em revista
ANO 1 • Número 1 • dezembro 2013 • uma publicação da UTC participações
Um grande e complexo desafio Cerca de 6.400 colaboradores participam da construção da Central de Utilidades do Comperj, localizado em Itaboraí, no Rio de Janeiro
Sumário
EDITORIAL
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Estreitar ainda mais a comunicação com os nossos colaboradores, clientes e parceiros. Foi pensando nisso que concebemos a nossa revista corporativa. Apresentamos UTC em Revista, que nasce do desejo de tornar permanente o diálogo com aqueles que ajudam a construir a Organização UTC.
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Entendemos que a melhor forma de falar sobre negócios, pessoas e sustentabilidade é transportando o leitor para os ambientes de trabalho onde nossos projetos são concretizados. Mais do que isso: dando voz àqueles que fazem parte desse dia a dia. Nesta primeira edição, trazemos uma reportagem sobre a construção da Central de Utilidades, que abastecerá de energia, água e vapor um dos principais empreendimentos da Petrobras em processamento de petróleo – o Comperj. Na Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, conversamos com os profissionais que pretendem transformar o terminal de Campinas na principal porta de entrada da América Latina. E entrevistamos Ricardo Pessôa, Presidente da UTC Participações – holding da qual fazem parte a UTC Investimentos e as empresas UTC Engenharia, Constran, UTC Óleo e Gás e UTC Desenvolvimento Imobiliário. Com uma linguagem simples e objetiva, também falamos da retomada de uma antiga parceria em mineração, da nossa participação em contratos de mobilidade urbana e da importância de incentivar projetos sociais nas comunidades onde estamos presentes. Nos textos e fotos de UTC em Revista, um pouco sobre os nossos desafios. De hoje e sempre. Boa leitura!
Responsável por Comunicação Institucional na UTC Ana Paula Dias Apoio Thiago Cecchetto Veronica Sá Coordenação Editorial Versal SP Jornalista Responsável Emanuella Sombra Fotos Roberto Rosa Maguila Santos Lalo de Almeida Pré-impressão e Impressão Stilgraf Tiragem 5.300 exemplares
A ampliação da Mina de Carajás, o maior complexo minerador a céu aberto do mundo
Conheça a central que fornecerá energia, água e vapor ao maior empreendimento petroquímico do Rio de Janeiro Uma entrevista com Ricardo Pessôa, Presidente da UTC Participações Uma ideia capaz de reduzir o impacto ambiental e impulsionar o crescimento das pessoas A participação da Constran na ampliação das linhas metroviárias em duas grandes metrópoles Como transformar o 6º maior aeroporto do Brasil no principal terminal aéreo da América Latina
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carajás
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Novamente juntas Ampliação da Mina de Carajás marca a retomada de uma parceria com a Vale e abre perspectiva para novos projetos em mineração
Texto Thiago Fernandes
Uma gigantesca jazida de minério de ferro no meio da Floresta Amazônica, cercada por 400 mil hectares de mata virgem e distante 50 km da cidade mais próxima, Parauapebas. No período de chuvas, entre dezembro e abril, as estradas ficam praticamente intransitáveis. É nesse lugar de difícil acesso, no interior do Pará, que funciona o maior complexo minerador a céu aberto do mundo. Operada pela Vale, a Mina de Ferro de Carajás produziu 110 milhões de toneladas de minério em 2012 e teve sua estrutura ampliada, aumentando sua capacidade em 35%. O chamado Projeto Adicional 40 é uma nova planta de processamento a seco, que expandirá em 40 milhões de toneladas a produção anual. A UTC Engenharia foi responsável por 50% da montagem eletromecânica dessa planta adicional. O trabalho, finalizado em agosto, marcou a retomada de uma antiga parceria com a Vale, após dez anos sem operações conjuntas. “Com ele, também retomamos a atuação no setor de mineração, diversificando as nossas oportunidades de negócios”, salienta Carlos Galvão, Diretor Superintendente de Contrato em Carajás.
Contrapartida social Um dos desafios superados foi a escassez de profissionais qualificados, o que obrigou a UTC a recrutar trabalhadores
em outras regiões. No auge das obras, a empresa contou com 1.600 colaboradores, 40% moradores locais. “Nossa preocupação era de que houvesse qualificação e aproveitamento da força de trabalho da região”, explica Haroldo Albuquerque, Gerente Administrativo e Financeiro. Para tanto, foram realizados cursos de capacitação em Parauapebas, criando em sua base operacional o Centro de Treinamento e Qualificação de Colaboradores (CTQC), um tipo de contrapartida social inédita no município. Líder de Contrato, Walter Asevedo explica que um dos grandes diferenciais do projeto foi a formação de uma equipe jovem, sinérgica e disposta a enfrentar situações adversas. Ao todo, foram mobilizados quase 3 milhões de homens-hora. “De junho de 2011 a agosto de 2013, tempo que durou nosso trabalho, não houve registro de acidentes com afastamento, o que demonstra o nosso comprometimento com a segurança dos profissionais”, ele acrescenta. Como desdobramento da parceria, a UTC assumiu em Carajás um novo contrato para finalização do Silo 4 da mina. Também participará da ampliação de outra planta de minério de ferro da Vale, a de Vargem Grande, localizada em Itabiritos (MG). Para Galvão, os novos projetos são resultado de um comprometimento diário e constante: “É respeitando os prazos e a qualidade dos serviços que possibilitamos o surgimento de novos desafios”.
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O motor do Comperj Construção da Central de Utilidades será fundamental para a operação de um dos maiores empreendimentos da história da Petrobras
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Texto Tatiana Mendonça
Antes de o sol cair, às cinco horas da tarde, milhares de trabalhadores caminham enfileirados em meio às obras do futuro Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, no interior do Estado. É o fim de mais uma jornada. A visão dá ideia da grandiosidade do complexo, que produzirá derivados de petróleo e produtos petroquímicos de primeira e segunda geração. Para que a refinaria comece a operar, será preciso dotá-la de infraestrutura básica. Essa é a missão do Consórcio TUC – formado pelas empresas UTC Engenharia, Odebrecht e Toyo do Brasil –, encarregado de construir a Central de Utilidades, que abastecerá todo o Complexo de água, vapor e energia elétrica.
Transportados diariamente em 200 ônibus, cerca de 6.400 colaboradores participam do empreendimento. A construção da Central de Utilidades teve início em dezembro de 2011 e deve ser finalizada em dezembro de 2014. Será composta de três unidades: a UTL – 08 A, responsável pelo tratamento de água; a UTL – 09, que irá tratar os efluentes industriais; e a UTL – 11, encarregada de fornecer vapor e energia para todo o Complexo. Os números impressionam: 4 mil t de tubulação, 120 mil m³ de concreto e 35 mil m³ de pré-moldados. “Nossa parceria com a Petrobras representa o maior contrato dentro do Comperj”, ressalta Antônio Carlos Miranda, Diretor Superintendente da UTC. “E o nosso trabalho será fundamental para o início da operação da refinaria.”
Pequena cidade Um dos grandes desafios do projeto foi atuar em uma área conhecida como greenfield, ou seja, sem infraestrutura prévia. “Recebemos o terreno virgem e tivemos de começar do zero, com drenagem, gerador, rede de esgoto, caminhão-pipa”, enumera o Diretor de Contrato Leonardo Mayrink, que trabalha na UTC desde 1992. Para fornecer com agilidade o material necessário às construções, foi criada uma fábrica, o Pipe Shop, que ao todo produzirá 3 mil t de tubulações. Mayrink lembra que cada um dos quatro canteiros (as três unidades e o Pipe Shop) funciona independentemente do outro. “Criamos uma estrutura operacional complexa, pois a distância entre eles é de 2 a 3 km, e cada um possui escritório, vestiário, refeitório.” Segundo Mayrink, o desafio tem sido gerenciar todos esses aspectos com o mesmo padrão de qualidade. Para isso, uma eficiente logística vem sendo posta em prática. Das refeições servidas, passando pela limpeza e organização das áreas comuns até a distribuição de equipamentos e matéria-prima, tudo é criteriosamente calculado. Eduardo Leite, Gerente Geral de Planejamento, é um dos responsáveis por administrar os prazos e custos e elaborar
Transportados diariamente em 200 ônibus, cerca de 6.400 colaboradores participam do empreendimento.
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as medições de progresso da obra. Conta com a ajuda de softwares desenvolvidos pela UTC. Um deles, o Sistema de Apoio Técnico (SAT), faz a gestão do recebimento dos materiais até a aplicação final no empreendimento; e outro, o SAT PLA, possibilita as programações e medições de serviços. “Dada a magnitude do empreendimento e por se tratar de um contrato longo, de 36 meses, é fundamental ter essas ferramentas informatizadas como suporte”, explica. “Sem elas, não teríamos a agilidade necessária para monitorar de forma efetiva o avanço e a produtividade que buscamos.”
fábrica Ao chegarem no Pipe Shop para mais uma jornada, os colaboradores são recebidos com uma mensagem de “Bom Dia” no painel eletrônico. O visor mostra as metas diárias e mensais e atualiza a produção de hora em hora. Cada vez que elas são atingidas, uma música ecoa no ambiente. “Aí eu pego o microfone e vibro com toda a equipe. É um agito total”, sorri Evandro Osório, Gerente Geral de Interface. Osório está à frente da fábrica e é um ferrenho defensor da teoria de que motivação gera resultados expressivos. Ele também foi o responsável pela construção dos
quatro canteiros, dotando-os da infraestrutura necessária. “Quando pisei aqui pela primeira vez, não existia nada, só terra aplainada. Hoje dá orgulho de ver tudo funcionando bem.” Há 28 anos na UTC, o Gerente desenvolveu uma filosofia inspirada no Teorema de Pitágoras, velho conhecido das aulas de matemática. “Um dos catetos é a organização, o outro é a limpeza e a hipotenusa é a segurança. A área interna é o resultado. Quanto mais organizado eu for e mais limpeza eu tiver, maior será a minha segurança e maior será meu resultado.”
O tripé da Central O resultado desse planejamento é observado em cada nova estrutura erguida. A UTL – 08 A deve ser a primeira unidade entregue. Além de armazenar e distribuir água potável, terá um sistema de produção do líquido na forma desmineralizada (sem sais minerais, próprio para a utilização em processos químicos) e de água de caldeira (para alimentar a geração e a distribuição de vapor). O engenheiro gaúcho Luiz Felipe Silveira, Gerente Geral de Construção e Montagem, é responsável pela UTL – 11, que fornecerá energia para todo o Comperj. Sua ideia era trazer, já montadas, as quatro caldeiras que integrarão a termelétrica; mas, por falta de infraestrutura de transporte, teve de montá-las, como em um gigante quebra-cabeça. As quatro turbinas, a vapor e gás, irão gerar 260 megawatts, energia suficiente para abastecer diariamente uma cidade de 800 mil habitantes. A 3 km de distância, fica a UTL-09, que terá capacidade para processar 750 m³ de resíduos por hora. A unidade tratará efluentes contaminados e oleosos, além do esgoto sanitário gerado em todo o Comperj por meio de filtragem, tratamento biológico e eletrodiálise reversa, um processo eletroquímico de separação. Durante as obras, medidas sustentáveis vêm sendo adotadas. Parte do concreto excedente é utilizada na pavimentação, facilitando o trânsito nas épocas de chuva e muita lama. A madeira descartada vira placas de
Pipe Shop: agilidade no fornecimento de material para as obras
sinalização e até os capacetes velhos são reciclados. Uma das ações mais importantes está no reuso da água em fins menos nobres, como o abastecimento das caixas dos sanitários. Pelo contrato, o Consórcio tem a obrigação de reutilizar pelo menos 30% desse efluente tratado, mas a meta é chegar a 35%. O Comperj está sendo construído em uma área de 45 km², que corresponde a 10,5% da extensão total do município de Itaboraí-RJ
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ENTREVISTA : RiCARDo PessÔA
ConsóRCio TUC
o segredo da liderança : ricardo pessôa, Presidente da UTC Participações
as pessoas e a comUnidade A maioria dos profissionais do projeto – 84% deles – vem de Itaboraí e região. É o caso de Denisson da Silva rosa, 28, nascido e criado na cidade. Há nove anos, trabalha como montador de andaime, atividade que passou a desempenhar também no Comperj. “Fazer parte de uma obra tão grande permite que você desempenhe bem o seu trabalho. Isso porque o serviço é bem distribuído, não fica pesado para ninguém.” Todos eles passaram por algum tipo de treinamento – de atividades de integração a cursos de capacitação e aperfeiçoamento. Fora do Complexo, há aulas de inclusão digital e qualificação profissional para a comunidade. “reunimos vários programas trazidos das três empresas que integram o Consórcio”, ressalta Mayrink. A começar pela diretoria, todos participam de treinamentos voltados a seu desenvolvimento profissional.
No começo de agosto de 2013, teve início a primeira turma do Programa de Desenvolvimento de Mão de Obra (PDMO). Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), 25 integrantes frequentam o curso de alfabetização. De segunda a quinta, eles trabalham pela manhã e, no outro turno, das 14h30 às 16h30, assistem às aulas do curso, que tem duração total de sete meses. Carlos Antunes, um dos participantes do programa, sempre quis aprender a ler e escrever. “Já tentei estudar à noite, mas é cansativo. Nunca tive uma oportunidade como esta e sinto que vou poder dar um futuro melhor para minha filha”, sorri o meio-oficial de carpinteiro, de 37 anos. Como um sonho aviva o outro, seu desejo agora é vê-la trabalhando no Comperj, quando o empreendimento estiver funcionando. Até lá, já tem um caminho diário por onde seguir.
umA meTÁFOrA sObre A essÊNciA dA eNGeNHAriA pOde resumir cOmO A VAlOrizAçãO prOFissiONAl É peçA cHAVe NO deseNVOlVimeNTO de umA empresA: “As pessOAs sãO O NOssO priNcipAl pATrimÔNiO. NÓs cONsTruÍmOs iNTeliGÊNciA”. A AFirmAçãO É de ricArdO pessÔA, presideNTe dA uTc pArTicipAções, HOldiNG Que cONTrOlA QuATrO empresAs e TrÊs iNVesTimeNTOs NAs ÁreAs iNdusTriAl, imObiliÁriA, de iNFrAesTruTurA e de ÓleO e GÁs. NA primeirA ediçãO de uTc em reVisTA, ricArdO pessÔA FAlA sObre O mOmeNTO ecONÔmicO ATuAl, NOVOs desAFiOs e sObre cOmO A desceNTrAlizAçãO FOi impOrTANTe pArA TrANsFOrmAr A uTc em um dOs priNcipAis plAYers brAsileirOs NA ÁreA de eNGeNHAriA iNdusTriAl, cOm mAis de mil cONTrATOs eXecuTAdOs NO brAsil desde suA criAçãO, em 1974. “NeNHumA empresA cresce se VOcÊ NãO deleGA pArA A pONTA Os pOderes e As respONsAbilidAdes.”
TexTo EMANUELLA SOMBrA
UTC EM REVISTA A UTC participou de projetos emblemáticos, como a construção da Hidrelétrica de Itaipu, de Angra II e das plataformas da Bacia de Campos. Como resumir quatro décadas de atuação? RICARDO PESSÔA Eu não dividiria a nossa história em quatro décadas, mas em três grandes períodos. No primeiro, entre 1974 e 1985, buscamos parcerias com empresas americanas e europeias que trouxessem know-how em processos executivos. Foi um período em que o Governo incentivou a capacitação em montagem industrial, nas áreas offshore e petroquímica. Foi assim que a UTC se desenvolveu. Mas à medida que esse know-how foi incorporado, a economia brasileira começou a ter grandes dificuldades em função da inflação. A construção de plataformas e refinarias passou a não ter mais prioridade dentro dos investimentos. Muitas empresas fecharam e algumas foram vendidas – como o nosso caso. Fomos incorporados a um grupo da área da construção civil que pretendia aumentar seu leque de negócios. Somente a partir de 1985, áreas como construção pesada e habi-
tação tornaram-se mais promissoras. Deu-se início o que eu chamo de segunda fase. Foi quando investimos na formação de executivos brasileiros e começamos a preparar a UTC para o crescimento. Um crescimento que veio a acontecer depois dos anos 2000, no final do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, quando o preço do barril de petróleo começou a subir e as commodities passaram, realmente, a ter valor na pauta de exportação. Ali começava a terceira fase da nossa história. Quando o barril de petróleo saiu de US$ 13 para US$ 130, os investimentos nas áreas industrial, de siderurgia, de mineração, de termoelétricas e de petróleo onshore e offshore cresceram muito. Estamos voltados para o desenvolvimento. Se o Brasil cresce, a UTC cresce. Nos últimos anos houve uma desaceleração no crescimento econômico brasileiro. É natural que o momento econômico do país reflita no mercado de engenharia. Quando há uma desaceleração na economia, como a que ocorreu nos anos de 2008 e 2009, o reflexo só aparece em 2010 e 2011. As obras
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ENTREVISTA : RiCARDo PessÔA
ENTREVISTA : RiCARDo PessÔA
Nenhuma empresa cresce se você não delega para a ponta os poderes e as responsabilidades. É preciso dar poder de decisão às pessoas.
em andamento não param, as novas é que não aparecem. Este ano teremos o mesmo tipo de receita que tivemos em 2012. Mas em 2014, seguramente, teremos uma receita menor.
operação internacional propriamente dita. Nosso objetivo é investir, inicialmente, em projetos na América Latina e África. UTC EM REVISTA Ao
UTC EM REVISTA A
UTC tem como meta a expansão e a diversificação de seus negócios. Diante do panorama atual, como o senhor enxerga o crescimento da organização a longo prazo? RICARDO PESSÔA Nós temos por princípio a diversificação em assuntos correlatos à engenharia. Criamos a UTC Desenvolvimento Imobiliário, estamos investindo na exploração de petróleo, na área de mineração. Em 2010, adquirimos a Constran, que atua em construção pesada. Esse crescimento tem de ser sustentado, ano a ano, sem tirar o pé do chão. Nosso objetivo é crescer de 5% a 10% ao ano na média acumulada. Em se tratando do mercado internacional, quais são as perspectivas? Não há como crescer 10% ao ano sem partir para o mercado internacional. Não se pode ficar vinculado apenas ao mercado brasileiro. Atualmente possuímos operação nos Estados Unidos, mas ela é de suporte às obras daqui, não é uma
adquirir a Constran, a UTC aumentou seus ativos em 140% e seu patrimônio líquido, em 52%. Qual a importância estratégica da aquisição? RICARDO PESSÔA Nossa atuação é em engenharia industrial, com foco em óleo e gás, energia, siderurgia e plantas industriais. Acreditamos que, por já estarmos consolidados nesse mercado, precisamos de outro foco: infraestrutura. Precisamos oferecer o “pacote completo” aos nossos clientes. O Brasil depende de infraestrutura, não importa se ele cresce 2% ou 5%. Nós adquirimos a Constran para completar esse leque, ingressar na construção de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, metrovias e etc. Nos próximos 10 anos, esperamos que haja grandes investimentos públicos e privados nestes setores. UTC EM REVISTA em 2013, o número de inscritos em cursos de engenharia
pela primeira vez na história do ensino Superior ultrapassou o número de calouros em direito, o que já reflete essa demanda. Que perspectivas encontrarão estes futuros profissionais ao ingressarem na UTC? RICARDO PESSÔA Queremos que eles cresçam na Organização, cheguem à gerência, a cargos de liderança. Nossa intenção é fixá-los. Uma fixação que se dê por três tipos: pela remuneração variável, pela satisfação profissional e pelo bom ambiente de trabalho. Nosso plano de remuneração variável, por exemplo, premia pelo desempenho. Procuramos valorizar sempre o desempenho e a meritocracia. UTC EM REVISTA “Todos
têm a ver com tudo e tudo tem a ver com todos” é um dos pilares da filosofia empresarial da UTC. Como incentivar a autonomia e, ao mesmo tempo, cultivar esse comprometimento? RICARDO PESSÔA Nenhuma empresa cresce se você não delega para a ponta os poderes e as responsabilidades. É preciso dar poder de decisão às pessoas e mais responsabilidade
também para que elas se desenvolvam e, no futuro, tornem-se lideranças empresariais. Não é fácil, porque você precisa ter na ponta pessoas melhores que você. Centralização é conforto. Descentralização é muito mais serviço, muito mais tensão, muito mais responsabilidade de quem delega e de quem recebe. Eu pergunto: como você vai ter um bom gerente de construção, um bom líder de contrato se ele não se desenvolver?
decisão arriscada você fica só. Mas, de uma forma geral, quando você possui um estilo de gestão de somar opiniões, você permite que as pessoas tenham iniciativa. Não somos uma família, somos um time. Um time em que todos devem jogar bem, um ajudando o outro. Não adianta ser bom lateral se o zagueiro deixar a bola passar. As pessoas são o nosso principal patrimônio. Máquina a gente troca, conserta. Nós construímos inteligência.
UTC EM REVISTA Como
UTC EM REVISTA Quando
transformar essas potencialidades em crescimento para as empresas? RICARDO PESSÔA É preciso ouvir muito e decidir pelo melhor. Evidentemente, você possui uma parcela maior de decisão por ter a última palavra. Mas, se você não compartilha, decide mal. E o que é pior, não incentiva ninguém. Uma empresa não é uma democracia liberal em que todos votam, mas é através do compartilhamento de opiniões que se chega a um consenso. A imposição nunca é boa, e as grandes decisões não são isoladas. É claro que ao tomar uma
falamos em produtividade, qual o papel das novas tecnologias? Como elas podem reduzir custos? RICARDO PESSÔA No Brasil, existe um grande interesse por ferramentas e metodologias de execução que melhorem a produtividade. Nisso somos muito hábeis, sabemos nos renovar. Aliada à tecnologia está o know-how. Nós, brasileiros, possuímos metodologia executiva, know-how de como construir, capacidade de gestão. A grande dificuldade está no fato de nossa produtividade depender de uma mão de obra muitas vezes
desqualificada, que não consegue produzir eficientemente como em outros países. A origem, a meu ver, está na educação. UTC EM REVISTA Como
tornar a sustentabilidade parte inerente ao negócio? RICARDO PESSÔA Ela precisa ser incorporada à filosofia das pessoas. As pessoas precisam ter em mente que o desenvolvimento tem a sustentabilidade como premissa e que é preciso respeitar e conviver com as comunidades. Principalmente quando se trata de engenharia e construção. Não queremos fazer assistencialismo, queremos que as comunidades trabalhem conosco produzindo algo em benefício delas e em nosso benefício. A questão ambiental é inerente a isso tudo. Já é notório que as agressões ambientais do passado geraram impactos, e que precisamos fazer algo para revertê-los. Acredito, contudo, que a sustentabilidade precisa ser bem pensada, pois há exageros que não são compatíveis com o desenvolvimento. Nosso desafio é justamente esse: encontrar o equilíbrio.
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ReFAP
ReFAP
Proteção em vários níveis Reciclagem transforma EPIs em novas fontes de renda e oferece um destino ecologicamente sustentável a uniformes que antes eram descartados TexTo
TATIANA MENDONçA
Uma ideia vem mudando a rotina de 320 mulheres do Centro de Capacitação e Formação Guajuviras, do Fórum de Economia Solidária de Canoas (rS). Desde março elas transformam centenas de uniformes usados em aventais, bolsas, sacolas de lixo para carro e bonés. O material, que antes era descartado, hoje é fonte de renda. A iniciativa vem de uma parceria entre a UTC Engenharia e a roupas do Polo, empresa contratada para higienizar os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) utilizados nas obras de ampliação da refinaria Alberto Pasqualini (refap). “Percebíamos que os EPIs poderiam ter uma vida útil maior e sugerimos a reciclagem”, explica Delmar de Souza, da roupas do Polo. O responsável por acolher a sugestão de Delmar foi Ezequiel Farias, Analista Ambiental da UTC. O primeiro local atendido foi a Paróquia Santa rita, na cidade vizinha de
mesmo nome. Lá, mães da Pastoral da Criança recebem aulas de costura e confeccionam as novas peças. roseane Santos, 54 anos, conta que chega a ganhar até r$ 1.000 por mês com o trabalho. Não é só a renda familiar que aumenta. A autoestima também. Nair Moreira só tinha oito anos quando aprendeu a costurar, mas um AVC a impossibilitou de continuar trabalhando. Hoje, aos 64, voltou a se entender com a máquina. A novidade são os tecidos que está utilizando: os EPIs vindos da refap. Quase 5 mil equipamentos de proteção já foram doados pela UTC. Para Alex Sarmento, Diretor de Operações, a iniciativa é duplamente bem-sucedida. “Estamos atuando em duas áreas ao mesmo tempo, a social e a ambiental.” As costureiras das comunidades de Canoas e Nova Santa rita agradecem.
A nova unidade da Refap está sendo construída pela UTC Engenharia e produzirá Diesel S-10, que emite 10 partículas de enxofre por milhão – ao invés das 50 ppm geradas atualmente, reduzindo, assim, a emissão de poluentes. Sua inauguração está prevista para dezembro de 2013.
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ConsTRAn
ConsTRAn
A estação Adolfo Pinheiro conta com uma tecnologia que impede que a vibração dos trens chegue às residências circunvizinhas.
estações da Linha Lilás – as outras dez têm inauguração prevista para 2016. “A ampliação da linha possibilitará uma melhor interligação do metrô e a reorganização do sistema de ônibus, impactando positivamente no trânsito da cidade”, avalia o Gerente de Contrato Nelson Strassacappa. A conclusão da Linha Lilás permitirá que os moradores do Capão redondo (Zona Sul) cheguem mais rapidamente em outras regiões da capital. Isso porque ela fará a integração com as estações Santa Cruz (Linha 1 – Azul), com a Chácara Klabin (Linha 2 – Verde) e com a futura estação Água Espraiada (Linha 17 – Ouro), melhorando a qualidade de vida de quem se desloca diariamente para o Centro.
encurtando caminhos Ampliação das redes de metrô em São Paulo e Fortaleza reflete aposta da Constran em empreendimentos de mobilidade urbana
fortaleZa Na capital cearense, a população já vem sentindo esses benefícios. Durante quase três anos, a Constran atuou na ampliação da Linha Sul. Mais especificamente, na construção
das estações Chico da Silva e José de Alencar e de 350 m de túnel em trincheiras, que aumentaram para 24 km a malha metroviária do circuito. Atualmente, a Linha Sul opera em caráter de testes (em períodos alternados), beneficiando cerca de 350 mil usuários que saem diariamente da região de Maracanaú para o Centro. As duas novas estações, inauguradas em julho, representam um marco para o Metrô de Fortaleza (Metrofor). Para a Constran, significaram importantes desafios superados. “Sofremos com mudanças climáticas, como as chuvas atípicas ocorridas durante o pico das obras, mas felizmente concluímos o projeto com êxito e dentro do cronograma previsto”, avalia o Gerente de Contrato Wagner Carvalho. Para ele e para os cerca de 800 integrantes que participaram das obras, a sensação é de que o caminho foi bem trilhado. Literalmente.
Tucuruvi
TexTo
Campo SÃO PAULO de Marte
EMANUELLA SOMBrA
Lapa Ampliação
Cinco poços escavados alternadamente e revestidos de concreto. Cada poço, com 32 m de diâmetro, permitiu que cerca de 600 colaboradores descessem 18 m até o local das obras. Assim foi construída a estação Adolfo Pinheiro da Linha 5 – Lilás do metrô de São Paulo. A estação encontra-se em fase de finalização eletromecânica e tem inauguração prevista para janeiro de 2014. As obras civis e de superestrutura da Adolfo Pinheiro foram entregues em julho à Companhia do Metropolitano de São Paulo e representaram um dos principais investimentos da Constran em projetos de mobilidade urbana, ao lado de outro importante projeto: a construção das estações
José de Alencar e Chico da Silva do metrô de Fortaleza. “Participamos da concorrência de todos os empreendimentos que vêm sendo contratados pelos governos nessa área. E entendemos que investimentos em metrôs, especialmente, são fundamentais para as metrópoles brasileiras”, avalia João Santana, Presidente da Constran, que desde 2010 integra a Organização UTC.
Ampliação da Linha Sul (Metrofor)
da Linha 5 – Lilás
Linha Ouro
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Central - Chico da Silva
Luz
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José de Alencar Rodoviária
Sé
São PauloMorumbi
Faria Lima
Chácara Klabin
Jurema
Manoel Sátiro
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Moema Vila Prudente
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Parque do Estado
Água Espraiada
Virgílio Távora
Adolfo Pinheiro ... Capão Redondo
Parangaba Edson Queiroz
Santa Cruz
são paUlo A Adolfo Pinheiro conta com uma tecnologia que impede que a vibração da passagem dos trens chegue às residências circunvizinhas, e será a primeira de onze novas
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Carlito Benavides ... ...
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aeroportos brasil
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Um voo mais alto Concessionária pretende tornar Viracopos um dos maiores aeroportos do mundo, aumentando em dez vezes a sua média anual de passageiros
Texto Emanuella Sombra
“Seremos o maior e melhor da América Latina, o portal de entrada da América do Sul.” Assim Luiz Alberto Küster dá início à entrevista. Estamos em um edifício construído a poucos metros do terminal de embarque e desembarque de passageiros, e sua afirmação resume a magnitude do projeto que pretende, em três décadas, tornar Viracopos um dos maiores aeroportos do mundo. Do lado de fora, 5,5 mil pessoas trabalham para transformar sua previsão em realidade. Küster é Diretor Presidente da Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, formada pela Infraero e pelo Consórcio Aeroportos Brasil – composto por UTC Participações, Triunfo Participações e Investimentos e Egis Airport Operation. Em uma concessão de 30 anos, iniciada em 2012, a Aeroportos Brasil será responsável por ampliar e administrar o aeroporto localizado em Campinas (SP). Seu primeiro grande desafio é concluir o novo terminal de passageiros, que tem inauguração prevista para maio de 2014. As obras estão a cargo do Consórcio Construtor Viracopos, do qual participam as empresas Constran e Triunfo.
O novo terminal terá 145 mil m² e um pátio de aeronaves com 35 novas posições (28 delas, com pontes de embarque), que serão somadas às 37 posições atuais. O projeto tem por diretriz o conceito de aeroporto-cidade e prevê a construção de um edifício-garagem com capacidade para 4.500 vagas, além de novas lojas, restaurantes, lanchonetes e salas vip. Nesta primeira etapa, a previsão é de que o fluxo de passageiros aumente dos anuais 9 milhões para 14 milhões. Mas o horizonte é bem mais amplo: “Em longo prazo, nosso objetivo é atingir o tamanho do Aeroporto Internacional de Atlanta (Hartsfield-Jackson), que já é o mais movimentado do mundo, chegando a 90 milhões”, prevê Küster.
Ponto estratégico Há muitas razões que fundamentam sua projeção. Uma delas é geográfica. Viracopos está localizado na chamada Macrometrópole de São Paulo, que concentra 10% de toda a população brasileira e é a segunda aglomeração
A maior aeronave cargueira da Boeing, o 747-8F, pousou pela primeira vez no Brasil em maio de 2013. E o local escolhido foi o aeroporto de Viracopos. A Concessionária está investindo na infraestrutura do atual terminal, o que inclui a reforma e a construção de novos banheiros e a ampliação de áreas de embarque e do estacionamento.
urbana do mundo em número de habitantes. Dos seus 53 municípios, 11 estão na lista das 40 cidades com melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, superior a 0,8 (altíssimo). Outra singularidade é o tamanho do aeroporto. O potencial de expansão de Viracopos em muito se deve à magnitude de sua área, condição pouco comum. Seu sítio aeroportuário possui uma extensão de 25 km², o que permitirá construir mais três pistas – duas com operação independente e uma com operação compartilhada. A construção da primeira delas terá início em 2014, após a conclusão do novo terminal. Carlos Geraldo Magalhães, Assessor para Assuntos Corporativos, afirma que nenhum aeroporto tem tanta capacidade de crescimento.
Ascensão Além de possuir a maior capilaridade interna (voos domésticos), com 60 destinos diferentes no Brasil, Viracopos
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AeRoPoRTos BRAsiL
AConTeCeU nA UTC
Melhor da Construção Pesada A UTC Engenharia foi eleita a melhor empresa do ano na categoria Construção Pesada pela revista Istoé Dinheiro. O prêmio “As Melhores da Dinheiro 2013” foi divulgado em agosto e escolheu as empresas que mais se destacaram em 27 setores da economia em 2012. Foram avaliados aspectos como sustentabilidade financeira, recursos humanos, inovação e qualidade, responsabilidade socioambiental e governança corporativa.
Maquete eletrônica do futuro Terminal de Passageiros: mais lojas, serviços e opções de voos
é o aeroporto que mais cresce em fluxo de passageiros. Números da Infraero apontam que, da 11ª posição no ranking brasileiro em 2010, subiu para a 9ª no ano seguinte e para a 7ª em 2012. No primeiro semestre de 2013 o aeroporto atingiu a 6ª colocação. Atualmente, já é o maior terminal de importação da América Latina, com 42 mil toneladas de produtos importados em 2012. Um dos grandes desafios do projeto é equilibrar a balança entre as receitas provenientes de cargas e de fluxo de passageiros. Atualmente, 70% do rendimento de Viracopos advêm das operações de importação e exportação de produtos. O Diretor Comercial Aluizio Margarido explica que a meta é investir em serviços. A grande quebra de paradigma, nesse sentido, será atrair lojas e restaurantes para a chamada área restrita, como já ocorre em terminais internacionais. “Estudos comprovam que o nível de estresse de quem viaja decresce consideravelmente depois que a
pessoa ultrapassa os detectores de raio-X. É nessa hora que ela começa a comprar”, brinca. Aumentando as receitas do aeroporto, explica Margarido, será possível desonerar as companhias aéreas, atraindo novos voos, especialmente internacionais e de conexão. “É um ciclo virtuoso. Mais voos atrairão hotéis, mais importação e exportação, mais infraestrutura.” Dos cerca de 320 pousos e decolagens diários, a previsão é de que, ao final da concessão, a média seja cinco vezes maior. Até lá, terão sido investidos cerca de r$ 9,4 bilhões. roberto Guimarães, Diretor Financeiro, cita um estudo do BNDES, de 2010, para projetar como as cifras poderão ser convertidas em infraestrutura e desenvolvimento para o país. “O Brasil opera com 0,5 voos per capita/ano. Nos Estados Unidos, esse índice é de 3,5. Atualmente não possuímos estrutura para alcançá-los. Viracopos, nesse sentido, será um marco para a nossa aviação.”
A revista lembrou que a UTC, uma das principais empresas brasileiras em engenharia industrial, é uma das grandes responsáveis por viabilizar estruturalmente a exploração de pré-sal no país. Também ganhou destaque a parceria com a Petrobras em projetos como a construção das plataformas P-55 e P-63 e da Central de Utilidades do Comperj (ler reportagem sobre o assunto na página 6).
Melhor para se trabalhar A UTC Engenharia também foi lembrada pela revista Você S/A, edição de setembro, como uma das 150 melhores empresas para se trabalhar no país. O guia avaliou critérios como investimentos em tecnologia para o bom rendimento profissional, boas práticas de rH e planos de expansão do quadro de profissionais mesmo diante de cenários econômicos desfavoráveis. As 150 melhores foram subdivididas em 18 setores da economia, tais como Varejo, Serviços de Saúde e Bancos. Na categoria Construção, a UTC Engenharia foi lembrada ao lado de outras sete organizações brasileiras. O Guia Você S/A – As Melhores Empresas para Você Trabalhar é considerada a maior pesquisa de clima organizacional do país.
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