Revista Engeworld Junho 2013

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Ano 1 • Número 6 • 2013

RELÉS DE PROTEÇÃO Definições e características dos relés de proteção industrial

Entrevista MEDIDOR DE NÍVEL

CIVIL

Os cuidados a serem tomados na seleção do instrumento mais adequado. (pág.14)

Entenda as funções e a atuação dessa disciplina em um projeto de engenharia. (pág.45)

Nelson Fernandes, fundador da Genpro, fala sobre sua experiência na criação de uma empresa de projetos. [pag.42]


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editorial Ano 1 • Número 6 • 2013

Mercado sinaliza retomada

O

mês foi marcado pela realização da 11ª rodada de licitação organizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Esta foi a primeira rodada realizada após cinco anos sem leilões. As obras de construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) também foram retomadas no último mês, depois da suspensão parcial da decisão judicial que determinou a parada das obras do Comperj. Já a Transpetro anunciou a retomada dos contratos de 12 navios que estavam suspensos com o estaleiro Atlântico Sul (EAS). Com essa aparente retomada, a edição deste mês traz uma gama de artigos que visam auxiliar o público leitor na tomada de decisões. O artigo sobre instrumentação trata da seleção de medidores de nível, abordando importantes aspectos deste instrumento e os principais cuidados a serem tomados na escolha de um sensor. O material técnico sobre elétrica discorre sobre os relés de proteção industrial, suas principais características e os tipos mais comuns usados na indústria. Há ainda um artigo sobre as diferenças entre cabos com pares colados e não colados, que detalha os desempenhos apresentados por cada um deles. A matéria que dá sequência à série iniciada no começo do ano para tratar das atividades desempenhadas nas diferentes etapas de implantação de projetos expõe ações executadas pela equipe de engenharia civil e, na entrevista deste mês, Nelson Fernandes, um dos fundadores da Genpro, conta sobre sua experiência na criação de uma empresa, retrata aspectos importantes que levam à diferenciação de um bom profissional no mercado de trabalho e fala também sobre os desafios da gestão de uma companhia da área de engenharia de projetos. Boa leitura!

Sandra L. Wajchman Publisher

RELÉS DE PROTEÇÃO DEfiniÇõES E caRacTERíSTicaS DOS RELÉS DE PROTEÇÃO inDuSTRiaL

EnTREViSTa MEDiDOR DE níVEL

ciViL

Os cuidados a serem tomados na seleção do instrumento mais adequado. (pág.14)

Entenda as funções e a atuação dessa disciplina em um projeto de engenharia. (pág.45)

Nelson Fernandes, fundador da Genpro, fala sobre sua experiência na criação de uma empresa de projetos. [pag.42]

A Revista Engeworld é uma publicação mensal e dirigida aos profissionais de projetos da engenharia brasileira Publisher Sandra L. Wajchman engeworld@engeworld.com.br Editora e Jornalista Responsável Gabriela Alves (MTB 32.180/SP) gabriela@engeworld.com.br Reportagem Gabriela Alves Colunistas Cynthia Chazin Morgensztern, Sérgio Roberto Ribeiro de Souza e Daniela Atienza Guimarães Publicidade Alex Martin Telefone: (11) 5539-1727 Celular: (11) 99242-1491 alex@engeworld.com.br Fernando Polastro Telefone/Fax: (11) 5081-6681 Celular: (11) 99525-6665 fernando@engeworld.com.br Evandro Siqueira Celular: (21) 8199-3893 evandro.siqueira@engeworld. com.br Direção de Arte Estúdio LIA / Vitor Gomes

www.engeworld.com.br

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carta do leitor

Gostaria de parabenizar a revista Engeworld pelos mais variados assuntos da engenharia industrial. Por meio dela, ampliamos nossos conhecimentos não apenas referente a área que atuamos, mas também nas demais disciplinas. Desde Janeiro de 2013 venho colecionando as revistas e os assuntos são sempre interessantes, contribuindo cada vez mais para nosso desenvolvimento profissional. Parabéns tanto a Engeworld quanto aos anunciantes que confiam na revista. Luciana Tavares Grangeiro Engª Instrumentação Plena Consórcio – SPS – TECAB

Acabo de receber o n.4 da ENGEWORLD, onde pude tomar conhecimento da publicação e apreciar uma excelente diagramação, conteúdo e preocupação de atendimento das diversas áreas do nosso setor de Engenharia, setor esse que é um dos principais agentes de crescimento do país, mas tão desamparado de publicações de conteúdo dirigido, como é a ENGEWORLD, onde tenho certeza que fará grandes contribuições aos nossos profissionais. Faço votos do sucesso e continuidade desse valoroso trabalho.

Uma ótima iniciativa de proporcionar a nós da área de engenharia e projetos, informações técnica sobre diversos assuntos, inclusive muitos deles já ouvimos falar em algum momento, porém não sabemos qual a correta aplicação ou como funcionam. Acho mais interessante ainda porque estou estudando alguns os assuntos abordados na faculdade de engenharia mecânica, como por exemplo a matéria sobre cavitação, e isto agrega conhecimento. Parabéns pelo ótimo trabalho. Renan Martuscelli Projetista Mecânico/Tubulação DEGREMONT BRAZIL

Fulvio Bertolani Engenharia TECHINT Engenharia & Construção S.A.

Caro Leitor, a Revista Engeworld tem o enorme prazer em escutá-lo. Para o envio de críticas, sugestões ou elogios, entre em nosso site www.engeworld.com.br e faça o seu contato.

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Índice

06 notícias

36 Coluna RH

08

38 Coluna Segurança

Elétrica - artigo Relés de proteção industrial

Recrutar engenheiros é uma tarefa fácil ou difícil?

Medidas de proteção coletiva X equipamentos de proteção individual

40 COLUNA QUALIDADE

14 30 33

Instrumentação - artigo Seleção do medidor (sensor) de nível

Cabeamento Estruturado Impacto das solicitações mecânicas sobre o desempenho de cabos com pares colados

Processo - artigo Panorama do etanol de segunda geração

Encante seu cliente. Vale a pena!

42 Entrevista Os desafios da criação e gestão de uma empresa de projetos

45 Civil - Disciplinas de um projeto Aspectos do detalhamento de plantas industriais

50 INFOGRAFIA Os principais tipos de combustíveis

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notícias MT interdita obras em plataformas da Petrobras no RS No último mês de maio o Ministério do Trabalho de Porto Alegre (RS) interditou as obras das plataformas P-58 e P-63 da Petrobras, que estão sendo construídas no Estaleiro Quip, em Rio Grande. A interdição ocorreu após uma fiscalização ter ordenado a parada de elevadores e os trabalhos realizados acima de 12 metros de altura. A P-58 está prevista para ser instalada ao norte do Parque das Baleias e a P-63 no campo de Papa-Terra, ambas na bacia de Campos. Elas são duas de sete plataformas

Interdição das obras do Comperj foi parcialmente suspensa O juiz Eduardo Ribeiro Filho, da 2ª Vara Federal de Itaboraí, determinou a suspensão parcial da decisão judicial que mandou parar as obras de construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A suspensão das obras do Comperj foi uma decisão do juiz federal substituto da 2ª Vara Federal 6 | engeworld | junho 2013

previstas para entrar em operação este ano para recuperar a produção da empresa, que vem registrando quedas. Uma liminar garantiu o retorno das obras

realizadas acima de 12 metros na P-58. A Quip divulgou por meio de sua assessoria que avalia o laudo de interdição da P-63 para tomar as medidas que julgar pertinente.

Petrobras, Total e Petra investem mais em blocos da 11ª rodada A Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou o detalhamento das ofertas feitas por empresas durante a 11ª rodada de licitações - a primeira após cinco anos sem leilões. A Petrobras lidera investimentos previstos no programa exploratório mínimo das áreas ofertadas, com total de R$ 1,33 bilhão, seguida pela Total, com R$ 798,8 milhões e a Petra Energia, com R$ 745,5 milhões. Apesar de ter oferecido os maiores lances tanto para bônus como para programa exploratório mínimo, a Petrobras preferiu

deixar a operação de boa parte dos blocos que arrematou para seus sócios. Na Foz do Amazonas, por exemplo, a Petrobras participou de ofertas vencedoras para seis blocos, mas em nenhuma delas apareceu como operadora. O programa exploratório mínimo integrou as propostas das empresas para blocos de petróleo com o mesmo peso do bônus pago por área. O compromisso de uso de conteúdo local também contou para o resultado de cada vencedor. O total de investimentos propostos pelas empresas foi de R$ 6,9 bilhões . Os bônus a serem pagos na assinatura dos contratos somaram R$ 2,82 bilhões.

de Itaboraí, Eduardo Ribeiro Filho, atendendo a uma ação do Ministério Público Federal (MPF), de 2008, que apontava irregularidades na concessão das licenças ambientais para a construção do complexo, que é vizinho a uma área de proteção ambiental. O MPF alega que a autorização do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) não é suficiente para avaliar os impactos e os danos causados na região.


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Porque todaengeworld vida tem|um propósito... junho 2013 | 7


elétrica

artigo

Relés de proteção industrial Os relés podem estar “escondidos” em diversos equipamentos. Um exemplo bastante comum nas indústrias é o disjuntor. Em sua composição, considerando um disjuntor termo-magnético, há a ação de dois relés de proteção, sendo o relé de sobrecarga para a proteção térmica e o relé de curto-circuito para proteção eletromagnética.

Definição Cesar Arnaldo A. Fornacialli Engenheiro elétrico pela FEI, especialista em partidas eletrônicas de motores elétricos e gerente de s na Siemens Ltda.

O

universo dos dispositivos de proteção utilizados na indústria é bastante amplo, sendo composto por relés de sobrecarga térmicos ou eletrônicos, relé de supervisão de grandezas (tensão, corrente, fator de potência, frequência, velocidade etc.), relé de supervisão de nível, relés de temperatura, relés para termistores para proteção de motores, entre outros mais específicos. Nesse universo, muitos destes dispositivos já possuem integrados diversos protocolos de comunicação como Profibus, Profinet, Ethernet, Modbus, IO-link, Device-Net etc., satisfazendo a grande tendência de automação nos mais diversos processos industriais. Muitos destes dispositivos também podem ser utilizados em aplicações comerciais e até residenciais. 8 | engeworld | junho 2013

A norma ABNT NBR IEC 60947-1, que abrange os dispositivos de manobra e comando em baixa tensão (Parte 1: regras gerais), define, em seu item 2.3.14: Relé (elétrico): dispositivo elétrico destinado a produzir modificações súbitas e predeterminadas em um ou mais circuitos elétricos de saída, quando certas condições são satisfeitas no circuito de entrada que controlam o dispositivo. Assim, seja de qual tipo for o relé, este não interrompe o circuito principal, mas faz atuar o dispositivo de manobra desse circuito principal. São dispositivos eletrônicos que protegem os sistemas elétricos em geral (monofásicos ou trifásicos, por exemplo) Relés de Proteção

contra anomalias diversas que podem ocorrer nos sistemas elétricos, como falta de fase ou sobrecorrente. Sempre que uma anomalia acontecer, o relé irá comutar suas saídas de forma a interromper a operação da carga em questão, como motores ou resistências.

Características Os relés de proteção em geral se caracterizam por pequenas dimensões, fácil ligação elétrica e mecânica, parametrização e operações simples. Porém, com o avanço da tecnologia, os relés de proteção têm ganhado diversas funcionalidades, chegando até mesmo a ter sua parametrização via software. Possuem em sua grande maioria circuitos eletrônicos de alta precisão e grande imunidade contra ruídos. Podem ser montados em trilho DIN (35 mm) ou serem fixados por parafusos. Possuem ainda como sinalização visual frontal, LEDs que indicam o status do aparelho e contatos de saída de grande confiabilidade. Geralmente possuem um ou dois comutadores (saídas), podem operar nas mais diversas tensões de rede, selecionar o tempo


SOLUÇÕES EM TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA

Energia

Mineração

Siderurgia

Movimentação de Materiais

Petróleo & Gás

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Relés com 1 e 2 comutadores, respectivamente

rente diferencial); Relés de sobrecarga; Relés inteligentes para proteção de motores; Monitor de movimentos, entre outros modelos.

de atraso na desenergização ou energização, ou mesmo ter uma atuação instantânea. Suas respostas de atuação às anomalias do sistema geralmente são observadas por meio de gráficos, conhecidos com diagramas temporais, nos quais podem ser verificados os principais pontos de atuação. Durante uma operação normal em que as fases se encontram alinhadas e energizadas (L1 - L2 - L3), o relé se arma, comutando os contatos C-NA (COMUM e NA). Na ocorrência de uma inversão de fases (exemplo L2 – L1 – L3) seus contatos de saída atuam, desarmando o relé. No restabelecimento da sequência de fases correta, o relé se arma novamente. Apesar de se acreditar que em um primeiro momento os relés de supervisão de proteção devam ter um desarme instantâneo, isto é, deve ter sua saída atuando no momento de identificação da anomalia, em diversas aplicações, é necessário um retardo na desenergização do mesmo, permitindo que o sistema não se desligue, para não ocasionar, por exemplo, o desligamento dos equipamentos que ele está protegendo. O mesmo pode ocorrer na energização, quando é preciso esperar algum tempo antes do relé se armar e começar a realizar a supervisão. Tipos de relés de proteção mais comuns: Em sistema trifásico, para inversão da sequência de fases; Em sistema trifásico, para falta de fase (com ou sem neutro) e assimetria entre fases; Em sistema trifásico, para falta de 10 | engeworld | junho 2013

fase, assimetria e inversão da sequência de fases; Em sistema trifásico, para falta de fase, assimetria (modular) entre fases, mínima e máxima tensão; Em sistema trifásico, para falta de fase, assimetria (modular) entre fases, inversão da sequência de fases, mínima e máxima tensão; Em um sistema monofásico (CA), para mínima e máxima tensão (fase-neutro ou fase-fase); Em um sistema monofásico (CC), mínima ou máxima tensão contínua; Em um sistema monofásico (CA), para sobrecorrente e subcorrente, com ajuste de mínima e máxima e rearme manual ou automático e inibição de partida ajustável; Controladores de nível; Controlador de nível e falta de fase; Relés para termistores para proteção de motores elétricos; Monitoramento de isolação; Fator de potência; Relé de fuga a terra (sobre cor-

Relés de sobrecarga, por razões construtivas, podem ser térmicos (quando atuam em função do efeito Joule da corrente sobre sensores bimetálicos) ou eletrônicos (fazem a leitura de corrente por meio de transformadores de corrente), que atuam em função de sobrecarga e podem adicionalmente ter outras funções, como supervisão dos termistores (que são componentes semicondutores) ou da corrente de fuga.

Relés inteligentes Entre os diversos tipos de modelos, destaca-se um bastante interessante conhecido como relé inteligente para proteção de motor (entre outras cargas). Por sua enorme funcionalidade, é conhecido também como sistema de gerenciamento de motores. São equipamentos bastante flexíveis e modulares, destinado a aplicações em baixa tensão e motores com velocidade constante. Podem ser facilmente conectados a sistemas de automação de alto nível, por meio de protocolos industriais como Profibus, Device-Net, Modbus, Profinet e TCP/IP Ethernet, entre outros. Eles implementam todas as funções de controle e proteção de motores, dis-

Gráfico de atuação de um relé de supervisão de inversão de sequência de fases


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Relés inteligentes, modular, para proteção de motores

ponibilizam dados de operação, diagnósticos e dados estatísticos, otimizando a conexão entre o sistema de automação e a combinação de partida. Além disso, podem atender a inúmeros requisitos, permitindo a sua integração aos sistemas de gerenciamento de energia da planta. O sistema ainda inclui ferramentas de software para a configuração de planta, parametrização dos equipamentos, diagnósticos e documentação. Hoje, também estão disponíveis novas funcionalidades de segurança integradas (SIL 3/PL e). O uso de componentes voltados à segurança vem ganhando muita importância na automação de processos, pois nas instalações podem ocorrer falhas a qualquer momento, que põem em risco as próprias instalações, pessoas e o meio ambiente e que, por isso, precisam ser protegidas por meio do seu desligamento

seguro. A importância do desligamento seguro vem crescendo em função das novas normas e regulamentações. Como vantagens principais deste tipo de equipamento, pode-se citar: Aumento da capacidade de operação e qualidade do processo; Diminuição dos custos de planejamento, montagem e manutenção; Proteção eletrônica multifuncional de motores; Dados detalhados de operação, serviço e diagnóstico; Comunicação industrial por diversos protocolos; Funções de segurança integradas (SIL 3/PL e); Por ser modular, são facilmente integrados em CCMs inteligentes.

Exemplo de um sistema de gerenciamento de motores através de relé e seus módulos opcionais

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Relés de monitoramento de corrente para acoplamento direto em partidas de motores Este novo tipo de relé de monitoramento de corrente chega ao mercado com um conceito bastante interessante, aproveitando o conceito da chave de partida, no qual ele pode ser instalado em conjunto com o contator. Dessa forma, há uma economia de espaço em painel, além da facilidade de montagem e operação. Sua única limitação seria sua faixa de corrente de operação, pois neste novo conceito ele está “dentro” da chave de partida.

Relés de monitoramente de corrente para acoplamento em contatores

Algumas de suas características interessantes incluem: Ajuste analógico ou digital; Controle de sobrecorrente e subcorrente; Sequência de fases, queda de fase, e circuito aberto; Monitoramento da corrente ativa e aparente; Reset automático e manual; Ampla faixa de tensão de operação: 160 a 690 VCA; Diversos tipos de conexão disponíveis; Cargas monofásicas e trifásicas; Ajustes do tempo de atraso. A seguir estão listadas algumas aplicações possíveis para atender a algumas funções.


Função

Anomalias nos sistemas

Sequência de fase

Direção de rotação do motor

Falta de fase

Queima de fusível / Falha na rede de alimentação / Sobreaquecimento de um motor monofásico

Assimetria entre fases

Sobreaquecimento do motor causado por tensões assimétricas ou falta de fase / Redes de alimentação com cargas assimétricas

Subtensão

Sobreaquecimento do motor causado por aumento de corrente / Um dispositivo é desligado de forma inesperada /Queda de tensão, especialmente se alimentado por bateria

Sobretensão

Proteção de instalações contra sobretensão na rede de alimentação

Sub e sobrecorrente

Falta de fase / Quebra de condutores e Sub/sobrepressões em sistema de bombeamento

Fator de potência

Carga em vazio, Sub/sobrecarga / Controle de equipamentos de compensação de energia / Quebra de condutores

Sobrecarga

Sobrecarga mecânica na ponta do eixo do motor / Tempo de partida muito alto / Rotor bloqueado / Falta de fase / Desvios excessivos de tensão e frequência da rede

Fuga a terra (monitoramento de isolação)

Monitoração da resistência de isolação para instalações não aterradas / Supervisão em motores, transformadores, cabines primárias, sistemas de distribuição em geral e máquinas

Monitoramento de movimentos

Variações de velocidade em máquinas e equipamentos com movimentos de rotação ou translação

Temperatura

Supervisão de máquinas e equipamentos contra elevações de temperatura, como motores elétricos e transformadores / Partidas pesadas de motores que possam gerar grande aquecimento do mesmo ou até mesmo em altas frequências de manobras.

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Instrumentação

artigo

Seleção do medidor (sensor) de nível Marco Antonio Ribeiro Engenheiro eletrônico pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), sócio-diretor da Tek T&C Treinamento e Consultoria, e parceiro e instrutor da Universidade Petrobras, em Salvador-Taquipe.

A

medição de nível é importante para o balanço e inventário de produto, tempo de residência e transferência de custódia e, também, para os sistemas de alarme e intertravamento. As exigências de precisão variam mais para nível do que para qualquer outra variável de processo. Algumas aplicações requerem uma precisão estabelecida por norma (como a OIML R 85) de, no máximo, ± 3 mm, e há aplicações nas quais interessa apenas detectar os limites do nível, evitando que o tanque extravase ou fique totalmente vazio.

Tanques de armazenagem O termo tanque é comumente usado. Porém, engenheiros de processo usualmente reservam a denominação tanque para aplicações de surge ou armazenagem. Para equipamento com uma operação de nível, o termo mais geral é vaso, que inclui colunas, cristalizadores, evaporadores, neutralizadores e reatores. Há também quem chame de tanque o recipiente não pressurizado e de vaso o recipiente pressurizado. Neste artigo, os termos vaso e tanque serão intercambiáveis e terão o mesmo significado prático. 14 | engeworld | junho 2013

Tanques de armazenagem de matéria-prima e produto requerem medições de nível precisas, com ótima resolução, sensitividade e repetitividade quando usados para cálculo de inventário, transferência de custódia, cargas de bateladas, alimentação contínua e balanço de materiais.

Arqueação de tanque Para que um tanque possa ser considerado um container para medição de transferência de custódia, ele precisa ser arqueado. Arquear um tanque é construir uma tabela ou uma curva relacionando o nível ao volume do tanque. Arquear e calibrar um vaso possui o mesmo significado prático. Quando o tanque possui um formato regular, por exemplo, o de um cilindro vertical, faz-se sua arqueação geométrica, medindo-se o seu diâmetro externo (strapping), as espessuras das suas paredes e a sua altura, e um aplicativo gera várias folhas, correspondendo cada centímetro de nível ao volume em litro. Por exemplo, em um tanque (médio) com altura de 15 metros e com capacidade de 24 milhões de litros, cada milímetro corresponde a 1.640 litros.

Todo tanque para transferência de custódia deve ser arqueado a cada dez anos e inspecionado a cada três, quando são verificadas sua inclinação, corrosão e deformação A responsabilidade pela arqueação é do órgão estadual Inmetro, que é fiduciário e alega uma incerteza de arqueação de ±0,2%. Todo tanque para transferência de custódia deve ser arqueado a cada dez anos e inspecionado a cada três, quando são verificadas sua inclinação, corrosão e deformação. Depois de arqueado, o tanque deve ser calculado, considerando as propriedades do fluido (principalmente densidade), temperatura, pressão.


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O sistema de medição de vazão operado corretamente oferece altíssima precisão e exatidão. Vazão ou nível para transferência de custódia As normas e regulamentos aceitam a vazão e o nível como variáveis para a transferência de custódia e por isso é pertinente perguntar: quando usar vazão ou nível para a transferência de custódia? A decisão da escolha entre um sistema de medição de vazão em linha e um sistema de medição de nível de tanque se baseia em vários parâmetros, tais como instalação existente, custos de propriedade do sistema e desempenho metrológico. Toda medição de vazão ou nível possui vantagens e desvantagens. O sistema de medição de vazão operado corretamente oferece altíssima precisão e exatidão. O

sistema de medição de nível operado corretamente possui uma incerteza maior, porém, mesmo assim, possui precisão aceitável e atende as exigências de normas (ABNT, OIML, ISO, API). A escolha entre a medição de nível ou vazão para transferência de custódia é tipicamente ideológica. Sempre se pensa que a medição de vazão é mais precisa que a de nível e, por isso, deve ser escolhida. Essa crença é questionável. Às vezes, ela se justifica pela habilidade da verificação rotineira da rastreabilidade do Inmetro, por meio de provadores e calibrações com água em laboratórios externos. A medição de vazão é mais flexível, devido à facilidade de compensação da temperatura referida a 15ºC (ISO 5024) ou 20ºC (RT 01 - ANP/ Inmetro). As complicações na medição de nível, principalmente para pequenos volumes transferidos, podem incluir problemas com a integridade das válvulas de bloqueio, flexibilidade do fundo do tanque, necessidade de medição de temperatura para transformar volume em massa e para outras compensações, e dificuldades na medição da temperatura por causa de gradientes horizontais e verticais. A medição de vazão também tem suas

dificuldades. Os medidores precisam ser dimensionados, instalados e operados corretamente; o sistema de medição precisa ser monitorado continuamente; quando pouco assistidos, aparecem erros devido às variações das condições de vazão, desgaste do medidor e defeito do medidor; e o sistema de medição de vazão requer calibrações com períodos curtos, o que é difícil e caro, pois há necessidade de padrão de vazão (exceto placa e deslocamento positivo). Os tanques são mais robustos e estáveis que os medidores de vazão. A medição de vazão é pouco robusta e muito susceptível à instalação (trechos retos, perturbações, vibrações). Quando considerados os custos de capital e as despesas de operação (incluída a despesa de calibração), o sistema de medição de nível de tanque apresenta as seguintes vantagens: os tanques podem ser recalibrados externamente, mesmo em operação; a validade da arqueação é de 10 anos, quando não houver modificações estruturais no tanque, e ele deve ser inspecionado a cada três anos, para verificação de inclinação, corrosão e deformação; as tabelas de arqueação

Medição de nível ou vazão para transferência de custodia?

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O sistema de medição precisa ser calibrado a cada 60 dias, para a medição fiscal. podem ser verificadas; a vazão precisa ter provador para a calibração in situ e com o fluido do processo. O sistema de medição precisa ser calibrado a cada 60 dias, para a medição fiscal. O provador fixo precisa ser recalibrado a cada cinco anos e o móvel, a cada três anos. Ao decidir-se entre vazão e nível, é im-

portante considerar o produto transportado, levando em conta a quantidade a ser transferida, o modo como ele é transferido (em batelada ou continuamente), o método de transferência (tubulação, navio, carretas, tambores) e se há variações de temperatura na linha. A medição de vazão, exceto quando se utiliza medidor com deslocamento positivo, requer grandes trechos retos de tubulação, o que significa grandes espaços envolvidos. A medição de nível de tanque não precisa de espaço adicional, pois tipicamente os medidores são montados no teto ou na parte lateral do tanque. A medição de vazão requer, além do medidor, acessórios para diminuir erros, proteger os instrumentos, facilitar a leitura, tornar a vazão monofásica e calibrar o medidor. Assim, são usados tubos de

medição (meter run), filtros e painéis locais de leitura, além do painel da sala de controle, retificador de vazão e provador. A medição de nível pode requerer o uso do tubo acalmador quando o nível tiver muita ondulação e é também conveniente ter indicação local, além da indicação da sala de controle. Quando são transferidas pequenas quantidades, através de tubulação, de modo contínuo e com variação de temperatura maior que ± 0,1%, a melhor opção é a medição de vazão em linha. Quando são transferidas grandes quantidades, em bateladas, para navios ou carretas e com pequena variação de temperatura, a melhor opção é a medição de nível do tanque. Quando já existe um grande parque de tanques para armazenagem, o adequado é arquear todos eles e fazer a transferên-

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A medição de vazão é usada em transferência de custódia quando não se tem esse parque de tanques de armazenagem e são transferidas pequenas quantidades de produto. cia de custódia pela medição de nível. Em um parque de tanques de armazenagem praticamente não há medição de vazão, apenas medição de nível. A medição de vazão é usada em transferência de custódia quando não se tem esse parque de tanques de armazenagem e são transferidas pequenas quantidades de produto.

Dificuldades apresentadas na medição de nível Embora pareça fácil medir um comprimento, quando se entra em detalhes e é preciso fazer medições em tanques com vinte metros de altura, em condições não muito confortáveis (sob chuva ou de madrugada), conclui-se que são necessárias várias habilidades e muita experiência para a medição precisa do nível. O tanque cujo nível do líquido se quer medir pode ser pressurizado ou atmosférico. O nível do tanque pressurizado é mais difícil de medir e calibrar que o nível do tanque aberto para a atmosfera, pois há restrições de abertura do tanque para a calibração e são requeridas pernas molhadas de selagem da tomada de pressão diferencial. 18 | engeworld | junho 2013

Qualquer que seja o sistema de medição de nível escolhido, há problemas gerais que podem afetar todos ou algum sensor. A principal dificuldade na medição de nível certamente está relacionada à temperatura, quando se quer a massa ou volume do conteúdo. A temperatura afeta as dimensões do tanque e o volume do fluido contido nele. Por isso, é exigida por norma a medição da temperatura do tanque no nível alto (85 ± 15%), médio (50 ± 15%) e baixo (20 ± 15%) para as devidas compensações e correções. A temperatura também pode afetar a densidade e a composição do fluido. Outras dificuldades incluem a não planicidade da superfície livre, por causa de marolas e ondas, e por causa de sólidos em suspensão no líquido; a deposição de partículas em boias e deslocadores, alterando seu peso; o entupimento de tomadas de pressão diferencial; incompatibilidade do material do sensor (de contato) com o líquido a ser medido; influência de vibração em sensores com peças móveis ou que inclui a frequência na detecção; alteração da geometria e corrosão de sensores de contato, como boias e deslocadores.

Medição de nível Nível é a altura de uma coluna líquida ou de sólidos em pó ou em grãos dentro de um recipiente fechado, pressurizado ou sob pressão atmosférica. É possível se medir diretamente o nível contido (innage) ou então o espaço vazio (ullage) e, indiretamente, inferir o valor do nível por subtração. O objetivo de qualquer sistema automático de medição de nível é fazê-lo de modo preciso, exato, confiável, econômico e seguro. O sensor de nível correto para determinada aplicação é aquele com mais fácil manutenção e calibração e maior confiabilidade, que satisfaça as exigências metrológicas de precisão e que realmente meça o que se quer (nível, massa, volume, interface).

Escolha do sensor Os principais parâmetros da escolha do sistema de medição de nível são: Unidade de interesse (altura, volume, peso, massa, interface); Tipo do produto (líquido ou sólido, limpo ou com sujeiras e contaminantes); Medição discreta ou contínua (será usada apenas uma chave para detectar nível alto ou baixo ou se quer uma indicação contínua do nível? A escolha da chave, que atua somente em um ponto, é mais fácil que a de um sistema de medição contínua de nível); Vaso pressurizado ou sob pressão atmosférica (é mais fácil fazer a medição de nível e a calibração de um tanque sob pressão atmosférica. A calibração de um sensor de nível em tanque atmosférico é feita manualmente com uma trena. Quando o tanque é pressurizado, ele não pode ser aberto para se jogar a trena. A calibração do medidor automático é feita por meio da posição conhecida de pinos pré-instalados no tanque. Periodicamente, a posição desses pinos deve ser calibrada); Custo de propriedade, que inclui custo de compra, instalação, manutenção e calibração futura. Geralmente a melhor escolha técnica é a opção mais cara; a calibração certamente é um dos maiores custos de propriedade, mas deve-se considerar se a calibração do sistema pode ser feita no local, sem a retirada do sensor (desejável). É exigido que um sistema automático de nível seja calibrado inicialmente a cada seis meses; Precisão, que está relacionada à finalidade da medição; Instalação, que considera se o sensor


está ou não em contato com o líquido a ser medido (uma instalação com sensor externo é mais conveniente, segura e amigável que uma instalação com sensor dentro do tanque, em contato com o líquido); Manutenção, que depende da instalação e é mais conveniente quando o sistema é externo ao tanque. Sistemas com peças móveis requerem manutenção e calibração mais frequentes que sistemas que não possuem peças móveis.

O objetivo de qualquer sistema automático de medição de nível é fazê-lo de modo preciso, exato, confiável, econômico e seguro.

Nessa seleção, é preciso saber o que é e o que não é importante. Se a instalação já existe, deve-se conhecer sua geometria, distâncias entre nível zero (innage) e zero superior (ullage), posições do sensor e do transmissor. Muitos projetistas começam com o fator

custo. A melhor escolha para uma determinada aplicação geralmente não é a mais econômica. Por exemplo, o custo de aquisição e instalação de um radar varia de US$ 2.000 (medição operacional) a US$ 20.000 (para transferência de custódia).

um bom projeto começa com um bom planejamento

Medição de nível

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Quando se tem um processo difícil, com turbulências, espumas, fluido mal comportado e/ou vibração, qualquer medidor selecionado terá problema. É comum se usar um medidor para uma aplicação difícil e depois criticar o medidor ou o seu fabricante pelo seu mau funcionamento. Para uma medição de nível confiável é preciso conhecer os parâmetros físicos do tanque, as propriedades físicas e químicas do líquido cujo nível se quer medir, as características eletrônicas dos sinais digitais de comunicação e, finalmente, escolher o sistema mais adequado às necessidades propostas. Liptak lista 23 opções de sensores de nível: 1- Borbulhamento 2- Capacitância e RF admitância 3- Condutividade 4- Diafragma 5- Pressão diferencial 6- Deslocador móvel e imóvel 7- Boia 8- Laser 9- Visor de nível 10- Chave de nível a micro-ondas 11- Detector óptico (reflexão de luz) 12- Radar 13- Radiação 14- Fitas de resistência elétrica 15- Chave de pá rotativa 16- Vareta 17- Fita de nível 18- Sensor termal 19- Refletometria no domínio do tempo 20- Sensor de diferença de fase 21- Ultrassônico 22- Chave vibratória 23- Célula de carga Os medidores favoritos de medição automática de nível são: visor, boia, pressão diferencial, borbulhamento (pressão diferencial), deslocador, (força de empuxo), capacitivo, 20 | engeworld | junho 2013

radiação, radar, ultrassônico e laser.

Trena A trena é o medidor manual padrão, ela deve possuir escala graduada em 1 mm e ser calibrada ou trocada a cada ano, quando em medição de transferência de custódia. A trena é usada para calibrar outros medidores de nível, inclusive o radar. Nesse caso, ela deve ser calibrada ou trocada depois de um determinado número de corridas de uso.

É comum se usar um medidor para uma aplicação difícil e depois criticar o medidor ou o seu fabricante pelo seu mau funcionamento.

Visor O visor pode ser um tubo transparente de vidro pelo qual se pode ver diretamente o nível. É simples, direto, mas usado apenas para medição operacional.

Boia e escala O método mais simples para medir nível é usar uma boia para determinar o nível do líquido. Este método só é aceito em

Medição de nível por boia e régua externa


Deve-se tomar o cuidado de ter a temperatura também constante, pois a densidade do líquido depende da sua temperatura. medições operacionais, principalmente em grandes tanques. Porém, a ANP aceita a medição por boia e régua externa (com graduação mínima de 20 mm) para tanques pequenos (menores que 100 m3), desde que o usuário providencie meios de evitar o erro de paralaxe na escala externa.

O sistema de medição de nível com boia, polias e escala também é direto e simples. A boia ou flutuador (float) fica em contato direto com o líquido e é presa por um cabo a um contrapeso, passando por uma polia, acionando o ponteiro de uma grande escala externa. A escala é invertida, com o zero em cima e 100% embaixo, posição oposta à da boia.

Pressão diferencial Um método clássico da medição de nível de líquido na indústria química e petroquímica é por meio da medição da pressão exercida pela coluna líquida. A pressão hidrostática resultante é proporcional ao valor dessa altura, da densidade do fluido e da aceleração da gravidade local. A pressão hidrostática no início da coluna líquida independe do formato do tanque.

Para esta medição, é necessário que a densidade seja constante. Deve-se tomar o cuidado de ter a temperatura também constante, pois a densidade do líquido depende da sua temperatura. Por isso, a medição de nível por pressão diferencial é feita apenas por motivos operacionais e não é usada para medições mais precisas, como transferência de custódia. A medição de nível de tanque pressurizado, quando são necessárias duas tomadas físicas da pressão, apresenta alguns problemas relacionados a faixas com elevação ou supressão de zero, dependendo da densidade do líquido, cujo nível é medido, e da densidade do fluido de enchimento da perna molhada. Deve-se analisar matematicamente as pressões de alta e de baixa, com o tanque em nível zero e em 100%, para determinar a faixa de medição cor-

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Transmite-se esta pressão e tem-se o nível medido. Obviamente a instalação prática é muito mais complicada, com rotâmetro de purga, inclinações nas linhas de transmissão, purgador de condensado, chave seletora para aplicação de contrapressão para desentupimento do tubo. É um método simples utilizado em medição de nível de tanque aberto.

Deslocador imóvel Grande variedade de conexões para medição da pressão diferencial

A escolha do melhor tipo de montagem depende da temperatura do processo e do tipo de fluido de medição envolvido. respondente. Um modo de contornar esse problema é substituir o pote de selagem e a perna molhada por um repetidor pneumático de pressão. O repetidor tem a pressão de saída igual à pressão de entrada, porém é limpa e seca. Atualmente, com os transmissores microprocessados e autoconfiguráveis, não há esse tipo de problema. Há vários tipos de conexões do transmissor para o tanque: tomadas convencionais, com flange plano, com flange com extensão e tomadas com tubo capilar cheio de óleo de selagem. O usuário pode fazer a selagem ou, mais conveniente, embora 22 | engeworld | junho 2013

mais caro, comprar o transmissor com tomadas prontas com capilar cheio e flanges. A escolha do melhor tipo de montagem depende da temperatura do processo e do tipo de fluido de medição envolvido. O transmissor de pressão diferencial para medição de nível é um transmissor de pressão para medir uma pequena faixa sobre alta pressão diferencial. Ele possui um ressalto de proteção, de modo que o diafragma não se danifica quando toda a pressão estática estiver aplicada a um único lado.

Borbulhamento A medição de nível por borbulhamento também se baseia na pressão diferencial. Borbulha-se gás inerte ou ar puro por um tubo de vidro que se apoia no fundo do tanque. Enquanto a pressão da coluna líquida for maior que a pressão aplicada, não há vazão do gás. Quando a pressão fica aproximadamente igual à pressão da coluna líquida começa a haver o borbulhamento do ar ou gás inerte. Neste ponto limite, tem-se a pressão aplicada igual à pressão exercida pela coluna líquida.

A medição de nível por deslocador se baseia na lei de Arquimedes (quando um corpo é submerso em um líquido, ele perde peso igual ao peso do líquido deslocado). O sistema de medição de nível por deslocador se resume à detecção e medição de um peso que varia com o nível. Há quem que estranhe o fato de o sensor fixo ser chamado de deslocador. Realmente, o sensor está livre, imóvel e não se desloca, mas o líquido ao seu redor se desloca e com o deslocamento do líquido, o deslocador perde peso. O deslocador é suspenso em um transmissor de nível, que detecta a força (peso) variável. Quando o nível é mínimo, o deslocador está imediatamente acima do nível e totalmente fora do líquido. Seu peso é máximo e o sinal transmitido deve corresponder ao zero da escala de medição. Quando o nível sobe, o peso aparente do deslocador diminui, mantendo assim uma relação linear e proporcional entre o peso e o nível do líquido. Quando o nível atinge o valor máximo calibrado, o deslocador deve estar totalmente submerso. Nessa posição ele apresenta o mínimo peso aparente e o transmissor deve gerar sinal correspondente a 100% do nível. Os problemas práticos que aparecem e devem ser superados incluem a selagem do sistema detector do transmissor com o tanque de processo, que não


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deve ter atrito e deve suportar as pressões e temperatura do processo e não sofrer corrosão do líquido e, também, o cálculo correto do peso e do tamanho do deslocador. Às vezes, é conveniente adicionar ao sistema uma proteção ao transmissor de modo que o peso do deslocador não lhe seja aplicado por muito tempo; o comprimento do deslocador nunca pode ser menor que o nível a ser medido; a densidade do material do deslocador deve ser sempre maior que a densidade do líquido do tanque (ou o deslocador seria uma boia).

Deslocador móvel

O nome é incorreto, pois, na realidade, o elemento sensor não flutua, mas fica parcialmente submerso no líquido cujo nível está sendo medido. É possível se medir nível com um deslocador móvel em vez de fixo. Há quem chame o deslocador móvel de flutuador ou boia. O nome é incorreto, pois, na realidade, o elemento sensor não flutua, mas fica parcialmente submerso no líquido cujo nível está sendo medido. O medidor de nível utiliza como elemento sensor um pequeno deslocador com densidade maior que a do líquido cujo nível é medido. O deslocador é suspenso por um cabo flexível que se enrola em um tambor de medição com ranhuras. Na condição de equilíbrio, o deslocador 24 | engeworld | junho 2013

fica parcialmente imerso no líquido, permitindo a sua aplicação em líquidos com turbulência na superfície e com variações de densidade do produto. Um circuito integrador com ajuste de tempo permite a medição estável do nível, mesmo com turbulência na superfície do fluido, já que a ação do integrador proporciona um nível estável e preciso. Utiliza-se o princípio de servomecanismo para eliminar os efeitos de atrito mecânico que prejudicam a sensibilidade e a precisão do sistema. O eixo do tambor de medição está acoplado a uma balança capacitiva de equilíbrio, a qual mede continuamente o peso aparente do deslocador, que é o seu peso real modificado pela força de empuxo exercida pelo produto sobre o deslocador parcialmente imerso. As variações de nível provocam alterações no peso aparente do deslocador, que são detectadas pela balança capacitiva de equilíbrio pelo deslocamento das placas centrais, variando sua capacitância em relação às placas laterais ativas por meio de um circuito eletrônico com servomotor reversível. Este servomotor está acoplado ao eixo sem fim que aciona a coroa dentada e, consequentemente, o tambor de medição, de modo a fazer subir ou descer o deslocador até que seja obtida novamente a imersão correta. A tensão mecânica do fio que sustenta o deslocador é igual à diferença entre o peso do deslocador e o empuxo correspondente ao volume do líquido deslocado pela parte submersa. Na balança de equilíbrio, as placas centrais são tencionadas por duas molas para contrabalançar a tensão do fio e manter o deslocador em equilíbrio. O peso do deslocador, mesmo quando totalmente imerso, mantém o cabo de medição sempre tencionado. O eixo do servomotor aciona o indicador mecânico de nível integral e o codificador óptico utilizado para transmissão remota de nível e temperatura. A medição com deslocador móvel apre-

senta precisão compatível com medição de transferência de custódia, porém, a maior dificuldade está na frequente e cara manutenção do sistema, que possui muitas peças móveis, frágeis e de mecânica fina. Atualmente, por causa da manutenção mais frequente, devido ao problema de ruptura do fio que sustenta o deslocador, esses sistemas estão sendo substituídos pela medição por radar, sem contato com o fluido.

Medidor capacitivo Um sensor metálico é localizado verticalmente no tanque e é eletricamente isolado. O sensor e as paredes do tanque formam um capacitor cuja capacitância depende da quantidade de material dentro do tanque (nível) e o meio entre o sensor e a parede. Quando há somente vapor, a capacitância é muito baixa. Ela irá aumentar continuamente quando o material cobrir o sensor. O método é adequado para líquidos e sólidos, não possui peças móveis e pode medir nível de fluidos corrosivos. As desvantagens são aplicação limitada pela variação das propriedades elétricas e o fato de poder ser susceptível às incrustações do sensor. A seleção do sensor é crítica principalmente quando o material cujo nível medido for condutor elétrico. A capacitância depende diretamente do dielétrico e da área das placas e é inversamente proporcional à distância entre as placas do capacitor. Assim, é possível medir o nível de um tanque a partir da medição da capacitância do tanque. Este método pode ser usado para líquido condutor e não condutor, que constitui o dielétrico do capacitor.

Medidor radar, ultrassônico, laser e radiativo Sinais com diferentes frequências podem ser usados para medição de nível. Essas frequências incluem radar (10 GHz), ultrassom (40 kHz), laser (10


THz) e raios gama (10 ZHz). Estes sinais diferem entre si não só pela frequência, mas também pelo comprimento de onda, modo de propagação, capacidade de penetrar materiais e a propriedade de ser defletida ou não.

Medidor radiativo Na medição radiativa de nível, tem-se uma fonte radiativa na lateral externa do tanque e um detector (ou vários) na outra extremidade. A quantidade de radiação que o detector radiativo alcança depende da quantidade do material que está no caminho (nível do produto). É uma medição cara, requer licença governamental e exige procedimentos rigorosos de rastreamento do pessoal envolvido na operação próxima do sistema. É um método usado

como última alternativa. A diferença básica entre as radiações alfa, beta e gama, entre outras características, é sua capacidade de penetrar em outros materiais. A radiação nuclear pode ultrapassar paredes metálicas. Quando o sinal é muito fraco e menos penetrante, é possível usá-lo através de eco ou reflexão. O sistema de medição de nível por radiação nuclear é constituído de fonte de material radioativo (Cs 137 ou Co 60) que se desintegra continuamente, segundo uma equação exponencial simples e conhecida; detector da radiação, colocado dentro do campo radioativo da fonte; e o material cujo nível se quer medir, colocado entre a fonte e o detector. O medidor radiativo tipicamente é

A diferença básica entre as radiações alfa, beta e gama, entre outras características, é sua capacidade de penetrar em outros materiais. uma fonte de raios gama, os quais têm grande poder de penetração e não são defletidos. São usados os isótopos radiativos Cobalto 60 (Co 60) e Césio 137 (Cs 137). Esses isótopos são de

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baixa potência, sua radiação penetra no líquido ou sólido cujo nível se quer medir e é absorvida proporcionalmente ao tamanho do nível e à sua densidade. A fonte de radiação é construída em um invólucro cerâmico, colocado em uma cápsula com parede dupla de aço inoxidável. A cápsula é contida em uma estrutura construída de modo a permitir a saída do raio de radiação através de uma janela muito estreita, enquanto é bloqueada em todas as outras direções por uma blindagem de chumbo. O chumbo é um material especial na radiação, pois ele é o fim de linha de todas as cadeias de desintegração de materiais pesados. Há um obturador para fechar a janela quando a fonte estiver fora de operação ou em transporte. A grande vantagem do sistema de medição radiativo é a possibilidade de se medir nível de sólidos. É um sistema extremamente simples, mas não é muito usado porque existem mal entendidos em relação a ele.

Medidor de nível tipo radar Na medição de nível por radar tem-se um sinal de onda pulsada transmitida do topo do tanque que atinge a superfície do produto cujo nível se quer medir e é refletido de volta para um receptor. A distância é inferida pelo tempo de transmissão. Embora a distância seja relativamente pequena, o tempo é a variável que se mede com maior precisão e resolução possível: de 10-9 a 10-10. A precisão típica de medição de nível por radar é de ±1 mm. O sistema de medição de nível com radar usa ondas eletromagnéticas, tipicamente micro-ondas na faixa de 9 a 10 GHz. Geralmente a medição é contínua e se aplica ao nível do líquido. Rigorosamente, o radar mede o não nível (ullage) 26 | engeworld | junho 2013

e infere o nível (innage). As emissões são de baixa potência, tipicamente menores que 0,015 mW/ cm2, pois as aplicações industriais requerem geralmente faixas menores que 30 m, que é uma distância pequena para a técnica de radar. Nesta faixa de energia, não há problemas com saúde, segurança, licença ou considerações de contaminação. Os dispositivos envolvidos são os prosaicos transistores e diodos para gerar e detectar as micro-ondas. O sensor radar é montado no topo do vaso e é dirigido para baixo, perpendicu-

Quando o sinal vai para baixo até a superfície do produto e é refletido de volta para a antena, ele é misturado com o sinal que está sendo transmitido no momento. lar à superfície do líquido. Isso faz o sinal ser refletido da fonte para retornar diretamente para o sensor. O caminho do sinal é afetado pelo tamanho da antena. O tempo de propagação do sinal refletido é medido pelo controle do oscilador (sensor), de modo que ele envia uma frequência linear varrida em uma largura de faixa fixa e tempo varrido. O detector radar é exposto simultaneamente à varredura enviada do radar e ao sinal de retorno refletido, que é uma parte mais velha da varredura do radar. A saída do detector é um sinal de frequência, que é

igual à diferença entre o sinal enviado e o refletido. Essa diferença de frequência ou de tempo é diretamente proporcional ao tempo de propagação e, assim, à distância entre o sensor e o nível do líquido. Os gases que conhecidamente afetam a transmissão das ondas de radar são: óxido de propileno, éter etílico, éter propílico, acetaldeído, acetona, metanol, amônia e gás liquefeito de petróleo. Há fabricantes que utilizam a técnica da frequência modulada (FMCW – frequency modulated continuous wave ou onda contínua com frequência modulada). O medidor de tanque por radar transmite micro-ondas na direção da superfície do líquido. O medidor transmite um sinal com uma frequência variando continuamente. Quando o sinal vai para baixo até a superfície do produto e é refletido de volta para a antena, ele é misturado com o sinal que está sendo transmitido no momento. O sinal transmitido altera levemente a frequência durante o tempo em que ele vai e volta, misturando os sinais transmitido e o refletido, resultando em um sinal com baixa frequência. A diferença entre a frequência transmitida e recebida é proporcional à distância até a superfície. Alguns fabricantes utilizam a técnica de onda guiada, que se baseia na refletometria no domínio do tempo, na qual os pulsos eletromagnéticos de alta frequência se propagam através de um guia de onda, que é muito mais eficiente do que a propagação através do ar. Esta técnica pode ser combinada com a amostragem de tempo equivalente para melhorar a precisão da medição. A velocidade da onda eletromagnética é difícil de medir em distâncias pequenas e, por isso, sua precisão é ruim. A amostragem de tempo equivalente captura o sinal eletromagnético em tempo real (10-9 s) e o re-


Engenharia de Processos Químicos Aplicada a Projetos de Indústrias

Para medir o tempo de propagação do eco de um pulso ultrassônico é essencial que alguma energia sônica seja refletida. constrói em tempo equivalente (10-3 s), que é muito mais preciso e fácil de medir. As principais dificuldades na medição de nível com radar são a escolha da antena mais apropriada, sendo que a parabólica é a escolha default e as alternativas são antena cônica, antena para gás liquefeito de petróleo e antena para tubo acalmador; o conhecimento das dimensões corretas do tanque (ponto de zero superior do tanque, ponto de colocação do radar) e o tipo do líquido cujo nível é medido (limpo, com espuma, se afeta as ondas de radar, se possui marolas). As principais vantagens da técnica de medição de nível com radar incluem a possibilidade de se medir nível de líquidos complexos (tóxicos, perigosos, sanitários); ela não requer licença legal (como o radiativo); é uma medição de sensor sem contato com o fluido; apresenta alta precisão em faixa de 1,5 a 60 m; a antena pode ser colocada externamente, totalmente isolada do processo; nenhuma recalibração é requerida quando se alteram as condições de processo, pois a mudança do líquido não afeta a velocidade, frequência e o processamento do sinal. A operação do sistema pode tolerar re-

vestimento do sensor, turbulência da superfície e espuma no líquido (melhor que laser e ultrassom), mas esta é uma técnica de medição de nível relativamente cara; ela só é aplicada em processo com líquido limpo (alguns líquidos, como amônia e gás liquefeito de petróleo, requerem antenas especiais e mais caras), e apresenta problemas na aplicação com sólidos, por causa do fraco sinal de reflexão.

Medidor ultrassônico As características do som são determinadas pela temperatura, reflexão, propagação e absorção. A compensação da temperatura na medição de nível é essencial porque a velocidade do som é proporcional à raiz quadrada da temperatura. No caso do ar, ela varia de 0,6 m/s a cada ºC. A velocidade de propagação aumenta com o aumento da temperatura em cerca de 0,2% por ºC. Para medir o tempo de propagação do eco de um pulso ultrassônico é essencial que alguma energia sônica seja refletida. Líquidos e sólidos com partículas grandes e duras são bons refletores. Material fofo ou sujeira solta são refletores ruins, pois tendem a absorver o pulso sônico. Também é importante que a superfície refletora seja plana. Como o ângulo de reflexão é igual ao de incidência, se o pulso sônico é refletido de uma superfície inclinada, seu eco não será dirigido de volta para a fonte e o tempo total de propagação não será diretamente proporcional à distância vertical. Superfícies irregulares resultam em reflexão difusa, em que apenas uma parte do eco total volta verticalmente para a fonte. A propagação do som resulta em sua dispersão e perda de intensidade. A intensidade do som diminui com o quadrado da distância e, por isso, o eco se torna exponencialmente mais fraco quando se aumenta a faixa de calibração do nível. A diminuição da energia sonora é causada pela disper-

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As células de carga sentem o peso do tanque e por meio de uma tabela de calibração,infere-se o seu nível. são (distância percorrida) e pela absorção da substância ao longo do caminho. Um transmissor ultrassônico está sujeito a interferências que afetam a potência do eco. Muitos desses fenômenos estão além do controle do fabricante de instrumento. O instrumento pode fazer a compensação da temperatura, evitar a condensação, focalizar e amplificar o sinal do pulso, mas é incapaz de alterar a reflexão, propagação ou absorção do processo.

Células de carga Há uma correlação entre o peso líquido do tanque e seu nível. As células de carga sentem o peso do tanque e por meio de uma tabela de calibração, infere-se o seu nível. Células de carga foram consideradas o melhor sensor para a medição de inventários para esses tanques por muito tempo. Como células de carga requerem uma grande engenharia e têm alto custo de instalação para tubulações especiais, suportes e sistemas de calibração, atualmente são procuradas alternativas que ofereçam melhor desempenho no chão de fábrica. A precisão de instalação com célula 28 | engeworld | junho 2013

de carga é de ± 0,25%, quando se tem calibração eletrônica. Balanças que pesam caminhões que entram e saem da fábrica e que são usados para encher ou esvaziar tanques de armazenagem em unidades de produção podem ter uma precisão de ± 0,1%. Esta precisão é conseguida desde que não haja vibração, deflexão ou restrição do movimento do tanque. A vibração pode aparecer de equipamentos vizinhos, agitação, ebulição ou reações gasosas. A deflexão pode ser resultado de vento, calor solar, enchimento, expansão termal da tubulação e deslocamento da estrutura. Restrições em movimento podem ocorrer de tubulação e das conexões de suporte que não são suficientemente flexíveis.

Conclusão Embora a medição precisa e confiável do nível seja fácil quando comparada à medição de temperatura e vazão,

ela requer cuidados e o conhecimento dos detalhes da aplicação. Para medições mais precisas, como de transferência de custódia, deve-se conhecer totalmente a geometria do tanque para a instalação correta do medidor de nível. A documentação também deve ser atualizada e estar em conformidade com o as built da instalação. A variedade de sensores e tecnologias torna mais difícil a escolha do sistema mais adequado. O essencial é saber exatamente o que se quer, analisar as tabelas propostas na literatura especializada e fazer a média ponderada dos parâmetros mais relevantes da aplicação real. É preciso saber que mesmo uma medição prosaica de nível, se errada, pode ser catastrófica. Os acidentes ocorridos na usina de Three Mile Island e na refinaria de BP Deer Park foram provocados por medição incorreta de nível.

Referências [1] Lipták, B. G., Process Measurement and Analysis, 3ª. ed., Butterworth Heinemann, 1995. [2] McMillan, G. K .,Essentials of modern measurements and final elements in the process industry, Research Triangle Park, ISA, 2010.1999. [3] Trevathan, V. L ., Guide to the automation body of knowledge, 2nd. Ed., Research Triangle Park, ISA, 2006. [4] ISO 4512., Petroleum and Liquid Petroleum Products -- Equipment for Measurement of Liquid Levels in Storage Tanks – Manual Methods, 2000. [5] ISO 4266-1 Petroleum and Liquid Petroleum Products Measurement of Level and Temperature in Storage Tanks by Automatic Methods -- Part 1: Measurement of Level in Atmospheric Tanks, 1994. [6] OIML R71., Fixed Storage Tanks. General Requirements, 1985. [7] OIML R85. Automatic Level Gauges for Measuring the Level of Liquid in Fixed Storage Tanks, 1998.


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A

o contrário dos tradicionais cabos com pares não colados, que apresentam degradações no seu desempenho quando expostos aos rigores de uma instalação típica, os cabos com pares colados apresentam um comportamento estável ao longo de sua vida útil, conforme demonstram testes de impedância e perda de retorno já realizados em laboratório. Ao verificar em um catálogo a garantia de desempenho de um cabo, espera-se que sua performance permaneça a mesma após sua instalação. Um cabo categoria 5e, apresentando desempenho 5e na bobina, mas com características de categoria 5 após a sua instalação, tem pouco valor. Isso pode ocorrer

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porque durante a instalação os cabos são dobrados, puxados e podem se enroscar ao serem retirados da bobina. Assim, alguns fatores de instalação mudam suas propriedades físicas, afetando seu desempenho elétrico.

Configuração do teste Para mostrar os efeitos de uma instalação típica sobre um cabo com pares não colados foram selecionados vários cabos de categorias 5e e 6 de diversos fabricantes. Os produtos foram submetidos a testes de desempenho elétrico após sua instalação. Os mesmos testes foram conduzidos em cabos com pares colados de categorias 5e e 6. Inicialmente, foram testadas amostras de cabos com 100 metros cada, dire-

tamente retiradas da bobina, sem que tivessem sido expostas a solicitações mecânicas. Esses testes representam o desempenho laboratorial do cabo. Para simular seu puxamento através de bandejas, eletrodutos, mobiliários, forros e paredes, cada cabo foi passado por curvas e torções controladas, o que replicou a aplicação normal do cabo desde um armário até uma tomada de estação de trabalho. Foram enrolados 3 metros de cabo em um loop de serviço, sem muito aperto, a 3,6 metros da extremidade da estação de trabalho. Nesse ponto, a extremidade do cabo foi colocada em uma caixa de saída padrão com um único conector RJ 45 fêmea. Os cabos foram testados novamente a fim de identificar mudanças em


seu desempenho. Toda a manipulação foi realizada sem violar as especificações de instalação da TIA/EIA 568-B. Todos os cabos testados comportam-se de acordo com as especificações da norma, quando inicialmente puxados da bobina. Entretanto, quando os cabos sem pares colados foram submetidos ao teste de solicitação mecânica de instalação, seu desempenho degradou-se sensivelmente. Em muitos casos, os cabos com pares não colados ficaram abaixo das especificações e, de fato, não satisfizeram os requisitos. Por outro lado, os cabos com pares colados mostraram o mesmo nível de desempenho, seja para os itens diretamente puxados da bobina ou instalados. Esse é o tipo de comportamento que se deve esperar dos cabos na prática.

Impedância Muito tem sido feito a respeito da “sintonização” dos sistemas de cabeamento, em que todos os componentes do canal são “ajustados” para 100 ohms. Idealmente, a impedância de um cabo deve se centrar em 100 ohms. A impedância dos cabos com pares não colados, no entanto, se desvia rapidamente de 100 ohms após sua instalação. Em algumas circunstâncias, a impedância desses cabos desviou em até 35 ohms após sua instalação. Essas flutua-

ções estão diretamente relacionadas a uma perda de retorno. Ao contrário dos cabos com pares não colados, a impedância dos cabos com pares colados permaneceu estável em torno de 100 ohms, antes e após sua instalação.

Perda de retorno Em transmissões full-duplex, tal como o protocolo Gigabit Ethernet, a perda de retorno é uma característica elétrica fundamental porque ambas as extremidades de um par transmitem e recebem sinais simultaneamente. Um cabo com valores sofríveis de perda de retorno pode causar impacto sig-

Tecnologia Bonded-Pair Uma patente Belden

Aplicações de ambientes críticos exigem cabos mais robustos para a garantia de alta perfomance na transmissão de sinais. Pensando nisso, a Belden desenvolveu a tecnologia Bonded-Pair, também conhecida como Par Colado. Esta tecnologia consite em conjuntos de cabos em pares colados, que evitam a distorção dos sinais e garantem a manutenção consistente do desempenho de sua instalação. Por isso, escolha a Tecnologia Bonded-Pair para as suas aplicações de missão crítica. Belden. Você pode confiar.

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nificativo sobre uma rede ativa, reduzir sua eficiência e elevar as taxas de erro (bit error rate) excessivamente. Os testes mostraram que, em muitos casos, cabos com pares não colados, que inicialmente satisfaziam os requisitos da norma em relação à perda de retorno na “bobina”, falhavam após a instalação. Os valores de perda de retorno de cabo com pares não colados apresentam queda de mais de 12 dB – o que é 15 vezes pior do que antes da instalação. Diferentemente dos cabos com pares não colados, os cabos com pares colados exibiram uma pequena mudança nas características de perda de retorno.

NEXT E PSNEXT Quando os condutores de um par são separados devido às solicitações mecânicas de instalação, tais como puxamento, enrolamento e curvatura, o par ganha características de antena, irradiando e recebendo sinais ao mesmo tempo. Quando o par de um cabo recebe o sinal emitido por outro par, tem-se a chamada diafonia (Crosstalk). Os desempenhos de NEXT e PSNEXT de um cabo são 32 | engeworld | junho 2013

importantes devido ao seu impacto negativo nos diversos protocolos em cabos multi-pares. No teste realizado, os valores de Crosstalk mudavam em até 6 dB (quase quatro vezes) nos cabos com pares não colados. Em contraste, os cabos com pares colados demonstraram mudanças insignificantes no desempenho de Crosstalk “fora da bobina” e após a instalação. Os cabos UTP ideais devem ser estruturalmente estáveis – especialmente durante a instalação. No topo da lista das características estruturais, que fornecem ao cabo a consistência e estabilidade desejadas, estão a uniformidade do espaçamento entre condutores e o trançamento dos pares. Quando os condutores de um cabo de pares trançados se separam, a impedância se desajusta e os problemas com a perda de retorno e o Crosstalk se acentuam. Para evitar a ocorrência dessa separação e fornecer estabilidade estrutural, foi desenvolvida a tecnologia do par colado. Mesmo quando um cabo com pares colados é dobrado, o espaçamento entre os condutores permanece estável. Esse tipo de cabo apresenta inúmeras vantagens e é imune às solicitações típicas de instalação do dia a dia, tais como enrolamento, puxamento e torção.

Considerações Um usuário especifica as características dos componentes de uma rede com base em necessidades e demandas. Se a infraestrutura da rede dita a necessidade de uma camada física que tenha um desempenho de categoria 6, é preciso garantir que, após a instalação, todos os componentes apresentam tal comporta-

mento. Quando o desempenho de um componente de uma rede está comprometido, a operação geral do sistema pode ser prejudicada. Com base nos estudos realizados, se um usuário especifica um cabo de categoria 6 com pares não colados, ele pode não ter um comportamento de categoria 6 após a instalação. Em outras palavras, o usuário estaria especificando um componente para a infraestrutura que não satisfaz os requisitos da rede. Esses estudos reforçam a necessidade de o cabo manter o seu nível de desempenho para compensar fatores invisíveis que podem impedir o bom funcionamento do sistema de cabeamento (ou seja, patch cords e NICs fora do padrão, práticas de instalação não compatíveis e fatores de ruído, como EMI e RFI). A escolha de um cabo que ofereça o desempenho necessário após a instalação, não apenas “na bobina”, também protege o investimento futuro do usuário final e ajuda a garantir que o produto não se torne rapidamente obsoleto – uma possibilidade real devido à rapidez com que os sistemas de informação evoluem.


Processo

artigo

Panorama do etanol de segunda geração

A

Ademar Haruo Yamada

Suzi Arai

Engenheiro químico da equipe de processo da OEP - Odebrecht Engenharia de Projetos.

Engenheira química com MBA em Gestão Empresarial e Project Management Professional (PMP) da equipe de processo da OEP - Odebrecht Engenharia de Projetos.

produção de etanol verde, embora com as suas reconhecidas vantagens, esbarra em entraves como limitação de áreas de plantio e competição com a produção de alimentos. Diante disso, a produção do etanol de segunda geração a partir de resíduos celulósicos normalmente rejeitados ou subaproveitados surge como uma possível solução.

História Na realidade há um precursor desse conceito surgido em uma época de conflito. Embora pouco lembrado, o fato é que, devido ao bloqueio comercial imposto pelos aliados durante a II Guerra Mundial, os alemães implementaram duas tecnologias de hidrólise ácida de resíduos da madeira: o processo Scholler (ácido sulfúrico diluído) e o processo Bergius (ácido clorídrico concentrado). Foram construídas duas usinas para o processo Bergius e cinco para o processo Scholler, o qual acabou predominando. Essas usinas produziam basicamente etanol e ração animal por meio das leveduras, e com o fim do conflito e do embargo comercial, elas perderam sua viabilidade econômica. Os soviéticos deram continuidade a essa tecnologia e construíram suas próprias unidades fabris do tipo Scholler para

o aproveitamento dos resíduos de madeireiras localizadas em regiões remotas, chegando a contar com mais de 40 usinas. Na década de 1980, o Brasil importou uma usina da extinta União das Repúblicas Soviéticas (URSS) para implantar a Coalbra na cidade de Uberlândia (MG). Não havia, no entanto, como competir economicamente com as usinas de cana-de-açúcar e o projeto acabou sendo abandonado. O ressurgimento desse tipo de tecnologia ocorreu em meio à crescente procura por energia renovável e a preocupações ambientais. Ainda na década de 1980, foram iniciadas pesquisas com enzimas no Brasil, realizadas pela Biobrás S/A, em MG, e pela Pfizer S/A, em SP. O conceito denominado de etanol de segunda geração envolve o uso de novas tecnologias que basicamente substituíram o ácido da hidrólise por enzimas que produzem o mesmo efeito, resultando na eliminação dos problemas de corrosão, além de temperaturas e pressões mais amenas no processamento.

Novos desenvolvimentos tecnológicos Avanços tecnológicos nas etapas do pré-tratamento e da hidrólise permitiram viabilizar comercialmente a produção do etanol de segunda geração. Outro fator crítico para a competitividade da produção de biocombustíveis de segunda geração é a escolha da matéria-prima (biomassa), que pode ser palha, bagaço, madeira, sorgo, entre outros. A biomassa é constituída de lignocelulose, que é uma matriz composta principalmente por celulose, hemicelulose e lignina. A celulose e a hemicelulose podem ser convertidas em açúcares fermentescíveis. A celulose consiste em longas cadeias de moléculas de glicose ligadas por um tipo diferente de ligação química que é resistente à hidrólise, por isso, há a necessidade do pré-tratamento para romper a estrutura e fornecer o contato da enzima com a celulose. O pré-tratamento é um dos passos mais caros e importantes do processo de produção do etanol celulósico e tem como objetivo aumentar a digestibilidade

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enzimática da biomassa. Os métodos de pré-tratamento podem ser mecânicos, físicos, químicos, físico-químicos, biológicos e diferem significativamente uns dos outros. Os principais fatores a serem avaliados na escolha da tecnologia são as condições de reação, eficiência do processo, complexidade, impacto sobre os bioprocessos posteriores. Atualmente, a tecnologia de explosão a vapor (físico-química) é dominante nas unidades comerciais de produção de etanol de segunda geração. A biomassa é tratada com vapor e rapidamente descarregada para um vaso operado sob baixa pressão (geralmente a pressão atmosférica). Além do efeito de desestruturação das fibras, a técnica de explosão a vapor também provoca a ruptura das ligações químicas dos componentes da biomassa. Isto ocorre devido à temperatura elevada do meio, a qual supera a energia de ativação das reações. A hidrólise enzimática é um processo bioquímico de despolimerização. Na hidrólise enzimática da biomassa ocorre quebra da celulose (C6H10O5)n e da hemicelulose em monossacarídeos (xilose, glicose, arabinose, galactose e manose) na presença de enzimas. Neste caso, a enzima é uma molécula biológica que possibilita que a reação quí-

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mica ocorra sob uma velocidade maior do que ela ocorreria sem a sua utilização. Muitas vezes chamadas de catalisadores, as enzimas são produzidas por um organismo vivo, geralmente uma bactéria ou fungo. A relação custo/benefício da etapa de hidrólise enzimática é avaliada considerando a conversão, o tempo da reação e a concentração de enzima. As etapas subsequentes à hidrólise do processo do etanol de segunda geração são praticamente idênticas ao processo do etanol de primeira geração.

Unidades comerciais no Brasil e no mundo Em decorrência dos grandes avanços em pesquisa e desenvolvimento (das enzimas e do pré-tratamento), e dos resultados das unidades piloto/demonstração, a tecnologia do etanol de segunda geração encontra-se pronta para implantação em escalas comerciais. Os resultados das unidades piloto/demonstração das grandes licenciadoras do processo de etanol de segunda geração ampliaram a possibilidade de implantação das biorrefinarias em escala comercial. A primeira unidade de etanol celulósico em escala comercial foi inaugurada este ano

Além do efeito de desestruturação das fibras, a técnica de explosão a vapor também provoca a ruptura das ligações químicas dos componentes da biomassa. na Itália com capacidade para produzir 70 milhões de litros por ano, e usará a palha de trigo como matéria-prima. O Brasil terá a sua primeira unidade em Alagoas, com o início da operação previsto para 2014, e capacidade para produzir 82 milhões de litros/ano utilizando palha da cana e bagaço como matéria-prima – resíduos da planta de etanol de primeira geração. Os Estados Unidos terão sua primeira biorefinaria em 2014 utilizando milho e palha para a produção de 113 milhões de litros anuais. Outro processo extremamente inovador é a conversão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) em etanol celulósico, gás natural e eletricidade. Neste processo, separam-se os resíduos orgânicos dos inorgânicos e os materiais recicláveis. Dos materiais orgânicos são extraídos a polpa e o líquido. O líquido é utilizado para a produção de biogás e a polpa é convertida em etanol por hidrólise enzimática. Os demais resíduos combustíveis descartados são responsáveis pela geração de energia elétrica. A primeira planta em escala comercial será em Iowa, prevista para 2013 e terá capacidade para produzir 6 milhões de galões por ano de etanol celulósico e 4,5 (equivalente Diesel) milhões de galões de gás natural.


Perspectivas para o futuro O Brasil possui características únicas que tornam o etanol de segunda geração um atrativo para grandes investimentos. O país possui mais de 400 unidades de produção de etanol/açúcar de primeira geração com enorme potencial para incrementar a produção de etanol nas unidades existentes utilizando somente o excedente de bagaço e palha (resíduo gerado devido à mecanização da colheita), ou seja, não há necessidade de aumentar a área de plantio de cana-de-açúcar. Hoje já existem pesquisas pelo desenvolvimento da cana com maior teor de celulose tendo em vista a perspectiva cada vez mais promissora do etanol de segunda geração. A necessidade mundial de energia cresce continuamente. Os altos preços do petróleo, recursos limitados e as preocupa-

ções ambientais estão obrigando governos e empresas a buscarem fontes renováveis de energia para atender à demanda com o mínimo impacto ambiental. A bioenergia, seja o etanol celulósico, o biodiesel ou bio-

gás, é parte da solução. Os biocombustíveis são atualmente uma opção realista para realizar com sucesso comprovado as reduções de emissões de CO2 e a diversificação da matriz energética.

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coluna rh Recrutar engenheiros é uma tarefa fácil ou difícil?

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rabalho com recrutamento e seleção de engenheiros há mais de 6 anos e isso me inspirou a escrever a coluna deste mês. Comecei a trabalhar em uma empresa de projetos de engenharia em 2007, numa época em que o ramo de atuação estava em plena ascenção. Inicialmente, passei pela delicada etapa que é conhecer o perfil da empresa, identificar seus principais focos de atividade e o perfil desejado para cada cargo, enfim, de me inteirar de todos os detalhes para fazer um trabalho de qualidade e conquistar a confiança das pessoas. Me recordo ainda hoje de quando trabalhei para preencher minha pri-

Comecei a trabalhar em uma empresa de projetos de engenharia em 2007, numa época em que o ramo de atuação estava em plena ascenção. 36 | engeworld | junho 2013

meira vaga (de engenheiro eletricista). Me sentei com o gestor deste segmento de projetos e ele, de pronto, questionou: “Quando terei o profissional comigo?” Por alguns minutos fiquei ressabiada. Além do desafio de encontrar o profissional esperado, precisava readequar a cultura da empresa para poder instaurar um verdadeiro processo de recrutamento e seleção, abrangendo todas as etapas pertinentes, que se inicia pelo levantamento de perfil e que consiste no amplo entendimento das características e do comportamento do profissional requerido. Outro ponto a ser considerado era a concorrência. Nós abríamos a mesma

vaga aberta por outras quatro ou cinco empresas. Vencidas essas barreiras, por meio da ausculta das necessidades das pessoas e de questionamentos a respeito dos negócios da empresa aos antigos funcionários da casa, pude compreender as principais dificuldades da área e, também, suas oportunidades, para ser ágil e assertiva na busca dos profissionais. O mercado de engenharia de projetos, como muitos outros, é extremamente técnico e específico. As pessoas se conhecem por terem trabalhado juntas nas empresas de maior destaque do setor e são indicadas para atividades específicas nas quais o expertise desejado não é localizado facilmente. Dessa forma, expli-


cito que o método de indicações é muito interessante e deve ser utilizado, mas sem passar por cima da etapa de avaliação comportamental, que é condição indispensável para a uma boa contratação. Algumas empresas identificaram essa metodologia e as utilizam como regra por meio de “programas de indicações”, oferecendo premiações para aqueles funcionários que indicam profissionais que apresentam êxito nos primeiros três meses de contrato. Outra forma é a consulta de órgãos de classe, como por exemplo o Conselho Regional de Engenharia, que oferece um banco de profissionais que pode

Ressalto a validade de aplicar uma ferramenta de assessment ou avaliação psicológica para obter dados mais precisos do candidato e que não são visíveis em uma entrevista. ser acessado sem custo pelos empregadores. As formas mais básicas de recrutamento, que são a utilização da internet ou anúncio em jornais, também devem ser praticadas, pois apresentam uma demanda de profissionais interessantes para a posição. Também não posso me esquecer das escolas/faculdades de engenharia ou, ain-

da, das instituições de cursos específicos, que também contemplam um banco de currículos interssantes de ex-alunos e colocam vagas em seus murais para serem divulgadas aos alunos em curso. Falando rapidamente da seleção, posso dizer que os engenheiros são objetivos e não costumam “falar muito”. Assim, a entrevista tende a ser rápida e cabe ao entrevistador habilidoso obter as informações necessárias sem precisar instigar o profissional a se expor. Devido à dificuldade em entender os conhecimentos técnicos e como forma de agilizar o processo, pode ser interes-

sante realizar a entrevista junto ao gestor, dando a ele a responsabilidade de avaliar se o profissional compreende a experiência requerida. Cabe ao selecionador analisar as competências/comportamentos exigidos pela vaga. Ressalto a validade de aplicar uma ferramenta de assessment ou avaliação psicológica para obter dados mais precisos do candidato e que não são visíveis em uma entrevista. No final, respondo que não é difícil contratar um engenheiro, basta trilhar o caminho certo e fazer um bom levantamento de perfil logo no início do processo seletivo.

Cynthia Chazin Morgensztern é psicóloga e coach graduada pela Universidade Mackenzie, além de pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas e com MBA em Gestão Educacional. Possui dois títulos de educação continuada na Faculdade Getúlio Vargas nas áreas de administração e economia e acumula 15 anos de experiência na área de Recursos Humanos de empresas nacionais e multinacionais. Site: www.primeirovoce.com E-mail: cynthia@primeirovoce.com

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coluna segurança Medidas de proteção coletiva x equipamentos de proteção individual

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á muitas décadas, o Brasil é um dos países campeões no quesito acidentados no trabalho. A indústria lidera esse ranking com 104 acidentados por hora. Números esses que redundam em gigantescos prejuízos em todos os níveis, interferindo na ordem da produtividade do profissional. Uma solução para a redução desse índice está na constante atuação do engenheiro de segurança do trabalho dentro das empresas e indústrias, onde ele tem a responsabilidade de estabelecer estudos técnicos a fim de identificar, reconhecer, avaliar e controlar os riscos existentes nos ambientes de trabalho, e propor soluções e alternativas para eliminá-los e/ou proporcionar melhorias contínuas. Nos casos em que os riscos não podem ser eliminados, a solução inicial deve tratar os riscos com a implantação de medidas de proteção coletiva (MPC), que são técnicas utilizadas para proteção de segurança enquanto um grupo de trabalhadores realiza determinada tarefa ou atividade. As medidas de proteção coletiva devem ser priorizadas, precedendo o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs). O uso de medidas de engenharia para o enclausuramento acústico, por exemplo, deve ser a

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primeira alternativa a ser indicada em uma situação em que há risco de alto nível de intensidade de pressão sonora, para proteger todos os trabalhadores. Somente quando esta condição não for alcançada, deve-se pensar na utilização de abafadores de ruídos, que são de uso apenas individual. Algumas das medidas de proteção coletiva que podem ser citadas são as seguintes: Enclausuramento acústico de fontes de ruído; Exaustores para gases, névoas e vapores contaminantes; Ventilação dos locais de trabalho; Proteção de partes móveis de máquinas; Sensores em máquinas; Barreiras de proteção em máquinas e em situações de risco; Corrimãos e guarda-corpos; Fitas sinalizadoras e antiderrapantes

em degraus de escada; Pisos antiderrapantes; Barreiras de proteção contra luminosidade e radiação (solda); Cabines para pintura; Redes de proteção (nylon); Isolamento de áreas de risco; Sinalizadores de segurança (como placas e cartazes de advertência ou fitas zebradas); Extintores de incêndio; Lava-olhos; Chuveiros de segurança; Primeiros socorros e kits de primeiros socorros. A seção IV, que trata do equipamento de proteção individual, no artigo 166 da CLT diz que “A empresa é obrigada a fornecer, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funciona-

A empresa é obrigada a fornecer, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral, não ofereçam completa proteção contra os riscos e danos à integridade dos trabalhadores.


mento, sempre que as medidas de ordem geral, não ofereçam completa proteção contra os riscos e danos à integridade dos trabalhadores”. A CLT foi regulamentada pela Portaria 3214 de 8/6/78, e quanto ao EPI, criou-se norma regulamentadora NR-06 da referida portaria. Os equipamentos de proteção individual são divididos em: Proteção do crânio; Proteção dos olhos e face; Proteção respiratória; Proteção do tronco; Proteção dos membros; As implicações legais pelo não fornecimento das devidas proteções podem dar-se em duas esferas:

Responsabilidade civil: pagamento de indenizações. Responsabilidade criminal: Julgamento do profissional e da empresa pelo não cumprimento da legislação. Para garantir o cumprimento da legislação vigente, as empresas e indústrias deverão se basear no chamado quadrinômio básico: Cumprimento dos prazos estabelecidos pelo cliente; Conhecimento dos custos em função dos prazos; Controle da qualidade; Segurança associada à produtividade, incluindo os trabalhadores nos projetos de engenharia.

Com 10 anos de experiência como engenheira de segurança do trabalho, em empresas de grande porte, Daniela Atienza Guimarães é diretora adjunta da APAEST (Associação Paulista de Engenheiros de Segurança do Trabalho) e docente do curso de Engenharia de Segurança do Trabalho da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial).

As bombas utilizam 10% de toda energia consumida no mundo Imagine o quanto a escolha das bombas corretas pode reduzir sua conta de energia

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coluna qualidade Encante seu cliente. Vale a pena!

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stou curtindo as minhas merecidas férias anuais, que na verdade ocorrem a cada dois anos, mais ou menos, e um fato interessante me inspirou a escrever esta coluna. Minha agência de viagem, em São Paulo, reservou alguns dias para mim em uma grande rede de hotéis em Munique, numa unidade próxima ao aeroporto. Todavia, um pequeno problema aconteceu com o GPS do carro alugado: ele não “enxergava”, em Munique, o endereço do hotel informado pela agência de viagens. Para esclarecer o endereço, parei em uma outra unidade do hotel da mesma rede, no centro da cidade, para levantar as informações necessárias à localização do hotel. O novo endereço fornecido foi imediatamente introduzido no GPS. No entanto, algo interessante ocorreu: imediatamente após inserir o nome correto da cidade (o hotel, na verdade, não ficava em Munique), o sistema de GPS informou que o caminho inicialmente selecionado demoraria mais tempo do que o previsto, pois havia sido parcialmente interrompido devido a um pequeno acidente, e perguntou se eu desejaria alterar a rota, o que aceitei. Contrastando com São Paulo, cidade na qual vivo e trabalho, o sistema de 40 | engeworld | junho 2013

mobilidade da Alemanha está anos-luz à frente. Em São Paulo, me considero com sorte quando consigo utilizar o sistema de navegação do meu celular, cuja conexão de dados móveis está constantemente indisponível. Esse fato me fez lembrar do modelo de satisfação de clientes proposto no começo dos anos 80 por Noriaki Kano, professor emérito da Universidade de Tóquio. Nesse modelo, conhecido como modelo Kano, ele desafiou a crença de que a melhoria de cada um dos atributos de um produto ou serviço levaria a uma maior satisfação de seus usuários. De fato, o modelo propõe que nem todos os atributos de performance de um produto ou serviço têm o mesmo valor para os clientes e que, portanto, alguns atributos geram padrões mais elevados de lealdade e satisfação do que outros.

Em geral, seu modelo propõe que os atributos de qualidade de um produto podem ser classificados em três categorias distintas: Qualidade esperada: refere-se ao tipo de atributo que não provoca um aumento da satisfação do consumidor quando plenamente atendido, mas causa uma grande insatisfação quando minimamente não atendido;


Qualidade unidimensional: produzem satisfação na medida em que são atendidos ou insatisfação na medida em que não são atendidos; Qualidade excitante: produzem grande satisfação, mesmo quando minimamente atendidos e não produzem insatisfação caso não sejam atendidos; são atributos não esperados pelos consumidores. É nesta última categoria, pelo menos para mim, que o sistema de mobilidade alemão se encaixou, ou seja, eu esperava que o GPS apenas me indicasse o caminho (qualidade esperada), mas não tinha qualquer expectativa de que ele identificasse problemas na rota e me sugerisse um caminho alternativo (qualidade excitante), o que me deixou positivamente impressionado com o serviço. Empresas líderes de mercado, em geral, são aquelas que pesquisam, desenvolvem e tornam disponíveis em seus produtos atributos de qualidade excitante, encantando seus clientes e faz com que eles se disponham a pagar um pouco mais para ter acesso a eles. Além disso, com o passar do tempo, na medida em que se tornam comuns aos olhos dos consumidores, os atri-

Qualidade excitante: produzem grande satisfação, mesmo quando minimamente atendidos e não produzem insatisfação caso não sejam atendidos; são atributos não esperados pelos consumidores. butos de qualidade excitante, passam à categoria de qualidade esperada, fazendo com que consumidores exijam que eles sejam incorporados aos produtos e serviços de todos os demais fabricantes/prestadores de serviços. Assim, pode ser uma prática bastante interessante identificar em nossos produtos e serviços quais atributos de qualidade ele possui e a qual categoria proposta por Kano eles pertencem e dar a cada um deles o tratamento merecido.

Engenheiro mecânico formado pela Escola de Engenharia Mauá, Sérgio Roberto Ribeiro de Souza tem 28 anos de experiência no desenvolvimento de projetos para Gestão Empresarial, possui Certificação Bkack Belt pela ASQ (American Society for Quality) e é sócio-diretor da Quality Way Consultoria.

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entrevista Os desafios da criação e gestão de uma empresa de projetos um empreendedor “por escolha própria”. Em entrevista à Engeworld, Nelson Fernandes conta suas experiências e desmistifica um pouco dos desafios ligados à criação de uma empresa.

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ntes de migrar para a área de projetos e formatar a Genpro em uma companhia multidisciplinar de projetos, em 1999, junto a outros dois sócios, o engenheiro químico Nelson Fernandes trabalhou durante cinco anos na Unipar Química. Lá, participou da construção de inúmeras unidades e operou fábricas. Sua carreira em projetos começou somente mais tarde, em 1986, quando ingressou na Promon Engenharia. Fernandes 42 | engeworld | junho 2013

passou pela JP Engenharia até chegar à Ultratec Engenharia no fim dos anos 80. Foi no final da década de 1990 que o engenheiro químico teve de enfrentar uma crise de investimentos no país, que levou muitas das empresas da área de projetos à estagnação de seus negócios. Em 1999, em resposta à paralisação dos negócios da empresa para a qual trabalhava, Fernandes e alguns colegas se uniram para criar a Genpro. Apesar da trajetória de sucesso, o engenheiro não se considera

ENGEWORLD - Qual foi a sua trajetória até a criação da Genpro? Nelson Fernandes - Me formei em engenharia química pela Escola de Engenharia Mauá. Trabalhei de 1981 a 1986 em uma indústria petroquímica, em Mauá, a Unipar Química. Comecei minha carreira profissional na área de operação da fábrica em regime de turno, abrindo e fechando válvulas, e fazendo trabalhos de campo. Nessa fase, participei de grandes empreendimentos e da construção de novas unidades, mas como em toda a fábrica, depois que ela é projetada, construída e entra em operação, começa a faltar agitação. Resolvi então ir para a área de projetos. Trabalhei por cerca de um ano na Promon Engenharia, onde comecei minha formação na área de projetos. Passei mais um ano na JP Engenharia e recebi um novo convite para ir para a Ultratec Engenharia. Fui para lá para ocupar um cargo de supervisor da área de projetos. Fiquei cerca de oito anos lá, seguindo carreira, até que, nos anos 90, quando a engenharia


passou por uma fase de total estagnação no país, a Ultratec passou a diminuir e faltavam trabalhos. Juntei o pessoal que trabalhava comigo na Ultratec e resolvi formar a Genpro. Fazíamos trabalhos de pequeno porte, todos precisavam fazer um pouco de tudo, mas a Genpro se estabeleceu no mercado e continuou sempre evoluindo.

Ultimamente tem sido um pouco mais difícil porque os preços de alguns concorrentes tem sido metade dos nossos (e o cliente só saberá se o produto é bom ou ruim durante a montagem) ENGEWORLD - O trabalho de campo desenvolvido na Unipar ajudou você a executar projetos melhores ou ainda ajuda você de alguma maneira? Nelson Fernandes - Ajudou e me ajuda muito. O que eu produzo hoje é projeto, é papel, é aquilo que vai ser montado e operado. A experiência de ter participado da montagem de uma indústria e de ter efetivamente operado nos dá outra visão de como fazer um projeto e mostra o que é realmente importante e o que é supérfluo, coisas com as quais às vezes se perde muito tempo para ter um ganho final irrelevante. Essa experiência também me deu muita segurança em projetos.

ENGEWORLD - Como foi disputar espaço com concorrentes sólidos até a sua empresa estabelecer seu próprio espaço? Nelson Fernandes – Isso foi feito com trabalho de qualidade e um bom network. Não temos um departamento comercial formatado nos moldes do mercado. A empresa não procura serviços, ela atende a convites. De certa forma, o mercado sabe quais empresas trabalham bem e quais podem atender à sua necessidade. Hoje, somos convidados para muitos trabalhos e fazemos em torno de 400 propostas por ano para projetos de pequeno, médio e grande porte. Essas propostas, com algumas exceções, são definidas pelo preço. Nossa opção é qualidade. Ultimamente tem sido um pouco mais difícil porque os preços de alguns concorrentes tem sido metade dos nossos (e o cliente só saberá se o produto é bom ou ruim durante a montagem), mas alguns clientes nos procuram para fazermos uma proposta aberta. Nela, abrimos o preço de todos os itens para o cliente e negociamos sempre preservando o limite de qualidade do nosso projeto. Esses clientes priorizam qualidade que se traduz em ganho financeiro no fim do empreendimento. ENGEWORLD - Você se considera um empreendedor? Nelson Fernandes - A palavra empreendedorismo é extremamente complicada, porque às vezes o mercado força você a determinadas situações. Com algum talento e disposição, ainda que mínimos, você segue em frente. Foi o que aconteceu comigo quando formei a Genpro. Me considero empreendedor, mas acho que o empreendedorismo, às vezes não é uma questão de escolha, ele acontece pela falta de engeworld | junho 2013 | 43


outras possibilidades. Foi o que houve no meu caso e acho que é assim na maioria das vezes, são raros os casos em que um profissional projeta do nada um objetivo e segue esse caminho. ENGEWORLD - Quando você olha para o passado, quais foram os principais desafios realmente foram importantes? Nelson Fernandes - Não tive que tomar muitas decisões. Os caminhos foram aparecendo e eu fui aproveitando as oportunidades. O maior desafio nessa área é ter de lidar com pessoas e não com máquinas, porque é preciso estar sempre sintonizado com as necessidades das pessoas, adquirir a sua confiança e gerar confiança nelas para criar um ambiente saudável. Lidar com pessoas e fazer esse tipo de gestão são coisas que gosto de fazer. ENGEWORLD - Onde você acha que sua empresa se destacou para ter hoje a posição que ela tem no mercado? Nelson Fernandes - Essa é uma pergunta fácil. Ela se destacou independentemente de tamanho do projeto ou empreendimento por sua forte capacitação técnica, qualidade diferenciada do mercado e pela procura constante por novas técnicas de execução, o que inclui a automação de elaboração de projetos por meio de novos softwares e se aproveitando de diferentes formas de fazer a mesma coisa. Isso motiva os colaboradores, levando-os a sempre procurar a melhor maneira de fazer o trabalho do dia a dia. Sem isso, o trabalho se torna monótono, chato, repetitivo e as pessoas não conseguem evoluir profissionalmente. Esse tipo de ação é um norteador da companhia, para que os colaboradores estejam motivados e procurem sempre uma qualidade acima do mercado na entrega do produto ao cliente. 44 | engeworld | junho 2013

ENGEWORLD -Por que tanta gente tentou esse caminho (o da abertura de uma empresa de projetos) e não teve sucesso? Nelson Fernandes – É preciso lidar com pessoas, fazer parte de um time. Nessa área ninguém faz nada sozinho ou de forma desagregada e é preciso estar em equilíbrio com a equipe, ouvir o que cada membro dela tem a dizer e estar aberto para discutir a melhor forma de executar um serviço. É preciso fazer com que as pessoas se sintam participantes do negócio e ter uma equipe, do alto ao baixo escalão, totalmente alinhada e ajustada para que todos possam participar da gestão. ENGEWORLD -É difícil continuar ajustando essa gestão de pessoas conforme uma empresa cresce ou isso independe do tamanho da empresa? Nelson Fernandes - É difícil porque requer, cada vez mais, pessoas com talento para a liderança e não que sejam simplesmente excelentes técnicos. Não se criou nas últimas duas ou três décadas líderes nessa área e há uma grande escassez deles no mercado; isso acaba sobrecarregando aqueles que têm esse talento. Não dá certo colocar um excelente técnico para ser líder, isso estraga um bom técnico e não dá a você um

bom líder. É preciso procurar entre os jovens engenheiros alguém que tenha talento para a liderança, vontade de enfrentar desafios e estimular isso neles com treinamento e cursos, além de promover essa liderança. ENGEWORLD -Você está satisfeito com a posição da empresa no mercado, qual o plano para o futuro? Nelson Fernandes - A gente vem acompanhando a evolução de crescimento da companhia, que vinha tendo um aumento de cerca de 20% ao ano no faturamento até 2011. Em 2012 houve uma forte retração do mercado e recuamos um pouco. Essa expectativa (de recuo em faturamento) se mantém também para 2013, ou seja, teremos neste ano um crescimento inferior ao de 2012, e nesse tipo de companhia (de prestação de serviço), não se define o tamanho que se quer ter, quem define isso é o mercado. Sempre há um efeito sanfona (de crescimento ou de retração) sem muitos problemas. É claro que é preciso abraçar as oportunidades que o mercado oferece. Quem recusa as oportunidades não atende ao mercado e o mercado se esquece dele. Nosso objetivo é sempre crescer, mas de forma estruturada, mantendo padrões de qualidade e respeitando os processos de elaboração de projetos.


civil

Disciplinas de um projeto

Aspectos do detalhamento de plantas industriais Rosemary Romano

Rafael Mesquita Chaves

Gerente técnico civil na Toyo-Setal

Supervisor civil na Projectus

É

difícil determinar quando e onde se deu o início da engenharia civil, visto que ele se confunde com o próprio início da história humana. Cavernas executadas por homens para proteção contra o frio, assim como a utilização de troncos para atravessar os rios, demonstram as primeiras práticas primitivas ligadas à engenharia civil. Com progresso das ciências e a evolução das técnicas, sugiram as primeiras grandes construções, como as Pirâmides, a Muralha da China, e estruturas, tais como barragens, aque-

Cavernas executadas por homens para proteção contra o frio, assim como a utilização de troncos para atravessar os rios, demonstram as primeiras práticas primitivas ligadas à engenharia civil.

dutos, pontes e os grandes templos desenvolvidos pelos Romanos, que influenciaram o modo de viver das sociedades que as integravam, contribuindo para o avanço da civilização. Essa sede pelo desenvolvimento da civilização, conquista de território e conhecimento, gerou ainda mais avanços nas ciências e tecnologia. Hoje são inúmeros os métodos construtivos, materiais e ferramentas computacionais usados para resolver os mais diversos e complexos problemas. Muitos não sabem, mas o termo engenharia civil teve sua origem em uma época em que existiam apenas duas

classificações para a engenharia: civil e militar. Esta última era responsável pelo desenvolvimento de catapultas, torres e outros instrumentos usados para combate. A engenharia civil se destinava ao desenvolvimento de fortificações, pontes, canais, aquedutos e moradias, englobando todas as áreas, e com o tempo, ela se dividiu nas demais disciplinas da engenharia (mecânica, elétrica, química, naval entre outras). Apesar de seu desmembramento, a engenharia civil ainda possui grande amplitude, envolvendo diversas atividades de projeto e construção. engeworld | junho 2013 | 45


para construções de edifícios, galpões, pipe rack, bases para equipamentos, suportes e demais estruturas necessárias para instalações de tanques e/ou equipamentos industriais de grande porte, podendo ser usado concreto moldado “in-loco” ou concreto pré-fabricado. Estruturas metálicas Projeto das estruturas metálicas, abrangendo cálculo estrutural e desenhos para construções de edifícios, galpões, pipe racks, suportes e demais estruturas necessárias.

Existem três fases de projeto em um empreendimento de grande porte: • projeto básico; • projeto de pré-detalhamento (FEED); • projeto de detalhamento (e será esta fase de projeto que será descrita). Na área industrial, a engenharia civil subdivide-se na seguinte ordem cronológica dentro de um projeto: • geotecnia; • infraestrutura; • estruturas de concreto; • estruturas metálicas;

Na engenharia os trabalhos são realizados em conjunto e, se algum componente falhar, o objetivo tende a não ser atingido. 46 | engeworld | junho 2013

As funções de cada “subdivisão” são: Geotecnia Análise dos relatórios de sondagem, definição e elaboração do projeto de fundações de todas as estruturas mencionadas no cálculo estrutural; parecer técnico de solos e fundações contendo todos os possíveis tipos de fundação e indicação da solução mais adequada para o projeto, além da definição das estruturas de contenções de solo. Infraestrutura Elaboração de projeto de movimentação de terra e locação da obra no terreno; preparação dos projetos de drenagem contaminada, oleosa, pluvial e industrial; realização do projeto do underground do site, no qual devem constar todas as tubulações, bases e estruturas enterradas totalmente integradas e sem a interferência de umas com as outras; produção do projeto de arruamento e pavimentação. Estruturas de concreto Projeto das estruturas em concreto, englobando cálculo estrutural e desenhos

Na engenharia os trabalhos são realizados em conjunto e, se algum componente falhar, o objetivo tende a não ser atingido. Em um projeto industrial a interface e integração são feitas por meio da maquete eletrônica, na qual todas as disciplinas trabalham ao mesmo tempo, checando interferências e propondo soluções para que no campo, no momento da construção e montagem propriamente dita, tudo se encaixe e a unidade funcione sem problemas. Cada disciplina é responsável por informações e definições que servem de base para o desenvolvimento do projeto civil, conforme mostrado resumidamente a seguir: Arquitetura – definições arquitetônicas das edificações e implantação do empreendimento com base no plano diretor definido no básico (quando pertinente). Processo – definições de volumes de bacias de contenção, CSAO, cálculo e definições dos diâmetros das linhas, folhas de dados de equipamentos, e de vazão de combate a incêndio. Tubulação – definição do arranjo de equipamento da unidade (layout),


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no qual deve constar a locação, orientação e elevações de todos os equipamentos e das estruturas que fazem parte da unidade de processo. Definições dos pipe racks e tubovias, assim como fornecimento dos diagramas de carga de tubulação, e para as linhas críticas (linhas quentes), devem ser fornecidos os esforços com base na análise de flexibilidade da linha. Mecânica – desenho dimensional dos equipamentos estáticos e dinâmicos, nos quais devem constar todas as informações de esforços (estáticos e dinâmicos) das condições do equipamento vazio, em operação e em teste hidrostático. Devem conter também os detalhes de fixação (chumbadores). Elétrica – definição do suporte para bandejamento, assim como as cargas geradas pelos cabos. Fornecimento de detalhes de aterramento, do desenho dimensional dos transformadores e equipamentos elétricos com os pesos informados. Determinação do layout das subestações e casas de força, assim como as cargas dos painéis e as aberturas para passagem dos cabos nas lajes e paredes. Definição de encaminhamento e seção do envelopamento elétrico e da locação das caixas de elétrica. Instrumentação – verificação dos encaminhamentos dos cabos e eventuais

Definição de encaminhamento e seção do envelopamento elétrico e da locação das caixas de elétrica. 48 | engeworld | junho 2013

suportes para instrumentos e definição do encaminhamento e seção dos envelopamentos de instrumentação, bem como da locação das caixas de instrumentação. De uma maneira geral, os principais inputs que a civil necessita para desenvolver os trabalhos dentro de uma planta industrial são: Sondagens/ensaios geotécnicos e levantamento planialtimétrico cadastral (topografia) do terreno no qual será implantado o empreendimento (serviços de levantamento de campo); Informações do cliente – diretrizes básicas, incluindo critério de projeto, especificações técnicas, normas e procedimentos internos, definições dos métodos construtivos (construtabilidade). Arranjo de equipamentos – layout (disciplina de tubulação); Diagrama de carga de tubulação (disciplina de tubulação) Dados dos equipamentos – dimensionais e pesos (disciplina de mecânica) Implantação e detalhes arquitetônicos das edificações (arquitetura)

Com os dados recebidos, a civil elabora e apresenta os seguintes “entregáveis”: Geotecnia: Parecer geotécnico Relatório geotécnico Memorial de cálculo Infraestrutura: Memoriais descritivos Quantitativo de materiais Desenhos de terraplenagem Plantas de underground Plantas de drenagem oleosa, contaminada, pluvial e industrial Plantas das instalações hidrossanitárias Plantas de arruamento e pavimentação Memórias de cálculo Maquete eletrônica (quando solicitado pelo cliente) Estrutura de concreto: Memoriais descritivos Quantitativo de materiais Metodologia executiva Especificações técnicas/critérios de projeto Plantas de estaqueamento Desenho das formas de todas as funda-


ções, estruturas, bases de equipamentos e obras de contenção Desenho das armações de todas as fundações, estruturas, bases de equipamentos e obras de contenção Memórias de cálculo Maquete eletrônica (quando solicitado pelo cliente) Estruturas metálicas: Memoriais descritivos Quantitativo de materiais Metodologia executiva Especificações técnicas/critérios de projeto

Os prazos para execução dos projetos tornaram-se cada vez menores. Plantas de todos os níveis das estruturas Desenho com as elevações e cortes da estrutura Desenho com os detalhes das principais ligações Desenho de detalhes das placas de base Memórias de cálculo Requisição de material (quando solicitado pelo cliente) Maquete eletrônica (quando solicitado pelo cliente)

concebido em módulos desde a disciplina de processos até a civil. • A formação e capacitação dos profissionais que compõem a equipe de engenharia são essenciais para que o profissional não se volte apenas para a atividade de projeto, mas compreenda e se integre com suprimentos, construção e montagem. Profissionais com conhecimento amplo têm mais chances de executar projetos que não necessitam de ajustes no campo, minimizando os custos do empreendimento como um todo. • Os prazos para execução dos projetos tornaram-se cada vez menores. Aliados às frequentes modificações e indefinições, eles geram necessidade de forte atuação gerencial. A coordenação e o planejamento devem acompanhar rigorosamente as alterações para a garantia dos prazos e dos custos do projeto. • Utilização dos recursos computacionais de maneira organizada, eficaz e racional, objetivando minimizar os prazos de execução dos projetos, assim como minorar os materiais utilizados na obra, reduzindo custos do empreendimento. • Utilização de novos materiais objetivando redução de custos e facilitação de execução, resultando em redução de prazo da implantação. • Pesquisas para a reutilização de materiais e respeito ao ecossistema fazem parte dos objetivos e desafios.

Atualmente os desafios na área industrial são muitos e incluem: • Minimizar os trabalhos em campo, desenvolvendo e aplicando tecnologias, como a modularização instrumental, visando à pré-execução fora da unidade de processo. A modularização envolve todas as disciplinas fazendo com que o projeto seja

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infografia Os principais tipos de combustíveis Os combustíveis se caracterizam por serem um material cuja a queima é utilizada para produzir calor, energia ou luz.

Gasolina Derivada do petróleo, a gasolina tem em sua composição hidrocarbonetos e diversos compostos de carbono e hidrogênio, enxofre, nitrogênio, além de compostos metálicos, em concentrações não muito elevadas, e é geralmente utilizada em motores endotérmicos. Poder calorífico: 11.200 kcal/kg

Etanol Produzido a partir de gás natural ou extraído do milho, da soja, babaçu, beterraba, batata e cana-de-açúcar, sendo que as matérias-primas que contêm sacarose são mais econômicas do que as que contêm amido ou celulose, e sua queima é pouco poluente, resultando predominantemente em calor. Poder calorífico: 6.500 kcal/kg

Biodiesel O biodiesel é um éster obtido, em geral, da reação de um álcool com um (tri)éster presente ou obtido de biomassa, podendo ser produzido a partir de matérias-primas como óleos vegetais, gordura animal e óleo de fritura. Diferentemente do Diesel, ele não é composto de enxofre e óxidos de nitrogênio, o que reduz a emissão de SO. Poder calorífico: ± 9.500 kcal/kg (quando obtido a partir de óleo vegetal)

Gás natural Considerado um combustível fóssil, ele é obtido a partir de uma mistura de hidrocarbonetos leves contendo metano, etano e pequenas quantidades de propano, butano, nitrogênio e dióxido de carbono. Sua combustão emite uma quantidade pequena de poluentes e fuligem. Poder calorífico: 4.300 kcal/kg

Diesel Obtido a partir do petróleo, o Diesel é composto por átomos de carbono, hidrogênio e pequenas concentrações de enxofre, nitrogênio e oxigênio. É muito utilizado em motores com combustão interna e em aplicações estacionárias. Poder calorífico: 10.700 kcal/kg


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