Ed45

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setembro 2007 :: ano 4 :: nº 45 :: www.revistawebdesign.com.br

C O L E Ç Ã O

E D I T O R A

R$ 9,90 I SSN 1806 - 0099

00045

Ilustração vetorial

1

VOL.

/Stencil

VOL.

Graffiti

colagem

9 771806 009009

VOL.

2 3

Colagem Second Life: como desenvolver campanhas interativas nesta nova mídia

Fórum Internacional: design, campanhas virais e tipografia são os destaques em outubro no RJ

Tecnologia: dicas de modelagem e exemplos de projetos 3D na web



4 :: quem somos

Editorial Quem já fez cola com farinha?

Equipe Direção Geral Adriana Melo

Costumo receber as matérias da Webdesign impressas em papel para

Direção Executiva

uma revisão final. Semana passada, como de costume, recebi os textos na Ar-

Sergio Melo

teccom, peguei mais de uma hora de trânsito, cheguei em casa, jantei, brinquei

Direção de Redação

com as crianças, falei no telefone, conversei, vi o jornal, coloquei elas para

Luis Rocha

dormir e finalmente fui ler o material. Quando fui transportada...

Criação, Diagramação e Ilustração

de capa. Comecei lendo rapidamente e, de repente, meu ritmo foi diminuindo lentamente, não porque eu estava cansada ou pelo conteúdo não ser interessante, mas pelo contrário: que delícia de matéria! Meu ritmo de leitura mudou, passou para lento, sereno, parecia que o mundo estava em paz. Senti-me trans-

Camila Oliveira Leandro Camacho Publicidade Débora Carvalho Atendimento Luanna Chacon

portada para um lugar onde não havia internet, onde existia o ócio. Enquanto lia, viajava pela minha infância (fazendo colagens criativas), caminhava pela juventude (fazendo meus experimentos de faculdade) e... Encontrei uma pérola: “é só passar a cola com uma esponja bem macia” (pág. 37). Esse foi o ápice! Se fosse algo do tipo “passe um Spray Hightech Glue” eu entenderia, mas alguém falando para eu passar uma cola com delicadeza, eu achei simplesmente lindo! É muito bom lembrar que, com todas as tecnologias que temos à nossa disposição, ainda existem lápis, papéis de diferentes gramaturas e texturas, cola, nanquim, tintas, areia, tecidos... Bem, acordei nas páginas seguintes... 3D, mundo virtual, nosso colunista René falando: “Grandes sacadas de CRM (corra para Wikipédia!), consumer engagement (voa!) e brand experience (Google já!)”. Ufa, é de perder o fôlego! Mas é esse contraste entre a Arte e a Tecnologia que torna a criação para

Atendimento aos assinantes atendimento@arteccom.com.br Redação redacao@arteccom.com.br Anuncie publicidade@arteccom.com.br Revista Webdesign www.revistawebdesign.com.br Curso Web para Designers www.arteccom.com.br/curso Encontro de Web Design www.arteccom.com.br/encontro Fórum Internacional de Design e Tecnologia Digital www.arteccom.com.br/find Concurso Peixe Grande www.arteccom.com.br/peixegrande

web algo fascinante, apaixonante! Criação e edição

Uma ótima leitura para vocês também...

www.arteccom.com.br

Produção gráfica

Adriana Melo

www.ediouro.com.br

adriana@arteccom.com.br

Distribuição www.chinaglia.com.br

Making of da criação Para a Coleção Técnicas de Criação, buscamos o tema

através do Photoshop

“correspondência” por nele conter todas as técnicas que

e utilizamos o papel

serão abordadas na coleção: colagem, graffiti/stencil e

craft como base.

ilustração vetorial.

Para a arte da ma-

A colagem, que é uma técnica de criação visual com

téria foram utilizadas

grande abrangência e riqueza de composição, passeia

algumas imagens da

por entre os movimentos artísticos, como o cubismo e o

revista “O Cruzeiro”, a

surrealismo, e atravessa a história de forma atemporal.

mais tradicional publi-

Para a composição da capa, utilizamos uma foto de um canário tirada em Celina, uma cidade no Espírito Santo. Buscamos um tratamento de envelhecimento Fale com a equipe de criação: criacao@arteccom.com.br

cação brasileira dos anos 40 e 50. Esperamos que gostem!

:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.

A primeira parte que peguei para ler foi sobre a Colagem, o nosso tema


menu :: 5

apresentação pág. 4 quem somos pág. 5 menu contato pág. 6 emails pág. 6 fale conosco fique por den tro pág. 8 métricas e mercado pág. 10 direito na web pág. 11 post-it portfólio pág. 12 agência: Garage Interactive pág. 18 freelancer: Gabriel Rocha pág. 20 ilustração: Mulheres Barbadas matéria de capa pág. 22 Coleção Técnicas de Criação - Volume I: Colagem pág. 30 Para ilustrar pág. 34 Passo a passo e-mais pág. 38 debate: A morte do pageview pág. 44 e-mais: Second Life pág. 50 estudo de caso: Família Design pág. 56 tecnologia na web: 3D na web pág. 60 especial: FIND com a palavra pág. 64 mundo digital: Gil Giardelli pág. 66 internacional: Julius Wiedemann pág. 68 marketing: René de Paula Jr. pág. 70 tecnologia: Paulo Rodrigo Teixeira pág. 72 webdesign: Luli Radfahrer


6 :: emails

Assunto: Vida de freelancer

Assunto: Sugestão de debate

Assunto: Novos talentos (parte II)

Assunto: Perfil de profissional

Gostei muito da reportagem

Gosto sempre de ler o editorial

Estou passando por aqui para

Olá, amigos da Revista

com as dicas para freelancers.

da revista. Na edição de julho,

contar as novidades depois da

Webdesign! Primeiro, parabéns

Sou designer e publicitário,

a Adriana contou uma história

reportagem sobre “Os novos

pelo alto nível da revista, que

trabalhei em uma agência por

interessante que diz a profissão

talentos do design para web”,

é referência no mercado. Tenho

três anos e há quatro abri minha

que todos devem ter: ser médico,

publicada na edição de junho

todos os exemplares. Eu disse:

própria empresa. No início,

advogado, engenheiro e outras.

(Projetos Experimentais). A

TODOS! Sempre que começo

somente como freelancer, e mais

A pergunta que eu faço é: por

revista trouxe um retorno muito

algum projeto, dou uma olhada

tarde agregando alguns clientes

que somente nessas profissões

positivo para a minha carreira.

nas matérias e sempre acho algo

fixos. Sou um entusiasta sobre

um ser humano pode ter sucesso

O FOKA.ART (www.foka.art.

a acrescentar ou orientar nos

o trabalho autônomo, realizado

e ser feliz? Somente nessas é que

br), meu portfólio, repercutiu

meus trabalhos. Queria sugerir

em um escritório em casa. Tanto

existe glamour? Já passei pela

muito bem. Conheci a Tribal, a

uma pauta: nas agências digitais,

que criei um blog com dicas e

mesma situação que a Adriana

Sinc, a Africa e a 10’Minutos,

qual seria o formato ideal de

experiências sobre home office:

relatou, enfim... Acredito que

além de excelentes profissionais,

profissionais para se montar

www.gohome.com.br. Abraço e

esse seja um tema interessante

como Enio Miki, Touché Paiva,

uma equipe enxuta? Como é

parabéns pela revista!

para a seção debate. Um abraço a

Marina Lemos e Domênico

o processo percorrido desses

André Brik

todos que fazem a revista.

Massareto. Convites que recebi

projetos pelos profissionais? E

abrik@brik.com.br

Roberto Magalhães

desde que a revista saiu nas

pegando carona no artigo do

roberto.magalhaes@gmail.com

bancas! Além de conhecer o Vitor

Walmar Andrade (http://tinyurl.

Dottori, um dos entrevistados

com/yvnkz9), quais são os

Tive uma surpresa ao ver a capa de julho: Freelancer! Assim como

Oi, Roberto. Sua sugestão é

na reportagem. Também quero

profissionais que são referências

a revista, eu tinha uma empresa

oportuna e provavelmente

participar do Peixe Grande, com

no mercado web? Abração!

que nasceu em janeiro de 2004.

vai causar um debate bem

um projeto legal de Noivas.

Cristiano Santos

Mas, por problemas comerciais,

interessante. Serviria também para

Agora, estou fazendo cursinho

email@cristianoweb.net

tive que encerrar as atividades

avaliarmos o grau de satisfação

e trabalhando como freela, vou

em junho deste ano e me lançar

e status que os profissionais

ralar esses últimos meses para

Olá, Cristiano, como vai? O

no mercado como freelancer,

de internet têm atualmente no

passar em uma boa universidade.

tema é interessante e vai virar

a partir de julho. É lógico que,

mercado. Aguarde novidades e

Só tenho a agradecer a todos

pauta de reportagem. Em

com essa decisão, vieram as

continue participando!

vocês, realmente deu um gás

dezembro, pretendemos fazer

inseguranças e a revista apareceu

na minha carreira, espero poder

uma edição especial, com a

para me dar um conforto...

corresponder às expectativas.

Vanguarda do Design. A idéia está

Obrigada, Webdesign!

Grande abraço,

amadurecendo aqui na redação e

Caio Foka

nas próximas reuniões de pauta

caioffb@gmail.com

vamos definir qual será o formato

Luciana Perdigão

Assunto: Métricas na web

luciana@metropolis.srv.br Gostaria de saber como posso

deste especial. Quem quiser enviar

André, seu relato serve como um

fazer para colocar as estatísticas

Olá, Caio, ficamos felizes com as

sugestões, o e-mail é redacao@

incentivo para quem pretende

de meu site para visualização de

boas notícias e como a revista

arteccom.com.br. Participem!

se aventurar neste segmento de

nossos clientes e usuários.

ajudou a expandir os seus contatos

mercado. Além disso, seu blog é

Hugo

profissionais. Continue assim

interessante e acreditamos que suas

huguinho@soagitos.com.br

e esperamos vê-lo brilhar cada

dicas vão ajudar muitos de nossos leitores. Parabéns e boa sorte! Luciana, nós que devemos agradecer a sua confiança em fazer da Revista Webdesign uma leitura que participe do seu crescimento profissional!

Hugo, uma boa pedida é dar uma lida na edição do mês passado, quando abordamos o tema “Métricas na Web”. Como dica

vez mais, através de projetos inovadores e de qualidade indiscutível. Parabéns e continue mandando notícias, ok?

DESCULPE A NOSSA FALHA! - Na edição de junho, na seção Debate, página 38, o

rápida, uma opção gratuita está

título saiu truncado. Favor

presente no Google Analytics (www.

considerar “por onde anda a

google.com.br/analytics).

ousadia na web?”.

fale conosco pelo site www.revistawebdesign.com.br :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.



8 :: métricas e mercado

Tempo de navegação residencial por internauta - Junho/2007

96% Percentual de usuários que não conseguem encontrar o vídeo que procuram na primeira tentativa, segundo

País

Tempo médio por pessoa

Brasil

22h26min

França

19h34min

EUA

19h05min

quisa concluiu também que 45% dos entrevistados só

Austrália

17h55min

assistem aos vídeos on-line quando estes são indicados

Japão

17h55min

por amigos e conhecidos.

pesquisa realizada pelo instituto Kelton Research. Outro dado interessante é que 91% sentem que suas buscas muitas vezes não os levam aos melhores vídeos. A pes-

Fonte: WeShow (www.weshow.com.br) Fonte: Ibope//NetRatings (www.ibope.com.br)

73,4%

42%

Este é o percentual de crescimento de usuários acessando

Este é o índice de usuários brasileiros que já colocaram

conteúdo relacionado à categoria “Automotivo”, quando

algum tipo de conteúdo na web produzido por si próprio

comparamos os dados de junho de 2006 e junho de 2007.

(texto, foto, música ou vídeo). Deste total, a maior parcela

Outros destaques: “Casa e Moda” (62%), “Viagens e Turis-

(33%) adiciona conteúdo com o objetivo de relacionar-se

mo” (53,3%), “Notícias e Informação” (49,2%) e “e-Com-

com outras pessoas e com amigos.

merce” (41,8%).

Fonte: Datafolha/F/Nazca (www.fnazca.com.br)

Fonte: Ibope/NetRatings (www.ibope.com.br)

Perfil do blogueiro.br

Qual das técnicas de criação gráfica você já utilizou na web? Total de votos: 133

74% têm menos de 25 anos; 65% estão localizados no Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, principal-

Ilustração Vetorial - 75%

mente); e a maioria utiliza os serviços do blogger.com.br,

Colagem - 14%

blogspot.com e wordpress.com.

Graffiti/Stencil - 11%

Fonte: E.LIFE - Perfil da Blogosfera Brasileira (www.elife.com.br)

1,135 milhão Este é o total de domínios registrados no país, por cerca de 664 mil empresas e indivíduos. Nos últimos 12 meses, foram registrados 191 mil domínios. Em julho, eram 429 empresas dedicadas a hospedagem de sites. Fonte: HostMapper Brasil (www.hostmapper.com.br)

Envie sugestões e críticas para redacao@arteccom.com.br

acesse e participe! www.revistawebdesign.com.br


métricas e mercado :: 9

ViuIsso?

Por Michel Lent Schwartzman - michel@viuisso.com.br Site: www.viuisso.com.br

Notícias e comentários sobre comunicação digital, internet e publicidade Trilha sonora dos Simpsons e um bom motivo para comprar o CD

Cobertura sensacional do Pan Mesmo

depois

de

encerrado o Pan, vale a p e n a s e l i g a r n o q u a d ro de medalhas feito pela equipe da Globo.com: é imperdível. Estão todas as medalhas lá, detalhadas, com matérias ligadas a cada uma delas, trazendo texto, foto e vídeos (http://tinyurl. A trilha sonora dos Simpsons, em formato CD, que chegou às lojas mês passado, nos Estados Unidos, vem com um ótimo motivo para você comprar a mídia física ao invés de comprar as faixas digitais: a embalagem. Dá vontade de comer, mas é só para escutar. Peça de colecionador que pode ser comprada por apenas 20 doletas. Vamos ver se chega por aqui e por quanto vão vender, mas é genial ou o quê?

com/3bbjl5). Trabalho sensacional de cross-mídia fazendo o melhor uso imaginável da internet.

Thought Different Quem se lembra disso? A página de entrada do site da Apple em 1997. E o que veio depois? E depois? O pessoal do T h o u g h t D i ff e re n t ( w w w.

Webfight! Fotolog x Flickr

thoughtdifferent.com) Qual é o melhor?

está ajudando a lembrar

Ve j a ( h t t p : / / v i m e o .

com um arquivo de todas

com/245673)

as homes dos últimos 10

a

emocionante batalha entre os dois gigantes das redes sociais de fotografia nesse vídeo bem-humorado, produzido pelos alunos de Comunicação Digital da Unisinos.

anos. Que tal?


10 :: direito na web

Registro e transferência de nomes de domínio “Desenvolvi o website de um antivírus nacional (www.avware.com.br), contratei o serviço de registro de domínio e hospedagem de uma empresa, mas como o CNPJ do meu cliente estava ocupado com outro domínio e tínhamos urgência no lançamento do produto, surgiu a hipótese de utilizar o CNPJ do serviço de hospedagem. Um mês adiante, tentei contato por telefone com o pessoal responsável pelos serviços prestados, mas não consegui falar com ninguém, a não ser por e-mail. Efetuei toda a transação necessária que o Registro.br solicita e enviei a documentação para o provedor de hospedagem. Já faz quatro meses e o domínio ainda não foi transferido. Entrei em contato com o pessoal do Registro.br e eles me alertaram de que não houve nenhuma entrada de documentação para transferência de domínios. O que faço agora?” Reinaldo Baron (web@reinaldobaron.com)

A filosofia do sistema de concessão de

Gilberto Martins de Almeida Advogado formado na PUC/RJ, com Mestrado na USP e cursos em Harvard e no M.I.T. Ex-

tro, devendo ser transferido a este último.

registro de nomes de domínio é de que um

O problema suscitado pelo tipo de pactua-

determinado nome de domínio seja conce-

ção referida acima é, basicamente, de prova. Foi

dido a quem primeiro o solicitar, desde que,

assinado um documento formalizando a pactua-

evidentemente, o requerente esteja munido

ção? Há testemunhas que possam escrever uma

de boa fé e atenda as condições exigidas

declaração ou dar um depoimento a respeito?

para a solicitação do domínio.

Quem financiou o pagamento da anuidade do

Este, entretanto, é o panorama diante

nome de domínio? Esses e outros elementos

trabalhou por 11 anos, no Brasil

das autoridades constituídas, o que não im-

formam o conjunto de provas ou de indícios que

e nos EUA. Sócio de Martins de

pede que, em paralelo, se desenvolva um

permitirão confirmar a pactuação original.

Gerente Jurídico da IBM, onde

Almeida - Advogados, escritório especializado. Envie sua dúvida para: redacao@arteccom.com.br

mercado de negociação de nomes de domí-

Porém, como fazer valer tal pactuação

nio, negociações essas que se espera que

original? As autoridades administrativas encar-

culminem com um pedido de averbação de

regadas do registro de nomes de domínio não

transferência de nome de domínio.

têm assumido o papel de julgar controvérsias

A própria regulamentação aplicável já

entre particulares. Portanto, caberia ao parti-

prevê a fi gura de tal averbação de transfe-

cular prejudicado pela conduta do outro ten-

rência (muito embora, em tese, alguém pu-

tar, inclusive formalmente, persuadir de que,

desse questionar que, em sendo o nome de

normalmente, mais valerá as partes chegarem

domínio um privilégio concedido pelo Esta-

a um acordo que enveredarem por uma boa bri-

do, um nome de domínio não mais pretendi-

ga. O acordo pode tratar de registro de nomes

do devesse primeiro retornar ao acervo man-

semelhantes para cada uma das partes, ou de

tido pelo Estado, em vez de ser negociado

colocação de links no site do outro etc. Se o

diretamente entre particulares).

acordo não for possível, restará a via judicial,

De qualquer forma, aquele que obtém

normalmente mais demorada e mais cara, e que

originalmente o registro do nome de domínio

apresentará maiores chances de êxito caso as

dá origem à presunção de que deva ser o seu

provas disponíveis favoreçam o autor da ação.

titular. Para remover tal presunção, é preciso

Como se vê, é infinitamente mais van-

que outrem apresente evidências de que a atri-

tajoso fazer a profilaxia, redigindo e assi-

buição original era indevida. Isto pode se dar

nando um documento adequado antes de

no contexto de possível colisão entre nome de

incumbir alguém de registrar um domínio a

domínio e marcas ou nomes comerciais idên-

ser depois transferido. Quanto, no entan-

ticos ou semelhantes, como pode também se

to, o problema já tenha sido instaurado,

dar no contexto uma pactuação preliminar

vale reunir a maior quantidade possível

entre particulares no sentido de que proviso-

de evidências de boa fé, que certamente

riamente o nome de domínio pertenceria a um

pesarão na negociação de um acordo ou

deles, porém, em seguida, pertenceria ao ou-

na disputa em Juízo.


post-it :: 11

entro , d r o p Fique cas, eventos ias das di e referênc undo livros vimentam o m que mo ign na web do des Oportunidades no RJ Atenção, profissionais de comunicação, design e web. No final de julho foi lançado o site Riojob (www.riojob.com.br), um classificado gratuito de vagas de emprego e trabalho freela no Rio de Janeiro. A dinâmica é simples: a empresa anuncia as suas oportunidades e os profissionais interessados entram em contato diretamente com

Quanto vale uma ilustração?

o anunciante das vagas.

Para quem procura tal resposta, o ilustrador Hiro Kawahara produziu um texto em seu blog (http://tinyurl.com/2qbsx3), que apresenta

Produção acadêmica no design

os principais parâmetros na hora de se estipular o valor de uma

Já ouviu falar em webdocumentário? Não, então uma boa pedida

ilustração. No blog do Hiro, acabamos descobrindo também um

é conhecer o projeto acadêmico “in medias res” (http://sushi.st/

documento interessante para quem deseja entrar no mundo da

inmediasres), de Tiago Yonamine, apresentado na conclusão de curso

ilustração: “Guia do Ilustrador” (http://tinyurl.com/yufwvp). Nele,

do Centro Universitário Senac. Em formato multimídia, o usuário pode

você vai conhecer as dicas para preparação de contrato de prestação

conferir o depoimento de alguns renomados profissionais do mercado

de serviços na área e para montagem de um portfólio.

brasileiro, como Alexandre Wollner e Rico Lins, sobre o tema “processo criativo” (método de criação, de onde vêm às idéias, repertório, bloqueio

Blog do mês: Narrowcast

criativo etc.). Se você possui ou conhece algum trabalho acadêmico

Um compilado de

interessante, envie sua sugestão para redacao@arteccom.com.br.

informações sobre os principais assuntos que

Campanhas on-line em galeria

envolvem o cotidiano dos

Procurando boas referências envolvendo a publicidade interativa

profissionais de internet.

no Brasil? No site do Clube da Criação de São Paulo (CCSP), você

Através de análises

poderá conferir uma galeria (http://tinyurl.com/3aebkc) contendo

críticas, Niva, o autor do

uma diversidade de peças criadas ao longo dos últimos anos pelas

blog Narrowcast (www. narrowcast.com.br), vem

principais agências do país.

produzindo um material de qualidade para quem procura refletir

Livro do mês Tide Hellmeister: inquieta colagem

sobre as constantes transformações sofridas pela web. Conhece algum blog interessante focado em mídias interativas? Então, mande sua dica para redacao@arteccom.com.br.

Editora: Infolio Editorial (www.infolio.com.br) Como não poderia deixar de ser, a recomendação de leitura desse mês envolve o tema colagem. Ao abrir o “Inquieta

Agenda de eventos 15/09 - 12º EWD - Curitiba (www.arteccom.com.br/encontro) 15/09 - Design na Brasa - São Paulo (www.designnabrasa.com.br) 29/09 - Pixel Show - São Paulo (www.pixelshow.com.br)

Colagem”, prepare-se para uma imensa viagem visual envolvendo

19/10 - 1º Encontro Brasileiro de Arquitetura de Informação -

a produção artística (colagens e experimentações tipográficas) de

São Paulo (www.aibrasil.org/encontro/home)

Tide Hellmeister, considerado um dos mestres da técnica no Brasil. Além das peças, o livro apresenta textos de Chico Homem de Melo e Cláudio Rocha. Uma das passagens mais marcantes desta obra aparece quando o artista resume o sentido de sua produção: “…

20/10 - 12º EWD - Salvador (www.arteccom.com.br/encontro) 25/10 – Fórum Internacional de Design e Tecnologia Digital (FIND) Rio de Janeiro (www.arteccom.com.br/find)

continuo insistindo na busca de alguma coisa que resulte em, pelo

10/11 - 1º Workshop de Arquitetura de Informação, Acessibilidade &

menos, minimizar essa agonia do nosso tempo. Essa angústia, essa

Usabilidade - São Paulo (www.infinitodigital.com.br/Workshop)

mágoa que nos atormenta. Essa falta de sentimento e respeito para

10/11 - 12º EWD - Porto Alegre (www.arteccom.com.br/encontro)

com as coisas todas que a Terra nos legou. Unamo-nos, recompondo um pouco do que nos resta, a Arte”. Participe do Post-it! Envie sugestões para redacao@arteccom.com.br.

08/12 - 12º EWD - São Paulo (www.arteccom.com.br/encontro)


12 :: portfólio agência - Garage Interactive

O LUGAR DE ONDE NASCEM AS GRANDES IDÉIAS

Responda rapidamente: qual seria a principal ligação entre as histórias da criação da Apple, da Microsoft, da HP e do Nirvana? Garagem. Isso mesmo, acertou quem disse uma garagem. Para quem não sabe, foi neste espaço que nasceram algumas das idéias e das empresas responsáveis pelas grandes transformações das últimas décadas.


portfólio agência - Garage Interactive :: 13

Influenciada por tal espírito é que surge, em meados de 2006, a Garage Interactive (www.garageim.com). “Tenta-

Cases

mos transformar essa atmosfera numa atitude de constante questionamento e até provocação, sempre com a intenção

- Movimento Skol www.movimentoskol.com.br

de criar um produto final melhor e mais inovador. Temos um

Tecnologia: Flash

certo orgulho geek misturado com uma pegada publicitária. Esse é o nosso DNA”, afirma Paulo Sanna, diretor de criação da agência. Outro aspecto motivador está presente na admiração pela tecnologia e por sua força transformadora. “Seu impacto na sociedade é algo que chega a nos emocionar. Tentamos traduzir esses sentimentos e atitudes no que chamamos internamente de Garage Spirit. Em maior ou menor grau, é o espírito de inovação que está presente em tudo o que a gente faz. É como se fosse um guia de conduta, que nos desafia a encontrar idéias novas o tempo todo. Funciona como uma consciência coletiva, que está sempre nos dizendo para onde temos que ir”. Dando uma olhada no portfólio da Garage, é possível

Em outro projeto envolvendo uma campanha da cerve-

perceber que um desses caminhos está presente na produção

jaria Skol, a Garage foi chamada para desenvolver o hotsite

de hotsites. “Eles são uma demanda específica do mercado

do “Movimento Skol”. O evento, realizado em diferentes

publicitário, porque normalmente estão atrelados a uma cam-

cidades do país, trabalha a mistura do pop rock com ele-

panha. Nesse sentido, acabou se tornando o ambiente mais

trônico, com shows primeiramente separados entre bandas

adequado para as marcas materializarem suas promessas de

e DJs, que depois se encontram no mesmo palco para um

campanha, através de uma experiência mais rica e profunda.

megashow.

Por isso, a predominância desse formato. Outro fato impor-

Pensando nisso, a criação procurou traduzir esse con-

tante é que o tempo de produção de um hotsite é sempre

ceito tanto na parte visual quanto na experiência de nave-

menor do que um site, daí o fato de aparecerem em maior

gação. “O elemento que representa isso é o plug: a junção

número em nosso portfólio”, explica Paulo.

dos vermelhos e amarelos mostram a união dos dois estilos.

Além disso, ele ressalta que a prioridade na criação e

Foram colocados também elementos presentes nas duas

no desenvolvimento dos projetos digitais produzidos pela

vertentes musicais (o fone e o vinil representam o eletrônico;

agência envolve a experiência do usuário. “Por experiência

a guitarra e baquetas, o pop rock)”.

do usuário, entendemos todas as emoções, sensações e

Além disso, para passar a sensação do evento na inter-

reações que uma pessoa tem ao interagir com um siste-

face, a idéia foi que o usuário navegasse “movimentando”

ma digital ou um software. Na nossa visão, a ‘experiência

o site. “Assim, criamos uma experiência agradável, que ade-

do usuário’ é a evolução natural da idéia publicitária nos

risse ao conceito de união - conteúdo em uma tela só - com

meios digitais. Avaliando as necessidades de um projeto

movimento: ao andar com o cursor pelo site, a tela se move

sob essa ótica, o trabalho do designer tem que estar sem-

até as seções escondidas”.

pre integrado com o trabalho do arquiteto de informação, do desenvolvedor, do profissional de conteúdo etc. Essa é a única forma de se criar uma ótima experiência”.


14 :: portfólio agência - Garage Interactive

- Portal Skol Beats www.skolbeats.com.br

- Toyota Prado www.toyotaprado.com.br

Tecnologias: Flash + HTML

Tecnologia: Flash

Para que lugar você quer ir agora? Com este mote, a Garage desenvolveu o conceito de experiência ao navegar pelo hotsite do Land Cruiser Prado, fabricado pela Toyota. “Ao responder a pergunta, o consumidor era levado a um ambiente de apresentação do veículo, que aparecia sobre um intrigante piso de fotografias relacionadas à localidade escolhida previamente”, detalha Paulo. O desenvolvimento deste projeto representava um

Segundo ele, o ambiente procurava também explorar

grande desafio para a Garage: a proposta era fazer a tran-

o apelo de viagem/aventura do carro. “A colagem de fotos

sição de hotsite do evento para um portal de conteúdo,

cria um ambiente que reforça essa idéia. Visualmente, pro-

mantendo a conexão da marca com a idéia de inovação.

curamos explorar as fotos dos detalhes ao máximo, quase

“Em 2006, as ações interativas de Skol Beats fortaleceram

que levando o usuário para dentro do carro”.

essa idéia. Em 2007, esse vínculo foi reafirmado com o lança-

Além disso, alguns elementos foram incluídos com

mento do portal Skol Beats, um canal editorial com foco em

o intuito de melhorar a experiência durante a navegação.

música, ferramentas e serviços interativos”, conta Paulo.

“Criamos um menu 3D com todas as features do carro, tor-

Em relação à parte gráfica, o foco foi trabalhar com

nando o site uma grande experiência imersiva. Por se tratar

sobreposição de camadas. “Enquanto o conteúdo edi-

de um site que atende a vários públicos diferentes, também

torial é diagramado seguindo um grid, a imagem de ba-

foi criado um menu convencional para servir de apoio”.

ckground cumpre uma função mais conceitual. Quanto à usabilidade, embora o site tenha o foco em editoriais, a experiência interativa deveria estar muito presente. Por isso, o site foi planejado em um esquema de grid, possibilitando mesclar elementos estáticos vs. interativos, HTML vs. Flash, conteúdo vs. experiência”. Outro detalhe envolve a infra-estrutura que ajuda na manutenção do projeto. “O site é administrável e tem várias features de interatividade previstas, como a possibilidade de se votar nas notícias e comentários, além de tags personalizadas para moldar o site de acordo com o interesse dos usuários”.


portfólio agência - Garage Interactive :: 15

- Gradiente HDTV http://gradiente.plughosting.com.br

- Disney Cars www.garageim.com/work/disney-cars.html

Tecnologia: Flash

Tecnologias: Flash + Monitor touch screen + Projeção em tela de holografia

Quando falamos em TV de alta definição, provavelmente muitos consumidores se familiarizam com tal conceito, mas poucos sabem o seu real significado. Diante disso, o projeto precisava cumprir três objetivos: apresentar a nova linha de produtos HDTV, explicar a nova geração de TVs e posicionar a marca Gradiente como fonte principal de informação sobre o tema. “Isso fez com que o site fosse pensado primeiramente como um portal sobre HDTV e depois como hotsite de produto. A junção desses dois elementos se transformou em um site todo em Flash com demonstrativos em vídeo e conteúdo explicativo sobre a nova geração de TVs. O esquema de menus e cross links fez com que o usuário conhecesse os produtos Gradiente e os mecanismos envolvidos no processo de transmissão via TV Digital, por exemplo”, explica Paulo. A linha gráfica serviu ainda para reforçar os objetivos iniciais do projeto. “Tudo começa com uma gota, que é o passo inicial para o oceano de informações que vem a seguir. Outro caminho visual foi o uso de pétalas simbolizando a explosão de cores e beleza da TV High Definition”.

Pensando nos conceitos de diversão e inovação tecnológica, a Garage tinha o desafio de promover o filme Cars, da Disney. Como solução, a agência desenvolveu uma projeção holográfica, instalada no Shopping Iguatemi, em São Paulo. “O projeto permitia que pessoas de todas as idades interagissem com os personagens do filme. Utilizamos dois monitores, com dois aplicativos rodando em cada um deles: um para o monitor touchscreen e outro para o display paraholográfico. O desafio foi fazer com que estes dois aplicativos se comunicassem entre si, de modo que, do monitor touchscreen, a pessoa pudesse controlar os elementos que apareciam no display para-holográfico, como animação 3D dos personagens, trailers etc.”. Um aspecto interessante neste trabalho envolvia o público infantil, que exigia o cumprimento de algumas questões de usabilidade. “Podemos citar três: foram usadas cores vivas e botões grandes, facilitando a manipulação do ambiente; os textos explicativos foram substituídos por animações e ícones, deixando a experiência mais intuitiva; e telas foram posicionadas na altura média das crianças, melhorando a experiência para o público”.


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Inscrições abertas no site: www.arteccom.com.br/peixegrande



18 :: portfólio freelancer - Gabriel Rocha

- TNT Latin America Tecnologias: After Effects, Cinema 4D, Illustrator e Photoshop www.gabrielrocha.com/#tntla_top Contato: contact@gabrielrocha.com Site: www.gabrielrocha.com A determinação em transformar cada projeto em referência talvez explique o rápido crescimento da carreira profissional do designer Gabriel Rocha, além da qualidade dos trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos anos. “O importante é fazer cada projeto como se fosse valer um prêmio. Se os trabalhos estiverem bem feitos vai valer à pena colocar no seu portfólio, e um trabalho bem feito não faz diferença se é para sua irmã ou para CocaCola. O importante é que está bem executado e com qualidade. É melhor ter um trabalho bem feito do que dez que não tenho coragem de mostrar nem para o meu cachorro. E olha que ele é vira-lata”, argumenta.

Em um aspecto a internet se tornou fundamental na

Outro aspecto interessante de sua vida profissional

vida do profissional freelancer: a queda de barreiras para a

envolve a manutenção de uma boa rede de relacionamen-

expansão territorial envolvendo novos mercados. Quando

tos. “Tenho vários projetos que me despertaram muito

falamos então da realidade do segmento criativo, tal van-

interesse. Um deles é um coletivo que o Marcelo Baldin

tagem cresce ainda mais em importância.

(Combustion) está idealizando. Outro projeto que estou

Um bom exemplo deste cenário está presente em uma

participando é o www.etcetering.com, um portal onde são

concorrência envolvendo o estúdio Raygun (www.raygun.

postados trabalhos de designers, ilustradores, artistas

com). “Já havia feito contato com o cliente há um tempo,

plásticos, moda e web design do mundo inteiro. Entrei no

através de fóruns de design. Quando pintou a oportunida-

projeto a convite do Stephan Lucut (fundador do site)”.

de, ele me chamou para o trabalho”, explica Gabriel.

Em sua caminhada, ele carrega também uma caracte-

O projeto consistia no desenvolvimento de um pitch.

rística presente na nova geração de designers brasileiros:

“É quando um cliente (no caso, a TNT) contrata alguns

a mente aberta para experimentações e a busca pelo co-

estúdios para desenvolver uma direção de arte. Depois de

nhecimento de diversas tendências. “Muitos elementos

ver várias propostas visuais, o cliente escolhe qual estúdio

definem meu trabalho e meu estilo. Acho que seria muito

vai desenvolver o projeto, baseando-se no visual, direção

simples dizer que só isso ou aquilo define meu estilo. É

de arte, orçamento etc. Lá fora, na maioria das vezes, os

claro que alguns movimentos (a maioria do início do século

pitchs são pagos. Aliás, muito bem pagos”.

20) e artistas me inspiram mais que outros, mas não gosto

Assim, Gabriel ficou responsável pela direção de arte.

de classificar nem ser específico com nenhum. Muita coisa

“Utilizei cores e formas que funcionassem como sensações.

nova que pinta também chama minha atenção e vira um

Por exemplo, no primeiro frame, na cena da partida onde

novo ponto de estudo e inspiração. Eu me vejo em cons-

o casal se despede com o trem ao fundo, tem um coração

tante mudança e aprendizado”.

se partindo em mil pedaços, funcionando como uma metá-

Tal pensamento se reflete em seu processo de cria-

fora visual (ao fundo) e formas fluidas divididas entre tris-

ção. “Leio, converso e ouço muito. Acho isso tudo muito

teza (azul) e paixão (rosa). O cenário está em PB para as

importante para a criação. Estar antenado e sempre

cores, pois não queria que nada ficasse entre os persona-

receptivo é essencial para mim”, finaliza.

gens e as sensações”.

Para participar desta seção, cadastre seu portfólio no site da revista: www.revistawebdesign.com.br.



20 :: portfólio ilustração - Mulheres Barbadas

Mulheres Barbadas www.mulheresbarbadas.com

Wd :: Wd :: Como define seu estilo e onde você busca as referências para o seu trabalho? Mulheres Barbadas :: Nosso estilo é belo e despojado. Simples e perfeito. Alguém vira para o sol e diz: “Sol, deixe de brilhar?”. Alguém fala para a rosa: “Rosa, pare de ser bela? Não”. E isso é Mulheres Barbadas.

K i l l e r To f u ( 2 0 0 7 ) C l i e n t e : R e v i s t a A r t B u re a u Material utilizado para composição: “Psicografado em 1 9 7 6 , c o m s h o y o e m g u a rd a n a p o d e re s t a u r a n t e j a p o n ê s ”

I am half tissue half machine (2007) C l i e n t e : M e t a l M a n P ro j e c t Material utilizado para composição: “Feito com sangue de sanguessugas”



22 :: Técnicas de Criação - Colagem


Técnicas de Criação - Colagem :: 23

Técnicas de criação - Volume 1: Colagem Unindo a criação de trabalhos manuais com processos digitais Mesmo diante do inegável avanço da tecnologia que nos brinda com os novos e maravilhosos filtros e efeitos

um momento de retorno e valorização às origens dos processos de criação.

do Photoshop, das possibilidades vetoriais produzidas

Pensando nisso, a Revista Webdesign lança neste

pelo CorelDraw e Illustrator e das inimagináveis anima-

mês a coleção “Técnicas de criação”. De setembro a

ções criadas pelo Flash, o profissional criativo tem em

novembro, você poderá conferir volumes especiais

elementos simples e rústicos, como o papel, o lápis, a

abordando três das principais áreas da criação grá-

cola e a tesoura, por exemplo, a possibilidade de criar

fica: Colagem, Graffiti/Stencil e Ilustração Vetorial.

projetos com alto grau de inovação e qualidade.

Neste primeiro volume, apresentamos as técnicas de

Ao longo das últimas edições, a Revista Webdesign

colagem, que utiliza pedaços de diversos elementos

já apresentou alguns exemplos de projetos interativos

(jornais, revistas, tecidos etc.) para a construção de

que surgiram a partir do desenvolvimento de técnicas

novas representações visuais. Foi amplamente explo-

manuais de criação gráfica, como a colagem, o graffiti,

rada pelos movimentos artísticos modernos, como

o stencil e a ilustração. Além disso, analisando os por-

cubismo, surrealismo e dadaísmo.

tfólios de alguns dos principais designers do país, tal cenário se torna cada vez mais transparente.

Assim, em cada uma das edições, nossos leitores serão brindados com uma entrevista especial com um

Porém, engana-se quem pensa que esta movi-

especialista no respectivo assunto, além da apresen-

mentação represente uma negação ou aversão ao

tação de portfólios e tutoriais para o aprendizado e o

crescimento da tecnologia em nossos cotidianos. De-

aperfeiçoamento de como se elabora cada uma dessas

vemos considerar sim que o segmento criativo procura

técnicas. Dessa forma, esperamos instigar e contribuir

não se ater somente ao computador como ferramenta

para a expansão da capacidade de conhecimento de

para a concepção de suas idéias. Certamente, vivemos

cada um de vocês. Boa leitura!


24 :: Técnicas de Criação - Colagem

Trabalhando com as ilusões e as metáforas Segundo a Enciclopédia Itaú Cultural, a colagem é uma técnica com uma história antiga, que foi incorporada pelos movimentos artísticos do século XX, como o cubismo e o surrealismo. O tempo passou, a tecnologia se tornou cada vez mais eficiente e mesmo assim este tipo de trabalho manual continua como referência criativa. Nesta entrevista, Eduardo Recife (www.eduardorecife.com), um dos profissionais de vanguarda do design brasileiro, aponta como a colagem se adaptou às características da Era Digital.

Wd :: Quem se depara com seus trabalhos, percebe prontamente uma eficácia na utilização das técnicas de colagem. Como surgiu o seu interesse por este segmento da criação gráfica e como você procurou desenvolvê-lo? Recife :: Em meados de 1997/1998, eu me deparei com toda a estética grunge que estava acontecendo: desde a própria tipografia até as colagens e outros processos alternativos. A colagem especificamente me chamou bastante atenção. Na primeira versão on-line do Misprinted Type (www.misprintedtype. com) que coloquei no ar, o site tinha diversas colagens, muitas delas para representar as fontes que estava distribuindo na época. Uma coisa puxou a outra e a colagem acabou por fazer parte do meu cotidiano. Wd :: Analisando as principais campanhas de comunicação das grandes empresas, é possível reparar uma certa popularização no uso das técnicas de colagem. Quais fatores explicariam esse cenário? Recife :: Não sei quais fatores explicariam isso. A colagem sempre esteve presente nas artes gráficas e no meio publicitário também. Hoje, o que é tido como colagem, é, na verdade, “mixed media”: várias técnicas e mídias diferentes aplicadas junto. Como faz um bom tempo que nada realmente diferente surge (na arte e no design), a solução é fazer uma grande mistura de tudo o que já foi feito. Acho que a popularização é, na verdade, uma falta de opção. Wd :: Falando sobre processo de criação, Tide Hellmeister, considerado um mestre da colagem e um dos principais artistas gráficos do país, dizia: “O que eu gosto mesmo é de traba-


Técnicas de Criação - Colagem :: 25

Hope - Eduardo Recife lhar com as mãos”. Em seu cotidiano de trabalho, como

Wd :: Outra questão abordada seria a forma como a

você procura regular o uso da tecnologia com o processo

colagem utiliza elementos da realidade, como pedaços

manual de produção?

de jornais, revistas, tecidos, objetos etc., para cons-

Recife :: No meu trabalho, procuro sempre fazer uma

trução de cenários com diversos significados. Quais são

mistura do digital e do analógico. Gosto quando a pessoa

os parâmetros que você utiliza na seleção dos elementos

vê o trabalho e sabe que ali estiveram as mãos de alguém

a serem veiculados em uma colagem?

e não somente um mouse. O computador ajuda muito no

Recife :: Na verdade, você não pode ser muito crite-

processo da colagem, principalmente pela possibilidade de

rioso e colocar muitas barreiras na seleção das imagens.

se reduzir, aumentar, espelhar, tratar as cores das imagens

Muitas vezes o material encontrado, mesmo não sendo

que serão utilizadas.

o ideal, tem de ser utilizado. A colagem trabalha com o

Mas o computador deve ser visto como uma ajuda e não como uma limitação. Erros, falhas, volumes e tex-

mundo das ilusões e metáforas. O parâmetro principal é o diálogo entre uma imagem e outra.

turas das colagens manuais são algo que o computador

Um fato interessante é que pesquisar sobre sonhos,

jamais poderá substituir. Não importa o quão perfeito

semiótica e simbologias em geral me ajudou muito neste

esteja o processo digital, algumas coisas são exclusivi-

processo de fazer associações. Uma colagem não deve

dade do trabalho manual.


26 :: Técnicas de Criação - Colagem

ser apenas visualmente interessante, ela deve tentar

Wd :: Em entrevista para a Revista Zupi, você

contar uma história, que muitas vezes pode parecer con-

revelou que seu estilo envolve uma combinação de ex-

fusa como um sonho, mas que ao ser desvendada toma

perimentações com o uso de imagens de crianças e flores

um novo significado, ainda que diferente daquele do

e um visual vintage (envelhecido, sujo). Quais foram as

próprio criador.

influências que determinaram tais escolhas?

Wd :: Ao ser perguntado, em bate-papo publicado

Recife :: Meu trabalho não se limita a esses tópicos,

no site Uailab.com (www.uailab.com/interviews/re-

mas a escolha das crianças é porque quase todo o meu

cife/index.html), sobre a sua preferência em relação

trabalho pessoal é voltado para esse tema do rompimento

a sites com tecnologias avançadas ou mais simples e

do homem com a pureza, a inocência e a alegria de uma

com um bom design, você apontava a necessidade do

criança, de como vamos perdendo nossa essência para

equilíbrio entre o bom senso e o conceito “menos é

“fazer parte” do mundo.

mais”. Na composição de uma colagem, quais são os

As flores são usadas muitas vezes como metáforas

critérios na hora de se definir a arrumação dos ele-

para transformações, crescimento, beleza. Mas cada caso

mentos? Existe um limite?

é um caso. Geralmente, em alguns tópicos, eu poderia usar

Recife :: Acho que o melhor limite ainda é o bom senso. Não existem regras para o processo de criação. A intuição, a criatividade e o bom senso devem sempre andar juntos. Wd :: Em termos práticos, quais são as principais etapas na produção de um projeto que envolva o uso de colagem? Recife :: O primeiro e mais importante estágio é a procura e a seleção das imagens que serão usadas. Na minha opinião, para alguém trabalhar com colagens, deve ser um requisito ter um grande acervo de imagens. Muitas idéias podem ser esquecidas, ou prazos perdidos (no caso de trabalhos comerciais) se depois da elaboração mental da colagem, uma busca do zero for iniciada atrás das imagens. Eu, particularmente, não gosto de fazer “sketches”. Prefiro ter uma idéia na cabeça e deixar que ela tome forma espontaneamente mexendo com as imagens. Mas, algumas vezes, o “sketch” pode ser importante também. O processo da colagem em si é intuitivo, você tem que sentir/prever a imagem como um todo. Muitas vezes, comparo a colagem com uma composição musical - se uma nota (ou uma imagem) estiver fora do seu local apropriado, os ruídos aparecem. A harmonia é essencial, até em trabalhos que supostamente tentem passar um efeito oposto.

Chords - Eduardo Recife


Técnicas de Criação - Colagem 27

homens, mulheres, crianças ou qualquer coisa, a escolha simplesmente é a mais prática para o momento. O visual envelhecido é simplesmente uma questão estética. Sempre gostei de peças antigas, folhas envelhecidas, fotos amareladas... Existe uma beleza que só o tempo traz às coisas. E a idéia de se ter algo digital (que, em teoria, sempre conservaria o frescor e a imutabilidade das peças), envelhecido é algo que me encanta. Wd :: Uma característica interessante em seus trabalhos está na composição equilibrada entre colagem e tipografia. Quais estudos você realiza no momento de definir a família tipográfica de um projeto? Recife :: Antes de realizar um trabalho, sempre tento visualizá-lo pronto antes mesmo de começar. A escolha da tipografia começa aí, tentando prever qual tipo mais se encaixaria com o todo. Wd :: Na edição de outubro de 2006, abordamos o tema “Design e Arte”. Em entrevista, Ronaldo Gazel ressaltava que “...o designer que pára de olhar o mundo com o olhar difuso, amplo, capaz de compreender várias realidades, corre o risco de virar uma engrenagem na linha de produção de sites, no melhor estilo ‘corte e costura’ de HTML”. Diante de sua vivência, quais são os principais desafios na utilização de técnicas manuais e pouco usuais em projetos com foco comercial? Recife :: Acho que não existem barreiras para o emprego destas técnicas em trabalhos comerciais. Pelo contrário, na maioria das vezes os clientes me procuram justamente para se ter algo neste estilo.

“O essencial é praticar e experimentar sempre”


28 :: Técnicas de Criação - Colagem

“Não importa o quão perfeito esteja o processo digital, algumas coisas são exclusividade do trabalho manual” Change - Eduardo Recife

No meu trabalho comercial, uso estilos e técnicas dife-

O único cuidado deve ser não deixar o site muito pesado

rentes das que emprego nos meus trabalhos pessoais, mas

ou sobrecarregado de imagens. Contudo, mais uma vez,

para mim isto muitas vezes é interessante, para simples-

nada é uma regra.

mente experimentar novas possibilidades e sair da rotina. O que acontece em muitos casos é que a persistência de alguns designers e/ou ilustradores é sufocada pelos desejos dos clientes.

Wd :: Quem você indicaria como fonte de inspiração no uso desta técnica? Recife :: Acho que o melhor exemplo é toda a estética Dada e a Pop Art: Kurt Schwitters, Raoul Hausmann,

Wd :: Os sites da agência Modernista! (www.moder-

Hannah Höch etc. E alguns mais contemporâneos: Fret

nista.com) e da campanha Absolut Red (http://absolut.

Otnes, Charles Wilkin, Shirin Mohtashami. E alguns brasi-

com/rubyred_br) são alguns exemplos no uso de colagem

leiros também: Tide Hellmeister, Hugo Werner, Tonho.

na web. Como você avalia o uso desta técnica na criação e no desenvolvimento de projetos interativos? Recife :: Admiro muito o trabalho do Oculart (que fez o site da Modernista - www.oculart.com). A utilização destas técnicas em projetos interativos é bem interessante.

Wd :: O que você diria para o profissional que deseja aprender e aperfeiçoar o uso das técnicas de colagem? Recife :: Bem, como qualquer outra coisa na vida, o essencial é praticar e experimentar sempre.



30 :: Técnicas de Criação - Colagem

PARA iLUSTRAR Não poderíamos falar sobre colagem sem apresentar uma galeria de trabalhos envolvendo esta técnica de criação. A seguir, confira a produção de alguns profissionais brasileiros.


Técnicas de Criação - Colagem :: 31

Beto Janz www.betojanz.estudiocrop.com.br “Os trabalhos de colagem geralmente funcionam como uma válvula de escape para idéias, pois não me prendo em nenhum preceito de criação. Às vezes, perco horas e não chego a lugar algum, às vezes simplesmente passo do ponto de parar e, na colagem, geralmente isso é irreversível. Contudo, em alguns casos, o próprio processo do material torna-se algo inspirador e satisfatório, pois certas descobertas conceituais e visuais surgem desse processo.” 50˜60

Carson


32 :: Técnicas de Criação - Colagem

Bruno Borges www.oit8doi2.com

“Procuro trabalhar com diversas linguagens, mas o trabalho com colagem oferece uma liberdade enorme. Resulta sempre numa estética híbrida, onde elementos de diversas épocas e origens se juntam e formam uma mensagem que, embora tenha um objetivo inicial, acaba sempre tomando vida e ganhando sentidos mais enriquecidos. Trabalho basicamente com colagem digital.”

Homem Animal

Cool World?


Técnicas de Criação - Colagem :: 33

Renato Loose www.cafeina.info “Uso elementos da colagem tradicional (tesoura e cola) mesclados aos recursos virtuais de programas como o Photoshop e o Corel Painter. Também costumo utilizar imagens escaneadas. Muitas vezes, propositalmente, utilizo uma resolução baixa na digitalização, o que ajuda a tornar os efeitos de tempo e desgaste mais convincentes.”

Klein mörder

Mädchen


34 :: Técnicas de Criação - Colagem

PAsso a passo O processo de criação de um projeto com colagem Por Gabriela Irigoyen Foi aluna da EBA/ Gravura (UFRJ) no período de 1991/94. Graduou-se em Pedagogia e especializou-se em Educação. Dedica-se ao ensino de Artes desde 2000. Blog: “Unos dibujos y colages” (www.gabiirigoyen.blogspot.com)

Atualmente, a estética da colagem digital é muito difundida entre designers, publicitários e artistas que utilizam o computador como ferramenta para compor e criar imagens novas a partir das que já existem. Há muitas formas de se criar um projeto com colagem. Neste tutorial, descrevo apenas algumas possibilidades de trabalho, baseadas na minha própria experiência com colagens. Não utilizo a colagem digital, mas muitas das idéias aqui descritas podem ser feitas digitalmente.


Técnicas de Criação - Colagem :: 35

1. A coleção Quem gosta de utilizar a colagem em seus projetos de criação, quase sempre gosta de “caçar” imagens, papéis de diferentes gramaturas e texturas, objetos, lembranças e resquícios do cotidiano, que, por algum motivo, não consegue jogá-los fora e os guarda em caixas, pastas, envelopes, gavetas ou cadernos. Funciona como um acervo de imagens e reminiscências, ou como prefiro chamar: “coleção de imagens”.

Coleção de imagens - Gabriela Irigoyen

2. A organização criativa Depois da coleção, entra em cena a organização criativa. Quando eu preciso de inspiração para iniciar um projeto, espalho a minha “coleção” pela mesa de trabalho, muitas vezes até no chão, e ali no meio daquele caos sempre surgem conexões entre uma imagem e outra, relações que vou estabelecendo durante o processo de selecionar as imagens e os objetos que me atraem em um primeiro momento. Essas relações podem ser formais e estéticas como cor, tamanho, estilo, textura e também de conteúdo interpretativo, como: tristeza, alegria, solidão, peso, leveza etc. Às vezes, por pura diversão, fecho os olhos e escolho ao acaso. E, então, o trabalho flui na direção de buscar um sentido para que as imagens, anteriormente reunidas a esmo, possam dialogar entre si e restaurar o espaço do sentido e se tornem uma reunião “ordenada”, onde é possível estabelecer, entre uma pluralidade de elementos, uma certa organização, um arranjo conveniente ou harmonioso de acordo com o meu desejo no momento. Essa “organização” não significa somente ordenar as imagens ou parte delas no espaço do papel. Inclui transformá-las, com desenho, tinta, utilizando apenas um detalhe, acrescentar ou tirar elementos. Orders - Gabriela Irigoyen


36 :: Técnicas de Criação - Colagem

3. O jogo criativo: transformando imagens Essa transformação das imagens é um verdadeiro jogo de revela-esconde. O jogo envolve o prazer e a possibilidade de ganhar ou perder. Entrar no jogo criativo exige coragem para experimentar e saber que será preciso experimentar muitas vezes até ganhar. A colagem mais interessante é aquela que consegue fugir do óbvio, ir além do “trocar a cabeça por um elemento circular”.

Fish - Gabriela Irigoyen

Demanda o esforço de ir além da figuração, de buscar os elementos “puros” ou formais das imagens: as linhas, as cores e as texturas. Brincar com as grandezas e com a ordem estabelecida: um grande nariz pode virar o formato de uma cabeça; no lugar da cabeça, uma mão. Buscar, a partir do conhecido, o desconhecido. Nesta etapa, utilizo muito dos processos de colagem descritos abaixo: - Cubomania: uma colagem feita a partir de uma imagem recortada ou rasgada em quadrados. Esses quadrados ou cubos são depois rearrumados em uma nova composição. - Inimage ou décollage: é um processo de colagem no qual imagens são sobrepostas e coladas em sucessivas camadas. Depois de coladas, o artista arranca algumas camadas para revelar partes das imagens cobertas e assim vai criando novas imagens através da subtração de partes das camadas. - Étrécissement: também é um método redutivo; o artista obtém uma nova imagem rasgando ou cortando partes da imagem original. - Landscapade: é uma técnica na qual a imagem de uma paisagem ou várias imagens de paisagens são cortadas e rearrumadas para formar uma nova paisagem. Também é possível escolher uma figura ou imagem e utilizá-la como máscara ou molde para aplicá-la em várias superfícies e obter a sua silhueta em diferentes tipos de papéis, texturas ou imagens.

4. Mão na massa Quem apenas trabalha digitalmente, não precisa ler esta parte. Esta é apenas para os que gostam de colocar a mão na massa. Trabalhar com cola e papel demanda paciência. É preciso esperar, verificar como o papel irá reagir, decidir previamente se quer um acabamento “limpo” ou “trash”. Diluir a cola em um pouco de água retarda o seu tempo de colagem, permitindo “mexer” um pouco antes da cola “colar”. Ao utilizar imagens grandes, uma boa forma de garantir que a colagem fique bem esticada é deixá-las alguns minutos imersas em uma bacia com água. Ao retirá-las, colocá-las sobre jornal, com a face que será colada para cima, para que o jornal absorva um pouco do excesso de água. Em seguida, com ajuda de um rolo de espuma ou pincel, espalhar cola (neste caso, não é necessário diluí-la, porque a água já entrou no processo ao molhar a imagem) sempre do centro da figura para os lados, tomando bastante cuidado para espalhar bem a cola em toda a imagem. Isso garante um bom acabamento, se essa for a intenção do artista.


Técnicas de Criação - Colagem :: 37

Se o desejo for uma imagem sem rugas, passar um rolo de borracha depois de colar a imagem no lugar desejado também ajuda. É preciso muita delicadeza e cuidado ao lidar com o papel umedecido. Se a intenção não for rasgar a imagem, todo o cuidado é pouco nessa hora. O mais interessante é “caçar” papéis de várias gramaturas, cores, texturas e experimentar como um cientista como cada papel irá funcionar. Existem hoje no mercado colas em spray que tornam esta etapa menos trabalhosa, mas os sprays que utilizei até hoje, depois de um tempo, perdem a aderência em alguns papéis e o trabalho vai descolando. No final da colagem, se quiser dar um efeito “envernizado” ou plastificado, é só passar cola com uma esponja bem macia e com todo o cuidado passar por cima do trabalho. Isso também garante uma colagem de efeito mais duradouro. Ao acrescentar objetos ou outros materiais, muitas vezes é necessário utilizar adesivos mais fortes, e torna-se necessário experimentar qual se adapta melhor para aquele tipo de material. Atualmente, existe uma enorme variedade de adesivos disponíveis no mercado.

Girlpower - Gabriela Irigoyen

5. A colagem Ao utilizar imagens encontradas nos meios de comunicação impressos e transformá-las de alguma forma, recortando pedaços, escondendo ou revelando detalhes dessas imagens, passamos a ter um novo olhar sobre elas. O mais interessante da colagem é justamente a possibilidade que ela dá ao artista de criar algo novo a partir de algo que já existe, que se entranha, se mistura, se une a outra coisa e forma algo novo. Inspirarse, apropriar-se, não é copiar, é transformar. Transformação é criação. Observação: Este artigo foi baseado em outro texto de minha autoria sobre colagem, publicado no blog http://www.estudiomarimbondo.blogspot.com


96655599

556684228 22 38 :: debate - a morte do pageview

45a mmort 45 28 2 8 142135 ort or o rt r t1 e421 do do 35 14 Web 2.0 decretou

1641259 4455978 77838 8?338 Viiew View V iew

No artigo considerado como o marco definitivo do movimento

Web 2.0, “What is Web 2.0” (www.oreillynet.com/pub/a/oreilly/tim/

news/2005/09/30/what-is-web-20.html), o especialista Tim O’Reilly apresentou uma tabela com as transformações ocorridas.

Em termos de métricas, ele apontou uma mudança significativa

77334455

nos elementos utilizados para mensuração de projetos digitais: de

pageviews para custo por clique (“as visualizações de página eram a

principal medida de sucesso de uma campanha on-line na Web 1.0. Na Web 2.0, o custo por clique é a métrica mais utilizada”).

Diante de tal afirmativa, percorremos o mercado brasileiro para

saber a opinião dos profissionais de internet no país nas seguintes

questões: quais foram as principais transformações no segmento de métricas com o advento da Web 2.0? Podemos realmente decretar a morte dos pageviews?


96655599 96

566884228 debate - a morte do pageview :: 39

Martino Bagini

Diretor-geral da

Realmedia Latin América www.realmedia.com.br

45 52 28 2 81421351 “A web está se especializando e a sua base tecnológica

evoluindo. A morte de métricas, como o pageview, tem a

“A morte de métricas, como o

ver tanto com a especialização quanto com a evolução da

pageview, tem a ver tanto com

tecnologia. Do lado da especialização, evoluímos de hits

a especialização quanto com a

para pageviews e destes para custos por clique e outros. As métricas continuam evoluindo, apesar de ainda existir

discordância na definição de termos específicos, tema

evolução da tecnologia”

ou de uma sessão nos seus negócios. Empresas geralmente

1 4 5 7838 9641259 412 9 que está sendo tratado pelo IAB (Interactive Advertising Bureau) e pela WAA (Web Analytics Association) numa tentativa de se uniformizar os conceitos.

a t u a m e m s e t o re s v e r t i c a i s e e s t ã o a c o s t u m a d a s a

metodologias que lhes traduzem táticas e práticas utilizadas em métricas de negócios, como, por exemplo,

A especialização se deve à vinda de anunciantes

tradicionais para o meio on-line e ao fato das empresas

que utilizam a internet para fazer negócios questionarem na prática qual o significado e o impacto de um pageview

carros vendidos, assinaturas canceladas ou receitas totais

geradas por uma ação. Este é o caminho que a métricas d i g i t a i s i r ã o s e g u i r : p a d ro n i z a ç ã o e e s p e c i a l i z a ç ã o traduzidas para o negócio de cada cliente.

Do lado tecnológico, linguagens que estão em alta,

como o AJAX, mudaram completamente a lógica de montagem do conteúdo da web. Sendo assim, uma série de

métricas relacionadas às linguagens ‘mais simples’, como o HTML, simplesmente deixaram de fazer sentido.

733445 É interessante citar como exemplo de uma mudança

simples que pode criar grandes desafios de medição, a introdução massiva de vídeos na internet. Com ela, veio

a importância de se medir o tempo gasto assistindo ao

conteúdo, aliado ao desafio de saber, do ponto de vista qualitativo, o que está sendo assistido. Hoje, já temos diversas

formas de medir o tempo gasto, mas não conseguimos

reportar qual o assunto ou tipo de conteúdo mais assistido. Mas, acredito que, em pouco tempo, iremos chegar lá.”


96655599

556684228 40 :: debate - a morte do pageview

“A tendência é surgir outros modelos de remuneração, cada vez

mais sofisticados, e o próprio mercado vai apontar qual será

45 4 5 28 2 8 1 4 142135 9 abandonado e qual conseguirá sobreviver” “O Google e seus produtos são um dos marcos

no que chamamos de Web 2.0. Ele foi o responsável

por consolidar o modelo de CPC (custo por clique) com os links patrocinados do AdSense.

Anderson Bordim

Diretor de planejamento da

Do ponto de vista do anunciante, o CPC

aumenta o ROI (retorno sobre o investimento),

114 45 4 5 7838 7 29 641259 65412 64 13 259 4 34455 1 773 0 Cappuccino/HZTA

www.cappuccinohzta.com.br

pois efetivamente se paga apenas pelo clique do usuário, e não mais pela exposição da peça como

no modelo de CPM (custo por mil, ou custo por

impressão). O modelo de CPM é herdado de outras

8

mídias e, portanto, não se aproveita da capacidade

tecnológica do meio digital. O CPC e o CPM representam, de uma certa forma, a briga entre o

anunciante e veículo, um querendo garantias de seu investimento e o outro defendendo sua principal fonte de renda.

E para deixar esse cenário um pouco mais

confuso, o Google, no começo deste ano, colocou um outro modelo de negócio, em fase de testes: o

CPA (custo por ação). Neste modelo, o anunciante só seria cobrado pela efetivação de uma ação do usuário (compra no site, preenchimento de cadastro etc.).

Assim, o ROI fica ainda mais alto, pois paga-se

apenas pelo resultado efetivo da venda. Acredito

q u e a t e n d ê n c i a é s u rg i r o u t ro s m o d e l o s d e remuneração, cada vez mais sofisticados, e o próprio mercado vai apontar qual será abandonado e qual conseguirá sobreviver.”


0000 0 000 0 00 0 00 0 9641259

56677 56

debate - a morte do pageview :: 41

4228 452 45 28 8142135 145 45 4 Marcelo Sant’Iago

Diretor de Novos Negócios

da MídiaClick Marketing de Performance

www.midiaclick.com.br

“Por que sempre tem alguém querendo matar alguma coisa? Primeiro foi o

7481 banner, depois o pop-up e agora o

pageview... Todos estão aí, vivos e fortes”

“Discordo. Custo por clique é apenas uma forma de se medir

desempenho de campanhas e mesmo assim limitada se você não avaliar a conversão gerada por esse clique, seja ela uma venda,

preenchimento de cadastrado ou mesmo a duração de uma visita, caso seu objetivo seja o tráfego no site.

Por que sempre tem alguém querendo matar alguma coisa?

Primeiro foi o banner, depois o pop-up e agora o pageview... Todos estão aí, vivos e fortes.

É preciso ir com muita calma: a tal da Web 2.0 e seus sites

dinâmicos em AJAX ainda são esmagadora minoria na web. Po-

rém, é fato que há um problema com as métricas “convencionais”

77334455

de se medir tráfego/audiência na web e o mercado está alerta a

isso, vide as iniciativas do IAB nos EUA, pressionando a Nielsen e a Comscore (www.iab.net/news/audit_challenge_2007.asp).

Além disso, o IAB propõe a adoção de outras métricas que

4455

podem ser mais relevantes dentro do conceito de Web 2.0, que vão muito além do clique, como, por exemplo, tempo de interação com o conteúdo (www.iab.net/standards/RIA.aspx).”


8

42 :: debate - a morte do pageview

9

3 5 Sthefan Berwanger Analista de Data Intelligence pela AgênciaClick

www.agenciaclick. com.br

72

4

1

“Penso que o pageview não irá sumir definitivamente, mas que irá permanecer como uma métrica em um formato mais restrito” “ Te m o s a c o m p a n h a d o o d e b a t e e m

animação, se requisitou ou inseriu dados. É

t o r n o d a ‘ m o r t e ’ d o p a g e v i e w, m a s e l e

perfeitamente possível vincular o disparo de

ainda é um defunto insepulto. No início

uma métrica com um determinado evento,

d a i n t e r n e t c o m e rc i a l , q u a n d o s ó h a v i a

realizado pelo usuário, seja ele qual for.

conteúdo estático, fazia sentido e era

Essa é a tendência, e só para citar

uma metáfora boa, pois tínhamos apenas

alguns exemplos, há algum tempo já estão

imagem e texto, muito parecido com o que

disponíveis processadores de texto e

víamos impresso em revista.

planilhas on-line que se encaixam nesse

A transição para um novo modelo é

novo modelo. E, para o futuro, já se cogita

longa, existe uma inércia natural por parte das

a implementação de sistemas operacionais

empresas que ainda se apegam aos conceitos

inteiros baseados em web. É importante que

antigos. Acredito que, com o aumento de

as ferramentas de Web Analytics também se

aplicativos e a facilidade em combiná-los,

adequem a esse novo paradigma.

l e n t a m e n t e m u d a re m o s o p a r a d i g m a d e

Penso que o pageview não irá sumir

contabilizar pageviews, para um modelo mais

definitivamente, mas que irá permanecer

adequado que meça acessos a aplicativos e a

como uma métrica em um formato

qualidade desse acesso.

mais restrito, em que o conteúdo lido

Medir a qualidade de acesso significa

realmente represente a página de um

saber com quantos itens o usuário interagiu

conteúdo. Por exemplo, algumas livrarias

e como interagiu, saber o tempo total de

e s t ã o d i s p o n i b i l i z a n d o t re c h o s d e l i v ro s

acesso. Em detalhes, é descobrir quantas

para que os usuários possam ‘folhear’

vezes o usuário clicou em certo botão,

virtualmente, e dentro desse contexto, o

passou o mouse em cima de determinada

pageview faz sentido.”


clube do assinante :: 43


44 :: e-mais - Second Life

do real para o virtual:

na vida dos profissionais de internet


e-mais - Second Life :: 45

Impossível falar das transformações do mundo con-

Marshall McLuhan

temporâneo e não citar as análises publicadas pelo sociólogo canadense Marshall McLuhan. A principal delas envolve o conceito de aldeia global, que previa a possibilidade de uma maior interação entre os indivíduos, diante do desenvolvimento tecnológico. Quando falamos então do Second Life, as teorias de McLuhan parecem se tornar mais reais. Na divulgação oficial da versão brasileira, lançada em abril desse ano, a Kaizen Games e o iG, empresas responsáveis pela manutenção do ambiente no país, apontavam os três conceitos fundamentais

X

Suas idéias têm estimulado milhares de artistas, intelectuais e jornalistas, em todo o mundo, a ponto da revista Fortune o nomear como “uma das principais influências intelectuais do nosso tempo”. Tamanho reconhecimento deve-se, entre outros fatores, ao pioneirismo no estudo das tecnologias e seus impactos na construção da sociedade humana em suas diferentes fases. Fonte: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Marshall_McLuhan)

que regem este universo 3D: “auto-expressão (o conteúdo é criado pelos próprios residentes - como são chamados os

rística mais importante da plataforma. O Second Life está

usuários do ambiente); ambiente de negócios (aberto para

mostrando ao mundo que, em breve, a internet não será 2D

empresas virtuais e também reais); e experiência compar-

e sim 3D. A linguagem tridimensional é o futuro dos canais

tilhada - a interação corre solta, sem bloqueios ou medos,

digitais”, completam Paulo Martinez, sócio-diretor, e Pedro

encorajando a troca de informações”.

Priore, diretor de estratégia e inovação, da Agência Ginga

Diante disso, as agências digitais se deparam novamente com um novo contexto que vai trazer alguns desafios para

(www.agenciaginga.com.br). O que é possível fazer no Second Life?

a prática profissional. “Acredito que a principal característi-

Em um universo que comporta mais de cinco milhões

ca é a possibilidade de se libertar de amarras, como a lei da

de residentes, com uma área útil de 450 mil quilômetros qua-

gravidade ou a necessidade de se reproduzir tudo fielmente.

drados e que movimentaria diariamente cerca de um milhão

O grande barato é sair da caixa, tangibilizar conceitos, ma-

de dólares em transações comerciais, certamente existe uma

terializar, o que é, às vezes, apenas uma percepção ou sen-

série de projetos de comunicação a serem desenvolvidos.

timento”, diz Jeff Paiva, coordenador do núcleo Second Life

“o second life está mostrando ao mundo que, em breve, a internet não será 2d e sim 3d” (paulo martinez e pedro priore)

da AgênciaClick (www.agenciaclick.com.br). “Na verdade, foi criada uma nova era, uma nova mídia, uma nova forma de se relacionar com os consumidores. O conhecimento dos profissionais deve ser reciclado para adaptação a esta nova plataforma”, argumenta Roberto Santos, diretor da Meta Mídia Digital (www.metamidiadigital.com.br). Assim, quem tiver percepção para compreender as mudan-

“Basicamente, as interações entre prospects e con-

ças e se adaptar rapidamente aos novos cenários pode obter

sumidores servem para divulgação de novos serviços, lan-

vantagens em um futuro próximo. “Acho legal apontar para a

çamentos de produtos tão díspares como um novo prédio

necessidade das agências terem velocidade para rapidamente

residencial, um modelo inovador de máquina de lavar ou

entender qualquer nova tecnologia com potencial de mídia, e

um serviço de gravação de vídeo em tempo real. Um dos

levá-la para o espectro da publicidade e do marketing. Teremos

grandes serviços a serem prestados pelo Second Life é

muitas coisas novas pela frente. Por isso, os profissionais de

a possibilidade de integrar grupos de interesses pareci-

internet precisam compreender a expansão de mais um mundo

dos. O metaverso tem o potencial de se transformar em

para dominarem. Com o Second Life, muda-se a lógica mais

uma grande rede social, onde as interações são muito mais

voltada à interação 2D, que predomina na internet”, ressalta

realistas (ou fantasiosas, dependendo do consumidor)”,

Cláudio Palmieri, especialista em planejamento e inovação da

explica Jeff.

Mídia Digital (www.midiadigital.com.br). “O principal é a tridimensionalidade. Aliás, a caracte-

Segundo a trinca de especialistas no assunto da Agência VM2 (www.vm2.com.br), Valdiney Victor (presidente e


46 :: e-mais - Second Life

Metaverso

X

Neologismo criado para dar nome a um universo virtual

Ações de comunicação no Second Life Abaixo, o especialista Cláudio Palmieri, da agência

paralelo. O termo aparece no livro “Snow Crash”, de

Mídia Digital, comenta os cinco tipos de ações possí-

Neal Stephenson, que foi uma das fontes de inspiração

veis de serem realizadas dentro deste universo 3D:

de Philip Rosedale, criador do Second Life. Fonte: Assessoria de Imprensa Kaizen/iG

1) Branding “Não apenas levar a marca para o ambiente, mas

CEO), Carla Felici (gerente de planejamento e inteligência

como transportar de forma lúdica, interativa e impactan-

digital) e Thiago Torres (coordenador de desenvolvimento

te o conceito que a marca trabalha no mundo real.”

em criação), as empresas se beneficiam pelas oportunida-

2) Educativa

des para a exposição de marca no Second Life.

“Aproveitar as possibilidades interativas e a si-

“As possibilidades são infinitas levando em consideração que o Second Life permite aos usuários criarem suas

mulação do mundo real que um ambiente 3D proporciona para treinamento e aulas à distância.”

próprias ferramentas para interagir com os demais. Um dos

3) Guerrilha

principais exemplos é que os residentes podem voar ao in-

“Levar o conceito de ações criativas de guerrilha

vés de andar. Pensando nisso, as empresas podem explorar

que temos no mundo real para as ilhas. Impactar os

não só a construção de prédios que recriam sua estrutura

residentes que estão circulando pelas ruas e praças

no mundo real (o que tem se visto muito), mas também

do Second Life.”

ações totalmente diferenciadas envolvendo a construção

4) Relacionamento

de prédios diferenciados tanto na arquitetura quanto nas

“Tratar o ambiente como um canal de conversa

funcionalidades, criação e distribuição de brindes conten-

direta da empresa com seus clientes. Para isso, a em-

do sua marca, realização de promoções, festas, campe-

presa precisa ter um atendente no seu ambiente para

onatos, jogos, realização de aulas e palestras em tempo

interagir com clientes e prospects.”

real, recriação de ambientes reais com recursos interativos,

5) Viral

desenvolvimento de lojas que comercializam produtos para

“Criar estratégias para os residentes propaga-

avatares etc”. A interatividade no Second Life

rem a marca através da distribuição livre de objetos para outros residentes.”

Um dos pontos fundamentais a serem observados na implementação de projetos dentro do Second Life está no prévio conhecimento sobre as particularidades existentes no processo de interatividade do usuário em relação a outros ambientes digitais. “Falamos aqui da possibilidade de demonstrar em 3D o que você sente, o que você deseja ou sonha. Já vi avata-

“O Second Life é um precursor do que pode ser uma maneira revolucionária de navegar e interagir na internet” (Jeff Paiva)


e-mais - Second Life :: 47

res em forma de dinossauro, de Transformers, um Homer

ções e, por isso, nunca realizamos nenhum projeto com a

Simpson praticamente perfeito. E já dancei tango como

plataforma, que não estivesse integrado com outras mídias.

um argentino, samba como um carioca, jazz ao som de big

O ambiente pode ser visto de duas maneiras: como mídia

bands em um café de New Orleans. Meus tênis absorvem

ou como ferramenta. Atualmente, o mercado se apropriou

o impacto da queda do meu avatar de grandes alturas e

da primeira opção como sendo ‘a única’ grande utilidade

pude velejar em um barco de 35 pés, manobrando contra

da ferramenta. Um engano, porque o Second Life pode

o vento e vendo minhas manobras afetarem o desempenho

ser uma ferramenta muito interessante de relacionamento

do barco até a linha de chegada. Várias sensações e expe-

também. Mas nossas perspectivas sobre a plataforma são

riências de produto podem ser reproduzidas e oferecidas

de cautela e ainda de aposta”, afirmam Paulo e Pedro, da

aos consumidores em uma maneira que a internet não pode

Agência Ginga.

nem comparar”, detalha Jeff.

Para Jeff Paiva, da AgênciaClick, começamos a assistir

Além disso, os especialistas da VM2 apontam que o Se-

um processo de depuração. “O Second Life é um precursor

cond Life aglutina em uma só plataforma os principais recursos

do que pode ser uma maneira revolucionária de navegar e

interativos oferecidos por diversas ferramentas da internet.

interagir na internet. Os pioneiros se estabelecem ou não.

“Os usuários podem se comunicar em real time (assim

Não adianta fornecer em um mundo virtual soluções que

como o MSN) com o adicional de possuírem não só um

funcionam na RL (Real Life), se os avatares não têm sede,

apelido, mas também uma aparência criada especialmente

fome, precisam dormir ou serem transportados. Vamos

para o metaverso, incluindo ainda a nova ferramenta que

ver muitas ilhas-fantasma ainda, enquanto mais gente vai

permite a interação através de voz. Além disso, o Second

entrar, descobrir o que rola e ficar, ou quebrar a cara. É

Life é uma ferramenta de criação de grupos e redes sociais,

darwinianismo puro! O papel de quem hoje planeja e cria

assim como no Orkut, os usuários se encontram e formam

para o metaverso é mostrar que a evolução é possível e fac-

redes de amigos de acordo com suas afinidades, discutem

tível, desde que com um modelo de negócios e conteúdos

e trocam informações sobre os mais variados assuntos.

concretos e relevantes”.

Seu diferencial em relação ao Orkut, por exemplo, é que além de visitar comunidades contendo informações sobre

Glossário básico do Second Life

os assuntos de seu interesse, os usuários podem visitar ambientes, ilhas, lojas e locais totalmente customizados

- Agente: parte física da representação do usuário

contendo informações de seu interesse e lá encontrarem

que interage com o mundo virtual

outros usuários com as mesmas afinidades”.

- Avatar: parte visual da representação do usuário;

O risco de uma nova bolha?

seu alter-ego, o personagem que lhe representa den-

Nos últimos meses, vimos uma grande atenção da

tro do universo do Second Life

mídia em cima do interesse pelo Second Life. Alguns es-

- Derez: indica a remoção de um objeto do mundo virtual

pecialistas, no entanto, alertavam que o ambiente poderia

- Dólar Linden: dinheiro virtual utilizado no Second Life

se tornar uma nova bolha na web. O temor ganhou voz

- Landmark: item que marca a localização de lugares

com notícia divulgada pelo jornal Los Angeles Time, sobre

específicos

o abandono do universo por algumas grandes empresas

- Mainland: grade principal de regiões do Second Life,

(http://tinyurl.com/yns846).

composta pela mainland internacional e pela mainland

Pensando nisso, quais seriam as perspectivas dos pro-

brasileira, administrada pela parceria Kaizen/iG

fissionais brasileiros em relação ao Second Life quando ana-

- Residente: termo genérico que representa qualquer

lisamos o futuro da internet? “Sempre vimos o Second Life

pessoa que utilize o Second Life

como mais uma ferramenta digital a ser explorada. Hoje,

- Teleporte: transporte instantâneo de um ponto do

pensamos sempre em integração de mídias e o Second Life

mundo virtual a outro

veio como uma nova opção de se comunicar com o público de maneira diferenciada. O Second Life tem várias restri-

Fonte: “Second Life: guia de viagem”, de Edgard Damiani, Editora Novatec


48 :: e-mais - Second Life

A visão do cliente sobre o Second Life

Bate-papo: Patricia Fraga, gerente de multimeios da Petrobras (www.petrobras.com.br) Wd :: Por que a Petrobras decidiu investir no Second Life? Patricia :: A Petrobras tem hoje uma atuação global, com presença em 27 países, além do Brasil. Assim, há diversos públicos com quem nos relacionamos e a comunicação digital é um importantíssimo meio para estarmos junto às pessoas de maneira relevante, pertinente e impactante. Estar sempre à frente é uma característica da Petrobras em suas atividades. No mundo virtual isso não poderia ser diferente. Percebemos que o Second Life estava em expansão, muitas empresas globais iniciavam suas ações e o ambiente já havia alcançado um expressivo número de participantes. Como a Petrobras, uma das maiores empresas de energia do planeta, poderia ficar fora deste espaço? Para nós, o Second Life é muito mais que um game, pois permite que o público vivencie experiências com a marca e com valores importantes da nossa empresa de uma maneira diferenciada. Wd :: Quais foram os recursos necessários e os custos envolvidos para promover a ação no Second Life? Patricia :: Para o desenvolvimento de nossas ações no Second Life, contamos com o trabalho da Rapp Digital, parceira da Petrobras nas atividades de marketing de relacionamento. Os custos envolvidos foram semelhantes ao orçamento destinado a projetos especiais que realizamos, como hotsites promocionais. Planejamos uma ação que fosse viabilizada com um investimento coerente com outras atividades que realizamos em comunicação digital. Wd :: Que tipo de retorno a ação trouxe para a Petrobras? Patricia :: O volume de mídia espontânea que obtivemos com nossa presença no Second Life foi fantástico. Em mídia impressa, após valoração de centimetragem, identificamos um retorno de mais de 1.000% em relação a nosso investimento. Na web, mais de 200 blogs comentaram sobre a nossa ação. Qualitativamente, observamos que o conteúdo das mensagens foi altamente favorável, ressaltando atributos de inovação e tecnologia, totalmente coerentes com o posicionamento da marca Petrobras. Wd :: Quais são as outras ações que a empresa pretende lançar dentro deste universo 3D? Patricia :: Após o evento de lançamento de nossa presença no mundo virtual, fizemos uma segunda ação, orientada para a nossa visão de responsabilidade social e ambiental, na qual oferecemos aos avatares uma oficina virtual de percussão, com participação do Olodum Mirim, um dos projetos patrocinados pela Petrobras. Estamos constantemente identificando o perfil dos visitantes do Second Life para traçar qual será o foco de nossas ações a partir de agora. Entendemos também que o relacionamento deve ser trabalhado de forma integrada, envolvendo também ações de comunicação dirigida, conteúdo no website e outras mídias que compõem nossa presença no mundo virtual. Todos os pontos de contato com o público devem convergir para complementar as nossas estratégias.


e-mais - Second Life :: 49

Participação dos assinantes Quais são as transformações que o Second Life traz para o profissional de internet? Guilherme Tossulino guilherme@tossulino.com

O Second Life surgiu como um game e tornou-se uma nova plataforma de comunicação e publicidade. A nova era da web é baseada em comunidades e interatividade e com o Second Life fica cada vez mais eviden-

Vencedor!

te que precisamos aprimorar e explorar esta fantástica plataforma. Prêmios: 1 pendrive (Patrocínio: SiWeb) e 1 ano de hospedagem grátis (Patrocínio: PlugIn)

Leandro Rodeghiero kokisul@yahoo.com.br

O Second Life, e sua utilização pelos usuários web, passa a influenciar a maneira com que estas pessoas utilizam a internet para outros fins, o que conseqüentemente transforma a maneira com que o webdesigner

2º lugar

deve pensar as ferramentas que irá dispor em seus projetos. Prêmio: 3 meses de hospedagem grátis (Patrocínio: Digiweb)

Najla Carolina najla@encaracolado.com.br

A transformação principal é a expansão do meio em que vivemos, assim como o nome diz, Second Life permite você atuar em dois lugares distintos, consumindo sempre em dobro, divulgando em dobro, e

3º lugar

com isso, criando mais e mais mercado para o profissional de internet. Prêmio: Consultoria de Webmarketing (Patrocínio: Acessa Host)

Rafael Burity rafaelburity@gmail.com

O Second Life deve ser inserido no meio da internet como mais um nicho a ser explorado e trabalhado por parte de nós profissionais web, onde se pode direcionar as campanhas, projetos e desejos dos

4º lugar

clientes a um público diferente e que está em constante crescimento. Prêmio: Livro “Tempo é Lucro” (Patrocínio: X25)

Assinantes ganham descontos exclusivos em cursos e empresas de hospedagens. Confira no site! Se você é assinante, participe desta seção pelo site www.revistawebdesign.com.br


50 :: estudo de caso - Família Design

Um baralho com

quatro estilos

do design Quatro estúdios de design, localizados em Brasília, se reúnem e decidem formar um coletivo para proporcionar um crescimento em conjunto. Dessa forma, qual seria a melhor representação visual para divulgar esta união?


estudo de caso - Família Design :: 51

“A idéia partiu da família real do baralho. Assim, a nossa identidade foi desenvolvida a partir desse conceito. Nossos cartões pessoais, quando em conjunto, formam um baralho de truco. Cada núcleo é representado por sua marca e um naipe”, conta Felipe Bastos, um dos integrantes da Família Design (www.familiadesign.com). Dentre as etapas na constituição da identidade visual do coletivo, eles desenvolveram um site que representa um ambiente de um jogo de truco. Nesta entrevista, Felipe nos revela os detalhes envolvidos no processo de criação.

“O site surgiu a partir do momento em que decidimos que nossos cartões de visita seriam cartas de um baralho” Wd :: Como surgiu a idéia de criar um coletivo de design? Felipe :: Estudávamos na UnB (Universidade de Brasília) quando os grupos se formaram, muitas vezes trabalhando em parceria. Depois de algum tempo, percebemos que seria interessante nos unirmos para que pudéssemos montar uma estrutura em conjunto, rachando contas e compartilhando material, equipamento e conhecimento. Wd :: Para representar a união dos quatro estúdios (Anticorp Design, Buraco de Bala, Destúdio e Ovo Design), vocês lançaram um site com a metáfora de um jogo de cartas. Por que vocês decidiram utilizar este conceito? Felipe :: Um jogo de truco, na verdade... Jogo popular brasileiro. O conceito do jogo de cartas apareceu quando foi produzido um anúncio para a Família, então encartado no catálogo do FIC Brasília (Festival Internacional de Cinema de Brasília) e tivemos que estabelecer qual seria nossa cara. A idéia partiu da família real do baralho. Assim, a nossa identidade foi desenvolvida a partir desse conceito. Nossos cartões pessoais, quando em conjunto, formam um baralho de truco. Cada núcleo é representado por sua marca e um naipe. Wd :: Definido o conceito do truco, vocês partiram para a criação de uma interface recheada de elementos do jogo: fichas, dados, cartas, copo etc. Em relação à modelagem destes elementos, foi utilizado banco de imagens ou partiram para a produção de fotos na composição das imagens?


52 :: estudo de caso - Família Design

Felipe :: Dentre todos os elementos presentes na interface do site, as imagens do dado e do fósforo foram produzidas a partir de fotos tiradas em estúdio (fotógrafo Alexandre Magno). A foto do copo de cerveja foi tirada na improvisação, em cima de uma folha A4 que estava em cima da cadeira do nosso escritório e, claro, servido de uma boa gelada! Todo o restante foi criado utilizando ferramentas vetoriais com finalização no Photoshop. Wd :: Um dos detalhes interessantes deste projeto está presente nas mãos que servem como organizadoras dos elementos de apresentação do site. Como surgiu a idéia de utilizá-las e quais foram os detalhes em sua modelagem? Felipe :: Já que toda a ambientação do site retrata uma cena real, simulando uma mesa de jogos, essa idéia nunca foi descartada. Foi uma forma de humanizar a interface e torná-la mais próxima do usuário. As imagens das mãos também foram produzidas em estúdio e suas sombras são elementos adicionados posteriormente no Flash. Neste caso, tomamos o cuidado de retratá-la de acordo com a ambientação estabelecida.

“Na época de desenvolvimento do site, queríamos utilizar uma pixel fonte pela questão da legibilidade dentro do Flash” Wd :: Ao entrar no site, o usuário se depara com um pequeno descritivo sobre a melhor forma de navegação pelo ambiente. Pensando nisso, quais cuidados vocês tomaram para evitar problemas de usabilidade durante o período de experiência do usuário? Felipe :: Com o tempo que tínhamos, nos preocupamos em informar o básico logo de cara, na entrada do site. Como manipular exatamente os elementos viria a partir do interesse de cada um em explorar mais intimamente a interface. Já na navegação do menu tentamos acelerar esse processo informando os passos durante a própria navegação. Ao passar o mouse sobre a carta, o usuário é instruído a segurá-la (“segure”). Ao manter pressionado o mouse, ele recebe a instrução para arrastá-la, enquanto o movimento de outra mão informa o local de destino na mesa. A respeito de usabilidade, com certeza, ainda teríamos muito a melhorar. Wd :: Ainda sobre a dinâmica de navegação, percebemos que vocês definiram um caminho padrão: o usuário arrasta a carta, soltando-a no canto superior esquerdo do site; em seguida, o conteúdo é carregado, sendo visualizado no canto superior direito. Por que vocês decidiram utilizar este modelo de navegação? Felipe :: Esse modelo surgiu a partir da distribuição de elementos na tela de forma natural e da defi nição da macro-arquitetura da informação.


estudo de caso - Família Design :: 53

“A escolha do fundo uniforme, simulando uma toalha de mesa de jogos, foi fundamental para dar magnitude à cena”

de forma rápida e simples. Quais são os segredos para se atingir tal performance no Flash? Felipe :: Uma premissa básica foi a fragmentação do carregamento, de acordo com a necessidade de quem navega. É muito mais cômodo ao usuário esperar dez vezes o tempo de dez segundos do que esperar os 100 segundos totais em uma única vez.

Buscamos assim manter a navegação bem constante. Através dessa fórmula, pudemos tornar a navegação mais intuitiva. Wd :: Na página inicial do site, existe também uma descrição dos requisitos técnicos necessários para uma boa navegação. Como resolução de tela, vocês definiram a configuração inicial de 800x600 pixels, porém o site funciona bem em outras definições. Quais foram os desafios para se alcançar tal propriedade?

Quanto à performance do Flash, verificávamos constantemente o volume de processamento dos computadores. Para minimizar o trabalho do processador, desenvolvemos praticamente tudo em Actionscript (linguagem nativa do Flash). Hoje em dia, com Flash CS3, não utilizaríamos tweening para nada. Outro ponto importante foi forçar a qualidade do Flash para “medium” ou “low”, somente durante as animações ou transições onde a legibilidade não fosse prejudicada.

Felipe :: Na época (2005) e período (janeiro a julho)

Wd :: Outro aspecto da interface do site está pre-

em que o site foi criado e desenvolvido, a resolução pre-

sente na definição dos espaços em que cada um dos

dominante dos usuários ainda era a de 800x600. Uma preo-

elementos presentes deveria ficar. Por exemplo: vocês

cupação era não blocar o site naqueles retângulos centrais

deram destaque para o logotipo no canto superior direi-

e desperdiçar o restante da tela, caso a resolução fosse

to e no uso de imagem transparente nas cartas que com-

superior a predominante.

põem o menu do site. Pensando nisso, quais aspectos

A escolha do fundo uniforme, simulando uma toalha de mesa de jogos, foi fundamental para dar magnitude à cena. Assim, quanto maior fosse a resolução do usuário, maior seria o ambiente da mesa. Wd :: Outra característica técnica envolve o uso do Flash como plataforma de desenvolvimento da navegação pelo ambiente, sendo que seu carregamento é feito

influenciaram na aprovação final do grid do projeto? Felipe :: Que seria uma mesa de jogos e um ambiente descontraído, isso todos tinham certeza e nunca imaginávamos de outra forma. Assim, o grid pode ser enquadrado num plano cartesiano, onde no 2º quadrante ficam a identificação da Família Design e o título do assunto em destaque (seção carregada).


54 :: estudo de caso - Família Design

No 1º quadrante se encontram o próprio conteúdo e imagens. O 4º quadrante abriga o menu do site, o baralho distribuído em leque. O 3º quadrante é o que realmente importa depois de tanto, a gelada! Wd :: Na edição de junho de 2007, abordamos o tema “projetos experimentais”. Relatando um caso ocorrido em sua carreira, Ronaldo Gazel apontava que, pela primeira vez, pode criar um site antes da concepção do logo, sendo possível trabalhá-lo com as formas gráficas do ambiente. Falando do logotipo da Família Design, sua concepção está diretamente ligada ao conceito do site. Assim, ele foi criado antes ou depois da definição conceitual do projeto? Felipe :: Acreditamos que uma marca possa sim ser gerada após seu site, seja ela iconográfica ou tipográfica. No nosso caso, a marca já havia sido concebida há algum tempo. Na verdade, o site surgiu a partir do momento em que decidimos que nossos cartões de visita seriam cartas de um baralho. O logo foi criado para o anúncio que mencionamos anteriormente e nosso material de divulgação seguiu essa mesma linha. Wd :: Sobre a tipografia, percebemos o uso de uma família de tipos sem serifa, além do tamanho reduzido das fontes. Quais aspectos determinaram tal escolha?

almente gera nossos arquivos XML finais. Wd :: Diante da forma lúdica de apresentação, que tipo de retorno vocês esperavam que o site trouxesse para o trabalho do coletivo? E qual retorno efetivo realmente aconteceu? Felipe :: O site foi, com certeza, de extrema impor-

F e l i p e : : Na época de desenvolvimento do site,

tância para divulgar os trabalhos de tantas áreas do design

queríamos utilizar uma pixel fonte pela questão da legibilidade

que exercemos. Ele deveria abrigar os trabalhos e o perfil

dentro do Flash. Uma fonte que nos agradou foi a Unibody,

de cada núcleo da Família.

uma família de cinco fontes, distribuída gratuitamente pela type foundry Underware (www.underware.nl). Wd :: Em relação à atualização do site, de que forma vocês planejaram a inserção de novos conteúdos? Felipe :: Desde o início do projeto utilizamos o XML

Agora, pensando que o site é o canal responsável por isso, ele acabou sendo um bom portfólio para conquistarmos alguns clientes de nossa área de atuação. Wd :: Quais são os projetos futuros da Família Design?

como base para armazenar quase todos os dados com ur-

Felipe :: Os projetos futuros são, na verdade, a vontade

gência de atualização. A administração desse conteúdo era

atual de conquistar nosso mercado e mostrar que realmente

realizada diretamente nos arquivos XML. Pouco depois,

acreditamos no papel do design dentro de um projeto.

fizemos nosso gerenciador de conteúdo em PHP, que atu-

“O site foi, com certeza, de extrema importância para divulgar os trabalhos de tantas áreas do design que exercemos”

Não temos a ambição de tornar a Família Design numa mega agência ou empresa, mas sim aos poucos agregar novos profissionais que entendam nossa linha de trabalho e filosofia de vida. Atualmente, temos familiares espalhados por alguns continentes. Mas isso não é um empecilho, ainda mais na era digital onde nos encontramos atualmente.



56 :: tecnologia na web

Tecnologia na web 3D: o design além da altura e da largura A necessidade de criar ambientes cada vez mais interati-

rá mais tempo. Não podemos anular o fato de encaixar mais

vos, e que permitam uma experiência completa do usuário, vem

um passo no processo de desenvolvimento, principalmente

aproximando o design digital do universo tridimensional.

quando se decide usar vídeos que geralmente consomem

O melhor exemplo destas transformações está presen-

um bom tempo de renderização e tratamento. O bom é

te no Second Life, um ambiente 3D que permite ao usuário

que, hoje, quando pensamos em 3D para web, não somos

criar uma vida paralela através da utilização de personagens

obrigados a pensar somente em filmes dentro do Flash

e objetos concebidos em três dimensões (altura, largura e

para ilustrar um cenário ou coisa parecida, já existem ferra-

profundidade).

mentas capazes de renderizar um plano em profundidade,

Dessa forma, os profissionais envolvidos com o design

com movimentação de câmeras e objetos 3D em tempo

para mídias interativas se deparam com um segmento que

de execução pelo Flash, sem engolir o processamento da

promete trazer oportunidades na criação e no desenvolvi-

máquina do usuário. A compensação é que, de fato, o re-

mento de novos projetos.

sultado final enche os olhos”, complementa Ludmilla Rossi,

Desafios envolvendo projetos 3D Se por um lado à evolução da internet aponta para a tendência no uso de elementos tridimensionais, de outro devemos

diretora geral da Mkt Virtual (www.mktvirtual.com.br). Existe um perfil de projeto para uso do 3D? A resposta entre os especialistas é uníssona: não existe

analisar o contexto para a sua efetiva utilização. Segundo os

um perfil específico. “Qualquer projeto web pode começar a

especialistas, atualmente existem alguns desafios para a sua

enxergar a alternativa 3D. É a velha história de uma sacada ge-

implementação.

nial, independente do projeto, público, objetivo ou quantidade

O primeiro deles seria a capacidade de conexão no

de elementos produzidos em 3D”, diz Ludmilla.

país. “Apesar de o Brasil ser o primeiro em tempo de nave-

No entanto, dois segmentos de mercado parecem ter

gação na internet, a maioria das conexões ainda é discada.

saído na frente e vêm utilizando com eficiência os benefícios

Então, quando criamos um site ou uma campanha on-line

oferecidos pelo 3D na web. “Um deles é o imobiliário, por suas

em 3D, precisamos nos preocupar muito com o peso e o

necessidades de simulação e hiper-realismo, para impressionar

processamento”, ressalta Sandro Rosa, diretor de arte na

o cliente e o ajudar na hora de decidir uma compra de aparta-

AgênciaClick (www.agenciaclick.com.br).

mento ou casa que ainda está apenas na planta baixa. O outro

Outro desafio envolve o prazo para a realização deste tipo

é o automobilístico. Esse segmento descobriu no 3D uma for-

de projeto. “Por um conhecimento ainda pequeno dos clientes

ma econômica e eficiente de entregar uma experiência muito

(eles ainda não estão acostumados com toda essa evolução di-

próxima da realidade ao consumidor. Os sites das montadoras

gital), os prazos para criação são muito pequenos. Esse conhe-

são hoje verdadeiros advergames, mais parecem games saídos

cimento ainda pouco profundo também se reflete no próprio

de consoles de última geração”, destaca Sandro.

andamento do projeto. Não são raros os pedidos de alteração

Modelagem em projetos 3D

quando já estamos próximos da entrega final. Uma alteração,

Assim como outras técnicas, não existe uma regra rígida

nessa fase, pode representar um retrabalho quase completo,

que determine as etapas de modelagem de ambientes tridi-

radical, praticamente um novo job”, afirma Sandro.

mensionais. Assim, a experiência dos profissionais aponta que

“Além dos desafios ‘standard’ - peso, processamento e acessibilidade - um projeto web 3D fatalmente demanda-

a prática é a melhor maneira de se determinar os rumos a serem tomados.


tecnologia na web :: 57

nível médio

No cotidiano de Sandro Rosa, a pesquisa aparece como

A troca de idéias com outros profissionais da área refor-

um ótimo exercício. “Esta é a principal etapa para se obter

çou tal idéia na caminhada de Ludmilla Rossi. “Já ouvi opiniões

um grande resultado no seu projeto 3D. Antes de começar,

de diversos artistas a respeito de suas etapas na criação, e isso

pesquise muito para saber dirigir exatamente o caminho do

me parece muito pessoal à medida que se ganha intimidade

seu projeto, se ele vai ter uma característica de cartoon ou de

com trabalhos desse tipo. No último projeto que desenvolve-

hiper-realismo, qual vai ser a atmosfera da cena, o que você

mos, havia uma cidade que era o cenário fixo do site. Come-

vai usar como textura em uma parede ou em um chão. Quando

çamos com um bom lápis e papel, desenhando os elementos

estiver com todo esse material definido, comece os primeiros

de uma maneira genérica, apenas para servir de marcação.

roughs de arquitetura do cenário, estudos para saber qual a

Depois disso, fizemos uma coleção de imagens, que serviriam

maneira mais fácil de modelar um personagem ou produto.

de referência. Aí sim partimos para modelagem. Depois de

Depois de tudo modelado, vêm as aplicações das texturas e

todos os elementos modelados e animados, fomos para uma

das luzes. Um projeto nunca é finalizado somente no 3D. De-

bateria de testes de renderização e, quando estávamos satis-

pois que você fez tudo isso, é a hora de fazer a pós-produção

feitos, fizemos uma breve pós-produção, que se resumiu em

no Photoshop ou no After Effects. Essas duas ferramentas são

melhorar o contraste, as cores e os outros detalhes do vídeo já

muito importantes para se obter o melhor resultado final”.

renderizado. Mas isso realmente não é uma regra”.


58 :: tecnologia na web

Saiba mais - 3Donline (www.3donline.com.br) - CGSociety (www.cgsociety.org) - Evermotion (www.evermotion.org) - Papervision 3D (http://blog.papervision3d.org) - Três D1 (www.tresd1.com.br) Fontes: Ludmilla Rossi e Sandro Rosa

Requisitos necessários para se trabalhar com 3D na web

com uso de algumas estruturas, é possível renderizar objetos

Noções de geometria e programação. Para quem pre-

complexos direto do Flash em tempo de execução. Em um

tende meter a mão na massa, estes serão alguns dos conhe-

dos últimos updates do FlashPlayer, a Adobe melhorou a sua-

cimentos necessários para a criação e o desenvolvimento de

vização de texturas e bordas rígidas, garantindo ainda mais a

projetos tridimensionais.

qualidade final do 3D direto no stage”, relata Ludmilla.

“É necessário ter o domínio de uma ferramenta de pro-

“O profissional precisa ter uma noção de programação.

dução 3D, bastante estudo sobre otimização de polígonos,

Isso vai ajudar muito na hora de montar um site. Recomendo o

textura e tudo que puder ser otimizado. O Flash, sem dúvi-

trabalho em conjunto com as pessoas envolvidas diretamente

das, é também a melhor ferramenta, pois além de garantir

com tecnologia. Também é necessário um conhecimento bási-

a compatibilidade nos browsers, dá um ótimo suporte para

co de geometria espacial e artes plásticas. Não é só um bom

trabalhar com vídeos. Também existe uma imensa comunidade

software que vai resolver seu problema com o 3D na web.

de desenvolvedores empenhados em criar novidades para tra-

O 3D é só uma ferramenta para dar vida à sua criatividade”,

balhar com perspectiva de shapes e imagens (www.flashsandy.

finaliza Sandro.

org), que garantem uma ótima simulação 3D. Sem contar que,

Aplicando 3D na web - Get the Glass (www.gettheglass.com) - Audi A5 (www.rhythmoflines.co.uk)

“Mostrou todo o potencial

“Usa uma engine de ren-

de envolvimento de um ar-

der em tempo real com

quivo em 3D, seu recurso

movimentação de câme-

incrível de criar entrete-

ras sobre vetores com in-

nimento, levando o con-

teração de áudio e tecla-

s u m i d o r p a r a d e n t ro d a

do.” (Ludmilla Rossi)

cena. Foi uma combinação perfeita de branding com diversão. Vide making of: www. h4che.com/milk.” (Sandro Rosa)

- Audi R8 (www.audi.com/r8) “Foi inteiramente criado em 3D, com efeitos

- Stella Artois (www.ledefi-stellaartois.com)

produzidos no veículo

“Vídeos são disparados para

praticamente impossí-

interação com o mouse e

veis de serem alcança-

troca de seção. São apenas

dos na vida real, mesmo

vídeos bem resolvidos para

em grandes produções.

criar a sensação de nave-

E esses recursos foram obtidos com uma estrutura relati-

gação em profundidade.”

vamente pequena, se comparada com a de uma produção

(Ludmilla Rossi)

cinematográfica.” (Sandro Rosa)


tutorial :: 59


60 :: especial - FIND

Rio de Janeiro reúne os grandes nomes do mercado interativo As características que marcam boas campanhas inte-

A expectativa é grande, principalmente quando

rativas, o perfil do profissional criativo, a importância de

conhecemos o quarteto de palestrantes internacionais

trabalhos experimentais, os rumos do mercado de design,

confirmados no evento. São eles: Ale Paul, um dos fun-

os detalhes envolvendo o uso da tipografia na web e a uti-

dadores do projeto Sudtipos.com (www.sudtipos.com),

lização de projetos virais como estratégia de branding.

primeiro coletivo de type foundry da Argentina; Jeff

Certamente, os temas acima servem como estímulo

Benjamin, diretor de criação da Crispin Porter + Bogusky

para debates acalorados e estão entre os principais

(www.cpbgroup.com); Joel Baumann, um dos fundadores

aspectos necessários para uma boa atuação no mercado.

da Tomato Interactive (http://www.tomato.co.uk) e pro-

Assim, quem deseja aprofundar seus conhecimentos, o

fessor de Novas Mídias da universidade de artes e design

mês de outubro reserva uma data especial. Isso porque,

em Kassel (Alemanha); e Andy Sandoz, ex-diretor de cria-

no dia 25, acontece a segunda edição do FIND (Fórum

ção da AgencyRepublic.com e co-fundador da Work-Club

Internacional de Design e Tecnologia Digital - www.

(www.work-club.com).

ar te c c om.c o m.br /find), que será rea liz a do no H o t e l Glória, no Rio de Janeiro.

A seguir, confira um aperitivo dos principais temas que serão apresentados durante as palestras destes profissionais.


especial - FIND :: 61

"Onde as coisas podem ser s i m p l e s , e l a s d e v e m s e r. É sempre a melhor escolha" (Joel Baumann)

Aspectos envolvendo campanhas interativas Quais fatores definiriam uma boa campanha interativa? Para Joel Baumann, talvez não exista uma resposta para esta pergunta, pois a experiência de um projeto é sempre subjetiva. “Tenho aprendido a avaliar a questão da simplicidade nos projetos. Isso não significa que uma programação complexa não deva ser usada, mas onde as coisas podem ser simples, elas devem ser. É sempre a melhor escolha”.

Tipografia na Era Digital

Pensando nisso, o professor destaca a importância de

Assim como em outras áreas do conhecimento humano,

se considerar o contexto durante o processo de criação.

o surgimento da internet trouxe uma série de transformações

“Sempre sou surpreendido por projetos que combinam per-

para quem atua no segmento de tipografia. Segundo Ale Paul,

feitamente o tempo e o espaço no qual eles estão sendo

tais mudanças foram, ao mesmo tempo, boas e ruins.

apresentados. O contexto é, provavelmente, a considera-

“Com a internet, surgiram milhares de pessoas que

ção mais importante em um mundo onde tanto pode ser

repentinamente passaram a se intitular como designers,

feito, dito e apresentado com um mínimo de esforço ou

porém sem ter as credenciais, a educação ou a experiência

conhecimento prévio. Por que este artista me apresentou

necessária. Por isso, vemos muitos projetos de qualidade

este projeto aqui e agora? Por que estou consumindo isto?

duvidosa e aplicação tipográfica pior ainda. Esta é a má no-

Essas são as perguntas que se estabelecem em relação ao

tícia. Por outro lado, a internet é a única mídia que conecta

tempo e ao espaço”.

designers e educadores em um nível global, atuando em

Outro detalhe importante envolve a combinação do

um mesmo campo. Assim, designers e tipógrafos podem

design e da publicidade em campanhas interativas. “Atual-

trocar conhecimentos, e este aprendizado eventualmente

mente, o limite entre a publicidade e o design é artificial. A

encontrará seu caminho em escolas de design, além de

melhor solução é empregar profissionais que possam atuar

influenciar as futuras gerações do segmento”, afirma.

de forma brilhante nas duas áreas. Um bom designer é uma

Outro aspecto comentado por Paul envolve a análise

pessoa com idéias fantásticas. Isso não quer dizer que não

do contexto no uso de fontes com ou sem serifa na web. “A

há nenhum mérito na especialização, porém o futuro da pu-

internet é uma mídia dos anos 90, a década no qual tivemos

blicidade em um espaço interativo exige muito mais do que

dois movimentos opostos no design, acontecendo ao mes-

apenas uma idéia brilhante, exige uma excelente execução

mo tempo: de um lado, o experimentalismo, que negava a

e habilidades para seu cumprimento. Nesta discussão, não

função em benefício da forma; de outro, a obsessão pela

podemos nos esquecer da tecnologia. O diretor de criação

simplicidade, negando qualquer estilo ornamental. A família

do futuro terá que ter, definitivamente, um conhecimento

sans serif parece ter sido bem aceita por ambas as escolas,

prévio sobre tecnologia. Assim, designers e publicitários do

com as serifas sendo mais utilizadas pela escola do descons-

mercado atual precisam evoluir em relação a esta questão

trutivismo e experimentalismo, tanto que alguns designers

também”, destaca Andy Sandoz.

simplesmente passaram a desconstruir algumas fontes serifadas, criando algumas semi-serifadas monstros só para

O sucesso das campanhas virais

ver o que podiam fazer com elas. No final da década, quan-

Impossível de falar em marketing viral e não citar a

do o grunge e o experimentalismo parecem ter morrido, a

famosa campanha “Subservient Chicken” (www.subser-

família sans serif foi a vencedora desta guerra particular e

vientchicken.com), criada em 2004 pela agência americana

continua forte até os dias atuais. Assim, podemos dizer que,

Crispin Porter + Bogusky, envolvendo o lançamento de um

atualmente, a sans serif é a mais comum na web e no design

novo sanduíche pela rede de alimentos Burger King.

interativo. Talvez esse cenário possa mudar no futuro com o

Nela, o usuário era instigado a acessar um site no qual

avanço das tecnologias de monitores, mas, neste momento,

um sujeito vestido de frango executava alguns comandos

a sans serif é quem domina”.


62 :: especial - FIND

digitados pelo próprio usuário. Resultado? O projeto se

vezes campanhas virais falham, porque exigem demais dos

tornou um sucesso mundial (contando com a participação

consumidores”, diz.

de mais de 14 milhões de usuários) e virou referência em

Visão sobre o mercado brasileiro Para quem ainda tem dúvidas sobre o conceito do

termos de campanhas virais na web. “Não acho que seja possível dizer quando estamos

mercado interativo brasileiro em terras estrangeiras,

diante de um projeto fenomenal. Sabíamos que a campa-

o depoimento de Jeff Benjamin serve para mostrar o

nha era boa, mas não pensamos que se espalharia assim

reconhecimento de nosso talento e da qualidade de

rapidamente ou que fosse possível uma propaganda gerar

nossos projetos.

tanto tráfego assim”, revela Jeff Benjamim.

“Recentemente, começamos a trabalhar com a Grafi-

Diante da experiência, podemos afirmar então que o

konstruct (www.grafikonstruct.com.br). A experiência tem

atual conceito de participação ativa dos usuários na evolu-

sido bem válida e pretendemos fazer mais trabalhos com

ção de um ambiente digital explicaria o crescimento no in-

agências brasileiras. Uma das coisas que espero aprender

vestimento em campanhas virais? “Geralmente, o sucesso

com esta viagem é saber de onde surge tanto talento e pai-

de uma campanha viral depende da participação do consu-

xão pelo mercado interativo no Brasil. Quando você dá um

midor para crescer e se espalhar. Isso pode ser um grande

passo para trás e analisa os trabalhos interativos realizados

risco para uma estratégia de branding, pois não há garantia

na última década, certamente o Brasil tem dominado este

da participação do consumidor. Assim, penso que muitas

segmento com idéias brilhantes”, finaliza.

Projeto Magê-Malien Faça parte deste projeto! O Magê-Malien destina-se a buscar, através da prática da Capoeira, a realização de sonhos, idéias e expressões do indivíduo. É destinado aos grupos menos favorecidos: população carente, jovens de rua, infratores, abandonados, entre outros.

Magê-Malien - Crianças que Brilham Faça parte você também deste projeto. Para doação de alimento, entre em contato: arteccom@arteccom.com.br Informações: www.arteccom.com.br/ong



64 :: mundo digital

Gil Giardelli Designer Industrial, formado pela Universidade Mackenzie, com especialização concluída na King’s College de Londres. VP da Adrenax Venture Capital e Sócio- Fundador da Permission Inteligência Digital. gilgiardelli@permission.com.br

Nós somos a ÁRVORE, a Web 2.0 é apenas o FRUTO Ei, você! Sim, você mesmo. Você que está lendo essas linhas! Reconheci você! Eu não te vi na capa da Revista TIME? Você não foi eleito a personalidade do ano em 2006? Junto com todos os seres humanos que contribuem com conteúdo digital? Ah, lembro de você! Você não ajudou a fundar a “Associação aberta de contadores de histórias na internet”? Encontrei você no “Sindicato mundial de jornalistas amadores” ou no “Conselho universal de repórteres nas horas vagas”? Você não é sócio benemérito do “Conselho dos desesperados por só um pouquinho de fama”? Sim, já li seu Blog, vi suas fotos no Flickr, te vi na Second Life, compartilhei arquivos com você no My Space! Você também está sofrendo de virtualização e tribalização? Você já passou horas em uma vida paralela em um jogo digital, visitando uma praia de Hedonismo no Caribe? Ou usou um nickname diferente em alguma comunidade digital? Bem-vindo à web 2.0! Acabou a Era da Informação, seja bem-vindo a Era da Participação. Ou se preferir, você pode falar que é da “Geração C - A geração do conteúdo, comunidade, colaboração nunca visto.” Simplificando é a “Era de todo mundo para todo mundo”. A web 2.0 não é tecnologia. Um internauta não usa mais do que 4% ou 5% do potencial de seu desktop, mesmo trabalhando nele dez horas por dia. Antes, o grande dilema era o que a tecnologia poderia fazer pelas pessoas? Agora, mudamos as perguntas: o que as pessoas podem fazer pela tecnologia? A web 2.0 é quebra de paradigmas, é o manifesto contra a proliferação da mesmice. Nós, a platéia, nos tornamos os protagonistas do Mundo.com. É o fim da Era da produção em massa e o início da Era da inovação em massa. Não se cria para pessoas e sim com as pessoas. Antes nosso lema era conectar pessoas, agora é fazê-las participarem. A web 2.0 é apenas o fruto. Nós somos a árvore. E, como todas as árvores e as convenções da vã filosofia humana, tem coisas boas e tem coisas ruins. Tem pedofilia, apologia ao crime e racismo. O mundo.com é o espelho do nosso mundo real. Deixe-nos postar conteúdo, fotos, artigos, opiniões! Nós queremos ser voluntários para este novo e intrigante mundo. É uma grande festa, as cores oficiais são laranja, verde berrante e roxo. O lema “Menos é mais, mantenha isso simples” nunca foi tão atual. No início do ano, em São Paulo, aconteceu a enriquecedora e inquietante “1ª Conferência Web 2.0” Um dos palestrantes disse que deveríamos tomar cuidado em usar o termo Web 2.0, porque o consumidor não sabe ainda o que é isso. E quem disse que eles precisam saber? Os internautas desejam apenas se conectar, colaborar e participar. Para o usuário médio, a internet vai ser sempre a mesma. Em outra apresentação, um especialista em pesquisa afirmou que infelizmente a internet não tem pessoas suficientes conectadas para gerar uma revolução. Discordo! Porque o instituto de pesquisa dele mensura apenas os internautas residenciais. E todos sabem que a maior conexão está nos ambientes corporativos. Além disso, eles não mensuram os cibercafés utilizados diariamente por centenas de


mundo digital :: 65

“Não se cria para pessoas e sim com as pessoas. Antes nosso lema era conectar pessoas, agora é fazê-las participarem”

garotos do Jardim Ângela (um dos bairros mais pobres e violentos da periferia paulistana). E o fenômeno dos computadores populares do Baú da Felicidade, os PC talebans da Santa Efigênia ou a favela com um terço da comunidade utilizando o serviço comunitário de banda larga. Ué, esqueceram de contabilizar? Será que o número de internautas no Brasil são os mesmos que possuem cartão de crédito, carro, geladeira e TV? Outro ponto importante da conferência foi o número de perguntas sobre o medo de perder o controle sobre a informação. A profecia já se realizou, esqueça! Perdemos o controle, não dá para agradar gregos, troianos e baianos. Alguém vai falar mal da sua marca. Temos que ser audaciosos e vanguardistas. Sem audácia, o YouTube nunca existiria, a Blogosfera seria um sonho, o iPod um devaneio. E você acha que tudo isso é uma brincadeira? Os frutos estão caindo da árvore. A audiência de todas as TVs juntas nos EUA não superou a audiência do YouTube em janeiro de 2007. A internet é apenas uma garota de 11 anos antenada, democrática e desinibida que ganhou um novo apelido “web 2.0”, quem sabe amanhã algum engraçadinho lance o apelido “Web Whatever”.


66 :: internacional

Julius Wiedemann Nasceu e cresceu no Brasil, onde estudou Design e Marketing (sem terminar) até que teve a oportunidade de ir para o Japão. Trabalhou como designer de revistas e jornais até se tornar editor de arte (e posteriormente editor) de uma editora japonesa. Em 2001, a editora alemã TASCHEN (www. taschen.com) o contratou para ser o editor responsável pelas áreas de design e pop culture. Por lá, desenvolve o programa de títulos nas áreas de propaganda, graphic design, web, animação etc. J.Wiedemann@taschen.com

O futuro e a febre do user generated content A web, principalmente por ser nova, mas por também estarmos caminhando cada vez para um ritmo mais frenético, tem sempre fases que me parecem com tijolos que estamos pondo um sobre o outro. O mais difícil para qualquer pessoa nessa área é vislumbrar como vai ficar a casa, em algum momento, já que “o final” sabemos que não vamos ter mesmo. É um contínuo work in progress. Cada uma dessas fases também é uma febre, por onde se define todo o futuro não só da internet, mas muitas vezes de todo o planeta. Já tivemos as febres do hipertext, dos search engines, do e-commerce, do social networking - que está a pleno vapor, mas não é mais a bola da vez - e, no momento, só falamos em User Generated Content (UGC). Primeiro de tudo isso não é novo e o que faz agora a grande diferença é a capacidade de distribuição que a tecnologia permite. Câmeras de filmar e câmeras digitais com capacidade para filme e fotos já estão no mercado em torno de uma década. Texto nem se fala, ainda mais alternativo ao que seria comercial ou “mainstream”. No século XIX, já existiam jornais alternativos que publicavam poesia experimental e que, com certeza, não pagavam pelo conteúdo. Mas não precisamos ir longe. As redes americanas de TV sempre foram famosas por pagar milhares de dólares por fitas de flagrantes filmadas por amadores. Os meios de distribuição mudaram o contexto. Agora, cada um pode montar a sua própria TV, e isso é o que mais assusta as grandes emissoras do mundo inteiro. Os papéis se inverteram e até o Tony Blair (que acabou de deixar o governo para a entrada de Gordon Brown) tinha seu próprio canal de TV no YouTube. A vida dá mesmo voltas. As redes de televisão também estão usando essa fome, que cada um tem crescendo dentro de si, por publicar para conseguir muito conteúdo de graça. Recentemente, nas enchentes no Reino Unido, o canal de notícias da BBC ficou horas mostrando apenas imagens mandadas pela população local, e justificavam que a situação era muito grave e que cinegrafistas não podiam chegar ao local (algo plenamente entendível). Um e-mail era constantemente mostrado e anunciado como o endereço para onde podiam ser mandadas imagens. “Inteligente” e barato ainda por cima. Sem contar com o atentado em Nova Iorque e Londres, onde uma quantidade absurda de conteúdo foi despejada na web nas horas e dias seguintes aos eventos. Mas existe uma questão em tudo isso que me faz pensar nas várias vertentes dessa revolução. Virou um grande barato se falar nos jovens e no futuro da moçada de 15 anos. Mas quem tem hoje 50 anos, e vai viver mais 30 (e as expectativas de vida só sobem), é quem vai alimentar os bolsos nos negócios por um bom tempo mais. A parcela mais jovem tem a grande função de gerar hits (que viraram a grande neurose dos websites, que são simplesmente o equivalente com circulação em mídias impressas ou audiência em televisão e rádio). A grande vantagem dos sites de vídeos é a ausência de grade de programa e o fato de se poder montar uma própria, mais dinâmica, com recomendações, tags etc. Essa grade agora parece ter pulado para o lado do usuário, para que a nossa escolha possa ser resolvida de maneira mais fácil, que é o que antes só a TV fazia para gente. Quem pagava esse custo era geralmente o anunciante (temos que incluir TV a cabo no cálculo). Não me parece que esteja tudo resolvido com a questão da TV.


internacional :: 67

“Estamos num momento de pluralidade de meios e estou convencido de que os vencedores são aqueles que os combinarem melhor para oferecer algo de valor”

Os digital immigrants, que estão se formando e são o futuro dos próximos 30 a 40 anos, mal são comentados dentro do contexto. Nesse aspecto, acho que as empresas estão esquecendo o grande mercado que existe e está emergindo, até com números sustentados pela ONU. As novas gerações vão conviver com um novo fenômeno que está sendo chamado de choiche fatigue, ou fadiga de escolha. Temos muitas opções. Muitas mesmo. Esse tema está surgindo com bastante força, inclusive nos meios acadêmicos. Outro tema é a velocidade de adoção de tecnologia e o curso de adoção que se desenvolveu nas últimas décadas. Segundo Ana Medeiros, que faz seu PhD na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, as faixas mais avançadas em idade necessitam de mais tempo para aprender, devido ao que se chama de inteligência fluida e inteligência cristalizada. E, segundo a mesma, que faz parte do Engineering Design Center da instituição, está começando a surgir uma grande preocupação com a ausência de interfaces viáveis para os idosos. A preocupação com a parcela mais jovem também não deixa de ser legítima. Afinal, a circulação dos meios impressos (pagos) está reduzindo gradativamente, porém impressos de graça estão aumentando dois dígitos em circulação por ano. Na minha opinião, a guerra ainda vai virar de credibilidade e confiabilidade. E nisso, os dois lados - tanto das grandes emissoras quanto do UGC - ainda têm um histórico bastante duvidoso. Um tem um lado que todos sabem tender não para a qualidade “intelectual”, e sim só para o comercial (variando mais de país para país), e o outro tem interesse basicamente pessoal, ou mesmo quando coletivo, a qualidade ainda é muito baixa. A disputa está aberta e as conseqüências serão várias, e algumas já bastante visíveis, como a disponibilização de mais ferramentas de customização para os usuários, disponibilização de conteúdo de forma mais flexível (como para celulares, consoles etc.), muitos downloads etc. Mas o sistema não vai ser definido apenas pelo lado on-line. Já foi anunciado na mídia que a Apple estaria negociando com produtoras para começar a prover DVDs para aluguel (sistema criado pela Netfix, nos EUA), um negócio que mistura on e off-line. A grande vantagem das grandes distribuidoras está na qualidade superior de boa parte do catálogo que eles administram. Então, ao meu ver, não existe tanto motivo para o pânico geral. Estamos num momento de pluralidade de meios e estou convencido de que os vencedores são aqueles que os combinarem melhor para oferecer algo de valor. As pessoas estão consumindo cada vez mais para ouvir opinião e não para ficar sem elas. Por isso, as marcas de notícias ainda são importantes. O modelo de distribuição pode mudar e uma parte do bolo pode virar UGC, mas a credibilidade vai ressurgir como um divisor de mercados. Ela está presente de várias maneiras, seja através de pessoas ou instituições. Os ícones de credibilidade vão continuar surgindo e quem estiver fazendo um trabalho sério vai sempre ganhar terreno. Para o consumidor, é bom ter bastante o suficiente para estar satisfeito. Não é de hoje que existe o ditado less is more.


68 :: marketing

René de Paula Jr. Doula sênior de projetos interativos. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina. com”, portal focado no mundo on-line, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com

Papo Sério: tenha papo Desculpe, mas desta vez não tem conversa. Não tem acordo agora: ou você conversa... Ou fim de papo. Ponto. Ok, eu não costumo ser tão incisivo, eu sei. Mas o assunto é sério: ou você tem assunto, ou já era. Para começar a conversa, então: qual foi a última vez que você leu algo que não tinha a ver com a tua especialidade? Se você for desenvolvedor, por exemplo, qual foi o último livro/artigo/ blog de design que você leu? Se você for designer, quais sites de e-business você acompanha? E quem aí sabe me dizer o que é CRM? Well, a sorte é que isso aqui é um artigo impresso e eu não preciso ver a cara de paisagem de ninguém, e todo mundo pode gaguejar sem medo de pagar mico. Outra vantagem de você estar me lendo, ao invés de estarmos conversando, é que você tem tempo de sair correndo e começar a fazer a lição de casa atrasada :) Muita gente há de dizer: eu não tenho tempo pra isso! E é aí que mora o problema: é muita gente. O mercado tem muita gente parecida, muita gente com formação similar e, o que é pior, muita gente mais barata que você. Isso se chama comoditização do mercado: profissionais de web se tornaram commodity (corra pra Wikipédia, ainda dá tempo). Se tem tanta gente como você aí fora (e com a história de trabalho remoto “fora” quer dizer o planeta inteiro), por que um cliente ou empresa vai escolher você? Minha dica: invista no seu papo. Outro dia reencontrei um velho colega de ofício, não o via fazia uns cinco ou seis anos. Ele estava bem diferente, e pra melhor: tinha abandonado o look “não-olhe-pra-mim-sou-um-técnico” por um visual mais moderno, estiloso. Conversa vai, conversa vem ele me contou de uns projetos em andamento, de umas idéias, e fiquei fascinado: grandes sacadas de CRM (corra pra Wikipédia!), consumer engagement (voa!) e brand experience (Google já!)... Eu o cumprimentei pela sofisticação e abrangência das idéias, e ele me disse: não tem jeito, ou você fala a língua do cliente e vive antenado com todas as tendências, ou você cai na vala comum dos fornecedores arroz-com-feijão. Quod eram demonstratum... (dictionary.com já!) Tem outra boníssima razão para você expandir teus horizontes: foi-se o tempo em que empresas podiam bancar full-time um planejador, um arquiteto de informação, um gerente de projetos, um designer, um redator, um programador front-end e um desenvolvedor back-end. Foi-se o tempo. Em qualquer lugar (e isso vale para o não-digimundo também), a palavra de ordem é enxugar, enxugar, e de tanto enxugar os que sobram têm que suar em dobro a camisa, absorvendo funções que não eram suas. Nesse cenário difícil, polivalência e versatilidade fazem toda a diferença. Se você acha, porém, que ninguém vai trocar você por um outro mais barato, tenho uma notícia boa e uma ruim. A boa primeiro: não vão contratar seu concorrente mais baratinho. A ruim: não vão contratar você tampouco, e a vaga vai ficar em aberto por séculos esperando alguém à altura. Digo isso por experiência própria: inúmeras vezes abri oportunidades de trabalho bacanas, mas tive muita dificuldade em encontrar gente acima da média. Quando por fim encontrei candi-


marketing :: 69

“Para começar a conversa, então: qual foi a última vez que você leu algo que não tinha a ver com a tua especialidade?”

datos bem preparados, fiz questão de elogiá-los pelo esforço e garra e pelo investimento na sua competência. E aí eu me pergunto: qual a dificuldade em dar um passo além da média? Se fosse há vinte anos daria pra dizer: nem todos têm acesso a livros, revistas e bibliotecas. Hoje não dá mais não: todo mundo passa o dia todo diante de uma janelinha miraculosa que vai do MIT ao Louvre passando pela revista Wired em... Um clique. Falta de tempo? C’mon... Quanto tempo é gasto a cada semana nos orkuts da vida, ou jogando Playstation? Quantas madrugadas são passadas teclando no Messenger? Nem dá mais pra por a culpa na TV e nos couch potatoes preguicentos: hoje desperdiçamos tempo de maneira sistemática e bastante ativa, tempo que poderia ser aproveitado de uma maneira mais... Proveitosa. Se pra você tempo ainda não parece uma mercadoria escassa, pense em dinheiro: a grana que sobra depois de pagar as contas... O que você faz com ela? Torra sistematicamente na lanchonete da esquina? Duvido. Espero que não, aliás. Dez reais por dia são R$ 3.650,00 em um ano, o que dá pra comprar um belo laptop. Ou 365 milkshakes, se você preferir. Pense agora na tua semana: não daria pra dedicar meia hora de manhã à leitura de coisas novas? Ou aproveitar o trânsito para ouvir podcasts? Ou participar de listas de discussão diferentes? Acho que dá. Algum concorrente teu certamente concorda comigo. Você já deu um bom passo, aliás: está lendo esta revista :) Como diria nosso ministro Gil, se oriente, rapaz, pela constatação de que a aranha vive do que tece (corra pro Google, a canção se chama “Oriente”). E estamos conversados.


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Paulo Rodrigo Teixeira Especialista em marketing na internet. É professor de pós-graduação e escreve para o blog Marketing de Busca (www.marketingdebusca.com.br). Tem também um blog pessoal (www.webpaulo.com). webpaulo@yahoo.com.br

Estou em primeiro! Em que mesmo? Depois do artigo sobre como ser indexado pelo Google, publicado na edição de abril de 2007, é preciso abordar uma dúvida comum (de nove entre 10 pessoas) sobre SEO: como apareço em primeiro no Google. Antes de ensaiar uma resposta, vamos deixar claro que ninguém tem como garantir a primeira posição ou qualquer outra que seja. Nem mesmo quem trabalha no Google pode garantir. Do dia para a noite, as posições podem mudar devido a novos links apontando para estas páginas, o texto contido nestes novos links ou novas regras de posicionamento que são mudadas constantemente. Os sites de busca estão sempre tentando melhorar seus algoritmos para determinar o posicionamento e isto impacta nos resultados. Talvez você já tenha visto empresas e consultores que garantem o seu site na primeira posição ou na primeira página de resultados. Nada contra isto, mas pode ter uma armadilha nesta oferta. Uma é que eles compram links patrocinados, que é diferente dos resultados naturais e lá está a promessa cumprida. Claro que quando o dinheiro investido acaba, some o link. A outra estratégia é criar um texto que seja praticamente único e sem concorrência e mostrar que ele está bem posicionado. O inconveniente é que este termo pode não ser muito procurado por pessoas e com tão pouca procura, a ação acaba não compensando. Por isso, a escolha das palavras-chave é muito importante. Ela é a base do marketing de busca, pois serve tanto para o SEO como para os links patrocinados. O termo palavra-chave está relacionado ao conteúdo que um usuário busca em um site de busca. Tecnicamente, o termo buscado é a query. Dependendo da palavra-chave buscada, diferentes páginas são retornadas. Quanto mais palavras forem utilizadas, mas refi nada será a busca. As palavras-chave podem ser compostas por mais de uma palavra como “ração para cães”. Palavras simples são mais competitivas para posicionamento, enquanto termos com mais de uma palavra tendem a ser mais fáceis de posicionamento. Um comportamento comum do usuário é refinar sua busca incluindo palavras que ajudem a eliminar resultados desnecessários e encontrar exatamente o que procura. Então, vamos ver como escolher as palavras-chave. Existem várias formas de selecionar palavras-chave. A primeira é você mesmo pensar em palavras relacionadas ao assunto que você deseja. Se for vender ração para cachorro, estas palavras já podem ser seu ponto de partida. Com isso, você pode começar a pensar em palavras relacionadas ou sinônimos como comida, cão, canina e seus plurais como cães e cachorros. Outra forma de conseguir reunir palavras-chave é perguntar a amigos, colegas de trabalho, fazer um brainstorm, consultar sites de concorrentes e o que você achar melhor. Além disso, você pode contar com ferramentas de palavra-chave. Elas funcionam assim: você coloca uma palavra e elas sugerem palavras relacionadas ou que são procuradas em conjunto com a palavra procurada. Para ver algumas ferramentas de palavra-chave, visite


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“A escolha das palavras-chave é muito importante. Ela é a base do marketing de busca, pois serve tanto para o SEO como para os links patrocinados”

www.marketingdebusca.com.br/ferramentas, teste algumas e veja a que te serve melhor. Agora, a sua lista de palavras-chave deve estar bem grande. Você então precisará definir quais serão as mais importantes. Isso significa as palavras que podem dar maior retorno para você. Palavras com bastante procura podem resultar em mais acessos e mais fechamentos de vendas. O Google Trends pode te ajudar com isto. Nele, você pode comparar diversos termos diferentes e ver qual é a procura por eles. Basta separar os termos por vírgula. Se você está testando a procura por ração para cão, você pode comparar este termo com ração canina, comida para cães ou ração para cachorro. O termo que tem o maior gráfico é o que é mais procurado pelas pessoas. Agora, cuidado ao interpretar os resultados. Existem palavras que podem ser procuradas de mais de uma forma como VW e Volkswagen. Existem também palavras que têm mais de um sentido como gol, grêmio ou segurança. Outro detalhe para atentar é que o Google Trends diferencia acentos e plurais, então teste bem suas palavras. Outra dica é testar antes as palavras em uma ação de links patrocinados. Conforme você vai acompanhando uma campanha, você percebe a quantidade de buscas pelos termos, quais são os mais clicados. Normalmente, uma campanha de links patrocinados não é cara e compensa seu uso em conjunto com SEO. Nele, você foca as palavras-chave mais importantes e as com menor importância usa com links patrocinados. É bom entender que o mais importante não é estar em primeiro, mas sim ser bem posicionado com um texto relevante. Uma prova disso é que nem sempre o link clicado em um link patrocinado é o primeiro resultado e sim o que é mais relevante para a pessoa. Se o título da página for interessante e descritivo, a chance de a pessoa clicar será maior. O próprio Google em links patrocinados coloca links que pagam mais pelo clique depois de links relevantes. Com isso, deu para entender que não vale a pena estar bem posicionado com qualquer palavra-chave como “megalomaníaco vestucio”. Quem faz o profissional é você! Sucesso e até a próxima pessoAll.

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72 :: webdesign

Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/ design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País. luli@luli.com.br

Boa notícia: aumentou o prazo Quanto mais velho eu fico, mais me impressiono com a ansiedade de quem é mais novo. Tudo bem que vivemos sob uma cultura de eficiência forçada, em que ninguém mais estranha quando faixas coladas em postes fazem a propaganda de academias de ginástica (ou pior, cartomantes) prometendo resultados de seus serviços em uma semana ou menos. No que diz respeito à nossa tão desrespeitada profissão, a irrealidade de certas demandas, travestidas de expectativas de carreiras ou promessas de resultados, beira os limites do realismo fantástico, com toques de humor negro. Se essas expectativas viessem só das empresas até que seria compreensível, embora fosse igualmente imperdoável. São tantos os argumentos que muitos os repetem sem ao menos se dar conta se fazem algum sentido. Culpa-se um mercado globalizado e competitivo, clientes cada vez menos fiéis, baixa remuneração, micreiros, prazos, templates, ignorância, concorrência, trapaças, aquecimento global, transgênicos, colesterol, triglicérides e etecéteras. Principalmente etecéteras. O problema se torna mais grave quando as expectativas migram do reino das pessoas jurídicas para o das pessoas físicas. São profissionais que nem deixaram a faculdade e já pensam em montar suas empresas; estagiários com pose de diretores de criação; frilas a reclamar que seus primeiros trabalhos são mal-remunerados; autônomos preocupados em montar uma lista de 20 clientes ou mais; diretores de arte a se queixar que ninguém entende suas propostas; gente com pouco mais de duas décadas de vida a procurar um Doutorado; a profusão de faculdades e MBAs sobre qualquer coisa; a quantidade de portfólios feita com menos de 100 horas de Photoshop nas costas; o mundo de designers que se inscreve em prêmios antes de completar 50 peças no portfólio; a multidão de pessoas inteligentes e saudáveis a se perguntar se já não deveriam saber o que fazer da vida, pois já têm 23 anos... Se você passa perto dessas questões, pense duas vezes. Esqueça seus colegas que se formaram em Economia e estão ganhando uma bolada no mercado de ações e pense que, por mais estranho que pareça hoje em dia, as coisas levam tempo e cada um tem seu ritmo. Não se espera nem se leva a sério um músico ou um piloto com alguns meses de treino. Um esportista de final de semana, mesmo que não seja barrigudo, certamente será um fiasco. Por mais que a autora do Harry Potter diga ter tido a idéia “em um estalo”, é bom destacar que ela escreve histórias desde os seis anos. E é mais velha que eu. Plantas demoram para crescer, bebês demoram para nascer e a gente só bate o carro depois que acha que já aprendeu. Por isso, é bom você se acostumar que a Matrix não existe (por enquanto), nem a possibilidade de se carregar experiências ou habilidades em “tempo real” para a mente de um indivíduo.


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“Esqueça seus colegas que se formaram em Economia e estão ganhando uma bolada no mercado de ações”

Por mais que você tenha razão em achar o mundo de Monges, Executivos e Segredos tosco demais, não espere reconhecimento por isso. Pelo menos, não imediato. Emburrecer, por enquanto, tampouco é uma opção. Ainda bem. No entanto, existe um fator que poucos têm levado em conta, mas que é fundamental: seu prazo foi esticado. Antes de pensar na sua idade, perceba que ninguém mais se aposenta aos 40 anos. Mesmo quem pode, como alguns executivos do vale do Silício, não o faz. Ou volta correndo à ativa, para escapar do tédio. A corrida é longa, quem sai desembestado pode perder o fôlego. Lá por 2035, duvido que alguém se aposente aos 60. Ainda vou estar vivo daqui a 60 anos, e espero estar ativo. Pois se hoje, nesse primitivo e arcaico início do século XXI é bastante normal ver alguém com mais de 70 anos em atividade, como será daqui a meio século? Quando eu tinha 17 anos, meu irmão mais novo me cutucava dizendo que o Pelé, nessa idade, já era campeão mundial. Cada um com seu ritmo, já disse. Se eu sabia disso naquela época? Claaaro que não, eu não fazia a menor idéia do que iria fazer da minha vida e isso me exasperava. Dez anos depois, eu tinha certeza absoluta do que queria fazer. Só que estava completamente errado. Só existe um jeito de se traçar uma rota certa de carreira e vida, e é quando se olha para trás. Mesmo que você faça uma ou outra besteira aqui e ali (eu ainda faço um monte), se o conjunto da obra for bom e se a intenção for sempre melhorar, os resultados acabam por aparecer. Mas eles, como você, também têm seu ritmo, e não há nada que se possa fazer para apressá-los, muito pelo contrário. O máximo que se pode fazer é reconhecê-los e respeitálos, e isso já é uma grande habilidade. Em um mundo de fluidez e fragmentação, a solidez é um valor. Como não se pode esperar que o mundo em volta ofereça estabilidade, é preciso criá-la internamente. Isso se faz com duas palavrinhas, que estão voltando à moda, depois que muita gente quebrou a cara com excesso de velocidade: coerência e consistência. Elas também são as palavras que definem a qualidade do design, qualquer que seja seu suporte. Pode até ser coincidência. Eu não acredito.


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