Jornal Entreposto | Junho de 2010

Page 1

Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento

São Paulo, junho de 2010 www.jornalentreposto.com.br Diretora Geral: Selma Rodrigues Tucunduva *** UM JORNAL A SERVIÇO DO AGRONEGÓCIO *** ANO 11 - No 121 - Circulação autorizada no ETSP da Ceagesp e Região Oeste PAULO FERNANDO COSTA

Marcomar amplia portfólio

De olho na expansão do food service, distribuidora de pescados instalada na Ceagesp abre centro de processamento na Ceasa Campinas e inclui peixes e frutos do mar produzidos na costa brasileira entre os itens fornecidos a 2,5 mil clientes

Custo Brasil

derruba competitividade das frutas nacionais A afirmação é do presidente da Câmara Setorial de Frutas do Estado de São Paulo e gerente técnico do Ibraf, Maurício de Sá Ferraz

Pág. C2

Pág.C1

Citricultores apostam na qualidade e driblam indústria

Permissionários da Ceagesp apostam em investimentos nas áreas de embalagem, mão de obra e melhorias na plantação para alavancar a safra 2010/2011, que já começa aquecida. Além de enfrentarem o ataque do greening, eles pedem a intervenção do estado para intermediar o diálogo entre produtores e a indústria do suco de laranja.

Pág. A4 e A5

Governo prorroga redução de IPI para caminhões

O governo prorrogou o incentivo para veículos comerciais leves, de grande porte e de máquinas e equipamentos, que acabaria neste mês. Até o fim do ano eles continuarão isentos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ou pagando imposto reduzido.

FOTO:MARCELO ZOCCHIO

Nova lei pretende acabar com carta-frete paga a caminhoneiros Pág. D1 PAULO FERNANDO COSTA

Para caminhões e tratores, a alíquota, que subiria para 5% a partir de julho, continuará reduzida a zero. Com as medidas, o governo deixará de arrecadar R$ 775 milhões. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo estendeu a desoneração porque as vendas desses tipos de veículos só começaram a reagir no final do ano passado.

Pág. D1

Todo conteúdo desta edição e muito mais notícias e serviços você encontra no Jornal Entreposto online. Um portal dirigido às Centrais de Abastecimento.

Piau, Bel, Maurão, Manelão e Edu Bala nas instalações do projeto social da Ceagesp

Ex-craques visitam Nossa Turma

Acesse agora!

www.jornalentreposto.com.br

Edu Bala, Piau e Maurão, craques do futebol brasileiro nos anos 1970 e 80, conheceram de perto o trabalho da Associação de Apoio à Infância e Adolescência Nossa Turma, projeto socioeducativo

desenvolvido na Ceagesp. A visita, realizada a convite do JE, aconteceu no último dia 21 e contou com as presenças do professor de futebol das crianças atendidas pela escolinha, Bel, e do presiden-

te da entidade, Manelão. Após o almoço com a equipe de reportagem do jornal e encontro com as crianças, os esportistas distribuíram autógrafos e visitaram outras instalações do ETSP.

Ovo Branco

Dália

* Preço de referência do mês de maio l 2010 - Expectativa para junho l 2010

KG

ESTÁVEL

SC

R$ 6,41

ALTA

CX

R$ 44,20

ESTÁVEL

R$ 5,85

R$ 0,90

ESTÁVEL

Atum KG

R$ 6,99

 BAIXA

R$ 14,66

Milho Verde

CX K

Banana Nanica

Abobrinha Brasileira

BAIXA


A2

Junho 2010 l

Sopa de cebola da antiga Ceasa volta neste inverno

JORNAL ENTREPOSTO

Embrapa incentiva cultivo de pimenta longa O safrol é um óleo muito importante para alguns setores da indústria química do País, principalmente para a perfumaria e para o desenvolvimento de inseticidas biodegradáveis. Este óleo era extraído da canela de sassafrás, mas esta extração foi proibida pelo Ibama, na década de 1990, por ser um sistema predatório que estava acabando com a planta sassafrás no Brasil.

De 23 de junho a 30 de setembro, um restaurante especialmente montado para servir a famosa sopa de cebola vai funcionar na Ceagesp. E como garantia de que a sopa é mesmo a original, o responsável pelo evento é Eduardo Affonseca, o dono do restaurante que servia a revigorante refeição nas décadas de 80 e 90.

Desde então, o País passou a importar o safrol da China e do Vietnã, que permitem a extração do óleo da sassafrás. Para acabar com a dependência e voltar a produzir safrol brasileiro, a Embrapa Acre está incentivando o cultivo da pimenta longa, que é uma ótima fonte de safrol.

Caldo verde e de mandioquinha também constarão no cardápio. Patês e pão com manteiga fazem o couvert. Uma refeição completa (um prato de sopa e couvert inclusos) sai por R$ 15,00. Bebidas e refrigerante são cobrados à parte.

Para saber mais, acesse: www.embrapa.br/

Estação Sopa de Cebola Data: 23 de junho a 30 de setembro

Banco Mundial aprova acordo de US$ 78 milhões para agricultura paulista

Horário: terça a quinta, das 20 as 2h / sexta e sábado, das 20h até o último cliente Local: Ceagesp - Antigo Prédio da Nossa Caixa - Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946 Portaõ 3

O Banco Mundial aprovou um empréstimo de US$ 78 milhões para o Estado, em apoio ao Programa de Microbacias II, desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento e executado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). O projeto promoverá o desenvolvimento rural sustentável e a competitividade agrícola no Estado, aumentando as oportunidades de emprego e renda para pequenos agricultores e suas famílias e populações rurais vulneráveis. De acordo com a Secretaria, a iniciativa, aprovada no final de maio, beneficiará cerca de 22 mil pequenos agricultores, incluindo cerca de 1.500 famílias de comunidades indígenas e quilombos. “A agricultura é vital para a economia de São Paulo. O governo tem trabalhado duro para apoiar tanto a agricultura familiar quanto o agronegócio”, disse o governador Alberto Goldman. “Este projeto será de grande importância especialmente para os pequenos agricultores familiares, que representam a grande maioria das unidades agrícolas do Estado, e fornecem os alimentos que chegam à população”.

Japoneses comemoram 102 anos de imigração para o Brasil

No dia 18 de junho, completaram-se 102 anos da chegada do navio “Kasato Maru” ao porto de Santos, trazendo os primeiros imigrantes japoneses para solo brasileiro. Além de o Brasil abrigar a maior comunidade nipônica fora do Japão, a terceira maior comunidade de brasileiros fora do Brasil está em território japonês. Dentro do setor de horticultura, a colônia japonesa tem uma representativade forte na produção e comercialização de produtos. Contratados inicialmente para trabalhar como empregados nas lavouras de café, eles se estabeleceram nas cidades do interior paulista e formaram o que hoje é chamado “cinturão verde”, que agrega municípios da Região Metropolitana de São Paulo, e é grande produtora de hortaliças. Para celebrar a data, a Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social), que em 2010 completa 55 anos de fundação, está promovendo uma série de eventos que vai até dia 4 de julho. Mais informações: www. bunkyo.bunkyonet.org.br

O acordo envolve quase U$ 130 milhões, sendo U$ 52 milhões de contrapartida do governo, e deverá ser assinado no segundo semestre. Ele complementa o Projeto Estadual de Microbacias Hidrográficas, realizado entre 2000 e 2008, que focou em práticas conservacionistas, recuperação de matas ciliares e combate à erosão no campo, além de apoio a mais de 400 associações de produtores formadas no período.

A foto acima é de Lucille Kanzawa e mostra com sensibilidade o cotidiano da comunidade dos Yubas, imigrantes japoneses que vieram para São Paulo nos anos 50. As imagens da fotógrafa percorrem os dias e as noites na comunidade; sua relação com a terra; o trabalho nas suas várias expressões; o gestual dos músculos sob o sol; o entardecer e as noites, quando, reunidos, seus habitantes se entregam aos anseios da arte. Essa mostra também foi uma homenagem do festival aos 100 anos da imigração japonesa para o Brasil, comemorados em 2008.

São Paulo contribui com cerca de um quarto da produção agrícola nacional e tem também o maior mercado consumidor do país. A agricultura responde por mais da metade de toda a atividade econômica em 60% dos municípios do Estado e é um importante fator de emprego, especialmente na área rural, onde 80% da população dependem dela. No entanto, a maioria dos pequenos agricultores não têm sido capazes de se integrar às cadeias de fornecimento e competir nos mercados estaduais e nacional. “Aumentar a sustentabilidade, a produtividade e a competitividade dos pequenos produtores vai impulsionar a economia em grande parte do interior de São Paulo e tornar a agricultura mais rentável, especialmente para os mais pobres”, afirmou Makhtar Diop, diretor do Banco Mundial para o Brasil.


hyUndAI hR. o ĂşnIco FAbRIcAdo no bRASIL E com 4 AnoS dE GARAnTIA SEm LImITE dE qUILomETRAGEm. poRqUE cAmInhĂŁo TEm qUE dAR LUcRo, nĂŁo dESpESA.

LIbERAdo pARA cIRcULAR Em ĂĄREAS RESTRITAS

Os equipamentos descritos nas fotos e textos sĂŁo opcionais e podem ou nĂŁo estar disponĂ­veis nas versĂľes apresentadas neste anĂşncio. Imagens somente para fins ilustrativos.

moToR TURbo dIESEL EURo III InTERcooLER poTĂŠncIA mĂĄXImA. ! -!)/2 #!0!#)$!$% $% #!2'! $! #!4%'/2)! +' / -%./2 #534/ /0%2!#)/.!, 0/2 +- 2/$!$/

s #AMINHâO URBANO LIBERADO PARA CIRCULAĂ€âO CARGA E DESCARGA SEM RESTRIÀ¾ES s 6OLUME DE CARGA ¢TIL COM BA¢ M3 s #ARGA ¢TIL KG s "A¢ OU CAĂ€AMBA DE CHAPA DE AĂ€O OPCIONAL s 0LATAFORMA DE CARGA A MM DO SOLO s &AR˜IS DE NEBLINA s $IREĂ€âO HIDRĂ–ULICA PROGRESSIVA

IpI

0% pREÇo ESpEcIAL ImbATívEL com ISEnÇão ToTAL do IpI.

våRIAS opÇþES dE cARRocERIA

cAmInhĂŁo GUIncho

AmbULâncIA

Zona Sul BerrInI ............................................5501-8000 ChĂĄCara SantO antOnIO ..........5187-0000 IBIrapuera .....................................5538-1100 InterlagOS ....................................5682-7000 IpIranga .........................................2271-0700 ItaIm ................................................3049-0100 JardInS...........................................3894-4000 JOĂŁO dIaS .......................................5641-0770 mOema.............................................3040-8555 mOrumBI........................................ 3740-4400

boUTIqUE dE cARnE

FRUTARIA

LoJInhA

GASEIRA

cAÇAmbA

FRIGoRĂ­FIco

FĂĄbRIcA dA hyUndAI no bRASIL. AnĂĄpoLIS - GoIĂĄS

Zona oEStE anhangĂźera ................................. 3909-4400 CeaSa............................................... 3643-5700 SumarĂŠ ........................................... 3879-3030

GRanDE SĂŁo paulo alphavIlle ..................................... 4133-4377 autOnOmIStaS.............................. 3699-8080 guarulhOS..................................... 2461-8000

Zona noRtE faCĂł .................................................3977-6100 Santana .........................................2971-5555

abc SantO andrĂŠ ................................ 4428-4428 SĂŁO BernardO ............................. 4122-8230

Zona lEStE tatuapĂŠ........................................... 2076-6700

MAIS

175

CONCESSIONà RIAS à SuA dISpOSIçãO Em tOdO O BRASIL 0800 77 02 011

www.hyundai-motor.com.br

SĂŁo Paulo 11 2971-5623 | 11 2971-5624 t Demais Localidades 0800-7702011 t comercial@cmd-hyundai.com.br


A4

Junho 2010 l

JORNAL ENTREPOSTO

Citricultura revigorada

JORNAL ENTREPOSTO l

A5

Junho 2010

Entretanto, novo paradigma de mercado imposto pelas grandes indústrias ainda afeta os produtores brasileiros

MERCADO DA LARANJA Carolina de Scicco De São Paulo

O

s anos 1990 marcaram um período de crise no setor citrícola do estado de São Paulo. O aumento do poder das indústrias de processamento de suco de laranja, com características de um oligopólio, derrubou o valor da caixa da fruta e deixou os produtores sem capital para investir na produção. Como o preço da fruta in natura está, muitas vezes, atrelado ao da laranja para processamento, toda a cadeia de produção e comercialização sentiu os efeitos das fusões que aconteceram naquela década entre gigantes da indústria do suco. Reunidas, essas empresas escolhiam quanto queriam pagar aos produtores, que, sem opção, bancavam a colheita e o transporte. Sem chances de lucro, os citricultores acumularam muitas dívidas ao longo desses anos. Atualmente, o problema persiste, mas quem atravessou a fase mais crítica do setor se diz menos afetado. O relacionamento com a indústria é encarado como um problema a mais, assim como as doenças que atacam os laranjais e as dificuldades em encontrar mão de obra especializada. Grandes produtores encontraram na Ásia, na Europa e na Rússia um grande mercado para escoar produção. Outros optaram por produzir apenas a laranja de mesa, para consumo nacional, negociando com a indústria apenas o refugo da safra, não ficando tão à mercê de preços muito baixos. Outros, ainda, trocaram a plantação de laranja pela de limão, como é o caso de Everaldo da Costa Melo, responsável pela área comercial da Comércio de Frutas Costa Melo, atacadista da Ceagesp.

“Resolvemos investir na produção e optamos por uma plantação de altíssima qualidade, para um público que paga a mais por uma fruta melhor. Hoje estamos colhendo os frutos desse investimento. Não queremos ser os maiores. Queremos produzir o melhor citro”, explica.

Permissionários

Apesar de não trabalhar com laranja de suco, Lucato acredita que a indústria poda as chances do produtor em investir em qualidade, já que, recebendo pouco pela fruta, ele não tem condições financeiras de fazer esse investimento.

investem em embalagem

Para o engenheiro agrônomo Maurício de Souza Amaral, responsável pela área de certificações da Raphael Juliano Citricultura, a grande massa dos produtores citrícolas do estado de São Paulo depende da indústria.

A embalagem é muito mais do que uma caixa para acondicionar e transportar o FLV. Ela é um instrumento de identificação, proteção, movimentação e exposição das frutas e hortaliças frescas. Pelo rótulo, identificamos o produto e o seu responsável.

“Por isso, penso que esse problema deveria ser discutido entre ambas as partes, tendo o Estado como mediador; senão, o mais poderoso sempre terá vantagens. Sou a favor da intervenção do governo, mas não pode ser uma intervenção tendenciosa ou autoritária”, sugere. Indústria e citricultores parecem querer retomar o diálogo para um possível solução comum, como foi divulgado em abril deste ano pelo secretário da Agricultura de São Paulo, João Sampaio. “Mas, por enquanto, as discussões serão sobre temas comuns, como fitossanidade, questões trabalhistas, logística e mercado”, afirmou.

A Ceagesp abastece o estado de São Paulo com produtos de alta perecibilidade e fragilidade, mas ainda não exige dos permissionários que a movimentação da mercadoria seja feita em embalagens apropriadas. Mesmo assim, atacadistas estão se modernizando por conta própria.

 Box da Alfa Citrus na Ceasa Campinas, mais moderno e dinâmico, e packing house construída há três anos, na cidade de Engenheiro Coelho, SP (abaixo). Márcelo Fávero (página ao lado), já comercializou 500 mil caixas de citros neste ano. De toda a produção, 70% é de plantação própria e a empresa caminha para a auto-suficiência.

FOTOS: MARCELO ZOCCHIO

A mudança no padrão do acondicionamento de frutas na Ceagesp se deve às exigências feitas pelos compradores, que não toleram as caixas de madeira. “Abolimos a madeira faz dois anos. Como trabalhamos ape-

nas com frutas top, nossos clientes exigem a utilização de papelão”, explica Gilson Lucato Júnior. A empresa de Lucato é exceção. A embalagem que predomina no mercado ainda é a de madeira. Alguns citricultores preferem a caixa plástica, mais prática, higiênica e durável. Outros optam pela caixa de papelão, como a empresa Raphael Juliano, que ainda utiliza caixas de madeira. “O papelão é economicamente viável, ecologicamente correto e ainda gera renda para catadores”, acredita o engenheiro agrônomo Maurício de Souza. O medo de dar o primeiro passo reflete a dificuldade do setor em se modernizar. “Essa atitude de mudança deve partir de todos os produtores. Assim, aquele que

investir em novas embalagens não sairá prejudicado. Utilizamos caixas de papelão apenas para produtos que vão para exportação. Queremos que todos os clientes tenham acesso a uma embalagem de qualidade”, explica o agrônomo. A situação atual das embalagens de frutas utilizadas na Ceagesp ainda é preocupante. A maioria não cumpre suas funções de proteção, facilidade de movimentação, identificação e exposição. Muitos permissionários reutilizam caixas e sacarias que deveriam ser recicladas após o primeiro uso e a falta de higiene compromete a qualidade da mercadoria, mas produtores citrícolas apoiam a modernização desse setor no entreposto.

O permissionário explica que a laranja pera sempre foi a variedade de citros mais produzida na propriedade da família, que fica em Paranapuã, região de Jales (SP), mas que o baixo preço pago pela caixa os empurrou para a produção de limão taiti. “O limão não depende do mercado externo. O que importa é a produção. Se ela for abundante, o preço cai. Se for pequena, o preço sobe”, esclarece. “Mesmo assim, quando a indústria paga bem, fornecemos para ela também”, confessa.

Raio-X do mercado da laranja no Brasil

Aqueles citricultores que decidiram investir na produção de laranja de mesa selecionada, ou seja, em fruta de alta qualidade, encontraram nas grandes redes supermercadistas um excelente mercado. A crescente procura por alimentos mais saudáveis e a exigência dos consumidores por frutas seletas impulsionaram os varejistas a aumentar o espaço e o investimento em frutas, verduras e legumes.

Estimativas feitas pela Associtrus (Associação Brasileira dos Citricultores) revelam que cerca de 90% dos produtores estão com dificuldades em negociar dívidas acumuladas ao longo de 20 anos.

O permissionário Gilson Lucato Júnior conta que assumiu a empresa do pai, a Cítricola Lucato, no meio da crise e percebeu que teria que fugir do comum.

Desde 2006, o Ministério Público investiga a suposta formação de cartel por parte das quatro maiores empresas citricultoras do país: Cutrale, Louis Dreyfus, Citrosuco e Citrovita.

O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja, respondendo por aproximadamente 80% do mercado. Este mês (6/10), os contratos para a laranja alcançaram o maior preço da década: US$ 6,67. Esse valor é 44% superior ao verificado em 2009 (US$ 4,64/cx). Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP (Escola Su-

perior de Agricultura Luiz de Queirós, da Universidade de São Paulo). O secretário de Agricultura e Abastecimento, João Sampaio, lançou em 07 de junho, o seguro para duas doenças da citricultura. O programa começa a valer com a entrega dos relatórios de inspeção e erradicação nos pomares, feito no primeiro semestre de 2010 pelo proprietário, e que devem ser entregues até o dia 15 de julho


A4

Junho 2010 l

JORNAL ENTREPOSTO

Citricultura revigorada

JORNAL ENTREPOSTO l

A5

Junho 2010

Entretanto, novo paradigma de mercado imposto pelas grandes indústrias ainda afeta os produtores brasileiros

MERCADO DA LARANJA Carolina de Scicco De São Paulo

O

s anos 1990 marcaram um período de crise no setor citrícola do estado de São Paulo. O aumento do poder das indústrias de processamento de suco de laranja, com características de um oligopólio, derrubou o valor da caixa da fruta e deixou os produtores sem capital para investir na produção. Como o preço da fruta in natura está, muitas vezes, atrelado ao da laranja para processamento, toda a cadeia de produção e comercialização sentiu os efeitos das fusões que aconteceram naquela década entre gigantes da indústria do suco. Reunidas, essas empresas escolhiam quanto queriam pagar aos produtores, que, sem opção, bancavam a colheita e o transporte. Sem chances de lucro, os citricultores acumularam muitas dívidas ao longo desses anos. Atualmente, o problema persiste, mas quem atravessou a fase mais crítica do setor se diz menos afetado. O relacionamento com a indústria é encarado como um problema a mais, assim como as doenças que atacam os laranjais e as dificuldades em encontrar mão de obra especializada. Grandes produtores encontraram na Ásia, na Europa e na Rússia um grande mercado para escoar produção. Outros optaram por produzir apenas a laranja de mesa, para consumo nacional, negociando com a indústria apenas o refugo da safra, não ficando tão à mercê de preços muito baixos. Outros, ainda, trocaram a plantação de laranja pela de limão, como é o caso de Everaldo da Costa Melo, responsável pela área comercial da Comércio de Frutas Costa Melo, atacadista da Ceagesp.

“Resolvemos investir na produção e optamos por uma plantação de altíssima qualidade, para um público que paga a mais por uma fruta melhor. Hoje estamos colhendo os frutos desse investimento. Não queremos ser os maiores. Queremos produzir o melhor citro”, explica.

Permissionários

Apesar de não trabalhar com laranja de suco, Lucato acredita que a indústria poda as chances do produtor em investir em qualidade, já que, recebendo pouco pela fruta, ele não tem condições financeiras de fazer esse investimento.

investem em embalagem

Para o engenheiro agrônomo Maurício de Souza Amaral, responsável pela área de certificações da Raphael Juliano Citricultura, a grande massa dos produtores citrícolas do estado de São Paulo depende da indústria.

A embalagem é muito mais do que uma caixa para acondicionar e transportar o FLV. Ela é um instrumento de identificação, proteção, movimentação e exposição das frutas e hortaliças frescas. Pelo rótulo, identificamos o produto e o seu responsável.

“Por isso, penso que esse problema deveria ser discutido entre ambas as partes, tendo o Estado como mediador; senão, o mais poderoso sempre terá vantagens. Sou a favor da intervenção do governo, mas não pode ser uma intervenção tendenciosa ou autoritária”, sugere. Indústria e citricultores parecem querer retomar o diálogo para um possível solução comum, como foi divulgado em abril deste ano pelo secretário da Agricultura de São Paulo, João Sampaio. “Mas, por enquanto, as discussões serão sobre temas comuns, como fitossanidade, questões trabalhistas, logística e mercado”, afirmou.

A Ceagesp abastece o estado de São Paulo com produtos de alta perecibilidade e fragilidade, mas ainda não exige dos permissionários que a movimentação da mercadoria seja feita em embalagens apropriadas. Mesmo assim, atacadistas estão se modernizando por conta própria.

 Box da Alfa Citrus na Ceasa Campinas, mais moderno e dinâmico, e packing house construída há três anos, na cidade de Engenheiro Coelho, SP (abaixo). Márcelo Fávero (página ao lado), já comercializou 500 mil caixas de citros neste ano. De toda a produção, 70% é de plantação própria e a empresa caminha para a auto-suficiência.

FOTOS: MARCELO ZOCCHIO

A mudança no padrão do acondicionamento de frutas na Ceagesp se deve às exigências feitas pelos compradores, que não toleram as caixas de madeira. “Abolimos a madeira faz dois anos. Como trabalhamos ape-

nas com frutas top, nossos clientes exigem a utilização de papelão”, explica Gilson Lucato Júnior. A empresa de Lucato é exceção. A embalagem que predomina no mercado ainda é a de madeira. Alguns citricultores preferem a caixa plástica, mais prática, higiênica e durável. Outros optam pela caixa de papelão, como a empresa Raphael Juliano, que ainda utiliza caixas de madeira. “O papelão é economicamente viável, ecologicamente correto e ainda gera renda para catadores”, acredita o engenheiro agrônomo Maurício de Souza. O medo de dar o primeiro passo reflete a dificuldade do setor em se modernizar. “Essa atitude de mudança deve partir de todos os produtores. Assim, aquele que

investir em novas embalagens não sairá prejudicado. Utilizamos caixas de papelão apenas para produtos que vão para exportação. Queremos que todos os clientes tenham acesso a uma embalagem de qualidade”, explica o agrônomo. A situação atual das embalagens de frutas utilizadas na Ceagesp ainda é preocupante. A maioria não cumpre suas funções de proteção, facilidade de movimentação, identificação e exposição. Muitos permissionários reutilizam caixas e sacarias que deveriam ser recicladas após o primeiro uso e a falta de higiene compromete a qualidade da mercadoria, mas produtores citrícolas apoiam a modernização desse setor no entreposto.

O permissionário explica que a laranja pera sempre foi a variedade de citros mais produzida na propriedade da família, que fica em Paranapuã, região de Jales (SP), mas que o baixo preço pago pela caixa os empurrou para a produção de limão taiti. “O limão não depende do mercado externo. O que importa é a produção. Se ela for abundante, o preço cai. Se for pequena, o preço sobe”, esclarece. “Mesmo assim, quando a indústria paga bem, fornecemos para ela também”, confessa.

Raio-X do mercado da laranja no Brasil

Aqueles citricultores que decidiram investir na produção de laranja de mesa selecionada, ou seja, em fruta de alta qualidade, encontraram nas grandes redes supermercadistas um excelente mercado. A crescente procura por alimentos mais saudáveis e a exigência dos consumidores por frutas seletas impulsionaram os varejistas a aumentar o espaço e o investimento em frutas, verduras e legumes.

Estimativas feitas pela Associtrus (Associação Brasileira dos Citricultores) revelam que cerca de 90% dos produtores estão com dificuldades em negociar dívidas acumuladas ao longo de 20 anos.

O permissionário Gilson Lucato Júnior conta que assumiu a empresa do pai, a Cítricola Lucato, no meio da crise e percebeu que teria que fugir do comum.

Desde 2006, o Ministério Público investiga a suposta formação de cartel por parte das quatro maiores empresas citricultoras do país: Cutrale, Louis Dreyfus, Citrosuco e Citrovita.

O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja, respondendo por aproximadamente 80% do mercado. Este mês (6/10), os contratos para a laranja alcançaram o maior preço da década: US$ 6,67. Esse valor é 44% superior ao verificado em 2009 (US$ 4,64/cx). Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP (Escola Su-

perior de Agricultura Luiz de Queirós, da Universidade de São Paulo). O secretário de Agricultura e Abastecimento, João Sampaio, lançou em 07 de junho, o seguro para duas doenças da citricultura. O programa começa a valer com a entrega dos relatórios de inspeção e erradicação nos pomares, feito no primeiro semestre de 2010 pelo proprietário, e que devem ser entregues até o dia 15 de julho


A6

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

O Brasil é o país da laranja, da tangerina, da lima, do limão... Os dados da Faostat, órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação, mostram que o Brasil é o maior produtor de laranja do mundo, o terceiro maior de tangerina e o quarto maior produtor de limões e limas Os dados de importação e exportação de laranja, disponíveis mostram que no ano passado, o Brasil importou 1.824 toneladas de laranja e 1.396 toneladas de tangerina. Por outro lado, exportou 6.128 toneladas de tangerina (uma queda de 39% em relação a 2007) e 26.185 toneladas de laranja (uma queda de 90% em relação a 2007). Os dados do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo mostram 85% de crescimento na produção de citros paulista entre 1983 e 2009. A produção paulista de laranja cresceu 14%, a de limão 46% e a de tangerina caiu 5%.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informa a área plantada, a área colhida, a quantidade produzida e valor da produção da lavoura permanente, onde podem ser encontrados a laranja, o limão e a tangerina. Os dados estão disponíveis entre os anos 1990 e 2008, por produto, por município, por região geográfica, por unidade da federação, por mesorregião geográfica, por microrregião geográfica e por município. A produção brasileira de citros chegou a 20.583 mil toneladas em 2008, um crescimento de 8% em relação a 2001. A maior parte da produção (90%) é laranja, 5% limão e 5% tangerina. A produção está distribuída em 28 estados e é muito concentrada (90%) em quatro estados: São Paulo (76%), Bahia (6%), Sergipe (4%) e Paraná (4%). A maior parte da produção paulista (85%) é industrializada.

Os quadros abaixo mostram a produção dos 10 maiores países produtores de citros Laranja País Brasil Estados Unidos Mexico India China Indonesia Espanha Irã Itália Egito Paquistão Turquia África do Sul Grécia Argentina Marrocos Síria Vieitnã Argélia Gana

Toneladas 18.685.000 7.357.000 4.248.715 4.266.900 3.172.910 2.625.884 2.740.300 2.300.000 2.197.304 2.054.626 1.721.000 1.426.965 1.412.259 778.074 766.000 750.000 602.930 601.000 490.915 480.000

Os citricultores do estado de São Paulo, que atravessaram a má fase dos anos 90, voltaram a se preocupar com as suas plantações em 2007. O greening, doença conhecida como o “câncer da laranja”, vem atacando violentamente os pomares e é o maior problema enfrentado pelos produtores atualmente. “O custo de produção ficou muito alto, principalmente por causa da doença. Estamos tomando diversas precauções para evitar que ela se alastre. Temos pela frente dois ou três anos de incerteza, já que não sabemos se as medidas adotadas contra a praga serão boas”, avisa Marcelo Fávero, da Alfa Citrus. É fácil entender a preocupação do produtor. Não existe tratamento para o greening e a recomendação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é arrancar o pé infectado. “Temos de arrancar árvores e plantar de novo, o que gera uma desigualdade nos pomares e um custo adicional no manejo”, explica. “Essa doença será um divisor de águas para ver quem realmente sobreviverá no mercado. Os produtores terão de se profissionalizar ainda mais e não haverá abundância na produção”, completa.

Limões e limas País India Mexico Argentina Brasil China USA Turkey Irã Italy Espanha Egito Peru Áfica do Sul Chile Síria Guatemala Libano Paquistão Grécia Tailândia

Toneladas 2.298.300 1.935.909 1.260.000 1.018.700 842.166 722.000 651.767 620.000 556.417 498.800 324.509 227.000 194.694 180.000 130.000 123.032 114.000 98.500 91.905

Produção citros, emem toneladas, nosnos maiores estados produtores em 2008 Produçãodede citros toneladas estados maiores produtores em 2008

Estado

Avanço do greening e mão de obra elevam preços dos citros

Tangerina País Toneladas China 15.184.608 Espanha 1.973.800 Brasil 1.205.580 Japão 1.066.000 Coréia do Norte 777.547 Turquia 744.339 Italia 591.526 Irã 702.000 Tailândia 670.000 Egito 748.395 Paquistão 640.000 Argentina 520.000 Mexico 469.037 Morocos 450.000 USA 328.000 Peru 190.410 Argélia 156.146 Israel 142.727 África do Sul 135.000 Uruguai

São Paulo Bahia Sergipe Paraná Brasil

FOTO:MARCELO ZOCCHIO

Laranja

Limão

14.537.610 1.116.896 772.070 517.400 18.538.084

Tangerina

751.208 38.914 13.895 10.073 965.333

421.122 17.355 8.657 249.811 1.079.697

Total 15.709.940 1.173.165 794.622 777.284 20.583.114

Fonte: IBGE Produção de citros paulista em 2009, em toneladas, nos maiores municípios Região Estado de São Paulo Barretos Jaboticabal São João da Boa Vista Araraquara Limeira Mogi-Mirim Catanduva Bauru São José do Rio Preto Jaú Botucatu Avaré Itapetininga

Doença sem cura e cuidados com trabalhadores encarecem a produção e reflete no valor da caixa

Para Maurício de Souza, da Raphael Juliano, o maior problema da produção de citros é a questão da mão de obra. O preconceito contra o trabalho rural e o aumento e a preferência dos trabalhadores pelos canavias dificultam a captação e a fidelidade desse trabalhador. Os cuidados com a segurança do funcionário também estão maiores. “Os gastos com pessoal praticamente dobraram o custo da colheita”, confirma Marcelo Fávero Apesar do alto custo com mão de obra, os citricultores de São Paulo conseguiram reduzir a informalidade no setor. Eles afirmam, também, que o Ministério do Trabalho é bastante atuante no interior e que, investindo em treinamento, segurança, educação e saúde, os funcionários rendem melhor. “Queremos ter os melhores funcionários trabalhando conosco; para isso, temos de transformá-los nos melhores”, acrescenta Maurício de Souza.

Laranja

Limao

11.610.463 1.751.459 1.085.927 1.250.689 1.122.475 1.070.183 1.010.615 419.117 737.898 685.343 682.523 599.456 628.058 566.720

Tangerina

912.275 37.790 275.218 11.436 4.468 7.742 40.851 458.718 8.218 15.945 4.250 42.146 438 5.055

52.964 3.639 9.058 0 734 709 880 4.509 1.204 0 2.446 0 0 29.784

Citros 12.575.702 1.792.888 1.370.204 1.262.125 1.127.677 1.078.634 1.052.346 882.345 747.319 701.288 689.219 641.602 628.496 601.559

% 100 11 9 8 7 7 7 6 5 4 4 4 4 4

A figura abaixo mostra a evolução da produção paulista entre 1983 e 2009, considerando a produção do ano de 1983 como 100.

Evolução da produção de citros de 1983 a 2009 (1983-base 100)

275 225 175 Laranja

125 Tangerina

75 25

Limão


JORNAL ENTREPOSTO l

A7

Junho 2010

Os citros e o Entreposto Terminal de São Paulo da Ceagesp Os citros são responsáveis por 35% do volume de frutas comercializado no entreposto paulistano da Ceagesp. O volume comercializado, 587.369 toneladas, representa 17% do volume de laranja para o consumo in natura produzido no Estado de São Paulo, 5% do limão e 94% da tangerina (tangerina e mexerica)

Os dados de entrada de citros do SIEM (Sistema de Informação e Estatística de Mercado) trabalhados a partir das notas fiscais recolhidas na portaria da Ceagesp permitem a construção do retrato da comercialização dos citros no ano passado. Os citros são fornecidos por 214 municípios brasileiros, 12 estados e 3 países. Quarenta municípios paulistas são os responsáveis pelo fornecimento de 91% do volume.

Volume e participação dos citros na comercialização de frutas no ETSP em 2009 Produto Laranja Tangerina Limão Mexerica Lima da Pérsia Quincan Grape-fruit Citros Frutas

Toneladas 366.172 120.755 83.171 10.822 6.108 222 118 587.369 1.675.956

% frutas 22 7 5 1 0 0 0 35 100

O Estado de São Paulo responde por 97% dos citros. A oferta paulista é bem distribuída ao longo do ano, variando de 6.41% do volume no mês de fevereiro a 10,18% em julho.

A oferta de citros importado é maior que a do Rio Grande do Sul, com 0,38% do volume total. Ela acontece durante todo o ano, sendo maior nos meses de novembro, dezembro e março.

Dez municípios paulistas respondem por 57% do volume total. O primeiro é Limeira com 19% do volume, seguido por Conchal, Porto Feliz, Mogi Mirim, Aguaí , Casa Branca, Bebedouro, Pirangi, Adolfo.

O segundo estado maior fornecedor é Minas Gerais com 1,46% do total e concentra 55% da sua oferta nos meses de março, abril, julho e agosto.

Trezentos e cinquenta atacadistas comercializam citros, sendo 50 responsáveis por 80% do volume, 10 por 43%, 5 por 29% e primeiro colocado por 10% do volume.

O Rio Grande do Sul, o terceiro estado maior fornecedor com 0,27% do volume, tem um oferta bem concentrada nos meses de agosto e setembro (86%).

Nos últimos dez anos, entre 1999 e 2009, o volume de citros comercializado na Ceagesp cresceu 24%. O maior crescimento foi de limão (94%), seguido pela lima da Pérsia (37%), laranja (17%) e tangerina (16%). A figura acima mostra a evolução da oferta de citros entre 1999 e 2009, considerando a produção do ano de 1999 como 100.

A origem é próxima do ETSP: 56% do volume viaja menos que 200 km, 12% entre 200 e 300 km, 20 % entre 300 e 400 km e 12% entre 400 e 500 km.


A8

Junho 2010 l JORNAL ENTREPOSTO


JORNAL ENTREPOSTO l Junho 2010

Qualidade

B1 JORNAL ENTREPOSTO Caderno de Técnico

B

A contribuição do estado do Espírito Santo ao abastecimento da Ceagesp Anita de Souza Dias Gutierrez Cláudio Inforzato Fanale CQH-Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp

A Ceagesp surgiu em 1969 no Estado de São Paulo, resultado da fusão do Centro Estadual de Abastecimento e da Companhia de Armazéns Gerais, e reuniu na mesma empresa as atividades de suporte à comercialização de frutas e hortaliças e de prestação de serviços de armazenagem de grãos e da necessidade, mais uma vez, de reorganização do espaço urbano. O Entreposto Terminal de São Paulo da Ceagesp recebeu uma grande parte dos comerciantes que então atuavam na região do Mercado Municipal Paulistano, conhecido como ‘Mercadão’. A Ceagesp, empresa estatal que fazia parte do governo paulista, pertence desde 1998 ao governo federal e é ligada ao Ministério da Agricultura. Ela é proprietária do terreno e instalações das Ceasas, administra a sua utilização e manutenção e presta alguns outros serviços de informação e apoio a todos os agentes de produção e comercialização. A Ceagesp paulistana concentra 38% das frutas e 30% das hortaliças comercializadas nas principais Ceasas brasileiras. Os serviços prestados pela companhia a tornaram um ponto de apoio estratégico para todos os elos da cadeia de produção: informação de mercado, combate à inadimplência e aos atritos comerciais, desenvolvimento de padrões de qualidade, desenvolvimento de ferramentas de melhoria de gestão das frutas e hortaliças pelo varejo e serviço de alimentação, monitoramento e resíduo de agrotóxico, apoio ao produtor na comercialização, sensibilização e capacitação. As informações aqui apresentadas são originárias da consolidação das informações das notas fiscais recolhidas na portaria de entrada da Ceagesp. O banco de dados do SIEM (Sistema de Informação e Estatística de Mercado) registra a cada dia, cada entrada – produto, variedade, volume, origem (município e estado) e destino no mercado atacadista. O Entreposto Terminal de São Paulo da Ceagesp registra a entrada de 165 frutas e hortaliças e 109 tipos de pescado. O Estado do Espírito Santo, em 2009, enviou para a Ceagesp 38 tipos de frutas e hortaliças (66.222 toneladas) e 52 tipos de pescado (929 toneladas).

A participação do Espírito Santo no fornecimento de algumas frutas e hortaliças à Ceagesp é expressiva:

Números de participação

Espírito Santo

40% coco verde 8.995 toneladas

27% mamão 38.565 toneladas

15% jaca 234 toneladas

11% chuchu 5.720 toneladas

11% gengibre 398 toneladas

10% maracujá 4.044 toneladas A participação do Espírito Santo no fornecimento de alguns pescados é ainda maior: Números do pescado

Espírito Santo

80% badejo 10 toneladas

74% olho de boi 25 toneladas - 59% do Xixarro - 15 t. - 48% do Xareu - 29 t. - 41% da Garoupa - 13 t. - 39% da Chiova - 20 t. - 32% do Agulhão - 36 t. - 29% do Dourado - 36 t. - 28% do Atum - 393 t. - 16% do Pargo - 17 t. - 14% das Anchovas - 55 t. - 12% das Lagostas - 410 kg - 12% do Namorado - 12 t. - 11% do Bonito - 52 t. - 8% do Galo - 6 t. - 6% da Peroa - 9 t.

Os outros tipos de pescado, com participação menor que 5%, foram: Anchovas, Baiacu, Pampo, Peixe Batata, Pacu, Oveva, Cação, Olho de Cão. Meca, Pitangola, Palombeta, Serra,Pirajica, Prego, Curimbatá, Piau, Olhete, Traira, Conglio Rosa, Lula, Camarão, Bagre, Carapu, Polvo, Sardinha, Pescada, Mandi, Manjuba, Peixe Castanha, Tilápia, Espada, Cavalinha, Corvina, Piranha, Tainha, Abrotea. A relação das frutas e hortaliças e do pescado na Ceasa paulistana, em ordem por volume de entrada, é bem diferente da relação por ordem de participação no volume total comercializado na Ceagesp.

A figura I mostra a flutuação mensal de entrada em toneladas do Mamão Capixaba: Formosa e Havaí. O preço é função da oferta e demanda de cada dia. Os dados de entrada semanais permitem entender melhor as variações de preço ao longo do ano. Numa oferta perfeitamente estável teríamos 1,89% do volume em cada semana do ano.

O mamão responde por 58% do volume das frutas e hortaliças capixabas que entram na central de São Paulo, seguido pelo coco verde com 14%, o chuchu com 9%, o tomate com 9%, o maracujá com 6%, totalizando 96% do volume total das frutas e hortaliças capixabas. O atum responde por 42% do pescado capixaba que entra na Ceagesp, seguido pelo cação com 8%, pelas anchovas com 6%, pelo bonito com 6%, pelo dourado com 4%, pelo agulhão com 4% e pelo xareu com 3%, que totalizam 73% do volume total de pescado capixaba. Os dados do SIEM permitem ainda a determinação da origem do produto por época: dia, semana, dia da semana, mês e ano – a caracterização da sazonalidade da oferta do produto.

A figura II mostra o volume de entrada semanal e a figura III a variação % de entrada em relação a uma entrada semanal perfeitamente estável. Podemos observar na figura III uma variação % de entrada que vai de -67% (semana 01) até +78% (semana 39) no Mamão Formosa e de -65% (semana 53) a +68% (semana 46) no Mamão Havaí.

Vamos trabalhar os dados do mamão capixaba no ETSP da Ceagesp no ano de 2009, 38.565 toneladas, que representam 27% do mamão aqui comercializado. Sete estados brasileiros enviam mamão para a Ceagesp: a Bahia responde por 65% do volume, o Espírito Santo por 27% e em seguida São Paulo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro, cada um com menos que 3% de participação. O SIEM registra duas variedades de mamão: Formosa e Havaí. Em 2009 o Formosa foi responsável por 36% do volume total anual. A proporção entre o Formosa e o Havaí, que entra na Ceagesp, proveniente da Bahia é de 20 para 80% e do Espírito Santo de 62 para 38%.

Quinze municípios capixabas enviaram mamão para a Ceagesp em 2009. Cinco municípios foram responsáveis por 85% do volume. Os municípios de Pinheiros, Montanha e Pedro Canário enviam muito mais Formosa que Havaí - Pinheiros com 94% de Formosa, Montanha 76% e

Pedro Canário 96%. Nos outros municípios a oferta de Havaí é maior que a oferta de Formosa - São Mateus com 58% de Havaí, Linhares 95%, Sooretama 96%, Aracruz 98% e Nova Venécia 57%. A oferta de mamão baiano foi estável ao longo do ano, variando entre 10% e 7% ao

mês, sendo janeiro o mês de maior entrada e dezembro o de menor entrada. A oferta de mamão capixaba também estável ao longo do ano, variando entre 11% e 7% ao mês, sendo maio e junho os meses de maior entrada e dezembro o de menor entrada.


B2

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

JORNAL ENTREPOSTO l

Junho 2010

B3


B2

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

JORNAL ENTREPOSTO l

Junho 2010

B3


B4

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

JORNAL ENTREPOSTO l

Junho 2010

B5


B4

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

JORNAL ENTREPOSTO l

Junho 2010

B5


B6

Junho 2010 l

Crescimento

A agricultura foi um dos destaques na geração de empregos formais em maio. Dados divulgados no último dia 21 pelo Ministério do Trabalho, mostram que de janeiro a maio, o setor acumula saldo positivo de 119.683 novas vagas com carteira assinada, crescimento de 8,19% em relação aos cinco primeiros meses de 2009.

JORNAL ENTREPOSTO

Situação atual do setor hortifrutícola e tendências para junho

Flávio Luis Godas Chefe da Seção de Economia e Desenvolvimento da Ceagesp

Quantidades comercializadas O entreposto terminal de São Paulo – ETSP registrou, no período de janeiro a maio, ligeira elevação na quantidade ofertada. O volume comercializado neste ano foi 0,37% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Atacado

Produto Legumes Frutas

Local Verduras

Foram comercializadas 1.311.828 toneladas nos primeiros cinco meses do ano ante 1.307.009 negociadas no mesmo período de 2009. Dias da semana

Horário

Seg. a Sáb. Seg. a Sáb.

14h às 21h 8h às 18h

AP – Armazém dos Produtores HF – Hortifrutícolas MFE – Mercado de Frutas Estacionais Seg. a Sáb.

Local Pescados

MLP- Mercado Livre do Produtor Terça. a Sáb.

Local Diversos *

Praça (Peixe, sardinha e congelados) 9h às 20h

Seg. a Sáb.

Local Flores

Local Flores

Local

AM – Armazém dos Produtores BP – Boxes dos Produtores Seg. e Quinta

10h às 18h

Terça e Sexta

6h às 11h

PBCF – Pavilhão (batata, cebola e flores) MLP – Mercado Livre do Produtor Portão 3

*Os produtos Diversos incluem batata, cebola, alho, ovos, coco seco e banana

Varejo

Produto Varejão

Local Varejão Noturno

Local Flores

Dias da semana

Horário

Sáb. e Dom.

7h às 13h

Quarta

17h às 22h

MLP – Mercado Livre do Produtor Portão 3

PBCF – Pavilhão (batata, cebola e flores) Portão 7 Seg. e Quinta

Local

Por setor de comercialização, houve crescimento nos setores de legumes (0,83%), verduras (2,91%) e diversos (1,49%). Os setores de frutas, flores e pescados apresentaram ligeira retração do volume comercializado

10h às 18h

MLP – Mercado Livre do Produtor Portão 3

Diretora Geral Selma Rodrigues Tucunduva Departamento Comercial José Felipe Gorinelli Jornalista Resonsável Maria Ângela Ramos MTb 19.848 Edição Paulo Fernando Costa / Valéria Camargo Estagiária Mariana G. Marques

Colaboradores Neno Silveira, Flávio Godas, Otávio Gutierrez, Anita Gutierrez e Manelão Periodicidade: Mensal Distribuição: Gratuita

Redação Avenida Dr. Gastão Vidigal, 1946 Edifício Sede II – Loja 14A - CEP 05314-000 Tel / fax: 3831-4875 / 3832-5681 / 3832-9121 / 3832-4158 E-mails:

Editoração Eletrônica / Artes Letícia D. Benetti Projeto Gráfico Paulo Cesar Rodrigues Web Master Michelly Vasconcellos

diretoria@jornalentreposto.com.br jornalismo@jornalentreposto.com.br comercial@jornalentreposto.com.br Os artigos e matérias assinadas não refletem, necessariamente, o pensamento da direção deste jornal, sendo de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.

www.jornalentreposto.com.br

Tendência As condições climáticas registram nesta época do ano poucas chuvas e temperaturas mais amenas nas regiões Sul e Sudeste, ou seja, boas condições para a produção de hortifrutícolas.

OPÇÕES DE COMPRA PRODUTO

EMBAL.

PESO(KG)

ABRIL PREÇO MÉDIO(R$)

MAIO PREÇO MÉDIO(R$)

TENDÊNCIA P/ MÊS JUNHO

FRUTAS ABACATE FORTUNA

CX K

22,00

20,18

20,00

ESTÁVEL

BANANA NANICA

KG

1,00

0,93

0,90

ESTÁVEL

FIGO

CX T

1,50

5,83

7,90

BAIXA

LIMÃO TAITI

CX M

25,00

20,71

22,04

ESTÁVEL

MAMÃO FORMOSA

KG

1,00

1,03

1,02

BAIXA

MANGA TOMMY

KG

1,00

1,28

1,24

BAIXA

MORANGO

KG

1,00

12,78

9,93

BAIXA

MELANCIA

KG

1,00

0,59

0,71

ESTÁVEL

MELÃO AMARELO

CX

13,00

17,57

17,90

ESTAVEL

TANGERINA PONKAM

CX M

22,00

22,43

18,30

BAIXA

0,78

0,86

ESTÁVEL

LEGUMES ABÓBORA MORANGA

KG

1,00

ABOBORA SECA

KG

1,00

1,09

1,13

ESTÁVEL

ABOBRINHA BRASILEIRA

CX K

20,00

18,65

14,66

BAIXA

BATATA DOCE ROSADA

CX K

22,00

13,97

13,34

BAIXA

BERINJELA

CX K

12,00

11,33

8,80

ESTAVEL

CARA

CX K

22,00

17,46

14,52

BAIXA

MANDIOCA

CX K

23,00

10,47

11,52

ESTÁVEL

PIMENTÃO VERDE

CX K

11,00

18,66

13,45

BAIXA

PEPINO COMUM

CX K

23,00

15,59

16,29

BAIXA

12,00

11,65

9,15

ESTÁVEL

VERDURAS ACELGA

ENG

ALFACE CRESPA

ENG

7,00

10,38

8,35

ESTÁVEL

ALFACE LISA

ENG

8,00

11,80

9,13

ESTÁVEL

CEBOLINHA

DZMÇ

6,00

11,51

10,18

ESTÁVEL

MILHO VERDE

SC

20,00

8,72

6,41

ALTA

NABO

3,00

5,01

4,02

BAIXA

REPOLHO LISO

ENG

25,00

14,80

12,17

ESTÁVEL

DIVERSOS ALHO ESTRANG. CHINES

KG

1,00

5,79

5,50

ESTÁVEL

OVO BRANCO

CX

20,00

43,52

44,20

ESTÁVEL

FLORES

Com a expectativa de retração do consumo, os preços devem se manter em patamares reduzidos. Assim, os índices que medem a inflação devem refletir estas reduções de preços dos produtos in natura no item alimentação. O índice Ceagesp, que mede os preços de 105 produtos comercializados no entreposto, registrou queda de 6,65% em maio e a expectativa é de mais queda em junho. No setor de frutas são várias as opções de compra em razão da sazonalidade e a expectativa é de ligeira queda de preços neste mês. Legumes e verduras, preservadas as condições climáticas atuais, também deverão continuar o processo de queda dos preços praticados já que o clima favorece a produção e a demanda apresenta retração nesta época do ano. Nos setores de flores e pescados a expectativa é de preços e volumes estáveis.

ALSTROMÉRIA

0,40

9,78

8,96

ESTÁVEL

BOCA DE LEÃO

0,66

7,16

6,94

BAIXA

CRAVO COMUM

DZ

0,25

9,75

9,75

ESTÁVEL

CRISANTEMO COMUM

PCT

1,50

12,60

11,85

ESTÁVEL

CRISANTEMO POLARES

VS

2,50

2,58

2,58

ESTÁVEL

DALIA

0,44

5,08

5,85

ESTÁVEL

ESTRELICIA

DZ

0,90

4,72

4,79

BAIXA

GIRASSOL

PCT

2,60

5,32

5,25

ESTÁVEL

LISIANTHUS

DZ

0,25

14,53

13,99

BAIXA

PESCADOS ABROTEA

KG

1,00

3,48

2,82

BAIXA

ATUM

KG

1,00

6,81

6,99

BAIXA

BAGRE

KG

1,00

3,69

2,86

BAIXA

CAVALINHA

KG

1,00

2,20

2,13

BAIXA

CORVINA

KG

1,00

3,12

2,77

ESTÁVEL

ESPADA

KG

1,00

1,67

1,65

ESTÁVEL

MANJUBA

KG

1,00

5,00

5,67

ESTÁVEL

SARDINHA FRESCA

KG

1,00

1,36

1,91

BAIXA

PRODUTOS COM QUANTIDADES OFERTADAS REDUZIDAS FRUTAS

ABACAXI PEROLA,CAQUI, LIMA DA PÉRSIA E MEXERICA RIO.

LEGUMES

ERVILHA TORTA, PIMENTÃO VERMELHO E VAGEM MACARRÃO.

VERDURAS

ESPINAFRE, BROCOLOS E COENTRO.

DIVERSOS

BATATA COMUM E CEBOLA.

PESCADOS PINTADO E ROBALO. FONTE: CEAGESP


B7

JORNAL ENTREPOSTO l Junho 2010

A mosca do �igo: um grande desa�io na produção Estudo realizado pelo CQH, ajuda os atacadistas a prevenir e diminuir a ocorrência de Mosca do Figo, a pior praga do figo Por Paula Albino Sugio O figo (Ficus carica L.) é uma frutífera de grande expressão econômica e ocupa o terceiro lugar na exportação brasileira de frutas temperadas com 1,64 mil toneladas, após a maçã com 112,25 mil toneladas e a uva com 82,24 mil toneladas. O figo é cultivado em mais de 20 países e o Brasil é o décimo produtor mundial com 23 mil tone-

ladas uma produção muito inferior aos países árabes, como o Egito com 262 mil toneladas, a Turquia com 210 mil toneladas e o Irã com 88 mil toneladas (FAO, 2007). As principais regiões produtoras brasileiras, em ordem de importância, são: Rio Grande do Sul, com 43% da produção, São Paulo com 28% e Minas Gerais

com 22%. A quase totalidade dos frutos colhidos no Rio Grande do Sul é destinada ao processamento industrial. A maior parte do figo de mesa, nacional e internacional, é cultivada no estado de São Paulo, principalmente nas cidades de Valinhos (3,9 mil toneladas) e Campinas (4,3 mil toneladas).

O ataque de pequenos insetos foi observado em 1999, na região de Valinhos (SP), e acabou se transformando num grande problema e desafio para todos os agentes de produção e de comercialização de figo. A mosca (Zaprionus indianus Gupta, 1970), de 2,5 a 3 mm de comprimento e coloração marrom, coloca os seus ovos na região do ostíolo do figo, em início de maturação ou quando os frutos ainda estão verdes. A oviposição é feita geralmente por diversas fêmeas no mesmo local do ostíolo formando uma massa de ovos. O inseto é o vetor, no período de incubação dos ovos, de agentes patogênicos que iniciam a decomposição dos frutos, tornando o ambiente mais propício para o desenvolvimento das larvas eclodidas . Ela é hospedeira, conhecida de 74 espécies botânicas de 31 famílias. Só a cultura da figueira exige medidas de controle, já que nesta cultura o prejuízo pode chegar a 50% da produção. O ciclo, de ovo até tornarse adulto, é rápido e leva de 15 a 20 dias e a incubação, 24 horas. A oviposição pode chegar a três mil ovos em período de 70 dias. Um estudo realizado sobre ‘Eficiência de Protetores de Ostíolo do Figo sobre a Infestação da Mosca Zaprionus indianus Gupta’ mostrou a associação entre a levedura Candida tropicalis e os figos infestados por Z. indianus. As larvas da mosca se alimentam da fermentação de leveduras e bactérias, inseridas com a postura, e o substrato fermentado serve como alimentação para os adultos, para o desenvolvimento das larvas e das pupas. A espécie Z. indianus é considerada a principal praga do figo na época chuvosa, quando a incidência aumenta. As recomendações de manejo publicadas são: • Limpeza dos pomares e arredores, retirando todas as frutas em decomposição ou amadurecidas precocemente;

1- Ataque de Zaprionus indianus Gupta

• Ensacamento dos frutos com sacos de polietileno ou papel manteiga, que apresentaram resultados satisfatórios melhorando a coloração e o peso do fruto; • Uso de etiquetas nos ostíolos. Redução de infestação entre 74% e 92%, maior velocidade de maturação e aumento do peso médio dos frutos; • Aplicação de gel constituído de carboximetilcelulose e citronela próxima ao ostíolo. Eficiência de 35% a 83%; • Aplicação de calda bordalesa sobre os ostíolos. Eficiência de 54% a 82%; O uso exclusivo de inseticidas é considerado ineficiente. A maior novidade no monitoramento e controle de mosca do figo foi criada por Maurício Brotto, de Campinas (SP), um dos maiores exportadores de

figo. A armadilha, segundo Marcelo Brotto, seu irmão, é muito eficiente registrando em período seco quase 0% de incidência da mosca e em período úmido, no máximo 5%. O atrativo usado é composto por um litro de água, meio quilo de figo apodrecido e 30 ml de melaço, misturados, separados em volumes de 100 ml a 150 ml e colocados em garrafa plástica. Cada garrafa recebe cinco orifícios de 4 mm de diâmetro e distanciados da 15 cm da base da garrafa. As moscas são atraídas pela mistura, não conseguem sair da garrafa e acabam morrendo. A adição de inseticida diminui a eficiência do controle. A armadilha é pendurada com um arame num galho da figueira, a cada 10 plantas, de novembro a abril, e o líquido é trocado semanalmente. O sucesso do controle exige a adoção da armadilha e de medidas de prevenção como a colheita criteriosa e a limpeza dos pomares.

2- Larva de Zaprionus indianus Gupta


B8

Junho 2010 l

O Volvo VM é o caminhão mais econômico da sua categoria. Tem menor consumo de combustível com muito mais autonomia. Mais conforto e melhor desempenho com um câmbio de nove marchas.

Mais informações pela Linha Direta Volvo 0800 41 1050

Experimente o melhor caminho para sua economia, conheça o Volvo VM.

www.volvo.com.br

JORNAL ENTREPOSTO


JORNAL ENTREPOSTO l

Junho 2010

Sustentabilidade

C1

JORNAL ENTREPOSTO Caderno de Notícias

C

ENTREVISTA

Os desafios da fruticultura brasileira FOTO: PAULO FERNANDO

Falta de padrões de qualidade expõe ineficiência da cadeia produtiva e afugenta os consumidores das gôndolas dos supermercados, avalia especialista do Ibraf

Paulo Fernando Costa De São Paulo

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que o valor bruto da produção de frutas atingiu R$ 17,2 bilhões em 2008. Entretanto, o pujante setor, que gera cerca de cinco milhões de empregos diretos, ainda precisa superar inúmeros obstáculos para continuar crescendo. Enquanto a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda a ingestão per capita de 100 quilos de frutas frescas ao ano, estima-se que o consumo no Brasil esteja em torno de 60 quilos anuais. “Para alcançarmos esse número ideal, precisamos estimular o consumidor, através de ações de marketing, mostrando que nossas frutas são, acima de tudo, saborosas. E tal iniciativa deve vir acompanhada da adoção efetiva de padrões de qualidade”, diz o engenheiro agrônomo Maurício de Sá Ferraz, presidente da Câmara Setorial de Frutas do Estado de São Paulo e gerente técnico do Ibraf (Instituto Brasileiro de Frutas). “Sabemos que os consumidores no Brasil e no exterior estão exigindo que os produtores demonstrem que estão produzindo de forma sustentável, respeitando o meio ambiente e os aspectos relacionados à segurança alimentar”, acrescenta. Em entrevista ao JE, o especialista lembrou que as novas técnicas de produção, variedades e tecnologias desenvolvidas pelos cientistas brasileiros continuarão a alavancar o setor nos próximos anos. “As instituições de pesquisa são de fundamental importância para o processo, produtivo, pois contribuem para melhorar as condições da produção à pós-colheita”, afirma. A seguir, trechos da conversa: Jornal Entreposto – Quais são os principais gargalos da fruticultura nacional e como superá-los? Maurício de Sá Ferraz – O principal é o custo Brasil, que vem acabando com a competitividade das frutas brasileiras no mercado internacional, mas podemos ainda mencionar a falta de registro de defen-

“ sivos de novas gerações e a baixa disponibilidade de crédito como problemas recorrentes A deficiência na área de transporte, logística, armazenagem, manuseio nos portos e, em alguns setores, a falta de mão de obra especializada também atrapalham o desenvolvimento do setor, assim como a pouca integração entre o governo e iniciativa privada e as recomendações de plantio baseadas na experiência, ao invés de em tendências de mercado, restringindo o plantio às variedades conhecidas. Tais ameaças devem ser amenizadas com políticas públicas voltadas a estimular a agricultura, trabalhando a cadeia integral da produção à comercialização, apostando na conscientização do consumidor e desonerando o custo Brasil. Essas medidas tornariam nossa fruticultura mais competitiva.

duzidas no Brasil que têm despertado o paladar de consumidores em outros países?

JE – Quais são as frutas pro-

JE – Como as demandas so-

Ferraz – As frutas tropicais despertam grande interesse dos consumidores mundiais, como nossas bananas, mamões e mangas, que não são produzidas nos principais países compradores, que estão no hemisfério norte ou em regiões de clima temperado, onde não é possível produzi-las. Devemos salientar também que nossas frutas nativas como açaí, cupuaçu, camu-camu, seriguela, cajá, umbu, pitanga, graviola, mangaba, entre tantas outras que ainda são pouco ou quase conhecidas no mercado mundial, devem ganhar força nos próximos anos, devido a suas características funcionais e nutricionais, impulsionando nosso país como grande fornecedor de frutas diferenciadas e únicas.

As instituições de pesquisa são de fundamental importância para o processo, produtivo, pois contribuem para melhorar as condições da produção à pós-colheita”, afirma.

cioambientais da atualidade se refletem na fruticultura brasileira e mundial? Ferraz – O selo Fruta Sustentável criado pelo Ibraf é um reflexo dessa demanda, pois visa utilizar o recurso natural e humano de forma adequada. Vale lembrar que a fruticultura ajuda a preservar áreas verdes, inclusive a legislação vigente no país permite o cultivo frutíferas perenes em APPs (Áreas de Proteção Permanente). Além disso, a fruticultura brasileira está baseada, principalmente, em pequenas propriedades, nas quais a agricultura familiar é muito presente. Assim, o produtor, antes de todos, deve estar preocupado com o meio ambiente, uma vez que necessita dele para poder produzir. JE – Em que consiste o selo Fruta Sustentável? Ferraz – O Ibraf, que acompanha de forma sistemática os mercados interno e externo, está ciente da tendência de um consumo mais sustentável e, por isso criou este selo, cujo objetivo é garantir ao consumidor que a produção no campo respeite as normas de higiene, preservação do meio ambiente e condições de trabalho justas e seguras. A rastreabilidade também é garantida, pois há um controle rígido de toda a cadeia, desde a área de produção até o embalamento da fruta. Além disso, ele diferencia a qualidade da produção do fruticultor que opta por cumprir com os parâmetros das Boas Práticas Agrícolas, que é o pilar do selo, levando em conta protocolos de qualidade, as expectativas do mercado consumidor e as exigências legais, tais como GlobalGap, PIF (Produção Inte-

grada de Frutas) e IN 54 (Instrução Normativa) – Boas Práticas Agrícolas – e protocolos das redes varejistas. JE – Qual a importância dessa e de outras certificações para a agricultura nacional? Ferraz – A importância do Fruta Sustentável é garantir a rastreabilidade, o uso adequado e seguro de insumos e defensivos a higiene na manipulação de alimentos, a segurança do trabalhador e a diminuição dos impactos ambientais, gerando benefícios ao produtor, como melhoria na gestão da propriedade, aumento da competitividade da fruta, acesso a canais diferenciados de comercialização e o marketing positivo das frutas produzidas de forma sustentável. Para o consumidor, a certificação visa garantir, principalmente, a segurança do alimento, através da oferta de uma fruta com origem conhecida e controlada, produzida num sistema agrícola que respeita o meio ambiente e os trabalhadores. JE - E quanto à fruticultura orgânica, como estamos? Ferraz – A fruticultura orgânica ainda é pouco representativa no país, com pouca informação estatística e, ainda assim, com tendência de crescimento, devido à preocupação do consumidor com a alimentação mais saudável. É um nicho de mercado que precisa ser melhor explorado e estudado no Brasil. Vale lembrar que a conversão para uma fruticultura orgânica leva tempo e demanda investimento em pesquisa, mas, na atualidade, acredito que uma fruticultura sustentável seja mais adequada às reais condições da nossa agricultura.


C2

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

FOOD SERVICE

Marcomar comemora 10 anos e apresenta portfólio renovado FOTOS: PAULO FERNANDO

Distribuidora de pescados de alta qualidade inaugura centro de processamento na Ceasa Campinas e muda sua comunicação visual

Paulo Fernando De São Paulo

Ao apostar em novos produtos importados e em espécies provenientes da costa brasileira, a Marcomar está de olho num segmento que só tende a crescer no país: o de refeições fora do lar. Hoje, 60 milhões de brasileiros se alimentam dessa forma, resultando num fluxo financeiro diário de R$ 420 milhões. Segundo cálculos da ECD Consultoria, esse mercado deverá se expandir 15% este ano. A pesquisa ainda revela que, até 2014, 83 milhões de pessoas vão comer todos os dias em bares, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos congêneres. Durante a 26ª Fispal Food Service, realizada no início deste mês, em São Paulo, a atacadista de pescados e frutos do mar de alta qualidade que mantém parte de suas operações na Ceagesp apresentou aos visitantes as soluções específicas que desenvolveu para esse pujante setor, como a linha de porcionados padronizados e prontos para descongelar e servir. Na Semana Internacional da Alimentação, a diretoria da Marcomar também mostrou a nova cara do website da empresa, que comemora dez anos de atuação em 2010, e anunciou a inauguração de um centro de processamento na Ceasa Campinas, cujo objetivo é otimizar a logística para atender o interior do estado. Atualmente, o salmão, o cação e a merluza respondem por mais de dois terços das vendas da Marcomar, que está incluindo pescados nacionais em seu amplo portfólio. “Estávamos sentindo essa necessidade, porque somos uma empresa brasileira e queríamos explorar um pouco mais nossos produtos”, conta a diretora comercial e operacional da companhia, Elisangela Pereira. “Também aumentamos nossa oferta de frutos do mar e, partir deste ano, o camarão proveniente do Nordeste se tornou um dos itens mais comercializados por nós. Esse crustáceo já representa cerca de 5% do faturamento”, acrescenta. Entre os itens importados, a novidade fica por conta do pangasius, um peixe de água doce produzido em larga escala no Vietnã. “É um filé branco, cujo sabor é muito suave. Nós o chamamos de peixe-frango”, explica Segundo a executiva, o aumento da renda familiar e a disseminação da cultura da alimentação saudável são os dois principais fatores que impulsionam os negócios do setor no país. Todavia, enquanto a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) recomenda o consumo anual de 20 quilos de peixes, a média per capita no Brasil ainda é de oito quilos. “Nosso mercado está

bom, está aquecido, mas nosso setor poderia ser bem mais organizado, como acontece com as indústrias de carne bovina e de aves”, avalia, citando os casos de sucesso do Chile e da Argentina. Em entrevista concedida ao JE na Fispal 2010, a diretora da empresa lembrou que esses países conseguiram aproveitar seu potencial e conseguiram construir indústrias vigorosas. “Já o Brasil carece de confiança. Como distribuidora, eu tenho muita dificuldade para encontrar um produto de procedência confiável”, completa. A seguir, trechos da conversa: JE – Quais são os principais gargalos que o setor de pescados frescos enfrenta no Brasil? Elisangela Pereira – Faltam investimentos para fomentar a indústria. Também falta um pouco de organização setorial e do próprio governo, para que indústrias e, principalmente, a aquicultura possam se desenvolver. A aquicultura é uma tendência para suprir a demanda de proteínas. Hoje, essa é a alternativa mais sustentável, pois a pesca extrativa está cada vez mais difícil. O Ministério da Pesca foi criado recentemente e está trabalhando para isso. Atualmente, a pesca está sendo encarada com mais profissionalismo. No entanto, ainda existem muitas empresas pequenas e com estruturas informais. Tudo isso são gargalos para o crescimento. Comunidades produtoras necessitam de capacidade de beneficiamento e uma figura jurídica que as represente. O negócio da Marcomar é distribuir pescados, e não produzilos Então, temos essa carência de fornecedores nacionais organizados, que beneficiem, agreguem valor e me entreguem um produto seguro para eu distribuir. Por isso, é mais fácil importar do que comprar no Brasil. JE – No tocante à distribuição desses alimentos de alta perecibilidade, quais problemas você destacaria? Elisangela – Existem dois pontos relevantes quanto à Ceagesp. Primeiro, é a informalidade. É preciso profissionalizar o Entreposto de São Paulo. O mercado de peixe é muito antigo e nenhum mercado sobrevive trabalhando como antigamente. Hoje em dia, é diferente e tem de haver um sistema de gestão. Tem de haver as garantias de compra e venda. O segundo ponto é uma questão cultural, que envolve o controle da cadeia do frio e as boas práticas de manipulação do produto. Isso vai desde o uniforme, roupas protetoras, touca para o cabelo até ferramentas de manipulação. Falta a consciência que nós trabalhamos com comida. Isso é uma questão de responsabilidade social mesmo.

Saudáveis e saborosos, pratos da culinária japonesa ajudam a disseminar o consumo de peixes e frutos do mar no Brasil

JE – Apesar dos problemas, o consumo de pescados está crescendo no país. Em quais nichos é possível verificar esse aumento? Elisangela – O mercado está se organizando muito, as peixarias também elevaram o nível e estão expondo o produto de uma forma mais atrativa, cuidando da limpeza, que é um dos maiores fatores de restrição à compra. Também vejo os supermercados muito empenhados nesse trabalho. Em contrapartida, o food service atua como um multiplicador de experiências sensoriais. Quando se prova uma tilápia num restaurante e se tem uma boa experiência, o consumidor a compra no supermercado para copiar a receita em casa. Um nicho acaba apoiando o outro. No food service, um detalhe que impactou muito no consumo foi o aumento do número de estabelecimentos de culinária japonesa. É uma comida bonita, atrativa. Há dez anos, não pensávamos que comeríamos peixe cru. Hoje, ele caiu no gosto de todo mundo. Existe o receio de experimentar, mas depois você passa a comer, porque é bonito e, principalmente, saudável. Isso tem muito a ver com essa busca Elisangela Pereira: food service contribui para expansão do setor

Dieta equilibrada não dispensa frutas, legumes e peixes

de alternativas saudáveis e saborosas. Queremos saúde, mas não queremos abrir mão do paladar. Esses fatores impulsionaram muito o consumo de pescado no Brasil inteiro. Hoje, encontramos restaurantes orientais até no Norte e Nordeste do país. Por isso, a Marcomar atende todo o território nacional. Temos uma unidade em Santa Catarina, duas na capital paulista (Ceagesp e Lapa), estamos implantando uma em Campinas (SP) e temos outras em Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro e Bahia. JE – Nos últimos anos, como a responsabilidade ambiental tem norteado as ações do setor? Elisangela – Essa é uma questão de sobrevivência da população e do próprio setor de pescados. Existe uma grande demanda mundial por proteínas. Com o aumento da renda das famílias, aumenta a procura por alimentos mais saudáveis. Nesse sentido, a sustentabilidade é vital em todos os setores. Se analisarmos o caso da Ceagesp, a quantidade ofertada de peixes oriundos da pesca extrativa está caindo a cada ano. Em Santa Catarina, que é o principal polo pesqueiro do país, as indústrias foram dimensionadas para uma capacidade que hoje não existe mais, porque a pesca está cada vez mais reduzida. Isso é um reflexo bem claro que o setor vem sentindo. A alternativa é a aquicultura. É a alternativa mais sustentável, desde que ela seja praticada de forma que não interfira no habitat de outras espécies. O mundo tem amadurecido e tem caminhado para isso. Hoje, o nosso maior sucesso é o camarão. E o consumo no Brasil aumentou muito porque o aquicultor sabe exatamente a quantidade que vai produzir e, portanto, consegue manter um preço linear. A aquicultura massiva contribui para baixar o preço e despertar o consumidor que fica mais próximo de comprar. E é um item que tem no mercado todo dia que dá mais confiança ao consumidor.


JORNAL ENTREPOSTO l

Junho 2010

C3


C4

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

JORNAL ENTREPOSTO l

C5

Junho 2010

FOTO: LILIAN UYEMA

CÁ ENTRE NÓS

Manelão*

Efetuamos cobranças em todo território nacional

Colunista

Festa junina da Nossa Turma No dia 18 de junho, o Arraial da Nossa Turma na Ceagesp, depois de um ano de ausência, voltou a ser realizado. As crianças capitaneadas pelas professoras dançaram a quadrilha tendo no comando do som, com sua cabeleira vermelha e sua saia xadrez, a DJ Ana John, que também é voluntária na entidade, ensinando musicalidade. No próximo ano, ela vai ensinar aos jovens o ofício de DJ. A festa, que teve entrada gratuita, contou com uma grande diversidade de comidas típicas e de brincadeiras. A comunidade dançou e se divertiu ao som dos DJs Bamm2 e Testa. Contamos também com a presença do cantor Marcio Costa, além da cantora Angel Keys, que interpretou sucessos de Aretha Franklin, Gloria Gaynor, Byoncèe. No final, ela levou a galera ao delírio, prestando um tributo a Michael Jackson. O forró também teve vez na festa junina da Nossa Turma, na voz de Jackson do Teclado, “a máquina do forró” e do cantor Edson dos Teclados. A Queima do Alho, em sua terceira edição realizada na Ceagesp, foi um sucesso de

DE EXPERIÊNCIA EM COBRANÇAS EM TODAS CEASAS DO BRASIL

FOTO: LILIAN UYEMA

Cobradores altamente dedicados e profissionais. Efetuamos cobranças contra feirantes, sacolões e mercados. Compramos títulos e cheques sem fundos. Departamento jurídico próprio. Solicite um representante sem compromisso.

público, mas também serviu para nos dar um alerta. A Anapa (Associação Nacional dos Produtores de Alho) nos passou um dado preocupante: 80% do alho consumido no Brasil é importado da China. Aí eu disse que ainda sobravam 20% para o plantador de alho nacional. Nesse momento a preocupação aumentou porque fui informado que outros 10% vêm de países vizinhos e para o nosso alho

roxinho sobra somente 10% do mercado. Portanto, está mais do que na hora de incentivar a cultura do alho nacional. Os voluntários da Ceagesp e do banco HSBC, permissionários, a Pastoral da Criança e os profissionais da saúde da Unidade Básica de Saúde da Lapa realizaram a Ação Saúde na Nossa Turma. Toda a comunidade pôde participar de palestras, consultas

médicas e receber doses de vacinas. Além disso, o senhor Pedro Tomaz da Silva foi agraciado com uma cadeira de rodas doada por alguém que preferiu não se identificar. Agradecemos a Deus pela vida, à administração da Ceagesp, que nos cedeu o espaço para a realização da festa junina, e a todas as pessoas de bem que sonham com um mundo melhor.

Fundo de melhorias no ETSP

A Ceagesp deu início às primeiras obras executadas com recursos do Fundo de Melhorias, parceria entre a estatal e as entidades representativas dos permissionários para arrecadar recursos para obras de revitalização do entre-

posto. As obras de recapeamento da rua 17, entre os pavilhões da Batata/Cebola e o MLP começaram no final de maio e têm um custo estimado em cerca de R$ 950 mil. O objetivo é recuperar 30 mil m2 de um

total de 270 mil m2 de asfalto do entreposto. Segundo a Ceagesp, estão previstas mais obras com recursos do Fundo, entre elas a recuperação da rede de alta tensão do mercado, estimada em aproximadamente R$ 750 mil.

MISSA CORPUS CHRISTI

Fé na Ceagesp No dia 3 de junho, o galpão dos carregadores foi palco da tradicional missa de Corpus Christi no Entreposto de São Paulo, celebrada este ano pelo padre Fábio Freire Nocal, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes (Vila Leopoldina). O pároco foi auxiliado pelo diácono Luiz Carlos de Laet, capelão da Paróquia Ambiental Santa Luzia, da Ceagesp. O evento religioso, organizado pelo Sindicar (Sindicato dos Carregadores), contou com a presença de centenas de fiéis e lideranças políticas convidadas pelo presidente da entidade, José Pinheiro. Entre os ilustres, estavam o vereador osasquense Valmir Prascidelli e o vice-prefeito de São Bernardo do Campo, Frank Aguiar.

Consulte quem trabalha com a gente!

Iguatemi

Distribuidora Hortifruti Ltda

Telefone: (11) 3643-7820 3643-8385 CEAGESP

SÃO PAULO

MATO GROSSO

Telefone: (11) 2401-0959 Fone/Fax:(11) 2229-1216 e-mail:contato@ma-cobrancas.com.br site: www.ma-cobrancas.com.br

Telefone: (65) 3685-2558 e-mail: localizaecobra2010@hotmail.com


C4

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

JORNAL ENTREPOSTO l

C5

Junho 2010

FOTO: LILIAN UYEMA

CÁ ENTRE NÓS

Manelão*

Efetuamos cobranças em todo território nacional

Colunista

Festa junina da Nossa Turma No dia 18 de junho, o Arraial da Nossa Turma na Ceagesp, depois de um ano de ausência, voltou a ser realizado. As crianças capitaneadas pelas professoras dançaram a quadrilha tendo no comando do som, com sua cabeleira vermelha e sua saia xadrez, a DJ Ana John, que também é voluntária na entidade, ensinando musicalidade. No próximo ano, ela vai ensinar aos jovens o ofício de DJ. A festa, que teve entrada gratuita, contou com uma grande diversidade de comidas típicas e de brincadeiras. A comunidade dançou e se divertiu ao som dos DJs Bamm2 e Testa. Contamos também com a presença do cantor Marcio Costa, além da cantora Angel Keys, que interpretou sucessos de Aretha Franklin, Gloria Gaynor, Byoncèe. No final, ela levou a galera ao delírio, prestando um tributo a Michael Jackson. O forró também teve vez na festa junina da Nossa Turma, na voz de Jackson do Teclado, “a máquina do forró” e do cantor Edson dos Teclados. A Queima do Alho, em sua terceira edição realizada na Ceagesp, foi um sucesso de

DE EXPERIÊNCIA EM COBRANÇAS EM TODAS CEASAS DO BRASIL

FOTO: LILIAN UYEMA

Cobradores altamente dedicados e profissionais. Efetuamos cobranças contra feirantes, sacolões e mercados. Compramos títulos e cheques sem fundos. Departamento jurídico próprio. Solicite um representante sem compromisso.

público, mas também serviu para nos dar um alerta. A Anapa (Associação Nacional dos Produtores de Alho) nos passou um dado preocupante: 80% do alho consumido no Brasil é importado da China. Aí eu disse que ainda sobravam 20% para o plantador de alho nacional. Nesse momento a preocupação aumentou porque fui informado que outros 10% vêm de países vizinhos e para o nosso alho

roxinho sobra somente 10% do mercado. Portanto, está mais do que na hora de incentivar a cultura do alho nacional. Os voluntários da Ceagesp e do banco HSBC, permissionários, a Pastoral da Criança e os profissionais da saúde da Unidade Básica de Saúde da Lapa realizaram a Ação Saúde na Nossa Turma. Toda a comunidade pôde participar de palestras, consultas

médicas e receber doses de vacinas. Além disso, o senhor Pedro Tomaz da Silva foi agraciado com uma cadeira de rodas doada por alguém que preferiu não se identificar. Agradecemos a Deus pela vida, à administração da Ceagesp, que nos cedeu o espaço para a realização da festa junina, e a todas as pessoas de bem que sonham com um mundo melhor.

Fundo de melhorias no ETSP

A Ceagesp deu início às primeiras obras executadas com recursos do Fundo de Melhorias, parceria entre a estatal e as entidades representativas dos permissionários para arrecadar recursos para obras de revitalização do entre-

posto. As obras de recapeamento da rua 17, entre os pavilhões da Batata/Cebola e o MLP começaram no final de maio e têm um custo estimado em cerca de R$ 950 mil. O objetivo é recuperar 30 mil m2 de um

total de 270 mil m2 de asfalto do entreposto. Segundo a Ceagesp, estão previstas mais obras com recursos do Fundo, entre elas a recuperação da rede de alta tensão do mercado, estimada em aproximadamente R$ 750 mil.

MISSA CORPUS CHRISTI

Fé na Ceagesp No dia 3 de junho, o galpão dos carregadores foi palco da tradicional missa de Corpus Christi no Entreposto de São Paulo, celebrada este ano pelo padre Fábio Freire Nocal, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes (Vila Leopoldina). O pároco foi auxiliado pelo diácono Luiz Carlos de Laet, capelão da Paróquia Ambiental Santa Luzia, da Ceagesp. O evento religioso, organizado pelo Sindicar (Sindicato dos Carregadores), contou com a presença de centenas de fiéis e lideranças políticas convidadas pelo presidente da entidade, José Pinheiro. Entre os ilustres, estavam o vereador osasquense Valmir Prascidelli e o vice-prefeito de São Bernardo do Campo, Frank Aguiar.

Consulte quem trabalha com a gente!

Iguatemi

Distribuidora Hortifruti Ltda

Telefone: (11) 3643-7820 3643-8385 CEAGESP

SÃO PAULO

MATO GROSSO

Telefone: (11) 2401-0959 Fone/Fax:(11) 2229-1216 e-mail:contato@ma-cobrancas.com.br site: www.ma-cobrancas.com.br

Telefone: (65) 3685-2558 e-mail: localizaecobra2010@hotmail.com


C6

Junho 2010

ARTIGO

No lugar certo, na hora certa Por Abdala Jamil Abdala *

Abastecido de bons eventos regionais, faltava ao setor de frutas, verduras, legumes e derivados conquistar espaço no maior centro financeiro do País, a capital paulista. E a Francal Feiras encarou esse desafio, completando o cenário que hoje compõe um dos calendários de feiras mais fartos da atualidade. Depois de estrear seus primeiros passos com sucesso em 2009, a Fruit & Tech – Feira Internacional de Frutas, Legumes e Derivados, Tecnologia e Logística finca bandeira na capital paulista, desbravando um cenário promissor para o setor que representa. Neste ano, acontece de 27 a 29 de Setembro, no Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte. Tendo como principal objetivo promover bons negócios de ponta a ponta da cadeia de fru-

tas, do produtor ao comprador, passando pelos fornecedores, importadores e exportadores, o evento já mostrou a que veio. Em sua primeira edição, foram efetivadas 255 reuniões em três dias de evento com a participação de 65 empresas produtoras de frutas e legumes frescos e processados. Nas Rodadas de Negócios, participaram 15 compradores internacionais de mercados já consolidados, como Europa e Estados Unidos, além de importadores do Oriente Médio, África do Sul, Rússia e América do Sul. Isto, além das rodadas de compradores nacionais de redes de varejo, distribuidoras e comerciais exportadoras, visando aumentar o contato com novos fornecedores. Pode-se dizer que a Fruit & Tech aproximou a demanda com a oferta, possibilitando às

pequenas empresas a oportunidade de negociar de frente com grandes compradores. A feira trouxe compradores de países com potencial de crescimento na importação de frutas e seus derivados do Brasil para atender à demanda dos empresários brasileiros por inserção de seus produtos em novos mercados. Entre os países visitantes na edição de 2009, marcaram presença Alemanha, Argentina, Brasil, Chile, China, Equador, Estados Unidos, França, Inglaterra, Israel e Tunísia. Mas não pára por aí. A Fruit & Tech se consolida como um fórum de debates, com a realização do Seminário Internacional, que promove discussões e a difusão de tendências e novas tecnologias. Em 2010, queremos repetir esse sucesso, com uma ampla variedade

de atrações, seminário, palestras e novidades aos profissionais do setor, além de compradores, distribuidores, fornecedores e supermercadistas. A mesa farta dos brasileiros é um bom termômetro para reforçar a posição do Brasil, que já é um dos três maiores produtores de frutas do mundo. Sua produção superou 43 milhões de toneladas em 2008. Com esse saldo, o País fica atrás apenas da China e da Índia. Cerca de 53% da produção brasileira é destinada ao mercado de frutas processadas e 47% ao mercado de frutas frescas. Existe hoje um mercado externo potencial acessível à fruticultura brasileira de 28,9 milhões de toneladas. Esse é o panorama da exportação brasileira, segundo o Instituto

Brasileiro de Frutas (Ibraf), que é parceiro da Francal Feiras, cooperando para a realização da Fruit & Tech. Mas muito ainda tem que ser feito para que o mercado interno defrute de toda a variedade oferecida pelos produtores. Por meio de políticas públicas e campanhas de conscientização, é preciso aumentar o consumo, a produção e a comercialização de alimentos saudáveis como frutas, legumes e verduras na perspectiva de promoção da saúde, do respeito e valorização aos hábitos alimentares culturalmente referenciados. Vale lembrar que, segundo recomendação de especialistas, cada indivíduo deve consumir, pelo menos, 400 gramas de frutas, legumes e verduras ao dia. Para prevenir doenças crônicas não transmissíveis, é

l JORNAL ENTREPOSTO

necessário que, em uma dieta de 2000 calorias, 9% das calorias totais (183 calorias) sejam provenientes de frutas, verduras e legumes (5 porções – 2 de frutas e 3 de verduras e legumes). Com o aumento do consumo, a cadeia produtiva ganha ritmo, fomentando oportunidades de geração de emprego e renda e desenvolvimento sustentável nas áreas produtivas. De outro modo, o setor vem estimulando o incremento de novos nichos no mercado interno, como a chamada Agroindustrialização. De 2005 para cá, tem ocorrido um contínuo crescimento do consumo de bebidas prontas para o consumo, incluindo sucos, néctares, drinques, blends de soja e água de coco, passando de 333 mil litros para 477 mil litros. Se cresce o consumo de bebidas prontas, a venda de frutas aumenta automaticamente, promovendo a diversificação dos negócios. E é justamente para manter essa ciranda em marcha que a Fruit & Tech surge, como o slogan que reforça seu propósito: “Plantamos a semente e o mercado já está colhendo os bons frutos”! Em fase embrionária, mas com perspectiva de vida longa, o evento já mostrou que pode reproduzir no pavilhão a diversidade que encontramos nos campos de produção e na mesa farta dos brasileiros. Em São Paulo não há nenhuma feira deste segmento que agregue toda a cadeia produtiva e, por isso, acreditamos que a Fruit & Tech será indispensável no calendário de eventos do setor. Por isso, reafirmo: “Estamos no lugar certo, na hora certa!

* Abdala Jamil Abdala é presidente da Francal Feiras


JORNAL ENTREPOSTO l

C7

Junho 2010

AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE

Ruralistas e ambientalistas ainda divergem sobre o Código Florestal Nova lei prevê o pagamento por serviços ambientais ao produtor que preservar área de floresta Carolina de Sccico De São Paulo O Código Florestal brasileiro está em vigor desde 1965 e funciona como uma constituição para a área ambiental. Essa lei extinguiu a definição de “florestas protetoras” e introduziu os conceitos de APP (Área de Preservação Permanente) e reserva legal. Em 1981, foi estabelecida a Política Nacional de Meio Ambiente, mediante a edição da Lei 6.938. Seu objetivo era a criação de padrões que tornassem possível o desenvolvimento sustentável, por meio de mecanismos de proteção ambiental. Entretanto, só em 1988 a Constituição Federal estabeleceu que é dever do Estado a proteção da biodiversidade e que essa preservação deve ser garantida pela criação de áreas protegidas. Já em 1996, foi realizada a primeira edição da medida provisória que alterou o Código Florestal e estabeleceu novos limites de reserva legal para a Amazônia. A lei 9.605 (Lei dos Crimes Ambientais), em vigor desde 1998, prevê a punição para quem comete práticas do gênero.

Durante esses anos, diversos decretos, portarias, resoluções e instruções normativas foram votados e aprovados, desconfigurando completamente a Lei e deixando na ilegalidade 90% das propriedades rurais do país. Somente 44 anos após a criação do Código Florestal, foi criada, em 2009, uma Comissão Especial para debater as principais tentativas de alteração da lei, sob a relatoria do deputado Aldo Rebelo. O maior entrave na reformulação do código é garantir

a produção de alimentos sem prejudicar o meio ambiente. O Projeto de Lei n.º 1.876/99 agradou a bancada ruralista, mas recebeu duras críticas de outros parlamentares e dos ambientalistas. Para Aldo Rebelo, o homem do campo precisa produzir em paz. Já para os ambientalistas, mesmo com as mudanças, a lei continua frágil e, o meio ambiente, vulnerável aos estragos causados pela agricultura e pecuária.

MOTOS / CEAGESP

XY 200 5

WY 150 EX

150 cc, Partida Elétrica, Suspensão Traseira Pro-link, Freio a disco

200 cc, Freio a Disco Duplo, Pro-link, Partida Elétrica e Pedal O melhor custo/benefíco em motocilcetas do mercado

DESIGN, INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E ECONOMIA, AGORA NA MESMA LOJA.

Tel.: 3641.1123 3831.1037 AV. DR. GASTÃO VIDIGAL, 2181 EM FRENTE AO PORTÃO 5 DA CEAGESP

XY 50 Q2

XY 150 ZH

Motor 4 Tempos, Ignição C.D.I., 4 Marchas, até 70 Km por Litro

Motor 4 Tempos com 150, Partida Elétrica e Pedal, 5 Marchas + Ré no Cardan

XY 200 III

XY 250 5

Motor 4 Tempos 200 cc, Freio a Disco Duplo, Disco Traseiro, Roda Liga Leve, Bengala Invertida, Monochoque

Horários: 8:30 as 20:00 hs

Oficina

autorizada no local

Painel Completo, Faróis Auxiliares, Mata Cachorro e Alforges de Brinde

Consultem-nos sobre

CONSÓRCIO


C8

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

0$+,1'5$ 9(56$7,/,'$'( 727$/ ŽŵƉůĞƚĂ ƉŽƌ͗

ZΨ ϳϵ͘ϴϲϰ

&$%,1( '83/$ 785%2 (/(75Ñ1,&2 ; 721

7$0$1+2 *5$1'( )$0Ì/,$ ŽŵƉůĞƚĂ ƉŽƌ͗

ZΨ ϴϲ͘ϴϲϰ

689 /8*$5(6 785%2 (/(75Ñ1,&2 ;

3$5$ 72'26 26 6(59,d26 (0 48$/48(5 /8*$5 ƉĂƌƟƌ ĚĞ͗

ZΨ ϱϵ͘ϵϬϬ

Ύ &ŽƚŽƐ ŵĞƌĂŵĞŶƚĞ ŝůƵƐƚƌĂƟǀĂƐ

&$%,1( 6,03/(6 &+$66,6 785%2 (/(75Ñ1,&2 ; 721

ͻ ^/^d D &Z /K^ ^ ͻ /Z ' hW>K ͻ ϰyϰ > dZNE/ K ͻ KDDKE Z /> / ^ > ͻ dZ/K > dZ/ K ͻ D EKZ KE^hDK KD D >,KZ h^dK E &1 /K K Z ^/> Ύ WƌĞĕŽ ƐƵŐĞƌŝĚŽ Ğŵ ũƵŶŚŽͬϮϬϭϬ͘ DĂŚŝŶĚƌĂ ƌĞƐĞƌǀĂͲƐĞ ŶŽ ĚŝƌĞŝƚŽ ĚĞ ĂůƚĞƌĂƌ ŽƐ ǀĞşĐƵůŽƐ Ă ƋƵĂůƋƵĞƌ ŵŽŵĞŶƚŽ͕ ŝŶĚĞƉĞŶĚĞŶƚĞ ĚĞ ƋƵĂůƋƵĞƌ ĐŽŵƵŶŝĐĂĕĆŽ ƉƌĠǀŝĂ ΎΎ &ƌĞŝŽƐ ^͕ ŝƌ ĂŐ Ğ dƌŝŽ ĞůĠƚƌŝĐŽ ƐŽŵĞŶƚĞ ŶĂ ĂďŝŶĞ ƵƉůĂ &Ƶůů Ğ ^hs &Ƶůů


JORNAL ENTREPOSTO l

Junho 2010

Transporte

D1 JORNAL ENTREPOSTO Caderno de Notícias

LEGISLAÇÃO

Fim da carta-frete deve eliminar perdas de caminhoneiros autônomos Presidente Lula sanciona lei que acaba com ordem de pagamento de serviços controlada por intermediários O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no último dia 11 de junho, a Lei 12.249 que institui um sistema seguro de pagamento de fretes aos transportadores autônomos, banindo a informalidade da chamada cartafrete, instrumento considerado ilegal e injusto por parte dos caminhoneiros. A nova legislação atende à reivindicação histórica do setor e está em vigor desde o último dia 14, data em que foi publicada no Diário Oficial da União. De acordo com o Ministério dos Transportes, com a nova lei, o governo federal pretende acabar com a informalidade do setor que, no entendimento de mercado, só prejudica o transportador autônomo. Hoje, nas contas das entidades classistas, o ágio pago por esse serviço está entre 35% e 40% do valor contratado. Esse dinheiro acaba nas mãos de agentes intermediários, que antecipam pagamentos aos transportadores, com cobrança de juros. A perda desses recursos

é conhecida, pelo seu meio mais comum: o caminhoneiro recebe do contratante (invariavelmente, grandes transportadores) a chamada carta-frete; o transportador autônomo desconta essa ordem de pagamento, via de regra em postos de combustível, que acabam tornando-se verdadeiros bancos à beira da estrada. O pagamento da carta-frete ao caminhoneiro é feito trocando parte do valor por combustível e parte por dinheiro, sempre com desconto sobre o seu valor de face. Feito isso, o posto de combustível cobra o valor de face da carta-frete de seu emissor, no prazo inicialmente acordado entre o contratante e o transportador autônomo. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o mercado de transporte rodoviário de carga movimenta anualmente cerca de R$ 60 bilhões. Na avaliação do Ministério dos Transportes, a nova Lei favorece, principalmente, o transportador autônomo, seu elo mais frágil. Um manifesto, assinado por várias entidades de classe, representativas desses caminhoneiros, e divulgado em fevereiro do ano passado, já refletia essa demanda do setor, reivindicando o “fim da carta-frete”. Atualmente, a ANTT trabalha no texto que irá regulamentar o artigo 128 da Lei 12.249, a ser acrescida à Lei nº 11.442. Segundo o órgão, o texto final, instituindo novas formas de pagamento do frete,

deve ser concluído em cerca de dois meses, mas a agência já estabeleceu em cronograma que irá estipular um prazo de campanha e fiscalização educativas, a partir da regulamentação, garantindo um o tempo necessário para as adequações de mercado. Procaminhoneiro Outro item da nova lei bastante festejado pela categoria é o parágrafo 5º do artigo 128, que estabelece que a movimentação bancária dos caminhoneiros serve como comprovação de renda. “O registro das movimentações da conta de depósitos ou do meio de pagamento por crédito bancário servirá como comprovante de rendimento

do transportador autônomo de cargas (TAC)”, diz o texto. Veja, a seguir, a íntegra do art. 128 da Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010: “Art. 128. A Lei no 11.442, de 5 de janeiro de 2007, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 5o-A: ‘Art. 5o-A. O pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas ao Transportador Autônomo de Cargas - TAC deverá ser efetuado por meio de crédito em conta de depósitos mantida em instituição bancária ou por outro meio de pagamento regulamentado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT. § 1o A conta de depósitos ou o outro meio de pagamento deverá ser de titularidade

No meio do caminho há a cobrança de ágio e exigência de consumo mínimo para desconto da carta-frete

Transportadora paga o crédito ao posto de gasolina

6 POSTO DE

GASOLINA

do TAC e identificado no conhecimento de transporte. § 2o O contratante e o subcontratante dos serviços de transporte rodoviário de cargas, assim como o cossignatário e o proprietário da carga, são solidariamente responsáveis pela obrigação prevista no caput deste artigo, resguardado o direito de regresso destes contra os primeiros. § 3o Para os fins deste artigo, equiparam-se ao TAC a Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC que possuir, em sua frota, até 3 (três) veículos registrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTRC e as Cooperativas de Transporte de Cargas. § 4o As Cooperativas de Transporte de Cargas deverão efetuar o pagamento aos seus cooperados na forma do caput deste artigo. § 5o O registro das movimentações da conta de depósitos ou do meio de pagamento de que trata o caput deste artigo servirá como comprovante de rendimento do TAC. § 6o É vedado o pagamento do frete por qualquer outro meio ou forma diverso do previsto no caput deste artigo ou em seu regulamento.’

5 Posto de gasolina envia o canhoto à transportadora

Cliente recebe a mercadoria e assina canhoto

3 2

Motorista consome no posto de gasolina, que desconta parte do valor da carta-frete

Motorista autônomo ou empregado de pequeno frotista vai à transportadora ou ao embarcador e retira a mercadoria e a carta-frete

4

Como fica a partir de agora O governo federal aprovou medida provisória que inclui o seguinte texto na Lei 11.442/2007, que trata do transporte rodoviário de cargas: “O pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas ao Transportador Autônomo de Cargas (TAC) deverá ser efetuado por meio de crédito em conta de depósitos mantida em instituição bancária ou por outro meio de pagamento regulamentado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)”.

Governo prorroga IPI reduzido para caminhões

Agência Brasil

Como funciona a carta-frete

1

D

Posto de gasolina confere canhoto e paga parcela final do frete ao caminhoneiro

O governo prorrogou o incentivo para veículos comerciais leves, de grande porte e bens de capitais (máquinas e equipamentos), que acabaria neste mês. Até o fim do ano, eles continuarão isentos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ou pagando imposto reduzido. Para caminhões, tratores e reboques, a alíquota, que subiria para 5% a partir de julho, continuará reduzida a zero. Para caminhonetes e picapes, o imposto, que aumentaria para 8%, será mantido em 4%. Os bens de capital que estão com a alíquota zerada também ficarão sem pagar IPI até 31 de dezembro. Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disseram que, com as medidas, o governo deixará de arrecadar R$ 775 milhões. Desse total, a maior parte (R$ 390 milhões) vem dos incentivos para bens de capital, R$ 280 milhões da desoneração de caminhões, tratores e reboques e R$ 105 milhões dos veículos comerciais leves. Segundo Mantega, o governo estendeu a desoneração porque as vendas desses tipos de veículos só começaram a se reagir no final do ano passado. “O setor ainda está se recuperando da crise e precisa dos incentivos por algum tempo”, justificou. Para ele, a prorrogação não contraria a política do governo de retirada dos estímulos após o crescimento da economia. “O governo retirou estímulos dos bens de consumo, mas manteve os incentivos a investimentos e bens de capital”, explicou o ministro. Ele disse que meios de transportes usados na produção, como os beneficiados pela prorrogação, também podem ser classificados como bens de capital. Mantega afirmou ainda que não serão necessários cortes adicionais no Orçamento por causa do impacto fiscal provocado pelas desonerações. “Na verdade, não haverá redução de receitas, mas a manutenção da arrecadação atual. Assim, não será necessário fazer cortes no Orçamento”, explicou.


D2

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

Especialistas criticam baixo índice de pavimentação de estradas Com a injeção de R$ 32,9 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de 2007 até abril de 2010, o Brasil não corre mais o risco de sofrer um apagão logístico no setor de transportes, mas o percentual de estradas pavimentadas ainda é baixo em comparação a outros países, segundo avaliaram os participantes do 10º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado no início do mês. Para o ex-presidente da Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística, Geraldo Vianna, a preocupação mostrada nos seminários anteriores era a de que a infraestrutura de transportes do país não acompanhasse o crescimento econômico, causando um colapso chamado de apagão logístico. “Não houve esse apagão, porque o governo se esforçou para corrigir os problemas e garantir que a infraestrutura de transportes desse conta do crescimento do Brasil”, disse. Investimentos O coordenador-executivo do PAC, Maurício Muniz, disse que foram investidos R$ 24,5 bilhões na construção de mais de cinco mil quilômetros das rodovias brasileiras e R$ 8,4 bilhões na manutenção e sinalização de estradas. Os dados, segundo ele, são do décimo balanço do programa, apresentado no início de junho. Muniz informou que estão sendo feitas obras em 4.915 quilômetros de rodovias. “Há uma quantidade significativa de obras concluídas e em andamento em todo o País”, ressaltou. Segundo o diretor-executivo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Bruno Batista, uma pesquisa encomendada pela CNT registrou uma leve queda nas reclamações sobre a qualidade das estradas. “Houve uma redução de 4% e 7% nas percepções negativas sobre a pavimentação e a sinalização”, afirmou. Ampliação Para o diretor-executivo da CNT, o desafio maior é ampliar o percentual de estradas pavimentadas, que hoje é de 14% de toda a malha rodoviária. “Se queremos ter um ritmo de crescimento chinês, temos de investir como eles, que só no ano passado construíram mais de sete mil quilômetros de estradas”, afirmou Batista. O baixo índice de pavimentação também foi criticado pelo presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, Moacyr Duarte. “Os Estados Unidos têm quatro milhões de quilômetros pavimentados; nós, pouco mais de 200 mil”, exemplificou. Modelo Já o secretário de Política Nacional de Transportes, Marcelo Perrupato, afirmou que o fato de as estradas pavimentadas não atenderem a todo o País indica que o modelo brasileiro de transportes não privilegia as rodovias.“É um erro grande dizer que o Brasil é rodovialista. Hoje, temos entre 220 e 230 mil quilômetros de estradas pavimentadas, o que é muito pouco. Acredito que a França, cujo território é muito menor, tenha essa mesma quilometragem”, disse. Para Perrupato, o fortalecimento de outras modalidades não vai tirar importância do transporte rodoviário. “Temos de cuidar para que as rodovias deem acesso às outras vias; caso contrário, como levaremos as cargas para que sejam distribuídas?” indagou.

Apagão logístico no setor está descartado, mas percentual de manutenção de rodovias é pequeno

JORNAL ENTREPOSTO l

D3

Junho 2010

TRANSPOTES EM FOCO

Mercedes fará caminhão de luxo no País A Mercedes-Benz vai produzir na fábrica de Juiz de Fora (MG) o Actros, caminhão top de linha da marca. Com diversos itens tecnológicos, o veículo é comparado aos automóveis Classe S, os mais luxuosos da fabricante alemã, com preços na casa dos R$ 500 mil. A produção local começará em 2011. O aval da matriz para a produção local chega no mesmo mês em que a montadora iniciou a importação do extrapesado Actros na versão rodoviária. O modelo trazido da Alemanha está sendo oferecido por cerca de R$ 440 mil na versão mais equipada e já tem seis encomendas de uma em-

presa gaúcha. A empresa não divulgou se a produção local vai baratear o custo. Entre os itens de conforto, segurança e desempenho, alguns deles inéditos no segmento de caminhões, estão o radar de distância, que identifica a velocidade do veículo à frente e mantém distância segura, além de detectar situações de frenagens bruscas e ativar os freios por conta própria, caso o motorista não o faça. O extrapesado também tem sistema que dispara alarme quando o condutor sai da faixa da pista, situação que pode indicar sonolência. Com capacidade de transpor-

te de 40 toneladas de carga, o Actros pode chegar às 74 toneladas se for equipado com rodotrem (carreta com vários eixos). Um caminhão da mesma categoria, mas sem os itens tecnológicos e limitado à capacidade de 40 toneladas, custa cerca de R$ 350 mil. Já um caminhão médio, que transporta até 12 toneladas, custa R$ 140 mil. O Actros é produzido atualmente na Alemanha e na Turquia. Segundo a direção da Mercedes, a decisão da matriz de fabricá-lo também no Brasil se deve principalmente ao crescimento do mercado. Mais informações visite o site www.mercedes-benz.com.br

Governo quer mais facilidade no crédito a caminhoneiros

Senado aprova parcelamento de multas de trânsito

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no final de maio que o governo federal quer criar mais facilidades no acesso ao crédito, para a compra de caminhões. Segundo ele, é preciso que haja uma mudança na lei para que os consumidores possam oferecer seu próprio caminhão como garantia para pegar um empréstimo.

A possibilidade de parcelamento do valor de multas de trânsito em até seis meses foi aprovada no dia 16 de junho, em caráter terminativo, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

“Hoje, por conta da lei, o caminhão não pode ser dado como garantia porque é um ganha-pão do cidadão que tem o caminhão. E ele não pode dar seu ganha-pão como garantia. A lei parece que beneficia o caminhoneiro, mas, no fundo, na medida em que a lei não permite que ele dê o caminhão como garantia, ele simplesmente não consegue o crédito para poder financiar o caminhão. Então, ele fica com todas as garantias da lei, mas sem o caminhão novo”, disse Lula. Segundo o presidente, o crédito precisa ser facilitado para que a frota de caminhões do país seja renovada, a fim de que o consumo de combustíveis e a emissão de gases poluentes possam ser reduzidos no país.

O projeto de lei, que agora segue para a apreciação da Câmara, prevê que o pagamento parcelado das multas serão concedidos mediante “requisição fundamentada do motorista ao Detran”. Autor da matéria, o senador Raimundo Colombo (DEM-SC) argumenta que o parcelamento das multas evita a inadimplência uma vez que a depender da natureza da infração cometida, a penalidade pode atingir valores incompatíveis com a capacidade de pagamento dos infratores.

Roubo de cargas cresce e eleva custos das empresas Durante o 10º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado no início do mês, a Associação Nacional do Transporte de Cargas (NTC&Logística) apresentou estatísticas que apontam o crescimento do roubo de cargas no Brasil: em 2009, o total de roubo de cargas foi recorde em comparação aos cinco anos anteriores. Foram 13,5 mil registros de ocorrências contra 12,4 mil em 2008. Em 2006, quando o total atingiu seu menor patamar, foram 11,4 mil ações de bandidos registradas. O montante levado em 2009 chegou a R$ 900 milhões, o maior valor desde 2004. “Os custos operacionais, como consequência desses delitos, chegam a atingir 15% do faturamento das empresas”, afirmou o assessor de segurança da entidade, coronel Paulo Roberto de Souza. De acordo com o assessor, a maioria dos roubos acontece na região Sudeste do país, onde estão concentradas cerca de 80% dos registros. Os produtos mais visados são alimentos, eletroeletrônicos, fármacos, cigarros, autopeças e combustíveis.

Regulamentação de lei A Comissão de Viação e Transportes vai encaminhar um documento cobrando que o Executivo acelere a regulamentação de Lei Complementar 121/06, que cria o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Roubo de Cargas. “Vamos encaminhar uma moção à presidência da República e ao Ministério da Justiça para que seja criado um grupo de trabalho no governo para regulamentar esse texto”, disse o presidente da comissão, deputado Milton Monti (PR-SP), no encerramento do 10º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas. Segundo Monti, enquanto a lei não for regulamentada, não é possível endurecer as medidas de combate ao roubo de cargas.


D2

Junho 2010

l JORNAL ENTREPOSTO

Especialistas criticam baixo índice de pavimentação de estradas Com a injeção de R$ 32,9 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de 2007 até abril de 2010, o Brasil não corre mais o risco de sofrer um apagão logístico no setor de transportes, mas o percentual de estradas pavimentadas ainda é baixo em comparação a outros países, segundo avaliaram os participantes do 10º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado no início do mês. Para o ex-presidente da Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística, Geraldo Vianna, a preocupação mostrada nos seminários anteriores era a de que a infraestrutura de transportes do país não acompanhasse o crescimento econômico, causando um colapso chamado de apagão logístico. “Não houve esse apagão, porque o governo se esforçou para corrigir os problemas e garantir que a infraestrutura de transportes desse conta do crescimento do Brasil”, disse. Investimentos O coordenador-executivo do PAC, Maurício Muniz, disse que foram investidos R$ 24,5 bilhões na construção de mais de cinco mil quilômetros das rodovias brasileiras e R$ 8,4 bilhões na manutenção e sinalização de estradas. Os dados, segundo ele, são do décimo balanço do programa, apresentado no início de junho. Muniz informou que estão sendo feitas obras em 4.915 quilômetros de rodovias. “Há uma quantidade significativa de obras concluídas e em andamento em todo o País”, ressaltou. Segundo o diretor-executivo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Bruno Batista, uma pesquisa encomendada pela CNT registrou uma leve queda nas reclamações sobre a qualidade das estradas. “Houve uma redução de 4% e 7% nas percepções negativas sobre a pavimentação e a sinalização”, afirmou. Ampliação Para o diretor-executivo da CNT, o desafio maior é ampliar o percentual de estradas pavimentadas, que hoje é de 14% de toda a malha rodoviária. “Se queremos ter um ritmo de crescimento chinês, temos de investir como eles, que só no ano passado construíram mais de sete mil quilômetros de estradas”, afirmou Batista. O baixo índice de pavimentação também foi criticado pelo presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, Moacyr Duarte. “Os Estados Unidos têm quatro milhões de quilômetros pavimentados; nós, pouco mais de 200 mil”, exemplificou. Modelo Já o secretário de Política Nacional de Transportes, Marcelo Perrupato, afirmou que o fato de as estradas pavimentadas não atenderem a todo o País indica que o modelo brasileiro de transportes não privilegia as rodovias.“É um erro grande dizer que o Brasil é rodovialista. Hoje, temos entre 220 e 230 mil quilômetros de estradas pavimentadas, o que é muito pouco. Acredito que a França, cujo território é muito menor, tenha essa mesma quilometragem”, disse. Para Perrupato, o fortalecimento de outras modalidades não vai tirar importância do transporte rodoviário. “Temos de cuidar para que as rodovias deem acesso às outras vias; caso contrário, como levaremos as cargas para que sejam distribuídas?” indagou.

Apagão logístico no setor está descartado, mas percentual de manutenção de rodovias é pequeno

JORNAL ENTREPOSTO l

D3

Junho 2010

TRANSPOTES EM FOCO

Mercedes fará caminhão de luxo no País A Mercedes-Benz vai produzir na fábrica de Juiz de Fora (MG) o Actros, caminhão top de linha da marca. Com diversos itens tecnológicos, o veículo é comparado aos automóveis Classe S, os mais luxuosos da fabricante alemã, com preços na casa dos R$ 500 mil. A produção local começará em 2011. O aval da matriz para a produção local chega no mesmo mês em que a montadora iniciou a importação do extrapesado Actros na versão rodoviária. O modelo trazido da Alemanha está sendo oferecido por cerca de R$ 440 mil na versão mais equipada e já tem seis encomendas de uma em-

presa gaúcha. A empresa não divulgou se a produção local vai baratear o custo. Entre os itens de conforto, segurança e desempenho, alguns deles inéditos no segmento de caminhões, estão o radar de distância, que identifica a velocidade do veículo à frente e mantém distância segura, além de detectar situações de frenagens bruscas e ativar os freios por conta própria, caso o motorista não o faça. O extrapesado também tem sistema que dispara alarme quando o condutor sai da faixa da pista, situação que pode indicar sonolência. Com capacidade de transpor-

te de 40 toneladas de carga, o Actros pode chegar às 74 toneladas se for equipado com rodotrem (carreta com vários eixos). Um caminhão da mesma categoria, mas sem os itens tecnológicos e limitado à capacidade de 40 toneladas, custa cerca de R$ 350 mil. Já um caminhão médio, que transporta até 12 toneladas, custa R$ 140 mil. O Actros é produzido atualmente na Alemanha e na Turquia. Segundo a direção da Mercedes, a decisão da matriz de fabricá-lo também no Brasil se deve principalmente ao crescimento do mercado. Mais informações visite o site www.mercedes-benz.com.br

Governo quer mais facilidade no crédito a caminhoneiros

Senado aprova parcelamento de multas de trânsito

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no final de maio que o governo federal quer criar mais facilidades no acesso ao crédito, para a compra de caminhões. Segundo ele, é preciso que haja uma mudança na lei para que os consumidores possam oferecer seu próprio caminhão como garantia para pegar um empréstimo.

A possibilidade de parcelamento do valor de multas de trânsito em até seis meses foi aprovada no dia 16 de junho, em caráter terminativo, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

“Hoje, por conta da lei, o caminhão não pode ser dado como garantia porque é um ganha-pão do cidadão que tem o caminhão. E ele não pode dar seu ganha-pão como garantia. A lei parece que beneficia o caminhoneiro, mas, no fundo, na medida em que a lei não permite que ele dê o caminhão como garantia, ele simplesmente não consegue o crédito para poder financiar o caminhão. Então, ele fica com todas as garantias da lei, mas sem o caminhão novo”, disse Lula. Segundo o presidente, o crédito precisa ser facilitado para que a frota de caminhões do país seja renovada, a fim de que o consumo de combustíveis e a emissão de gases poluentes possam ser reduzidos no país.

O projeto de lei, que agora segue para a apreciação da Câmara, prevê que o pagamento parcelado das multas serão concedidos mediante “requisição fundamentada do motorista ao Detran”. Autor da matéria, o senador Raimundo Colombo (DEM-SC) argumenta que o parcelamento das multas evita a inadimplência uma vez que a depender da natureza da infração cometida, a penalidade pode atingir valores incompatíveis com a capacidade de pagamento dos infratores.

Roubo de cargas cresce e eleva custos das empresas Durante o 10º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado no início do mês, a Associação Nacional do Transporte de Cargas (NTC&Logística) apresentou estatísticas que apontam o crescimento do roubo de cargas no Brasil: em 2009, o total de roubo de cargas foi recorde em comparação aos cinco anos anteriores. Foram 13,5 mil registros de ocorrências contra 12,4 mil em 2008. Em 2006, quando o total atingiu seu menor patamar, foram 11,4 mil ações de bandidos registradas. O montante levado em 2009 chegou a R$ 900 milhões, o maior valor desde 2004. “Os custos operacionais, como consequência desses delitos, chegam a atingir 15% do faturamento das empresas”, afirmou o assessor de segurança da entidade, coronel Paulo Roberto de Souza. De acordo com o assessor, a maioria dos roubos acontece na região Sudeste do país, onde estão concentradas cerca de 80% dos registros. Os produtos mais visados são alimentos, eletroeletrônicos, fármacos, cigarros, autopeças e combustíveis.

Regulamentação de lei A Comissão de Viação e Transportes vai encaminhar um documento cobrando que o Executivo acelere a regulamentação de Lei Complementar 121/06, que cria o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Roubo de Cargas. “Vamos encaminhar uma moção à presidência da República e ao Ministério da Justiça para que seja criado um grupo de trabalho no governo para regulamentar esse texto”, disse o presidente da comissão, deputado Milton Monti (PR-SP), no encerramento do 10º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas. Segundo Monti, enquanto a lei não for regulamentada, não é possível endurecer as medidas de combate ao roubo de cargas.


D4

Junho 2010

Lei Seca reduz número de mortes no trânsito em 6,2%

ANTT proíbe caminhões na Rodovia Fernão Dias nos domingos e feriados

Agência Brasil

Dados do Ministério da Saúde divulgados no último dia 18 de junho mostram que, depois de um ano de vigência da Lei Seca, o número de mortes por acidentes no trânsito caiu 6,2% em comparação aos 12 meses anteriores. Em número absolutos, foram 2.302 mortes a menos no país no período, uma redução de 36.924 para 34.597. De todos os estados, o Rio de Janeiro foi o que mais conseguiu avanços. Registrou queda de 32% nos óbitos no trânsito, seguido pelo Espírito Santo (-18,6%) e por Alagoas (-15,8%). Mais treze unidades, além do Distrito Federal, também reduziram o índice. De acordo com o ministério, o risco de morrer em acidentes de trânsito no Brasil também diminuiu 7,4% no ano seguinte

à lei. Dessa maneira, a taxa de mortalidade (divisão do número de óbitos por grupo de habitantes) passou de 18,7 mortes por 100 mil habitantes para 17,3. Durante divulgação dos dados, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que o país chegou a um ponto “dramático” em termos de morte no trânsito e que políticas educativas não eram suficientes para combater o problema. “Foi preciso uma lei rigorosa para que a população abrisse os olhos”, afirmou. “A sociedade precisava de um pai, de um limite”. O ministro também comentou a situação de estados que não conseguiram frear os acidentes ou apresen-

l JORNAL ENTREPOSTO

taram pouca redução, como São Paulo, cuja queda foi de 6,5%. “É preciso que se esforcem mais. Peço para que olhem para o Rio de Janeiro. Os estados podem aprender com a experiência dos demais”, completou em relação a programa do governo fluminense. Mesmo insatisfeito com os

congestionamentos que as blitzen provocam no trânsito durante à noite, o motorista carioca Álvaro Neto acredita que a Lei Seca reforça o consenso de que beber e dirigir é uma irresponsabilidade. “As pessoas ficaram mais conscientes depois da lei. Vemos muita gente adotando o amigo da vez – aquele que não bebe e é responsável por con-

Agência Brasil

duzir os amigos”. Criada em 20 de junho de 2008, a Lei Seca determina que motoristas flagrados com níveis de álcool de até 2 decigramas por litro de sangue podem ser detidos de 6 meses a 3 anos, estão sujeitos à infração gravíssima de trânsito com multa de R$ 957,70, além da suspensão do direito de dirigir.

Os caminhões e veículos de carga de três ou mais eixos estão proibidos de circular aos domingos e feriados nacionais em trechos da rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte. A determinação é da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e foi publicada no Diário Oficial da União do dia 18 de junho. De acordo com a determinação, a proibição vale entre as 14h e as 22h, na pista interior no sentido de São Paulo, entre o km 36,3 (intersecção com a Rodovia SP-65) e o km 90,4 (no acesso à Rodovia Presidente Dutra). De acordo com a ANTT, a intenção é diminuir o tráfego na rodovia e evitar acidentes, já que parte do trecho da Fernão Dias ainda está em obras por causa do deslocamento de uma encosta nas proximidades do km 77 que ocorreu no começo deste ano. A resolução da agência ANTT não cita alternativas para os motoristas. A medida entra em vigor a partir do dia 1º de julho e tem validade de 180 dias.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.