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Raízes do Movimento
Pecado de ignorância 1
Ecumenismo, palavra até bem pouco tempo ignorada pela maioria dos cristãos e que hoje lhes desperta no íntimo profundo eco e esperança – por vezes ingênua, é bem verdade – de ver dentro em breve restaurada em sua unidade a grande família cristã. É realmente de se desejar a união dos cristãos e é uma felicidade que as relações entre eles cada vez mais fraternais se façam. Não deveríamos, entretanto, esquecer que a atual desunião dos discípulos de Cristo não foi motivada somente por razões de ordem meramente afetiva ou passional; poderiam ser superadas por meio de relações afetuosas e compreensivas. Questões graves de doutrina estão aqui implicadas. Bem sei que não seria o caso de, tratando-se de simples leigos, buscar um diálogo em terreno doutrinário: ser-lhes-ia preciso uma cultura teológica, que lhes falta. Não obstante, os católicos que estejam em contato, ou entrem em contato com seus irmãos separados, deveriam estar possuídos da ambição do poder ao menos dar explicações do porquê de suas convicções e de suas práticas religiosas. Neste campo, como, aliás, em tantos outros, muitos são, infelizmente, os que vemos lançarem-se à ação, tão ricos de coração e boa vontade quanto pobres de doutrina. E espantam-se de que seja infecunda a sua ação! É aflitiva a ignorância religiosa dos católicos, começando pelos que se dizem de meio culto. Disto tive eu, recentemente, prova característica: Certo casal protestante, tendo ouvido um sacerdote falar nas Equipes de Nossa Senhora por ocasião de um encontro ecumênico, interessou-se pelo Movimento. Desejoso de o conhecer de perto, aceitou o convite de uma equipe: antiga, estável, cujos membros, em sua maioria, reservavam seu tempo para a meditação diária e iam à missa diversas vezes por semana. Tamanho zelo impressionou os visitantes, que se puseram a interrogá-los a respeito do Sacrifício Eucarístico. Confusão absoluta. A tal ponto que o casal protestante – conforme relatou ao padre que o encaminhara para a equipe –, sentindo- -se pouco à vontade por ter provocado aquela situação embaraçosa, tentou desviar o assunto. Os outros, porém, ao invés de admitirem com simplicidade a própria ignorância, teimaram em prolongar o diálogo, de que, mais tarde, se envergonharam. Nas reuniões de equipe, cuida, cada um, de apresentar, na coparticipação, a própria atuação, nos engajamentos temporais e apostólicos: muito louvável! Têm, porém, os equipistas demonstrado o mesmo zelo em auxiliarem-se uns aos outros no aprofundamento de seus conhecimentos religiosos? Pe. Henri Caffarel
Colaboração: Ma. Regina e Carlos Eduardo Eq. N. S. do Rosário – Piracicaba-SP