(RE)CONFIGURAÇÕES DO VAZIO MODERNO NA PAISAGEM URBANA DE BRASÍLIA: ÁGUAS CLARAS E VICENTE PIRES AUTOR: EMÍLIA WOLF DE ALMEIDA ORIENTADOR: LUCIANA SABOIA FONSECA CRUZ RESUMO A pesquisa busca investigar as reconfigurações dos espaços vazios no sistema de paisagem urbana de Águas Claras e Vicente Pires, como leitura transversal de uma parcela do eixo sudoeste de Brasília. Através da construção de uma cartografia que ilustre as modificações do território ao longo do tempo em termos de pré-concepção, configurações e reconfigurações da paisagem podemos observar como se deu a apropriação do território e da paisagem. ABSTRACT The research investigates the (re)configurations of the modern void in the urban landscape of Águas Claras and Vicente Pires, as a reading of Brasilia's southwest axe of expansion. Through the elaboration of a cartography that illustrates the territory’s modifications during its history, in terms of the landscape's pre-conception, initial configurations and later reconfigurations, we are able to observe how did the appropriation of landscape and territory happened. ABSTRAIT Le mémoire cherche découvrir les (re)configurations des espaces vides dans le système de paysage urbaine de Águas Claras et Vicente Pires, comme une lecture transversale d’une parcelle de l’axe d’expansion sud-west de Brasília. Avec la construction d’une cartographie qui montre les modifications du territoire au loin du temps, en termes de pré-conception, configurations et reconfigurations de la paysage, on peut observer comment l’appropriation du territoire et de la paysage a eu lieu. INTRODUÇÃO O movimento moderno, diante das cidades compactas e superpovoadas do séc XIX, propunha a inserção de vazios no tecido urbano. As soluções de abertura do espaço, criação de áreas verdes na cidade cai como uma luva para as necessidades urbanas da época e ganha força a cada implementação bem sucedida. A aproximação com a natureza, permeabilidade entre interior e exterior das edificações e a tentativa de harmonizar a relação entre área construída e área verde foi um novo início para a discussão da paisagem urbana. Para os modernistas, o vazio urbano era uma tentativa de aproximação entre as esferas individual e coletiva, privada e pública. A reivindicação de civitas na urbs, como era colocada, ocorre a partir do momento em que o coletivo toma posse do espaço público e se torna assim, capaz de reivindicar seus direitos e demandas sociais. Espaços públicos, vazios na malha urbana, quando apropriados indicariam a materialização de uma comunidade política soberana e independente. Institui-se um modelo de urbanismo funcionalista que substitui a rua-corredor pela via de trafego rápido de veículos automotivos, destacada da cidade, para dar abrigo à eficiência de trajeto e à velocidade dos novos tempos. Mas o que acontece quando à esses modernos é dado uma folha em branco para a criação de novas cidades e expansões urbanas? Qual a proporção entre área construída e área livre se verifica na materialização dos projetos? Segundo a crítica, o resultado foram espaços abstratos e indeterminados demais, onde não há lugar para acontecimentos empíricos ou encontros casuais e onde a presença massiva dos espaços vazios provocou justamente o esvaziamento da esfera pública e o distanciamento das pessoas. Define-se, então, o vazio moderno pelos amplos espaços planejados, em sua maioria públicos, limitado por edificações e caracterizados por extensas áreas livres, projetadas com o mínimo de elementos possível. Procura-se compreendê-los como espaços de experiência e/ou 1