Emagazine - Edição 10

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E MAGAZINE n.º 10 | 2022 | www.emagazine.pt

A REVOLUÇÃO DOS NÓMADAS DIGITAIS FÁBIO JESUÍNO 'ANYWHERE WORK' LILIANE MACHADO VOCÊ CONHECE O SEU CONSUMIDOR? ANA PAULA RUSCHEL O QUE INTERESSA NO FINAL DE CONTAS… ANDRÉ TIAGO ALMEIDA MARCAS COM ESSÊNCIA. MAKA WERNER SER FELIZ NO TRABALHO ENTREVISTA A REINALDO SANTOS A FAMEL E-XF ESTÁ DE VOLTA! ENTREVISTA A JOEL SOUSA EMPREENDER NAS ARTES SARA CARVALHO LIFTOFF O APOIO AO EMPREENDEDORISMO NA ACADEMIA NEXT STEP: À PROCURA DE INVESTIMENTO… E AGORA? RITA TRABULO WORLD CREATIVITY DAY VALESCA BENDER

ENTREVISTA

TOCHA ' Todas as pessoas neste mundo já falharam e retiraram lições dessas experiências. Em vez de fazeres o mesmo, aprende com essas pessoas e adapta-te para evitar esses erros (ou pelo menos cometer outros)'


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OUTUBRO 2021 - MAIO 2022/ N.º 10 / VoL. 1 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. TODAS AS INFORMAÇÕES PUBLICADAS SÃO PURAMENTE INFORMATIVAS E NÃO PODEM SER CONFUNDIDAS COM ACONSELHAMENTO. AS MARCAS REGISTADAS REFERIDAS PERTENCEM AOS SEUS RESPETIVOS PROPRIETÁRIOS. OS AUTORES DOS TEXTOS DESTA PUBLICAÇÃO PODEM ESCOLHER ESCREVER DE ACORDO COM O ACORDO ORTOGRÁFICO EM VIGOR E/OU NOUTRAS LÍNGUAS. EMBORA RESPEITE OS PADRÕES PROFISSIONAIS, ESTE NÚMERO NÃO PRETENDE ATUAR COMO ORGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL OU MEDIA NEM APRESENTAR-SE COMO UM SERVIÇO. A EMAGAZINE FAZ PARTE INTEGRANTE DA PLATAFORMA 'ESCOLA DO EMPREENDEDOR' COORDENAÇÃO: RUI PINHEIRO COLABORADORES: ANDRÉ TIAGO ALMEIDA, LILIANE MACHADO, ANA PAULA RUSCHEL, RITA TRABULO, FÁBIO JESUÍNO, MAKA WERNER CONTACTO: INFO@EMAGAZINE.PT


EDITORIAL

O número 10 recebeu ao longo da história uma importância determinante. Para o filósofo e matemático Pitágoras o 10 representa o sagrado, para quem é católico o número 10 assume importância na Bíblia (são 10 os mandamentos), entre outros vários simbolismos. Para a Emagazine o número 10 representa uma dezena de edições com histórias inspiradoras de fazedores e esta edição não é excepção.

Rui Pinheiro

EDITOR IN CHIEF DA EMAGAZINE

Vivemos num mundo cada vez mais interligado e com uma economia cada vez mais digital, cheia de novos desafios e oportunidades, especialmente na forma como trabalhamos e Fábio Jesuíno aborda esse tema de forma fabulosa no seu artigo sobre 'A revolução dos nómadas digitais'. Já Liliane Machado explica-nos porque é que trabalhar a partir de qualquer lugar mudou a sua vida e Ana Paula Ruschel dedicou o seu artigo ao tema da relação comunicação-consumidor. André Tiago Almeida explica porque quando falamos de marketing é o conteúdo que realmente faz a diferença e Maka Werner estreia-se na Emagazine explicando porque é que algumas marcas se conseguiram tornar verdadeiros ícones, reinventando-se diariamente. Tocha é um empreendedor, investidor na Olisipo Way e cofundador de um dos melhores podcasts de startups e tecnologia: o Bitalk! A Emagazine foi falar com ele e conta tudo nesta edição. Fomos ainda conversar com Reinaldo Santos, autor do livro 'Ser Feliz no Trabalho'' e Professor Universitário na área dos RH, que nos explicou porque é que a felicidade no trabalho tem impacto positivo nas organizações. Conversamos ainda com Joel Sousa, CEO da Famel que está a desenvolver a nova E-XF, relançando o modelo mas numa versão mais tecnológica e ambientalmente sustentável. Fomos conhecer também a Sowin, a empresa de inovação que se move pela sustentabilidade e papel que o Liftoff tem desempenhado na facilitação da transformação de conhecimento em ideias de negócio, criando oportunidades, crescendo e inovando junto dos estudantes da Universidade do Minho. Nesta edição poderás ainda contar com uma entrevista a Sara Carvalho, uma artista empreendedora que lançou recentemente o projeto Projeto Dona Chica – Arts & Crafts, com a segunda parte do artigo de Rita Trabulo dedicado ao tema da procura do investimento por parte das startups e com um artigo de Valesca Bender sobre o World Creativity Day. Vamos a isso?

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SUMÁRIO

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' TODAS AS PESSOAS NESTE MUNDO JÁ FALHARAM E RETIRARAM LIÇÕES DESSAS EXPERIÊNCIAS. EM VEZ DE FAZERES O MESMO, APRENDE COM ESSAS PESSOAS E ADAPTA-TE PARA EVITAR ESSES ERROS (OU PELO MENOS COMETER OUTROS)'

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'O REFORÇO DE UMA CULTURA DE EMPREENDEDORISMO SERÁ TAMBÉM O REFORÇO DE UMA CULTURA DE FELICIDADE NO TRABALHO'

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A REVOLUÇÃO DOS NÓMADAS DIGITAIS

'ANYWHERE WORK'

VOCÊ CONHECE O SEU CONSUMIDOR?

Vivemos num mundo cada vez mais interligado e com uma economia cada vez mais digital, cheia de novos desafios e oportunidades, especialmente na forma como trabalhamos.

Trabalhar a partir de qualquer lugar mudou a minha vida!

Não raramente, clientes chegam à minha agência e querem algo que, para a grande maioria é simples, rápido e operacional. O que desejam?


INFO@EMAGAZINE.PT WWW.EMAGAZINE.PT

A TUA REVISTA DIGITAL DE EMPREENDEDORISMO

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'EMPREENDEDORISMO PARA MIM É OLHAR PARA UM PROBLEMA OU OPORTUNIDADE E TORNA-LO NUM NEGÓCIO, E TER UMA RESILIÊNCIA E AUTO-DETERMINAÇÃO BRUTAIS '

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PRECISAMENTE 30 ANOS ATRÁS, E FOI NUMA PEQUENA ALDEIA DE VILA NOVA DE FAMALICÃO QUE DEU OS PRIMEIROS PASSOS. HOJE É UMA ARTISTA EM ASCENSÃO.

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O QUE INTERESSA NO FINAL DE CONTAS…

MARCAS COM ESSÊNCIA.

NEXT STEP: À PROCURA DE INVESTIMENTO… E AGORA?

Imagina este cenário: estás num supermercado ou numa qualquer loja de produtos físicos e estás a passar os olhos pela montra...

O mundo está repleto de marcas que se tornaram verdadeiros ícones (...). A grande pergunta que fica é: como que estas marcas conseguem se manter sempre em alta?

Seed Funding, VC, Business Angels, Pitch, Pre-Money Valuation, Liquidation Preference, Anti-Dilution… vulgo estrangeirismos que adotámos e que nos invadem assim que entramos no mundo do investimento (PARTE 2).


A REVOLUÇÃO DOS NÓMADAS DIGITAIS Vivemos num mundo cada vez mais interligado e com uma economia cada vez mais digital, cheia de novos desafios e oportunidades, especialmente na forma como trabalhamos. Fábio Jesuíno CEO & FOUNDER | 3WX DIGITAL CREATIVE AGENCY

O Mundo está a mudar a um ritmo muito acelerado, existem novas realidades, que foram impulsionadas com a pandemia e com conflitos políticos e militares, que vieram para ficar e transformar a forma como vivemos. Falo do trabalho remoto, que está em grande crescimento, dando cada vez mais origem aos nómadas digitais. Os nómadas digitais são profissionais que trabalham online, com horários e locais de trabalho flexíveis. Estes profissionais têm liberdade de poder estar em qualquer parte do mundo, desde que existam uma boa ligação à internet. Este é um estilo de vida que está muitas vezes ligado à tecnologia e que atrai bastante os jovens. Os nómadas digitais já existem há vários anos, impulsionados pelo crescimento da Internet e das viagens. Ganharam inicialmente força e destaque em algumas organizações da área tecnológica, que devido à pandemia se alargou às restantes atividades. Com a pandemia houve a necessidade

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não intencional do trabalho remoto em grande escala, vivenciada globalmente por centenas de milhões de pessoas, o que permitiu descobrir as suas vantagens e desvantagens, levando muitos profissionais e empresas a escolherem continuar nesta modalidade de trabalho e a evoluírem para os nómadas digitais. Sendo uma das tendências com maior crescimento actualmente, o estilo de vida do nomadismo digital ganha novos adeptos todos os dias, existindo cada vez mais programas de incentivos de organizações públicas e privadas. Um grande exemplo desta tendência foi o Twitter, uma das principais redes sociais do mundo, que autorizou os seus funcionários a trabalharem de forma permanente fora dos seus escritórios, caso seja essa a sua vontade. O mundo isestá em plena web-based, transformação, Wikipedia a multilingual, freecontent encyclopedia project. | wikipedia.com onde novos conceitos estão a mudar a forma como vivemos a uma velocidade alucinante, a nossa rapidez em adaptarmos a estas mudanças vai ser um fator decisivo de sucesso.#


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'ANYWHERE WORK' TRABALHAR A PARTIR DE QUALQUER LUGAR MUDOU A MINHA VIDA

LILIANE MACHADO JORNALISTA, SEO STRATEGY, COPYWRITER, VIAJANTE E ANYWHERE WORKER

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Da sala de casa, do café da esquina, de dentro do comboio ou até da empresa. Já diz o ditado “quando queremos, fazemos”. O anywhere work é assim, aliás como vários outros termos é mais conhecido na língua inglesa do que em bom português. Entretanto é simplesmente a definição do “trabalhar de qualquer lugar”. Neste artigo falaremos sobre esse formato de trabalho, que tem sido cada vez mais comum, mas ainda há quem torça o nariz. Anywhere work é o mesmo que home office? Não. Aliás, esse assunto já foi tema de outro texto aqui mesmo na EMagazine. O home office se tornou ainda mais popular por conta das exigências sanitárias durante a pandemia, mas não deve ser comparado ao anywhere work. Dia desses uma amiga me confessou que o chefe exige que o cenário das reuniões seja sempre o mesmo, ou seja, ela precisa estar na mesa de trabalho em casa e não em outro lugar. O motivo? Não consigo entender. Aliás, afirmo que trabalhar de lugares diferente, a mim, só traz ainda mais inspirações e conhecimentos que posso aplicar no meu dia a dia de trabalho. Também não devemos confundir o anywhere work com o nomadismo digital, embora sejam parecidos. O nomadismo digital implica em não ter uma morada fixa, e viver determinado tempo em lugares diferentes do país ou do planeta, neste caso entramos na seara dos vistos e diferentes legislações. Já no anywhere work o profissional pode nem sair da sua cidade, mas trabalhar em diferentes lugares, seja em casa, em um café, em uma biblioteca ou em um parque. Anywhere work na prática - A minha experiência trabalhando de qualquer lugar Há alguns anos parei de trabalhar da forma convencional, nada de bater o relógio de ponto ou contar as horas para entrar ou sair da empresa. Mesma mesa todos os dias, longos deslocamentos, horários congelados, tudo mudou. Ganhei a liberdade de trabalhar em home office, mas afinal, porque ficar somente em casa se as minhas atividades me permitem trabalhar de qualquer outro lugar? Como meu marido trabalha da mesma forma, as nossas viagens têm sido cada vez mais frequentes. E é muito comum as pessoas acharem que estamos em férias eternas, ou que estamos ricos, ou ainda que somos loucos. O que estas pessoas não entendem é que nos organizamos de forma a trabalhar normalmente, e ainda aproveitar os destinos nas horas em que não estamos no computador. O que não quer dizer que durante as caminhadas e passeios, não atendemos telefonemas, não enviamos e-mails ou mensagens e que não estamos conectados (mesmo nas nossas horas de folga eventualmente para urgências). Também há quem apoie, acompanhe, e peça informações do que é preciso fazer para seguir este formato de trabalho. Por isso, a ideia aqui é mostrar como isso é possível e explicar como se orga-

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- nizar, para quem tem o interesse ou planeie trabalhar de qualquer lugar do mundo. Nossa agenda é basicamente caminhar e passear no período da manhã, depois almoçar e em seguida iniciar a nossa jornada de trabalho. Como trabalhamos para empresas do Brasil o fuso é o que nos permite fazer isso. Geralmente são 3 ou 4 horas de diferença. Porém, e sempre existem os poréns, costumamos trabalhar até tarde da noite, pois aí a lógica se inverte, e quando para nós já é hora de jantar, no Brasil é hora de grande movimentação e por

isso

nossa

rotina

profissional

costuma seguir até altas horas. Reuniões às 20h? Normal. Responder aos clientes às 21h30? Tranquilo. Claro que quase nunca saímos para jantar, coisa que

acontece

quando

conseguimos

passar o fim de semana no destino que escolhemos. Mas não é algo que nos atrapalhe, pois aproveitamos como é possível. Neste momento escrevo este texto de um apartamento estúdio em Bruxelas. Minha empresa pode ser anywhere work? Se você é dono de empresa e considera adotar este formato de trabalho para sua equipe, saiba que há grandes vantagens. Uma delas é a flexibilidade na rotina, pois seus colaboradores terão qualidade de vida. Outra vantagem é a redução do stress, pois evitar o trânsito em horários de maior movimento deixa a vida bem melhor. Aumento da produtividade também pode estar associado ao anywhere work, afinal profissionais mais felizes produzem melhor e geram melhores resultados. Há ainda a possibilidade de realizar cursos e formações na área, sem depender da localização ou ao horário de trabalho. E não esque-

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esqueça aquela máxima: “A rotina é uma das maiores vilãs da criatividade”, por isso, se a sua empresa depende da criatividade do seu colaborador, tenha em mente que o anywhere work pode ser um aliado imbatível. Há também o fator tecnológico. Pode ser que o seu colaborador tenha um notebook potente e uma boa conexão de internet para realizar suas funções, mas isso não basta, a infraestrutura da empresa precisa estar preparada para reunir as informações e ficheiros do grupo, portanto um servidor eficiente é fundamental. Eu busquei meu espaço e hoje trabalho com empresas que abraçaram este formato e confiam no meu desempenho. Porém sei que ainda não é comum e para muitos gestores o anywhere work gera insegurança. Por isso se você tem dúvidas, converse com quem já tem as equipes trabalhando assim e entenda todas as características desse formato de trabalho, e o mais importante não julgue antes de viver esta realidade de perto. Essa é a vida profissional que eu quero Se você é um profissional que busca trabalhar neste formato, já deve estar no limite da forma tradicional. Então saiba que algumas dicas são importantes para começar ou para seguir nesta realidade. Minha experiência de três anos me fez aprender algumas coisas, e são estes pontos que divido abaixo. Vamos então a 7 dicas de como viver o melhor do anywhere work. 1. Busque por oportunidades Para trabalhar a partir de qualquer lugar, geralmente você atuará como freelancer ou trabalhará para empresas que aceitem este formato. Por isso, se a ideia é estabelecer uma relação profissional com alguma empresa, é preciso buscar perfis que atuem desta forma. Geralmente instituições ligadas a trabalhos digitais ou que se deram bem em home office têm aberto vagas para trabalho remoto. No Linkedin é possível filtrar vagas para trabalhar assim, o que facilita muito a busca por este tipo de oportunidade. Aliás, a rede social apontou um crescimento brutal na procura para este tipo de vagas no último ano, cerca de 70% das buscas por vagas na plataforma eram sobre trabalho remoto. O tão importante networking também é vital para esta procura, deixe-se disponível para estas vagas, avise colegas, ou ex-colegas. Mantenha no radar pessoas que possam indicar você como profissional caso saibam de vagas que possibilitem o anywhere work. Se você atua como freelancer deixe claro os seus resultados trabalhando a partir de qualquer lugar, para isso é importante ter um portfólio atualizado e que retrate o seu perfil. As redes sociais também podem ajudar a mostrar que mesmo estando em qualquer lugar você é capaz de traba -

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- lhar e gerar bons resultados para quem contratar o vosso serviço. 2. Programe-se Se

engana

quem

pensa

que

o

profissional que trabalha a partir de qualquer lugar é um bon vivant e trabalha quando quer. É preciso seguir algumas regras importantes, uma delas é a agenda. Imagine que você está em Paris e tem uma cidade inteira para aproveitar,

ao

mesmo

tempo

você

precisa estar disponível para os clientes, entregar as tarefas do dia, participar de reuniões e principalmente priorizar o seu trabalho, afinal é um dia normal de expediente. Uma agenda bem definida é fundamental para não se perder entre a Torre Eiffel e um delicioso crepe. Por isso, estabeleça o horário para esquecer onde está, e focar no seu trabalho, se concentre e saiba que para trabalhar de qualquer lugar é preciso

dar

bons

resultados

para

financiar suas viagens. Aí sim, depois do expediente

bem

concluído

poderá

aproveitar bem seu destino. 3. Certifique-se das suas ferramentas Quem trabalha no formato anywhere work tem uma grande dependência da internet. Um bom sinal de Wi-Fi é quase sagrado e ter uma conexão 4G ou 5G no celular é básico. Por isso, na hora de escolher o seu lugar de trabalho não esqueça de conferir como é a internet por ali. Já aconteceu comigo de escolher um café silencioso e agradável, e na hora da reunião o sinal me deixar na mão. Por isso, antes de escolher a mesa do café, certifique-se da senha e de que o sinal é satisfatório. Outra coisa para estar atento, ainda neste tópico, se neste dia você precisar fazer alguma

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transmissão ao vivo, precisar aparecer em uma reunião em vídeo, fazer algum upload pesado ou ainda compartilhar alguma tela com os colegas, a necessidade de um bom sinal de internet é ainda mais importante. Energia positiva é perfeita para acompanhar quem trabalha a partir de qualquer lugar, mas há outro tipo de energia que também não pode faltar, é a elétrica. Eu nunca saio de casa sem os seus carregadores, e isso não vale somente para notebook ou telemóvel. Eu sempre carrego comigo o carregador dos fones de ouvidos, pilhas extras para o rato, e o carregador do power bank, sim, o carregador do carregador também é fundamental, principalmente se viajo para passar um tempo em lugares diferentes do habitual. 4. Cuidado com o tempo Trabalhar em qualquer lugar não significa trabalhar a qualquer hora. Não adianta trabalhar exageradamente só porque seu fuso horário é adiantado e assim você produz muito mais. Não esqueça de que você pode estar trabalhando duro enquanto outros colegas estão no horário de almoço. Por isso, estabelecer seu tempo de trabalho é tão importante quanto estar alinhado com a agenda. Pode ser que você precise participar de uma reunião na hora da fome, então não esqueça de se alimentar antes, ou então ter alguma coisinha para enganar o estômago até a sua pausa para comer. Faça bem feito, não deixe de fazer sua parte, mas também não exagere. Saiba que a sua produção terá melhores resultados se você organizar seu tempo. Com isso, além de manter os resultados, você ainda poderá aproveitar com mais qualidade o seu tempo livre. 5. Nem tudo são flores Viajar e trabalhar ao mesmo tempo. Pode ser que a primeira impressão é que esta realidade seja um sonho sem defeitos. Mas não é assim. Primeiro você precisa saber que enfrentará dificuldades como em qualquer outro trabalho, porém serão diferentes. Se optar por viajar por conta própria enquanto trabalha, saiba que terá de investir parte do seu salário para bancar suas viagens, alimentação, hospedagens, etc. A não ser que a empresa divida estes custos ou os banquem totalmente, caso suas viagens sejam a trabalho. Se você não quiser alterar sua agenda terá de buscar por deslocamentos fora do horário de trabalho e isso pode significar horas de sono e descanso sacrificadas. Esteja aberto a isso. Se quiser ter a tranquilidade de trabalhar do campo, da praia ou de algum cenário paradisíaco, tenha certeza de que você precisará de algum local preparado, até porque trabalhar o dia todo sentado

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na areia da praia e com o sol na cabeça pode não ser produtivo e nem saudável. A burocracia também precisa ser avaliada. O anywhere work precisa ser previamente combinado e esclarecido, tanto o profissional como para quem o contrata. Quais são as questões contratuais em jogo? Como formalizar este acordo? Está em um país e a empresa para a qual você presta o serviço tem sede em outro? Como será feito o pagamento? Como fica a questão fiscal para as partes? Todos estes pontos devem ser avaliados e bem definidos para não gerar complicações futuras. 6. Planejamento financeiro bem estabelecido Não é demais lembrar que se você trabalha como freelancer não é novidade que os seus ganhos podem oscilar. Caso seja contratado com um pagamento mensal fixo, seus rendimentos podem ser constantes mas seus gastos podem não ser, principalmente se você optar por passar dias em algum destino mais caro que o normal. Por isso ter um planejamento financeiro também é importante para seguir trabalhando de qualquer lugar de forma mais tranquila. Estabeleça custos, tenha em mente seus rendimentos semanais e mensais. A partir disso planeie seu ritmo. Trabalhar de qualquer lugar também significa que você pode ficar dias trabalhando em home office ou nas instalações da empresa para equilibrar o orçamento. 7. Permita-se viver o anywhere working - aproveite o momento Se você já está vivendo este formato de trabalho, e se realmente já se adaptou a ele, resta apenas uma coisa: aproveitar o momento. Faça valer a pena esta liberdade conquistada por você e que muita gente não tem a oportunidade de viver, seja pelo tipo de profissão, seja por ainda não ter conseguido uma vaga. Faça valer a pena, tenha consciência de que o mundo é gigante e se há a possibilidade de aproveitá-lo enquanto trabalha este é um presente que a vida oferece. Seja consciente, o anywhere work ainda é algo novo, portanto ainda deve amadurecer, faça sua parte para que ele seja reconhecido e respeitado. E lembre-se que nada na vida é para sempre, se um dia quiser ou precisar voltar a trabalhar de forma convencional, está tudo bem. Por isso, repito. Permita-se viver plenamente o anywhere work, aproveite o seu momento, aproveite a sua conquista. Eu estou aproveitando cada minuto, e digo com muita convicção, o anywhere work mudou minha vida e me fez ter uma visão mais saudável da profissão.#

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VOCÊ CONHECE O SEU CONSUMIDOR? Não raramente, clientes chegam à minha agência e querem algo que, para a grande maioria é simples, rápido e operacional. O que desejam?

PICS DYANA WING SO & NIK SHULIAHIN ON UNSPLASH

Ana Paula Ruschel FORMADA EM JORNALISMO E MARKETING; CEO DA OFICINA DAS PALAVRAS - INTELIGÊNCIA EM COMUNICAÇÃO 13

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Encontrar e conquistar clientes que revertam em fidelização de produtos e serviços. A minha posição e da equipe de profissionais qualificados de meu time é a mesma: começamos orientando os clientes que esses resultados só são obtidos ao traçarmos uma estratégia, a qual exige muito mais do que ação: conhecimento e inteligência estratégica estão entre os primordiais. Os

maiores

estudiosos

da

comunicação

e

marca

reforçam

que

os

consumidores,

independentemente do meio, querem manter uma relação com as marcas. Chegar a esta relação é o que divide quem sabe fazer um trabalho orientado dos que fazem sem nem mesmo saber o porquê e onde querem chegar. Então, por onde começar? Uma análise da marca é a primeira etapa, trabalho aliás que não é restrito a agências de publicidade, mas sim, a todos profissionais que englobam o marketing, no meu caso Relações Públicas, Gestão e Tráfego de Mídias Digitais, Produção de Conteúdo on e off-line e Marketing de Influência. Dedique-se a compreender quem é o seu público e vá afunilando as características. Dizer que seu público é composto de homens e mulheres entre 30 e 50 anos é extremamente vago. Um Raio-X da marca requer a segmentação mais apurada. Quem são esses homens e mulheres, onde estão, consomem que tipo de conteúdo, seguem tendências, definem-se em alguma comunidade restrita? Lembre-se que produtos e serviços são pensados para nichos específicos. Soube dias desses de uma marca, dona de um restaurante, que fez uma acção e convidou algumas pessoas para um almoço regado a variedades de pratos à base de carne. Detalhe, entre os convidados estavam vegetarianos. Além de desperdiçar energia e verba, a acção repercutiu de maneira negativa e demonstrou total desconhecimento de público. Analisado o público, na sequência identifique a persona de sua marca, ou seja, como ela irá se comunicar, o tom que será usado. A sua marca tem sim características que irão atrair consumidores alinhados à mesma personalidade. Se sua marca é de calçados para público jovem, a persona tem que seguir o mesmo estilo comportamental de seus consumidores: leve, fluido e moderno, por exemplo. Falando em linguagem, esse é outro aspecto importante a ser observado. Conhecer o seu público e a sua persona irá ajudar na construção da abordagem. Um exemplo: sua marca é uma construtora de luxo, a linguagem será mais formal, com frases de bom gosto e alinhadas com um universo mais exclusivo. Porém, se a sua marca é uma agência de turismo especializada em pacotes para adolescentes, use e abuse de gírias, pegue carona em memes do momento e, na dúvida, inspire-se no modo de comunicar dos influencers preferidos dessa malta. Realizado esse mergulho na marca chega o momento de agir. Definir quais são as estratégias para chegar a um objectivo. Lembrando que numa comunicação eficaz as etapas foram criadas para, justamente facilitar a obtenção de resultados. Pular uma etapa para “agilizar” é o mesmo que tirar

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Analisando a jornada acima fica mais claro compreender a importância de saber quem somos enquanto marca, quem queremos atingir e para aonde queremos ir. Essa jornada do cliente que tanto se fala nada mais é do que um processo alinhavado, em que cada peça depende uma da outra para consolidar o elo entre marca e consumidor. Por fim, compartilho alguns insights que tirei de uma pesquisa que realizei com grupos para conclusão de minha Dissertação de Mestrado. O que os clientes, de um modo geral, esperam das marcas: Pertencimento: querem se sentir parte da marca, mas para isso precisam se sentir acolhidos, compreendidos e ouvidos; Veracidade: enganar o cliente com conversas que não são cumpridas é rasgar a confiança e possibilidade de fidelização; Human to human: mesmo em meios on-line com auxílio de Inteligência Artificial é esperada uma empatia humana, uma proximidade de alguém que esteja ali para ajudar e ouvir; Pós-compra: o momento da compra é o seu objectivo final? Atenção, manter clientes é mais fácil do que conquistar novos. Dedique-se a continuar no coração do seu consumidor mesmo após a venda; Seja importante: ofereça conteúdo relevante para o público e não apenas anúncio de venda. Esteja presente em momentos especiais através de acções de comunicação, seja o “amigo” no meio de um mar de oportunidades; Prepare a sua equipa: o cliente interno também é importante. Ouça seu time, invista na qualificação, empodere seus colaboradores para que eles tratem a sua marca como ela merece. Saiba ouvir e aceitar contributos para melhorias. Como puderam perceber comunicar é uma tarefa de muita dedicação, um semear a longo prazo e que, se bem feito, reduz as chances de um negócio percorrer um caminho desgovernado, sem direção de para quem foi criado e para onde irá. A relação entre marcas e consumidores está a a mudar tão rapidamente quanto surgem novas maneiras de interação e o desafio é atender o que os consumidores querem: agilidade, mais contato, ações personalizadas. Não perca tempo, planeie-se e aja. Em pouquíssimo tempo tudo o que trouxe aqui, podem acreditar, já será passado.#

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O QUE INTERESSA NO FINAL DE CONTAS… Imagina este cenário: estás num supermercado ou numa qualquer loja de produtos físicos e estás a passar os olhos pela montra, ou estás sentado no teu sofá a fazer scroll no mural da tua rede social favorita e te deparas com um anúncio de um produto.

André Tiago Almeida CONSULTOR DE MARKETING WWW.ANDRETIAGOALMEIDA.PT

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Já voltamos a esta história… De entre o conjunto de produtos que estão expostos na loja (seja ela física ou virtual), cada um tem apresentações e funções diferentes, independentemente da sua utilidade mas, dentro do seu segmento de mercado, cada produto satisfaz uma necessidade específica. O packaging (ou seja a embalagem) o que envolve o produto é muito importante numa primeira análise e atração da atenção do consumidor para o produto, contendo todas as informações funcionais, legais, imagens, etc. No entanto é o conteúdo que realmente vai fazer a diferença, que vai fazer com que o consumidor confirme toda a estória que se contou na comunicação exterior. Ora, muitas vezes isso não acontece. Com certeza já experienciaste momentos em que o produto (e serviço também) que te foi proposto não correspondeu necessariamente ao que tinhas previsto, defraudando as tuas expectativas e desacreditando completamente aquele produto e por arrasto, aquela marca/empresa. É por isso que o conteúdo é importante e não devemos descurar dele. Numa perspetiva de marketing, aquilo que eu trabalho, podemos realçar a importância do marketing de conteúdo, não como um apêndice do marketing mas sim como uma técnica a ser seguida em tudo o que fazemos. Por marketing de conteúdo podemos disser que “é uma estratégia focada na criação e distribuição de conteúdo relevante (produtos, serviços mas também digitalmente como artigos, ebooks e posts nas redes sociais), orientados a um determinado público-alvo, que podem direta ou indiretamente promover explicitamente a marca, informando e esclarecendo esse público sobre uma questão/problema da sua vida, apresentando-lhe uma solução. Voltamos agora à história inicial: Vês um produto e decides comprar. Chegas a casa e experimentas o produto. Se o produto (conteúdo) corresponder às espectativas criadas vais ficar satisfeito. Se o produto não corresponder ao prometido vais ficar insatisfeito e nunca mais quererás consumir algo daquela marca. Esta história podia ser a tua história mas também podia ser a do teu cliente ou potencial cliente. Por isso se diz que o Conteúdo é Rei. Então, se produzes, se tens ou trabalhas para uma marca e ofereces conteúdo de qualidade, que realmente produz impacto positivo em quem o consome, então tornas-te uma referência e não há concorrência que te assuste. Concluindo, o que realmente interessa é o Conteúdo e como se costuma dizer “menos é mais” e devemos dar primazia à qualidade em detrimento da quantidade. No mundo atual não é fácil mas, temos de lutar contra isso. Bons conteúdos!#

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SOWIN. NASCEU A EMPRESA DE INOVAÇÃO QUE SE MOVE PELA SUSTENTABILIDADE.

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Globalidade é um dos fundamentos, ajudando na transformação de parceiros internacionais com colaboradores especializados e a partir de diferentes continentes Implementação de medidas ambientais, de diversidade e inclusão através da filosofia ESG – Environmental, Social and Governance Lisboa - Foi hoje lançada a Sowin – uma empresa de ativação de Inovação e Tecnologia que se foca na prática da sustentabilidade, com a implementação da filosofia ESG – Environmental, Social and Governance. Pela sua ação vai contribuir para a transformação tecnológica e um mundo melhor através do equilíbrio entre a evolução de inovação, empresas, pessoas e sociedade. Tem como objetivo juntar apaixonados por tecnologia espalhados pelo mundo que queiram fazer o mesmo. “Estamos conscientes daquelas que são as necessidades do planeta e sabemos que é necessário trabalharmos bastante para conseguirmos aproximar-nos das metas ambientais traçadas”, afirma Marcel Araújo, Diretor Executivo da Sowin. “A Sowin nasce com o compromisso de ajudar nesse sentido. Vamos ser o motor de inovação dos nossos parceiros. Desenvolveremos os seus ecossistemas tecnológicos, com uma equipa de profissionais com consciência e ações a nível ambiental, social e corporativo”. Com o lema “IT por vocação, ESG por ideal”, a equipa Sowin vai impulsionar programas de caráter social – ainda que com mais foco naqueles que promovam a sustentabilidade – consciencializando ao mesmo tempo não só a sua equipa, mas toda a comunidade que irá acompanhar os seus serviços. Dando uso à tecnologia, à inovação e à equipa experiente que tem, a Sowin assume uma posição exatamente nesse sentido. Não só envolvendo os colaboradores, mas criando impacto global e garantindo aquele que é o seu principal objetivo: contribuir para um mundo melhor a todos os níveis. A nível interno, a Sowin vai implementar medidas que contribuam para uma igualdade na equipa. Através de um processo de recrutamento justo e igualitário, a empresa empenhar-se-á para ter uma equipa composta por um equilíbrio entre homens e mulheres em todos os setores hierárquicos, inclusive na direção. “Sabemos que é um objetivo desafiante, dada a falta de profissionais do sexo feminino no setor de Inovação e Tecnologia, mas iremos trabalhar para atingir não só a paridade de género, mas também termos práticas efetivas para a inclusão de uma maneira geral, afirma Marcel Araújo. Está também definida uma estratégia orientada para o work-life balance, promovendo a flexibilidade, a liberdade e o compromisso. Disponibilizará programas de bem-estar físico e mental aos colaboradores, assim como formações e certificações que promovam o seu crescimento pessoal e profissional. Globalidade é um dos principais motores A Sowin irá apostar numa dinâmica de mercado global, ativando a Inovação e Tecnologia de parceiros

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de diferentes pontos geográficos. O seu grau de ação será mundial, com uma

carteira

de

parceiros

acompanhada por uma equipa que conta

com

colaboradores

de

diferentes países europeus e nãoeuropeus, em regime de teletrabalho. “A

pandemia

da

Covid-19

veio

confirmar a premissa que o home office não é um impeditivo para a produtividade empresarial, podendo, inclusive, aumentá-la”, afirma Marcel Araújo. “Esta lógica de trabalho além de favorecer os colaboradores – que conseguem mais facilmente atingir o work-life balance ao terem uma gestão mais autónoma do tempo – permite que as empresas consigam atrair e reter profissionais qualificados que estejam

em

qualquer

parte

do

mundo”. A Sowin oferece um portefólio de soluções focado nos ecossistemas de CRM e ERP em sintonia com a transformação tecnológica e com o crescimento orgânico e sustentável de cada empresa. Disponibiliza inovação através de outsourcing estratégico, consulting as a service e projetos E2E.#

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Empreendedor não é quem tem a ideia, mas quem

EMPREENDEDORISMO

a põe em prática, é quem inova (pegando muitas vezes num produto/projeto já no mercado e dando-lhe um carácter especial, diferenciador e inovador)

estejamos

a

falar

de

empreendedorismo corporativo ou do denominado empreendedorismo de ‘base local’.

NÃO BASTA TER A MELHOR IDEIA DO MUNDO, É PRECISO PÔR EM PRÁTICA!

O melhor vendedor de pipocas do mundo! De certeza que já ouviram a história de Valdir, o vendedor brasileiro de pipocas que quer ser o melhor

vendedor

de

pipocas

do

mundo

(https://www.youtube.com/watch?v=vsAJHv11GLc). Valdir poderia ser mais um vendedor ambulante, igual a outros tantos, mas Valdir é especial, pois melhor

do

que

ninguém

consegue

explicar

perfeitamente aos seus clientes porque é que devem comprar as pipocas na banca dele. Valdir

uma

verdadeira

lição

de

empreendedorismo (como vendedor de pipocas consegue ser inovador e diferenciador; identificou perfeitamente o público alvo; testa antes de implementar; é focado; presta atenção ao detalhe;

“Tive uma ideia brutal…”; “Não existe nada igual

ouve o cliente e sobretudo, consegue fidelizar).#

no planeta!” Todos os dias ouvimos afirmações como estas, no entanto a maior parte delas não chegam sequer a sair da cabeça dos ‘visionários’, seja por falta de meios para a desenvolver e

RUI PINHEIRO

implementar ou simplesmente por falta de

EDITOR IN CHIEF DA EMAGAZINE

paixão. Mas falemos de ‘verdadeiros’ empreendedores. Embora

existam

empreendedorismo

diferentes e,

tipos

consequentemente,

de de

empreendedores, todos eles têm em comum o facto de arregaçarem as mangas e fazerem acontecer.

21

E MAGAZINE E MAGAZINE

21


TOCHA Tocha é um empreendedor, investidor na Olisipo Way e cofundador de um dos melhores podcasts de startups e tecnologia: o Bitalk! A Emagazine foi falar com ele e conta tudo nas próximas linhas!

TXT RUI PINHEIRO PIICS TOCHA

'TODAS AS PESSOAS NESTE MUNDO JÁ FALHARAM E RETIRARAM LIÇÕES DESSAS EXPERIÊNCIAS. EM VEZ DE FAZERES O MESMO, APRENDE COM ESSAS PESSOAS E ADAPTA-TE PARA EVITAR ESSES ERROS (OU PELO MENOS COMETER OUTROS)'

22

E MAGAZINE


Tocha e José Serra (seu pai) dedicam a maior

comunidade e com o kow-how de aplicar

parte do seu tempo a apoiar e a investir em

técnicas

startups e negócios de tecnologia em fase inicial,

natureza.

sustentáveis

de

regeneração

da

sediados em Portugal, através da Olisipo Way (olisipoway.com):

'A Silveira Tech é um projeto ambicioso para empreendedores e trabalhadores de todo o

'na Olisipo Way, não somos um fundo de VC

mundo

típico. Não temos LPs, logo não investimos

regenerada com mais de 300 hectares de

o dinheiro de outras pessoas'.. Em vez

floresta e acomodações para mais de 100

disso,

uma

pessoas. Com todas as condições para viver,

negócios

trabalhar, impactar e fazer crescer uma

lucrativos, que nos permite continuar a

família, a Silveira Tech pretende tornar-se

investir em mais empresas e agregar

num

imenso valor através da interseção de

acredita

ideias, desafios e soluções para todos os

liberdade de escolher viver em espaços

fundadores e empreendedores que formam

rurais autênticos, em simbiose com a

esta incrível comunidade.'

natureza,

estamos

comunidade

de

a

construir

startups

e

se

pólo

reunirem

de

que

numa

intersecção a

para

tecnologia

criando

aldeia

nos

equilíbrio,

quem deu

valor

a

e

prosperidade.' O seu objetivo é ajudar empreendedores de todo o país a construir melhores negócios e

INFLUÊNCIAS

melhor qualidade de vida. Foi também com esse

São muitas as pessoas inspiram e influenciam o

objetivo que esta dupla lançou um podcast de

percurso e saberes desta equipa: 'a comunidade

negócios em português (o bitalk.pt).

OW, composta por tantas pessoas e projetos talentosos, é uma das coisas que mais nos

Mas também a sustentabilidade e a inovação

realiza.

A

riqueza

estão no centro dos seus valores. Reconstruir a

comunidade permite-nos ter uma visão

aldeia de xisto da Cerdeira, na serra da Lousã

mais ampla de todos os negócios e canalizar

(cerdeirahomeforcreativity.com), onde artistas

conhecimento e experiência de um projeto

de todo o mundo vêm trabalhar e se inspirar,

para outro. Temos o privilégio de fazer

deu a esta equipa a experiência que lhes faltava

perguntas e ouvir atentamente todos os

para embarcar na sua próxima aventura, a mais

empreendedores

ambiciosa até à data: reconstruir uma nova

trabalhamos.

aldeia, a Silveira, também na Serra da Lousã

informação e aplica-la a outras realidades e

(silveira-tech.com), permitindo-lhes fundir o seu

situações.'

e

e

o

pulsar

pessoas

Absorver

com toda

desta

quem esta

conhecimento de reconstrução de uma aldeia tradicional com a experiência de criar empresas

A equipa tem uma call de uma hora todas as

inovadoras e com a capacidade de nutrir uma

semanas, onde os membros da comunidade OW

23

E MAGAZINE


APRENDER É OUVIR, ENTÃO OUVE MAIS DO QUE FALAS. APRENDE A FAZER AS PERGUNTAS CERTAS E OUVIR AS RESPOSTAS. APRENDE A MUDAR A TUA OPINIÃO E ADMITIR QUE ESTAVAS ERRADO. FALA E APRENDE COM O MÁXIMO DE PESSOAS QUE PUDERES E, NO FINAL, SEGUE OS TEUS INSTINTOS E TOMA AS TUAS PRÓPRIAS DECISÕES.

compartilha experiências, faz perguntas e onde fala sobre qualquer assunto que venha à tona. Tocha considera que em cada um deles, sai algo valioso de um projeto que pode ser aplicado noutro, às vezes em projetos que não estão a participar na chamada no momento. É sua responsabilidade sermos capazes de identificar essas oportunidades. O PODCAST 'BITALK, NEGÓCIOS À PORTUGUESA' Quando reúnem com empreendedores que pretendem

lançar

novos

projetos,

Tocha

confessa que sentem sempre a necessidade de agregar valor real e serem honestos nas suas opiniões. Nesses encontros, mesmo que não avancem com um investimento no projeto em questão, têm como objetivo central que os empreendedores possam obter o máximo valor dessa conversa com a dupla. Foi há pouco mais de dois anos que sentiram que o valor que é gerado nessas conversas

24

E MAGAZINE


É importante adaptarmos os nossos negócios à vida que queremos ter. E não deixar os negócios definir a vida que temos. Há muitas formas diferentes de construir um negócio, com mais dinheiro, com menos dinheiro, com mais tempo, menos tempo, com mais ou menos stress. Mas, primeiro, temos que definir como queremos viver e em que é que queremos investir o nosso tempo. Construir qualquer negócio leva muito tempo, por isso temos que investir o nosso tempo em algo que adoremos e que nos faça felizes. Por isso, o nosso plano é fazer o que nos traz felicidade.

25

E MAGAZINE


deveria

ser

partilhado

com

mais

empreendedores, para que mais gente se

para

apoiar

os

outros

membros

da

comunidade.'

pudesse inspirar e criar empresas com sucesso. Foi assim que nasceu a ideia do Bitalk, um

Tocha reforça que o facto de terem tantos

podcast onde a dupla convida fazedores do

negócios em áreas tão diferentes lhes permite

ecossistema Português para partilharem as suas

retirar lições e estratégias importantes que

experiências e aprendizagens.

podem ser aplicadas noutros projetos, trazendo assim novas ideias, preocupações e soluções que

Quisemos saber algumas curiosidades sobre o

podem agregar muito valor às empresas.

Bitalk e Tocha confessou que como já gravam o Bitalk há mais de 2 anos, já várias coisas

AS PRINCIPAIS LIÇÕES APRENDIDAS

aconteceram: desde pedaços do set a cair, a

'Partilhar, ouvir, fazer as perguntas certas e

interrupções que tiveram de fazer porque os

alinhar

convidados precisavam de ir à casa de banho.

relações que criamos com os projetos em

Mas Tocha destaca sobretudo o que ele e José

que estamos envolvidos.

incentivos

são

os

pilares

das

Serra aprendem com cada convidado e as novas ideias e inspirações que isso lhes traz: 'mesmo

Não sejas ignorante cometendo os mesmos

que o Bitalk não fosse publicado na internet

erros que outras pessoas já cometeram.

para outros ouvirem, o valor que nós retiramos

Todas as pessoas neste mundo já falharam e

dele é impagável. Daí a nossa convicção de que

retiraram lições dessas experiências. Em vez

ele estará a trazer algum valor para os nossos

de fazeres o mesmo, aprende com essas

ouvintes e seguidores. Também tem sido esse o

pessoas e adapta-te para evitar esses erros

feedback que nos chega. Obrigado a todos eles!'

(ou pelo menos cometer outros).'

A OLISIPO WAY E O INVESTIMENTO EM

'Aprender é ouvir, então ouve mais do que falas.

STARTUPS EARLY STAGE

Aprende a fazer as perguntas certas e ouvir as

Tocha

destaca:

'o

nosso

posicionamento,

respostas. Aprende a mudar a tua opinião e

quando investimos em qualquer empresa, seja

admitir que estavas errado. Fala e aprende com o

uma startup ou um negócio mais tradicional, é

máximo de pessoas que puderes e, no final,

colocarmo-nos lado ao lado dos promotores

segue os teus instintos e toma as tuas próprias

dos projetos. Sendo que não somos um grande

decisões.'

VC (venture capital), escolhemos muito bem os

26

projetos onde queremos investir e as pessoas

FUTURO

com quem queremos trabalhar. Procuramos

A dupla pretende gravar o episódio 1000 do

pessoas com os mesmos valores que nós e

Bitalk e chegar a cada vez mais pessoas, para que

com quem possamos também aprender.

se possam inspirar e criar melhores negócios em

Desta forma, juntamos na comunidade OW

Portugal. O plano é também continuarem a

um grupo de pessoas extraordinárias,

rodear-se de pessoas que admiram, 'aprender,

especialistas nas suas áreas e disponíveis

executar, rir e viver'.#

E MAGAZINE


ESTREIA NA E

Marcas com Essência. TXT MAKA WERNER

PIICS OLEG LAPTEV, SLIDEBEAN, AMBROSE CHUA, DAVISUKO ON UNSPLASH

O mundo está repleto de marcas que se tornaram verdadeiros ícones e que conseguiram se reinventar e aumentar cada vez mais o seu conceito de resiliência. A grande pergunta que fica é: como que estas marcas conseguem se manter sempre em alta e ao mesmo tempo venderem, em suma, o mesmo tipo de produto?

MAKA WERNER PROFESSOR DE BRANDING E CONSULTOR DE MARCAS

27

E MAGAZINE


Cada vez mais as marcas precisam se conectar

determinada empresa. Estes prazeres são o que

com seus consumidores e criar laços que

chamamos de experiências, denominamos todo

transcendam a compra e/ou venda de um

tipo de contato que um consumidor tem com

produto. O que antes eram apenas publicidades

uma marca de experiências, elas podem ser

isoladas

tangíveis ou intangíveis, tudo depende de cada

ou

campanhas

solitárias

agora

precisam se tornar experiências constantes de

ocasião.

marca. Cada marca tem o potencial de conseguir criar O mundo está repleto de marcas que se

uma atmosfera única com seus consumidores,

tornaram

que

desde que esta atmosfera seja fiel a essência da

conseguiram se reinventar e aumentar cada vez

empresa. De nada adianta uma marca divulgar

mais o seu conceito de resiliência. A grande

que tem uma preocupação com o meio-

pergunta que fica é: como que estas marcas

ambiente se em sua essência esta prática não é

conseguem se manter sempre em alta e ao

verdadeira. Aqui chegamos ao ponto mais

mesmo tempo venderem, em suma, o mesmo

importante do universo do branding, o DNA de

tipo de produto?

cada marca. Assim como nos seres humanos as

verdadeiros

ícones

e

marcas também têm seu DNA próprio que irá Acredito que o primeiro passo é a distinção que

diferenciar umas das outras, tornando-as únicas

precisamos fazer entre marcas e produtos.

no mercado. Os produtos por si só já não

Produtos são passíveis de cópias, seja por

conseguem mais garantir a satisfação total do

completo ou como inspiração básica, porém o

consumidor, precisa existir algo a mais, algo que

que torna um produto único é sua marca.

realmente faça a diferença na hora da escolha.

Marcas são únicas, marcas dão identidade a produtos e tem a capacidade de torná-los algo

Esta diferença pode - e deve - ser a própria

marcando. Isso não quer dizer que empresas

marca! Para que isto aconteça é necessário

possam ter um péssimo produto e uma ótima

entendermos e captarmos o DNA de cada marca,

marca, afinal, um produto (com qualidade) é o

a essência de cada empresa, para assim

mínimo que se espera! É importante entender

conseguirmos criar experiências de marca fiéis a

esta distinção entre marcas e produtos e

cultura da organização.

também que ambos, apesar de distintos, caminham lado a lado.

Não é mais aceito e nem digno de se comunicar uma FakeExperience, ou seja, uma experiência de

28

Os consumidores evoluíram e estão em busca

marca enganadora. O mercado já não aceita mais

muito mais apenas do que adquirir um produto,

experiências

os prazeres intangíveis estão cada vez mais

alinhadas com a sua essência. Existem vários

presentes

e

cases que podemos destacar de marcas que se

consumidores. Fazer parte do universo de uma

apropriaram de uma cultura que não era a sua e

marca e se sentir acolhido por ela é o que mais

acabaram

motiva os consumidores a serem fieis a uma

consumidores.

E MAGAZINE

nas

relações

entre

marcas

de

marcas

caindo

em

que

não

descaso

estejam

pelos


Assim como também temos cases maravilhosos

e pense em todos os detalhes para que o seu

de

de

consumidor perceba, a todo momento, essa

marcas que utilizam sua essência para atrair

agilidade. Não importa qual a sua hamburgueria,

novos consumidores, tornando-os advogados

existe uma experiência para cada momento.

experiências

super

bem-sucedidas

de marca. Pensar o DNA da sua organização e criar Para uma marca ser icônica é necessário

experiencias de marca que realmente reflitam

entender o seu DNA e não mentir, não tentar

sua essência é o passo mais importante para que

ser algo que não é. Se você é ecologicamente

a sua marca seu única e inesquecível. De nada

correto pode se apoiar nisso, mas caso não seja,

adianta pensar em canais certeiros para a

não tente maquiar este cenário. Nestes novos

comunicação, investimentos, custos de aquisição

tempos em que vivemos, quanto mais autêntica

de clientes e métricas de resultado, se tudo o

uma marca for, quanto mais essência ela tiver,

que está sendo construído não está alinhado

melhor será o relacionamento com o seu

com o DNA da sua organização. E aí, qual o real

cliente. Todas as ações podem e devem seguir

DNA da sua organização? #

este DNA, o que antes eram ações de marketing, agora passam a ser ações de marca. Mais

do

que

experiências

somente

consumidores,

desenvolvem

as

embaixadores

e

advogados de marca, pessoas que defendem as mesmas causas de uma marca e que brigam por ela em todo o mundo. Consumidores apenas compram um produto, advogados compram e amam uma empresa. As

experiências

são

importantes

pois

aproximam os consumidores da empresa e acabam revelando qual é o seu real DNA, desta maneira

os

consumidores

certos

irão

se

aproximar da sua empresa. Crie experiências reais, para pessoas reais. Coloque as essências de marca em contato com seus consumidores. Se a sua hamburgueria for caseira, faça de tudo para o consumidor se sentir em casa, desde a sua página nem uma rede social, até mesmo qual o copo que você irá servir a bebida. Agora, se a sua hamburgueria for Express, seja rápido

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E MAGAZINE


TXT RUI PINHEIRO PIICS REINALDO SANTOS

'O REFORÇO DE UMA CULTURA DE EMPREENDEDORISMO SERÁ TAMBÉM O REFORÇO DE UMA CULTURA DE FELICIDADE NO TRABALHO' 30

E MAGAZINE


Fomos conversar com Reinaldo Santos,

A ÁREA DA GESTÃO DE RECURSOS

autor do livro 'Ser Feliz no Trabalho'' e

HUMANOS

Professor Universitário na área dos RH.

Durante o seu percurso profissional, Reinaldo considera que teve a sorte de integrar um grupo

'Eu sou um minhoto e isso nota-se no meu

nacional e dispor de muita autonomia para

gosto pela cor, pelas pessoas reunidas, pela

exercer funções de gestão de recursos humanos:

algazarra dos arraiais e festas populares'.

'eu andava feliz da vida, as pessoas estavam

Reinaldo nasceu na cidade de Barcelos mas é

contentes com o meu trabalho e sucessivamente

no Porto que vive, uma cidade que considera

as

extraordinária.

melhorando. O que pedir mais?' Até que surgiu

minhas

condições

remuneratórias

iam

um momento transformador, certo dia tomava 'Sempre gostei das áreas sociais e, apesar de

um café com uma amiga e ela perguntou a

ser um excelente aluno em contabilidade no

Reinaldo o que ele fazia. Explicando-lhe que era

secundário, depressa percebi que gostava de

gestor de recursos humanos numa empresa

saber mais sobre as pessoas, como pensam,

importante,

como se posicionam, como se relacionam no

processamento de salários, a contratação e

trabalho e na vida'. Talvez seja por isso que

formação

considera gostar muito de política, de o seu

funções. Ela ouviu, respirou fundo e disse a

rádio estar constantemente sintonizado na TSF

Reinaldo: 'és um empregado de escritório!' 'Eu

e o seu programa de televisão preferido ser o

recebi essa frase como um tiro de canhão.

Especial Eleições.

Ela tinha razão, eu falei-lhe de processos, do

responsável dos

por

colaboradores

assegurar entre

o

outras

que fazia e não do efeito que provocava nas Com

naturalidade,

universidade

e

Reinaldo

com

foi

para

naturalidade

a

pessoas e na organização. Na verdade, se eu

estudou

me dedicava a salários, a contratos e papéis, eu

sociologia das organizações: 'foram

anos

era de facto de um empregado de escritório.

muitos importantes no meu crescimento

Poderia ter formação superior, mas só deixaria

pessoal

um

de ser um empregado de escritório se

pensamento estruturado sobre o mundo e

levantasse os olhos dos papéis e me

o

o

concentrasse nas pessoas, em gerar um

pensamento

impacto positivo nas suas vidas no trabalho

e

meu

na

consolidação

papel

nele.

amadurecimento tolerante

de

perante

Permitiram um

um

e assim criar as condições para que cada

chamamento para contribuir de forma

uma ela possa gerar um impacto positivo na

positiva

organização e no serviço que prestamos aos

para

a

a

de

diferença

sociedade'.

e

Reinaldo

considera que se torna impossível dedicar muito tempo

a

pensar

o

mundo

e

não

nossos clientes'.

ficar

interpelado a intervir: 'Como no poema do

Reinaldo reforça que 'a gestão das pessoas no

Carlos Drummond de Andrade: 'E agora José?'

trabalho, de facto, não é sobre tarefas e

Mas bem podia ser: “E agora, Reinaldo?'

processos. Não é sobre o que fazemos, é sobre

31

E MAGAZINE


os efeitos que geramos, principalmente sobre a capacidade de entregar bem-estar às pessoas e desempenho à organização'. DA ÁREA DOS RECURSOS HUMANOS PARA O ENSINO UNIVERSITÁRIO Reinaldo confessa que foi muito feliz a trabalhar em gestão de recursos humanos nas empresas. Esteve em vários projetos do maior grupo português do setor ambiental, trabalhou em várias cidades e participou em projetos extraordinários, muitos deles distinguidos com a inclusão no ranking das 100 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal. 'Sem dúvida, eu já não era um empregado de escritório e as empresas em que trabalhei beneficiavam de uma gestão de recursos humanos que entregava equipas devidamente dimensionadas, qualificadas e motivadas para o exercício das suas funções'. Reinaldo considera que foi um percurso fantástico, do qual muito se orgulho, mas a partir de determinado momento sentiu vontade de fazer outras coisas, de voltar a pensar no que deve ser a gestão das pessoas nos termos atuais: como posso eu contribuir para que o trabalho seja um espaço de prazer e realização para quem trabalha. “E agora, Reinaldo?” Então, concluiu o doutoramento em gestão na Faculdade de Economia da Universidade do Porto dedicado ao tema do bem-estar no trabalho e, com naturalidade, deixou o contexto organizacional e passou a transmitir a sua visão positiva sobre o trabalho e a gestão das pessoas no trabalho em contexto universitário e de formação profissional. 'É um novo desafio, mas que me tem preenchido completamente. É muito desafiador e muito gratificante'.

32

E MAGAZINE


O LIVRO 'SER FELIZ NO TRABALHO' Reinaldo confessa que escreveu o livro porque o procurou e não encontrou nada em Portugal sobre o assunto. Considera ainda que 'o tema da felicidade se tornou central nas nossas vidas e não faz qualquer sentido que o trabalho fique excluído deste propósito. A felicidade constrói-se num exercício constante de realização de expectativas e, na verdade, hoje as pessoas colocam muitas expectativas no trabalho'. O autor considera ainda que com o aumento das qualificações, o trabalho tornou-se uma experiência mais exigente para as pessoas e para as organizações, que em muito ultrapassa a mera troca de presença e esforço por uma contrapartida remuneratória: 'as pessoas querem do trabalho, claro o rendimento e a segurança no emprego que lhes permita construir uma vida digna e com futuro, mas querem também um trabalho interessante, no qual possam concretizar os seus talentos e as qualificações adquiridas, no qual trabalhem com pessoas de confiança e agradáveis, com as quais atinjam resultados relevantes para si e para os outros'. Reinaldo acrescenta: 'do mesmo modo que cada um de nós não se apaixona pela pessoa mais rica que conhece, também não se pode resumir a felicidade no trabalho ao salário que cada um recebe. As expetativas das pessoas são bem mais abrangentes do que o salário e há um dever ético das organizações em conhecer essas expetativas e em atuar com consistência na sua concretização. A felicidade no trabalho tem impacto positivo nas organizações, por via do aumento do desempenho, da redução do conflito e do absentismo, do reforço da entreajuda e da criatividade, da retenção dos colaboradores e dos clientes e muito mais. Há tantas evidências de que a felicidade no trabalho faz bem às pessoas e às organizações que chega a ser confrangedor continuar a ouvir que a felicidade é assunto da esfera privada das pessoas e que nada tem que ver com o trabalho. Temos que mudar este paradigma, a favor da saúde mental das pessoas e da competitividade das organizações'.

'O livro coloca a felicidade no trabalho como um desígnio fundamental para a boa gestão. Não se trata de ações episódicas, avulsas, que ocorrem em momentos festivos fora do horário de trabalho. Não se trata de oferecer flores, organizar jantares de Natal ou colocar pufes ou matraquilhos nos locais de trabalho. Pode ser também isso, desde que integrados numa ação consistente em favor das pessoas e da sua capacidade para desempenharem cada vez melhor as suas funções.'

33

E MAGAZINE


Reinaldo acrescenta que o livro alerta para a necessidade de criarmos uma experiência trabalho que entregue bem-estar social, na qual as pessoas disponham de diversos momentos de interação que permita criar um sentido de pertença e uma rede de proximidade que reforce o bem-estar individual e facilite o desempenho. 'Um trabalho com ambiente positivo, sem conflito ou toxicidade, no qual as pessoas expressem empatia e gratidão, no qual reconheçam ética e responsabilidade nos comportamentos e nos propósitos. Este sentido de inclusão, de valorização e de respeito não se cria com ações avulsas, exige uma atuação consistente, diária, que envolve todos os níveis da organização. Por isso a felicidade no trabalho não há de ser um propósito da gestão de recursos humanos ou da administração, é um propósito de todos'. O livro reúne muito do que a ciência tem produzido nos últimos anos sobre a felicidade na vida pessoal e no trabalho, casos práticos da vida de Reinaldo de vinte anos como diretor de recursos humanos, assim como excertos de entrevistas que realizou com dezenas de pessoas pelo país, que confiaram as suas histórias sobre o que as faz felizes e infelizes no trabalho. De acordo com Reinaldo, são 'histórias nas quais nos poderemos reconhecer, porque no essencial cada um de nós será uma pessoa comum que se sente especial. Seremos pessoas comuns, mas que desejam e precisam de ser tratadas como especiais no trabalho. Essa é a grande mensagem do livro e julgo que é hoje, também, a pedra angular de uma gestão de recursos humanos eficiente'. O FUTURO No imediato, o propósito do autor é continuar a contribuir para que o tema da felicidade no trabalho seja cada vez mais relevante na formação dos futuros gestores de recursos humanos e também das pessoas que já estão integradas no mercado de trabalho: 'deixa-me muito feliz continuar este exercício de sensibilização para algo que se me afigura fundamental para o bem-estar das pessoas e da sociedade. Além disso, tenho claramente muitas coisas que gostaria de fazer, muitos desafios pessoais e profissionais para concretizar, mas não me deixo consumir por isso. Como diz uma frase judaica de que eu gosto muito: a felicidade não é ter o que se quer, é querer o que se tem. Por isso, eu estou muito grato pela minha vida, pelo privilégio de partilhar cada momento com a minha família e amigos, de ter um trabalho que me realiza e no qual julgo estar a contribuir para um mundo melhor. Além disso, como diz o poeta, tenho em mim todos os sonhos do mundo. E estou empenhado em conseguir concretizar alguns deles'. # EMPREENDEDORISMO > 'O empreendedorismo é uma competência que distingue as pessoas que desejam algo que ainda não existe, que são mobilizadas pela melhoria e pelo inconformismo. Os empreendedores sabem, também, que os objetivos ambiciosos que desejam não se alcançam por trabalho individual, serão sempre resultado de um esforço concertado, em trabalho de equipa. O reforço de uma cultura de empreendedorismo será também o reforço de uma cultura de felicidade no trabalho. Ambas as culturas se alimentam de expectativas por concretizar e da reunião de esforços para que possam ser concretizadas. E depois vêm mais expectativas e mais conquistas, num ciclo sucessivo de melhoria que fortalece as pessoas e as organizações.'

34

E MAGAZINE


ENTREVISTA A JOEL SOUSA FOUNDER DA FAMEL

Ela está de volta!

FAMEL E-XF

35

E MAGAZINE


Emagazine (E): Olá Joel, fala-nos um pouco

Mais

recentemente

deixei

o

meu

salário

sobre ti.

confortável num grande grupo nacional, onde

Joel Sousa (JS): Joel, 35 anos, de Guimarães.

tinha oportunidade de progredir ainda mais, e

Comecei desde cedo com a paixão nos

decidi dedicar-me a tempo inteiro ao projeto da

automóveis por causa do negócio familiar.

Famel porque achei que estava na hora de

Passava as férias entre jogar à bola e consola ou

arriscar para mais tarde não me arrepender de

debaixo de um carro a ajudar na oficina, o que

ter esperado pelas condições ideais. Foi um

era na altura para mim uma seca. Mas foi

agora ou nunca.

basicamente isso que moldou o meu futuro que me

levou

à

Licenciatura

em

Engenharia

Automóvel.

E: Tiveste alguma(s) pessoa(s) que influenciou(aram) o teu percurso? JS: Sim, claramente os meus pais. Por tudo o que

O desmontar, reparar, montar, pensar em

fizeram e construíram e por todas as dificuldades

soluções para problemas diria que foram

e sacrifícios que fizeram para chegar onde

construindo ao longo do tempo um conjunto de

chegaram e pela superação de questões que

conhecimentos práticos que hoje em dia,

foram acontecendo nesse percurso mas que

infelizmente, é raro ver nos recém-licenciados, e

nunca os demoveu. O empreendedorismo, a

essas vantagens são ouro. Tive a oportunidade

dedicação, o foco no negócio foram sempre as

já de participar em vários projetos que no fundo

minhas referências. Claro que ao longo do tempo

foram de encontro ao que eu gosto de fazer

foram

que é criar. Comecei na área da prototipagem e

conhecidas no meio do empreendedorismo, mas

depois na área dos autocarros, elétricos e mais

todas têm um traço comum, ir sempre mais além

recentemente

em prol de um objetivo maior que na maioria dos

a

hidrogénio

engenharia de desenvolvimento.

na

parte

de

aparecendo

E MAGAZINE

pessoas

mais

casos não está relacionado com motivações financeiras.

36

outras


E: Em 2014 compraste a marca FAMEL,

ligada à tecnologia mas também fazer com que,

relançaste a marca e em 2021 apresentaste

mais do que uma mota, a FAMEL seja um modo

uma nova versão da E-XF. Porquê recuperar

de vida.

esta marca icónica (FAMEL)? JS: Os direitos da marca surgiram de uma

E: Sou um fã e quero uma E-XF, como (e

oportunidade que depois de uma análise

onde) posso comprar?

inocente da minha parte, decidi avançar com a

JS: Desde Abril que temos no nosso website a

compra. Na altura percebia que a marca tinha e

versão

tem potencial, e que acima de tudo poderia ser

apresentam várias opções e possibilidade de

feito alguma coisa que fosse motivo de orgulho

reserva. As entregas começam apenas em 2023

internacional.

mas até lá iremos ter muitas novidades.

pré-serie

da

nova

E-XF,

onde

se

Ao longo destes 8 anos com a marca, fui gerindo o projeto em part-time e as coisas foram aos

E: Quais os planos para o futuro?

poucos aparecendo e fui tomando contacto

JS: Para já o foco foi apresentar a E-XF versão pre-

com o valor real da marca, que é a memória nas

serie (este mês) na ExpoMoto, e em paralelo

pessoas. Há sempre um familiar ou amigo que

captar investimento. Isso têm sido as nossas

tem ou teve uma FAMEL e isso é incalculável o

batalhas mas estou convicto que nessa altura

facto de ter perdurado durante várias gerações.

vamos atingir os objetivos tanto de reservas

Agora temos o desafio de levar o ícone aos

como de investimento para levar a FAMEL para

jovens que não conheceram a marca.

outro patamar e desenvolver tanto do ponto de vista de tecnologia como de linha complementar

E: Gira, elétrica e económica. Quais as

de produtos seja em motos mas também em

características da nova E-XF?

vestuário. Ideias não faltam, penso no projeto

JS: A nova E-XF está a ser preparada para as

24h por dia e à noite também .

novas gerações, sem esquecer os fãs da marca, e quer sobretudo ser um meio de captar a

E: O que significa empreendedorismo?

atenção das pessoas para as vantagens não só

JS: Empreendedorismo para mim é olhar para um

da prática utilização das duas rodas mas

problema ou oportunidade e torna-lo num

também para o futuro que passa pelos veículos

negócio,

elétricos. Mais do que velocidade até 100km/h

determinação brutais. Em Portugal pelo que

ou autonomia de 120km, o fator em que

tenho

queremos apostar é que a nova E-XF é uma

preciso também ser um pouco maluco ou não

solução de mobilidade individual capaz de

pensar muito no que pode ser um problema

satisfazer as necessidades diárias de deslocação

para o negócio como um todo e ter um

sem receios e acima de tudo da forma mais

sentimento que as coisas vão resultar. Acho que

económica e sustentável que existe. Queremos

é isso que distingue um empreendedor, vai

também adicionar uma parte mais tecnológica

contra a corrente e não fica paralisado com um

e

ter

uma

experienciado,

resiliência ser

e

auto-

empreendedor

é

revés, tenta sempre dar a volta.#

37

E MAGAZINE


38

E MAGAZINE


MAS AFINAL QUAL É A PROPOSTA DE VALOR DO TEU PRODUTO? Mas afinal, qual é a proposta de valor do teu

Existem marcas cuja propostas de valor se

projeto? De certeza que já pensaste nisso, se

destaca pelo preço, pela novidade e até pela

não o fizeste, estás em maus lençóis.

usabilidade. E a tua, destaca-se por que fatores?

“Proposta de valor é entendida como o conjunto

Uma das ferramentas de design thinking que

de produtos e serviços que criam valor para um

podes utilizar é o Canvas da Proposta de Valor

segmento específico de clientes” Foi assim que

(The Value Proposition Canvas), e a vantagem é

Alex Osterwalder definiu ‘proposta de valor’, no

que existem inúmeros tutoriais online que te

fundo, é este critério que determina se o que o

podem ajudar a preencher o mesmo.

teu negócio oferece tem verdadeiramente valor para os teus clientes. Por outras palavras, é

Preparado

para

importante que percebas no desenvolvimento

ferramenta?#

usar

(e

abusar)

desta

do teu negócio porque que os teus clientes vão preferir o teu produto em vez do produto do teu concorrente. Mas porque é que definires bem a tua proposta de valor é assim tão importante? Em primeiro lugar, porque precisas de clientes

RUI PINHEIRO EDITOR IN CHIEF DA EMAGAZINE

que comprem o teu produto/serviço! Tens de saber quais são as vantagens do teu produto, bem como o valor que és capaz de gerar para os teus potenciais clientes. Ao definires bem a tua proposta de valor vais também abrir o caminho para uma boa estratégia de marketing.

39

E MAGAZINE


ENTREVISTA

Emagazine (E): Falem-nos um pouco sobre o LIFTOFF (origem, história, equipa, ...). LIFTOFF (L): O LIFTOFF nasceu a 9 de novembro de 2010 contando com o apoio de vários parceiros institucionais com destaque para a Universidade do Minho. O projeto sempre procurou

contribuir

para

facilitar

a

transformação de conhecimento em ideias de negócio, criando oportunidades, crescendo e inovando. Em 2020, o LIFTOFF reconheceu a necessidade de

se

adaptar/reestruturar,

comunidade

empreendedora

porque no

a meio

universitário foi-se desvanecendo um pouco ao longo dos anos e surgiu um gap entre os estudantes e as empresas/startups. Assim, o

LIFTOFF ressurgiu com um objetivo ligeiramente renovado que é ser o ponto de referência para a comunidade

académica,

no

apoio

ao

empreendedorismo, fomentando e apoiando o espírito empreendedor.

40

E MAGAZINE


E: Para quem não conhece, podem explicar-

(L): O trabalho tem que ser contínuo, a

nos um pouco acerca da importância do

reestruturação no projeto não veio para alterar o

LIFTOFF e do seu papel para os estudantes?

propósito do mesmo, mas sim para colmatar as

(L): O LIFTOFF cria uma cadeia de valor entre os

necessidades que fomos sentindo.

ecossistemas de empreendedorismo na região,

Nesse sentido, consideramos importante que os

é um ponto de partida para aqueles que têm

próximos passos se mantenham na realização de

uma ideia de negócio, mas também para

atividades

aqueles que querem apenas aprender mais.

conhecimento e experiências, nomeadamente, na

LIFTOFF é um ponto de partida para aqueles

ligação cada vez mais próxima de comunidades, seja

que querem testar, aprender e partilhar.

em plataformas, partilha de conteúdos, sinergias com

O nosso objetivo é que vejam no LIFTOFF o local

Hubs ou trabalhos com equipas multidisciplinares.

direcionadas

para

a

partilha

de

de encontro e ligação com o mundo do empreendedorismo.

O LIFTOFF é também uma incubadora certificada pelo IAPMEI. Ao longo dos anos, a Associação

E: Mais do que um ponto de referência para

Académica da Universidade do Minho contou com

quem quer começar a explorar o mundo

Direções empenhadas em criar a melhorar a oferta à

do empreendedorismo, ajudam os

comunidade académica e o LIFTOFF não é exceção,

estudantes a desenvolver o seu 'mindset

todos que por aqui passaram deixaram um pouco de

empreendedor', que tipo de iniciativas têm

si e isso reflete-se na imagem que temos e queremos

vindo a desenvolver?

manter.

(L): Sim, o projeto não se destina só a quem tem

Certos que ainda muitos passos serão dados e que o

uma ideia de negócio, destina-se também

LIFTOFF ainda terá muito a contribuir para a

aqueles que, mesmo sem um projeto próprio ou

comunidade académica e futuros empreendedores.

uma ideia, percebem a importância de, ao longo do percurso académico, criar as competências

E: O que significa empreendedorismo?

necessárias para o mercado de trabalho. Por

(L): Para perceber o conceito de empreendedorismo

isso, a nossa preocupação será sempre tentar

é importante desmistificar o conceito de que o

entender em que medida as competências que

empreendedor resume-se a criar empresas. Ao

oferecemos, são capazes de capacitar, envolver

contrário daquilo que muitos pensam, não é

e motivar os nossos alunos. Desde programas

necessário

de

fantástico e criar uma empresa em torno desta

pré-aceleração,

workshops,

visitas

seminários, a

debates,

hubs

existir

uma

ideia

ou

um

produto

de

ideia/produto, é necessário sim, identificar um

empreendedorismo, momentos de partilha, são

problema e encontrar uma solução para o mesmo.

várias as oportunidades que oferecemos ao

No fundo, uma pessoa empreendedora é alguém

longo do ano.

que tem vontade de fazer mais e melhor, uma pessoa que aprende rápido e que não se cansa de

E: Quais os planos para o futuro?

ter ideias e encontrar soluções.

41

E MAGAZINE


TXT RUI PINHEIRO PIICS SARA CARVALHO

E M P R E E N D E R

N A S

ARTES

A HISTÓRIA DE SARA COMEÇOU HÁ PRECISAMENTE 30 ANOS ATRÁS, E FOI NUMA PEQUENA ALDEIA DE VILA NOVA DE FAMALICÃO QUE DEU OS PRIMEIROS PASSOS. HOJE É UMA ARTISTA EM ASCENSÃO E NÓS FOMOS CONVERSAR COM ELA.

42

E MAGAZINE


A história de Sara começou há precisamente 30

-ticamente e comecei a explorar outras

anos atrás, e foi numa pequena aldeia de Vila

áreas de forma a tomar uma decisão quanto

Nova de Famalicão que deu os primeiros

a minha entrada para o ensino superior, e

passos. Longe de saber qual seria o seu futuro,

foi aí que a minha direção mudou'.

foi crescendo num ambiente rural em que os dias eram passados em brincadeira com a sua

Sara confessa que foi o seu gosto pessoal, mas

irmã e com as suas primas: 'sobre o olhar

também a pressão social e cultural de que ser

atento da minha Avó materna, fomos crescendo

artista é viver em dificuldades, que optou pela

todas juntas, e tendo todas idades diferentes

especialização no setor da moda e têxtil onde

fomos nos orientando umas às outras'.

durante alguns anos foi bem-sucedida e se sentiu realizada, mas Sara afirma que com o tempo se

Confessa que se tivesse de descrever a sua

tornou desanimador pois sentia-se criativamente

infância, o que mais a marcou foram esses dias

reprimida. A artista confessa que a pintura tinha

de 'brincadeira e inocência pura, longe de saber

sido quase deixada de lado durante anos, e

o que a vida adulta seria. Acho que nessa altura

quando pintava era para a pintura ficar bem na

ainda não fazia a mínima ideia do que queria

sala de alguém.

fazer quando crescesse, mas não demorou muito a descobrir'.

Foi com a chegada da Pandemia, e o tempo que ganhou devido ao confinamento que começou

Sara confessa que enquanto seguia o seu

aos poucos a ressuscitar a sua veia criativa, e

percurso escolar foi sentindo sensibilidade para

quase dois anos depois, encontra-se a construir

os trabalhos manuais, e sendo uma aluna

um projeto próprio com a sua própria identidade

mediana foi nas artes que começou a destacar-

artística, o Dona Chica – Arts & Crafts.

se e a ganhar alguma admiração por parte dos colegas. Essa aptidão foi-se desenvolvendo

INFLUÊNCIAS

naturalmente a medida que Sara ia fazendo

Sara sente que o seu percurso tem sido uma

trabalhos de cariz educativo, mas depressa

sucessão de boas influências, começando pela

começou a demonstrar interesse em frequentar

sua família, pelo seu companheiro, e pelos

aulas extracurriculares de desenho e de pintura,

amigos: 'todos eles têm contribuído para o meu

que

a

crescimento enquanto pessoa e artista e tudo

direcionaram para o curso de Artes Visuais. 'Foi

que faço tem um pedaço de mim, mas também

nessa altura que me desenvolvi mais artis-

tem um pedaço deles'.

desenvolveram

competências

e

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A artista confessa que sempre teve uma queda

Com ele, Sara não aprendeu apenas a dominar a

para os trabalhos manuais, por isso era com os

pintura a óleo, como também influenciou o

professores das áreas artísticas com quem mais

momento da vida em que está hoje, a lutar por

se

uma vida artística.

identificava,

sendo

que

todos

eles

a

marcaram, tendo Sara também marcado alguns deles: 'posso dizer até que, dois deles em

'Recordo com frequência as suas palavras

especial

quando me contou que gostava de ter tido

representaram

um

papel

muito

determinante na artista que sou hoje'.

coragem de dedicar a sua vida a pintura, e num

momento

de

“coma

criativo”

Sara destaca ainda uma das pessoas mais cultas

conseguia ouvir as suas palavras na minha

e talentosas que já conheceu, o seu Mestre de

cabeça'.

pintura a óleo, 'o incrível' pintor e professor João Freitas. A empreendedora recorda as tardes no

A artista destaca ainda a Professora Adelina

clube de pintura com muita saudade, afirmando

Martins, uma pessoa 'de criatividade e alegria

que eram momentos de muita aprendizagem,

contagiantes', e que não só a ensinou a explorar

que a enriqueceram muito, fazendo-a crescer.

várias técnicas como sentiu que a desafiou a ser

'O Professor João, como lhe chamávamos,

a melhor artista possível: 'acho que ela viu um

fazia uma pintura renascentista parecer

potencial em mim que só muito tempo depois eu

fácil

consegui ver'.

e

pequenas'.

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E MAGAZINE

as

enciclopédias

parecerem


A IMPORTÂNCIA DAS ARTES

que possivelmente era apenas a minha veia criativa

Olhando para trás Sara consegue perceber que

a querer se manifestar'. (risos)

desde miudinha que a criatividade lhe corre nas veias. Lembrando-se com clareza de, nos

A DONA CHICA – ARTS & CRAFTS

primeiros dias da escola primária, ter sido

De acordo com Sara, a Dona Chica – Arts & Crafts

chamada a atenção num tom reprovador

surgiu de 'uma vontade imensa de viver a arte, de

perante a turma inteira:

ter liberdade criativa e de evoluir. Estava numa fase muito agoniante a nível profissional quando

'foi atribuído a todos os alunos a tarefa de fazer

resolvi mergulhar de cabeça e tentar fazer da

um desenho de tema livre. Eu comecei o meu muito

arte a minha profissão. Sei que ainda tenho um

bem, até me senti bastante orgulhosa pois tinha

longo caminho pela frente, mas também já estive

desenhado uma boneca muito bonita. No entanto,

mais longe'.

já quase no final percebi que ainda não tinha utilizado grande parte dos materiais novos que os

O Projeto Dona Chica – Arts & Crafts

meus pais me tinham comprado para o início das

consiste na venda de produtos de arte e

aulas e achei que tinha de fazer algo mais para

artesanato, tendo como exemplo Pinturas a

conseguir experimentar todos eles. Como se pode

óleo sobre tela, Pinturas em aguarelas,

imaginar, o resultado ficou uma desgraça do

Pintura sobre cerâmicas e reproduções das

ponto de vista de um professor, mas hoje entendo

mesmas sobre superfícies têxteis.

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E MAGAZINE


46

E MAGAZINE


Também conta com os serviços de

EMPREENDEDORISMO

personalização, nomeadamente a possibilidade

Entendo o empreendedorismo como o processo

obterem uma pintura original desenvolvida por

de exploração e implementação de planos de

medida, e também a requisição de retratos

negócios com base em novas ideias e objetivos

sobre vários formatos e técnicas. Neste

pessoais. É ter a audácia e a convicção

projeto também existe a dinamização de

associados

eventos de educação para as artes,

sobretudo, empreendedorismo é convicção, e

nomeadamente workshops e cursos de

persistência na busca de soluções para todas as

várias técnicas artísticas.

questões que surgem ao longo do caminho que

a

uma

atitude

inovadora.

E

é percorrido aquando implementamos a ideia O FUTURO

de negócio.

Sara definiu como objetivo lançar o Projeto Dona Chica – Arts & Crafts de forma a que se torne numa referência no mercado. Possui o sonho de se estabelecer no centro da 'bela cidade de Braga conquistando o olhar e o coração de por quem lá passa'. A artista, pretende que esse espaço funcione como atelier de trabalho, de exposição, venda e de educação, para que assim possa expor o seu trabalho, os seus conhecimentos e a sua imensa paixão pelas artes.

Tenho uma admiração enorme por palácios, e quanto mais detalhe tiverem mais eu gosto. E é daí que surge o nome Dona Chica, em tom de admiração ao Palácio da Dona Chica situado aqui em Braga. Já cheguei a passar as suas portas diariamente e abrandava sempre para apreciar a sua beleza devoluta, mas que ainda continua a ser tão artisticamente belo. Destaquei o Pintasilgo como ícone do Projeto também pela sua inegável beleza, mas também

'Acho que a pergunta que me fazem com

para me recordar que devo dar asas a minha

maior frequência é o porquê do nome Dona

criatividade e as minhas ideias, mesmo que isso

Chica – Arts & Crafts. Escusado dizer que

signifique que por vezes tenha que pousar no

começo a sorrir de imediato pois este nome

chão antes de levantar voo novamente'.#

é derivado de uma serie de gostos e brincadeiras pessoais. Já considerei dar nome próprio ao projeto e segundo os entendidos seria a melhor opção, mas de algum modo não estava a sentir que esse era o caminho a seguir. Então comecei a explorar coisas que gosto e sem demoras já tinha desenvolvido um logotipo que em tudo tinha a ver com o projeto que queria criar.

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NEXT STEP: À PROCURA DE INVESTIMENTO… E AGORA? – PARTE 2 -

Promessas cumpridas, regressamos para a segunda parte deste “Next step”, a procura de investimento e o que ter em consideração. Sem pretensões de ser uma saga interminável, nem existindo bons ou vilões, prosseguimos o nosso caminho de detetives pelas linhas férreas do empreendedorismo, um comboio em movimento com paragens, novas entradas, saídas e, muitas vezes, a ritmo de TGV. Mantendo a ideia do comboio – a Startup: os Founders, ao comando, vão decidindo as paragens e gerindo e negociando quem os acompanhará na viagem. A injeção de dinheiro urge e na lista de passageiros frequentes, encontramos os protagonistas de hoje: os Investidores. Família, amigos e fãs, Business Angels e Venture Capital, apenas para enumerar os mais famosos, sem, no entanto, esquecer que no mundo corporate também podemos encontrar players interessados em investir e apoiar novos projetos.

Rita Trabulo ADVOGADA COORDENADORA DA STARTINNOVATION TEAM BY CCA

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Porque investem os investidores? Já sabemos que os investidores podem trazer mais do que dinheiro. Podem trazer know-how, contactos, experiência no setor ou na gestão do próprio negócio. E o que será que procuram? Serão apenas motivados pela maximização e retorno do seu investimento? Nem sempre. Aliados ao retorno do investimento podemos encontrar outros motivos: o desenvolvimento de determinadas tecnologias, indústrias, regiões geográficas e comunidades, a criação de emprego em áreas específicas e o desenvolvimento do próprio ecossistema. Pode existir também uma decisão estratégica de investimento em startups que criam ou desenvolvem certas soluções ou produtos, complementares à atividade dos investidores corporate e que ajudem à sua expansão e a atingirem os seus próprios objetivos. Ainda sobre o porquê por detrás do investimento: se já podíamos encontrar a filantropia na lista de causas que motivam alguns investimentos, hoje, sabemos que, cada vez mais, os investidores envolvem critérios ESG (Environmental, Social & Governance) nos seus processos de seleção e de decisão, aliando e alicerçando o retorno do investimento ao cumprimento de determinados objetivos sociais e ambientais, para além do próprio investimento de impacto (algo que veremos por estas páginas, no futuro). Com esta breve lista de razões presente e tendo por assegurado que cada um destes motivos irá influenciar o tipo de investimento e como o mesmo é estruturado, vamos agora explorar cinco exemplos de como se processa, em termos gerais, a proteção desse investimento, do seu retorno e do próprio investidor. A proteção do investimento e do investidor, traduzida em 5 cláusulas contratuais. 1. Founders em Lock-up. Os Founders são a equipa impulsionadora do projeto. O motor de arranque. O cérebro de toda a operação. Ainda que não constando no balanço como tal, podemos dizer que são o primeiro e um dos principais ativos de uma Startup. A permanência da equipa de Founders (a que se podem juntar os Key-Employees) para assegurar o desenvolvimento de um produto ou serviço é algo que o investidor quer garantir. Por essa razão, são, a par com o investimento, injetadas cláusulas de “Obrigação de Permanência” ou “Lock-up Period”, que obrigam a equipa principal a permanecer na Startup, por um determinado número de anos, sob pena de serem considerados “desertores” ou, na gíria startupiana, “bad leavers”. Como consequência do incumprimento desta obrigação de permanência, encontramos as penalizações associadas à perda de equity por um valor também ele penalizador. A título de exemplo, o Founder badleaver pode ver-se obrigado a vender a totalidade ou parte da sua participação no equity da startup por um EUR 1 ou pelo seu valor contabilístico, sem se ter em conta o valor atual de mercado. Sob uma interpretação do que é ou não justo, dissuade-se assim qualquer ideia de abandono do projeto. Cabe aos Founders mitigar este tipo de cláusulas, prevendo situações em que a sua saída seja admitida e não penalizada. 2. A anti diluição. Duas das preocupações dos investidores que entram no equity de uma startup são:

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não perderem a sua posição e a sua percentagem, por um lado, e os Founders, pelo menos numa fase inicial, manterem sempre o controlo, pelo outro. Frequentemente, vemos cláusulas que visam garantir que a equipa Founders permanecerá com o controlo da startup, nomeadamente quando existe um projeto em criação e desenvolvimento. No que respeita aos investidores, a sua fatia no equity dá-lhes direitos, posição, poder e dividendos. Cláusulas de anti diluição, protegendo essa parte do bolo, são muitas, principalmente para as rondas de investimento que se seguem imediatamente à sua entrada. Entram aqui em tensão a preocupação de manter os Founders no controlo e a preocupação da não perda do comboio pelo investidor. Assistimos, muitas vezes, os Founders serem diluídos para entrada de novos sócios, para a criação de pool options com vista à implementação de planos de incentivo e até para as próximas rondas de investimento. Existem, no entanto, limites e é preciso encontrá-los e negociá-los, sob pena de se perder o foco no que realmente importa. 3. A maximização do investimento. Aquela que mais facilmente é assinalada como o animus do investimento e a sua finalidade última. E como protegê-lo e maximizá-lo em simultâneo? Encontramos, para tal, cláusulas de preferência e prioridade na distribuição de dividendos e cláusulas de liquidation preference (preferência na liquidação), determinando que o investidor tem prioridade, sobre os outros sócios, no pagamento de dividendos ou dos valores decorrentes de um evento de liquidez. A dissolução da sociedade ou qualquer outro que leve à sua liquidação, uma fusão, alterações no controlo da sociedade e a venda desta ou dos seus principais ativos, poderão ser eventos de liquidez. Adicionalmente, e o que gera mais discussão e desconforto, podemos encontrar a introdução de um múltiplo aplicado ao investimento e que é graficamente expresso como X vezes o montante investido. Num investimento de EUR 100.000, com uma liquidation preference e um múltiplo de 1.5, é atribuído ao investidor o direito de receber, prioritária e preferencialmente, o seu investimento de EUR 100.000 acrescido de EUR 50.000, recebendo o total de EUR 150.000. Ainda sobre a liquidation preference, podemos perguntar o que acontece ao remanescente que ainda há (quando há) por distribuir. Entram aqui mais dois conceitos muito importantes na fase de negociação. A liquidation preference participating que dá ao investidor o direito de receber o seu investimento (acrescido ou não do que resultar do múltiplo negociado) e ainda o de receber a sua fatia pro-rata do valor remanescente. Se for negociada uma liquidation preference non-participating o investidor escolhe entre receber o valor da liquidação, aplicando a lógica pro-rata, ou recebe o seu investimento determinado pelo múltiplo. Estamos perante diferentes níveis de proteção do investimento, pelo investidor, cabendo aos Founders e à Startup perceber até onde estão dispostos a ir na negociação e na aplicação deste nível de proteção. 4. Step-in e veto. No que respeita ao corporate governance, como garantia do seu investimento, os investidores podem querer ter uma palavra a dizer no Board. Ainda que detentores de participações

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minoritárias, é usual os investidores quererem o direito a nomear, pelo menos, um dos membros do órgão de administração ou, em investimentos mais singelos, um observador para ir acompanhando as decisões da gestão, reservando, para eventualidades e último recurso, o direito de step-in, ou seja, o direito de entrar no Board e tomar as medidas necessárias à proteção da Sociedade e do seu projeto. Proteger o investimento implica, na maioria das vezes, proteger a própria Startup e este direito de step-in terá de ser visto também sob esta perspetiva: quando é preciso proteger a Startup da gestão dos próprios Founders. Este tipo de direitos reclamados pelos investidores é facilmente encontrado quando existem motivos que vão para além do retorno financeiro e, muitas vezes, associados a situações em que são determinados objetivos de impacto a cumprir pelas Startups ou quando o investimento é feito para um projeto específico. É preciso prestar contas e avançar nos moldes acordados, sob pena de uma maior ingerência do investidor. Outro poder, muitas vezes negociado, é o direito de veto ou, de uma forma mais positiva, a necessidade de aprovação, pelo investidor, na tomada de decisões materiais, sejam elas fetas na esfera dos sócios, em assembleia geral, ou no órgão de administração. Essas decisões materiais correspondem a matérias catalogadas como reservadas e são incluídas nesta lista todas as que de alguma forma irão impactar o negócio e, consequentemente, o investimento. Venda da propriedade intelectual, mudança das operações para outro país, venda do controlo da sociedade, alocação do investimento a diferentes projetos e financiamentos e prestações de garantias são alguns desses exemplos. Na negociação deste tipo de cláusulas, aliás, como em tudo, os Founders deverão estar atentos à proporcionalidade do que lhes é pedido e do que tal pode impactar na gestão da própria Startup, evitando criar impasses e entropias que podem ser nefastas e catalisadoras de um descarrilamento. Porta de saída: o Exit. Sair em andamento ou ter uma porta aberta figuram na lista das principais preocupações de alguns investidores, principalmente para fundos de investimento. Muitas vezes a equipa de gestão falha em conseguir o outro tipo de exit, a sociedade estagna e/ou entra em graves e ruinosas condições financeiras e nada mais há a fazer, do ponto de vista do investidor, impactando negativamente os seus resultados e portfólio. Temos de ter presente que os fundos de investimento, como os de capital de risco, têm uma duração limitada devendo ser dissolvidos quando chegam à meta final do seu tempo de vida. Quando o negócio corre bem, são incluídas cláusulas que permitem a transferência do investimento e da participação do fundo para outros fundos. Quando o negócio corre mal, são introduzidas cláusulas de exit, que agilizam a saída do investidor, caso este assim queira, podendo ser condicionadas a determinados eventos ou executadas apenas quando decorrido certo período de tempo. Permite-se assim que o investidor aproveite o abrandamento da viagem ou até mesmo a sua paragem para sair e seguir outro rumo.

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Vimos aqui exemplos de cinco poderes que podem ser dados aos investidores: poder sobre os Founders; poder sobre a estrutura de equity; poder económico; poder de governance; e poder de saída. Iniciando o desfecho de mais um capítulo da história do investimento, há uma ideia que cruza estas páginas: a proporcionalidade. “Food for thought”: será a proporcionalidade uma virtude nestes caminhos? Nesta relação Startup/Founders e Investidor, onde paira essa virtude? Até onde será ela elástica? E será ela justa? Para quem? E porque será isto relevante? Resumindo e respondendo, na procura de investimento, é importante, para uma Startup e para os seus Founders, perceber as razões por detrás do investimento, compreender as regras da proteção deste e saber os limites de cada parte. Conhecimento é poder. E porquê? Conhecendo e percebendo os motivos do investimento e da sua proteção, os Founders, nas negociações, deverão pôr, nos pratos da balança, o montante e valor do investimento a receber, de um lado, e o que lhes é pedido em troca para garantir esse investimento, do outro. Os objetivos, propósitos e compromissos associados a cada injeção de dinheiro, devem ser vistos e medidos caso a caso. Cientes das regras do jogo, só assim conseguem responder à “million dollar question”: até onde estão dispostos a ir, a aceitar e a entregar para receberem tal investimento?#

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O World Creativity Day é uma iniciativa da World Creativity Organization, organização responsável por difundir a marca World Creativity Day que atua globalmente para aumentar a conscientização de indivíduos, organizações e governos sobre o valor da criatividade como matéria-prima para a solução de problemas e, por extensão, no desenvolvimento social, tecnológico e económico sustentáveis no nosso século. O movimento reúne uma espécie de comunidade global, com a presença de educadores, empreendedores criativos, líderes empresariais, tecnólogos, formuladores de políticas públicas, pesquisadores e outros agentes de mudança para promover e conectar iniciativas em torno da criatividade, inovação, sustentabilidade e ações concretas para o desenvolvimento econômico, cultural e social. Realizado desde 2014, o World Creativity Day adotou um formato descentralizado a partir de 2018 e, desde então, tornou-se o maior festival colaborativo de criatividade do mundo, sendo realizado na região do Minho pela terceira vez, com a participação de voluntários, anfitriões, inspiradores e parceiros que ajudam a construir uma programação diversificada, inédita e totalmente gratuita. O World Creativity Day atende ao requerimento do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre a Resolução 71/284 que chama atenção sobre a designação de 21 de abril como Dia Mundial da Criatividade e Inovação para todos os Estados Membros, organizações do sistema das Nações Unidas e outros organismos internacionais e organizações regionais, bem como a sociedade civil, incluindo organizações não governamentais e indivíduos. O tema “Celebrar a Vida”, escolhido para 2022 foi absolutamente pertinente, depois de dois anos de pandemia. Não no sentido de minimizar as imensas perdas, emocionais e econômicas que aconteceram nesse período e continuam acontecendo. Mas de juntar forças para seguir em frente e construir um futuro melhor, mais colaborativo, mais diverso e menos desigual.

Valesca Bender LÍDER LOCAL WCDBRAGA 2022 PORTA VOZ EM PORTUGAL

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Para celebrar a vida é preciso ter coragem. Ser criativo demanda coragem neste mundo maluco! Coragem para viver a vida que sempre sonhamos, coragem para expor nossas opiniões, coragem para desenvolver nossas capacidades e para assumirmos riscos. Tem que ter coragem de expor ao mundo o seu universo único pessoal, sem medo de julgamentos, afinal, tem sempre alguém disposto a te ajudar a recuar ou desistir. O mundo de um criativo é assim, cheio de altos e baixos, socos no estômago, mas a coragem te oferece um presente incrível: a chance de experienciar a realização, a plenitude da criação. Para criar um evento colaborativo em 40 dias com os resultados que alcançamos há de se ter coragem. Braga sediou de forma online e pelo terceiro ano consecutivo o Dia Mundial da Criatividade. E oportunizou a realização do I Congresso Luso-Brasileiro de Futuros, espelhando a complexidade, diferentes níveis de desafios, mas também a diversidade e colaboração para às mudanças com o inédito lançamento da sociedadeprogessistaportuguesa.pt na fala de Jorge Saraiva e de Valesca Bender a trazer uma visão otimista de futuros para artistas e ecossistemas das comunidades criativas e de inovação, “A cultura educa e move a sociedade! Mas a cultura vive uma radical mudança. As plataformas de streaming, NFT e o Metaverso são novos meios e oportunidades de progresso para os artistas do futuro. Mudar os paradigmas do futuro implica juntar a ciência, tecnologia, sustentabilidade com as áreas de humanidades num ecossistema ou sociedade de cocriação de um novo rumo!”. 'Superamos todas as metas estabelecidas pela organização WCO. Conseguimos mobilizar 50 inspiradores, 15 voluntários, 10 embaixadores, 16 instituições apoiadoras e mais de 120 pessoas envolvidas de forma ativa para que o World Creativity Day Braga 2022 pudesse bater todos os recordes de audiência e inscrições durante os três dias do festival. ' Esse resultado foi motivado pela coragem do grupo de criativos da nossa cidade e também dos que colaboraram a partir de várias partes do mundo a acreditar na potência criativa da região minhota. O Dia Mundial da Criatividade de Braga foi fabuloso e despertou sensações, ações, opiniões dos participantes e da audiência. O WCDBraga agradece de maneira especial aos apoiadores e embaixadores que auxiliaram as ações desta edição. Obrigada: Universidade do Minho, Set Up Guimarães, E-Magazine, Figital, 5aERA, Viver em Braga, Viva Lab Porto, Girihub, Conselheiros Trendsinnovation, ComUM, Conexão Lab, Vinnie de Oliveira, Go Beesiness, Criatividade a Sério, U-Shark Token Global | Portugal, Rede Globo Bahia e Futuros Plurais. Joca Humor, Rui Pinheiro, José C. F. Pereira, Jorge Saraiva, Gil Giardelli, Tiago Lopes, Fabiane Alexandre, Leila Fraga, Dra. Claudia Ayres, Nuno Passos, Sabrina Medeiros, Tom Cardoso, Carla Raquel Silva, Patrícia Gliosci, Cássia Santos, ao Co-Líder João Sousa e ao Líder Global e idealizador do movimento Lucas Foster. 'Continuemos juntos e cada um na sua missão diária de Celebrar Vida e desenhar futuros desejáveis para nossa cidade e para o mundo.'

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