outubro 2007 :: ano 4 :: nº 46 :: www.revistawebdesign.com.br
C O L E Ç Ã O
E D I T O R A
R$ 9,90 I SSN 1806 - 0099
00046
Ilustração vetorial
1
VOL.
/Stencil
VOL.
Graffiti
colagem
9 771806 009009
VOL.
2 3
Graffiti/ stencil PC ou Mac: profissionais revelam qual é a melhor plataforma para criação na web
Advergames: utilize jogos on-line para aumentar a interatividade entre consumidores e marcas
Tecnologia: saiba como ajustar seu site para melhorar o posicionamento nos sistemas de busca
4 :: quem somos
Editorial Inove, questione, surpreenda
Equipe Direção Geral Adriana Melo
Se por um lado a Colagem, tema da última edição, pode ser contextu-
Direção Executiva
alizada dentro de uma atmosfera romântica, inocente, associada à infância,
Sergio Melo
transmitindo leveza e suavidade, o Grafitti é freqüentemente associado
Direção de Redação
à adrenalina, ao risco, ao protesto e, algumas vezes, discriminadamente,
Luis Rocha Criação, Diagramação e Ilustração
Embora aparentemente sejam técnicas que nos remetem a sensações tão distintas, elas têm em comum a mesma essência: a LIBERDADE. São técnicas que nos permitem experimentar, errar, deixar a interpretação por conta da imaginação de cada um. Talvez seja esse caráter permissivo que atrai o artista, que o faz ter vontade de expressar seus sentimentos, suas
Camila Oliveira Leandro Camacho Publicidade Débora Carvalho Atendimento Luanna Chacon
percepções, suas idéias, críticas etc. Então, em nossa matéria principal, procuramos expor o Grafitti/Stencil da forma mais completa possível, de modo que o leitor possa conhecer melhor essa arte e desenvolva a habilidade de identificar o momento certo de se apropriar dela, sabendo transpor sua essência para seus projetos. Com o conhecimento adquirido podemos inclusive ir além. Estava um dia em Salvador e me surpreendi com mosaicos de azulejo feitos diretamente em muros públicos. Descobri que eram intervenções de Bel Borba, um dos maiores artistas dali, que presenteava a cidade com suas obras. Ou seja, conheça as técnicas, mas tente desenvolver seus próprios métodos, descobrir materiais, misturar meios. Inove, questione, surpreenda.
Atendimento aos assinantes atendimento@arteccom.com.br Redação redacao@arteccom.com.br Anuncie publicidade@arteccom.com.br Revista Webdesign www.revistawebdesign.com.br Curso Web para Designers www.arteccom.com.br/curso Encontro de Web Design www.arteccom.com.br/encontro Fórum Internacional de Design e Tecnologia Digital www.arteccom.com.br/find Concurso Peixe Grande www.arteccom.com.br/peixegrande
Boa leitura!
Criação e edição www.arteccom.com.br
Produção gráfica
Adriana Melo
www.ediouro.com.br
adriana@arteccom.com.br
Distribuição www.chinaglia.com.br
Making of da criação O stencil é uma técnica de criação visual muito interessante pela sua capacidade de reprodução em pequena escala. Esta característica permite que você experimente diversas formas de aplicação da tinta e das cores, formando com isso inúmeras réplicas da mesma imagem, porém cada uma com uma identidade própria. O stencil também possui outra característica que é a liberdade de carregar a placa do molde para qualquer lugar, permitindo assim que você possa reproduzir a imagem onde você estiver. Para esta edição foram feitas várias placas de molde cortadas em radiografias velhas com imagens retiradas a partir de fotografias. Para a reprodução foi utilizada tinta spray preta. Esperamos que gostem! Fale com a equipe de criação: criacao@arteccom.com.br
:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.
confundido com vandalismo.
menu :: 5
apresentação pág. 4 quem somos pág. 5 menu contato pág. 6 emails pág. 6 fale conosco
fique por den tro pág. 8 métricas e mercado pág. 10 direito na web pág. 11 post-it
portfólio pág. 12 agência: Lampejos pág. 18 freelancer: Mauro Ramalho pág. 20 ilustração: Ana Helena matéria de capa pág. 22 Coleção Técnicas de Criação - Volume I: Graffiti pág. 30 Para ilustrar pág. 34 Passo a passo e-mais pág. 38 debate: PC x Mac pág. 46 e-mais: Advergames pág. 54 tecnologia na web: Otimização de sites pág. 60 tutorial: Actionscript - parte 6 com a palavra pág. 64 mundo digital: Luciano Cian pág. 66 webwriting: Bruno Rodrigues pág. 68 design: Marcos Nähr pág. 70 marketing: René de Paula Jr. pág. 72 webdesign: Luli Radfahrer
6 :: emails
Assunto: Técnicas de criação Amei a edição de setembro de 2007. Amo essa revista! O valor que é dado aos projetos diferenciados, à criatividade, ao inusitado! Por outro lado, sendo impecável no acompanhamento das novas tendências, das novas tecnologias. Gostaria de agradecer por tudo que aprendo com vocês, não apenas nos projetos para web, mas a cada página bem cuidada e criativa das edições... Um verdadeiro manancial de idéias para composições visuais também em design impresso e ilustração! A revista Webdesign é colocada como “material didático” para minhas turmas (leciono três disciplinas no curso de Sistemas para Internet, nas Faculdades
o editorial do “quem somos”.
com/3blmw5), de Leonardo Xavier,
dificuldade na hora de elaborar
Só pela pergunta eu já imaginei
traz uma série de informações
um contrato, pois essa etapa
toda minha infância. Depois de
interessantes sobre o universo
requer uma atenção redobrada.
ter lido e visto a matéria da capa,
mobile; já no Revolução Etc,
Gostaria que a revista abordasse
abriu muitas portas na minha
Henrique Pereira publicou uma dica
esse tema em algumas de suas
mente, estou até montando um
envolvendo o e-book “Mobile Web
próximas edições.
novo layout do meu site, trabalho
Design” (http://tinyurl.com/3dsl5o).
Yuri Armando
como freelancer e me veio muita
yurigadai@hotmail.com
coisa. Só posso dizer: “Uau...”. Parabéns e estou doidinho para ver as outras matérias. Tony Rodrigues tonyrl@terra.com.br Lucilia e Tony, a mensagem de vocês é extremamente gratificante, pois esse era o nosso principal intuito quando lançamos a coleção. Esperamos que este e o próximo volume (Graffiti/Stencil e Ilustração Vetorial) também sirvam como estímulo ao processo de criação de vocês. Obrigado pelo apoio!
Olá, Yuri. Ficamos felizes que a Assunto: Otimização de sites Sou assinante da Webdesign e estava procurando nas minhas revistas alguma matéria que fale sobre softwares de monitoramento e análise de
necessidades. Sobre a questão dos modelos de contrato: no site da revista, seção downloads, você poderá baixar um modelo de contrato de prestação de serviços de desenvolvimento de site.
SEO. Não encontrei nada. Já saiu alguma matéria sobre esse assunto? Se sim, por favor me
Assunto: Links da revista
indiquem qual a edição. Se não, é uma boa pauta para a próxima edição.
Santa Cruz de Curitiba), pois,
Davi Neves
como enfatizo no primeiro dia
davi@dzestudio.com.br
de aula, não vale a pena comprar muitos livros nessa nossa área,
revista venha atendendo suas
Fiz a assinatura com mais dois amigos e acho a revista surpreendente em suas matérias. Gostaria de dar uma sugestão sobre os sites indicados nas
Assunto: Internet móvel
já que as tecnologias mudam a
Davi, sua mensagem chegou
matérias: a possibilidade de ter
em boa hora! Nesta edição,
no site da revista uma página
todo instante e as teorias para
Sou leitor assíduo da revista
publicamos, na seção “Tecnologia
Web estão em alguns poucos
listando todos os links citados
e lembro que há um tempo
na Web”, uma reportagem
livros como o do Luli Radfahrer
em cada uma das edições, já que
li uma matéria sobre mobile.
sobre otimização de sites para
e da Robin Willians. Sendo
são muito interessantes! Quando
Acredito que, de lá para cá,
mecanismos de busca. Vá até a
assim, todo o material teórico
sobra um tempinho, acesso boa
essa tecnologia já se aprimorou
página 56 e veja se o material
que precisamos, na rapidez e
parte deles e CTRL+C, CRTL+V
bastante. Então, sugiro que
poderá ajudá-lo em sua pesquisa.
urgência dos nossos estudos,
num Notepad para compartilhar
façam uma matéria sobre mobile
está disponível, extremamente
com meus amigos. Muito
marketing. Obrigado e parabéns
atualizado, mastigado e digerido
obrigado e parabéns pela revista!
pelo ótimo conteúdo e editoração
nas edições da Webdesign,
Douglas
da revista. Abraço,
sempre com referências para
Guilherme Cunha
aqueles que desejem se
guilherme@act2.com.br
aprofundar em algum assunto. É
Assunto: Modelos de contrato
douglascmf@yahoo.com.br Douglas, sua idéia é bem
Faço faculdade no Unibratec, de
pertinente! Estamos compilando as
Nota 10! Grande abraço!
Guilherme, primeiro agradecemos
João Pessoa, e o meu professor
Lucilia Alencastro
sugestões de nossos leitores para
seus elogios! Fizemos uma edição
nos recomendou a leitura da
contato@lucilia.art.br
implementar novas funcionalidades
especial, que foi publicada na
revista. Comprei minha primeira
no site. Quando o novo projeto
edição de novembro de 2006
em março. Não parei de ler e
Demais o especial de capa de
gráfico da revista for lançado, o site
(“Sites móveis”). Realmente, alguns
fiquei muito satisfeito com o
setembro. Abriu a minha mente,
também ganhará uma nova versão.
aspectos evoluíram. Em breve,
conteúdo, principalmente os
me fez lembrar de quando eu
Aguardem as novidades!
vamos colocar este tema novamente
temas sobre arquitetura da
era criança colando figurinhas,
em pauta. Por enquanto, sugerimos
informação, psicologia das cores
empacotando e para ganhar
a leitura dos seguintes conteúdos:
e vídeos na web. Nós, leitores,
uma graninha. Principalmente
o blog mobilizado (http://tinyurl.
temos sempre um pouco de
fale conosco pelo site www.revistawebdesign.com.br :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
8 :: métricas e mercado
Tempo de navegação residencial por internauta - Julho/2007
18,5 milhões Total de usuários brasileiros domiciliares em julho. No se-
País
Tempo médio por pessoa
gundo trimestre de 2007, o total de pessoas com mais de
Brasil
23h30min
16 anos com acesso à internet em qualquer ambiente (casa,
EUA
19h52min
Japão
18h41min
Alemanha
18h07min
Austrália
17h51min
Fonte: Ibope//NetRatings (www.ibope.com.br)
Perfil do e-consumidor.br
trabalho, escolas, universidades e outros locais) atingiu 36,971 milhões, um aumento de 13,5% sobre igual período do ano passado. Fonte: Ibope/NetRatings (www.ibope.com.br)
56% Índice de empresas que já enfrentaram paralisação dos negócios devido à queda do servidor de e-mails. A média
Entre 25 e 49 anos (69%), homens (55%) e mulheres (45%),
deste tipo de incidente seria de 1,6 por mês. Segundo a
Graduados - Ensino Superior Completo e Pós-Graduação
pesquisa da Osterman Research, 40% dos participantes
(49%) e renda média familiar de R$ 3.692,00.
afirmaram que poderiam perder até 50 mil dólares em
Fonte: WebShoppers - 16ª Edição (www.webshoppers.com.br)
uma queda do servidor principal de e-mail. Fonte: Neverfail (www.neverfailgroup.com/osterman)
Web.br cada vez mais feminina A participação das mulheres entre os internautas residenciais ativos no país já atingiu 48,5%. “O crescimento constante do número de mulheres, de cerca de 40% em 2000 para os atuais 48,5%, ajuda a explicar porque entre as categorias que mais crescem em número de usuários estão ‘casa e moda’ e ‘família e estilo de vida”, afi rma Alexandre Magalhães, gerente de análise de mercado do IBOPE Inteligência. Fonte: Ibope/NetRatings (www.ibope.com.br)
8 milhões To t a l d e p e s s o a s q u e t i v e r a m , p e l o m e n o s , u m a e x p e r i ê n c i a d e c o m p r a e m a l g u m a l o j a v i rtual brasileira, até o final de junho de 2007. Fonte: WebShoppers - 16ª Edição (www.webshoppers.com.br)
Envie sugestões e críticas para redacao@arteccom.com.br
Qual plataforma você prefere utilizar na criação de um site?
Total de votos: 212 PC - 82% Macintosh - 18% Envie críticas ou sugestões para redacao@arteccom.com.br.
métricas e mercado :: 9
ViuIsso?
Por Michel Lent Schwartzman - michel@viuisso.com.br Site: www.viuisso.com.br
Notícias e comentários sobre comunicação digital, internet e publicidade O salão de barbear virtual
A frase parece familiar? O site também vai parecer. Gozub.
Essa é para escutar. Siga o link no final dessa nota, coloque os
com é a recém-lançada versão brasileira do Twitter. Parecido
fones de ouvido, feche os olhos e veja o que dois pequenos
até demais, está entrando no mercado em um momento muito
microfones, colocados na altura dos ouvidos, e uma gravação
oportuno, justamente quando o Twitter começa a ganhar
stereo conseguem fazer!
popularidade entre os brazucas. Bem programado, Web 2.0
http://tinyurl.com/2vzow3
total, tem tudo para conquistar espaço. Só falta a integração com as operadoras de celular para permitir a participação via
Cortou o cabelo? Agora vá andar de moto
SMS. Passa lá pra conhecer: www.gozub.com.
Depois de cortar o cabelo através do som, você pode
O “michel” mais famoso da internet brasileira :)
fazer um passeio de moto. O
Pioneirismo tem lá suas
conceito é o mesmo, desta vez
vantagens. Percebi que
usado para promover a nova
se eu digitar “michel”
moto Honda 1300cc (www.cb1300.com.br). Veja a parte de Sound
n o g o o g l e . c o m . b r,
Drive e viaje. É muito legal, embora eu tenha ficado com um
a primeira coisa a aparecer na lista é o ViuIsso! É o primeiro
pouco de medo de andar de moto depois de ouvir. Mas, afinal,
resultado de, aproximadamente, 136 milhões de citações com
uma 1300 cc é mesmo para quem gosta de uma adrenalina.
a palavra “michel”. Portanto, acabo de me autodeclarar o “michel” mais famoso da internet brasileira. :) Experimenta aí!
Japão planeja lançar nova internet até 2020 Mais rápida, estável e segura: é o projeto do governo japonês
O mapa das agências brasileiras
para o desenvolvimento de novas tecnologias que substituam
Literalmente. É a
a internet atual. A declaração foi dada pelo ministro japonês
idéia que o Merigo,
de Assuntos de Internet e Comunicação, em visita ao Brasil.
do Brainstorm#9,
Veja a matéria no AdNews: http://tinyurl.com/2qcbyq.
resolveu colocar em prática e começou o
Gozub: o que você está fazendo?
cadastramento e a localização visual no Google Maps das a g ê n c i a s
d e
publicidade brasileiras. Vai ser um trabalho extenso, como ele mesmo diz, mas certamente muito válido. Numa rápida olhadela, é interessante ver a concentração geográfica das agências paulistanas. São Paulo é uma cidade enorme sim, mas a gente vive concentrado em uma pequena parte dela. Veja o post do Brainstorm#9: http://tinyurl.com/2mcbhe.
10 :: direito na web
Encomendas de trabalhos protegidos por direitos autorais “Sou freelancer e desenvolvi um layout para uma empresa. Enviei para eles para apreciação, foram feitas diversas alterações, mas o projeto acabou não sendo concretizado. Há poucos dias, entrei no site desta empresa e ele está com o primeiro layout que eu desenvolvi. Eles contrataram uma outra empresa que usou meu layout somente com algumas alterações e colocaram no ar. Gostaria de saber quais são os meus direitos e como devo proceder neste caso.” Marcio Rodrigues (marcio.rod@gmail.com)
Os direitos de autor foram criados,
Alguns serviços podem se situar no li-
originalmente, para proteger os interesses
miar entre o conceito de programa e o con-
dos autores, e com isso fomentar a oferta
ceito de trabalho plástico, como é o caso de
de produções intelectuais (artísticas, lite-
layout, que pode se referir ao programa que
rárias, científicas).
faz aparecer tela com determinado layout,
Com o passar do tempo, essa filosofia
ou se referir ao caráter de planejamento
foi sendo alterada, de modo que os “in-
visual, puramente estético, daí resultando
termediários” (produtores, editores etc.)
a necessidade de avaliar se seria aplicável
Gerente Jurídico da IBM, onde
foram beneficiados com leis mais favorá-
também a Lei de Software ou apenas a Lei
trabalhou por 11 anos, no Brasil
veis a eles.
do Direito de Autor.
Gilberto Martins de Almeida Advogado formado na PUC/RJ, com Mestrado na USP e cursos em Harvard e no M.I.T. Ex-
e nos EUA. Sócio de Martins de
Isso explica o desenvolvimento, pos-
Às vezes, um e-mail, um fax, uma carta
especializado.
terior e paralelo ao direito de autor, do co-
são suficientes para deixar claro, desde o iní-
Envie sua dúvida para:
pyright, que literalmente significa o direito
cio, a quem pertencerão os direitos, sem ne-
redacao@arteccom.com.br
de produzir cópias (normalmente, para co-
cessariamente recorrer ao formato típico de
mercializá-las).
contrato (pode ser usado o conceito de pro-
Almeida - Advogados, escritório
Nesse contexto histórico, se pode
posta, ou de carta de intenção, ou outro).
compreender o que diz, por exemplo, o ar-
Depois do fato consumado, um me-
tigo 4º de nossa Lei de Software. Segundo
morando de entendimentos pode escla-
ele, os direitos sobre o programa perten-
recer e consagrar uma negociação ainda
cem ao encomendante, salvo se tiver havi-
que tardia.
do algum contrato pactuando o contrário.
Fora disso, salvo hipóteses de me-
Assim, se o encomendante houver
diação ou arbitragem, o porto final in-
pago pelo programa, em tese o programa
f e l i z m e n t e é o J u d i c i á r i o , c o m o s p e r-
pertence a ele, que poderá fazer qualquer
calços (de guerra de liminares etc.) e
exploração comercial. Ao autor, restarão
incertezas conhecidas.
apenas os chamados direitos morais, de reivindicar a paternidade, e de se opor a modificações que comprometam a reputação. Porém, se não tiver havido pagamento pelo programa, dificilmente se poderá entender que o contrato de encomenda foi concluído pelo encomendante. Portanto, o programa continuaria a pertencer ao desenvolvedor (tanto em relação aos direitos morais quanto no que tange aos direitos de exploração econômica).
post-it :: 11
entro , d r o p Fique cas, eventos ias das di e referênc undo livros vimentam o m que mo ign na web do des Tutorial de stencil em vídeo Como estamos falando de Graffiti/Stencil nesta edição, apresentamos uma dica valiosa sobre o assunto. O site Metacafe traz um tutorial em vídeo (http://tinyurl.com/26ntuk) muito interessante, que ensina como fazer um stencil, usando imagens licenciadas através de Creative Commons, Photoshop, papel, spray e uma faca x-acto.
A estrutura das agências pelo mundo
Gerador de graffiti on-line Ainda sobre o assunto: quem quiser criar textos on-line, usando tipografia baseada no graffiti, pode acessar o site Graffiti Creator (www.graffiticreator.net) e escolher algumas das ferramentas em Flash disponíveis por lá.
Quer conhecer o ambiente físico de diversas agências pelo mundo? Então, acesse o “Ain’t no Disc” (www.aintnodisco.com) e conheça uma galeria de imagens comentadas sobre a estrutura de agências dos EUA, Inglaterra, Austrália, entre outras. Três brasileiras marcam presença por lá: Ag407 (www.ag407.com.br), ByVivas (www.byvivas. com.br) e MPM Propaganda (www.mpmpropaganda.com.br).
Organizando a busca por blogs e podcasts Diante do crescimento dos ambientes com conteúdo produzido
Blog do mês: El Collage
por usuários, nada melhor do que acessar um local que organize
Na edição de setembro,
a quantidade de informações geradas nestes segmentos. Foi
iniciamos a coleção
pensando nisso que a agência Riot (www.riot.com.br) lançou o Buzzca
“Técnicas de Criação”.
(www.buzzca.com), que divide blogs e podcasts por categorias.
No primeiro volume, a
“Pretendemos organizar não apenas blogs e podcasts, mas todo
técnica em destaque foi
o tipo de conteúdo gerado pelo usuário como, por exemplo,
a Colagem. Para quem
comunidades e fotologs”, diz Pedro Ivo, diretor executivo da agência.
procura boas referências sobre o tema, uma boa
Livro do mês Poptogramas Autor: Daniel Motta Editora: Altamira Editorial www.altamiraeditorial.com.br
pedida é acessar o blog “El Collage” (http://elcollage.blogspot.com), de Mauricio Planel. Por lá, é possível conferir uma série de trabalhos interessantes envolvendo este processo de criação. Conhece algum blog interessante focado em design e criação? Então, envie sua dica para redacao@arteccom.com.br.
“Antes de falarmos sobre poptogramas, primeiro é preciso saber o significado de pictogramas. Pois bem, segundo a enciclopédia on-line
Agenda de eventos
Wikipédia, ‘um pictograma é um símbolo que representa um objeto
19/10 - 1º Encontro Brasileiro de Arquitetura de Informação - São
ou conceito por meio de ilustrações’. Pensando nisso, o designer
Paulo (www.aibrasil.org/encontro/home)
Daniel Motta fez algumas associações (pictografia + cultura pop + música) e lançou seus poptogramas. O autor explica de maneira bem simples o seu significado: são pictogramas pop! Na apresentação
20/10 - 12º EWD - Salvador (www.arteccom.com.br/encontro) 25/10 – Fórum Internacional de Design e Tecnologia Digital (FIND)
do livro, o jornalista Lúcio Ribeiro explica: ‘já que não dá para o
- Rio de Janeiro (www.arteccom.com.br/find)
Daniel roqueiro fazer uma banda cover e tocar as bandas das quais
10/11 - 1º Workshop de Arquitetura de Informação, Acessibilidade &
ele gosta, o Daniel designer faz interpretações gráficas dos seus
Usabilidade - São Paulo (www.infinitodigital.com.br/Workshop)
grupos preferidos’. Quem quiser conferir mais informações sobre os
10/11 - 12º EWD - Porto Alegre (www.arteccom.com.br/encontro)
poptogramas, é possível baixar, no site do livro (www.poptogramas. com.br), alguns exemplos.”
Participe do Post-it! Envie sugestões para redacao@arteccom.com.br.
08/12 - 12º EWD - São Paulo (www.arteccom.com.br/encontro)
12 :: portfólio agência - Lampejos
Interatividade iluminada
A última edição do concurso Peixe Grande (www.ar-
mos verdura fresca na horta da quadra de baixo e estamos
teccom.com.br/peixegrande) serviu para mostrar como
próximos de Campinas e São Paulo. É preciso saber filtrar
o mercado de comunicação digital vem se expandindo
as necessidades e as realidades”.
pelos quatro cantos do país. Do interior de São Paulo,
Na parte estratégica, o foco concentra-se em criar
mais precisamente de Americana, surge mais um bom
projetos eficazes, que vão desde a criação de sites institu-
exemplo deste cenário. Estamos falando da Lampejos
cionais até campanhas de comunicação na internet. “Uma
(www.lampejos.com.br).
boa estratégia não está diretamente ligada a soluções com-
“O nome foi sugerido no primeiro papo sobre a cria-
plexas, que exigem grande disponibilidade de investimen-
ção da agência, em setembro de 2005. Entre outros assun-
tos do cliente, e sim a maneira criativa com que se propõe
tos, era de comum acordo a busca por uma linguagem de
a atingir os resultados e superar as expectativas”, afirma
fácil acesso, a manifestação criativa sempre presente e a
Diógenes Pissinati, diretor de tecnologia.
energia e a luz enquanto fatores de propulsão e clareza”, explica Fábio Fonçati, diretor de criação.
Em relação aos próximos passos, Diógenes destaca o iminente amadurecimento do segmento digital. “Tal ce-
Segundo o especialista, as raízes fincadas no inte-
nário nos dará maiores possibilidades para explorar, em
rior paulista são um dos principais pontos de influência
parceria com as agências tradicionais, a integração das
no trabalho da agência. “Costumo dizer que encontrei a
mídias off-line e on-line. Alinhar as estratégias de comu-
felicidade quando descobri que, por aqui, o congestiona-
nicação do cliente através de soluções multidisciplinares
mento dura até abrir o semáforo. É a busca pela qualidade
nos diferentes meios: este é o caminho que acreditamos e
de vida e a proximidade com os grandes centros: compra-
percorreremos em direção ao futuro”.
portfólio agência - Lampejos :: 13
- 2007 Conectado Vivax
- Grapixel
www.lampejos.com.br/portifolio/vivax_conectado
www.grapixel.com.br
Tecnologias: Flash + PHP + PostgreSQL
Tecnologias: Flash + MySQL + PHP + XML
Ao ser procurada pelo marketing da Vivax, a Lampejos
Nada melhor do que desenvolver um projeto interno
recebeu um grande desafio: criar um ambiente interativo
para divulgar toda a capacidade profissional da agência.
para fortalecer o relacionamento entre a empresa e o públi-
Foi desta forma que surgiu o Grapixel, uma plataforma
co jovem. Partindo deste conceito, a agência desenvolveu
onde o usuário pode acender, apagar e mudar as cores
uma campanha on-line de final de ano.
numa grade de luzes para a criação de novas imagens a
“Criamos um hotsite com uma linguagem visual contemporânea e irreverente, onde o Papai Noel, personagem principal da campanha, era apresentado dentro do universo do público jovem. Através de uma ferramenta interativa, o visitante poderia caracterizar seu Papai Noel utilizando roupas e acessórios de diferentes grupos jovens (tribos) e
partir dessa estética. “A interface é formada por uma luz de fundo que apresenta a silhueta das áreas de navegação. Essa luz de fundo muda na orientação das etapas de criação: amarelo para a exibição de trabalhos na página principal, verde na tela para
criar um cartão de natal com uma mensagem personalizada
desenhar, vermelho na tela de gravação do desenho e azul
para enviar aos amigos”.
na exibição da galeria”.
Sobre o processo de criação, a escolha da estética da
Já a definição da família tipográfica segue a lógica
arte de rua foi o elemento para criar a sintonia necessária
da geometria do foco de luz. “Assim, a tipografia es-
com o conceito do hotsite e o perfil de seu público-alvo.
colhida foi a Century Gothic, uma fonte sem serifa com
“Assim, trouxemos elementos como borrões de tinta,
retas e círculos perfeitos”.
spray e textura de muro, aplicados junto ao rebuscado rococó padrão das mensagens de Natal, e stencil utilizado na tipografia que foi criada em cima da Helvetica Rounded, por conta de sua legibilidade e terminações arredondadas e na construção dos dois cenários. Uma cidade e um ambiente surreal”.
14 :: portfólio agência - Lampejos
- Jornal O Liberal
- Medical
www.liberal.com.br
www.medical.com.br
Tecnologias: ASP + ASP.net + SQLServer + XML
Tecnologias: ASP + SQL Server
Como a maior parte dos hospitais, a identidade visual da Medical segue uma paleta de cores limpas e silenciosas. A idéia deste projeto era proporcionar uma expe-
“Assim como a maioria dos sites que criamos, quando
riência simples ao leitor do Liberal, facilitando o acesso
cabe tal funcionalidade, o site da Medical pode ser navega-
ao conteúdo do site. Dessa forma, o design da interface
do por todas as áreas a qualquer momento. Uma caracterís-
ficou orientado para o conteúdo e a interatividade, assim
tica marcante na busca de uma organização e orientação do
como suas outras funcionalidades.
conteúdo para que ele seja sempre de fácil acesso”.
“Essa orientação imprimiu algumas regras, como: o uso
Outro detalhe interessante é que as informações do
de Verdana na tipografia, uma vez que esta foi projetada para
site são atualizadas através do sistema Datapost, ferramen-
a leitura no monitor; a criação de uma iconografia específica
ta de CMS desenvolvida pela Lampejos.
na orientação dos processos padrões em todo o site e na bus-
“O destaque fica por conta do Berçário Virtual, um dos
ca de uma paleta de cores suave, uma vez que o tempo médio
módulos presentes no Datapost, que permite a exibição
de visita é alto e a busca é por um design que se anule ao
dos recém-nascidos na maternidade do hospital e o recebi-
mesmo tempo em que oriente na busca pela informação”.
mento de mensagens dos familiares distantes”.
Os resultados parecem comprovar o sucesso do trabalho: houve um aumento de 200% das visitas ao site num período de 12 meses. “Todas as funcionalidades do site foram implementadas no período de um ano com o site em funcionamento. O projeto continua em constante crescimento”.
portfólio agência - Lampejos :: 15
- Villa Scamboo www.villascamboo.com.br Tecnologias: ASP + Flash + SQL Server + XML
A proposta no desenvolvimento do novo site do Villa Scamboo, restaurante localizado na cidade de Americana, era criar um espaço virtual como extensão de suas instalações para divulgar o espaço, informar sobre seus eventos e provocar a curiosidade de seus freqüentadores com destaque para os detalhes de sua decoração e arquitetura. Seguindo a linha de um projeto de extensão virtual, Fábio e Diógenes destacam ainda que a grade que serve de base à construção de todo o layout foi determinada pelos cinco arcos que desenham a fachada do ambiente e suas luminárias. “Inspirado nas antigas tecelagens de Americana e repleto de objetos antigos, a proposta do site foi de organizar o conteúdo ambientado na estética da casa e sugerir os objetos por meio de silhuetas a serem desvendadas somente no ambiente real. Trens, aviões, utensílios de cozinha e costura, bicicleta, um enorme extintor e instrumentos musicais orientam as seções do site e seu conteúdo, que foi determinado e organizado de acordo com a área de atuação e diferenciais da casa”.
18 :: portfólio freelancer - Mauro Ramalho
- XBOX 360 no Brasil Tecnologias: After Effects + Flash + Windows Live Spaces Contato: ramalho.mauro@gmail.com Site: www.mramalho.com.br
Design como um despertador visual Tentar trazer algo novo para despertar o interesse visual das pessoas. Foi seguindo tal filosofia profissional que Mauro Ramalho conseguiu abrir seu caminho e obter diversas oportunidades no mercado de comunicação visual. “Esse amadurecimento não foi simples, mas conquistado com o passar dos anos. Minha cabeça e senso crítico mudaram bastante, principalmente depois que trabalhei na AgênciaClick e na McCann Erickson, não só em termos de arte, mas no trabalho como um todo. Estar presente nessas agências me deu maior visão de como os projetos podem tomar grandes proporções e a arte ser inserida nesse
A passagem pela agência de publicidade McCann Erick-
contexto. Tive a oportunidade de trabalhar com pessoas
son traz boas lembranças na evolução da carreira de Mauro. Uma
admiráveis que, assim como eu, estiveram ou estão fora do
delas está presente no lançamento do XBOX 360 no Brasil.
Brasil. Acredito que tudo isso serviu como uma escola e me deu bagagem para poder atuar no exterior”, revela.
“Este foi um projeto que nos divertiu muito e nos deixou colocar no papel tudo que muitas vezes desejamos e por limi-
Falando da experiência no exterior, a vivência tem
tações não seguimos adiante. Ali era permitido usar e abusar
servido para Mauro conhecer novas áreas. “Viajar e co-
da criação, das cores, dos grafismos, da tipografia e do mo-
nhecer novos lugares tornou-se um hobbie, principalmen-
tion. Tudo isso porque o produto era destinado a um público
te no inverno quando neva bastante. Apesar de eu ser
jovem, totalmente alternativo e fissurado por games”.
um desastre, o ski e o snowboard me fascinam muito e,
Outro detalhe foi a possibilidade de se trabalhar com
sempre quando sobra um tempinho, tento dar uma esca-
a criação voltada para diferentes meios. “Como o projeto
pada para a ‘Blue Mountain’, uma montanha lindíssima
teve diversas mídias e todas integradas, para cada uma de-
que tem aqui no Canadá. Espero que, quando o inverno
las utilizamos uma tecnologia diferente para criação e de-
vier novamente, eu possa ficar mais tempo de pé e apre-
senvolvimento das peças. Por exemplo: para as vinhetas de
ciar o lado bom da neve”.
cinema e internet contamos com a ajuda de uma câmera HD
Outro aspecto interessante é que tal movimentação
que nos possibilitou fazer os vídeos em estúdio e utilizar
se reflete também em seu processo de criação. “Utilizo
um cenário virtual para produzir o filme do personagem.
ferramentas como fotografias, vários tipos de grafismos
Outra ferramenta que deu suporte à campanha foi o blog
e muitas cores que acabam estruturando a identidade e
do Elemento X, criado para oferecer dicas pela internet
o estilo dos meus trabalhos. Particularmente, não gosto
aos participantes”.
do monocromático e do formato original da web. Portan-
No final, os números comprovam o sucesso da cam-
to, procuro fugir disso quando desenvolvo minhas peças.
panha: 617 mil usuários únicos, 35 mil acessos diários, 98
Acredito que dessa forma consigo criar experiências inte-
vídeos criados pelos usuários no YouTube, 361 comuni-
rativas que vão além da web e formam grandes campanhas
dades no Orkut e 25 mil cliques no “profile” do Elemen-
onde todas as mídias conversam”.
to X no Flickr.
Para participar desta seção, cadastre seu portfólio no site da revista: www.revistawebdesign.com.br.
20 :: portfólio ilustração - Ana Helena
Ana Helena
http://iamana.org
Wd :: Como define seu estilo e onde você busca as referências para o seu trabalho? Ana :: O meu traço é bastante simples e limpo. Não gosto de desenhar coisas fiéis à realidade. Então, quando
começo, já quero que o resultado seja algo que pudesse estar num sonho/pesadelo ou trechos surreais dos musicais da Disney. Tipo quando o dumbo fica bêbado (procurem esse vídeo no Youtube!). É sempre muito feminino, acho que ainda não achei a dose de testosterona para o meu desenho, mas isso não tem sido um problema também.
C a r ro u s e l ( 2 0 0 7 ) C l i e n t e : I l u s t r a ç ã o p ro d u z i d a p a r a o B a s e - v B o x 2 , p u b l i c a ç ã o d o c o l e t i v o B a s e - v ( w w w. b a s e - v. o rg ) Material utilizado para composição: “Ilustração vetorial”
Zebra (2006) Cliente: Série “I was never a big fan of love”, publicada no Zine Plano B Material utilizado para composição: “Ilustração vetorial”
Observação: a imagem que ilustra o fundo deste portfólio se chama “Coelho”, criada por Ana Helena.
22 :: Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil
Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil :: 23
Técnicas de criação - Volume 2: Graffiti/Stencil Unindo a criação de trabalhos manuais com processos digitais Dos muros das ruas para as galerias de arte e
Assim, no segundo volume da coleção “Téc-
páginas de revistas. Podemos dizer então que os
nicas de Criação”, vamos apresentar as principais
tempos marginais do graffiti são águas passadas?
características envolvendo os processos de
Certamente, muitas barreiras foram vencidas, mas
criação do Graffiti/Stencil, com a apresentação
derrubar definitivamente preconceitos somente a
dos trabalhos de alguns dos principais artistas
ação do tempo poderá nos apontar uma resposta.
brasileiros no segmento.
Porém, o valor da expressão do graffiti/stencil
Além disso, um detalhe interessante nesta
é inegável. Apesar de seu caráter efêmero, sua esté-
edição está presente na seção “Passo a Passo”,
tica carregada de criatividade, engajamento, espírito
que traz um tutorial prático na concepção de
urbano e crítica social ajudaram a consolidar o movi-
um projeto na área. O trabalho, realizado pelo
mento como uma legítima arte contemporânea.
artista Denis Sena com educandos da ONG Pro-
Diante de tamanha expressividade, a concepção
jeto Cidadão, em Salvador, na Bahia, nos revela
de grandes projetos de comunicação passou a se
como o graffiti/stencil pode exercer uma im-
apropriar de tal linguagem, buscando uma represen-
portante função dentro de nossa sociedade: a
tatividade visual que falasse a mesma linguagem do
inclusão social.
público a ser atingido.
Em novembro, a última parte da coleção vai
No meio digital, tal influência se materializa
destacar as técnicas de Ilustração Vetorial. Para
quando vemos exemplos como a campanha on-line
quem perdeu o primeiro volume, lembramos da
Bic Music (www.bicmusic.com.br) e o site da banda
apresentação de dicas, portfólios e um tutorial
Charlie Brown Jr. (http://charliebrownjr.uol.com.br).
envolvendo o tema Colagem.
24 :: Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil
Intervenção urbana como provocação ao olhar É impossível caminhar pelos grandes centros ur-
temporâneo dos primeiros grafiteiros de São Paulo, e
banos brasileiros e não parar para admirar a galeria de
Mateu Velasco (www.mateu.blogger.com.br), carioca e
manifestações visuais de diversos artistas contempo-
um dos principais representantes da nova geração do
râneos pelos muros das cidades. Estamos falando do
graffiti brasileiro, analisam as principais questões en-
graffiti e a conquista de seu espaço como um movi-
volvendo tal técnica.
mento artístico legítimo.
Wd :: Dando uma olhada na formação profissional
Com tamanho poder de expressão, a estética das
de cada um, vimos que o Celso é formado pela Faculdade
ruas começa a seduzir e a influenciar também o tra-
de Belas Artes de São Paulo e o Mateu em Desenho In-
balho criativo voltado para as mídias digitais. Nesta
dustrial, além da participação em cursos paralelos, como
entrevista, Celso Gitahy (www.stencilbrasil.com.br/
“Ilustração para imprensa”, “Caligrafia experimental” e
celsogitahy), especialista em "stencil arte" e con-
“Photoshop avançado”. Como surgiu a oportunidade de
Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil :: 25
vocês trabalharem com graffiti/stencil? Celso :: Na verdade, a minha trajetória dentro das artes visuais começa antes da Faculdade de Belas Artes, ou seja, já nos anos 80 vinha escrevendo e desenhando com “canetão hidrocor” em banheiros públicos e ônibus coletivos. O gosto pela adrenalina de pintar em lugares de risco já vem dessa época. Na fase da faculdade (1987), que foi o ano da morte de Alex Vallauri, um dos principais pioneiros dessa arte no Brasil, o assunto estava em bastante evidência e tinham muitos artistas de qualidade pintando nas ruas. O contato com esses artistas e com suas respectivas obras me levaram a optar por desenvolver meu trabalho na cidade. O aspecto
“Também da série 'INversão de Valores'. Realizado em Melbourne,
democrático implícito nessa linguagem de arte
Austrália, em parceria com o poeta James Waller. A técnica utilizada
e a adrenalina de correr determinados riscos
foi stencil à base de tinta aerosol e tinta látex” (Celso Gitahy)
sempre me motivaram muito. Alex Vallauri
Mateu :: O stencil é, por si só, uma matriz de gravura, feito
x
para reproduções de uma mesma imagem, assim como outras téc-
Artista plástico, designer e grafiteiro.
nicas como xilogravura, água forte e litografia. Estudar gravura
É considerado um dos pioneiros do graffiti
permite você comparar o stencil com esses outros processos e re-
em São Paulo, na década de 80. No dia 27
alizar novas experimentações como fundir num mesmo trabalho
de março, data do aniversário de sua morte,
técnicas distintas.
comemora-se o Dia Nacional do Graffiti, em algumas cidades brasileiras.
Wd :: A história do graffiti/stencil é marcada pela essência
Fontes: Mac Virtual
do protesto, do posicionamento, da crítica social, se tornando
(http://tinyurl.com/2yzdws) e Paulo Klein (http://tinyurl.com/
uma arte engajada. Este conceito ainda é emanado entre os
2x7lma)
artistas da atual vanguarda do movimento?
Mateu :: Já trabalhava como ilustrador quando comecei a ver os primeiros graffitis nas paredes das ruas. Daí foi só comprar o material (latas de spray, tinta de parede etc.) e começar a fazer. O processo foi natural: uma nova forma de aliar o trabalho que eu já fazia antes em outro meio. Wd :: Ainda sobre a formação acadêmica, um detalhe interessante na carreira do Mateu é a realização de estudos de gravuras com a professora Thereza Miranda e a participação em um grupo de gravadores, chamado Prensa. Como o estudo de gravura ajudou na evolução de seu trabalho com stencil?
Celso :: Apesar de hoje em dia existirem muitos artistas produzindo na cidade, e com estilos bastante diferenciados, acredito que esse caráter transgressor jamais se desvinculará do graffiti, que por ser uma arte essencialmente democrática e acessível, acaba se tornado um meio que o artista encontra de dar vazão a todo seu descontentamento com a situação de injustiças e desigualdades sociais. Mateu :: Acho que sim, uma vez que a finalidade é pintar na rua, intervir no meio urbano, criticar o que outros olhos não vêem, porém nem sempre com a finalidade de passar
26 :: Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil
alguma mensagem direta, mas sim de provocar o olhar de
das condições do tempo que atuam sobre a obra. Nada que
quem passa pelo local e induzir as pessoas a tirarem suas
uma boa fotografia não possa resolver.
próprias conclusões sobre o que estão vendo.
Mateu :: A questão da efemeridade dos trabalhos na
Wd :: Um aspecto interessante envolvendo o graffiti/
rua faz parte do ato em si. Força o artista a estar sempre
stencil é que tal conhecimento se reproduziu nas ruas e re-
produzindo e se reciclando, assim como o espaço urbano
centemente vem se tornando objeto de estudos no meio
que está sempre em transformação.
acadêmico. Existe o risco do graffiti/stencil perder sua essência pela apropriação do meio acadêmico?
Wd :: Falando sobre a prática do graffiti, em entrevista publicada no site Stencil Brasil (http://tinyurl.
Celso :: O graffiti, desde sempre, vem sendo objeto
com/28jftl), Carlos Matuck, um dos expoentes do mo-
de estudos e pesquisas. O fato é que ele agora está mais
vimento paulista, disse que “...levávamos em conta
em evidência, nos levando a crer que é um fato desse mo-
a direção do pedestre, do carro e a cor da parede. A
mento. Não, de forma alguma, pelo contrário, acredito que
imagem precisava estar inserida dentro do contexto da
quanto mais for levado a sério, mais forte vai ficando. É o
cidade”. Diante disso, quais são as principais etapas en-
registro da expressão de uma época.
volvidas na criação de um graffiti?
Mateu :: A essência não está na técnica, mas sim em quem faz o graffiti. Acho que não tem como generalizar isso.
Celso :: Eu, particularmente, gosto de refletir bastante sobre o teor e a força da imagem que estarei apresentando,
Wd :: Outro ponto a se destacar está no caráter efê-
pois tenho consciência que definitivamente a imagem vibra.
mero das obras de graffiti/stencil. Até que ponto esta
No meu processo de criação, não costumo ver o muro pri-
característica pode prejudicar a sua consolidação como
meiro e depois pintar (isso quando na rua).
uma expressão artística e cultural de nossa sociedade?
Gosto de ir produzindo meus estênceis e depois sair
Celso :: Não creio que possa prejudicar, pois é uma
aleatoriamente em busca de um muro que me seduza, que
característica fundamental dessa arte, sendo imprevisível o
combine com meu trabalho. Os estênceis são realizados
tempo que irá ficar no local de sua realização, até por conta
ou com desenhos próprios, que primeiro faço em papel e
“Trabalho da série ‘INversão de Valores’. Foi usado na composição do cenário do programa ‘Metropolis’, da TV Cultura. Feito com estênceis à base de tinta aerosol sobre MDF recortado no formato das figuras. Além do MDF, foi incorporada a obra uma placa de ‘aluga-se’ encontrada abandonada na rua” (Celso Gitahy)
Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil :: 27
depois passo para o cartão e recorto, ou com referências
uma constante nessa produção em vários artistas que o uti-
de livros, quadrinhos, fotografias etc.
lizam, é ter gosto em “ver”, viver folheando livros e todos os
Sou superatento a todo tipo de revistas e livros, ga-
tipos de publicações que possuam imagens interessantes.
rimpando imagens sugestivas para um bom stencil. Possuo
Essas imagens, uma vez pinçadas de seu contexto im-
um enorme acervo: mais de 500 de todos os tamanhos,
presso, passam a ser ligeiramente alteradas pelo artista ou
que vão desde pequeninos até muito grandes. Gosto, a
não, vai depender do interesse de cada um. Possuo um stencil
cada vez que vou sair para grafitar, escolher alguns e sair
de um astronauta com cabeça de TV, que foi tirado de uma re-
em busca de espaços novos, que não necessariamente pre-
vista do mundo das novelas. Era uma foto do Francisco Cuoco
cisam estar pintadinhos de branco, as texturas naturais
vestido de apicultor com as mãos para o alto.
dos muros me atraem muito.
Aquilo me chamou a atenção e decidi transformar a
Mateu :: A mesma que você utilizaria ao fazer um
cabeça do apicultor em uma TV e fazer o desenho somente
desenho, diagramar ou fotografar. Você leva em consi-
com traços e sem sombras. Daí, surge o TVenauta que vive
deração o material que tem nas mãos para trabalhar e
flutuando pelos muros da cidade com sua programação
escolhe as opções que achar melhor.
televisiva altamente sedutora e implacável. Essa imagem
Wd :: Nesta mesma entrevista, Matuck ressaltava ainda que “...o trabalho com stencil sempre é menos espontâneo porque já tem a imagem pronta. Por isso, era possível ser mais crítico em relação à cidade; pensar melhor na intervenção”. Quais seriam as principais diferenças na construção de um projeto envolvendo o uso de stencil? Celso :: Gosto de usar stencil, pois ele me permite apresentar uma imagem que já está pronta e que me permite refletir sobre a sua funcionalidade com o espaço. Penso que, para o uso de stencil, ou produção dos mesmos,
“Por ser uma arte essencialmente democrática e acessível, acaba se tornado um meio que o artista encontra de dar vazão a todo seu descontentamento com a situação de injustiças e desigualdades sociais” (Celso Gitahy)
28 :: Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil
traduz algumas gerações que foram formadas e educadas
de seus graffitis. O que po-
pela TV, fazendo com que a questão da oralidade e leitura
demos esperar para o futuro
ficassem em segundo plano.
do movimento?
Wd :: Pensando nos fatores que determinam o es-
Celso :: Não acredito em muitas
tilo de cada artista, quais foram as principais influências
parafernálias técnicas, muito pelo contrário, entendo
no desenvolvimento de seu trabalho? Que tipo de refe-
o graffiti como uma atividade essencial do homem que
rências você busca durante o seu processo de criação?
vem desde a idade das cavernas, propondo justamente o
Celso :: As influências que aparecem em meu trabalho
encontro do homem consigo mesmo, promovendo o enten-
surgem da vida que levo, das experiências que vivo no dia-
dimento de aspectos elevados e nobres da alma humana.
a-dia e principalmente do que me sensibiliza e emociona.
Mateu :: A entrada da tecnologia dentro das artes está
Mateu :: Todas as possíveis, tudo que você conseguir
em todos os meios, sejam eles pintura, escultura, música
enxergar e compreender. Podem ser livros, fotos, tipografia, pessoas, cenas. Acho que está ligado ao nosso dia-a-dia. Wd :: Em outubro de 2006, apresentamos um estudo de caso sobre a campanha on-line Bic Music (www.
etc. Podemos esperar qualquer coisa mais para frente. Wd :: Para finalizar, quais dicas você daria para o profissional que deseja aprender e se aperfeiçoar nas técnicas do graffiti/stencil?
bicmusic.com.br). Uma das principais características
Celso :: Estudar, trabalhar muito, ser perseverante e prin-
deste projeto envolve o uso das referências visuais do
cipalmente ver a vida com os olhos de um recém-chegado,
graffiti. Pensando nisso, a internet pode se tornar um
para quem cada coisa acontece pela primeira e última vez.
meio de propagação no uso destas técnicas? Celso :: Com certeza, o graffiti é uma linguagem de arte popular, assim como a internet, que é, antes de tudo, uma
Mateu :: Estar sempre produzindo, em constante movimento, buscando o maior número possível de referências visuais.
ótima ferramenta de comunicação mundial. Wd :: Ainda sobre a web, quais são as particularidades na aplicação dos conceitos de graffiti/stencil em
Graffiti diante dos valores culturais
um projeto interativo? Celso :: Acredito que uma postura ética em relação a sua história, tradição e diversidade de estilos. Mateu :: Como qualquer outro tema a ser adotado, temos que levar em conta a finalidade do projeto, públicoalvo e o porquê de se escolher trabalhar com a estética do graffiti. A partir daí, acho que é só executar o projeto sem maiores questões. Wd :: Na aplicação da tecnologia na prática do graffiti, podemos citar as experimen-
Quando falamos sobre a história do graffiti/stencil, não podemos deixar de analisar a importância dos valores sociais e culturais dentro deste contexto. Parece engraçado, mas um bom exemplo vem do meio digital. Quem revela tal história é André Matarazzo, sócio da Gringo (www.gringo.nu). Na criação do site da agência japonesa Nikkei (www.nkag.co.jp), eles tiveram que mudar uma funcionalidade que permite que o usuário faça um graffiti digital (a reprodução
tações aplicadas pelo Graffiti
da interface passou de uma parede para um pôster),
Research Lab (http://graffiti-
pois os japoneses consideram “muito vandalismo ‘pi-
researchlab.com), que utiliza,
char’ uma parede pública”.
por exemplo, luzes na criação
30 :: Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil
PARA iLUSTRAR Das ruas para as páginas de revista. Apesar de se caracterizar como uma arte efêmera, o registro da produção do graffiti ajuda a perpetuar o seu valor como um movimento contemporâneo. A seguir, conheça alguns dos trabalhos produzidos no Brasil.
Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil :: 31
Alex Hornest www.alexhornest.com “Procuro pintar em lugares onde a arquitetura interaja com o meu trabalho. Não levo rascunhos ou um desenho prédefinido, deixo que a atmosfera do lugar me diga o que devo pintar. Saio para as ruas com a intenção de fazer algo que mantenha um diálogo com a cidade e seus habitantes.”
Espera (Barra Funda - Zona Oeste - SP)
Espião (Cidade Tiradentes - Zona Leste - SP)
32 :: Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil
Artur ‘Kjá www.guerrilha.net | www.hc1506.com “Conheci o stencil como forma de protesto e potencializador dos meus ideais muito antes de conhecer o design, durante as sessões de skate e hardcore. Por isso, acho que a troca de influências que faço entre rua, papel e pixels ocorre bem naturalmente. Nunca tive pretensão em ser um grafiteiro. A verdade é que busco experimentações diversas para poder desconstruir e evoluir o meu próprio trabalho, e assim tentar achar o meu estilo.”
Ódio em ouro
Love King
Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil :: 33
Diogo Rustoff www.flickr.com/photos/rustoff/
“Como exemplo do meu processo de criação, vou falar um pouco sobre a Pin up, que é um stencil pintado direto na parede. O desenho eu ampliei manualmente em folhas de papel cartão (cartão duplex, gramatura 350g) e recortado com estilete obtendo assim a máscara. A imagem foi composta pintando primeiramente o fundo colorido com látex, depois eu fixei a máscara na parede e pintei somente a sua silhueta, após isso retirei a máscara e pintei o interior da silhueta de branco, com látex branco bem aguado, proporcionando esse escorrido. Após isso, fixei a máscara novamente na parede e pintei todo o desenho com spray. A assinatura, as caveiras e os dados são máscaras separadas que utilizei para complementar a imagem.”
Sra. Sosnoski
Pin up
34 :: Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil
PAsso a passo Desenvolvendo uma oficina de graffiti Por Denis Sena Autodidata e operário cultural. É um artista inquieto, que usa a rua e materiais incomuns, como lixo reaproveitado, como suporte para as suas obras. Autor de trabalhos artísticos feitos em lojas, empresas, escolas e até em terreiros de candomblé, também faz performances em diversos eventos culturais, como shows, festivais e seminários acadêmicos. No campo da arte-educação vem desenvolvendo oficinas e cursos de graffiti em escolas públicas, particulares e organizações não-governamentais. Site: www.denissena.com
Os primeiros passos ao se realizar uma oficina de graffiti, antes das aulas teóricas, é desenvolver a prática do desenho, conhecendo as noções de figuras humanas, objetos, letrados, abstracionismo e geometria. Outro aspecto importante é trabalhar com a técnica de luz e sombra, autocontraste, cores e escalas de degradê. Para trabalhar a técnica do molde vazado, é preciso ter os suportes, como: papel papelão, radiografia ou tipo de papel rígido. O ideal é desenhar sobre o papel com as ferramentas do lápis ou giz de cera. Após a criação da imagem sobre o papel, basta recortar com a tesoura ou estilete as partes que serão vazadas. A aplicação deverá ser feita diretamente na superfície, apoiando o papel papelão no muro. Logo depois, usar o jet do spray ou a técnica do rolinho de espuma em direção a imagem vazada. Além de produzir releituras de grandes obras, ou não, as imagens podem ser repetidas em séries, deixando a sua marca em vários suportes urbanos. Claro, com cautela.
Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil :: 35
Materiais UTILIZADOS Neste projeto, realizado em um domingo chuvoso no final de julho, com alunos da ONG Projeto Cidadão, da qual sou voluntário há sete anos, foram utilizados os seguintes materiais: sprays, cap’s, rolinho de espuma, látex acrílica ou PVA, pigmentos, pilotos, marcadores, bandejas e máscaras de filtros para uma grande produção. Os moldes vazados foram criados na hora.
A escolha do tema A temática dessa produção foi “Ser humano: responsável pelos danos da natureza”. O resultado plástico da intervenção foi a valorização da figura humana em autocontraste, a utilização dos pássaros, reproduzidos em séries, além da mensagem: “Educação e cultura para o povo!”. Foi um grande presente para a comunidade. Iniciamos a nossa nova galeria a céu aberto. Os educandos estão no segundo semestre da ofi cina de graffi ti e continuam estudando a técnica do desenho, para depois ter o domínio com o spray, que não é tão fácil, exige uma boa coordenação motora da garotada.
36 :: Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil
Graffiti a mão livre Na produção dos graffitis feitos a mão livre, geralmente é preciso ter os esboços em mão para executar a pintura. Na maioria desses projetos no coletivo, segue-se uma temática. O primeiro passo é aplicar a pintura de base no muro, que pode ser apenas de uma cor ou degradê. O segundo é dividir os espaços para cada artista que irá pintar, cada um com seu estilo, técnica e conceitos. Nessa intervenção, criamos a imagem de um retângulo, que foi aplicado à base branca de látex, com a técnica do rolinho de espuma. Usamos a escada para aplicação da pintura e uma imensa régua que improvisamos, que foi encontrada na rua.
Técnicas de Criação - Graffiti/Stencil :: 37
Construção coletiva da arte Na segunda parte da produção do muro, criamos os moldes vazados com papel papelão e radiografi a. Eles foram recortados com tesoura e estilete. No início da pintura, a própria luz do sol projetou as sombras dos meninos durante a movimentação de todos. Naturalmente, esboçamos as sombras, logo depois preenchemos com o spray. A parte mais interessante nessa produção foi a construção coletiva da pintura na técnica do molde vazado, pois todos ajudaram a segurar e aplicar os sprays e o rolinho de espuma. Em seguida, graffitei meu personagem ao lado da imagem do retângulo. Para mim, foi uma espécie de performance, pois não deixaria de ser didático, pois todos estavam atentos aos traços e a técnica. O meu ideal, enquanto arte-educador, é usar o graffi ti como veículo de comunicação e transformação social. Hoje, sou uma referência na minha comunidade, Cabula 1, antigo Quilombo, periferia de Salvador. É preciso levar cultura e arte para todos, principalmente aos que estão exclusos e sem perspectiva de vida.
Crédito das fotos: Carol Garcia (www.carolgarcias.multiply.com)
38 :: debate - PC x Mac
Qual é a melhor plataforma para criação na web? Todo profissional de criação tem seu dia de transformação em torcedor de futebol apaixonado. Principalmente, quando o debate envolve a melhor plataforma tecnológica a ser usada durante o processo de criação: PC ou Mac? De um lado estão os “macmaníacos”, que visualizam no produto da Apple a perfeita tradução de suas necessidades de trabalho. Do outro, existe o argumento de que o PC permite ao profissional conhecer de perto a realidade do ambiente normalmente utilizado pelo usuário, ajudando na concepção de projetos focados nas reais necessidades dos clientes. Diante disso, nada melhor do que buscar no mercado diferentes opiniões para entendermos como anda o comportamento dos criativos brasileiros com relação a tal assunto. Boa leitura!
debate - PC x Mac :: 39
André Matarazzo Sócio-diretor da Gringo.nu www.gringo.nu
“A melhor plataforma é aquela que tem compatibilidade com o restante do seu time. Na Gringo, todos têm Mac, por isso eles são os reis do pedaço. A escolha por Mac é uma mistura entre paixão pela simplicidade, beleza, clareza de comandos e experiência do sistema operacional. Eu, particularmente, sempre gostei muito e já usava há anos Macs. Quando formamos a Gringo, banimos os PCs. Só sobraram alguns notebooks PCs pessoais dos programadores. Essa nossa relação de amor com o Mac não é, logicamente, sem obstáculos. Desenvolver tudo em Mac, até um estágio semifinal, nos limita a só encontrar alguns bugs importantes mais para frente no processo. Sem contar que alguns sites em que navegamos nem funcionam direito em Mac. Então, às vezes, voltamos para um PC só para poder navegar em algum site com usabilidade falha. O bacana dos Macs novos é que você também pode instalar Windows neles se precisar muito. Na verdade, é uma questão de escolha pessoal. Tenho a impressão de que PCs e Macs têm vantagens e desvantagens. No meu caso, eu prefiro engolir algumas desvantagens do Mac em troca de uma experiência visual e de usabilidade muito superior ao PC.”
“Na verdade, é uma questão de escolha pessoal. Tenho a impressão de que PCs e Macs têm vantagens e desvantagens”
40 :: debate - PC x Mac
“Usei PC por muito tempo, quando ainda tinha minhas dúvidas quanto a melhor plataforma. Já havia tido uma experiência usando Mac, mas com o sistema operacional OS 9, que não me encantou em nenhum momento. Essa experiência não me encorajou a mudar, muito pelo contrário, não conseguia entender o motivo das pessoas defenderem tanto a Apple, apesar de uma tia minha que é designer, Regina Ferraz, sempre me dizer que ‘se os melhores profissionais da área usam, é muito provável que seja realmente melhor’. Em 2003, já na Globo.com, conheci o OS X, que era usado pela equipe de Branding. Na época, toda a equipe de Design de Interface, à qual eu pertencia, usava PC. Achei o OS X genial, comprei um iBook e nunca mais consegui tocar no meu PC de casa, que ficou abandonado na minha mesa. Um belo dia me ofereceram e troquei também no trabalho. Isso foi possível por que eu não usava o Visio, que é o programa que, juntamente com o Axure, mais prende o pessoal da minha área ao PC. Agora isso acabou, já que o Mac também roda Windows. Na época da transição, ouvi muitos argumentos contra e a favor de ambas as plataformas. A favor do PC: preço, facilidade para suporte e ver exatamente como a maioria dos usuários vê. A favor do Mac: vírus nunca mais, estabilidade do sistema operacional e a característica que julgo mais importante: doses diárias de prazer na veia. Sim, porque como diria o Vinícius, as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental - ainda mais para quem trabalha com isso. E não é só beleza e bom gosto. Tudo no Mac parece
Felipe Memória Interaction Designer da HUGE (NY) e autor do livro “Design Para a Internet” www.fmemoria.com.br
que foi feito por designers para designers. Tudo é bem pensado, fácil, intuitivo, apaixonante. Trabalhar com um Mac é inspirador e te instiga a fazer coisas do mesmo nível. O computador é a ferramenta que está com você o dia inteiro, responsável pelo seu ganha pão. É muito importante que você curta, que tenha prazer. O que sempre falo para quem me pergunta sobre plataformas é: prepare seu bolso, porque é uma viagem sem volta.”
“O computador é a ferramenta que está com você o dia inteiro, responsável pelo seu ganha pão. É muito importante que você curta, que tenha prazer”
debate - PC x Mac :: 41
Pedro Mozart Sócio-diretor executivo da Urbana www.urbana.com.br
“A melhor plataforma no processo de criação de projetos, sejam ou não interativos, é composta por três elementos essenciais e um software que é imbatível: lápis, papel, borracha e seu próprio cérebro” “Simples? Pois o que poderia ser uma questão aparentemente simples, me parece eivada de alguns pré-conceitos. A tribo dos admiradores do Mac versus a tribo dos aficionados em PC - e aí é que deixa de ser simples, pois falamos de tribos. E tribos defendem suas paixões com unhas e dentes... Continuo acreditando que a melhor plataforma no processo de criação de projetos, sejam ou não interativos, é composta por três elementos essenciais e um software que é imbatível: lápis, papel, borracha e seu próprio cérebro. Da interação entre eles que surgem as verdadeiras boas idéias. Daqui surgem os insights, estalos, novos sentidos, novidades, a criação. ‘Criatividade é a descoberta de algo novo num contexto novo (criatividade fundamental) ou a descoberta de um sentido novo num contexto velho (criatividade situacional). O processo criativo tem quatro estágios: Preparação (apreender o que já se sabe); Incubação (processamento inconsciente das possibilidades); Revelação (experiência descontínua do tipo ‘ah-rá!’); e Manifestação (expressão como produto - Goswami, Amit in A Janela Visionária, Cultrix, 2006). Nesta interessantíssima definição, somente na última fase, ‘Manifestação’, é que poderíamos dizer que determinado tipo de máquina/plataforma poderia ter alguma influência maior. Ainda assim, me parece discutível, pois o resultado final depende do tipo de manipulação que você faz utilizando essencialmente os três elementos citados acima, somados a todo o seu conhecimento acumulado - experiências, leituras, vivências, aprendizado, viagens (em todos os sentidos), que são a base de seu maravilhoso e inimitável software - o seu próprio cérebro. Você. Simples.”
42 :: debate - PC x Mac
“Um Mac, porém, tem design visual superior, tanto por dentro quanto por fora, e não podemos negar que isso inspira qualquer criativo” “Numa conversa entre amigos, justamente sobre esse tema, um colega finalizou o papo com a seguinte f r a s e : ‘ Vo c ê n u n c a v e r á u m d e s i g n e r s ê n i o r o u u m diretor de arte com um Sony Vaio debaixo do braço’. Desta afirmação, podemos concluir o seguinte: um bom profissional da área de design de projetos interativos sempre terá um Mac, pela qualidade dos trabalhos Renato Amarante Diretor de Planejamento da Graffikpix Media Design www.graffikpix.com.br
que quer realizar e pelo status que a marca da ‘maçã’ proporciona. Desde que a Apple assumiu o processador Intel, ela tem caminhado para eliminar a diferença técnica entre PC e Mac, focando no processo criativo e não nas ferramentas, que são cada vez mais iguais. Acredito que os ‘die hard fans’ do Mac têm mais ‘ a p u ro v i s u a l ’ , e s t ã o a c o s t u m a d o s c o m a i n t e r f a c e moderna e bonita do sistema operacional e seu padrão de exigência vai sendo naturalmente elevado. Eles acabam colocando uma estética de alto nível em seus projetos e tudo o que fazem é muito bem cuidado. No Mac, os ícones são mais trabalhados, os detalhes de acabamento são superiores, a usabilidade do sistema é mais inteligente, enfim, tudo é mais interessante. A Microsoft continua correndo atrás, agora com o Windows Vista, mas é isso, está sempre atrás. Com uma máquina boa (PC ou Mac) se faz praticamente a mesma coisa com os softwares. Um Mac, porém, tem design visual superior, tanto por dentro quanto por fora, e não podemos negar que isso inspira qualquer criativo. Sempre ouvimos falar de ‘ex-isso’ ou ‘ex-aquilo’, mas não conheço um ex-usuário de Mac.”
clube do assinante :: 43
46 :: e-mais - Advergames
Advergames o o jogo jogo on-line on-line das das marcas marcas Trabalhar com projetos na web representa um desafio diário na busca e na concepção de idéias que estimulem a forma como os usuários vão se relacionar com um determinado ambiente. Ou seja, estamos vivenciando um período de profundas transformações na forma como a comunicação flui entre emissor e receptor das informações. A era do consumidor passivo foi superada pelo tempo da troca intensa de experiências e sensações. “Somos bombardeados diariamente com um volume monstruoso de informações através de todos os meios. Isso acaba nos tornando mais seletivos quanto ao conteúdo e principalmente quanto à abordagem das mensagens, principalmente das comerciais. Na internet, encontramos o desdobramento desse cenário: uma quantidade inimaginável de informações, formatos de publicidade que foram massivamente utilizados até reduzirem sensivelmente seu impacto e um usuário mais impaciente que aquele que fica na frente da TV, ‘zapeando’ com o controle remoto”, aponta Fernando Teixeira, diretor de criação da Sioux (www.sioux.com.br).
e-mais - Advergames :: 47
“Os advergames proporcionam uma profunda e agradável experiência de imersão durante a interação” (Fernando Teixeira) Tal cenário acabou criando as condições ideais para
pode ser útil para fazer branding de uma marca. No entan-
a entrada dos advergames (http://pt.wikipedia.org/wiki/
to, a competição que existe em torno dos advergames o
Advergame) na web. “Eles proporcionam uma profunda
tornam uma ferramenta única. Além disso, a possibilidade
e agradável experiência de imersão durante a interação
de criar jogos de diversas naturezas, com características da
- estimulam e aguçam a percepção e caracterizam-se como
empresa, faz com que a associação marca/jogo fique ainda
entretenimento, segmento este que figura entre os mais
mais clara”, diz Allan Fonseca, diretor de atendimento da
procurados na web. Com isso, encontramos usuários mais
Netpartner (www.netpartner.com.br) e responsável pelas
receptivos e quanto mais interessante e adequada a pro-
soluções de advergames (www.adverplay.com.br).
posta do jogo, mais atenção você conseguirá dele. Abre-se
Outro detalhe importante envolve as características do
então uma grande oportunidade para transmitir uma men-
universo proporcionado pelos advergames. “A relação entre
sagem publicitária com eficácia”, diz Fernando.
marca e consumidor ocorre em um universo lúdico, despren-
Além disso, outros aspectos reforçam o crescimen-
dido de todos os pré-conceitos do mundo real, despertando
to na adoção deste formato como meio de divulgação na
novas sensações e associações. Isso cria proximidade entre
internet. “Um facilitador para a disseminação dos jogos
o consumidor e a empresa em esferas antes inatingíveis.
é o fato de sua natureza interativa se confundir com as
Não se trata apenas do consumidor estar receptivo às men-
características da própria web. Os usuários de internet,
sagens, mas do modelo mental que será construído com
em sua maioria, são propensos a participar de iniciativas
base na experiência vivida”, ressalta Fernando.
onde se tornam atores ao invés de meros expectadores.
Um bom advergame é...
Os advergames têm a capacidade de fazer com que uma
Entretenimento, imersão e interatividade. Essas são
pessoa ‘assuma o controle da propaganda’. Por fim, outro
algumas das palavras-chave para compreendermos o tra-
fator preponderante é que o jogo pode se fazer valer da
balho para a concepção de um advergame. Entendida esta
‘viralidade’ que boas ações acabam ganhando na web. Um
questão, o próximo passo é determinar as características
jogo que atraia muita gente é divulgado pelos próprios
que vão definir um bom projeto na área.
usuários, que acabam montando uma teia de propaganda
“Não ser ‘chato’, se possível, rico em multimídia, ter
espontânea. Pegando carona no aumento dos investimen-
uma ótima jogabilidade, ser desafiante, abusar da interati-
tos de propaganda na web, os advergames têm crescido
vidade dos games, ter objetivos bem definidos e o principal
de forma incontestável. De acordo com o Yankee Group,
de qualquer jogo: ser divertido. Tenho visto diversos adver-
serão gastos mais de 300 milhões de dólares com tais ações
games no Brasil e no mundo que se preocupam muito mais
apenas nos Estados Unidos em 2009, saindo de pouco mais
com o visual e a marca e se esquecem de serem divertidos
de 80 milhões em 2004”, afirma André Lima, diretor de
e interativos. O objetivo de um advergame é permitir um
operações da Infobase (www.infobase.com.br).
momento divertido com a marca/produto, enviando assim
Advergame como ferramenta de branding?
uma mensagem positiva”, relata José Jarbas, CEO (Chief
Dentro das estratégias de branding das grandes em-
Executive Officer) da EX Games (www.exgames.com.br).
presas, a internet se tornou um caminho fundamental para
Além destes aspectos, não podemos esquecer da ne-
garantir um bom relacionamento das marcas com o público
cessidade de se provocar estímulos para a utilização do
que se pretende atingir.
ambiente. “Entendo que para ter ainda mais sucesso, o
Pensando nisso, até que ponto um advergame pode
jogo precisa ser provocativo, criar uma sensação de dis-
ajudar na realização de tal tarefa? “Toda peça publicitária
puta entre seus participantes. Em alguns dos advergames
48 :: e-mais - Advergames
Jogabilidade
X
“É a virtude que um jogo possui para ser fácil e intuitivo de se jogar.
Modelos e custos envolvidos na produção Uma das grandes vantagens na utilização de um ad-
Quanto mais rápido o jogador se sentir confortável com os comandos
vergame seria a sua flexibilidade para integrar diversas
do jogo e seu ambiente, mais conceituada é a jogabilidade. Existe
ações interativas. “Ele pode ser usado para alavancar o
ainda outro conceito para jogabilidade, geralmente aplicado por
lançamento de um produto, uma promoção, uma campanha
revistas especializadas, que pode ser entendido como a maneira em que o jogador interage com a mecânica de jogo. Neste caso, uma
de comunicação de marca e até mesmo propostas educa-
jogabilidade mais complexa não significa dificuldade de interação
cionais. Sua flexibilidade aplica-se também nos tipos de
entre jogador e jogo, mas a profundidade com que isto ocorre,
peças em que pode ser veiculado: de um banner a um hot-
na forma de enredo mais elaborado, variedade de ação e quebra-
site exclusivo”, diz Fernando.
cabeças complexos, por exemplo.” Fonte: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogabilidade)
“O projeto de utilização do jogo está vinculado ao objetivo da empresa. Criar uma área exclusiva para jogos no site gera tráfego e potencializa o crescimento da base
que a Netpartner criou, mandamos e-mails avisando a um
de dados. Colocar o jogo em uma comunidade ou site faz
participante que esteja na liderança e seja ultrapassado por
com que mais pessoas tenham acesso a ele. O mais impor-
outro competidor. Desta forma, aumentamos o número de
tante é a flexibilidade que os advergames trazem para que
vezes que um único usuário volta ao site, utiliza o jogo e
agência e cliente trabalhem”, complementa Allan.
se expõe à marca que desejamos divulgar. Características
Em relação aos custos envolvidos para a sua produção,
mais técnicas como interface atraente, grau de dificuldade
o especialista explica que a definição dos números vai de-
no grau certo, velocidade de download também são funda-
pender do nível do projeto. “É preciso avaliar a complexida-
mentais”, argumenta André.
de da mecânica a que está associado e os recursos necessá-
Etapas envolvidas no desenvolvimento
rios para o desenvolvimento do jogo. Basicamente, os custos
A boa notícia é que as etapas de desenvolvimento de
envolvem o desenvolvimento do conceito, projeto gráfico,
um advergame não diferem muito das utilizadas em um
lógica e programação, sonorização e a hospedagem”.
website ou hotsite normal. Assim, para garantir o sucesso
Para justificar tamanho investimento, a resposta passa
de seu projeto, uma dica é buscar uma perfeita sintonia no
pelo alcance que um advergame pode atingir. “A probabi-
trabalho dos profissionais responsáveis pela criação e pela
lidade de um jogo tomar grande proporção e atingir um
programação do jogo.
público enorme é muito maior do que um pop-up ou banner
“A seqüência ‘definição do propósito / layout / desen-
ganhar tais dimensões. Se comparados às mídias tradicio-
volvimento das funcionalidades / testes’ resume bem o cami-
nais, os advergames também levam vantagem potencial.
nho que deve ser seguido. Em minha opinião, é fundamental
Sendo assim, ao programar uma ação inteligente, com um
que exista boa mão-de-obra de desenvolvimento de sistemas.
jogo adequado ao público, interessante, estimulante e de-
Os jogos não são apenas links e animações. Para não coibir a
safiador, a empresa pode esperar muita propaganda boca
criatividade e garantir que a iniciativa atingirá os resultados
a boca, grande exposição tanto em termos de número de
esperados, é muito importante contar com bons desenvolve-
usuários quanto em relação ao tempo no qual um usuário
dores suportando o pessoal da criação”, orienta André.
recebe o estímulo de sua marca e um bom banco de dados
Outra questão fundamental está presente no desenvolvimento da jogabilidade. “De forma análoga à etapa de estudo de usabilidade de um site tradicional, este momento tem a preocupação de garantir que o jogo será concebido da maneira mais adequada em relação a seu público-alvo. A jogabilidade é o ponto principal de um advergame”, destaca Allan.
para ser trabalhado posteriormente”, finaliza André.
e-mais - Advergames :: 49
“A probabilidade de um jogo tomar grande proporção e atingir um público enorme é muito maior do que um pop-up ou banner” (André Lima) Advergame: principais etapas de desenvolvimento 1) Planejamento (decupagem do briefing, observando os objetivos de comunicação, cenário e público-alvo); 2) Levantamento de mecânicas adequadas aos objetivos; 3) Alinhamento e seleção da mecânica do jogo com a equipe criativa; 4) Criação do conceito do jogo; 5) Projeto gráfico (game design - cenários e personagens, sound design, level design etc.); 6) Desenvolvimento (programação do game, dos servidores etc.) 7) Testes; 8) Implementação; 9) Administração: desenvolvimento de relatórios, de acordo com as métricas geradas pelo jogo. Fontes: Fernando Teixeira (Sioux) e José Jarbas (EX Games)
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50 :: e-mais - Advergames
Exemplos de advergames na web
“A Intel também criou uma campanha de sucesso, através de um jogo que é uma espécie de ‘The Sims’ para gerentes
- BK Gamer
de TI. Depois, espalhou o jogo no mundo inteiro, incluindo o Brasil.” (André Lima)
- Lose Your Anger
www.bkgamer.com
“O Burger King foi muito eficiente ao criar uma campanha inteira baseada em advergames e elaborou uma das mais bem sucedidas e rentáveis iniciativas desta natureza.” (André Lima) www.loseyouranger.com
“Para ajudar a lançar seu cartão de crédito, a Virgin lançou - Cartoon Network
um jogo onde o usuário era convidado a colocar o nome de seu banco atual na frente de um prédio e depois devia destruí-lo. Quem causasse mais danos ao prédio, no menor tempo, passava para fase mais complicadas, com objetivo semelhante. O usuário que acumulasse mais pontos era o vencedor. A ação gerou um número muito acima da meta de usuários novos para o cartão, que eram oriundos do site do jogo.” (Allan Fonseca)
www.cartoonnetwork.com.br
“É um exemplo de empresa que aposta no poder dos games para fidelizar, promover, estreitar relacionamento,
- Rexona Power Pamplona
trabalhar a marca de seus produtos etc. Vale muito a pena visitar e aprender com eles.” (José Jarbas)
- IT Manager Game 2.0
www.powerpamplona.com/Game/Default.aspx?l=en-NL
“A jogabilidade e os gráficos em 2D são excelentes. O clima do jogo passa muito bem a mensagem da AXE: sempre um cara perseguido por mulheres. Simples, bem feito, divertido e boa imersão com a marca.” (José Jarbas)
http://itmg2.intel.com/por/?iid=porHPage+news_itmg2
estudo de caso - FamĂlia Design :: 51
Peixe Grande 2007 Está aberta a temporada de pesca. Participe votando nos melhores cases!
Votação no site: www.arteccom.com.br/peixegrande
54 :: tecnologia na web
Tecnologia na web Traga o usuário até você Você sabia que, nos EUA, já existe um neologismo com o
relevância para essa página. Esse, em poucas palavras e de
termo google, chamado “googlar” (http://pt.wikipedia.org/
forma simplista, é o processo de indexação do conteúdo na
wiki/Googlar), que acabou virando sinônimo de pesquisar?
web”, explica Steven Sudré, diretor comercial da Brane do
Pois bem, tal comprovação aparece em uma passagem
Brasil (www.brane.com.br).
do filme “Encontro de Amor”, quando a personagem de
Algumas técnicas de otimização
Jennifer Lopez diz para seu filho entrar na internet e “goo-
A próxima etapa é colocar a mão na massa, ou seja,
glar” o assunto referente à sua pesquisa escolar. Definitivamente, a busca por informações é um dos principais motivadores para a navegação pela web. Na edição de
utilizar determinadas orientações para que o site seja indexado da maneira correta pelos programas de varredura utilizados pelos sistemas de busca.
dezembro de 2006, na seção “Métricas e Mercado”, ficamos
“Em relação às principais características técnicas da oti-
sabendo que o volume de buscas pela internet atinge núme-
mização, podemos destacar as que dizem respeito ao código
ros impressionantes na casa dos oito bilhões mensais.
do site. O responsável pela construção do código deve com-
Diante desse cenário, se tornou fundamental na admi-
preender o que o buscador espera quando entra em um site.
nistração de um site trabalhar alguns recursos que garan-
Ele espera poder navegar como um visitante, entrar nos links
tam um melhor posicionamento do ambiente dentro dos
e conhecer o conteúdo. Se o buscador não conseguir fazer
mecanismos de buscas. A seguir, vamos apontar algumas
isso, ele não saberá se o seu site trata de ração de cachorro
dicas que podem ajudar na realização de tal tarefa.
ou de peças para automóveis. A conseqüência de um proble-
Conhecendo o processo de indexação de um site
ma desse tipo é que o seu site jamais terá boas posições nas
Para quem ainda não sabe, a dinâmica envolvendo o pro-
páginas de resultado pelo simples motivo que o buscador
cesso de indexação nos mecanismos de busca acontece da se-
não faz idéia para que tipo de busca deve mostrar o seu site”,
guinte forma: eles possuem “robôs”, programas de varredura
aponta Steven.
também conhecidos como spiders ou crawlers, que percorrem a internet incessantemente em busca de conteúdo e links.
Pensando nisso, o especialista ressalta que é preciso uma certa parcimônia na hora de desenvolver um ambien-
“Esses robôs conseguem chegar até uma página a partir
te com Flash. “Muitas vezes, os sites são construídos de
de um link. No momento em que eles encontram um link para
forma ilegível aos sistemas de busca, por exemplo, um site
uma página, vão até ela. Portanto, os links são as pontes
todo construído em Flash. Apesar de o Flash ser uma ferra-
entre uma página e outra e assim os robôs percorrem a rede.
menta excepcional, do ponto de vista do buscador ele não
Uma vez que o robô está na página, ele procura indexar todo
ajuda muito, pois é um arquivo fechado. A melhor forma de
o conteúdo. Mas, para tanto, é importante que o código do
construir o site é com códigos mais simples e usar o Flash
site seja compreensível aos buscadores. O código não pode
para a parte de imagens/animações. Preocupando-se em
ser muito complicado, usar frames ou ser todo em Flash. Sen-
ter códigos de fácil leitura para os buscadores, você está
do o código legível ao buscador, ele captura o conteúdo da
abrindo as portas para que eles possam conhecer o que o
página, armazena em seus bancos de dados e determina uma
seu site tem de bom para os visitantes”.
56 :: tecnologia na web
“O importante é visualizar a otimização como uma forma de divulgação que se perpetua” (Steven Sudré)
Outra dica é focar o desenvolvimento nas caracterís-
Como justificar o investimento?
ticas de seu usuário. “É preciso pensar nele, é isso que o
Para incluir esta etapa na concepção de um ambien-
buscador prega. Uma página que é feita totalmente orien-
te interativo, conhecer quais são os principais benefícios
tada para o usuário, certamente será bem colocada nos
em sua utilização vai ajudar a justificar o investimento no
buscadores. Existem algumas centenas de critérios e os
segmento. “Os benefícios são muitos. Por exemplo: uma
mecanismos de buscas estão se renovando dia a dia para
otimização bem feita irá gerar muitas visitas ao site. O
aumentar cada vez a relevância de seus resultados. É preci-
primeiro efeito que se observa é a quantidade de termos
so acompanhar essas mudanças continuamente, de modo a
de busca pelos quais o site passa a ser encontrado. Se
garantir que seu site fique sempre bem colocado”, destaca
uma empresa imagina que poderá ser encontrada por 100
Conrado Adolpho, diretor da Publiweb - Marketing Digital
palavras-chave, provavelmente será encontrada por 5.000
(www.publiweb.com.br).
ou até 10.000 termos de busca diferentes. A razão disso
No final, as técnicas de otimização serão divididas em
é que as pessoas vão ao buscador e realizam buscas das
dois grupos: on page e off page. “As on page são as que
formas mais diferentes possíveis. E um site bem otimizado
você define como será estruturado o seu site. Alguns exem-
possuirá muito conteúdo legível capaz de atender a esse
plos são escolha dos títulos de página, nomear URLs ou es-
universo de buscas”, cita Steven.
trutura de links. Já na parte off page são os fatores externos
Lembrando ainda que o tempo para mensurar o retor-
a página como os sites que linkam e os tipos de links. Alguns
no sobre o investimento vai depender de uma série de fato-
exemplos são os diretórios e o texto contido no link”, expli-
res. “Podemos destacar alguns: idade do site (quanto mais
ca Paulo Rodrigo Teixeira, profissional do e-marketing do
antigo melhor), relevância do site quando a otimização foi
British Council Brasil (www.britishcouncil.org.br).
iniciada, conteúdo existente e concorrência. O importante
Assim, quem pretende se especializar na área terá que
é visualizar a otimização como uma forma de divulgação
possuir um perfil multidisciplinar. “É preciso entender de
que se perpetua. Diferentemente de qualquer outra mídia,
programação, ter noções de acessibilidade, conhecer os
que os investimentos devem ser renovados constantemen-
padrões do W3C, entender de marketing e de negócio. Um
te, e muitas vezes tendem a aumentar ao longo tempo, a
profissional completo de otimização consegue realizar uma
otimização demora um pouco até os resultados virem, mas
ótima campanha e sair do padrão. Entender os sites sociais
após esse momento, os investimentos tendem ao zero e
também é uma tendência”, revela Paulo.
os resultados continuam ocorrendo. O site da empresa é
“A otimização de sites é uma tarefa multidisciplinar.
visitado 24 horas por dia, sete dias por semana, em todo
Não adianta entender só de tecnologia nem só de marke-
o Brasil e, mesmo após o término do contrato, esses re-
ting. A internet não é uma rede de computadores, é uma
sultados persistem. Assim, é um investimento que trará
rede de pessoas. As pessoas influenciam diretamente o me-
resultados durante muito tempo”.
canismo de busca e este influencia diretamente o mercado, resultando em um ciclo que se repete a cada busca”, complementa Conrado.
tecnologia na web :: 57
nível médio
Principais critérios do Google para “pontuar” um site - Título da página
- Idade do domínio e das páginas
“Deve conter as palavras-chave do negócio sobre o
“O mecanismo de busca ‘confia’ mais nas páginas que
qual trata o site”
estão há mais tempo sendo varridas por ele. Um domínio que tenha, por exemplo, mais de três anos, costuma ter
- Conteúdo da página
naturalmente um page rank maior”
“Deve conter as palavras-chave distribuídas uniformemente e sem exageros (para não ser classificada como
- Quantidade de conteúdo
spam de palavras-chave)”
“A quantidade de conteúdo de cada página é contabilizada pelo buscador. Mas não vale exagerar, pois o
- Links externos
mecanismo de busca pode nem chegar até o final do
“Quanto mais links (e de qualidade) apontando para o
código se ele tiver muitas linhas”
site, melhor o seu ‘page rank’ (se tratando de Google). O page rank é um atributo fundamental para que um site
- Página principal
tenha uma boa colocação nos mecanismos de busca”
“As páginas linkadas na página principal recebem uma importância extra. É importante fazer com que a página prin-
- Quantidade de páginas
cipal tenha links para páginas com conteúdo relevante”
“Quanto mais páginas têm um site, maior é a importância que o buscador dá para ele”
Fonte: Conrado Adolpho
58 :: tecnologia na web
Participação dos assinantes Que recursos você utiliza para ter um melhor posicionamento nos sistemas de busca?
Aline Sena alinesena@gmail.com
No caso do Google, que procura informação no conteúdo do site, crio uma div style=”DISPLAY: none” com todo o texto que eu quero que apareça na busca. Em outros casos, a tag funciona. No meu texto de apresentação, coloco tudo que esteja relacionado com meu propósito, me imagino no lugar de quem está buscando e escrevo tudo que for relacionado.
Vencedora!
Prêmios: Treinamento de Tecnologia e Projeto Web (Patrocínio: Impacta), 1 ano de hospedagem grátis (Patrocínio: PlugIn) e Consultoria de Webmarketing (Patrocínio: Acessa Host)
Areta do Bem kokisul@yahoo.com.br
Regras básicas do W3C, conteúdo relevante ao tipo de usuário que quero atingir, código o mais semântico possível, URLs amigáveis e que referenciam o conteúdo a que se referem, layout em CSS e meta tags bem definidas. Prêmio: Curso Flash Criação de Conteúdo Rico em turma (Patrocínio: Afterweb)
2º lugar Guilherme Tossulino guilherme@tossulino.com
A técnicas de otimização utilizadas são inúmeras. Títulos, URLs e meta tags com keywords são um fator fundamental para o sucesso nos resultados. Além disso, possuir bons vizinhos com links apontados para seu site e ter conteúdo original e inédito são fatores indispensáveis. Otimização requer planejamento e análise. Não é algo que acontece da noite para o dia e é preciso saber
3º lugar
utilizá-las. Prêmio: 3 meses de hospedagem grátis (Patrocínio: Digiweb)
Marcos Poscai poscaii@yahoo.com.br
Além de um desenvolvimento semântico na programação, utilizo nos códigos os meta tags, para as palavras-chaves, quem desenvolveu etc. Claro que também existe uma divulgação em alguns sites: quanto mais links estiverem em outros sites, melhor o posicionamento.
4º lugar
Prêmio: Livro “Tempo é Lucro” (Patrocínio: X25)
Assinantes ganham descontos exclusivos em cursos e empresas de hospedagens. Confira no site!
tutorial :: 59
revendas
60 :: tutorial
Actionscript - Parte 6 Neto Leal Programador Flash há sete anos (www.netoleal.com.br), Adobe Certified Professional and Instructor. Atualmente, trabalha na Gringo.nu.
Dando continuidade ao artigo anterior, onde falamos
necessidade da criação de qualquer instância. Um exemplo
sobre herança e o uso da palavra chave super, vamos apro-
conhecido de membros do tipo static são os métodos da
fundar o conceito de encapsulamento. É muito importante
classe Math. Você já deve ter usado a classe Math para ter
quando desenvolvemos classes que serão usadas em larga
acesso a métodos matemáticos (cálculo de seno, coseno,
escala e até por outras pessoas, que cuidemos dos dados
tangente, raiz quadrada, potência, números randômicos
que trafegam por entre nossos objetos. Encapsular cor-
etc.). Mas deve ter notado que nunca precisou criar nenhu-
retamente os dados significa dar visibilidade e acesso a
ma instância de Math para usar de sua funcionalidade.
alguns dados e a outros não. Veja a seguinte figura:
Por exemplo: se você precisa arredondar um número, você usa o método round da classe Math ( var n = Math. round( 1.2 ) ). Porém, não é necessário escrever new Math( ); para usar o round. Há ainda os tipos de encapsulamento usados para declaração de classes. dynamic - Classes declaradas como dynamic terão a
Essa figura representa a estrutura básica de uma clas-
característica de aceitar a criação de qualquer variável em
se. O core, ou também conhecido como caixa preta, é
seus objetos sem que estas sejam declaradas anteriormen-
todo o funcionamento interno da classe. Esse funciona-
te. Um exemplo de classe dynamic é a classe MovieClip. Um
mento é composto de métodos e membros que não são
MovieClip possui a característica de permitir que criemos
diretamente acessíveis por quem usa a classe (isso inclui
objetos personalizados dentro dele. Você pode tranqüila-
você mesmo que a criou). A interface é a camada externa
mente criar um MovieClip e colocá-lo dentro de um outro
da classe. Através dela, os dados entram ou saem e toda a
que, por sua vez, está dentro de outro. Já vimos que para
interatividade e relacionamentos com outros objetos ocor-
acessar um MovieClip que está dentro de outro usamos a
rem. A interface é a parte “visível” da classe. Em ActionS-
sintaxe: movieClipPai.movieClipFilho._x = 100 (mudando
cript 2, existem as seguintes formas de encapsulamento:
a posição x do MovieClip interno). Por essa característica
public - Este é o encapsulamento padrão. Qualquer
é que MovieClip é uma classe dynamic.
membro criado em uma classe que não tenha seu encap-
intrinsic - Classes declaradas com esse tipo são todas
sulamento explicitamente declarado, este será assumido
as que são implementadas pelo Flash Player. Ou seja, clas-
como public. Membros declarados como public pertencem
ses nativas do Flash. Você nunca vai precisar criar classes
a interface da classe.
desse tipo, ao menos que vá um dia trabalhar dentro da
private - O encapsulamento private é usado para de-
Adobe na construção de um novo Flash Player.
terminar que determinado membro é somente acessível por outros membros da mesma classe ou através de herança. Es-
Vejamos então o seguinte exemplo:
ses membros tornam-se de uso interno. Ou seja, membros declarados como private pertencem ao core da classe. Static - Todos os membros declarados como static não irão pertencer a nenhuma instância da classe. Esses membros só são acessíveis através da própria classe sem a
class com.netoleal.revistawd.formatters.DateTimeFormatter { private var date:Date; public function DateTimeFormatter( pDate:Date ) { this.date = pDate;
tutorial :: 61
} public function formatDate( ):String { var day:String = this.leftZeroFormat( this.date.getDate( ), 2 ); var month:String = this.getMonthName( this.date.getMonth( ) ); var year:Number = this.date.getFullYear( ); return day + “/” + month + “/” + year; } public function formatTime( ):String { var hour:String = this.leftZeroFormat( this.date.getHours( ), 2 ); var min:String = this.leftZeroFormat( this.date.getMinutes( ), 2 ); var sec:String = this.leftZeroFormat( this.date.getSeconds( ), 2 ); return hour + “:” + min + “:” + sec; } private function getMonthName( month: Number ):String { var months:Array = [ “Jan”,
“Fev”, “Mar”, “Abril”, “Maio”, “Jun”, “Jul”, “Ago”, “Set”, “Out”, “Nov”, “Dez” ]; return months[ month ]; } private function leftZeroFormat( num: Number, digitCount:Number ):String { return String( Math.pow( 10, digitCount ) + String( num ) ).substr( - digitCount ); } }
Acredito que a essa altura você já conheça o procedimento de salvar arquivos de classes. Porém, se você é um atrasadinho que não vem acompanhando nossos artigos aqui na Webdesign, aí vai: Primeiro, salve um arquivo FLA em branco na pasta que desejar. Depois, salve a classe em um arquivo chamado “DateTimeFormatter.as” em uma pasta no seguinte caminho contando a partir de onde salvou o FLA: com/netoleal/revistawd/formatters/
62 :: tutorial
Antes de comentar o código, façamos um teste. No arquivo FLA, abra o painel de Actions e faça o seguinte:
Nesse caso, poderíamos pensar numa solução para tornar esse método público e não relacionado diretamente com a classe DateTimeFormatter. Veja a seguinte solução:
import com.netoleal.revistawd.formatters.DateTimeFormatter; var fmt:DateTimeFormatter = new DateTimeFormatter( new Date( ) ); trace( fmt.formatDate( ) ); trace( fmt.formatTime( ) );
Teste o filme pressionando CTRL+ENTER e veja o resultado na janela output. Se tudo ocorreu bem, você deve
class com.netoleal.revistawd.utils.NumberUtils { public static function leftZeroFormat( num:Number, digitCount:Number ):String { return String( Math.pow( 10, digitCount ) + String( num ) ).substr( - digitCount ); } }
estar vendo a data atual de seu sistema seguida da hora em que o arquivo SWF foi testado. Se ocorreu algum erro,
Agora, o método leftZeroFormat é um do tipo static
então sugiro dar uma revisada no código (aqui funcionou
da classe NumberUtils. Lembra o que eu falei sobre sta-
certinho). Comentando: a seguinte imagem representa a
tic? Dessa forma, podemos acessar esse método sem a
estrutura básica dessa classe:
necessidade de criar uma instância da classe NumberUtils. Isso é bem útil nesses casos em que precisamos de acesso rápido a membros e métodos úteis a partir de um meio global. Para usar esses métodos, voltaremos à classe DateTimeFormatter e adicionamos a seguinte linha no topo do arquivo:
Veja que o core da classe é formado pela variável date e pelos métodos getMonthName e leftZeroFormat. Enquanto a interface é formada pelo construtor mais dois métodos formatDate e formatTime. Voltando ao FLA, tente fazer o seguinte: var fmt:DateTimeFormatter = new DateTimeFormatter( new Date( ) ); trace( fmt.getMonthName(0 ) );
Se você testar o filme, verá uma mensagem de erro. A mensagem diz que você não pode acessar um membro privado de uma classe. Ou seja, o método getMonthName faz parte apenas do funcionamento interno da classe. Ele é um método auxiliar para que métodos da interface da classe possam funcionar. Chamo agora a atenção para o método leftZeroFormat. A intenção desse método é formatar um número acrescentando zeros à esquerda a fim de atingir uma determinada quantidade de dígitos. A utilidade é formatar uma hora de 5:4:9 para 05:04:09. Entende? Porém, esse método pode ser muito útil em outros casos como formatação de outros números que não somente horas e datas.
import com.netoleal.revistawd.utils.NumberUtils;
Depois, removemos o método private function leftZeroFormat e substituímos em todas ocorrências de this. leftZeroFormat por NumberUtils.leftZeroFormat. Agora, se você precisar formatar números com zero à esquerda, basta importar a classe NumberUtils e já acessar leftZeroFormat. Prático, não? Bom, existem muitas formas de usar os conceitos vistos aqui. As dúvidas que surgem geralmente são a respeito de como e quando usar tipos diferentes de encapsulamento. A resposta não pode ser diferente de: tem que usar MUITO e praticar MUITO. Sempre digo que a prática é uma conseqüência da prática. Você só tem prática, se praticar. Redundante? Talvez. Mas não dá para negar que faz sentido.
64 :: mundo digital
Luciano Cian Publicitário, designer e artista plástico. Trabalha com internet, multimídia e vídeo. Trabalhou em agências de publicidade e design no Brasil e no exterior, antes de fundar a Hiato - Ferramentas de Comunicação, onde é sócio-diretor de criação. cian@hiatofc.com.br
Propósitos, preocupações e costumes Sejam todos bem-vindos à sociedade dos avatares, a sociedade do conteúdo, da geração de conteúdo. Da web 2.0, do vídeo do gato que dorme sobre o pitbull de olhos vermelhos. Bem-vindos à sociedade da informação compartilhada por muitos. Milhões, bilhões, zilhões de tudo. A sociedade que pode recriar a vida a partir das idéias, lançá-las na internet, vender camisas com frases-slogan, alertar sobre a transformação climática do planeta como um velho e barbudo projeta. A sociedade que fala com o vizinho chinês - em inglês - sobre a Faixa de Gaza. A sociedade dos poetas que não escrevem, que não sofrem, que não bebem. A sociedade que dá poder, democraticamente, a todos àqueles que julgam saber, mesmo que não saibam nada. A sociedade do tudo. A sociedade do nada. Ninguém foi capaz de prever que o mundo da conexão fosse tão desconectado. Vazio. Fechado no vácuo do “eu”. Paradoxal. Isso não é regra, é só uma constatação diante de tantas informações sem relevância. Palavras perdidas, pixels sobre pixels. Afinal, sempre fomos narcisistas incógnitos. O princípio é simples: como gerar conteúdo sem dispor do próprio? Como falar sobre algo se especializando em tudo? Fotógrafos, paleontólogos, numerólogos, estilistas, chargistas e golpistas, está tudo lá. O jogo do tudo que não leva a nada. Talvez isso explique o sucesso do Google, os filtros são os grandes mestres dessa sociedade, sem eles as viagens seriam infinitas. Chegar a algum lugar seria uma missão impossível, diante de tantas possibilidades perecíveis. Haja paciência. Coisa pro nosso amigo chinês que fala sobre a Faixa de Gaza em inglês. Mesmo assim, os velhos problemas insistem. O dente dói. A vizinha do 203 continua gostosa. A caneta e o isqueiro BIC são roubados discriminadamente. As pessoas se casam (com direito a flor na lapela). Os bares lotam. Os estádios balançam nas finais de campeonato. Dois mundos interligados que falam línguas distintas. E como qualquer pessoa que busca o sucesso pessoal e profissional, há necessidade de falar essas duas línguas, fluentemente. Segundo alguns teóricos, a geração DI (depois da internet) carrega no DNA uma atitude não-linear, horizontalizada... Mas, cá entre nós, isso não é totalmente óbvio? Não era assim na geração pós-revolução industrial? Cada uma com suas neuroses fresquinhas. Um embate clássico entre gerações. As máquinas ditando o ritmo da evolução, da economia, criando novos costumes. Bom, mas “hoje” descobrimos que novos meios são fundamentais para estabelecer contato com novas pessoas. Que o mundo digital é fato, mesmo que recorrente (vide a ascensão,
mundo digital :: 65
“Descobrimos que o branding não pode ser mais o mesmo. Que a publicidade tradicional perdeu força. Que os virais são o must, que a comunicação por conteúdo é a última palavra...”
queda e pós-ascensão da NASDAQ). Descobrimos que o branding não pode ser mais o mesmo. Que a publicidade tradicional perdeu força. Que os virais são o must, que a comunicação por conteúdo é a última palavra: games, revistas, cambalhotas e mulheres com a barba devidamente customizadas. Um circo montado no meio do pega pra capar que se tornaram os esforços de venda. Tá legal, essa é uma geração bem mais democrática. Isso não se pode negar, como também não podemos negar que existe uma certa complexidade em entender esse consumidor, mesmo que ele mesmo seja o correspondente mais próximo da sua marca. Chegamos na mutação por segundo, ninguém carrega (ou quer carregar) um rótulo visível. Uma democracia dentro dos guetos que se tornaram as subdivisões das divisões, tudo comportamental. Pastiches copiados dos detentores da macro economia mundial. Ou melhor, macaquitos de imitação de quem manda na moda e nas tendências. Partindo desse princípio, estamos andando em círculos. Releituras em alta velocidade. Em resumo, o que está aí é mais uma história que criamos para seguir em busca da explicação de alguma coisa, que nunca soubemos o que é. Uma denominação de um ciclo. Esse é o papel das sociedades. É o nosso metabolismo falando alto, compartilhando propósitos, preocupações e costumes.
66 :: webwriting
Bruno Rodrigues Autor do livro “Webwriting - Redação & Informação para a web”, da editora Brasport. É consultor de informação para a mídia digital da Petrobras e titular da primeira coluna sobre Webwriting do mundo, hoje veiculada na revista on-line ‘Webinsider’. Ministra treinamentos de Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. bruno-rodrigues@uol.com.br
Não quero ver meus textos serem copiados Ah, se fosse uma novidade da mídia digital... Fato é que, há décadas, os redatores de mídias variadas convivem com o fantasma da cópia. Basta publicar aqui para encontrar reproduzido acolá, seja assinado ou anônimo. Nem sempre há má intenção; mas, neste caso, é folga, mesmo. Na internet, convivemos desde o início com o buraco negro que é a web, com suas múltiplas possibilidades, por ser um “campo livre para a reprodução de idéias”. Já vi textos meus publicados em colunas várias se multiplicarem mais que coelhos. Que, com prazer, matei com uma cajadada (jurídica) só. A arma digital do momento, aquela que entrega a informação de mão beijada aos “infolarápios” - em domicílio e embalagem para presente, diga-se de passagem -, é o RSS. Bonito na teoria e na prática, mas com um efeito colateral lamentável. A grande questão é que o RSS facilita a vida de gente mais que suspeita. Afinal, se você é sinalizado quando o trabalho dos outros fica pronto, porque não aproveitar, não é mesmo? Não pense que estamos falando de amadores, até porque são profissionais no pior sentido - e até por isso capazes de evoluir em suas técnicas de trabalho. Veja só: o The New York Times (http://www.nytimes.com) publicou, em agosto, a matéria “Please Don’t Steal This Web Content” (http://news.com.com/Please+dont+steal+this+We b+content/2100-1024_3-6200283.html), por Elinor Mills. Como implora o título, a idéia é que os internautas sejam gentis e parem de copiar conteúdo. O que mais me impressionou na matéria, contudo, foi o nível de sofisticação destes “gênios do mal”: sabia que há como copiarem seu texto e, com um software muito simples, substituírem várias palavras por sinônimos, tudinho programado? Para quê tudo isso? Simples. Se você for caçar no Google cópias não-autorizadas do seu texto, não vai ser tão fácil assim encontrá-lo. Além disso, igualzinho ao que era antes ele não será mais... Como o seu (o meu, o nosso) trabalho suado corre o risco de escorrer entre os teclados e pousar nos blogs e sites dos outros, já há americano utilizando “detetives virtuais” para fiscalizar por onde andam suas crias queridas. O site CopyScape (http://www.copyscape.com) possui uma lista de 200 mil clientes; o serviço é de graça, mas pode-se pagar por um servicinho mais “alto nível e indolor”. Na web brasileira, ainda não há nada semelhante - mas é sempre bom lembrar que, qualquer problema que apareça, há ótimos advogados especializados em Direito Digital a postos!
webwriting :: 67
“A arma digital do momento, aquela que entrega a informação de mão beijada aos ‘infolarápios’ - em domicílio e embalagem para presente, diga-se de passagem -, é o RSS”
O analista de internet Om Malik, editor do blog GigaOM (http://gigaom.com), afirmou na matéria do nyt.com que não adianta tanta neurose - para ele, conteúdo é como a Hidra de Lerna (animal mitológico de sete cabeças, lembra?). Corta-se uma cabeça aqui, nasce outra acolá. Seria perda de tempo a perseguição ao que é seu, então, ou vale a pena engajar-se, tal qual Hércules, e sair atrás de cada um dos “pedacinhos”, quando for preciso?
68 :: marketing
René de Paula Jr. User Experience Evangelist da Microsoft Brasil. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo on-line, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com
Boca, pé, mão, bola Tempos atrás, um amigo me indicou um podcast genial, ou melhor, rrrreniaL: o Desde El Baño (http://desdeelbano.blogspot.com). Digo rrrreniaL porque foi a maneira mais inusitada e gostosa de me aprofundar nos nuances e peculiaridades do portenho, o espanhol falado na Argentina (adoro o sotaque portenho). Achei genial também porque... De genial não tem nada, é um ovo de colombo: a dona do blog, a Sofia, simplesmente abre o microfone e... Fala. Fala e conversa sem afetação alguma sobre - por exemplo - todos os palavrões do filme Hijo de La Novia (viram? rrrrenial) ou sobre... Gírias baseadas em nomes de animais, ou nomes de jogos infantis, ou... Maneiras de se dizer que alguém é louco ou... As inúmeras acepções do termo fiaca. Acompanhem, é bárbaro. Deu até vontade de fazer algo parecido para a língua brasileira. Não seria uma má idéia, não? Por exemplo... Um programete sobre as diversas aplicações do pé, ou melhor, da palavra pé :) Pé de vento. Pé-direito. Sem pé nem cabeça. Tiro no pé. Não dá pé. Ou boca: boca-miúda, boca-a-boca, bocudo, boca-mole, água na boca, arrumar uma boquinha. Bola: bola-da-vez, não dar bola, tratos à bola, comer bola. E mão? Mão na roda, dar uma mão, mão-francesa, contramão. Poxa, já tenho assunto pra váááários podcasts ;) Dá até pra construir um exemplo: esse podcast, que descobri por boca-a-boca, é uma mão na roda, e dá uma bela mãozinha para quem nunca pôs os pés em Buenos Aires. Esse é um exemplo não só de gírias brasileiras, mas também de... Mídia social: quem me anunciou esse serviço foi um amigo, não um comercial de TV, e a Sofia não gastou nada com mídia alguma. Mídia social nem sempre é um bom exemplo: boca-a-boca, se você erra a mão ou come bola, pode ser um tremendo tiro no pé. Mesmo que o boca-a-boca (o tal do WOM, word-ofmouth) seja a bola da vez. Esse nosso ofício tem disso: volta-e-meia surge alguma bola da vez que cai na boca do povo. Quem está com o pé nessa história faz tempo já viu de tudo: ascensão e queda do email marketing, a glória e o ocaso do one-to-one, e agora a panacéia universal do “tudo pelo social”. Alguém do Maranhão já dizia isso... Mas acho que ninguém quer lembrar :D Mídia social, virais, comunidades, conteúdo gerado pelo usuário funcionam sim, e movimentam a custo baixíssimo as engrenagens de muita coisa bacana que temos hoje no digimundo. É como se alguém tivesse inventado uma maneira de termos Ferraris zunindo pelas pistas... Sem gastar gasolina. É o sonho digital/social do moto contínuo. Tudo funcionando e crescendo... Por conta própria. Lindo, não? Well, gripes também são assim: se espalham facinho, dominam e duram um montão. Tudo grátis. Mas gripe não é lindo não :) Não é pra menos que muitas dessas estratégias sociais são chamadas de “virais”. Mas nem todo viral é um santo remédio. Existe uma diferença entre “contagiante” e “contagioso”. E essa diferença sutil pode matar um bom projeto no berço. Vou dar um exemplo hipotético: pense num site social gringo que você acha legal. Pen-
marketing :: 69
“Mídia social, virais, comunidades, conteúdo gerado pelo usuário funcionam sim, e movimentam a custo baixíssimo as engrenagens de muita coisa bacana que temos hoje” sou? Ok, então vamos fazer uma versão brazuca. Para “economizar tempo” (coff, coff, desculpe) você “se baseia” em exemplos concretos bem-sucedidos. Para não dizer que você está fazendo uma cópia descarada do trabalho alheio, pense que você está fazendo, como Duchamp, uma assemblage de ready-mades numa collage aggiornata no Zeitgeist dos mash-ups. Ou apele para outro ex-presidente nosso que escreveu “A Originalidade da Cópia” :D Ok, tudo funcionando. Falta agora trazer gente, falta “popular” esse teu microcosmo. Aí você, inspirado pelo “tudo pelo social”, faz um esquema member-get-member viral (soa bem, não?), onde cada inscrito pode convidar seu address book inteiro e ainda ganhar pontos por isso. Matematicamente parece lindo, mas você caiu em tentação antes mesmo de entrar no paraíso. Pecado capital. Teu paraíso não vai ter mais só anjinhos. Explico: a graça e a graxa da mídia social é a confiança. Eu fui ouvir o podcast da Sofia, porque confio no meu amigo. Mais do que isso: fiquei feliz pelo seu gesto generoso e desinteressado. Mais, até: fiquei lisonjeado por ele ter achado que algo tão bacana combinava comigo. Em suma: em termos de user experience foi redondo. Se um mecanismo viral erra a mão e “toma liberdades” com a questão da confiança, é um tiro no pé. Uma comida de bola. Um pé no... Well, você sabe. Não dá pé. Pior do que isso: a manobra vai cair na boca do povo. As pessoas nem vão por os pés lá dentro, por mais que seja tudo genial. A lição é clara: user experience só é redonda quando, do momento zero até o final, tudo é consistente, tudo é coerente, quando nada quebra a confiança, quando não se frustram expectativas. Meter os pés pelas mãos e pisar na bola, afinal, é coisa de perro (que, segundo a Sofia, é um perna-depau). Mas não é nosso caso, por supuesto.
70 :: design
Marcos Nähr Formado em Design Gráfico com ênfase em mídias eletrônicas. Trabalha há quatro anos no departamento de Global eCommerce da Dell Computadores. Atualmente exerce a função de Consultor de Conteúdo para America Latina. É professor do curso de Comunicação Digital da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Marcos_Nahr@Dell.com
Não existe web designer. Existe o designer que faz web Sobre esta discussão, Alexandre Wollner*, um dos mais importantes designers gráficos do país, é taxativo. Ele diz que “o web design é um fragmento do design. Não existe web designer. Existe o designer que faz web e este profissional tem que aprender tudo, tipografia, fotografia, semiótica, gestalt, matemática, ótica, percepção, comportamento humano etc. Senão, ele não consegue fazer web”. Toda afirmação taxativa deve ser analisada de acordo com o seu meio, levando-se em conta quem disse e porque disse. Nesse sentido, devemos ler esta afirmação de Wollner levando em conta sua formação acadêmica e sua luta pelo design no Brasil. A formação de Alexandre Wollner vem de uma escola de design com inclinação científica, a Escola Superior da Forma de Ulm, que foi a precursora do primeiro curso de design no Brasil. Analisando mais a fundo a afirmação, observa-se que um designer que faz web precisa (lendo nas entrelinhas do discurso de Wollner) de um processo criativo bastante aguçado. E onde começa este processo criativo? Com certeza, começa no momento em que você decide que quer ser um designer. A partir deste momento, tudo que você olhar, sentir ou fazer irá alimentar a sua “inteligência visual” e contribuir para que você se torne um verdadeiro designer. Mas não pára por aí. O que Wollner diz também é que apenas alimentar nossos sentidos com informações visuais não é suficiente. Para entender mais esta questão, pense no seguinte: um design bem feito parece sempre ser muito simples, parece inclusive ter sido feito sem esforço algum. Esta sensação é, sem dúvida, um dos propósitos do design. Quando nós encontramos um design assim, que nos inspira, queremos poder fazer algo tão bom quanto ou melhor do que o que estamos vendo. E por parecer tão simples, temos certeza absoluta de que somos capazes de fazer algo assim também. Mas, no momento em que partimos para a prática, notamos que tudo é muito mais difícil do que parecia a princípio. Isto acontece porque design não é feito simplesmente de estética e emoção. Esses são apenas alguns elementos da função do design. Existem muitos outros elementos que fazem parte do processo de criação do design, como o mercado, o produto em si, a usabilidade e o ambiente onde este design vai existir. Existe uma necessidade de se atualizar a relação da tecnologia com os designers para além da expressão artística. O termo design se relaciona não só com a criatividade, mas também com a tecnologia, com o significado, com a linguagem. Daí a necessidade de uma formação mais sólida por parte dos designers (inclusive aqueles que fazem web), uma formação que seja capaz de “traduzir” as informações visuais que nos bombardeiam constantemente em elementos que possam gerar uma inteligência visual.
design :: 70
“Alexandre Wollner é taxativo: ‘o web design é um fragmento do design. Não existe web designer”
Esta formação não deve ser entendida como uma amarra à nossa criatividade, muito pelo contrário. É ela que vai propiciar o surgimento de um profissional muito mais seguro na hora de expressar sua criatividade. * Alexandre Wollner (1928 - ), começou seus estudos no Instituto de Arte Contemporânea criado por Pietro Maria Bardi no Masp. Esta passagem pelo IAC propiciou-lhe uma vaga na Escola Superior da Forma de Ulm, Alemanha. De volta ao Brasil participou da criação da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), no Rio de Janeiro. É autor de célebres logomarcas, como a da Klabin, da Santista, da Eucatex e do Itaú.
Projeto Magê-Malien Faça parte deste projeto! O Magê-Malien destina-se a buscar, através da prática da Capoeira, a realização de sonhos, idéias e expressões do indivíduo. É destinado aos grupos menos favorecidos: população carente, jovens de rua, infratores, abandonados, entre outros.
Magê-Malien - Crianças que Brilham Faça parte você também deste projeto. Para doação de alimento, entre em contato: arteccom@arteccom.com.br Informações: www.arteccom.com.br/ong
72 :: webdesign
Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/ design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País. luli@luli.com.br
O que é webdesign (hoje)? É extremamente saudável questionar os rumos da sua profissão. Tanto que bons profissionais constantemente se perguntam como vieram parar no ponto em que estão e, mais importante, para onde podem ir a partir dali. Esse processo de auto-avaliação é razoavelmente fácil quando a área em que se trabalha tem histórico e parâmetros e a única coisa que muda nela são seus praticantes. Quando o meio está em transformação constante e rápida, o processo é mais difícil. Você já era bem crescidinho quando a web ainda posava de novidade. Ter um site era chiquérrimo e o simples fato de “estar na internet” - ou receber um e-mail - era motivo de comemoração. Naquela época, a profissão de design digital tinha um certo glamour e uma aura de mistério. Para o usuário comum, travestido de “internauta” (odeio essa palavra quase tanto quanto “blogosfera”), o ciberespaço era mágico, e o ato de construir páginas tinha algo de genial. Hoje, as inovações chamam mais a atenção da comunidade profissional que das pessoas comuns, e não é difícil se entender o porquê. As mudanças têm sido tão intensas que ninguém mais se preocupa em saber como a coisa funciona. Tanto que a adoção de cada novo serviço - dos blogs ao Twitter, do Orkut à pirataria por torrents - é praticamente automática. Mesmo que seja para abandoná-los em poucos meses, mas isso é mudar de assunto. Depois de muito investimento na catequese e educação do usuário leigo, ele finalmente parece ter se conscientizado da finalidade e função da web. E, ao ser informado do que pode conseguir, é natural que se torne mais decidido e não se contente nem se entusiasme com pouco. O tempo que bastava uma “animaçãozinha” em Flash se foi, levando com ele as malditas “introduções” aos sites, que todos adorávamos pular. Um usuário mais esperto demanda uma resposta mais inteligente do sistema. Como as máquinas (ainda) não pensam sozinhas, alguém tem que projetar essa interação. No século passado, isso ficava por conta do designer que, bem ou mal, era responsável pela criação de uma atmosfera visual que estimulasse uma resposta em seus visitantes. Hoje, essa função é dividida com programadores, profissionais de usabilidade e de arquitetura de informação, entre outros. Eles, apesar de não serem diretamente ligados ao design, têm forte influência sobre ele. Ora, uma criança com muitos pais é órfã. Se todos tiverem autoridade igual, ela certamente será mal-educada. A multidão de técnicos envolvidos na geração de experiência(!) web poderia ser uma boa notícia, se ela tivesse alguma coordenação. Afinal de contas, músicos demandam um maestro. Mas, do jeito que a coisa está, com áreas diferentes disputando o poder de decisão, a especialização acaba virando superlativo de confusão. Para piorar ainda mais o ambiente, os penetras começaram a entrar na festa. O usuário,
webdesign :: 73
“Paulinho da Viola já dizia que ‘o velho marinheiro toca o barco devagar em dia de nevoeiro’. Acredito que esse seja um conselho bastante útil para a comunidade de design digital”
sem convite nem conhecimento técnico, resolveu participar da brincadeira e compartilhar suas fotos, vídeos, textos e gostos pessoais em todos os canais disponíveis. Sem suspeitar, a comunidade profissional acolheu os amadores de braços abertos - até porque era politicamente incorretíssimo rejeitá-los - e ignorou solenemente a tsunami que se formava. Alguns chamaram esse fenômeno de Web 2.0, outros de UGC (de User-Generated Content). O fato é que vários rótulos entraram recentemente na moda - wikinomia, folcsonomia, blogosfera, escolha uma nova tecnologia e a combine com uma palavra qualquer para criar sua própria buzzword (“twitendência”, por exemplo). Para a comunidade de design, acredito que o termo mais adequado seja “catastrofashion”. Pois no melhor estilo filme-catástrofe, a avalanche de conteúdo arrasa e destrói o que estiver em seu caminho. Não sou contra a participação, mas acho que ela demanda uma estrutura. Se, por um lado, todos querem que as pessoas comuns participem da comunicação, por outro é preciso levar em conta que, enquanto não houver regras, não pode haver jogo. Mas regras são limitações, e no mundo pós-moderno dos mash-ups, elas são palavras obscenas e proibidas. No início da web comercial, as limitações do design derivavam da natureza do meio. Tudo era muito novo, por isso as metáforas visuais precisavam ser claras: cursores tinham o formato de dedos, botões se assemelhavam a teclas. Com o tempo o usuário aprendeu a usar a interface gráfica e permitiu a era de ouro do webdesign, em que os desafios eram puramente técnicos. Por mais que um termo novo confundisse um pouco, alguns conceitos eram intocáveis. Uniformidade, harmonia de cores e tipografia, padrões de qualidade e tamanho de imagens, por exemplo, eram inquestionáveis. Hoje, a situação é bem diferente. Para piorar, a dita “integração das mídias” obriga o profissional de comunicação visual a tomar uma decisão bem difícil: escolher entre refinamento gráfico e compatibilidade - ao optar por um, abre-se mão do outro. Se isso não bastasse para tornar a vida mais ingrata, a concorrência com os templates de CSS disponíveis gratuitamente como temas para blogs ou sistemas de código aberto só piora as perspectivas. Paulinho da Viola já dizia que “o velho marinheiro toca o barco devagar em dia de nevoeiro”. Acredito que esse seja um conselho bastante útil para a comunidade de design digital. É preciso parar para observar e pensar, ver no que, em sua essência, a internet se trata. O meio ainda está em mutação e não dá sinais de parar, a ponto que vale se perguntar se terá algum dia uma referência visual. Mas isso não quer dizer que o futuro será caótico, muito pelo contrário. Está surgindo uma nova área que pode colocar um pouco de ordem na casa: o design de interação. Ele reúne projetistas da forma (designers gráficos e de produto) e conteúdo (redatores, fotógrafos, animadores, músicos e arquitetos de informação) para estruturar o comportamento do usuário perante certos estímulos. Em outras palavras, ela coordena os profissionais das outras áreas em busca de um conjunto de ações que levem a uma mesma resposta. A internet está cada dia mais especializada e não há mais espaço para o homem-banda. Se isso diminui a abrangência da sua área, pelo menos permite que cada um se concentre no que sabe fazer melhor. E isso é uma excelente notícia.
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