Jornal Entreposto | Fevereiro 2014

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Um jornal a serviço do agronegócio

Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento

Diretora Geral: Selma Rodrigues Tucunduva | ANO 15 - No 165 | fevereiro de 2014 | Circulação nacional | Distribuição autorizada no ETSP da Ceagesp | www.jornalentreposto.com.br

Artigo |

PÁGINA 14

Balanço da floricultura brasileira

Batista assume presidência do Sincaesp O produtor José Luiz Batista, um dos maiores distribuidores de tomate da Ceagesp, é o novo presidente do sindicato que representa os permissionários paulistas.

Pesquisa do CQH revela a evolução da uva niágara em São Paulo Entrevista |

PÁGINA 6

João Dimas Garcia, pesquisador da Embrapa Transporte |

PÁGINA18

Segurança: Inmetro certifica recapagem da DPaschoal Rotulagem |

PÁGINA 5

Calor e estiagem pressionam inflação dos alimentos

Estudo do Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp reúne principais dados sobre a participação da fruta no estado de São Paulo. Quase 90% do volume da uva niágara que chega ao ETSP é proveniente de regiões próximas da capital paulista como Campinas e Itapetininga. PÁGINAS 7 a 9


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Sou Mais Brasil

Regulamento Concurso Cultural Femetran Tema: “ SOU MAIS BRASIL ” Podem participar deste concurso todas as pessoas físicas que cumprirem o disposto neste regulamento. 1- O período de participação está dividido em fase: Primeira fase: inicia-se em 17/02/2014 e encerra-se em 12/03/2014 (data final de julgamento) Segunda fase: inicia-se em 13/03/2014 e encerra-se em 11/04/2014 (data final de julgamento) Terceira fase: inicia-se em 12/04/2014 e encerra-se em 11/05/2014 (data final de julgamento) 2 - Este concurso tem caráter exclusivamente cultural e é realizado nos termos da Lei nº 5.768/71, art. 3º, regulamentada pelo Decreto nº 70.951/72 art.3 º. A apuração dos vencedores não está sujeita a qualquer tipo de sorteio ou operação assemelhada. 3- Para participar, os concorrentes deverão preencher o cupom anexo ao jornal, distribuído de forma gratuita, ou imprimir o anexo no site: www.jornalentreposto.com.br/ concursoculturalfemetran O participante deverá preencher por completo os dados ali solicitados e escrever uma frase com o tema “SOU MAIS BRASIL”. 4 - Cada concorrente poderá participar com apenas 01 (uma) frase em cada uma das etapas, ou seja, cada participante tem três chances para concorrer ao mérito. Todas as fichas de inscrição deverão ser preenchidas de maneira completa para que sejam válidas e dentro do prazo de participação do concurso. 5 - Os participantes que cumprirem o descrito neste regulamento terão as suas frases julgadas por uma comissão formada por 05 (cinco) profissionais escolhidos pela empresa promotora deste concurso cultural, julgamento este feito com base nos seguintes critérios: Criatividade Adequação a proposta do tema Autenticidade

será notificado através de um telefonema, terá seu nome publicado no site: www.jornalentreposto.com.br, www.femetran.com.br facebook.com/jornalentreposto facebook.com/femetran2014 e na edição subsequente do Jornal Entreposto. 7- Serão desclassificadas para efeito de premiação aquelas em que não constarem as informações requeridas de forma completa e correta ou que não estejam conforme o disposto neste regulamento. 8- Todas as questões serão avaliadas segundo os critérios estabelecidos pelo Jornal Entreposto e os participantes renunciam expressamente, ao aceitarem as regras deste concurso pela sua participação, a qualquer questionamento sobre os critérios adotados, prevalecendo sempre o critério da comissão julgadora. 9- Os participantes, ao fazerem suas inscrições, manifestam sua total concordância com as regras deste concurso e também concordam em ceder gratuita, definitiva e irrevogavelmente ao Jornal Entreposto, todas as frases, ideias, conceitos e materiais enviados, com direito de manipulação, concordando em assinar os recibos e cessões para tal efeito, inclusive aqueles relativos a direitos patrimoniais de autor, incluindo os direitos morais e/ou de propriedade industrial, em seu todo ou em parte, sob pena de desclassificação. As frases serão convertidas em propriedade única e exclusiva do Jornal Entreposto, de maneira irrevogável. O Jornal Entreposto terá o direito ilimitado de utilizar toda a informação sem a obrigatoriedade de notificar ou entregar qualquer contraprestação ao participante que as enviou. As frases devem conter apenas material de autoria e iniciativa própria do participante, sendo vedada à assistência de qualquer tipo, inclusive de terceiros. 10 - Os 03 ganhadores do concurso farão jus, ao seguinte prêmio: 1º Fase – Camisa Oficial da Seleção Brasileira 2º Fase – Camisa Oficial da Seleção Brasileira 3º Fase – Camisa Oficial da Seleção Brasileira Campanha válida para a Ceagesp

6- O julgamento ocorrerá um dia após a data final de cada fase e será escolhido 01 (um) ganhador autor da melhor frase de cada etapa. Este

11- Os ganhadores concordam tacitamente em ceder ao Jornal Entreposto, gratuitamente e pelo prazo

de um ano, seus direitos de nome, imagem e sons de voz para efeito de divulgação deste concurso. 12- Os prêmios serão entregues na sede do Jornal Entreposto na Ceagesp - Edsed II, loja 14a, sem qualquer ônus e na mesma hora da divulgação da apuração do concurso, mediante recibo ou comprovante idôneo de entrega. A responsabilidade do Jornal Entreposto com os ganhadores se encerra no momento da entrega dos prêmios. 13- Os participantes concordam expressamente, pelos simples ato de inscrição e participação, que o Jornal Entreposto, seus diretores ou empregados assim como sua direção, não serão responsáveis por qualquer dano ou prejuízo oriundo da aceitação dos prêmios, assim como de qualquer problema externo ou de força maior que possa impossibilitar a participação no concurso e/ou no recebimento das mesmas. O Jornal Entreposto se reserva o direito de, na eventualidade deste concurso não poder ocorrer por qualquer razão, adiá-lo, modificá-lo ou alterá-lo a fim de garantir a lisura e correção do concurso, fazendo a respectiva divulgação no site, jornal e redes sociais. Suas decisões são finais e irrecorríveis. 14- Serão automaticamente excluídos os participantes que se recusarem a assinar o recibo de entrega dos prêmios. 15- O Jornal Entreposto não será responsável pelo conteúdo das redações, e serão desclassificadas as participações de conteúdo ofensivo, calunioso, difamatório, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade, com conteúdo que possa ser interpretado como de caráter preconceituoso ou discriminatório a pessoa ou grupo de pessoas, com linguagem grosseira, obscena ou pornográfica. 16- A participação neste concurso cultural, que não tem por objetivo a formação de cadastro para propaganda ou promoções ou sua comercialização com terceiros, implica a aceitação irrestrita deste regulamento. 17 – É Promotora deste Concurso: IF COMUNICAÇÕES LTDA, editora do Jornal Entreposto, situada à Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946, Edsed II, loja 14 A, Ceagesp, São Paulo CNPJ: 03.834.609/0001-54

PauloFernando FernandoCosta Costa//Carolina Carolinade deScicco Scicco// Paulo Letícia Doriguelo Benetti / Paulo César Rodrigues Letícia Doriguelo Benetti / Paulo César Rodrigues

Anita Gutierrez/ Gabriel Bitencourt / Hélio Junqueira e Marcia Peetz/ Manelão

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JORNAL ENTREPOSTO Um jornal a serviço do agronegócio


JORNAL ENTREPOSTO Um jornal a serviรงo do agronegรณcio

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marรงo de 2011

Editorial

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Agronegócio

PIB do agronegócio deve crescer 4%

Os produtores brasileiros se preparam para, mais do que colher uma safra de cerca de 200 milhões de toneladas de grãos, aproximar o país do posto de maior produtor de alimentos do mundo. Na safra 2013/14, outro feito já deve ser alcançado, que é a liderança mundial na produção de soja, que pode alcançar até 95 milhões de toneladas na temporada atual, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade. Segundo levantamento da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (AGE/Mapa), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve somar R$ 1,03 trilhão em 2014, valor 4% maior ao obtido no ano passado (R$ 991,06 bilhões). Se confirmado esse resultado, o PIB do setor terá um crescimento de 34% em dez anos – em 2005, foram R$ 769,2 bilhões. Ainda de acordo com a AGE, com o crescimento da produção nas lavouras, também há a perspectiva de que o valor bruto da produção (VBP) seja o maior já obtido no país, registrando R$ 314,8 bilhões – o que representa um aumento de 10% sobre 2013, superando pela primeira vez a marca de R$ 300 bilhões. Somado ao VBP da pecuária, esse valor deve alcançar R$ 462,4 bilhões, alta de 7,5% sobre o resultado do ano passado.

Outros segmentos do agronegócio nacional também têm perspectiva de crescimento, especialmente com a abertura de mercados internacionais para produtos como milho e carnes, em 2013. No ano passado, o setor exportou US$ 99,97 bilhões – o que representou mais 40% de todos os produtos brasileiros vendidos para outros países – e, este ano, deve superar US$ 100 bilhões. Mato Grosso - A região Centro-Oeste do Brasil foi escolhida para sediar a abertura oficial da colheita deste ano por ser a principal produtora de grãos do País, respondendo por 40% da produção nacional. No entanto, essa já foi uma área irrelevante para a agricultura brasileira. A grande transformação ocorreu na década de 1970, graças ao trabalho de pesquisadores da Embrapa, que desenvolveram tecnologias para corrigir a acidez do solo do Cerrado brasileiro e para adaptar plantas oriundas de outros biomas. A pesquisa possibilitou um crescimento produtivo sem precedentes. Em menos de quatro décadas, enquanto a produção cresceu cerca de 1400%, a área de cultivo de grãos ampliou em apenas 400%. O maior destaque da região é o Mato Grosso. O estado é o maior produtor brasileiro, respondendo por um quarto dos grãos colhidos no País, sendo ainda líder na produção de soja e milho.

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Poluição das águas e so Anita de Souza Dias Gutierrez Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp

A demanda por água no Brasil vem crescendo – tanto para o abastecimento do consumo das pessoas, da irrigação agrícola, na produção industrial como para a produção de energia elétrica. A população brasileira chegou a 200 milhões de pessoas, sendo 21% em quatro grandes regiões metropolitanas – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Ficamos todos muito apreensivos com a perspectiva de restrições ao consumo de água e luz. Os níveis das represas estão baixando e tivemos um apagão recentemente. Estamos consumindo mais água do que conseguimos produzir? Como aumentar a produção de água limpa? Porque ninguém fala de produção de água limpa? Onde estão os nossos programas de conservação de solo e água? Aqui está um texto para reflexão.

A cidade, a agricultura e a água

Quando perguntaram a Yuri Gagarin, o astronauta russo que foi o primeiro a sair da atmosfera terrestre, como era a Terra vista de longe, ele deu a famosa resposta: “A Terra é azul.” E é azul por causa da água, que cobre mais de 75% da superfície do nosso planeta. A água realmente disponível para os seres vivos, entretanto, é um bem relativamente escasso, porque a maior parte dela está nos oceanos salgados ou em geleiras inacessíveis e a presença do homem em número cada vez maior sobre o planeta é um grande complicador do problema, porque o homem, além de usar a água, também a polui com resíduos e dejetos. Por essa razão, a questão da água para consumo dos homens, plantas e animais será provavelmente o problema mais importante a ser resolvi-

do pela humanidade neste século e o Brasil, que possui 12% de toda a água doce disponível no mundo, será, com certeza, um dos principais protagonistas do debate sobre a água. A água está em grande evidência. Ecologistas do mundo

CLIMA

Estiagem pressiona inflação dos alimentos Situação da agropecuária paulista é grave, alerta especialista Paulo Fernando De São Paulo

As altas temperaturas e o tempo seco têm prejudicado as lavouras de hortaliças e, consequentemente, o comércio atacadista no entreposto paulistano da Ceagesp. Embora ainda não haja dados consolidados sobre o impacto do clima adverso nos cinturões verdes do estado, os aumentos dos preços chegam, em alguns casos, a 200%. Desde o início da segunda quinzena de janeiro, os permissionários do mercado estão repassando as altas dos custos de produção aos compradores. Segundo o comerciante Diamantino Beco, a alface, a couve-flor e a couve-manteiga tiveram altas expressivas em menos de 30 dias, em função da baixa oferta desses produtos. “A caixa desses alimentos,

que custava R$ 10 no início do ano, passou a custar R$ 30. No caso da caixa de brócolis, o valor subiu de R$ 20 para R$ 60”, informa. “Todos os anos são assim. Quando não é o excesso de chuvas, é a falta delas que provoca esses aumentos”, acrescenta. Para alguns analistas, a situação da agropecuária paulista é grave. “A escassez hídrica também prejudica a produção de cana-de-açúcar, milho, legumes e a criação de animais”, lembra o economista e técnico em abastecimento Neno Silveira. De acordo com o especialista, o excesso de sol e a falta de chuvas vão pesar no índice de inflação, já que o uso de sistemas mecânicos de irrigação aumentam os custos no campo. “Os produtores também se defendem adiando a plantação, o que contribui para a redução da oferta”, explica.


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Ambiente

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olos afeta produção agrícola no Brasil

todo colocam a escassez e a poluição da água como um dos principais problemas ambientais. O apagão colocou a água como uma das principais causas da falta de energia. Os níveis dos reservatórios das usinas hidroelétricas apresentaram, nos

últimos anos uma diminuição constante e grave. Cerca de 80% das doenças e 65% das internações hospitalares estão relacionadas ao saneamento. Os principais riscos para a saúde são por ingestão de água de má qualidade, que

pode causar cólera, disenteria bacilar, febre tifóide, gastroenterite, diarréia infantil e leptospirose ou por contato com água de má qualidade, que pode causar esquistossomose e reações adversas a poluentes químicos. As cidades produzem a todo tempo quantidades enormes de material poluente que acaba atingindo seriamente as terras agrícolas. Os esgotos domiciliares e industriais são despejados nos rios, poluindo as águas e causando graves problemas para os criadores, que precisam dela para dar de beber a seus animais, ou para os agricultores, que precisam utilizá-la para irrigar suas hortas, pomares e lavouras. As cidades, e principalmente as estradas pavimentadas que as ligam, promovem também sérios problemas de erosão nas terras agrícolas porque as águas que se acumulam sobre os solos pavimentados são despejadas sem maiores cuidados. Há um estudo do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo, que demonstra que mais de 70% das voçorocas – que são ero-

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sões de grande porte – tem origem urbana ou de estradas. Os agricultores recebem também a poluição do ar, que cai sobre suas terras junto com a chuva. Todos sabemos que a água é fundamental na produção agrícola. Qualquer cultura consome durante o seu desenvolvimento um grande volume de água. Cerca de 98% dessa água apenas passa pela planta, voltando à atmosfera no processo de transpiração. O reservatório de água utilizado pelas plantas é o solo. A recarga natural desse reservatório é feita pelas chuvas. O solo agrícola bem conservado capta toda a chuva. A água é armazenada no solo até a sua capacidade de campo, depois, por percolação profunda vai abastecer o lençol freático. A água que o solo não consegue armazenar, vai para os aqüíferos subterrâneos abastecer os rios e córregos. Vamos esquecer a produção de alimentos e matéria prima da agricultura e pensar na produção de água nas áreas agrícolas. Vamos trabalhar com um município hipotético de 10.000 hectares com uma precipitação

média de 1.300 mm. Um milímetro de chuva significa um litro de água por metro quadrado. Um milímetro de chuva em 1 hectare são 10.000 litros de água. Em 10.000 hectares são 100 milhões de litros. Se esse município tiver somente 80% da sua área em total ocupada por área agrícola, teremos, com uma chuva de 1 milímetro uma precipitação na área agrícola de 80 milhões de litros. Estudos mostram que, numa área bem conservada, 20% de toda a chuva infiltra no solo. Se considerarmos 20% de 80 milhões de litros teremos 16 milhões de litros, com 1 milímetro de chuva. Como a chuva média anual desse município é 1.300 milímetros, teremos um volume anual de água limpa, distribuída ao longo do ano, abastecendo os rios e córregos desse município, de 20 bilhões e 800 milhões de litros. Considerando-se o consumo de água diário de uma pessoa, de 325 litros, só a chuva captada e conservada pela área agrícola poderá abastecer durante todo o ano 175.342 pessoas.

CULTURA

Bolsão de livros no ETSP Voltado para usuários e visitantes da Ceasa paulistana, o projeto cultural Entreposto do Livro estimula a leitura entre os frequentadores do mercado atacadista. Formado através de doações, o acervo do bolsão de livros não parou de crescer desde o lançamento da iniciativa. São vários gêneros disponíveis, inclusive obras infantis e dicionários. O destaque deste mês é o livro “Não Há Silêncio Que Não Termine”, de Ingrid Betancourt, em que a autora relata os anos em que viveu como refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Para pegar esse ou outros títulos emprestados, basta apresentar um documento com foto e se cadastrar gratuitamente na recepção do Grupo de Mídia Entreposto, localizado ao lado da farmácia, no Edifício Sede II. Entreposto do Livro Telefone: (11) 3832-5681 contato@entrepostodolivro. com.br

*Lembramos que a Sala de Cultura Ceagesp, localizada no segundo andar do prédio da diretoria e mantida através do trabalho voluntário do funcionário José Carlos Cruz, possui um grande acervo literário e também disponibiliza livros para empréstimo seguindo regulamento interno. Sala de Cultura Ceagesp

José Carlos Cruz Telefone: (11) 3643-3921 jpaula@ceagesp.gov.br


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Entrevista

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A ascensão da uva niágara em Jales Pesquisador responsável pelo avanço do cultivo da videira na região explica como ajudou os viticultores a elevar produção DIVULGAÇÃO

Pesquisador da Embrapa, João Dimas apresenta cultivar de uvas sem sementes (variedade BRS Isis) em Petrolina-PE

João Dimas Garcia Maia, engenheiro agrônomo e melhorista da Embrapa Uva e Vinho trabalha na Estação Experimental de viticultura Tropical desde 1994 é o grande incentivador da produção da uva niágara na região de Jales. “As primeiras iniciativas de cultivo de Niagara Rosada nas redondezas foram feitas na década de 80 com base no sistema de condução da região de Jundiaí-SP, porém os resultados foram desanimadores, devido à baixa produtividade obtida e a baixa qualidade das uvas”, explica o pesquisador. Mestre em melhoramento genético vegetal, João Dimas, ao longo dos anos, aperfeiçoou o tratamento dispensado às videiras na região e elevou a produtividade. A seguir, o engenheiro agrônomo fala um pouco mais sobre a cultura da uva niágara aos leitores do Jornal Entreposto. Jornal Entreposto - Onde se concentra a maior parte da produção brasileira de uvas niágara? João Dimas Garcia Maia - Os estados principais na produção da uva niágara: São Paulo (cinco mil ha destiandos para mesa) e Rio Grande do Sul com 4.500 ha, onde as uvas são destinadas para mesa, suco e vinho de

mesa. Em São Paulo a produção está concentrada nas regiões de Campinas, São Miguel Arcanjo e Noroeste do estado (Jales e Tupi Paulista). No Rio Grande do Sul a produção esta concentrada na região da Serra Gaúcha. Atualmente a cv. niágara branca e rosada ocupa cerca de 10 % de toda área de cultivo de uvas no Brasil.

JE - Quais são as principais doenças que atacam o plantio da niágara? JD - Nas condições de clima temperado e subtropical as principais doenças que atacam a videira niágara são: míldio, antracnose, e podridão da uva madura. Em condições de clima tropical são: míldio, ferrugem e requeima das folhas.

JE – Quais são as principais diferenças entre as uvas finas de mesa itália, rubi e niágara? JD - As principais diferenças estão relacionadas com a ocorrência de doenças, demanda de mão de obra para o manejo dos cachos, sistemas de condução, e características de cachos e de bagas. As cultivares de uvas finas são sensíveis à maioria das doenças fúngicas (míldio, oídio, podridão cinzenta, podridão ácida, podridão da uva madura,

antracnose, cancro bacteriano, morte descendente). As cultivares niágara rosada e niágara branca são sensíveis basicamente ao míldio, antracnose, ferrugem e podridão da uva madura. Quanto aos sistemas de condução: A uva niágara pode ser conduzida em espaldeira, sistema em Y e latada ‘pérgula’, enquanto que as uvas finas somente podem ser conduzidas em sistema Y e latada. Em relação à demanda de mão de obra: As uvas finas itália e rubi necessitam de raleio de bagas para os cachos ficarem soltos e as bagas crescerem. A uva niágara não necessita de raleio, os cachos quanto mais compactos melhor é o padrão e maior o preço de venda.

JE - Explique o que é a safra cheia e a safrinha. JD - Em condições tropicais denominamos safrinha a produção obtida no ciclo de formação, que tem início após a poda curta (2 gemas), normalmente deixa-se 1 a 2 cachos por ramo, enquanto que a safra cheia é obtida no segundo semestre a partir da poda longa (6 a 8 gemas). JE - Como foi o início do cultivo da niágara em Jales? Como ela superou a produtividade das outras variedades?

JD - As primeiras iniciativas do cultivo de niágara rosada na região de Jales foram feitas na década de 80 com base no sistema de condução da região de Jundiaí-SP, porém os resultados foram desanimadores, devido à baixa produtividade obtida e à baixa qualidade das uvas. As causas foram: baixo vigor das plantas devido ao porta-enxertos “Traviú”, as dificuldades para promover a brotação no período do outono, e o sistema espaldeira. As mudanças principais que permitiram a obtenção de maior produtividade e qualidade das uvas foram: a adoção do sistema latada, o uso intensivo de matéria orgânica, o emprego da poda verde na condução dos ramos em formação e em produção, o emprego de porta-enxerto mais vigoroso (IAC 766), o uso da irrigação, o uso do Etefom para ajudar na quebra de dormência das gemas, e o aumento nas concentrações de cianamida hidrogenada, logo após a poda, para promover a brotação. O uso de reguladores de crescimento para o aumento no tamanho das bagas também contribuíram para melhoria do padrão dos cachos, resultando se em cachos mais pesados e compactos.

JE – Explique as ações tomadas pela Embrapa para incentivar/melhorar o cultivo da uva niágara. JD - A Embrapa Uva e Vinho elaborou e difundiu um sistema de produção para as condições tropicais brasileiras com recomendações de manejo das plantas para produção no período de entressafra (julho a outubro) quando os preços de venda são elevados o que resulta em elevado retorno econômico, uma taxa maior que R$ 1,0 para cada R$ 1,0 investido. Este sistema permite a obtenção de 30 t.ha. ano. Acesse e saiba mais: www. cnpuv.embrapa.br/pub/sisprod. A Embrapa também editou um livro sobre o cultivo da videira niágara no Brasil, este livro vem cobrir uma lacuna que existia em termos de publicações técnicas sobre o cultivo desta variedade tão importante para a vitivinicultura brasileira. A obra visa difundir os conhecimentos aos técnicos da extensão rural, estudantes de Agronomia e produtores de uvas. O livro pode ser adquirido pelo site www.embrapa.br/liv ou e-mail sct.vendas@embrapa.br . No Brasil existem cerca de 10.000 hectares com as cultivares niágara branca e rosada, com predomínio da Niágara Rosada, porém na Serra Gaúcha há uma expressiva área de cultivo com niágara branca. Em 2010 foram processadas 37.971.072 kg de niágara branca e 12.553.768 kg de niágara rosada (http://www.cnpuv.embrapa.br/prodserv/vitivinicultura/ processadas/2010_2014_h. html), cuja produção destina se principalmente a elaboração de sucos e vinho de mesa. Em regiões de clima subtropical (região de Jundiaí-SP) a APTA – Centro de Fruticultura tem fomentado a mudança do sistema de condução espaldeira para o sistema de condução Y, o qual tem permitido o aumento de produtividade em cerca de 100 % (30 t.ha. ano). Na Embrapa esta sendo desenvolvidas novas cultivares de uvas tipo labruscas (uvas de chupar) e com sementes ( tipo ‘niágara’) com melhores características, tais como: melhor aderência, maior tamanho de bagas. Atualmente conta com cerca de dez novas seleções as quais são usadas em novos cruzamentos para, em médio prazo, novas variedades serem testadas nas diferentes regiões brasileiras.


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Mercado e Produção

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A uva niágara na Ceagesp paulistana I. Entrada mensal em toneladas de uva Niagara no ETSP em 2013

Fonte: SIEM – SEDES/CEAGESP e IEA Centro de Qualidade em Horticultura da CEAGESP Apoio: Cláudio Inforzato Fanale

O volume de uva registrada como niágara pelo SIEM – Sistema de Informação de Estatítica e Mercado da Ceagesp, em 2013, foi de 11.573 toneladas. A maior parte (91,04%) é produzida em São Paulo, Minas Gerais (7,72%), Rio Grande do Sul (0,97%), Paraná (0,26%) e Bahia menos que 0,01%, por 85 municípios diferentes – 54 municípios em São Paulo, 10 em Minas Gerais, 11 no Rio Grande do Sul, 9 no Paraná e 1 na Bahia. O volume recebido na Ceagesp paulistana proveniente do Estado de São Paulo – 10.536 toneladas equivale a 10% da produção paulista (IEA) – 64.127 toneladas A uva niágara é uma fruta de alta sazonalidade. Os maiores meses de oferta em 2013 foram dezembro (33%), janeiro (16%), fevereiro (8%), maio (8%) e abril (7%). A sazonalidade de oferta

4.000

I. Entrada mensal em toneladas de uva Niagara no ETSP em 2013

3.500 3.000

12

2.500 2.000 1.500

1

1.000 500 0 Tabela I. Volume de entrada e número de municípios por região agrícola paulista na CEAGESP paulistana, em 2013 Número de EDR Toneladas % municípios Campinas 7.295 69,24 11 Itapetininga 1.574 14,94 4 Jales 814 7,73 12 Sorocaba 410 3,89 8 Transferências 131 1,24 General Salgado 117 1,11 1 Bragança Paulista 85 0,80 1 Dracena 83 0,79 6 Votuporanga 16 0,15 3 Fernandópolis 9 0,09 3 São Paulo 1 0,01 1 Mogi das Cruzes 1 0,01 1 Botucatu 0 0,00 1 Total 10.536 100,00

dos seus dois principais fornecedores é diferente. A oferta de São Paulo se concentrou, em 2013, nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro, junho e maio A oferta de Minas Gerais se concentrou em setembro, julho, agosto e outubro, quando representou 55, 37, 39 e 43% do volume total de uva Niagara de cada mês, respectivamente.

No Entreposto Terminal de São Paulo da Ceagesp 129 atacadistas comercializaram uva niágara em 2013, sendo o primeiro responsável por 11% do volume, os dez primeiros por 57% e os 24 primeiros por 84%. Depois dos 24 a participação cai rapidamente para menos de 1%. O cálculo do número de origens por atacadista

mostra que 116 atacadistas recebem uva Niagara de São Paulo, sendo que 12 não recebem uva de outros estados. Trinta e três atacadistas recebem uva de Minas Gerais. A maior parte dos atacadistas recebem uva de um estado (68%), seguido por dois estados de origem (21%), 3 estados (8%) e 4 estado (2%). A origem da produção paulista de uva niágara que chega à Ceagesp está concentrada em algumas regiões agrícolas como mostra a Tabela I. Hoje 88,89% do volume vem de regiões próximas da capital paulista como Campinas, Itapetininga e Sorocaba e 9,86% de regiões do oeste paulista - Dracena, Fernandópolis, Jales, General Salgado, São José do Rio Preto e Votuporanga. A prática de transferência impede a localização de origem de 1,24% do volume. Existe uma variação grande do número de municípios por região agrícola. A maior diversidade de municípios está na Região de Jales, seguida por Campinas, Sorocaba e Dracena.


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Qualidade

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O Estado de São Paulo e a uva niágara I. Evolução da participação % de cada tipo de uva na produção de uva do Estado de São Paulo 48

53

51

51

43

42

37 28 21 12

9

6

1983 Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp Fonte: www.iea.sp.gov.br Banco de Dados Apoio: Idalina Lopes Rocha

O IEA – Instituto de Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - tem entre suas funções o levantamento de informações agrícolas em cada município paulista, junto com a CATI – Coordenadoria de Assistência Integral. Um outro trabalho feito periodicamente, em conjunto pelos dois órgãos é o LUPA – um censo agropecuário paulista. As informações da uva comum (niágara + isabel), uva fina e uva para indústria estão disponíveis desde 1983 até 2013: número de pés novos, número de caixas de 5 kg produzidas por município, por regional agrícola e pelo estado de São Paulo. Na análise é importante considerar o crescimento da população paulista e brasileira no mesmo período.

Aqui estão os resultados das informações trabalhadas:

• 1. A população brasileira cresceu de 121 milhões de pessoas em 1980 para 200 milhões em 2013 – 65%. • 2. A população paulista cresceu e 25 milhões em 1980 para 42 milhões em 2013 – 68%.

• 3. Houve uma grande mudança no perfil da produção de uva no Estado de São Paulo entre 1983 e 2013, conforme pode ser visto no Gráfico I. Em 1983 a uva para a indústria (48%) e a uva comum dominavam a produção. A participação da uva comum cresceu para 53% e a da uva para indústria diminuiu para 6%.

• 7. Mais de 90% da produção de uva do Estado acontece em cinco regiões agrícolas em 1983 e hoje. A região de Campinas continua a maior produtora, mas perdeu participação entre 1983 e 2013 – de 57% para 37%. A Região de Bragança vem diminuindo a sua produção e hoje responde por 7% da produção do estado. A participação da região de Sorocaba caiu 8%, a de Itapetinga cresceu 81% e a de Jales, que não produzia nada em 1983, hoje responde por 14% da produção.

Indústria

57

35

37 37 27

25 24

23 18 13

14

17 12

14

6

7

JALES

BRAGANCA PAULISTA

1

0 CAMPINAS

ITAPETININGA

SOROCABA

1.983

1.993

2003

4 2

2.013

III. Evolução da participação % da produção de uva comum (Niagara e Isabel), por EDR do Estado de São Paulo, de 1983 a 2013 90 67 67 69

• 8. A produção de uva comum (niágara e isabel) continua muito concentrada na Região de Campinas (69%). A produção nas regiões de Itapetininga e Jales está crescendo. Jales está alcançando a participação de Sorocaba na produção -

• 9. A relação pés novos e pés em produção mostra o crescimento potencial. A relação média em 2013 foi de 3,80% e em 2013 de 1,53%. Jales é a região com a maior relação em 2013 – 2,65%.

Fina

2013

Evolução da participação % da produção total de uva por EDR do Estado de São Paulo, de 1983 a 2013

•5. A produção de uva fina quase triplicou, no mesmo período, e a de uva para indústria é 10% do que era em 1983. A produção total de uva diminuiu 4% entre 1983 e 2013. • 6. O Estado de São Paulo produziu em 2013 - 64 mil toneladas de uva comum (niágara), 50 mil toneladas de uva fina e 7 mil toneladas de uva para indústria.

2003

Comum

A participação de uva fina cresceu de 95 em 1983 para 42% em 2013. •4. A produção de uva comum cresceu 6% entre 1983 e 2013, tendo alcançado produções muito superiores no período de 1998 a 2002 (até 75% maior que 1983).

1993

20 8 9

12

0 CAMPINAS

ITAPETININGA

5

11

7

SOROCABA 1.983

1.993

0 0 2 JALES 2.003

6

3 2

7

3

BRAGANCA PAULISTA 2.013

0 0 1 1 DRACENA


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Qualidade

Cultivo de uva americana merece atenção em São Paulo Regiões produtoras próximas aos grandes centros urbanos sofrem com a especulação imobiliária Autoria:Priscilla Rocha Silva, Adriana Renata Verdi, Vera Lúcia Ferraz dos Santos Francisco e Celma da Silva Lago Baptistella Informações Econômicas, SP, v.36, n.1, jan. 2006. Adaptação: Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp

A uva niágara (Fox Grape, uva americana, uva rústica, uva comum) é uma variedade originária dos Estados Unidos da América (EUA), da espécie Vitis labrusca, nativa da América do Norte. Foi desenvolvida na região de Niagara, no estado de Nova Iorque, em 1868 a partir do cruzamento das variedades Concord x Cassady. Nos Estados Unidos a fruta é consumida tanto in natura como na forma de geléias, sucos e vinhos. Normalmente, quando comercializada in natura, o consumo realiza-se próximo a regiões produtoras, por alta perecibilidade. A uva niágara é comumente cultivada nos EUA, nos Estados de Nova Iorque, Pensilvânia, Michigan, Washington D.C. e Ohio, sendo grande o seu consumo na forma de suco. É produzida em larga escala também no Canadá, Nova Zelândia e Brasil. No Brasil, a variedade niágara branca foi introduzida em 1894, disseminando-se na região de Jundiaí. Em 1933 surgiu em Jundiaí, no então bairro de Louveira, por mutação somática

em um pé de niágara branca, a niágara rosada que, em menos de dez anos, dominou a produção. A produção de uva no Estado de São Paulo contou com a colonização italiana, os seus costumes, seus conhecimentos técnicos tradicionais sobre o manejo das videiras e do trabalho em família. O professor Homem de Melo, em meados da década de 1940, dividiu o Estado de São Paulo, de acordo com a produção comercial da uva,

em 5 zonas, que utilizam a estrada de ferro como referência: Zona 1 - composta por propriedades localizadas ao longo da Estrada de Ferro Central do Brasil, entre os municípios de São Paulo e Mogi das Cruzes;

Zona 2 - composta por propriedades situadas ao redor do município de São Roque; Zona 3 - composta por propriedades no município de Salto e

na Estrada de Ferro Sorocabana;

Zona 4 - composta por propriedades nos municípios de Boituva, Tatuí e Tietê; e

Zona 5 - composta por propriedades servidas pela Estrada de Ferro Paulista, que compreendia os municípios de Campinas, Itatiba e Jundiaí. Esta última zona foi por ele denominada “como a mais importante região vitícola do Estado de São Paulo, por possuir a maior área plantada de uva do Estado e ser a

principal fornecedora do produto para os mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e interior do Estado de São Paulo”. A área plantada de uva representava 42,3% do total do Estado, sendo o então distrito de Louveira o mais importante. Após 60 anos, a Zona 5 continua sendo a maior produtora de uva comum de mesa niágara Rosada, comercializada em todo o Brasil. Hoje a produção de uva niágara vem sofrendo pressões que podem colocar em risco sua sustentabilidade. As regiões produtoras próximas aos grandes centros urbanos estão sob grande pressão imobiliária. O empobrecimento do solo e o aparecimento de novas pragas e moléstias, elevam o custo de produção sem retorno no preço do produto no mercado. A proximidade geográfica dos centros urbanos, principalmente às metrópoles de Campinas e São Paulo, merece ser mais bem explorada. A excelente malha viária instalada, aliada às menores distâncias podem representar importantes vantagens aos produtores regionais, quando comparadas às demais áreas produtoras do Estado e do País. Tais vantagens constituem recursos que não devem ser ignorados no planejamento da produção e comercialização regionais.

Temperatura e produção da uva niágara Adaptação: Anita de Souza Dias Gutierrez Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp

A utilização de índices biometeorológicos permite ao viticultor o planejamento da safra e das práticas de manejo e ao atacadista a previsão da safra em cada região. O índice térmico, também conhecido como graus-dia (GD), quer seja pela simplicidade, quer seja pela confiabilidade que apresenta, tem sido o mais utilizado na viticultura tropical. A caracterização fenológica e a quantificação das unidades térmicas necessárias para cada estádio fenológico da videira variam com o genótipo e os dados climáticos de cada região. Estudos en¬volvendo a relação entre o comprimento do ciclo e a temperatura do ar mostram que, em regiões onde a temperatura é mais elevada, o ciclo da cultura é menor, em razão de seu crescimento acelerado. A quantidade de energia necessária para a videira completar

O cálculo simples, só exige um termômetro e a colocação do cálculo da temperatura média a cada dia, na fórmula a seguir: GD = (Tm - Tbm) + (TM - Tm)/2, para Tm > Tbm; GD = (TM - Tbm)2 / 2(TM - Tm), para Tm < Tbm, GD = [2(TM – Tm) x (Tm – Tbm) + (TM – Tm)2 – (TM – TbM)²]/[2(TM – Tm)], para TM > TbM e GD = 0, para Tbm > TM.

cada estádio fenológico geralmente é expressa em graus-dia, que é a diferença acumulada entre a temperatura média e a temperatura-base abaixo da qual a planta não se desenvolve. As videiras apresentam variações ao longo dos estádios fenológicos de temperaturas-base mínimas e também máximas - base mínima 10°C (Tbm-10).

GD = graus-dia; TM = temperatura máxima diária (°C); Tm = temperatura mínima diária (°C), Tbm = temperatura-base mínima (°C) TbM= temperatura-base máxima (°C). As exigências térmicas (graus-dia) precisam ser estabelecidas para estádio fenológico desde a poda: A. Gema inchada B. Gema algodão C. Brotação D. Aparecimento da inflorescência E. Inflorescência desenvolvida F. Florescimento G. Frutificação

H. Chumbinho I. Ervilha J. Início de compactação dos cachos K. Inicio da maturação e colheita.

Fontes: Exigência térmica da videira ‘Niagara Rosada’, cultivada no Norte de Minas, com diferentes temperaturas-base mínimas e máximas Denis Pereira Ribeiro; Danilo Pereira Ribeiro e Carlos Eduardo Corsato XIX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e X Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba Fenologia, exigência térmica e produtividade de videiras ‘Niagara Branca’, ‘Niagara Rosada’ e ‘Concord’ submetidas a duas safras por ciclo vegetativo Rafael Anzanello, Paulo Vitor Dutra de Souza3, Pedro Ferreira Coelho Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 34, n. 2, p. 366-376, Junho 2012

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Qualidade

fevereiro de 2014

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Opinião pessoal: Ceagesp paulistana está perdendo espaço no abastecimento

Anita de Souza Dias Gutierrez Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp

A Ceagesp surgiu em 1969 no Estado de São Paulo, resultado da fusão do Centro Estadual de Abastecimento e da Companhia de Armazéns Gerais, e reuniu na mesma empresa as atividades de suporte à comercialização de frutas e hortaliças e de prestação de serviços de armazenagem de grãos (Ceagesp). Ela foi criada para melhorar o escoamento da produção e garantir o abastecimento adequado da crescente população urbana. As características mais marcantes da produção e do abastecimento dos produtos perecíveis frescos (frutas, hortaliças, flores, plantas ornamentais e pescado) são a pulverização e fragmentação de produção e da origem - milhares de produtores, áreas pequenas, diferentes regiões produtoras com diferentes épocas de colheita, aliadas às características do produto

(perecibilidade e valoração do frescor), a necessidades do mix de produtos todos os dias pelo varejo e serviço de alimentação, a inexistência de um elo coordenador de cadeia e à grande fragilidade comercial do produtor. Essas características tornam imprescindível a existência de centros logísticos de recebimento e expedição muito eficientes. A população urbana brasileira que representava 36% da população total em 1950 – 36 milhões de pessoas, em 1970 foi para 56% da população total – 94 milhões e no censo de 2010 cresceu para 84% da população total – 191 milhões de habitantes. A população brasileira cresceu 6 vezes entre 1950 e 2010 e dobrou entre 1970 e 2010. O crescimento da população urbana foi muito maior - 8 vezes entre 1950 e 2010 e três vezes entre 1970 e 2010. A população brasileira está muito concentrada nas grandes regiões metropolitanas – nas grandes cidades. As quatro maiores regiões me-

tropolitanas – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre concentram 21% da população. As 60 regiões metropolitanas levantadas pelo IBGE concentram 40% da população brasileira. O Entreposto Terminal de São Paulo – ETSP é o local de convergência de produtos originários de diferentes regiões do Brasil e dos diferentes agentes de produção, transporte e comercialização: atacado, varejo e serviço de alimentação. A qualidade e a diversidade de produtos que chega ao ETSP é o resultado do clima, da competência do produtor e dos cuidados no seu transporte. O acesso do consumidor a um produto fresco e seguro e de alto custo-benefício, é o resultado da agilidade na comercialização e dos cuidados no seu manuseio e conservação. O Entreposto Terminal de São Paulo é grandioso pela sua importância no abastecimento, pelo grande volume comercializado, pela qualidade dos seus produtos. Hoje ele é o responsável por 28% das hortaliças e de 33% das frutas das Ceasas brasileiras – um volume total de 3,371 bilhões de toneladas e um valor financeiro de R$ 6,8 bilhões. O volume comercializado no Entreposto Terminal de São Paulo vem crescendo – 46% entre 1981 e 2013, mas o seu crescimento é inferior ao crescimento da população brasileira (66%), da população paulista (67%) e da população da Região Metropolitana de São Paulo (57%). A Ceagesp paulistana está perdendo espaço no abastecimento da população. A conquista de maior espaço no abastecimento exige a mudança da atual situação trânsito interno caótico, a grande demora na descarga e na carga, o tempo muito longo de comercialização, a entrada de lixo com os compradores para descarte dentro da Ceagesp, o controle quase impossível da entrada de crianças, bandidos, desocupados e mendigos, a impossibilidade de atendimento das exigências da COVISA e do Ministério Público, a existência vendedores não autorizados concorrendo com os permissionários, a falta de segurança na comercialização pela ação de

criminosos, levando os donos de veículos a acionarem a Ceagesp para ressarcimento, a dificuldade crescente dos permissionários em atenderem à demanda dos seus compradores. O Serviço de Monitoramento, que engloba a ‘Gestão e a operação da circulação interna de veículos, bem como de todas as portarias de veículos e pedestres do Entreposto de São Paulo da Ceagesp, o fornecimento e a instalação de solução integrada de monitoramento, e implantação das obras de melhorias previstas no projeto de obras viárias, sinalização e circulação de veículos’, é o primeiro e mais importante passo no caminho da modernização e melhoria da competitividade do Entreposto Terminal de São Paulo e da adequação da Ceagesp, uma empresa do governo federal, às exigências da lei. A sua implantação trará grandes benefícios ao mercado:

1. Permite a exigência da rotulagem e da rastreabilidade dos produtos comercializados no ETSP – o primeiro passo para um alimento seguro 2. Permite a melhoria do preenchimento da Nota Fiscal do Produtor, base do Sistema de Informação de Mercado SIEM da Ceagesp

3. Acaba com a estadia de veículos utilitários e caminhões que usam o ETSP como estacionamento, dormitório e agendamento de carga

4. Impede a entrada dos veículos com lixo para descarte no ETSP

5. Impede o comércio clandestino sobre caminhão, prostituição e outros comércios como droga 6. Impede a entrada de crianças, bandidos, desocupados e mendigos no ETSP

7. Agiliza as compras pela diminuição do tempo do comprador no mercado e diminui a especulação de preços 8. Impulsiona a adoção de métodos modernos de movimentação de mercadoria

9. Impulsiona a melhoria das embalagens

10. Permite a implantação do Banco de Caixas – que retira as caixas vazias do mercado, simplifica, torna mais seguro e barato a utilização de caixas retornáveis, higienizadas

11. Diminui o tempo de comercialização e torna o horário de trabalho mais racional – permitindo aos comerciantes, seus funcionários e prestadores de serviço, maior tempo de lazer 12. Aumenta o espaço disponível para fornecedores e compradores e melhora o fluxo de veículos 13. Gera recursos extras para a modernização do mercado.

14. Gera informações que permitirão uma melhoria da gestão do Entreposto

15. Contribui para a conservação da qualidade e do valor do produto 16. Diminui as perdas e a geração de lixo

17. Diminui a participação do produto a granel e das operações de classificação e embalamento, do produto a granel ou em caixa de colheita, no mercado

18. Diminui a utilização dos caminhões refrigerados como armazém 19. Aumenta a agilidade da carga e da descarga

20. Restringe as operações de preparação, limpeza, embalamento do produto dos compradores, em locais inadequados (feirantes e distribuidores).

21. Diminui o custo da segurança e do seguro 22. Melhora a nossa eficiência, como centro logístico de alimentos frescos

23. Permite a nossa adequação às exigências da Vigilância Sanitária e do Ministério Público e às outras legislações que tratam da comercialização e transporte de alimentos frescos e da garantia de um alimento seguro para a população.


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Qualidade

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O destino dos produtos do Jaíba Fonte: Programa JICA/Governo de Minas – dados da ABANORTE

não recebem banana prata, mas não recebem banana nanica da região: Espírito Santo, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

A ABANORTE registra a origem e o destino de cada carga de produtos, de trânsito controlado pela Defesa Fitossanitária – IMA do Governo de Minas Gerais, na Região do Jaíba. Aqui estão algumas informações, coletadas pela ABANORTE e trabalhadas pela equipe do Projeto JICA/Governo de Minas Gerais, sobre atemóia, banana, limão, mamão e manga. • Esses produtos foram destinados, em 2013, para vinte estados brasileiros, sendo três estados responsáveis por 86% do volume total – Minas Gerais (31%), São Paulo (29%) e Rio de Janeiro (26%). O Distrito Federal, a Bahia, o Rio Grande do Sul foram os outros estados de destino mais importante e oscilam entre 4 e 2% de participação. • A banana é o produto de maior volume (68%), em seguida vem o mamão (20%), o limão (7%), a manga (4%) e a atemóia (0,17%). • A atemóia foi enviada, em 2013, para três estados – São Paulo (81%). Minas Gerais (16%) e Rio de Janeiro (3%).

• A banana Prata foi enviada, em 2013, para 19 diferentes estados brasileiros e a nanica para 15 estados. A banana prata respondeu por 84% do volume total de banana. A distribuição de destino da banana prata e da nanica difere. Os estados maiores compradores da banana são Rio de Janeiro (36%), Minas Gerais (30%) e São Paulo (27%), seguido pelo distrito Federal (4%) , Rondonia, Bahia, Goias, Mato grosso do Sul, Rio Grande do Sul e outros. A proporção da banana prata para o Rio de Janeiro é de 97%, de Minas Gerais 75% , de São Paulo 75% e de 77% no Distrito Federal. Alguns estados

• O limão tahiti foi enviado, em 2013, para 16 estados brasileiros. Os estados maiores compradores são Minas Gerais (40%) e Bahia (25%), seguidos por São Paulo (9%), Distrito Federal, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Goiás e outros.

Gráfico 01.2013 Participação %da por estado,dedo destino da Atemóia, O estado de São Paulo em recebeu 81% produção atemóia da região do Jaíba Banana, Limão, Manga e Mamão, da Região do Jaíba

Gráfico 01. Participação % por estado, do destino da atemóia, banana, limão, manga e mamão, da Região do Jaíba 81 71

Atemóia

Banana

61

Limão

Manga

51

Mamão

41 31 21 11 1 SP

MG

RJ

BA

DF

RS

ES

GO

PE

PR

• O mamão formosa foi enviado, em 2013, para 13 estados diferentes e o mamão havaí para 6, num total de 14 estados que receberam mamão de Jaíba. O mamão formosa respondeu por 99% das cargas de mamão. Os estados maiores compradores (89%) foram São Paulo (40%), Minas Gerais (33%), Rio Grande do Sul (11%) e Distrito Federal (5%). • A manga palmer foi enviada, em 2013, para 11 estados diferentes e a manga tommy Atkins para 6. A manga palmer respondeu por 94% das cargas de manga. A venda de manga está concentrada (94%) em 3 estados - São Paulo (39%), Minas Gerais (36%), Rio de Janeiro (13%) e no Distrito Federa (5%), seguidos por Goiás, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pará e Santa Catarina (Tabela VI do Anexo). • Os estados responsáveis por quase 100% de todos os produtos aqui estudados são em ordem de importância de participação – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia. Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Espírito Santo. Goiás. Pernambuco e Paraná. O Gráfico 01 do Anexo mostra a participação destes estados no escoamento de atemóia, banana, limão, mamão e manga da Região do Jaíba em 2013.

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Diminui embarque de frutas de caroço chilenas para os EUA

COMÉRCIO JUSTO

Proposta de trabalho

As Ceasas se tornarão centros de comércio justo, através da implantação de um código de boas práticas comerciais, um sistema de arbitragem comercial e de um cadastro de compradores com índice de confiabilidade. A sua implantação exigirá a criação de instrumentos de garantia de comércio justo dos produtos hortícolas frescos: 1º Criação de regras comerciais que estabeleçam responsabilidades para cada elo do setor (semelhante ao PACA - Perishable Agricultural Commodities Act e ao Fair Trade Guidelines, nos EUA); 2º Criação de um sistema de arbitragem comercial; 3º Incorporação das regras comerciais e do sistema de arbitragem ao regulamento da Ceasa; 4º Criação de um cadastro de compradores com pontuação de confiabilidade; 5º Criação de um conselho de representantes de produtores, atacadistas, transportadores e varejistas com todos os elos da cadeia para monitorar e aperfeiçoar o sistema.

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Qualidade

Araçatuba inicia venda de pitaia Exótica, a Pitaia, cujo nome significa fruta escamosa, passou a ser comercializada na atacadista Araçatuba, localizada no ETSP, há aproximadamente quatro anos. De olho na qualidade do produto, a Araçatuba atua em con-

O artigo publicado por Andy Nelson, em 15 de janeiro de 2014, no jornal americano The Packer, alerta que a remessa de frutas de caroço do Chile para os Estados Unidos em 2014 será muito menor. A queda estimada é de 64% para os pêssegos, 59% para as nectarinas e 63% para as ameixas. Os preços ainda estão muito bons e uma parte

junto com seus produtores agregados, promovendo um trabalho de conscientização no campo, visando qualidade no sabor e no manuseio. As frutas chegam na Ceagesp já selecionadas e embaladas.

da carga para os mercados europeu e asiático pode ser desviada para os EUA. No dia 14 de janeiro último os preços levantados pelo Ministério da Agricultura americano eram de 28 a 30 dólares por caixa de duas camadas, com 40 frutos, para pêssegos e nectarinas, bem maior que o preço do ano passado, no mesmo período, de 22 a 24 dólares. As perdas

previstas variam entre 45 e 65% e entre 30 e 60%, dependendo da fonte. A qualidade dos frutos de caroço chilenos que chegaram aos EUA é muito boa, com tamanho maiores que o normal. Acesse e saiba mais: www.thepacker.com/ fruit-vegetable-news/ Chilean-stone-fruit-volumes-down-sharply-240328541.html

Programas exigidos por lei: Programa de Controle de Saúde Médico Ocupacional - PCMSO Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP Exames médicos: Admissão, Periódico, Retorno ao trabalho, Demisssionais. Dra. Ana Maria Alencar (Diretora Médica) Entre em contato com nossos representantes Fábio (11) 3832.4049 / 3835.9576 / 7871.2644 End. Edsed II sala 37(em cima da padaria Nativa)


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Artigo

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2013: Balanço do comércio exterio Antonio Hélio Junqueira * Marcia da Silva Peetz ** Em 2013, os resultados das exportações brasileiras de flores e plantas ornamentais confirmaram o ciclo de retração recentemente experimentado pela floricultura nacional, decaindo 8,43% em relação ao total vendido ao exterior em 2012, e fechando o ano no valor global de US$ 23,81 milhões. Tal fato continua refletindo o contexto econômico e financeiro recessivo prevalecente nos principais mercados importadores mundiais, o qual – deflagrado a partir do último trimestre de 2008, com a crise imobiliária dos EUA – permanece determinando reduções globais na demanda pelos produtos da floricultura. A Figura 1 permite acompanhar o desempenho exportador da floricultura brasileira ao longo dos últimos quatorze anos. Pode-se, assim, contatar, que no período de 2000 e 2008, o País viveu um processo ininterrupto de obtenção de recordes sucessivos nos embarques de flores e plantas para o exterior, tendo elevado seus resultados de US$ 11,97 milhões, em 2000, para 35,5 milhões, em 2008. Tal performance encontra justificativas em várias condicionantes favoráveis então ocorrentes, entre as quais cabe destacar os esforços promocionais, técnicos e organizacionais alcançados pelo FloraBrasilis – Programa Brasileiro de Exportação de Flores e Plantas Ornamentais, que resultou de parceria entre a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos - APEX-BRASIL e órgãos de representação setorial dos produtores e exportadores no setor da floricultura, como o Ibraflor e o Instituto Agropólos do Ceará, além de empresários de diferentes regiões do País. Porém, a partir do final de 2008, com a deflagração e posterior acirramento da crise econômica internacional, os resultados anuais não puderam se sustentar nos patamares conquistados e os valores exportados iniciaram uma trajetória descendente que se prolonga até os dias atuais. Cabe ressaltar, contudo, que uma das principais características estruturais do setor exportador da floricultura brasileira – qual seja o de se concentrar essencialmente na comercialização de material de propagação vegetal destinado a produtores internacionais de flores e plantas e não diretamente à venda para consumidores finais – tem garantido uma relativa suavidade no processo decrescente das vendas no mercado mundial. Em 2013, os principais grupos de produtos setoriais exportados pelo Brasil foram o dos bulbos, tubérculos, rizomas e similares em repouso vegetativo (53,54%), seguido pelo das mudas de plantas ornamentais (35,77%). Outros grupos de produtos da floricultura, especialmente aqueles focados no consumo final, mantive-

ram baixa expressividade financeira na balança comercial. Assim, no último ano, o Brasil não exportou rosas, cravos e orquídeas cortadas, enquanto que as exportações de outras flores frescas e seus botões - que incluem lisianthus, gérberas, lírios, antúrios, abacaxis ornamentais e outras flores tropicais – somaram participação relativa de apenas 0,58%. A seguir, são apresentadas análises particularizadas da performance dos principais grupos componentes da pauta da balança comercial brasileira dos produtos da floricultura.

Balança comercial da floricultura brasileira Em 2013, a balança comercial da floricultura brasileira mostrou saldo negativo de US$ 18,125 milhões, sendo que os valores das importações foram 76,11% maiores do que os das exportações (Ver Figura 2). Vale observar que no período do auge do crescimento das exportações brasileiras, entre 2006 e 2008, a balança era superavitária e as importações equivaliam a apenas um terço dos valores exportados. Os principais grupos de mer-

cadorias adquiridos internacionalmente pelo Brasil, em 2013, foram os de bulbos, rizomas, tubérculos e similares, destinados à propagação vegetativa – tanto para produção para consumo doméstico, quanto para re-exportação (25,89%) –, bem como os das mudas de orquídeas (25,61%), de mudas de outras plantas (15,78%) e de outras plantas ornamentais (10,41%). Observa-se que as mudas de orquídeas importadas pelo Brasil da Holanda (65,88%), Tailândia (29,45%), Japão (2,98%), EUA (1,57%) e Equador (0,12%) tiveram forte

destaque no período analisado, com crescimento de 21,07% sobre os resultados do ano anterior, o que denota o intenso crescimento da base produtiva e do consumo dessas flores no mercado doméstico. As importações de mudas de orquídeas somaram, em 2012, US$ 8,870 milhões, com um aumento de 31,47% em relação a 2011. Já em 2013, o valor de importação atingiu US$ 10,739 milhões, superando em 21,07% os resultados do ano anterior. Porém, neste caso, as importações não são consideradas materiais para a propagação vegetal,


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Agrícola

or da floricultura brasileira mas, sim, destinadas à produção comercial de plantas para consumo final no mercado doméstico, especialmente importantes nos ascendentes mercados de Phalaenopsis, Cymbidium e Vandas, entre outras espécies do grupo. Em relação ao comportamento observado em anos anteriores, destacou-se a expansão das importações de produtos já prontos para o consumo como as rosas de corte frescas, as quais chegaram a representar 15,10% da pauta global das importações brasileiras, com crescimento de 4,27% sobre o desempenho de compras do ano anterior. Além delas, outras flores cortadas em geral agregaram 6,39% de participação, com aumento de 24,59% sobre os resultados observados em 2012. O fenômeno da expansão das importações de flores cortadas frescas no período justifica-se pelo conjunto de indicadores favoráveis observados na economia nacional no tocante aos níveis de emprego, ocupação e renda, além da estabilidade econômica experimentada pelo País, que vem sustentando um consumo aquecido e mais diversificado dessas mercadorias. Nos últimos anos, as vendas observadas nas duas principais datas de consumo (Dia das Mães e Dia dos Namorados) comprovaram a disposição intensificada dos brasileiros em presentear com flores, permitindo que parcelas crescentes de produtos importados convivessem harmoniosamente com a produção nacional no suprimento do mercado. Além disso, cabem destacar dois fatores que vêm, também, colaborando para essa performance importadora. O primeiro deles é o fato de que países vizinhos de economia florícola essencialmente focada no mercado internacional – especialmente Equador e Colômbia – vêm sofrendo mais intensamente os efeitos perversos da recessão global e seus produtos encontram-se mais fartamente disponíveis e acessíveis para o consumo brasileiro. Em segundo, destaca-se a excessiva valorização cambial do real que vigorou até muito recentemente e que favoreceu a expansão do ingresso de mercadorias estrangeiras. Em 2013, os países supridores do mercado brasileiro de rosas frescas cortadas foram: Colômbia (57,89%) e Equador (41,86%). Para as demais flores frescas – que incluem principalmente alstroemérias, entre outras espécies – as importações foram provenientes também desses dois países, sendo que o Equador respondeu por 53,17% das importações brasileiras dessas mercadorias e a Colômbia por 46,51%. A Colômbia respondeu, ainda, por 100% das importações brasileiras de cravos e seus botões, as quais tiveram, contudo, importante redução no período, da ordem de 26,13% em relação da 2012 e de 74,51%, sobre 2011. Seguindo as tendências de queda na participação relativa das flo-

res frescas e seus botões cortados frescos na pauta global de exportações dos produtos da floricultura brasileira, o uso logístico de transportes marítimos elevou o seu percentual para 61,74% do total, na média dos anos 2011-2013, ante uma participação de 50,53% no período de 2007-2010. Em decorrência, os transportes aéreos tiveram presença descendente, de 48,62% (2007-2010), para 37,13% (20112013). Já outras modalidades, que incluem as exportações via postal e rodoviária mantiveram participação relativa estável (1,05%, no primeiro período analisado e 1,14%, entre os anos de 2011 e 2013). Visando dar maior visibilidade ao papel dos pequenos agricultores e à agricultura familiar em todo o mundo, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) instituiu para 2014 o Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF). Estima-se que em nível mundial, a produção camponesa responda por cerca de 80% das colheitas de alimentos, no que contribui decisivamente para a construção da segurança alimentar e nutricional de populações de todos os habitats e continentes. Além disso, colabora para a criação, manutenção, crescimento e desenvolvimento endógeno e sustentável das economias regionais, especialmente naqueles segmentos de subsistência, e para a gestão e proteção dos recursos naturais e do meio ambiente. A importância principal da consagração desse ano à agricultura familiar reside no reposicionamento desse segmento no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas agendas nacionais de todos os países – mas especialmente naqueles do Hemisfério Sul – na busca da promoção de novos padrões de desenvolvimento, mais justos e equitativos do ponto de vista social e mais equilibrados do ponto de vista ambiental. Para tanto, uma sé-

rie de debates, publicações e eventos buscarão, ao longo de todo o ano, discutir e aumentar o nível de conscientização e de conhecimento sobre as potencialidades, peculiaridades, fortalezas, fraquezas e desafios que os pequenos agricultores e suas famílias enfrentam no dia a dia, na perspectiva de identificar e implementar ações e políticas de apoio a esses fundamentais agentes da organização social e produtiva do campo. A definição da agricultura familiar ocupa economistas, sociólogos, antropólogos, engenheiros agrônomos e outros profissionais que atuam no meio rural há muitas décadas, refletindo, ao longo do tempo, diferentes tensões e posicionamentos. Atualmente, considera-se que a agricultura familiar é aquela que inclui toda e qualquer natureza de atividade agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola quando organizada, conduzida e gerenciada familiarmente e que apresenta dependência predominante – mas não exclusiva –do uso da mão-de-obra também familiar, uma vez que a Lei n.º 11.326, de 24 de julho de 2006, considera a possibilidade do trabalho contratado no âmbito da agricultura familiar, sem que este fato venha a descaracterizá-la sob qualquer ponto de vista ou para qualquer fim. Sabe-se que, em todo o mundo, a agricultura familiar possui papel preponderante na produção e abastecimento de alimentos básicos – sua principal vocação –, além de outros produtos. Entre outras importantes vantagens devem ser ainda citadas: a) a viabilização da manutenção de populações no campo, ainda que em áreas exíguas de terra; c) a forte geração de emprego, ocupação e renda no meio rural especialmente para as mulheres; d) a preservação de sementes, espécies e alimentos tradicionais e e) a proteção e o uso equilibrado

dos recursos naturais e do meio ambiente. Segundo os resultados do estudo “O Censo Agropecuário de 2006 e a Agricultura Familiar”, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, no Brasil, a agricultura familiar responde por pouco mais de 84 % dos cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos rurais existentes e pela ocupação de 74,5% das 16,5 milhões de pessoas que vivem do trabalho no campo. Respondendo por 38% do valor bruto da produção agrícola brasileira, o trabalho da agricultura familiar gera 87% de toda a produção nacional de mandioca, 70% da do feijão, 59% dos suínos, 58% do leite e 50% das aves, entre outros alimentos da cesta básica alimentar. Além disso, os estabelecimentos familiares brasileiros detêm importante participação nas receitas geradas pela comercialização de húmus (64%), produtos não agrícolas como artesanato e tecelagem (57%), produtos da agroindústria (49%), prestação de serviços (47%) e comércio de animais (43%).Observa-se que, apesar de ocuparem apenas 24% do total da área agrícola cultivada, os estabelecimentos familiares são importantes absorvedores de mão de obra, comportando, em média, o trabalho de 15 pessoas a cada 100 hectares cultivados, quantidade nove vezes superior ao da agricultura empresarial, ou não familiar. Agregam, no seu universo, tantos os agricultores que produzem para o mercado, trabalhando por conta própria e contando ou não com a ajuda de trabalhadores assalariados, quanto aqueles que apenas produzem para a sua subsistência e a de sua família. A despeito da sua forte importância econômica relativa no meio rural, a agricultura familiar apresenta-se frágil e dependente da proteção de políticas públicas, situação essa que decorre de al-

guns fatores importantes, entre os quais cabem destacar: a) pequenas dimensões individuais de área e de volumes de produção; b) baixos índices de adesão e de desenvolvimento do associativismo e do cooperativismo; c) altos níveis de dependência da atuação de intermediários na comercialização de seus produtos, que fragiliza sua inserção nas relações de mercado; d) baixo nível de agregação de valor à produção; e) alta suscetibilidade e vulnerabilidade social devido à informalidade da atividade, sazonalidade e inconstância da renda, não inclusão sócio-produtiva dos jovens, entre outros também importantes fatores. No segmento da horticultura – produção econômica de frutas, verduras, legumes, flores e plantas ornamentais – a presença e atuação da agricultura familiar é decisivamente marcante, garantindo não apenas o abastecimento do mercado ao longo de todo o ano, mas também a sobrevivência dos cinturões verdes e da pequena e média propriedades rurais no entorno dos grandes aglomerados urbanos, retendo importantes contingentes populacionais no meio rural. A ela, portanto, devemos canalizar todo nosso respeito e apoio, lutando para que o ano de 2014 venha a efetivamente representar a conquista da posição central nas políticas econômicas e sociais que ela mais do que merecer, necessita!

* Engenheiro agrônomo, doutorando em Ciências da Comunicação (ECA/ USP), mestre em Comunicação e Práticas de Consumo (ESPM), pós-graduado em Desenvolvimento Rural e Abastecimento Alimentar Urbano (FAO/PNUD/CEPAL/IPARDES), sócio administrador da Hórtica Consultoria e Treinamento. ** Economista, pós-graduada em Comercialização Agrícola e Abastecimento Alimentar Urbano, sócia-administradora da Hórtica Consultoria e Treinamento.


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Veiling Holambra

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JORNAL ENTREPOSTO Um jornal a serviço do agronegócio

Mega projeto Gran Flora vai ampliar atendimento atacadista em Holambra

Mix de produtos vai complementar o que já é ofertado nos leilões

O Gran Flora Veiling Holambra é um novo modelo comercial já consolidado na Holanda e que está chegando ao Brasil para centralizar em um só recinto o maior mix de produtos, acessórios e materiais do segmento de flores, voltados exclusivamente para suprir a demanda nacional que cresce a cada dia. Um ambiente amplo, organizado e adequado para atender aos clientes, parceiros e empresas ligadas ao setor atacadista e varejista no ramo de flores e plantas, cuja inauguração está prevista para meados de 2014, e que fará do Complexo CVH o melhor e o mais completo centro comercial de Flores e Plantas do país. O Gran Flora ocupará instalações com mais de 12 mil m2, que estão sendo edificados

como uma estrutura anexa ao atual prédio do Veiling, em Santo Antonio de Posse. A estrutura predial seguirá o padrão Veiling, já que grande parte dos produtos trabalhados é perecível e necessita de temperatura adequada. O subsolo para embarque de produtos contará com mais de 100 vagas para carga de veículos menores, áreas para carga e descarga de veículos maiores, praça de alimentação e ligação interna com a CVH. O empreendimento terá como premissa atender aos mais diversos clientes do segmento, oferecendo qualidade, funcionalidade e profissionalismo. O mix de produtos, que vai complementar o que já é ofertado nos leilões, abrigará os segmentos de Flores em Corte, Produtos Envasados, Plantas Or-

namentais e Acessórios. No Gran Flora, a comercialização ficará a cargo dos parceiros do Veiling neste empreendimento, todas elas empresas consagradas no ramo de flores e acessórios. No segmento Flores em Corte, a comercialização estará a cargo da Natura Flores e da Elite Flowers. Plantas Ornamentais serão ofertadas pela Tropical Plantas e as Flores em Vaso pela Holambelo Flores e Plantas. O mix será completado com a venda de acessórios pelas empresas Ter Steege e Anahí Acessórios e Embalagens. A comercialização se dará exclusivamente no ramo atacadista, adotando o sistema cash&carry e atendendo principalmente a empresas que trabalham com distribuição de flores e plantas, paisagistas, floristas, decoradores e profissio-

nais da área. A expectativa é a de que o empreendimento possibilitará o crescimento sólido e em conjunto das empresas envolvidas na cadeia de flores e plantas do Brasil. O Gran Flora atuará diferentemente de outros modelos já existentes no mercado, sendo que as compras no local seguirão o padrão usual de comercialização de acordo com as empresas parceiras atuantes, sendo necessário ter CNPJ neste ramo de atividade. Com obras a pleno vapor, sua inauguração oficial está prevista para meados de julho de 2014, mas as operações devem ter início já no final de maio. Outras informações sobre o projeto podem ser obtidas diretamente junto a Cooperativa Veiling Holambra - (19) 3802-9203


JORNAL ENTREPOSTO Um jornal a serviço do agronegócio

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Agrícola Homenagem

Cláudio Braga Ribeiro Ferreira: uma carreira dedicada ao abastecimento Antonio Hélio Junqueira Marcia da Silva Peetz Perdemos todos, no dia 4 de fevereiro passado, um dos nossos mais importantes, destacados e decisivos líderes de vanguarda no planejamento, implantação e gestão de políticas públicas de abastecimento, alimentação e nutrição: o engenheiro agrônomo Cláudio Braga Ribeiro Ferreira, o Dr. Cláudio, ou ainda simplesmente o “Lalau”, como era carinhosamente chamado pelos seus amigos mais íntimos. Cláudio Braga, todos concordam, foi um visionário. Mas foi, acima de tudo, um grande realizador capaz de implantar na prática cotidiana suas ideias, seus sonhos, seus projetos revolucionários, idealistas, incomuns, surpreendentes. Viveu à frente de seu tempo e exerceu, com grande lucidez, espírito ético, liderança e entusiasmo uma incomensurável influência na formação de inúmeros jovens profissionais do agronegócio alimentar em todo o Brasil. Idealizou e construiu, também, um imenso legado composto por iniciativas, projetos e posturas que ainda por muito tempo serão a espinha dorsal e o caminho mais produtivo de atuação pública em prol de uma distribuição alimentar mais justa, equitativa, inclusiva e de uma nutrição mais saudável, diversificada e de alta qualidade para todos. Aqueles que tiveram a honra e o privilégio de o conhecer pessoalmente e gozar de maior proximidade, certamente jamais se esquecerão de suas múltiplas qualidades como pai, marido, avô e amigo sempre amoroso, atento, solidário, sincero, presente. E, também, da sua risada aberta, cadenciada, ampla, vigorosa – sua marca registrada e inseparável – que nunca tardava a chegar em qualquer evento, reunião, encontro pessoal ou profissional. Dr. Cláudio havia completado, em 20 de dezembro passado, seus bem vividos 81 anos. Neste período

exerceu um significativo conjunto de cargos públicos como: Secretário de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, Secretário de Abastecimento do Município de São Paulo, Diretor de Operações da Companhia Nacional de Abastecimento, Assessor Especial do Ministro de Agricultura e Abastecimento, Diretor Técnico da Ceagesp e Assessor Técnico do Governo do Estado de São Paulo, em duas diferentes ocasiões. Neste conjunto, destacamos particularmente seu papel como idealizador e construtor ativo da Coordenadoria de Abastecimento do Estado de São Paulo – da qual foi o primeiro mandatário -, projeto que se tornou a sua “menina dos olhos” e que lançou, na passagem da década de 1970 para a de 1980, as bases da atuação pública setorial, até hoje em pleno vigor em todos os níveis de governo e por todo o País. A Coordenadoria de Abastecimento foi instituída no âmbito da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo pelo Decreto n.º 14.034, de primeiro de outubro de 1979, com o objetivo de propor e executar a política estadual de abastecimento de gêneros alimentícios, assessorando e instrumentalizando o governo paulista na sua atuação direta sobre os setores da produção, industrialização, comercialização, distribuição e consumo de alimentos. Neste contexto, sob a batuta de Cláudio Braga, foi criado o Programa Paulista de Alimentação e Nutrição (Propan) que trouxe uma das mais notáveis contribuições para o surgimento, implantação, expansão e replicação nacional de redes de equipamentos alternativos de comercialização varejista, como os Varejões, Sacolões, Comboios de Alimentos, e também no segmento atacadista, com os Atacadões. Além desses subprogramas, outros também vieram a compor o Propan: 1) estímulo à autossuficiência regional de alimentos; 2) im-

PAULO FERNANDO

plantação de um sistema estadual de abastecimento; 3) aprimoramento da distribuição de alimentos nas regiões de maior concentração urbana; 4) orientação ao consumidor e 5) programas especiais (consumo de pescado, programas de introdução de novos hábitos de consumo, apoio ao associativismo e cooperativismo, entre tantos outros). Há que se destacar que datam desse período e dessas iniciativas as primeiras versões brasileiras de trabalhos massivamente focados na redução dos desperdícios alimentares – hoje temática mundial adotada pela FAO -, na orientação para as compras de produtos de época, no aproveitamento integral dos alimentos, na organização de grupos de compra, na implantação e gestão coletiva das hortas domiciliares, escolares e comunitárias, na administração de preços no atacado e varejo, entre tantas outras de natureza

similar. Admiravelmente, tudo isso já se encontrava em plena operação no Estado de São Paulo quando ainda os órgãos de orientação e defesa do consumidor apenas engatinhavam no Brasil. Neste contexto, não podemos deixar de destacar ainda que para além da realização pessoal de sua própria obra, Dr. Cláudio foi um grande e inspirado mestre, formador de equipes e de recursos humanos de alta qualidade. Antes que se tornasse, na gestão pública e empresarial, uma prática de vanguarda o trabalho matricial em equipes multidisciplinares e multitalentos, a Coordenadoria de Abastecimento já possuía todos esses contornos e atuava, com um corpo de profissionais muito jovens, entusiasmados e idealistas – todos especial e pessoalmente entrevistados e selecionados por ele – um trabalho integrado e profícuo entre a engenharia agro-

nômica, a veterinária, a economia, a sociologia, a nutrição, a economia doméstica, a antropologia, a filosofia e a informática. Um trabalho coletivo organizado e ativo para além de qualquer fronteira do corporativismo das carreiras públicas e essencialmente calcado na vontade de aprender a servir, a partilhar, a distribuir os sempre poucos e insuficientes recurso de nosso modelo econômico de desenvolvimento perverso e excludente. Mesmo depois de deixar o cargo de coordenador estadual de abastecimento, as influências deixadas por Cláudio Braga continuaram gestando e produzindo seus frutos. Destacamos que foi naquele ambiente criado por ele que se deram as primeiras discussões, reflexões críticas e ensaios sobre a Política Nacional de Segurança Alimentar – que posteriormente veio a constituir eixo fundamental da ação do governo federal – no âmbito dos fóruns técnicos e políticos dos debates então promovidos no entorno da produção, publicação e circulação da revista “Conjuntura Alimentos”, que em seus dez anos de existência tratou dos principais temas do abastecimento no Brasil, contando com a participação de renomados profissionais e especialistas da academia e do mercado. A história de Cláudio Braga e do seu papel no agronegócio brasileiro, especialmente no setor do abastecimento alimentar está aí ainda para ser contada. Por ora, apenas registramos essa singela e honesta homenagem em sua memória, manifestando imensa gratidão e carinho por ele, por sua esposa, Therezinha e seus filhos, André e Nádia.

Os autores agradecem a pronta colaboração recebida dos familiares (dona Therezinha e os filhos André e Nádia Ferreira), de colegas e amigos (especialmente da socióloga Rosalba de Almeida Moledo, também ex-Coordenadora Estadual de Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo) que se dispuseram a rapidamente recuperar esse primeiro conjunto de informações pessoais e biográficas.


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Transporte Seguro

fevereiro de 2014

JORNAL ENTREPOSTO Um jornal a serviço do agronegócio

Inmetro certifica recapagem da DPaschoal De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Reforma de Pneus (ABR), menos de 50% das unidades reformadoras do País possuem o registro no órgão federal No ano de 2010, os reformadores de pneus ganharam um aliado para fortalecer a imagem perante o setor e mostrarem que comercializam uma atividade de qualidade e segurança. A Portaria n° 444 do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade (Inmetro), trouxe a obrigatoriedade para as empresas reformadoras de um rígido sistema de controle de processo e produto, para que através deste sistema se obtenha o Registro de Declaração de Conformidade de Fornecedor. O prazo para adequação das empresas encerrou em novembro de 2012, e menos de 50% das reformadoras obtiveram o registro no Inmetro até o início de 2014, segundo dados da Associação Brasileira de Reforma de Pneu (ABR). Para obter a cerificação do Inmetro e estar regulamentada perante a Portaria n° 444, a empresa deve seguir os seguintes passos: Solicitação de Abertura do Processo via web; Pagamento de Taxas e Envio de Documentos; Auditoria do Processo fabril; Teste dos Pneus em laboratório independente e pertencente à RBC; Obtenção do Registro. Para Alex Silva, Gerente de Serviços de Linha Pesada da DPaschoal, obter a certificação gera maior credibilidade para a empresa e mais segurança para o consumidor. “Ao adquirir o registro no Inmetro, a reformadora consolida seu compromisso de qualidade com o mercado nacional e ganha a confiança do consumidor, que sempre busca por produtos e serviços de qualidade”.

DIVULGAÇÃO

PAULO FERNANDO

Alex Silva, Gerente de Serviços de Linha Pesada da DPaschoal Com mais de 30 anos de atuação no mercado de recapagem e sempre atenta ao alto padrão em seus serviços, a DPaschoal

conta com 11 unidades recapadoras do grupo espalhadas pelo país, que trabalham de modo padronizado e que possuem a ISO 9001, a ISO 14001 e a OHSAS 18001. “Fizemos avaliações individuais nas unidades de recapagem da DPaschoal, devido suas particularidades regionais. Todos os nossos técnicos e colaboradores foram treinados para se adequarem à nova norma do Inmetro e também para padronizarem um único modelo de atendimento e serviço em nossas reformadoras”, ressalta Eliel Bartels, Gerente de Engenharia

e Recapagem do Grupo DPaschoal. As consequências para aqueles que não procuram a certificação obrigatória podem ser variadas. No Brasil, de acordo com a ABR, existem mais de 1.300 reformadoras de pneus e aproximadamente 600 não estão dentro das normas para exercerem a atividade, sendo que o registro é uma obrigatoriedade prevista em lei. Sem a regulamentação, as reformadoras de pneus estão sujeitas a multas e advertências, correndo o risco de terem suas atividades suspensas. Quem corre o risco também é o con-

sumidor, que estará comprando um produto fora dos padrões exigidos, comprometendo sua segurança. “O cliente que se preocupa com a qualidade do serviço a ser comprado, deve prestar atenção se a reformadora de pneus está dentro das normalidades. As empresas certificadas garantem melhores reformas, serviços de alta qualidade e que proporcionam maior segurança e economia aos clientes. Acima de tudo, a imagem dela perante aos clientes, já que passa a ser vista de maneira responsável e profissional”, completa Silva.


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Cá entre nós

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Rolezinho cultural e social

LILIAN UYEMA

Por Manelão O sol está abrasador. Frutas e hortaliças sofrem com o calor e produtores driblam as intempéries climáticas para que os produtos hortícolas cheguem à mesa do consumidor. Pois para enfrentar este clima, cai bem todo o tipo de salada, limonada, água de coco e suco de laranja com mamão. No dia 25 de janeiro, São Paulo completou 460 anos. A TV Record, através do Programa Hoje em Dia apresentado pelo trio Edu Guedes, Celso Zucatelli e Chris Flores convidaram o grande sambista brasileiro Jair Rodrigues para que ele escolhesse um local onde se sentisse a vontade para passar, da sua maneira, o parabéns para a cidade que acolhe a todos com amor de mãe. E o artista escolheu a Ceagesp. O coração do mercado, pavilhão MLP, repleto de verduras e milho verde fresquíssimos foi o cenário da entrevista com a repórter Ciça. A família Ceagesp, Jair e eu, Manelão, tivemos a felicidade de cantar a sua eterna música “Deixa isso pra lá”. Viva São Paulo! Os canteiros da horta da Nossa Turma, após a aventura do tomate, foram calcareados, a terra revirada e as crianças participaram do plantio de quiabo. Na outra parte da horta, plantamos a verdura que todas as crianças adoram: brócolis para fazer saladas de arvorezinhas. Quem nos presenteou com mudas de São Roque foi a Dra. Anita Gutierrez, do CQH. Elas nos passou a medida do espaçamento de uma planta para outra. E agora, ao fazer a inspeção matinal, as crianças notaram que algumas folhas estavam comidas. Procuraram o causador e encontraram lagartas saboreando as folhas dos brócolis. Fizeram um grande alarido e as vilãs foram exterminadas. Nas férias a Nossa Turma foi visitada por um grupo de voluntários que praticam interferência em escolas públicas e ONGs. Após alguns encontros com a nossa diretoria, o projeto Alegria no Caos chegou a um denominador comum. As paredes internas da escolinha iriam receber uma nova pintura para receber a petizada no retorno das férias. O grupo de sete pessoas fez o levantamento. Uma professora de textura de paredes conseguiu o material e aproveitando a onda do rolezinho dos shoppings, que está na moda através das redes sociais, convidaram pessoas para pintar o interior da Nossa Turma - ONG que fica dentro da Ceagesp e atende as crianças do bolsão de pobreza das comunidades vizinhas. Houve 159 acessos e 84 voluntários de toda a Grande São Paulo

vieram dar a sua colaboração. Tinha varredor de rua que foi convidado pela nutricionista do Hospital das Clínicas, publicitário, educadora do colégio Santo Ivo, catequista católica, pastor da Igreja Batista e entre eles o tenista Flávio Saretta e sua esposa. Gostaríamos que vocês que vivem o dia a dia do mercado curtissem como ficou bonita a parede da

escolinha e os integrantes do rolê cultural social ficaram felizes em participar da Alegria no Caos. Através da tinta deixaram a mensagem de amor e carinho para as crianças da Nossa Turma. No dia 9 de março teremos um bingo em homenagem à mulher, com poesias de Cecília Meireles, Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles.

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