ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE
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CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA
10 contos ANO VI
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NÚMERO 54
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FEVEREIRO 2008
NOVA DIRECÇÃO TOMA POSSE OFICIAL
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JORNAL MENSAL
CARNAVAL NA EPM-CELP
DIA DE S. VALENTIM
DESTAQUES Carnaval na EPM-CELP............6 Entrevista aos novos vogais da Direcção da EPM...............8 Visita dos Secretários de Estado ............................... 10 Tomada de posse da nova Direcção da EPM-CELP ....... 11 Gala Jovem ......................... 14 S. Valentim .........................15
EDITORIAL
A EPM-CELP EM FOCO notícias curtas
A raposa do Principezinho definia o ritual como aquilo que faz com que determinado dia seja diferente dos outros. À sombra sábia de Saint-Exupery, podemos dizer que Fevereiro recriou, aqui na EPM-CELP, vários rituais, cuja simbologia tentaremos resgatar aqui. A tomada de posse do novo conselho directivo na presença do Professor Doutor Jorge Pedreira e do Professor Doutor João Cravinho pertence ao conjunto de rituais absolutamente vitais para a manutenção da coesão desta instituição. Aqui se reiteraram as afiliações da Escola Portuguesa ao Governo de Portugal, nomeadamente ao Ministério da Educação e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Aqui se afirmou a confiança dos dirigentes portugueses na nova direcção da escola. Aqui se garantiu que Portugal continua atento ao desenvolvimento deste projecto de ensino e de cooperação além-fronteiras e que a nova direcção toma nas mãos esta missão. Aqui houve oportunidade para a comunidade educativa dialogar directamente com os representantes de Portugal, expondo as suas preocupações. A instituição saiu fortalecida e renovada. Mais leve e ao gosto dos mais pequenos, outro ritual fez, como todos os anos faz, a alegria dos alunos. O Carnaval, rito de origem judaico-cristã, significa etimologicamente a permissão de comer carne no período que antecede a Quaresma, momento de jejum e abstinência. E, se hoje o Carnaval se resume a um evento que permite alguma sátira e catarse sociais, nesta escola os festejos são já uma tradição, e as máscaras, a cor e a música são sinónimos de alegria e motivo para se trabalhar com os miúdos uma performance pública. Este ano as comemorações constituíram uma oportunidade para um intercâmbio saudável com a Escola Francesa que esteve presente no desfile. Ironicamente a 3ª Feira Gorda foi ensombrada pelos movimentos sociais que contestavam o aumento dos transportes públicos, o que fez adiar os festejos que entraram já pela Quaresma adentro. Este facto veio confirmar, se necessário fosse, que a escola não é uma ilha e que importa formar cidadãos conscientes dos problemas que o país, em que se encontram, enfrenta. Outros eventos emprestaram uma nota diferente a alguns dias de Fevereiro: a gala jovem, bem mundana, criativa, bem disposta e os Encontros com a Arte, com uma tónica de ligação com o meio cultural moçambicano. E como o nosso propósito principal se centra no ensino e na formação dos nossos alunos, por último mas não menos importante foi, também, o mês das avaliações intercalares do segundo período. Um ritual imprescindível para definir as rotas pedagógicas! O Conselho Directivo da EPM-CELP
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MANIFESTAÇÕES EM MAPUTO A primeira semana de Fevereiro revelou-se bastante diferente do habitual para os habitantes da cidade de Maputo. O dia 5 de Fevereiro foi marcado, desde o amanhecer, por uma série de protestos violentos motivados pela subida do preço dos chapas. No dia 6 de Fevereiro, os protestos continuaram, mas no dia seguinte a vida de todos quantos vivem, trabalham e estudam na cidade das acácias foi voltando progressivamente ao normal. O quotidiano escolar foi, naturalmente, afectado por estes tumultos sociais. E P dia, dia 5, as actividades lectivas foram interrompidas No primeiro mais cedo do que o habitual. Os Encarregados de Educação acorreram à escola para levar os seus filhos. No dia seguinte, a escola encerrou por não estarem reunidas as condições necessárias para o seu funcionamento. Aos alunos foi-se explicando calmamente o que estava a acontecer, procurando evitar situações desnecessárias de tensão. Curioso foi o trabalho levado a cabo pelo pré-escolar a propósito deste acontecimento. Vale a pena conhecê-lo! EP
A EPM-CELP EM FOCO notícias curtas
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NOVO CONSELHO DIRECTIVO APRESENTA-SE
CONTRIBUIÇÃO DA EPM PARA LAR DA 3ª IDADE
VISITA DO CORO À NOVA DIRECÇÃO
Durante o mês de Fevereiro, o novo Conselho Directivo da Escola Portuguesa de Moçambique promoveu diversas reuniões com os docentes, pessoal técnico e administrativo e Encarregados de Educação, com o objectivo único de se apresentar, traçando as linhas orientadoras do trabalho e mostrando abertura uma comunicação franca entre todos.
Imagens da actuação da Tuninha e do Rancho Folclórico aquando da Gala Comemorativa dos 120 Anos de Maputo
Em todos os encontros sublinhou-se o papel importante que cada um tem na comunidade que é a EPMCELP, lembrando que o trabalho de cada um é essencial para o crescimento desta instituição. MV
NOVA ASSOCIAÇÃO DE PAIS A nova Direcção da Associação de Pais e Encarregados de Educação da EPM-CELP foi empossada no dia 25 de Fevereiro e tem como grande objectivo contribuir para o sucesso escolar dos educandos, promovendo uma comunicação cada vez mais estreita entre as famílias e a Escola. E porque só através do diálogo se podem estabelecer relações frutuosas entre os diversos intervenientes no processo educativo, aqui ficam os contactos da Associação de Pais: E-mail:apee.celp@gmail.com Blogue:www.apee-epm-celp.blogspot.com
No âmbito do convite recebido pelo Conselho Municipal da cidade de Maputo, os nossos pequenos talentos da Tuninha do Sol e Dó e do Rancho Folclórico do 3º Ano participaram, de forma brilhante, na gala de Abertura das Comemorações dos 120 anos da cidade de Maputo. A todos participantes foi atribuído um prémio simbólico pela sua participação. A EPM-CELP, na linha de acções que tem vindo a desenvolver com a comunidade local, em visita oficial ao Gabinete da Esposa do Presidente do Conselho Municipal, no dia 27 de Fevereiro do ano em curso, doou o valor recebido, anteriormente, para a construção do Lar da 3ª Idade, para o qual a 1ª Dama da cidade de Maputo, Dona Lúcia Maria Comiche, tem vindo a angariar fundos. Trata-se naturalmente de uma obra louvável, uma vez que abrange uma camada da população tantas vezes esquecida. De notar que em Maputo há carência de instituições desta índole. MF/MS
A Música é uma das formas mais importantes da expressão humana. O Projecto Coral Infantil do 3º Ano, com 25 alunos, tem como objectivo promover vivências musicais significativas para o desenvolvimento integrado das crianças, ampliandolhes o conhecimento do mundo e ensinando-as a respeitar a diversidade cultural do nosso planeta. A partir do canto em grupo, as crianças desenvolvem habilidades específicas na área da Música: aprendem novas canções, trabalham a percepção auditiva e a sensibilidade musical, aspectos motores e sociais. Trata-se de um projecto de Educação Musical através da voz. Os alunos do Coro quiseram saudar a nova Direcção da EPM-CELP. Assim, no dia 21 de Fevereiro, pelas 15 horas, promoveram uma visita surpresa ao novo Conselho Directivo, saudandoo com uma pequena actuação, onde interpretaram o Hino da Escola, Dunas e A Nossa Escola. Tratou-se de uma forma simples de dar as boas vindas a esta equipa, desejando-lhe, naturalmente, um bom trabalho! A Direcção elogiou o grupo e agradeceu o miminho do Coro! CC
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EPM-CELP EM FOCO PALESTRA «O MUNDO DAS TARTARUGAS MARINHAS»
Em baixo, umas das espécies de tartaruga existentes no mar moçambicano.
O biólogo Eduardo Vieira foi o principal palestrante de uma das actividades da disciplina de Área do Projecto da turma de 12º A.
No dia 20 de Fevereiro foi realizada uma palestra intitulada “O Mundo das Tartarugas Marinhas”, dirigida ao oitavo ano de modo a sensibilizar os alunos para os problemas ambientais dos oceanos, em especial para o problema da diminuição drástica do número de indivíduos desta espécie no mundo e em Moçambique. A palestra foi proferida pelo biólogo Eduardo Vieira, um dos activistas do FNP (Fórum Natureza em Perigo) e da WWF (World wildlife Fundation). A organização deste evento esteve a cargo das alunas do 12ºA, Lara Fraga, Patrícia Novais e Sumaiyah Omar, que se dedicaram a esta causa nas aulas de Área de Projecto. Aqui se registam algumas das considerações tecidas ao longo deste encontro. Das sete espécies de tartarugas marinhas existentes em todo o mundo, em Moçambique existem cinco: a tartaruga verde, Chelonia mydas, tartaruga Bico-deFalcão, Eretmo-chelys imbricata, tartaruga olivácea, Lepidochelys olivacea, tartaruga comum, Caretta caretta, e a Gigante, Dermochelys coriacea. As tartarugas marinhas
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estão em vias de extinção. Os pesquisadores supõem que em cada mil filhotes, apenas um ou dois chegam à idade adulta, embora uma fêmea consiga pôr centenas de ovos numa única época de desova. Findo o período da desova, são necessários 45 a 60 dias para os ovos começarem a eclodir. Os filhotes nascem com aproximadamente 5cm de carapaça e 15g de peso e, para chegarem à superfície, têm de escalar, uns sobre os outros, a distância que os separa da abertura. Depois de dois dias, quando emergem, parecem um formigueiro. Todos os “filhotes” saem de uma só vez. Desprotegidos e indefesos, ficam à mercê dos predadores. O caminho entre o ninho e o mar é um campo minado. Nas praias virgens, muitos dos filhotes são
As alunas do 12º A que organizaram e dinamizaram a palestra
devorados por aves, lagartos e caranguejos. Os que conseguem escapar, partem desesperados para a água do mar, mas nem lá estão totalmente a salvo. Outros predadores os aguardam. Para além destes riscos naturais, as tartarugas marinhas sofrem ainda com a intervenção do homem e que destrói os ninhos e rouba os ovos, destruindo, assim, o equilíbrio natural. As tartarugas juvenis demoram décadas a atingir a maturidade sexual para poderem contribuir para a sobrevivência da espécie. Mas, ao serem capturadas por redes de pesca, ou vitimadas pela poluição e por doenças graves, poucas tartarugas conseguem sobreviver o tempo necessário para se reproduzirem. Foi opinião unânime que a palestra atingiu os seus objectivos, pois houve uma explicação clara dos problemas ligados às tartarugas marinhas existentes em Moçambique e uma participação empolgante por parte dos alunos queintervieram em força. ACC
As intervenções e questões colocadas pelo auditório, composto por professores e alunos, contribuiram para o enriquecimento do debate
Panorâmica do Auditório Carlos Paredes onde decorreu o evento
EPM-CELP EM FOCO FILOSOFIA PARA CRIANÇAS Em apelo à Consciência Ecocêntrica
agir humano atingindo o seu auge devastador. A F ilosofia para Crianças é um programa de desenvolvimento do racíocinio que visa, através do diálogo e do debate filosóficos, ampliar competências cognitivas, afectivas e sociais, nomeadamente ao nível da dimensão crítica, criativa e ética do pensamento. Kiko e Gui, de Matthew Lipman, é o nome do livro que nos tem acompanhado no nosso percurso de problematização. Constitui a nossa fonte de inspiração, o nosso “maître à penser”, através da referência a vários aspectos do mundo natural ligados à ética do meio ambiente, exortando para uma coexistência harmónica e equilibrada com o mundo que nos rodeia, e para o despertar de uma consciência ecocêntrica. Com a pergunta porque é que nos destruímos a nós próprios?, a Stepahanie Matos (4ºA) evidencia uma atitude reflexiva que nos remete à nossa facticidade, reavivando a nossa consciência de seres contingentes e coexistentes com os outros, contrariando a visão antropocêntrica, que coloca o homem no centro do universo: não somos o cérebro do mundo, somos parte do universo.
Julgamos, então, oportuno reafirmar o filósofo alemão Hans Jonas, recordando a sua máxima de que é preciso agir de tal forma que as consequências das nossas acções sejam compatíveis com a continuidade da vida na terra. Os problemas colocados pelos nossos aprendizes de filósofos levam-nos a crer que podemos usufruir da beleza natural. Contudo, trata-se de desfrutar sem destruir. Enfim, urge a necessidade de um compromisso preservacionista, tendo como objectivo a conservação da vida global. Se ao homem foi dada a capacidade de criar, de produzir e transformar, vamos utilizar essa capacidade em prol de uma nova concepção de vida: o respeito pela natureza! FS
Os trabalhos produzidos, pelos alunos do 1º ciclo, colocam pequenas interrogações...
Por outras palavras, a Catarina (4ªA), coloca a questão de saber porque é que nós destruímos o que está à nossa volta, se é o que sustenta a nossa vida? Estas questões, evidenciando um realismo ingénuo, avaliam, a longo prazo, as repercussões dos nossos actos, chamando a atenção para os efeitos nefastos da acção humana sobre o próprio homem destruidor. Urge compatibilizar as nossas acções com a sustentabilidade da vida global, pois, de acordo com a Thaíris (4ºC), “a natureza é um bem precioso para os seres vivos. O Homem deve lutar, fazendo manifestações…Todos devemos colaborar para a defesa vida”. Luachimo Mergulho (4ºC), tomando como referência um “antes” e um “depois”, apresenta, num desenho, uma heurística reveladora de um prognóstico apocalíptico do
...enunciam grandes questões do mundo contemporâneo. A reflexão e o apelo à intervenção cívica é assim estimulada entre os mais pequenos, contribuindo para a sua formação como pessoas e como cidadãos do futuro
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EPM-CELP EM FOCO UMA LIÇÃO ORIGINAL
CARNAVAL NA EPM-CELP A Escola Portuguesa de Moçambique visita a Escola Francesa para o festejo do Carnaval
O cumprimento do Regulamento Interno da EPM-CELP faz parte do quotidiano da vida escolar. Um dos deveres dos alunos é a preservação do material escolar utilizado durante as actividades lectivas. Infelizmente, nem sempre a responsabilidade é uma constante, levando a comportamentos menos correctos. Aqui fica um exemplo de como se pode ajudar a corrigir situações menos correctas. Leiam com atenção! Durante uma aula de História, nós, os alunos do 8º ano, turma D, danificámos o material escolar riscando as mesas. O que se decidiu em conjunto, isto é, a nossa turma e os professores, incluindo a coordenadora Dra. Mércia de Sousa, foi que nos podíamos redimir limpando em público, ou melhor, mostrando a todos aquilo que tinha acontecido de errado. E assim foi. No final da manhã desse mesmo dia , no parrot, limpámos e esfregámos as mesas, tentando consertar o erro. Era necessário que tudo ficasse a brilhar! Com esforço, vimos as mesas limpinhas, brancas e a reluzir! Não há dúvida que aprendemos a lição! Também nos comprometemos a não voltar a repetir o erro. Sabemos que, se repetirmos este tipo de comportamento, teremos outro tipo de punição mais grave! Tentámos desta forma corrigir a nossa falta e gostaríamos de fazer um apelo aos nossos colegas: cuidem bem da nossa escola, não estragando nada! Nunca será demais dizer: as nossa sinceras desculpas! 8º D
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Como se vê pelas imagens, os trajes típicos de diversos países sobressaíram entre os alunos da EPM-CELP
A confraternização entre os alunos das duas escolas também passou pela realização de um lanche colectivo, onde se misturaram as personagens de ficção
Este ano, fomos convidados pela Escola Francesa para organizarmos juntos a festa de Carnaval. Assim, no passado dia 5 de Fevereiro, pais, professores e alunos do pré – escolar, juntaram-se nos jardins daquela escola para comemorar esta tradição. A nossa escola escolheu mostrar os trajes típicos dos diferentes continentes e os meninos da Escola Francesa, os animais e outros elementos da natureza do mundo em que vivemos. Foi muito bonito o nosso desfile! Os meninos estavam muito originais: desde guerreiros, cozinheiros, pescadores, índios, borboletas e pássaros, havia de tudo um pouco. Depois do desfile lanchámos, corremos e brincámos todos juntos no parque infantil. O Carnaval, este ano, foi muito divertido. Esperamos que esta iniciativa continue no próximo ano lectivo.
EPM-CELP EM FOCO CARNAVAL NA EPM-CELP O carnaval visto pelos alunos do 2º Ciclo
Andaram piratas, princesas, fadas, índios ... à solta na EPM-CELP, animando a pequenada e os graúdos, que se deixaram contagiar pela alegria e pelo empenho dos figurantes
Na linha de acções que tem vindo a desenvolver com a comunidade local e vizinha, a EPM-CELP festejou com a Escola Francesa o Carnaval de 2008. Os nossos professores tinham decidido que as crianças iriam vestidas de acordo com os seus ideais, uma vez que seria o Carnaval da Pequenada. Estava tudo combinado e preparado para a manhã do dia 6 de Fevereiro mas, devido à greve dos “chapas”, tivemos que adiar a nossa festinha para o dia 15 do mesmo mês. No desfile de Carnaval, que decorreu nos espaços exteriores da nossa escola, contando com a participação dos alunos do 1º e 2º ciclos, estiveram presentes palhaços, bruxas, fadas, zorros, piratas, padeiros, princesas e muitos outros personagens. Quer os alunos da nossa Escola , quer os alunos da Escola Francesa estavam devidamente fantasiados. Reinou a dança e a alegria! As crianças festejaram o Carnaval sob o olhar atento e satisfeito dos pais e encarregados de educação que assistiram ao cortejo. Após o desfile, os alunos da Escola Francesa regressaram à sua escola com os seus professores e encarregados de educação e os nossos concentraram-se no pátio das Acácias Rubras onde lancharam e confraternizaram entre si. Após o lanche, foram para o parrot onde dançaram ao som de melodias diversas. Na opinião das nossas crianças, o Carnaval foi uma festa colorida e muito divertida!
O Carnaval este ano foi magnífico! Foi colorido e muito divertido. Nós, os alunos do 5º C, tivemos oportunidade de desfilar com os nossos colegas do 1º Ciclo, os nossos colegas do 2º ciclo e com os visitantes da Escola Francesa que tornaram este momento ainda mais especial. A animar o desfile havia música alegre, própria desta Festa. Os trajes eram variados: índios, nobres, fadas, sereias, princesas, piratas, abelhas, havia de tudo um pouco. Até vimos uma árvore a andar!... Apesar de não o termos celebrado na data inicialmente definida, não faltou animação. E ficamos muito **orgulhosos de desfilar juntos com o 6º ano. Desta vez o Carnaval foi o máximo, como dizem todos. Alunos do 5º C
Ver fotoreportagem nas páginas centrais
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EPM-CELP EM FOCO NOVA DIRECÇÃO DA EPM-CELP Entrevista ao Drº Miguel Costa O Conselho Directivo da EPM-CELP tem novo vogal, para a área administrativo-financeira. Trata-se do Mestre José Miguel Carreiras Costa que nasceu a 3 de Maio de 1950 em Seda, Alter do Chão, no distrito de Portalegre. Da sua formação académica destaca-se uma licenciatura em Organização e Gestão de Empresas, pelo ISEG, e um mestrado em Ciências da Educação – Área de Administração Educacional pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. A sua experiência profissional tem sido multifacetada, desenvolvendo-se quer na área do ensino, quer na área empresarial. Tem vindo a colaborar com o Ministério da Educação, desempenhando funções diversas nos seus organismos centrais, tais como a Direcção-Geral do Ensino Particular e Cooperativo, a Direcção-Geral do Ensino Secundário, a Direcção-Geral do Ensino Superior e o Gabinete de Gestão Financeira. Desempenhou, também, funções de chefia na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, sendo responsável pelo serviço de Planeamento e Controlo de Gestão. É Professor titular do departamento de Ciências Sociais do Ensino Secundário, na Escola Secundária de Cacilhas – Tejo, pertencendo ao quadro de nomeação definitiva. .
PL - Antes de mais, gostaríamos de lhe dar as boas vindas em nome da comunidade educativa da EPM-CELP e de saber o que o levou a escolher esta área profissional ( o ensino). Dr. Miguel- Esta profissão começou por ser, numa primeira fase, a resposta a uma necessidade imediata de encontrar trabalho. De frisar que estávamos no pós-25 de Abril de 1974 e eu encontrava-me num momento em que terminara a licenciatura em gestão de empresas e realizara um estágio nos Estaleiros da Lisnave, na área de investimentos. Iniciei as minhas funções como docente na Cooperativa de Ensino do Laranjeiro, dando aulas a adultos. No entanto, como o relacionamento com as pessoas e o gosto pela formação e educação são aspectos que me apaixonam, depressa passei a encarar esta profissão como uma carreira que seguiria com grande empenho e dedicação. PL - Muito se tem discutido sobre o papel da escola na sociedade. As opiniões divergem, os diagnósticos abundam, as soluções, essas, são de difícil implementação no terreno. Na sua opinião, qual deve ser o papel da escola enquanto agente de mudança social e cultural? Dr. Miguel - Antes de mais é importante preparar a escola para a mudança. A escola não muda por si só. Partindo do pressuposto que a escola é uma entidade que gera um determinado produto: dotar os jovens com competências que lhes permitam traçar percursos que os
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conduzirão a exercer uma actividade social e profissional, em suma, a serem cidadãos activos. Torna-se imperioso a adaptação da escola às mudanças sociais e às transformações do mercado de trabalho. Assim, o trabalho realizado na área educativa, independentemente das funções, deve ser encarado com extrema seriedade, rigor e entrega, para que se consiga uma formação de qualidade que é o objectivo último de qualquer instituição de ensino. PL - Quais são as suas primeiras impressões sobre esta Instituição de ensino? Dr. Miguel- Devo dizer que fiquei deslumbrado com as condições físicas desta escola. Diria até que o equilíbrio arquitectónico aliado aos recursos disponíveis faz com que esta escola ofusque muitas por onde tenho passado. É um espaço muito aprazível para trabalhar. PL - Que expectativas tem relativamente à função de Vogal do Conselho Directivo da EPM-CELP, para a área administrativa que agora inicia? Dr. Miguel - Sou por natureza uma pessoa exigente comigo próprio. Gosto de me superar, de abrir novos horizontes, de encarar novos desafios, procurando sempre deixar uma marca pessoal no trabalho que desenvolvo. Naturalmente que numa primeira fase estou a inteirar-me dos procedimentos correntes nesta instituição, continuando o trabalho realizado pelo meu antecessor e a seu tempo procurarei inovar e melhorar o que julgar pertinente. PL- Que prioridades de actuação considera haver na EPM-CELP, no âmbito das suas funções? Dr. Miguel - O meu objectivo primeiro foi fazer uma análise da situação financeira deste organismo. Posso dizer que a estrutura do balanço aponta para um equilíbrio financeiro. Parece-me prioritária uma rentabilização dos recursos existentes, no sentido de optimizar os resultados pedagógicos. PL - Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar a toda a comunidade educativa da EPM-CELP? Dr. Miguel - Gostaria de convidar todos os elementos da comunidade educativa, sem excepção, para um envolvimento cada vez maior em torno dos objectivos traçados no Projecto Educativo da Escola e no Plano de Actividades do corrente ano. Se cada um der o seu melhor, estou certo de que faremos uma grande equipa.
Entrevista conduzida por EP
EPM-CELP EM FOCO NOVA DIRECÇÃO DA EPM-CELP Entrevista à Drª Alice Feliciano A nova vogal para a área pedagógica é a Dr.ª Alice Feliciano. Natural de Lisboa, viveu em Luanda entre os 6 e os 15 anos pelo que diz, por graça, que se fez gente em África. Licenciada em Direito, pela Universidade Lusíada, com estágio em advocacia e com o curso de Qualificação em Ciências da Educação, desenvolveu a sua actividade profissional entre o ensino e a consultadoria jurídica, até que optou definitivamente pela educação. Trabalhou seis anos em Moçambique, no ensino, área na qual se sente verdadeiramente realizada. PL - Antes de mais gostaríamos de lhe dar as boas vindas em nome da comunidade educativa EPM-CELP e de saber o que o levou a escolher esta área profissional ? Dr.ª Alice - Muito obrigada. Escolhi esta área profissional, porque percebi cedo que gostava de transmitir conhecimentos, experiências e colocar-me também perante situações de aprendizagem. Sempre me foi gratificante ouvir os meus alunos dizer, após o 1º período, que já percebiam melhor o sentido do que ouviam nos telejornais, descodificavam as mensagens e isso deixava-os contentes e a mim também. Ao longo do tempo fui percebendo que é das actividades profissionais que mais obrigam a uma actualização permanente de conhecimentos e que melhor contribuem para nos mantermos intelectualmente activos. PL Muito se tem discutido sobre o papel da escola na sociedade. As opiniões divergem, os diagnósticos abundam, as soluções, essas, são de difícil implementação no terreno. Na sua opinião qual deve ser o papel da escola enquanto agente de mudança social e cultural? Dr.ª Alice- A escola tem de estar atenta à mudança mas constituir-se também ela própria como um instrumento de mudança. Não se pode limitar a reproduzir os modelos sociais vigentes, é necessário que crie mecanismos que ajudem a orientar a caminhada social. É importante que abra portas para experiências novas, que indique novas linhas de raciocínio para, dessa forma, permitir aos alunos fazerem opções esclarecidas e, por isso, livres. PL Tendo em conta as suas experiências quer em território nacional, quer em Moçambique, que especificidade pensa existir na missão e objectivos da EPM-CELP?
Dr.ª Alice - A EPM-CELP começa por ser uma escola e, como tal, tem como missão preparar solidamente, aos mais diversos níveis, os seus alunos para as caminhadas por que optarem.. Tem que lhes transmitir conhecimentos sólidos, alicerces sobre os quais construirão outros saberes, desenvolverão as competências que a vida lhes vier a exigir. A EPM-CELP tem também um Centro de Recursos Educativos e um Centro de Formação que servem a escola e são base para a cooperação que esta Instituição desenvolve, sobretudo na área da formação. E nesta vertente, a formação, podemos constituir-nos como uma mais-valia significativa porquanto o fazemos na língua em que todos nos entendemos, portugueses e moçambicanos.É importante nesta área que organizemos os nossos recursos para, na medida do possível, oferecer o que ajudar a concretizar as escolhas de quem tenha por competência escolher o rumo a seguir. PL- Face à sua experiência anterior na EPM-CELP, como sentiu a Escola agora que regressou? Dr.ª Alice - Não senti alterações significativas em termos de rumo. A escola cresceu no sentido em que já crescia, ou seja, há mais meios, mais equipamentos, mais arte a alindar os nossos espaços. Há professores novos e experiências novas a ser implementadas. PL Que expectativas tem relativamente à função de Vogal do Conselho Directivo da EPM-CELP que agora inicia? Dr.ª Alice -Tenho a vontade e o querer de trabalhar mais aprofundadamente a área dos conhecimentos básicos, estruturantes, sem descurar todas as outras áreas. É preciso avaliar a forma, eficácia e eficiência da utilização dos equipamentos de ponta que possuímos. É importante que se estabeleçam ligações práticas de trabalho entre ciclos para optimizar o esforço de todos nós. PL - Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar a toda a comunidade educativa da EPM-CELP. Dr.ª Alice- Começo por agradecer a forma acolhedora como fui novamente recebida e pedir a todos e cada um o seu melhor contributo para engrandecermos continuamente esta Instituição.
Entrevista conduzida por EP
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EPM-CELP EM FOCO VISITA OFICIAL DOS SECRETÁRIOS DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E NEGÓCIOS ESTRANGEIROS À EPM-CELP
A EPM-CELP teve a honra de receber a visita de dois representantes do Governo Português, mais precisamente do Ministério da Educação e do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, no dia 26 de Fevereiro, com o objectivo de dar posse ao novo Conselho Directivo.
a Biblioteca Poeta José Craveirinha e Secretaria. Ao longo desta breve visita, o senhor Secretário de Estado foi elogiando a escola e mantendo um contacto franco e afável com todos os elementos da comunidade educativa com que se foi cruzando. Seguiu-se um momento de confraternização no terraço das Buganvílias.
Pelas nove da manhã, o Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Professor Doutor Jorge Pedreira foi recebido ao som de bombos, tendo sido encaminhado para a entrada principal da escola onde, para além de receber flores, oferecidas por dois representantes dos alunos, teve oportunidade de assistir à actuação do coro da Escola e a duas sessões de dança, uma levada a cabo pelos alunos do pré-escolar e a outra pelos alunos do 5ºA. Findo este momento de contacto com os pequenos talentos da casa, foi tempo de, acompanhado pela Direcção da Escola e pela comitiva de recepção, visitar alguns dos sectores mais importantes desta Instituição, tais como o Centro de Recursos Educativos, o Centro de Formação, a Coordenação, os laboratórios, algumas salas de aulas,
Cerca das onze horas chegou o Senhor Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Professor Doutor João Cravinho, que acompanhado pelo protocolo se juntou a todos quantos aguardavam a tomada de posse do novo Conselho Directivo. Terminado este momento solene, os ilustres visitantes foram convidados a visitar as piscinas e o pavilhão gimnodesportivo.
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Terminadas as actividades previstas para a manhã, foi tempo de retemperar as energias através de um agradável almoço num espaço tão aprazível com é o terraço das buganvílias. Imediatamente a seguir ao almoço, o Senhor Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e
Cooperação deu por terminada a sua visita. Por fim, teve lugar na sala de professores um encontro entre o Conselho directivo, o senhor Secretário de Estado Adjunto e da Educação e os docentes. Neste encontro,partilharam-se expectativas,colocaram-se problemas de ordem laboral e institucional, e apresentaram-se propostas de linhas de trabalho, que se espera granjearem apoio por parte das instituições governamentais portuguesas. Ao longo desta visita, ficou claro o interesse do governo português nesta instituição de Ensino, quer pelo trabalho pedagógico que aqui se desenvolve diariamente, quer por se tratar de um instrumento ao serviço da cooperação portuguesa em Moçambique.
EP
EPM-CELP EM FOCO TOMADA DE POSSE DA NOVA DIRECÇÃO DA EPM-CELP franco e aberto, constituindo um modelo de educação para os nossos alunos.
A sessão solene de tomada de posse do novo Conselho Directivo da EPM-CELP teve lugar no dia 26 de Fevereiro, pelas onze horas, na Sala de Professores, na presença de várias personalidades e de trabalhadores da Escola. A sessão abriu com um momento musical, a cargo da Área Disciplinar de Educação Musical, que seleccionou, para a ocasião, duas peças para flauta: o Minueto, de Bach, e a Queda do Império, de Vitorino. Depois, na presença de Suas Excelências o Senhor Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Professor Doutor João Cravinho, e o Senhor Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Professor Doutor Jorge Pedreira, teve lugar a cerimónia oficial de tomada de posse do novo Conselho Directivo, constituído pela Presidente, Dra. Dina Trigo de Mira, pela Vogal para a área pedagógica, Dra. Maria Alice Feliciano, e pelo Vogal para a área Financeira, Mestre José Miguel Carreiras Costa. O acto solene culminou com a leitura e assinatura do compromisso de honra. ao
desejando-lhe os maiores êxitos no cumprimento do seu mandato. A Presidente do Conselho Directivo recém empossada tomou, então, a palavra. No seu primeiro discurso, a Dra. Dina Trigo de Mira traçou o percurso da Escola desde o momento da sua formação, frisando o papel que esta desempenha enquanto instituição de ensino (Escola Integrada, com todos os níveis de ensino) e de apoio à Cooperação com Moçambique na área da Educação. A responsabilidade de dar continuidade ao projecto educativo herdado levou o novo Conselho Directivo a definir, como prioridade, melhorar o desempenho e a
No final, os presentes brindaram novo Conselho Directivo,
O Mestre José Miguel Costa profere o seu compromisso de honra, assinando a tomada de posse como membro da nova direcção da EPM
A Drª Alice Feliciano assume o cargo de Vogal da Direcção, proferindo o respectivo compromisso de honra
Seguidamente, usou da palavra o Senhor Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Professor Doutor João Cravinho que, após felicitar a nova Direcção empossada, salientou a importância da Escola Portuguesa como bandeira da Cooperação *Portuguesa em Moçambique. Acrescentou, ainda, ser este o momento propício para o Ministério dos Negócios Estrangeiros reafirmar o seu apoio à Escola sob a tutela de ambos os Ministérios . O Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Professor Doutor Jorge
Pedreira, encerrou os discursos, reiterando o seu apoio à nova Direcção, materializado pela presença, na Escola, dos representantes das duas tutelas. Louvou, em seguida, o trabalho realizado até ao momento, salientando a importância de consolidar a obra já edificada e de desenvolver novas iniciativas.
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qualidade do ensino e da aprendizagem nesta instituição de ensino. Apelou, por fim, à participação empenhada de toda a comunidade educativa, num diálogo Ver fotoreportagem nas página seguinte
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TOMADA DE POSSE DA NOVA DIRECÇÃO
FOTOREPORTAGEM
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FOTOREPORTAGEM
ARNA CARN AVAL E S. VVALEN NA ALENTIM TIM N A EPM-CELP
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EPM-CELP EM FOCO GALA JOVEM 2007/2008 Para celebrar Moçambique e a nossa cultura, um grupo de dançarinas, com a sua marrabenta, fez vibrar a assistência. O desfile moçambicano mostrou a beleza das cores das capulanas e a riqueza dos nossos trajes.
Luz, cor, beleza, brilho e criatividade caracterizaram a Gala Jovem de 2008. Este evento, realizado pelos jovens finalistas, com a colaboração dos professores e dos outros estudantes, é todos os anos ansiosamente aguardado pelos alunos da nossa escola e de outras escolas de Maputo. Na perspectiva de oferecer algo de diferente a um público jovem e tão diversificado, a Gala Jovem apresentou, como tema da noite, o Oriente.
Na dança, o espetáculo contou ainda com o grupo “Gamazack”, aplaudido pelo estilo inovador e acompanhado pela actuação das dançarinas do ventre, com velas e trajes brancos, e pelo espectacular Tango do conhecido coreógrafo da valsa dos finalistas, Eurico. Surgiu ainda o grupo de HipHop da escola, Soldier Girls, com a aluna Yumna, que dançou de forma deslumbrante, a pelos gémeos “ sucesso”! Não podemos esquecer a grande actuação do dançarino Nasser com o aluno da escola, uma outra dança de HipHop apresentada pela Fabíola e a performance do rapper Ayaz.
Os balões chineses vermelhos e dourados pareciam cair do céu e o grande pano branco trabalhado com caracteres chineses, biombos e bambus mostravam a mensagem da Gala Jovem - muito amor e “boa Vibe”. O palco era o lugar mais mágico da noite. O espectáculo contou com o carisma e a simpatia dos nossos apresentadores: a professora Sandra Macedo, no seu lindo kimono, o professor Pedro Malheiro, no seu elegante traje chinês e a auxiliar educativa Vanessa Lagarto, que deslumbrou com o seu sari. Sob o tema Oriental, a Gala Jovem abriu o espectáculo com os DJ’s Ayala (e Luís PP) no som, e com a dança do ventre e do fogo protagonizada pela Ana Lisa. O entusiasmo cresceu com os modelos do desfile Oriental que se seguiu, em trajes chineses e indianos. No entanto, o espectáculo foi para além do seu tema e buscou diversidade nas apresentações de dança e de música, e nos desfiles inovadores com participantes da escola e não só. O desfile formal “Black & White” foi a sensação da noite. Sob o tema “Não ao Racismo”, os lindos modelos pareciam profissionais. Mas a agitação foi ainda maior com as dançarinas de samba que, com as suas mini-saias coloridas e a “ginga” brasileira, aqueceram o público. A temperatura foi ao rubro com o desfile Tropical, em que os modelos desfilaram com as sungas e os biquinis patrocinados pela PokoPano. Para arrefecer, só mesmo os gelados da Giani, outro dos patrocinadores do evento!
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Os momentos de “Ouro”da Gala Jovem foram, sem dúvida, o desfile Golden, que espalhou purpurina dourada pela noite, e o desfile Pop Fashion, que foi ainda mais colorido. Houve ainda o desfile dos namorados, de pijama e de Hip Hop. O desfile que marcou a Gala Jovem pela criatividade e pela mensagem foi o desfile sobre SIDA, bem como o desfile Hippie, que contou com a participação dos professores Ana Besteiro, Margarida Vaz e Pedro Santos, trazendo Paz e Amor e procurando sensibilizar os jovens conscientes e com vontade de melhorar o Mundo. Um Mundo belo pela sua diversidade cultural. Para finalizar, houve ainda o desfile das Nacionalidades, que assim celebrou essa mesma diversidade. O desfecho da Gala Jovem deu-se com a fabulosa actuação da “cantora surpresa”, a eléctrica Liza , por quem tanto o público gritou. A Gala terminou com o palco ao rubro, num ambiente de alegria! OS ALUNOS DO 12ºC
EPM-CELP EM FOCO DIA DE S. VALENTIM NA EPM-CELP Would You Be My Valentine? O dia de S. Valentim, como algumas datas hoje em dia ainda festejadas, tem origem incerta, esbatida pelo tempo, disputada aos pagãos pela religião católica, destorcida e acrescentada. Quer remonte ao festival de Lupercalia, celebração pagã do amor e da juventude, quer seja na pele de um sacerdote de nome Valentim que celebrava o matrimónio entre jovens casais, proibidos de fazerem pelo Imperador Romano, Claudio II, que assim acreditava angariar jovens soldados para a frente de batalha, o certo é que, no dia 14 de Fevereiro, amor e amizade se celebram intensamente um pouco por toda a parte, e assim tem sido ao longo dos tempos.
Também se ama em Matemática Comemorando o dia de São Valentim, a área disciplinar de Matemática organizou uma exposição intitulada “Também se ama a Matemática”. Composta por diversos poemas sobre o amor e a Matemática, a exposição esteve patente durante alguns dias no Laboratório de Matemática e visou, assim, divulgar, junto da comunidade educativa da EPM-CELP, a faceta romântica desta disciplina, por vezes tão assustadora para os alunos. O amor está no ar e no Laboratório de Matemática deixou umas notinhas. Vejam! CA
Também a EPM – CELP não escapou à seta do Cupido que o grupo de Inglês se encarregou de lançar. A comunidade escolar foi presenteada com uma pequena peça de teatro musicada e em inglês baseada na obra “A Bela e o Monstro”, uma adaptação bem ao estilo moderno, levada a cabo pelos alunos da turma A do 11 º ano , e intitulada “The Cute and The Monster” (O Belo e a Monstra). Os alunos do 7º ano de escolaridade ajudaram na decoração do espaço, sob a responsabilidade da turma B do 11º ano, e quiseram, também, saudar todos os professores com pequenas frases célebres sobre o amor e a amizade, seleccionadas pelos próprios nas aulas de inglês. Ninguém ficou indiferente a tão carinhosa interpelação!
Cumpriu-se a tradição, que propiciou momentos ternos e divertidos com os votos de que, cada um à sua maneira, tenha tido um feliz “Valentine’s Day”.
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CENTRO DE RECURSOS EDUCATIVOS “BIBLIAMOR” OU AMORES DE SÃO VALENTIM NA NOSSA BIBLIOTECA É sabido que a celebração do Dia de São Valentim (ou Dia dos Namorados) não é uma tradição de base “lusófona”. No entanto, esta festividade está hoje tão disseminada nas nossas culturas, que já não há escola secundária, ou do 3º Ciclo, que não a celebre e reverencie. Esta aceitação tão generalizada poderá estar relacionada com um factor cultural e literário característico das nossas culturas lusófonas: é que o “Dia dos Namorados” aborda e valoriza um dos temas mais explorados, desde sempre, pelas nossas-literaturas-detodos-nós-falantes-do-português: referimo-nos ao tão intenso, frequente e global “Tema do Amor e da Paixão”. De facto, cada um de nós, – portugueses, brasileiros, moçambicanos, angolanos, etc. –, faz parte de povos e comunidades que poderão ser apelidadas de “povos apaixonados, emotivos e sentimentais”… Não querendo desperdiçar esta corrente de interesse e aceitação pela efeméride e pela temática, a Biblioteca Escolar da EPM-CELP, José Craveirinha, decidiu efectuar algumas acções que conduzissem à celebração da data e ao seu aproveitamento pedagógico. As acções planificadas realizaram-se no Átrio de Entrada Fernando Pessoa e concretizaram-se em quatro acções distintas: o LER – o VOTAR – o ESCREVER e o VER. Na secção do LER, foram expostos, em jeito de exposição gráfica, cerca de quatro dezenas de “quadros” com poemas de amor, oriundos de práticas de escrita diversas, mas todas elas de base lusófona: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Goa, Portugal e São Tomé e Príncipe. Esta mostra de poemas de amor foi crismada com o título de “Poemas de Amor Cativantes”. Com esta mostra poética, pedia-se aos alunos que lessem os poemas e se “deixassem” cativar pelo seu conteúdo emocional. Após a leitura, seguia-se a segunda acção – o VOTAR. Nesta secção da exposição, os alunos eram convidados a exprimir a sua opinião sobre os poemas lidos, através de um VOTO, “livremente expresso”, de forma a descobrir e eleger o Poema mais Cativante do Dia de São Valentim de 2008… Para a concretização desta acção, os alunos tinham ao seu dispor um pequeno “boletim de voto” e uma “caixa de votação”. Dos resultados da votação, resultou a
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indicação de três vencedores, que se poderá ler/reler no final deste artigo. No terceiro espaço do átrio “Fernando Pessoa”, surgia o convite à ESCRITA, na forma de missiva de amor… No âmbito desta iniciativa, foram exibidos dois conjuntos de oito retratos de homens e mulheres supostamente “cativantes!” – oito para cada sexo, claro! Dado a EPM-CELP ser uma escola multicultural, a escolha destes “belos” e “belas” obedeceu ao rigoroso critério da multi-etnicidade: de facto, nos dois conjuntos apresentados, reconheciam-se rostos africanos, asiáticos, europeus e indianos. Depois de escolhido o “belo” ou a “bela” mais cativante, os alunos eram convidados a escrever uma “Carta de Amor” – mesmo que ridícula, como bem exemplificavam dois dos textos que se exibiam num dos expositores desta secção: o primeiro, era uma das cartas de Fernando Pessoa à sua Ofelinha e, o segundo, o conhecido poema de Álvaro de Campos “Todas as Cartas de Amor São Ridículas”.
CENTRO DE RECURSOS EDUCATIVOS “BIBLIAMOR” OU AMORES DE SÃO VALENTIM NA NOSSA BIBLIOTECA Os poemas mais cativantes do Talvez porque escrever é mais demorado do Dia de S. Valentim de 2008 que votar, a participação nesta secção, embora existente, foi mais reduzida. Na última secção da exposição – o VER – foi exibido, numa das paredes do pátio, o filme “Um Amor Em África” (In My Country, no título original), do realizador John Boorman e que tem como intérpretes principais a actriz Juliette Binoche e o actor Samuel L. Jackson. O filme conta-nos uma história de amor intensa que se desenvolve, num curto espaço de tempo, entre dois jornalistas que cobrem, para os seus respectivos jornais, os eventos ocorridos na África do Sul do Pós-Apartheid, durante as designadas audições da Comissão para a Verdade e Reconciliação, que colocavam, frente a frente, numa espécie de acto de contrição e expiação colectivos, as vítimas e os carrascos deste sistema político de mámemória. Ela é uma Sul Africana branca, casada, e descendente de uma família abastada próxima do antigo poder; ele é um jornalista americano, negro, e também casado. Depois de um período inicial de antagonismo relacional intuitivo e primário, mais baseado na cor da pele do que na razão, e à medida que as emoções fortes vividas nas audições para a Verdade e Reconciliação fazem brotar o humano que existe no mais fundo de cada um deles, surge um entendimento emocional forte, sincero e intenso entre ambos, que acaba em paixão… Contudo, as suas vidas, já montadas (ambos são casados e com filhos), não lhes permitirá desenvolver essa paixão momentânea. Este filme, baseado no best seller de Antjie Krog, parece trazer-nos esta mensagem humanista: afinal, a esperança, a verdade, o perdão e o amor entre povos e etnias é ainda possível nas sociedades humanas, por mais vicissitudes por que elas passem… Um bom filme para ver e rever. Aconselhamos a todos um novo visionamento, mais atento e demorado! VR
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CENTRO DE FORMAÇÃO e DIFUSÃO da LÍNGUA PORTUGUESA XV JORNADAS PEDAGÓGICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA ASPEA As jornadas de Educação Ambiental revelaram-se mais uma vez um momento de reflexão importantíssimo em torno deste conceito e de toda a problemática relacionada com a ecologia. Não se muda o mundo nestes encontros; todavia dão-se passos seguros no sentido de tornar a educação ambiental um instrumento cada vez mais eficaz para um desenvolvimento sustentável.
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A EPM-CELP fez-se representar nas XV Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental da ASPEA, realizadas na Escola Superior Agrária de Santarém, através da Drª Ana Besteiro. Neste encontro, que contou com a presença de cerca de uma centena de participantes os trabalhos desenvolveram-se a partir de cinco conferências: O Ano Internacional do Planeta Terra – pela Doutora Maria Helena Paiva Henriques da Universidade de Coimbra; La Educación Ambiental como património común de la educación, el desarrollo y la sustentabilidad – pelo Doutor José António Caride Gómez da Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha; À descoberta de zonas poluídas na Ria de Aveiro – pela Doutora Virgínia Martins da Universidade de Aveiro; La Carta de la Tierra. La revolución social del siglo XXI – pela Doutora María Pinar Merino da Fundación Valores, de Espanha. A partir destas criaram-se quatro grupos de trabalho onde se reflectiu em torno de temas como: recursos pedagógicos e sustentabilidade; competências para a participação e acção; consciência social e valores e redes e parcerias. Tiveram, ainda, lugar várias oficinas, onde foi possível aliar o saber teórico à prática. Ora vejamos o que foi possível aprender: na oficina 1 - Arte e Ambiente - pretendeu-se ensinar a fazer eco-trabalhos de expressão plástica; na oficina 2 - Ciência Lúdica - trabalhou-se em laboratório, desenvolvendo técnicas para a reciclagem de óleos alimentares usados em bio-díesel; na oficina 3- Recicloteca – trabalhou-se a reciclagem artesanal de papel com diferentes cores e texturas, a partir de diferentes tipos de resíduos de papel e de outros materiais vegetais; na oficina 4 -Terra de todos – onde se assistiu à exibição de um filme sobre questões de desenvolvimento e produção de alimento, do Ciclo de Filmes Terra de Todos (OIKOS); na oficina 5 - De flor em flor – realizaram-se actividades pedagógicas e lúdicas em torno da apicultura; na Oficina 6 - Energias renováveis construção de carrinhos solares- foi possível construir artesanalmente carrinhos movidos a energia fotovoltáica, reutilizando, entre outras coisas, resíduos de embalagens; por fim, na oficina 7- Percursos em Santarém – foi possível conhecer um pouco melhor o ambiente local da cidade de Santarém, através de percursos guiados a pé.
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CENTRO DE FORMAÇÃO e DIFUSÃO da LÍNGUA PORTUGUESA FORMAÇÃO EM MONTAGEM E MANUTENÇÃO DE REDES E EQUIPAMENTO INFORMÁTICO
SUOR DE QUEM ESTUDA
PROMESSA No dia 29 de Fevereiro, terminou a acção de formação destinada ao pessoal técnico do Centro de Recursos Educativos da EPM-CELP, “Montagem e Manutenção de Redes e Equipamento Informático”, dinamizada pelo Eng.º Brás Duarte, cujo objectivo era o de formar um grupo de pessoas afectas à EPM-CELP, com competências para ficarem responsáveis pela manutenção do parque informático da EPM-CELP, em vez de se recorrer continuamente a serviços externos. Por conseguinte, colocar o equipamento em funcionamento, proceder à sua configuração, instalar programas, reparar e/ou substituir componentes dos equipamentos e projectar redes, são tarefas que têm de ser asseguradas internamente. Segundo palavras do próprio formador, no final da acção, os formandos adquiriram competências para montagem de equipamentos e seus periféricos, avaliação de avarias, execução e teste de cabos, instalação do sistema operativo, instalação de software e desenho e configuração de redes, tendo sido realizadas por estes, como trabalho final, as seguintes actividades: Montagem e teste de cabos de rede (cruzados e directos); Instalação de placas de rede sem fios (wireless); Configuração de uma classe C em wireless; Instalação de placas de rede 10/100; Configuração de uma classe C 10/100; Interligação de duas redes classe C com routing através de um PC de tripla interface; Interligação das duas redes a rede da escola utilizando o PC como router; Interligação das duas classes C a internet através da rede da escola;
M Pe usa Q rfe do Ol ue f ita me Se har aze és, u c O mp be m o nas orp E o teu re c lo e te tu o, í Re q ca om co mp as i ris Nu alid ue t lor, a nvi o, p mp do m t Am nca ade enta nad ua nce assa erfe eu o- to é r a a o per nte r e içõ se m es r. te m p s . d s m . e s iss a b e im ode o n a on em e, m r q te d lid çõ a ue rá ete d pr a es e d s e q s nu e r. r . es ui em nc res p s q pr a l p an ue e t est ond de ce fo o q ará er. ss nt es uis s so e. m diz zin in e ha r. ha.
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Há op an E or os -Q na h tun que -Q ue or ida e -O ue qu a od de. sper o -Q s m só and ei po -N ue eu com o p o-m ru s e e a a -N da m d um ss p m e o a b a a E u da te or se o s r n j m l a Qu m , a po tu os, ha e ão lev te Ap e s dia lém sso do faz r; as diz es em jur do ofe po es ar a er. pr o q m re ss re a re ali de e t u eu ce t sp e e r z e s ; a r a t ira e ; r; re am e v r; çã s p ei ou o; os e d ta co ize , j nt r. á a ig o q sa be uer er r. ei es ta r.
Partilha de ficheiros nas diferentes redes. Para finalizar, refira-se que os todos os formandos obtiveram aproveitamento, o que espelha bem o empenho dos mesmos. JC 10
Por : João Governo 12º A
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O SUOR DE QUEM ESTUDA Este foi um mês cheio de amor. A seta do cupido atingiu, também, a escrita. Aqui ficam vários exemplos da criatividade dos nossos alunos no reino da escrita...com amor, naturalmente.
Rebeca, 8ºB
Vanessa, 8ºB
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PSICOLOGANDO O MUNDO DOS AFECTOS Se tanto me dói que as coisas passem É porque cada instante em mim foi vivo Na busca de um bem definitivo Em que as coisas de Amor se eternizassem Sophia de Mello Breyner Andresen
Afectividade pode definir-se como sendo a totalidade da vida emocional do Homem. O mundo dos afectos, recheado de sentimentos e emoções, é algo que nos acompanha desde o primeiro momento de vida. O primeiro choro requerendo protecção, o primeiro sorriso, os primeiros beijos e festinhas que trocamos com os pais, a primeira birra num momento de contrariedade, entre tantos outros, são momentos que preenchem a nossa vida desde bebés. Desde pequenas, as crianças procuram conviver! Têm os seus amiguinhos na escola, visitam-se em casa uns dos outros, querem estar juntos no fim-de-semana. Quando vão a um aniversário, as crianças têm prazer em oferecer um presente ao amigo, dando-lhe algo que eles mesmos gostariam de ter! Os meninos, rapidamente aprendem a oferecer uma flor à primeira namorada, demonstrando o seu carinho e admiração! E conseguiremos nós viver sem afectos? Parece que não! E não só não conseguimos, como não queremos!!! A vida emocional contribui para o bem-estar do Homem, pois ela permite estabelecer relações sociais, nas quais o ser humano vai construindo a sua própria maneira de ser e agir. A emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos. Ela permite a comunicação com o outro, o que constitui um meio de sobrevivência da própria espécie humana.
E na Escola? Como estará presente a afectividade? Ora, sendo a afectividade um forte meio de comunicação, e sendo a escola um espaço social, naturalmente se estabelecerão relações afectivas. Por outro lado, a aprendizagem decorre de interacções sociais. Professores e alunos estabelecem entre si relações afectivas nas pessoas que são, e nos papéis que representam. Poderemos pensar o processo ensino-aprendizagem isento de afectividade? Ou melhor, poderemos pensar um processo ensinoaprendizagem sem que reflicta sobre ele a qualidade da relação afectiva entre professor e aluno? Depois do ambiente familiar onde a criança se desenvolve nos primeiros anos de vida, e onde são estabelecidos os primeiros vínculos afectivos, a escola, representando um plano social mais alargado, toma o seu lugar. Agora, também o professor representa para criança um elemento de segurança, sendo depositário das suas manifestações de carinho e afectos. Uma pesquisa desenvolvida por Elvira Tassoni (Universidade Estadual de Campinas – Brasil), dá-nos a conhecer alguns exemplos que ilustram a importância do professor afectivo para alunos de seis anos e meio. “Quando a professora está perto de mim, eu não desisto.” “Quando ela fica perto (…) eu faço o trabalho melhor.” “Quando a gente está nervosa para fazer o trabalho, ela não fica brava (…), ela vem perto e aí eu não fico mais nervosa. “Gosto quando ela fica perto, porque ela me ajuda. Acho que eu penso mais.” Alexandra Melo
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ESCOLHAS DA BIBLIOTECA «ATÉ AO FIM» DE VERGÍLIO FERREIRA Emerge Flora, mãe do Miguel, diante do mar e da maternidade involuntária, bela, “mas de uma beleza desaproveitável, como dizer?, a beleza para um lado e ela para o outro”, comunicando: “Segunda feira parto para a Grécia”. E o mar sempre, o mar “que ressoa no vazio da manhã. “...olho o mar, o invisível dele, que é o que é maior e me fascina. Está todo no que vejo, mas não está. É imenso, mas a noite torna-o ainda maior, torna-me a mim mais pequeno. Ouço a toda a amplidão o rumor abstracto do seu medo. Entre a noite que é dele e a morte que está comigo, estou eu só.”
“Até ao fim” é um romance tecido com o fio invisível que o caudal do pensamento traz. Na esteira existencialista, Vergílio Ferreira, que nos primeiros livros se situa como neo-realista, assume, nos últimos romance, uma estrutura em que o presente é constantemente entrecortado pelo passado. O curso das palavras é como a vida: aleatório. Cláudio está diante de Miguel, o filho morto. Conversam. “ Não é que eu tivesse muita coisa a conversar com o meu filho, que dorme ali no caixão.” Dois adversários, num frente a frente. E nesse espaço-diálogo da mente à procura de respostas para a existência, a vida vai emergindo em pequenos retalhos ao sabor da memória, recriada por esta. Uma imagem, um cheiro despoletam um fluxo e reescrevem no presente uma história para o passado. Na tentativa de fazer sentido, de retomar um fio do tempo perdido, irrompe a narrativa. Oriana - a sem par - reaparece vestida de azul, na morte prematura. “Pergunto por Oriana. Oriana da Luz? Morrera na véspera, tinham-na descido à câmara mortuária. Elevador ao fundo, para a cave. Mas eu não entendo, fico parado, fora de mim, o corpo arrepanhado e pânico no estômago, na garganta. “ A imagem de Oriana surge avulsa, fotografia retocada, nos espaços onde Cláudio a coloca. “Sei que o retrato surgiu num vazio de mim e ocupou logo todo o espaço disponível. Conheci-te no espaço do imaginário, sem realidade plausível para poderes ser real. Mas o imaginário é que é tudo e o real é uma procura para se encontrar com ele... Oriana, ficção mítica da minha fadiga”.
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E neste fluxo e refluxo da vida, o diálogo de Cláudio e Miguel prossegue: “É horrível ouvir-te. Meu pobre Miguel. Meu arcanjo derrotado… Meu filho calou-se, agora vejo melhor o quadro. Há nele um silêncio intenso por baixo de uma insinuada retórica: “Queria dizer-te uma coisa, mas não fiques ofendido. Queria dizer-te que apesar de tudo sempre gostei mais de Flora do que de ti.” De súbito, de novo, e sempre Oriana, “Tinha os cabelos loiros longos. E na face a alegria da vida. À porta do cemitério havia uma mulher com um grande cesto de flores. Comprei cravos amarelos. A mulher fez um ramo com eles. Não sei como pegar-lhe. Há à entrada um pequeno pavilhão, um homem atrás de um balcão, a face congestionada, sonolenta. Vagarosamente percorre com um dedo uma folha, diz-me que procure num terreno ao fundo. Vou entre as campas, não olho, um sol espesso tomba do alto, já um pouco oblíquo, ninguém. Descubro enfim um terreno vago, há uma sepultura recente, a terra escura. Em volta, ramos de flores, uma coroa. Olho em volta a solidão da tarde, a coroa tem uma inscrição. Vergome, leio. E uma comoção súbita, profunda. Tomo os cravos um a um e espalho-os devagar por cima. Então foi como se eu próprio me não visse, não existisse, dissipado no vazio de estar ali. Luto desesperadamente, os olhos ardem-me. O sol violento, a terra deserta. Eu só.” Um a um os mortos vão aparecendo: o pai “algum tempo depois o meu pai estava no grupo sentado num banco, um colar de algodão em rama manchado de sangue em torno do pescoço. Olha-me quase indiferente, eu devo ter na cara um espanto raiado de piedade e de terror. Está do lado do destino, o meu pai, deve sentir-se muito acima de mim, com pena e desprezo pela minha inferioridade. E um dia no Instituto entenderam que deviam mandá-lo para casa. Ia para morrer, mas preparado para a vida até onde era possível. Quis acompanhá-lo à aldeia, recusou vigorosamente. Fechado sobre a sua condenação como sobre um bem privativo. Ser proprietário mesmo da
ESCOLHAS DA BIBLIOTECA VERGÍLIO FERREIRA 1916 - 1996 desgraça, pensei. Telegrafei para o irem esperar, esperaram-no. Telegrafaram-me algum tempo depois para o ir enterrar, enterrei-o. Era Inverno, devia ser Inverno. Tenho frio na alma e na memória. Devia ser.”; a mãe, “Dorme. Sossega. Olho a sua face, há nela uma paz que dá para tudo o que a inquietou. Olho-a ainda na união profunda do destino do meu sangue. Mas vou ao meu quarto arranjar-me,.,, reparo agora que os sinos se calaram. Mas ouço-os ainda, ouço-os desde a infância que está cheia do seu ressoar…” Lê-se com imenso agrado e apesar da narrativa não ser linear, é fácil seguir os personagens, a sua história. Apetece, quase diria, abandonar o corpo a essa maresia, ao leve ondular das palavras que subitamente se desfazem em marmoto sobre a terra. Seguir as histórias onde Vida, Amor e Morte se entrelaçam indissociáveis, nesse destino que é o de cada um. Este destino sem deus nem saída percorre cada página, cada instante, cada personagem. Vergílio Ferreira é, sem sombra de dúvida, um grande escritor do século XX, tendo-lhe sido atribuído, entre vários outros, o maior prémio literário português, o Prémio Camões, em 1992. Leiam-no sem oporem resistência, no sentido da corrente. Indispensável!
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Vergílio Ferreira nasceu em Melo (Gouveia), na encosta da Serra da Estrela, a 28/1/1916. Os pais emigraram para os Estados Unidos e deixaram-no aos cuidados de parentes maternos. Concluída a instrução primária, foi internado no seminário do Fundão, opção muito frequente nos meios rurais até à década de setenta. No entanto, em 1932, abandonou o seminário e prosseguiu os estudos no Liceu da Guarda. Um dos seus romances mais conhecidos, Manhã Submersa, traduz literariamente essa experiência traumática. Em 1936 matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo concluído o curso de Filologia Clássica em 1940. Fez o estágio pedagógico no Liceu D. João III, em Coimbra, e leccionou em várias outras escolas (Faro, 1942; Bragança, 1944; Évora, 1945-1959; Lisboa, a partir de 1959) até 1981, data da sua aposentação. Obras Publicadas: Teria Camões lido Platão? (ensaio) - 1942 ;Sobre o Humorismo de Eça de Queirós (ensaio) – 1943; O Caminho Fica Longe (ficção) – 1943; Onde Tudo Foi Morrendo (ficção) – 1944; Vagão J (ficção) – 1946; Mudança (ficção) – 1949; A Face Sangrenta (ficção) – 1953; Manhã Submersa (ficção) – 1954; Mãe Genoveva (ficção) – 1957; Do Mundo original (ensaio) – 1957; Carta ao Futuro (ensaio) – 1958; Aparição (ficção) – 1959; Cântico Final (ficção) – 1960; Estrela Polar (ficção) – 1962; Da Fenomenologia a Sartre (ensaio) – 1962; André Malraux: Interrogação ao Destino (ensaio) – 1963; Apelo da Noite (ficção) – 1963; Alegria Breve (ficção);Espaço do Invisível 1 (ensaio) – 1965; Invocação ao Meu Corpo (ensaio) -1969 Nítido Nulo (ficção) – 1971; Apenas Homens e outros contos (ficção) – 1972; Rápida, a Sombra (ficção) – 1975; Contos (ficção) – 1976; Espaço do Invisível 2 (ensaio) - 1976; Espaço do Invisível 3 (ensaio) – 1977; Signo Sinal (ficção) – 1979; Do Mundo Original (ensaio) – 1979; Conta-Corrente I (diário) – 1980; Conta-Corrente II (diário) - 1981; Um Escritor Apresenta-se (ensaio) – 1981; Para Sempre (ficção) – 1983; Conta-Corrente III (diário) – 1983; Uma Esplanada sobre o Mar (ficção) – 1986; Conta-Corrente IV (diário) – 1986; ContaCorrente V (diário) – 1987;Até ao Fim (ficção) – 1987; Espaço do Invisível 4 (ensaio) – 1987; Arte Tempo (ensaio) – 1988;Em Nome da Terra (ficção) – 1990; Pensar (diário) – 1992; Conta-Corrente Nova Série 1 (diário) – 1993; ContaCorrente Nova Série 2 (diário) – 1993; Na Tua Face (ficção) - 1993 Conta-Corrente Nova Série 3 (diário) – 1994; Conta-Corrente Nova Série 4 (diário) – 1994; Para Sempre (ficção) – 1996;Cartas a Sandra (ficção) - 1996
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ÚLTIMA PÁGINA PAÍSES E POVOS NA NOSSA ESCOLA
Artur Simões é um dos alunos que a EPM-CELP recebeu no início deste ano lectivo. O Artur nasceu a 22 de Setembro de 1995 e chegou em Setembro de 2006 à nossa escola. Viveu até então no Brasil, mais concretamente em Maçaió. PL- Artur, qual foi o motivo da tua vinda para Moçambique? AS- Bem, tudo se deveu à vinda do meu pai, em trabalho. Ele veio primeiro e depois viemos nós, toda a família. Eu, a minha mãe e o meu irmão mais novo. PL-Que recordações trouxeste do teu país? AS-Trouxe receitas (quando temos muitas saudades a minha mãe prepara uns pratos bem saborosos), trouxe filmes e livros de que eu sempre gostei. PL-De que mais sentes falta? AS-Das festas, do Carnaval, das saídas com a família ... e do São João que se celebra em Julho. PL- O que mais gostavas de fazer? AS- Ah! Quando não tinha nada para fazer eu lia, gosto muito de ler. Também passava muito tempo com os meus amigos, costumávamos juntar-nos para jogar futebol. PL-Como te sentiste num novo país ? AS- Senti-me como um clandestino, como se tivesse chegado a um mundo desconhecido e já não soubesse quem eu era, sem identidade...Depois, fui conhecendo pessoas fora e dentro da escola e tudo foi melhorando. PL-De que mais gostas, aqui? AS-Na escola eu gosto dos professores e da biblioteca. Há dias em que o meu irmão vem para a escola, mas a minha aula é mais tarde, então eu vou para a biblioteca e fico por lá lendo. PL-O que foi mais difícil para ti quando aqui chegaste? AS- A comida é muito diferente e a maneira de falar também! Às vezes até parecia que estava a ouvir outra língua. PL-Gostarias de deixar uma mensagem aos que poderão vir a passar pela mesma situação que tu? AS-Sim, que arranjem amigos porque , assim, quando precisarem de ajuda poderão sempre contar com alguém! PL-Vamos agora fazer um jogo. Indico uma palavra e tu dizes a primeira coisa de que te recordas. Brasil: Carnaval Maçaió: São João Praia: Ipanema Família: Simões MV Calor: Muito!!!
BRASIL LÍNGUA OFICIAL:
Português
CAPITAL:
Brasília
ÁREA TOTAL:
8.514.876,599 Km2
POPULAÇÃO:
190.987,291 Millhões
DENSIDADE POPULACIONAL: MOEDA: HORÁRIO: PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
22 hab/km2 Real UTC -5 Lula da Silva
Pátio das Laranjeiras, n.º 54 Directora: Dina Trigo de Mira . Coordenação Editorial: Estela Pinheiro e Rodrigo Borges . Coordenação Executiva: Jeremias Correia,Judite dos Santos. Redacção: Á. D. de Ciências Naturais; Ana Besteiro; G. do Pré-Escolar e 1ºCiclo, Carla Amaral; Cláudia Costa; Eugénia Marques; Estela Pinheiro; Fulgêncio Samo; Jeremias Correia; Margarida Vasconcelos;Teresa Noronha e Vítor Roque. Concepção Gráfica e Paginação: Rodrigo Borges . Fotografia: Vítor Roque e Filipe Mabjaia . Colaboração: Alexandra Melo, Jeremias Correia. Revisão: Estela Pinheiro, Eugénia Marques, Judite dos Santos e Teresa Noronha e Francisco Mascarenha. Produção: Centro de Recursos Educativos, Fevereiro de 2008. Propriedade: Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, Av. do Palmar, 562 . Caixa Postal 2940 . Maputo . Moçambique . Telefone: 00 258 21 481300 . Telefax: 00 258 21 481343 , www.edu-port.ac.mz .epm-celp@edu-port.ac.mz . E-mail: patiodaslaranjeiras@edu-port.ac.mz
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