Ed11

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novembro 2004 :: ano1 :: n 11 :: www.arteccom.com.br/webdesign

Webdesign

novembro 2004 :: ano1 :: nº11 :: www.arteccom.com.br/webdesign

by

e d i t o r a

R$ 6,90

arteccom

a peça-chave do seu site debate: usabilidade limita a criatividade?

entrevista: Sérgio Carvalho

portfólio: Dzain dupla aposta nas pequenas

estudo de caso: Chevrolet

especialista em usabilidade

e médias empresas para

Antônio Peres, gerente de

seis profissionais da área

mostra o assunto como você

crescer no mercado

e-business da GM, explica

falam sobre como lidar

nunca viu

como fez da internet uma

com a questão na hora de

fonte de lucros para

planejar um site

a empresa

banners craques na arte da criação mostram como utilizar a ferramenta com criatividade


direitos autorais


3


tas controvérsias por ser tão cheio de regras: tal combinação de cor dá melhor contraste, tal fonte é melhor para leitura, tal alinhamento é mais confortável, e por aí vai. Mas, gostando ou não de regras, precisamos sempre conhecê-las, para, quando conveniente, sabermos infringi-las. Por exemplo, acabou de nascer minha filhinha. Optei pelo parto normal, estávamos na expectativa, os nove meses já haviam passado e nada... Até que... deu 1 hora da madrugada e comecei a sentir uma cólica. Acordei meu marido e preparamos as coisas para levar. Chegamos ao hospital umas 4 horas, me examinaram e falaram que realmente eu já estava com a tal “dilatação”. A enfermeira me levou para o quarto, me deu aquela camisola verde e falou para esperar. Cada vez a dor era mais intensa. Cada vez que eu chamava (gritava) a enfermeira, porque me contorcendo, não alcançava o botãozinho (olha aí a usabilidade), ela falava: isso é normal, quando vier a dor, faça força. Se eu tivesse forças levantava dali e voava em cima dela para ela parar de falar “isso é normal”. Bem, dava para ouvir meus gritos da recepção (dois andares abaixo). Jurei que o próximo seria adotado. Ao meio-dia nasceu a Mel, de parto normal e sem anestesia, linda, com 54 cm e 4 quilos. Agora, ela está dormindo aqui, aliás, ops, acordando... :-/ Inexplicavelmente, foi o dia mais feliz da minha vida.

Direção de Arte Patrícia Maia patricia@arteccom.com.br Ilustração Beto Vieira beto@arteccom.com.br Diagramação Bruna Werneck bruna@arteccom.com.br Direção de Redação André Philippe Iunes andre@arteccom.com.br Redação Vanessa Barbosa vanessa@arteccom.com.br Publicidade Daniele Moura daniele@arteccom.com.br Assinaturas Jane Costa jane@arteccom.com.br Gerência de Tecnologia Fabio Pinheiro fabio@arteccom.com.br Webdeveloping Eric Nascimento eric@arteccom.com.br Financeiro Luana Rocha luana@arteccom.com.br Criação e edição

Sei que nada disso é importante para vocês, mas, me desculpem,

www.arteccom.com.br

não resisti. Às vezes, quando o coração fala mais alto, realmente preci-

Patrocínio

samos quebrar as regras.

www.locaweb.com.br

Produção gráfica

Um beijo!

www.ediouro.com.br/grafica

Adriana

4

Direção Geral Adriana Melo adriana@arteccom.com.br

Distribuição www.chinaglia.com.br

:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.

quem somos

Nesta revista falamos sobre usabilidade, um assunto que gera mui-

Editorial

Nasceu.

Equipe


menu apresentação

matéria de capa

pág. 4 quem somos

pág. 20 entrevista: Sérgio Carvalho

pág. 5 menu

pág. 26 usabilidade: a Lei do mais fácil pág. 37 debate: usabilidade limita criatividade?

contato pág. 6 emails

e-mais

pág. 6 fale conosco

pág. 43 estudo de caso: Chevrolet pág. 47 banner: o outdoor da web pág. 52 tutorial: carregando texto externo no Flash 2004

fique por dentro pág. 8 direito na web pág. 9 adote esta página

com a palavra

pág. 10 clipping

pág. 56 estratégia online: Marcello Póvoa pág. 58 webwriting: Marcela Catunda

portfólio

pág. 60 marketing: René de Paula Jr.

pág. 13 veterano: Dzain

pág. 62 experience design: Claudio Toyama

pág. 18 calouro: João Paulo Ferraz

pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

5


emails Assunto: Curso Arteccom

Assunto: Pensando no futuro

Gostaria de saber se vocês

Assunto:

WD na Itália!

Assunto:

Leitores ansiosos

Equipe Arteccom,

Olá, gostaria de saber se neste mês a edição 10 já

ainda estão ministrando

Aproveitando a fase de

vocês estão de parabéns

cursos.

expansão da internet para

pelo material que preparam,

foi distribuída em SP. Sou

Maurício mauricio@intersolution.com.br

diferentes meios (celular,

o qual recebo todos os

comprador assíduo da

computador, entre outros),

meses, via amigos do Brasil,

revista e normalmente

gostaria de sugerir uma

aqui na Itália!

sempre depois do dia 3, a

matéria sobre este tema,

Jorge Moreno jorge.moreno@email.it

edição já está na banca,

incluindo é claro a forma

Uau! Chegamos até a Itália?!?

como os atuais webdesigners

Obrigada, em nome de toda a

podem ir se preparando em

equipe, pelos elogios.

Sim, Maurício. Temos o curso online (que atende todo o Brasil) “Web para Designers”, um curso totalmente conceitual sobre criação de sites, sem uso de softwares. Em janeiro abriremos novas inscrições, com vagas

limitadas.

Para

mais

informações acesse: www.arteccom.com.br/webparadesigners

não consigo achar. Alan axl-designer@uol.com.br

termos de conhecimento para

Sou um leitor assíduo da

atuarem nesse (futuro)

revista. Adoro a forma

cenário.

como são tratadas as

Marina Barros barros@teladg.com

questões que surgem nas cabeças de cada um de

Oi Marina. Na edição de dezembro,

nós, profissionais de Web

sobre o futuro da internet, falaremos

& Design. Tudo bem,

sobre os diferentes meios. É só

elogios à parte: onde está

aguardar, ok? Vamos caprichar na

a edição de Setembro?!!?

edição de fim de ano! Sugestão: uma história sobre

Estou ficando louco "à

a web desde o princípio

procura da revista

(passando pelos dias de hoje)

perfeita"(D2)... Não a

até o que o futuro nos

encontro em nenhuma

reserva...

banca aqui de Sampa.

Djavan Carvalho djavancarvalho@uol.com.br

Geralmente elas estão lá, na prateleira da banca no

Fizemos uma matéria sobre a história

começo do mês, mas hoje

da internet na edição 3. Sobre o

é dia 23 e nada da

futuro, abordaremos na edição 12. Assunto: O que as empresas mais priorizam

mas já fui em diversas e

Assunto:

Tablet

revista... EU QUERO A Assunto: Leitor feliz

MINHA!!!!!! Abraço a todos.

Prezados, gostaria, se

Por favor, aumentem a seção

Seria interessante uma

possível, que me

de emails. Acho muito show

Anderson dos Santos Silva anderson@andweb.com.br

reportagem sobre o que as

informassem o contato do

como vocês tratam o leitor,

Olá Alan e Anderson, tudo bem?

empresas mais priorizam do

representante do tablet da

parece que fazem parte da

As edições foram distribuídas

profissional que está saindo

Wacom no Brasil. Preciso

minha família. Gostaria de

normalmente, mas em algumas

da universidade e entrando

adquirir uma com urgência.

uma matéria sobre cores e

bancas as edições de setembro e

no mercado de trabalho de

Ivan Pedro ivanpedro@estacoes.com.br

tipografia.

outubro

Olá Ivan, tudo bem? Temos vários

Vitor Gois vitorg@sd2000.com.br

rapidamente. A partir de janeiro

representantes da Wacom no Brasil.

É que eu fico inspirada quando recebo

Em São Paulo você pode entrar em

esses emails super carinhosos de

contato com a Johe pelo tel. 11 5536-

vocês ;-)

3705 (johe@ johe.com.br) e com a

Aliás, sua matéria sobre cores já saiu

tablet pelo telefone: 11 3813-0044

na edição de outubro. Depois me fale

(vendas@tablett.com.br).

se gostou, ok?

webdesign ou estagiando na área, assim como uma lista com as principais empresas que oferecem estágios e oportunidades. Ellen Duarte ellen_76rj@yahoo.com.br

Muito

bom,

Ellen!

Faremos

exatamente este debate. Adorei sua idéia! fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.

6

foram

esgotadas

de 2005, vamos aumentar a tiragem, mas, por enquanto, o negócio é correr para pegar a sua antes que acabe. Um grande abraço.


7


direito na web

Autor-funcionário Eu queria saber se caso eu tenha feito um site para um cliente e ele me pagou, terminando o contrato ele pega o site e manda outra pessoa mudar toda a cor do site, mas continua com o meu layout igualzinho, não mudou nada, como posso recorrer ou até mesmo saber quais são os meus direitos. Vitor Góis, vitorg@sd2000.com.br

Marianna Furtado é advogada com pós-graduação em Direito da Propriedade Intelectual pela PUC-Rio. Atualmente, pertence à equipe do escritório

Primeiramente, há que se recordar que,

ao cliente, quando do pagamento do referido

conforme esclarecido na edição de agosto, o

projeto, mesmo que os direitos patrimoniais

direito autoral, tendo em vista a presença de

(utilização econômica da obra) tenham sido ce-

vínculos pessoais e patrimoniais entre autor e

didos de forma total e definitiva, o cliente não

obra, é subdividido entre duas espécies de

poderá modificar, nem solicitar que outra pes-

direitos: os direitos morais e os direitos

soa modifique as características do projeto

patrimoniais.

gráfico sem a autorização do autor do layout

Da simples leitura da pergunta, o leitor

em questão. Isso porque os direitos

não deixa claro o que quis dizer com “termi-

patrimoniais que foram cedidos ao cliente cons-

Lioce Advogados.

nando o contrato”. Se terminou o lapso tem-

tituem uma faculdade e não “um direito propria-

Envie sua dúvida para:

poral (prazo) autorizado pelo webdesigner

mente dito”, pois o webdesigner pode ou não

para que seu cliente pudesse utilizar-se da-

autorizar, bem como determinar as condições

quele projeto gráfico (layout), não há dúvi-

de uso do projeto gráfico: “mesmo no regular

das de que o cliente, além de não poder soli-

exercício de direitos patrimoniais, o cessionário

citar que outra pessoa modifique a cor do

de direitos autorais não tem a autonomia de

projeto gráfico (em respeito aos direitos mo-

‘proprietário’ do bem adquirido, em decorrência

rais), já não pode nem utilizá-lo em seu site.

da impossibilidade de rompimento da ligação

Nesse caso, o webdesigner poderá notificá-lo

existente entre a obra e seu autor, em todos os

extrajudicialmente (de preferência, através de

momentos – e diferentes formas – de utilização

correspondência registrada junto a um Cartório

daquela” 1.

Montaury Pimenta, Machado &

marianna@montaury.com.br

COSTA NETTO, José Carlos.

1

de Registro de Títulos e Documentos) para que

Portanto, caso não esteja estipulado em

o cliente cesse o uso do layout ou até mesmo,

contrato que o cliente possa modificar o projeto

se for de seu interesse, renovar a autorização

gráfico do site, o webdesigner poderá se opor a

para o uso, estipulando um período adicional

toda e qualquer modificação, conforme precei-

mediante nova remuneração para tanto. Se o

tua o inciso IV do artigo 24 da Lei de Direitos

cliente não acatar as solicitações feitas na No-

Autorais (Lei n.º 9.610/98). O direito assegurado

tificação, o webdesigner poderá reclamar judi-

por este dispositivo legal confere ao webdesigner

cialmente seus direitos.

a possibilidade de impedir quaisquer atos que

Se o webdesigner terminou a elaboração

Direito Autoral no Brasil.

do projeto e cedeu (de forma total ou parcial e

São Paulo: FTD, 1998.

temporal ou definitiva) os direitos patrimoniais

8

afetem a integridade do projeto gráfico ou que, de qualquer forma, o modifique.


em animação, multimídia, digital design com o melhor render foto-realístico do mercado. Sendo a oportunidade que webdesigners aguardavam para aprimorar seus conhecimentos, complementar seu currículo profissional e diversificar suas criações, a R3F oferece o mais completo treinamento, totalmente modular, com até 120 horas já na nova versão 8. Através de uma sofisticada e intuitiva interface de modelagem e animação, o Lightwave apresenta uma ótima curva de aprendizagem, oferecendo resultados profissionais em curto espaço de tempo. Nenhum outro software 3D supera sua produtividade, facilidade no uso e rapidez no aprendizado. Para saber mais, visite nosso site www.r3f.com ou entre em contato (11)6674-4073 / contato@r3f.com

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R3F, colabore com este projeto e

divulgue gratuitamente sua empresa! Adotando esta página, a R3F contribuiu para a manutenção do projeto Magê-Malien – Crianças que Brilham. O projeto possibilita o acesso de crianças de comunidades carentes de São Gonçalo - RJ ao universo da educação, arte e cultura, fundamentados na prática da capoeira. Você também pode ajudar a manter o brilho dessas crianças.

Tel: (21) 2253-0596 Email: publicidade@arteccom.com.br Para conhecer o projeto Magê-Malien, visite o site www.arteccom.com.br/magemalien.

99

adote esta página

Um produto mundialmente reconhecido exige total dedicação. Pensando nisso, a R3F Digital Design se tornou a primeira e única consultoria no país dedicada exclusivamente ao Lightwave, o mais completo e avançado software 3D, largamente utilizado


clipping Rapaz come 13 baratas para ganhar iPod nos EUA Um concurso realizado no Palisades Center em Nova York deu um iPod a quem comesse mais baratas assadas. O vencedor foi Shai Pariente, de 22 anos, que comeu 13 baratas - uma a mais que o segundo colocado, Noam Gil, de 23 anos. “Estavam boas. Crocantes e salgadas. Eu comeria de novo”, disse Pariente, feliz com seu music player no bolso. Bettie Abney, de 15 anos, comeu apenas cinco petiscos e saiu para vomitar. A terceira colocada, Elisabeth Dominguez, de 19 anos, degustou três baratas e seguiu Abney após ter engasgado. As baratas foram preparadas por David George Gordon, chef especializado no assunto e autor de “The Eat-a-Bug Cookbook” (“O Livro de Receitas Para Comer Insetos”). A competição foi organizada pelos distribuidores do filme “A Rainforest Adventure: Bugs! in 3D” (“Uma Aventura na Floresta Tropical: Insetos! em 3D”), que mostra as aventuras de um louva-a-deus e uma lagarta pelas selvas de Bornéu.

(01)

Em entrevista ao jornal alemão “Die Wlet” sobre seu novo livro, “La Misteriosa

Empresas usam spyware para obter informações estratégicas

fiamma della regina Loana” (“A misteriosa chama da rainha Luana”), o escritor

O portal especializado em segurança digital

Umberto Eco disse que a web pode gerar “uma falta de comunicação global”.

Astalavista.net (www.astalavista.net)

“Vivemos em uma época onde há mais informação disponível do que pessoas. A

publicou entrevista com um suposto criador

enciclopédia é infinita. Antigamente, havia o trabalho de filtrar a informação (...).

de programas espiões.

Na internet, anulamos este valor. Hoje existe o perigo de que seis bilhões de

Segundo o programador, que não quis se

pessoas podem ter seis bilhões de enciclopédias particulares e, com isso, uma não

identificar, “mais e mais empresas, na

entenderá mais a outra. Isso será mais perigoso do que a batalha do Ocidente

maioria legalizadas, estão tirando vantagem

contra o Islã ou de você contra mim”, disse o escritor e semiólogo italiano ao jornal,

do mercado negro dos programas espiões.

explicando que o maior problema está na liberdade e facilidade de publicação de

Não é preciso ser um gênio para saber a

informações na web “que impossibilitarão a existência de referências culturais

quantidade de informações que podem ser

comuns ao redor do mundo”.

recolhidas usando uma rede infectada com

Umberto Eco critica a web para jornal alemão

Ao mesmo tempo em que criticou o

ferramentas de monitoramento”.

excesso de referências existentes na

O criador de spywares também afirmou que

web, Eco também discordou da

as principais motivações para o

tendência de alguns intelectuais

desenvolvimento desse tipo de programa são

“assumirem o papel de oráculo para

obter informações estratégicas e,

encontrar respostas para todos os

conseqüentemente, lucrar.

problemas”.

Ele também afirmou que a competição entre as empresas que utilizam esse expediente é tanta, que já existem spywares que se

(02)

atualizam automaticamente.

(03)

Projeto de inclusão digital do governo prevê uso de software livre Os computadores que serão utilizados nos projetos de inclusão digital do governo federal, que vai levar internet com banda larga para várias regiões do país, serão equipados com software livre. A medida dá prosseguimento à intenção do governo de difundir nos órgãos públicos esse tipo de programa, que concentra gastos em treinamento em vez de pagamento de licenças. Isso também deve baratear o projeto, que prevê a instalação de 2 milhões de computadores no país. A expectativa da Anatel é que o serviço comece a ser implantado a partir do início de 2005.

(04)

10


clipping Criador do Blogger, Evan Williams deixa o Google

O chip em você

Evan Williams, criador do Blogger, revelou em seu blog Evhead

Ele pode conter informações médicas

que está deixando o Google. A companhia confirmou a

– tipo sangüíneo, lista das

informação.

substâncias a que você tem alergia,

“Há quase seis anos eu comecei a trabalhar no que se tornaria a

doenças que você tem ou já teve.

companhia que eu vendi à companhia com a qual nós começamos

Pode ainda conter uma senha

a conversar dois anos atrás por causa do produto que nós

automática que destranca a porta de

lançamos cinco anos atrás”, escreveu Williams no início do post,

sua casa ou de seu carro quando você

referindo-se à Pyra Labs, criada por ele em 1999 e comprada pelo

se aproxima, desliga os alarmes e

Google em fevereiro do ano passado.

acende as luzes quando você entra. Pode ser, ainda, um

“Sim, eu estou deixando o meu

instrumento de status, avisando a catraca eletrônica da área

bebê (ou seria um adolescente

vip do clube para dar passagem ao portador. Se estiver ligado

agora?) nas mãos de um time que

à rede bancária, o chip poderá até pagar a conta.

juntamos durante os últimos anos.

A tecnologia para isso não só já existe como recebeu, nesta

E eu estou tirando um tempo para

semana, aprovação da FDA, agência do governo americano

pensar”, revelou.

que libera (ou não) novos remédios e alimentos. A FDA

Evan Williams também afirmou em

autorizou o uso de implantes de chip exatamente para

seu texto de despedida que a

registrar dados médicos. Um portador do aparelho, ao dar

decisão de deixar o Google foi

entrada em um hospital, poderá ter seu histórico médico lido

inteiramente dele.

Que tal ter um chip debaixo da pele?

instantaneamente por um scanner especial, como se houvesse

(05)

um código de barras impresso no corpo.

(06)

Dominando 3ds max 6 O que há de novo no 3ds max 6? Devo fazer um upgrade? Como o 3ds max 6 pode me ajudar a ser mais produtivo? Neste livro, o autor Ted Boardman responde a todas essas perguntas e a outras mais. Com essa orientação, o leitor entenderá não apenas o processo, mas também as razões que o fazem

“Dominando 3ds max 6”

prosseguir. Acompanhando os

Autor: Ted Boardman

exercícios e tutoriais oferecidos, o leitor descobrirá os novos recursos

Editora Moderna

Fisgue seu Peixe Grande! A revista Webdesign está lançando o Selo Peixe Grande, que vai

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indicar os melhores portfólios (05)brasileiros de sites de 2004. O

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ranking com os 10 melhores será divulgado na edição de janeiro

da versão 6 que tornam o max

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(01) http://informatica.terra.com.br/interna/0,,OI402868-EI1140,00.html (02) http://info.abril.com.br/aberto/infonews/102004/01102004-11.shl (03) www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u17082.shtml (04) www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u17174.shtml (05) http://info.abril.com.br/aberto/infonews/102004/06102004-12.shl (06) www.estadao.com.br/tecnologia/coluna/orsi/2004/out/14/52.htm

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Por Vanessa Barbosa

Tudo começou na Panamericana, Escola de Arte e Design em São Paulo. Júnior Cardoso e Jaime Bregantin estudavam juntos e logo perceberam que tinham em comum a paixão pelo design e a vontade de ter seu próprio negócio. Deixaram as agências e os freelas em que trabalhavam para formar a Dzain Comunicação. Há dois anos no mercado, o estúdio de criação aposta na criatividade, na qualidade e no preço acessível para conquistar cada vez mais clientes.

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portfólio veterano ::Dzain

Dzain na pele


portfólio veterano :: Dzain

Júnior, 24 anos, é publicitário, diretor

que atendem esse mercado”, afirma Jaime.

de arte e criação e cuida da área de atendi-

Byg Transequip, Faculdade Alfacastelo e

mento da empresa. Jaime, 27 anos, é

NeoVizion são alguns clientes que o estúdio

designer e também diretor de arte e criação.

atende junto com a R4. Outros nomes no

A dupla atua nas áreas online e offline, de-

portfólio são a Cultura Inglesa, Nordsee e

senvolvendo projetos para internet, como

Real HipHop. “Fazemos trabalhos também

websites, hotsites, banners, campanhas,

para alguns artistas. Agora começamos a fa-

animações para motion grafics, e está ingres-

zer o site do Zeca Baleiro”, destaca o

sando na área de composição de interfaces

designer.

para DVD.

Qualidade e bom preço

A Dzain Comunicação divide o escritório

Para Júnior, a Dzain se destaca por ofe-

com a R4 Consultoria & Comunicação. A R4 é

recer uma solução visual de alta qualidade,

uma empresa que, além de assessoria de im-

por entregar o trabalho no prazo estabeleci-

prensa, faz projetos e planejamentos de

do com o cliente e, muitas vezes, até fazê-lo

marketing, projetos editoriais para impressos

antes do tempo combinado. Outro fator é o

e web. A Dzain cuida da comunicação visual e

bom preço. “Isto está nos ajudando muito.

de toda parte de criação. Segundo Jaime, “é

Reduzimos alguns custos, pois hoje em dia o

uma parceria super bacana porque os servi-

mercado está muito competitivo. É uma forma

ços das duas empresas se completam”.

de nos destacarmos”, complementa.

Os primeiros clientes vieram com muito

Outro diferencial é buscar a união do

suor. “Passávamos horas prospectando até

bom design com a criatividade. “Acredito que

que surgiu o primeiro”, lembra Júnior. Desde

nosso diferencial não está no portfólio nem

então, os seguintes vieram por indicação ou

nos clientes atendidos, e sim no conjunto de

procuraram o estúdio por conhecerem o efici-

pessoas que desencadeiam o processo criati-

ente trabalho desenvolvido.

vo. Criatividade e um bom design são o nosso

Os clientes, na maioria, são pequenas e

foco”, explica Jaime.

médias empresas: “esse nicho está muito mal

A principal meta da empresa é a supera-

atendido, pois são poucas as boas agências

ção. Para isso, a dupla está sempre atenta às tendências e ao mercado. Segundo Jaime, o objetivo do estúdio é unir conceito, design, usabilidade e criatividade.

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GissOnline “Para aumentar a arrecadação e inibir a sonegação dos impostos existe a GissOnline. É uma ferramenta completa de gestão de issqn online e offline. Este é o mais novo cliente aqui do estúdio. Estamos

Nordsee

realizando uma campanha online com hotsite que será sempre

“A comunicação visual da Nordsee, importadora de frutos do mar, era

atualizado.

meio apagada, muito centrada no azul, por causa da referência ao

Além desse job, trabalharemos toda a sua nova identidade visual, na

mar. Fomos, aos poucos, ‘esquentando’ todos os materiais.

qual criamos um folder, encartes e rótulos para CDs. O principal

Privilegiamos fotos dos pratos prontos, com uma produção legal, para

projeto realizado foi um vídeo institucional (overview) que funcionou

dar vontade de comer mesmo! Esse conceito foi utilizado em banners,

em DVD para exposição em uma feira na qual a empresa participou.

materiais impressos e, ao completar 10 anos em outubro, criamos uma

Para este cliente criamos uma comunicação visual moderna e

logomarca comemorativa para a empresa, que foi aplicada em toda a

arrojada, sem perder a estética e o tema, de modo que a marca fique

papelaria e serviu como base para a criação de um site clean,

mais visível, dando destaque aos detalhes, textos e uma publicidade

funcional e inspirador.”

dirigida ao público-alvo.”

Cultura Inglesa

Trio Mocotó

“Desenvolvemos o hotsite do 9º Cultura Inglesa Festival, evento que

“Esse trabalho também foi bastante desafiador. Para quem não sabe o

busca estimular a criação, por novos talentos brasileiros, de obras

Mocotó é considerada a banda que junto com Jorge Benjor ‘inventou’

inspiradas na produção cultural britânica recente nas áreas da música,

o samba-rock. Eles têm e são história.

dança, teatro, artes visuais e cinema.

Procuramos colocar o máximo de informações e curiosidades para os

O projeto envolve três etapas. Na primeira o foco foi estimular a

fãs. O site tem toda a história dos caras, a discografia, perfil de cada

participação dos artistas nas áreas propostas pelo prêmio, que conta

um deles. Um montão de coisa, mas que está apresentada de um jeito

com recursos em flash para cadastro de mailing e o envio periódico de

bem clean e uma navegação super facilitada.

uma newsletter. Na segunda etapa, que acontecerá em dezembro, o

Outro diferencial é a jukebox. Lá você pode escolher um disco ou

hotsite divulgará os vencedores e na última, programada para 2005,

escutar randomicamente. Fizemos uma programação que permite

estará disponível a agenda do festival, com dias e horários dos

uma seleção aleatória e o visitante tem a sensação de estar

shows, peças e exposições.”

escutando uma rádio.”

www.gissonline.com.br www.nordsee.com.br

www.culturainglesasp.com.br/festival

www.triomocoto.com.br

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portfólio veterano :: Dzain

Alguns projetos da Dzain:


portfólio veterano :: Dzain

Tanta dedicação só pode resultar em sucesso e reconhe-

“Sempre tem gente

cimento. “Já chegamos duas vezes como Top3 no Ibest com os

nova mostrando a

websites do Real HipHop e também do FutGame.com.br”, afir-

cara e isso faz com que você tenha que

ma Júnior. Do lápis ao cinema: tudo inspira Para alimentar a criatividade e desenvolver projetos de

extrair o máximo das

qualidade, a dupla busca diferentes fontes de inspiração. Jai-

suas idéias e jamais

me procura nos livros, internet, filmes e música. “Mas na ver-

poupá-las” Júnior Cardoso

dade, tudo que vejo me inspira. Não posso esquecer que um bom briefing e uma comunicação eficiente com o cliente é meio caminho andado para a inspiração.” Júnior descobriu que o teatro pode dar uma renovada no ânimo. “Assistir algumas peças para dar umas risadas e refletir o cotidiano é ótimo. Também não dispenso um cinema ou um bom DVD para relaxar.” E afirma que o profissional precisa estar ligado em tudo a sua volta. “A inspiração está em tudo ao seu redor, basta você procurar que acha, desde um simples lápis até as teclas do teclado podem te inspirar a criar alguma coisa. Para se inspirar, basta você pirar. Pirar no bom sentido, usando a criatividade”, brinca. Humildade sempre Estudar e evoluir sempre, além de oferecer um trabalho de qualidade, entregá-lo no prazo e com preço acessível. Estas são as dicas da dupla da Dzain para quem está entrando e deseja sobressair no mercado. “Quando percebi que estava no meio de inúmeros designers criativos, comecei a me mexer. Não parei de criar. Desde então estou sempre estudando algo, experimentando alguns layouts, criando peças, enfim, tentando evoluir sempre, pois o mercado é muito competitivo. Sempre tem gente nova mostrando a cara e isso faz com que você tenha que extrair o máximo das suas idéias e jamais poupá-las. O que leva você a trabalhar com design é sentir na pele o carinho especial pela arte”, afirma Júnior. O relacionamento entre a empresa e o cliente também é muito importante. “Deve ser de parceria. Não encaramos nossos clientes como apenas mais um cliente e sim como um parceiro, um amigo, pois deixamos que ele dê sugestões, palpites

16 16


para enriquecer o trabalho, fazendo com que o resultado final atinja seus objetivos”, ressalta Júnior. Respeito, bom atendimento e entrosamento nas informações facilitam o desenvolvimento do projeto. O profissional de webdesign deve estar atento a alguns problemas que podem surgir durante a criação de um site. Para o publicitário, um briefing “mal passado” atrapalha tudo. “A arquitetura de informação, o fluxograma da navegação, tudo tem de ser bem detalhado para não cometer erros. Se algum desses pontos estiver mal feito, o resultado final não será o esperado”, afirma Júnior. E Jaime destaca a importância de saber coisas básicas sobre o trabalho, como o público-alvo e os objetivos do site como ferramenta de comunicação, antes de iniciar a criação. Para crescer na profissão, Júnior acredita ser imprescindível buscar sempre a inovação e a troca de informações com outros profissionais do meio. “E nunca se ache o melhor. Humildade nessa área é a melhor qualidade”, conclui Jaime.

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portfólio calouro :: João Paulo Ferraz

Sempre alerta! Por Vanessa Barbosa

O interesse pela carreira começou quando trabalhava em uma editora e

O paulista João Paulo Henrique Ferraz, o Jony, sabe aproveitar as horas de folga. Foi assim que conheceu o design, correu atrás e

aproveitava as horas vagas para ler jornais e revistas sobre a área de publici-

hoje, aos 24 anos, é diretor de

dade e design. Qual foi o resultado? “Comecei a querer fazer aquilo que esta-

arte em uma produtora de feiras e

va naquelas páginas, fui em busca de informações, fiz curso aqui e ali, traba-

eventos. Atento às tendências,

lhei com gente muito boa e aqui estou!” Atualmente, João Paulo atua na direção de arte, criação e produção de páginas para web na Transnacional Feiras e Eventos, empresa em que trabalha há seis meses. Conseguiu os primeiros trabalhos através de indicações de amigos da

continua aproveitando o tempo livre para ler e se atualizar em relação às novas tecnologias.

área e de clientes que atendeu nos lugares por onde passou. Cursando o quarto ano de Publicidade e Propaganda na Fundação Álvares Penteado (FECAP), em São Paulo, Jony acredita que o mercado espera um profissional de webdesign capacitado e consciente do que faz, o que, segundo ele, muitas vezes exclui a necessidade de formação acadêmica. No portfólio Jony possui clientes como Kodak, Metrô de São Paulo, Aliança Metalúrgica, Instituto Tomie Ohtake, Monsanto, Copespuma, entre outros. Segundo João Paulo, a renda extra é a maior vantagem do trabalho

www.xmit.com.br/jonys/index.htm

freelance. Além disso, ele destaca a importância de fazer um projeto bem feito e de qualidade, o que rende outros jobs, pois um cliente indica para o outro. Trabalhar de madrugada, no feriado e nos fins de semana é para Jony a desvantagem do freela, mas que é superada, porque quando se faz o que gosta tudo pode ser contornado. “Agora, o que me tira do sério é quando sou obrigado a ouvir ‘pitacos’ de pessoas que contratam o trabalho: ‘troca a cor daqui, ACHO que fica melhor assim’. A maioria que diz essas coisas sente-se no direito de criticar o trabalho de um profissional que estudou e muito para isso. Achar por achar, deixa que eu acho melhor. É isso que todo profissional deveria dizer. Opinião é

www.copespuma.com.br

sempre válida, porém que venha com conteúdo. De médico e louco todo mundo tem um pouco, de designer então, vishhh!” Hoje o tempo livre é curto. Quanto tem, Jony aproveita para curtir a namorada, o filho Leonardo de quatro anos, visitar exposições de arte, ir ao cinema e, claro, ler sobre o que acontece na área de design. “Não consigo me desligar da área...(risos).” E João Paulo tem planos para o futuro: “daqui a cinco anos espero estar com minha própria agência de websites”. www.monsanto.com.br

O site do João Paulo é <www.xmit.com.br/jonys/index.htm> e o email para contato, <jonyleco@terra.com.br>.

18

Para participar da seção portfólio, cadastre-se no site www.arteccom.com.br/webdesign.


19


usabilidade nua e crua

Usabilidade nua e crua Por André Philippe Iunes

“Se eu não entendo, eu não clico.” É assim que Sérgio Carvalho, um dos mais respeitados consultores em usabilidade do país, define o pensamento do usuário que utiliza um site com informações mal trabalhadas.

Co-fundador da Sirius Interativa, Sérgio explica, em uma conversa bem didática e sem rodeios (como manda a boa usabilidade), algumas formas de tornar as coisas mais simples e objetivas na rede. Formado em Desenho Industrial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), trabalhou como designer no Brasil e na Suíça. Em 1994, criou, na Sirius Interativa, o departamento de experiência do usuário, no qual tem prestado consultoria para importantes entidades e empresas, como Renault, Varig, Embratel, Petrobras, Banco Central, Fundação Getúlio Vargas (FGV), Souza Cruz, Shoptime, entre outras. Devido ao seu reconhecimento como especialista no assunto, foi um dos coordenadores do Congresso Latino-Americano de Interação Humano-Computador (CLIHC), em 2003. Sendo assim, pare, escolha um lugar ergonômico e interaja com as palavras deste guru brasileiro. Elas certamente serão de grande utilidade.

20


meio online. A que se deve a crescente valorização dos aspectos relacionados à boa experiência do usuário em um site? Sérgio :: Devem-se à percepção de todos os atores deste processo, sejam eles clientes ou desenvolvedores, e dos benefícios que os métodos centrados no usuário proporcionam. O sucesso de iniciativas como o site da Amazon ou da Continental airlines, por exemplo, que buscaram o aumento na conversão e retenção de usuários por meio de uma diferenciada experiência interativa, apenas reforça e confirma a importância do analista de usabilidade para que se atinja os objetivos estratégicos estabelecidos.

“A usabilidade

O seu trabalho permite que os arquitetos de informação, profissionais de conteúdo, designers

deve ser percebida pelo designer não

resposta de um email, seja em um sistema de nomenclatura pouco clara ou em códigos HTML não otimizados para acesso via banda estreita. Há pouco tempo, fizemos um teste em um site

de ’regras pétreas’

de B2C, em que muitas das informações mais relevantes sobre um serviço estavam na categoria de FAQs. Dos 10 usuários testados, todos das classes A e B e com curso superior, oito não sabiam

que restringem a

que FAQ era a abreviatura de perguntas mais freqüentes em inglês e não buscaram a informa-

sua ação criativa,

ção nesta área. Sendo assim, não conseguiram localizar a informação desejada, deixando de fi-

mas sim como uma forma de validar a

interação do sistema”

que está sendo proposta e façam eventuais ajustes de curso. A experiência interativa pode ser reforçada ou comprometida por qualquer um dos aspectos da solução. Seja no tempo de

como um conjunto

qualidade de

e analistas de sistema possam acompanhar como os usuários reagem e interagem com a solução

nalizar a compra do serviço por conta desta situação. Ou seja, se eu não entendo, eu não clico. Wd :: Pela sua experiência profissional, qual seria a sua maior crítica com relação aos estudos de usabilidade? Sérgio :: Já observamos no passado, por nossa própria experiência, e por meio de estudos conduzidos por outros profissionais, que pode existir uma grande diferença entre realizar um trabalho que gere recomendações relevantes e uma implementação que traduza, de forma

Recomendações

X

Na usabilidade, as recomendações

correta, estas recomendações. Muitas vezes, a recomendação pode ser tão subjetiva e ampla que as soluções de correção, que

são um conjunto de possíveis

venham a ser propostas pela equipe de desenvolvimento, podem

soluções para problemas observados

divergir bastante em sua efetividade. Dois pontos importantes a

durante uma avaliação de uma interface.

considerar: primeiro, é importante que o trabalho de consultoria não acabe na entrega do relatório e que possa continuar até que

as correções sejam propostas, validadas e executadas. Em segundo lugar, os relatórios devem conter, quando pertinente, sugestões de como implementar uma solução. Wd :: Um dos autores mais respeitados e populares sobre usabilidade é o dinamarquês Jakob Nielsen. Pelo fato do seu trabalho ser o mais difundido, há o risco dos conceitos de Nielsen se tornarem verdades absolutas entre os profissionais de internet? Sérgio :: Jakob Nielsen vem exercendo um papel central na disseminação da usabilidade ao realizar palestras e escrever artigos e livros direcionados aos profissionais de web. Seu renome

21

usabilidade nua e crua

Wd :: O termo usabilidade ganhou força nestes últimos anos no


usabilidade nua e crua

“O importante é que o analista de usabilidade possa trabalhar em parceria com o designer no desenho e ajustes da solução gráfica. No final, todos saem ganhando, principalmente o usuário”

é justificado e o seu trabalho amplamente reconhecido. E exatamente por ser o autor mais difundido nesta área, que suas opiniões acabam tendo um peso excepcional. Mas manda o bom senso, que as recomendações

sa ser fei-

eventualmente feitas por ele, como as de

ta ao longo de

qualquer outro autor, possam ser validadas

todo o ciclo de

de acordo com o contexto e públicos-alvos de

desenvolvimento do projeto. Na fase de levan-

cada projeto e balizada a outras fontes rele-

tamento de requerimentos, são realizados:

vantes de informação. Ou seja, cada reco-

análises de benchmark, para identificar as me-

mendação está atrelada a um determinado con-

lhores práticas

texto e pode não se mostrar pertinente a uma

em soluções web

outra situação. O flash é ruim? Em absoluto. O

para o segmento

seu uso, porém, pode ser ou não adequado

no qual o cliente

processo de avaliação de uma

para um determinado projeto. Em um hotsite

atua e identificar

empresa em relação à concor-

promocional, direcionado a usuários experien-

funcionalidades

tes das classes A e B, o flash se mostra adequa-

que possam ser

informações do mercado. Sua

do. Já em um trabalho governamental, que

incorporadas ao

meta é fazer uma comparação,

tem a obrigação de se comunicar com todos os

projeto; sessões

brasileiros, ou um site de comércio eletrôni-

de

co, que tem por objetivo estratégico alcançar

foco e publicação

o maior número possível de usuários, o flash

de questionários

pode não ser a melhor opção. Portanto, ler

online para che-

Nielsen é preciso, contextualizar as suas opi-

car a percepção e motivação dos usuários;

niões também.

testes de usabilidade ou análises contextuais

Wd :: Algumas empresas tentam pressu-

para acompanhar o comportamento do públi-

por o que o usuário deseja e acabam de-

co-alvo, quando interagindo com a versão

senhando navegações e

corrente do site, identificando suas deficiên-

interfaces sem levar em

cias e qualidades.

conta as reais necessida-

Na fase de arquitetura, pode-se realizar o

des de seus visitantes.

Card Sortings, que validam a forma como os

Dessa maneira, quais são

usuários do público-alvo organizariam o con-

as metodologias que iden-

teúdo do site, e testes de usabilidade em um

tificam essas prioridades

protótipo do design de interface, em que o

iniciais no planejamento de

usuário pode navegar e realizar tarefas, e

um site?

22

grupos

de

Benchmark

X

Segundo o Dicionário de Comunicação, benchmark é o

rência, desenvolvido por meio da contínua pesquisa de

levantando possibilidades de inovações tecnológicas e operacionais do negócio. Seu objetivo final é a competitividade para superar a concorrência.

cuja observação permite a detecção de pro-

Sérgio :: O mais importante é que a validação

blemas e ajustes de baixo custo em uma fase

de uma solução, junto ao seu público-alvo, pos-

ainda inicial do projeto.


em parceria com o designer no desenho e ajustes da solução gráfica. No fi-

que o webdesigner tem de levar em con-

nal, todos saem ganhando, principalmente o usuário.

sideração quanto à aplicação dos con-

Wd :: Como o estudo de usabilidade pode auxiliar para que um site seja

ceitos de usabilidade na internet?

adaptado aos usuários portadores de algum tipo de deficiência física?

Sérgio :: A usabilidade deve ser percebida

Sérgio :: Existem no Brasil, segundo o IBGE, mais de 24 milhões de portadores

pelo designer não como um conjunto de “re-

de alguma deficiência áudio-visual, cognitiva ou motora. São mais de 16 mi-

gras pétreas” que restringem a sua ação cri-

lhões com algum nível de perda de acuidade visual. Neste sentido, os pontos

ativa, mas sim como uma forma de validar a

de validação descritos no Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) para

qualidade de interação do sistema. Cito o

a acessibilidade de sites podem ser incorpo-

exemplo da equipe de criação do site da

rados ao dia-a-dia dos projetos web e benefi-

Audi, que propôs um menu de navegação

ciarão a própria experiência do usuário, seja

publicado pelo W3C que tem por

do lado direito da tela, ao invés do lado es-

porque ele é deficiente visual, seja porque

objetivo orientar os produtores

querdo. O analista de usabilidade buscou

ele está com o braço quebrado e tem de na-

realizar testes por tarefas exatamente

vegar usando o teclado ou mesmo no caso em

para avaliar se esta solução poderia inter-

que esteja acessando a web com um navega-

ferir na navegação dos usuários. O resulta-

dor antigo ou com o javascript desabilitado. Muitas dessas recomendações são

do mostrou que não havia perda e o site foi

de fácil implementação e implicam apenas na mudança ou inserção de alguns

implementado desta maneira. Logo, os re-

procedimentos no processo de desenvolvimento, seja durante a arquitetura

sultados obtidos com metodologias de

de informação, design gráfico, webwriting ou programação. A acessibilidade se

usabilidade devem ser vistos como impor-

mostra importante tanto no plano governamental, que tem de se comunicar

tantes referências, e não regras, sobre

com o conjunto da população brasileira, quanto para um site transacional, que

quais soluções podem ser mais ou menos

vende produtos a um público com potencial maior. Afinal, em um mundo real

efetivas de acordo com um determinado

inadequado e pouco preparado para esta parcela da população, o mundo vir-

contexto e público-alvo. O importante é que

tual passa a ser uma válvula de escape, uma porta de acesso a serviços e in-

o analista de usabilidade possa trabalhar

formações, que de outra forma, poderiam ser inacessíveis.

WCAG

X

O WCAG é um documento

web a tornar o conteúdo da internet mais acessível às pessoas com deficiência física.

23

usabilidade nua e crua

Wd :: Quais são os principais aspectos


usabilidade nua e crua

Diretrizes do WCAG para tornar seu site mais acessível: :: Imagens e animações :: utilize o atributo alt para descrever a função de cada elemento visual; :: Mapas de imagem :: utilize links mapeados, empregando também os alts nos seus pontos ativos; :: Multimídia :: construa legendas e transcrições do arquivo em questão, bem como sua descrição; :: Links de hipertexto :: utilize texto que faça sentido, mesmo lido fora do contexto. Por exemplo: evite “clique aqui”; :: Organização das páginas :: utilize cabeçalhos, listas e uma estrutura consistente. Sempre que possível, utilize folhas longdesc

X

O longdesc tem como finalidade relacionar uma imagem a uma descrição mais detalhada inserida em uma página alternativa HTML. Entretanto, em muitas vezes este atributo não é suportado por alguns navegadores. Outra solução similar seria oferecer um link descritivo próximo ao gráfico ou

de estilo para efeitos de disposição e estilo; :: Gráficos e esquemas :: forneça resumos ou utilize o atributo longdesc; :: Scripts, applets e suplementos :: disponibilize conteúdo alternativo, se as características ativas não forem acessíveis ou se não forem suportadas pelo navegador; :: Frames :: utilize a anotação noframes e empregue títulos com significado; :: Tabelas :: faça com que a leitura linha-a-linha seja compreensível. Forneça resumos; e :: Verifique o trabalho :: efetue validações. Recorra a ferramentas e às recomendações existentes no WCAG. Para saber mais, acesse o site www.w3.org/wai

imagem em questão. Fonte: www.prodam.sp.gov.br/ acess/imagens.htm

Para os designers, alguns guidelines que devem ser observados incluem

“Se você não conhece, não sabe que precisa. Esse era o cenário em 2000. As pessoas simplesmente desconheciam ou davam pouca relevância à questão da usabilidade”

24

que se precise mexer em uma linha de código.

X

Guidelines

Genial!

o tamanho da fonte, o con-

Guidelines são diretrizes para

Wd :: Em 2000, a Sirius

traste entre a cor de fonte e

um projeto de interfaces que

Interativa passou a ofere-

a cor de background e o re-

são desenvolvidas a partir de

cer ao mercado consultoria

curso de controlar o layout

um consenso envolvendo experiências de especialistas,

nas áreas de usabilidade e

via CSS. Nesse sentido, al-

pesquisas científicas, entre

arquitetura de informação.

guns conhecidos consultores

outros, visando práticas mais

Na sua opinião, a procura

de design mostram como a utilidade,

usabilidade

consistentes, eficazes e eficientes.

e

pelas empresas por este tipo de serviço denota em

acessibilidade de um site não conflitam com

um amadurecimento do mercado?

a criatividade e qualidade visual da solu-

Sérgio :: Se você não conhece, não sabe que

ção. Podemos citar o Douglas Bowman

precisa. Esse era o cenário em 2000. As pes-

(stopdesign.com),

Zeldman

soas simplesmente desconheciam ou davam

(zeldman.com) e Dave Shea (mezzoblue.com).

pouca relevância à questão da usabilidade.

O

site

Para nós, que desde 1997 já havíamos incor-

(csszengarden.com), em que o design gráfico

porado o design centrado no usuário aos nos-

é todo definido via CSS e designers do mundo

sos processos de trabalho, passamos a ofe-

inteiro criam outras soluções visuais que mu-

recer este serviço de consultoria ao mercado

dam completamente o clima da página, sem

exatamente como uma forma de ecoar a im-

Shea

o

inclusive

Jeffrey

criou

um


usabilidade nua e crua

“No início foi a pregação no deserto, mas com o tempo, e com o Nielsen, clientes e desenvolvedores descobriram que acompanhar o usuário interagir com o sistema era uma prática com ótimo custo-benefício”

portância de colocar o usuário no foco das atenções. Desde então, o nosso objetivo tem sido o de criar experiências interativas relevantes, nas quais o design gráfico, a arquitetura de informação e de conteúdo, a usabilidade e a tecnologia possam se integrar de forma equilibrada em uma solução consistente e efetiva. No início foi a pregação no deserto, mas com o tempo, e com o Nielsen, clientes e desenvolvedores descobriram que acompanhar o usuário interagir com o sistema era uma prática com ótimo custo-benefício. O cenário hoje é que, disseminada a sua importância, ainda são, em muitos casos, os clientes que demandam aos desenvolvedores a realização de testes de usabilidade. E estes recorrem ao mercado para contratar consultores. Mas falta ainda um bom caminho a percorrer. Eu diria que o próximo estágio é que todos percebam a importância de inserir a usabilidade no próprio ciclo de desenvolvimento e manutenção de sistemas web, e não apenas como uma forma pontual e desconectada de validar a sua qualidade de interação. Wd :: Em uma equipe web, qual o perfil do profissional responsável por garantir a usabilidade de um site? É preferível que ele tenha alguma formação específica? Sérgio :: Ele pode ser arquiteto da informação, designer, webwriter, programador web ou de outra área. O mais importante é que este profissional possa receber treinamento ou realizar cursos formais que permitam que a aplicação dos métodos possa ser feita de forma consistente. Para isso, se sugere que esta aplicação seja, em um primeiro momento, supervisionada por um consultor externo para garantir a sua correta utilização. Ao longo do tempo, e com a prática, um novo profissional estará se formando.

25


usabilidade: a lei do mais fácil

Usabilidade: a Lei do mais fácil Por André Philippe Iunes

Já se imaginou entrando naquele supermercado que você

te, de investimento. Mas como tornar interfaces complexas e

freqüenta há anos e notar que, da noite para o dia, tudo está di-

com grande quantidade de informações em sistemas simples e

ferente e que seus produtos estão fora das prateleiras de costu-

de fácil aprendizado? A resposta pode residir em um termo

me? Bem, se a nova sinalização deste estabelecimento não for

muito difundido entre os profissionais da área e que ainda gera

bem feita, provavelmente essa situação de aparente caos fará

dúvidas: a usabilidade.

com que se irrite pela demora em encontrar o que deseja. O mes-

Segundo Steve Krug, autor do livro “Não Me Faça Pen-

mo acontece em um site, em que informações enterradas, links

sar”, “nem todos pensam como você, sabem o que você sabe,

quebrados, conteúdo defasado e arquiteturas difíceis e não

nem usam a web como você”. Partindo desta premissa,

focadas no usuário causam graves problemas de funcionalidade.

usabilidade na internet deve ser concebida como o trabalho de

Na web, nem sempre a lei do menor esforço significa co-

estruturar um site pensando no usuário final e não no que você

modismo ou falta de planejamento. Tornar um site simples e

considera ideal. Talvez, o desafio maior na rede esteja em jus-

fácil de usar é sinônimo de retorno de público e, principalmen-

tamente entender o que o visitante quer de sua página.

26


cio, pois não deve haver nenhuma barreira

que seja fácil de entender e de operar. Para

entre ele e a informação. “Tendo essa

Chris McGregor, autor de “Developing User-

interação sob controle, sua página só poderá

friendly

gerar bons resultados”, explica.

Macromedia

Flash

Content”,

“usabilidade é pensar no usuário no início, no

Isabel lembra que nunca foi tão fácil co-

fim e sempre”. Contudo, independente do

nhecer um determinado público-alvo a fundo

caminho que se siga, tudo dependerá do bom

na internet, graças aos mecanismos de

senso e do modo de utilização dos conceitos

rastreamento de usuários e padrões de nave-

de usabilidade. Segundo Jakob Nielsen, con-

gação, além de técnicas de usabilidade, como

siderado um dos grandes gurus sobre o as-

testes, questionários, card-sorting etc. “A

sunto, “não sustento que todos os meus

Amazon é referência dessa prática. Em qual-

ensinamentos devam ser seguidos de forma

quer empresa que vende produtos ou servi-

submissa ao pé da letra. O profissional quali-

ços, o encontro com o seu consumidor é inevi-

ficado sabe quando seguir as regras e quan-

tável e quanto mais cedo melhor. Acho que só

do adaptá-las ou até mesmo infringi-las”.

não conhece o seu usuário quem não quiser”. Estrategista de conteúdo, Alexandre

Alvo: o usuário Nielsen cita no livro “Projetando

Castro e Silva, sócio de Isabel na Usability,

Websites”, uma das fontes mais pesquisadas

também é adepto de que toda a

sobre o assunto, que a web é o ambiente no

usabilidade na web se resume em uma

qual o poder do cliente se manifesta no seu

só frase: “coloque-se no lugar do usu-

mais alto grau. Ele lembra que, para quem

ário”. Entretanto, o estrategista

está começando a trabalhar no meio online, é

afirma que nem toda equipe de

perigoso

tecnologia,

internet consegue criar

codificação e layout antes de conhecer os

interfaces simples e pró-

fundamentos da usabilidade. “Coloque as

ximas de seu públi-

necessidades de seus clientes no centro de

co-alvo, justamen-

ler

livros

sobre

usabilidade: a lei do mais fácil

cançar o objetivo final: o de criar um sistema

Isabel Löfgren

o usuário é fundamental para qualquer negó-

é como o usuário age diante da interface”

e que existem diversas maneiras para se al-

hora de aplicar os seus conceitos, o que conta mesmo

melhor do que nenhuma. Para ela, conhecer

situação real? Usabilidade é um processo aberto. Na

usabilidade não é um conjunto de regras fixas

Jakob Nielsen ou a observação de um usuário em uma

teúdo, lembra que qualquer usabilidade é

“O que é mais importante? Um conceito determinado pelo

Deve-se levar em consideração que a

sua estratégia da web. Qualquer empresa que torne seu site fácil de usar terá uma grande vantagem sobre seus concorrentes, independente do setor em que se encontra”. Formada em Belas Artes, Arquitetura e Ciência da Computação pela Smith College, nos EUA, Isabel Löfgren, sócia da Usabilility, empresa

que

presta

consultoria

em

usabilidade, arquitetura da informação e con-

27


usabilidade: a lei do mais fácil

“Coloque-se no lugar do usuário” Alexandre Castro e Silva

X

avaliações Avaliação

Heurística

Na avaliação heurística, especialistas estudam a interface em profundidade e observam as propriedades que eles, por experiência, sabem que apresentarão problemas de usabilidade. Avaliação

Cooperativa

te por estar muito envolvida com um grande

que é feita. O designer lembra que, antes de

volume de informações. Segundo ele, um dos

qualquer coisa, é imprescindível ter visão crí-

trabalhos do consultor de usabilidade é tra-

tica, pois nenhum conceito geral deve ser

zer ao projeto esse distanciamento mínimo

aplicado sem o mínimo de entendimento do

que pode ser perdido durante o processo de

seu significado e da sua origem. “Desenvolver

planejamento e concepção de um sistema.

um site com base na usabilidade significa pro-

Usabilidade e visão crítica

jetar para uma melhor experiência do futuro

Atualmente, as fontes de consulta sobre

visitante, dessa forma os conceitos são guias

o assunto são as mais variadas, com cente-

gerais que devem ser compreendidos e apli-

nas de livros, revistas e sites que falam so-

cados criticamente aos projetos web”,

bre o tema e abordam seus paradigmas e téc-

enfatiza.

nicas. Entretanto, como adquirir experiência

Segundo o professor, dentro da “caixa

possíveis problemas de

o suficiente para decidir qual caminho seguir

de ferramentas” do profissional de internet

usabilidade em uma interface

ou fórmula a implementar? Os conceitos pos-

deve haver pelo menos a avaliação heurística,

suem, de uma forma geral, o mesmo propósi-

a avaliação cooperativa e a análise da tarefa,

acompanha todo o processo, que

to: conseguir uma interface melhor e mais

que permitem ter uma visão operacional do

se baseia na realização de

otimizada com o seu público-alvo. Robson

usuário. Por meio dessas técnicas, é possível

Santos, professor de Design de Interfaces e

verificar o nível de satisfação de uma pessoa

comentários do voluntário sobre

de Multimídia da universidade Unicarioca

ao usar uma interface, bem como a possibili-

o desempenho do sistema são

(RJ), critica a maneira como são encarados

dade de opinião de especialistas. Ele aconse-

os estudos de usabilidade. “Alguns profissio-

lha também o uso da técnica de sorteamento

nais pensam que basta colocar uma pessoa

de cartões, o card-sorting , no caso de de-

em frente ao sistema e pedir a opinião dele. É

senvolvimento de arquitetura de informação.

preciso saber que existem diversas aborda-

Para Isabel Löfgren, o excesso de

real, que deverão ser

gens, algumas que consideram o usuário, ou-

academicismo é problemático, pois, segundo

transpostas para a interface que

tras que consideram o especialista. É impor-

ela, muitas vezes os usuários agem de forma

tante conhecer uma metodologia de levanta-

exatamente oposta ao que diriam os gran-

modelos mentais e aplicá-los

mento de problemas, análise de interfaces e

des estudiosos em usabilidade. “O que é mais

para facilitar a compreensão das

de geração de soluções”.

importante? Um conceito determinado pelo

Método de levantamento de

com a participação direta do usuário. O pesquisador

tarefas pré-determinadas, durante o qual as reações e os

registrados para análise posterior. Análise da tarefa Método que consiste na observação de tarefas no mundo

se vai projetar. Esta técnica serve para levantar possíveis

tarefas no sistema.

28

Formado em design pela Escola Superior

Jakob Nielsen ou a observação de um usuário

de Desenho Industrial (ESDI/UERJ), Robson

em uma situação real? Usabilidade é um pro-

explica que para fazer um estudo de

cesso aberto. Na hora de aplicar os seus con-

usabilidade é preciso conhecer, além do usu-

ceitos, o que conta mesmo é como o usuário

ário, a tarefa que ele realiza e o contexto em

age diante da interface. Nossa função é de-


usabilidade significa projetar para uma melhor experiência do futuro visitante” Robson Santos

tectar esses padrões de pensamento e ação, entender o objetivo que o cliente tem de cumprir e analisar o site na confluência

LIVROS MAIS INDICADOS TÍTULOS EM PORTUGUÊS:

dessas duas visões, que não são antagônicas”, ressalta Isa-

Não me faça pensar :: Steve Krug. Editora: Market Books.

bel.

Usabilidade na web :: Cláudia Dias. Editora: Alta Books.

Na opinião de Cecília Kremer, doutora em interação huma-

Projetando websites :: Jakob Nielsen. Editora: Campus. Homepage Usabilidade: 50 websites desconstruídos ::

no-computador (IHC) pela Pontifícia Universidade Católica do

Jakob Nielsen. Editora: Campus.

Rio de Janeiro (PUC-Rio), o bom profissional de design de

Webwriting: pensando o texto para mídia digital :: Bruno

interface e interação sabe que não há verdade absoluta nesse

Rodrigues. Editora: Berkeley. Design para quem não é designer :: Robin Williams.

ramo por dois motivos importantes. O primeiro é que o alvo é

Editora: CALLIS.

sempre o ser humano, o que traz um grau de subjetividade

TÍTULOS EM INGLÊS:

para a sua tarefa. Uma necessidade do usuário pode implicar,

Information Architeture for World Wide Web :: Louis Rosenfeld e Peter Morville. Editora: O’Reilly.

às vezes, na quebra de algumas regras de bom design. Para

Information Architecture: Blueprints for the Web:

ela, deve haver uma negociação com quem utiliza uma

Christina Wodtke. Editora: Pearson Education.

interface em busca da melhor solução. O segundo motivo é

Usability Engineering :: J. Editora: Morgan Kaufmann. Web Site Usability Handbook :: Mark Pearrow. Editora:

que o processo de design dificilmente traz uma solução perfei-

Charles River Media; Bk&CD-Rom edition.

ta, mas uma solução na qual se conhece os seus prós e con-

The Elements of User Experience :: Jesse James Garrett.

tras. “Mais uma vez o usuário deve ser ativo em todo o processo de design e escolha de soluções. É o design de sistemas card-sorting

X

Técnica que consiste em escrever em pequenos cartões

centrado no usuário e advogado por Don Norman desde os anos 80”, explica a

vários tópicos ou temas. Eles são

doutora.

distribuídos a um conjunto de

Uma nova tendência de

pessoas, que tem de os ordenar em grupos para que façam sentido semanticamente, sendo depois analisados na procura por similaridade. O resultado deste método pode ser considerado como um protótipo de

mercado A disseminação dos

Editora: Pearson Education. Handbook of Usability Testing: How to Plan, Design, and Conduct Effective Tests :: Jeffrey Rubin. Editora: Wiley. Designing the User Interface – Strategies for effective Human-Computer Interaction :: Ben Shneiderman. Editora: Pearson Addison Wesley. * Você encontra mais informações sobre algum destes livros no endereço www.sobresites.com/usabilidade/livros.htm

Don Norman

conceitos de usabilidade

fundador, junto com Jakob Nielsen, da Nielsen Norman Group,

pode ser vista como um re-

empresa de consultoria em usabilidade. É também autor de “The

flexo do próprio amadureci-

X

Don Norman é antigo vice-presidente da Apple Research e co-

Design of Everyday Things”.

arquitetura de informação de um sistema.

29

usabilidade: a lei do mais fácil

“Desenvolver um site com base na


usabilidade: a lei do mais fácil

mento do modo de produção para web. Da mesma forma que na década de 50 os primeiros programas de televisão tiveram seus formatos importados do rádio, a internet também teve suas referências na fase embrionária da WWW. No começo da popularização da rede, o processo de elaboração e construção de sites era feito, em sua grande parte, por informatas e técnicos que

“A cobrança

conheciam alguma coisa sobre programação. Hoje, o número de profissionais de comunicação,

agora já é

mentou entre as equipes de internet. É necessário que se entenda que a tecnologia não existe

outra, a do

psicologia e outras áreas dedicadas exclusivamente à analise do comportamento humano au-

isoladamente, já que um sistema ou interface será utilizado por pessoas. Isabel lembra que há poucos anos o webdesigner era responsável desde a concepção gráfica à programação em um site. Segundo ela, era exigido de uma única pessoa o conhecimento

acerto”

de design, conteúdo e tecnologia. “A criação de um site é um processo complexo e

Bruno Rodrigues

profissional qualificado para cada etapa de criação: designer, arquiteto da informação, estra-

interdisciplinar e cada aspecto merece grande atenção especializada. Atualmente, existe um

Sites sobre usabilidade :: Acessibilidade Brasil

:: Usability News psychology.wichita.edu/surl/

www.acessobrasil.org.br

usability_news.html

Site que reúne um bom material sobre

Newsletter semestral que contém vários estudos

acessibilidade na web.

sobre usabilidade e ergonomia humano-computador.

:: Usabilidade.com www.usabilidade.com.br

:: Useit.com www.useit.com

Para quem quer ter mais referências sobre o assunto. Site oficial de Jakob Nielsen, em que se encontram :: LabIUtil www.labiutil.inf.ufsc.br

todos os seus artigos sobre usabilidade.

Site do Laboratório de “utilizabilidade” da

:: UsableNet www.usablenet.com

Universidade Federal de Santa Catarina. Fonte

Este site fornece uma ferramenta gratuita de

para quem busca referencial teórico sobre

avaliação de usabilidade online.

ergonomia e usabilidade.

:: Usability Professionals‘Association

:: Sobresites www.sobresites.com/usabilidade

www.upassoc.org/index.html

Mantido pelo consultor Alexandre Castro, este site Associação americana de profissionais de traz informações técnicas e bibliográficas sobre

usabilidade, criada em 1991.

usabilidade.

:: The Usability Methods Toolbox

:: Usabilidadebr www.usabilidadebr.com.br

jthom.best.vwh.net/usability

Site mantido pela empresa Sirius e que possui Reúne praticamente todos os métodos e técnicas bom conteúdo sobre o tema.

para avaliação de usabilidade em um site.

:: WdUse www.10minutos.com.br/wduse

:: W3C www.w3.org

Uma das primeiras listas de discussão

The World Wide Web Consortium é importante

brasileira sobre usabilidade.

fonte de referência no que diz respeito ao

:: Usabilidade en la web

desenvolvimento de protocolos comuns e

www.desarrolloweb.com/manuales/5

recomendações para desenvolvimento de sites

Site que reúne importantes princípios da

com maior acessibilidade.

usabilidade, com exemplos práticos e de fácil acesso.

Fonte: internet e site dos Jornalistas da Web, coluna de André de Abreu

30


de

conteúdo,

programação

usabilidade: a lei do mais fácil

tégia

de

interface, animador de flash, analista de sistemas, analista de usabilidade e gerência de projeto”. Ela explica que, em uma equipe web, independentes da função, todos têm de levar a usabilidade em consideração ao criar um sistema. A própria necessidade em produzir sites que proporcionem um maior retorno fez com que as agências web se preparassem mais e melhor para atender a um tipo de cliente cada vez mais exigente. Robson afirma que essa é uma tendência natural, pois, segundo ele, há um movimento positivo pelos consumidores que, cada vez mais conscientes de seus direitos, passam a exigir melhores produtos. Isso

brança agora já é

se estende a usuários de internet também,

outra, a do acerto”, lembra o au-

que desejam mais efetividade, eficiência e

tor.

satisfação ao interagir em um website. Se-

Usabilidade, marketing online e multimídia: caso Globo.com

gundo o designer, outra fonte de demanda é

De nada adianta fazer com que o seu usuário consiga realizar uma deter-

o próprio mercado, que exige profissionais

minada tarefa dentro do seu site se antes você não consegue fazer com que

com algum diferencial. “Tive alunos de gran-

ele chegue até lá. Entretanto, conciliar as técnicas de persuasão, pertinentes

des empresas que buscavam conhecimentos

ao marketing online, com os conceitos de usabilidade requer bom senso e sen-

em usabilidade para realizar melhor seus tra-

sibilidade. Mais complicado ainda é quando boa parte de um conteúdo online

balhos, seja como designers ou arquitetos de

encontra-se em formato multimídia. Segundo o jornalista Márcio Tristão, arqui-

informação”, explica o professor.

teto da informação do portal da Globo.com, deve-se encarar a usabilidade

Para Bruno Rodrigues, autor do livro

como uma das técnicas de persuasão, pois se um site tiver uma navegação

“Webwriting pensando o texto para mídia di-

truncada, arquitetura incoerente ou interfaces que não comuniquem com qua-

gital” e coordenador de informação do portal

lidade o que está acontecendo na tela, o trabalho do profissional de marketing

da Petrobras, o princípio básico que norteia a

ficará muito mais difícil. “A usabilidade nunca deve ser sacrificada em detri-

usabilidade não é nenhum modismo na comu-

mento de outros objetivos. Deve sim, ser usada para atingir objetivos”, acon-

nicação. “É modismo procurar saber o que

selha Márcio.

deseja o receptor de uma mensagem? Nem

O jornalista explica que consegue conciliar, com grande sucesso, os con-

tudo o que é novo, é modismo”. Ele destaca o

teúdos multimídia com os conceitos de usabilidade explorando os recursos de

fato de que hoje as empresas procuram espe-

ferramentas como o flash, por exemplo. Dessa forma, os designers de

cialistas em usabilidade porque não há mais

interface criam possibilidades de multiplicar os espaços e apresentar uma

como gastar dinheiro com tentativas: “a co-

quantidade maior de conteúdo em áreas nobres da tela. Quanto ao peso dos sites e a facilidade de carregar os arquivos multimídia, ele destaca que existe

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resumindo explicitamente o seu ramo de atividade; 2 - Enfatizar as tarefas de mais alta prioridade, para que os usuários tenham um ponto de partida definido na homepage; 3 - Designar explicitamente uma página do site como sendo a homepage oficial e estruturá-la de modo que seja diferente de todas as outras páginas existentes; 4 - Agrupar informações da empresa, como “Sobre nós”, Relações com investidores”, “Sala de Imprensa”, “Empregos” e outras informações institucionais em uma única área reservada; 5 - Incluir um link “Fale conosco” na homepage, que acessa uma página com todas as informações de contato de sua empresa; 6 - Não incluir no website informações internas da empresa, destinadas aos funcionários e que devem permanecer na intranet; 7 - Se o site reunir informações de clientes, é recomendável incluir um link “Política de privacidade” na homepage; 8 - Evitar conteúdo redundante e não rotular uma área nitidamente definida da página se o conteúdo for suficiente auto-explicativo; 9 - Usar somente discurso imperativo, como em “Insira uma cidade ou CEP” nas tarefas obrigatórias de um formulário, por exemplo; 10 - Empregar raramente todas as letras maiúsculas e nunca como um estilo de formatação, pois não são tão fáceis de ler; 11 - Diferenciar os links e torná-los fáceis de visualizar, permitindo variação em suas cores para indicar os visitados e os não visitados; 12 - Não usar instruções genéricas, como “Clique aqui”, como um nome de link e “Mais...”, no final de uma lista de itens; 13 - Oferecer aos usuários acesso direto às tarefas de alta prioridade na homepage; 14 - Não oferecer ferramentas que reproduzem funções do navegador, como definir uma página como página inicial default do navegador do usuário; e 15 - Jamais anime elementos críticos de páginas, como logotipo, slogan ou título principal.

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em conseqüência do crescimento dos usuários com acesso banda larga. “Hoje temos um total aproximado de 1,5 milhão de usuários com acesso banda larga no Brasil, o que representa um aumento de 102% em relação ao mesmo período do ano passado”, destaca Márcio. O professor Robson Santos lembra que Robson Santos

de destaque, bem como um slogan

uma dilatação natural no limite teto de peso,

para adequação das interfaces à fisiologia e à psicologia humana”

1 - Exibir o nome da empresa ou o logotipo, em tamanho razoável e em local

“Se hoje muitos produtos são muito melhores do que no passado, muito se deve aos estudos ergonômicos

usabilidade: a lei do mais fácil

As regras de Nielsen:

sempre é importante buscar uma forma de incomodar menos o usuário. O designer alerta que colocar uma imagem de propaganda ao lado do conteúdo é menos incômodo do que ter de fechar uma janelinha inconveniente que insista em se mostrar sobre o que o visitante lê. Ele cita como um bom exemplo, o caso do site de buscas Google, que reserva uma área para anúncios pagos sem que isso confunda a percepção do usuário. Por outro lado, em sua visão, um caso a não se seguir é o do Yahoo, em que é quase impossível ler mensagens em um fórum sem clicar para sair da tela de anúncios pagos. Ergonomia x Usabilidade A popularização deste termo pode ter acontecido recentemente no meio online, entretanto, a indústria de software já utiliza seus conceitos há décadas no desenvolvimento e aperfeiçoamento de seus produtos. Conhecer a história do surgimento da interface gráfica com o usuário é revirar o baú da própria interação humano-computador. Em 1970, a Xerox criou um centro de pesquisas denominado Palo Alto Research Center (PARC). Sediado na Califórnia, o PARC reuniu cientistas da área de tecnologia da informação que criaram um modelo embrionário de interface gráfica baseada em uma


época: o de buscar soluções que otimizem a

hoje por praticamente todos os sistemas

relação da máquina com o ser humano.

operacionais. Essa evolução partiu da tenta-

Para Robson, a usabilidade nasce da

tiva de melhorar a ineficiente relação do ho-

ergonomia e são partes indissociáveis. Com-

mem com o computador, feito na época por

partilhando da mesma definição de Isabel, o

meio de comandos digitados pelo usuário.

professor diz que a ergonomia se preocupa

Antes de começar a estudar os princípi-

com aspectos globais relacionados a um pro-

os da usabilidade, é importante entender os

duto, a uma estação de trabalho ou a uma

fundamentos básicos de ergonomia e da

organização. Ele enfatiza que a usabilidade

usabilidade: a lei do mais fácil

tela com janelas e ícones, padrão adotado

interação humano-computador (IHC). Para quem não sabe, a palavra ergonomia originase do grego ergon , que significa trabalho, e

nomos, que traduz regras, normas e leis. Seu objetivo é elaborar um conjunto de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação do homem aos meios tecnológicos e aos ambientes de trabalho e de vida, proporcionando um máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas atividades. Já a interação humano-computador começou a ser estudada por profissionais de

WEBWRITING : uma poderosa ferramenta para a boa usabilidade Bruno Rodrigues, autor de “Webwriting: pensando o texto para mídia digital”, destaca três pontos importantes: OBJETIVIDADE Não utilize sinônimos de palavras-chave que constam em títulos ou chamadas nos textos que os seguem. Se o usuário lê “cachorro” em uma chamada, encontrar “cão” no texto atrapalha a navegação intuitiva. A consistência entre nomeações é um detalhe fundamental – e uma vantagem e tanto – para a compreensão do todo.

informática e psicologia no fim dos anos 70 e

NAVEGABILIDADE

início dos anos 80. A pesquisa em IHC se pre-

Não perca de vista o menu principal e os secundários também, pois nem sempre é

ocupa em estipular métodos, conceitos e

possível criar sites com informações a apenas três cliques. Neste caso a presença da hierarquia de assuntos nas camadas mais profundas (mesmo que ela seja a

tecnologias associados ao desenvolvimento

quarta ou quinta) é o porto seguro para contextualizar o usuário e ajudá-lo a

de sistemas interativos fáceis de utilizar e

entender toda a estrutura editorial montada para o site.

centrados no usuário. Talvez hoje, o mesmo

VISIBILIDADE O cruzamento de informações, quando bem feito, é a janela que torna visíveis

processo de análise, percepção e estudo das

páginas aparentemente escondidas. Para isso, o uso constante e inteligente de

interfaces no meio online tem em sua origem

recursos como o “Leia ainda” e semelhantes, com o devido tom persuasivo, é o

a mesma inquietação dos cientistas daquela

estímulo perfeito para o usuário permanecer no site e conhecê-lo melhor.

33


usabilidade: a lei do mais fácil

se refere à relação de um usuário específico com uma interface específica, na realização de uma determinada tarefa. “Da mesma forma que a ergonomia, a usabilidade tem o foco no usuário, nas características humanas e nas maneiras

Heurísticas de Nielsen Os dez princípios heurísticos de Nielsen, que devem ser considerados na avaliação de interfaces, são:

de o sistema atender a essas características. Muitos julgam mal a ergonomia

1) Visibilidade do status do sistema:

sem saber que, se hoje muitos produtos são muito melhores do que no passado,

manter o usuário sempre informado sobre as

muito se deve aos estudos ergonômicos para adequação das interfaces à fisiolo-

ações do sistema e dar orientações de procedimentos em cada situação.

gia e à psicologia humana”.

2) Equivalência entre o sistema e o

A hora da verdade: os testes de usabilidade

mundo real: o sistema deve falar a linguagem

Existem vários métodos de avaliação de interfaces e um deles é o teste

do usuário, utilizando palavras, frases e conceitos familiares, além de seguir as

de usabilidade. De forma resumida, nesta técnica seleciona-se alguns usuários

convenções do mundo real, apresentando as

que vão interagir com o site ou seu protótipo. Esse processo é observado,

informações em uma ordem natural e lógica.

registrado e posteriormente estudado por analistas de usabilidade, que

3) Controle do usuário: dar ao usuário informações e subsídios para que ele possa fazer

buscam sintomas de problemas para poder indicar suas soluções. Antes de

ou desfazer ações.

tudo, é importante saber que esses testes não são aplicados “aos usuários”,

4) Consistência e padrões: oferecer ao

mas sim “ao site”. É essencial que os usuários saibam disso para se sentirem

usuário um padrão de navegação, a partir dos conceitos já convencionados.

confortáveis durante a sua realização, podendo assim, se posicionar como

5) Prevenção de erros: a partir de um

críticos do site que está sendo avaliado.

projeto cuidadoso, deve-se minimizar a

A doutora Cecília Kremer lembra que uma variação desse tipo de teste

ocorrência de erros. 6) Reconhecer ao invés de relembrar:

envolve pedir ao usuário para verbalizar seus pensamentos durante a

objetos, ações e opções visíveis auxiliam o

interação. Entretanto, embora permita conhecer as opiniões do usuário, esse

usuário a localizar o que deseja, mesmo na

tipo de avaliação tem a desvantagem de exigir mais dele, que divide sua

navegação de uma página a outra. 7) Flexibilidade e eficiência de uso:

atenção entre a interação e a verbalização. Testes de usabilidade são muitas

projetar a interface de forma a atender tanto os

vezes complementados com questionários que levantam mais informações do

usuários experientes como os novatos, possibilitando, inclusive, mecanismos para a adaptação do sistema às necessidades do usuário.

Na sua opinião, um site com boa usabilidade deve apresentar, principalmente:

8) Estética e design minimalista:

62% Opções de menu bem claras: o usuário encontra com facilidade o que procura.

devem ser relevantes e relacionadas

24% Funcionalidade em diferentes configurações (plataformas, navegadores, resoluções de tela e conexões). 11% Identidade visual entre as páginas.

informações apresentadas (verbais e gráficas) diretamente ao assunto em pauta. 9) Auxiliar usuários a reconhecer, diagnosticar e recuperar ações erradas: as mensagens de erro devem ser apresentadas

2% Sempre um link para a home.

de forma clara e objetiva (não use códigos) e,

1% Disponibilidade de um mapa do site.

além de indicar o problema, precisam sugerir uma solução.

Antes de entregar o site para o cliente, você tem o hábito de testá-lo com pessoas que não estejam envolvidas no projeto?

10) Ajuda e documentação: é necessário

73% Sim

www.arteccom.com.br/webdesign

sistema. As informações devem ser fáceis de

Acesse e participe!

recuperar, focadas nos objetivos do usuário,

27% Não

oferecer ferramentas de ajuda e documentação que auxiliem a busca de informações sobre o

explicadas passo a passo, porém de forma sucinta.

34


formação e interface são responsáveis pelos

subjetiva com o site. Para Bruno Rodrigues,

testes, que normalmente têm início com o es-

virou o jogo: de

foram os testes de usabilidade os responsá-

tudo de algumas informações. Esses dados

veis por dar à web a credibilidade que lhe fal-

referem-se às características e objetivos do

subjetiva e

tava, colocando fim ao “achismo” dos primei-

projeto, aos pontos mais abordados e rele-

ros anos. “Ao ouvir o grande interessado, o

vantes citados pelos usuários no call center,

passou a ser

usuário, a usabilidade virou o jogo: de subje-

às áreas e tarefas mais visitadas e realizadas

analisada

tiva e vulnerável, a rede passou a ser anali-

e às pesquisas com usuários.

seriamente e,

vulnerável, a rede

sada seriamente e, por conta disso, encara-

O jornalista especifica que, com base

da como fonte rentável para grandes investi-

nesse estudo, é feita uma lista de funcionali-

mentos”.

dades que devem ser testadas. Dessa lista

fonte rentável para

Outro método bastante utilizado é a ava-

de tarefas sai um roteiro para o teste, uma

grandes

liação heurística, que não envolve usuários fi-

espécie de script a ser seguido pelo profissio-

nais, mas especialistas em usabilidade. Esses

nal que o aplica. Em paralelo, são escolhidos

investimentos”

peritos são capazes de apontar problemas de

os usuários, com base em critérios como ida-

interação utilizando seus conhecimentos

de, freqüência e experiência na internet, en-

teóricos,

também

tre outros. Depois de concluídos os testes,

procurando colocar-se no “lugar do usuário

os dados são tabulados e apresentados em

alvo”. Segundo Alexandre Castro, um teste de

um relatório junto com as propostas de

usabilidade que é realizado com sucesso na

melhorias que são priorizadas para posterior

Usability é a Avaliação Contextual. Ao invés de

implantação.

chamar os usuários ao laboratório para realizar

Modismo ou seleção natural?

sua

experiência

e

tarefas, a equipe vai ao ambiente deles, para

Como o termo anda em alta, é preciso se

observá-los com o mínimo de interferência.

ater para o fato de que algumas empresas até

“Realizamos esse teste, por exemplo, em dois

vendem a usabilidade como uma forma de agre-

call centers, Atento, da Vivo, e Contax, da

gar credibilidade aos seus produtos, so-

Telemar, para observar se os operadores

brevivendo, assim, a um cená-

estavam conseguindo usar adequadamente a

rio, em que os aspectos

interface de atendimento”, exemplifica

tecnológicos passam a

Alexandre.

dar lugar à valorização

No caso da Globo.com, os testes de

do ser humano. Na hora

usabilidade foram fundamentais para o

de contratar um serviço

planejamento e sucesso do site. O fato de a

de internet, é importan-

empresa

de

te que o cliente saiba

usabilidade, no qual constantemente são

separar quem realmente

testados seus produtos, possibilitou os ajus-

conhece o assunto e

tes necessários ao projeto. Márcio Tristão

quem se aproveita do

explica que as equipes de arquitetura da in-

modismo para vender gato

possuir

um

laboratório

encarada como

Bruno Rodrigues

35

usabilidade: a lei do mais fácil

“A usabilidade

usuário, como por exemplo sua satisfação


por lebre. Sendo especialista ou não, saiba que usabilidade é um conceito permanente e o desejo pela eficiência, de forma geral, é algo inerente à história do homem. Isabel Löfgren lembra que desde a primeira pedra lançada pelo Australopiteco à invenção da lança, do descobrimento da pólvora ao controle remoto, o homem sempre quis ser eficiente com um mínimo de ação. “Acho que usabilidade para web nasce desse desejo por eficiência”. Compartilhando de sua visão, é impensável hoje que possamos viver em um mundo sem usabilidade, tanto no passado quanto no presente, e muito mais no futuro, tempo em que praticamente tudo o que tocarmos poderá ter uma interface de informação. Na medida em que a economia online se expande, por meio de vendas diretas ao consumidor e da realização de transações B2B, maior é o impacto da usabilidade sobre a lucratividade das empresas. E sites com alta usabilidade têm maior potencial para efetivação de vendas e retenção de consumidores. Isso leva a uma maior competitividade em um ambiente em que, segundo Jakob Nielsen, o concorrente está a um clique de distância. Sendo assim, além do preço salgado do iogurte e do queijo, se o seu supermercado te irrita fazendo você gastar tempo desnecessário em achar o que quer nas prateleiras, aqui fica a sugestão: procure saber se o mesmo possui um site de vendas. Alguns costumam ter um serviço bem legal e com preços melhores do que na loja. É a Webdesign a serviço do lar.

36


debate No livro “Projetando Websites”, Jakob Nielsen diz que há basicamente duas abordagens fundamentais ao design: o ideal artístico de expressar-se e o ideal da engenharia de resolver um problema para o cliente. O autor reconhece que, apesar de haver a necessidade de arte, alegria e diversão na web, o principal objetivo de um site é facilitar aos usuários o desempenho de tarefas úteis. Dessa forma, como conciliar a liberdade criativa à aplicação dos conceitos de usabilidade em um projeto para a internet? Em algum momento, pode haver algum tipo de castração artística? Conheça, a seguir, a opinião de seis profissionais da área e saiba como eles lidam com essa questão na hora de planejar seus trabalhos para a web.

37


debate

“QUAL SERIA O MELHOR DESENHO PARA PROPORCIONAR A MAIS RELEVANTE EXPERIÊNCIA DE INTERAÇÃO COM O USUÁRIO?”

38

:: Carlos Mayrink Analista de usabilidade da Sirius Interativa www.sirius.com.br

Essa questão é fruto de um descom-

desequilíbrio que pode comprometer a experi-

passo entre os profissionais que integram a

ência do usuário, seja porque o designer gráfi-

equipe de desenvolvimento ou de uma

co desconsiderou as recomendações do analis-

incompreensão dos requerimentos do próprio

ta de usabilidade, seja porque este mesmo

projeto. Na prática, a questão que se sobre-

analista teve uma visão estreita e dogmática,

põe é: qual seria a solução mais adequada

estabelecendo restrições desnecessárias à cri-

para comunicar o contexto e conteúdo de um

ação. Quantos sites não conhecemos que apre-

projeto para um determinado público-alvo?

sentam este desequilíbrio? Um site tão bonito,

Qual seria o melhor desenho para proporcio-

mas em que eu não consigo achar nada, e um

nar a mais relevante experiência de interação

site de vendas, que não encanta e não persua-

com o usuário? O arquiteto, o analista de sis-

de o usuário ao ato de converter, apenas lista

temas, o designer gráfico, o analista de

friamente um rosário de informações técnicas.

usabilidade, como no meu caso, e o webwriter

Ambos perdem.

devem somar competências com um foco nes-

Se o objetivo do site for o de criar uma

te objetivo comum. Este não deve ser visto,

experiência lúdica de exploração, uma nave-

em nenhum momento, como um jogo em que

gação “desorientante” pode ser o caminho a

um vai tentar impor a sua visão sobre o outro.

seguir. Se estou falando do site do Banco

A última edição da “Interactions”, publica-

Central, por exemplo, o usuário vai estar

ção sobre interação humano-computador, e o

mais próximo do nirvana se conseguir locali-

último livro do Don Norman, “Emotional Design”,

zar rapidamente a informação que precisa

já discutem mais a fundo a questão da solução

para uma tomada de decisão de negócios. Se

web ser capaz de ser fácil de usar e, ao mesmo

o site é governamental, devendo se comuni-

tempo, gerar respostas emocionais positivas

car com todos os cidadãos brasileiros, eu te-

no usuário. Na Sirius Interativa, esta questão

nho de buscar atender às prioridades de

nunca se colocou porque sempre incentivamos

acessibilidade, que então passam a fazer

a comunicação entre as diversas competências

parte dos requerimentos técnicos e criativos

envolvidas no projeto e sempre buscamos

do projeto. Todo esse processo norteia o tra-

apresentar claramente os requerimentos que

balho de todos, inclusive o do designer gráfi-

devem balizar a solução. O fato é que se uma

co, que tem o desafio de ser o mais criativo

visão se sobrepuser a outra, podemos ter um

dentro das regras do jogo.


debate A criatividade não deve ser sacrificada em detrimento de algum objetivo específico de usabilidade, pois as recomendações propostas por Nielsen não citam que se deve empobrecer um site esteticamente. Existe, inclusive, uma recomendação que considera o fator estético entre as guidelines criadas por ele e Rolf Molich. Esta situação ocorre pela ausên-

sendo ressaltada em relação aos problemas

cia de informações ou formação de alguns

de usabilidade, em virtude da sua audiência

projetistas no instante em que fazem uso de

estar prestando mais atenção ao conteúdo, a

uma recomendação proposta por um pesqui-

sua forma de apresentação, às cores utiliza-

sador de interação humano-computador.

das na grade e às formas desenhadas na

Os princípios ou heurísticas gerais do

tela, sem considerar problemas de Interação

bom projeto de interface propostos por

humano-computador que atrapalham o diálo-

Jakob Nielsen e Rolf Molich, no início da

go durante a interação dos seres humanos

década de 90, são de caráter genérico e

com as máquinas.

amplo, ou seja, devem ser interpretados e

Os usuários não estão interessados em

validados antes de serem aplicados. Neste

saber como está estruturado o banco de

caso, cabe evidenciar que a formação, a ex-

dados, se foi utilizado Flash ou Shockwave e

periência e a cultura terão uma ampla influência

se a página tem JavaScript ou DHTML. O que

no resultado do projeto, sendo a ausência de

eles buscam é não se irritarem durante o uso

conhecimentos deste profissional a responsá-

da tecnologia. Sendo assim, o webdesign tem

vel pela formação de alguns conceitos

um papel de suma importância – ressaltar as

distorcidos e inverídicos, tal com “a usabiliade

questões estéticas em conjunto com as

limita a criatividade e o design”.

ergonômicas com o intuito de transpor a

A

usabilidade

pode

auxiliar

os

webdesigners a criarem uma postura mais

:: Eduardo Ariel

barreira tecnológica existente entre os

Professor da

projetistas e o seu público.

www.rederio.br

UniverCidade

consciente em relação ao seu papel na cadeia produtiva de um produto para web que faça uso de qualquer interface de comunicação com o usuário. Sendo assim, a estética estaria

“O QUE OS USUÁRIOS BUSCAM É NÃO SE IRRITAREM DURANTE O USO DA TECNOLOGIA”

39


debate

Usabilidade não deve ser encarada como um elemento limitador a qualquer ação criativa. Pelo contrário, deve ser um estímulo ao processo. Os princípios de ergonomia são inerentes ao meio, não podem ser tratados como casualidades. Algumas vezes nos esquecemos do básico: internet é comunicação. Tem como princípio tornar a vida das pessoas mais simples. Tendo este preceito básico devidamente preenchido, tudo bem, vamos buscar formas criativas e abordagens diferenciadas para proporcionar ao usuário uma experiência interativa mais interessante. O que Nielsen prega é um contraponto, levemente xiita, interessante aos anseios viscerais de criativos em estado catártico. É irônico, mas transformar verba de cliente em peças que desafiam

“QUANDO ESTÁ SE COMUNICANDO COM QUEM JÁ DOMINA TODAS AS REGRAS, UMA PROPOSTA DE TRANSGRESSÃO COERENTE PODE APRESENTAR-SE COMO SOLUÇÃO VIÁVEL”

até mesmo a vanguarda da arte contemporânea não tem graça nenhuma. Claro que existem situações e situações de projeto. A usabilidade trafega suas demandas a partir do público a que

vação, mas mudança de hábitos é processo que não padece

se propõe o diálogo. Ou seja, quando está se comunicando

de efemeridade alguma.

com quem já domina todas as regras, uma proposta de

Já faz um tempinho que a validade da crise de identidade

transgressão coerente pode apresentar-se como solução

da internet como formato de mídia expirou. Tempo suficiente

viável. Sites com navegações intuitivas, narrativas ou pou-

para criar seus próprios dogmas, especificidades e lugares-

co convencionais podem agregar a determinadas marcas –

comuns. O entendimento dessas questões é fundamental

em determinados públicos – conceitos como inovação e dina-

para o designer de interfaces, que a partir da convergência

mismo. O risco pode ser calculado e menor que os potenciais

com outras áreas de conhecimento deve ter o poder da pala-

benefícios. Em qualquer outra circunstância, quando a

vra, quando a palavra em questão é usabilidade. Buscando a

internet é nada mais que uma simplificadora de ações de or-

criatividade sempre, mas a conjugando dentro do contexto

dem cotidiana, o pragmatismo e as convenções devem ser

prático e pouco glamouroso do sujeito que se senta do lado de

considerados. Não que isso implique em uma barreira à ino-

lá da tela, esse tal de usuário.

:: Kenzo Mayama Kramarz Designer Gráfico www.kenzomayama.com.br

40


debate Não necessariamente. Ao contrário do

“DESIGN E USABILIDADE NÃO SÃO DOIS OPOSTOS”

que muitas pessoas acreditam, a usabilidade não é um conjunto de regras castradoras da

É ingênuo dizer que criatividade é a única coisa a ser sacrificada. Um pro-

criação ou que tornam os websites todos

jeto sempre nasce da negociação e do compromisso entre diversos requisitos

iguais. A verdadeira usabilidade consiste em

– negócios, infra-estrutura, logística, sistemas e design. É ingênuo também

fazer uma interface gráfica atingir seu objeti-

acreditar que a criatividade pode ser mais bem explorada quando não há limi-

vo básico: ser plenamente usável.

tes para a criação. A criatividade é um instrumento poderoso justamente para

Para isso, há uma série de metodologias,

descobrir caminhos de inovação a partir de uma série de restrições.

propostas por pesquisadores de áreas como

Concordo, evidentemente, que o Nielsen tende a ser dogmático a privile-

psicologia cognitiva, ergonomia, entre ou-

giar a eficiência em detrimento da emoção. Mas é preciso tomar cuidado com

tras. Contudo, o objetivo é um só: otimizar a

falsas dicotomias: design e usabilidade não são dois opostos. Ambos possu-

interação humano-computador de acordo

em, no fundo, exatamente a mesma finalidade: comunicar com clareza e efici-

com as expectativas e necessidades do usuá-

ência.

rio. Este conceito se aplica a qualquer

Um bom exemplo é o design automotivo: não conheço nenhum designer

interface gráfica, seja um website de uma

de automóveis que reclame que o volante é muito feio, que sua posição no

universidade, um cd-rom educativo ou um

carro não é elegante, e fique tentando reposicioná-lo, bem como mudar a sua

programa em que você lê seus emails. O

forma e cor. No entanto, ninguém tampouco pode negar que o design é um

designer vai utilizar os métodos mais adequa-

componente fundamental em um projeto automobilístico. Não é pelo fato de

dos, de acordo com o tipo de projeto.

haver padrões ou restrições funcionais e de usabilidade, que não existam

Em nenhuma das premissas que garan-

modelos de carros que sejam objetos de desejo devido a seu belo design.

tem os objetivos da usabilidade há algo que venha a limitar a criatividade para realizar um trabalho.

Princípios

e

diretrizes

de

:: Sandro Marques Gerente de e-Business do Banco Real www.bancoreal.com.br

usabilidade são elementos-chave de um projeto de interface e guiam o designer para que atinja as metas funcionais de cada trabalho. Não são diferentes das diretrizes e restrições encontradas em qualquer outro projeto de design, seja produto, vestuário ou impresso. Para acabar com qualquer dúvida, é importante lembrar os requisitos de uma interface segundo a norma ISO 9241, que são eficiência, eficácia e satisfação. Ou seja: a gente não quer só comida, mas também diversão e arte. :: Edson Rufino de Souza Designer Gráfico www.edsonsouza.com.br

“O OBJETIVO É UM SÓ: OTIMIZAR A INTERAÇÃO HUMANO-COMPUTADOR DE ACORDO COM AS EXPECTATIVAS E NECESSIDADES DO USUÁRIO”

41


debate

U U SS A A B B C R II A R LL II D D A A D D EE

Não acredito. Basicamente, a grande maioria dos sites funciona como um serviço. A comunicação online também obtém sempre melhores resultados se é percebida como um serviço ao cliente. No meu entender, uma coisa complementa a outra. O arquiteto de informação, que é quem define o posicionamento dos objetos em uma tela, faz o seu trabalho em paz, se preocupando somente com a usabilidade e com cada perfil de usuário. Com base em uma estrutura previamente definida de navegabilidade, aos diretores de arte cabe desenvolver um visual bonito, alinhado aos padrões do cliente (quando estes existem), e usar toda a sua criatividade para dar destaque a chamadas simples, prioritárias ou não, com animações ou formas que atraiam a atenção do visitante. Essa deve ser sempre a prioridade para a concepção de um site, com a construção dos wireframes (“planta baixa” de todas as páginas do site) e com a organização dos conteúdos, menus, posicionamento de chamadas e das respectivas imagens, bem como a definição dos conteúdos que estarão em destaque principal. Somente após termos essa etapa definida, entendida e aprovada pelo cliente, deve-se passar para o passo seguinte. Todo esse trabalho é coordenado pelo diretor de criação, que deve ter a visão macro do projeto, desde os objetivos do negócio ao planejamento de comunicação e definição das funcionalidades. Um trabalho em conjunto facilita muito a criação, tornando a arquitetura mais organizada e facilitando assim o trabalho dos engenheiros e programadores, que entram após terem tudo definido.

:: Fernando Tassinari Diretor de Atendimento e Planejamento da EURO RSCG 4D www.eurorscg4d.com.br

42


Então clica!

Por André Philippe Iunes

Com o objetivo de criar na internet uma única porta de entrada para seus clientes, a General Motors do Brasil (GM), que desde 2000 já comercializa pela web o Celta, seu modelo popular, resolveu investir há dois anos em um planejamento estratégico ainda maior na rede. O resultado foi a criação do Portal Chevrolet (www.chevrolet.com.br), que reúne informações e serviços sobre a marca e chega a vender cerca de 30% do volume total de veículos de passageiros da montadora. Em uma entrevista concedida à Webdesign, Antônio Peres, gerente de e-business da GM, explica como foi a concepção e o desenvolvimento deste projeto e nos revela como a empresa conseguiu fazer da internet uma fonte de lucros.

Wd :: Quais são as etapas mais críticas no planejamen-

Wd :: Devido ao grande volume de informações veiculadas

to de um portal institucional como o da Chevrolet?

no portal da Chevrolet, quais foram os critérios adotados

Peres :: No nosso caso, as etapas mais críticas foram as

para a organização do seu conteúdo?

relacionadas à necessidade de alinhamento do online com

Peres :: Até 2002, a Chevrolet possuía na internet vários en-

o offline. Para isso foram fundamentais a integração e a

dereços diferentes para disponibilizar suas informações. De-

sinergia entre as diversas áreas participantes da empre-

senvolver uma porta de entrada única, integrando todos os

sa. Como para a Chevrolet o site é um importante canal de

sites em apenas uma URL, foi o nosso grande desafio ao con-

comunicação, ele tem de ser consistente e isso requer um

ceber o novo portal da empresa. Todo o planejamento e arqui-

planejamento estratégico cuidadoso, abrangendo várias

tetura da informação foram baseados em testes e pesquisas

áreas da empresa, com diferentes tipos e níveis de partici-

para identificar problemas e implantar as melhores formas de

pação.

navegação e apresentação do conteúdo. Em um primeiro momento, o foco era entender as necessida-

X

des do negócio da Chevrolet. Com base nessas informações,

O wireframe é uma versão simplificada do layout, cuja função é

foi possível desenvolver um mapa geral de navegação e tam-

Wireframe

estruturar o conteúdo da página, delimitando a localização das informações e a relevância de cada elemento. Serve como um “guia”

bém os wireframes , que permitiram obter uma visão de to-

para o designer desenvolver a interface do site. No wireframe também

das as áreas do site. Desta forma, chegamos a uma interface

é possível estipular a exata marcação de textos, conceitos de navegação

adequada para o usuário.

e, em alguns casos, os recursos de programação e tecnologia utilizados pela equipe de desenvolvimento. É também considerada uma importante ferramenta para testes de usabilidade com usuários.

43

estudo de caso

Quer andar de carro novo?


estudo de caso

Wd :: Como a Chevrolet trabalha os seus programas de fidelidade na internet? Peres :: Programas de fidelidade são muito importantes para os negócios da empresa e por isso a Chevrolet criou o site www.meuchevrolet.com.br. O objetivo é gerar relacionamento, mostrando os diferenciais da marca e a sua preocupação em oferecer sempre o melhor, visando a total satisfação dos nossos clientes. Wd :: O site da GM possui uma boa área dedicada a notícias sobre a empresa e seus produtos, refletindo uma preocupação em tornar seu conteúdo mais dinâmico. Quais os benefícios dessa estratégia editorial? Peres :: Por meio das notícias, geramos um canal de comuni-

“Como para a Chevrolet o site é um importante canal de comunicação, ele tem de ser consistente e isso requer um planejamento estratégico cuidadoso, abrangendo várias áreas da empresa, com diferentes tipos e níveis de participação”

cação diário com os nossos usuários, informando o dia-a-dia da empresa, todas as suas ações e lançamentos. Esta é certamente uma estratégia forte de comunicação que agrega valor à marca Chevrolet, reforçando a construção da sua imagem perante o mercado. Wd :: Fale um pouco sobre os conceitos utilizados na elaboração do layout. Quais elementos foram importantes para criar a identidade visual do site da Chevrolet e de outros produtos online da montadora? Peres :: Em função da necessidade de centralizar um grande volume de informações e organizar a navegação de usuários com perfis diferentes, optamos por um layout de “portal”. O resultado é um design neutro, moderno e agradável, desenvolvi-

www.chevrolet.com.br

do para que os visitantes possam encontrar rapidamente as informações desejadas, com foco na divulgação da linha de produtos. Dentre as novidades desenvolvidas para o portal, a de maior destaque são as Car Homes, que são páginas especiais em que

efetuar a compra do carro pelo site. Outra área importante é

o usuário consegue visualizar de forma dinâmica e moderna as

o espaço localizado na parte nobre da homepage, muito utiliza-

características principais de cada modelo, podendo, inclusive,

do para ações de marketing e divulgação de promoções e novi-

analisar por meio de fotos os detalhes internos e externos do

dades da empresa.

automóvel. As Car Homes são desenvolvidas com base nas ca-

Wd :: Qual o tamanho da equipe que trabalha no site e

racterísticas e particularidades de cada veículo Chevrolet, mas

qual a função de cada integrante?

com a preocupação de não comprometer a uniformidade do

Peres :: A equipe é composta por quatro profissionais que

layout do portal. A partir destas páginas, é possível montar e

atuam na área de e-business. O gerente é responsável pela

44


“Por meio das notícias, geramos um canal de comunicação diário com os

B2C

X

B2C significa Business to

nossos usuários, informando

Consumers, que corres-

o dia-a-dia da empresa, todas

do comércio eletrônico

as suas ações e lançamentos”

seu consumidor.

ponde à parte varejista entre uma empresa e o

elaboração e implantação de atividades relacionadas ao B2C e integração com as outras áreas da empresa, assim como o alinhamento com as iniciativas globais. Há um supervisor, encarregado pela atualização do site e pelo desenvolvimento, validação e implementação de novas estratégias de e-business. Também contamos com uma coordenadora que atualiza, atende às demandas de negócio e de mercado, além de integrar a estratégia de comunicação online, contribuindo para a conscientização da marca junto aos internautas. E, por último, uma analista de e-business, que coordena as atividades relacionadas à manutenção do site de vendas de veículos, inclusão de novos modelos para venda pela internet, assim como o controle das ações promocionais. Wd :: A partir de 2000, a possibilidade de comprar um automóvel da Chevrolet pela internet era uma opção somente disponível para os consumidores do Celta. Hoje em dia podem ser comprados online outros modelos da montadora. Isso reflete um sucesso de vendas feito pela web? Peres :: Sim. A venda pela internet, iniciada com o Celta, busca oferecer ao cliente o carro certo, no lugar certo, no menor prazo possível e com preço competitivo, o que cria as melhores condições para que o cliente possa escolher exatamente o que quer. Essa estratégia, associada às qualidades do próprio veículo, fez do Celta o carro mais vendido da linha Chevrolet e um dos primeiros colocados do ranking de vendas de automóveis no Brasil. Diante desses resultados, resolvemos oferecer outros modelos para venda no site, consolidando esse canal de distribuição como um importante diferencial competitivo em sua estratégia de marketing e vendas. Wd :: Cite as etapas que o usuário realiza na compra de um veículo pelo site da Chevrolet e aponte quais garantias e benefícios online o cliente possui? Peres :: O processo começa pela escolha do veículo, a cor e os opcionais desejados, sendo possível visualizar os itens de personalização disponíveis para

45


estudo de caso

o veículo selecionado que poderão ser adquiridos na Rede Chevrolet. Em seguida, o cliente escolhe uma concessionária e pode verificar através da opção “Previsão de Entrega” a data prevista para a chegada do veículo na concessionária indicada. Nessa fase de pré-compra, o cliente ainda não precisa se identificar, só faz isso quando clicar no “Compre o Seu”, momento em que irá criar um usuário e senha que o acompanhará até o final do processo e informar os seus “Dados Cadastrais”. O próximo passo é a escolha da opção de pagamento que pode ser à vista, financiamento com o Banco GM ou Consórcio Chevrolet. Após esta etapa, o cliente pode concluir a compra, fazendo a reserva por meio da opção “Reserve seu Chevrolet”. Nesse momento, o carro é localizado nos CDVs (Centros de Distribuição de Veículos) e o cliente deve realizar o pagamento do sinal de mil

“Todo o planejamento e arquitetura da informação foram baseados em testes e pesquisas para identificar problemas e implantar as melhores formas de navegação e apresentação do conteúdo”

reais, via cartão de crédito ou boleto impresso no próprio site, opção disponível apenas nas concessionárias Chevrolet. Para o pagamento do restante do veículo, o site gera um segundo boleto que poderá ser pago na rede bancária ou na concessionária escolhida. Wd :: Como é sincronizado todo o processo de distribuição dos modelos vendidos pela internet, desde a sua compra no site à entrega do veículo ao cliente? Peres :: A venda pela internet garante a entrega rápida, que é viabilizada por

http://chev2.chevrolet.com.br/veiculos/astra.htm

uma logística que compreende cinco Centros de Distribuição de Veículos, os CDVs, localizados em pontos estratégicos, incluindo o Complexo Industrial

Wd :: A Chevrolet foi ganhadora em três

Automotivo de Gravataí, onde é fabricado o Celta. Quando a ordem de compra

categorias nesta 9ª Edição do Prêmio

é disparada online pelo consumidor, o sistema eletrônico “busca” o carro esco-

Ibest. Ainda este ano, o site Meu

lhido no CDV mais próximo da concessionária que ele mesmo elegeu para a

Chevrolet recebeu dois prêmios Top de

entrega do veículo. O tempo estimado de entrega é de quatro a sete dias.

Marketing. A que você atribui o sucesso

O sistema online oferece comodidade para o cliente a qualquer hora, pois está

desses sites?

sempre disponível 24 horas por dia e sete dias por semana. A eficiência e a

Peres :: Primeiramente, ao fato da

conveniência da venda eletrônica se apóia também na perfeita sinergia entre

Chevrolet acreditar profundamente na

os três sites que servem o sistema. O do cliente, em que ele poderá fazer e

internet e, através da ousadia, aprendizado

acompanhar o seu pedido, saber quanto tempo falta para o seu carro ser en-

e aprimoramento constantes, buscar sempre

tregue, se está no centro de distribuição ou já o espera na concessionária

novidades, superando as expectativas de

Chevrolet. O site do concessionário, que contém o histórico dos negócios e o

seus clientes. Outro ponto fundamental é o

detalhamento dos pedidos. E, monitorando todo o processo, o site do Centro

trabalho em equipe realizado entre os depar-

de Atendimento ao Consumidor, que tem acesso a todas as informações para

tamentos internos da empresa e seus parcei-

acompanhar os clientes e resolver eventuais dúvidas de maneira eficaz.

ros de marketing e tecnologia.

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banners

Banner: o outdoor da web Por Vanessa Barbosa

Mas o excelente recurso pode se tornar uma grande dor

Palavra de origem inglesa, banner significa bandeira,

de cabeça para o profissional de webdesign. Afinal, ninguém

faixa. Sem dúvida, é a principal e mais utilizada ferra-

deseja que seu site seja lembrado como um show pirotécnico,

menta de propaganda online. É semelhante ao outdoor

poluído visualmente e esquecido pelas informações importan-

que você vê na rua e não consegue tirar os olhos. E é

tes que contém. Por isso, a Webdesign convidou alguns cra-

isso mesmo: ele quer é chamar atenção. A grande di-

ques na arte de criação de banners para esclarecer como utili-

ferença é que na internet você pode clicar e obter

zar melhor essa ferramenta tão importante e não deixar que

mais informações sobre o serviço ou produto anuncia-

seu site se torne um daqueles cassinos de Las Vegas.

do, além de utilizar diferentes formatos, animações,

Paulo Sanna, diretor de criação da Ogilvy Interactive em

várias telas, enfim, soltar a criatividade e tentar ven-

Nova York, destaca a função estratégica do banner. “É uma

der seu peixe, seja um produto ou apenas para divul-

peça de publicidade como outra qualquer. Ou seja, suas fun-

gar alguma informação mais escondida no site.

ções e objetivos são os mesmos de um anúncio em mídia impressa ou um comercial de TV. Porém, um banner, em geral, tem a função tática de funcionar como um link entre o consumidor e o site do anunciante. Basta um clique”, afirma. Em 2004, a campanha DOG / Bird desenvolvida pela Ogilvy para a escola de idiomas CNA foi premiada em Cannes. A peça mostra a palavra “dog” correndo atrás da palavra “postman”, simulando a perseguição de um cachorro ao desesperado carteiro. A idéia é mostrar que o aluno, ao compreen-

Banner da Ogilvy para a escola de idiomas CNA

der e entender, já está falando inglês. Segundo Paulo, uma das principais características da publicidade online é a grande possibilidade de formatos e

A Ogilvy Interactive ganhou em 2004 dois Leões de

tecnologias que podem ser utilizados em um trabalho. “Um

Ouro e um de Bronze, e colocou 14 peças do shortlist

banner pode ser uma peça extremamente simples e tímida, com

de Cannes, consagrando-se como a agência com o maior número de shorlist no CyberLions, entre todos

pouquíssima capacidade de persuasão e impacto. Ou, na ou-

os concorrentes. Segundo Paulo Sanna, por três anos

tra extremidade, muito sofisticada, que contém vídeo, anima-

consecutivos, a Ogilvy é a agência com o maior

ções em 3D, informações personalizadas extraídas de banco

número de peças no capítulo Internet do Anuário de Criação.

de dados, funções de e-commerce e qualquer outra coisa que a cabeça do criativo possa pensar. Na Ogilvy, tentamos explo-

47


banners

rar ao máximo o que a mídia interativa nos oferece. Podemos trabalhar com todas as linguagens dos demais meios e acrescentar o elemento exclusivo da mídia interativa que é a própria interatividade.” Unanimidade Nada de efeitos especiais, letras que piscam ou cores chamativas. O que chama mais atenção do usuário é sem dúvida uma boa idéia. Para PJ Pereira, VP de Criação da Agência Click, esta deve vir sempre em primeiro lugar. “Em segundo vem a boa execução da idéia. Efeitos e pirotecnias acabam atrapalhando mais do que qualquer coisa. Se fosse assim, um dos maiores galãs do Brasil seria o Falcão (o humorista, não o comentarista).” Segundo Thaís Lima, diretora de arte de internet da AlmapBBDO, efeitos especiais podem ser muito perigosos se forem mal aplicados. “Enquanto que uma boa idéia funciona sempre, com ou sem efeitos especiais”, afirma. Banners desenvolvidos pela Agência Click: “Disguise” para a própria Agência Click, “Bungee Jump” para a Aventure-se, “Tatoo” para a INDT, e “Footbag” para a Coca-cola

Marcos Nähr, webdeveloper e responsável pelo desenvolvimento e manutenção do site e loja online da Dell Computadores no Brasil, possui a mesma opinião dos colegas. Elementos como letras que piscam e cores quando empregados de forma inadequada acabam se tornando um enorme “ruído visual”.

“Efeitos e pirotecnias acabam atrapalhando

“Ruído visual é todo e qualquer elemento gráfico que não

mais do que qualquer coisa. Se fosse assim,

contribui para a comunicação. Estes elementos acabam muitas

um dos maiores galãs do Brasil seria o Falcão” PJ Pereira

vezes diluindo a mensagem e nos distanciando dela. Mas na comunicação visual o conteúdo nunca está dissociado da forma. Eles são componentes básicos e irredutíveis. Quando temos uma boa idéia, conseguimos controlar apenas três dos elementos presentes no processo de comunicação visual: o design, o conteúdo e a forma. Mas para que esta idéia seja

Em cinco anos, a Agência Click recebeu 12 Leões em Cannes, o prêmio mais importante do mundo. “Entre eles, um foi o Grand Prix, que é o prêmio máximo da

realmente boa, dependemos ainda de um quarto elemento: o público. A percepção, a capacidade de organizar a informação

competição e que o Brasil só havia levado outro há

visual que se percebe, depende de processos naturais, das

muitos anos”, afirma PJ Pereira.

necessidades e propensões do sistema nervoso humano. Entender como funciona esta percepção por parte do nosso público é em última instância o elemento chave para a criação de um banner realmente efetivo”, explica Marcos.

48


banners O processo de criação Para Paulo Sanna, o processo de criação de um banner é semelhante

ao

de

outros

trabalhos

na

web.

“A dupla de criação – redator e diretor de arte – recebe um

“Em primeiro lugar vem a

briefing, apresenta as soluções criativas para o cliente e, a

atração. Em segundo, a sedução.

partir disso, entra em cena a equipe de produção para ‘fina-

E o terceiro é a identificação.”

lizar a peça’. Essa equipe em geral é formada por um motion designer e um programador, dependendo das exigên-

Marcos Nähr

cias técnicas de cada peça. Porém, na minha opinião, o processo online é um pouco mais livre do que o offline. Isso porque os clientes se sentem mais à vontade para experimentar

básicos, como a escolha do site correto para a colocação do

idéias diferentes na internet.”

banner e identificar previamente o ambiente onde a peça

Quanto à participação do cliente na criação, PJ Pereira

será inserida. “Ter uma mensagem bem definida, curta e que

destaca que o trabalho sai tão melhor quanto melhor for o

gere uma ação por parte do usuário. Não tente dizer coisas

contratante. “Um cliente que não saiba o que está fazendo

demais. Faça com que o banner e a sua página de destino

pode impedir que o trabalho fique bom. Mas também é inte-

trabalhem em conjunto. Use o banner como um chamariz

ressante que ele mantenha uma certa distância do processo

para deixar o usuário curioso”, explica.

criativo, ficando mais seguro na formulação de um bom

Softwares e tecnologia

briefing, que é como chamamos no jargão publicitário o resu-

Não existe um software específico para o desenvolvi-

mo da missão que aquela peça precisa cumprir. Isso é impor-

mento de um banner. Muitas ferramentas são utilizadas na

tante porque a visão que o cliente tem do seu próprio

elaboração das peças. Porém, os mais utilizados são o Adobe

produto normalmente é distorcida, pela importância que qual-

Photoshop, Adobe Illustrator, Macromedia Flash, Image

quer um daria a algo que consome pelo menos oito horas do

Ready da Adobe, CorelDraw da Corel, FireWorks da

seu dia. Bill Bernbach, um dos pais da propaganda moderna,

Macromedia, entre outros.

diz que para criar uma boa campanha é preciso partir do prin-

Uma preocupação recorrente do profissional de

cípio que ninguém tem o menor interesse no que você tem a

webdesign é utilizar recursos tecnológicos que possam ser

dizer. Seria muito difícil fazer isso com o cliente do lado!”, afir-

visualizados por todos os usuários, levando em conta os que

ma PJ.

possuem conexões mais lentas.

Segundo Marcos, ao desenvolver um banner deve-se

Thaís Lima afirma que uma questão chave nos trabalhos

levar em conta três aspectos fundamentais. “Em primeiro lu-

elaborados pela AlmapBBDO é procurar atender a todos os

gar vem a atração. Ele precisa ser visível, se diferenciar da-

usuários. “Essa é uma das nossas principais preocupações.

quilo que está a sua volta. Em segundo, a sedução. Depois de

Se fazemos um trabalho que exige uma boa conexão para ser

conseguir a atenção do usuário você também precisa captu-

visto, sabemos que nem todo mundo vai ver. Em geral, procu-

rar o seu interesse. A mensagem precisa convencer e o

ramos trabalhar com parâmetros baseados na maioria, mas,

design precisa inspirar esta confiança. E o terceiro aspecto é

dependendo do caso e do público que queremos atingir, es-

a identificação. Criar uma imagem é fundamental para se di-

sas variáveis podem mudar. A nossa função como profissio-

ferenciar da concorrência e gerar confiabilidade.” Além dis-

nais de comunicação é inovar e para isso é necessário ousar

so, ele destaca o cuidado que se deve ter com alguns fatores

com formas diferenciadas, utilizando mais recursos da banda

49


banners larga e novas tecnologias. O usuário brasileiro demonstra um

Para João Binda, supervisor de mídia de internet da

interesse muito grande quando oferecemos coisas novas e a

AlmapBBDO, a agência pode contratar um servidor de banners,

maioria das vezes o resultado supera nossas expectativas.”

conhecidos como adserver, ou solicitar aos veículos os núme-

A Ogilvy aproveita todos os meios oferecidos pelos por-

ros das peças. “E a responsabilidade sempre é da agência, que

tais. “Usamos todos os recursos tecnológicos que os portais

fica encarregada por qualquer alteração de estratégia da

nos oferecem. Quando se trata de uma tecnologia que não

campanha”, explica. E segundo Paulo Sanna, esta é uma das

funciona em computadores menos potentes, por exemplo, o

principais vantagens da mídia online. “Cada banner, tecnica-

próprio software, que controla a veiculação, se encarrega de

mente falando, é um ‘pequeno software’. Por isso, pode ser

detectar as características da máquina do consumidor e decidir

controlado por outras ferramentas de tecnologia. Assim, po-

se a campanha pode ou não ser apresentada para aquele usu-

demos medir exatamente tudo que acontece com ele”, conclui

ário em questão”, afirma Paulo.

Paulo.

E o retorno? Tanto para o profissional como para o cliente é muito importante fazer o levantamento e estatísticas de acesso ao

Você sabe porque às vezes os banners são ignorados?

banner. Para o primeiro, é imprescindível para que ele possa

Segundo Marcos Nähr, no mundo das interfaces gráficas digitais,

avaliar o resultado do projeto, se a tecnologia utilizada foi

um modo de agnosia visual (incapacidade de reconhecermos aquilo que estamos vendo) vem sendo estudada. Conhecida

adequada e, principalmente, se a peça despertou o interesse

como banner blindness ou “cegueira de faixa”, essa cegueira é

do internauta. Já para o cliente é óbvio, afinal este precisa ter

descrita como uma tendência que os usuários têm de ignorar

a resposta do investimento que foi feito. Segundo PJ Pereira, a Agência Click consolida os dados enviados pelos veículos, sites onde ficam hospedados os banners, com as informações coletadas pela agência. “Isso é

algumas formas, cores, e tudo que está relativamente próximo. “É algo muito parecido com aquela situação pela qual todos já passamos de procurar por uma chave sobre uma mesa. Passamos várias e várias vezes nossos olhos pela chave sem que nosso cérebro registre sua presença. Os olhos sem dúvida viram as chaves, mas esta imagem não foi transformada por um

muito importante para entender a resposta do consumidor a

processo de percepção em uma informação efetiva. Em relação

cada tipo de estímulo e acaba jogando no lixo essa história

aos banners, algo semelhante acontece quando passamos por

boba de que um bom banner é o que dá mais clique. Claro que

experiências prévias que nos propiciam elaborar modelos mentais ou cognitivos que fazem com que passemos a ignorar

não é! Ou melhor, às vezes é. Como às vezes só de as pessoas

certas áreas, formas ou outros elementos visuais em um

terem visto já funcionou.” Porém PJ destaca que, em certos

determinado ambiente. Nosso cérebro então transforma estas

momentos, o importante é saber o que o internauta fez depois

áreas ignoradas em pontos cegos.” Para contornar o problema, Marcos acredita que o profissional

do clique. “Por exemplo: uma vez criamos para um site de e-

de webdesign deve buscar sempre a inovação, voltada para a

commerce duas campanhas paralelas. Uma delas, mais

satisfação dos três pontos citados anteriormente por ele –

apelativa (às vezes arriscamos para conferir nossas teses) deu

atração, sedução e identificação do usuário com a mensagem. “Devemos trazer a mensagem (não necessariamente na forma

uma taxa de clique muito superior à outra. Só que a menos

de um banner tradicional) para dentro do modelo cognitivo do

clicada, por ser mais sincera e deixar mais claro o que haveria

usuário. Precisamos fazer com que o usuário não só veja, mas

‘do outro lado do clique’, teve uma conversão de vendas muitas vezes maior.”

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perceba o banner”, explica.


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tutorial

Carregando texto externo no

Flash 2004

Para desenvolvermos um projeto profissional no Flash,

por Flávia Barbieri Soares flavia_barbieri@tonanet.com

Abra

o

Painel Components.

devemos saber utilizar adequadamente seus componentes.

Window à Development Panels à

Eles nos ajudam a otimizar o trabalho e possibilitam uma gama

Components ou Ctrl+F7 (figura 1).

de recursos interessantes até mesmo depois que o projeto já foi finalizado e está somente na fase de manutenção.

Com o Painel Components aberto, selecione o Component Text Area e sem

Assim ocorre com o componente “Text Area”. Ele facilita a

soltar o mouse, arraste-o até o palco. A

atualização de textos no arquivo SWF, sem a necessidade de

Barra Properties agora estará apresen-

editar o arquivo .FLA. Então, até uma pessoa que não entende

tando os Parâmetros (Paramenters)

nada de Flash poderá fazer a modificação do texto.

referentes a este Componente (figura 2).

Vamos aprender a usá-lo.

Editable à Se o texto

Antes de abrir o Flash, vamos criar o arquivo que será

será editável (true) ou não

carregado externamente. Abra um arquivo novo no Notepad

(false) quando incorporado

(Bloco de Notas), e digite o seguinte texto:

ao SWF. O padrão do Flash é

&cont=<b>Revista Webdesign</b> Tutorial para carregamento de texto externo !

Figura 2

True . HTML à Se o compontente Text Area interpretará os comandos de HTML inseridos no arquivo externo. Se sim (True) .

Funcionou !! <a

Figura 1

href=”http://www.arteccom.com.br/

webdesign”><u>Clique aqui</u></a> para visitar o site da revista. Salve este arquivo com o nome “externo.txt”. O conteúdo do arquivo TXT, como visto, não precisa estar entre as Tags <html></html> e os comandos <b>, <i>,

Se não (False).

Text à Local onde você poderá digitar um texto que será carregado internamente pelo Flash.

wordWrap à Se o texto será divido em linhas para caber dentro do espaço definido pelo Compontente. Se sim (True) . Se não (False).

<u>, <br>, <p>, <a href>, <img src>, entre outros de Folha

Não se preocupe com estas opções; elas serão configura-

de Estilo (CSS) funcionam como em um arquivo HTML. (Sim! O

das através de Action Script. Estas oções são geralmente

Flash MX 2004 permite Folha de Estilo em textos carregados

usadas para textos internos e digitados no campo Text .

externamente!) Agora vamos desenvolver o SWF. Abra um arquivo novo do Flash. Open à New ou Ctrl+N.

Se quiser mudar o tamanho do seu Componente Text Area. Você pode usar a ferramenta Free Tranform. Basta selecioná-lo e então clicar sobre esta ferramenta.

Renomeie a primeira camada. Dê um duplo clique sobre o

Você poderá aumentá-lo ou diminuí-lo exatamente como faz

nome Layer 1 e ao entrar na edição renomeie-a “Componen-

com formas e outros elementos. Você também poderá utilizar a

te” . Aperte Enter para concluir.

Barra Properties para modificar sua Largura (Width) ou Altura (Height).

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tutorial Vamos nomear esta instância do componente. Ainda na

Perceba que este último comando também faz referência

Barra Properties, onde está escrito <instance name> ,

ao conteúdo do arquivo externo. Ele ordena que se carregue o

digite “ texto ” e aperte Enter (figura 4).

arquivo “externo.txt” e que se pegue o conteúdo denominado “cont” dentro deste arquivo. Para que seu texto seja interpretado pelo Flash Player com acentos, insira este comando na primeira linha do seu cóFigura 4

Vamos criar uma nova camada para as Ações. Clique no primeiro ícone no canto inferior esquerdo da Timeline ou vá em Insert à Timeline à Layer. Uma camada de nome Layer

2 aparecerá logo acima de Layer 1. Vamos mudar seu nome. Dê um duplo clique sobre o nome Layer 2 e ao entrar na edição renomeie-a Ações . Aperte Enter para concluir. Selecione o primeiro Quadro da camada Ações, abra a o Painel Actions. Window à Development Panels à

digo: System.useCodepage = true; Salve seu projeto na mesma pasta que salvou seu texto no Notepad. File à Save ou Save+S. Agora, você poderá testá-lo. Vá em Control à Test Movie ou Ctrl + Enter. O texto aparecerá dentro do componente Text Area e se for necessário o SWF criará automaticamente barras de rolagem (figura 5).

Actions ou F9 e insira os comandos a seguir: var nova_lv:LoadVars = new LoadVars(); nova_lv.load(“externo.txt”); nova_lv.onLoad = function(success:Boolean) {

Figura 5

if (success) { texto.text = this.cont; } else {

Para modificar as cores padrões das bordas de seu componente Text Area, você pode trabalhar com .setStyle, da

trace(“unable to load text file.”); } }; texto.html = true; texto.editable = false; Este comando cria e nomeia uma nova variável (nova_lv) e ordena ao Flash que carregue o arquivo “externo.txt”

(nova_lv.load(“externo.txt”) ) dentro do componente Text Area que denominamos “texto” (texto.text = this.cont;) .

seguinte forma: Nome_da_instância.setStyle(“borderColor”, “cor”); No nosso caso, texto.setStyle(“borderColor”, “white”); Você pode trabalhar com as seguintes opções deste componente: borderColor – highlightColor – shadowColor – borderCapColor – shadowCapColor – shadowCapColor. Com este componente qualquer pessoa que saiba os comandos básicos de HTML poderá fazer a modificação no texto, sem a necessidade de editar o .FLA. Vida simples, não ?

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estratégia online

Marcello Póvoa Criou a MPP Solutions, empresa de consultoria estratégica, criação e desenvolvimento em mídia interativa. Foi Diretor da Globo.com e da IconMediaLab (Nova York) com inúmeros projetos premiados internacionalmente. Possui Masters of Science in Communications Design pelo Pratt Institute (NY) e MBA em Administração pela Coppead, UFRJ. É autor do livro “Anatomia da Internet” (Casa da Palavra). mpovoa@mppsolutions.com

Sites banda larga de verdade A maioria esmagadora dos sites ainda não ultiliza as vantagens de uma conexão rápida. Um novo mundo conectado Todos teremos banda larga em um futuro muito próximo. É somente uma questão de tempo relacionada ao barateamento dos preços de assinatura e a penetração da infra-estrutura necessária para alcançar toda a população. No mais, o consumidor definitivamente deseja Banda Larga. Pode até não saber ainda da necessidade – até usar pela primeira vez uma conexão em alta velocidade. A partir deste momento, qualquer dial-up da vida torna-se imediatamente ultrapassado e insuficiente para uma boa experiência na internet. De certa forma, lembra o processo de ciclo de vida de aparelhos de TV preto e branco para os coloridos na década de 70. Do momento em que apareceu cor nas imagens, as mesmas imagens dos mesmos programas em P&B tornaram-se imediatamente obsoletas. Naturalmente nenhum consumidor em sã consciência não deixava de desejar uma TV em cores em casa – exceto pelo preço alto inicial ou a falta de transmissão em cores em sua região. Com a expansão da penetração do sinal de transmissão e o barateamento dos aparelhos, a TV em cores tornou-se “commodity” nos lares, como a geladeira, o fogão e o telefone. Uma mudança rápida... Com a expansão da base instalada de TV em cores, os programas tiveram de ser produzidos pensando nesta nova realidade. Hoje em dia, seria inimaginável assistir a uma novela ou telejornal em preto e branco. Da mesma forma, a maioria dos sites, aplicativos e seus respectivos conceitos terão de ser repensados para uma situação de banda Larga. O usuário de banda larga surfa hoje em um mundo projetado para banda estreita – com honrosas exceções. Existe na internet, no entanto, uma diferença importante em relação a evolução das TVs. Após o advento da cor, os aparelhos de TV se modificaram muito pouco por décadas. Já a capacidade de banda que cada um de nós vai demandar tende a crescer indefinidamente. Ou seja, a definição do que é “Banda larga” é temporal. Há cerca de oito anos um modem de 14.4 kbps era o denominador comum da base instalada. Nesses tempos, uma conexão ISDN (128 kps) era um luxo de banda em casa. Hoje, uma linha ADSL de 768 kbps já é oferecida aos lares nas principais regiões brasileiras. Em pouco tempo teremos tecnologias altamente promissoras como o WiMax, que poderá transmitir pelo ar (wireless) ondas de até 75 megabits por segundo, cobrindo áreas de aproximadamente 48 km. Nossas conexões atuais se tornarão peças de arqueologia de telecomunicação em tempo recorde.

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estratégia online

“As tecnologias de banda larga são a fundação para o aparecimento de toda uma nova geração de produtos na internet”

Conteúdo apropriado

tância, que vão determinar a decisão de assinatura. Da mesma

Assim como as TVs em cores demandaram por conteúdos

forma, o que define a audiência da TV são os produtos em seus

que desfrutassem da nova tecnologia, os sites atuais terão de

respectivos canais – não as tecnologias de transmissão. O va-

progressivamente evoluir para enriquecerem suas experiênci-

lor percebido está no conteúdo. O contexto muda, mas ao que

as perante o consumidor – que tende a ser cada vez mais exi-

parece o comportamento do consumidor tem um padrão ao

gente. As tecnologias de banda larga são a fundação para o

longo do tempo. Afinal, trata-se do mesmo Homo sapiens...

aparecimento de toda uma nova geração de produtos na internet: vídeo com tela cheia e qualidade de DVD, voz via IP, jogos online, comércio eletrônico com uma percepção mais real dos produtos, fotografia digital e música com alta resolução online, comunicação por videoconferência, e por aí vai. É importante notar que a entrega destes produtos deverá acontecer em múltiplos canais de distribuição: celular, PDA’s, iTV e, é claro, o bom e velho PC. Consumidor exigente A penetração de banda larga, especialmente nas capitais brasileiras, cresce a taxas acima do esperado. Os usuários de banda larga ainda são minoria se comparados aos de banda estreita no país, mas crescem a todo vapor. Ao escolher um serviço de banda larga hoje em dia, o consumidor considera fundamentalmente o valor telecom, ou seja, a percepção de qualidade esta diretamente relacionada à estabilidade e velocidade da conexão. Esta percepção de valor esta mudando. Ao considerar sua decisão de assinatura, o consumidor possivelmente começará a considerar os produtos a que terá direito. Ou seja, os sites que realmente enriquecem a experiência de uso fazendo usufruto da banda de forma inteligente. São estes sites e aplicativos, em última ins-

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webwriting

Marcela Catunda Trabalhou nas redes Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e Globo. Foi redatora da DM9DDB e supervisora de criação de mídia interativa da Publicis Salles Norton. Atualmente é autônoma. marcelacatunda@terra.com.br

Tá bom! Tá bom! Vamos falar do Orkut. www.orkut.com Você já foi convidado? Pergunta: – Você não vai falar do Orkut na sua coluna? Resposta: – Acho que não. Pergunta: – Pô, Catunda! Todas as revistas tão falando disso. Resposta: – Mais um motivo para eu não precisar falar nada. Pergunta: – Ah! Mas você podia fazer de um ponto de vista diferente. Resposta: – De olhos fechados? (pausa) Vendados? Aquele treco nem funciona. Versão beta há milhões de anos. Será que passaram a perna na alpha? Ah! Deixa pra lá. Falemos do fantástico campeonato mundial de amigos: o nosso querido Orkut. Meu primeiro contato com ele foi profissional. Fui fazer um freela numa produtora e me pediram pra criar uma personagem. Papo vai, papo vem e alguém no meio da reunião soltou um: – Putz, eu vi uma coisa assim no Orkut. Or o quê? Pensei e perguntei. E daí me explicaram o que era. Junto com a explicação veio o convite para participar do Orkut. Entrei. Entrei. Saí. Entrei. Saí. Entrei e saí umas quinze vezes até conseguir preencher o meu perfil, mas consegui. Sofrimento maior foi na hora de montar o álbum de fotos. Ave Maria! Mas que demora. E cai e volta. E cai e volta. E cai e volta. E cai e volta. Caí e não voltei mais. Ah! Passa amanhã. E passei. No dia seguinte minha irritação pelo Orkut começou a se transformar em paixão. Quando vi que meus amigos estavam todos lá, mandando mensagens, postando testemunhais, me enchendo de carinhas, cubos de gelo e corações... pronto! Me derreti. Ah! Mulheres! Comecei então o meu ciclo vício. Entre uma frase e outra de um texto qualquer, lá ia eu correndo para o Orkut ver se alguém tinha aparecido, se eu havia recebido mais cubos de gelo, carinhas, scraps, se algum novo amigo havia me adicionado. SURPRESA! Amigas de mil novecentos e setenta e bolinha. Meu Deus! Elas reapareceram. Estudamos juntas no primário e lá estavam elas depois tanto anos, tão perto. Puxa! Que treco legal esse Orkut. Nossa! Como eu encontrei amigos. Tinha gente que eu nem imaginava mais encontrar e encontrei. E é legal porque tem foto e a gente pode olhar para elas e pensar: – Nossa! Ela tá igual. – ou – Nossa! Será que eu tô velha? Estaria eu um bagaço? Ixi. Pra pensar dá e muito.

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webwriting

“Se você receber um convite para fazer parte dessa nova diversão: enjoy!”

SURPRESA II As comunidades são um capítulo à parte. Simplesmente geniais. Até as absurdas são magníficas. Aliás, as mais divertidas são absurdamente non sense. Fui bem recebida em todas, quer dizer, em quase todas. Teve uma em especial que

Amigos, passado, amigos, presente, histórias, amigos, comunidades, amigos diversão, nostalgia, aproximação de amigos... É o Orkut, é essa coisa sabão: vale quanto pesa. Se você receber um convite para fazer parte dessa nova diversão: enjoy!

não me recebeu muito bem não. Era a comunidade de uma praia onde tive casa durante muitos anos e meus tios ainda

ps.: MARCELA CATUNDA foi deletada do Orkut na manhã

estão por lá. Entrei para xeretar e de repente postaram algo

do dia 13/09/2004 sem justificativa nenhuma. Apenas uma

como: – O que é esse bando de velha aqui na comunidade?

mensagem deu lugar ao mundo dos novos e antigos amigos vir-

Quem chamou essas tias? ... Ai, mas doeu. Tá certo que eu já

tuais e seus maravilhosos depoimentos:

sou tia, mas ser discriminada desse jeito é inaceitável. Inaceitável? Não. Eu também já fui adolescente. Deixa eles curtirem a praia.

“This orkut account has been deleted and is no longer available. “ Traduzindo: É! Teje morta!

Depois de alguns meses no Orkut reencontrei amigos, fiquei mais perto de outros, entrei em comunidades legais, dei muitas risadas e alcancei a fama tendo amigas do naipe de Beatriz Vasconcelos, a maravilhosa arquiinimiga da Maria Clara de Celebridades e herdeira do império de Lineu Vasconcelos, simplesmente genial esse figura orkutiana. Beatriz abriu-me as minhas portas para o mundo VIP e hoje sou amiga do ET, do Gonzo, do Steven Seagal, da Elke Maravilha e de mais um montão de ídolos do meu passado. Bem divertido. Pra usar o Orkut, como disse no início da minha coluna é preciso ter paciência. Mas a recompensa pode ser superior a sua paciência se você se deixar levar pelos personagens maravilhosos que existem por lá e sair à caça de seus amigos. Nada que uma velha agenda do passado não resolva.

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marketing

René de Paula Jr. Analista de negócios da Sony Latin America, René é profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com

Imaginação fértil – Calma. Vamos rabiscar no papel, antes. Ele me olhou com estranheza. O software já estava ali, engatilhado, pronto para receber de braços abertos nosso furor criativo, nosso ímpeto realizador, nossa... precipitação desastrada. Quando o assunto é criar, somos como maus amantes: partimos para as vias de fato sem cerimônia alguma, sem preliminares, sem nada. Dá para se conceber assim? Claro que dá, mas prepare-se para uma gestação tumultuada e um parto sofrido. O mau dos softwares autorais é esse: eles te enganam. Nenhum photoshop, dreamweaver, powerpoint te pergunta: “O que você quer de mim?”. Que nada: em todos eles começamos com a cabeça tão vazia quanto a tela nova. Para alguns processos “autorais” isso pode ser um bom começo. Se você for um poeta

beat , se você for um James Joyce reencarnado registrando seu stream of conciousness , se você for um Pollock e quiser jogar coisas a esmo para ver no que dá... Nesses casos o processo “vamuquivamu” pode ser esplêndido, mas se for essa a sua praia, eu te sugiro procurar outra revista (ou um articulista menos crica). Essa liberdade infinita que um software nos dá mascara uma limitação básica: aquele software é capaz de cuspir alguns tipos de coisas, mas quem garante que são as coisas de que precisamos? A solução para o seu problema pode não ser um JPG, pode ser um email bem estruturado. A chave para resolver uma questão pode ser um mero telefonema, e não uma campanha elaborada de email marketing. Ou pode ser... não fazer nada a respeito. Por isso é bom parar por um momento, levantar da sua baia e ir buscar lápis e papel para rabiscar um esquema realmente inovador. Inovação nasce assim, nasce fora dos caminhos batidos. Grandes idéias são grandes já no rascunho, em rabiscos feitos no guardanapo do restaurante. Se depois disso você vai usar o software X ou Y, macs ou PC’s, tanto faz. Ou você acha que “Garota de Ipanema” foi escrita usando a última versão do Office num Tablet PC wireless na mesa do bar? Softwares viciam a gente. Nunca vou me esquecer de uma frase colada no monitor de uma colega, anos atrás: “De tanto carregar um martelo, você acaba achando que tudo é prego”.

Well, acho que a frase era mais bem construída, mas você pegou a idéia: nem tudo se traduz em planilhas, em classes Java, nem sempre a solução é um repeteco do que você sempre fez. Anos atrás, o que eu mais ouvia era: “Preciso aprender internet... Que curso de Flash você me recomenda?”. Era de arrepiar. E dá-lhe gente disparando SWF pra todo lado, como se a panacéia universal fosse interatividades misteriosas e sons em loop .

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marketing

“Se pensarmos só em termos de internet, como vamos criar aquilo que virá depois da internet?”

Por sorte a paisagem hoje é outra, e não faltam boas opções para quem quer “aprender internet”. Mas o problema persiste: e se a solução não for só internet? Se pensarmos só em termos de internet, como vamos criar aquilo que virá depois da internet? Há alguns anos todo projeto mirabolante pressupunha que nosso futuro era a atrofia completa, uma humanidade sentada, com nariz colado em monitores e sorrindo por

emoticons . Felizmente alguém teve a saudável percepção de que somos bípedes, gregários, afetivos, e que celulares com câmera poderiam ser mais libertadores e revolucionários do que um hipercomputador no meio do living. Alguns softwares, porém, te ajudam a pensar, a organizar melhor as idéias. Eu sou um dependente terminal do MindManager (www.mindmanager.com), que me permite primeiro organizar pensamentos soltos e depois agrupá-los, conectá-los e enfim exportá-los em vários formatos diferentes. Há também o The Brain (www.thebrain.com) ou o Inspiration (www.inspiration.com), ou mesmo os outliners do Word ou Powerpoint. O mais importante, seja qual for a ferramenta, é que você conceba algo abrangente, consistente, bem costurado, e que só então você decida qual a melhor maneira de realizar o que você imaginou. Namore muito sua idéia, muito. Só assim vamos fazer nascer projetos que fecundem pessoas, que nos tornem mais férteis.

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experience design

Claudio Toyama Sócio-fundador da Brand Experience|Studio – consultoria em experiência do cliente e marcas, em Londres. Mestre em interatividade e multimídia (London Institute), formouse em Administração pela FGV, fez pós-graduações em Marketing (CEAG) e Comunicação e Artes (Mackenzie), e especializou-se em Design Gráfico (Istituto Europeo di Design – Comunicazione em Milão, Itália). webdesign@claudiotoyama.com

Impressões digitais Dando continuidade à série sobre os sentidos, nesta coluna abordarei o tato, sentido com a maior área de superfície no corpo humano, mas um dos mais negligenciados pelas tecnologias interativas. Começarei por descrever as razões pelas quais isto acontece. De acordo com minha percepção e não embasado em estudos empíricos, isto se daria por três motivos principais: 1_Materiais utilizados 2_Custos de distribuição em massa 3_Fatores culturais 1_ Materiais utilizados Até poucas décadas atrás, a variedade de materiais utilizados e a maleabilidade dos mesmos eram muito restritas. Somente para ressaltar este ponto ao extremo, podemos nos colocar no lugar de uma pessoa vivendo na Idade Média. Vocês já devem ter visto aqueles filmes nos quais toda a parafernália como espadas, escudos, etc. era muito grande e pesada. Voltando um pouco mais próximos a nossa época, podemos pensar nos anos 50 e nos carros grandes e maciços, materiais utilizados cotidianamente ainda bem grandes e não muito refinados. Vimos uma evolução considerável entre o pós-guerra e os dias de hoje, mas podemos dizer que ainda estamos engatinhando quando o assunto se refere a materiais utilizados para interfaces hápticas (nome da disciplina que estuda o sentido tátil). De acordo com o Touch Lab do MIT (Laboratório especializado na interação tátil homemmáquina), “uma simulação háptica adequada só poderá ser atingida quando entendermos como o cérebro processa as informações recebidas pelo nosso sentido tátil”. 2_Custos de distribuição em massa Outro fator muito importante é que, como o sentido tátil precisa, obviamente, de um contato com a pele (ou muito próximo como no caso do fogo, etc.) da pessoa com a qual queremos nos comunicar, interfaces teriam de ser produzidas de tal forma que todas as pessoas expostas a estas mídias fossem literalmente tocadas por ela. É fácil imaginar os custos exponenciais de implementação quando comparados com os sentidos visual e auditivo. Um cinema atinge umas 300-400 pessoas ao mesmo tempo com uma só tela e um show de rock consegue transmitir a música para milhares de ouvidos ao mesmo tempo, o que no caso de interfaces táteis, estas teriam que ser produzidas na proporção de uma interface para um indivíduo.

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experience design

“Somente quando a realidade virtual puder ser tocada, poderá ser chamada mais de realidade do que de virtual”

3_Fatores culturais Outro fator importantíssimo é o fator cultural. Em socie-

Um

dos

comercializados

projetos

mais

atualmente

interessantes

pela

empresa

sendo

Sensable

dades ditas “desenvolvidas”, não é de bom tom encostar em

(www.sensable.com) nasceu no laboratório de inteligência

outras pessoas em público. Um caso que ilustra muito bem este

artificial do MIT, no começo da década de 90, e deu origem ao

ponto é que, assim que cheguei em Londres quase 9 anos

aparato batizado de Phantom (fantasma em inglês). Este apa-

atrás, dei um tapinha nas costas de um ex-colega (como temos

rato é capaz de fazer o usuário sentir a forma, textura, tem-

o costume de fazer no Brasil) – ele me olhou indignado por ter

peratura, peso, elasticidade e rigidez do objeto virtual sendo

invadido a privacidade física dele.

tocado.

Mas o que tem sido feito no campo háptico atualmente? Quais foram os avanços nesta área nestes últimos anos?

Possíveis usos desta tecnologia são simulações de cirurgias complicadas, fabricação de protótipos virtuais, entre outros.

Há projetos sendo conduzidos em diversas áreas do co-

Ainda estamos um pouco longe de simularmos o tato em

nhecimento e um dos mais notórios encontra-se na área au-

objetos virtuais de forma convincente, mas os avanços recen-

tomobilística, na qual cada um dos pontos físicos de contato

tes têm sido muito significativos.

são cuidadosamente planejados e projetados, levando-se

Até o nosso próximo encontro.

em consideração fatores como a ergonomia, o conforto, a usabilidade, a conveniência e o aspecto visual. Um dos exemplos é o caso da Audi, que conta com uma equipe de 16 pessoas trabalhando em período parcial na divisão háptica, cujos critérios de avaliação levam em conta fatores como: acionamento leve, distâncias curtas e controladas, baixa emissão de ruídos e uma resposta tanto tátil como auditiva entre as posições ligado/desligado. E no setor interativo? Interfaces táteis começaram a ganhar importância com o advento da realidade virtual pois somente quando a realidade virtual puder ser tocada, poderá ser chamada mais de realidade do que de virtual.

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webdesign

Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é ProfessorDoutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo país. webdesign@luli.com.br

106 amigos Esqueça os seis graus de separação. Via internet você pode estar a dois clicks de distância de qualquer um. Ou não chegar nunca. Quantas vezes você não se intrigou com a expressão “que mundo pequeno”? O cientista Stanley Milgram foi além. Em seu laboratório de pesquisa na tradicional Universidade de Harvard ele resolveu medir o mundo, ou pelo menos parte dele. A experiência era simples: residentes das cidades de Wichita e Omaha selecionados aleatoriamente recebiam cartas e deveriam tentar fazer com que elas chegassem a uma pessoa selecionada em Boston, apenas através de conhecidos diretos. Esperava-se que o número de passos necessários fosse acima de 100, chegou-se a uma média de 5.5, arredondada para 6. “Seis graus de separação” era a quantidade necessária para conectar alguém de uma cidade pequena “logo ali” a uma cidade maior “ali do lado” via correio, em 1967. De lá para cá muita coisa mudou. A mudança mais significativa não está, como seríamos levados a pensar, na tecnologia, mas em uma insuspeita peça de teatro. John Guare, em 1991, escreveu a famosa “Seis graus de separação”, expandindo aleatoriamente esse conceito para o mundo inteiro. A peça fez grande sucesso, virou filme de hollywood e como muito mais pessoas vão ao cinema que lêem trabalhos científicos, a lenda urbana se fez. Qual é, então, a verdadeira distância entre as pessoas nesses tempos de globalização e internet? Entre você e um catador de trufas na França, o surfista Kelly Slater, Ziggy Marley, um Amish radical, um Tantra afegão, um ator pornô mexicano, Tom Cruise? A resposta é muito simples: não dá para saber. Por mais que o Orkut tente, todos sabemos que aquilo é uma mímica pobre de nosso estrato social que, entre outras coisas, exclui os amigos de seus avós, sua faxineira, as crianças da família, etc etc etc. Todos nós temos critérios diferentes para adicionar amigos e é impossível saber e medir, nem por amostragem, quais são as conexões. Matemáticos evidenciaram que, via internet, é possível chegar de qualquer página pública a outra (mais ou menos um bilhão no total) em 19 clicks. Mas isso cobre só 20 a 35% da verdadeira internet. As redes de negócios ilícitos (pedofilia, pirataria, contrabando, terrorismo) e as intranets são sistemas igualmente integrados e extensos. Sob esse aspecto, o número parece pequeno. Mas não é. Se os clicarmos aleatoriamente, a progressão geométrica requeriria todo o tempo do mundo. Se é assim, por que o mundo parece às vezes tão pequeno? Uma boa resposta pode ser porque selecionamos nossos links. Encontramos amigos em comum em festas, na praia, no ambiente de trabalho. E esses amigos, em sua maioria, são carismáticos e conhecem (melhor,

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webdesign

“O mundo parece às vezes tão pequeno porque selecionamos nossos links”

são conhecidos por) uma infinidade de pessoas. Eles são os

Por isso, para ter muitos amigos, é mais importante co-

concentradores, ou, em um termo mais cibernético, os hubs.

nhecer pessoas de várias áreas que ser uma celebridade local

São os sujeitos que conhecem “todo mundo”, que “estão em

em seu grupo. Pense na Madonna que, ao estender seus domí-

todas” e que fazem festas memoráveis. Ou que, através da

nios para a moda e atitude, se tornou um ícone importante para

mídia, entrem em nossas casas, como as celebridades, os po-

um número de pessoas muito maior que um João gênios por aí.

líticos, os esportistas. Os graus de separação entre uma pes-

Como John Coltrane, John Gieguld, John Kenneth Galbraith e

soa comum e eles costumam ser poucos e deve-se a pessoas

João do Pulo.

como eles o fato de considerarmos o mundo um lugar tão pequeno. Como você chegaria ao Presidente George W. Bush? Muitos tentariam achar alguém que morasse nos EUA e, através dele, chegar a um político que conhecesse algum funcionário de gabinete da presidência. É um caminho, embora imigrantes costumem viver em bolhas isoladas. Eu talvez tentasse chegar ao nosso ex-presidente, Sr. Fernando Henrique Cardoso, via USP ou iFHC. Por ele, Bill Clinton e George Bush. Talvez funcionasse, mas acredito que procurar no Rio algum amigo pessoal do Paulo Coelho para atingir Bill Clinton seja mais fácil. O quebra-cabeça tem mais de 6 bilhões de peças e nenhuma regra. Então existem pessoas inatingíveis? Para qualquer um de nós, provavelmente sim. E, ao contrário do que acha o senso comum, não são importantes ou famosas, mas restritas a certos grupos. Você já deve ter notado que o número de pessoas que conhece no Orkut diminui progressivamente até chegar a um limite, como se tivesse um esgotamento. Na verdade, é o limite da sua área de interesse ou de seu poder como concentrador.

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