A influência histórica do vestuário na modelagem Carolina Ângelo Jerônimo Domingues Eny Marisa Câmara Santos
O vestuário O vestuário é como uma segunda pele no sentido em que valoriza sobretudo o conforto, a liberdade de movimentos, ele está revestido de um valor ligado à saúde e ao bem estar pessoal. . O vestuário é um conjunto formado por peças que compõem o look e por acessórios que servem para complementá-lo ou diferenciar dos demais. O vestuário no sentido amplo do termo, é um fator que está relacionado a antropologia humana, pois a maior parte das sociedades antigas e contemporâneas utilizam-se de peças de vestuário e acessórios para ornamentar o corpo humano.
A história da vestimenta começou com o uso de folhas, fibras vegetais e peles de animais, no período denominado de pré-história. Desde o início, o uso de roupas não estava ligado somente à necessidade de proteção contra as agressões externas e o frio, mas também constituía um ador no, que ajudava o homem, inclusive, a se impor sobre os outros animais.
Posteriormente, provavelmente durante o período Neolíticos , a lã começou a ser utilizada como matéria prima para o vestuário. Como alternativa, foram utilizados o pelo animal, o algodão e o linho. Já no Egito, Índia e Peru esse vestígios se encontraram no ano de 2.000 a.C.. Com a evolução da mente humana e partir do surgimento de novas necessidades, os homens transformaram os têxteis mais adequados para as vestimentas, menos grosseiros e com tramas mais leves e confortáveis. Esse processo evolutivo, claro, utilizava-se das matérias primas disponíveis.
As formas vestimentares de homens e mulheres e suas mudanças, são distribuídas por gênero, idade e classe de idade. Para se fazer uma análise de uma vestimenta de determina época, juntam-se os dados sobre os trajes, acessórios e cortes de cabelo para entender melhor o cenário, hábitos e eventualidades. Com relação à forma do conteúdo, os trajes classificam-se genericamente a partir de sua relação com o dia e a noite, o inverno e o verão, e com os cenários e os acontecimentos sociais. Classificam-se também com relação à categoria civil, militar ou religiosa e à formalidade.
A história do vestuário é também uma história das formas corporais e deverá levar em conta as diversas representações do corpo humano, no tempo, no espaço e no interior das diversas camadas sociais. Na longa duração, diferentes formas de vestuário modelaram o corpo, destacando suas características plásticas e evidenciando, através dos investimentos de que era objeto, o valor do corpo humano segundo propósitos e normas culturais.
O vestuário adapta–se ao ambiente natural ou ao ambiente urbano; bem como indica as relações sociais que são presentes na sociedade, por fim, tende representa os aspectos do indivíduo, inserindo–o no grupo social do qual faz parte. Ainda assim, o vestuário expressa por meio das combinações entre idade, gênero e categoria funcional ou social um fator de ordenação visual de uma sociedade.
Vestuário x Modelagem Diante da efemeridade da indústria de moda, percebe-se a necessidade de se produzir um produto que conquiste o consumidor de maneira instantânea Sendo assim, utiliza-se como estratégias para satisfazer este consumidor um produto que atenda além da ordem técnica outras características que são inerente à qualidade do produto, o conforto e a estética, aspectos tais que cada vez mais exigidos por essa demanda de Moda. Para desenvolver uma coleção ou até mesmo uma simplesmente uma peça de roupa é importante conhecer antes os tecidos adequados e suas propriedades e não apenas fazer uma escolha embasada na beleza deste tecido. Importante considerar os processos químicos que este produto poderá sofrer, seu caimento, suas variações no ato da costura, como conservá-los no dia a dia, dentre outras características são fatores fundamentais para ter um trabalho bem sucedido.
O que é modelagem? A modelagem é a técnica responsável pela construção de peças do vestuário, por meio da leitura e interpretação de um modelo específico. Esta técnica envolve a tradução das formas da vestimenta, estudo morfológico do corpo humano, têxteis entre outros elementos da peça a ser produzida. Sendo assim, a modelagem de roupas pode ser desenvolvida no bidimensional e tridimensional. No plano bidimensional, utiliza-se do estudo anatômico e antropométrico do corpo humano para o desenvolvimento das modelagens, e o conhecimento da geometria para o traçado de diagramas que resultarão vestimentas. A modelagem bidimensional pode ser desenvolvida de forma manual sobre uma folha de papel ou empregando o sistema CAD/CAM (Computer aided design/Computer aided manufacturing), denominada Modelagem Computadorizada ou Modelagem Asssistida por Computador.
Originária da modelagem plana, a Modelagem Computadorizada – CAD/ CAM utiliza os mesmos princípios, porém é desenvolvida com o auxílio de softwares que representam uma otimização tecnológica, qual proporciona maior precisão nas medidas, agilidade no processo e conseqüentemente gerando mais lucro para a indústria de confecções.
Já no plano tridimensional, também conhecida como moulagecou draping, a modelagem é desenvolvida sobre o próprio corpo ou busto de costura industrial, que permite a visualização do vestuário em três dimensões: altura, largura e profundidade, enquanto a modelagem plana utiliza apenas a altura e largura.
Apesar da modelagem plana e tridimensional serem técnicas diferentes, atualmente são associadas uma a outra para se obter maior precisão e agilidade. Além disso, com o surgimento da industrialização e, consequentemente, da produção em série, as modelagens, mesmo as desenvolvidas no plano tridimensional, após a aprovação, precisam ser transferidas para o plano bidimensional para que sejam ampliadas ou reduzidas pelo método de gradação ou graduação.
Comparativo entre as técnicas • Modelagem Bidimensional ou Plana Manual Altura x Largura • Moulage ou Modelagem Tridimensional Altura x Largura x Profundidade • Modelagem Plana Informatizada ou Computadorizada Altura x Largura
Tipos de Modelagem • Modelagem Sob Medida A modelagem é traçada nas medidas do cliente, ou seja, é direcionada para uma pessoa. Este tipo de modelagem é muito utilizado pelos alfaiates e costureiros e geralmente é realizada por meio da técnica de Modelagem Bidimensional Plana ou Moulage. • Modelagem Industrial A modelagem industrial é a confecção de moldes com base em tabelas de medidas baseadas em padrões determinados que se assemelhe ao padrão médio do corpo, seguido do escalonamento dos mesmos em tamanhos variados, dentro de uma numeração pré-escolhida para a produção em série que serão utilizados na indústria de confecções (ARAÚJO, 1996). Geralmente é confeccionado com as técnicas de Modelagem Plana Bidimensional ou Modelagem Plana Informatizada.
Surgimento da Modelagem Segundo alguns historiadores, há registros de que a modelagem de roupas surgiu no século XVIII. Começam a aparecer os primeiros catálogos prêt-à-porter e em Paris na década de 1970 Dartigalongue começa a produzir roupas em tamanhos variados, porém em produção manual e de modo arcaico.
A indústria no século XIX foi uma nova oportunidade de trabalho, pois a subsistência nos campos estava em declínio. Com relação aos funcionários, era composto, em sua grande parte, por homens do campo e que possuíam poucos recursos financeiros. Afim, de atender esse novo grupo de habitantes nas cidades, as industrias de vestuário começaram a produzir em escala produtos mais baratos que atendessem as necessidades deste nicho de mercado
Diante da industrialização do vestuário, mais especificamente da produção em série, um fator passou a ser bastante preocupante, a padronização das medidas. Sendo assim, a padronização das medidas deu-se ainda no século XIX a partir da necessidade de se confeccionar uniformes para militares. Entretanto, apesar da indústria têxtil se apresentar em pleno avanço tecnológico durante todo o século XIX, o sistema de padronização de perfis corporais permaneceu sem muitos progressos.
O corpo humano “O projeto do vestuário deve, portanto, ser focado no usuário, tendo como referência suas medidas antropométricas, para o traçado geométrico das bases que representam o corpo, sobre as quais se desenvolve a modelagem”. (SILVEIRA, 2006).
Diferentes biotipos estão entre os tipos de problemas enfrentados pela indústria de confecção, principalmente as que produzem roupas para exportação, pois não basta alterar as dimensões, mas as proporções das peças dependendo do mercado que a se destina. Surgiu então, a necessidade de uma padronização nas tabelas de medidas para atender as necessidades do profissional de modelagem. Segundo abordagem oficial de 1968 da ISO (International Standardization Organization)sobre a graduação dos tamanhos de peças de vestuário, as padronizações deveriam ser feitas por país, devido à grande diversidade de etnias e biotipos que resulta em diferentes medidas corporais.
Tabela de Medidas • NBR 13377 (Norma Referencial Brasileira) ABNT:1995 • NBR 15800 (Vestibilidade para Bebê e Infanto-Juvenil) ABNT:2009 “O projeto do vestuário deve ser focado no usuário, tendo como referência suas medidas antropométricas , para o traçado geométrico das bases que representam o corpo, sobre as quais se desenvolve a modelagem” (SILVEIRA, 2006)
É importante considerar que o estudo da padronização das medidas são divididos por grupos de acordo com a estrutura corporal como feminino, masculino e infantil. Mais especificamente, são também considerados a faixa etária, etnia, postura física, dentre outros.
Para o traçado do corpo no plano, é importante estudar a relação da proporção entre as partes, como: degolo (espaço onde se posiciona o pescoço); posição anatômica do ombro; comprimento da cava; posicionamento dos mamilos; comprimento do gancho da calça; largura das costas; posição do joelho, etc. A precisão das medidas antropométricas, o cálculo matemático obtido durante o traçado das bases, o uso das proporções entre as partes do corpo e o posicionamento das linhas de equilíbrio interferem diretamente no caimento da roupa e podem torná-la ergonomicamente projetada.
Antropometria e conforto O conforto é uma sensação de bem estar, sendo um dos aspectos mais importantes do vestuário pela interação com o corpo, é o estado agradável da harmonia fisiológica, psicológica e física entre o ser humano e o ambiente. Portanto, para que se atinja o conforto são aplicados critérios técnicos na prática do traçado dos diagramas básicos, que representam a forma anatômica do corpo humano e são usados para a interpretação da modelagem do vestuário. O conforto proporciona ao usuário a liberdade de movimentos, posicionamento, deslocamento, etc. Com a técnica da modelagem aplicada segundo critérios ergonômicos e medidas antropométricas, a roupa bem projetada tem um perfeito caimento sobre a forma do corpo, proporcionando a sensação de bemestar em todos os aspectos que envolvem a sua interação com o usuário.
Vale salientar que em que em qualquer modelagem, as tabelas podem sofrer variações de acordo com o tipo de tecido que se vai trabalhar. Nos tecidos de malha, por exemplo, tem que se considerar o percentual de elasticidade dos mesmos. Em relação a interpretação dos modelos, usa-se a base de acordo com o tecido a ser usado lembrando que as margens de costura devem estar inclusas na base, já as folgas de vestibilidade, comprimento, e largura da peça devem ser traçadas.
Como obter as medidas do corpo humano? Primeiro precisaremos, utilizar a unidade mĂŠtrica internacional METROS.
1 METRO = 100 cm 1 CENTĂ?METRO = 10 mm
“O corpo é o cabide tridimensional que dá não só vida, mas também pode dar alma às roupas. Muitas vezes a roupa vista pendurada numa arara não agrada,mas ves>da torna-se ideal, responde à cumplicidade, como em um casamento perfeito, inteiramente fiel entre conteúdo e con>nente, respondendo ao apelo químico da essência humana: eterno enquanto es>ver vivo e em uso” (GRAVE,2004).
Referências GONÇALVES, E liana; LOPES, Luciana Dornbusch. Ergonomia no vestuário: conceito de conforto como valor agregado ao produto de moda. Anais do II Encontro de Latino americano de Desenho em Palermo. Argentina, 2007. NACIFL, Maria Cristina Volpi. O vestuário como princípio de leitura do mundo. XXIV Simpósio Nacional de História. 2007. NACIFL, Maria Cristina Volpi. O figurino e a questão da representação da personagem. I Simpósio de Laboratório de Representação Social. 2002.
Referências SILVA, Najara Costa e; et. al. Processo de construção da modelagem industrial e os produtos na indústria do vestuário. 7º Colóquio de moda. 2011. SOUZA, Walkiria Guedes de. Modelagem no Design do Vestuário. 2008. http://modelagembrasil.blogspot.com.br/p/modelagem.html