para a melhoria do ensino-aprendizagem, sobretudo quando se consideram as inúmeras críticas que o ensino de Zoologia tem recebido decorrente da maneira frequentemente fragmentada e descontextualizada em que os temas são apresentados, valorizando a memorização excessiva de nomes e caracteres morfológicos. Nesse sentido, é importante realizar estudos que analisem o perfil e avanços dessas pesquisas nos últimos anos.
Defendemos que por meio da interação entre docentes e discentes é construída a formação de sujeitos mediantes a uma sociedade. Docentes tem função central no contexto educacional, pois é ele o mediador do processo de ensino, pois segundo Libâneo (1994, p.80) “o ensino é um processo bilateral em virtude de que combina a atividade do professor (ensinar) com a atividade do aluno (aprender). Professores de nível superior e básico através de sua prática norteada por concepções podem induzir e criar em seus alunos uma visão idêntica à concepção docente aplicada na formação desses sujeitos. Esse fato se torna ainda mais agravante em cursos de formação de professores, pois o modo de como o docente ensina é seguido como exemplo e é reproduzido na formação de futuros professores. De acordo com Moysés (2011,p.45) o docente “no exercício do magistério, ele conta com sua experiência pessoal e com conhecimentos socialmente elaborados que lhes foram transmitidos durante a formação. Deste modo, é gerado um efeito paradigmático, concepções permanecem constantes ao longo de períodos de tempo, pois o ensino é uma correlação de dualidade, por exemplo, professores com uma concepção técnica adotarão em sua prática princípios técnicos e formarão de forma similar indivíduos com as mesmas concepções. Segundo Carvalho e Gil Pérez (1993, p. 82) “a primeira contribuição à preparação de futuros professores e professoras
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seja, talvez, torná-los conscientes que possuem formação docente anterior, adquirida ‘ambientalmente’ ao longo de muitos anos em que, como alunos, estiveram em contato com seus professores”. O docente é o mediador do processo de ensino, por esse fato é necessário que o mesmo se mantenha em constante atualização, aprimorando sua prática. É certo que existem concepções obsoletas, e essas se não transformadas tangem uma aprendizagem incerta. De acordo com Moysés (1994, p. 48): “as representações sociais só são modificadas quando os desacordos entre elas e a realidade atingem níveis insuportáveis, ou seja, mediantes profundas incoerências intra ou interindividuais”. Deste modo, defendemos a ideia de que a docência é um processo contínuo de formação. Concepções docentes não devem ser intactas e fixas, mas serem fluentes para que possam ser transformadas de acordo com o contexto vigente. No decurso da formação inicial e continuada a investigação e a reflexão devem ser contínuas, para que o docente possa identificar lapsos que são obstáculos para o ensino/aprendizado, e partir para uma transformação conceitual e prática de longo prazo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Destacamos que este estudo não busca julgar as concepções de ensino dos trabalhos analisados, mas sim, trazer de forma contextual dados concretos embasados em um estudo detalhado, que possam auxiliar em futuras reflexões sobre as concepções docentes que prevalecem nos trabalhos apresentados no CBZ. A Zoologia é uma área da Biologia que gera várias possibilidades de interação com outras áreas, como a evolução, o comportamento animal e as interações ecológicas. Desenvolver um conhecimento significativo nessa área é de fundamental importância para potencializar sujeitos críticos e reflexivos mediante a sociedade. É função do professor promover uma relação mutua, lembrando, que em sala de aula ele é o mediador dos processos de ensino e aprendizagem promovendo a troca de informações e conhecimento. Segundo Libâneo (1994, p.151) os métodos de ensino “decorrem de uma concepção de sociedade, da natureza da atividade prática no mundo, do processo de conhecimento e, particularmente, da concepção da prática educativa em uma determinada sociedade”. Assim cabe ao professor desenvolver uma autorreflexão sobre sua prática docente, a fim de detectar,
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aperfeiçoar e (re) construir suas concepções ou metodologias, associando-as com a realidade escolar, social e política. A docência é um cosmo de interrelações e para entender os processos que compõem essa conjuntura é preciso praticar, vivenciar, investigar a prática educativa. O docente ao longo de sua atuação deve pensar a própria prática, em processo flexível de ação/reflexão/ação, buscar desenvolver um ensino de excelência. REFERÊNCIAS ANTUNES, Fabiano. O trabalho docente em ciências: De Técnico a Investigador. In: GÜLLICH, Roque Ismael da Costa; HERMEL, Erica do Espírito Santo. Ensino de Biologia: Construindo caminhos formativos. Curitiba: Appris, 2013. p. 13-319. CARVALHO, Anna Maria de Pessoa de; GIL-PÉREZ, Daniel. Formação de professores de ciências. 26. ed. São Paulo: Cortez, 1993. 110 p. (Coleção questões da nossa época). CASTRO, Amélia Domingues de. O Ensino: Objeto da didática. In: CASTRO, Amélia Domingues de; CARVALHO, Anna Maria de Pessoa. Ensinar a ensinar: Didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Cengage Learning, 2001. p. 05-195. CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 28, 2010, Belém. Pesquisa em Ensino de Zoologia: uma análise dos trabalhos apresentados no CBZ entre os anos de 19982008. Belém, Pa: Sociedade Brasileira de Zoologia, 2010. 1706 p. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 174 p. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 33. ed. São Paulo: Cortez, 1994. 263 p. (Formação do Professor). LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Epu, 2001. MOYSÉS, Lucia. O desafio de saber ensinar. 16. ed. Campinas, SP: Papirus, 1994. 125 p. PENIN, Teresinha de Souza. Didática e cultura: O ensino comprometido com o social e a contemporaneidade. In: CASTRO, Amélia Domingues de; CARVALHO, Anna Maria de Pessoa. Ensinar a ensinar: Didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Cengage Learning, 2001. p. 05-195. ROSA, Maria Inês de Freitas Petrucci dos Santos; SCHNETZLER, Roseli Pacheco. A investigação-ação na formação continuada de professores de ciências. Ciência e Educação, Bauru, v. 9, n. 1, p.27-39, 2003. Disponível em: <http://www.unimep.br/~rpschnet/ciencia-educacao-2003.pdf>. Acesso em: 17 mai. 2015.
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