Webdesign
junho 2007 :: ano 4 :: nº 42 :: www.revistawebdesign.com.br
junho 2007 :: ano 4 :: nº 42 :: www.revistawebdesign.com.br
E D I T O R A
R$ 9,90 I SSN 1806 - 0099
9 771806 009009
00042
Projetos experimentais Um exercício para o seu processo de criação Agências digitais: qual seria o modelo ideal de negócios? Wikis: quando, por que e como utilizar dentro de um site Ousadia: ela já se disseminou pela web?
4 :: quem somos
Editorial
Levantando os principais temas das mensagens que recebemos mensalmente de nossos leitores, constatamos que muitos deles costumam pedir dicas de exercícios que os ajudem na tarefa de evoluir seus processos de criação.
Direção Geral Adriana Melo Direção Executiva Sergio Melo Direção de Redação Luis Rocha Criação, Diagramação e Ilustração Camila Oliveira Leandro Camacho Beto Vieira
Parece que a melhor resposta para esta solicitação esteja
Publicidade Débora Carvalho
p re s e n t e n a p ro d u ç ã o d e p ro j e t o s e x p e r i m e n t a i s . P e n s a n d o
Desenvolvimento Web Cadu Sant'Anna
nisso, nesta edição preparamos um material especial, contando a experiência e o retorno que alguns profissionais/ agências tiveram ao apostarem na realização de trabalhos neste segmento, além das metodologias e os materiais a s e re m u t i l i z a d o s . O tema experimentação serviu ainda como base para a produção das matérias publicadas nas seções Debate e Estudo de Caso. Na primeira, investigamos como anda a ousadia em projetos interativos. Na segunda, apresentamos algumas das inovações presentes na campanha publicitária on-line do novo carro da Ford. Boa leitura e um grande abraço!
Financeiro Cristiane Dalmati Atendimento Luanna Chacon Atendimento aos assinantes atendimento@arteccom.com.br Redação redacao@arteccom.com.br Anuncie publicidade@arteccom.com.br A Arteccom é uma agência especializada na criação de sites e responsável pelos seguintes projetos: Revista Webdesign :: www.revistawebdesign.com.br Concurso Peixe Grande :: www.arteccom.com.br/ webdesign/peixegrande Encontro de Web Design :: www.arteccom.com.br/encontro Fórum Internacional de Design e Tecnologia Digital :: www. arteccom.com.br/find Projeto Social Magê-Malien :: www.arteccom.com.br/ong
Criação e edição www.arteccom.com.br
Produção gráfica
Luis Rocha.
www.prolgrafica.com.br
Distribuição www.chinaglia.com.br
9
:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.
Exercite sua criação!
Equipe
menu :: 5
apresentação pág. 4 quem somos pág. 5 menu
matéria de capa pág. 22 entrevista: Agências digitais pág. 30 reportagem: Projetos experimentais
contato pág. 6 emails pág. 6 fale conosco
e-mais pág. 38 debate: Ousadia pág. 44 e-mais: Nova geração
fique por den tro
pág. 51 estudo de caso: Exigentes ao extremo
pág. 8 métricas e mercado
pág. 56 tecnologia na web: Wikis
pág. 10 direito na web
pág. 60 tutorial: Actionscript - Parte 3
pág. 11 post-it com a palavra portfólio
pág. 64 internacional: Julius Wiedemann
pág. 12 agência: Ginga
pág. 66 usabilidade: Marcia Maia
pág. 18 freelancer: Rogério Lionzo
pág. 68 marketing: René de Paula Jr.
pág. 20 ilustração: Rubens LP
pág. 70 publicidade on-line: Ricardo Figueira pág. 72 webdesign: Luli Radfahrer
6 :: emails
Assunto: Direito Compartilhe na web conhecimento!
Assunto: Leitora compulsiva Descobri a revista em dezembro de 2006, enquanto esperava o ônibus para Belo Horizonte. Desde então, não consigo parar de ler! Recentemente, comecei a me interessar pela web, mas
Já mandei anteriormente uma
Olá, amigos da Revista
de dar uma sugestão de pauta.
sugestão de matéria sobre os
Webdesign! Desta vez, venho
O Governo Federal criou
primeiros passos para abrir uma
sugerir que vocês façam
recomendações de acessibilidade
agência... Afinal, hoje em dia
uma matéria sobre as wikis
para o desenvolvimento de
muitas pessoas querem iniciar seu
corporativas, mostrando quais
websites. Acho que seria
próprio negócio. Agora, tenho
ferramentas e políticas podemos
interessante abordar o tema, visto
mais uma sugestão: falar sobre o
adotar para compartilhar entre
que nós, designers, muitas vezes
“tamanho” de arquivos na web,
uma equipe os conhecimentos
esquecemos que nem todos os
pois apesar das velocidades de
gerados. Obrigado mais uma vez
internautas “enxergam” o site
dois a oito megas na banda larga,
pela atenção.
da mesma forma. Acredito que o
as pessoas ainda têm receio em
assunto poderá render diversos
soltar um arquivo muito pesado na
níveis de discussão, como: onde
web, em Flash, por exemplo, ou
Caio Vinícius caio.audax@gmail.com
voltada para essa área, fica
Como vai, Caio? Sua sugestão foi
difícil direcionar quais cursos
muito oportuna e virou tema da seção
são relevantes. Como sugestão,
“Tecnologia da Web” deste mês. Veja
gostaria que vocês indicassem
o resultado na página 56. Boa leitura!
bons cursos na área de web (para Carla carlacdl@ig.com.br
Assunto: Tamanho de arquivos
Oi, galera! Tudo bom? Gostaria
como não tenho formação
quem é iniciante). Obrigada!
Assunto: Seu site é acessível?
e como se especializar, quais as
uma imagem com maior resolução.
formas para tornar um site mais
Larissa Herbst larihweb@yahoo.com.br
acessível, regras W3C, opiniões de internautas com necessidades especiais e muito mais. É um tema rico e que promete, cada vez mais,
Assunto: Direito Treinando a na web criatividade
chamar a atenção de designers e, principalmente, desenvolvedores. Tomara que eu possa ver, em
Oi, Larissa, novamente você nos brinda com uma boa sugestão! Muito obrigado pela participação. Ela foi anotada e vai entrar na fila de publicação da seção “Tecnologia na Web”. Quem tiver outras dicas para
Acho a revista excelente e um
Fala, galera da WD, tudo
ótimo guia para quem gosta,
breve, o tema discutido na revista.
bem? É a primeira vez que
trabalha ou quer trabalhar com
Um abraço a todos!
escrevo para vocês e gostaria
a web. Mais gostaria de sugerir
de agradecer pelas matérias
Barbara Oliveira babi.contato@gmail.com
uma reportagem para as pessoas
que vocês colocam em nossas
que, assim como eu, pretendem
Oi, Barbara, por aqui, tudo ótimo!
mãos, amém (risos)... Quero
começar a trabalhar na área:
Acho que já atendemos ao seu
deixar um tema para uma
um guia com os cursos, o que
pedido, antes mesmo de você
futura matéria. Estava lendo
seguir, que maneira seguir e
enviar esta mensagem ;-)
um dia desses em uma revista
fazer para se tornar um excelente
Na edição de março de 2007 (capa
como treinar a criatividade,
profissional na área. Obrigado.
“Sinfonia das Cores”), falamos
mas só tinha duas páginas
justamente sobre este assunto,
sobre o assunto. Gostaria que
na seção “Tecnologia na Web”.
vocês aprofundassem mais
A reportagem traz dicas de
Carla e Leandro, ficamos muito
esse assunto, que pode ser útil
ferramentas e documentos para
felizes com as suas mensagens,
a todos. Abraços e sucesso!
se testar o nível de acessibilidade
Marcelino Andrade lino22@gmail.com
DESCULPE A NOSSA FALHA!
pois é sinal de que a revista vem
de um site, além de apresentar as
- Na edição de maio, houve um
principais características na maneira
erro na reprodução do olho do
Leandro Mantovani leandro_ftw@hotmail.com
cumprindo com o seu papel! Como
esta seção, basta enviar um e-mail para redacao@arteccom.com.br.
sugestão, indicamos a leitura
Marcelino, nesta edição, você
como os usuários com deficiência
artigo de Ricardo Figueira, na
de algumas edições anteriores:
será brindado com sete páginas
acessam à internet. Outra boa dica
página 71. Onde está “... traz
18 (Cursos), 23 (Emprego) e 32
recheadas de sugestões para
é o estudo de caso sobre o portal
uma vantagem abissal sobre
(Talento). Nelas, certamente
treinar a sua criatividade.
da Capes, publicado na edição do
o da propaganda tradicional”,
vocês encontrarão as orientações
Estamos falando dos projetos
mês passado. Procure dar uma
favor considerar “... traz uma
necessárias. Boa sorte e, qualquer
experimentais. Vá até a página
lida nestas matérias e veja se elas
vantagem natural sobre o da
dúvida, voltem a entrar em contato!
30 e confira o resultado!
ajudam a esclarecer o assunto, ok?
propaganda tradicional”.
fale conosco pelo site www.revistawebdesign.com.br :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
8 :: métricas e mercado
Tempo de navegação residencial por internauta Março/2007
De acordo com um estudo internacional realizado pela MetrixLab a pedido da
45%
Microsoft, este é o percentual de usuários de internet que consideram o e-mail
País
Tempo médio por pessoa
Brasil
20h54min
França
19h56min
EUA
19h08min
Japão
18h34min
26,2 milhões
Alemanha
17h53min
Total de usuários brasileiros utilizando o Windows Live Mes-
Fonte: Ibope//NetRatings (www.ibope.com.br)
como a principal forma de comunicação. Fonte: MetrixLab (www.metrixlab.com)
senger (e sua versão anterior, o MSN Messenger), segundo relatório do Ibope//NetRatings, de fevereiro de 2007.
Estimativa da AgênciaClick sobre as receitas
Fonte: Ibope//NetRatings (www.ibope.com.br)
que virão de projetos ligados ao Second
10%
Life (SL) em 2007. Em fevereiro, o Brasil ocupou a sétima posição entre os países
97 ou 98%
participantes deste universo on-line 3D,
Montante das receitas geradas para o Google no ano
com cerca de 300 mil usuários. Para se ter uma
passado, através de publicidade on-line. Ou seja, 10
idéia da movimentação, a MTV Brasil anunciou que investirá
bilhões de dólares. A revelação foi feita por Eric Sch-
R$ 1 milhão na criação de sua sede virtual dentro do SL, o que
midt, presidente mundial da empresa, em entrevista
corresponde a mais de 10% da sua verba anual de marketing.
à Revista Época.
Fonte: AgênciaClick (www.agenciaclick.com.br)
Fonte: Época (http://tinyurl.com/3y62d3)
13h às 17h
Projetos experimentais ajudam a evoluir o processo de
Este foi o horário de maior movimento na internet brasilei-
criação?
ra no mês de março, segundo o Instituto de Mídia Digital (IMD). O maior pico de acessos foi registrado no período
Total de votos: 287
das 16 horas. A pesquisa aponta ainda que o maior número
Sim - 96%
de internautas está on-line nos dias úteis. Nos fins-de-se-
Não - 4%
mana, apesar da média ser 20% inferior com relação aos usuários conectados, a permanência do internauta dura, aproximadamente, mais 1 minuto e 22 segundos. Fonte: IMD (www.imd.com.br)
Envie sugestões e críticas para redacao@arteccom.com.br
acesse e participe! www.revistawebdesign.com.br
métricas e mercado :: 9
ViuIsso?
Por Michel Lent Schwartzman - michel@viuisso.com.br Site: www.viuisso.com.br
Notícias e comentários sobre comunicação digital, internet e publicidade Normal, cromo ou metal?
ter sido lançado há pouco tempo, mas Kyte me pareceu ser um daqueles serviços que podemos encaixar na categoria "disrupting": nada mais vai ser o mesmo depois dele. Esse post ganha o tag "bola de cristal". Vamos ver como isso se comporta mais pra frente. Se você faz parte do 1% que produz, vamos lá, crie seu Kyte: www.kyte.tv.
Uma turma que se deu ao trabalho de criar um acervo
CP+B, Employee Handbook
bem completo de fitas cassete para a posteridade (www. tapedeck.org). Praticamente raridades, já caíram em desuso há tempos e começam a estragar e se perder pelas nossas caixas empoeiradas. Momento "recordar é viver" total, pra quem um dia usou este tipo de coisa arcaica. Eu, por exemplo, me lembro de praticamente todas… :)
Os 500 blogs mais populares do Brasil Segundo o BlogBlogs. O ViuIsso está em 155º :) Veja a lista completa: www.blogblogs.com.br/ranking.
Kyte, TV faça-você-mesmo É uma mistura de YouTube, com Odeo, com Vimeo, c o m F l i c k r, c o m t u d o q u e t e m p o r a í e m t e r m o s d e produção de conteúdo. Uma evolução absurda em termos de ferramenta, justamente por parecer estar totalmente voltado para aquele 1% que produz conteúdo e não para os que o consomem.
Uma sensação que fica bem clara pra você, na medida em que vai ganhando experiência no mercado de trabalho e conhecendo diversas empresas, é que toda corporação, grande ou pequena, tem um DNA próprio. É um estilo de trabalho, uma forma de pensar, uma
Dificilmente vai brigar em conteúdo com estes
“energia” se você quiser, que vai além dos líderes da em-
outros sites, até porque o objetivo não é levar tráfego
presa e do grupo de pessoas que nela habita num deter-
pra dentro do Kyte. Ele é feito para ser espalhado, pra ser
minado momento.
visto em blogs, em qualquer lugar. E, neste sentido, tem
Nunca estive na CP+B, mas o Employee Handbook que
um ferramental absurdamente bom. Pode mostrar fotos,
eles escreveram sobre justamente o seu DNA, transparece
áudio, podcasts, vídeo. Tem chat, sistemas de votação,
de forma muito forte porque eles realizam o que eles reali-
tudo em 1, tudo no seu blog. Claro que ainda é cedo pra dizer, pois o site parece
zam. Conheça o Employee Handbook, da Crispin Porter + Bogusky: http://206.55.119.115/view.php?id=311.
10 :: direito na web
Quem detém os direitos de uma obra autoral? “Trabalhei em uma agência com certo renome regional. Durante o meu período como redator, realizei a criação de uma campanha para o lançamento do cartão de um jornal local. Após minha saída foi contratada, naturalmente, uma outra pessoa para a minha antiga função e a campanha continuou. Só que a única coisa que ela fez foram algumas adaptações. Mas tudo foi baseado e fundamentado nas minhas idéias. Eis que, depois de um tempo, descubro que a campanha institucional ganha um prêmio relativamente grande em um festival do estado e meu nome não é creditado como redator, mas sim o da outra pessoa. O que é certo fazer nestes momentos: pedir uma retratação pública ou processar por violação dos direitos de propriedade criativa?” Nataniel Vanzetta (nataniel.vanzetta@gmail.com)
No mundo do direito, a equiparação
moral. Veja-se que poderia até ocorrer o in-
entre pessoas físicas e jurídicas é algo que
verso: de o autor pessoa física pretender que
caminha para ser assimilado mais comple-
o seu nome não fosse indicado, no contexto
Advogado formado na PUC/RJ,
tamente, porém gera, ainda, muitas dúvi-
de uma obra coletiva.
com Mestrado na USP e cursos
das. Na verdade, a personalidade jurídica é
Falando em obra coletiva, aqui entra
Gerente Jurídico da IBM, onde
uma abstração construída, uma ficção legal
uma questão delicada: quando a empresa en-
trabalhou por 11 anos, no Brasil
(pois “pessoa”, a rigor, deveria ser, natu-
comenda a criação de uma determinada obra
ralmente, apenas o ser humano).
a um funcionário ou prestador de serviço, e
Gilberto Martins de Almeida
em Harvard e no M.I.T. Ex-
e nos EUA. Sócio de Martins de Almeida - Advogados, escritório especializado. Envie sua dúvida para: redacao@arteccom.com.br
Seja como for, as leis e os tribunais
lhe dá as condições para realizá-la, a empresa
cada vez mais reconhecem, nas pessoas
se coloca na posição de produtora, e nessa
jurídicas, atributos anteriormente enxer-
qualidade, se torna a detentora original dos
gados apenas nas pessoas físicas. Exem-
direitos patrimoniais sobre a obra.
plos: honra, privacidade, sigilo. E, propriedade intelectual.
Assim, se a criação de uma obra foi organizada, promovida, paga etc., por uma
Segundo a Lei dos Direitos de Autor
pessoa jurídica, os direitos de exploração
(Lei 9.610), mais especificamente o seu ar-
econômica pertencerão exclusivamente
tigo 11, “Autor é a pessoa física criadora
a ela, muito embora cada autor individual
de obra literária, artística ou científica” e
dessa obra coletiva tenha o direito de plei-
“A proteção concedida ao autor poderá
tear que seja indicada a paternidade da sua
aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos
contribuição individual.
previstos nesta (naquela) Lei”.
Se a pessoa jurídica titular dos direi-
Assim, o autor de uma obra autoral - e
tos patrimoniais resolver utilizar ou ex-
numa campanha publicitária poderá haver
plorar comercialmente a obra, ela poderá
muitos elementos que caracterizam obras
livremente fazê-lo, desde que indique os
protegidas por direitos de autor - é a pessoa
autores pessoas físicas. E, se não fizer essa
física, a qual poderá fazer valer o seu direito
indicação, estes últimos poderão compeli-
à indicação da autoria, que está previsto no
la a assegurar tal indicação, sob pena de
artigo 24, II, da referida Lei como um direito
indenização.
post-it :: 11
entro , d r o p Fique cas, eventos ias das di e referênc undo livros vimentam o m que mo ign na web do des Design no mercado editorial Nos últimos anos, o mercado de design vem sendo agraciado com o lançamento de bons títulos editoriais. O mais recente vem da região
Criatividade em alta
centro-oeste do país: a Faculdade de Artes Visuais da Universidade
Há limites para a criação? Dando uma navegada pelos portfólios
Federal de Goiás (UFG), através do Laboratório de Imagens e Mídias
on-line a seguir, passamos a acreditar que não: Cleber Zerrener
Eletrônicas (LIME), anuncia o lançamento da revista ILUSTRE! (www.
(www.zerrenner.net/folio_2007), Felipe Guga (www.felipeguga.
fav.ufg.br/ilustre/), que “pretende ser uma compilação de pôsteres
com), Guilago (www.psyop.tv), Maxwell Loren (www.lorenholyoke.
e/ou imagens produzidas por ilustradores, artistas e designers”.
com), Odop (www.odopod.com), Ricardo Landim (www.
Tipografia made in Brasil!
ricardolandim.com) e TBWA (www.tbwahakuhodo.co.jp).
Para quem gosta de tipografia popular, uma boa pedida é conhecer
Blog do mês: Web From Brazil
o “Tipografia artesanal urbana” (www.viniguimaraes.com), trabalho de pesquisa realizado pelo designer Vini Guimarães. Através de um levantamento fotográfico em uma das vias principais que liga os municípios de São Gonçalo e Niterói, região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, ele produziu quatro fontes digitais, todas disponíveis gratuitamente para download.
Produção acadêmica no design para web Um catálogo simples que reúne os melhores portfólios enviados e os sites mais bacanas, todos brasileiros. Segundo Fabio Chaves, criador do blog Web From Brazil (www.webfrombrazil.com/blog), o objetivo é valorizar o trabalho nacional. Com esta proposta, o blog vem se tornando uma fonte interessante para conhecermos um pouco mais da qualidade do mercado de criação web no país. Conhece algum blog interessante? Então, mande sua dica para redacao@arteccom.com.br.
Já que nesta edição resolvemos abordar o tema “experimentação”,
Agenda de eventos
nada melhor do que indicar um projeto acadêmico experimental!
16/06 - 12º EWD - Recife (www.arteccom.com.br/encontro)
Estamos falando do “CDTERIA - Loja Virtual em Flash” (www.
14/07 - 12º EWD - Belo Horizonte (www.arteccom.com.br/encontro)
spacelab.com.br/cdteria), que propõe uma interface diferente,
15/07 - NDesign Floripa 2007 (www.ndesign.org.br/2007)
através do uso da tecnologia Flash aplicada ao conceito RIA (Rich
18/08 - 12º EWD - Brasília (www.arteccom.com.br/encontro)
Internet Application). O trabalho foi realizado por Márcio Min, na conclusão do curso de Tecnologia em Design de Multimídia, do Centro Universitário Senac. Um detalhe do projeto: ele foi entregue
15/09 - 12º EWD - Curitiba (www.arteccom.com.br/encontro) 29/09 - Pixel Show - São Paulo (www.pixelshow.com.br)
como se fosse uma compra realizada em uma loja virtual, ou seja,
20/10 - 12º EWD - Salvador (www.arteccom.com.br/encontro)
foi embalado com espumas, nota fiscal, manual em uma caixinha de
10/11 - 12º EWD - Porto Alegre (www.arteccom.com.br/encontro)
papelão... Se você possui ou conhece algum trabalho acadêmico
08/12 - 12º EWD - São Paulo (www.arteccom.com.br/encontro)
interessante, envie sua sugestão para redacao@arteccom.com.br.
Participe do Post-it! Envie sugestões para redacao@arteccom.com.br.
12 :: portfĂłlio agĂŞncia - Ginga
Design e tecnologia com uma
brasileira
portfólio agência - Ginga :: 13
Fruto de um sonho comum. Assim se resume a
- Tartarugas Ninja - O Retorno
história da Agência Ginga (www.agenciaginga.com.
Tecnologias: Flash, MySQL e PHP
br), fundada por Breno Amorim, Felipe Bachian, Guen
www.tartarugasninja.com.br
Nakazawa, Naomi Covacs e Paulo Martinez, no ano de 2002. “Nos conhecemos em 2001. Em meio a conversas informais a respeito do trabalho no meio, surgiu a idéia da Ginga. Juntamos nossos portfólios, nossas expertises, nossa coragem e fomos em frente. A agência foi gerada em conjunto, uma das coisas que nos dá muito orgulho. Todos nós tivemos parte no processo”, conta Naomi Covacs, diretora de criação. Um dos segredos para justificar o sucesso de sua trajetória talvez esteja presente na valorização do trabalho de seus funcionários. “Acreditamos que o que temos de mais valioso são as pessoas que trabalham aqui. Além do ambiente agradável, procuramos sempre
O longo relacionamento com a Paris Filmes vem ren-
criar atividades onde as pessoas possam extravasar e se
dendo projetos interessantes para a agência. Dentre eles,
relacionarem como amigos e não só como companhei-
destaque para o mais recente: Tartarugas Ninja - O Retorno.
ros de trabalho. Nossas atividades vão desde jogos em
“O trabalho consistiu em diversas ações, integrando internet
rede as sextas até baladas durante a semana”, diz Felipe Bachian, diretor de criação. Outro ponto fundamental é o incessante estímulo ao trabalho criativo dentro da agência. “Estamos sempre buscando novidades em diversos meios, tanto na tecnologia quanto nas artes. Nós sempre nos enviamos notas de coisas que vimos por aí - foi por isso que criamos o nosso blog, o Blah! (www.agenciaginga.com.br/blog) parte é um exercício de busca de idéias, a outra é maior interação. Mas, às vezes, idéias podem surgir de lugares inusitados, como uma cena que você viu no trânsito. Ou
com mídias alternativas. Na fase teaser, as pessoas puderam participar, através de um blog (www.estamoschegando.com. br), colocando comentários sobre a misteriosa chegada de seres até então desconhecidos”, contam Felipe e Naomi. A divulgação desta etapa foi baseada em ações de guerrilha urbana, culminando em uma projeção, em tamanho gigante, na fachada de um prédio de 25 andares na Avenida Paulista. “Nesta projeção, criamos e produzimos um filme em computação gráfica, onde as tartarugas salvaram uma pessoa do prédio em chamas”. Em relação ao site do filme, a idéia foi desenvolver um ambiente voltado para um público abrangente. “Trabalha-
no banho. O trabalho criativo não é um trabalho passivo,
mos o tema urbano em sua narrativa e comunicação, con-
portanto acho importante estar num estado aberto e em
tendo uma promoção com teor viral, onde os usuários po-
busca disso sempre que possível”, afirma Naomi.
deriam criar e enviar um vídeo com o tema Tartarugas Ninja
Para o futuro, Felipe aponta o envolvimento em
para o YouTube para concorrer a um videogame de última
projetos cada vez mais inovadores. “Temos um ano mui-
geração. Toda a interface do site foi desenvolvida de forma
to promissor pela frente, com diversos projetos, os quais
que o usuário sentisse o clima do
muitos deles ainda não podemos revelar. No entanto,
filme, que aliás teve um repo-
adianto que estamos investindo bastante na comunica-
sicionamento depois de sua
ção digital além do computador, com ações integradas
última edição, com um es-
em diversos meios. Um exemplo foi a projeção que fize-
tilo dark, mais próximo do
mos em um prédio na Avenida Paulista para promover o
visual dos quadrinhos”.
filme das Tartarugas Ninja (http://tinyurl.com/2hvtuf)”.
14 :: portfólio agência - Ginga
- Jogos Mortais I e II
- Automarket
Tecnologias: Flash, MySQL e PHP
Tecnologias: Flash, MySQL e PHP
www.jogosmortais.com.br e www.jogosmortais.com.br/jo-
www.automarket.com.br
gosmortais1
Em mais um projeto desenvolvido para a Paris Filmes, a agência teve a liberdade de mostrar todo seu potencial criativo. “Experimentamos brincar com o usuário da mesma forma que o protagonista da série trabalha com as suas vítimas. São ambientes frios e aterrorizantes, refletindo o teor do filme e o usuário tem que ser uma peça ativa”, explicam Felipe e Naomi. Segundo eles, a primeira parte da série possui uma navegação linear, porém diferenciada. “Isso porque a ordem das seções era sempre gerada randomicamente. E, por ser linear, o usuário tem que descobrir pistas para seguir em frente, para no final participar de uma promoção. Ambientes onde fotografias têm que ser tiradas, por exemplo, ou é preciso folhear pelo ‘diário’ do assassino, intercalados com pequenos sustos-teasers”. Além disso, foi desenvolvido um podcast para que o usuário pudesse fazer o download de situações aterrorizantes inéditas, narradas pelo próprio assassino. “Para os mais curiosos, uma máscara escondida no site leva ao perfil do assassino no Orkut, onde ações e promoções específicas foram feitas, com kits especiais”.
A Automarket, renomada revista de veículos no formato catálogo, trouxe um grande desafio para a Ginga: otimizar o processo de produção e editoração de sua edição impressa, bem como reposicioná-la na web com um sistema totalmente integrado. “Antes de encarar tal desafio, fizemos um estudo no processo de produção da revista, detectando seus eventuais pontos fracos e conhecendo como a equipe estava acostumada a trabalhar. Após esse estudo, desenvolvemos um sofisticado sistema, integrando o software de editoração da revista a um site totalmente novo”, revelam Felipe e Naomi. Um detalhe interessante neste projeto envolveu a constante preocupação com a usabilidade. “O perfil de usuário era muito abrangente e precisávamos criar uma interface que fosse intuitiva para qualquer público, mas ao mesmo tempo poderosa para que se possa encontrar exatamente o que se procura. Escolhemos desenvolvê-la no Flash. Ao contrário do que muita gente pensa, o Flash possibilita uma enorme economia no tempo de navegação e carregamento das informações, já que os conteúdos (botões, imagens e gráficos) são carregados apenas uma vez. Outra grande vantagem é quanto ao enriquecimento da experiência do usuário, pois é possível trabalhar o design de uma forma muito mais livre para usuários de qualquer sistema operacional”.
portfólio agência - Ginga:: 15
- Helio Castroneves
- Motorola - Moto-À-Porter
Tecnologias: Flash, MySQL e PHP
Tecnologias: Flash, Flash Remoting, MySQL e PHP
www.heliocastroneves.com.br
www.motoaporter.com.br
O bicampeonato nas 500 milhas de Indianápolis, a mais
A Motorola foi uma das principais patrocinadoras da
importante prova da Fórmula Indy, tornou o piloto brasileiro
edição 2007 do São Paulo Fashion Week. Pensando nisso,
Helio Castroneves numa celebridade no Brasil e nos EUA.
a empresa procurou a Ginga para desenvolver, em parceria
Diante disso, a Ginga foi chamada para desenvolver seu site
com a Ag-407 (www.ag407.com.br), o hiperblog Moto-à-Por-
pessoal, de forma que ele representasse um lugar onde os
ter, que consiste em oferecer conteúdo colaborativo sobre
fãs do piloto e do esporte pudessem acompanhar informa-
tendências, moda e tecnologia ao público.
ções atualizadas, além de conhecer um pouco mais sobre o mundo do automobilismo.
“A idéia era que ele fosse alimentado por blogueiros famosos, jornalistas e celebridades, onde o público era in-
Para tornar tal conceito em realidade, a criação do site
centivado a interagir, comentando as matérias ou sugerindo
ficou baseada no carro de Fórmula Indy. “Dessa forma, a
conteúdos para publicação, via web ou SMS, seja ele texto,
navegação se torna um passeio pelo carro, através de uma
imagem ou vídeo. Além disso, criamos um concurso cultural
interface bem moderna e dinâmica, adequada ao público que
que premiou as melhores sugestões do público”.
gosta de automobilismo”, apontam Felipe e Naomi.
Além do blog, a agência desenvolveu, para o lounge da
Além disso, o passeio virtual acaba por instigar a curio-
Motorola no SPFW, telões ligados à internet projetando, em
sidade do usuário em buscar outras informações contidas
tempo real, conteúdos selecionados do blog. “Um grande
no site. “O conteúdo é bastante completo, no qual é possí-
mosaico de texto e imagens, misto de informação e arte
vel acessar a história do piloto, calendário das provas com
digital, onde o público podia interagir através de SMS. Após
informações detalhadas e curiosidades de cada pista, live
o término da ação, o hiperblog Moto-à-Porter se tornou re-
timming, dicas do próprio Helinho, pontuação do campeo-
ferência para quem procura notícias sobre moda, tendências
nato, notícias, passeio 360º pelo carro e uma rica galeria de
e comportamento”, afirmam Felipe e Naomi.
fotos e vídeos que é um verdadeiro acervo, tudo atualizado constantemente”.
18 :: portfólio freelancer - Rogério Lionzo
ROGÉRIO LIONZO Design como vocação natural Contato: rogeriolionzo@gmail.com Site: www.lionzo.com
Abrir a percepção do profissional sobre as diversas possibilidades de um determinado campo profissional. Esse pode ser um dos principais benefícios do meio acadêmico no desenvolvimento de uma carreira. A trajetória de Rogério Lionzo parece comprovar tal afirmação. “Sempre gostei de desenhar. Quando chegou a hora de escolher um curso de graduação, percebi que queria trabalhar com algo relacionado a isso. É até engraçado pensar que tive várias bandas com amigos que acabavam não tendo nenhum ensaio sequer, muito menos mú-
“O ambiente ‘bagunçado’, típico do universo do estudante, agora era o palco das informações do site”
sica, mas eu sempre fazia as capas de CD, camisetas, cartazes dessas bandas ‘fictícias’. Então, acredito que foi um caminho
e aplicar novas técnicas em seus projetos. “Gosto de traba-
natural. Quando entrei na faculdade, no curso de Desenho
lhar com novas técnicas, especialmente fora do computador.
Industrial da Universidade de Brasília, descobri muitas outras
Acho que enriquece bastante o trabalho, ajuda a não cair nos
facetas do design e fui percebendo minhas afinidades dentro
vícios dos softwares. Para determinar que técnica que com-
da profissão. Já no primeiro semestre arranjei um estágio e
bina com qual tipo de trabalho, procuro pesquisar bastante
busquei exercitar tudo que eu aprendia”.
sobre o assunto do projeto, antes de começar a desenhar
Um desses exercícios está presente no site do Encontro
qualquer coisa. Essa pesquisa é uma das coisas mais inte-
Nacional dos Estudantes de Design de 2006 (www.ndesign.
ressantes da profissão: a cada trabalho você mergulha no
org.br/2006). “Fui coordenador da comissão de programação
universo particular do cliente, aprende várias coisas novas e
visual do evento. Precisávamos publicar a segunda versão do
assim ele não fica monótono”.
site, onde os estudantes buscariam todas as informações para
Além disso, o envolvimento na produção de projetos
o evento e poderiam fazer a sua inscrição on-line. A primeira
experimentais ajudou Lionzo na construção de um portfó-
versão era mais institucional e precisava mostrar a seriedade
lio respeitado no mercado. “Comecei a descobrir o que eu
do evento para atrair patrocinadores. Essa segunda versão
realmente gostava de fazer com trabalhos experimentais.
precisava seguir a mesma linguagem visual da primeira, porém
Quando você tem uma abertura total para fazer o que bem
queríamos relacionar o site com os estudantes e deixá-los bas-
entender dentro de um trabalho, você procura explorar algo
tante à vontade ao navegar. Optamos por uma associação com
diferente de tudo que já fez. O interessante também é apro-
outros materiais gráficos do encontro, em um espaço onde
veitar esses trabalhos em projetos futuros, nem que seja em
o usuário pudesse buscar pelas informações e interagir com
um projeto pessoal mesmo. Particularmente, tive uma surpre-
o site. Buscamos várias associações com papel, dobraduras
sa bastante positiva com trabalhos experimentais. Fiz uma
e fotografias para dispor todo o conteúdo. Esses elementos
fonte de maneira bem despretensiosa, gostei do resultado
também faziam parte do resto da identidade do evento (por
e resolvi inscrevê-la na ‘Bienal Letras Latinas de 2006’. Para
exemplo, a entrada do site fazia referência ao mapa do encon-
minha surpresa, ela não só foi selecionada para a mostra,
tro). Era importante que um evento de design tivesse um site
como ganhou o prêmio de fonte experimental de maior des-
que chamasse a atenção para o design dele próprio, então
taque. Esse tipo de retorno incentiva bastante a continuar
procuramos explorar bem a sua parte visual”, relata Lionzo.
exercitando esses projetos, acho isso essencial para o meu
A prática serviu ainda para que ele pudesse desenvolver
trabalho do dia-a-dia”.
Para participar desta seção, cadastre seu portfólio no site da revista: www.revistawebdesign.com.br.
20 :: portfólio ilustração - Rubens LP
Rubens LP www.fluxuscentral.com
Wd :: Como define seu estilo e onde você busca as referências para o seu trabalho?
N a t u re ( 2 0 0 6 ) Material utilizado: Illustrator
Rubens :: Defino meu estilo como fluído, simples, alegre e vivo. Minhas referências eu busco de mim mesmo. Não sei. Procuro expressar aquilo que gostaria de ver na minha parede. Faço coisas que acho bonitas para os meus olhos e aí se define mais um pouco o estilo.
P a r ro t ( 2 0 0 6 ) Material utilizado: Illustrator
Estampa para camiseta (2006) Cliente: Panic! At the Disco Material utilizado: “Colagem digital (Photoshop)”
22 :: entrevista - AgĂŞncias digitais
AgĂŞncias digitais: em busca do modelo corporativo ideal
entrevista - Agências digitais :: 23
“Uma agência digital deve ter em seu objeto social fornecer serviços de comunicação digital” O movimento começou pelo Rio Grande do Sul e já se espalhou por mais cinco estados brasileiros. Estamos falando das associações de agências digitais, que unidas buscam o fortalecimento de um mercado em plena expansão. O engajamento do Estado de São Paulo surge em outubro de 2005, quando 12 das maiores agências digitais do país (10’Minutos, Addcomm, AG2, Full Tecno, iThink, Salem Digital, Permission, PopCom, Tenda Digital, Tesla, Tribal e TV1.com) resolveram formalizar sua união, através da criação da APADi (Associação Paulista de Agências Digitais). Um ano e oito meses depois, já contabilizando a reunião de 22 agências, os resultados dessa ação já começam a refletir na atuação dessas empresas. Vamos conhecer alguns deles, neste bate-papo com Patrícia Andrade, presidente da associação e diretora de atendimento da PopCom / AG2 Inteligência Digital.
24 :: entrevista - Agências digitais
Wd :: Na última edição do concurso Peixe Grande (www.arteccom.com.br/webdesign/peixegrande), re-
agências e os clientes na adoção de boas práticas na utilização de meios digitais.
alizada em 2006, a Revista Webdesign apontou uma
Wd :: Como surgiu a idéia de se criar uma entidade
significativa expansão do mercado digital, através da
voltada para representação de agências digitais do Es-
participação de diversas agências localizadas no interior
tado de São Paulo?
do país. Diante desse cenário, é possível afirmar que o mercado de internet é uma realidade no Brasil? Patrícia :: O mercado de internet é uma realidade no Brasil pelo simples fato de que a internet é uma realidade
Patrícia :: Começamos a nos reunir informalmente, juntando um grupo de representantes de algumas agências digitais de São Paulo. Nos encontrávamos para trocar experiências, impressões e informações.
na vida das pessoas e, portanto, das empresas. A internet
Quando percebemos, éramos um grupo bem significa-
tem transformado o comportamento das pessoas e as suas
tivo, com representação de algumas das maiores agências
relações com o mundo. Esta é uma tendência crescente.
digitais de São Paulo. Em um determinado momento, sen-
Sendo assim, as empresas precisam adaptar seus pro-
timos a necessidade de estruturar melhor as discussões e
cessos, incluindo a web nos pontos de contato com os seus
formalizar as idéias de forma a disseminar para mais agên-
públicos. Isso faz com que este mercado cresça a cada ano.
cias as idéias já elaboradas.
É o que temos visto nos últimos anos e é o que veremos
Tivemos um apoio muito grande da AGADi (Associação Gaúcha das Agências Digitais - www.agadi.com.
nos próximos. Wd :: Bahia (ADBA), Paraná (APRADi), Pernam-
br), que naquele momento já estava bem estruturada e
buco (AETI), Rio Grande do Sul (AGADi), Santa Catarina
em pleno funcionamento. Nos juntamos a eles e absor-
(ACADi) e São Paulo (APADi). Estes são os estados bra-
vemos os processos que já estavam em prática e com
sileiros que já contam com associações que reúnem
muito bons resultados.
agências digitais. Qual a importância destas entidades para o amadurecimento deste segmento no país?
Wd :: De outubro de 2005 aos dias atuais, quais foram as principais realizações alcançadas pela APADi?
Patrícia :: As associações têm um papel fundamental
Patrícia :: Formamos dez comitês de trabalho, cada
na troca de experiência entre as agências digitais do país.
um deles com a missão de tratar de um tema específico
Elas favorecem e promovem as discussões em torno de
(Eventos e Treinamento, Marketing, Melhores Práticas e
questões fundamentais do mercado digital, ajudando as
Normatização, Gestão de Pessoas, Tecnologia, Captação
“A publicidade e os investimentos estão onde o consumidor está”
entrevista - Agências digitais :: 25
“Já fomos procurados por algumas agências do interior, porém elas têm algumas necessidades que ainda não conseguimos ter fôlego para atender” de Associados, Dados de Mercado e Métricas, Mídia, Integração on-line e off-line, Formação da ABRADi). Em cada tema, escolhemos duas atividades principais para priorizar. Alguns assuntos evoluíram mais que os outros e estamos agora com algumas ações em andamento, como: a viabilização do Primeiro Fórum de Internet Corporativa, em São Paulo, em parceria com a Converge Eventos, que deverá acontecer em outubro próximo; análise da disponibilização de pesquisas e informações de mercado para os associados; e a montagem de um ciclo de formação de profissionais em parceria com a Jump Education. Já contamos hoje com 22 empresas associadas e estamos com mais sete solicitações de associação em análise. Wd :: Das 22 agências que fazem parte da associação, a maioria está localizada na capital do Estado. Por que as agências do interior de São Paulo, segmento que apresenta agências e profissionais com bons portfólios, ainda não aderiram à entidade? Patrícia :: Já fomos procurados por algumas agências do interior, porém elas têm algumas necessidades que ainda não conseguimos ter fôlego para atender. Por exemplo, podemos citar a formação de algumas políticas diferenciadas que atendam as suas necessidades. Mas, sem dúvida, posso dizer que esse será um passo que daremos em breve. Wd :: Quais são as características determinantes para apontarmos uma agência como uma “agência digital”? Qual seria a definição mais apropriada para o termo “agência digital”? Patrícia :: Essa é uma discussão bem ampla e que procuramos simplificar em nossos debates. Porém, a definição que tomamos por base é de que uma agência digital deve ter em seu objeto social, e foco da sua atuação no mercado,
26 :: entrevista - Agências digitais
gastos de mais de R$ 300 milhões com mídia on-line em
“As empresas precisam adaptar seus processos, incluindo a web nos pontos de contato com os seus públicos”
2006. Considerando todos os meios disponíveis para in-
estratégias de divulgação.
fornecer serviços de comunicação digital: desenvolvimento de websites, aplicações web, publicidade on-line etc. Wd :: Em termos de volume de negócios, o projeto Inter-Meios (www.projetointermeios.com.br) registrou
vestimento em publicidade, a internet representa apenas
Wd :: Na prática, vemos que as atuais campanhas
2% do total. Quais são os caminhos para aumentarmos a
envolvendo empresas de grande porte na internet são
fatia da web no mercado publicitário?
assinadas pelas agências de publicidade, mas todo o
Patrícia :: Esses caminhos acontecem naturalmente,
desenvolvimento da parte técnica fica por conta das
na medida em que alguns processos e transações das em-
agências digitais. Você acredita que as agências digi-
presas migram para o ambiente web. Sendo assim, os
tais continuarão exercendo o papel de fornecedores de
nossos públicos são atraídos cada vez mais para esse am-
serviços especializados de internet para as agências de
biente e a publicidade e os investimentos estão onde o
publicidade? Ou as agências de publicidade acabarão
consumidor está.
criando núcleos especializados na área?
Wd :: Na edição de abril de 2007, abordamos uma
Patrícia :: A tendência é de que as agências digitais full
possível queda-de-braço entre as agências de publici-
service assumam a responsabilidade das ações on-line dos
dade e as agências digitais diante do gradual aumento
clientes e respeitem e sigam os direcionamentos e posiciona-
das receitas publicitárias para o meio on-line. A entidade
mentos das marcas definidos pelas agências de publicidade.
acredita numa possível disputa entre estes segmentos
Wd :: Nesta mesma edição, Cesar Paz, diretor pre-
de mercado pelos grandes projetos digitais?
sidente da AG2 (www.ag2.com.br), apontou a existência
Patrícia :: Sim, esta disputa existe e é real. As empresas,
de, “...pelo menos, três tipos de agências digitais: bu-
sejam digitais ou não, buscam as verbas onde elas estão e as
reaus de webdesign, produtoras web e agências digitais
agências de publicidade estão vendo as suas verbas de mídia
full-service”. Quais são as vantagens e desvantagens de
tradicional migrando para o ambiente web.
cada um destes modelos?
Sendo assim, elas estão buscando trazer estas verbas
Patrícia :: Sem dúvida, as agências digitais full service
para as suas empresas. O problema começa quando estas
são o melhor modelo, pois são capazes de atender com efi-
campanhas servem para divulgar projetos digitais que
ciência todas as necessidades digitais dos clientes, falando
estas agências nem sempre conseguem produzir. Ainda
e administrando um único fornecedor. Nos outros modelos,
veremos muitos modelos sendo formatados para suportar
é necessária uma gestão das várias partes envolvidas, o
estes projetos.
que torna o processo muito mais complexo.
Wd :: Ainda sobre o assunto, as agências digitais
Wd :: Diante da experiência da APADi no mercado
brasileiras estão preparadas para assumir projetos en-
de internet, podemos apontar um modelo de negócios
volvendo publicidade on-line? Por quê?
ideal para as agências digitais?
Patrícia :: As maiores agências digitais têm plena capa-
Patrícia :: As opiniões se dividem, mas o caminho
cidade de fazer publicidade on-line e, na maioria das vezes,
são as agências digitais full service, empresa com mais
bem melhor do que as agências de publicidade tradicionais.
estruturas, mais competência nas diversas frentes dos
O raciocínio da publicidade on-line pressupõe seg-
projetos digitais e maior capacidade de gestão dos pro-
mentação, clusterização, perfil comportamental, coisas que
jetos, respondendo de forma integrada pela presença
as agências de publicidade nem sempre utilizam em suas
digital dos clientes.
entrevista - Agências digitais :: 27
“A internet tem transformado o comportamento das pessoas e as suas relações com o mundo”
Wd :: Em relação ao mercado internacional, existe algum modelo de associação que contemple empresas do mercado de internet? Caso sim, a APADi mantém algum tipo de contato com estas entidades? Patrícia :: Temos algumas iniciativas. O IAB (Interactive Advertising Bureau - www.iabbrasil.org.br) é uma delas, porém a APADi não está, neste momento, em contato com nenhum órgão internacional. Ainda estamos montando os nossos projetos e os processos fundamentais. Wd :: Ainda sobre o mercado exterior, quais seriam as principais diferenças, em termos de estrutura, planejamento empresarial e processos de criação, entre as agências brasileiras e as agências internacionais? Patrícia :: Vemos uma tendência forte do discurso de visão integrada ou pensamento full service, sejam nas agências de publicidade, sejam nas agências interativas internacionais. Wd :: Quais são os projetos futuros da entidade? Patrícia :: Continuar fortalecendo a contribuição no sentido de ajudar as agências e o mercado digital na disseminação e discussão das melhores práticas dentro do universo digital.
28 :: entrevista - Agências digitais
Benefícios envolvendo a associação - Fortalecimento e valorização do mercado de soluções digitais; - Visibilidade e acesso a novos negócios; - Compartilhamento de conhecimento; - Fornecimento de credibilidade através da seleção das agências que farão parte da associação; - Capacitação através de normatização, inovação e definição de melhores práticas. Fonte: APADi (www.apadi.com.br)
Na casa dos milhões! No artigo “Campanha na web sem mico”, o diretor executivo da Plug In, Vinícius Pessin, revela que, “só no primeiro semestre do ano passado, o mercado injetou cerca de 158 milhões de reais em hotsites, links patrocinados, banners e outras ferramentas de propaganda web”. Fonte: APADi (http://tinyurl.com/2jeu5m)
30 :: projetos experimentais
Projetos Experimentais em busca das novas idĂŠias
projetos experimentais :: 31
Responda com sinceridade: se um amigo pedir para você
projeto experimental mais interessante, mais rico em experi-
criar um site com alta carga de inovação, porém com uma
ências e mais bem-sucedido, tendo conquistado mais de 30
verba beirando ao zero, a proposta seria aceita? Na balança,
destaques internacionais em diretórios importantes. Enfim, não
certamente as questões envolvendo o tempo para produção
foi lucrativo financeiramente (e nem era o objetivo), mas ganhei
e o custo e benefício pesam em demasia. No entanto, em de-
uma verdadeira fortuna em matéria de experiência. E claro, foi
terminadas situações, é preciso avaliar como um projeto deste
ótimo ver o reconhecimento internacional. Sites experimentais
pode render frutos no futuro.
são sites estratégicos, em todos os sentidos”.
Quem apostou nisso foi o artista plástico e designer free-
Fugindo dos clichês
lancer Ronaldo Gazel. “Em 2006, criei um site para um amigo,
Antes de conhecermos as características que envolvem os
o maestro Ruben Di Souza (www.discopraise.com.br/rubinho).
trabalhos experimentais, precisamos definir quais são os aspec-
Aproveitei a experiência para trocar alguns paradigmas. Vá-
tos que marcam a originalidade e a inovação de um projeto.
rios deles. O primeiro seria a maneira de apresentar o menu.
Pensar no inusitado e no surpreendente é o primeiro caminho
Pensei: ‘vamos fazer um menu invisível e integrado ao design,
para descobrirmos tais fatores.
para que a criação prevaleça e não seja afetada pelas letras e
“É fundamental fugir de soluções óbvias, dos ‘clichês’.
símbolos do menu’. Dito e feito: criei um menu auto-ocultável
Também é interessante tirar um elemento de um contexto óbvio
com máscaras independentes, que são completamente integra-
e deslocá-lo para um lugar onde ele não é normalmente visto.
dos à interface. E que teve mais de cinco versões diferentes,
Os irmãos Campana utilizam este recurso ao criarem mesas com
durante o processo. Só para fazer o menu, foram mais de 40
ralos de pia ou cadeiras com bichos de pelúcia, por exemplo”,
horas. Se não fosse um projeto experimental, provavelmente
diz o designer e ilustrador Carlo Giovani (www.carlogiovani.
eu não teria esse tempo e ainda ouviria o cliente dizendo: ‘o
com). “Acho que quando o usuário consegue participar da ex-
usuário não vai conseguir usar isso”.
periência on-line e a cada clique ele descobre algo novo e isso
Conforme o andamento do projeto, Gazel se deparou
o impulsiona para um outro clique, já fica estabelecido a marca
com uma série de desafios envolvendo a criação. “Outra expe-
da originalidade. Alguns críticos dizem que a originalidade é
riência foi a de criar um tutorial que fosse absolutamente cria-
um conceito discutível. Acho que a originalidade é usar um
tivo e exprimisse, logo ali, os valores que nos quais o usuário
elemento de uma forma que ainda não foi usada, mesmo que
estaria preste a imergir, entrando no site propriamente dito.
os outros ingredientes continuem o mesmo”, completa André
Para isso, contei com a ajuda de vários storyboards, muitos
Matarazzo, sócio da agência Gringo (www.gringo.nu).
deles pintados em papel, com tinta acrílica, e alguns bons
Neste debate, não podemos nos esquecer que a percep-
três dias apenas planejando as idéias. Fomos para o estúdio
ção de originalidade e de inovação vai variar de pessoa para
e capturamos as cenas. Depois disso, foi só fazer a sincronia
pessoa e de projeto para projeto. “A minha maneira de definir
com a trilha sonora, repleta de efeitos e que também é um
‘originalidade’ é transformar um experimento inédito em uma
diferencial do projeto, pois foi desenvolvida exclusivamente
boa idéia. Ou seja, pegar uma ação, idéia que estava sendo
para o site - o que raras vezes vemos acontecer nos projetos
desenvolvida de forma incubada (e eu diria até descompromis-
do dia-a-dia. Poderia falar de várias outras boas experiências,
sada), que se transforma até se tornar algo aplicável no mercado
como o uso de tipografias inclinadas e gigantes (um cliente
como uma idéia nova que surgiu da ousadia, da experimentação,
diria: tá tudo torto!), com máscaras líquidas; pesquisa extensa
sem moldes iniciais. Acho que inovação é arrumar uma maneira
de cor (cada uma das cinco seções possui uma paleta própria
diferente de navegação através de um script que você nunca viu
e cuidadosamente calculada), e até do logotipo - criado a
ninguém usar, ou mesmo não ter medo de jogar um punhado
partir das formas gráficas do site - algo que também não havia
de tinta em cima de uma tela”, explica Ludmilla Rossi, diretora
ocorrido comigo até então, que sempre criei os sites depois
da Mkt Virtual (www.mktvirtual.com.br).
dos logotipos, e não o contrário”, afirma.
Metodologia para experimentação
No final, a experiência deu tão certo, que hoje ele atesta
Durante apresentação no Fórum Internacional de Design
a validade de se investir em projetos deste porte. “Foi o meu
e Tecnologia Digital (FIND), realizado em setembro de 2006, o
32 :: projetos experimentais
designer Stefan Sagmeister (www.sagmeister.com) abordou o
tamos a alguns profissionais se o briefing representava um limite
período de sua carreira no qual apostou na criação de projetos
à criação ou um desafio a ser vencido. Segundo André Braz,
experimentais. Segundo ele, uma de suas principais dificuldades
gerente de design da Globo.com, “trabalhos experimentais sem
no início foi trabalhar sem limitações, sem uma orientação para
briefing são excelentes, mas têm outro papel: abrem a cabeça
o seu trabalho. Dessa forma, existiria algum método para se
e exercitam a pensar fora da caixa. O profissional que tem este
trabalhar com experimentação?
hábito, tempo e recursos para fazê-lo sempre cresce, como ao
“Experimentar não significa criar sem limites, direções. Mesmo em um projeto pessoal, sem um briefing de cliente, é
ler um novo livro. Deve-se apenas tomar cuidado para que isto não vire uma fuga do compromisso com resultados”.
importante que determinemos o caminho a seguir, um rotei-
Pensando nisso, alguns fatores podem ajudar o profissional
ro, ou mesmo um esboço do que pretendemos desenvolver.
na hora de inserir a experimentação dentro de seu cotidiano.
Dentro dessas limitações, então, passamos a experimentar
“Penso que podemos ter duas situações. A primeira, onde o
uma série de possibilidades pertinentes ao projeto proposto.
designer exercita a experimentação no ambiente de trabalho; e
Iniciar um trabalho sem saber o que se pretende, é, ao meu
a segunda, onde ele exercita a experimentação no seu horário
ver, um erro”, diz Carlo.
de lazer. No ambiente de trabalho deve existir abertura para
Segundo os especialistas, a metodologia de experimenta-
esse tipo de produção e entendimento da importância desse
ção para uma peça de design visual se assemelha muito ao traba-
processo para oxigenar a prática de criação. O profissional que
lho do artista. “Sendo assim, o designer cria a partir da intuição e
faz uso do seu horário de lazer para a produção de linguagem
toma decisões de acordo com suas preferências pessoais, criando
experimental, acredito que tenha a necessidade de dizer algo
um objeto destituído de função e não tendo o cliente para interfe-
a mais do que seu cotidiano permite, ele gosta de se expres-
rir e prazo final. A partir desse contexto, o designer, conhecendo
sar além dos limites impostos pelo trabalho cotidiano e tem a
as regras de composição visual, passa a fazer associações visuais
necessidade de colocar algo para fora reforçando a tendência
livres chegando ao que entendo por experimentação. Cultivar
artística desse profissional. Agora, vale ressaltar que sempre
outras atividades de produção de linguagem visual é uma boa
tem o negócio do método de trabalho, cada empresa trabalha
estratégia para oxigenar prática profissional de um designer”,
de uma forma, assim como cada profissional também tem o seu
afirma Gustavo Lassala (www.gustavolassala.com), professor das
estilo. Portanto, concordo que, no cotidiano de trabalho, esse
universidades São Judas e UNIFIEO.
hábito pode ajudar como atrapalhar. Cada profissional deve
Assim, nada melhor do que a prática para que o profissio-
refletir sobre seus resultados e analisar constantemente sua
nal determine qual caminho deverá seguir. “O empirismo pode
produção a fim de avaliar se esse processo ajuda ou atrapalha
ser doloroso, mas é um aprendizado que você sente ‘na carne’.
o seu desempenho”, orienta Gustavo.
Isso não significa que, para aprender de verdade, devemos nos
Para Fabio Couto, sócio do Estúdio Colletivo de Design
atirar no campo minado, sem ao menos observar as pegadas de
(www.colletivo.com.br), a experimentação pode ser muito mais
quem já passou por ali ileso. Eu mesmo já passei algumas vezes
simples do que se imagina. “O simples fato de manter a mente
por esse campo minado e fui, aos poucos, desenvolvendo uma
aberta a novas soluções em tudo que se faz já abre espaço para
metodologia própria, chamada de ‘10 passos criativos’. Envolve
que a experimentação seja inserida na rotina. Testar novas fórmu-
uma série de atitudes, práticas e mentais, para que todo pro-
las, pensar em outras apresentações mesmo fora do briefing são
jeto tenha seu potencial criativo devidamente explorado pelo
opções que você pode apresentar a um cliente como sugestão.
webdesigner, que passa a se posicionar também como artista
Demonstram interesse e bom gosto. O briefing não deve ser visto
- a marca dos grandes designers. Por artista, consideremos
como limitador e deve ser sempre discutido com o cliente. Por
a pessoa que não se contenta com as respostas estéticas do
isso, discutimos tudo e tentamos sempre recriar as referências que
mundo, lutando incansavelmente por uma nova expressão, por
são apresentadas nas reuniões de briefing, justamente porque o
uma dialética constante e enriquecedora”, aponta Gazel.
trabalho tem que ter uma expressão própria”.
Experimentação no cotidiano profissional Na edição de março de 2007, na seção “Debate”, pergun-
Ou seja, tais projetos ajudam o profissional a buscar novos caminhos para o seu processo de criação. “A criatividade é um
projetos experimentais :: 33
músculo que precisa de exercício, e muito! Projetos experimentais
“Eu mesmo fiz uns dez trabalhos que
são a malhação e só tem a ajudar no processo de criação de qual-
julguei experimentais pelo prazer de
quer profissional”, ressalta Daniel Edmundson, diretor de criação do estúdio mooz (www.mooz.com.br). “Noto que, de tempos em
fazê-los no começo da minha carreira.
tempos, há saturação e homogeneização nas soluções gráficas
Não fiquei esperando para que o meu
adotadas no nosso mercado. Elementos, formas, métodos de execução acabam se tornando generalizados e repetidos até o esgotamento. A experimentação tem valor chave nesse quesito,
diretor de criação viesse e me desse permissão” (André Matarazzo)
pois com ela se é possível alcançar novos patamares e novos métodos de execução de trabalhos: apresentando ao público
Além disso, a pesquisa deve ser considerada aspecto
maior diversidade de linguagens estéticas, interessantes soluções
importante para se trabalhar com experimentação. “Descubra
criativas mesmo não seguindo uma tendência e desse modo des-
tudo sobre os conceitos definidos do projeto, veja imagens, ouça
tacando trabalhos do lugar comum”, complementa o designer
música, leia, transporte-se para o universo conceitual no qual ele
gráfico e ilustrador Dan Fervin (www.danfervin.com).
se insere, pense como as pessoas pensavam naquele momento
Pesquisa e materiais a serem utilizados
em particular. Depois volte e analise tudo com seu ponto de
Então, se você está decidido a produzir algum tipo de
vista. A partir daí se começa a experimentar, misturando coisas.
projeto experimental, a boa notícia é que todo tipo de material
É um processo que não acaba nunca. Não teria a menor graça se
pode ser utilizado. “Não há limite, desde que se obedeça a
acabasse, o desenvolvimento é contínuo”, diz Fabio.
uma coerência com as necessidades do projeto. Já desenvolvi
E para que este processo possa ajudar no rendimento do
ilustrações com comida, lego, metal, sucata de computador, ar-
projeto, a organização vai ser fundamental. “Já dizia o saudoso
gila, tecido, papel, roupas, além das técnicas convencionais com
Chico Science que ‘eu desorganizando, posso me organizar. Que
bico de pena, grafite, tinta, colagens e técnicas digitais. Tudo
eu me organizando, posso desorganizar’. Ainda que seja um cara
depende do que está sendo proposto no projeto”, enumera
bagunceiro como eu (risos), precisa encontrar a sua maneira de se
Carlo. “Especialmente em design, aqui na Mkt Virtual, usamos
organizar, com o seu jeito, com o seu estilo, para que a pesquisa
papel, tinta, sucata, fotos amadoras, livros... E qualquer coisa
seja realmente uma ferramenta. Usar um método standard que
que esteja ao alcance na hora da criação e possa gerar uma boa
já se mostrou falho, é organização falsa, que não vai entrar em
idéia”, completa Ludmilla.
sintonia com o resto do processo criativo”, ressalta Gazel.
Nesta etapa, o computador funcionará como uma ferra-
Experimentação dentro das agências
menta para agilizar o processo de manipulação. “Ele serve como
Em entrevista recente (http://tinyurl.com/oh8eg), Sag-
ferramenta para unir tudo numa área só e deixar a manipulação
meister ressaltou ainda que “os trabalhos experimentais (que
mais fácil, e é claro, municiar com uma das maiores invenções da
não fazem parte da programação de uma agência) têm uma
era moderna: os vetores”, relata Dan. Outros elementos tecno-
tendência a serem relegados por trabalhos mais ‘urgentes’,
lógicos também podem ajudar no processo de experimentação.
simplesmente pelo fato de eles terem um prazo de entrega
“Já fotografamos marabus, escaneamos misturas de tintas,
definido”. Então, qual seria a realidade nas agências brasi-
desenhamos por cima, fotografamos texturas, escaneamos
leiras? Elas abrem espaço para os profissionais trabalharem
de novo... E por aí vai. Fundamental: tenha um bom scanner
com experimentação?
e uma boa máquina digital. Essas ferramentas ajudam você a
“Isso é raro, muitíssimo raro. Mas conheço agências que,
capturar o trabalho com qualidade para todo tipo de projeto,
no seu planejamento, incluem projetos em longo prazo, que
seja impresso, web ou motion”, orienta Fabio.
permitem que haja mais debates e análises sobre o tema. Sábias,
Outra dica é guardar sempre todos os materiais que
estas últimas. Porque o experimental é muito mais do que um
foram produzidos. “Deixe um acervo de fácil acesso, você vai
simples projeto, ele é um exercício de criação, de análise, de
acabar usando pedaços, desenhos e conceitos em algum outro
autocrítica. Planejando projetos experimentais ou pelo menos
trabalho seu”, destaca Daniel.
dando abertura para que eles se façam presentes, é uma ótima
34 :: projetos experimentais
maneira de manter alto o estímulo do designer, evitando que
uma estrutura organizada e baseados apenas na “via-
ele caia na mesmice do dia-a-dia”, afirma Gazel.
gem criativa”. Quais foram as principais etapas envolvi-
Assim, mesmo que o espaço não seja o ideal, a atitude
das na concepção do Projeto 404?
deve partir sempre do profissional. “Esse tipo de trabalho tem
Suzana :: O projeto era experimental, porque ele trans-
que ser feito extracurricularmente pela realidade de muitas
gredia todas as regras de usabilidade naquela época: era
agências. A não ser que haja uma aplicação imediata, é difícil
inteiro em Flash, tinha um tempo de duração enorme e uma
ter um tempo grande para correr atrás de idéias puras. Acho
navegação intuitiva, pouquíssimo funcional (propositalmente).
lindo quando isso acontece. Quando um designer quer avançar
Mas apesar dele ter essa estética experimental, ele tinha
e quer criar algo totalmente sem barreiras, ele tem que fazer um esforço extra e trabalhar sozinho, arranjar um grupo, fazer coisas no fim de semana - se virar. Eu mesmo fiz uns dez trabalhos que julguei experimentais pelo prazer de fazê-los no começo da minha carreira. E esses trabalhos me deram muito prazer e visibilidade. Não fiquei esperando para que o meu diretor de criação viesse e me desse permissão. Essa é a diferença entre ter o tesão de ir além e tomar o seu destino nas suas mãos e ficar no papel de vítima que ninguém te entende e ninguém te dá a tão sonhada liberdade artística”, finaliza Matarazzo.
objetivos de comunicação muito claros. Não podíamos correr o risco da mensagem ficar confusa. E, para garantir isso, esse projeto foi desenvolvido com a mesma disciplina e método que usávamos para fazer qualquer job. Aliás, por ser experimental, ele abriu espaço para várias tentativas e erros, o que demandou ainda mais disciplina e processos. Ele envolveu criar o conceito, escrever os roteiros de cada episódio, filmar, experimentar várias formas de navegação para ver qual ficava mais interessante, achar uma cantora que tivesse o clima “noir” que desejávamos, e,
Projeto 404: a experimentação dentro da AgênciaClick Bate-papo: Suzana Apelbaum, na época, diretora de criação de AgênciaClick. Atualmente, é diretora de criação da Africa Publicidade (www.africa.com.br) Wd :: Como surgiu a idéia de criar o Projeto 404 (www.agenciaclick.com.br/404)?
naturalmente, testar o site para ver se o caráter experimental estava no ponto certo - ou seja: estava inovador, mas não a ponto de comprometer o entendimento da peça. Wd :: Quais benefícios o 404 trouxe para a AgênciaClick? Suzana :: Esse projeto foi um jeito totalmente novo de se autopromover. No lugar de falar de casos de sucesso, falamos de casos de fracasso. Isso trouxe para a
Suzana :: A AgênciaClick estava fazendo 10 anos
agência uma imagem de inovação, ousadia, e de ser, de
de mercado e queríamos divulgar e ressaltar esse dife-
fato, a agência mais experiente e preparada do mercado.
rencial - a importância de se trabalhar com uma empresa
E, se não me engano, ganhamos alguns prêmios interna-
experiente. A idéia veio da constatação de que 100% das
cionais com essa peça.
agências de internet se vendia a partir de seus casos de
Wd :: Hoje, existe espaço para a experimentação
sucesso. Quando, na verdade, um dos fatores determi-
dentro das agências? Por que elas devem investir nes-
nantes para uma agência de internet ser eficiente é a sua
tes tipos de projetos?
capacidade de lidar com erros e fatores inesperados. E
Suzana :: De modo geral, existe pouco espaço,
só as agências que têm muita experiência é que podem,
por conta do volume e caos constante de jobs. Mas é
garantidamente, se sair bem nisso. Mostrando a quanti-
fundamental investir nesse tipo de projeto, porque
dade de erros que podem surgir num projeto, mostramos
ele estimula a pesquisa de novas linguagens, amplia o
como estávamos preparados para fazer casos de sucesso.
leque de linguagens, faz repensar processos e ajuda a
Wd :: Existe um certo mito envolvendo a experimentação, no qual estes projetos seriam feitos sem
trazer novas idéias.
projetos experimentais :: 35
Exemplos de experimentação pela web - Dimitre Lima
- Oculart
“É um designer que pesquisa pro-
“Site do surrealista Geoff Lille-
gramação, vídeo, tipografia, música
mon. A estranheza da navegação
e aplica isso no seu trabalho e na
e dos trabalhos leva o usuário a
apresentação dele.” (Carlo Giovani)
questionamentos sobre padrão de
www.dmtr.org
www.oculart.com
- Emiliano Rodriguez
www.emilianorodriguez.com.ar
estética e usabilidade da internet.”
(Dan Fervin)
“Surpreende pela idéia inusitada de
- Sofake
se navegar no portfólio por meio do
“Destaco pela forma de navegação.
corpo do criador. Faz um ótimo uso
Faz uso do Flash de modo diferen-
de música e tem uma navegação
ciado. Realmente se desprende do
diferenciada com transições e sons
adequados ao visual.” (Gustavo Lassala)
sistema de navegação por barra de www.sofake.com
rolagem ou o simples clique no bo-
tão esperando carregar a próxima página.” (Gustavo Lassala) - FAQ Magazine “Revista em formato digital, que
- Yugo Nakamura
chama ilustradores para criarem
“É o tipo do cara que sempre inovou
desenhos a partir de um tema.”
dentro de sua especialidade, que é
(Daniel Edmundson)
tecnologia/arte aplicada. Ele fez seu
www.faqmagazine.net
nome e sua carreira experimentando www.yugop.com
- Heiwa Alpha “Explorar uma linda colagem com motion, interativa, enfim, esse é um bom caminho para recriar o conceito do visitante de ‘realidade’ no meio www.heiwa-alpha.co.jp
sozinho, devagar, uma novidade por
vez. Note que a maioria dos projetos que ele faz, e que são de cair o queixo, são totalmente novos. Ele tem o dom de focar em uma solução nova por vez. Pequenos passos - sempre na direção certa.” (André Matarazzo)
digital.” (Fabio Couto)
- WM Team “Site de uma agência alemã com
- Makibishi Comic
ótimas ilustrações e animações. A
“Esse é novo. E muito bom.”
navegação e interação são tão diver-
(Fabio Couto)
tidas que você se sente jogando um www.wmteam.com
videogame. Penso que sites como
esses começam a trazer definitivamente a tão esperada linguahttp://comic.makibishi.co.jp
gem de comunicação e interação que a tecnologia da internet - Misprintedtype “Projeto experimental do ilustrador/ designer Eduardo Recife, que disponibiliza para baixar gratuitamente lindas fontes grunges.” (Daniel Edmundson)
www.misprintedtype.com/v3
permite.” (Gustavo Lassala)
36 :: projetos experimentais
“O experimental é muito mais do que um simples projeto, ele é um exercício de criação, de análise, de autocrítica” (Ronaldo Gazel)
Sem medo de errar
jeto. No começo, as atualizações eram pequenas, somente
Bate-papo: Daniel Santiago, criador da revista
indicação de novos sites, alguns artigos. Já nesta última
experimental Monovolume (www.monovolume.com.br)
versão, onde o texto é o principal do site, o desenvolvi-
Wd :: Como surgiu a idéia de criar o Monovolume?
mento exigiu um tempo maior. Por isso, optei por dividir
Daniel :: Sempre tive o hábito de visitar portais sobre
em edições, onde cada uma pode ser elaborada com um
design - nacionais e internacionais - em busca de referên-
pouco mais de prazo. Para conciliar o tempo entre a ela-
cias, novos estilos, conceitos, contato com outros profis-
boração das matérias e o trabalho do dia a dia, não tem
sionais. Mas só isso não era o suficiente. Como sempre
mistério, são as famosas madrugadas, finais de semana.
tive paixão por história da arte, música, cinema, e não
Atualmente, tenho a ajuda da designer Cibele Gomes
encontrava isso associado a webdesign, resolvi criar a pri-
(www.cibelegomes.com), responsável por algumas maté-
meira versão do Monovolume em 2003.
rias e a revisão geral do site. O Monovolume está aberto
O conceito do site sempre foi a união entre design, arte, música e comportamento. Ao longo desse tempo, o Monovolume teve mais quatro versões, onde pude experimentar outros formatos de conteúdo, diagramação e sen-
a novos colaboradores, quem se identificar com os assuntos abordados e quiser participar é só entrar em contato. Wd :: Que tipo de retorno o Monovolume já trouxe para a sua carreira?
tir as necessidades que esse tipo de projeto necessitava.
Daniel :: Antes mesmo de ter um portfólio on-line
Nesta última versão, acredito que chegamos o mais pró-
com meus trabalhos como designer, o Monovolume já
ximo da idéia inicial, porém, mas moderna e atual.
existia. Ele é, de certa forma, meu cartão de visita para
Acredito que a principal característica de qualquer
o mercado. Através dele, tive o prazer de conhecer inú-
projeto experimental é a ousadia, não se pode ter medo
meros profissionais da área, além de propiciar excelen-
de errar. Não vejo problema em colocar lado a lado no
tes oportunidades de trabalho. Mas o retorno maior que
Monovolume uma entrevista com uma banda nova que
o Monovolume traz atualmente é o desafio e o prazer de
está agitando a cena independente aqui em São Paulo e
se fazer algo interessante sobre os assuntos que eu mais
uma matéria sobre um grande cineasta sueco e suas obras
gosto. Acredito que qualquer que seja o elemento ligado
existencialistas. O mais importante é que o assunto seja
à cultura, ele será de profunda inspiração para seus traba-
interessante e ligado à cultura/comportamento.
lhos como designer. Vá ao cinema, exposições, ouça muita
Wd :: De que forma você conciliou o tempo a ser destinado na criação e no desenvolvimento do Monovolume? Daniel :: Esse é um dos grandes desafios desse pro-
música, leia livros, revistas, ande pela rua e, no tempo que sobrar, navegue na internet. Cultura nunca é demais.
jetos inovadores, seria possível apontar um marco similar? Ou seja, podemos dizer que o espírito de ousadia já se disseminou pela internet?
Trazendo esta realidade para web, meio de comunicação que trouxe inúmeras possibilidades para a criação e o desenvolvimento de pro-
mentos sobre o mercado de design no Brasil.
fanzine criado pelos designers Elesbão e Haroldinho, exploraram ao máximo o conceito de ousadia, além de trazer uma série de questiona-
Entre os idos de 2000 e 2001, as experimentações publicadas nas edições do Design de Bolso (www.visorama.tv/eh/ddb), antológico
Por onde a ousadia na web?
38 :: debate - ousadia
“A ousadia é um ingrediente que sempre esteve presente na internet”
sempre em busca de resultados.”
Atualmente, a ousadia precisa estar focada no baixo custo, precisa estar
e possibilidades exige uma ousadia diferente da que existia até aqui.
Hoje, a ousadia é outra. A busca de novos mercados, de novas tecnologias
que a ousadia da época fosse mais baseada na criatividade.
vontade’, em alguns casos, significava literalmente muito dinheiro) faziam com
ainda não explorados e grande vontade de explorar novas fronteiras (‘grande
Novos produtos, novos serviços, descoberta de nichos de mercado
uma profusão de ousadia na internet.
semelhança com o que acontece hoje com o Second Life?), houve, sem dúvida,
simplesmente a presença das empresas neste mundo novo (percebem a
financeiros não eram algo tão importante e o que importava era pura e
Na época da ‘bolha’, quando os recursos eram fartos, os resultados
perceber claramente dois tipos distintos de ousadia.
este meio em freqüente desenvolvimento e ebulição. Podemos, no entanto,
ela que, em parte, possibilitou o nascimento da internet e continua mantendo
“A ousadia é um ingrediente que sempre esteve presente na internet. Foi
www.dell.com.br
Online Business Editor para América Latina da Dell Computadores
Marcos Nähr
debate - ousadia :: 39
40 :: debate - ousadia
“Ousar é, basicamente, fugir do lugar comum. Atravessar a barreira do óbvio em busca de alguma coisa impactante. Ousar é trabalhar com o inesperado, quebrar os próprios conceitos, pirar - no bom sentido. É trabalhar com idéias inesperadas, criando universos paralelos para vender ou apresentar qualquer tipo de produto ou serviço. Na internet, o espírito de ousadia ainda está engatinhando, apesar da liberdade e das possibilidades que o meio propicia. Já vi excelentes cases onde a ousadia estava bem alinhada a um propósito. Porque ousar por ousar não leva ninguém a lugar algum. O grande pulo do gato está na disseminação das informações com alguma base sólida, comercial ou não. Ainda são poucos que sabem - ou se permitem - ultrapassar a linha convencional que respiramos no dia-a-dia. Vejo mais ousadia na forma como as pessoas se relacionam através dos fotologs, flickrs, myspaces e afins que nas campanhas que abusam da crossmedia ‘alternativa’ (marketing de guerrilha, buzz marketing, internet etc.). Existe um frescor na linguagem falada e escrita via internet que não sabemos - ou não conseguimos - transpor para o mundo corporativo. Um certo preconceito. Ousado ou não, é fato que um site não pode ser mais um site. Ou seja, não dá mais para distribuir as informações didaticamente, temperando com fotos, textos e animações cartesianas. Um site pode, e deve, mostrar ao público que novas formas de comunicação e interação são fundamentais para o entendimento desse novo velho mundo, descomplicando as idéias, aproximando cada vez mais o virtual do real.”
“O us
debate - ousadia :: 41
ar
ém uit
om
“Ousadia e inovação são - ou deveriam ser - conceitos comuns a quem trabalha com internet, porque a necessidade de mudança cons-
ais
tante faz parte da natureza do meio. Porém, no fervor de conseguir
que
destaque em uma mídia em ebulição, cheia de novas idéias, muita gente acaba perdendo o foco frente a estes ‘mitos’, sem saber exa-
util
tamente o que eles significam ou como transformá-los em uma parte
izar
natural da sua rotina de trabalho. Hoje, estamos em contato com cada vez mais linguagens e no-
aque
vas mídias: banda larga, vídeos, mobile, código aberto etc., que nos possibilitam pensar diferente, criar diferente e melhor. E não estamos
le víde
sozinhos nesta jornada: o usuário caminha lado a lado conosco, colaborando, fotografando, editando, cortando. Nunca tivemos tantas pessoas não especializadas criando e construindo o ambiente digital,
o e m F l a s h c o m c h ro m a k e y o
e isso é bom, pois os designers podem projetar em cima de resultados concretos e experiências reais. Ousar é muito mais que utilizar aquele vídeo em Flash com chroma key ou a tecnologia X apenas por ser novidade. Ser inovador é, na prática, saber adaptar as linguagens e os conceitos existentes de uma maneira nova e melhorada, de acordo com as necessidades de cada projeto. Isso não quer dizer que temos que mudar ou revolucionar a internet. Não precisamos mudar a forma de pensar e agir do usuário, mas temos que manter a nossa forma de pensar em constante evolução. Um ótimo exemplo desta ‘inovação prática’ é o iJigg (www. ijigg.com), projeto baseado no conceito ‘digg-style’, que poderia ser apenas mais uma cópia de outros modelos que já deram certo,
uat ecn
mas que ousa e aposta em uma abordagem diferente. Ao embutir
o sistema de votos do usuário em um player de música, a galera do iJigg prova que ousar é pensar: ‘isso aqui é legal, mas o que eu poderia fazer para ficar ainda melhor?”
ol
ogi aX
Guilherme Neumann Diretor de arte na Globo.com
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www.mofo.art.br
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42 :: debate - ousadia
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debate - ousadia :: 43
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44 :: e-mais - novos talentos
Quando analisamos o futuro do mercado de internet, geralmente o foco dos debates está presente nos conceitos e nas tecnologias que ajudam na produção do conhecimento gerado pelo meio. No entanto, não podemos nos esquecer do capital humano que torna capaz a existência de toda essa estrutura. Ainda mais se considerarmos uma nova geração que já nasce com uma extrema consciência sobre as possibilidades que o mundo digital pode trazer para a evolução de nossa sociedade. “Hoje, tenho como referência um novo modo de uso da internet, algo já enraizado na minha geração. A internet vende e interfere diretamente no sucesso de um produto. As grandes campanhas publicitárias tendem se alinhar cada vez mais com a web. E é nesse perfil de profissional que tem a capacidade de unir a interatividade, o design e a propaganda, que eu procuro me encaixar”, revela Caio Fernando, 17 anos, diretor de arte web na DZ1 (www.dz1.com.br). Pensando nisso, a Revista Webdesign resolveu investigar o que pensa a futura geração do design sobre os rumos deste segmento profissional. A seguir, confira as histórias e os ideais que movem as carreiras de alguns dos novos talentos na web.
e-mais - novos talentos :: 45
Interesse pelo design
vida das pessoas, suas utilidades e
Um ponto que parece ser comum entre a nova ge-
a carga emocional que os circunda”,
ração do design surge no início precoce pelo gosto da
revela Vitor Lourenço (www.vlouren-
profissão. “Por incrível que pareça, meu interesse por
co.com), 19 anos, designer de interfa-
design apareceu no colégio, nos trabalhos, seminários e
ces na Globo.com, onde integra o núcleo
feiras de ciência. Percebi que eu era detalhista e sempre
de Entretenimento do Portal.
fazia além do necessário. Tive a fase do blog, época em
O aprendizado
que a minha curiosidade por design para web aumentou.
Aproveitar o máximo de conhecimento. Talvez essa
Lá, postava umas artes muito trash com fotos das festas,
seja uma das características marcantes dessa nova gera-
montagens. Fazia layouts diferentes para cada estação ou
ção web. “Não basta ser autodidata e gostar de design,
evento importante do ano. Tudo foi ficando muito inte-
a vivência no mercado é a melhor maneira de começar a
ressante. Logo, estava sempre na sala de informática. O
pensar em entender do assunto. Conviver com ilustrado-
que aparecia para fazer, eu topava: telão de formatura,
res, diretores de arte e publicitários foi fundamental para o
CD-Rom, hotsite. Até os padres do colégio gostavam das
meu desenvolvimento. Minha curtíssima carreira começou
idéias. Hoje em dia, mudou muito pouco, faço isso profis-
como assistente de arte na dzain Comunicação (que agora
sionalmente”, explica Caio Fernando (www.foka.art.br).
é a DZ1), onde estou hoje e onde pude me desenvolver
Outro detalhe envolve a curiosidade que move os ins-
tanto na criação quanto na produção. Fui auxiliado
tintos desses jovens. “Aos 13 anos, tive a vontade de saber
no começo pelo mestre Felippe Zancarli, e
como se construía um site. Então, pedi ao meu pai um livro
na fase profissional, principalmente
de HTML e comecei a brincar no Notepad, fazendo algu-
pelo publicitário e professor
mas páginas bem básicas. Logo após, descobri o que era
Junior Cardoso e pelo exce-
o tal Photoshop que todos falavam e acabei fazendo um
lente ilustrador e designer
curso de Photoshop e Corel. Desde então, venho tentando
gráfico, Caio Rogério. Além
aprimorar minhas técnicas e conceitos”, diz Vitor Dottori
de um grande parceiro de
(www.sanevolup.com), 18 anos, designer da Agência Ginga
trabalho, sempre me ajuda
(www.agenciaginga.com.br).
a expressar minhas idéias”,
“Em meados de 1999, o FrontPage foi a porta de en-
aponta Caio Fernando.
trada para publicar minhas primeiras páginas sobre tópi-
Na caminhada de Vi-
cos de meu interesse, como games e animações. Logo já
tor Lourenço, a experiên-
estava escrevendo HTML e JavaScript para fazer coisas
cia serviu para mostrar
que o editor não me possibilitava. Junto a estas tecnolo-
a importância dos con-
gias, aliei algumas aptidões estéticas e a paixão por for-
ceitos fundamentais do
mas e cores. O estudo de conceitos relacionados a User
design como base para
Experience me interessou quando decidi encarar o
a boa prática no meio.
design para web de forma mais científica
“Sempre fui autodidata.
e profissional. Ainda estou aprendendo a pensar e analisar como os produtos de internet realmente interferem na
46 :: e-mais - novos talentos
- Caio Fernando “As comunidades de design me fazem estar sempre atualizado com os estilos, movimentos e eventos que podem enriquecer minha arte: Eyepunch (www.eyepunch.com.br), 4efx (www.4efx.com.br), Netdiver (www.netidiver.com), The FWA (www.thefwa.com) e Zupi (www.zupi.com.br). Entre os profissionais que sempre me inspiram: Adhemas Batista (www.adhemas.com), Guilherme Borchert (www.guiborchert.com), Guilherme Neumann (www.mofo.art.br), Luciano Pouzada (www.lucianopouzada.art.br) e Victor Sahate (www.sahate.com.br)”
Aprendi as linguagens de desenvolvimento para web em livros e manuais. Em determinado momento, percebi que isso não era suficiente e comecei a estudar os princípios do design gráfico. Passei a oferecer estes serviços para meus clientes e tive o privilégio de, aos 16 anos, ver minhas criações em fachadas, supermercados e outdoors. Hoje, sou obcecado por tipografia e fico ainda mais fascinado a cada novo trabalho de mestres como o Alejandro Paul (www.sudtipos.com)”. No entanto, não podemos nos esquecer da importância do meio acadêmico na formação do profissional de internet. “No colégio, comecei a traçar o caminho do que eu queria seguir. Quanto à formação, ainda não a possuo, estou cursando o ensino médio, mas sei que exatas e biológicas é algo que não vou continuar usando depois que me formar esse ano! Meu objetivo é cursar Editoração, na Escola de Comunicação e Arte da USP, o que não seria nada mal no currículo e para as idéias”, diz Caio Fernando. “Ainda estou cursando o primeiro semestre de Publicidade e Propaganda. Porém, já tenho como afirmar que matérias como Antropologia Cultural e Psicologia Social vêm sendo extremamente importantes. Observando os últimos fenômenos sociais na internet, podemos perceber que é fundamental estudarmos o comportamento humano, uma vez que o impacto social das interfaces passa a ser nossa maior responsabilidade”, completa Vitor Lourenço. Vencendo os obstáculos O ritmo frenético do mercado digital impõe desde cedo determinados obstáculos para os profissionais. Para quem já passou por isso, a dica é encarar os obstáculos como desafios, onde o resultado final sempre trará bons frutos para a sua carreira.
“Existem desafios fáceis e outros que tiram o sono. Sou o tipo de pessoa que tenho as idéias de madrugada, acendo a luz no meio da noite para anotar e não esquecer no dia seguinte” (Caio Fernando)
e-mais - novos talentos :: 47
“Pretendo envolver-me no desenvolvimento de produtos que contribuam de alguma forma para a produtividade pessoal e profissional de outras pessoas” (Vitor Lourenço) “Existem desafios fáceis e outros que tiram o sono. Sou o tipo de pessoa que tenho as idéias de madrugada, acendo a luz no meio da noite para anotar e não esquecer no dia seguinte. Difícil mesmo foi o começo, não tinha experiência nenhuma, era tudo novo, desde exportar um formato .PDF, passando pelo brainstorm de um projeto, até refilar um impresso. De cara me dei bem com a equipe, o que tornou as situações complicadas mais saudáveis”, conta Caio Fernando. Agora, um desafio que parece ser unânime entre os jovens profissionais está presente na melhor forma de se relacionar com os clientes. “Obstáculos, na minha opinião, são na maioria das vezes os de lidar com clientes, pois a partir da hora que você para de criar apenas para showcase pessoal, você acaba perdendo muito da liberdade de criação
- Vitor Lourenço “Admiro a filosofia e processo de trabalho da 37Signals (www.37signals.com) e amo praticamente tudo o
e de aplicar todos seus conceitos ao trabalho”, afirma Vitor Dottori.
que é feito pela Happy Cog (www.happycog.com). Já
“Já me senti extremamente desanimado nos momentos em que clien-
sendo mais específico, não há como não apontar Khoi
tes exigiram alterações sem fundamento algum, partindo de opiniões
Vinh (www.subtracion.com) e Cameron Moll (www. cameronmoll.com) como profissionais mais esclareci-
pessoais e exigências externas. Mas foi algo que, com o tempo, aprendi
dos do momento em relação a desenho de produtos
a lidar”, argumenta Vitor Lourenço.
para internet. E é claro, posso citar excelentes profissionais do Brasil, alguns dos quais tive o privilégio de
Na balança: trabalhando as qualidades e os defeitos
trabalhar em conjunto, como André Braz, Renato Rosa
Aperfeiçoar e valorizar as qualidades que você possui; saber ouvir
e Felipe Memória”
e, principalmente, corrigir determinados defeitos. Não existe mágica na vida de um profissional, mas sim a busca pelo equilíbrio em uma balança que vai determinar o sucesso de sua caminhada. E essa parece ser uma tarefa que a nova geração do design parece ter plena consciência de sua importância. “Quando você começa trabalhar aos 16 anos, você é mais ansioso, lúdico, quer que tudo aconteça, se decepciona com um trabalho não aprovado, eufórico com novos projetos. Porém, traz uma bagagem de experiência muito cedo. Acho minha linha de criação bem legal, mas tenho muito que evoluir. Aproveito a fase que ainda posso viajar nas idéias, não ter regras para criar, assim com os erros amadurecer, estudar e me preparar para ser um grande profissional”, analisa Caio Fernando. “Minhas principais qualidades estão ligadas à paixão que tenho pela área. Estou sempre em dia com as novas tecnologias e tendências e tento aplicá-las a meu cotidiano de trabalho. Entretanto, ainda preci-
48 :: e-mais - novos talentos
so aprender a trabalhar melhor em grupo, dividir tarefas, itens que pouco fiz nestes últimos anos, nos quais atuava em todas as áreas de desenvolvimento”, afirma Vitor Lourenço. O que esperar do futuro? Se o futuro do design para web vai ser escrito por essa nova geração, então por que não descobrirmos quais são os planos de alguns deles diante de tamanha responsabilidade? “O método GTD (Getting Things Done), do David Allen, e aplicações como GMail, QuickSilver e Automator melhoraram muito minha qualidade de vida. Dessa forma, - Vitor Dottori “Na profissão que escolhi, ficar atualizado é essencial. Portanto, procuro referências em livros, revistas, sites de news na web e de premiações”
pretendo envolver-me no desenvolvimento de produtos que contribuam de alguma forma para a produtividade pessoal e profissional de outras pessoas”, diz Vitor Lourenço. As perspectivas envolvem ainda a criação de novos empreendimentos. “Acho que todo designer gostaria de ser autônomo um dia, ter seu
“Acho que todo designer gostaria de ser autônomo um dia, ter seu próprio estúdio ou algo no gênero. Eu não fujo a regra” (Vitor Dottori)
próprio estúdio ou algo no gênero. Eu não fujo a regra. Pretendo levar a V2KD (www.v2kd.org), projeto em conjunto com Victor Oliveira, que tem como ideologia mostrar apenas trabalhos experimentais, muito além do que uma espécie de revista on-line”, aponta Vitor Dottori. Muito estudo e viagens são algumas das expectativas para a carreira de Caio Fernando. “Adquirir experiências diferentes. Estudar muito. Um diploma que supere minhas expectativas e agregue mais conhecimento e conceito as minhas artes. Curtir a fase de universitário. Viajar muito e quem sabe estudar e trabalhar em outro país, voltar com novas influências. Há muito por vir, entre desafios e conquistas, é apenas o começo para um mercado que só tende a crescer na concorrência, na demanda e na importância”.
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50 :: estudo de caso - Exigentes ao extremo
Exigentes em busca da
inovação
estudo de caso - Exigentes ao extremo :: 51
“O principal objetivo do site é proporcionar ao usuário a experiência com a marca” Se você procura por inovação em projetos interativos, uma boa pedida é buscá-la nos sites envolvendo campanhas de comunicação da indústria automobilística. O mais recente exemplo vem da Ford, com o seu “Exigentes ao Extremo” (www.exigentesaoextremo.com.br). O ambiente procura retratar “um grupo de apoio para pessoas que ficaram muito exigentes depois de comprar um Novo Fiesta”. Assim, o usuário é estimulado a conhecer o perfil de seis personagens, através de áudio, blog, jogos on-line e vídeos.
www.exigentesaoextremo.com.br
Nesta entrevista, Jones Krahl, coordenador de criação online da JWT Brasil (www.jwt.com.br), e Marcelo Prais, gerente
Jones e Marcelo :: O site permite a participação do
de atendimento on-line da Ford (www.ford.com.br), revelam os
usuário, ou seja, possui uma linguagem interativa típica
principais detalhes envolvendo este projeto. Boa leitura!
da internet, mas, neste caso, não há feedback ou via
Wd :: O mote da campanha publicitária envolvendo o Novo Fiesta 2008 brinca com alguns personagens que apresentam um nível de exigência elevado após conhecerem o carro. Como surgiu a idéia da campanha?
de mão dupla do usuário em relação a comentários ou acrescentar conteúdos. O principal objetivo do site é proporcionar ao usuário a experiência com a marca. É fortalecer a relação com o
Jones e Marcelo :: A campanha como um todo, off-
Fiesta e com a Ford, causar uma imagem agradável, simpá-
line e on-line, surgiu a partir de discussões com o cliente. A
tica, de aproximação mesmo. Isso pode influenciar a opção
JWT criou o conceito de que o Novo Fiesta 2008 é um carro
do consumidor pela marca na hora da compra, tanto ime-
para consumidores exigentes. A partir daí criou os filmes
diatamente quanto no futuro. O site também leva acessos
“Pedro” e “Rosa”, com o bordão “Chega de ‘Tudo bem’.
para o portal da Ford.
Você já pode ser exigente”. E também a campanha on-line.
Wd :: Na concepção dos cenários do hotsite, per-
Especificamente em relação à internet, utilizamos a
cebemos o uso da técnica de colagem. Por exemplo, a
linguagem interativa e todas as oportunidades que o meio
figura dos personagens apresenta um corpo proposi-
digital oferece para criar uma campanha diferenciada, que
talmente disforme em relação à cabeça. Quais foram as
chamasse o público e mantivesse estes usuários dentro
referências utilizadas para aplicação de tal técnica?
do site, com entretenimento. E mesmo com a diversão,
Jones e Marcelo :: A referência é a cultura pop como
estamos transmitindo as mensagens do produto e os con-
um todo. A linguagem visual é moderna, bem-humorada.
ceitos da marca, trabalhando de maneira alinhada com a
Criamos personagens com manias engraçadas, exagerados
campanha off-line.
em suas exigências.
Wd :: O hotsite faz parte de uma campanha que
Para representá-los, escolhemos a caricatura com a
envolveu ainda ações de buzz marketing. Assim, é pos-
cabeça grande, que é uma forma de chamar a atenção,
sível afirmar que suas principais funções são criar um
de impactar. Para ambientá-los, elaboramos um cenário
canal interativo com o público-alvo, além de estimulá-lo
desconstruído, para quebrar a realidade e combinar com
a conhecer o produto?
os personagens “cabeçudos”. Tudo isso está relacionado
52 :: estudo de caso - Exigentes ao extremo
com a linguagem da própria internet. Wd :: Ainda sobre os cenários, quais foram as principais etapas envolvidas em sua montagem? Quantas horas foram gastas em relação ao desenvolvimento total do projeto? Jones e Marcelo :: O projeto durou cerca de dois meses. Fizemos personagens fakes para compor o cenário. Depois, fotografamos em diversas posições, que foram animadas. Foram realizados estudos de animação. Na seqüência, veio a parte pesada de programação e integração de sistemas. Por último, foram feitos testes e revisão, adequando peso, segurança e outras variáveis de TI entre cliente e usuário. Vale ressaltar a aprovação etapa por etapa com a Ford. Wd :: Em relação ao design da interface, vocês utilizaram algumas famílias tipográficas serifadas. Quais estudos foram feitos para se definir tal escolha? Jones :: A escolha das fontes foi feita de acordo com a linguagem visual do site e também com as características dos próprios personagens. Os logotipos são estilo mais retrô, enquanto os textos de leitura são mais “comportados”. Não houve uma preocupação específica em relação às letras serifadas.
“Fizemos pesquisas na web para ver algumas coisas interessantes, que tivessem esse apelo de ser super exigente, de buscar a perfeição”
estudo de caso - Exigentes ao extremo :: 53
Wd :: A combinação cromática do hotsite parece ressaltar o uso da técnica de colagem nos cenários. Quais influências resultaram na criação final da paleta de cores do hotsite? Jones :: A paleta de cores também está alinhada com a linguagem visual do site, com o tom retrô, com os personagens. Por exemplo, o Juan é vermelho. E até mesmo com a campanha de TV, com as cores fortes e vibrantes dos comerciais “Pedro” e “Rosa”, em que a linguagem do cinema foi utilizada pela JWT. Wd :: A navegação pelo hotsite é baseada no perfil de seis personagens que formam o grupo do Exigentes ao Extremo. Quais fatores determinaram a modelagem de cada um desses personagens? Jones e Marcelo :: Criamos personagens bem diferentes entre si, para que dessem margem para a elaboração de roteiro (filmes) e jogos pertinentes aos usuários. É claro que o equilíbrio entre homens e mulheres e mesmo a diferença de perfis é importante também para alcançarmos a simpatia do maior público possível. Fizemos pesquisas na web para ver algumas coisas interessantes, que tivessem esse apelo de ser super exigente, de buscar a perfeição. Encontramos, por exemplo, diversas comunidades de pessoas que buscam fazer o círculo perfeito, o que inclusive aproveitamos no site. Também escolhemos os personagens Roberval e Ana para terem exigências no mundo dos carros. O Roberval é aquele maníaco por limpeza, que usa cotonete para limpar todos os milímetros do carro. E a Ana busca a vaga perfeita
“Nosso objetivo ao colocar jogos no site é sempre fazer com que os usuários se interessem por aquele conteúdo e passem o máximo de tempo possível com aquelas idéias” nos estacionamentos. Essas manias também aparecem nas ações de buzz marketing. Wd :: Um dos aspectos interessantes neste projeto está presente nos movimentos realizados por cada um dos personagens. De que forma vocês realizaram o desenvolvimento dessas animações para que elas carregassem de maneira rápida e não atrapalhassem o período de navegação do usuário? Jones e Marcelo :: A tecnologia utilizada acompanha os recursos atuais da internet, o que pressupõe banda larga, animação em Flash. Mas é claro que a qualidade do site depende muito da qualidade dos animadores. Em relação à página inicial, temos uma curiosidade para contar. Para evitar excesso de conteúdo, todos os personagens levantando ao mesmo tempo, fizemos um delay de 0,3 segundos entre cada personagem. Assim, você passa o mouse, mas eles não levantam ao mesmo tempo. Wd :: Outro detalhe curioso é a referência das marionetes para criação do menu do hotsite. Em qual etapa do projeto surgiu a idéia de utilizar tal técnica?
54 :: estudo de caso - Exigentes ao extremo
“O usuário escolhe o que quer acessar dentro das opções dadas. Nada no site é impositivo” Jones e Marcelo :: A idéia surgiu no meio do projeto.
publicitárias na internet, que tipo de retorno um proje-
Tínhamos um menu superior e precisávamos representar
to do porte do “Exigentes ao Extremo” costuma trazer
cada personagem. Aí veio a idéia dos marionetes.
para uma marca? Quais são as ferramentas que a agência
Wd :: Na edição de abril de 2007, abordamos o tema
utiliza para medir o retorno sobre o investimento?
“sites de entretenimento”. Sobre o assunto, Raphael
Jones e Marcelo :: O retorno é grande. Há duas for-
Vasconcellos, diretor executivo de criação da Agência-
mas básicas de medir: o mais cartesiano, que é o acesso ao
Click, apontou que “...um site de entretenimento é algo
site (unique visitors, page views, tempo de permanência
próximo a um ‘provocador de experiência de uma mar-
etc.) e o boca-a-boca gerado, o comentário em blogs, entre
ca’, com o objetivo de prender a atenção pelo maior
as pessoas do mercado e mesmo entre os amigos. A JWT e
tempo possível”. Trazendo esta realidade para o hotsite
a Ford utilizam ferramentas de mercado e de veículos para
da Ford, vocês disponibilizaram alguns jogos para os
esta medição mais quantitativa.
usuários. Quais foram os principais desafios envolvidos em sua concepção?
Sobre o retorno qualitativo, o que temos é o impacto, a inovação realizada pela Ford no meio digital. O que vai
Jones e Marcelo :: Nosso objetivo ao colocar jogos no
ao encontro da assinatura “Viva o Novo”, que a montadora
site é sempre fazer com que os usuários se interessem por
utiliza desde abril de 2006. Essa filosofia está sendo aplica-
aquele conteúdo e passem o máximo de tempo possível
da também na internet, com sites cada vez mais interativos,
com aquelas idéias, que têm relação com o produto e com
oferecendo entretenimento aos usuários, além de informa-
a marca, ainda que de forma subliminar. Também queremos
ções sobre produtos e serviços.
que ele divida isso com seus amigos, que indique o site para outras pessoas. Isso tudo não é fácil. O jogo de fazer o círculo perfeito, por exemplo, tem um ranking. As pessoas comentam com os amigos, estimulam outras pessoas a entrarem no site e tentarem bater seus recordes. As maiores notas aparecem no site. Wd :: Além dos jogos, o projeto apresenta recursos de áudio e vídeo para aumentar a interatividade do usuário com o ambiente. Quais foram os parâmetros utilizados para aplicação de tais tecnologias para que elas não se tornassem elementos em excesso dentro da interface do hotsite? Jones e Marcelo :: A primeira definição que tivemos foi não fazer vídeo ou jogo para todos os personagens. Elegemos aqueles que tinham mais potencial para roteiros, que combinavam com jogos, e aí definimos as peças de cada um. Isso já evitou o excesso. O usuário escolhe o que quer acessar dentro das opções dadas. Nada no site é impositivo. Wd :: Diante da experiência da JWT com campanhas
O plano de mídia para este site foi desenvolvido pela JWT com peças em grandes portais, canais verticais e buzz marketing. Assim, o Exigentes ao Extremo ganhou visibilidade na própria internet.
56 :: tecnologia na web
Tecnologia na web Wiki: trabalhando com a produção do conhecimento coletivo Ao longo das últimas edições, a Revista Webdesign
têm de diferente é que, ao invés de confiarem a tarefa a um
tem apresentado uma série de conceitos e tecnologias
grupo restrito, em geral aceitam que os próprios usuários
oriundas do movimento Web 2.0, que vem transformando
organizem a informação. Quando isto ocorre, e os usuá-
a criação e o desenvolvimento de projetos interativos. Um
rios se apropriam de um wiki, acabam sendo tanto leitores
dos conceitos que parece ter vindo para ficar são os wikis.
quanto editores. Do ponto de vista do proprietário do site,
Tanto é que algumas agências brasileiras já começam a ado-
a implantação de um wiki exige uma atitude não-centrali-
tar tal filosofia até mesmo em seu processo de produção.
zadora, pois envolve abrir mão de um pouco do controle
“Utilizamos um wiki para desenvolver conteúdo in-
sobre o conteúdo publicado em seu site. Em contrapartida,
ternamente. Assim, todos os processos, metodologias,
ele recebe de seus próprios usuários grandes contribuições
responsabilidades de cada um, documentos, projetos, são
e fideliza seus usuários com mais facilidade. É, por assim
compartilhados utilizando esta ferramenta. Acredito que
dizer, dois lados da mesma moeda”, diz Rui Alão, profes-
os benefícios que um wiki traz para uma agência ou produ-
sor dos cursos de graduação e pós-graduação da área de
tora web são mais ou menos os mesmos de qualquer outro
design da Universidade Anhembi Morumbi.
tipo de empresa: menos vai e vem de documentos por e-
Ou seja, é a implantação de um modelo democrático
mail, melhor colaboração, mais facilidade de acesso aos
na evolução do conteúdo de um site. “Sites institucionais
documentos etc.”, aponta Gilberto Alves Junior, um dos
como da TAM ou Nestlé, ou de empresas da indústria da
criadores da agência Desta.ca (http://desta.ca/).
comunicação como O Globo e Folha de S. Paulo, por exem-
Em projetos digitais, a sua rápida disseminação pode
plo, não podem renunciar à produção própria de informa-
ser explicada pelo interesse cada vez maior dos usuários
ção e abrir espaços para colaboradores. O negócio deles
pelos ambientes colaborativos. “A autoria pessoal é re-
é produzir informações. Mas a informação que interessa a
duzida a nada em função do resultado coletivo. Isso não
eles ou ao grupo que representam. Nas plataformas wiki,
é inteiramente novo no mundo do desenvolvimento web,
a opinião não passa por nenhum filtro político ou econômi-
mas a tendência certamente se potencializou com a chega-
co. É veiculada democraticamente. E exposta a comentários
da do wiki. O processo de produção está cada vez menos
também democraticamente. O wiki permite a geração plena
centralizado e a cada dia a idéia de equipes diversificadas
de informação e opinião. Assim, qualquer site que tenha
e que trabalhem de forma assíncrona ganha força”, afirma
como princípio democratizar a divulgação de qualquer tipo
Pedro Markun, diretor de TI do Jornal de Debates (www.
de informação, pode adotar a plataforma”, explica Filipe Ra-
jornaldedebates.com.br).
faeli, designer da CicloDesign (www.ciclodesign.com.br).
Vantagens no uso de wikis
No entanto, o alerta é que a sua inclusão dentro de um
Uma das vantagens no uso de wikis envolve a partici-
site altera significativamente a dinâmica interna. “Quando
pação dos usuários na construção dos ambientes. “Eles são
bem utilizado, pode ser uma grande vantagem para ge-
aplicativos web que se destinam a armazenar e organizar
renciamento interno, pois existe um aumento de produti-
informação sobre um determinado assunto em formato
vidade associado com a maior velocidade de resolução de
hipertextual. Nesse aspecto, são semelhantes a outras so-
problemas e a crescente base de informação consolidada.
luções no campo do design de informação. O que os wikis
Já em ambientes externos, o melhor aproveitamento vem
tecnologia na web :: 57
“O wiki permite a geração plena de informação e opinião” (Filipe Rafaeli)
nível médio
de uma possibilidade maior de diálogo, através das di-
complicado e existe bastante material de suporte (escrito
ferentes instâncias de discussão e interação mais ampla
colaborativamente via wiki) disponível”, explica Markun.
com os usuários do site, que ganham liberdade para editar
“Alguns hosters instalam facilmente (com um clique) sof-
partes ou todo o conteúdo. Tudo isso gera uma potencial
twares como o mediawiki. O Google comprou a empresa
fidelização de público que passa a se sentir como parte
especializada em wikis, Jotspot (www.jot.com), e, provavel-
ativa do projeto, e não mero espectador de um circo já
mente, logo deverá tornar fácil para qualquer empresa ter
orquestrado”, argumenta Markun.
o seu wiki com um clique. Há por aí diversas empresas que
Além disso, não podemos esquecer que o sucesso da
já fazem isso, como Wetpaint (www.wetpaint.com). Penso
ferramenta vai depender do público. “Sem uma comunida-
que a melhor opção, e mais barata, seria criar um wiki uti-
de forte e bem administrada em torno de um pensamento
lizando uma destas ferramentas e colocar um link no site
ou objetivo comum, um wiki não passa de um monte de
principal para o wiki”, aponta Gilberto.
códigos em um servidor. Não é o wiki que gera o conteúdo,
Resolvidas as questões envolvendo o processo técni-
são as pessoas, são as comunidades. O wiki é só uma fer-
co, os especialistas ressaltam que é fundamental educar os
ramenta (entre tantas) para liberar este potencial criativo
usuários no uso da nova ferramenta. “E, mais que isso, no
da comunidade”, alerta Gilberto.
uso correto e constante. Não é muito diferente de educar
Etapas para inclusão de wikis
para bater o ponto no fim do expediente, mas como en-
Para quem acha que a instalação de wikis dentro de
volve uma mudança de dimensão de autoridades - todos
um site pode ser uma tarefa complicada e para lá de técni-
são responsáveis coletivamente por aquilo que se escreve
ca, a boa notícia é que algumas empresas de hospedagens
- pode se tornar mais trabalhoso. É preciso conscientizar
já oferecem tal solução.
o usuário de que o resultado do wiki é fruto direto do seu
“Hoje existem diversos sistemas de Wiki, desde gratuitos até sistemas pagos. Tecnicamente não é nada
próprio trabalho e empenho, e que, no final, o resultado conjunto vai beneficiar a todos”, orienta Markun.
“O wiki é só uma ferramenta (entre tantas) para liberar este potencial criativo da comunidade” (Gilberto Alves Junior)
OTIMIZE SUAS AÇÕES DE ENVIO DE E-MAIL. Monitore seus resultados: saiba quem leu, que horas leu e onde clicou.
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58 :: tutorial tecnologia na web
Actionscript - Parte 3 Neto Leal Programador Flash há sete anos (www.netoleal.com.br), Adobe Certified Professional and Instructor. Atua na AgênciaClick em São Paulo.
Portais técnicos que fornecem códigos prontos. Quem
Actionscript 2. Vamos começar fazendo uma comparação
pode dizer que nunca os usou? De fato, são uma “mão-na-
entre práticas vistas e usadas por aí em artigos e tutoriais
roda” quando você está apertado por ter aceitado aquele
que devem ser corrigidas e melhoradas a fim de termos
job sem poder. Ou ter dito que conseguia fazer aquela ga-
mais familiaridade com termos e métodos de programação
leria de fotos cheia de “pra-que-isso” que o seu cliente viu
orientada a objetos.
em um site gringo (que não tem nada a ver com o ramo dele) e inventou que quer de todo jeito uma igual. Às vezes dá até para aprender alguma coisa. Mas na grande maioria dos
Primeiro caso: uso de eventos Analisemos o seguinte trecho de código:
casos (salvos poucos), o que acontece é o efeito contrário. Falando em específico do mercado Flash no Brasil, as empresas atualmente buscam por programadores com um perfil diferenciado. Perfil este, que requer uma prática de desenvolvimento que raramente (eu disse raramente mesmo) é vista em artigos e tutoriais de “Como fazer uma galeria de imagens” publicados por aí por sites que, com boas intenções, disponibilizam conteúdo técnico e “Actions” prontas para uso free. Recentemente, estava eu no MSN, conversando com um amigo. Este comentou que estava um pouco defasado
btRight.onPress = function( ){ ball.onEnterFrame = function( ){ this._x += 5 }; }; btLeft.onPress = function( ){ ball.onEnterFrame = function( ){ this._x -= 5; }; } btRight.onRelease= btLeft.onRelease = function( ){ delete ballonEnterFrame; };
em Flash. Que na época do Flash 4 ele era o mestre e que agora ele sentia dificuldade com “Actions mais avançadas”.
Antes de comentar o que é certo e o que é errado, va-
Primeiramente, eu queria deixar bem claro que já faz algum
mos verificar o que, na verdade, este trecho faz. Trata-se de
tempo que Flash deixou de ter “Actions” e passou a ter “Ro-
um MovieClip (instância chamada de “ball”) que se movi-
tinas de programação” como qualquer outro ambiente de
menta para direita ou esquerda dependendo de qual botão
desenvolvimento onde programadores exercem sua melhor
estiver pressionado. Quando o usuário pressiona o botão
habilidade: a de programar. A conclusão que chego, ao ver
“btRight”, a bola começa a se mover para a direita e des-
todos esses aspectos do cenário atual, é que muitos usuá-
loca-se enquanto o botão estiver pressionado. O mesmo
rios do Flash precisam urgente de uma atualização. Vejam,
acontece com o botão “btLeft” com a única diferença de o
o Flash CS3 é uma realidade. Ele já está aí no mercado. Com
movimento ser para o lado esquerdo. Provavelmente, você
ele, vieram muitas mudanças no ambiente de desenvolvi-
já usou algo assim, e acha mais do que normal esse tipo de
mento juntamente com uma nova linguagem de programa-
prática. Vamos agora apontar alguns pontos críticos para
ção totalmente remodelada e atualizada: o Actionscript 3.
um desenvolvimento mais organizado e padronizado.
Antes de falar sobre Actionscript 3 (AS3 para nós, íntimos), vamos fazer uma série de artigos que focarão no seu upgrade. Vamos passar a dar mais importância a uma metodologia de desenvolvimento organizada e focada na utilização de Orientação a Objetos. Para tal, vamos usar uma linguagem que já não deve ser estranha para todos: o
var ball:MovieClip; var btRight:Button; var btLeft:Button; var deslocamento:Number = 5; function deslocaParaDireita( Void ):Void{ ball._x += deslocamento; }
tutorial :: 59
function deslocaParaEsquerda( Void ):Void { ball._x -= deslocamento } function iniciaMovimentoDireita( Void ):Void { ball.onEnterFrame = deslocaParaDireita; } function iniciaMovimentoEsquerda( Void ):Void { ball.onEnterFrame = deslocaParaEsquerda; } function paraMovimento( Void ):Void { delete ball.onEnterFrame; } function inicia( Void ):Void { btRight.onPress = iniciaMovimentoDireita; btLeft.onPress = iniciaMovimentoEsquerda; btRight.onRelease = btLeft.onRelease = paraMovimento; } inicia( );
1) Tipagem forte: inicialmente, vemos que, no topo do código, temos a declaração de todas as variáveis e instâncias que usaremos em nosso código. Existem vários motivos para isso. Declarar variáveis torna seu código mais “tipado” como chamamos em programação. Tipar e declarar variáveis evitam erros. Ou melhor, CAUSAM erros. Não me entenda mal, erros são bons. Agradeça quando eles aparecerem no seu output. Pois quando eles não aparecem e seu código não funciona, aí é que mora o perigo. Quando você tipa uma variável, você informa ao compilador que somente valores do tipo estabelecido podem preencher essa variável. Isso evita vários erros. Quando se programa seguindo padrões de orientação a objetos (dentro de classes, como veremos mais à frente), declarar variáveis é algo obrigatório. Se educar a fazer isso, é se preparar para trabalhar assim. Mas é necessário também declarar os objetos visuais como MovieClips, Botões etc.? Sim. Isso vai te ajudar a tipar seu código e também vai te ajudar na escrita do código. Sem falar que, mais uma vez, em classes declarar não é escolha sua. 2) Legibilidade do código: aninhar funções (escrevendo uma dentro de outra como no primeiro exemplo) prejudica muito a leitura do código. Além de também prejudicar a reusabilidade. Escrever mais funções com menos códigos dentro delas ajuda a modularizar o código. E, modularizando o código, você está tornando-o mais legível e compreensível para você mesmo e para outro desenvolvedor que por ventura venha a dar manutenção no que você escreveu. É muito mais fácil você entender a funcionalidade de um botão em um determinado evento lendo botao. onRelease = iniciaMovimentoDireita; do que ter que ler toda a função para entender o que ela está fazendo e depois conseguir concluir qual a funcionalidade daquele botão.
60 :: tutorial
3) Reusabilidade do código: funções foram feitas para
porque existe uma classe chamada MovieClip que define
serem reusadas. Se você escreve botao.onRelease = function(
tudo isso. Na prática, é bem mais fácil do que parece. Va-
){..} você está relacionando diretamente uma determinada
mos ao exemplo:
funcionalidade a um evento de objeto. Isso “prende” aquele
Dica: para programar com classes o Flash não é me-
código ao objeto fazendo com que, se você precisar execu-
lhor programa. Costumo usar o FlashDevelop (baixe em
tá-lo novamente em outro momento da aplicação, você terá
http://www.flashdevelop.org/). Um excelente editor de Ac-
que forçar a execução do evento usando-o como um método
tionScript com suporte a AS2 e AS3 mais outras linguagens
(fazendo botao.onRelease() ). Convenhamos, isso não é nada
como XML, JavaScript. O FlashDevelop tem um excelente
elegante. No segundo exemplo de código, vemos que as fun-
recurso de autocompletar o código que agiliza e muito o
ções são completamente independentes dos eventos. O que
desenvolvimento.
permite que, se em algum momento, você simplesmente qui-
- Crie um arquivo FLA e salve-o na pasta que desejar;
ser mover o MovieClip ball para a direita, você pode executar
- Nele, crie um MovieClip com o desenho que preferir;
a função deslocaParaDireita( ) e seu MovieClip vai se deslocar
- Nomeie a instância de seu MovieClip com o nome
sem necessariamente o botão ser pressionado e sem forçar a execução do evento como método.
“ball” sem aspas; - Crie um novo arquivo do tipo “ActionScript” e salve-
Migrando para classes
o dentro de “classes/com/netoleal/revistawd/” sendo que
“Sempre ouvi falar em programar com classes em Ac-
a pasta “classes” está na mesma pasta que seu arquivo
tionscript. Até agora nunca usei isso e tenho me virado mui-
FLA. O nome do arquivo AS é “MovieClipAnimado.as”;
to bem sem. Tudo que eu preciso fazer, eu faço. Por que usar
- Vá até as preferências do Flash (pressionando
então?”. Se você tem perguntas que eu ouço muito, essa,
CTRL+U) e nas configurações de ActionScript adicione o
sem dúvida, está entre as top 10. Responder a ela não é tão
seguinte texto em “classpath”: “./classes”. Isso fará com
simples. Para isso, precisaremos mudar nossos conceitos
que o Flash procure por arquivos de classes salvos a partir
de programação Actionscript. A primeira coisa a se fazer é
desse diretório relativo ao FLA aberto atualmente.
entender sobre encapsulamento de comportamentos. Vejamos o exemplo anterior. Tínhamos dois botões que controlavam um MovieClip fazendo-o mover-se para
Agora podemos programar nossa classe: class com.netoleal.revistawd.MovieClipAnimado extends MovieClip {
os lados à medida que eram pressionados. Mas, você deve concordar que o comportamento de mover-se para os lados pertence ao MovieClip ball, não? É bem verdade que este comportamento é estimulado pelos botões. Mas é o MovieClip quem sabe o que fazer quando determinadas ações forem solicitadas. Então, para começar, vamos separar o código relativo ao comportamento do MovieClip, e encapsularemos este comportamento no próprio símbolo através de uma classe personalizada. Para fazer uma introdução sobre classes, apenas assuma que classe é um conjunto de definições. Definições essas que determinam todos os comportamentos, capacidades e reações que determinados objetos terão. As classes dão origens aos objetos. Tudo que os objetos têm e tudo o que eles podem fazer, são passados a eles pelas Classes. Um exemplo prático é o próprio MovieClip. Seus MovieClips só têm a capacidade de executar animações, carregar imagens externas, sons, se deslocar na tela etc.
private var deslocamento:Number = 5; function MovieClipAnimado(){ } public function animaParaDireita( Void ):Void { this.iniciaMovimentoDireita( ); } public function animaParaEsquerda( Void ):Void { this.iniciaMovimentoEsquerda( ); } public function paraMovimento( Void ): Void { delete this.onEnterFrame; } private function deslocaParaDireita( Void ):Void{ this._x += deslocamento; } private function deslocaParaEsquerda( Void ):Void { this._x -= deslocamento; }
62 :: tutorial
private function iniciaMovimentoDireita( Void ):Void { this.onEnterFrame = deslocaParaDireita; } private function iniciaMovimentoEsquerda( Void ):Void { this.onEnterFrame = deslocaParaEsquerda; } }
Note que a estrutura do código não é tão diferente do modelo usado no segundo exemplo deste artigo. Na primeira linha da classe temos a assinatura da classe. Nessa linha, informamos o pacote (package) onde a classe está definida (com.netoleal.revistawd é o nome do pacote) e também informamos que esta classe recebe todas as definições que a classe MovieClip já define para suas instâncias. Outra particularidade que se pode perceber é o uso de palavras como private e public. Essas palavras servem para definir quais membros pertencem a interface da classe (a parte em que é possível ser usada a partir de fora da classe, como a timeline, por exemplo) e à caixa-preta da classe (métodos ou variáveis que existem para auxiliar os membros da interface). Para usarmos nossa classe, iremos agora vincular o símbolo do MovieClip com a classe. Iremos até o painel Library e clicamos com o botão direito sobre o símbolo e selecionamos a opção linkages. Lá, marcamos a opção “Export for ActionScript”. E no campo “AS 2.0 Class”, informe o nome completo da classe (inclusive o package). No nosso caso, o nome da classe é com.netoleal.revistawd.MovieClipAnimado. Pronto. Agora já temos capacidades, caracterís-
ticas e comportamentos definidos por nossa classe. Assim, temos tudo isso encapsulado e reusável. O próprio objeto já sabe tudo o que tem que fazer para animar para direita e para esquerda. Adaptando o código no FLA para usar os métodos definidos na interface da classe, temos: var ball:MovieClipAnimado; var btRight:Button; var btLeft:Button; function direita( Void ):Void{ ball.animaParaDireita( ); } function esquerda( Void ):Void { ball.animaParaEsquerda( ); } function para( Void ):Void { ball.paraMovimento( ); } function inicia( Void ):Void { btRight.onPress = direita; btLeft.onPress = esquerda; btRight.onRelease = btLeft.onRelease = para; } inicia( );
Note que tipamos a instância ball com nossa classe personalizada. O código da timeline não contém mais o comportamento de animação do MovieClip. Isto está encapsulado em nossa classe. Vantagens dessa prática? Quantas você precisa? Você pode por exemplo ter várias instâncias do mesmo símbolo que todas elas já terão incorporadas nelas o comportamento definido por nossa classe. Na nossa seqüência de artigos, iremos aprofundar mais sobre conceitos de Orientação a Objetos. Falaremos sobre herança, encapsulamento, métodos, propriedades, eventos, interfaces, MVC, Design Patterns e muito mais. Até lá!
64 :: internacional
Julius Wiedemann Guilhermo Reis Nasceu e cresceu no Brasil, onde estudou Design e Marketing (sem terminar) até que teve a Especialista em de Informação Usabilidade. autor do Kit de Conhecimento sobre AI de oportunidade deArquitetura ir para o Japão. Trabalhouecomo designerÉde revistas e jornais até se tornar editor (http://tinyurl.com/p4j6w). Atualmente, é responsável por coordenar projetos e manutenções nos arte (e posteriormente editor) de uma editora japonesa. Em 2001, a editora alemã TASCHEN (www. websites do Banco Real. para ser o editor responsável pelas áreas de design e pop culture. Por lá, taschen.com) o contratou desenvolve o programa de títulos nas áreas de propaganda, graphic design, web, animação etc. reis@guilhermo.com J.Wiedemann@taschen.com
O que acontece no mundo está resumido na internet Uma das mentes mais brilhantes que conheci nos últimos tempos foi a do americano Jonathan Harris. Esse artigo se refere basicamente a sites criados para detectar o que acontece no mundo, mas oferecendo isso com estética invejável: como seria possível perceber os fenômenos a que estamos sujeitos, podendo ter uma visualização precisa, que ao mesmo tempo fosse informativa e visualmente atrativa. Geralmente, acessamos à internet para utilizar um serviço ou comprar um produto, porém Jonathan resolveu usar a internet para investigar os sentimentos humanos e que direção estamos tomando, através de uma estratégia brilhante: recolher dados de blogs e sites de notícias, organizando-os de maneira que cada um possa customizar a visualização dos mesmos. Parece complicado, mas - além de ser simples - é muito divertido. Formado em Ciência da Computação pela Universidade de Princeton, Jonathan Harris acumulou mais de 20 prêmios com dois dos seus últimos projetos. Ele se auto-intitula, no entanto, artista e storyteller. Em 2004, ele recebeu o Fellowship (membro honorário) da Fabrica, da Benetton, na Itália. O primeiro projeto que queria descrever é o “We feel fine” (www.wefeelfine.org). A partir do momento que é iniciado, escaneia uma certa quantidade de palavras na web, detectando os sentimentos que mais estão sendo citados em blogs. O projeto já entrou pela luta do Webby Awards, em três categorias. A interface permite ao usuário acessar os “sentimentos” do mundo de várias maneiras diferentes, como, por exemplo, em fotos ordenadas, em lista de frases citadas com o sentimento, em pontos no espaço etc. Uma grande vantagem de um sistema de visualização bem feito é a efi ciência e a fl exibilidade com que se pode trabalhar esses dados. Outra coisa é a capacidade de se poder pular de macro para micro em questão de segundos. O We Feel Fine faz isso e com uma estética impressionante. O usuário pode tanto ver o Big Picture dos vários sentimentos navegando pela tela, como pode acessar as frases individuais de todas as frases-fontes, podendo inclusive pular diretamente para os sites de onde elas vieram.
Outro projeto, também de Jonathan Harris, é o Universe, que faz algo semelhante ao We Feel Fine. No entanto, ele usa sites de notícias para coletar esses dados. Mas o que ele mais uma vez inovou foi na forma como esses dados são vistos. Quando você entra no site (http:// universe.daylife.com) existe a sua frente uma série de opções de como você pode ver o mundo. Essas diferentes perspectivas podem ser temporais (ontem, última semana, último mês etc.), por pessoa (Bono, Angelina Jolie etc.), por lugares (Iraque, Coréia do Norte, Nova Iorque etc.), ou conceitos (Guerra, Amor etc.), ou melhor de tudo: você mesmo insere uma palavra-chave do seu desejo para ver o que acontece. Quando inseri a palavra Brazil (em inglês), comecei a ver o
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“Uma grande vantagem de um sistema de visualização bem feito é a “É preciso criar as casas, os prédios, as praças e principalmente as placas de sinalização.”
eficiência e a flexibilidade com que se pode trabalhar esses dados”
que se falava do Brasil dentro do universo da notícia, mas de uma forma visual surpreendente. Palavras como Ronaldo, Massa, Ferrari e outras podem aparecer de maneira diferente de acordo com a sua própria customização.
Gapminder (www.gapminder.org) é o meu último exemplo, desenvolvido pelo professor Hans Rosling, do Karolinska Institute, na Suécia. Esse software, que é o maior até hoje construído em Flash (com mais de 1.500 páginas de programação), anima os dados sobre a qualidade de vida (expectativa de vida, tamanho de família, natalidade, mortalidade, educação etc.) na terra de maneira que entendemos como tem sido a nossa evolução sócio-econômica. É o que os ingleses descreveriam como Mind Blowing. Qualquer um poderia usar a plataforma de maneira diferente, mas Hans Rosling tem seu foco em saúde no mundo. Ele foi palestrante na TED (www.ted.com), em 2006 e 2007, e um podcast de fazer você chorar de rir pode ser baixado tanto no site da TE quanto visualizado no Gapminder. O software, em forma de teste (já que ainda está sendo desenvolvido), está on-line e pode ser bem manuseado.
Visualização parece ser uma coisa simples: ver de forma clara os dados que temos em mãos. Mas entender a informação em contexto é mais do que simplesmente ter uma tabela de Excel, ou acesso a um banco de dados. No site www.visual-literacy.org, você pode ler mais sobre uma pesquisa extensiva sobre as formas de visualizar informação. Está tudo em inglês, mas vale a pena. Além de texto, o site tem uma tabela periódica de métodos de visualização. Esse grupo de pesquisa, baseado na Suíça, identificou e classificou todos (ou quase todos) os métodos com os quais analisamos dados. O site é útil tanto para profissionais de internet quanto para profissionais de marketing, já que esses últimos também precisam demonstrar seus avanços de forma rápida e compreensível.
Para finalizar, recomendo a navegação pelo site pessoal de Jonathan Harris (www.number27.org). Nele, talvez você vai descobrir uma internet diferente, que você nunca tenha imaginado. Vale pela exploração. Esses projetos transformam a narrativa da internet e muitas vezes a sua função. Elas podem ser uma ferramenta poderosa para nos ajudar a entender como nos sentimos e o que queremos, quais são as nossas esperanças e os nossos medos. Afinal, a esperança é a última que morre.
66 :: usabilidade
Marcia Maia Guilhermo Reis Designer de interface sênior, trabalha com métodos de design centrados no usuário e é responsável Especialista em Arquitetura de Informação e Usabilidade. É autor do Kit de Conhecimento sobre AI por pesquisas e testes de usabilidade da Globo.com. Trabalha na empresa desde 2001 e com internet (http://tinyurl.com/p4j6w). Atualmente, é responsável por coordenar projetos e manutenções nos desde 1997. websites do Banco Real. marciamaia@corp.globo.com reis@guilhermo.com
Projetos feitos para e com os usuários Apesar de estarmos vivendo a tão falada “web 2.0”, para muitos, usabilidade ainda parece se resumir às primeiras orientações de Jakob Nielsen com indicações de “jamais faça isso” ou “sempre faça aquilo”. Por isso muitos designers preocupados com estética e inovação ainda estremecem quando ouvem alguma referência ao assunto. O valor das contribuições de Nielsen e outros “gurus“ é indiscutível, mas é importante ter em mente que tudo depende do público e do contexto. Conhecer e entender os usuários do produto é importante para desenvolver um projeto que tenha a intenção de ser eficiente. Trabalhar a usabilidade de um site (ou de qualquer outra interface) não significa apenas aplicar algumas regras indiscriminadamente. Todos nós sabemos que a internet de hoje está bem diferente de alguns anos atrás e, felizmente, o comportamento das pessoas na internet também. Hoje, temos novas tecnologias, novos usos das tecnologias, mais gente usando banda larga, usuários mais participativos gerando demandas, clientes mais espertos, vários modelos de negócio, e claro, as questões referentes à usabilidade também acompanham essas mudanças. O que não mudou é que quanto mais projetarmos conciliando a demanda do cliente com as necessidades dos usuários, mais chances teremos de chegar a bons resultados. Em muitos casos, projetar levando-se em consideração apenas a experiência do projetista tende a ser tão inefi ciente quanto projetar com base apenas nos desejos dos usuários. Uma abordagem mais eficiente junta as duas perspectivas. O designer deve aliar todo o seu conhecimento e experiência a informações reais e contextualizadas extraídas diretamente dos usuários, que passam a desempenhar um papel participativo no desenvolvimento de projetos e o ideal é que isto aconteça desde a etapa de concepção. Além de conteúdos colaborativos na internet, é importante termos projetos colaborativos, feitos para os usuários e com os usuários. Conhecer e entender as necessidades do público é parte do processo. Cabe ao designer e ao arquiteto da informação desenvolver interfaces e fluxos de interação que atendam a essas necessidades e sejam capazes de realizar uma comunicação simples, eficiente, agradável e sem ruídos entre o sistema e o usuário de forma tão natural que não se perceba a complexidade do que está por trás, proporcionando uma melhor experiência do usuário. O foco na usabilidade deve permear todo o projeto, no que está explícito e implícito na arquitetura e na interface, como, por exemplo: consistência entre elementos, hierarquia das informações, fluxo de navegação simples com o mínimo de obstáculos, nomenclatura que faça sentido para o usuário (já vi muitos designers trocarem o nome de uma seção por causa do layout, sem se preocuparem se a terminologia é ou não mais adequada), interfaces que não permitam o usuário errar, ou pelo menos que tenham tratamento de erro simpático e contextualizado, interfaces que considerem a curva de aprendizado do usuário, o uso de cores e sons para comunicar, não só ilustrar, entre outros elementos. Para atender as necessidades das pessoas, precisamos, antes de tudo, conhecê-las. Entre-
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“O grau de inovação estética ou funcional que um site terá “É preciso criar as casas, os prédios, as praças e principalmente as placas depende muito do público a quem se destina e da natureza do de sinalização.” conteúdo ou negócio”
vistas individuais ou em grupo são ótimas maneiras de se fazer isso. Conversar com os usuários para descobrir seus interesses e limitações, observá-los desempenhando tarefas, descobrir sua lógica de raciocínio, tudo isso contribui muito para o desenho de um produto realmente adequado ao público e ao mercado. Há pouco tempo, entrevistei vários usuários do site Big Brother Brasil para que possamos usar essas indicações no redesenho do site da próxima edição do programa, que provavelmente acontecerá ano que vem. Os resultados foram interessantíssimos. No ano passado, lançamos o portal de notícias G1. Na etapa de concepção do produto, estudamos a concorrência e fizemos um grupo de foco (discussão em grupo, no caso, com usuários de sites de notícia) para descobrimos o que as pessoas queriam de um portal de notícias e para testar a reação das pessoas a diferentes formatos de consumo de conteúdo jornalístico. Assim, identificamos as necessidades dos usuários, possíveis lacunas de mercado e descobrimos como e até onde poderíamos inovar em um site de conteúdo jornalístico. Na etapa de desenvolvimento, realizamos um teste de usabilidade com um protótipo de alta fidelidade do produto, fizemos algumas modificações no site a partir dos resultados e o G1 foi ao ar. Algum tempo depois, aperfeiçoamos a página de matéria atendendo a demandas dos editores do site que sentiam necessidade de publicar matérias de forma mais rápida, eficiente e precisavam de mais liberdade na edição. Atualmente, a equipe continua trabalhando em constantes melhorias do site com a colaboração de todos os envolvidos: cliente, usuários, editores, designers, arquitetos, tecnólogos, pessoal de produto, pessoal de métricas etc. É um processo contínuo e conjunto. Avaliar nossos produtos com os usuários tem sido uma boa prática. Tanto na etapa de concepção quanto na avaliação dos sites desenvolvidos. Pesquisas e testes de usabilidade têm nos rendido feedbacks importantes dos usuários, que nos permitem melhorar nossos produtos e, conseqüentemente, aumentar nossa audiência. O grau de inovação estética ou funcional que um site terá depende muito do público a quem se destina e da natureza do conteúdo ou negócio. Portanto, saiba quem é seu público e o que ele quer e/ou precisa. Há um trabalho verdadeiramente criativo em se projetar interfaces e mecanismos de interação, utilizando velhos ou novos recursos capazes de atender ao público ao qual se destinam e as novas demandas que surgem todos os dias.
68 :: marketing
René de Paula Jr. Doula sênior de projetos interativos. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina. com”, portal focado no mundo on-line, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com
Questão de destino Escrever de boca cheia é muito feio? Espero que não. Só não ofereço, aliás, porque não vai dar tempo: vou matar esse de ovo de páscoa em um piscar de olhos de coelho. De qualquer maneira fica a dica: marzipan e chocolate amargo nasceram um para o outro. Coisa de destino. Ovos de páscoa são, aliás, categoria-destino. Juro! Eu ouvi isso do rapaz responsável pela área de ovos de páscoa de uma grande empresa de chocolates. Ouvi e não entendi, claro, mas ao invés de fazer cara de paisagem, perguntei: - Ahn? O rapaz me explicou: categoria-destino são aqueles produtos que fazem com que você saia de casa e vá ao supermercado só para comprá-los. Ovo de Páscoa é assim: ou você sai esbaforido para comprar os ditos cujos na véspera do dia D e volta com o que encontrou, ou vai ter que pagar terapia pros pirralhos o resto da vida. Balinhas? Pilhas alcalinas? Revistas de celebridades? Típica compra por impulso, daquelas que você só leva porque (e isso não é acaso) estavam ali te sorrindo na fila do caixa. Ok, acabei o restinho do chocolate. O mundo parece mais doce, não sei por quê. Mas falemos um pouco mais de destino. Por voltas e reviravoltas do destino, estou há uns bons sete meses sem banda larga em casa. Aliás, defina casa. O que me salva é o laptop do trabalho, o acesso discado gratuito e hotspots por aí. Melhor dizendo: salvava, já que, por ironia do destino, tive que devolver o notebook faz um mês e tanto. O náufrago digital aqui teve que navegar remando em um pocketpc e um smartphonezinho. Sem nenhuma vocação para santo, eis-me um legítimo faquir 2.0. Ok, ok, não se preocupem, sobrevivi. Meu laptop novo chegou, e logo-logo encontro alguma solução de conectividade decente. Passei na prova de apnéia e abstinência. Passei na prova, mas não passei incólume. Não dá para passar fome digital assim em brancas nuvens, alguma coisa a gente aprende. E quero compartilhar com vocês o que aprendi, sem que vocês tenham que comer o megabyte que o dial-up amassou. O primeiro aprendizado é: sem querer, nós nos tornamos sedentários digitais. Ficamos sentados com a boca escancarada cheia de dentes esperando a... Ops, isso é Raul Seixas! O chocolate está dando barato, minha nossa. Voltando à questão do sedentarismo: muito do que achamos genial na web parece genial porque estamos inertes diante de uma máquina hiperdimensionada conectada sem limites. Algo como os humanos no filme Matrix, sonhando acordados e alimentados por tubos Chocolate alucinógeno, esse!). Nesse estado de paxá catatônico, a gente acaba esquecendo que, para pessoas normais, internet é algo onde se entra e depois se sai, internet é o lugar das categoriasdestino. Entra-se para ler e-mails, entra-se para checar o scrapbook, entra-se para pagar uma conta... E depois tchau. As pessoas têm mais o que fazer. Nessas minhas semanas espartanas/franciscanas/masoquistas, do que senti falta? Quais foram as minhas categorias-destino? Eu digo: checar meu webmail (celular resolve),
marketing :: 69
“YouTube? Joost? Instant messenger? Blogar? Fazer podcasts e videocasts? Deu pra viver (quase) sem. Na boa. Second Life? Come on, get a life ”
acompanhar a comunidade que eu administro (PDA em hotspot resolve), ler meus feeds de notícias (dálhe PDA e hotspots) e eventualmente honrar meus compromissos bancários (se bem que bankphone resolve muita coisa). YouTube? Joost? Instant messenger? Blogar? Fazer podcasts e videocasts? Deu pra viver (quase) sem. Na boa. Second Life? Come on, get a life. E já que a life é bastante short e na internet a gente só entra quando quer e precisa, que tal fazermos um exercício sem se mexer da cadeira? O exercício é simples: ponha-se no lugar do usuário. O que ele quer? Por que ele ligou um trambolho lerdo, entrou numa conexão sofrível e cara e se deu ao trabalho de entrar no teu site? O que ele quer? Descobriu? Lindo, agora desenhe todo o site em torno disso, daquilo que o usuário precisa. O resto é cama de pregos, palavra de quem já foi faquir. Eu sei o que eu quero, e acho que é esse meu destino: tornar a vida alheia mais doce. E digo isso de boca cheia.
Campanha Weberê para a festa de São João Colabore doando brindes e brinquedos para que o nosso arraial fique mais iluminado. Para doação de brindes, brinquedos e alimento, entre em contato: arteccom@arteccom.com.br
Magê-Malien - Crianças que Brilham Faça parte você também deste projeto. Para doação de alimento entre em contato: arteccom@arteccom.com.br Informações: www.arteccom.com.br/ong
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Ricardo Figueira Vice-Presidente de Criação da AgênciaClick. Trabalha com propaganda interativa há mais 10 anos. Acumula prêmios e participação como jurado em quase todos os festivais internacionais, incluindo CannesLion, London Festival, One Show NY e outros. É membro da Academia de Artes e Ciências Digitais de Nova Iorque e responsável pelas estratégias criativas da AgênciaClick. Blog: http://ricfigueira.blogspot.com
Referências criativas Sabe aquele monte de informações que você recebe durante as mais diversas circunstâncias do cotidiano ou da vida? Então, que tal se a gente fizesse um exercício de apuro do que absorvemos diariamente a ponto de tentar tirar um proveito mais consciente dessas experiências? Bem, de cara a gente logo percebe que não existe “coleta seletiva” e o volume de informação que nos bombardeia por todos os lados diariamente é gigantesco, capaz de produzir todo e qualquer tipo de sentimento, comum ou incomum. Mas e aquilo que não nos produz reação? Bem, deixa pra lá por agora, talvez seja um tipo de informação que não esteja preparada para você ou você não esteja preparado para ela. De qualquer forma, tirando essa categoria, a gente consegue dividir tudo que absorvemos em três grandes grupos. O primeiro deles é a informação proveniente dos fatos, as coisas que simplesmente acontecem e chegam até você e a todo mundo de diversas formas. Essa informação é o senso comum, é o que as pessoas comentam ou simplesmente incorporam em suas rotinas. Fazem parte de uma realidade compartilhada e naturalmente acabam criando uma percepção comum sobre caráter e conseqüência. O segundo grupo são as informações pelas quais você se interessa e naturalmente busca, por afinidade, admiração, interesse natural, entretenimento ou simplesmente necessidade. O terceiro tipo são as suas próprias conclusões, entendimentos e sentimentos produzidos a partir da reação às informações que lhe são submetidas, ou seja, é o conteúdo produzido embarcado da sua opinião, da sua opção e do seu posicionamento consciente ou inconsciente. Por incrível que pareça, é daí que sai o original e o autêntico, porque simplesmente passam por uma química que é única. A informação deixa de ser material bruto ao ser misturado com o DNA da percepção de cada um e se tornam informações capazes de proliferar a diferença entre as percepções, sobretudo se especularem novas elaborações cognitivas para diversos temas. São dessas informações que renascem as potenciais quebra de paradigmas, as rupturas, as novas tendências, as esquisitices e, especialmente, o novo. Por isso, o criativo de profissão precisa alimentar constantemente seu metabolismo de informações das mais diversas naturezas, para que ele produza novos significados e deixe o seu laboratório químico pessoal o mais diversifi cado possível. Ele precisa cuidar do repertório, sobretudo da sua capacidade de criar um ponto de vista diante dele e trazer um novo significado capaz de sensibilizar as pessoas pela novidade, sedução ou curiosidade. Lembrei-me agora de um filme muito interessante chamado “Alta Fidelidade”, em que Edward Norton fazia o papel de um dono de uma loja de discos que tinha mania de criar uma lista Top10 com músicas para todas as circunstâncias na sua vida. Isso é uma brincadeira legal, ao menos para se testar. Infelizmente hoje, quando você pergunta para um publicitário quais são os seus Top 10 criativos preferidos, é bem provável que ele diga o nome de pelo menos outros cinco publicitários, e é aí que mora o problema: quando o músico só se inspira em outros músicos para criar, quando o pintor só se inspira em outros pintores, ou quando o escritor só se inspira em outros escritores. Com isso, a probabilidade de reprodução de velhas conclusões criativas é muito grande e assim tudo vai ficando
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“O criativo de profissão precisa alimentar constantemente seu metabolismo de informações das mais diversas naturezas, para que ele produza novos significados” muito igual. Mas tem também aqueles mais desleixados ainda, os que nem conseguem contar nos dedos das mãos os nomes de referência na sua profissão, seja por auto-suficiência ou preguiça mesmo. Enfim, referência criativa não tem idade, sexo, cor ou credo, é tudo. É tão importante quanto critério. Critério? Mas o que é critério? É um senso qualitativo desenvolvido com a experiência. Mas isso não é um contra-senso? Você se desfaz de prerrogativas antigas para buscar as novas e ainda diz que as experiências anteriores são importantes? Exatamente. É uma contradição, a vida é cheia delas e temos que tirar o melhor disso. Aproveitando o ensejo, no mês de maio saíram os resultados de vários grandes festivais internacionais de comunicação como o The One Show (www.oneclub.com), Clio Awards (www.clioawards.com), The Art Directors (www.adcglobal. org). Vale a pena conferir e ver como as pessoas andam transformando as suas referências em critérios pelo mundo afora. Afinal, ninguém é uma ilha. Ah, só por desencargo de consciência, quais são os seus Top 10 criativos?
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Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/ design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País. luli@luli.com.br
Créditos de Design Como pegar carona no aquecimento global para se dar bem em design Um dos fatos mais controversos de toda essa história de aquecimento global (e de sua contrapartida na compra/produção de créditos de Carbono) é ver a ecologia ser eleita à categoria de rainha do Politicamente Correto, ultrapassando em muitos casos a dupla “Inclusão&Cidadania”. Isso pelo menos em teoria, já que todos sabemos que uma empresa porcalhona que invista somas consideráveis em campanhas de plantio de mato logo passa a ser considerada linda. Mas como falar de tendências está na moda, proponho a você que pegue carona nessa onda e se junte a uma nova corrente de integração, ativismo e mobilização global que pode fazer com que sua tão injustiçada profissão seja finalmente reconhecida, valorizada e, se você der (muita) sorte, poderá até ganhar algum com isso. A proposta é simples e só depende de motivação - ela consiste em explorar o sentimento de culpa e encher a paciência de todo mundo ao levantar a questão do crescente “enfeiamento” do mundo dito civilizado, que, se continuar a progredir nas taxas atuais, poderá emporcalhar cidades inteiras em pouquíssimo tempo. Uma boa linha de argumentação apelaria para as conseqüências desastrosas de atos inocentes do dia-a-dia. Você pode dizer que tudo começou com a caneta Bic. Sim, ela. Sua aparente transparência oculta a tenebrosa habilidade de permitir a qualquer um - repito, QUALQUER UM - a capacidade de rabiscar uma superfície, deixando registrados rabiscos hediondos para a posteridade. Junto com sua comparsa, a folha de papel sulfite, ela infestou os espaços públicos e acabou por levar a nobre Caligrafia à extinção. A lata de tinta spray, o admin de um blog e uma impressora são extensões desse processo. O computador é outro ponto importante para a emissão de componentes de enfeiamento global. Sob a máscara da “democratização da publicação”, ele permitiu a proliferação de pragas visuais terríveis - clip-arts da Microsoft e CorelDraw, Arial, Comic Sans, texturas, splashes, animações prontas de PowerPoint e tantas outras sujeiras que não cabe avaliar em um periódico respeitável como este. O que falar da internet, reservatório de todos os vícios? O que é um GIF animado com paleta de 64 cores senão uma clara devastação do senso estético? Para não falar de banners, aberturas em Flash que despedaçam os desenhos de letras, aquele azul calcinha-velha do Orkut, imagens que voam por cima da tela que você tenta ler... Antigamente essas sujeiras tinham seu lugar: os guetos escuros do distrito da luz vermelha dos sites pornô. Com o tempo, foram desavergonhadamente invadindo páginas muito mais família até chegarem aos antigamente inocentes ícones do MSN. O mundo foi tomado por uma tsunami de horrores visuais que não parece ter fim. Será o destino ter a paisagem entupida de cores, sons e imagens gritando por atenção, uma feira livre visual que deixaria até uma rua de Hong Kong com vergonha? Mais do que isso: o que você pode fazer, já que é daqueles poucos que entendem um
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“O computador é outro ponto importante para a emissão de componentes de enfeiamento global. Sob a máscara da ‘democratização da publicação’, ele permitiu a proliferação de pragas visuais terríveis”
pouco de design? Como transmitir essa preocupação sem ser tido por rabugento, louco ou - pior - cúmplice dessa sujeira toda? Para que não o tomem por um radical, é preciso deixar claro que, da mesma forma que os neo-ecos não cogitam tomar uma injeção em seringa de vidro nem fazer parto sem anestesia, o designer de hoje não defende uma vida sem computadores, muito pelo contrário. Tudo o que quer é um pouco de critério - ou “noção”, como se diz por aí. Você pode começar em casa: para desenvolver seu portfólio, crie sobrecapas de todos os livros que tiver. Isso certamente reduzirá as emissões de feiúra de sua estante. Depois crie cartazes, talvez um bom papel de parede para seu quarto, ou simplesmente o pinte com algo mais bonito que o tradicional branco sujo. Feito isso, considere seu guarda-roupa segundo as principais teorias de cor, Gestalt e Bauhaus. Você está pronto para sair à rua. Afinal, como um ecologista de respeito não deve fumar, você não pode pregar o bom design vestido feito um comunista de 1966. Sair a público não significa expor os outros à rabugice que acha tudo feio, mas fazer exatamente o contrário. Pegue um Mangá e um conjunto de canetinhas e tente colori-lo. Pegue revistas e jornais e recicle em embalagens, capas e até carteiras para guardar dinheiro. A minha é feita de uma capa da “Mundo Estranho”, meu PDA tem uma capinha feita de uma página da “Piauí”. Não sabe como fazer isso? Veja na internet, ué. Como passamos muito tempo na frente do computador, faça da sua presença virtual algo condizente: escreva textos limpos, faça seu portfólio em AJAX ou PDF, capriche em seus ícones, fotos e apresentações pessoais e - por que não dizer? - nos layouts que você faz, mesmo que o cliente não mereça. Aproveite qualquer tempo livre para compartilhar tudo o que sabe de design com os outros. Eles não vão “roubar” suas idéias, ao contrário do que pensam alguns Zés Manés, mas exatamente o contrário. Quanto mais se discutem conceitos, mais fortes eles ficam, mais inspiração se obtém. Arregimente quem você puder na luta pela diminuição do enfeiamento global, mostre que é para o bem de todos. Em longo prazo, essas atitudes refletem em seu benefício. Essa idéia é open source. Pode ser usada para créditos de civilidade, inteligência, honestidade... Não há limites. Ao aplicá-la bem, você ajuda a reduzir a feiúra do mundo. Se der sorte, você poderá vender seus créditos de design para aqueles clientes que, como as empresas e países poluidores, resolvam investir em campanhas de aquisição de créditos de design para diminuir os danos causados ao senso estético público e “revitalizar” sua marca. Para eles, você pode ser uma verdadeira Amazônia. Tome cuidado para não se devastar.
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