Revista Engeworld Agosto 2014

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Ano 2 • Número 20 • 2014

elétrica

Como funciona um CLP Entrevista PROCESSO

SUSTENTABILIDADE

As técnicas empregadas em plataformas offshore na dessalinização de água salobra (pág.16)

Os desafios e oportunidades proporcionados pelo mercado de créditos de carbono (pág.24)

Marcelo Silva, CEO da Stäubli do Brasil, fala sobre a crescente demanda da indústria brasileira por robôs (pág.43)


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editorial Crise de abastecimento de água em SP reduziu ritmo da produção A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou no último mês um estudo sobre os problemas causados pela crise de abastecimento de água em São Paulo. O levantamento feito com micro, pequenas, médias e grandes empresas revelou que mais de 3 mil postos de trabalho já foram fechados na capital paulista devido à falta de água. As demissões decorrem da redução do ritmo da produção e da queda da produtividade das indústrias pela falta do recurso hídrico. Segundo a Fiesp, a tendência é de que a crise se agrave ainda mais nos próximos meses. O estudo indicou que duas, em cada três empresas, estão preocupadas com uma possível interrupção no fornecimento de água. A possibilidade de um racionamento ainda neste ano é um fator de preocupação para 67,6% das companhias. Em 2011, o Atlas de Abastecimento Urbano de Água, um levantamento organizado pela Agência Nacional de Águas (ANA), alertava para o risco de o país de enfrentar problemas de abastecimento de água em mais da metade de seus municípios a partir do ano de 2015. De acordo com o levantamento, que mapeou três anos atrás as tendências de demanda e oferta de água nos 5.565 municípios brasileiros, em 2015, 55% dos municípios brasileiros poderão ter déficit no abastecimento de água, incluindo cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e o Distrito Federal. Muito antes disso, em 2004, quando houve outra crise de abastecimento em São Paulo, as diretrizes fixadas pela outorga do Sistema Cantareira previam ações como a criação de fontes alternativas de água, combate às perdas de recursos em vazamentos e o aumento da coleta e do tratamento do esgoto, mas nenhuma delas foi executada a contento. Apesar de o Brasil possuir o maior potencial hídrico do planeta, a falta do recurso tem ameaçado a produção nacional. Algumas ações, no entanto, previstas desde os projetos das plantas industrias, podem ajudar empresas a lidar com o problema. O artigo publicado na edição deste mês a partir da página 16 mostra por exemplo que para lidar com a falta de água doce, as plataformas offshore, que dependem de navios de apoio para garantir o abastecimento de suprimentos recorrem a técnicas de dessalinização da água do mar para garantir o bom funcionamento de alguns de seus processos. Embora a dessalinização não sirva para atender as indústrias em geral, ela ilustra como o reaproveitamento dos recursos disponíveis pode desempenhar um papelchave no sucesso de um empreendimento.

Sandra L. Wajchman Publisher Errata - No artigo de Sustentabilidade de nossa última edição (“Pellets de madeira”), páginas 23 a 28, devido a um erro de revisão por parte de nossa equipe, o termo “pellet” — que se refere a granulados de madeira em formato cilíndrico, formados a partir de resíduos como a serragem e usados como biocombustível — foi trocado por “palete”, estrado utilizado para movimentação de caixas. Também colocamos, devido a esse engano, uma foto de paletes de madeira, e não de pellets. Dessa forma, toda vez que a palavra “palete” aparece no artigo, incluindo tabelas, considerem o correto como “pellet”. A equipe da Revista Engeworld pede desculpas aos nossos leitores pelo equívoco.

Ano 2 • Número 20 • 2014

ELétRiCa

COmO funCiOna um CLP EntREviSta PROCESSO

SuStEntaBiLiDaDE

As técnicas empregadas em plataformas offshore na dessalinização de água salobra (pág.16)

Os desafios e oportunidades proporcionados pelo mercado de créditos de carbono (pág.24)

Marcelo Silva, CEO da Stäubli do Brasil, fala sobre a crescente demanda da indústria brasileira por robôs (pág.43)

A Revista Engeworld é uma publicação mensal e dirigida aos profissionais de projetos da engenharia brasileira Publisher Sandra L. Wajchman engeworld@engeworld.com.br Editora e Jornalista Responsável Gabriela Alves MTB: 32.180 – SP gabriela@engeworld.com.br Colunistas Cynthia Chazin Morgensztern, Sérgio Roberto Ribeiro de Souza, Daniela Atienza Guimarães e Eli Rodrigues. Publicidade Alex Martin Telefone: (11) 5539-1727 Celular: (11) 99242-1491 alex@engeworld.com.br Fernando Polastro Telefone/Fax: (11) 5081-6681 Celular: (11) 99525-6665 fernando@engeworld.com.br Débora Gomes Celular: (21) 98648-0684 debora@engeworld.com.br Direção de Arte Estúdio LIA / Vitor Gomes

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Índice

05 notícias

34 coluna - segurança

08

36 COLUNA – QUALIDADE

Fique por dentro do que acontece no mundo da engenharia

CIVIL – ARTIGO A viabilidade da mecanização da construção civil

11

ELÉTRICA – ARTIGO

16

DESSALINIZAÇÃO – ARTIGO

Como funciona um CLP

Sistemas típicos de dessalinização de água salobra

Gestão de segurança para empresas prestadoras de serviços

O balanced scorecard e a gestão da estratégia

38 COLUNA – RH O que a seleção brasileira pode ensinar para qualquer líder e equipe de uma empresa?

40 COLUNA – GESTÃO de projetos Gestão do portfólio de projetos

20 PROCESSO – ARTIGO

Aplicação de contactores com membranas na remoção de CO2 e H2S do gás natural

24

SUSTENTABILIDADE O mercado de créditos de carbono no Brasil: desafios e oportunidades

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43 entrevista A expansão dos robôs no Brasil

46 infografia Extração e limpeza do ouro


notícias Fotos: Agência Petrobras

ESBR e Coppe desenvolvem robô para monitorar comportas stoplogs Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a empresa Energia Sustentável do Brasil (ESBR), estão trabalhando no desenvolvimento de um robô subaquático para aprimorar a operação dos painéis das comportas de manutenção das usinas hidrelétricas (stoplogs). Iniciado em outubro do ano passado, o projeto do robô para operação de stoplogs alagados (Rosa) visa reduzir prejuízos com paradas nas turbinas, diminuindo o tempo que elas ficam desligadas. O projeto foi financiado pela empresa ESBR, responsável pela operação e construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, onde grande quantidade de partículas deixa a água turva e se acumula, dificultando a movimentação dos stoplogs depois do serviço de manutenção. O robô fornecerá informações para que o operador possa trabalhar com mais subsídios, substituindo os mergulhadores que atualmente são chamados para conferir a situação do stoplog quando a turbina está parada, e para destravá-lo, quando necessário. A estimativa dos pesquisadores envolvidos no projeto é de que o robô reduza pela metade os tempos de parada das turbinas. O primeiro teste completo do Rosa deverá ser realizado em setembro, e a previsão do coordenador do projeto é que toda a tecnologia necessária para concluílo deve estar pronta até o fim deste ano.

Desempenho de nova mistura de biodiesel no Diesel foi comprovado pela Petrobras Pesquisas da Petrobras indicaram boa estabilidade no desempenho dos veículos com misturas de biodiesel no Diesel em até 7% (B7). Os testes, promovidos pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), prepararam a companhia para o momento atual em que se inicia a oferta, em todos os postos do Brasil, da nova mistura obrigatória no Diesel, que passou de 5% para 6% desde o último mês, e passará para 7% a partir do dia 1º de novembro deste ano. As análises foram realizadas no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), localizado em Curitiba (PR). A entidade, ligada à Rede Temática Desenvolvimento Veicular da Petrobras, é parceira da companhia em pesquisas, incluindo ensaios de emissões de gasolina e Diesel e com misturas de biodiesel. O aumento da mistura do biodiesel no Diesel para 7% deve permitir um aumento de 40% na produção de biodiesel no país. Segundo o Ministério de Minas e Energia, com a mudança, será possível reduzir as importações de Diesel em 1,2 bilhão de litros por ano.

CE-EPC e CII debatem a produtividade brasileira O Centro de Excelência em EPC (CE-EPC) vai realizar, em parceria com Construction Industry Institute (CII) e o Construction User Roundtable (CURT), o evento Produtividade em Ação 2014. O debate, que acontece nos dias 3 e 4 de setembro, no Hotel Windsor Atlântica, no Rio de Janeiro, reunirá executivos das principais empresas do mercado nacional e internacional, que tratarão de temas como construtibilidade, modularização, redução do retrabalho, segurança, meio ambiente e saúde. O objetivo do evento é apresentar novas práticas e métodos para aumentar a produtividade em engenharia, construção e montagem industrial no Brasil. engeworld | agosto 2014 | 5


notícias

Receita cria sistema eletrônico para regularização de obras pela internet A Receita Federal lançou o novo sistema de Declaração Eletrônica de Regularização de Obra (Dero), que permite que pessoas físicas e jurídicas enviem ao órgão a Declaração e Informações sobre Obra (Diso) de maneira mais rápida. A Diso deve ser entregue à Receita nos casos de construção, demolição, reforma e ampliação de edificações para que a obra seja regularizada. A previsão é de que, com a nova sistemática, o tempo médio de tramitação de documentos para a regularização das obras seja reduzido para cerca de cinco dias úteis caso não seja identificado nenhum problema. Os procedimentos necessários para entrega da Diso estão disponíveis no site da Receita Federal. A regularização junto à Receita Federal é necessária para que seja expedida a Certidão Negativa de Débito (CND) relativa à obra, o que permite a averbação junto aos cartórios de registros de imóveis.

Estudo avalia potencial de projetos de engenharia consultiva no setor químico e de biorrefinarias Um levantamento realizado pelo grupo Pöyry, multinacional finlandesa de consultoria e serviços de engenharia, aponta um potencial de desenvolvimento de engenharia consultiva no setor de químicos e de biorrefinarias de 500 milhões de euros no Brasil, em 2014. De acordo com o diretor da área de químicos e biorrefinarias da Pöyry, Fábio Fonseca, a estimativa foi realizada com base nos investimentos potenciais previstos ou necessários na indústria petroquímica, agroquímicos, indústria de alimentos, bebidas, cosméticos, tintas e vernizes e biorrefinarias para o setor de açúcar e álcool. “Há setores que já estão no limite de sua capacidade como o de alimentos e bebidas, e deverão construir novas fábricas, além de outros que requerem projetos de melhoria da operação industrial”, declarou Fonseca.

Petrobras usará embarcações de norueguesa Scana para explorar petróleo O grupo norueguês Scana Industrier fornecerá sistemas de propulsão para extração em poços de petróleo para a Petrobras. A Helix Energy Solutions fretou os itens para utilização da estatal brasileira. Serão duas embarcações a serem construídas na Alemanha pelo estaleiro da Flensburger Schiffbau e a configuração de propulsão dos componentes será feita de acordo com as necessidades da Petrobrás. O acordo traz também a opção para compra de duas embarcações adicionais. O grupo Scana informou ainda que assinou um contrato com a Rolls-Royce para a produção conjunta do motor de um navio para exploração em alto-mar. O equipamento será entregue no segundo trimestre do ano que vem.

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civil

artigo

A viabilidade da mecanização da construção civil

O

prazo médio para as obras de edificação no Brasil tende a ser três vezes maior do que o das construções americanas e duas vezes superior ao das construções europeias. A produtividade da construção civil brasileira também se encontra muito aquém das demais indústrias do país quando comparada à da extração de petróleo, siderurgia, caldeiraria, máquinas e equipamentos, etc. Fatores como trabalhadores com baixa qualificação, pouco interesse das pequenas e médias empresas em melhorar o nível de qualificação dos empregados, baixo investimento das empresas em pesquisa e desenvolvimento, ausência de investimentos e conhecimento das empresas em técnicas de pré-fabricação, modularização, gerenciamento e implantação de sistemas e ferramentas de TI (tecnologia da informação), pouca utilização de sistemas de planejamento do trabalho e altas taxas de desperdício de materiais e retrabalho contribuíram muito nos últimos anos para elevar o prazo médio das construções no Brasil. De uns anos pra cá, a necessidade de reduzir entulhos, otimizar o tempo de execução das obras e seu custo total têm levado algumas construtoras a investir 8 | engeworld | agosto 2014

na industrialização dos canteiros. O aumento dos níveis de automação e mecanização também tem aparecido como resposta à crescente falta de mão de obra e à baixa produtividade do trabalho. A mecanização dos canteiros reduz custos indiretos, mas requer planejamento prévio. Em um primeiro momento, é preciso considerar o custo direto dos equipamentos, que deve se enquadrar dentro da margem de custo do serviço e dentro do valor global da obra. Para isso, é preciso saber quais equipamentos serão usados e onde eles serão empregados. A execução de um projeto mecanizado requer a criação de um planejamento e de um plano de gerenciamento da mão de obra e dos recursos de maquinários e equipamentos, que por usa vez, também demandam planejamento e gerenciamento. Em geral, estabelecer as máquinas e ferramentas que serão usadas, bem como quando a mão de obra ou os equipamentos mais antigos devem ser substituídos por outros mais modernos depende do tipo de obra, do prazo e da tecnologia aplicada. Há casos em que a mecanização torna-se imprescindível, independentemente dos custos envolvidos como, por exemplo, em obras pesadas, em que

há grandes volumes de material. Nestes casos, o grande volume de mão de obra necessário demanda custos relacionados à segurança, ao meio ambiente e à saúde ocupacional que justificam a substituição por equipamentos. No entanto, a mecanização não é um processo generalizado e depende do tipo de obra, da mão de obra empregada e da tecnologia. Em obras de grande porte a mecanização têm um peso maior, mas em obras de edificações com cronogramas apertados e com transporte vertical, a mecanização pode ser usada em paralelo com uma demanda maior de mão de obra operacional. Nestes casos, é preciso ter um planejamento logístico do canteiro, prever a capacidade técnica do operador e o espaço disponível para a locação ou locomoção de grandes equipamentos. Canteiros apertados, por exemplo, podem inviabilizar o uso de determinados equipamentos. Outra relação que deve ser verificada é o custo-benefício da mecanização, principalmente para maquinas de transporte, que têm custo alto e fixo, independentemente do prazo da obra. Quanto maior o porte da obra, a possibilidade de uso intenso do equipamento aumenta, além disso, é preciso que se elabore um cronograma de atividades para o equipamento


de transporte para evitar que ele se torne ocioso e improdutivo. A opção pela mecanização deve considerar também os planos de curto, médio e longo prazo da empresa. Um maior volume de obras dilui os investimentos iniciais em equipamentos, aumentando a viabilidade da mecanização. Para o cálculo dos custos existe uma série de variáveis que dependem também do tipo de máquina e sua função. O custo-hora de um equipamento deve ser composto pelos custos de propriedade (vida útil, depreciação e juros do capital) e de manutenção mecânica, sendo que as despesas com reparos aumentam com o passar do tempo. O custo de operação depende do consumo de cada equipamento e pode ser obtido junto ao seu fabricante. A Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema) possui um programa denominado custo-horário de equipamentos, que permite conhecer os custos horários dos principais equipamentos usados em vários tipos de obras. O programa é interativo e possibilita a modificação de parâmetros sugeridos, a elaboração de planilhas e a realização de cálculos com diferentes tipos de máquinas, mas está disponível gratuitamente somente para os associados da entidade. A Sobratema, no entanto, fornece um resumo, em forma de tabela, com 32 categorias de equipamentos e seus respectivos valores médios para empresas e profissionais não associados e que pode ser bastante útil na análise da viabilidade da mecanização da construção.

Custo horário de alguns equipamentos Equipamento

Propriedade

Manutenção

Mat. rodante

Comb./ lub.

MDO operação

Total

Caminhão basculante articulado 6x6 (25 a 30 t)

R$ 96,46

R$ 73,64

R$ 21,34

R$ 62,37

R$ 34,50

R$ 288,31

Caminhão basculante articulado 6x6 (30 a 35 t)

R$ 161,50

R$ 106,45

R$ 27,51

R$ 76,54

R$ 34,50

R$ 406,50

Caminhão basculante fora de estrada 30 t

R$ 68,12

R$ 53,58

R$ 32,72

R$ 41,11

R$ 34,50

R$ 230,03

Caminhão basculante rodoviário 6x4 (26 a 30 t)

R$ 31,84

R$ 26,90

R$ 5,46

R$ 14,18

R$ 25,50

R$ 103,88

Caminhão basculante rodoviário 6x4 (36 a 45 t)

R$ 43,08

R$ 30,84

R$ 7,97

R$ 28,35

R$ 25,50

R$ 135,74

Caminhão basculante rodoviário 8x4 (36 a 45 t)

R$ 59,81

R$ 38,34

R$ 9,39

R$ 31,18

R$ 25,50

R$ 164,22

Caminhão comboio misto 4x2 (6 reservatórios)

R$ 36,96

R$ 24,90

R$ 3,77

R$ 9,64

R$ 24,48

R$ 99,75

Caminhão guindauto 4x2 (12 tm)

R$ 29,36

R$ 23,20

R$ 3,77

R$ 9,64

R$ 22,44

R$ 88,41

Caminhão irrigadeira 6x4 (18.000 litros)

R$ 40,28

R$ 26,84

R$ 4,71

R$ 7,37

R$ 27,00

R$ 106,20

Carregadeira de pneus (1,5 a 2,0 m³)

R$ 38,49

R$ 29,04

R$ 5,07

R$ 31,18

R$ 28,50

R$ 132,28

Carregadeira de pneus (2 a 2,6 m³)

R$ 54,48

R$ 36,32

R$ 6,62

R$ 39,69

R$ 28,50

R$ 165,61

Carregadeira de pneus (2,6 a 3,5 m³)

R$ 76,92

R$ 46,53

R$ 8,46

R$ 45,36

R$ 28,50

R$ 205,77

Compactador de pneus para asfalto (18 a 25 t)

R$ 55,02

R$ 24,68

R$ 5,26

R$ 28,35

R$ 28,56

R$ 141,87

Compactador vibratório liso / pé de carneiro (10 t)

R$ 57,47

R$ 25,34

R$ 0,71

R$ 39,69

R$ 25,20

R$ 148,41

Compactador vibratório liso / pé de carneiro (7 t)

R$ 45,46

R$ 22,06

R$ 0,67

R$ 34,02

R$ 25,20

R$ 127,41

Compressor de ar portátil (250 pcm)

R$ 9,02

R$ 12,32

R$ 0,05

R$ 39,69

R$ 15,60

R$ 76,68

Compressor de ar portátil (360 pcm)

R$ 11,47

R$ 13,58

R$ 0,05

R$ 48,20

R$ 15,60

R$ 88,90

Compressor de ar portátil (750 pcm)

R$ 22,61

R$ 19,02

R$ 0,10

R$ 73,71

R$ 15,60

R$ 131,04

Escavadeira hidráulica (15 a 17 t)

R$ 43,73

R$ 32,76

R$ 2,00

R$ 25,52

R$ 33,00

R$ 137,01

Escavadeira hidráulica (17 a 20 t)

R$ 44,71

R$ 33,19

R$ 2,48

R$ 39,69

R$ 33,00

R$ 153,07

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Escavadeira hidráulica (20 a 25 t)

R$ 45,30

R$ 32,93

R$ 4,14

R$ 53,86

R$ 36,00

R$ 172,23

Escavadeira hidráulica (30 a 35 t)

R$ 61,36

R$ 41,49

R$ 6,39

R$ 85,05

R$ 39,00

R$ 233,29

Escavadeira hidráulica (35 a 40 t)

R$ 74,35

R$ 47,43

R$ 7,25

R$ 104,90

R$ 39,00

R$ 272,93

Escavadeira hidráulica (40 a 46 t)

R$ 118,53

R$ 67,62

R$ 7,36

R$ 119,07

R$ 39,00

R$ 351,58

Motoniveladora (140 a 180 hp)

R$ 66,19

R$ 39,82

R$ 4,36

R$ 45,36

R$ 42,00

R$ 197,73

Motoniveladora (190 a 250 hp)

R$ 76,05

R$ 44,04

R$ 5,14

R$ 56,70

R$ 42,00

R$ 223,93

Retroescavadeira (70 a 95 HP)

R$ 36,34

R$ 18,94

R$ 2,64

R$ 22,68

R$ 28,50

R$ 109,10

Trator agrícola (90 a 110 hp)

R$ 22,76

R$ 14,07

R$ 1,64

R$ 28,35

R$ 29,40

R$ 96,22

Trator de esteiras (100 a 120 hp)

R$ 78,66

R$ 39,48

R$ 4,80

R$ 42,52

R$ 27,00

R$ 192,46

Trator de esteiras (120 a 160 hp)

R$ 85,96

R$ 39,43

R$ 6,35

R$ 45,36

R$ 27,00

R$ 204,10

Trator de esteiras (160 a 180 hp)

R$ 79,03

R$ 46,14

R$ 7,92

R$ 56,70

R$ 31,50

R$ 221,29

Trator de esteiras (250 a 380 hp)

R$ 148,98

R$ 93,06

R$ 19,56

R$ 107,73

R$ 36,00

R$ 405,33

*Os valores apresentados nesta tabela têm data-base em fevereiro de 2014. Fonte: Sobratema(3)

Outra opção a ser considerada, principalmente no caso de equipamentos específicos, que têm baixo índice de utilização e previsão de pouco tempo de uso no projeto é o emprego de máquinas alugadas. Dificuldades operacionais ou mesmo a ausência de espaço para guardar os equipamentos também podem favorecer a locação, que pode se dar de forma diária, semanal ou mensal, dependendo da necessidade do cliente na utilização do equipamento. Nestes casos, é importante que o contrato de locação defina, as responsabilidades de contratantes e contratados, além de aspectos jurídicos e financeiros da transação inerentes a essa comercialização, tais como tempo de locação, forma de pagamento e multas. Itens como dispositivos de segurança que não podem ser opcionais, manual 10 | engeworld | agosto 2014

de montagem, operação e manutenção em português e a definição por parte da obra da qualificação do operador e seu respectivo treinamento, devem constar no contrato. Estima-se que existam hoje no Brasil mais de 200 tipos de equipamentos disponíveis para locação, incluindo gruas, plataformas, aéreas de trabalho, balancins motorizados e mecânicos para acessos especiais, além de elevadores de cremalheira e plataformas de cremalheira e hidráulicas.

Referências

Capacitação A boa capacitação do operador do equipamento é fundamental para garantir ganhos de produtividade, pois resulta em menor número de quebras da máquina, o que reduz gastos com paradas para manutenção. Além disso, a falta de habilidade na manipulação do equipamento pode resultar em maior desgaste da máquina e até mesmo em acidentes envolvendo o próprio operador ou terceiros. Embora os equipamentos possuam dispositivos eletrônicos de segurança destinados a evitar falhas de operação, estima-se que cerca de 50% dos acidentes sejam causados por falhas de operação. O custo pode aumentar se a máquina não estiver adequadamente preparada para o serviço. Sobrecarregas que ultrapassam a capacidade do equipamento indicada pelo fabricante desgastam a máquina e geram consumo excessivo de combustível. Também é importante planejar manutenções preventivas no equipamento para evitar paradas durante a obra. Em suma, os benefícios diretos da adoção da mecanização são o aumento da produtividade e a redução de desperdícios de materiais, que normalmente têm reflexos na redução dos custos. Os indiretos são a melhor qualidade da obra, a redução do tempo e de gastos com encargos, refeitório, alojamento e transporte se houver menor número de mão de obra. Mas a aplicação da mecanização na construção requer planejamento e avaliação prévia.

[1] LANTELME, Elvira Maria Vieira. Proposta de um sistema de indicadores de qualidade e produtividade para a construção civil. Diss. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1994. [2] Carvalho, K. Custos de mecanização. Construção Mercado. Disponível em http://construcaomercado. pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/52/artigo283297-1.aspx. Acesso em 15 de julho, 2014. [3] SOMBRATEMA. Tabela custo horário. Disponível em http://www.sobratema.org.br/CustoHorario/ Tabela. Acesso em 17 de julho, 2014.


elétrica

artigo

Como funciona um CLP Antônio Garibaldi Giovanini Junior Gerente de pesquisa e desenvolvimento na Schneider Electric

Egidio de Avila Ferraz Chefe de produto para automação de processos na Schneider Electric

U

m controlador lógico programável (ou simplesmente CLP) é basicamente um computador dedicado ao controle de máquinas ou processos. O CLP foi inventado no final da década de 1960 e veio para substituir os sistemas de automação baseados em lógica a relé. Os sistemas de lógica a relé exigiam muito tempo de engenharia, eram suscetíveis a grande quantidade de erros e eram pouco flexíveis. Sempre que havia mudanças no processo produtivo e, consequentemente, necessidade de alteração da lógica de automação, os painéis a relé precisavam ser desmontados e reconfigurados, o que levava tempo e resultava paradas prolongadas das linhas de produção. A invenção do CLP permitiu que essas alterações de lógica passassem a ser feitas via software, sem a necessidade da montagem física dos grandes painéis a

relé. Desde quando o CLP foi inventado até os dias atuais, a automação industrial evoluiu muito, com máquinas e processos cada vez mais rápidos e com-

A unidade de processamento ou CPU (central processing unit) pode ser considerada o cérebro do CLP e é o seu principal componente. Como um computador pessoal, a CPU é comandada por um microprocessador ou por um microcontrolador plexos. Isto só foi possível devido ao desenvolvimento de CLPs com maior capacidade e desempenho.

O CLP recebe dados do ambiente externo por meio de sensores conectados aos seus módulos de entradas (usualmente chamado de leitura de entradas), executa uma série de comandos previamente programados pelo usuário para controlar uma máquina ou processo (execução do programa de usuário) e aciona atuadores conectados aos módulos de saídas do CLP (atualização das saídas). Este ciclo chamado de scan ou varredura do CLP se repete periodicamente. Em CLPs modernos, é possível programar ciclos com programas diferentes, com períodos de execução diferentes, ou, até mesmo, acionados por eventos internos ou externos. Neste caso, estes ciclos são chamados de tarefas. A unidade de processamento ou CPU (central processing unit) pode ser considerada o cérebro do CLP e é o seu principal componente. Como um computador pessoal, a CPU é comandada por um microprocessador ou por um microcontrolador. O microcontrolador na verdade concentra o processador, memórias e componentes dedicados como interfaces de comunicação, módulos de contagem, entre outras funções em um único chip. Em geral, o uso de microcontroladores otimiza o custo e o tamanho dos CLPs. Além de monitorar entradas, atualizar saídas e executar o programa de usuário, engeworld | agosto 2014 | 11


a CPU também gerencia os canais de comunicação do CLP. Como os sistemas de controle estão cada vez mais integrados, os canais de comunicação ganharam muita importância, seja para a integração com redes de Fieldbus ou para integração com redes corporativas e sistema de supervisão. Sendo assim, é muito comum encontrar CLPs no mercado com muitas opções de conectividade, desde canais seriais (RS232 ou RS485) até portas Ethernet e USB. Os CLPs de alta performance utilizam microprocessadores ou microcontroladores de dois núcleos (chamados dual-core), desta forma, um dos núcleos é responsável por processar o programa do usuário e o outro, é responsável pelo gerenciamento da comunicação, garantindo maior disponibilidade para o uso dos canais de comunicação sem impacto negativo no desempenho de processamento do programa de usuário. Independentemente da arquitetura de hardware, a CPU deve gerenciar vários processos e tarefas (tarefas de usuário, múltiplos canais de comunicação, gerenciamento interno, etc.) de forma “determinística”. Para garantir o determinismo e sincronismo dessas tarefas é muito comum a utilização de sistemas operacionais de tempo real (RTOS). Diferentemente dos sistemas operacionais de computadores pessoais, os RTOS são projetados para operar de modo preciso e com alta confiabilidade. O sistema operacional é responsável pelo escalonamento das tarefas e interface com o hardware.

Programação de CLPs Em 1992 a International Electrotechnical Commission (IEC) publicou uma norma específica para CLPs (IEC 12 | engeworld | agosto 2014

Os CLPs de alta performance utilizam microprocessadores ou microcontroladores de dois núcleos (chamados dual-core), desta forma, um dos núcleos é responsável por processar o programa do usuário e o outro, é responsável pelo gerenciamento da comunicação 61131: Programmable Controllers). A parte 3 desta norma, que trata das linguagens de programação, prevê 5 linguagens: lista de instruções (IL: instruction list), diagrama de relés (LD: ladder diagram), texto estruturado (ST: structured text), diagrama de blocos de funções (FBD: function block diagram) e GRAFCET (SFC: sequential function chart). As ferramentas de programação de CLPs da maioria dos fabricantes de CLPs são compatíveis com esta norma. Além da definição das linguagens de

programação, esta parte da norma também trata da padronização de tipos de dados, comportamento das tarefas, organização e operação de funções e blocos funcionais. Essa padronização ajuda o programador a estruturar o programa, facilitando a reutilização e aumentando a qualidade do projeto. As ferramentas de programação compilam o programa criado pelo usuário para que ele seja executado pelo CLP e para isso existem duas estratégias possíveis. A primeira consiste em compilar o programa de usuário em código de máquina (ou seja, em comandos entendidos diretamente pelo microcontrolador/microprocessador usado no CLP). Assim, o firmware pode executar diretamente o código enviado pela ferramenta. A outra estratégia é a ferramenta gerar uma sequência de códigos que posteriormente serão interpretados pelo firmware do CLP. Desta forma, o firmware é responsável por decodificar os comandos e executar as tarefas programadas pelo usuário. Enquanto a primeira estratégia otimiza o desempenho do CLP, já que a ferramenta gera o código que pode ser executado diretamente pelo microcontrolador/ microprocessador, a segunda


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busca a flexibilidade, pois neste caso, microcontroladores diferentes podem interpretar o mesmo código gerado. Além de ser usado extensivamente em automação industrial, devido à confiabilidade e facilidade na programação, hoje em dia o CLP também é usado para automação de residências, prédios, datacenters, parques de diversão, navios, etc.

baseados em Ethernet como Ethernet TCP/IP e Ethernet/IP têm sido adotados como padrão no meio industrial. Hoje a Ethernet já representa 27% dos nós em redes industriais (os restantes 73% dos nós ainda estão conectados em outras redes as quais citamos como Modbus, Profibus e AS-i). A participação da Ethernet industrial tem crescido na faixa de 25% a 30% ao

Do CLP ao ePAC Inicialmente os CLPs surgiram para flexibilizar a criação e a alteração de lógicas de controle de processo, substituindo os painéis de lógica a relé, porém com a evolução dos sistemas de automação, foram sendo incorporadas outras funções como comunicação em rede, que substituiu a necessidade de grande quantidade de fios e cabos para interligar os sinais de entrada e saída ao CLP e permitiu que diversos controladores de uma mesma fábrica ou de fábricas diferentes trocassem dados, de forma a expandir os limites e a abrangência dos sistemas de automação. Ao longo dos anos surgiram diversas redes industriais como Modbus, Profibus DP, Profibus PA, Foundation Fielbus, DeviceNet, Sercos, Canopen, AS-i, LonWorks e protocolos baseados em Ethernet como Ethernet TCP/IP e Ethernet/IP. Cada rede, com seu respectivo protocolo e meio físico surgiu com suas particularidades para atender a necessidades específicas como alcance de longas distâncias, altas taxas de comunicação, robustez a interferências eletromagnéticas, facilidade de conexão e configuração, entre outras características. Nos últimos anos os protocolos 14 | engeworld | agosto 2014

Inicialmente os CLPs surgiram para flexibilizar a criação e a alteração de lógicas de controle de processo, substituindo os painéis de lógica a relé, porém com a evolução dos sistemas de automação, foram sendo incorporadas outras funções como comunicação em rede ano, portanto, a tendência é de que em um futuro breve a maior parte dos nós de redes industriais esteja conectada em Ethernet em substituição aos demais meios físicos e protocolos. A Ethernet demonstrou ser uma excelente opção no meio industrial devido às suas características de alto desempenho (redes com taxas de comunicação de 100Mbps ou 1Gbps), flexibilidade de topologias (tronco, varal, estrela, anel), facilidade de instalação e configuração (o meio industrial herdou todo o know-how em Ethernet desenvolvido no ambiente

de TI). Com a padronização da Ethernet como rede entre CLPs de sistemas de supervisão, os sistemas de automação industrial passaram a adotar outros dispositivos como conversores de fibra óptica para alcance de longas distâncias, firewalls para proteção de perímetros de rede, gateways para conversão de outras redes para Ethernet, sistemas de comunicação sem fio e switches para o controle e distribuição de tráfego. Atualmente, os CLPs modernos têm características modulares e agregam todas essas funções, eliminando a necessidade de diferentes hardware e configurações adicionais. As mais novas gerações de CLPs também realizam as funções que no passado eram tradicionalmente executadas por sistemas DCS (distributed control system). Antigamente, em uma planta de bebidas, por exemplo, um sistema DCS era utilizado para o processo produtivo da bebida em si e os CLPs eram usados nas linhas de transporte, envase e embalagem. Por todas essas razões as novas gerações de CLPs são comumente chamadas de controlador programável de automação ou PAC (programmable automation controller), pois executam funções muito além apenas do controle de lógica. Hoje, em uma indústria de bebidas, os PACs executam as funções de controle do processo produtivo e o controle das linhas de transporte, envase e embalagem, utilizando a Ethernet como única rede de comunicação, agregando funções como firewall e switches, e permitindo a padronização de hardware e software. Existem ainda PACs que incorpo-


ram comunicação Ethernet de forma nativa diretamente em seus processadores de múltiplos núcleos, sem necessidade de coprocessadores exclusivos para realizar a comunicação em rede, resultando em alta performance e eficiência. Essa geração de PACs com Ethernet em seu núcleo é chamada de ePAC (Ethernet programmable automation controller ou controlador programável de automação Ethernet).

Era da informação A Ethernet permitiu a convergência entre tecnologia de automação (TA) e da tecnologia de informação (TI) por

meio da conexão entre os sistemas de supervisão e controle, sistemas PIMS (sistemas de gerenciamento de informações de processo), MES (sistemas de execução de manufatura) e ERP (sistema de planejamento de recursos empresariais). Hoje, estes diferentes sistemas estão conectados, eliminando as “ilhas de informação”, cruzando dados históricos com dados em tempos reais, transformando estes dados e informação e ajudando na tomada de decisão. Atualmente é possível atrelar a evolução do mercado ou a entrada de pedidos de compra às solicitações de compra de matéria-prima e à velocida-

de das linhas de produção de diferentes plantas espalhadas pelo mundo; verificar a eficiência do sistema logístico, a eficiência de cada linha de produção e de cada turno, permitindo a identificação de gargalos no processo como um todo e uma rápida tomada de decisão nas mudanças e investimentos a serem feitos. Os PACs e ePACs modernos são um elo importante nessa integração transparente entre a tomada de decisões corporativas e as respostas no chão de fábrica, executando não apenas o controle de lógica, mas também, habilitando a automação industrial à era da informação.

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dessalinização

artigo

Sistemas típicos de dessalinização de água salobra

retor de projetos da Degrémont, nas plataformas petróleo e perfuração offshore, a água dessalinizada é utilizada principalmente na injeção nos poços para ajudar na extração do petróleo. “Nestes projetos a tecnologia mais utilizada é a de nanofiltração, já que o objetivo principal é reduzir a quantidade de sulfetos na água tratada”, explica.

Nanofiltração

A

s estimativas indicam que as plataformas de petróleo consomem mais de 60 mil litros de água doce por dia. O volume é usado para suprir tanto o consumo humano daqueles que trabalham na operação das embarcações, quanto alguns processos industriais, que requerem água com baixos teores de sais dissolvidos ou sem teores de sais. Localizadas no mar, as plataformas

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offshore frequentemente se encontram em áreas isoladas e têm de recorrer a navios de apoio para garantir o abastecimento de suprimentos, mas processos de dessalinização da água do mar podem garantir uma produção própria de água doce que atenda aos requisitos necessários à sua utilização. A dessalinização nada mais é do que um processo usado para transformar água salgada ou salobra em água potável. De acordo com Iñaki Del Campo, di-

A nanofiltração é um processo de separação por membranas, no qual estas atuam como uma barreira seletiva, permitindo a passagem de determinados componentes e impedindo a passagem de outros. A técnica é bastante empregada no Brasil para o tratamento de fluidos de injeção na indústria do petróleo em unidades de remoção de sulfatos (URS), em que são reduzidos os teores de sulfatos mantendo os níveis de salinidade da água do mar. Ela é empregada para evitar a incrustação de sais de sulfato na tubulação dos poços e a proliferação de bactérias sulfato-redutoras, provocada pelos sulfatos, responsáveis pela formação de gás sulfídrico (H2S), que apresenta elevada toxicidade e corrosividade, entre outros problemas. Del Campo relata que existem ainda outras técnicas de dessalinização que podem ser empregadas em plataformas, como a osmose inversa e processos térmicos, sendo que a escolha da técnica a ser empregada depende do objetivo a ser alcançado com sua aplicação. “Esses diferentes processos devem ser aplicados em função da qualidade de água a ser tratada e da qualidade de água a ser produzida”.


Osmose inversa

A: pressão aplicada; B: água salobre contendo contaminantes; D: membrana semipermeável; E: água tratada; F: distribuição

A osmose inversa é bastante empregada na obtenção de água desmineralizada ultrapura e remove agentes contaminantes nocivos à saúde, tais como bactérias, vírus, odores, sólidos dissolvidos, coloides, sólidos suspensos e matéria orgânica. A osmose por si só é um fenômeno natural que ocorre quando duas soluções aquosas com diferentes concentrações salinas são separadas por uma membrana semipermeável. Neste processo, a água se movimenta espontaneamente desde a solução com concentração salina menor para aquela com maior concentração salina, a fim de obter um equilíbrio entre a concentração de ambas. A osmose inversa se baseia no mesmo princípio da osmose, mas usa uma bomba de alta pressão para superar a pressão osmótica e forçar a passagem da água pela membrana. Este processo tem a capacidade de remover sólidos dissolvidos na água com alta eficiência e produz água pura com salinidade próxima à da água destilada.

O princípio da destilação é reproduzir o processo natural da água do mar evaporada pelo calor do sol e condensada em água da chuva Manutenção A operação e manutenção adequadas desses sistemas são fundamentais para o seu bom desempenho. Nos processos que utilizam membranas de separação são observados altos custos com a troca de membranas, o que ocorre devido à falta de manutenção preventiva. Nestes sistemas, as membranas devem ser submetidas a limpezas químicas frequen-

tes. A má limpeza do material favorece a formação de depósitos de impurezas sobre sua superfície, o que causa uma gradual diminuição do fluxo e da rejeição de sais, tornando a recuperação da membrana irreversível. Antes de realização da limpeza química é importante identificar na água de alimentação e no concentrado os tipos de incrustações existentes com a finalidade de determinar a solução de limpeza apropriada para manutenção do sistema.

Dessalinização térmica Um dos mais antigos processos é a destilação ou dessalinização térmica. O conteúdo de sal é separado pela evaporação da água do mar em sistemas de destilação. O princípio da destilação é reproduzir o processo natural da água do mar evaporada pelo calor do sol e condensada em água da chuva, mas em uma área fechada e em curto período de tempo. A dessalinização térmica pode ser aplicada a todos os tipos de água do mar e requer apenas uma quantidade limitada de pré-tratamento. Tanto a destilação de múltiplos efeitos (MED) quanto a destilação flash de múltiplo estágio (MSF) são processos de dessalinização térmica, constituídos por estágios sucessivos nos quais há decréscimo de temperaturas e pressões. O processo MSF começa com a circulação da água salgada fria por um sistema de tubos que estão envoltos em vapor quente. O diferencial térmico existente faz com que a água salgada aqueça enquanto esta transita pelos tubos. Após ter passado pelos tubos, a água entra na chamada caldeira de salmoura onde engeworld | agosto 2014 | 17


passa logo em seguida para a primeira fase. A elevada temperatura que se faz sentir no interior da fase faz com que uma parte da água vaporize instantaneamente. O vapor de água condensa e precipita numa calha dentro da fase que conduz a água doce para o exterior da câmara. A salmoura restante passa para a fase seguinte, onde o processo ocorre agora sob temperatura de operação inferior à anterior. Esta diminuição da temperatura deve-se à diminuição de pressão entre fases consecutivas. Os processos ocorrem de modo análogo nas fases restantes até que a salmoura atinja valores de concentração de sais muito elevados. Tipicamente, uma planta MSF pode conter de quatro a quarenta estágios.

Projeto

A: entrada de vapor; B: água salobre contendo contaminantes; C: água tratada; D; rejeitos; E; saída de vapor, F: troca de calor; G; coletor do condensado; H: aquecedor

A MED foi desenvolvida para reduzir o alto consumo de energia necessário para aquecer a água por meio da reutilização da energia gerada durante a condensação do vapor. Neste processo, o vapor é gerado a partir da absorção de energia térmica pela água salgada, já que o vapor produzido em um estágio gera vapor no estágio seguinte, que se encontra sob menores temperatura e pressão. 18 | engeworld | agosto 2014

Isso permite submeter a água marinha à ebulição múltipla sem a necessidade de suprimento de calor adicional após o primeiro estágio. Nas grandes plantas, tipicamente são encontradas de oito a dezesseis estágios. O número de plantas de MED ainda é pequeno se comparado ao volume de unidades de MSF instaladas, mas as instalações de MED vêm crescendo continuamente.

Para Iñaki Del Campo, a escolha do sistema de dessalinização deve ser condicionada pelo entorno marinho e as características do lugar onde a instalação será realizada, seja em uma plataforma flutuante, em terra, em uma refinaria ou em outro lugar. Além do espaço disponível, é preciso considerar ainda o tipo de água a ser tratada, sua aplicação, especificações técnicas dos equipamentos, características dos materiais, medidas de segurança, etc. Del Campo explica ainda que todas as tecnologias apresentadas têm boas referências em matéria de dessalinização. “As


vantagens principais das tecnologias de membranas são menor custo de investimento, menor consumo energético e compacidade. Suas desvantagens estão ligadas a exigência de um pré-tratamento mais complexo em função da água a ser tratada. Nas tecnologias térmicas temos robustez e simplicidade da instalação (pré-tratamento simples), melhor qualidade da água (se necessário), mas são mais caras, apresentam consumo energético elevado e envolvem riscos de trabalho com altas temperaturas. Em ambos os casos, são instalações que podem operar de forma totalmente automatizadas, permitindo a redução do uso de mão de obra”.

Referências

FREITAS, T. Produção de água a bordo de navios e plataformas. Rio de Janeiro: UEZO, 2011. RODRIGUES, Anderson P. Estudo experimental de um dessalinizador térmico com aquecimento controlado. Dissertação (mestrado). Universidade Federal do ceará, 2011. DEGRÉMONT. Entrevista e revisão técnica, 2014.

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processo

artigo

membranas de remoção Aplicação de contactores com membranas na remoção de CO2 e H2S do gás natural

P

or ser um combustível versátil, econômico, limpo e que pode ser facilmente disponibilizado em escala compatível com a demanda nacional, o gás natural (GN) é uma alternativa energética viável para ser usado em diversas aplicações. Na indústria de petróleo, o GN pode substituir produtos alternativos usados na injeção de reservatórios para aumentar a recuperação de petróleo. Ele também pode ser usado pela indústria química e petroquímica na produção de amônia, ureia e metanol. O GN ainda é uma opção para o setor de transportes, em substituição ao álcool, gasolina e Diesel, e tem aplicações no setor energético, onde é utilizado em sistemas de cogeração de energia. Em ambientes domésticos, ele pode ser usado em substituição ao gás liquefeito do petróleo (GLP) para aquecimento de água e climatização de ambientes, em substituição à energia elétrica. O GN encontrado na natureza é composto por uma mistura de hidrocarbonetos gasosos cujo principal componente é o metano (CH4). Também fazem parte de sua composição componentes como

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Fotos: AMARAL: 2009

o dióxido de carbono (CO2), nitrogênio (N2), sulfeto de hidrogênio (H2S), água (H2O), outros compostos de enxofre e impurezas mecânicas. As especificações do GN a ser comercializado no país atendem à Portaria Nº. 104, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), emitida em 8 de Julho de 2002, sendo que os parâmetros fundamentais que determinam sua especificação comercial são seu teor de enxofre total, teor de H2S, teor de gases inertes, ponto de orvalho da água e poder calorífico. No entanto, um dos principais problemas apresentados pelo GN é a presença de gases indesejáveis como sulfeto de

hidrogênio e dióxido de carbono. Estes gases provocam corrosão e vazamento em tubulações, além de diminuírem a qualidade do combustível. Durante anos, a remoção destes gases foi realizada por processos clássicos de separação, como destilação, filtração, absorção, troca iônica, centrifugação, extração por solvente, cristalização e outros, mas no início da década de 1970 surgiram os processos de separação com membranas, que utilizam membranas sintéticas como barreiras seletivas, presentes nos dias de hoje em vários processos industriais dos setores alimentício, automotivo e químico.

Esta tecnologia se baseia no princípio da permeação gasosa. Nela, um gás se dissolve e se difunde através de um material sólido, não poroso, quando

submetido a uma diferença de pressão (força motriz). A permeabilidade seletiva do material permite o fracionamento de misturas gasosas em material perme-


ado (componente que se deseja remover) e resíduo (componentes de interesse). As membranas usadas na separação são formadas por várias camadas de materiais (poliméricos, cerâmicos, metálicos, etc.) Tanto a morfologia da membrana quanto seu material são definidos de acordo com o tipo de aplicação e eficiência desejada na separação.

Morfologia

nais, contendo membranas de fibra oca em módulo espiral de diâmetro reduzido. Por um lado, os módulos em fibras ocas fornecem uma área superficial por volume maior do que aquele proporcionado pelas tradicionais colunas recheadas, tornando mais rápida a transferência de massa. Por outro lado, o uso da membrana pode apresentar alguma resistência à transferência de massa, reduzindo sua eficiência. Nos processos de separação de gás com membranas não porosas, o fluxo pode ser favorecido mantendo-se o lado do permeado sob pressão reduzida.

Módulo de contactores com membranas

As membranas se dividem em densas e porosas. As densas são aquelas que envolvem etapas de dissolução e difusão através do material constituinte da membrana, já as porosas são aquelas em que o transporte ocorre preferencialmente em uma fase fluida contínua que preenche os poros da membrana. Ambas as membranas também podem ser classificadas como homogêneas ou integrais (constituídas por um único material), compostas ou heterogêneas (constituídas por mais de um material), simétricas ou isotrópicas (com as mesmas características morfológicas ao longo toda a sua espessura) e assimétricas ou anisotrópicas

(possuem gradiente de porosidade na direção perpendicular à sua superfície). Outras características das membranas que devem ser verificadas para determinar a sua aplicação em uma separação são: porosidade, espessura, permeabilidade e diâmetro médio de poros. Estas características dependem do material do qual é feito a membrana e também da técnica utilizada em sua fabricação.

Contactores com membranas Os contactores com membranas são tipicamente dispositivos do tipo casco e tubo, similares aos trocadores de calor convencio-

Diferentes configurações de módulos podem ser estabelecidas para o acondicionamento das membranas e cada uma delas apresenta vantagens e limitações a serem consideradas ao se estabelecer um processo. O projeto de contactores deve levar em consideração a regularidade da disposição das fibras no módulo (arranjo espacial das fibras) para que não ocorram caminhos preferenciais no escoamento do gás e do líquido. Neste sentido, deve-se considerar a densidade de empacotamento e as direções do fluxo (paralelo, tangencial, concorrente e contracorrente) de ambas as fases, para um melhor aproveitamento da área de membranas disponível(1). Os módulos de contactores estão classificados em dois grupos, de acordo com o fluxo das fases: Módulo de fluxo longitudinal: nesta configuração, o gás e o líquido pas-

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sam de forma paralela, tanto em contracorrente como concorrente. A vantagem desse módulo é a sua simplicidade de fabricação, porém, ele é menos eficientes que os módulos de fluxo tangencial.

Módulo de fluxo tangencial: a presença de distribuidores de fluido dentro do módulo minimiza o efeito de caminhos preferenciais, e produz turbulência no fluido, aumentando o fluxo de transferência de massa. Também existem configurações de fluxo tangencial em que o fluxo do lúmen das membranas é perpendicular ao fluxo do fluido de entrada no módulo(1).

Funcionamento dos contactores com membranas e modelos de transporte Nos contactores com membranas, o gás e o absorvente fluem em lados opostos da membrana. O CO2 e H2S presentes no GN permeiam através do material (membranas compostas) ou dos poros (membranas microporosas) da membrana e são absorvidos pelo líquido de forma física ou química, dependendo do absorvente utilizado. O processo de transferência de massa em contactores com membranas microporosas é simples e ocorre em quatro etapas. Na primeira delas há a difusão dos componentes do seio da fase gasosa para a superfície da membrana; em seguida, ocorre a difusão dos componentes através da membrana; há então a dissolução dos componentes na fase líquida, ocorrendo absorção química ou física e, por fim, a difusão dos componentes da superfície da membrana para o seio da fase líquida.

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Seleção de membranas poliméricas A escolha do material polimérico exerce uma influência direta na eficiência do processo, e é fundamental que este material preserve sua estabilidade a longo prazo para viabilizar o uso dos contactores com membranas. O principal responsável pela deterioração e instabilidade das membranas de microfiltração é a incrustação. Nas aplicações de absorção de gás em contactores com membranas, este problema tende a ser menos frequente, desde que não exista um fluxo convectivo através dos poros das membranas. No caso de gases contendo partículas suspensas, a pré-filtração do material é indicada. Absorventes líquido com alto poder de absorção de CO2 e H2S podem se tornar corrosivos. A escolha adequada do material polimérico deve considerar o tipo de absorvedor utilizado para que a membrana não sofra ataque químico. É preciso observar ainda quais materiais poliméricos são compatíveis com os absorventes utilizados na absorção de gases ácidos, pois alguns absorventes também podem reagir com a superfície polimérica, modificando sua estrutura. O uso do poli tetra flúor etileno (PTFE) tem sido bastante recomendado, uma vez que o material é quimicamente estável, porém tem elevado custo de produção. Outra alternativa viável pode ser encontrada com o tratamento das superfícies, que vem permitindo o uso de membranas mais baratas como as de polipropileno (PP). É preciso considerar ainda a estabilidade térmica do material polimérico selecionado, uma vez que eles podem sofrer degradação ou decomposição ao serem submetidos a altas temperaturas.


Seleção de absorventes líquidos O tipo de absorvente (físico ou químico) também influencia a eficiência do processo. Vários absorventes têm sido estudados experimentalmente. Principais absorventes utilizados em contactores com membranas(1): Água (H2O) Hidróxido de sódio (NaOH) Monoetanolamina (MEA) Dietanolamina (DEA) Trietanolamina (TEA) Trietanolamina (TEA) Metildietanolamina (MDEA) MJistura (AMP + MEA) Mistura (MEA+ TEA) 2-amino-2-metil-1-propanol (AMP) NaOH + cloreto de sódio (NaCl) Hidróxido de potássio (KOH) Carbonato de potássio (K2CO3) Carbonato de propileno (PG) Carbonato de sódio(Na2CO3) Sulfito de sódio (Na2SO3) Glicinato de potássio (PG) Mistura sal e aminoácido A escolha dos absorventes deve considerar os seguintes critérios: alta reatividade com CO2 e H2S, que leva a uma maior remoção dos gases ácidos, devido à maior taxa de absorção;

alta tensão superficial, uma vez que os líquidos com baixa tensão superficial tendem a causar o molhamento da membrana, o que aumenta sua resistência à transferência de massa; baixa volatilidade e boa estabilidade térmica pois se o absorvente apresentar volatilidade elevada pode ocorrer sua transferência para a fase gasosa; fácil regeneração, pois proporcionam um menor gasto de energia;

Viabilidade do processo Por fim, os principais parâmetros econômicos a serem considerados no processo de remoção de gases ácidos do GN são: concentração de CO2 e H2S na alimentação; vazão de alimentação; pressão de alimentação; perda de CH4; permeabilidade do CO2; seletividade do material; vida útil das membranas; espessura efetiva da membrana. O uso de contactores com membranas na remoção de gases ácidos tem demonstrado ser uma tecnologia promissora e uma vez que demanda menores áreas de instalação, seu uso pode ser considerado adequado em plataformas off-shore.

Referências

1) AMARAL, Rafael Aislam. Remoção de CO2 e H2S do gás natural por contactores com membranas. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2009. 2) NAKAO, Andressa. Modelagem de contactores gás-líquido para separação de CO2 de gás natural com solução aquosa de etanolaminas. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010. 3) MORAES, Luciana de Souza. Extração líquido-líquido de ácido succínico usando contactores com membranas de fibra oca. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011. 4) MAGALHÃES, E. A. et. al. Confecção e avaliação de um sistema de remoção do CO2 contido no biogás. In: Acta Scientiarum. Technology. Maringá, v. 26, nº 1, p. 11-19, 2004.

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sustentabilidade

crédito de carbono O mercado de créditos de carbono no Brasil: desafios e oportunidades Silvia Novaes Zilber Professora do programa de pós-graduação em Administração da Universidade Nove de Julho* Eduardo Koga é mestre em Administração pela Universidade Nove de Julho*

A

o fixar a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE), o Protocolo de Quioto, assinado em dezembro de 1999, representou um marco no combate ao crescimento da concentração de GEE na atmosfera. A iniciativa partiu dos países participantes da Organização das Nações Unidas (ONU) para estipular um controle sobre as intervenções humanas no clima e determinou que os países com alto nível de desenvolvimento socioeconômico signatários, reduzissem suas emissões de gases de efeito estufa em 5,2%, em média, relativas ao ano de 1990, entre 2008 e 2012. Para não comprometer as economias destes países, o protocolo estabeleceu que parte da redução poderia ser feita por meio três mecanismos de flexibilização: implementação conjunta (IC) ou joint implementation (JI): segundo o qual os países desenvolvidos trabalham em conjunto para atingir suas metas(1); comércio internacional de emissões: nele, os países desenvolvidos criam mecanismos internos, no qual são celebrados acordos entre o governo e as empresas, visando atingir reduções menores

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que as metas estabelecidas(1); mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) ou clean development mechanism (CDM): permite que países desenvolvidos comprem reduções de emissões de países em desenvolvimento, cujas reduções resultam de iniciativas implementadas com o objetivo de diminuir as emissões de GEE (1). O MDL é o que possui aplicabilidade no caso brasileiro. Por meio dele, empresas de países desenvolvidos podem financiar projetos em empresas de países em desenvolvimento, visando à

diminuição de emissão de CO2 e outros GEE. Essas empresas também podem comprar certificados de reduções dessas emissões, resultantes dos projetos financiados, caso não consigam cumprir suas metas de redução. A compra e venda dessas reduções se dá por meio da negociação dos chamados créditos de carbono (CC) são realizadas nos mercados de crédito de carbono, os quais são regidos por normas e órgãos internacionais. Cada negociação no mercado de CC deve ser regida e cumprida entre os


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contratantes, porém, há linhas diretivas da lei no âmbito internacional e nacional para esse feito que foram constituídas para proteger o bom resultado de cada parte interessada. Os CC criam um mercado para a redução de GEE dando um valor monetário à poluição. É interessante notar que grupos e setores que não precisam diminuir suas emissões de acordo com o Protocolo de Quioto ou empresas localizadas em países não signatários do protocolo têm a alternativa de comercializar reduções de emissões nos chamados mercados voluntários, que crescem em paralelo às negociações formais. Na América Latina existem dois tipos de mercado voluntário: um local, voltado principalmente para as neutralizações de emissões de gases do efeito estufa, e outro para exportação, onde estão os projetos que procuram se espelhar no MDL(2). Apesar de não ser regulamentado e de ter sofrido acusações quanto à baixa qualidade dos créditos(3) oferecidos, o mercado voluntário de carbono triplicou em 2007, aumentando de 97 milhões para 331 milhões de dólares. Naquele ano, um relatório do Ecosystem Marketplace e da New Carbon Finance apontou que o volume de compensações negociadas equivalia a 65 milhões de toneladas de CO2 – mais do que a emissão anual da Noruega – com o crescente interesse de pessoas e corporações em minimizar impactos ambientais e melhorar sua imagem pública. Independentemente dos resultados, há quem se oponha aos estudos sobre o mercado voluntário alegando que significa pouco se comparado ao mercado regulamentado pelo Protocolo de Quioto. 26 | engeworld | agosto 2014

O tema envolvendo CC tem sido muito abordado sob o ponto de vista ecológico e mercadológico. Porém, é ainda muito deficiente sob o ponto de vista do impacto que as exigências no desenvolvimento de projetos MDL provocam sobre as estratégias das empresas e seus relacionamentos com clientes, fornecedores e demais agentes dentro de sua cadeia produtiva. Existe um elevado grau de complexidade nas exigências impostas na regula-

mentação por parte da ONU para o desenvolvimento de projetos MDL, sendo necessária a existência de um conhecimento e uma expertise que muitas vezes não é encontrada dentro da empresa que pretende desenvolver esses projetos. Assim, muitas empresas recorrem a terceiros ou a parcerias para o desenvolvimento dos mesmos. A primeira etapa para a aquisição dos CC por meio de um projeto MDL, inicia-se quando os participantes do proje-


to produzem o chamado documento de concepção (DCP) ou, em inglês, project design document (PDD), que faz uso de uma metodologia de base já aprovada, geralmente em conjunto com uma consultoria técnica.

Mercado de carbono As transações de carbono podem ser definidas como contratos de compra(4), em que uma parte paga a outra em troca de uma dada quantidade de emissões de GEE (créditos de carbono), a qual será utilizada pelo comprador para cumprir suas metas quanto à mitigação das mudanças climáticas. As transações de carbono podem ser agrupadas em duas categorias: transações baseadas em permissões, em que o comprador obtém permissões de emissões criadas e alocadas (ou leiloadas) por agências reguladoras sob regimes de cotas (cap-and-trade), tais como a Assigned Amount Units (AAUs) derivadas do mecanismo de comércio de emissões sob o Protocolo de Quioto, ou permissões de emissões como o EU Allowances (EUAs) de regimes regionais e nacionais como o European Union Emissions Trading Scheme (EU ETS). transações baseadas em projetos (IC e MDL), em que um comprador adquire créditos de emissões de um projeto que produz reduções de GEE comparadas com as emissões que ocorreriam sem o projeto. Algumas transações baseadas em projetos são conduzidas para alcançar metas voluntárias de organizações, mas a maioria delas tem como objetivo o cumprimento com as metas do Protocolo de Quioto ou outros regimes regulatórios. Os principais regimes regulatórios

que restringem as emissões de GEE e permitem que as transações de carbono sejam realizadas são o EU Emissions Trading Scheme, que coloca um teto nas emissões às principais fontes de larga escala (como companhias de energia) dentro da União Europeia, e permite que elas negociem EU Allowances (EUAs) por todo o mercado europeu; esquema britânico de negociações de emissões (UK Emission Trading Scheme); o Chicago Climate Exchange (CCX),

O segundo maior segmento do mercado de CC foi o mercado secundário para Reduções Certificadas de Emissões, que é um mercado financeiro de spot um sistema-piloto de regime de cotas (cap-and-trade) pelo do qual entidades cap-and-trade, principalmente empresas privadas baseadas nos Estados Unidos, concordaram em limitar voluntariamente suas emissões GEE no passado. O último segmento do mercado do carbono é o varejo, representado pelas atividades de empresas e indivíduos, sem emissões significativas que desejam ser neutros em termos de emissões de GEE para demonstrarem sua responsabilidade social ou promover uma marca em particular. Geralmente, essas entidades e indivíduos

compram ERs em pequenas quantidades. O mercado de CC total continuou a crescer mesmo depois da crise econômica de 2008, alcançando um total de valor transacionado de cerca de 126 bilhões de dólares no final daquele ano. Esse montante foi o dobro do alcançado em 2007(5). Do total negociado em 2008, aproximadamente 92 bilhões de dólares resultaram de transações de permissão e derivativos sob o EU Emissions Trading Scheme (EU ETS) para propostas de conformidade, gestão de risco, arbitragem, tomadores de lucro (profittaking). O segundo maior segmento do mercado de CC foi o mercado secundário para Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) (ou Certified Emission Reductions – CERs), que é um mercado financeiro de spot, futuros e transações de opções de cerca de 26 bilhões de dólares, representando um aumento de cinco vezes em valor e volume em relação a 2007. Essas negociações não originam diretamente reduções de emissões como no mercado primário.

Alianças estratégicas, joint ventures e terceirização A terceirização pode ser uma possibilidade para empresas que queiram investir em projetos MDL: ao terceirizar a elaboração dos mesmos, as empresas mantêm-se focadas em suas core competencies e garantem o atendimento aos requisitos específicos para aprovação de projetos dessa natureza. Outra forma possível para a realização dos projetos MDL se dá por meio de alianças estratégicas ou colaboração e cooperação voluntária de curto engeworld | agosto 2014 | 27


ou longo prazo entre organizações envolvendo troca, compartilhamento ou codesenvolvimento de produtos, tecnologias e serviços de modo a atingir um conjunto comum de objetivos ou alcançar necessidades críticas de negócios.

dores desse mercado e a outra empresa atuar basicamente no mercado voluntário de carbono. Os dados primários foram obtidos a partir das informações coletadas nas pró-

Casos brasileiros São apresentados a seguir os casos de duas companhias que atuam no mercado de negociação de CC: a Ecoinvest e a Ecouniverso. Ambas são empresas de consultoria que atuam no assessoramento de atividades relacionadas ao meio ambiente, fornecendo: análise dos impactos socioambientais de empreendimentos, documentação ambiental e adequação aos padrões de sustentabilidade nacionais e internacionais; consultoria no processo de implementação dos requisitos das normas internacionais de certificação ISO e de auditoria ambiental; assessoria em projetos de crédito de carbono, apresentando soluções para clientes que desejam executar projetos em conformidade com o MDL, envolvendo consultoria, com a análise prévia de oportunidades de geração de CC; elegibilidade de projetos, estruturação financeira, definição e escolha de tecnologias e metodologias, elaboração do projeto de desenvolvimento e a documentação necessária até o registro final na ONU – UNFCCC e assessoramento na comercialização de CC. Outro critério importante de seleção dos casos apresentados foi o fato de uma das empresas atuar no mercado MDL primário, tendo que obedecer a todos os requisitos prescritos pelos órgãos regula-

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A Ecoinvest e o grupo Bünge firmaram uma aliança em 2004 e formaram a empresa Ecoinvest Carbon, caracterizada como uma joint venture

prias organizações estudadas, mediante a realização de entrevistas semiestruturadas com membros considerados respondentes-chave, além de técnicos envolvidos na elaboração dos projetos ambientais. Os dados secundários foram obtidos por meio de relatórios de atividade e outras publicações das organizações, consultas ao site das empresas, consultas a revistas, jornais, artigos científicos, dissertações e teses.

Ecoinvest A Ecoinvest foi fundada no ano 2000 pelo engenheiro químico Ricardo Esparta para realizar a identificação e formatação financeira de projetos de geração de eletricidade, de pequenas centrais hidroelétricas e termoelétricas e de projetos voltados para energias renováveis e eficiência em energia. A companhia desenvolveu o Projeto de Biomassa Guará para o grupo


Bünge, que promovia a substituição do combustível GLP por madeiras em toras usadas em fornos de secagem de fertilizantes, na planta industrial do grupo localizada em Guará, São Paulo. Ele gerou uma economia de cerca de 6 milhões de reais por ano em combustível, e o uso da biomassa fez com que a Bünge reduzisse suas emissões de CO2 em 24.221 toneladas, entre setembro de 2003 e outubro de 2006. A Ecoinvest e o grupo Bünge firmaram uma aliança em 2004 e formaram a empresa Ecoinvest Carbon, caracterizada como uma joint venture. A Bünge vislumbrava economias como as citadas e sua participação no financiamento de projetos MDL e posterior negociação das RCEs geradas, que mostrou ser uma boa oportunidade de investimento no Brasil, já que o país tem forte potencial para crescimento nesse segmento (o mercado de CC). Em 2004, a Bünge adquiriu o controle acionário da Ecoinvest através de uma aliança estratégica e criou um fundo para financiar projetos ambientais. Nessa parceria, o grupo Bünge era o principal investidor na nova empresa criada, a Ecoinvest Carbon S.A., para o assessoramento no desenvolvimento de projetos para redução de emissões de GEE ou implementação de projetos para a utilização e desenvolvimento de energias renováveis, que originaram CC para a própria Bünge, ou mesmo para outras empresas. A Econivest Carbon registra e vende esses créditos para outras empresas por meio de um sistema especial de negociação e em contrapartida cria incentivos econômicos para investimentos adicionais em novas tecnologias “verdes”. A exemplo disso, a Ecoinvest Carbon

instalou biodigestores para lixo orgânico em fazendas no Brasil. Esses biodigestores usam um processo natural para tratar o lixo orgânico e capturam o gás metano emitido, que pode ser usado para aquecer os prédios da fazenda e a água. Esses benefícios econômicos são adicionais às receitas geradas pela venda de CC. Outras áreas que a empresa começou a contemplar a partir da aliança com a Bünge foram no gerenciamento de metano (aterro sanitário e suinocultura), troca de matéria-prima (cimento e sais químicos), troca de combustível, negociação e desenvolvimento de proje-

A Econivest Carbon registra e vende esses créditos para outras empresas por meio de um sistema especial de negociação e em contrapartida cria

incentivos econômicos para investimentos tos de emissões de gases do efeito estufa (GEE), projetos MDL, além de projetos para o mercado voluntário de carbono. A joint venture permitiu à Ecoinvest Carbon ampliar sua rede de clientes, atingindo outros estados brasileiros, além de projetos localizados em outros países, fornecendo assessoria técnica no acompanhamento de clientes desde a identificação de um projeto MDL

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até a emissão dos RCEs, e assessoria financeira na estruturação de operações financeiras que viabilizam projetos de CC. Além da joint venture ter ampliado o alcance global da empresa, a validação do Protocolo de Quioto causou impacto na procura por seus serviços. Devido à aliança realizada, a equipe de profissionais da Ecoinvest Carbon era composta por engenheiros e profissionais especializados que trabalhavam em uma variedade de projetos ambientais nas Américas do Norte, Central e do Sul, além de países do continente asiático. No Brasil, os profissionais também exerciam concomitantemente papéis técnicos, administrativos (back office) e comerciais. Em 2008 a joint venture foi desfeita e a Ecoinvest passou por um amplo processo de reestruturação, que incluiu a mudança de sua razão social e de seu quadro de acionistas. A Ecoinvest Carbon continua existindo. Ela pertencente ao grupo Bünge e realizou uma parceria em 2008 com o Doha Bank para ingressar no mercado asiático, iniciando operações na Índia voltadas para projetos ambientais de MDL, energias renováveis e CC.

Ecouniverso A Ecouniverso foi fundada em 2004 pela engenheira química Fátima Pereira Pinto. A empresa é composta por uma equipe multidisciplinar que atua no desenvolvimento e implantação de programas de gestão de efeito estufa para os segmentos industriais, comerciais, de serviços e outros, e realiza: a quantificação de emissões de GEE das operações de organizações de diferentes naturezas;

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a implementação de projetos de monitoramento e redução de emissões; compensações de GEE com projetos de florestamento/reflorestamento, desmatamento evitado e tecnologias limpas em parceria com empresas especializadas nas respectivas áreas.

a neutralização de emissões de carbono, é uma forma voluntária de contribuição para a redução das emissões de CO2 e outros GEE Suas atividades estão centradas no desenvolvimento de programas corporativos de gestão de emissões de GEE divididos nas seguintes etapas: inventário; redução; monitoramento/gestão; compensação. A última atividade, a neutralização de emissões de carbono, é uma forma voluntária de contribuição para a redução das emissões de CO2 e outros GEE gerados em atividades como transportes, consumo de energia elétrica, operações de fábricas, empresas e eventos, ou até mesmo na rotina diária das pessoas.

Neutralizar carbono pode ser entendido como uma forma de incorporar a mesma quantidade de carbono produzido nessas atividades, em projetos que captam esses gases, promovendo a redução dos GEE presentes na atmosfera. A Ecoinvest pode ser caracterizada como uma pequena empresa, em que todos os participantes são provenientes de empresas da área ambiental como Cetesb, IPT, e outras, e tem procurado desenvolver parceiras com outras pequenas empresas de consultoria ambiental, sendo que a Ecouniverso apoia o “Programa Brasileiro GHG Protocol” no compartilhamento de aprendizado da experiência brasileira de aplicação do GHG Protocol. A metodologia GHG Protocol é a mais utilizada internacionalmente para medição das emissões de gases de efeito estufa, sendo portanto, ferramenta de gestão empresarial sustentável. O apoio a esse programa é uma forma de ampliar sua rede de clientes, uma vez que ele tem visibilidade no meio empresarial que trata de ações de sustentabilidade. A empresa atende companhias que terceirizam a neutralização de emissões, por não terem especialistas que possam tratar da atividade (cálculo de emissões, neutralização/compensação de emissões).

Observações Uma primeira observação relevante refere-se à idade dessas empresas: uma foi fundada em 2000 e outra em 2004, mostrando que a exploração do mercado de carbono está fortemente atrelada à necessidade de cumprimento das metas propostas pelo Protocolo de Quioto. Ambas participam do mercado de car-


bono como “empresas intermediárias”, assessorando clientes nas etapas de desenvolvimento de projetos de contabilização de emissões e compensação e em projetos mais complexos de MDL. Em geral, empresas emissoras contratam as intermediárias de assessoramento para o desenvolvimento de projetos, em função da complexidade de regras impostas pela ONU, para emissão dos CC. Assim, o principal papel dos agentes intermediários no mercado de carbono é prover assessoramento técnico às empresas contratantes emissoras de GEE para o desenvolvimento de projetos nessa área, dada a complexidade

empresas emissoras contratam as intermediárias de assessoramento para o desenvolvimento de projetos, em função da complexidade de regras impostas pela ONU

e especificidade dos mesmos. À medida que as empresas intermediárias (ou assessoras) ganham experiência na elaboração dos projetos relacionados a emissões, ocorre a diminuição dos custos do assessoramento de projetos, conforme cresce sua carteira de clientes, pois projetos semelhantes não necessitam do desenvolvimento de uma nova metodologia de cálculo de redução de emissões de GEE, ou seja, a empresa de assessoramento acaba adquirindo capacitação no desenvolvimento de metodologia para projetos MDL, o que pode ser considerado um recurso raro.

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Considerações O Protocolo de Quioto representa um marco no esforço para se combater os efeitos provocados pelas emissões de poluentes que afetam as concentrações de gases do GEE na atmosfera, responsáveis por alterações climáticas. A novidade que o protocolo trouxe ao cenário internacional é a inclusão do componente econômico para o problema ambiental, de forma a penalizar países desenvolvidos, e empresas localizadas nestes países, caso as metas de redução de emissões de GEE não sejam atingidas. Por outro lado, fomenta o crescimento de países em desenvolvimento, incentivando a implementação de projetos que buscam a redução de GEE com a possibilidade de retornos financeiros com a elaboração de projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL). Este trabalho verificou alguns impactos e repercussões do protocolo sobre o ambiente empresarial para identificar as ameaças e oportunidades que a obediência às exigências do Protocolo de Quioto trazem para as empresas que atuam em um ambiente global, analisando mais especificamente o mecanismo de flexibilização do cumprimento das metas de redução de emissões de GEE, conhecido como mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), que deu origem ao mercado de carbono, onde são negociadas reduções certificadas de emissões (RCEs), entendidas não só como desafio às empresas, no sentido de redução de emissões, mas também como oportunidade de investimento. Ambas as empresas analisadas ilustram as exigências do Protocolo de Quioto como oportunidade, não só como desafio: seja para auferir benefí32 | engeworld | agosto 2014

cios financeiros, ao se negociar créditos no mercado de carbono, ou para se obter um reforço de marca e imagem, associando a empresa a atividades alinhadas com a redução de emissões.

Os recursos da Ecoinvest foram sua expertise na elaboração de projetos MDL, contemplando todas as fases necessárias para a geração de RCEs No caso da Ecoinvest Carbon, a companhia procurou adquirir maiores vantagens competitivas, unindo a competência de duas empresas distintas, num contexto em que os critérios de exigências da especialização de conhecimentos e compartilhamento de riscos e responsabilidades possibilitaram atingir resultados superiores aos que seriam obtidos individualmente O resultado dessa joint venture trouxe para a Ecoinvest além da ampliação de seu mercado, a possibilidade de investir em outros projetos, como biodigestores, que além de redução de emissões, também trazem a geração de RCEs, numa clara obtenção de recursos raros, devido à expertise desenvolvida e transformada em vantagem competitiva. Alianças estratégicas estabelecidas para atender a questões ambientais podem ajudar essas firmas a criarem vantagens competitivas, fornecendo acesso a

recursos idiossincráticos, especialmente relacionados a conhecimento advindos de outras organizações. Os recursos da Ecoinvest foram sua expertise na elaboração de projetos MDL, contemplando todas as fases necessárias para a geração de RCEs, além do conhecimento das exigências dos órgãos reguladores (como ONU, por exemplo). A Bünge, por sua vez, colaborou com a sua capacidade financeira e ampla carteira de clientes globais, fornecendo contatos e estruturas de negócios em diversos países, possibilitando a venda de projetos MDL em esfera mundial. As vantagens para a investidora Bünge diz respeito ao investimento de recursos numa empresa especializada no mercado de CC, que aponta projetos com maior probabilidade de retornos financeiros. Já a Ecouniverso atua no setor de assessoria inicialmente para reduções voluntárias, por meio de ações de neutralização de emissões de GEE que, posteriormente, poderão ser objeto de certificação para gerar RCEs. Essa empresa atua como uma terceirizada, o que, para a tomadora de serviço apresenta vantagens associadas à redução de custos, melhoria das atividades e foco nas atividades essenciais da organização contratante que se utiliza de serviços especializados que não cabem ser desenvolvidos no seu ambiente interno. As desvantagens de se terceirizar esses serviços para a empresa contratante relacionam-se à dependência de terceiros e não criação de capacidade específica quanto a questões ambientais. Por outro lado, a terceirização permite que a empresa contratante mantenha-se focada em suas atividades principais. *Reproduzido sob licença Creative Commons 3.0. Adaptação Gabriela Alves


Referências 1) BRASIL. Ministério da Ciência e da Tecnologia. Protocolo de Quioto. Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.mct.gov.br>. Acesso em: 2 out. 2005. 2) SCHEIDT, P. Mercado voluntário de carbono cresce com grandes desafios a serem superados. Disponível em:<http://www. agsolve.com.br/noticia.php?cod=861>. Acesso em: 1 jun. 2009. 3) RTS Triplica mercado voluntário de carbono. Disponível em: <http://www.rts.org.br/noticias/destaque-2/triplicamercado-voluntario-de-carbono>. Acesso em: 1 jun. 2009. 4) LECOCQ, F.; CAPOOR, K. State and trends of the carbon market 2005: research, world bank, based on data and insights provided by evolution markets llc and natsource LLC. 2005. Disponível em: <http://wbcarbonfinance.org/docs/CarbonMarketStudy2005.pdf/>. Acesso em: 10 jun. 2009. 5) CAPOOR, K.; AMBROSI, P. State and trends of the carbon market 2009. New York: World Bank Report, 2009. Disponível em: <http://siteresources.worldbank.org/INTC ARBONFINANCE/Resources/State_and_Trends_of_the_Carbon_ Market_2009-FINAL.pdf>. Acesso em: 1 jun. 2009. 6) HART, S. A natural-resource-based view of the firm. Academy of Management Review, v. 20, n. 4, p. 986-1014, 1995. 7) DAS, T. K.; TENG, B. S. A resource-based theory of strategic alliances. Journal of Management, v. 26, p. 31, 2000. 8) EISENHARDT, K. M.; SCHOONHOVEN, C. B. Resourcebased view of strategic alliance formation: strategic and social effects in entrepreneurial firms. Organization Science, v. 7, p. 136-150, 1996. 9) BARNEY, J. B. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, Mar. 1991. 10) BASSO, M. Contratos internacionais do comércio: negociação, conclusão, prática. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1994. 11) BONOMA, T. V. Case research in marketing: opportunities, problems and process. Journal of Marketing Research, v. 22, n. 2, p. 199-208, May 1985. 12) CABRAL, S. Terceirização de processos industriais sob a ótica da economia dos custos de transação. 2002. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de Salvador, Salvador, 2002. 13) COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. CONEJERO, M. A. Marketing de créditos de carbono: um estudo exploratório. 2006. Dissertação (Mestrado em Administração) -

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006. 14) COSTA, D. S. C. Mercado de “Créditos de Carbono”. 2006. Disponível em: <www.sadireito.com.br/index.asp? Ir=area. asp&area=5&texto=4806>. Acesso em: 1 jun. 2009. 15) DACIN, M. T.; OLIVER, C.; ROY, J. The legitimacy of strategic Alliances: an institutional perspective. Strategic Management Journal, v. 28, p. 169-187, 2007. 16) EISENHARDT, K. M. Building theories from case study research. Academy of Management Review, Briarcliff Manor, v. 14, n. 4, p. 522-550, Oct. 1989. 17) GEPHART, R. From the editors: qualitative research and the academy of management journal. Academy of Management Journal, v. 47, n. 4, p. 454-462, 2004. 18) GIOSA, L. A. Terceirização: uma abordagem estratégica. 3. ed. São Paulo: Pioneira Thompsom Learning, 2003. 19) GULATI, R. Alliances and networks. Strategic Management Journal, v. 19, n. 4, p. 293-317, 1998. 20) HAIR JUNIOR, J. F. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005. 21) HAMEL, G.; DOZ, Y. L. Highlights: formatos multilaterais. São Paulo: HSM Management, 1999. 73 p. 22) LAZZARINI, S. G. Estudos de caso para fins de pesquisa: aplicabilidade e limitações do método. In: FARINA, E. et al. (Coord.). Estudos de caso em agribusiness. São Paulo: Pioneira, 1997. p. 9-23. 23) LEVY, D. L.; KOLK, A. Strategic responses to global climate change: conflicting pressures on multinationals in the oil industry. Business and Politics, v. 4, n. 3, 2002. 24) MITCHELL, W. E.; SINGH, K. Survival of business using collaborative relationships to commercialize complex goods. Strategic Management Journal, v. 17, n. 3, p. 169-195, 1996. PEREZ JUNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. de. Contabilidade avançada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1998. 25) PETTIGREW, A. M. The character and significance of strategy process research. Strategic Management Journal, Chichester, v. 13, p. 5-16, winter 1992. 26) SELLTIZ, C. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: EDUSP, 1975. 27) VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2000. 28) YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 29) YU, C. M. Sequestro florestal de carbono no Brasil. São Paulo: Annablume, 2004.

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coluna segurança

Gestão de segurança para empresas prestadoras de serviços

E

m muitas empresas do ramo de prestação de serviços os índices de acidentes de trabalho e a gravidade desses acidentes são elevados. Suas causas são múltiplas e de origens diversas, e têm repercussões negativas no desempenho global das companhias contratantes. As dificuldades para a solução desses problemas não estão localizadas apenas na natureza dos serviços prestados e no potencial dos riscos existentes mas, principalmente, nos equívocos com que as questões relacionadas à segurança do trabalho são tratadas. Geralmente os serviços terceirizados são aqueles que oferecem maiores riscos à execução das atividades e paradoxalmente não merecem das partes interessadas os devidos tratamentos e cuidados. Antes de terceirizar os serviços, sejam para projetos de ampliação ou novos projetos, é essencial definir pontos como, por exemplo, qual será o modelo de gestão escolhido para o gerenciamento das ações dos prestadores de serviços. Independentemente do modelo de gestão a ser adotado, todos devem ter o objetivo de reduzir e/ou minimizar 34 | engeworld | agosto 2014

Geralmente os serviços terceirizados são aqueles que oferecem maiores riscos à execução das atividades os riscos e considerar os aspectos legais vigentes. Para a definição desse modelo de gestão de segurança deve-se levar em conta as seguintes informações: 1) Atribuições e responsabilidades: Definir com absoluta clareza quais as responsabilidades de cada um no processo de execução das atividades. É recomendável a certificação de que a em-

presa contratada tenha capacidade para concluir os serviços. 2) Recursos: Determinar e prever quais os recursos necessários para o pronto atendimento dos serviços contratados, custos, materiais, tempo de execução e principalmente quais os riscos associados, formas de controle dos riscos e os equipamentos necessários. 3) Acompanhamento: Estabelecer critérios de auditorias e inspeções durante a execução dos serviços e definir a responsabilidade deste acompanhamento pela gerência da área contratante. 4) Avaliação de desempenho: Delimitar critérios e pontos para avaliação de desempenho das contratadas, garantindo que não seja uma avaliação superficial e que os indicadores sejam previamente conhecidos. Também é importante definir ações caso os critérios não sejam atingidos. 5) Reconhecimento e sanções: Estipular elementos e critérios de aplicação, com regras bem definidas, clareza na divulgação e equidade na aplicação. Esta é uma ferramenta importante dentro do sistema de gestão. Com um modelo de gestão de segurança bem aplicado e um bom entrosamento entre contratantes e contratados é possível garantir um ambiente de trabalho seguro.

Com 10 anos de experiência como engenheira de segurança do trabalho, em empresas de grande porte, Daniela Atienza Guimarães é diretora adjunta da APAEST (Associação Paulista de Engenheiros de Segurança do Trabalho) e docente do curso de Engenharia de Segurança do Trabalho da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial).


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BR

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coluna qualidade O balanced scorecard e a gestão da estratégia

N

os últimos anos, cada vez mais frequentemente tenho ouvido questionamentos sobre as vantagens e desvantagens da certificação ISO 9000. Esse questionamento tem vindo de gestores tanto de grandes como de pequenas empresas, que expressam dúvidas em relação às vantagens da manutenção de seus certificados. Outros, que ainda não o possuem, perguntam se vale a pena persegui-lo. Uma máxima da filosofia seis sigma, expressa por Mikel Harry1, diz:

“Nós não sabemos o que não conhecemos Nós não podemos agir sobre o que não conhecemos Nós não conheceremos até pesquisarmos Nós não pesquisamos aquilo que não questionamos Nós não questionamos o que não medimos Assim, nós simplesmente não conhecemos...” Se compreendermos que a base fundamental da gestão é o conhecimento que temos e nos desenvolvermos de acordo com os processos que queremos gerenciar, saber medi-los parece de fundamental importância. Nesse sentido, o balanced scorecard, ou simplesmente BSC, é uma ferramenta muito poderosa. Sua origem remonta ao início da década de 1990. Naquele tempo, o Nolan Norton Institute desenvolveu um estudo envolvendo múltiplas empresas, denominado “Measuring performance in the organization of the future”. Este estudo foi motivado pela crença de que as abordagens existentes para medição de desempenho, em geral baseadas em indicadores financeiros, 36 | engeworld | agosto 2014

estavam se tornando obsoletas, pois a dependência exclusiva de medidas de desempenho financeiro estava prejudicando a habilidade das organizações em criar valor econômico futuro.

BSC é uma poderosa ferramenta para comunicar e alinhar as organizações às suas estratégias

Durante os estudos, várias organizações apresentaram iniciativas nas quais utilizavam uma variedade de medidas de desempenho não financeiras em conjunto com indicadores financeiros tradicionais. O desdobramento destas iniciativas levou ao que foi denominado balanced scorecard. O nome dado a esse conjunto de medidas reflete o equilíbrio que se obtém entre objetivos de curto e longo prazo, medidas financeiras e não financeiras, indicadores de resultados e drivers de desempenho, assim como o equilíbrio entre perspectivas de desempenho internas e externas, entre outros pontos. A evolução deste conceito levou esse conjunto de indicadores a ser distribuído em quatro diferentes perspectivas, que nos ajudam a responder quatro questões gerenciais básicas: Financeira: se formos bem sucedidos, como seremos vistos pelos nossos acionistas? Clientes: para atingir os resultados financeiros, como devemos cuidar de nossos clientes? Processos internos: para atender aos nossos clientes e acionistas, em quais processos devemos ser excelentes? Inovação e crescimento: para suportar um desempenho excepcional dos nossos processos críticos, como devemos aprender e melhorar?


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Qualificar equipe

Exemplo de mapa de causa e efeito

A busca pelas respostas a estas questões leva a organização a aprimorar seus objetivos estratégicos que, alinhados por meio da cadeia de relações de causa e efeito sugerida acima, dá origem ao mapa estratégico do BSC. O conjunto de indicadores e metas de desempenho associado a cada um dos objetivos estratégicos, suportados por planos de ação e pelos recursos necessários a sua efetiva realização, formam o BSC. Esta formulação torna o BSC uma poderosa ferramenta para comunicar e alinhar as organizações às suas estratégias, dentro de um cenário que caminha no sentido da geração de oportunidades de crescimento por meio da oferta de

produtos e serviços customizados e que agregam valor aos clientes, em vez do histórico foco nas estratégias de curto-prazo para redução de custos e competição com baixos preços. Associado a um sistema de monitoramento e feedback eficaz, o BSC torna-se um sistema eficiente para a gestão da estratégia das organizações, em vez de ser simplesmente um sistema de medição de desempenho. Nota (1): Mikel J. Harry tem sido reconhecido e citado em muitas publicações como o principal arquiteto da filosofia Seis Sigma e a maior autoridade mundial neste campo. É autor do livro “Six Sigma: The Breakthrough Management Strategy Revolutionizing the World’s Top Corporations”.

Engenheiro mecânico formado pela Escola de Engenharia Mauá, Sérgio Roberto Ribeiro de Souza tem 28 anos de experiência no desenvolvimento de projetos para Gestão Empresarial, possui Certificação Bkack Belt pela ASQ (American Society for Quality) e é sócio-diretor da Quality Way Consultoria. engeworld | agosto 2014 | 37


coluna rh O que a seleção brasileira pode ensinar para qualquer líder e equipe de uma empresa?

O

dia 8 de julho de 2014 jamais será esquecido pelos brasileiros, não só pela frustração que a Seleção Brasileira de Futebol gerou em todos, mas pela pergunta que não quer calar: o que realmente aconteceu com a equipe? Este mesmo episódio já se repetiu inúmeras vezes em ambientes corporativos, em proporções menores, mas os estragos foram os mesmos. Outro dia assisti na televisão a uma entrevista de um grande jogador da Seleção Brasileira na qual ficou claro que não faltou treinamento à equipe. Então, o que aconteceu? Como especialista em Recursos Humanos, faço aqui a minha análise. Desde o primeiro jogo da seleção, o que se observou foi um time em busca do título, com garra e armado para o ataque, mas com pouca organização e sintonia entre seus integrantes. No jogo contra o Chile, o time pareceu mais tranquilo e confiante até o momento em que 38 | engeworld | agosto 2014

Chile mostrou as garras e partiu para cima. A seleção “tremeu na base” e quase tomou um gol (quando uma bola bateu na trave), levando o expectador a afirmar: “Deus é brasileiro”, ou seja, o time estava com a sorte em suas mãos. Posteriormente, veio o jogo contra a Colômbia, no qual um dos melhores jogadores da seleção se machucou e foi obrigado a sair da partida. O time em campo suou para faturar a partida, mas o sentimento de equipe já demonstrava fragilidade, como se o integrante machucado fosse um elemento fundamental para o sucesso do time inteiro. Finalmente chegou o jogo contra a imponente Alemanha. A seleção estava disposta para o embate, mas acredito que nem eles imaginavam o que aconteceria na partida. De repente, o Brasil tomou cinco gols. Alguns jogadores simplesmente ficaram paralisados e sem ação. O jogo terminou com o placar em 7 a 1 para a Alemanha, que demonstrou cate-

goria, força, organização e planejamento. Por fim, o Brasil encerrou a Copa do Mundo de 2014 em quarto lugar. Em minha visão, a questão começa com a participação do técnico, que demonstrava confiança a todo o momento e não assumia para si a fragilidade da equipe. Um grande líder sabe quando o time não está preparado e procura ferramentas para garantir uma perda menos dolorosa. Já dizia o sábio Gandhi: “A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”. O líder reconhece as fraquezas do time e sabe até onde ele consegue chegar, faz a equipe reconhecer seus limites e a ajuda a encontrar soluções, sem expor ninguém, mesmo sob grande pressão. Outra questão foi o desequilíbrio do time frente a saída de um membro. Um time forte se encoraja mesmo diante de perdas significativas, busca fortalecimento um no outro, e não se desola perante impactos. A seleção até tentou se mostrar solidária com a ausência do jogador, mas


em campo, perdeu o gingado e não deu conta do recado. Por fim, todos foram influenciados pela pressão externa, saíram do foco e perderam o título. Respondendo a pergunta: o que aconteceu? Falta de preparo emocional, planejamento e organização, habilidade de relacionamento, liderança e foco no resultado. Prepare seu time para ser campeão e siga algumas dicas: 1) seja um líder participativo e realista; 2) aproveite o potencial de todos e saiba engrandecer o que cada um tem que positivo; 3) planeje ações;

4) organize papéis, tarefas e ideias; 5) mantenha o foco acima de tudo; 6) faça reuniões motivadoras e identifique o que falta para o time manter um forte alinhamento; 7) como líder tenha uma visão de águia e saiba até onde o time consegue chegar, sem ultrapassar limites; 8) treine, treine e treine muito; 9) estimule o contato, reuniões de aprendizado e melhorias contínuas; 10) impulsione o time a dar o seu melhor, mas com os pés no chão! Boa sorte!

Cynthia Chazin Morgensztern — Consultora em gestão estratégica de pessoas e certificada pela Sociedade Brasileira de Coaching nas modalidades personal & professional coach e executive coach. Graduada em psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, além de pós-graduada em gestão estratégica de pessoas e MBA em gestão educacional. Possui dois cursos de educação continuada na Faculdade Getúlio Vargas nas áreas de administração estratégica e economia e acumula quinze anos de experiência em projetos na área de recursos humanos em empresas nacionais e multinacionais. www.genteemmovimento.com.br e cynthia@genteemmovimento.com.br

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coluna gestão de projetos

Gestão do portfólio de projetos

T

oda empresa que faz investimentos em projetos sofre o mesmo dilema: que critérios utilizar para compor o portfólio? A dúvida tem origem na infinita variedade de projetos que a empresa pode fazer. Construir um condomínio residencial de alto padrão, um edifício comercial ou, quem sabe, um novo clube para a cidade? O primeiro ponto a observar é sempre o alinhamento estratégico, verificando o segmento de mercado no qual a empresa deseja atuar, seu público-alvo, quais canais de vendas já possui e que imagem deseja passar com sua marca. Passado o primeiro filtro, pode-se analisar quais dos investimentos tem melhor retorno. Para isso, pode-se usar o VPL (valor presente líquido), a TIR (taxa interna de retorno), o ROI (retorno sobre o investimento) e o payback (tempo para recuperação do valor investido). O peso de cada critério depende da estratégia adotada. Por exemplo, se a empresa deseja se capitalizar rapidamente o payback é o parâmetro principal, se deseja o maior retorno possível deve usar o 40 | engeworld | agosto 2014

ROI, e por fim, se seu objetivo é comparar o retorno dos projetos potenciais aos investimentos financeiros disponíveis deve-se utilizar a TIR. Nada impede que uma empresa opte por executar projetos sem retornos financeiros, basta que tenha como estratégia, por exemplo, entrar em um novo mercado. Para isso, muitos competidores adotam a execução de projetos a “preço de custo” e até abaixo dele. Sim, embora não haja obrigação, muitas empresas optam por essa estratégia. Uma outra estratégia bastante comum é a composição da carteira de produtos. Neste caso, uma empresa pode realizar

um projeto com menor retorno para servir como isca para um próximo, que será vendido por um preço mais atrativo como construir um condomínio residencial próximo a um shopping, esperando maior retorno neste segundo. Vale ainda citar que uma empresa pode realizar um projeto apenas para “marcar território” em determinada região ou segmento, motivo pelo qual se vê muitos supermercados em regiões remotas. E por que não comentar a respeito dos estabelecimentos comerciais constituídos próximos aos concorrentes para dividir o mercado, em vez de deixá-lo por completo na mão de outro competidor? Na mesma linha de raciocínio, uma empresa pode adotar como critério a visibilidade, a contribuição social, o grau de inovação ou simplesmente a participação em um mercado futuro, que atualmente não traz bons rendimentos, mas que tem potencial. Nota-se, portanto, que a eleição dos projetos candidatos ao portfólio depende diretamente da estratégia da empresa, contextualizada no cenário atual em termos de concorrência e de momento.

Priorização dos projetos Uma vez definida a estratégia, e com ela os critérios de eleição dos projetos, pode-se iniciar a priorização. Trata-se de um processo relativamente simples, em que se listam os projetos e pontuam-se os critérios, conforme o exemplo: Critério/Projeto VPL TIR Payback ROI

P1 R$ 100.000 10% 18 meses 1,5

P2 R$ 200.000 5% 36 meses 1,8

P3 R$ 150.000 8% 20 meses 1,3

P4 R$ 130.000 10% 12 meses 2,0


Se a motivação for puramente financeira, qual projeto deveria ser escolhido no quadro acima? Ora, o projeto P2 gera R$ 200.000 de fluxo de caixa líquido, já considerado o tempo de execução, visto que o conceito de VPL traz receitas e despesas ao tempo presente. Sua taxa interna de retorno, no entanto, é inferior ao rendimento médio anual da poupança, o que nos leva a concluir que seria melhor investir o mesmo valor em uma instituição bancária, e desclassifica o projeto. O projeto P3, segunda opção em

VPL, tem uma TIR de 8% e parece uma boa escolha. O tempo de payback, no entanto, é de vinte meses, o maior dentre os projetos disponíveis. Ele também possui um retorno sobre o capital investido (ROI) de 1,3, o mais baixo do grupo e esses dois últimos critérios o deixam numa posição competitiva desvantajosa. O projeto P1 apresenta um bom retorno sobre o investimento (ROI), no valor de 1,3. Leva dezoito meses para retornar o capital (payback) e tem um ROI razoável de 1,5. Seria a melhor opção? Analisando o P4, verifica-se que seu

VPL é de R$ 130.000, superior ao P1. A TIR, no entanto, se iguala em 10%, mas o tempo de retorno (payback) é menor (doze meses). Possui o rendimento interno (TIR) mais alto dentre as opções. Ele também tem a proporção de retorno sobre o investimento (ROI) mais atrativa dentre as opções. Comparado ao P1, é a melhor opção e, portanto, o projeto escolhido. A priorização por critérios financeiros é matemática e simples, o que não ocorre quando se adicionam critérios abstratos, como no exemplo a seguir:

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Critério/Projeto

P1

P2

P3

P4

VPL

R$ 100.000

R$ 200.000

R$ 150.000

R$ 130.000

TIR

10%

5%

8%

10%

Payback

18 meses

36 meses

20 meses

12 meses

ROI

1,5

1,8

1,3

2,0

Contribuição social

5.000 pessoas beneficiadas

200 pessoas beneficiadas

1.000 pessoas beneficiadas

100 pessoas beneficiadas

Neste caso, se a contribuição for um fator de desempate para a escolha do projeto, dada a variação entre os projetos P1 e P4, a empresa poderia eleger o P1 como prioridade. Faltam à análise, os pesos entre o que é financeiro e a contribuição social.

o próximo projeto, em vez de seguir a linha de prioridade, deverá preocupar-se em comportar o valor disponível Critério/ Projeto

P1

P2

P3

P4

Inovação

5

4

3

2

2

2

4

3

1

4

5

4

Critério/Projeto

Peso

P1

P2

P3

P4

Contribuição social

VPL

2

R$ 100.000

R$ 200.000

R$ 150.000

R$ 130.000

Visibilidade

TIR

1

10%

5%

8%

10%

Total

8

10

12

9

Payback

4

18 meses

36 meses

20 meses

12 meses

Investimento

ROI

3

1,5

1,8

1,3

2,0

R$ 300.000

R$ 350.000

R$ 700.000

R$ 400.000

Contribuição social

5

5.000 pessoas beneficiadas

200 pessoas beneficiadas

1.000 pessoas beneficiadas

100 pessoas beneficiadas

Numa situação como a descrita acima, em que o peso da contribuição é muito maior que o do ROI, fica claro que a melhor opção é o P1. Existem ainda empresas que optam por usar apenas critérios abstratos, similares à contribuição social. Neste caso, é preciso determinar uma escala de pontuação, descrevendo-se o que significa cada valor, tal qual o exemplo a seguir: Critério/Projeto

P1

P2

P3

P4

Inovação

5

4

3

2

Contribuição social

2

2

4

3

Visibilidade

1

4

5

4

Total

8

10

12

9

Naturalmente, o projeto escolhido seria o P3, mas o que significam os números da escala de 1 a 5? Vejamos um exemplo para o critério inovação: 1. Comum no mercado 2. Pouco inovador, usa tecnologias existentes 3. Inovador, mas existem alguns produtos similares 4. Bastante inovador, usa tecnologias novas 5. Nunca visto antes no mercado É imprescindível que fique claro para os avaliadores (e para eventuais auditores) o que significa cada número da escala, deste 42 | engeworld | agosto 2014

modo, a atribuição de pontos se torna mais objetiva, mesmo para critérios abstratos.

Composição do portfólio Tendo como premissa que a empresa é capaz de fazer mais que um projeto por vez, deve-se eleger quais deles serão executados. Esta definição percorre toda a estratégia empresarial, mas também tem a ver com os recursos disponíveis. Considere que a empresa possua R$ 1.000.000 para realizar todos os projetos do ano e que os valores a investir seguem a tabela a seguir:

Embora os projetos priorizados sejam, na sequência, P3, P2, P4 e P1, não é possível executar todos com a verba disponível e, por isso, será necessário compor o portfólio não apenas pelo que fora priorizado, mas também pelo investimento. Como R$ 700.000 foram utilizados no P3, restam apenas R$ 300.000 para investir. Para alocar todos os recursos, o próximo projeto, em vez de seguir a linha de prioridade, deverá preocupar-se em comportar o valor disponível. Seria, portanto, o P1, cujo investimento se encaixa perfeitamente no montante disponível. A gestão de portfólio tem início na definição da estratégia empresarial, passa pelo estabelecimento de critérios, que é seguido pela avaliação de projetos e culmina na melhor distribuição do valor disponível para investimento. Eli Rodrigues, PMP, CSM . Atual Diretor de Negócios do grupo TAP4, Eli tem dezenas de projetos entregues nas áreas de consultoria, infraestrutura e desenvolvimento de software. Vivência na coordenação de equipes em cenários globais, fábricas de software e desenvolvimento organizacional.


entrevista

A expansão dos robôs no Brasil

D

e acordo com dados da Federação Internacional de Robótica (IFR), o estoque mundial de robôs industriais operacionais ultrapassa 1,5 milhão de unidades. No Brasil, esse número ainda é tímido e gira em torno de 2,5 mil unidades, mas as previsões são de que ele passe a ser de 3,5 mil em 2016. O alto custo da mão de obra, associado à baixa competitividade da indústria nacional tem impulsionando investimentos em automação. Além disso, nos últimos dez anos, os robôs foram se tornando mais precisos na medida em que seus preços caíram. No canal Youtube o vídeo intitulado “Playgroud – Stäubli Robotics – Man and Machine, da companhia suíça Stäubli, mostra quão precisos podem ser os robôs atualmente. Nele, uma criança e uma máquina interagem por meio de brincadeiras. Marcelo Silva, CEO da Stäubli do Brasil, comenta a seguir o recente crescimento da demanda brasileira por robôs e antecipa as tendências em automação.

Marcelo – O mercado de robôs tem uma forte demanda por parte da indústria de autopeças, que sofreu uma queda recentemente. Por isso, as vendas estão um pouco abaixo da expectativa, mesmo assim, houve um crescimento de 10% a 15% nas vendas em relação ao ano passado, porque outros segmentos como a indústria alimentícia, farmacêutica e metalomecânica estão demandando robôs.

Engeworld – Como você avalia o desempenho de vendas de robôs da Stäubli ao longo dos últimos anos?

Engeworld – Qual a projeção de vendas para os próximos anos? Marcelo – O Brasil é um país com um

potencial enorme para a automação em robô. Eu acredito que esse mercado cresça em torno de 15% a 20% ao ano ao longo dos próximos três ou cinco anos. A expectativa da Stäubli é crescer o dobro disso nesse período, ou seja, entre 30% e 40% ao ano. Engeworld – Ao que você atribui o aumento da demanda por robôs? Marcelo – A eficiência da indústria brasileira é muito baixa e o custo de mão de obra, bastante elevado. Em muitos segmentos, os trabalhos ainda são engeworld | agosto 2014 | 43


realizados de forma manual e precisam ser substituídos. Além do mais, hoje existem leis ligadas à ergonomia e segurança que precisam ser seguidas. A NR-12 é um exemplo disso. Ela não permite, por exemplo, que haja um operador trabalhando em frente à uma prensa, ele tem de ser substituído por robôs. Engeworld – Já ouvi relatos de que as indústrias têm tido problemas na contratação de operadores de máquinas porque as gerações mais jovens não querem mais assumir esses postos de trabalho. Isso realmente tem acontecido? Marcelo – Isso tem acontecido porque são trabalhos repetitivos. Tem havido mudanças na forma de se trabalhar e naquilo que é considerado trabalho. Cem anos atrás uma pessoa considerada trabalhadora era aquela que pegava na enxada e arava a terra de “lua a lua”. Hoje, não é mais assim. Por outro lado, existe também falta de uma mão de obra adequadamente capacitada para que se tenha um trabalho automatizado, isto é, faltam pessoas habilitadas para conduzir as empresas à automação. Engeworld – Além da falta da capacitação da mão de obra, que outros gargalos têm impedido o uso massivo de robôs no Brasil? Marcelo – Há ainda falta de planejamento das empresas e falta de programas governamentais que deem segurança ao empresário. Hoje, as indústrias têm interesse e urgência em conhecer as possibilidades de automação existentes, mas deixam para realizar investimentos na área quando estão em um bom momento e quando esse momento bom chega, essas indústrias estão cheias de trabalho e com as linhas ocupadas. Fal44 | engeworld | agosto 2014

Existe também falta de uma mão de obra adequadamente capacitada para que se tenha um trabalho automatizado, isto é, faltam pessoas habilitadas ta planejamento nas empresas para que elas se tornem aptas para o trabalho do dia a dia e para o futuro. Pode-se dizer que elas estão atrasadas para o presente. No entanto, para que essas empresas invistam, elas precisam se sentir seguras e o governo tem que garantir essa segurança por meio de um planejamento orientado para o crescimento. Hoje o payback considerado aceitável no Brasil é de dois anos e na Europa, ele é de quatro anos. Os solavancos que temos na economia faz com que as empresas e indústrias precisem de um retorno mais rápido de seus investimentos para diminuir o risco. Engeworld – Por que você acha que as indústrias brasileiras demoraram tanto em aderir à automação de seus processos? Marcelo – Antigamente a mão de obra era mais barata e o custo do robô, mais elevado. Até 1994, a economia brasileira era fechada. A partir do governo Collor, a automação começou a ser implementada pela indústria automotiva, onde a eficiência é levada a sério por ser realmente é necessária. Quanto

mais um segmento é competitivo, mais as empresas têm que buscar sua eficiência. Antes, a competitividade interna era menor, e não havia uma grande necessidade de automação. Engeworld – Os robôs tendem a ficar ainda mais baratos? Marcelo – Certamente. Eles devem ficar ainda mais baratos em função da economia de escala e do desenvolvimento de componentes. Apesar de já haver na Europa e na Ásia uma economia de escala muito grande, ainda existem possibilidades para a redução de preços, mas a principal redução nos preços dos robôs deve vir do desenvolvimento de componentes. Na Stäubli, por exemplo, 10% do faturamento é direcionado para pesquisas e desenvolvimentos que visam não apenas aprimorar a qualidade do robô, mas também, reduzir seu custo. Engeworld – Quais as tendências em automação? Marcelo – Uma tendência muito forte é o uso de robôs colaborativos, que podem trabalhar junto com o homem sem a existência de grandes barreiras. Por enquanto, os robôs colaborativos ainda são embrionários no mundo todo. A Stäubli é uma das pioneiras nesse tipo de produto e o nosso robô colaborativo foi lançado durante a feira Automatica, realizada em maio deste ano, na Alemanha. Ele pode ser usado, por exemplo, para produzir uma peça ou fazer uma montagem e entrega-la ao homem, diminuindo custos com material. E cada vez mais a utilização desses robôs será prevista e determinada nos projetos das linhas de produção, já antevendo a integração entre homem e máquina. É esse tipo de robô que é mostrado no vídeo “Playgroud – Stäubli Robotics – Man and Machine no canal Youtube.


engeworld | agosto 2014 | 45


infografia O processo de extração e limpeza do ouro A maior parte das minas de ouro, em todo o mundo, são lavradas de forma subterrânea. No Brasil não é diferente.

1

2 Abertura de shafts, ou da boca da mina (lavra subterrânea); remoção do capeamento (lavra a céu aberto)

3

Carregamento do minério desmontado

4 Transporte até a usina de processamento 46 | engeworld | agosto 2014

Perfuração das rochas e desmonte por explosivos

Beneficiamento 1) Britagem 2) Moagem (possibilita a liberação da partícula do mineral útil) 3) Classificação: 4) Separação: • Gravimétrica (baseada nas diferenças de densidade dos minérios) • Magnética (aproveita-se a suscetibilidade magnética entre uma substância e outra) • Por flutuação ou flotação (baseada nas propriedades superficiais das partículas minerais e seus fundamentos físico-químicos) 5) Desaguamento: Espessamento (realizado em tanques espessadores para a separação de sólido e líquido)

O produto final decorrente desses processos é uma massa bruta de ouro ou bullion (liga ou agregado que contém mais de 20% de ouro), que é fundida em cadinhos. Os processos mais comuns utilizados no refino do bullion são: • Eletrolítico • Pirometalúrgico • Químico


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48 | engeworld | agosto 2014


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