Ed03

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março 2004 :: ano1 :: nº3 :: www.arteccom.com.br/webdesign

“os webdesigners devem se acostumar a criar para todos os dispositivos como PMPs, relógios e celulares” Mauro Alencar, Blast Radius, EUA

saiba tudo sobre as novas áreas de atuação design de branding, arquitetura de informação, design de interface etc. entrevista com Sérgio Salvador, blah!

a formação acadêmica é essencial? sete conceituados profissionais debatem sobre o tema

e-mais: 9º Encontro de Web Design palestras e networking, agora em seis cidades!

estudo de caso

Philips

T E N R ? E U T E C N E I R A DU

cliente e agência falam sobre novas estratégias e tecnologias utilizadas neste portal super interativo

A M A b i a S

q ao

u

ud m e

o

ue

e h n co

s a ca

a v o n

s

f o r p

e o s is

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editora

arteccom

R$ 6,90


direitos autorais


3


quem somos

Precisamos estudar o passado para compreender o presente e tentar prever o futuro. Por isso, vamos ler, nesta edição,

Editorial

E nós, amadurecemos?

Equipe Direção Geral Adriana Melo adriana@arteccom.com.br

Direção de Redação

matérias que vão desde a história da internet até entrevistas

Bruna Kanhan

sobre as mais recentes áreas de atuação.

brunak@arteccom.com.br

Direção de Arte

Nesse contexto, vamos notar que realmente a internet amadureceu. E bem depressa. Devemos, agora, estar atentos

Patrícia Maia

para amadurecermos JUNTO com ela. No debate deste número,

patricia@arteccom.com.br

sete profissionais falam sobre a importância da formação

Ilustração

acadêmica, o quanto devemos estar preparados para atingir um

Beto Vieira beto@arteccom.com.br

alto nível de qualidade nos serviços prestados.

Diagramação

Antes, as empresas só queriam estar constando na rede,

Bruna Werneck

queriam um www, depois, tudo que queriam era um site “bem

bruna@arteccom.com.br

moderno”, desenvolvido preferencialmente em flash. Hoje, elas

Publicidade

exigem, com flash ou sem flash, retorno sobre o investimento.

Daniele Moura

Para isso, precisamos desenvolver estratégias, tecnologias,

daniele@arteccom.com.br

conceituar, experimentar, ousar, criar soluções.

Webdeveloping

Ao mesmo tempo em que se tornou mais motivante

Fabio Pinheiro

desenvolver projetos web, agora temos mais responsabilidades.

fabio@arteccom.com.br

O sucesso de um produto gerado por um site já pode ser

Contabilidade

mensurado. O mercado, hoje, exige NOSSO amadurecimento.

Ana Maria Medeiros

Não podemos esquecer que nosso maior objetivo na rede é

ana@arteccom.com.br

SIMPLIFICAR a vida das pessoas, facilitar o entendimento de um serviço, a forma de aquisição ou o funcionamento de um determinado produto. Nosso amadurecimento vai depender de

editora

aprendermos a utilizar as novas tecnologias de maneira INTELIGENTE e não mais amador ou gratuitamente.

www.arteccom.com.br

Aproveitem a leitura.

Distribuição

Um grande abraço,

www.chinaglia.com.br

Adriana Melo

4

Criação e Edição arteccom

A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.


menu

apresentação pág. 4 quem somos pág. 5 menu

contato pág. 6 emails pág. 6 fale conosco

fique por dentro pág. 7 adote esta página pág. 10 clipping

portfólio pág. 13 veterano: Ag2 pág. 18 calouro: Scorpion Design

matéria de capa pág. 20 entrevista: Mauro Alencar pág. 26 matéria: história da internet pág. 30 entrevista: Sérgio Salvador pág. 34 estudo de caso: Philips Home Cinema pág. 40 debate: formação acadêmica

e-mais pág. 48 9 o Encontro de Web Design pág. 52 tutorial: cores seguras

com a palavra pág. 54 interface: Marcello Póvoa pág. 56 webwriting: Marcela Catunda pág. 60 marketing: René de Paula Jr. pág. 62 tecnologia: Abel Reis pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

5


emails

Assunto: Viva às mulheres

Assunto: Conteúdo útil

Assunto: Programador triste

Sou de Viamão (RS) mas

Adorei! Essa revista será de

;-) Mas vocês é que estão de

consegui achar um exemplar

muita utilidade na minha

parabéns pelo excelente portfólio!

numa banca de Porto Alegre.

faculdade. Aliás, nem comecei

Parabéns, galera, pela primeira

A revista é simplesmente

o curso de Projetos em

edição da revista Webdesign,

SHOW DE BOLA! A minha já

Webdesign na UnG

muito legal essa matéria

está toda amassada e

(Universidade de Guarulhos),

fortalecendo o serviço

rabiscada, pois se tornou

que terá início só semana que

brasileiro. Acho que está

ferramenta de referência,

vem, e já estou me sentindo

faltando na revista um pouco

análise e trabalho. Parabéns

preparada! Uma ótima ferra-

de conteúdo sobre

aos profissionais, que devem

menta de conteúdo e ótimas

programação, seja

ter-se esmerado bastante para

novidades complementam tudo

actionscript, php, coldfusion ou

chegar a esse “orgasmo de

aquilo que eu devo saber para

até mesmo javascript (assim

criatividade” e merecem nosso

me tornar uma ótima

como eu, acredito que há

aplauso... e de pé!

profissional! Obrigada!

vários outros leitores

Mas uma das melhores coisas

Fernanda Prevedello fernandaprevedello@hotmail.com

programadores); talvez, quem

foi ver as fotos dessa enxurrada de mulheres lindas que

comunicação entre diversas

Que bom, Fernanda! Um ótimo curso

formam esse time. No final da

para você e, se precisar de qualquer

revista, cheguei à conclusão de

ajuda, estamos aqui.

que, para que aquela qualidade

Assunto: Bancas desesperadas

projeto gráfico é de primeiro

haver o dedo feminino em tudo.

mundo! (tipicamente brasileiro,

Retirem as fotos daqueles dois

heheheh) A inserção do portfólio

marmanjos da equipe, pois o

da Pura Comunicação está

jardim florido não os merece!

agregando um valor incrível à

Sugestão: já pensaram em criar

empresa. Fiquei muito feliz com

um grupo (tipo Yahoo, etc)

o resultado. Mais uma vez,

exclusivo para discutir

muito obrigado.

assuntos atuais, para depois

Acho que vocês vão ter um

explicitar e detalhar na revista?

pequeno problema de

Desejo um enorme sucesso,

distribuição, porque eu

pois os premiados somos nós!

comprei todas as revistas que

Emir Pinho emir@midia3.net

vi pelo Leblon e Ipanema. Não Assunto: Voz da experiência

Adoramos saber que sua revista está

consigo resistir... e cada cliente meu está ganhando um exemplar também. Bom... é

toda amassada e rabiscada, era esse

Tenho 70 anos, comprei a

o nosso objetivo!

Webdesign por sugestão de

Quanto aos “marmanjos” da Arteccom:

minha neta designer, e gostei!

ao lado de toda grande mulher, existe

Acabamento gráfico esmerado,

um grande homem... ;-)

matérias diversificadas e texto

E, em relação ao grupo de discussão,

leve tornam a revista atraente

Por isso que todo mundo está

gostamos da idéia! Vamos pensar

até mesmo para aqueles que,

reclamando que não acha mais a

nisso. Por enquanto, temos as

embora não militando na área,

revista nas bancas... tsk, tsk, tsk...

enquetes online no site da revista

se interessam pelo assunto.

(www.arteccom.com.br/webdesign),

Parabéns à equipe, e muito

não deixe de participar! É uma forma

sucesso!

de inserir a opinião dos leitores na

Luis Paulafreitas luispaulafreitas@uol.com.br

revista também.

bom que gostou da revista! E parabéns pelo seu site...

6

isso. Queria agradecer e dar os parabéns a toda a sua equipe. Sérgio Barbará Filho sergio@puracomunicacao.com.br

Querido vovô Luis, Achamos seu email muito fofo. Que

plataformas e casos de empresas que foram obrigadas

A revista ficou ALUCINANTE!! As matérias estão muito legais e o

fosse alcançada, tinha que

Caro Emir,

sabe, algum pequeno tutorial,

fale conosco arteccom@arteccom.com.br www.arteccom.com.br/webdesign

a trocar de plataforma, etc.. Leandro Maniezo webmaster@maniezo.com.br

Podemos explicar, Leandro... Já existem várias revistas exclusivas de

programação.

Os

pobres

designers sofriam sem nenhuma revista sobre design. Por isso, nosso objetivo é que 70% do conteúdo seja sobre design, mas isso não significa que seja exclusivamente para designers; o ideal é que os programadores entendam bastante de design para web para o sucesso dos projetos. Mas, como não queremos ver ninguém triste, vamos pensar em aumentar as páginas do tutorial quando a revista crescer, ok?

foto


adote esta página

adotou esta página

foto

O projeto Adote Esta Página tem o objetivo de contribuir mensalmente com o Magê-Malien - Crianças que Brilham. Neste mês, a empresa Emake (www.emake.com.br) participa da campanha, doando R$ 600,00. A Arteccom acredita na construção de um futuro melhor e agradece este gesto de solidariedade! Você também pode ajudar a manter o brilho dessas crianças: ligue para (21) 2253.0596 ou envie um email para arteccom@arteccom.com.br e adote esta página! Para conhecer o projeto Magê-Malien, visite o site www.arteccom.com.br/magemalien.

7


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3OFTWARE E 4REINAMENTO !DOBE 8

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(11) 6604-3211

9


clipping

Pais poderão controlar a velocidade de seus filhos ao volante Em Israel, como na maioria dos países de Ocidente, muitos acidentes de trânsito são protagonizados por jovens motoristas. Os pais que quiserem controlar a que velocidade seus filhos dirigem, poderão saber, num instante, por meio do novo dispositivo, que comunica o sistema de alarme anti-roubo no carro com o velocímetro no painel de comandos. Os interessados decidirão a que velocidade desejam receber o alarme e o dispositivo “espião” lhes

Brasil é o oitavo em número de hosts na web O Brasil foi o oitavo país com maior número de registros na web de janeiro de 2003 a janeiro de 2004, registrando mais de 3,1 milhões de hosts (servidores conectados permanentemente à internet) com a terminação .br. O resultado da pesquisa “Internet Domain Survay”, revela que o Brasil subiu uma posição no ranking de hosts em relação a 2002, ou 41,3%, quando somava mais de 2,2 bilhões. O estudo anual realizado pelo Internet Software Consortium (ISC) com a estrutura da empresa Network Wizards, mostra que de janeiro de 1994 até janeiro deste ano, a grande rede já soma quase 250 milhões de hosts no mundo todo. O Brasil é o primeiro no ranking da América do Sul e o terceiro nas Américas, atrás dos Estados Unidos e do Canadá.

chamará automaticamente ao celular

(02)

para informar quando o motorista a exceder. O serviço, segundo o jornal, custará nove “shekels” (por volta de dois dólares) ao mês. (01)

Sites que protegem o PC dos vírus

(02)

É importante que os usuários que possuem um antivírus instalado ativem as rotinas de atualização automática do

Errata Na nossa 2ª edição, ficou faltando o crédito para o Webmaster Ademir Pascale Cardoso, na matéria “Fique de olho para brilhar no topo”, pág. 31. Ademir nos cedeu uma entrevista cujo conteúdo foi fundamental para o desenvolvimento do texto. Pedimos desculpas e, mais uma vez, agradecemos pela grande ajuda. O contato com o Webmaster pode ser feito através do email webmaster@cranik.com.

programa, para que a lista de vírus seja atualizada diariamente. Recomenda-se usar os sites dos fabricantes como primeira opção, mas existem outros sites que oferecem esse tipo de serviço: No site da Panda Software, você pode usar o endereço www.pandasoftware.com/(03) download/utilities para remover vírus conhecidos do seu computador. No site da Trend Micro, a ferramenta de verificação pode ser encontrada no link housecall.trendmicro.com. No site da Symantec, as ferramentas para remoção de vírus estão disponíveis no endereço www.symantec.com.br/region/br/avcenter/toolslist.html. Você pode conseguir um programa antivírus gratuito no site www.avgbrasil.com.br. A empresa oferece o AVG Anti-Virus Free Edition e suas atualizações sem custo algum.

(03)

Provedor britânico lança e-mail com cheiro O provedor de internet britânico Telewest Broadband está testando um novo sistema que possibilita que as pessoas enviem e-mails perfumados. A empresa desenvolveu um aparelho que é conectado no computador e lança um spray quando a mensagem eletrônica é recebida pelo internauta. Segundo o provedor, a tecnologia poderia ser usada, por exemplo, por supermercados, para provocar os consumidores com o cheiro de pães recém-assados, ou por agências de viagem, para estimular a imaginação de seus clientes com a brisa de uma praia paradisíaca. “Isso pode trazer um pouco mais de realismo à internet”, disse Chad Raube, diretor da Telewest Broadband. (04)

10


clipping

Homens enfrentam robôs em futebol motorizado

Sistema on-line vai integrar Procons e reforçar defesa do direito do consumidor

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Carnegie Mellon, na Pensilvânia (EUA), está organizando uma partida de futebol um tanto quanto esquisita: alguns dos jogadores são robôs e, para completar, robôs e humanos vão jogar montados em cima de um

Os Procons vão contar com o apoio do Ministério

Segway — um patinete elétrico. A idéia dos

da Justiça para reforçar o atendimento ao

pesquisadores é de que a partida seja útil para

consumidor. Eles passarão a trabalhar com o

entender como os dois podem trabalhar

Sistema Integrado de Informação de Defesa do

juntos.

Consumidor (Sindec), que fornecerá dados

Alguns robôs básicos já foram construídos e

sobre reclamações contra empresas, bem como

poderão se movimentar na mesma

referências de julgamento de processos. Até o

velocidade dos jogadores humanos. Para poder

fim do primeiro semestre, dez estados deverão

localizar a bola, os robôs foram equipados com

estar ligados pelo sistema. Espera-se que até o

câmeras capazes de identificar objetos coloridos e brilhantes.

final de 2006, todas as unidades da federação estejam em rede.

(06)

Outra vantagem apontada é sobre o controle do número de reclamações. De acordo com Goldberg, se forem verificadas muitas queixas, a DPDC poderá atuar de forma mais eficaz contra as empresas.

Empresa japonesa lança mídia holográfica A Nippon Telegraph and Telephone Corporation (NTT) desenvolveu uma mídia holográfica, chamada Info-MICA (Information Multilayered Imprinted Card Cartão com informação impressa em múltiplas camadas). Trata-se de um drive composto de uma centena de finas camadas de plástico empilhadas, cada qual

(05)

com

uma

bidimensional

imagem contendo

dados. Durante a leitura, um laser incide em cada uma das

Simbolo de e-mail é incluído no código Morse

camadas, lê a imagem e extrai

O código Morse tem agora um novo caractere:

a memória ROM em dispositivos

o @ (arroba). O sinal, chamado de “commat”, será

como

representado pela seqüência Morse da letra A

também para a distribuição de

(ponto-traço) e C (traço-ponto-traço-ponto). Essa

filmes, músicas e publicações

é aprimeira adição de um novo símbolo ao Morse,

digitais, em cartões pré-gravados.

desde a Segunda Guerra Mundial. Agora, espera-

A mídia é reciclável e tem baixo custo

se a inclusão também do ponto de exclamação

de produção. Seu preço estimado é de

(!) para expressar surpresa e animar as conversas.

R$ 5,50 por cartão de 1 Gigabyte.

(07)

(08)

as informações. O novo formato poderá substituir videogames.

Ele

serve

(01) http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/economia/mundovirtual/artigo/0,,1518495,00.html (02) http://idgnow.terra.com.br/idgnow/internet/2004/02/0048 (03) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u15199.shtml (04) http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u28986.shtml (05) http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/economia/mundovirtual/artigo/0,,1520715,00.html (06) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u15220.shtml (07) http://www.estadao.com.br/tecnologia/internet/2004/fev/20/37.htm (08) http://www.estadao.com.br/tecnologia/internet/2004/fev/19/31.htm

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“O webdesign, associa-

pecialização em marketing

do à arquitetura de infor-

viu no advento da internet a

mação e usabilidade res-

oportunidade para construir

pondem por essa proposta

uma das maiores agências de

estética. A excelência dos

tecnologia e comunicação do Rio Grande do Sul. Cesar Paz é diretor da AG2, agência de inteligência digital. Hoje, aos 39 anos, comanda uma empresa com estrutura

multifuncional,

com 60 colaboradores distribuídos pelas unidades de São Paulo, São José dos Campos, Pelotas e na matriz, em Porto Alegre. Nestes escritórios transpiram, diariamente, analistas de negócios, gerentes de con-

AG2

engenho engenho,, dedicação e suor na busca pelo

equilíbrio

nossos projetos de interface é razão direta da grande aceitação

dos

trabalhos

mais complexos”, explica. Ousadia e cash-flow podem ter determinado o sucesso da agência que, no início, também produzia projetos experimentais. Em seu portfólio atual a empresa ostenta exclusivamente trabalhos para o mercado corporativo.

Embraer,

Grupo

Martins, Marcopolo, Santista Têxtil, Pfizer, Laboratórios

tas, engenheiros de siste-

Abbott, Lojas Renner, Mo-

mas, programadores, dire-

torola, Vivo, Banco Pine e

tores

Bradesco Consórcios são al-

de

criação,

web-

designers, arquitetos de informação e jornalistas.

guns de seus clientes. A AG2 foi considerada

O “algo mais” da com-

em 2003, pela academia do

panhia está na estética do

Ibest, uma das três melho-

mundo digital, que Cesar

res agências digitais do

entende como a principal

país. “Queremos, para os

competência da AG2.

próximos anos, consolidar

13

portfólio :: veterano

Um engenheiro com es-


“independente das vocações, estudem muito muito.. Não existem atalhos, o caminho passa por isso”

14


portfólio :: veterano

www.cardioclick.com.br

www.consorciobradesco.com.br

www.volare.com.br

“busquem trabalhar somente em lugar es que lugares possibilitem o apr endizado aprendizado e novos desafios” essa posição destacada e ser, de fato, uma marca nacional desejada pelas empresas-líderes”, almeja Cesar.

Depois de muito suar vestindo a camisa da empresa, a equipe foi premiada, recentemente, com o Gold

A personalidade empreendedora do diretor está sem-

Medal no Art Directors de NY, foi finalista em Cannes,

pre focada nos negócios. Os primeiros trabalhos foram

Grand-Prix no Íbero-Americano e ganhou o Ibest 2003

conquistados através de muito investimento em pros-

em quatro categorias.

pecção, “algum dinheiro e poucas horas de sono”. No iní-

O reconhecimento pelo trabalho bem-feito é o incen-

cio, escolhiam clientes que pudessem se constituir em ca-

tivo para buscar o equilíbrio entre a arte e a funcionalida-

ses que validassem suas principais competências e não

de. “Isso exige muito conceito, base tecnológica e entendi-

admitiam perder negócios.

mentos de usabilidade”, diz Cesar.

15


portfólio :: veterano

Quanto à inspiração,

to para o Grupo Martins

ele não tem “a menor idéia

(www.martins.com.br), que

de onde vem”. Com certeza

foi eleito pelo Ibest como o

ela deve estar no sangue,

principal projeto B2B do

injetada nas veias, como

país. O desafio era levar aos

acontece com os melhores

180.000 clientes do maior

profissionais desde os tem-

atacadista da América Lati-

pos mais remotos.

na os seus 18.000 produtos.

Para todos aqueles que

Mas a AG2 também

estão começando agora, vai

“corre por dentro” e há dois

a dica de um veterano:

anos opera a intranet da

“Independente das vo-

Embraer, linkando os 12.000

cações, estudem muito. Não

funcionários do quarto mai-

existem atalhos, o caminho

or fabricante de aeronaves

passa por isso. Busquem

comerciais do mundo, espa-

trabalhar somente em luga-

lhados pelas diversas unida-

res que possibilitem o apren-

des da empresa.

dizado e novos desafios”.

Até a maior fabricante

Além disso, é importante

de ônibus do país, a com-

lembrar que o cliente preci-

panhia Marcopolo, preci-

sa ser sempre bem entendi-

sou dos conhecimentos da

do para ser bem atendido.

AG2 para aprimorar seu

Essa é a máxima de Cesar

leva-leva. O Portal Cor-

em relação a seus próprios

porativo

clientes: “primeiro entendê-

( www.mar c o p o l o. c o m . b r )

lo, depois atendê-lo. Neces-

tem todo o seu conteúdo di-

sariamente nessa ordem”.

nâmico

Foi

16

assim

que,

da

Marcopolo

constantemente

atualizado. Ele definiu uma

aproximadamente um ano,

nova identidade para a em-

ele desenvolveu um proje-

presa no meio digital.


portfólio :: veterano

www.ag2.com.br

“é importante lembrar que o cliente pr ecisa ser sempr e precisa sempre bem entendido para ser bem atendido”

www.lojasrenner.com.br

www.embraer.com.br

www.iguatemi.com.br

17


portfólio :: calouro

Dupla de escorpiões União de dois designers freelancers do mesmo signo gera a Scorpion Design

“como todo negócio, no começo, você tem O celular fica ligado o dia inteiro. À noite também. É assim que a dupla Cláudio Porto & Fillipe Guimarães, da Scorpion Design, garante atendimento imediato aos 12 clientes que já conquista-

mais despesas do que lucro”

ram trabalhando como freelancers. Cláudio tem 31 anos, e Fillipe, 22. Eles estão no mercado há aproximadamente dois anos, ganhando contas novas a cada dois meses, em média. O resultado desses trabalhos fica tão bacana que os projetos mais recentes são provenientes de indicações dos antigos clientes. O maior problema para eles é a falta de regularidade dos pedidos. Já a maior vantagem é o controle sobre o tempo: “Podemos administrar muito bem nossa vida particular com o trabalho”, garantem. Para os que querem se aventurar no ramo e não se perder no início do caminho, Cláudio e Fillipe dão um recado precioso: “Como todo negócio, no começo você tem mais despesas do que lucro, essa é a verdade. A nossa dica é: planejar, aplicar e administrar”,

site institucional www.scorpiondesign.com.br

concluem.

Os portfólios são selecionados pelo site www.arteccom.com.br/webdesign

18


19


entrevista :: Mauro Alencar

A INTERNET DEU FRUTOS Depois de passar pela DM9DDB, AgênciaClick e OneStop, Mauro Alencar foi escolhido pela Idea Management da Alemanha como um dos Top 5 criativos de multimídia do mundo. Atualmente, Mauro está nos Estados Unidos, trabalhando na Blast Radius como diretor de criação. Mesmo muito ocupado, Mauro arrumou um espaço em sua agenda para falar à Webdesign sobre o amadurecimento da internet.

Wd :: Como você vê a evolução do design dos sites?

Wd :: Qual foi o resultado da evolução tecnológica

Mauro :: É difícil avaliar de forma genérica já que

na produção de sites?

existem muitos tipos diferentes de sites, com dife-

Mauro :: É bom deixar claro que as tecnologias

rentes objetivos e diferentes públicos-alvo. De for-

são ferramentas e não objetivos finais. Elas fazem

ma geral, o crescimento do número de usuários de

sentido, desde que seja para possibilitar a execu-

banda-larga e o aperfeiçoamento de tecnologias

ção de uma idéia, não ao contrário. Dentro do con-

como Flash e JavaScript, sem dúvida, impactou

texto certo, o uso de vídeo, som, animação ou

bastante o resultado final do design de sites, já

interação com elementos na tela torna a experiên-

que, agora, é possível enriquecer o visual com ani-

cia muito mais rica. Acho também que, em muitos

mação, som e vídeo sem comprometer demais a ex-

casos, estamos cada dia mais próximos de um mo-

periência. Se os sites de hoje são mais bonitos do

delo de produção onde o cliente está mais dispos-

que os que víamos há três ou quatro anos? Não ne-

to a gastar um pouco mais para ter uma bela pro-

cessariamente. Algumas das coisas mais elegantes

dução de vídeo e de som para fazer com que sua

e sofisticadas que já vi na web são pré-2000. Ao

presença na internet seja diferenciada, desde que

mesmo tempo, recebo diariamente, por email, links

a idéia por trás de tudo seja boa e eficiente.

de novos sites, microsites e campanhas que são

Wd :: O que muda na interface dos sites para que

simplesmente lindos. Gosto também é um fator que

possam ser acessados rapidamente por palmtops

torna essa questão subjetiva.

e celulares?

20 20


depois de ter perdido fortunas investindo em sites

está desenhando interfaces para a tela do compu-

de cartões postais ou entrega de pizza. Acho que

tador e para telas de celulares e PDAs, são gritan-

hoje já está um pouco melhor, mas ainda precisa

tes. Desde a utilização das fontes apropriadas para

melhorar muito. Empreendedorismo é a única coi-

telas pequenas ao uso estratégico de ícones e co-

sa que faz o mercado evoluir de verdade. A gente

res, criar experiências homogêneas entre os dife-

precisa voltar a acreditar que vale à pena correr

rentes dispositivos é uma tarefa que exige planeja-

riscos e inovar.

mento, pesquisa e experimentação. Outro fator im-

Wd :: Como você vê a internet daqui a dez anos?

portante é que telas menores pedem uma melhor organização de conteúdo e priorização de informação, levando a uma navegação com maior profundidade

do

que

as

que

estamos acostumados a usar na web. Wd :: Em que aspectos a internet ainda pode amadurecer?

Mauro :: Acho que depois do

o cliente está mais disposto a gastar um pouco mais para ter uma bela producao, desde que a idéia por trás de tudo seja boa e eficiente

Mauro :: Não muito diferente do que temos hoje enquanto conceito, só que completamente wireless, muito mais rápida e customizável, de acordo com as necessidades individuais do usuário. Dispositivos híbridos, como smartphones e PDAs com telefone e câmera embutidos, terão cada dia maior penetra-

“estouro da bolha”, muita gente ficou com medo de

ção e, somados às redes de comunicação cada dia

acreditar em novas idéias e se retraiu em excesso.

mais rápidas, farão com que acessar a internet

Cansei de ver idéias geniais serem guardadas na

num PC seja coisa de “coroa”. Em dez anos já tere-

gaveta porque algumas pessoas ficaram tremendo

mos completado o ciclo necessário para que uma

de medo de colocar dinheiro em qualquer coisa

geração inteira que nasceu no meio da revolução digital tenha poder de compra e de tornar tecnologias que estão sendo introduzidas como novidade hoje naturais para o dia-a-dia. Essas pessoas não precisam aprender a usar nenhum dos dispositivos de

interação

com

a

internet, já que, para elas, mandar um email ou fazer uma compra

21

entrevista :: Mauro Alencar

Mauro :: Muda tudo. As diferenças, quando se


entrevista :: Mauro Alencar

Mauro :: Natural. Toda indústria em crescimento gera esse tipo de reação. Na verdade, a única diferença é que, como a internet tem uma natureza mais orgânica do que a maioria das outras indústrias e é como uma tela em branco, em que qualquer um pode chegar e dar uma pincelada, uma diversidade maior de funções e áreas de trabalho se revela a cada dia. Mas também acredito que muitas das funções que vemos hoje são temporárias e resultam do fato de ainda se estar descobrindo tudo o que se pode fazer com a internet. Wd :: Você pode explicar como funcionam algumas das novas funções que surgiram com o amadurecimento da internet, como designers que projetam sites especialmente para

online são gestos tão naturais quanto ligar a lâmpada da sala. Wd :: Ao longo de todos esses anos, a internet ganhou tanta importância que, hoje, existem profissionais formados exclusivamente para atendê-la. Com isso, a internet gerou empregos diretos e indi-

telas de celular e arquitetos de informação?

Mauro :: Na minha opinão, arquitetos de informação e designers devem ser para a internet o que o diretor de arte e o redator são para a propaganda. O trabalho de um completa o do outro e, por isso, eles devem trabalhar como uma só entidade e tomar juntos as decisões importantes que terão impacto no resul-

retos, cursos específicos em universidades e novas áreas de trabalho. Como você vê o crescimento da “indústria web”?

“É bom deixar claro que essas tecnologias sao ferramentas e nao objetivos finais. Elas fazem sentido, desde que seja para possibilitar a execucao de uma idéia, nao ao contrário” 22

tado final da interface. É difícil definir, quando se está desenhando Resultado da enquete: O que você considera mais importante na internet do futuro? 40% internet pública (em vários pontos da cidade) 25% acesso mais rápido 22% internet gratuita 9% internet na TV 3% comodidade (fazer compras pelo celular) Acesse www.arteccom.com.br/webdesign e participe!


X

Originalmente representa a abreviação de Customer Relationship Management. que podemos traduzir como Gestão do Relacionamento com o Cliente. Conceito que surgiu com a necessidade de fidelização do cliente devido à competitividade entre as empresas e o alto grau de exigência do consumidor.

mina a arquitetura de informação e onde começa o design. Acredito que funções como designers especializados em telas pequenas ou em interfaces web acessadas através da TV – o que aliás está no auge aqui na América do Norte – são transitórias. É apenas uma questão de tempo para que os designers de web tradicional se acostumem a criar para todos os dispositivos. Wd :: Que tipo de trabalho, relacionado com a internet, ainda pode surgir com o amadurecimento da rede?

MA :: É difícil prever. Não posso afirmar, com convicção, exatamente quais cargos surgirão, mas tenho certeza de que estarão relacionados diretamente com acesso à internet em diferentes dispositivos, como PMPs (Portable Media Players), relógios, PDAs e dispositivos portáteis de jogo, entre outros. Wd :: Hoje em dia, temos jogos online, compras online, podemos conseguir qualquer tipo de música, vídeo ou livros online, pagar contas online e, principalmente, nos comunicarmos instantaneamente online. Os internautas estão andando lado a lado com a internet e aproveitando todos os benefícios que ela gera?

Mauro :: Mais do que isso. Os internautas estão à frente da internet, moldando-a e definindo o que ela vai ser. A internet é orgânica e novas facetas dela se revelam a cada dia através de usos inusitados da tecnologia criados por pessoas ao redor do mundo. Foram os peer-to-peers e blogs da vida, criados muitas vezes por garotos de 15 anos, trancados nos seus quartos, que geraram diversas novas possibilidades de negócios para grandes empresas e não o contrário. Não é à toa que tantas empresas estão investindo pesado em CRM e gastando fortunas para ficarem em dia com as novas tendências e entregar aos usuários de internet exatamente o que eles querem. Wd :: Algumas coisas mudaram aspectos da nossa convivência. Um exemplo: com o surgimento do site ingresso.com, as pessoas vão ver o filme no cinema, mas não enfrentam mais as filas. De acordo 23

entrevista :: Mauro Alencar

“os internautas estao à frente da internet, moldando-a e definindo o que ela vai ser”

CRM

um novo menu de navegação, por exemplo, onde ter-


entrevista :: Mauro Alencar

com diversas pesquisas, hoje em dia,

“Empreendedorismo é

as pessoas passam horas em frente ao computador e, muitas vezes, de-

a única coisa que

pendem dele para tudo. Você vê este comportamento se tornando mais

faz o mercado

freqüente no futuro?

Mauro :: Não. É verdade que depen-

evoluir de verdade.

demos muito mais da internet para fazer as coisas hoje em dia, mas isso não é ruim nem é novida-

A gente precisa

de. Na primeira metade do século XX as pessoas também passaram a sair de casa mais perto da hora da sessão de teatro come-

voltar a acreditar

çar porque surgiram os automóveis. Pouco tempo depois, passaram a, muitas vezes, nem ir ao teatro porque podiam se diver-

que vale à pena correr

tir assistindo televisão. Não tem nada de errado em usar a tecnologia disponível para tornar a vida mais prática. O fato é que a tecnologia dá às pessoas cada vez mais liberdade para fazer as coisas de acordo com o que acham mais conveniente. E elas fazem uso dessa liberdade como acham melhor. Além disso, a internet está ficando cada dia menos em cima da mesa e mais no bolso das pessoas, o que significa que você não precisa estar em casa para estar conectado. Wd :: O amadurecimento da web esbarra em um problema que a internet enfrenta hoje: ainda não ter-se tornado uma mídia de grande massa. O que pode ser feito para que um número maior de pessoas tenha acesso à internet?

24

riscos e inovar”


entrevista :: Mauro Alencar

“daqui a dez anos, mandar

Mauro :: Internet não é prioridade. Assim como TV não é prioridade. Quando uma parcela maior da po-

emails ou fazer compras

pulação tiver uma renda que seja suficiente para colocar comida na mesa e suprir todas as necessi-

online serao gestos tao

dades básicas com relativo conforto, aí sim veremos mais gente usando a internet. De resto, é uma

naturais quanto ligar a

questão de tempo. Por mais que o número de usuários ainda não seja igual ao de pessoas que assis-

lâmpada da sala”

tem TV, não dá mais para imaginar o mundo em que vivemos sem a internet. Tudo está conectado e todos, de uma forma ou de outra, usam a internet, mesmo que não tenham um computador em casa, seja no caixa eletrônico do banco ou na tela do celular. Não podemos querer que uma indústria tão recente tenha a mesma penetração de outras mídias que estão aí faz décadas e cujos dispositivos de acesso já atingiram preços de mercado que possibilitam consumo em massa. Enquanto isso, os fatores que vão continuar a definir quem consegue uma vaga no mercado e quem não consegue são somente dois: talento e trabalho duro.

25


matéria :: história da internet

A história da

internet do tempo das cavernas aos dias de hoje

Ano de 69, uma data sugestiva para o início do que hoje é o império dos pedofilosofilistas. É claro

projeto, liderado pelos pesquisadores da área de computação J.C.R. Licklider e Robert Taylor.

que, na década de 60, os Estados Unidos, em plena

Para testar se a teoria funcionaria na prática, três

Guerra Fria, não imaginavam que a estratégia militar

pontos foram interligados: a Universidade da

que deu origem à internet se tornaria a via mais fácil

Califórnia (Ucla), o Instituto de Pesquisas de Stanford

para a proliferação de imagens e vídeos nada

e a Universidade de Utah. De acordo com reportagem

educativos.

do jornal O Estado de S. Paulo, “o nó da Ucla foi im-

A maior rede de comunicação do planeta foi criada

plantado em setembro de 1969 e os cientistas fize-

para atender a demandas do Departamento de Defesa

ram a demonstração oficial no dia 21 de novembro.

dos Estados Unidos, o Dod. A idéia era criar uma rede

Por volta do meio-dia, um grupo de pesquisadores se

que não pudesse ser destruída por bombardeios e fosse

reuniu no Departamento de Ciência da Computação

capaz de ligar pontos estratégicos, como centros de

da universidade, e acompanhou o contato feito por

pesquisa e tecnologia. A Arpa, Advanced Research

um computador com outro situado a 450 quilômetros

Projects Agency, àquela altura, morrendo de medo de

de distância, no laboratório Doug Engelbart, no Ins-

um ataque nuclear, aceitou prontamente financiar o

tituto de Pesquisas de Stanford. O cientista Leonardo

26


lente ao Nobel das Telecomunicações –, não se esqueceu da mensagem inaugural. A pergunta, digitada em um máquina de escrever elétrica, era: “Você está recebendo isto?”. A resposta chegou minutos depois de percorrer a distância que separa os dois centros de pesquisa: “Sim”. A experiência fora bem-sucedida. As conexões cresceram em progressão geométrica. Em 1971, havia duas dúzias de junções de redes locais. Três anos depois, já chegavam a 62 e, em 1981, quando ocorreu o batismo da internet, eram 200.” Durante muitos anos e passada a ameaça dos

Para servir como juiz dessas questões, formou-se

bombardeios, o resultado fenomenal dessa experiên-

em janeiro de 1992 a Internet Society (Isoc). A organi-

cia ficou restrito a instituições de ensino e pesquisa.

zação passou a supervisionar a criação, a distribuição e

Nos anos 80, porém, à medida que o preço dos computadores barateava, a demanda de futuros

a atualização de padrões referentes à internet. A internet de cara nova

internautas obrigou pesquisadores e cientistas a

Que internet combina com jovens ninguém dis-

disponibilizar a invenção a quem estivesse disposto a

cute. Sempre foi assim... Em 1992, três anos após o

experimentá-la.

início do desenvolvimento do conceito de World Wide

No início dos anos 90, a internet já batia a marca de um milhão de usuários. A utilização comercial da web

começou

nesta

época e, com ela, cres-

Web (www) pelos cientistas do laboratório suíço X

Laboratório suíço Cern A World Wide Web nasceu no Cern, uma das mais importantes

organizações de pesquisa científica em todo o mundo, com sede em

Cern, o Centro Nacional para

Aplicações

em

Supercomputadores

Genebra, na Suíça. As pesquisas do Cern em torno da rede mundial

(NCSA), sediado em Chi-

ceu uma geração inteira

começaram no início da década de 70, quando a transmissão de

cago (EUA), pediu a seus

de internautas e futuros

dados ainda era feita de forma absolutamente rudimentar. O

designers. Milhares e milhares de empresas começaram a contratar agênci-

aprimoramento do sistema era uma das prioridades do laboratório e

programadores que ima-

começou a tomar impulso no início dos anos 80, quando o Cern criou

ginassem uma inter-face

seu primeiro sistema de correio eletrônico.

simpática para a comuni-

Em 1990, o Cern já possuía o maior site europeu na internet e desenvolvia o conceito de World Wide Web que seria consagrado com o advento do Mosaic.

as especializadas para

cação via internet. Até então a troca de informações na rede era

criarem as suas páginas com um único objetivo: ficar

normalmente feita por e-mail ou por protocolos de

dentro da rede.

transferência de arquivos (File Transfer Protocol - o

Como essas empresas queriam aproveitar as carac-

FTP). Para se acessar a rede por meio de FTP, eram

terísticas vendáveis da internet em plena globalização,

necessárioas dar linhas de comandos. O processo não

surgiram duas questões a serem discutidas: a primeira,

contava com recursos interativos ou uma apresenta-

quem vai arcar com os custos? A segunda, de caráter

ção gráfica.

mais subjetivo: a comercialização distancia a ‘net’ de seus objetivos essenciais?

O surgimento do Gopher, um sistema de transmissão por menus, melhorou um pouco a navegação, mas ainda estava longe de ser o ideal.

A idéia era criar uma rede que não pudesse ser destruída por bombardeios e fosse capaz de ligar pontos estratégicos. 27

matéria :: história da internet

Kleinrock, vencedor do Prêmio Ericsson – o equiva-


matéria :: história da internet

A criação do Mosaic, em 1993, permitiu a apre-

A Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de

sentação de textos, imagens e gráficos de forma

São Paulo (Fapesp), ligada à Secretaria Estadual de

atraente, através de um programa de visualização.

Ciência e Tecnologia deu o pontapé inicial para que

Marc Andreessen, responsável por sua criação, era

os brasileiros passassem a participar da rede em

então um jovem de apenas 21 anos, líder de um grupo

1988. Os bolsistas da Fapesp, que voltavam de seus

de estudantes da Universidade de Urbana-Champaign.

cursos de doutorado nos Estados Unidos, apontaram

Em conseqüência desse avanço, a rede mundial

a necessidade de se utilizar a infovia, principalmente,

viveu uma verdadeira explosão. Ao fim do primeiro

por causa do intercâmbio mantido no exterior com

ano de existência do Mosaic o número de usuários da

outras instituições científicas. O serviço foi inaugura-

www havia-se tornado seis vezes maior. E o mais im-

do oficialmente em abril de 1989.

pressionante: no segundo semestre de 93, o número

Em 1991, uma linha internacional foi conectada à

de hosts comerciais (pontos ligados à internet com

Fapesp para que fosse liberado o acesso à internet para

ofertas de serviços) havia ultrapassado pela primeira

instituições educacionais, fundações de pesquisa, enti-

vez o de acadêmicos. Era a demonstração de que a

dades sem fins lucrativos e órgãos governamentais.

internet deixava definitivamente os círculos científi-

Mas foi em 1992, durante a Eco-92, que o Instituto Bra-

cos para ganhar o mundo.

sileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), com

Um ano após o lançamento do projeto, já forma-

sede no Rio de Janeiro, através de um convênio com a

do em computação, Andreessen participou da funda-

Associação para o Progresso das Comunicações (APC),

ção da Netscape Communications Corporation, tor-

deu espaço às Organizações Não-Governamentais

nando-se Vice-presidente de Tecnologia da empre-

(ONGs) brasileiras na rede mundial.

sa, sediada na Califórnia e, ao final de 1994, foi

Enfim, em maio de 1995, uma portaria conjunta

eleito “O Homem do Ano” pela revista MicroTimes.

do Ministério das Comunicações e do Ministério da Ci-

A internet chega ao Brasil

ência e Tecnologia, criou a figura do provedor de

A internet chegou ao Brasil movimentando a vida de estudantes, professores e autoridades.

acesso privado, liberando a operação comercial da internet no Brasil.

Até 1992, a troca de informacões na rede era normalmente feita por email ou por protocolos de transferência de arquivos.

28


70

- O pesquisador norte-americano Ray Tomlinson envia o primeiro email, utilizando o programa SNDMSG. 1971 - A palavra internet é utilizada pela primeira vez, pelo cientista da MCI Vinton Cerf, ao descrever o protocolo TCP (Transmission Control Protocol). 1974

80

- A TheoryNet liga 100 pesquisadores via email. É a primeira

Década de

lista de discussões na rede. 1977

- Evoluindo de um sistema fechado de computadores criado em 1970, a entidade que se tornaria o grande provedor de acesso e serviços, Compuserve, é comprada pela H&R Block. 1980 - É registrado o primeiro domínio .com, da empresa de informática Symbolics.com; Fundação da America On Line

Década de

90

- Tim Berners-Lee e Robert

(AOL). 1985 - O primeiro grande vírus a se alastrar pela internet - o vírus dos modens a 2400 bps - ameaça os hard disks. 1988

Cailliau concebem a World Wide Web. O sistema de hipertextos, com links acessados a partir de palavras sublinhadas, permite a combinação de textos, imagens, sons e outros recursos de linguagem. 1990 - Criado o Mosaic, o primeiro visualizador gráfico da internet. O tráfego aumenta 341.634 por cento em um ano. 1993

Década de

- David Filo e Jerry Yang criam o site Yahoo!, que rastreia e

- O MP3 e o Napster, programas

agrupa assuntos de interesse do usuário. 1994 - Lançado o Netscape Navigator, que rapidamente conquista 70% do mercado de browsers. 1995 - O Congresso americano aprova a Telecommunications Bill, que prevê punições a quem divulgar pornografia pela

2000

para ouvir, baixar e compartilhar música pela rede propagam-se e despertam uma nova polêmica em torno dos direitos autorais. O grupo de rock Metallica leva a questão ao Congresso americano, por sentir-se lesado. 2000

internet. Começa a ser utilizada a Web TV. 1996 - O computador Deep Blue, criado pela IBM, vence uma partida de xadrez contra o mestre Garry Kasparov. 1997 - Janet Reno, Chefe de Departamento de Justiça dos EUA, processa a Microsoft com base na lei antitruste, sob a alegação de que a empresa prejudicava a concorrência ao embutir o browser Internet Explorer no Windows. Em 2000, Gates seria condenado a dividir a empresa em três. 1998

Acesse www.arteccom.com.br/webdesign e participe!

Resultado da enquete: Em qual aspecto a internet mais amadureceu desde que foi difundida, no início da década de 90? 36% tecnologia 33% design 23% usabilidade 8% conteúdo

Fontes: Agência Estado, Internet Society (Isoc), SAPL, Webstation

29

matéria :: história da internet

Década de


entrevista :: Sérgio Salvador

Conheça as áreas de

novas atuação na web Sérgio Salvador atuou como diretor de arte e de criação publicitária, antes de ingressar na área de tecnologia para internet. Trabalhou como htmler, webdesigner, gerente de projetos web e, finalmente, arquiteto da informação. Hoje em dia, trabalha na blah! (www.blah.com), empresa que desenvolve produtos e serviços para dispositivos móveis, contando com uma comunidade com mais de 3,5 milhões de usuários em todo o mundo. Nesta entrevista para a Webdesign, Sérgio explica tudo sobre as novas áreas de atuação na web. Wd :: Você acha que, desde que foi difundida, na déca-

sua atualidade, “freshness”: se seu conteúdo não é

da de 90, a internet amadureceu? Em que sentido?

mais relevante, ele passa a valer menos que uma es-

Salvador :: Com certeza. Toda nova tecnologia tem sua

ponja e um limpa-vidros.

fase de “deslumbramento”. Eu mesmo posso me incluir

Pois bem, a bolha explodiu, a poeira assentou, e ficou

no time dos deslumbrados. O primeiro site que dese-

claro para todos que sem conteúdos e/ou serviços ade-

nhei exibia uns 5 a 10 objetos se mexendo na HP, mo-

quados, sem relevância, a internet não passa de mais

vidos a um questionável DHTML da época. Tecnologia

uma mídia.

pela tecnologia, forma sem função, apenas para testar

Felizmente, muitos profissionais perceberam isso, mas

os limites da nova mídia.

não se engane: sempre haverá espaço para experimen-

Traçando uma analogia, o que você faz com o jornal da

tações na web. Existe hora, lugar e motivo para isso.

semana passada que sobrou na sua casa? Limpa as ja-

Acredito que delas surgem, de tempos em tempos, ino-

nelas? Protege o chão e os móveis durante a reforma?

vações geniais.

Um final nada digno para uma mídia que recebeu os

A propósito: o site com o questionável DHTML que eu

cuidados de grandes profissionais e um grande investi-

fiz nunca foi pro ar...

mento para ser produzida. Mas a chave de um jornal é 30


Wd :: Que novas funções surgiram com o amadure-

X

Novas profissões Arquiteto de informação

uma empresa/projeto. Ele é

estratégicas e realmente

responsável pela organização de

responsável por planejar a

relevantes foram tomadas em

todo o conteúdo/serviço

experiência do usuário, desde

fases anteriores. Talvez seja por

ções” mesmo são poucas.

disponível no site/sistema. É

caminhos a serem percorridos por

isso que essa divisão de funções

Elas sempre estiveram por

extremamente importante que ele

ele até a definição de todos os

enfrenta tanta resistência entre

veja com “os olhos” do usuário,

elementos de interação utilizados

alguns designers que conheci.

pois é sua tarefa fazer com que

(menus, botões, campos de

Mas é uma visão errada. A

posição do que hoje em

tudo esteja disponível da maneira

texto). Diria que é “design em

separação apenas libera o

dia. Arquiteto da informa-

mais fácil, natural e transparente

nível mais abstrato”;

profissional para focar em uma

possível;

designer de branding

atividade, melhorando ainda mais

Designer de interface,

o nome também varia, mas esse é

o resultado final. Me arrisco a

designer de interação ou

o profissional responsável por

dizer que em um primeiro

experience designer

pegar o “esqueleto” produzido nos

momento, quando é o impacto

vários nomes para papéis

passos anteriores e dar seu

visual que fala mais alto, o

similares. Esse profissional se

aspecto final. Ele define a camada

designer de “branding” tem mais

rente de conteúdo... todos

confunde um pouco com o

mais externa do site/sistema, a

responsabilidade pelo sucesso de

eles já existiam em outros

arquiteto de informação, uma vez

que entra em contato com o

um site/sistema do que os outros

que ambos são grandes

usuário. É ele que torna o produto

envolvidos. E se esses outros

responsáveis pela usabilidade do

final bonito, atraente, com a

profissionais fizeram seu trabalho

exemplo, quem será que

produto final. Inclusive na maioria

linguagem do seu público-alvo.

de maneira correta, a experiência

esteve por trás do proje-

das vezes, AI e designer de

Pejorativamente, alguns chamam

do usuário só tende a melhorar,

interface/interação/experiência

essa atividade de “pintar pixels”,

satisfazendo e fidelizando seu

são as mesmas pessoas dentro de

supondo que todas as decisões

público.

cimento da internet? Salvador :: “Novas fun-

aí, só que em menor ex-

ção, designer de interface, designer

de

interação,

designer de branding, gerente de novas mídias, ge-

ramos. Só para dar um

to do painel da sua TV de 20 anos atrás?

A internet conseguiu reunir em torno de si todos eles,

Designers gráficos especializados em web são perfeitos

pois é uma mídia com uma característica singular: é

para assumir a função de designers de “branding”.

extremamente interativa, como nenhuma outra que

E, claro, todos esses profissionais devem ter conheci-

já surgiu.

mentos profundos da interface na qual estão trabalhan-

Wd :: Quais os principais requisitos que uma pessoa

do. Planejar sem saber as limitações e os potenciais da

precisa ter para se especializar em cada uma dessas

interface escolhida é como dirigir numa estrada à noi-

funções?

te com os faróis desligados. Quando você menos espe-

Salvador :: Não existe curso superior específico para

rar, pode dar de cara com uma árvore.

arquitetura da informação. Conheci pessoas que atu-

Wd :: Você acha que, hoje em dia, a internet deman-

am como AIs formadas em comunicação, design,

da mais especialistas ou mais funcionários multifun-

biblioteconomia, psicologia... Geralmente aliam seus

cionais?

conhecimentos ao que aprenderam como autodida-

Salvador :: Acredito que isso dependa, principalmente,

tas, às metodologias de análise e testes, a uma pro-

do tamanho do projeto que estamos avaliando.

funda dose de bom senso e à capacidade de se colo-

No universo de páginas pessoais, sites de pequenos

car no lugar dos usuários.

negócios, os profissionais multifuncionais são maioria,

Para ocupar o cargo de designer de interface/

pois apresentam ótima relação custo/benefício em pro-

interação/experiência, uma formação mais completa

jetos de baixa complexidade.

como a de designer de produto, que aborda melhor

Algumas vezes, o próprio designer é contato, gerente,

os processos dos projetos centrados no usuário, se-

designer, htmler e programador ao mesmo tempo. E

ria recomendada. Se você encontrar um designer

consegue entregar produtos de qualidade.

com formação também em psicologia, não o deixe es-

Mas se estamos falando de grandes projetos na

capar. Esse deve ser o profissional ideal, mesmo que

internet, que envolvam utilização maciça de produtos e

ele mesmo não saiba disso.

serviços, é impossível, até por uma questão de tempo, 31

entrevista :: Sérgio Salvador

“Estou falando do Uso da web com ‘U’ maiúsculo, da realização de tarefas, da experiência positiva, da satisfação”


entrevista :: Sérgio Salvador

delegar várias tarefas ao mesmo profissional. Especia-

- Acessibilidade: poucas pessoas notam a revolução

listas podem se dedicar por mais tempo a aspectos es-

que é ter em seus desktops, 24 horas por dia, acesso às

pecíficos, em paralelo, garantindo qualidade e prazo.

informações da internet.

Dessa forma, as grandes produtoras web do Brasil

Agora imagine esse poder a serviço das coisas úteis.

contam hoje com profissionais especializados, em sua

Imagine todo esse conteúdo acessado em qualquer lu-

maioria, ao invés de apostar suas fichas em funcioná-

gar, em qualquer dispositivo (celular, laptop, PC). Veja

rios multifuncionais.

bem, nem estou pensando grande, com sites em Flash

Wd :: Você acha que a internet ainda tem espaço para

rodando no meu telefone. Estou pensando apenas em

sustentar o aparecimento de outras novas funções?

acesso à informação em qualquer hora ou lugar.

Salvador :: Sim. Novas tecnologias surgem, novos pro-

Isso já vem acontecendo de maneira tímida, mas

fissionais se especializam.

contínua – spots WiFi, existentes em tantos estabe-

É só analisar o Flash, por exemplo. No início, alguns

lecimentos pelo mundo, são uma demonstração

Designers e Programadores se aventuraram na apli-

dessa tendência.

cação ao mesmo tempo em que mantinham suas fun-

- Gerenciamento de conheci-

ções normais.

mento: quando a internet está

Com o aumento da demanda por produtos em Flash,

disponível de maneira fácil e

esses profissionais começaram obrigatoriamente a de-

transparente em qual-

dicar mais e mais tempo a essa atividade. No final, eram

quer hora e lugar,

os melhores na ferramenta e naturalmente abandona-

ainda existe uma

ram suas funções antigas para se tornarem exclusiva-

coisa que nos se-

mente multimedia producers.

para

É certo, esse ciclo ainda vai se repetir.

objetivo final, que é sa-

Wd :: Como você vê a internet daqui a cinco anos?

ber o horário do cinema,

Salvador :: Vamos analisar friamente e sem paixões.

o resultado do jogo do

Fora a o Flash, quais foram as outras grandes revolu-

Flamengo, a receita da-

ções tecnológicas que assistimos na web? Veja bem, es-

quela lasanha

tou me referindo a web dentro dos retângulos dos na-

de berinje-

vegadores. Nada de “clients peer-to-peer”, email,

la. Como

“Instant Messaging” e outros. Esses também são revo-

encontrar

luções, mas são interfaces diferentes.

essa infor-

Mais velocidade e estabilidade nas conexões? Isso só é

mação

percebido pelo usuário quando ele não o tem. Lingua-

meio do universo que é a rede?

gens e bancos de dados mais integrados e poderosos?

Quem conseguir descobrir mecanismos para processar

Muito bom! Mas isso é “server-side”, é invisível.

da maneira simples e rápida essa maçaroca e gerar in-

Não espero revoluções dentro dos retângulos nos pró-

formação relevante pode se considerar milionário.

ximos cinco anos. A verdadeira revolução da internet

O Google é a coisa mais próxima que eu já vi disso.

vai estar relacionada a dois pontos:

Aliás, se eu não incluí lá em cima o Google ao lado do

do

nosso

no

“as grandes produtoras web do Brasil contam hoje com profissionais especializados, em sua maioria, ao invés de apostar suas fichas em funcionários multifuncionais” 32


Acesse www.arteccom.com.br/webdesign e participe!

Resultado da enquete: Que área está mais carente de profissionais especializados em internet? 33% design 28% marketing 19% jornalismo 11% publicidade 9% informática

Flash como uma das revoluções da internet, me perdoe. Eu estava errado. O Google é um desses pequenos milagres e quem conseguir superar o que ele faz hoje (e vão conseguir) pode se considerar um personagem histórico desde já. Wd :: Você acha que a formação acadêmica é essencial para um designer? Salvador :: Algumas matérias da formação desses profissionais como

a história da arte, metodologia de projeto e fotografia, proporcionam um background perfeito para refinar talentos naturais. Claro, o talento sempre será o componente mais importante. Mas nunca despreze os benefícios de uma formação sólida. Você pode até não perceber, mas faz muita diferença. Wd :: De todas as funções originadas pela internet, qual é a mais importante? Salvador :: O redescobrimento para a internet do time de

usabilidade demonstra o amadurecimento atingido por essa interface. Bons AIs e designers de interação/ interface/experiência elevaram a qualidade dos produtos internet

na a

um novo patamar (sorte dos usuários). Mas, sinceramente, isso não os torna mais importantes do que os designers de “branding” ou HTMLers. Uma equipe balanceada e unida, com todos cientes de seus papéis, é o segredo para o sucesso duradouro. Que brilhe a estrela maior: com vocês, sua majestade o usuário!

33


estudo de caso

Interação total na criação do site

Philips Home Cinema Sergio Mugnaini, diretor de arte da DM9DDB e Patrick Degenhardt, diretor de CRM e eMarketing da Philips Consumer Electronics no Brasil e na América Latina, nesse momento, estão felizes com o desempenho de um projeto inovador que produziram com suas equipes. O novo site da Philips (www.philips.com.br/homecinema) é finalista na categoria vídeo do Flash Forward 2004. Nessa entrevista para a Wd, Sergio e Patrick contam os detalhes do desenvolvimento desse trabalho. Serg io Mugnaini, Sergio Diretor de Arte da DM9DDB

Com essa ação de relacionamento pelo site, a Philips

Wd :: Como começou a relação agência/cliente?

premium, que está presente na internet, e produziu um

Sergio :: A DM9DDB é a agência da Philips no Brasil

site em que fosse possível conhecer toda a linha Philips.

e o grupo DDB detém a conta da empresa holandesa

Wd :: O lançamento do site foi pensado como parte

no mundo inteiro. Como a DM9 costuma realizar o

de uma estratégia de marketing? Qual a importância

trabalho em todas as mídias, a Philips encarregou

do site em relação às demais peças da campanha?

também a DM9 das ações online.

Sergio :: Acho que o site tem uma enorme importân-

Wd :: Por que vocês decidiram criar esse site para

cia na ação de comunicação. Na minha opinião, não

a Philips?

costumo ver a internet como um investimento ou uma

Sergio :: A empresa estava querendo aumentar o re-

mídia que funciona independente de qualquer outra

lacionamento entre marca e os seus usuários. Por

mídia. O site funciona igualmente, seja num primei-

isso, a Philips trouxe para o Brasil o Club Philips, pro-

ro contato casual do usuário, seja num contato

grama mundialmente focado no relacionamento com

intermediado por anúncio ou filme de 30" da TV.

o consumidor. Nada mais apropriado para fazer esse

Acredito que o site tem sido responsável por resolver

contato com o target do que a internet.

qualquer tipo de dúvida do consumidor, já que nele

34

aproveitou para atingir um público A/B com perfil mais


estudo de caso

apresentamos explicações e demonstrações de cada produto. Wd :: Quais foram os aspectos do briefing que mais orientaram a produção do site? Sergio :: O projeto para esse site era realmente au-

dacioso e complexo: era preciso criar um site do Club Philips que contemplasse um programa de relacionamento e também seis diferentes produtos Philips. A parte referente ao Club Philips não era tão complicada quanto a referente à área de produtos. Nessa par-

a história interativa

Os produtos são apresentados de forma contextualizada, nas casas dos personagens da história que é contada. Cada produto tem sua

te do site, o desafio era: “como montar essas seis

própria cena.

áreas de produtos totalmente diferentes dentro de

A navegação principal se dá de três formas:

um mesmo ambiente, comum a todos os produtos?”

X

1 seguindo as setinhas que levam a outros ambientes (conseqüentemente a outros produtos)

A solução para isso foi criar uma história interativa.

2 utilizando o menu inferior direito para recomeçar a cena atual,

Wd :: Quais foram os fatores limitantes do briefing

avançar ou voltar a outras cenas

em relação ao desenvolvimento do site?

3 pelo menu inferior esquerdo que leva a produtos determinados

Sergio :: Os fatores mais limitantes do projeto foram, sem dúvida, de ordem tecnológica. Além de uma produção bem complexa devido às filmagens e à aplicação dos personagens nas cenas, o fator mais Wd ::

primeira linha: home do site www.philips.com.br/homecinema (à esquerda) e sua versão para concurso (www.dm9.com.br/awards/commarts/philips_he) canto inferior esquerdo: tela de instruções ao usuário canto inferior direito: um dos cenários da história interativa

35


estudo de caso

limitante e desafiador foi a criação de uma história

Flash Player, presente em 98% dos computadores

que permitisse aos usuários fazer múltiplas escolhas,

atuais.

e que lhes desse a opção de realmente interagir com

Wd :: O que vocês consideram mais interessante

ela. A combinação das cenas precisava ser perfeita.

no site?

Wd :: Quantas pessoas participaram da produção

Sergio :: Acredito que o mais interessante no site é

do projeto? Quais as suas funções?

a maneira inusitada e inovadora de mostrar a linha de

Sergio :: Cerca de 30 pessoas foram incluídas no pro-

produtos Philips através de uma história interativa.

jeto, considerando-se desde as equipes das agênci-

Outro ponto que é realmente interessante é a tenta-

as até as produtoras de som e vídeo (a Playerfilmes

tiva de idealizar um formato para a televisão

foi responsável pela produção dos filmes e a Plug-in

interativa do futuro. Quem sabe essa é uma sugestão

foi a produtora do som). A DM9 entrou com a função

de interatividade que ainda não está definida?

de criar e conceituar o projeto. A minha função no

Wd :: Desde quando o projeto está no ar? Vocês já

projeto foi a de conceituar o site fazendo toda a dire-

podem considerá-lo um sucesso em número de

ção de arte e algumas animações. A Rapp Digital foi

acessos?

responsável pela estratégia do Club Philips.

Sergio :: O projeto foi lançado no final de 2003, con-

tando com uma fase de testes e

Wd :: Quanto tempo levou todo o processo? Sergio :: O projeto co-

X

Flash Forward 2004 Versão do site inscrita no Flash Forward

meçou a ser idealizado

www.dm9ddb.com.br/awards/flashforward2004/philips_he

em setembro de 2003 e o

www.flashforward2004.com/showfinalist.asp

Conheça os finalistas do prêmio Flash Forward 2004 no site

ajustes da parte tecnológica. No entanto, ainda é muito cedo para se obter qualquer conclusão. Os números são bem animadores e a

site entrou no ar no final

Philips já prepara novas ações no

do ano. Foi montado um

site. O site foi classificado como

schedule com as produtoras e enquanto eram finali-

finalista no Flash Forward 2004 Festival e acho que é

zados os filmes, a DM9 produziu todos os layouts e,

um forte indício de que o projeto realmente é inovador.

sem dúvida, a fase mais complicada do projeto foi a

Wd :: Essa fórmula interativa, utilizada na cria-

de juntar “todas as partes”. Isto é, juntar os vídeos

ção do site, ajuda efetivamente na fidelização dos

nos layouts e programar corretamente para que tudo

visitantes?

funcionasse de acordo com a nossa idéia inicial.

Sergio :: O site tem realmente duas formas para atin-

Wd :: Para interagir e aproveitar melhor o site, o

gir o target. Uma delas, a ‘história interativa’, é fun-

visitante deve ter programas que nem todo mundo

damental para que as pessoas conheçam os últimos

têm instalados no computador. Por que vocês de-

lançamentos dos produtos Philips. A outra forma de

senvolveram o projeto com essa fórmula?

atingir os usuários são as promoções e toda a estra-

Sergio :: Não era necessário nenhum tipo de progra-

tégia de relacionamento que existe no Club Philips.

ma ou plug-in especial. O site foi desenvolvido em

Essa parte do site é responsável pela fidelização do

Flash MX com uma base de dados em XML. Para

usuário Philips devido às promoções e vantagens que

visualizá-lo era necessário somente o plug-in do

só uma pessoa que tem Philips pode obter e garante o retorno do target ao site.

“A internet ainda é considerada um meio moderno e tecnológ ico atório para empresas tecnológico ico,, portanto quase que obrig obrigatório que desejam aag greg ar esta ggama ama de vvalores alores a suas marcas” regar 36


estudo de caso Apresentação do produto Emotive: Há em cada cena, uma caixa à direita da tela com links para detalhamento do produto. Uma janela aparece por cima da cena principal para que o usuário explore o produto sem que ele se perca na história interativa.

Wd :: Quais formas de fidelização de clientes vocês

Sergio :: Desde o início nós tínhamos uma expecta-

utilizaram no site?

tiva muito otimista do projeto e a Philips investiu jun-

Sergio :: Toda a estratégia de fidelização foi feita a

to com a agência na idéia. Acho que isso foi decisivo.

partir do Club Philips. No lançamento do site existiam

No entanto, era muito difícil imaginar algo concreto,

dois tipos de promoções que bonificavam os usuários

pois nunca tínhamos feito algo assim, com esse nível

Philips com descontos, produtos Philips e facilidades.

de complexidade.

Ao longo do tempo o projeto prevê novas promoções e

Acredito que houve um grande aprendizado nesse

mais vantagens para os sócios do Club Philips.

projeto. O cliente realmente confiou na opinião da

Wd :: O Club Philips já existia ou foi criado em con-

agência de que esse projeto seria inovador e, da

junto com o site?

mesma forma, a DM9 comprou esse desafio de pro-

Sergio :: O Club Philips é o programa mundial de re-

duzir algo nunca feito antes. Podemos considerar que

lacionamento da Philips. Ele é aplicado em todo o

foi um case para todos nós.

mundo e agora foi lançado ao país pelo site do Philips

Agora precisamos acompanhar os próximos passos do

Home Cinema.

público Philips e aumentar ainda mais os serviços e

Wd :: Depois de pronto o site, você e sua equipe

facilidades que o site pode vir a oferecer.

ficaram satisfeitos com o resultado? Era isso o que vocês esperavam?

37


estudo de caso

Patric enhardt, Patrickk Deg Degenhardt,

“o mais interessante no site é a Consumer Electronics na América Latina usitada e ino inusitada inovvadora maneira in Wd :: Como começou a relação agência/cliente? Patrick :: A DM9 é a agência de publicidade ‘above de mostrar a linha de produtos Diretor de CRM e eMarketing da Philips

the line’ para a Philips graças a um alinhamento mundial de contas pela DDB. Apesar do emarketing não fazer parte desse alinhamento, pela inteligência em internet e pela sua capacidade criativa, a DM9 sempre realiza campanhas para a Philips também na mídia

Philips e a tentativ a de idealizar tentativa um fformato ormato para a televisão interativa interativ a do futuro”

virtual, sozinha ou em parceria com outras agências. No caso do Portal de Home Entertainment Philips, o

que desejam agregar esta gama de valores a suas

trabalho foi feito em conjunto com a nossa agência

marcas.

de marketing de relacionamento, a Rapp Digital.

Graças à capacidade de mensuração intrínseca à

Wd :: Esse é o primeiro site da Philips? Se não é o

internet podemos checar contra nossos KPI’s como está

primeiro, por que a empresa optou por uma nova

a nossa performance em tempo real. Tanto em termos

versão dele?

de branding como em termos de vendas, a empresa

Patrick :: A estratégia da empresa está 100% focada

tem crescido bastante há pelo menos 2 anos, atingin-

em nosso consumidor, portanto é natural que nossa

do a posição de líder isolada em vendas online no

atuação no meio internet acompanhe essa diretriz.

Brasil, mesmo sem vender direto ao consumidor.

Em primeiro lugar, temos um site mais corporativo,

Wd :: Como vocês avaliam os clientes da Philips?

com nosso catálogo completo de produtos e ferra-

Patrick :: Através de pesquisas categorizamos o

mentas de busca de lojas, comparação técnica,

comprador de eletroeletrônicos em quatro perfis, cri-

downloads. Para atacar diretamente cada um de nos-

ados com base nos desejos, atitudes, grau de conhe-

sos públicos-alvo temos o site do programa Philips

cimento e interação com os produtos. Nossa comuni-

Expression, no ar desde 1999 e totalmente voltado ao

cação é baseada nesses perfis, na estratégia de ne-

público jovem, e o portal de Home Entertainment lan-

gócios da empresa e nas preferências individuais de

çado agora, voltado ao relacionamento com um públi-

cada cliente, já que somos extremamente cautelosos

co classe A/B com perfil premium, interessado em

em assegurar a privacidade e liberdade de escolha de

assuntos como design, tecnologia, arte, decoração,

cada um deles.

cinema e, principalmente, entreteni-

Wd :: Vocês têm cadastro dos visitan-

mento doméstico.

tes do site? Dentre os visitantes ca-

Wd :: Você considera a internet um

dastrados, como vocês fazem para

bom investimento? O site da Philips

distinguir os clientes potenciais?

dá retorno efetivo?

Patrick :: Sim, temos. Classifi-

Patrick :: A internet ainda é

camos os potenciais consumi-

considerada um meio moderno

dores com base nas preferênci-

e tecnológico, portanto quase

as indicadas na área de cadas-

que obrigatório para empresas

tro e no seu padrão de navega-

38


mais propensos à compra e, da mesma forma, aqueles que indicam possuir um produto como uma ‘dwide’ e não possuir um aparelho de home cinema têm altas chances de tornarem-se futuros compradores, pois são produtos que se complementam.

estudo de caso

ção. Usuários freqüentes do portal são

“Foi criado um time com pessoas das duas aagências gências e re presentantes da representantes Philips Philips,, no qual todos tinham condição de opinar sobre melhorias no projeto”

Wd :: O cadastro de visitantes do site é utilizado para fidelizar clientes? Como? Patrick :: A partir do momento em que

o internauta se cadastra no portal, é disparada uma série de ações baseadas em seu perfil. Por exemplo, no

Wd :: A Philips vende através do site?

mês de seu aniversário enviamos a ele

Como é organizado esse processo?

um cartão, parabenizando-o pela data,

Patrick :: A Philips não vende direta-

de forma bem lúdica. Outras campa-

mente, somente através do varejo.

nhas são efetuadas através de email, e

Atuamos fortemente nesta área em

ainda há toda a questão de persona-

parceria com eles, fortalecendo a ca-

lização do site, como a de direcionar a

deia de valor e trazendo sempre o me-

visualização do consumidor somente

lhor para nossos consumidores. Foi

para produtos de cross e up-sell, ou

dessa maneira que conseguimos a li-

seja, aqueles novos produtos que

derança absoluta no setor.

complementam ou se incorporam aos

Wd :: Você ficou satisfeito com o re-

que ele já possui.

sultado do trabalho?

Wd :: Como vocês acompanharam a

Patrick :: Claro! Em tão pouco tempo de

produção do site?

lançamento já temos um excelente nível

Patrick :: Com a maior proximidade

de visitas e cadastros no portal e

possível. Foi criado um time com pesso-

estamos trabalhando para agregar mais

as das duas agências e representantes

benefícios para eles. Todo mês haverá

da Philips no qual todos tinham condição

várias novidades!

de opinar sobre melhorias no projeto. Isso foi importante principalmente pelo fato de termos duas diferentes agências no projeto, o que poderia potencialmente causar atritos e prejudicá-lo. Mas ao contrário, a interação foi muito boa e só veio a colaborar para termos um portal único no Brasil.

39


debate

Estamos longe da época em que as famílias mais tradicionais agiam sempre de acordo com a convenção e as mães diziam a cada um de seus rebentos: “Quando crescer, você vai ser doutor!”. Hoje em dia, os jovens escolhem os seus futuros ofícios. Vivemos em uma era regida pela tecnologia e pela informação. Como não poderia deixar de acontecer, as gerações mais jovens renderam-se ao encanto das novas profissões, que vão surgindo, ano após ano, dependendo das necessidades geradas pelo avanço tecnológico e pelo mercado, cada vez maior, das comunicações. Entre essas profissões (que em geral estão no topo da lista das universidades no quesito “maior número de candidatos por vaga”) está a de desenhista industrial. O curso de desenho industrial oferece duas opções de carreira: o estudante pode escolher ser projetista de produtos ou programador visual. E essas especialidades subdividem-se, ainda, em outras como, por exemplo, a de webdesigner. O fato de os jovens desta geração terem nascido na mesma época em que a internet “nasceu” confere, a muitos deles, a habilidade de trabalhar nela sem que jamais tenham freqüentado uma escola especializada ou um curso de informática. Muitos jovens que se interessam pelo assunto são capazes de criar sites ou programar ações na rede com a experiência de um autodidata. Graças a essa constatação, uma grande dúvida paira no ar:

40


debate

É! A formação acadêmica é essencial na construção de uma carreira sem dúvida nenhuma. Nos

satisfató-

dias de hoje não é suficiente que você se identifique

ria, a outra

com o design e, a partir de um aprendizado mais ou

ainda terá valor

menos informal ou na base da tentativa e erro, vá

suficiente para justifi-

construindo seu conhecimento. Com os manuais de

car um saldo ou alicerce

programas, com o chamado ensino à distância, isto

profissional adequado. Você

ainda parece possível, mas não se sustenta em um

é responsável por, no mínimo,

exame mais rigoroso.

metade de sua carreira, metade da

Devemos lembrar que antes de existirem os cur-

sua formação!

sos regulares de formação de designers os profissio-

Mas o importante é saber que a carreira é sua. É

nais eram autodidatas, o que significava que cada um

sua a prerrogativa e responsabilidade de construí-la e

construía sua própria carreira e reputação. Mesmo

não da escola. Ela é um veículo, um instrumento dos

assim muitos profissionais de qualidade foram forja-

mais importantes e só ajuda. Ela será a pedra funda-

dos nesta época, alguns dos quais foram os responsá-

mental do seu sucesso, especialmente em um mundo

veis pela implantação do design em nosso país. Com

complexo como o que vivemos.

isto não estamos defendendo a exclusão da escola na

Sua formação deve ser a mais consciente possí-

formação do profissional, pois isso não é possível nos

vel. Isto significa que você deve se responsabilizar

dias de hoje. A escola serve como uma referência,

quanto à escolha da faculdade ou escola, do seu

como uma queima de etapas, como uma sistematiza-

envolvimento com ela, de seu aproveitamento durante

ção da formação do profissional, como um elemento

o curso e de tudo o mais que você empreendeu duran-

comparativo de suas capacidades em relação aos co-

te este período. Não se esqueça, porém, que sempre

legas, uma importante fonte de informação e crítica

haverá algo mais a aprender e que sua formação não

para construção de uma carreira, agora e no futuro.

termina com o recebimento do diploma. Na verdade

No

de

sua formação nunca termina, ela se prolonga por toda

autoconfiança e auto-estima. Em autodidatas estas

a sua vida e nestes dias de globalização a formação

características nem sempre estão presentes. E fazem

contínua é a única que pode nos garantir pleno empre-

falta; como fazem!

go ou flexibilidade ante as mudanças que virão.

mínimo,

lhe

dará

um

diploma

além

É ainda muito importante que você saiba que não existe faculdade ou curso ideal, todos têm problemas e em nosso país estes problemas podem ser crônicos.

:: Freddy Van Camp

Ainda assim é o que você tem à mão. Escolha bem o

www.esdi.uerj.br

professor da ESDI–UERJ

curso e saiba que é nesta instituição que você vai formar a base sobre a qual construirá a sua carreira. E quais são as suas responsabilidades em relação a isso? A construção de uma carreira tem duas vertentes: a do que lhe é oferecido pela faculdade ou curso que você está freqüentando e a sua, pessoal, com um envolvimento sério e decidido no aproveitamento dos seus anos de formação. Estas duas vertentes têm valor idêntico (50% para cada uma) na construção de uma carreira e, admitindo-se que uma delas não seja

41


debate

Sim, não e talvez. Essa questão

nado. Sem isso, corre-se o risco de se

envolve muitos pontos, alguns contra-

formar um profissional inconsistente e

ditórios e todos importantes.

facilmente descartado pelo mercado.

A formação acadêmica é essencial

Agora: um cara com essas característi-

sim porque, antes de mais nada, estu-

cas inatas pode perfeitamente entrar

dar numa faculdade é a oportunidade

no mercado com muito mais preparo e

de estar em contato com um mundo

êxito do que os vencedores da Guerra

de referências pertinentes à sua pro-

dos Canudos.

fissão, que quando se for exercer, vão

Para coroar esse não à necessida-

te fazer toda a diferença. Desde os li-

de de formação acadêmica, vale lem-

vros, filmes e eventos que são indica-

brar que alguns dos profissionais mais

dos para se ver, passando pelas con-

respeitados no mundo online não são

versas com pessoas brilhantes, pelos

formados. Inclusive tem um grande re-

jogos no intervalo (ou em plena aula),

dator e diretor de criação (não, não

até os casacos esquisitos daquele cara

vou citar nomes) que zerou na prova

do 7º período, tudo é informação que

de redação do vestibular (PJ, posso

vira subsídio para enriquecer e dife-

publicar isso?).

renciar o seu trabalho de criação.

Mas... por outro lado... talvez seja

Mas justo por esse lado, a forma-

essencial ter uma formação acadêmica.

ção acadêmica não é essencial coisa

Confesso que me formei em duas

nenhuma.

faculdades e tenho a nítida impressão

Com a existência do computador e

de que, se cheguei onde estou na mi-

da internet, as informações estão mais

nha carreira, muito se deve a essa for-

ao nosso alcance do que nunca. A

mação. Mas vai saber...

web é uma biblioteca zilhões de vezes

Para fechar, vou parafrasear, bem

maior do que as de todas as faculda-

ao estilo acadêmico, uma figura famo-

des juntas. Tem de tudo para você

sa e que agrada a formados e não-for-

aprender o que quiser. E para ver o

mados: “Hay que se formar, pero sin

casaquinho freak das figuras, é só des-

perder la cerveza, jamás.”

cobrir um bom blog ou fotolog de universitário. Mas é claro que essas vantagens só se concretizam para quem é verdadeiramente autodidata e discipli-

:: Suzana Apelbaum diretora de criação e redatora da AgênciaClick www.agenciaclick.com.br

42


debate

Acredito que sim! Apesar das oportunidades que giram em torno do “tecnomundo” permitirem o ingresso de “e-teens” (jovens autodidatas em tecnologia) ao mercado de trabalho isto não quer dizer que estes profissionais sem o preparo acadêmico terão sucesso em suas carreiras. O interesse por tecnologia dos jovens de hoje é um excelente diferencial competitivo na busca pelo primeiro emprego, porque os conhecimentos técnicos de um jovem aficcionado por tecnologia podem apresentar uma boa relação custo-benefício aos empre-

gadores. Mas esta carreira pode estagnar quando a complexidade das tarefas aumentar. Todos conhecemos a teoria da carreira em Y, onde em um determinado momento o profissional de tecnologia deve decidir se vai continuar técnico ou se virá a tornar-se um consultor, um gerente de equipe ou gerente de contas. Acredito que o profissional puramente técnico e autodidata esteja na maioria dos casos fadado a permanecer na base do Y, sem muitas oportunidades de se tornar um ótimo analista de sistemas e soluções ou um ótimo executivo de tecnologia. É claro que existem exceções, mas a falta de investimento em cursos profissionalizantes, cursos superiores ou pós-graduações irá, com certeza, limitar as chances e, principalmente, a visão de um jovem que acabou de ingressar no mercado de trabalho e segue a linha de raciocínio de que pode ser auto-suficiente no aprendizado de tecnologia. Se as skills necessárias para o desenvolvimento de uma carreira profissional fossem só as técnicas, então ótimo, parabéns e aproveite a sua carreira! Mas todos sabemos que o su:: Alexandre Cezário de Campos gerente de marketing e vendas da EverSystems www.eversystems.com.br

cesso profissional vai além do conhecimento técnico, ele exige organização, conhecimentos gerais, alta em relacionamento, visão e principalmente conhecimento dos alicerces da profissão. 43


debate

Na minha opinião, a resposta é sim e não. É necessário possuir alguma formação, seja ela acadêmica ou não. Muitos dos grandes criadores, que deram ao Brasil o status que tem hoje na publicidade mundial, nunca passaram por uma curso de design ou publicidade. Mas se estamos falando de comunicação, falamos de pessoas e

Faculdade

X

[Do lat. facultate .] S. f. 1. Poder de fazer algo; capacidade. 2. Talento, dom. 3. Propriedade. 4. Escola de ensino superior fonte: Novo Aurélio

44

a internet é apenas um meio novo de

mular o estudo (pesquisa), e, não, en-

se fazer comunicação. O fato de se ter

sinar o ofício, pois este se aprende fa-

nascido junto com a internet só contri-

zendo. Eu gosto muito do modelo ado-

bui para uma maior familiaridade com

tado na França. Lá, quem deseja ser

o meio, não com as pessoas. Sendo

acadêmico (pesquisador) cursa uma

autodidatas ou não, as pessoas vão

universidade, mas quem deseja traba-

ter que entender dos dois mundos, sa-

lhar, realmente, na área (comercial)

ber identificar padrões, antecipar ne-

faz um curso técnico, mais rápido e

cessidades, observar através de uma

voltado para o aspecto prático, o que

lente diferente e, com isso, entender o

não impede que um acadêmico traba-

que se passa. Nada disso depende do

lhe na área e vice-versa. O que um

fato de que se tenha ou não nascido

curso faz é tentar encurtar o caminho

na era da internet, mas, sim, de que

e evitar erros desnecessários. Sendo

se possua a faculdade (natural ou ad-

assim, formação é essencial, seja ela

quirida) de enxergar, traduzir e trans-

natural ou adquirida.

mitir estes sentimentos. O que a universidade faz (ou deveria fazer) é esti:: Alexandre Estanislau diretor de criação da Bolt Brasil www.boltbrasil.com.br


debate Não acho que seja caso de sim ou não. Para come-

cesso de aprendizado é bem mais árduo, exigindo mui-

çar, há uma grande diferença entre “saber trabalhar

to estudo individual que é sempre mais arrastado, sem

com design” e ser um bom designer. Acima de tudo,

falar na tentação de partir direto pro computador e pro

está o conhecimento teórico, a capacidade de desen-

mercado de trabalho, pulando etapas que são essenci-

volver projetos criativos, um conceito forte sempre

ais à evolução. Além disso, há um fator complicador

como base, um porquê para cada solução, enfim, saber

para quem não tem diploma, que é o fato de muitas

colocar em prática toda a teoria aprendida. Não acho

empresas não aceitarem profissionais sem curso supe-

que o meio acadêmico seja o único caminho para se

rior, o que pode dificultar a entrada destes no mercado,

adquirir este conhecimento, mas acho que é, sim, um

assim como podem sofrer, em algumas situações, um

bom começo. Da mesma forma que existem alguns óti-

eventual preconceito pela falta do diploma. Outra gran-

mos designers e artistas que nunca pisaram em uma fa-

de desvantagem é a dificuldade em conquistar experi-

culdade de design ou instituição semelhante, existem

ências internacionais - muitos países não concedem o

designers formados que não conseguem traduzir o co-

visto de trabalho para profissionais sem curso superior

nhecimento em bons trabalhos. Acontece que esta é

- tanto na área profissional quanto acadêmica.

uma afirmação perigosa, pois se for mal-interpretada

Para finalizar, acho que a boa é encarar essa dúvida

pode levar a resultados desastrosos. Para completar,

como uma liberdade de escolha e não como uma res-

obviamente, o computador também contribuiu bastan-

posta absoluta, cabendo a cada um decidir o melhor

te para essa situação, porque facilitou a criação de tra-

caminho para si. Independente da decisão, o segredo é

balhos puramente plásticos, sem conteúdo algum, e na

estar sempre em evolução, buscando sempre mais co-

maioria das vezes, esteticamente fracos e de gosto du-

nhecimento; estudar as ferramentas para colocar em

vidoso, por isso acho que, acima de tudo, o computa-

prática o que se aprende; ler muito; ter em mente que

dor deve ser visto como uma simples ferramenta.

o design é um ofício extremamente multidisciplinar e

Prefiro, então, listar as vantagens do meio acadê-

cultural; “abrir a cabeça”, buscar inspiração e não se

mico. Além do aprendizado técnico, teórico e criativo,

restringir somente às referências de outros designers;

um dos melhores aspectos da Universidade é a convi-

buscar suas linguagens próprias; saber a hora de ousar

vência com outros alunos, designers e professores. É

e a hora de atender às necessidades de um determina-

um bom momento também para experimentações, de-

do projeto... ou seja, é informação suficiente para

senvolvimento de técnicas e troca intensa de informa-

superlotar o cérebro. O caminho é bem por aí mesmo,

ção. Infelizmente, acho que as instituições ainda têm

afinal, saber não ocupa espaço.

muito que evoluir, muito mesmo, o que é mais uma prova de que devem ser encaradas pelo aluno apenas como um primeiro passo numa evolução que precisa ser constante. Analisando o lado de quem decide não optar pelo meio acadêmico, vejo algumas desvantagens. O pro-

:: Guilherme Borchert editor do site Eyepunch www.eyepunch.com

45


debate

Com certeza a formação acadêmica é fundamen-

Passaram-se alguns anos e hoje temos uma certa

tal. A partir da popularização dos programas

padronização das máquinas que são vendidas e, ain-

WYSWYG, a produção de sites tornou-se uma tarefa

da, a internet por cabo ou similar, que torna a relação

bem menos complexa.

com a grande rede bem mais ágil e agradável para

Antes dessas soluções era preciso saber escre-

todos os usuários. Configurações similares restrin-

ver seu próprio código html e testar o resultado

gem bastante as variáveis na hora de construir um

numa janela de navegador. Esse processo era demora-

projeto para internet.

do e os resultados tinham lá suas limitações. O Flash

Com isso, o que observamos hoje é uma diferen-

ainda não era padrão e não podia ser usado como so-

ça grande de resultados entre os projetos de quem

lução nem pra banners e imagens de destaque no

possui formação acadêmica e os de quem não a pos-

site, nos obrigando a usar o bom e velho gif anima-

sui, justamente naquilo que os designers fazem me-

do. Além disso, era preciso prever as mais diversas

lhor: criar conceitos.

resoluções de monitor, levar em conta que a internet

O que observo nos projetos dos autodidatas e

caminhava a pífios 28Kbps, o que restringia ainda

entusiastas da produção web é que muitas vezes

mais as soluções possíveis.

seus projetos até podem funcionar, mas são vazios de conceito. Não passaram pelas etapas do processo criativo como é ensinado na escola, e o resultado é pobre. O método projetual, como é ensinado nas universidades, é fundamental para quem pretende enfrentar o mercado de trabalho com competência e capacidade de inovar. Sem a metodologia, a teoria e a experiência acadêmica, estaremos fadados a repetir as velhas fórmulas, ao invés de desenvolver soluções criativas e funcionais para cada cliente que decide investir seu dinheiro na internet.

:: Sérgio Barbará sócio-diretor da Pura Comunicação www.puracomunicacao.com.br

46


do trabalho em equipe e visão geral de negócios. Na faculdade você estuda matérias que enriquecem seu repertório e lhe preparam para uma carreira profissional, você estabelece conceitos e estuda disciplinas importantes como: história da arte, história do design, estudo de cores, tipografia, análise de sites, direção de arte, direito autoral, além das aulas técnicas, que servem de ferramentas para você colocar em prática os seus conceitos. O acompanhamento e a vivência com os professores são essenciais quando você está num curso que lhe interessa. De nada adianta você entrar na faculdade só para buscar um diploma sem explorar ao máximo o que os profissionais de lá têm para oferecer. Com a formação acadêmica você consegue defender seus projetos embasando-se nos conceitos que você aprendeu como designer, unindo funcionalidade e estética. Um dos fatores muito importantes relacionados à formação acadêmica é que você também pode buscar por cursos de especialização na sua área, entre diversos segmentos do design dentro e fora do Brasil, através da pós-graduação. Você também troca experiências relacionando-se com os mais diversos campos de atuação profissional e, assim, abre uma gama de referências para suas criações, conhece pessoas importantes e participa de palestras e seminários com profissionais do mercado. A faculdade lhe mostra o caminho e cabe a você buscar os seus diferenciais. A minha formação acadêmica foi importante para focar meu trabalho no design estratégico, que é a metodologia mais usada em minha empresa.

:: João Paulo Nicolau sócio-diretor da Contentcom www.contentcom.com.br

47

debate

É essencial para a formação de conceitos, interação


Encontro de Web Design

9

o

Encontro de Web Design 2

0

0

4

Uma reunião com os melhores profissionais do mercado O Encontro de Web Design chega a sua 9ª edição, em abril, consagrado como o melhor encontro de profissionais de internet do Brasil e do mundo

Quem trabalha com web sabe que,

Josh On, da futurefarmers.com; Crystal

desde 1999, existe uma maneira mais

Waters, autora do best seller Web: Con-

fácil, interessante e gostosa para apren-

cepção e Design, Edward Pak, criador do

der e encontrar os melhores profissio-

site do canal de tv a cabo Fox, Suzana

nais e professores do mercado, fora de

Apelbaum, da Click, Luli Radfahrer,

universidades e cursos.

Michel Lent, entre outros.

O Encontro de Webdesign, promo-

Este ano, em sua 9ª edição, o even-

vido pela Arteccom, reúne todo semes-

to passa a ser itinerante, para ajudar

tre mais de 1.000 estudantes e estudio-

muitos designers que ainda não tiveram

sos interessados nas mais novas técni-

a oportunidade de participar. Começa na

cas, ferramentas e teorias sobre design

cidade do Rio de Janeiro, no dia 3 de

para internet. As palestras são sempre

abril, segue para Belo Horizonte, Porto

ministradas pelos nomes mais requisita-

Alegre, Brasília e Salvador, em julho

dos do ramo, nacionais e internacionais.

(dias ainda não definidos) e termina no

Ao longo desses anos de sucesso,

dia 27 de novembro, em São Paulo.

já passaram pelo Encontro de Web

A troca de informações sobre o po-

Design: Mauro Alencar, Marcello Póvoa,

tencial da internet e a vital importância

“Precisamos de mais eventos como este em nosso país” José Mauro Morais Mani, participante 48


Encontro de Web Design

descoberta de novas maneiras de se comunicar com o usuário, trabalhando com interfaces e navegação e, para isso, o intercâmbio de idéias torna-se fundamental. Quanto maior for o número de informações a que esse profissional, ou futuro profissional, tiver acesso, mais ele estará apto a refletir e a propor novas soluções. Dos temas propostos nas oito edições do Encontro, alguns merecem destaque: a diferença entre o meio impresso e a internet, a interatividade, tipografias, animações, conteúdo, arquitetura de informação, usabilidade, acessibilidade, planejamento, atendimento, criação e projetos experimentais. Não é à toa que a equipe organizadora orgulha-se em estar contribu-

“O local, temas das palestras, palestrantes, expositores, tudo

indo de uma forma construtiva para a formação de profissionais eficazes e para a inclusão do mercado nacional no mundo. Isso porque o evento já é tido como uma reunião aberta, fundamental

Luiz Fillippe Dourado de Mello, participante

Encontro. Também são prioridades a

“Lá aprendi uma gama de coisas que eu utilizo nos meus sites... obrigado pela oportunidade desse evento...”

do design neste meio é a prioridade do

estava excelente!” Marcia Gerbassi, FINEP

49


Encontro de Web Design

e única entre participantes, palestrantes, empresários e patrocinadores. Os patrocinadores Cristian Gallegos, da Locaweb, Alexandre Pajola, da BigHost

e

Evanice

Rodrigues,

da

Impacta não pouparam elogios à equipe logo após o 8º Encontro: “quero reafir-

3 de abril Rio de Janeiro

mar que ficamos satisfeitos com a qualidade do evento”, disse Cristian. “Ficamos muito satisfeitos com o evento. Agradeço muito a atenção e simpatia de vocês!”, afirma Alexandre. “Vocês estão

julho Belo Horizonte

de parabéns!!! O evento foi um sucesso, tudo ocorreu como estava previsto na programação”, completa Evanice. Os participantes também enviaram seus comentários. “Parabéns pelo even-

julho Porto Alegre

to. Mais uma vez a Arteccom deu um show e a cada ano que se passa vocês têm se profissionalizado mais. Os patrocinadores estavam excelentes este ano”, elogiou Fábio Salles. Até os palestrantes mandaram sau-

julho Brasília

dações: “Gostaria de te agradecer pela oportunidade, e parabenizar pelo evento. Foi tudo show de bola”, lembra Rodrigo Chibly, da J.W.Thompson. O 9ª Encontro de Webdesign terá sua primeira edição na cidade do Rio

julho

de Janeiro, no Teatro Odylo Costa, filho,

Salvador

da UERJ. A taxa de inscrição será de R$ 30,00 para estudantes e R$ 60,00 para profissionais. Para quem estiver interessado, as

27 de novembro

inscrições já estão abertas através do

São Paulo

site: www.arteccom.com.br/encontro. Não perca tempo porque há limite de vagas. Caso você queira participar em outras cidades (julho ou novembro), basta aguardar a abertura das inscrições.

“Parabéns pelo evento, foi realmente um sucesso de público!!!” 50

Danielle Skurczenski (Terra Empresas), patrocinador


Encontro de Web Design

“Ficamos muito felizes por termos participado do evento. Extremamente bem organizado, simpático e muitíssimo divertido” Porto+Martinez, palestrantes

Confira aqui algumas das palestras do 9o EWD, dia 3 de abril no Rio :: Retorno no investimento: Por que os clientes devem pagar por nossos projetos? Design começa com estratégia: as razões pelas quais um projeto de mídia interativa tem (ou não) sucesso real e mensurável na percepção do cliente — e seu negócio, no final das contas, porque uma empresa deve nos contratar e conseqüemente fazer um investimento. Marcello Povoa, sócio-diretor da MPP Solutions

:: A usabilidade como fator de sucesso em projetos web Projetos web se tornam cada vez mais complexos e sofisticados. Garantir a qualidade de interação do sistema com seus usuários é fundamental para o seu sucesso. Sérgio Carvalho irá apresentar alguns métodos de usabilidade através de cases de consultoria: Shoptime.com, Duty Free, Portal Embratel e Banco Central do Brasil. Sérgio Carvalho, sócio diretor da Sirius Interativa

:: Comunicação, colaboração e comunidades - internet e iTV, finalmente no século XXI

Te nd ências da comunicação digital. Cenários de futuro e perspectivas para o designer e profissionais de criação de mídias digitais. Luli Radfahrer, professor-doutor da ECA–USP

“Um evento com palestras ricas, apresentadas por pessoas que, apesar do conhecido peso neste mercado, se puseram de igual para igual com a platéia, transmitindo com enorme clareza suas mensagens” Fernando Alcântara, participante

acima: ensaio para apresentação de capoeira das crianças da ONG Magê Malien – Crianças que Brilham no 5o EWD. ao lado: agradecimento pelos alimentos doados no 1o Encontro de Web Design. Faça sua contribuição no 9o EWD, levando 1kg de alimento não perecível e participe do sorteio de brindes.

51


tutorial

Cores seguras

na web

Algum cliente já lhe pediu para preencher o plano de fundo do seu site com a cor de morango amassado? Pois é! Seria interessante, neste caso, pedir ao seu cliente que tentasse escolher uma das 216 cores seguras utilizadas quando construímos páginas na web. É algo semelhante a

A numeração decimal (base 10) trabalha com valores de 0 a 9; já a numeração hexadecimal, trabalha com valores de 0 a 9 e de A a F, totalizando 16 valores. Decimal

0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 = 10 valores Hexadecimal

0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F = 16 valores As figuras abaixo ilustram melhor o caso e ainda disponibilizam mais combinações:

escolhermos a cor do nosso novo

Veja a mistura de tons de

forro de sofá utilizando um

origem ao magenta.

vermelho com azul, dando

mostruário. Mas que paleta é esta? Cores seguras, o que é isso? Calma, vamos por partes. Na web trabalhamos com cores aditivas. As cores aditivas trabalham com uma combinação de luzes Selecionando no menu window a

através de fósforos vermelhos, verdes e azuis. Assim

opção color mixer, você pode criar

conhecemos o padrão de vídeo como RGB - R (Red) G

várias combinações dentro do

(Green) B (Blue). E para cada um destes tons você

valor hexadecimal correspondente.

padrão RGB e ainda visualizar o

pode designar a intensidade com valores que vão de 0 a 255. Uma escala, portanto, de 256 valores. Em uma página HTML, precisamos trabalhar com o código hexadecimal (base 16), por isso, normalmente, quando desejamos determinar que a cor de fundo em nosso site vai ser azul, utilizamos <body bgcolor=”#0000ff”>.

Como

podemos

ver,

utilizando

valores

No exemplo acima, os dois primeiros valores são

hexadecimais temos valores de 00 a FF para tons de

somente para tons de vermelho, os dois zeros se-

vermelho, 00 a FF para tons de verde e 00 a FF para

guintes, são para tons de verde e os dois últimos (ff)

tons de azul. Lembra que eu disse que trabalhávamos

valores são para tons de azul. Neste caso, não tere-

com 256 valores de Red, Green e Blue (RGB)?

mos tons de vermelho e nem mesmo tons de verde, somente tons de azul. Sendo assim, nossa página ficará com a cor de fundo azul.

52

Agora, multiplique 16 x 16 (já que hexadecimal é uma numeração de base 16). Bingo!!! 256.


tutorial “Então, Gustavo, se eu desejar trabalhar com

Agora desenhe um retângulo com uma cor qual-

ABCDEF ou 123456 como valor de cor no meu site, eu

quer de preenchimento e no inspetor de proprieda-

posso?”

des clique na opção fill color.

Não é o ideal L! Infelizmente assim como temos problemas com fontes na internet, pois nem todos os computadores possuem aquelas fontes maravilhosas que vêm no CD do Corel Draw ou de qualquer outra ferramenta, também possuímos este tipo de problema com cores, pois nem todos os sistemas e seus navegadores reconhecem as cores da mesma forma. Portanto, devemos ter cautela na utilização da pale-

Observe que todas as 216 cores são, na verdade,

ta de cores, pois a cor pode ser vista de uma forma

uma combinação de valores hexadecimais 00 33 66

em um MAC, outra no PC (Windows) e uma outra no

99 CC FF. Ou seja, criando uma combinação destes

PC (LINUX).

tons, você sempre terá uma cor segura para trabalhar

Destes 256 valores utilizados no RGB, normal-

nos seus projetos.

mente trabalhamos com 216 cores e existem 40 adi-

Cuidado! Nem todas as imagens e fotos que você

cionais que diferem de plataforma para plataforma e

for utilizar em seu site devem estar, necessariamen-

normalmente são utilizadas pelo sistema operacional.

te, dentro destes valores de cores seguras. Normal-

- “Ótimo! Mas como eu sei quais são as 216 cores

mente as cores seguras são utilizadas para a

seguras para a web?” Muito simples. Vamos ver na

codificação HTML (cores com valores hexadecimais,

prática: abra o Flash e selecione no menu window a

como links e cores de fundo) e imagens com cores

opção color swatches. Selecione o menu deste painel

sólidas. Evite utilizar esta paleta em fotos e imagens

e escolha a opção web 216. Pronto, estas são as 216

com efeitos gradientes.

cores seguras.

Um bom livro no qual você poderá encontrar mais informações sobre o assunto é Projetando Gráficos na

Web.3 , escrito por Lynda Weinman. Não esqueça de avisar ao seu cliente, que o morango amassado, pode se transformar em “cor de burro quando foge”.

Um abraço e até a próxima. Gustavo Loureiro Professor universitário e MMCP - Macromedia Certified Professional eu@gustavoloureiro.com

53


interface

Marcello Póvoa Criou a MPP Solutions, empresa de consultoria estratégica, criação e desenvolvimento em mídia interativa. Foi Diretor da Globo.com e da IconMediaLab (Nova Iorque) com inúmeros projetos premiados internacionalmente. Possui Masters of Science in Communications Design pelo Pratt Institute (NY) e MBA em Administração pela Coppead, UFRJ. É autor do livro “Anatomia da Internet” (Casa da Palavra). mpovoa@mppsolutions.com

As Redes Sensoriais Wal-Mart sinaliza a revolução que vai fazer a internet se multiplicar aos bilhões Formigas

Um formigueiro é composto por milhões de unidades, leia-se formigas, porém cada uma com uma capacidade bastante limitada de realizar tarefas. Uma formiga não possui muitas capacidades, executando um número restrito de ações de orientação, alimentação, defesa, etc. Apesar de “processar” poucas informações, as formigas trocam dados sobre suas tarefas com suas vizinhas, formando uma grande rede. Esta interação de milhões de unidades, resulta no entanto em uma sistema ágil, eficiente e inteligente, que faz do formigueiro como um todo um sistema sofisticado, com alta capacidade de reprodução, modificação e sobrevivência – apesar da simplicidade de cada formiga individualmente. A idéia

Agora imagine um pequeno computador, do tamanho de um grão, com capacidade de processamento limitada, mas o suficiente para realizar apenas umas duas ou três tarefas, como por exemplo detectar temperatura, movimento e localização. Agora imagine dezenas, centenas ou mesmo milhares destes minúsculos computadores se comunicando de forma “wireless” (sem fios), passando informação a seus vizinhos, todos entre si formando uma rede. Ao mesmo tempo um centro de controle, com um poderoso e sofisticado computador fora daquele espaço, monitorando a interação desta rede, colhendo suas informações e chegando a conclusões e ações relevantes – que gerem decisões inteligentes. Este conceito tem sido chamado de “redes sensoriais” e, apesar de estar ainda em fases iniciais, não tem nada de ficção científica. As redes sensorias tem aplicações altamente práticas e já estão sendo testadas ou usadas por empresas de diversos setores — e mesmo por militares. Na real

A revolução dos sensores esta começando com por exemplo, redes de varejo usando minúsculas placas na embalagem de seus produtos nos centros de distribuição (depósitos). Estas pequeninas placas são uma evolução do famoso “código de barras”, e que agora respondem a frequências de rádio, num sistema chamado de RFID (Radio Frequency Identification). Assim, o inventório e logística do estoque pode ser controlado em tempo real, tanto nos CDs (Centros de Distribuição) como no deslocamento dos produtos até os pontos de venda. Mais que isso, o produto pode 54


interface

“As redes sensorias prometem uma expansão da internet em proporções impensáveis com simples e minusculos computadores”

ser monitorado durante e após a compra, revelando in-

fins militares, para controle dos movimentos de tropas

formações preciosas sobre os hábitos do consumidor.

e veículos.

Um sistema como esse não só pode prover informações

Desafios

de marketing de varejo valiosas, como aumentar a efi-

As redes sensorias despontam naturalmente

ciência do controle de estoque, ao mesmo tempo redu-

questões conceituais como a invasão da privacidade,

zindo custos significativamente.

e questões técnicas como suprimento de energia

A prova pragmática desses benefícios é que o

para os sensores (baterias que devem durar anos) e

Wal-Mart , a maior empresa e rede de varejo do plane-

software e hardware em escala micro. A Intel tem um

ta, anunciou recentemente que seus fornecedores de-

projeto junto a Universidade da Califórnia em Berkley

verão estar compatíveis com o sistema RFID até 2005.

para o desenvolvimento de um sistema operacional

Tudo leva a crer que esta sinalização da Wal-Mart

que funciona com menos de 8kbytes de memória.

ao mercado é o começo da proliferação massiva de

Nas últimas décadas toda a correria competitiva

pelo menos uma das aplicações das redes sensoriais.

tem sido por alguns computadores mais e mais sofis-

Qualquer empresa que lide com estoque pode usar o

ticados e poderosos. Nos próximos anos, a competi-

sistema, e mesmo animais vivos podem ser controla-

ção também será por computadores extremamente

dos via sensores com RFID (pecuária, granjas etc.).

simples e minúsculos — e reproduzidos aos bilhões.

Se os sensores forem ligeiramente mais capazes

As redes sensorias prometem uma expansão da

em sofware e com uma pequena força computa-

internet em proporções impensáveis. A rede pode,

cional, as aplicações das redes sensorias são ainda

em última instância, cobrir todos os ambientes do

mais promissoras. Podemos ter prédios controlados

planeta com simples e minúsculos computadores que

por

sensores

distribuídos

por

sua

monitorando temperatura, sistema hidráulico, circulações etc. Áreas inteiras podem ser moni-

estrutura,

recebem, processam e transmitem dados. Quando pensamos que estamos atingindo alguma maturidade, percebemos que estamos apenas engatinhando...

toradas tendo sensores espallhados pela geografia, permitindo uma coleção e monitoramento da informação com fins de por exemplo, um saudável controle do ecosistema — ou mesmo para

55


webwriting

Marcela Catunda Trabalhou nas redes Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e Globo. Foi redatora da DM9DDB e supervisora de criação de mídia interativa da Publicis Salles Norton. marcelacatunda@terra.com.br

www.ondetemisso.com.br? – Olha, o processo é bem simples: a ração seca é feita com uma máquina chamada expansor ou extrusor. Primeiro, as matérias-primas são misturadas, algumas vezes são dosadas manualmente, outras vezes com auxílio de um computador, de acordo com uma receita desenvolvida pelos nutricionistas. Essa mistura é colocada no expansor e lhe é adicionado vapor ou água quente. A mistura fica sujeita ao vapor, à pressão e à alta temperatura, para assim sofrer a extrusão. Ela é “extrudida”, como uma pipoca, através de moldes que definem o formato do produto final. Entendeu? – diz o cliente. Se eu entendi? Não. “Nadica de nada”, mas não posso dizer isso para o senhor. – Então, agora, a Catunda toca o “job”. Valeu, Catunda! – diz meu interlocutor retirando-me da sala. E lá estou eu, com uma pilha de embalagens de ração e uma incumbência: criar para o site do cliente o texto da área “Nosso processo de fabricação”. Vinte minutos, contados no relógio, se passaram após a reunião, e tudo de que consigo lembrar é que não como ração. O que fazer? Os atores fazem “laboratório” para vivenciarem seus personagens. Será que eu teria que viver como um cachorro por alguns dias para poder entender o processo de fabricação da ração? Mas que diabos, nem o consumidor final (os cães, nesse caso) se importam com isso.... Algum tempo depois...

Depois de tentar mudar o nome do link de “nosso processo de fabricação” para: “sabores mágicos”, “receitas auau”, “a gente faz assim e não assado”, e mais outras atrocidades, desisto de mudar o nome do link e foco no texto. No dia seguinte...

Depois de passar a noite inteira sonhando com o Beto Carreiro e seus poodles amestrados, tenho a mais brilhante idéia do planeta: buscar informações na internet, ou seja, pesquisar. De repente lá estavam eles em profusão, milhares de links sobre os zilhões de processos de fabricação de rações, fotos das máquinas, tabelas de calorias, depoimentos de especialistas e o melhor de tudo: uma entrevista com o diretor da empresa (isso mesmo, o cliente) explicando tintim por tintim o tal processo de fabricação da ração. Muito mais do que minha mão frenética poderia anotar nos poucos minutos de reunião.

56


webwriting

“A Internet me dá caminhos e eu a alimento com mais um. É assim! Uma troca quase que imediata”

Nossa! Foram horas de pesquisa, mas cada mi-

super www.google.com. Ouço rádios do mundo inteiro

nuto valeu a pena. Peneira aqui, estuda ali, analisa cá

no www.radios.com.br. Faço ginástica enquanto nave-

e pronto, entro com minhas idéias, as informações

go nos links das lojas de produtos esportivos. Encontro

passadas pelo cliente e em pouco tempo meu texto

amigos no www.messenger.com, os mais antigos no

tinha muitas palavras, milhares de toques e mais de

www.icq.com e assim vou achando tudo: caminhos, in-

duas laudas.

formações, sons e amigos.

Diagramei, revisei, coloquei cores, fotos, gráficos

Esse treco é muito bom! Hoje não faço mais nada

de crescimento da fabricação de rações, consumo no

sem pesquisar muito, horas e horas. Sempre acho o

Brasil, etc... Amei! Aliás, eu e o cliente. (Amamos).

que quero e um pouco mais. A pesquisa me ajuda a entender o meu “job” e

Então tá, então!

O trabalho foi um sucesso e acabamos ganhando todas as outras áreas. Algum tempo depois fizemos o novo site da marca e mais um bando de coisas.

mos de busca espalhados pela rede

de informações e acho tudo no

mais um. Agora, quem entrar na fabricação de rações vai encontrar lá

Depois que descobri os mecanis-

www.apontador.com.br. Saio atrás

A internet me dá caminhos e eu a alimento com internet pesqui-sando o processo de

www.viciadanumapesquisa.com

não consigo ir ali sem acionar um

um “job” bem-feito me ajuda a conquistar clientes.

o meu link. É assim! Uma troca quase que imediata. Se eu continuo sonhando com o Beto Carreiro? Eu não. Ninguém merece!

Fonte de pesquisa para a abertura: http://www.vegetarianismo.com.br/artigos/fabricacao-racao.html

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58


59


marketing

René de Paula Jr. Especialista em e-business, é um profissional de internet desde 1996, com passagem pelas maiores agências do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com

O que você esperava? É simples: dê a mão, logo vão querer o braço. Simple as that. Quer ver? – Você criou um site? Ótimo! Posso ir lá então e fazer o que eu preciso sozinho? “Mais ou menos”??? Como assim? – Que bom que tem um “fale conosco”! Vocês me respondem logo? Como assim “mais ou menos”??? Usuários são tão cruéis. Se eles soubessem o trabalho que deu, as guerras políticas, o dinheiro que se gastou, as noites em claro... Eles pensam que é fácil? Agora respondo eu: pensam. E têm toda razão em pensar. Basta ele digitar o endereço do teu concorrente e pronto, ali está, no site do outro ele pode, no teu site não. Por quê? Nem tente explicar. Eu conheço os bastidores, sei como é. Os usuários também não querem saber, de problemas já estão bem servidos, e contam com teu site para resolvê-los. Essa impaciência vem de longe, e a culpa nem é nossa. Pense bem: desde sempre tudo o que você fazia no computador era quase instantâneo. Escrever um texto, usar uma enciclopédia em CD-ROM, jogar um joguinho... Se demorava um pouco, o problema era o teu PC, e a questão era fazer ou não um investimento extra. Quando a internet entrou na vida cotidiana, parecia mais uma coisa que o teu computador fazia. Ninguém tinha (e quase ninguém tem) idéia de que uma URL que você digita, uma conexão discada, qualquer coisa internética passa por uma corrida de obstáculos ida-e-volta cheia de lodaçais, arame farpado, bandidos, abismos. Para o usuário normal continua sendo mais uma coisa que o computador faz. A expectativa que já era alta se agravou com o tempo. O usuário vê duas páginas lado a lado, a da Amazon e a tua. Como você vai explicar a diferença cavalar? São páginas, enfim. Nos anúncios de TV, nos outdoors é fácil. Uma bela modelo, um fotógrafo decente, um slogan “a marca X é mais você” e pronto. Ninguém espera nada mais de um anúncio. Mas qualquer coisa online gera uma expectativa difícil de atender. É claro que você espera de mim que eu faça mais do que discorrer sobre o problema. É de se esperar que eu traga soluções, e não mais problemas. Vamos ajustar as expectativas, então. Em primeiro lugar: a natureza humana não vai mudar. Essa impiedade é uma condição de contorno do nosso problema. O

60


marketing

“Como você gerencia expectativas? Jamais prometendo o impossível e sempre indo além da expectativa criada”

que podemos fazer é levá-la em conta, gerenciá-la, e se

um “fale conosco” só funciona se houver alguém que

possível surpreendê-la positivamente.

responda. Mas aí já é tarde demais, simplesmente

Um memorável chefe meu dizia: o mais importante é gerenciar expectativas. Como você gerencia expectativas? Jamais prometendo o impossível e sempre indo além da expectativa criada.

não funciona tão bem como... o Google (outro inflacionador genial de expectativas). Um vendedor de soluções interativas que diz “Claro! O site pode ter um chat para os clientes VIP,

Gerenciar expectativas não diz respeito apenas

claro que sim” pode até fechar o negócio mais rápido,

ao cliente final. Em todo o processo de se construir

mas depois vai ter muito que explicar na hora de

produtos interativos, é fundamental que esteja sem-

manter o orçamento e, sobretudo, na hora de entre-

pre claro o que se espera de cada um.

gar o produto no prazo.

Um layout irresponsável no Photoshop, com lin-

Meu conselho: tenha sempre certeza do que

dos botões de “busca” e “fale conosco” podem passar

você promete, e entenda o melhor possível aquilo

batido no processo até a hora em que o site vai pro ar,

que teu cliente espera. Deixar para descobrir só na

e então se desco-

hora H, no clique do mouse, é um risco insano: você

bre que uma boa

estende a mão, eles querem o braço, não dá pé e por

busca é um pro-

fim... cabeças rolam.

jeto complexo e custoso, e que

No digimundo, quem te alcança sempre espera alguma coisa ;)

61


tecnologia

Abel Reis Vice-presidente de Tecnologia e Projetos da AgênciaClick, atua há doze anos no projeto de soluções de mídia interativa. Mestre em Engenharia de Sistemas e Computação pela COPPE/UFRJ, foi professor do Departamento de Informática da PUC-RJ de 1988 a 1993. Foi indicado por três anos consecutivos (2000, 2001 e 2002) pela InfoExame como um dos cinqüenta profissionais de TI mais influentes do Brasil. atreis@agenciaclick.com.br

Pirâmides, sistemas e gestão Que diferença há entre erguer uma pirâmide no Egito Antigo e implementar um moderno e complexo sistema de informações ou um portal de internet de grandes proporções? Inúmeras, mas duas chamam a atenção: a construção de uma pirâmide tinha prazos elásticos (gerações) e recursos virtualmente infinitos (material e escravos, milhares de escravos). O desenvolvimento de sistemas de software ou portais de média/grande complexidade nos coloca o desafio de especificar, implementar e testar autênticas obras de engenharia em prazos enxutos (poucos meses ou anos) e com recursos finitos (orçamentos, plataformas tecnológicas e equipes de projeto). É provável que os egípcios usassem formas rudimentares de administração de suas grandes obras (faraônicas, de fato). A Revolução Industrial, contudo, trouxe nova exigência: eficiência. A partir do século XIX, com o advento dos conceitos de Administração Científica e a introdução de controles e previsibilidade nas organizações, inicia-se a formalização de práticas e ferramentas de administração de projetos. Contudo, são os programas militares e espaciais americanos iniciados nos anos 50, os grandes impulsionadores da disciplina de Gestão de Projetos. Em última instância, práticas bem-definidas e sistemáticas de gestão de projetos visam a garantir que objetivos claramente estabelecidos entre contratante e contratado sejam atingidos em prazos aceitáveis (para ambas as partes), com alocação ótima de recursos. Ou seja, tempo e dinheiro são recursos escassos e, como tal, devem ser administrados. Neste sentido, escopo, prazo, recursos, riscos e comunicação são fatores críticos cuja administração ao longo de um projeto, permitem garantir o alcance de objetivos, minimizando riscos, e antecipando problemas. Vamos aqui nos deter em três desses fatores. Escopo delimita as entregas (conjunto de funcionalidades ou serviços, por exemplo, de um portal de internet) que devem ser apresentadas ao final de um projeto para o cumprimento de seus objetivos. É o mais elementar de todos os fatores a serem gerenciados em um projeto. Contudo é o mais negligenciado. Isso decorre quase sempre da informalidade com a qual as referidas características são descritas. No projeto de sistemas em geral a falta da especificação técnica para a delimitação e detalhamento de escopo leva invariavelmente a surpresas desagradáveis, para contratantes e contratados.

62


tecnologia

“Muitos desentendimentos entre contratados e contratantes decorrem de uma visão errada de que prazo é um alvo fixo. Infelizmente, não é”

Gerenciamento de prazo é uma atividade que

de projetos no desenvolvimento de sistemas, onde

envolve monitorar e avaliar os demais fatores de for-

internet e intranet são muitas vezes casos desse tipo,

ma a garantir que o progresso físico do projeto está

deve caber a contratados, mas também a contratan-

em linha com seu progresso no tempo. Muitos desen-

tes. Em particular, escopo, prazo e riscos são fatores

tendimentos entre contratados e contratantes no pro-

a serem geridos de forma aberta e compartilhada

jeto de sistemas decorrem de uma visão errada de

pelos envolvidos (cliente e fornecedor). No Brasil

que prazo é um alvo fixo. Infelizmente, não é. E por que

hoje é possível identificar um movimento nesta dire-

não é? Porque no projeto de sistemas de média/alta

ção através da criação de PMOs (Project Management

complexidade há diversas fontes de interferência que

Office, instância de auditoria e suporte teórico e prá-

afetam o prazo, entre eles: (a) a dinâmica das orga-

tico aos projetos), junto às áreas de sistemas de

nizações e dos mercados (novos requerimentos); (b)

grandes empresas. Desta forma, ganha-se enorme

o amadurecimento interno dos contratantes, que re-

eficácia e reduzem-se os riscos de chegar a “pirâmi-

vêem definições e necessidades (revisão de requeri-

des inacabadas”.

mentos); e (c) a eventual falta de maturidade das plataformas tecnológicas envolvidas no projeto. O tema em questão é amplo e haveria muito outros pontos a considerar. ao projeto de grandes iniciativas de internet ou intranet. Mas vale por fim lembrar que a aplicação de técnicas de gestão

artigo publicada na Revista Business Standard na edição de Julho de 2003

Todos os pontos aqui considerados aplicam-se

63


webdesign

Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão internet de algumas das maiores agências de propaganda e alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje é ProfessorDoutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. É autor do livro design/web/design:2 e administrador de uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo país. webdesign@luli.com.br

Ilusões de como construimos o real e, portanto, não podemos acreditar nele Nikolay Andreyevich Rimsky-Korsakov era um marinheiro que viveu na segunda metade do século XIX. Não que gostasse da profissão, na verdade seguia uma tradição de família se tornando Cadete Imperial aos 12 anos. O rapaz tinha gosto para a música, mas como já naquela época isso não dava exatamente dinheiro, acabou por pegar um vapor e correr mundo. Só 15 anos depois é que foi perceber que a música era importante demais para a sua vida e começou a considerar viver dela. Dois anos depois largou a marinha e correu atrás do tempo perdido: foi o autor da primeira sinfonia russa – que escreveu quase sem saber tocar nenhum instrumento – e, aos 44 anos de idade, compôs a suíte sinfônica

Scheherazade , Opus 35. Ambientada no Oriente Médio e inspirada nas histórias de Mil e Uma Noites,

Scheherazade é quase mágica: apesar do autor dizer que não quis pintar nenhum quadro específico, só guiar a atenção do ouvinte em lugares em que esteve, a imagem do Sultão amargurado que quer matar todas as mulheres com quem casa até ser cativado pelas histórias da mocinha é evidente. Com ela, surgem também o aroma de especiarias, tapetes voadores, castelos com torres abobadadas, mulheres misteriosas, véus, dança do ventre, camelos… tudo de sexy e exótico das “Noites Árabes” (título original das histórias, como traduzido pelo explorador inglês, sir Richard Burton). Inspiradora de balés, óperas, peças de teatro, filmes de Hollywood e seriados de TV, essa suíte sinfônica praticamente resume tudo o que conhecemos por “Oriente” em nosso imaginário. É de uma divertida ironia pensar que foi composta por um russo no inverno gelado de São Petersburgo. Com um pouco de discernimento, fica até engraçado imaginar violinos e pausas dramáticas naquele areal todo, mas aí é estragar o clima. Clima? Sem dúvida. Quem cria ambientes – sejam eles reais ou virtuais – depende imensamente da cumplicidade de seus visitantes, sob pena de fazer papel de ridículo. Pode-se dar o nome que quiser a essas peças de design, mas elas nada mais são que ilusões cenográficas e, como tal, devem ser esculpidas com muito cuidado para que não desmorone. Afinal, por mais que haja samba e

64


webdesign

“quando bater o desânimo, pense em Shakespeare: ele também tinha deadlines e propostas irreais. Mesmo assim, cada verso da sua obra é um espetáculo”

swing no Taj Mahal do Jorge Benjor, ninguém poderá

um tempo em um emprego bem sem graça para acu-

levar aquele teteretê a sério como descrição de cos-

mular um capital. Se, ao contrário disto, design for par-

tumes indianos.

te da sua vida, sugiro reconsiderar: a pressa passa, seu

Mas o que é realmente importante para os artesãos de ilusões (gostou? Tem bem mais charme

portfólio fica. E dizer “ganhei uma bala para fazer essa m…” não vai impressionar ninguém.

que dizáiner , não?) é saber diferenciar a imagem da

Por isso, quando bater o desânimo, pense em

realidade e, portanto, saber discernir o que deve ser

Shakespeare: ele também tinha deadlines (acredito

mostrado e o que deve ser acreditado. Como trafican-

que bem mais mortais que as suas), briefings (não

te de falsos cenários, o profissional não pode ser vi-

acredito que o Rei Henrique IV fosse um tema espon-

ciado neles, muito menos dependente deles.

tâneo) e propostas irreais (não se tem notícia que ele

Falar é fácil. Com os prazos apertados, a falta de

tenha viajado para o Novo Mundo para escrever Tem-

boas referências e gosto dos clientes inversamente pro-

pestade). Mesmo assim, cada verso da sua gigantes-

porcional a seu poder de decisão, pensar em cenários

ca obra é um espetáculo, a ponto do crítico literário

parece tão irreal quanto fazer uma crítica da Nouvelle

Harold Bloom compará-la a uma Escritura sagrada.

Cuisine em um restaurante por quilo. Não poderia ser

Acredito que ele será mais lembrado pelas futuras

mais verdade, mas pense: por que você trabalha? Se o

gerações que George Soros. Ou Bill Gates. Ou Lênin.

dinheiro for a resposta, a profissão talvez seja errada –

Citando o homem, “nós somos a matéria da qual

talvez, como o camarada Nikolay, você deva passar

os sonhos são feitos, e nossa pequena vida, rodeada por um grande sono”. Não crer nisso, num ambiente em que a estética anoréxica da moda feminina é ditada por estilistas gays, só pode ser uma infantilidade da razão. Para a sua próxima peça, pense no que Caetano diz em Outro Re-

trato : “Minha música vem da música da poesia de um poeta João que não gosta de música. Minha poesia vem da poesia da música de um João músico que não gosta de poesia”. E faça diferente. Para fazer a diferença.

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