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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
#150 / DOMINGO, 13 DE FEVEREIRO DE 2011 REVISTA SEMANAL DO GRUPO A TARDE
MÓVEIS EM LACA HIP HOP WINE BAR MODA «
No fundo
DO MAR
Um mergulho nas águas do Porto da Barra revela a paisagem subaquática da Baía de Todos-os-Santos
45
ÍNDICE
13.2.2011
ABRE ASPAS O produtor André Simões
CAPA O cotidiano de quem faz do mergulho quase um estilo de vida
fala sobre origem e futuro da axé music
DECORAÇÃO Os móveis em laca, com cores vivas, é uma das tendências em 2011
06
28
20 11
ATALHO O charme do Balthazar, no Itaigara, bar que investe em shows de jazz e em um bom cardápio
14
MODA Em meio a altas temperaturas, geometria e contrastes imperam no verão baiano
EDUARDO MARTINS / AG. A TARDE
19
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
BIO o ator Caio Rodrigo divide-se entre Pólvora e Poesia e a nova peça de Lázaro Ramos
34
EDITORIAL
N
o reino de Iemanjá, imperam silêncio e união. Estranhos visitantes na paisagem marinha, com roupas de neoprene, máscaras e cilindros de oxigênio, a ordem lá embaixo – há seis metros, ou mais, de profundidade – é permanecer bem próximos. A repórter Emanuella Sombra e o fotógrafo Eduardo Martins mergulharam literalmente nesta reportagem, que mostra o cotidiano de uma tribo que busca no fundo do mar forças para encarar o cotidiano em terra firme. Nesta edição, a incrível história de um casal de baianos que foi viver numa pequena cidade do Alabama (EUA) e acabou virando celebridade, por conta de um documentário sobre a cena hip hop local. E uma entrevista com o produtor musical André Simões, o Andrezão, que faz um balanço da trajetória da axé music na Bahia e dos rumos que esta história deve tomar. E, mais, o retorno das cores vibrantes dos móveis em laca e os menus degustação que os wine bars oferecem nas harmonizações. Boa leitura. Kátia Borges, editora-coordenadora
Mergulhadores baianos nas águas do Porto da Barra, em foto de Eduardo Martins
HIP HOP Os baianos que movimentaram a cena de cinema do Alabama com um documentário
» MAKING OF, VÍDEOS E FOTOS EM REVISTAMUITO.ATARDE.COM.BR SUGESTÕES, CRÍTICAS: REVISTAMUITO@GRUPOATARDE.COM.BR SIGA A MUITO EM: TWITER.COM/REVISTAMUITO
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
ÍNDICE
13.2.2011
ABRE ASPAS O produtor André Simões
CAPA O cotidiano de quem faz do mergulho quase um estilo de vida
fala sobre origem e futuro da axé music
DECORAÇÃO Os móveis em laca, com cores vivas, é uma das tendências em 2011
06
28
20 11
ATALHO O charme do Balthazar, no Itaigara, bar que investe em shows de jazz e em um bom cardápio
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MODA Em meio a altas temperaturas, geometria e contrastes imperam no verão baiano
EDUARDO MARTINS / AG. A TARDE
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FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
BIO o ator Caio Rodrigo divide-se entre Pólvora e Poesia e a nova peça de Lázaro Ramos
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EDITORIAL
N
o reino de Iemanjá, imperam silêncio e união. Estranhos visitantes na paisagem marinha, com roupas de neoprene, máscaras e cilindros de oxigênio, a ordem lá embaixo – há seis metros, ou mais, de profundidade – é permanecer bem próximos. A repórter Emanuella Sombra e o fotógrafo Eduardo Martins mergulharam literalmente nesta reportagem, que mostra o cotidiano de uma tribo que busca no fundo do mar forças para encarar o cotidiano em terra firme. Nesta edição, a incrível história de um casal de baianos que foi viver numa pequena cidade do Alabama (EUA) e acabou virando celebridade, por conta de um documentário sobre a cena hip hop local. E uma entrevista com o produtor musical André Simões, o Andrezão, que faz um balanço da trajetória da axé music na Bahia e dos rumos que esta história deve tomar. E, mais, o retorno das cores vibrantes dos móveis em laca e os menus degustação que os wine bars oferecem nas harmonizações. Boa leitura. Kátia Borges, editora-coordenadora
Mergulhadores baianos nas águas do Porto da Barra, em foto de Eduardo Martins
HIP HOP Os baianos que movimentaram a cena de cinema do Alabama com um documentário
» MAKING OF, VÍDEOS E FOTOS EM REVISTAMUITO.ATARDE.COM.BR SUGESTÕES, CRÍTICAS: REVISTAMUITO@GRUPOATARDE.COM.BR SIGA A MUITO EM: TWITER.COM/REVISTAMUITO
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
MUITO INDICA
BIO Fragmentos em vídeo do espetáculo Pólvora e Poesia, no qual o ator Caio Rodrigo interpreta o poeta Paul Verlaine
COMENTÁRIOS
HIP HOP Assista a trechos do documentário feito pelos baianos Isabel Machado e Daniel Wildberger no Alabama
DIVULGAÇÃO
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
DIVULGAÇÃO
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
MUITO MAIS NO PORTAL A TARDE ON LINE REVISTAMUITO.ATARDE.COM.BR
5
GASTRÔ Confira a receita do ceviche preparado pelo chef Vevé Bragança para o menu degustação de vinhos da Perini
Mande suas sugestões e comentários para revistamuito@grupoatarde.com.br « FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
_Chumbinho
_A dois passos do paraíso A Baía de Camamu é uma das maiores do Brasil e das mais bonitas e fica a 170 km de Salvador via ferryboat. Lamentavelmente, o serviço de ferryboat é um dos piores do Brasil. Se o nosso governador cumprir a promessa de construir a ponte Salvador-Itaparica, ainda que pedagiada, será considerado o melhor governador do Brasil de todos os tempos e irá proporcionar o desenvolvimento da região do baixo sul da Bahia, entre elas Camamu, e irá trazer retorno financeiro em virtude de ser uma das mais belas regiões do Brasil e do mundo. Carlos Lins
_Orelha
Leitor assíduo da Muito, lamento a retirada da seção Orelha, que tratava de literatura e escritores. Em uma área carente de incentivos, num país onde a educação é desvalorizada, é triste ver que revistas sérias deixem de incentivar o hábito da leitura na nossa população. Ivonildo Calheira
Eu li a matéria “vôngole baiano”, assinada por Daniela Castro na Muito e, sinceramente, não pude deixar de recordar a minha infância, quando comia moqueca de ovo com chumbinho do Recanto da Mary Mar. Me deu tanta saudade que tive de voltar lá. Ariane de Menezes
_ Recôncavo
A beleza da Península de Maraú
_Beatriz Franco
Adorei encontrar nas páginas da revista Muito a fotógrafa Beatriz Franco, a minha amiga Bia dos tempos do inglês. Bia é artista desde sempre. Pelo olhar, palavras e pensar... já se via que ela era mesmo muito especial. Sucesso para ela e parabéns à revista. Manuela Guilliod
Quero parabenizar Ronaldo Jacobina e Fernando Vivas pela excelente reportagem Memória do Recôncavo publicada na Muito. Sou proprietário de uma casa-grande que foi engenho de açúcar e pertenceu a um barão do Império. A casa está com o mobiliário completo e pretendemos fazer a mesma coisa que os proprietários da Fazenda Engenho d’Água fizeram, só que no sertão. Já fundamos até um instituto para cuidar do projeto. O casarão, construído em 1884, se chama Sobrado da Fazenda Engenho Santo Antônio do Camuciatá. Álvaro Pinto Dantas de Carvalho Júnior
De olho no Oscar Os primeiros cartazes de Black Swan que começaram a circular pela internet davam pistas de que Darren Aronofsky tinha escolhido um universo todo certinho justamente para quebrá-lo. As imagens meio vintage meio sombrias sugeriam que o diretor ia falar de balé, mas à sua maneira. Ou seja, provocativo e inquietante como em Pi (1998) e Réquiem para um Sonho (2000), e com uma direção primorosa de atores, como fez com Mickey Rourke em O Lutador (2008). Desta vez, Aronofsky nos mostra Natalie Portman transformada em uma bailarinaingênuaeperturbada,cujodesafioéaceitarseuladoobscuroparabrilharcomoprotagonistadeOLagodosCisnes.VincentCassel e Mila Kunis tornam a história ainda mais convincente. (Veja salas e horários em www.cineinsite.com.b) CARLA BITTENCOURT DIVULGAÇÃO
BAILINHO DE QUINTA Baile pré-carnavalesco com a banda Bailinho de Quinta e convidados. Tom do Sabor (Rio Vermelho), às 22h. Couvert: R$ 20
JOÃO RAFAEL / DIVULGAÇÃO
NOVAS DIRETRIZES PARA TEMPOS DE PAZ Peça ambientada na Era Vargas e apresentada no Forte de São Marcelo. Até 25/2, às 17h, terça a sexta. Saída do Terminal Náutico da Bahia. R$ 40
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
DIÁLOGO Lançamento de livros e exibição do filme Diálogo, de Geraldo Sarno, sobre Vivaldo da Costa Lima. Amanhã (14/2), às 19h, Espaço Unibanco. Grátis
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
MUITO INDICA
BIO Fragmentos em vídeo do espetáculo Pólvora e Poesia, no qual o ator Caio Rodrigo interpreta o poeta Paul Verlaine
COMENTÁRIOS
HIP HOP Assista a trechos do documentário feito pelos baianos Isabel Machado e Daniel Wildberger no Alabama
DIVULGAÇÃO
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
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MUITO MAIS NO PORTAL A TARDE ON LINE REVISTAMUITO.ATARDE.COM.BR
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GASTRÔ Confira a receita do ceviche preparado pelo chef Vevé Bragança para o menu degustação de vinhos da Perini
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_Chumbinho
_A dois passos do paraíso A Baía de Camamu é uma das maiores do Brasil e das mais bonitas e fica a 170 km de Salvador via ferryboat. Lamentavelmente, o serviço de ferryboat é um dos piores do Brasil. Se o nosso governador cumprir a promessa de construir a ponte Salvador-Itaparica, ainda que pedagiada, será considerado o melhor governador do Brasil de todos os tempos e irá proporcionar o desenvolvimento da região do baixo sul da Bahia, entre elas Camamu, e irá trazer retorno financeiro em virtude de ser uma das mais belas regiões do Brasil e do mundo. Carlos Lins
_Orelha
Leitor assíduo da Muito, lamento a retirada da seção Orelha, que tratava de literatura e escritores. Em uma área carente de incentivos, num país onde a educação é desvalorizada, é triste ver que revistas sérias deixem de incentivar o hábito da leitura na nossa população. Ivonildo Calheira
Eu li a matéria “vôngole baiano”, assinada por Daniela Castro na Muito e, sinceramente, não pude deixar de recordar a minha infância, quando comia moqueca de ovo com chumbinho do Recanto da Mary Mar. Me deu tanta saudade que tive de voltar lá. Ariane de Menezes
_ Recôncavo
A beleza da Península de Maraú
_Beatriz Franco
Adorei encontrar nas páginas da revista Muito a fotógrafa Beatriz Franco, a minha amiga Bia dos tempos do inglês. Bia é artista desde sempre. Pelo olhar, palavras e pensar... já se via que ela era mesmo muito especial. Sucesso para ela e parabéns à revista. Manuela Guilliod
Quero parabenizar Ronaldo Jacobina e Fernando Vivas pela excelente reportagem Memória do Recôncavo publicada na Muito. Sou proprietário de uma casa-grande que foi engenho de açúcar e pertenceu a um barão do Império. A casa está com o mobiliário completo e pretendemos fazer a mesma coisa que os proprietários da Fazenda Engenho d’Água fizeram, só que no sertão. Já fundamos até um instituto para cuidar do projeto. O casarão, construído em 1884, se chama Sobrado da Fazenda Engenho Santo Antônio do Camuciatá. Álvaro Pinto Dantas de Carvalho Júnior
De olho no Oscar Os primeiros cartazes de Black Swan que começaram a circular pela internet davam pistas de que Darren Aronofsky tinha escolhido um universo todo certinho justamente para quebrá-lo. As imagens meio vintage meio sombrias sugeriam que o diretor ia falar de balé, mas à sua maneira. Ou seja, provocativo e inquietante como em Pi (1998) e Réquiem para um Sonho (2000), e com uma direção primorosa de atores, como fez com Mickey Rourke em O Lutador (2008). Desta vez, Aronofsky nos mostra Natalie Portman transformada em uma bailarinaingênuaeperturbada,cujodesafioéaceitarseuladoobscuroparabrilharcomoprotagonistadeOLagodosCisnes.VincentCassel e Mila Kunis tornam a história ainda mais convincente. (Veja salas e horários em www.cineinsite.com.b) CARLA BITTENCOURT DIVULGAÇÃO
BAILINHO DE QUINTA Baile pré-carnavalesco com a banda Bailinho de Quinta e convidados. Tom do Sabor (Rio Vermelho), às 22h. Couvert: R$ 20
JOÃO RAFAEL / DIVULGAÇÃO
NOVAS DIRETRIZES PARA TEMPOS DE PAZ Peça ambientada na Era Vargas e apresentada no Forte de São Marcelo. Até 25/2, às 17h, terça a sexta. Saída do Terminal Náutico da Bahia. R$ 40
FERNANDO VIVAS / AG. A TARDE
DIÁLOGO Lançamento de livros e exibição do filme Diálogo, de Geraldo Sarno, sobre Vivaldo da Costa Lima. Amanhã (14/2), às 19h, Espaço Unibanco. Grátis
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
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ABRE ASPAS ANDRÉ SIMÕES RADIALISTA E PRODUTOR
«A
música baiana é comportamento»
Texto RONALDO JACOBINA rjacobina@grupoatarde.com.br Fotos FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
Mais conhecido como Andrezão, o produtor musical, radialista e especialista em música baiana André Simões, 44, é parte da história da indústria musical. À frente da Associação dos Produtores de Axé (APA), entidade que reúne mais de duas dezenas de empresários que atuam no segmento, Andrezão é um entusiasta deste universo musical, que é hoje uma das marcas da Bahia. Sua história com a axé music e com o Carnaval começou quando ainda integrava a equipe da rádio A TARDE FM. Hoje, além do trabalho como diretor-executivo da APA, tem um escritório de criação de projetos para a área de entretenimento que dá consultoria a vários artistas. Ao lado de Jonga Cunha e do diretor teatral Fernando Guerreiro, ele comanda um programa de rádio e o projeto Música Falada, que completou cinco edições. Nesta entrevista exclusiva, critica o atual modelo do Carnaval e aponta sugestões para melhorias na maior festa do mundo. Apaixonado pelo que faz, defende que a música baiana é puro comportamento e que, embora concorde com alguns críticos que reclamam da falta de qualidade das letras, há, sim, bons poetas neste universo. Nascido em Salvador, ele revela que costuma passear pelo subúrbio para ver como as pessoas se divertem por lá. E conclui: “O pagode nasceu nos bairros populares e seus artistas falam a língua do seu público”.
Como está a música baiana hoje? Os artistas baianos cresceram muito e começaram a extrapolar as fronteiras. Toda vez que você cresce muito, acaba se distanciando. E, agora, alguns artistas entenderam isso e estão fazendo o movimento contrário, de retomada, de ver seu público de novo. É um momento de rencontro dos artistas com o público. Negligência com o público que os fez? Não. Negligenciar seria dizer que eles esqueceram sua raiz, e isso não aconteceu com os artistas baianos. Mas se distanciaram? Se distanciaram porque tinha que se distanciar. Se você hoje fizer sucesso, será solicitado para mostrar ao mundo inteiro e você não vai mais ter tempo de conviver com aquelas pessoas que você convivia. Isso distancia o artista. A axé ainda tem força para sobreviver por muito tempo? O evento é o estruturador do gênero. Temos uma expertise em fazer eventos populares desse segmento que faz com que estes sejam o grande motor da axé music. Existe uma
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ABRE ASPAS ANDRÉ SIMÕES RADIALISTA E PRODUTOR
«A
música baiana é comportamento»
Texto RONALDO JACOBINA rjacobina@grupoatarde.com.br Fotos FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
Mais conhecido como Andrezão, o produtor musical, radialista e especialista em música baiana André Simões, 44, é parte da história da indústria musical. À frente da Associação dos Produtores de Axé (APA), entidade que reúne mais de duas dezenas de empresários que atuam no segmento, Andrezão é um entusiasta deste universo musical, que é hoje uma das marcas da Bahia. Sua história com a axé music e com o Carnaval começou quando ainda integrava a equipe da rádio A TARDE FM. Hoje, além do trabalho como diretor-executivo da APA, tem um escritório de criação de projetos para a área de entretenimento que dá consultoria a vários artistas. Ao lado de Jonga Cunha e do diretor teatral Fernando Guerreiro, ele comanda um programa de rádio e o projeto Música Falada, que completou cinco edições. Nesta entrevista exclusiva, critica o atual modelo do Carnaval e aponta sugestões para melhorias na maior festa do mundo. Apaixonado pelo que faz, defende que a música baiana é puro comportamento e que, embora concorde com alguns críticos que reclamam da falta de qualidade das letras, há, sim, bons poetas neste universo. Nascido em Salvador, ele revela que costuma passear pelo subúrbio para ver como as pessoas se divertem por lá. E conclui: “O pagode nasceu nos bairros populares e seus artistas falam a língua do seu público”.
Como está a música baiana hoje? Os artistas baianos cresceram muito e começaram a extrapolar as fronteiras. Toda vez que você cresce muito, acaba se distanciando. E, agora, alguns artistas entenderam isso e estão fazendo o movimento contrário, de retomada, de ver seu público de novo. É um momento de rencontro dos artistas com o público. Negligência com o público que os fez? Não. Negligenciar seria dizer que eles esqueceram sua raiz, e isso não aconteceu com os artistas baianos. Mas se distanciaram? Se distanciaram porque tinha que se distanciar. Se você hoje fizer sucesso, será solicitado para mostrar ao mundo inteiro e você não vai mais ter tempo de conviver com aquelas pessoas que você convivia. Isso distancia o artista. A axé ainda tem força para sobreviver por muito tempo? O evento é o estruturador do gênero. Temos uma expertise em fazer eventos populares desse segmento que faz com que estes sejam o grande motor da axé music. Existe uma
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rede de contratantes no Brasil inteiro que se beneficia diretamente. Acho que isso dá um fôlego para muitas outras décadas. Como se explica essa força no Brasil? No primeiro momento, foi o talento do artista baiano. Depois, a competência dos produtores que fizeram com se formasse uma rede de divulgação no Brasil inteiro que permitiu que a música baiana chegasse aos lugares. A axé music é ligada, essencialmente, ao comportamento, é sinônimo de festa. Mas houve redução no número de carnavais fora de época nos últimos anos. É natural. Um evento desse tamanho envolve questões com a política, com a organização da cidade, com a sociedade civil. Em algumas cidades, foram bem, noutras não. Como as micaretas no interior. O nível de organização dessa rede de eventos foi ficando profissional. Algumas cidades não acompanharam, outras evoluíram e continuam até hoje. Alguns artistas entenderam isso e criaram outras soluções de eventos, como a Trivela, que faz com que isso vá se renovando. A axé music não revela novos nomes há tempos. Por que não há renovação? A indústria da música baiana cres-
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ceu, é fato. Entretanto, com o crescimento desta indústria, não se consegue lançar novos artistas. Não é uma orquestração contra o novo. Todos entendem isso. Os artistas mais antenados estão preocupados em interagir com o novo. O pagode seria uma renovação da axé? Para a mídia, especificamente. Eu acho que o fato de surgir é porque ele está próximo do povo. Aquela proximidade que te falei. Hoje o cenário mudou também dentro dos bairros, a questão da violência, etc. O pagode vem, sem sombra de dúvidas, a partir dessa distância que os artistas tiveram do seu público. Há 15, 20 anos, eu pegava meu carro e saía pelos bairros para ver como as pessoas se divertiam. Não tinha programação cultural, então as pessoas se organizavam e faziam seu sambão, seu pagode. E artisticamente, é a renovação? Na conexão com o popular, sim. Você tem ídolos populares no pagode. Tem coisa muito ruim sendo feita também, mas você tem o Xandy, o Márcio Victor... E que nasceram da conexão legítima com o povo. Isso é cultura popular, você não pode negar isso. Sob esse aspecto, sim. Do ponto de vista rítmico também?
«Você tem ídolos populares no pagode. Tem coisa muito ruim sendo feita, mas você tem Xandy, Márcio Victor... E que nasceram da conexão legítima com o povo»
Também. Quando a gente fala da estrutura do pagode, isso é riquíssimo. Veja a música nova da Timbalada (O amor supera tudo), que é de Carlinhos Brown, a estruturação lembra a célula do pagode. Olhar sem preconceito para a criação musical é importante. Somos riquíssimos. Mas não nas letras? Tem muita coisa ruim. Mas se formos fazer uma análise antropológica, percebemos que isso reflete um pouco a distância social. Alguns grupos se organizam e trazem de sua comunidade uma força grande, como é o caso do Ed City, da época do Fantasmão, que traz uma linguagem de protesto, daquela coisa do “preste atenção, eu sou cidadão”. Como se explica a transversalização da axé music que hoje domina as festas, inclusive as tradicionais, como São João? É a matriz da festa, se você pensar. Uma música conseguiu ter projeção, pessoas conseguiram projetar suas carreiras. Por isso o Carnaval é tão importante para os artistas da Bahia. Porque naquele momento ele consegue um número muito grande de pessoas prestando atenção naquilo que estão fazendo. E foi a partir do Carnaval que teve início o sucesso da música baiana. No resto do ano os artistas foram se estruturando para saber como expressariam sua música. A partir da Bahia, do Carnaval, é uma coisa. E como eles fariam para multiplicar, que já é outra coisa. Sim, mas tudo virou axé. As festas populares estão sendo engolidas pela axé. Eu acho que não. São João não virou
festa de axé. Você tem cidades que investem na festa junina onde as grandes estrelas não são da axé. Estes, sim, fizeram eventos dentro do São João. O que acho natural. A gente não tem que rotular. Por que que posso ter no Carnaval artistas de outros gêneros e não o contrário? A tradição sempre irá se manter. Com a crise das gravadoras e a internet, como o artista faz para ter sucesso? Hoje temos a reengenharia da divulgação. O artista independente tem mais oportunidades, mas tem uma diversidade de canais para ele chegar lá. Se você falar em termos
de organização industrial para divulgação, você tem que gastar muito mais dinheiro no investimento de uma carreira artística, para expor o artista do que no passado. O conteúdo ficou ainda mais importante. Da mesma forma que a rede de divulgação, a personalidade do artista, o que ele faz, como se comporta, o que diz, é mais fundamental ainda. Sem essa engrenagem poderosa por trás, o artista não chega lá? Chega, mas é bem mais difícil. Eu vou citar os artistas que foram lançados nesses programas de TV como
9
o Fama, da Globo. Não é só mídia que constrói a carreira de uma artista. Você viu muita gente que surgiu e depois desapareceu. Hoje já existe um entendimento de que você precisa estar organizado para ir para o mercado musical. Existe uma parte da vida artística que é somente criação, o lúdico, a base do desenvolvimento de um artista competente. O outro lado é como ele vai equacionar o talento e atuar no mundo. Essa engrenagem não tira o romantismo de que o artista venceu pelo talento? Há um preço. O da criação artística. O artista tem que lidar com o com-
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rede de contratantes no Brasil inteiro que se beneficia diretamente. Acho que isso dá um fôlego para muitas outras décadas. Como se explica essa força no Brasil? No primeiro momento, foi o talento do artista baiano. Depois, a competência dos produtores que fizeram com se formasse uma rede de divulgação no Brasil inteiro que permitiu que a música baiana chegasse aos lugares. A axé music é ligada, essencialmente, ao comportamento, é sinônimo de festa. Mas houve redução no número de carnavais fora de época nos últimos anos. É natural. Um evento desse tamanho envolve questões com a política, com a organização da cidade, com a sociedade civil. Em algumas cidades, foram bem, noutras não. Como as micaretas no interior. O nível de organização dessa rede de eventos foi ficando profissional. Algumas cidades não acompanharam, outras evoluíram e continuam até hoje. Alguns artistas entenderam isso e criaram outras soluções de eventos, como a Trivela, que faz com que isso vá se renovando. A axé music não revela novos nomes há tempos. Por que não há renovação? A indústria da música baiana cres-
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ceu, é fato. Entretanto, com o crescimento desta indústria, não se consegue lançar novos artistas. Não é uma orquestração contra o novo. Todos entendem isso. Os artistas mais antenados estão preocupados em interagir com o novo. O pagode seria uma renovação da axé? Para a mídia, especificamente. Eu acho que o fato de surgir é porque ele está próximo do povo. Aquela proximidade que te falei. Hoje o cenário mudou também dentro dos bairros, a questão da violência, etc. O pagode vem, sem sombra de dúvidas, a partir dessa distância que os artistas tiveram do seu público. Há 15, 20 anos, eu pegava meu carro e saía pelos bairros para ver como as pessoas se divertiam. Não tinha programação cultural, então as pessoas se organizavam e faziam seu sambão, seu pagode. E artisticamente, é a renovação? Na conexão com o popular, sim. Você tem ídolos populares no pagode. Tem coisa muito ruim sendo feita também, mas você tem o Xandy, o Márcio Victor... E que nasceram da conexão legítima com o povo. Isso é cultura popular, você não pode negar isso. Sob esse aspecto, sim. Do ponto de vista rítmico também?
«Você tem ídolos populares no pagode. Tem coisa muito ruim sendo feita, mas você tem Xandy, Márcio Victor... E que nasceram da conexão legítima com o povo»
Também. Quando a gente fala da estrutura do pagode, isso é riquíssimo. Veja a música nova da Timbalada (O amor supera tudo), que é de Carlinhos Brown, a estruturação lembra a célula do pagode. Olhar sem preconceito para a criação musical é importante. Somos riquíssimos. Mas não nas letras? Tem muita coisa ruim. Mas se formos fazer uma análise antropológica, percebemos que isso reflete um pouco a distância social. Alguns grupos se organizam e trazem de sua comunidade uma força grande, como é o caso do Ed City, da época do Fantasmão, que traz uma linguagem de protesto, daquela coisa do “preste atenção, eu sou cidadão”. Como se explica a transversalização da axé music que hoje domina as festas, inclusive as tradicionais, como São João? É a matriz da festa, se você pensar. Uma música conseguiu ter projeção, pessoas conseguiram projetar suas carreiras. Por isso o Carnaval é tão importante para os artistas da Bahia. Porque naquele momento ele consegue um número muito grande de pessoas prestando atenção naquilo que estão fazendo. E foi a partir do Carnaval que teve início o sucesso da música baiana. No resto do ano os artistas foram se estruturando para saber como expressariam sua música. A partir da Bahia, do Carnaval, é uma coisa. E como eles fariam para multiplicar, que já é outra coisa. Sim, mas tudo virou axé. As festas populares estão sendo engolidas pela axé. Eu acho que não. São João não virou
festa de axé. Você tem cidades que investem na festa junina onde as grandes estrelas não são da axé. Estes, sim, fizeram eventos dentro do São João. O que acho natural. A gente não tem que rotular. Por que que posso ter no Carnaval artistas de outros gêneros e não o contrário? A tradição sempre irá se manter. Com a crise das gravadoras e a internet, como o artista faz para ter sucesso? Hoje temos a reengenharia da divulgação. O artista independente tem mais oportunidades, mas tem uma diversidade de canais para ele chegar lá. Se você falar em termos
de organização industrial para divulgação, você tem que gastar muito mais dinheiro no investimento de uma carreira artística, para expor o artista do que no passado. O conteúdo ficou ainda mais importante. Da mesma forma que a rede de divulgação, a personalidade do artista, o que ele faz, como se comporta, o que diz, é mais fundamental ainda. Sem essa engrenagem poderosa por trás, o artista não chega lá? Chega, mas é bem mais difícil. Eu vou citar os artistas que foram lançados nesses programas de TV como
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o Fama, da Globo. Não é só mídia que constrói a carreira de uma artista. Você viu muita gente que surgiu e depois desapareceu. Hoje já existe um entendimento de que você precisa estar organizado para ir para o mercado musical. Existe uma parte da vida artística que é somente criação, o lúdico, a base do desenvolvimento de um artista competente. O outro lado é como ele vai equacionar o talento e atuar no mundo. Essa engrenagem não tira o romantismo de que o artista venceu pelo talento? Há um preço. O da criação artística. O artista tem que lidar com o com-
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ATALHO BALTHAZAR GRILL
promisso da indústria e com o impulso da criação. Acho que o tempo todo ele sempre se indagou – e não é de agora, não – lá atrás, também. O artista vira um produto? É isso, mas ele precisa aprender a conviver com isso, porque se ele quer amplificar sua carreira para mais corações, mais pessoas, precisa lidar com essa engrenagem para chegar até mais e mais pessoas. É um preço grande com que alguns artistas souberam lidar, outros não. Acho que o público costuma ser um pouco cruel com os artistas que não souberam lidar com a indústria, com a organização de suas carreiras. Mas ainda se fabricam artistas. Fabricam, sim. Acredito que as car-
Quer dizer também que, neste gênero, o ritmo é mais importante que a letra? Sim, sim. Você precisa saber comunicar com essa massa. O artista não diz: eu vou fazer uma letra ruim, mas eu vou fazer uma música para falar com meu público. E cada um faz o seu diálogo com o seu público.
A indústria dos blocos fez o Carnaval perder a essência popular? Existem duas indústrias diferentes: a da música e a do Carnaval. No início, os trios, os artistas e os blocos afro eram subsidiados pelo governo. Aí um grupo de artistas e de empresários decide criar um modelo de negócio que é o bloco. Os artistas da Bahia, é bom que se diga, construíram suas carreiras de sucesso sem patrocínio público. Se organizaram e se tornaram autossuficientes. «
Com jazz e sabor Um restaurante especializado em música. Toda definição publicitária busca ressaltar a diferença com o mínimo de palavras. Reduzir o Balthazar Grill e Bar à síntese dos anúncios de propaganda é, no entanto, injusto e insuficiente. Com três ambientes – varanda, salão e mezanino –, o Balthazar tem os excelentes shows de jazz, blues e MPB que ocorrem de quarta a sábado como marca registrada. Mas mantém conforto, cardápio e atendimento afinados com a boa música. O pastel aberto de camarão com molho (R$ 12,90) e o beijuzito de carne-de-sol e de fumeiro com queijo coalho (R$ 11,90) aliam criatividade a sabores regionais sem frescura. A costeleta de porco ao molho barbecue (R$ 34,90) não decepciona. Sem pressa, experimente o fettuccineàMatricciana(R$26,90)ouocamarão New Orleans, com molho gorgonzola e purê de aipim (R$ 51,90). Vinho, drinques ou chope completam o ótimo repertório. «
«Acho que o público costuma ser um pouco cruel com os artistas que não souberam lidar com a indústria, com a organização de suas carreiras» reiras fabricadas não sobrevivem. Elas são midiáticas, ocupam um espaço por determinado tempo, mas o talento uma hora será chamado.
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BALTHAZAR GRILL E BAR: Av. Antonio Carlos Magalhães, 1.298, Shopping Cidade, Itaigara Tel. 71 3017-4343 DESTAQUE: para aproveitar mais os shows, prefira o mezanino, de onde é possível enxergar melhor o palco. O couvert varia de R$ 5 a R$ 15
Texto VITOR PAMPLONA vpamplona@grupoatarde.com.br
Foto FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
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ATALHO BALTHAZAR GRILL
promisso da indústria e com o impulso da criação. Acho que o tempo todo ele sempre se indagou – e não é de agora, não – lá atrás, também. O artista vira um produto? É isso, mas ele precisa aprender a conviver com isso, porque se ele quer amplificar sua carreira para mais corações, mais pessoas, precisa lidar com essa engrenagem para chegar até mais e mais pessoas. É um preço grande com que alguns artistas souberam lidar, outros não. Acho que o público costuma ser um pouco cruel com os artistas que não souberam lidar com a indústria, com a organização de suas carreiras. Mas ainda se fabricam artistas. Fabricam, sim. Acredito que as car-
Quer dizer também que, neste gênero, o ritmo é mais importante que a letra? Sim, sim. Você precisa saber comunicar com essa massa. O artista não diz: eu vou fazer uma letra ruim, mas eu vou fazer uma música para falar com meu público. E cada um faz o seu diálogo com o seu público.
A indústria dos blocos fez o Carnaval perder a essência popular? Existem duas indústrias diferentes: a da música e a do Carnaval. No início, os trios, os artistas e os blocos afro eram subsidiados pelo governo. Aí um grupo de artistas e de empresários decide criar um modelo de negócio que é o bloco. Os artistas da Bahia, é bom que se diga, construíram suas carreiras de sucesso sem patrocínio público. Se organizaram e se tornaram autossuficientes. «
Com jazz e sabor Um restaurante especializado em música. Toda definição publicitária busca ressaltar a diferença com o mínimo de palavras. Reduzir o Balthazar Grill e Bar à síntese dos anúncios de propaganda é, no entanto, injusto e insuficiente. Com três ambientes – varanda, salão e mezanino –, o Balthazar tem os excelentes shows de jazz, blues e MPB que ocorrem de quarta a sábado como marca registrada. Mas mantém conforto, cardápio e atendimento afinados com a boa música. O pastel aberto de camarão com molho (R$ 12,90) e o beijuzito de carne-de-sol e de fumeiro com queijo coalho (R$ 11,90) aliam criatividade a sabores regionais sem frescura. A costeleta de porco ao molho barbecue (R$ 34,90) não decepciona. Sem pressa, experimente o fettuccineàMatricciana(R$26,90)ouocamarão New Orleans, com molho gorgonzola e purê de aipim (R$ 51,90). Vinho, drinques ou chope completam o ótimo repertório. «
«Acho que o público costuma ser um pouco cruel com os artistas que não souberam lidar com a indústria, com a organização de suas carreiras» reiras fabricadas não sobrevivem. Elas são midiáticas, ocupam um espaço por determinado tempo, mas o talento uma hora será chamado.
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BALTHAZAR GRILL E BAR: Av. Antonio Carlos Magalhães, 1.298, Shopping Cidade, Itaigara Tel. 71 3017-4343 DESTAQUE: para aproveitar mais os shows, prefira o mezanino, de onde é possível enxergar melhor o palco. O couvert varia de R$ 5 a R$ 15
Texto VITOR PAMPLONA vpamplona@grupoatarde.com.br
Foto FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
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REJANE CARNEIRO / AG. A TARDE
MUITÍSSIMO RONALDO JACOBINA
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Casamento moderno A próxima loja da marca Elementais pode ser no Oriente Médio. A dona da grife, Emília Medauar, acabou de oficializar a união com o ex-jogador do Bahia João Marcelo, que desde o ano passado trabalha como treinador do time Al-Arabi, no Catar. Como os noivos tinham compromissos que impediam a troca de alianças cara a cara, a oficialização do casamento foi feita por procuração. Assim que conseguiu se livrar da agenda, Emília voou para encontrar o marido e, claro, curtir a lua-de-mel. Por enquanto, o casal continuará na longa ponte aérea. Nada que o amor não compense.
Axé, champanhe e luxo A champanheria do camarote de Marta Góes terá a marca da Todeschini. Esta semana, os empresários Fabíola Bernardo e Frank Roman circularam pela cidade agitando a participação da grife de móveis na folia baiana. No espaço, que é uma das marcas do camarote da banqueteira e prometer, serão servidas, diariamente, 50 caixas da bebida. O precioso líquido levará a assinatura da Ana Import, marca de Aninha Marques, mulher de Bell do Chiclete.
Krajcberg vai expor no Rodin Bahia
Pela primeira vez em muitos anos, o artista plástico Frans Krajcberg vai festejar o aniversário fora de sua Nova Viçosa. As comemorações dos seus 90 anos começarão no dia 29 de março com uma megaexposição no Museu Rodin, que segue até 15 de maio. No dia 12 de abril, data do aniversário do artista, Krajcberg ganha festa do governador Jaques Wagner no Palácio da Aclamação, com direito a convidados ilustres, como o prefeito de Paris, BertrandDelanoe,quejáconfirmoupresença.Aexposiçãocomemorativadoartistadeorigem polonesa será composta de fotos, vídeos, relevos e esculturas.
Acima, Emília Medauar confere a produção antes de rumar para o Oriente Médio. Abaixo, a animada banqueteira e prometer Marta Góes
Regalias para poucos David Nisenholz, da Orange Brasil Promotion, alugou os 100 luxuosos apartamentos do Pestana Lodge Bahia, no Rio Vermelho, para receber um grupo de altos executivos que virão conhecer o Carnaval na maior mordomia. De sexta a quarta, eles circularão pelos camarotes, curtindo a festa e, claro, fazendo network. Na segunda, ele abre o espaço vip para convidados locais, que curtirão tarde regada a champanhe, paella e o som do DJ Zé Pedro.
Cem anos de Carybé
Carnaval mais magro
Quem também ganha mostra comemorativa é o saudoso Carybé, que este ano faria 100 anos. A exposição, que terá a curadoria de Solange Bernabó (filha do artista) e de Daniel Range (Dimus), será aberta no dia 17 de março, no Solar Ferrão. A ideia dos curadores é expor trabalhos que estão na gaveta do ateliê do artista. A exposição fica em cartaz até 15 de maio.
A verba destinada pelo governo do Estado para o Carnaval de Salvador poderá sofrer uma redução de 30% este ano. Fontes ligadas a Jaques Wagner afirmam que a ordem é apertar o cinto. Com os altos índices de violência no Estado, não há como crer que o corte se dê em áreas como a de segurança pública. Quem poderá sobrar, de novo, serão os trios independentes. REJANE CARNEIRO / AG. A TARDE
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Casamento moderno A próxima loja da marca Elementais pode ser no Oriente Médio. A dona da grife, Emília Medauar, acabou de oficializar a união com o ex-jogador do Bahia João Marcelo, que desde o ano passado trabalha como treinador do time Al-Arabi, no Catar. Como os noivos tinham compromissos que impediam a troca de alianças cara a cara, a oficialização do casamento foi feita por procuração. Assim que conseguiu se livrar da agenda, Emília voou para encontrar o marido e, claro, curtir a lua-de-mel. Por enquanto, o casal continuará na longa ponte aérea. Nada que o amor não compense.
Axé, champanhe e luxo A champanheria do camarote de Marta Góes terá a marca da Todeschini. Esta semana, os empresários Fabíola Bernardo e Frank Roman circularam pela cidade agitando a participação da grife de móveis na folia baiana. No espaço, que é uma das marcas do camarote da banqueteira e prometer, serão servidas, diariamente, 50 caixas da bebida. O precioso líquido levará a assinatura da Ana Import, marca de Aninha Marques, mulher de Bell do Chiclete.
Krajcberg vai expor no Rodin Bahia
Pela primeira vez em muitos anos, o artista plástico Frans Krajcberg vai festejar o aniversário fora de sua Nova Viçosa. As comemorações dos seus 90 anos começarão no dia 29 de março com uma megaexposição no Museu Rodin, que segue até 15 de maio. No dia 12 de abril, data do aniversário do artista, Krajcberg ganha festa do governador Jaques Wagner no Palácio da Aclamação, com direito a convidados ilustres, como o prefeito de Paris, BertrandDelanoe,quejáconfirmoupresença.Aexposiçãocomemorativadoartistadeorigem polonesa será composta de fotos, vídeos, relevos e esculturas.
Acima, Emília Medauar confere a produção antes de rumar para o Oriente Médio. Abaixo, a animada banqueteira e prometer Marta Góes
Regalias para poucos David Nisenholz, da Orange Brasil Promotion, alugou os 100 luxuosos apartamentos do Pestana Lodge Bahia, no Rio Vermelho, para receber um grupo de altos executivos que virão conhecer o Carnaval na maior mordomia. De sexta a quarta, eles circularão pelos camarotes, curtindo a festa e, claro, fazendo network. Na segunda, ele abre o espaço vip para convidados locais, que curtirão tarde regada a champanhe, paella e o som do DJ Zé Pedro.
Cem anos de Carybé
Carnaval mais magro
Quem também ganha mostra comemorativa é o saudoso Carybé, que este ano faria 100 anos. A exposição, que terá a curadoria de Solange Bernabó (filha do artista) e de Daniel Range (Dimus), será aberta no dia 17 de março, no Solar Ferrão. A ideia dos curadores é expor trabalhos que estão na gaveta do ateliê do artista. A exposição fica em cartaz até 15 de maio.
A verba destinada pelo governo do Estado para o Carnaval de Salvador poderá sofrer uma redução de 30% este ano. Fontes ligadas a Jaques Wagner afirmam que a ordem é apertar o cinto. Com os altos índices de violência no Estado, não há como crer que o corte se dê em áreas como a de segurança pública. Quem poderá sobrar, de novo, serão os trios independentes. REJANE CARNEIRO / AG. A TARDE
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MODA CONTRASTE PARTE 1 Um verão em alto contraste e com altas temperaturas. O mais efervescente de todos... E ainda estamos só na metade Fotos e manipulação de imagens ESTÚDIO GATO LOUCO estudiogatolouco@gmail.com Texto, estilo e produção JOSÉ EDUARDO CARVALHO zeducarvalho@gmail.com
CLAUDIA OLÍVIA calça Rosa Chá R$ 329 biquíni Rosa Chá R$ 259 pulseira Francesca Romana Diana R$ 360 sandália Abx Contempo R$ 138 TARCILA conjunto Rosa Chá R$ 259 sandália Abx Contempo R$ 118 bolsa Clubedomizio R$ 1.074 guarda-sol Rosa Chá R$ 149
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MODA CONTRASTE PARTE 1 Um verão em alto contraste e com altas temperaturas. O mais efervescente de todos... E ainda estamos só na metade Fotos e manipulação de imagens ESTÚDIO GATO LOUCO estudiogatolouco@gmail.com Texto, estilo e produção JOSÉ EDUARDO CARVALHO zeducarvalho@gmail.com
CLAUDIA OLÍVIA calça Rosa Chá R$ 329 biquíni Rosa Chá R$ 259 pulseira Francesca Romana Diana R$ 360 sandália Abx Contempo R$ 138 TARCILA conjunto Rosa Chá R$ 259 sandália Abx Contempo R$ 118 bolsa Clubedomizio R$ 1.074 guarda-sol Rosa Chá R$ 149
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Blusa Clubedomizio R$ 1.475 calรงa Vitorino Campos para Galpรฃo de Estilo R$ 590 sandรกlia Abx Contempo R$ 99 colar Francesca Romana Diana R$ 320 pulseira Francesca Romana Diana R$ 345 anel Francesca Romana Diana R$ 320
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Vestido Clubedomizio R$ 1.450 colar Francesca Romana Diana R$ 320 pulseiras Abx Contempo R$ 48 (unidade)
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Blusa Clubedomizio R$ 1.475 calรงa Vitorino Campos para Galpรฃo de Estilo R$ 590 sandรกlia Abx Contempo R$ 99 colar Francesca Romana Diana R$ 320 pulseira Francesca Romana Diana R$ 345 anel Francesca Romana Diana R$ 320
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Vestido Clubedomizio R$ 1.450 colar Francesca Romana Diana R$ 320 pulseiras Abx Contempo R$ 48 (unidade)
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Blusa Vitorino Campos para Galpão de Estilo R$ 1.390 Saia Vitorino Campos para Galpão de Estilo R$ 390 Brinco Francesca Romana Diana R$ 270 pulseira Francesca Romana Diana R$ 410
A arte, o outro nome da vida BELEZA Cabelo e maquiagem por Roberth Almeida Nina Esthétique: Nina Boulevard Mix – Av. Manoel Dias Silva, 1.345 – Pituba 71 3248-1016 http:// ninaesthetique.com AGRADECIMENTOS Claudia Olívia (Mega Models) 71 8194-4111; Tarcila Araújo (Star Models) 71 3450-1515; Cinzoo – Inteligência Criativa, Ferdinando Cinqui (Mega Models), Caio Ferraz (Grupo Nina) e Maria Elizier Campos
ONDE COMPRAR Rosa Chá: Shopping Iguatemi: 3º piso – 71 3450-2172 Francesca Romana Diana: Shopping Barra, 3º piso – 71 3267-3166 Abx Contempo: Barra Center, Av. Ocêanica, 60/64, Barra – 71 3264-9182 Clubedomizio: Av. Paulo VI, 1.065, Pituba – 71 3453-1000 Galpão de Estilo: Rua Professor Sabino Silva, 836, Apipema Center, 1º andar, Ondina – 71 3237-8570 Arezzo: Shopping Barra, 3º piso, 71 3264-7677
Texto RONALDO JACOBINA rjacobina@grupoatarde.com.br Foto FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br O ano mal começou e a agenda de Caio Rodrigo já está atribulada. O ator, que se divide entre a elogiada atuação em Pólvora e Poesia, onde interpreta o poeta francês Paul Verlaine, e a montagem de Namíbia, não!, na qual assume as funções de assistente de direção (de Lázaro Ramos) e a produção executiva. Para exercer esses diferentes papéis, ele tem enfrentado uma maratona de viagens ecompromissos. Tudo para garantir a estreia da peça em março. Tanto trabalho, no entanto, não o assusta. Ao contrário, deve até ajudar a reduzir a ansiedade natural de quem concorre a um dos mais importantes prêmios de teatro da Bahia: o Braskem, na categoria Melhor Ator por Pólvora e Poesia, que recebeu indicações em outras quatro categorias, inclusive a de Melhor Espetáculo do Ano. O artista baiano, que teve os primeiros contatos com o teatro quando cursava edificações na Escola Técnica Federal da Bahia, não consegue disfarçar a paixão que tem pela profissão. Formado em interpretação pela Escola de Teatro da Ufba, Caio tem um currículo invejável para quem tem menos de uma década de palco. Além de já ter sido dirigido por feras como Nehle Franke, Hebe Alves e Elisa Mendes, e o próprio Guerreiro, não se acomoda ante as dificuldades. Banca o produtor, investe o que tem e corre atrás para viabilizar seus projetos. A próxima investida pode ser no cinema, onde já fez seu début no filme Revoada, de Zé Humberto, que ainda não entrou em cartaz. Ou em musical, gênero que o encanta. Para ele, a arte é o norte da sua vida. E quem há de duvidar? «
» LEIA MAIS SOBRE CAIO RODRIGO EM REVISTAMUITO.ATARDE.COM.BR
BIO CAIO RODRIGO
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A arte, o outro nome da vida BELEZA Cabelo e maquiagem por Roberth Almeida Nina Esthétique: Nina Boulevard Mix – Av. Manoel Dias Silva, 1.345 – Pituba 71 3248-1016 http:// ninaesthetique.com AGRADECIMENTOS Claudia Olívia (Mega Models) 71 8194-4111; Tarcila Araújo (Star Models) 71 3450-1515; Cinzoo – Inteligência Criativa, Ferdinando Cinqui (Mega Models), Caio Ferraz (Grupo Nina) e Maria Elizier Campos
ONDE COMPRAR Rosa Chá: Shopping Iguatemi: 3º piso – 71 3450-2172 Francesca Romana Diana: Shopping Barra, 3º piso – 71 3267-3166 Abx Contempo: Barra Center, Av. Ocêanica, 60/64, Barra – 71 3264-9182 Clubedomizio: Av. Paulo VI, 1.065, Pituba – 71 3453-1000 Galpão de Estilo: Rua Professor Sabino Silva, 836, Apipema Center, 1º andar, Ondina – 71 3237-8570 Arezzo: Shopping Barra, 3º piso, 71 3264-7677
Texto RONALDO JACOBINA rjacobina@grupoatarde.com.br Foto FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br O ano mal começou e a agenda de Caio Rodrigo já está atribulada. O ator, que se divide entre a elogiada atuação em Pólvora e Poesia, onde interpreta o poeta francês Paul Verlaine, e a montagem de Namíbia, não!, na qual assume as funções de assistente de direção (de Lázaro Ramos) e a produção executiva. Para exercer esses diferentes papéis, ele tem enfrentado uma maratona de viagens ecompromissos. Tudo para garantir a estreia da peça em março. Tanto trabalho, no entanto, não o assusta. Ao contrário, deve até ajudar a reduzir a ansiedade natural de quem concorre a um dos mais importantes prêmios de teatro da Bahia: o Braskem, na categoria Melhor Ator por Pólvora e Poesia, que recebeu indicações em outras quatro categorias, inclusive a de Melhor Espetáculo do Ano. O artista baiano, que teve os primeiros contatos com o teatro quando cursava edificações na Escola Técnica Federal da Bahia, não consegue disfarçar a paixão que tem pela profissão. Formado em interpretação pela Escola de Teatro da Ufba, Caio tem um currículo invejável para quem tem menos de uma década de palco. Além de já ter sido dirigido por feras como Nehle Franke, Hebe Alves e Elisa Mendes, e o próprio Guerreiro, não se acomoda ante as dificuldades. Banca o produtor, investe o que tem e corre atrás para viabilizar seus projetos. A próxima investida pode ser no cinema, onde já fez seu début no filme Revoada, de Zé Humberto, que ainda não entrou em cartaz. Ou em musical, gênero que o encanta. Para ele, a arte é o norte da sua vida. E quem há de duvidar? «
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BIO CAIO RODRIGO
AVENTURA sob
Mergulhadores buscam no fundo do mar a tranquilidade necessária para vencer os desafios em terra firme
PRESSÃO Texto EMANUELLA SOMBRA esombra@grupoatarde.com.br Fotos EDUARDO MARTINS emartins@grupoatarde.com.br
S
ão quase nove da manhã quando o grupo de mergulhadores prepara os últimos detalhes na lancha. Vestidos com uma roupa de neoprene, cada um checaseucoleteregulador,nadadeiras,máscara.“Pessoal,todomundojunto na hora de descer”, orienta o instrutor Gianpaolo Harfush, enquanto checa os cilindros de oxigênio enfileirados. “Não quero saber de ninguém separado lá embaixo, ok?”. O Necton Sub está ancorado a um quilômetro de terra firme, entre o Farol e o Porto da Barra. Ainda assim, é possível ouvir os decibéis de mais uma manhã de domingo naquela que é a praia mais famosa de Salvador: barulho de gente, de carros, do pagode que sai de alguma caixa de som. Alguns minutos mais de reajustes nos equipamentos e nos despedimos da civilização com um leve impulso para fora do barco. Debaixo d’água, o mundo beira o silêncio absoluto. A convite de Harfush, a Muito topou o desafio de mergulhar nas águas calmas da Baía deTodos-os-Santos.Aprimeirasensaçãoéestranhamento.Acadametrodeprofundidade, a máscara de borracha parece sugar nosso rosto como uma enorme ventosa. Também por causa da pressão, os ouvidos sentem um desconforto semelhante ao das viagens de avião: é preciso fazer movimentos com a mandíbula e com as têmporas para ficar tudo bem.
Mergulhador “entra” no mar do Porto da Barra
AVENTURA sob
Mergulhadores buscam no fundo do mar a tranquilidade necessária para vencer os desafios em terra firme
PRESSÃO Texto EMANUELLA SOMBRA esombra@grupoatarde.com.br Fotos EDUARDO MARTINS emartins@grupoatarde.com.br
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ão quase nove da manhã quando o grupo de mergulhadores prepara os últimos detalhes na lancha. Vestidos com uma roupa de neoprene, cada um checaseucoleteregulador,nadadeiras,máscara.“Pessoal,todomundojunto na hora de descer”, orienta o instrutor Gianpaolo Harfush, enquanto checa os cilindros de oxigênio enfileirados. “Não quero saber de ninguém separado lá embaixo, ok?”. O Necton Sub está ancorado a um quilômetro de terra firme, entre o Farol e o Porto da Barra. Ainda assim, é possível ouvir os decibéis de mais uma manhã de domingo naquela que é a praia mais famosa de Salvador: barulho de gente, de carros, do pagode que sai de alguma caixa de som. Alguns minutos mais de reajustes nos equipamentos e nos despedimos da civilização com um leve impulso para fora do barco. Debaixo d’água, o mundo beira o silêncio absoluto. A convite de Harfush, a Muito topou o desafio de mergulhar nas águas calmas da Baía deTodos-os-Santos.Aprimeirasensaçãoéestranhamento.Acadametrodeprofundidade, a máscara de borracha parece sugar nosso rosto como uma enorme ventosa. Também por causa da pressão, os ouvidos sentem um desconforto semelhante ao das viagens de avião: é preciso fazer movimentos com a mandíbula e com as têmporas para ficar tudo bem.
Mergulhador “entra” no mar do Porto da Barra
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
Estamos sobre o naufrágio do francês Bretagne, paquete que em 1903 deixava a baía com uma carga de dez mil sacas de café quando afundou. Atravessamos minúsculas algas, o que provoca uma leve sensação de urticária no rosto. O ar respirado pelo cilindro de oxigênio é gelado e seco. A sensação é relaxante. Oito metros para baixo, tomamos cuidado para que as nadadeiras não toquem o fundo e perturbem o ecossistema local. A carapaça de ferro e aço do navio se mistura à de outra embarcação, o vapor alemão Germânia, afundado em 1876. Explicamos: o Bretagne foi água abaixo justamente porque, numa manobra desajeitada, bateu o leme nos destroços do naufrágio anterior, depositado no fundo do mar após chocar-se contra os arrecifes próximos ao Forte de São Marcelo. Juntos, o Germânia e o Bretagne são uma espécie de sítio arqueológico recoberto de esponjas, corais e ouriços coloridos.
TERAPIA Estamos numa coordenada ideal para o mergulho de aventura. Embora não tenha uma paisagem marinha tão deslumbrante quanto as de Abrolhos e Fernando de Noronha, Salvador dispõe de dezenas de naufrágios e belas formações naturais. Reúne, também, características convidativas para a terapia subaquática: correntes abrigadas pela baía, o que torna o esporte mais seguro, e a temperatura agradável debaixo d’água, por volta de 26° C. Aprofundidademédiadeseismetrosea proximidade das visitações em relação à praia são outros pontos a favor. É perfeitamente possível chegar nadando até o Bretagne, o Germânia e o Maraldi (um vaporinglêsqueencalhouem1875),tãopróximos que estão dos limites asfaltados da Barra. Sem contar que a boa visibilidade da
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
água é tão frequente quanto os dias de sol na Bahia. Privilégio que, no nosso caso, ultrapassa o calendário de verão. “Essavisibilidadesedeveàproximidade da plataforma continental”, explica Harfush, enquanto aponta minuciosamente paraummapanáutico.“Issocontribuipara achegadadaságuaslimpas,existeumarenovação natural e constante”, completa o baiano, descendente de libaneses, que largou o ramo da irrigação para, há seis anos, comandar a Dive Bahia, escola de mergulho especializada em expedições marítimas com profissionais e amadores. Mergulhador desde os 6, Gianpaolo Harfush – ou apenas Gian, para os íntimos – tem 43 anos. É daquelas figuras simpáticas com quem se faz amizade logo na primeira hora de conversa. De fala espontânea, constata o que nós já suspeitávamos. O soteropolitano ainda não descobriu o prazerqueumahorademergulhopelacosta da cidade oferece. “Eu diria que só 15% dos nossos clientes são locais. O restante são estrangeiros e turistas do Sudeste”. Dentro deste percentual, está o casal de mineiros Marcos Motta e Fernanda Rezende, respectivamente 50 e 36 anos, uma década de experiência subaquática e currículo que inclui passagens – com direito a respiradas no cilindro de oxigênio – por Noronha, Abrolhos, Bali e Mar Vermelho. Os últimos, diga-se, são considerados dois dos mais deslumbrantes cartões-postais submersos. Em Salvador, o casal de médicos provou do mesmo passeio feito pela equipe da Muito nos naufrágios da Barra. “Da última vez em que mergulhamos, entrei em pânico. Achava que não havia ar suficiente no cilindro”, ela lembra. “É viagem da cabeça, tudo psicológico”, continua, depois de notar que perdeu a bandana xadrez no fundo do mar. Nem só de objetos perdidos o
Marcos ao lado da namorada Fernanda: sem sofrimento, não há prazer
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Estamos sobre o naufrágio do francês Bretagne, paquete que em 1903 deixava a baía com uma carga de dez mil sacas de café quando afundou. Atravessamos minúsculas algas, o que provoca uma leve sensação de urticária no rosto. O ar respirado pelo cilindro de oxigênio é gelado e seco. A sensação é relaxante. Oito metros para baixo, tomamos cuidado para que as nadadeiras não toquem o fundo e perturbem o ecossistema local. A carapaça de ferro e aço do navio se mistura à de outra embarcação, o vapor alemão Germânia, afundado em 1876. Explicamos: o Bretagne foi água abaixo justamente porque, numa manobra desajeitada, bateu o leme nos destroços do naufrágio anterior, depositado no fundo do mar após chocar-se contra os arrecifes próximos ao Forte de São Marcelo. Juntos, o Germânia e o Bretagne são uma espécie de sítio arqueológico recoberto de esponjas, corais e ouriços coloridos.
TERAPIA Estamos numa coordenada ideal para o mergulho de aventura. Embora não tenha uma paisagem marinha tão deslumbrante quanto as de Abrolhos e Fernando de Noronha, Salvador dispõe de dezenas de naufrágios e belas formações naturais. Reúne, também, características convidativas para a terapia subaquática: correntes abrigadas pela baía, o que torna o esporte mais seguro, e a temperatura agradável debaixo d’água, por volta de 26° C. Aprofundidademédiadeseismetrosea proximidade das visitações em relação à praia são outros pontos a favor. É perfeitamente possível chegar nadando até o Bretagne, o Germânia e o Maraldi (um vaporinglêsqueencalhouem1875),tãopróximos que estão dos limites asfaltados da Barra. Sem contar que a boa visibilidade da
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água é tão frequente quanto os dias de sol na Bahia. Privilégio que, no nosso caso, ultrapassa o calendário de verão. “Essavisibilidadesedeveàproximidade da plataforma continental”, explica Harfush, enquanto aponta minuciosamente paraummapanáutico.“Issocontribuipara achegadadaságuaslimpas,existeumarenovação natural e constante”, completa o baiano, descendente de libaneses, que largou o ramo da irrigação para, há seis anos, comandar a Dive Bahia, escola de mergulho especializada em expedições marítimas com profissionais e amadores. Mergulhador desde os 6, Gianpaolo Harfush – ou apenas Gian, para os íntimos – tem 43 anos. É daquelas figuras simpáticas com quem se faz amizade logo na primeira hora de conversa. De fala espontânea, constata o que nós já suspeitávamos. O soteropolitano ainda não descobriu o prazerqueumahorademergulhopelacosta da cidade oferece. “Eu diria que só 15% dos nossos clientes são locais. O restante são estrangeiros e turistas do Sudeste”. Dentro deste percentual, está o casal de mineiros Marcos Motta e Fernanda Rezende, respectivamente 50 e 36 anos, uma década de experiência subaquática e currículo que inclui passagens – com direito a respiradas no cilindro de oxigênio – por Noronha, Abrolhos, Bali e Mar Vermelho. Os últimos, diga-se, são considerados dois dos mais deslumbrantes cartões-postais submersos. Em Salvador, o casal de médicos provou do mesmo passeio feito pela equipe da Muito nos naufrágios da Barra. “Da última vez em que mergulhamos, entrei em pânico. Achava que não havia ar suficiente no cilindro”, ela lembra. “É viagem da cabeça, tudo psicológico”, continua, depois de notar que perdeu a bandana xadrez no fundo do mar. Nem só de objetos perdidos o
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DEBAIXO D´ÁGUA
de Fernanda escapa mais ar do que deve. O manômetro indica que está quase vazio. Eisumdosmotivospelosquaiséimprescindível SEMPRE mergulhar acompanhado. Como em qualquer esporte, o praticante está sujeito a acidentes ou falhas. Quando falta oxigênio, por exemplo, o companheiro ao lado cede do próprio cilindro por meio de um respirador extra, e tudo fica bem. Fernanda e os demais sobem até a lancha. Num intervalo a bordo do Necton Sub, a equipe aproveita o lanche a bordo. Marcos não segura o enjoo e corre para se aliviar à beira da embarcação. Segundo tempo debaixo d’água, outra subida e mais enjoo. Marcos diz que sempre passa mal, está acostumado. E o leitor pensa: vale a pena esse sofrimento todo em troca de alguns minutos lá embaixo? “Um ditado diz que sem sofrimento não há prazer”, ele nos responde calmamente. “É o mesmo sacrifício de quem escala o Everest, você vai dizer que não vale a pena?”, ri. “E eu sou galo (torcedor do Atlético Mineiro), estou acostumado a sofrer”.
BATISMO
oceano está cheio. Durante nosso passeio, não foi difícil encontrar latinhas de cerveja e copos descartáveis entre cardumes e pequenos cavalos-marinhos. Sujeira que, em 99,9%, vem da praia. Num dado momento, avisto um microfone (hã?) entre as pedras e o que parece ser uma moreia. Algum jornalista deixou o equipamento escapulir do barco, penso. A comunicação com o resto do grupo se limita a sinais com as mãos de “tudo bem”, “quero subir”, “quero descer”, “espere”. De repente, um “algo está errado” é sinalizado por um dos mergulhadores. O cilindro de oxigênio
Gianpaolo Harfush no Necton Sub; abaixo, Allan Damas
Mas se enganaquemacreditaquebasta ter estômago para encarar o desafio. O primeiro passo de quem quer praticar mergulho é fazer um curso especializado, que inclui aulas de adaptação em piscina e o chamado batismo no mar, quando o instrutor acompanha o iniciante em suas primeiras nadadasemáguasalgada.Semcontarque a prática do esporte não é tão barata: um cursobásicosaipormédiosR$800eoequipamento completo, cerca de R$ 5 mil. Em alguns casos, a despesa pode ser até menor. Ao darem cursos, normalmente as escolas oferecem equipamento. E quem já possui certificação também pode alugar, como faz Allan Damas. De férias em Salvador, o haitiano de 43 anos radicado desde
Naufrágios
Saiba como escolher o melhor local para mergulho e os equipamentos necessários à prática
Formações naturais
QUEBRA-MAR
BANCO DE PANELA
Ponto preferido dos amantes da foto-sub, possui formações de corais e invertebrados. Recomendado para mergulho noturno 4 a 10m
A
Um dos maiores sítios arqueológicos do Brasil. Durante a invasão holandesa, naufragaram cerca de 90 embarcações em uma só noite 6 a 18m
A
Iniciante
SALVADOR
MARALDI
Experiente
B
CORDILHEIRA
SALA DE AULA
Grande platô levemente inclinado. Duas dessas pedras atraem uma enorme variedade de pequenos cardumes 8 a 17m
Oferece condições ideais para iniciantes: fácil acesso, pouca profundidade e ausência de correntes 8 a 16m
FAROL DA BARRA
FAROL DE ITAPUÃ
BRETAGNE
Data do naufrágio - 1875 Origem - Inglaterra Por causa da forte correnteza, encalhou ao entrar no porto para abastecer 4 a 12m
25
Data do naufrágio - 1903 Origem - França O navio naufragou por ter batido nos destroços da embarcação Germania 4 a 12m
GERMANIA
Data do naufrágio - 1876 Origem - Alemanha Naufragou após bater nos corais, numa noite em que o Farol da Barra estava desligado 7 a 11m
CARVO ARTEMIDI Data do naufrágio - 1980 Origem - Grécia É considerado o maior naufrágio do Brasil, com 170 metros de comprimento 10 a 30m
B
GALEÃO SACRAMENTO
Data do naufrágio - 1668 Origem - Portugal Ventos fortes impediram uma manobra e o galeão bateu no Banco de Santo Antônio 15 a 32m
Equipamentos Cinto de lastro
Possui pesos que fazem com que o mergulhador afunde
Nadadeiras
Facilita a locomoção com mais rapidez na água
Roupa de neoprene
Proteção contra o frio, pedras, ouriços e animais peçonhentos
Cilindro
Oxigênio comprimido, essencial para a respiração dentro da água
Colete regulador
É conectado ao cilindro de oxigênio. Inflado, permite boiar. Vazio, faz com que afunde
Kit manômetro, profundiômetro e bússola
Regulam, respectivamente, a quantidade de ar no cilindro, a profundidade e a localização
Snorkel
Adequado para mergulhos rasos, permite respirar na superfície sem a necessidade de um cilindro
Máscara
Permite enxergar debaixo d'água. Para não embaçar, são utilizados produtos próprios para este fim
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
DEBAIXO D´ÁGUA
de Fernanda escapa mais ar do que deve. O manômetro indica que está quase vazio. Eisumdosmotivospelosquaiséimprescindível SEMPRE mergulhar acompanhado. Como em qualquer esporte, o praticante está sujeito a acidentes ou falhas. Quando falta oxigênio, por exemplo, o companheiro ao lado cede do próprio cilindro por meio de um respirador extra, e tudo fica bem. Fernanda e os demais sobem até a lancha. Num intervalo a bordo do Necton Sub, a equipe aproveita o lanche a bordo. Marcos não segura o enjoo e corre para se aliviar à beira da embarcação. Segundo tempo debaixo d’água, outra subida e mais enjoo. Marcos diz que sempre passa mal, está acostumado. E o leitor pensa: vale a pena esse sofrimento todo em troca de alguns minutos lá embaixo? “Um ditado diz que sem sofrimento não há prazer”, ele nos responde calmamente. “É o mesmo sacrifício de quem escala o Everest, você vai dizer que não vale a pena?”, ri. “E eu sou galo (torcedor do Atlético Mineiro), estou acostumado a sofrer”.
BATISMO
oceano está cheio. Durante nosso passeio, não foi difícil encontrar latinhas de cerveja e copos descartáveis entre cardumes e pequenos cavalos-marinhos. Sujeira que, em 99,9%, vem da praia. Num dado momento, avisto um microfone (hã?) entre as pedras e o que parece ser uma moreia. Algum jornalista deixou o equipamento escapulir do barco, penso. A comunicação com o resto do grupo se limita a sinais com as mãos de “tudo bem”, “quero subir”, “quero descer”, “espere”. De repente, um “algo está errado” é sinalizado por um dos mergulhadores. O cilindro de oxigênio
Gianpaolo Harfush no Necton Sub; abaixo, Allan Damas
Mas se enganaquemacreditaquebasta ter estômago para encarar o desafio. O primeiro passo de quem quer praticar mergulho é fazer um curso especializado, que inclui aulas de adaptação em piscina e o chamado batismo no mar, quando o instrutor acompanha o iniciante em suas primeiras nadadasemáguasalgada.Semcontarque a prática do esporte não é tão barata: um cursobásicosaipormédiosR$800eoequipamento completo, cerca de R$ 5 mil. Em alguns casos, a despesa pode ser até menor. Ao darem cursos, normalmente as escolas oferecem equipamento. E quem já possui certificação também pode alugar, como faz Allan Damas. De férias em Salvador, o haitiano de 43 anos radicado desde
Naufrágios
Saiba como escolher o melhor local para mergulho e os equipamentos necessários à prática
Formações naturais
QUEBRA-MAR
BANCO DE PANELA
Ponto preferido dos amantes da foto-sub, possui formações de corais e invertebrados. Recomendado para mergulho noturno 4 a 10m
A
Um dos maiores sítios arqueológicos do Brasil. Durante a invasão holandesa, naufragaram cerca de 90 embarcações em uma só noite 6 a 18m
A
Iniciante
SALVADOR
MARALDI
Experiente
B
CORDILHEIRA
SALA DE AULA
Grande platô levemente inclinado. Duas dessas pedras atraem uma enorme variedade de pequenos cardumes 8 a 17m
Oferece condições ideais para iniciantes: fácil acesso, pouca profundidade e ausência de correntes 8 a 16m
FAROL DA BARRA
FAROL DE ITAPUÃ
BRETAGNE
Data do naufrágio - 1875 Origem - Inglaterra Por causa da forte correnteza, encalhou ao entrar no porto para abastecer 4 a 12m
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Data do naufrágio - 1903 Origem - França O navio naufragou por ter batido nos destroços da embarcação Germania 4 a 12m
GERMANIA
Data do naufrágio - 1876 Origem - Alemanha Naufragou após bater nos corais, numa noite em que o Farol da Barra estava desligado 7 a 11m
CARVO ARTEMIDI Data do naufrágio - 1980 Origem - Grécia É considerado o maior naufrágio do Brasil, com 170 metros de comprimento 10 a 30m
B
GALEÃO SACRAMENTO
Data do naufrágio - 1668 Origem - Portugal Ventos fortes impediram uma manobra e o galeão bateu no Banco de Santo Antônio 15 a 32m
Equipamentos Cinto de lastro
Possui pesos que fazem com que o mergulhador afunde
Nadadeiras
Facilita a locomoção com mais rapidez na água
Roupa de neoprene
Proteção contra o frio, pedras, ouriços e animais peçonhentos
Cilindro
Oxigênio comprimido, essencial para a respiração dentro da água
Colete regulador
É conectado ao cilindro de oxigênio. Inflado, permite boiar. Vazio, faz com que afunde
Kit manômetro, profundiômetro e bússola
Regulam, respectivamente, a quantidade de ar no cilindro, a profundidade e a localização
Snorkel
Adequado para mergulhos rasos, permite respirar na superfície sem a necessidade de um cilindro
Máscara
Permite enxergar debaixo d'água. Para não embaçar, são utilizados produtos próprios para este fim
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
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FOTOS BAHIA SCUBA / ACERVO
os 7 em Nova York, onde trabalha como paisagista, aproveitou o inverno do hemisfério norte para relaxar nas águas protegidas por Iemanjá. “A temperatura aqui é bastante confortável. Incrível”, sintetiza. Quando conversou conosco, Damas ainda não tinha conhecido o Cavo Artemidi, navio grego que repousa desde 1980 no Banco da Panela e é considerado o maior naufrágio brasileiro: 180 metros de comprimento em uma profundidade três vezes maior que as do Germânia e Bretagne. Também não havia visitado um dos mais antigos, o português Galeão Sacramento, que sucumbiu à tempestade em 1668. “Preciso mergulhar mais para fazer uma avaliação do mar de Salvador”, brinca.
BELEZA SUBAQUÁTICA Uma coisa é certa. Embora Salvador não seja a campeã no quesito beleza subaquática, é um dos pouquíssimos destinos onde é possível encontrar as condições ideais para o mergulho amador: águas mornas o ano todo, baixa profundidade média e acesso rápido aos locais de visitação. “É uma região de águas despoluídas e, por causa de seu passado colonial, teve uma grande incidência de naufrágios, além das belas formações naturais”, garante Gilson Galvão, veterano no assunto. Arquiteto por formação – ele brinca que a profissão foi literalmente por água abaixo –, Galvão é outro que alia o trabalho ao lazer. No escritório da Bahia Scuba, escola de mergulho da qual é sócio, na Bahia Marina, mostra um imenso acervo de fotos submarinas, inclusive a dos filhos de 8 anos, os gêmeos Vítor e Felipe, que praticam mergulho desde os 4. Aos 40, resume as limitações do esporte com um único exemplo: “Tive uma aluna que aprendeu a nadar aos 50 e veio mergulhar aos 60, aqui com a gente”.
“Existe um estudo que compara o número de mergulhadores e de acidentados com uma série de outras atividades esportivas. O mergulho autônomo (com cilindro) está em 22º lugar ao lado do boliche”, diz, com um sorriso de canto de boca. Para ele e tantos outros profissionais do ramo, mergulhar é como meditar em volta de cardumes de peixes e golfinhos, com sorte, arraias e baleias em fase de acasalamento. “Nossa busca não é pela adrenalina, mas pela endorfina”. Por falar em golfinhos, baleias, ADRENALINA... Quem se prendeu à leitura deste texto até o último parágrafo certamente se imaginoudentrod’águacomumpardenadadeiras e uma máscara de borracha. Também deve ter pensado num certo peixe de cartilagem, barbatana e coloração acinzentada rondando em volta, doido por sua próxima refeição. De início, nós também pensamos. Mas ao contrário dos filmes de ficção, tubarões não costumam atacar mergulhadores, ao menos que sejam importunados. E o melhor: são uma raridade pelos mares daqui. «
Gilson com os filhos Vítor e Felipe. Ao lado, foto no Galeão Sacramento
ONDE APRENDER Dive Bahia Av. Sete de Setembro, 3.809, Porto da Barra – 71 3264-3820 www.divebahia.com.br Bahia Scuba Av. Contorno, 1.010, Bahia Marina, loja 05, Comércio – 71 3321-0156 www.bahiascuba. com.br
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FOTOS BAHIA SCUBA / ACERVO
os 7 em Nova York, onde trabalha como paisagista, aproveitou o inverno do hemisfério norte para relaxar nas águas protegidas por Iemanjá. “A temperatura aqui é bastante confortável. Incrível”, sintetiza. Quando conversou conosco, Damas ainda não tinha conhecido o Cavo Artemidi, navio grego que repousa desde 1980 no Banco da Panela e é considerado o maior naufrágio brasileiro: 180 metros de comprimento em uma profundidade três vezes maior que as do Germânia e Bretagne. Também não havia visitado um dos mais antigos, o português Galeão Sacramento, que sucumbiu à tempestade em 1668. “Preciso mergulhar mais para fazer uma avaliação do mar de Salvador”, brinca.
BELEZA SUBAQUÁTICA Uma coisa é certa. Embora Salvador não seja a campeã no quesito beleza subaquática, é um dos pouquíssimos destinos onde é possível encontrar as condições ideais para o mergulho amador: águas mornas o ano todo, baixa profundidade média e acesso rápido aos locais de visitação. “É uma região de águas despoluídas e, por causa de seu passado colonial, teve uma grande incidência de naufrágios, além das belas formações naturais”, garante Gilson Galvão, veterano no assunto. Arquiteto por formação – ele brinca que a profissão foi literalmente por água abaixo –, Galvão é outro que alia o trabalho ao lazer. No escritório da Bahia Scuba, escola de mergulho da qual é sócio, na Bahia Marina, mostra um imenso acervo de fotos submarinas, inclusive a dos filhos de 8 anos, os gêmeos Vítor e Felipe, que praticam mergulho desde os 4. Aos 40, resume as limitações do esporte com um único exemplo: “Tive uma aluna que aprendeu a nadar aos 50 e veio mergulhar aos 60, aqui com a gente”.
“Existe um estudo que compara o número de mergulhadores e de acidentados com uma série de outras atividades esportivas. O mergulho autônomo (com cilindro) está em 22º lugar ao lado do boliche”, diz, com um sorriso de canto de boca. Para ele e tantos outros profissionais do ramo, mergulhar é como meditar em volta de cardumes de peixes e golfinhos, com sorte, arraias e baleias em fase de acasalamento. “Nossa busca não é pela adrenalina, mas pela endorfina”. Por falar em golfinhos, baleias, ADRENALINA... Quem se prendeu à leitura deste texto até o último parágrafo certamente se imaginoudentrod’águacomumpardenadadeiras e uma máscara de borracha. Também deve ter pensado num certo peixe de cartilagem, barbatana e coloração acinzentada rondando em volta, doido por sua próxima refeição. De início, nós também pensamos. Mas ao contrário dos filmes de ficção, tubarões não costumam atacar mergulhadores, ao menos que sejam importunados. E o melhor: são uma raridade pelos mares daqui. «
Gilson com os filhos Vítor e Felipe. Ao lado, foto no Galeão Sacramento
ONDE APRENDER Dive Bahia Av. Sete de Setembro, 3.809, Porto da Barra – 71 3264-3820 www.divebahia.com.br Bahia Scuba Av. Contorno, 1.010, Bahia Marina, loja 05, Comércio – 71 3321-0156 www.bahiascuba. com.br
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
CORES VIVAS Texto RONALDO JACOBINA rjacobina@grupoatarde.com.br Foto FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
Q A onda dos móveis coloridos invade salas, quartos, banheiros e cozinhas, emprestando maior personalização aos ambientes. Uma tendência que ganha força especialmente no Nordeste
uem passou por uma dessas modernas lojas de decoração nos últimos tempos já deve ter reparado na grande quantidade de móveis coloridos expostos nas vitrines. À primeira vista, o que se imagina é que, depois de uma fase em que o branco predominou nos projetos de arquitetura de interior, o mercado de decoração resolveu quebrar a monocromia e apostar nas cores vivas. Em se tratando de mercado, é mais que isso. Colorir móveis é uma tendência. As peças de mobiliário ganharam cores fortes e brilhantes e têm seduzido os consumidores brasileiros, especialmente os do litoral, graças ao resgate da milenar técnica chinesa de pintura em laca. Embora esta textura não seja exatamente uma novidade no universo da decoração, visto que é utilizada pelas dinastias da China, desde a.C., ela voltou com força no século 21. Esse retorno se deve em parte à ampliação da cartela oferecida pelos fabricantes. Nada menos que 1.200 coresestãodisponíveisnomercado.Estaspodem ser aplicadas em peças de pequeno, médio e grande portes. A onda colorida invadiu cadeiras, mesas laterais e de jantar, camas, aparadores e até os armários. Do quarto à cozinha. “Essa tendência no mobiliário, que começou há pouco mais de uma década nos salões de decoraçãodeMilão,naItália,ganhoumusculatura nos últimos anos, especialmente no Nordeste, onde as pessoas apreciam o uso das cores vibrantes”, explica a decoradora e diretora da Escola Bahiana de Arte e Decoração (Ebade), Nágila Andrade. Dona de um estilo arrojado, Nágila não teve medo de ousar na última mostra de decoração Casa Cor, quando aplicou um tom amarelo-ouro nos armários e na ge-
ladeiradolivingeespaçogourmetqueprojetou para a mostra. “Ascoresfortessãoideaisparaquandoa gente quer dar destaque a uma peça ou a uma parte do ambiente. Em Salvador, especialmente por ter uma luminosidade muito grande, esses tons caem muito bem”, completa. No entanto, ela costuma chamar a atenção de seus clientes, assim como a de suas alunas, para que mantenham uma certa cautela para não carregar nas tintas. “O ideal é harmonizar o espaço com peças coloridas, mas não é bom se empolgar muito para não deixar o ambiente carregado, pesado, sufocado mesmo”, ensina. De acordo com a decoradora, o uso da tinta laca em tons fortes usados nas peças de mobiliário é uma releitura. “É a onda vintage, retrô”, que tem atingido diversos segmentos que trabalham com tendências”, explica. No bom e velho português, é uma volta a um passado não muito distante, até meados dos anos 1970, quando os eletrodomésticos ainda não atendiam pelo nome de linha branca. A tendência do uso de cores fortes foi seguida até mesmo pelas marcas consideradas do mercado de luxo, como é o caso da Artefacto, símbolo do segmento. Na unidade da loja, no Jardim Brasil, na Barra, a festa de cores está até na vitrine, onde diversas banquetas multicoloridas “pintam” o vidro da lateral da suntuosa casa, que abriga também a LB Home.
SOB MEDIDA “Em nossas duas lojas, a laca tem sido destaque. Na LB Home, as peças coloridas podem ser brilhantes ou foscas, mas a cor forte é a bola da vez”, afirma a vendedora Carla Vieira. Ela explica que, no caso da Artefacto, são usadas as chamadas microtexturas,umatécnicadiferenciadaquedeixao
Ao lado, mesa de centro, em microtextura fosca, da Artefacto. Acima, banquetas coloridas, em laca brilhante, à venda na loja LB Home, na Barra
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CORES VIVAS Texto RONALDO JACOBINA rjacobina@grupoatarde.com.br Foto FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
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Q A onda dos móveis coloridos invade salas, quartos, banheiros e cozinhas, emprestando maior personalização aos ambientes. Uma tendência que ganha força especialmente no Nordeste
uem passou por uma dessas modernas lojas de decoração nos últimos tempos já deve ter reparado na grande quantidade de móveis coloridos expostos nas vitrines. À primeira vista, o que se imagina é que, depois de uma fase em que o branco predominou nos projetos de arquitetura de interior, o mercado de decoração resolveu quebrar a monocromia e apostar nas cores vivas. Em se tratando de mercado, é mais que isso. Colorir móveis é uma tendência. As peças de mobiliário ganharam cores fortes e brilhantes e têm seduzido os consumidores brasileiros, especialmente os do litoral, graças ao resgate da milenar técnica chinesa de pintura em laca. Embora esta textura não seja exatamente uma novidade no universo da decoração, visto que é utilizada pelas dinastias da China, desde a.C., ela voltou com força no século 21. Esse retorno se deve em parte à ampliação da cartela oferecida pelos fabricantes. Nada menos que 1.200 coresestãodisponíveisnomercado.Estaspodem ser aplicadas em peças de pequeno, médio e grande portes. A onda colorida invadiu cadeiras, mesas laterais e de jantar, camas, aparadores e até os armários. Do quarto à cozinha. “Essa tendência no mobiliário, que começou há pouco mais de uma década nos salões de decoraçãodeMilão,naItália,ganhoumusculatura nos últimos anos, especialmente no Nordeste, onde as pessoas apreciam o uso das cores vibrantes”, explica a decoradora e diretora da Escola Bahiana de Arte e Decoração (Ebade), Nágila Andrade. Dona de um estilo arrojado, Nágila não teve medo de ousar na última mostra de decoração Casa Cor, quando aplicou um tom amarelo-ouro nos armários e na ge-
ladeiradolivingeespaçogourmetqueprojetou para a mostra. “Ascoresfortessãoideaisparaquandoa gente quer dar destaque a uma peça ou a uma parte do ambiente. Em Salvador, especialmente por ter uma luminosidade muito grande, esses tons caem muito bem”, completa. No entanto, ela costuma chamar a atenção de seus clientes, assim como a de suas alunas, para que mantenham uma certa cautela para não carregar nas tintas. “O ideal é harmonizar o espaço com peças coloridas, mas não é bom se empolgar muito para não deixar o ambiente carregado, pesado, sufocado mesmo”, ensina. De acordo com a decoradora, o uso da tinta laca em tons fortes usados nas peças de mobiliário é uma releitura. “É a onda vintage, retrô”, que tem atingido diversos segmentos que trabalham com tendências”, explica. No bom e velho português, é uma volta a um passado não muito distante, até meados dos anos 1970, quando os eletrodomésticos ainda não atendiam pelo nome de linha branca. A tendência do uso de cores fortes foi seguida até mesmo pelas marcas consideradas do mercado de luxo, como é o caso da Artefacto, símbolo do segmento. Na unidade da loja, no Jardim Brasil, na Barra, a festa de cores está até na vitrine, onde diversas banquetas multicoloridas “pintam” o vidro da lateral da suntuosa casa, que abriga também a LB Home.
SOB MEDIDA “Em nossas duas lojas, a laca tem sido destaque. Na LB Home, as peças coloridas podem ser brilhantes ou foscas, mas a cor forte é a bola da vez”, afirma a vendedora Carla Vieira. Ela explica que, no caso da Artefacto, são usadas as chamadas microtexturas,umatécnicadiferenciadaquedeixao
Ao lado, mesa de centro, em microtextura fosca, da Artefacto. Acima, banquetas coloridas, em laca brilhante, à venda na loja LB Home, na Barra
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móvel num tom menos brilhante. “Como só trabalhamos com materiais nobres, optamos por usar a microtextura”, destaca. Isso é detalhe. Fato é que a cor tomou conta das vitrines das lojas de decoração. Na Casa Kaiada, na Barra, uma mesa lateral no tom berinjela rouba o brilho da cenografia criada pela decoradora Rita Sampaio, 44. A mesa redonda da vitrine também sai em dois outros tamanhos. Já a tonalidade... “Temos mais de mil opções de cores, ressalta Sampaio. Apaixonadapelapeça,exatamenteada cor berinjela, ela vem tentando seduzir o marido para adquirir uma. “Vai ficar linda na minha sala, que segue os tons de bege”, manda o recado para o companheiro. Assim como Nágila, Rita chama a atenção para o bom uso das tonalidades fortes. “A peça colorida dá uma vida ao ambiente, dá frescor, mas tem que ter cuidado na hora de usar. É preciso que a peça não brigue com as outras, tem que ter um link com o que existe no ambiente”. Rita Sampaio diz que sempre orienta os clientes para evitarem o excesso. “Tem que haver uma harmonia, um equilíbrio. A cor forte é para ser usada como um destaque no ambiente”. Segundo ela, tons como amarelo e vermelho caem bem quando a cor que predomina no ambiente é o cinza. Já a berinjela, que ela sonha levar para casa, vai bem em qualquer lugar “porque ela dialoga bem com as demais cores”. A decoradora, que é também a gerente da Casa Kaiada, informa que as peças que a loja vende hoje podem sair em mais de mil tonalidades. “O mercado de tintas acompanhou esta tendência, tanto que marcas como a Sayerlack, que é a com que trabalhamos aqui, dispõe de uma cartela com uma infinidade de cores”. A laca pode ser fosca ou brilhante. A primeira, embora seja mais em conta, não é a
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
Buffet em vidro e madeira, em laca branca brilhante, da Casa Kaiada. Ao lado, base de mesa da Artefacto e mesa lateral no tom berinjela, da Casa Kaiada
preferida dos consumidores. Como tudo que vira mania, as peças laqueadas não são lá muito baratas. “O custo do serviço de laqueamento é alto, as tintas são caras e o serviço é muito delicado, não é todo mundo que sabe fazer”, explica Carla, da Artefacto/LB Home. Nestas lojas, uma mesa lateral pode custar de R$ 1.400 a R$ 6 mil. “Nossa marca prima pela qualidade da matéria-prima que utiliza no mobiliário, da madeira ao acabamento, tudo é de primeira qualidade”, completa a vendedora. Na Casa Kaiada, o custo de uma mesa lateral chega a R$ 1.680, a depender do tamanho. Mas há peças mais acessíveis, como os charmosos bancos coloridos que custam R$ 680. Mas se a questão é preço, uma opção é usar os serviços de um laqueador. Com eles, é possível não somente acompanhar a tendência como dar aquele up num móvel que perdeu a função ou que parece não se adequar mais ao ambiente. “A laca está muito valorizada hoje. É a técnica de pintura que mais me solicitam nos últimos tempos”, afirma o pintor Sérgio Bispo dos Santos, que nos últimos anos trocou o pincel solvente e a estopa que usava para fazer pátina pelo compressor para fazer a pintura em laca. Sérgio diz que trabalha com duas linhas: a primeira, própria para madeira, e a segunda que é a au-
ONDE ENCONTRAR Artefacto/LB Home – Rua Maceió, 105, Jardim Brasil, Barra – 71 3341-3350 Casa Kaiada Rua Afonso Celso, 141. Barra – 71 3267-2109/3469 Nágila Andrade – Rua Itabuna, 205, Rio Vermelho – 71 3335-2644 Sérgio Bispo – Serviços de Pintura em laca em móveis – 71 8869-8161
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tomotiva. Segundo ele, as duas funcionam do mesmo jeito. “O custo é que é diferente. A de madeira, que foi lançada mais recentemente, é mais cara”, ressalta. Sérgio garante que o resultado, no entanto, é o mesmo. O pintor diz que tem sido muito solicitado para aplicar a tinta em móveis de época e em peças usadas. “Se a pessoa gosta da peça, ela pode dar uma nova vida e uma nova função. Nesses casos, o custo do serviço fica mais em conta”. O trabalho, no entanto, é demorado. Um criado-mudo, por exemplo, leva em média três dias para ficar pronto. “É um trabalho delicado, que requer cuidado, habilidade do pintor e paciência”, avisa. Sérgio observa ainda que, na maioria dos casos, o serviço não pode ser feito no local. Mas ele pega em casa e devolve pronto. Novo em folha e totalmente colorido. «
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móvel num tom menos brilhante. “Como só trabalhamos com materiais nobres, optamos por usar a microtextura”, destaca. Isso é detalhe. Fato é que a cor tomou conta das vitrines das lojas de decoração. Na Casa Kaiada, na Barra, uma mesa lateral no tom berinjela rouba o brilho da cenografia criada pela decoradora Rita Sampaio, 44. A mesa redonda da vitrine também sai em dois outros tamanhos. Já a tonalidade... “Temos mais de mil opções de cores, ressalta Sampaio. Apaixonadapelapeça,exatamenteada cor berinjela, ela vem tentando seduzir o marido para adquirir uma. “Vai ficar linda na minha sala, que segue os tons de bege”, manda o recado para o companheiro. Assim como Nágila, Rita chama a atenção para o bom uso das tonalidades fortes. “A peça colorida dá uma vida ao ambiente, dá frescor, mas tem que ter cuidado na hora de usar. É preciso que a peça não brigue com as outras, tem que ter um link com o que existe no ambiente”. Rita Sampaio diz que sempre orienta os clientes para evitarem o excesso. “Tem que haver uma harmonia, um equilíbrio. A cor forte é para ser usada como um destaque no ambiente”. Segundo ela, tons como amarelo e vermelho caem bem quando a cor que predomina no ambiente é o cinza. Já a berinjela, que ela sonha levar para casa, vai bem em qualquer lugar “porque ela dialoga bem com as demais cores”. A decoradora, que é também a gerente da Casa Kaiada, informa que as peças que a loja vende hoje podem sair em mais de mil tonalidades. “O mercado de tintas acompanhou esta tendência, tanto que marcas como a Sayerlack, que é a com que trabalhamos aqui, dispõe de uma cartela com uma infinidade de cores”. A laca pode ser fosca ou brilhante. A primeira, embora seja mais em conta, não é a
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
Buffet em vidro e madeira, em laca branca brilhante, da Casa Kaiada. Ao lado, base de mesa da Artefacto e mesa lateral no tom berinjela, da Casa Kaiada
preferida dos consumidores. Como tudo que vira mania, as peças laqueadas não são lá muito baratas. “O custo do serviço de laqueamento é alto, as tintas são caras e o serviço é muito delicado, não é todo mundo que sabe fazer”, explica Carla, da Artefacto/LB Home. Nestas lojas, uma mesa lateral pode custar de R$ 1.400 a R$ 6 mil. “Nossa marca prima pela qualidade da matéria-prima que utiliza no mobiliário, da madeira ao acabamento, tudo é de primeira qualidade”, completa a vendedora. Na Casa Kaiada, o custo de uma mesa lateral chega a R$ 1.680, a depender do tamanho. Mas há peças mais acessíveis, como os charmosos bancos coloridos que custam R$ 680. Mas se a questão é preço, uma opção é usar os serviços de um laqueador. Com eles, é possível não somente acompanhar a tendência como dar aquele up num móvel que perdeu a função ou que parece não se adequar mais ao ambiente. “A laca está muito valorizada hoje. É a técnica de pintura que mais me solicitam nos últimos tempos”, afirma o pintor Sérgio Bispo dos Santos, que nos últimos anos trocou o pincel solvente e a estopa que usava para fazer pátina pelo compressor para fazer a pintura em laca. Sérgio diz que trabalha com duas linhas: a primeira, própria para madeira, e a segunda que é a au-
ONDE ENCONTRAR Artefacto/LB Home – Rua Maceió, 105, Jardim Brasil, Barra – 71 3341-3350 Casa Kaiada Rua Afonso Celso, 141. Barra – 71 3267-2109/3469 Nágila Andrade – Rua Itabuna, 205, Rio Vermelho – 71 3335-2644 Sérgio Bispo – Serviços de Pintura em laca em móveis – 71 8869-8161
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tomotiva. Segundo ele, as duas funcionam do mesmo jeito. “O custo é que é diferente. A de madeira, que foi lançada mais recentemente, é mais cara”, ressalta. Sérgio garante que o resultado, no entanto, é o mesmo. O pintor diz que tem sido muito solicitado para aplicar a tinta em móveis de época e em peças usadas. “Se a pessoa gosta da peça, ela pode dar uma nova vida e uma nova função. Nesses casos, o custo do serviço fica mais em conta”. O trabalho, no entanto, é demorado. Um criado-mudo, por exemplo, leva em média três dias para ficar pronto. “É um trabalho delicado, que requer cuidado, habilidade do pintor e paciência”, avisa. Sérgio observa ainda que, na maioria dos casos, o serviço não pode ser feito no local. Mas ele pega em casa e devolve pronto. Novo em folha e totalmente colorido. «
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
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NÉCESSAIRE CAMPING
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1 BARRACA COTA TRILHAS E RUMOS Trilhas e Rumos (www.trilhaserumos.com.br)/ R$ 193 2 BINÓCULO ZOOM LENTE INCOLOR Submarino (www.submarino.com.br)/ R$ 299 3 LAMPIÃO FORESTLAMP NAUTIKA Apetrexo (www.apetrexo.com.br)/ R$ 68 4 GARRAFA ESPORTIVA ALUMÍNIO ACTE Americanas (www.americanas.com.br/ R$ 27,90 5 SPORT COOLER AZUL Apetrexo (www.apetrexo.com.br)/ R$ 119 6 LANTERNA DE CABEÇA SKIPER NAUTIKA Submarino (www.submarino.com.br/ R$ 19,90 7 GPS GARMIN FITNESS FORERUNER Pipishop (www.pipishop.com.br)/ R$ 850 8 CANTIL ESPANHOL TRILHAS E RUMOS Trilhas e Rumos (www.trilhaserumos.com.br)/ R$ 63 PRODUÇÃO: REVISTA MUITO
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1 BARRACA COTA TRILHAS E RUMOS Trilhas e Rumos (www.trilhaserumos.com.br)/ R$ 193 2 BINÓCULO ZOOM LENTE INCOLOR Submarino (www.submarino.com.br)/ R$ 299 3 LAMPIÃO FORESTLAMP NAUTIKA Apetrexo (www.apetrexo.com.br)/ R$ 68 4 GARRAFA ESPORTIVA ALUMÍNIO ACTE Americanas (www.americanas.com.br/ R$ 27,90 5 SPORT COOLER AZUL Apetrexo (www.apetrexo.com.br)/ R$ 119 6 LANTERNA DE CABEÇA SKIPER NAUTIKA Submarino (www.submarino.com.br/ R$ 19,90 7 GPS GARMIN FITNESS FORERUNER Pipishop (www.pipishop.com.br)/ R$ 850 8 CANTIL ESPANHOL TRILHAS E RUMOS Trilhas e Rumos (www.trilhaserumos.com.br)/ R$ 63 PRODUÇÃO: REVISTA MUITO
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Quase famosos A aventura de dois baianos no Alabama (EUA). Após fazer um documentário sobre a cena hip hop underground da cidade de Mobile, eles viraram celebridades locais Texto CHICO CASTRO JR. ccastrojr@grupoatarde.com.br Foto FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
T Daniel e Isabel, em recente visita a SSA para rever família e amigos
odo mundo já viu uma história mais ou menos parecida em um filme: estrangeiros chegam em cidade pequena e passam meio despercebidos. Em seguida, fazem amizade com os losers do lugar. Estrangeiros e losers se unem para fazer alguma coisa bacana que chama a atenção da comunidade – e acabam por se tornar heróis locais. A diferença é que, desta vez, não se trata de filme, e sim de uma história real, vivida por um casal de soteropolitanos: a historiadora Isabel Machado e o designer Daniel Wildberger. Ela é irmã do cineasta SérgioMachado(QuincasBerrod’Água).Eele, membrodafamíliadeimigrantessuíçosradicados há gerações na Bahia. Casados há cerca de dez anos, se conheceram no underground roqueiro de Salvador, quando ele tocava guitarra na banda
Dinky-Dau e ela frequentava os shows. Desde 2004, os dois vivem nos Estados Unidos. Inicialmente moraram na gélida Iowa City. “Passamos quatro anos lá para Bel concluir o mestrado em cinema”, conta Daniel. Depois que ela concluiu os estudos, ele partiu para fazer o seu, em design, e acabou arrumando trabalho de professor assistente na University of South Alabama, localizada na aprazível cidade de Mobile. “A gente se identificou logo com o lugar. Tem praia, uma cultura negra forte na música e na culinária, um clima melhor e fica perto de Memphis e Nova Orleans”, diz. Devidamente instalados, Isabel se viu na situação inversa à vivida no Iowa. Ele tinha o que fazer, mas ela, não. Depois de constatar que não arrumaria emprego na TV local sem um curso técnico, tratou de se matricular logo em um. Uma das tarefas era preparar uma reportagem sobre al-
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Quase famosos A aventura de dois baianos no Alabama (EUA). Após fazer um documentário sobre a cena hip hop underground da cidade de Mobile, eles viraram celebridades locais Texto CHICO CASTRO JR. ccastrojr@grupoatarde.com.br Foto FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
T Daniel e Isabel, em recente visita a SSA para rever família e amigos
odo mundo já viu uma história mais ou menos parecida em um filme: estrangeiros chegam em cidade pequena e passam meio despercebidos. Em seguida, fazem amizade com os losers do lugar. Estrangeiros e losers se unem para fazer alguma coisa bacana que chama a atenção da comunidade – e acabam por se tornar heróis locais. A diferença é que, desta vez, não se trata de filme, e sim de uma história real, vivida por um casal de soteropolitanos: a historiadora Isabel Machado e o designer Daniel Wildberger. Ela é irmã do cineasta SérgioMachado(QuincasBerrod’Água).Eele, membrodafamíliadeimigrantessuíçosradicados há gerações na Bahia. Casados há cerca de dez anos, se conheceram no underground roqueiro de Salvador, quando ele tocava guitarra na banda
Dinky-Dau e ela frequentava os shows. Desde 2004, os dois vivem nos Estados Unidos. Inicialmente moraram na gélida Iowa City. “Passamos quatro anos lá para Bel concluir o mestrado em cinema”, conta Daniel. Depois que ela concluiu os estudos, ele partiu para fazer o seu, em design, e acabou arrumando trabalho de professor assistente na University of South Alabama, localizada na aprazível cidade de Mobile. “A gente se identificou logo com o lugar. Tem praia, uma cultura negra forte na música e na culinária, um clima melhor e fica perto de Memphis e Nova Orleans”, diz. Devidamente instalados, Isabel se viu na situação inversa à vivida no Iowa. Ele tinha o que fazer, mas ela, não. Depois de constatar que não arrumaria emprego na TV local sem um curso técnico, tratou de se matricular logo em um. Uma das tarefas era preparar uma reportagem sobre al-
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lera do hip hop negro de Mobile. Só que eles são completamente mainstream, só falam de bunda, carrões, etc. E eles ainda sofrem com o estigma dos rappers brancos, de ser aquela coisa meio caricata, né?”, ri. De qualquer jeito, Isabel, com a ajuda de Daniel, responsávelpelaedição,entreoutras coisas,concluiuovídeoepresenteou seus entrevistados com uma versão ampliada.
TAPETE VERMELHO E TUDO
MICHAEL DUMAS / SOAL FILM FEST /DIVULGAÇÃO
gum assunto local. “Eu não conhecia ninguém. Começamos a procurar no Google o que a cidade tinha”, lembra. Logo ela se deparou com o MySpace de uma inusitada dupla de rappers locais. “O lance deles é nerd core, ou seja, os caras falam de Star Wars, séries de TV e histórias em quadrinhos. Fomos a um show, tinha três pessoas na plateia. Pensamos: ‘Pô, os caras são brancos, fazendo rap no Alabama. Estranho’. Aí resolvi entrevistá-los. Entrei em contato com um deles, o Justin MC”, conta. E foi Justin quem deu a ideia: em vez de falar só do trabalho deles, por que não mostrar a cena do hip hop underground de Mobile?Deinício,Isabelnãolevoumuitafé na coisa: “Eu disse ‘não me levem a mal, mas isso aqui é o movimento hip hop de Mobile e vocês são brancos?’. Eles ficaram superdesconfortáveis. Por que existe a ga-
Bel e Justin MC no tapete vermelho do SoAl Film Fest
Poderia ter acabado aí. Só que, no meio do caminho, havia um festival de cinema. “Naquela mesma semana, anunciaram as inscrições para o South Alabama Film Festival, que estava selecionando filmes com temática local. O problema é que o deadline era apertadíssimo e não deu para aproveitar quase nada do filme escolar”. Logo, o casal começou a preparar uma versão para o festival. “Eu ficava ligando para os organizadores, pedindo mais prazo. Cheguei a mandar só os 40 minutos iniciais”, lembra. Qual não foi sua surpresa quando um belo dia o telefone toca e era o pessoal do festival, dizendo que não só haviam adorado a versão preliminar do documentário, como ele já estava selecionado, e mais: seria o filme de abertura do evento, ocorrido em novembro de 2009. “Logo depois me liga um dos rappers do filme, o Afterschock, dizendo que estava sendo despejado. Lá fomos nós, pegar mais essa cena para incluir”. Resumo dos fatos: Rootsy Hip, o documentário dirigido por Isabel e editado por Daniel, não ficou pronto, mas entrou no festival assimmesmo.“Pensei:vaipassarassimedepoiseureedito.Nodia da estreia, a gente lá com várias mordomias de estrela do festival, tapete vermelho e tudo. E eu: ‘Como assim?’”, ri. O filme foi um sucesso local, com o público se levantando e cantando as músicas dentro da sala. “O dono do cinema deixou o filme em cartaz durante meses e ainda queria que a gente fizesse uma versão sing-a-long, com uma bolinha pulando sobre as letras. Teve até sessões com os caras tocando antes do filme. Eu brinco dizendo que viramos minicelebridades locais. Até dois dias antes de viajarmos ao Brasil, eu ainda dava entrevista”. Oirmãofamoso,SérgioMachado,estáorgulhosocomofeitoda caçula: “Isabel tem isso, ela descobre coisas inusitadas. Fiquei bem contente com o resultado, é um documentário vigoroso. Acho que ela tem uma carreira de documentarista brilhante pela frente”. Agora ela se dedica a um novo documentário com temática local, desta vez sobre o gumbo, prato típico da culinária sulista afroamericana, em parceria com o cineasta Gideon Carson Kennedy. Já Daniel prepara uma graphic novel de western, ambientada na Guerra da Secessão. Esse casal ainda vai dar muito o que falar. «
Tábua de frios da Adega Tio Sam: até a parceria mais tradicional, entre queijos e vinhos, exige cuidados na hora da seleção
GASTRÔ WINE BAR
Ponto de
Casas de vinho oferecem cardápios que aliam aperitivos, entradas e pratos principais aos diferentes tipos de uva
EQUILÍBRIO Texto VITOR PAMPLONA vpamplona@grupoatarde.com.br
Fotos FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
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lera do hip hop negro de Mobile. Só que eles são completamente mainstream, só falam de bunda, carrões, etc. E eles ainda sofrem com o estigma dos rappers brancos, de ser aquela coisa meio caricata, né?”, ri. De qualquer jeito, Isabel, com a ajuda de Daniel, responsávelpelaedição,entreoutras coisas,concluiuovídeoepresenteou seus entrevistados com uma versão ampliada.
TAPETE VERMELHO E TUDO
MICHAEL DUMAS / SOAL FILM FEST /DIVULGAÇÃO
gum assunto local. “Eu não conhecia ninguém. Começamos a procurar no Google o que a cidade tinha”, lembra. Logo ela se deparou com o MySpace de uma inusitada dupla de rappers locais. “O lance deles é nerd core, ou seja, os caras falam de Star Wars, séries de TV e histórias em quadrinhos. Fomos a um show, tinha três pessoas na plateia. Pensamos: ‘Pô, os caras são brancos, fazendo rap no Alabama. Estranho’. Aí resolvi entrevistá-los. Entrei em contato com um deles, o Justin MC”, conta. E foi Justin quem deu a ideia: em vez de falar só do trabalho deles, por que não mostrar a cena do hip hop underground de Mobile?Deinício,Isabelnãolevoumuitafé na coisa: “Eu disse ‘não me levem a mal, mas isso aqui é o movimento hip hop de Mobile e vocês são brancos?’. Eles ficaram superdesconfortáveis. Por que existe a ga-
Bel e Justin MC no tapete vermelho do SoAl Film Fest
Poderia ter acabado aí. Só que, no meio do caminho, havia um festival de cinema. “Naquela mesma semana, anunciaram as inscrições para o South Alabama Film Festival, que estava selecionando filmes com temática local. O problema é que o deadline era apertadíssimo e não deu para aproveitar quase nada do filme escolar”. Logo, o casal começou a preparar uma versão para o festival. “Eu ficava ligando para os organizadores, pedindo mais prazo. Cheguei a mandar só os 40 minutos iniciais”, lembra. Qual não foi sua surpresa quando um belo dia o telefone toca e era o pessoal do festival, dizendo que não só haviam adorado a versão preliminar do documentário, como ele já estava selecionado, e mais: seria o filme de abertura do evento, ocorrido em novembro de 2009. “Logo depois me liga um dos rappers do filme, o Afterschock, dizendo que estava sendo despejado. Lá fomos nós, pegar mais essa cena para incluir”. Resumo dos fatos: Rootsy Hip, o documentário dirigido por Isabel e editado por Daniel, não ficou pronto, mas entrou no festival assimmesmo.“Pensei:vaipassarassimedepoiseureedito.Nodia da estreia, a gente lá com várias mordomias de estrela do festival, tapete vermelho e tudo. E eu: ‘Como assim?’”, ri. O filme foi um sucesso local, com o público se levantando e cantando as músicas dentro da sala. “O dono do cinema deixou o filme em cartaz durante meses e ainda queria que a gente fizesse uma versão sing-a-long, com uma bolinha pulando sobre as letras. Teve até sessões com os caras tocando antes do filme. Eu brinco dizendo que viramos minicelebridades locais. Até dois dias antes de viajarmos ao Brasil, eu ainda dava entrevista”. Oirmãofamoso,SérgioMachado,estáorgulhosocomofeitoda caçula: “Isabel tem isso, ela descobre coisas inusitadas. Fiquei bem contente com o resultado, é um documentário vigoroso. Acho que ela tem uma carreira de documentarista brilhante pela frente”. Agora ela se dedica a um novo documentário com temática local, desta vez sobre o gumbo, prato típico da culinária sulista afroamericana, em parceria com o cineasta Gideon Carson Kennedy. Já Daniel prepara uma graphic novel de western, ambientada na Guerra da Secessão. Esse casal ainda vai dar muito o que falar. «
Tábua de frios da Adega Tio Sam: até a parceria mais tradicional, entre queijos e vinhos, exige cuidados na hora da seleção
GASTRÔ WINE BAR
Ponto de
Casas de vinho oferecem cardápios que aliam aperitivos, entradas e pratos principais aos diferentes tipos de uva
EQUILÍBRIO Texto VITOR PAMPLONA vpamplona@grupoatarde.com.br
Fotos FERNANDO VIVAS fvivas@grupoatarde.com.br
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a Grécia antiga, o ideal de beleza era associado a formas proporcionais, equilíbrio e harmonia. Bebedorescontumazesdevinho– até um deus criaram para ele –, os gregos da Antiguidade legaram à Roma antiga e ao mundo hábitos e tradições ligados à bebida. Não é coincidência, portanto, que harmonia e equilíbrio também sejam os ideais desejados no casamento entre vinho e comida. O hábito de aliar aperitivos, entradas ou pratos principais a diferentes tipos de uva, de forma a aproveitar o máximo de sabor e prazer, está se tornando comum também em casas de vinho de Salvador. O casamento de queijos e vinhos é a parceria mais tradicional. A mistura pode parecer trivial, mas especialistas advertem: o vinho pode ter o sabor encoberto pelo sal do queijo se for menos ácido que este. Crítica de enogastronomia e autora de Vinho e Comida (Companhia das Letras), a britânica Joanna Simons afirma que a ideia de queijo e vinho serem pares perfeitos é um mito. Por isso, há regras que devem ser seguidas para evitar batalhas gustativas. Queijos duros, como o parmesão, pedem vinhos ácidos, tintos, como um Malbec ou Cabernet Sauvignon, ou brancos como um Sauvignon Blanc. Para queijos salgados e fortes, como o gorgonzola, recomenda-se o contraste com vinhos mais doces, um Porto ou Merlot. E os suaves e macios pedem vinhos leves, que podem ser tintos ou brancos, como um Chardonnay. O wine bar da Adega Tio Sam (Salvador Shopping) é especializado na degustação de queijos. A tábua com cinco variedades e presunto tipo parma acompanha geleia de framboesa, azeite e pães, combinação que atrai consumidores interessados em petiscar e sentir variações de textura e sabor.
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SPAGHETTI AL MARE 1 lagosta pré-cozida 2 tentáculos de polvo pré-cozidos 3 anéis de lula crus 8 camarões crus 2 mexilhões crus 100 g de macarrão 4 tomates pelados Cebola, alho, salsão, cenoura e manjericão picados. Azeite e sal a gosto PREPARO MOLHO Refogar a cebola no azeite. Acrescentar alho, salsão, cenoura, manjericão e tomate pelado com 1 pitada de açúcar para quebrar a acidez. Reserve PREPARO MARISCOS Refogar cebola, alho e salsa no azeite. Colocar os mexilhões e abafar até abrir a concha. Acrescentar o molho, o polvo, a lula, os camarões e metade da carne da lagosta temperados com sal e salsa. Grelhar a outra metade com manteiga e colocar sobre o macarrão al dente, misturado com o molho
SABOR E FRESCOR
ONDE COMER Adega Tio Sam Salvador Shopping (1º piso). 71 3342-8398 Ateliê Perini Rua Maranhão, 64, Pituba. 71 3346-9974 (consultar cursos) Mercato di Vino Alameda das Algarobas, 85, Mediterrâneo Center, Itaigara. 71 3351-2730
Coordenador do curso de tecnologia em gastronomia da Faculdade Ruy Barbosa, onde ensina enogastronomia, o chef Vevé Bragança vai direto ao ponto quando o assunto é a harmonização de carnes e vinhos: “Muita gente acha frescura combinar vinho tinto com carne vermelha e vinho branco com carne branca. Mas o tinto tem ácido tartárico, que reage com o iodo existente na carne branca e ‘aperta’ o paladar. Parece que você fez obturação metálica”. A exceção é o bacalhau salgado: funciona com tinto ou branco, desde que ácidos. Para mostrar como sabores distintos pleiteiam uvas diferentes, Vevé preparou para a Muito um menu degustação de ceviches, cujo frescor é aliado de comensais nas altas temperaturas da estação. Mais antigo chef do Ateliê Perini (Pituba), ele
Macarrão com frutos do mar e salame de polvo do Mercato di Vino (ao lado). Acima, o ceviche preparado por Vevé Bragança
utiliza bases tradicionais e modernas para marinar os frutos do mar. Badejo vai com suco de limão-siciliano; atum, com o taiti; camarão, com tangerina; salmão, com maracujá. Aos ceviches de camarão e badejo ele indica vinho verde branco ou espumante. “Salmão e atum casam bem com vinho ou espumante rosado”, diz o chef, que condena a cebola branca no prato: “É muito ácida”.
CULTURA ÚTIL Combinar vinho e comida não significa, porém, seguir só a teoria. Características culturais podem e devem ser levadas em conta. O enólogo Romenilson Rehen, proprietário do Mercato di Vino (Itaigara), explica que existem três escolas de harmonização: a inglesa, bastante liberal; a francesa, que combina vinho e alimentos
apartirdacor;eaitaliana,amais exigente, que leva em conta várias características do prato. Com desenvoltura, o wine bar do Mercato mistura clássicos com inspiração regional. Há salame de polvo (carpaccio), filet a poivre e spaghetti al mare, mas também risotos de linguiça de carneiro ou de rabada – o cardápio varia semanalmente. A ideia, afirma Romenilson, é criar uma “cultura do vinho” entre os clientes, pois cada prato pede um vinho diferente. “Tem gente que tem paixão por um clube de futebol. A minha são os vinhos”. «
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a Grécia antiga, o ideal de beleza era associado a formas proporcionais, equilíbrio e harmonia. Bebedorescontumazesdevinho– até um deus criaram para ele –, os gregos da Antiguidade legaram à Roma antiga e ao mundo hábitos e tradições ligados à bebida. Não é coincidência, portanto, que harmonia e equilíbrio também sejam os ideais desejados no casamento entre vinho e comida. O hábito de aliar aperitivos, entradas ou pratos principais a diferentes tipos de uva, de forma a aproveitar o máximo de sabor e prazer, está se tornando comum também em casas de vinho de Salvador. O casamento de queijos e vinhos é a parceria mais tradicional. A mistura pode parecer trivial, mas especialistas advertem: o vinho pode ter o sabor encoberto pelo sal do queijo se for menos ácido que este. Crítica de enogastronomia e autora de Vinho e Comida (Companhia das Letras), a britânica Joanna Simons afirma que a ideia de queijo e vinho serem pares perfeitos é um mito. Por isso, há regras que devem ser seguidas para evitar batalhas gustativas. Queijos duros, como o parmesão, pedem vinhos ácidos, tintos, como um Malbec ou Cabernet Sauvignon, ou brancos como um Sauvignon Blanc. Para queijos salgados e fortes, como o gorgonzola, recomenda-se o contraste com vinhos mais doces, um Porto ou Merlot. E os suaves e macios pedem vinhos leves, que podem ser tintos ou brancos, como um Chardonnay. O wine bar da Adega Tio Sam (Salvador Shopping) é especializado na degustação de queijos. A tábua com cinco variedades e presunto tipo parma acompanha geleia de framboesa, azeite e pães, combinação que atrai consumidores interessados em petiscar e sentir variações de textura e sabor.
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SPAGHETTI AL MARE 1 lagosta pré-cozida 2 tentáculos de polvo pré-cozidos 3 anéis de lula crus 8 camarões crus 2 mexilhões crus 100 g de macarrão 4 tomates pelados Cebola, alho, salsão, cenoura e manjericão picados. Azeite e sal a gosto PREPARO MOLHO Refogar a cebola no azeite. Acrescentar alho, salsão, cenoura, manjericão e tomate pelado com 1 pitada de açúcar para quebrar a acidez. Reserve PREPARO MARISCOS Refogar cebola, alho e salsa no azeite. Colocar os mexilhões e abafar até abrir a concha. Acrescentar o molho, o polvo, a lula, os camarões e metade da carne da lagosta temperados com sal e salsa. Grelhar a outra metade com manteiga e colocar sobre o macarrão al dente, misturado com o molho
SABOR E FRESCOR
ONDE COMER Adega Tio Sam Salvador Shopping (1º piso). 71 3342-8398 Ateliê Perini Rua Maranhão, 64, Pituba. 71 3346-9974 (consultar cursos) Mercato di Vino Alameda das Algarobas, 85, Mediterrâneo Center, Itaigara. 71 3351-2730
Coordenador do curso de tecnologia em gastronomia da Faculdade Ruy Barbosa, onde ensina enogastronomia, o chef Vevé Bragança vai direto ao ponto quando o assunto é a harmonização de carnes e vinhos: “Muita gente acha frescura combinar vinho tinto com carne vermelha e vinho branco com carne branca. Mas o tinto tem ácido tartárico, que reage com o iodo existente na carne branca e ‘aperta’ o paladar. Parece que você fez obturação metálica”. A exceção é o bacalhau salgado: funciona com tinto ou branco, desde que ácidos. Para mostrar como sabores distintos pleiteiam uvas diferentes, Vevé preparou para a Muito um menu degustação de ceviches, cujo frescor é aliado de comensais nas altas temperaturas da estação. Mais antigo chef do Ateliê Perini (Pituba), ele
Macarrão com frutos do mar e salame de polvo do Mercato di Vino (ao lado). Acima, o ceviche preparado por Vevé Bragança
utiliza bases tradicionais e modernas para marinar os frutos do mar. Badejo vai com suco de limão-siciliano; atum, com o taiti; camarão, com tangerina; salmão, com maracujá. Aos ceviches de camarão e badejo ele indica vinho verde branco ou espumante. “Salmão e atum casam bem com vinho ou espumante rosado”, diz o chef, que condena a cebola branca no prato: “É muito ácida”.
CULTURA ÚTIL Combinar vinho e comida não significa, porém, seguir só a teoria. Características culturais podem e devem ser levadas em conta. O enólogo Romenilson Rehen, proprietário do Mercato di Vino (Itaigara), explica que existem três escolas de harmonização: a inglesa, bastante liberal; a francesa, que combina vinho e alimentos
apartirdacor;eaitaliana,amais exigente, que leva em conta várias características do prato. Com desenvoltura, o wine bar do Mercato mistura clássicos com inspiração regional. Há salame de polvo (carpaccio), filet a poivre e spaghetti al mare, mas também risotos de linguiça de carneiro ou de rabada – o cardápio varia semanalmente. A ideia, afirma Romenilson, é criar uma “cultura do vinho” entre os clientes, pois cada prato pede um vinho diferente. “Tem gente que tem paixão por um clube de futebol. A minha são os vinhos”. «
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
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TRILHAS ROGÉRIO MENEZES (INTERINO)
VINHOS REGINA BOCHICCHIO
rogerio_menezes@uol.com.br
Os rios correm para o mar
Nacionais, sim
R
io 1: o jovem ator enfrenta face a face, ombro a ombro, palmo a palmo, cabeça a cabeça, o sempre soberbo Harildo Deda. É diálogo visceral do espetáculo A Casa de Eros, dirigido por José Possi Neto. O embate acontece no Teatro Santo Antônio, da Escola de Teatro da Universidade Federal. A plateia mal consegue respirar diante de momento teatral tão absurdamente arrebatador: aplausos em cena aberta pipocam aqui, ali & acolá. (Era 1996).
DIVULGAÇÃO
A
DESTAQUES Em 2010, o Brasil conquistou, em agosto, medalha de ouro na Alemanha, durante a 10ª Edição do Concurso MundusVini (Alemanha), com o Aurora Espumante Brut Chardonnay (Aurora) e CasaValdugaChardonnay(CasaValduga).Apratatambémficoucom o nacional Gran Legado Espumante Champenoise Brut (Wine Park). Em junho, na 30ª San Francisco Wine Competition (EUA) foram uma medalha de ouro, duas de prata, 10 de bronze e o prêmio “melhor do País” que foi para o Alto Vale Espumante Prosecco Brut (Dommo do Brasil). Isso sem falar que na Suíça, em novembro do ano passado, no Concurso Mondial Du Merlot, o Miolo Reserva Merlot 2009 foi o grande premiado, seguido dos merlot da Casa Valduga, Salton Desejo e Zanotto (Vinícola Campestre). «
VINHO DA SEMANA Quinta do Seival Castas Portuguesas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz R$ 270 a caixa (www.miolo.com.br)
» EVENTOS, PERGUNTAS, CRÍTICAS, SUGESTÕES: REGINAB@GRUPOATARDE.COM.BR
Ainda que estejamos longe de ter o peso de uma tradição vinícola, como é o caso dos hermanos do Chile – para não citar covardemente França, Itália e Espanha –, uma leva específica dos vinhos brasileiros tem sido destaque em concursos internacionais. Só no ano passado, foram 13 premiações, nas quais os vinhos brasileiros receberam medalhas, de acordo com informações do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O assunto me veio à cabeça em razão da participação do Brasil, mais especificamente da Miolo, num dos mais importantes eventos de negócios de vinhos da Inglaterra, o da distribuidora Bibendum, que aconteceu no fim de janeiro último, gerando uma expectativa nesta produtora brasileira de incrementar em 30% as vendas para a Inglaterra. A Miolo levou para o universo dos “sir” londrinos o superpremium Quinta do Seival Castas Portuguesas considerado um dos top de linha nacionais. Sim, o exigente mercado inglês é o maior importador de vinhos brasileiros (em valores) e o segundo maior em volume, segundo o Ibravin. E é somente para este mercado que a Miolo produz o Alísios, vinho brasileiro que só pode ser degustado em Londres. Empresas com cacife financeiro podem se dar ao luxo de investir de forma arrojada no mercado externo. Mas há produtores não tão grandes que também acabam ganhando holofotes.
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o final do espetáculo, em evento comemorativo em torno dessa auspiciosa estreia, dirijo-me a esse jovem ator. Parabenizo-o por não ter se intimidado com o fato de contracenar com Harildo Deda, um dos mais importantes atores brasileiros. Ele parece demonstrar certo constrangimento diante de meu rasgado elogio e sussurra meio timidamente: “Obrigado!”
R
io 2: outro jovem ator, entre os muitos outros jovens atores do Bando de Teatro Olodum, se destaca em entrevista que este repórter faz com o grupo, por conta de série de repor-
tagens que então realizava em Salvador para o jornal Correio Braziliense. Posso constatar rapidamente: ok, todos muito belos, todos muito faceiros, mas afundam-se em invariáveis timidezes. (Era 1999).
A
exceção é exatamente esse outro jovem ator. Diante de minhas perguntas, esbugalha os grandes olhos e, risonho e franco, tem sempre resposta engatilhada na ponta da língua. Não posso deixar de pensar com os meus botões: “Danado de inteligente esse carinha! O tempo passou na janela”. (É 2011).
O
Rio 1 e o Rio 2 desaguaram no mar. Melhor: viraram mar. Tornaram-se dois dos mais consagrados atores brasileiros da primeira década deste século 21. Chamam-se, respectivamente, Wagner (Moura) & Lázaro (Ramos). (E este Rio 3 que ora vos escreve? – poderá perguntar o leitor que há algum tempo não me lê em jornais baianos. Bem, este terceiro rio que ora vos escreve continua rio. Gosto de ser rio – e rio caudaloso, espero – e rio que continua, basicamente, caminhando e escrevendo, e, como diria aquela popular canção de Geraldo Vandré, seguindo a canção. Mar à vista? Talvez sim. Talvez não. Nunca se sabe). «
«A plateia mal consegue respirar diante de momento teatral tão arrebatador»
» ROGÉRIO MENEZES É JORNALISTA E EDITA O BLOG OLOBONOARRIODEJANEIRO.BLOGSPOT.COM
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
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TRILHAS ROGÉRIO MENEZES (INTERINO)
VINHOS REGINA BOCHICCHIO
rogerio_menezes@uol.com.br
Os rios correm para o mar
Nacionais, sim
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io 1: o jovem ator enfrenta face a face, ombro a ombro, palmo a palmo, cabeça a cabeça, o sempre soberbo Harildo Deda. É diálogo visceral do espetáculo A Casa de Eros, dirigido por José Possi Neto. O embate acontece no Teatro Santo Antônio, da Escola de Teatro da Universidade Federal. A plateia mal consegue respirar diante de momento teatral tão absurdamente arrebatador: aplausos em cena aberta pipocam aqui, ali & acolá. (Era 1996).
DIVULGAÇÃO
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DESTAQUES Em 2010, o Brasil conquistou, em agosto, medalha de ouro na Alemanha, durante a 10ª Edição do Concurso MundusVini (Alemanha), com o Aurora Espumante Brut Chardonnay (Aurora) e CasaValdugaChardonnay(CasaValduga).Apratatambémficoucom o nacional Gran Legado Espumante Champenoise Brut (Wine Park). Em junho, na 30ª San Francisco Wine Competition (EUA) foram uma medalha de ouro, duas de prata, 10 de bronze e o prêmio “melhor do País” que foi para o Alto Vale Espumante Prosecco Brut (Dommo do Brasil). Isso sem falar que na Suíça, em novembro do ano passado, no Concurso Mondial Du Merlot, o Miolo Reserva Merlot 2009 foi o grande premiado, seguido dos merlot da Casa Valduga, Salton Desejo e Zanotto (Vinícola Campestre). «
VINHO DA SEMANA Quinta do Seival Castas Portuguesas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz R$ 270 a caixa (www.miolo.com.br)
» EVENTOS, PERGUNTAS, CRÍTICAS, SUGESTÕES: REGINAB@GRUPOATARDE.COM.BR
Ainda que estejamos longe de ter o peso de uma tradição vinícola, como é o caso dos hermanos do Chile – para não citar covardemente França, Itália e Espanha –, uma leva específica dos vinhos brasileiros tem sido destaque em concursos internacionais. Só no ano passado, foram 13 premiações, nas quais os vinhos brasileiros receberam medalhas, de acordo com informações do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). O assunto me veio à cabeça em razão da participação do Brasil, mais especificamente da Miolo, num dos mais importantes eventos de negócios de vinhos da Inglaterra, o da distribuidora Bibendum, que aconteceu no fim de janeiro último, gerando uma expectativa nesta produtora brasileira de incrementar em 30% as vendas para a Inglaterra. A Miolo levou para o universo dos “sir” londrinos o superpremium Quinta do Seival Castas Portuguesas considerado um dos top de linha nacionais. Sim, o exigente mercado inglês é o maior importador de vinhos brasileiros (em valores) e o segundo maior em volume, segundo o Ibravin. E é somente para este mercado que a Miolo produz o Alísios, vinho brasileiro que só pode ser degustado em Londres. Empresas com cacife financeiro podem se dar ao luxo de investir de forma arrojada no mercado externo. Mas há produtores não tão grandes que também acabam ganhando holofotes.
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o final do espetáculo, em evento comemorativo em torno dessa auspiciosa estreia, dirijo-me a esse jovem ator. Parabenizo-o por não ter se intimidado com o fato de contracenar com Harildo Deda, um dos mais importantes atores brasileiros. Ele parece demonstrar certo constrangimento diante de meu rasgado elogio e sussurra meio timidamente: “Obrigado!”
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io 2: outro jovem ator, entre os muitos outros jovens atores do Bando de Teatro Olodum, se destaca em entrevista que este repórter faz com o grupo, por conta de série de repor-
tagens que então realizava em Salvador para o jornal Correio Braziliense. Posso constatar rapidamente: ok, todos muito belos, todos muito faceiros, mas afundam-se em invariáveis timidezes. (Era 1999).
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exceção é exatamente esse outro jovem ator. Diante de minhas perguntas, esbugalha os grandes olhos e, risonho e franco, tem sempre resposta engatilhada na ponta da língua. Não posso deixar de pensar com os meus botões: “Danado de inteligente esse carinha! O tempo passou na janela”. (É 2011).
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Rio 1 e o Rio 2 desaguaram no mar. Melhor: viraram mar. Tornaram-se dois dos mais consagrados atores brasileiros da primeira década deste século 21. Chamam-se, respectivamente, Wagner (Moura) & Lázaro (Ramos). (E este Rio 3 que ora vos escreve? – poderá perguntar o leitor que há algum tempo não me lê em jornais baianos. Bem, este terceiro rio que ora vos escreve continua rio. Gosto de ser rio – e rio caudaloso, espero – e rio que continua, basicamente, caminhando e escrevendo, e, como diria aquela popular canção de Geraldo Vandré, seguindo a canção. Mar à vista? Talvez sim. Talvez não. Nunca se sabe). «
«A plateia mal consegue respirar diante de momento teatral tão arrebatador»
» ROGÉRIO MENEZES É JORNALISTA E EDITA O BLOG OLOBONOARRIODEJANEIRO.BLOGSPOT.COM
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CARTUM SIMANCA simanca@grupoatarde.com.br
FUNDADO EM 15/10/1912 FUNDADOR ERNESTO SIMÕES FILHO PRESIDENTE REGINA SIMÕES DE MELLO LEITÃO SUPERINTENDENTE RENATO SIMÕES DIRETOR-GERAL EDIVALDO M. BOAVENTURA EDITOR-CHEFE FLORISVALDO MATTOS EDITORA-COORDENADORA NADJA VLADI EDITORA KÁTIA BORGES EDITORES DE ARTE PIERRE THEMOTHEO E IANSÃ NEGRÃO EDITOR DE FOTOGRAFIA CARLOS CASAES DESIGNER ANA CLÉLIA REBOUÇAS. TRATAMENTO DE IMAGEM ROBERTO ABREU. FALE COM A REDAÇÃO WWW.ATARDE.COM.BR/MUITO E-MAIL: REVISTAMUITO@GRUPOATARDE.COM.BR, 71 3340-8800 (CENTRAL) / 71 3340-8990 (ALÔ REDAÇÃO) CLASSIFICADOS POPULARES 71 3533-0855 / ATARDE@ATARDE.COM.BR / WWW.ATARDE.COM.BR VENDAS DE ASSINATURAS BAHIA E SERGIPE (71) 3533-0850 REPRESENTANTE PARA TODO O PAÍS PEREIRA DE SOUZA E CIA. LTDA. / RIO DE JANEIRO 21 2544 3070 / SÃO PAULO 11 3259 6111 PROPRIEDADE DA EMPRESA EDITORA A TARDE / SEDE: RUA PROF. MILTON CAYRES DE BRITO, Nº 204 - CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP 41822-900 - SALVADOR - BA. REDAÇÃO: (71) 3340-8800, PABX: (71) 3340-8500. FAX: (71) 3340-8712/8713. PUBLICIDADE: (71) 3340-8757/8731. FAX 3340-8710. CIRCULAÇÃO: (71) 3340-8612. FAX 3340-8732. REPRESENTANTES COMERCIAIS / SÃO PAULO (SP) RUA ARAÚJO, 70, 7º ANDAR, CEP 01200-020. (11) 3259-6111/6532. FAX (11) 3237-2079 SERGIPE E ALAGOAS GABINETE DE MÍDIA & COMUNICAÇÃO LTDA. RUA ÁLVARO BRITO, 455, SALA 35, BAIRRO 13 DE JULHO, CEP 49.020-400 - ARACAJU - SE - TELEFONE: (79)3246-4139 / (79)9978-8962 BRASÍLIA(DF) SCS, QD. 1, ED. CENTRAL, SALAS 1001 E 1008 CEP 70304-900. (61) 3226-0543/1343 A TARDE É ASSOCIADA À SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA (SIP), AO INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO (IVC) E É MEMBRO FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS JORNAIS (ANJ) IMPRESSÃO QUEBECOR WORLD RECIFE LTDA
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FUNDADO EM 15/10/1912 FUNDADOR ERNESTO SIMÕES FILHO PRESIDENTE REGINA SIMÕES DE MELLO LEITÃO SUPERINTENDENTE RENATO SIMÕES DIRETOR-GERAL EDIVALDO M. BOAVENTURA EDITOR-CHEFE FLORISVALDO MATTOS EDITORA-COORDENADORA NADJA VLADI EDITORA KÁTIA BORGES EDITORES DE ARTE PIERRE THEMOTHEO E IANSÃ NEGRÃO EDITOR DE FOTOGRAFIA CARLOS CASAES DESIGNER ANA CLÉLIA REBOUÇAS. TRATAMENTO DE IMAGEM ROBERTO ABREU. FALE COM A REDAÇÃO WWW.ATARDE.COM.BR/MUITO E-MAIL: REVISTAMUITO@GRUPOATARDE.COM.BR, 71 3340-8800 (CENTRAL) / 71 3340-8990 (ALÔ REDAÇÃO) CLASSIFICADOS POPULARES 71 3533-0855 / ATARDE@ATARDE.COM.BR / WWW.ATARDE.COM.BR VENDAS DE ASSINATURAS BAHIA E SERGIPE (71) 3533-0850 REPRESENTANTE PARA TODO O PAÍS PEREIRA DE SOUZA E CIA. LTDA. / RIO DE JANEIRO 21 2544 3070 / SÃO PAULO 11 3259 6111 PROPRIEDADE DA EMPRESA EDITORA A TARDE / SEDE: RUA PROF. MILTON CAYRES DE BRITO, Nº 204 - CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP 41822-900 - SALVADOR - BA. REDAÇÃO: (71) 3340-8800, PABX: (71) 3340-8500. FAX: (71) 3340-8712/8713. PUBLICIDADE: (71) 3340-8757/8731. FAX 3340-8710. CIRCULAÇÃO: (71) 3340-8612. FAX 3340-8732. REPRESENTANTES COMERCIAIS / SÃO PAULO (SP) RUA ARAÚJO, 70, 7º ANDAR, CEP 01200-020. (11) 3259-6111/6532. FAX (11) 3237-2079 SERGIPE E ALAGOAS GABINETE DE MÍDIA & COMUNICAÇÃO LTDA. RUA ÁLVARO BRITO, 455, SALA 35, BAIRRO 13 DE JULHO, CEP 49.020-400 - ARACAJU - SE - TELEFONE: (79)3246-4139 / (79)9978-8962 BRASÍLIA(DF) SCS, QD. 1, ED. CENTRAL, SALAS 1001 E 1008 CEP 70304-900. (61) 3226-0543/1343 A TARDE É ASSOCIADA À SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA (SIP), AO INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO (IVC) E É MEMBRO FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS JORNAIS (ANJ) IMPRESSÃO QUEBECOR WORLD RECIFE LTDA
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SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
SALVADOR DOMINGO 13/2/2011
#150 / DOMINGO, 13 DE FEVEREIRO DE 2011 REVISTA SEMANAL DO GRUPO A TARDE
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Um mergulho nas águas do Porto da Barra revela a paisagem subaquática da Baía de Todos-os-Santos
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