Indico – 2018.08 – Terraço das Quitandas – Um pedaço de história — Elmano Madail

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PREMIUM PREMIUM

RECOLHA PASSENGER PICK UP

ALTITUDE ALTITUDE

O inédito encontro entre o elefante e a baleia Unprecedented encounter between the elephant and the whale

ATUM O alimento da Ilha

MAURO PINTO Uma vida dedicada à fotografia A life dedicated to photography

TUNA The island´s food

ESTE EXEMPLAR É SEU YOUR FREE COPY . SET OUT SEP OCT . SÉRIE IV . Nº 51 . 2018

REVISTA DE BORDO DA LAM LAM’S INFLIGHT MAGAZINE


ÍNDICE CONTENTS

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HORIZONTES HORIZONS

TERRA LAND

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Moçambique recebe animais selvagens Mozambique welcomes wildlife

PREMIUM PREMIUM reserva especial de maputo O inédito encontro entre o elefante e a baleia

78 CLASSES CLASSES

maputo special reserve Unprecedented encounter between the elephant and the whale

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Tecer o futuro com a Formiga Juju Weaving the future with Juju Ant

EVASÃO ESCAPE

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terraço das quitandas Um pedaço de história A piece of history

GPS GPS cplp Uma (futura) potência económica mundial A (future) world economic power

22 OUTRAS PARAGENS OTHER STOPS

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tânger A bela e mágica sereia tangier The beautiful and magical mermaid

ROLAR TAXIING

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Quando o cool é ser UNCOOL When what’s cool is being UNCOOL

GASTRONOMIA GASTRONOMY

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LOUNGE LOUNGE

CULTURA CULTURE

mia couto convida… Manuel Mutimucuio

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mia couto invites... Manuel Mutimucuio

PRIMEIRA FILA FIRST ROW maria joão zagallo A conquistar moçambique Conquering Mozambique

PREMIUM PREMIUM O inédito encontro entre o elefante e a baleia Unprecedented encounter between the elephant and the whale

RECOLHA PASSENGER PICK UP

ALTITUDE ALTITUDE

ATUM O alimento da Ilha

MAURO PINTO Uma vida dedicada à fotografia A life dedicated to photography

TUNA The island´s food

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REVISTA DE BORDO DA LAM LAM’S INFLIGHT MAGAZINE

CAPA [[ COVER jay garrido

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99 MUNDO LAM LAM’S WORLD

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PROPRIEDADE [[ PUBLISHER LAM - Linhas Aéreas de Moçambique SA; www.lam.co.mz; www.facebook.com/VOELAMM; Call Center: +258 21 468 800 Série [[ Series IV, nº 51 DIRECTOR GERAL DA LAM [[ LAM’S MANAGING DIRECTOR João Carlos Pó Jorge EDITOR EXECUTIVO [[ EXECUTIVE EDITOR Frederico Jamisse COLABORADORES [[ CONTRIBUTORS Ana Filipa Amaro; Adelino Timóteo; Amâncio Miguel; Alda Costa; Cristina Freire; Custódio Mugabe; Francisco Manjate; Francisco Noa; Gil Filipe; Guilherme Mussane; José Machicane; Jorge Ferrão; Kaysa Johnsson; Laurindos Macuácua; Luís Loforte; Madyo Couto; Mia Couto; Magda Arvelos; Paola Rolletta; Pedro Cativelos; Rui Trindade; Sangare Okapi; Sónia Sultuane; Susana Gonçalves e Ungulani Ba Ka Khosa FOTÓGRAFOS [[ PHOTOGRAPHERS Alexandre Marques; Acamo Maquinasse; Benoit Marquet; Chico Carneiro; Dudu Mogne; Filipe Branquinho; Jay Garrido; João Costa (Funcho); Koos van der Lende; Mauro Pinto; Madyo Couto; Mário Macilau; Mauro Vombe; Ouri Pota; Pedro Sá da Bandeira; Piotr Naskrecki; Ricardo Franco; Ricardo Pinto Jorge; Ricardo Rangel; Tito Calado; Tomás Cumbana; Vasco Célio e Yassmin Forte TRADUÇÃO [[ TRANSLATION David Miranda, Pangeia - Serviços de Tradução DESIGN Executive Moçambique PRODUÇÃO GRÁFICA [[ GRAPHIC PRODUCTION Iona - Comunicação e Marketing, Lda (Grupo Executive) PUBLICIDADE [[ ADVERTISING Departamento Comercial [[ Commercial Department Ana Antunes (Moçambique Mozambique) ana.antunes@executive-mozambique.com; iona@iona.pt/contacto@iona.pt (Portugal) ADMINISTRAÇÃO, REDACÇÃO E PUBLICIDADE [[ ADMINISTRATION, EDITION AND ADVERTISING Executive Moçambique; Rua do Telégrafo, nº 109 – Sala 6, Bairro Polana Cimento, Maputo – Moçambique; Tel.: +258 21 485 652; Telm.: +258 84 311 9150; geral@executive-mozambique.com DELEGAÇÃO EM LISBOA [[ LISBON OFFICE Rua Filipe Folque, nº 10 J – 2º drtº, 1050-113 Lisboa; Tel.: +351 213 813 566; iona@iona.pt IMPRESSÃO E ACABAMENTO [[ PRINTING AND FINISHING MINERVA PRINT - MAPUTO - MOÇAMBIQUE Maputo - Mozambique TIRAGEM [[ PRINT RUN: 15.000 exemplares 15.000 copies NÚMERO DE REGISTO [[ REGISTRATION NUMBER: 08/GABINFO-DEC/2006

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ÍNDICO SET. OUT SEP. OCT

TEXTO TEXT: ELMANO MADAIL FOTO PHOTO: JAY GARRIDO

TERRAÇO DAS QUITANDAS

UM PEDAÇO DE HISTÓRIA A PIECE OF HISTORY

Sobranceiro ao mar que rodeia a Ilha de Moçambique, deste singular hotel avistam-se múltiplas paisagens, ora tangíveis pelos sentidos, como as Cabaceiras e os dhow rompendo o horizonte, ora fabricadas pelo imaginário que inspira a fantasia dos que por ali se demoram em justo descanso. No Terraço das Quitandas, os viajantes encontram, mais do que um hotel de charme debruçado sobre o Índico que jaz, manso, a seus pés, um lugar de beatitude introspectiva e no qual reverbera, em cada recanto do edifício, a História da própria Ilha – esse singelo repositório de culturas que é, hoje, Património da Humanidade. As grossas paredes, articuladas em torno do amplo pátio interior, são elas próprias documento dos tempos áureos em que o Terraço das Quitandas se fez feitoria pelos alvores do século XVIII e a dois passos do coração da Cidade de Pedra e Cal. Foi demorada, a intervenção. “Quando foi adquirido, em 2000, não tinha, sequer, portas nem janelas, e parte das paredes e do telhado estava destruída”, recorda António Pinto Ribeiro, diligente guardião do Terraço das Quitandas. Não obstante, com paciência, paixão e respeito pelas técnicas e materiais de antanho – as traves dos tectos, por exemplo, são ainda de pau ferro – recuperou-se o esplendor de outrora, e o Terraço das Quitandas abriu portas em 2009.

Overlooking the sea that surrounds the Island of Mozambique, this unique hotel bears witness to multiple landscapes, sometimes tangible through the senses, such as Cabaceiras and the dhow breaking the horizon, other times through the imagination that inspires the fantasy of those who linger there to get some rest. At the Terraço das Quitandas, travelers find, more than a charming hotel overlooking the Indian Ocean, which lies idly at its feet, a place of introspective beatitude and in which reverberates, in each corner of the building, the history of the Island itself - this simple repository of cultures that is today a World Heritage Site. The thick walls, placed around the large inner courtyard, are themselves a document of the golden times in which the Terraço das Quitandas was established as a trading post on the dawn of the eighteenth century, and two steps away from the heart of the City of Stone and Lime. The intervention was long. “When it was purchased in 2000, it didn’t even have doors or windows, and part of the walls and roof was destroyed”, António Pinto Ribeiro recalls, diligent guardian of the Terraço das Quitandas. However, with patience, passion and respect for the techniques and materials of yore - the ceiling beams, for example, are still of ironwood - the splendor of a long-lost time has been recovered, and the Terraço das Quitandas opened doors in 2009.

As grossas paredes são elas próprias documento dos tempos áureos em que o Terraço das Quitandas se fez feitoria pelos alvores do século XVIII. The thick walls are themselves a document of the golden times in which the Terraço das Quitandas was established as a trading post on the dawn of the eighteenth century. 18


EVASÃO ESCAPE

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ÍNDICO SET. OUT SEP. OCT

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1 Mesmo reconstruído, o Terraço das Quitandas preserva traços da antiguidade. Even rebuilt, the Terrace of the Greenery preserves traces of antiquity.

2 A entrada com marcas artísticas dá as boas-vindas aos clientes. The entrance with artistic marks welcomes the clients.

A paixão é notória na decoração das seis suites climatizadas e zonas comuns (sala de estar e de jantar) composta de peças e padrões de origens diversas, numa fusão que resulta harmoniosa e cujo denominador comum é, para lá do bom gosto, o conforto e a sensação de estar em casa. Onde não falta, sequer, sala de jogos e biblioteca. A vera magia do lugar esconde-se, porém, na varanda florida voltada para o mar e no apartamento da cobertura. Da primeira, saímos retemperados e de alma lavada pelo tranquilo movimento das marés; do segundo, que emerge do amplo terraço branco, interiorizamos a singularidade da Ilha de Moçambique ao vermos, de um lado, o espraiar do oceano que a rodeia e, do outro, todo o casario plurissecular da Cidade de Pedra e Cal. Inesquecível. Tal como o próprio Terraço das Quitandas que, muito mais do que um hotel, é uma experiência. A repetir.

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The passion is evident in the decoration of the six air-conditioned suites and common areas (living room and dining room), composed of pieces and patterns of different origins, in a fusion that is harmonious and whose common denominator is, more than good taste, comfort and the feeling of being at home. Where there is even a games room and fully-furnished library. The true magic of the place is hidden, however, on the flowered balcony facing the sea and the penthouse apartment. Regarding the former, we left replenished and with our soul cleansed by the calm movement of the tides; regarding the latter, which emerges from the wide white terrace, we internalize the singularity of the Island of Mozambique when we see, on the one hand, the ocean sprawl that surrounds it and, on the other, all the multi-secular houses of the City of Stone and Lime. Unforgettable. Much like the Terraço das Quitandas which, much more than a hotel, is an experience. To be repeated.


▶ COMO IR HOW TO GO A LAM voa todos os dias de Maputo para Nampula e/ou Nacala. Em Nampula e/ou Nacala é alugar um carro e rodar 200 km até à Ilha. LAM flies every day from Maputo to Nampula and/or Nacala. In Nampula and/or Nacala, one can rent a car and drive 200 km to the Island.

▶ ONDE COMER WHERE TO EAT O Terraço das Quitandas não tem cozinha, mas pode-se encomendar o jantar. De resto, fica a dois passos do Relíquias e do Karibu, ambos na Av. da República. The Terraço das Quitandas has no kitchen, but dinner may be ordered in advance. Otherwise, it is a stone's throw from the Relíquias and the Karibu, both on Av. da República.

▶ O QUE FAZER WHAT TO DO Percorrer a Ilha a pé e visitar os edifícios e monumentos da Cidade de Pedra e Cal ou visitar a Cidade de Macúti com os guias da AGITIM - Associação de Guias Turísticos da Ilha de Moçambique. Tour the Island on foot and visit the buildings and monuments of the City of Stone and Lime, or visit the City of Macúti with the tour guides from AGITIM - Association of Tour Guides of the Island of Mozambique.

▶ CONTACTOS CONTACTS Av. Da República, Ilha de Moçambique Telm.: +258 266 101 15 / 846 131 243 Email: terraco.das.quitandas@gmail.com

*Preço por pessoa, por noite, em quarto duplo Rate per person per night in a double room

NOITES SUGERIDAS NIGHTS SUGGESTED 3 PREÇO MÉDIO AVERAGE PRICE 12.000 MZN*

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ÍNDICO SET. OUT SEP. OCT

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GASTRONOMIA GASTRONOMY

GASTRONOMIA GASTRONOMY LUGAR SEAT restaurante karibu Onde se vendia roupa íntima, come-se um atum divinal . 32 karibu restaurant Where underwear were sold, divine tuna is eaten

RECOLHA PASSENGER PICK UP atum O alimento da Ilha . 34 tuna The island´s food

RECOLHA PASSENGER PICK UP óleo de argan Um excelente óleo para cremes . 38 argan oil An excellent oil for moisturizers

LUGAR EXTRA EXTRA SEAT tindouf Uma cidade comercial . 42 A commercial city

HIDRATAR HYDRATING vermouth tosti bianco Uma receita de família . 44 A family recipe

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ÍNDICO SET. OUT SEP. OCT

RESTAURANTE KARIBU KARIBU RESTAURANT

ONDE SE VENDIA ROUPA ÍNTIMA, COME-SE UM ATUM DIVINAL WHERE UNDERWEAR WERE SOLD, DIVINE TUNA IS EATEN TEXTO TEXT: ELMANO MADAIL FOTO PHOTO: JAY GARRIDO

Talvez pela fachada, cuja traça denuncia o gosto indiano, talvez pela sala de jantar, com singelo bar ao fundo e paredes de reboco índigo onde moram quadros e fotografias de outrora, eventualmente pela simpatia do serviço – sorridente e atento sem ser intrusivo, mas seguramente pela cozinha honesta que oferece, o Karibu é uma referência na Ilha de Moçambique. A fundação do restaurante, na Avenida da República da Cidade de Pedra e Cal, remonta a 1999, mas foi há dois anos e meio que Jorge Forjaz o resgatou da decadência. Por pressão da paternidade: “Sempre vi os restaurantes como escravatura consentida e não queria isso para mim”, confessa o homem que aportou na Ilha para apostar na hotelaria, ramo em que trabalhou em Joanesburgo, África do Sul. “O restaurante era só para apoio do hotel que pretendia abrir”. Como nunca franqueou as portas do sonho, o nascimento do primogénito mudou-lhe a perspectiva. De resto, “a oferta não era muita e achei que podia fazer a diferença”, diz Forjaz. E fez. Ao que não será alheio o próprio imóvel. “No tempo colonial, era uma loja indiana de gravatas e roupa íntima feminina, com atelier de costura

Perhaps because of the façade whose design denounces an Indian influence, perhaps because of the dining room, with a simple bar in the background and walls of indigo plaster where paintings and pictures of yesteryear reside, eventually because of the staff’s friendliness - smiling and attentive without being intrusive, but surely because of the honest cuisine that it offers, the Karibu is a reference in the Island of Mozambique. The restaurant’s opening, on Avenida da República da Cidade de Pedra e Cal, dates back to 1999, but it was two and a half years ago that Jorge Forjaz rescued it from decay. He blames his paternity: “I always saw restaurants as self-induced slavery, and I didn’t want this for myself”, confesses the man who came to the Island to bet on hospitality, an industry he first worked in in Johannesburg, South Africa. “The restaurant was only to support the hotel that I wanted to open”. Since he never crossed the doors of his dream, the birth of his first-born changed his perspective. After all, “the offering wasn’t much and I thought it could make a difference”, Forjaz says. And it did. For which the building itself will be somewhat responsible. “In colonial times, it was an Indian tie and women’s underwear shop, with a sewing

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no primeiro andar”, explica Forjaz, que meteu, literalmente, mãos à(s) obra(s). Dona Amélia, por seu turno, mete a mão nas panelas. Todos os dias, excepto à Segunda-feira. É graças à cozinheira, “regressada à Ilha para cuidar da mãe doente depois de correr meio mundo”, que onde antes se vendiam cuecas agora se aprecia uma “fusão culinária das influências portuguesa, moçambicana e indiana”. Um reflexo, afinal, da Ilha ela própria... E é das águas ao redor que chega o atum para um carpaccio tão memorável como o filete com sementes de sêsamo ou as lulas de escabeche com cebola e soja. O mar, porém, nem sempre é perdulário pelo que, para garantir frescura aos clientes abancados nas dez mesas, o menu se mostra contido. A carta de vinhos idem: maduros, são dez, entre tintos e brancos; verdes, só dois. Frugalidade aparente que o pudim de abóbora, tão exuberante no sabor, desmente. E bastaria esse, afinal, para tornar o Karibu de Amélia e Forjaz num lugar a revisitar.

workshop on the first floor”, Forjaz explains, who literally put his hands to work. Dona Amélia, for her part, puts her hands in the pots. Every day, except Monday. It is thanks to the cook “returned to the Island to take care of her sick mother after crossing half the world” that, where before panties were sold, now a “fusion of Portuguese, Mozambican and Indian influences” may be appreciated. A reflection, after all, of the Island itself... And it is from the waters around that the tuna is sourced for a carpaccio as memorable as the fillet with sesame seeds, or the marinated squid with onion and soy. The sea, however, is not always plentiful so, in order to ensure freshness to the customers seated on the ten tables, the menu is restrained. As is also the wine list: there are ten ripes, from red to white; unripes, only two. An apparent frugality that the pumpkin pudding, so exuberant in taste, belies. And it would be enough, after all, to make Amelia and Forjaz’s Karibu a place to revisit.

Nas paredes da sala de jantar moram quadros e fotografias de outrora. On the walls of the dining room reside paintings and pictures of yesteryear.

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ATUM TUNA

O ALIMENTO DA ILHA THE ISLAND’S FOOD TEXTO TEXT: ELMANO MADAIL FOTO PHOTO: JAY GARRIDO

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RECOLHA PASSENGER PICK UP

ENTREGUE À DESTREZA DE DONA AMÉLIA, O PEIXE É CONVERTIDO EM BIFES COM TRÊS DEDOS DE ALTURA, SELADOS NA PASSAGEM BREVE PELO AZEITE QUENTE. DELIVERED TO DONA AMELIA’S DEXTERITY, THE FISH IS CONVERTED INTO STEAKS THREE FINGERS HIGH, SEARED BRIEFLY IN HOT OLIVE OIL.

O simpático restaurante Karibu é assumidamente espartano na oferta de pratos, opção profiláctica visando garantir a frescura dos ingredientes cuja alquimia resulta em pequenas odes ao engenho de Dona Amélia. Para grande proveito do palato dos comensais. Nos olhos dessa mulher robusta e de sorriso fácil, que preside ao laboratório culinário do Karibu, adivinham-se as muitas marés, pelas quatro partidas do Mundo que Dona Amélia terá singrado antes de volver à sua Ilha natal. E, nesse excurso global, foi colhendo um saber ecléctico que o seu filete de atum com sementes de sésamo traduz com deliciosa eloquência. Atum, esse peixe grande que abunda por todo o Índico e alimenta a economia local da Ilha de Moçam-

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The friendly restaurant Karibu is admittedly spartan in its offering, a prophylactic option to ensure the freshness of the ingredients whose alchemy results in small odes to Dona Amélia’s ingenuity. To greatly benefit the palate of diners. In the eyes of this stocky and easy-smiling woman who presides over the Karibu’s culinary laboratory, we can witness the many tides of the four departures around the World that Dona Amelia has endeavored before returning to her native island. And in this global outing, she reaped an eclectic knowledge that her tuna filetl with sesame seeds translates with delightful eloquence. Tuna, this large fish that abounds throughout the Indian Ocean and feeds the local economy of the


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bique, furtado às salsas águas de cristal turquesa pelos pescadores que se aventuram para lá do horizonte e madrugada adentro, transita dos dhow de vela triangular para a cozinha do Karibu bem cedo pela manhã. Entregue à destreza de Dona Amélia, o peixe é convertido em bifes com três dedos de altura, selados na passagem breve pelo azeite quente que, nesse ápice, lhes deixa incólumes a firmeza da carne, a textura aveludada e, enfim, um genuíno sabor a mar. Dona Amélia acrescenta-lhe, com parcimónia e comedimento, especiarias não reveladas – andará por ali gengibre, é certo... – mas nada invasivas, antes de embrulhar os nacos promissores nas sementes de sésamo e devolvê-los, assim ataviados, ao borbulhar do azeite para novo escaldão. Tão fugaz e eficaz como o anterior. E neste processo demora-se menos, Dona Amélia a fabricar, na frigideira do Karibu, o filete de atum com sementes de sésamo, suculento e crocante, do nosso contentamento – chegado à mesa com o mesmo arranjo despretencioso que preside, aliás, ao restaurante como um todo – e dos comensais na degustação desse prato já incontornável na paisagem gastronómica da Ilha de Moçambique.

Island of Mozambique, stolen from the turquoise waters by the fishermen who venture beyond the horizon and until dawn, transitions from the triangular sail dhows to the Karibu kitchen early in the morning. Delivered to Dona Amelia’s dexterity, the fish is converted into steaks three fingers high, seared briefly in hot olive oil which leaves the firmness of the meat, the velvety texture, and ultimately the taste of the sea, untouched. Dona Amelia adds undisclosed spices with parsimony and restraint - ginger should be involved, that’s for sure... - but nothing invasive, before wrapping the promising steaks in sesame seeds and returning them thus enveloped to the bubbling olive oil for flash cooking. As fleeting and effective as the last. And in this process, Dona Amélia takes less time to produce the succulent and crunchy tuna fillet with sesame seeds in the Karibu’s frying pan, to our heart’s content - arriving at the table with the same unpretentious arrangement that pervades the restaurant as a whole - and elating the diners in the tasting of this already unavoidable dish in the gastronomic landscape of the Island of Mozambique.

Atum, esse peixe grande que abunda por todo o Índico e alimenta a economia local da Ilha de Moçambique, furtado às salsas águas de cristal turquesa. Tuna, this large fish that abounds throughout the Indian Ocean and feeds the local economy of the Island of Mozambique, stolen from the turquoise waters.

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