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OBSTÁCULOS MARINA FRUTUOSO DE MELO CAMPEÃ PELA 7.ª VEZ DRESSAGE MARIA CAETANO RENOVA TÍTULO LUSITANO HASA DAS LEZÍRIAS CAMPEÃ DE CAMPEÕES DO FIPSL GLOBAL CHAMPIONS TOUR - ESTORIL SCOTT BRASH VENCE

JOSÉ CID TAVARES DEIXO AS PISTAS COM SAUDADE MAS... NÃO DEIXO OS CAVALOS!





EDITORIAL

Francisco Cancella de Abreu Director

SEM ASSUNTO! em assunto ou imaginação para este editorial e sem querer voltar ao inflamado e sarcástico relato das tropelias da FEP, não porque faltem motivos nos últimos meses, mas por ter concluído que o assunto só provoca irritação e mau estar nos nossos leitores, o que nesta época de férias pensada para gozar a vida, se deve evitar. Assim relataremos após sentença do tribunal, cada um destes mais recentes casos. Deixo-vos com o interior destas páginas onde temos a habitual informação sobre os mais recentes acontecimentos. Esperarei os Jogos Equestres Mundiais para voltar com matéria fresca do maior interesse e actualidade.

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REVISTA

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EQUITAÇÃO

Todas as semanas a melhor e a mais completa informação equestre!


SUMÁRIO 04

FEIRAS E EVENTOS FESTIVAL I. PURO SANGUE LUSITANO

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CRÓNICA POR JOÃO PEDRO GORJÃO CLARA

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FEIRAS E EVENTOS FEIRA DO CAVALO, PONTE DE LIMA

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TAUROMAQUIA POR DOMINGOS DA COSTA XAVIER

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DRESSAGE CAMPEONATO DE PORTUGAL

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VETERINÁRIA POR JOÃO PAULO MARQUES

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INTERNACIONAL GLOBAL CHAMPIONS TOUR, ESTORIL

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HISTÓRIA DA ATRELAGEM POR J. ALEXANDRE MATOS E J.P. MAGALHÃES SILVA

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OBSTÁCULOS CAMPEONATO DE PORTUGAL

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NOTAS SOLTAS POR MANUEL H. HELENO

OBSTÁCULOS CSI * DE COIMBRA

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NUTRIÇÃO POR LILIANA CASTELO

NA OPINIÃO DE... LUÍS NEGRÃO

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EQUITAÇÃO NATURAL POR JANET HAKENEY

EQUITAÇÃO TRABALHO CAMPEONATO DO MUNDO

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CRÓNICA POR RITA GORJÃO CLARA

FEIRAS E EVENTOS ECUEXTRE, BADAJOZ

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CRÓNICA POR HENRIQUE SALLES DA FONSECA

COMENTÁRIO POR COR. JOSÉ MIGUEL CABEDO

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TRIBUNA DE HONRA POR JOÃO BAGULHO

ENTREVISTA NORBERT ELL

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EVENTOS OS CAVALOS DE MANUEL AMADO EXPOSIÇÃO DE PINTURA

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REPORTAGEM ESCOLA PROFISSIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL DE SERPA

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BOLSA EQUESTRE ESPAÇO PARA ANÚNCIOS

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BREVES NOTÍCIAS DE ACTUALIDADE

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CORRIDAS POR ENG. VICTOR MALHEIRO

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ARTE DA EQUITAÇÃO ENTREVISTA A PAULO GAVIÃO GONZAGA, POR BRUNO CASEIRÃO ENTREVISTA JOSÉ CID TAVARES

FICHA TÉCNICA

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Director: Francisco Cancella de Abreu Editor: Eduardo de Carvalho Conselho Editorial: Afonso Palla (in memoriam); Adolfo Cardoso; Coronel Joaquim Arnaut Pombeiro; Dr. Domingos da Costa Xavier; Prof. João Pedro Gorjão Clara; João Bagulho; Dr. Joaquim Duarte Silva; Coronel José Miguel Cabedo; Dr. João Paulo Marques; Dr. Manuel Heleno; Dra. Rita Gorjão Clara Colaboradores: Dra. Antonieta Janeiro; Dr. Bruno Caseirão; Epona; Galiano Pinheiro; Dr. Henrique Salles da Fonseca; Idés Marchal; Janet Hakeney; Jaime de Almeida Ribeiro; J. Alexandre Matos; Arq. J.P. Magalhães Silva; Dra. Joana Alpoim Moreira; João Maria Fernandes; Dr. José Pedro Fragoso Almeida; Eng. João Moura; Dr. Manuel Lamas; Engª. Liliana Castelo; Paulo Vidigal; Eng. Victor Malheiro Chefe de Redacção: Ana Paula Oliveira Redacção: Ana Filipe; Cátia Mogo; Carla Laureano Publicidade: José Afra Rosa; José de Mendonça; Luís Trindade Assinaturas: Fernanda Teixeira Fotografia: Aurélio Grilo; Emílio de Jesus; Nuno Pragana; Paula Paz Propriedade: Invesporte, Lda; Praceta S. Luís, Nº 14 CV Dto.;Laranjeiro 2810-276 Almada; Cap. Social 5.000 Euros; Cont. 505 500 086; Empresa jornalística registada no ERC nº 223632 Redacção/Publicidade: Praceta S. Luís, Nº 14 CV Dto. Laranjeiro 2810-276 Almada; Tel. 21 2594180 - Fax. 21 2596268; equitacao@invesporte.pt; equitacao@netcabo.pt Edição online: www.equitacao.com Impressão: Manuel Barbosa & Filhos; Zona Industrial de Salemas; Fracção A2 - 2670-769 Lousa LRS Distribuição: Urbanos Press S.A - Rua 1º de Maio Centro Empresarial da Granja - Junqueira - 2625 - 717 Vialonga Tiragem média: 30.000 exemplares Registo ERC: N.º 123900 Depósito Legal: N.º 93183/95. Todos direitos reservados. Interdita a reprodução total ou parcial dos artigos, fotografias, ilustrações e demais conteúdos sem a autorização por escrito do editor. Os artigos assinados bem como as opiniões expressas são da responsabilidade exclusiva dos seus autores, não reflectindo necessariamente os pontos de vista da Direcção da Revista, do Conselho Editorial ou do Editor.

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FEIRAS E EVENTOS

FIPSL: HASA DAS LEZÍRIAS CAMPEÃ DE CAMPEÕES erca de 120 animais apresentaram-se para o Concurso de Modelo e Andamentos onde o maior despique se registou na classe de éguas, em que foram entregues nove medalhas de ouro e 12 de prata. Iris (1 ano da Coudelaria Luís Bastos), Hasa das Lezírias (2 anos da Companhia das Lezírias), Guhapa d'Atela (3 anos da casa Lusitanos d'Atela) e Camurça (égua afilhada de Santa Margarida) foram as quatro fêmeas que mais se destacaram e, por isso, lutaram pelo título de Campeã Fêmea. O colectivo de juizes no FIPSL foi composto por Tomé Nunes, Rui Rosado, Nuno Santos Pereira, António Vicente, Bento Castelhano e Yves Manzanares, com António Raul Brito Paes como Presidente do Júri, e decidiu colocar em Hasa das Lezírias a faixa que distingue a melhor égua. Em Machos, este ano foram entregues medalhas de ouro apenas na classe de poldros de 3 anos (aos três primeiros classificados) e descendência de garanhão pelo que foi fácil apurar o Campeão Macho: Guelo da Coudelaria Vila Viçosa, vencedor do seu escalão. Os dois animais voltaram a ser pas-

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sados à guia e foi a jovem égua que viu mais uma faixa ser colocada em torno do pescoço, agora a de Campeão de Campeões.

Francisco Perestrelo, da Companhia das Lezírias (CL), descreve esta poldra como tendo um "excelente carácter, bastante

bem conformada e com magníficos andamentos, filha do garanhão Safado, ferro CL e da égua Apita das Lezírias, também de criação da CL." Apesar de ter apenas 2 anos, Hasa das Lezírias tem já o futuro traçado como explica o Engenheiro, "será certamente um animal a integrar o nosso efectivo reprodutor, do qual esperamos vir a retirar produtos de superior, ou igual qualidade." A CL participa anualmente no FIPSL e embora no passado tenha obtido diver-


FEIRAS E EVENTOS

O FESTIVAL INTERNACIONAL DO CAVALO PURO SANGUE LUSITANO (FIPSL) DECORREU ENTRE OS DIAS 19 E 22 DE JUNHO, PELO SEGUNDO ANO CONSECUTIVO NA QUINTA DA MARINHA EM CASCAIS.

sos prémios e medalhas, esta foi a primeira vez que alcançou o título máximo pelo que "tendo em conta que o FIPSL é sem dúvida o mais importante evento do cavalo Lusitano, é certamente de grande importância para a nossa Coudelaria a conquista deste título, além do grande regozijo que sentimos, em ver surgir resultados do trabalho desenvolvido ao longo de anos, pela equipa que temos a honra de liderar" admitiu Francisco Perestrelo. Para Thomas Kleba, criador e proprietário do Campeão Macho, "o facto do Guelo ter ganho estas provas de Modelo e Andamentos é

para toda a equipe Vila Viçosa uma grande satisfação e orgulho". A Coudelaria levou ao FIPSL sete animais e classificou seis. Sobre a linhagem do melhor classificado, Kleba defende que "não foi de forma alguma um producto do acaso, mas sim bem pensado e planeado. É filho do garanhão de Mérito Estoiro e da Cafeina, filha do Finório que já tem também estatuto de Mérito. Existem de momento a nível mundial somente sete animais com este estatuto. Qualquer título representa uma grande vitória e reconhecimento do nosso trabalho e dedicação diária" ressalva o criador, segundo o qual "o futuro do Guelo é igual ao dos seus irmãos: trabalho e acompanhamento profissional por toda a equipe da Coudelaria Vila Viçosa. O objectivo é potenciar a qualidade atlética e mental, para que o futuro seja de sucesso para o equitador e para o cavalo. Não vamos certamente

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FEIRAS E EVENTOS

Mafalda Galiza Mendes

Campeão Macho: Guelo da Coudelaria Vila Viçosa dar-lhe um tratamento diferenciado pelo facto de ter ganho estas provas de Modelo e Andamentos, porque a fórmula é sempre a mesma, para o Guelo e para os restantes irmãos que em nada são inferiores." A Coudelaria de Santa Margarida levou ao FIPSL duas dezenas de animais de sua criação e propriedade e pela 14.º vez recebeu a distinção de Melhor Criador. Para Luís Pidwell "é sempre uma satisfação e nós esforçamo-nos para isso". José Miguel Vinagre foi eleito o Melhor Apresentador.

prata), Luís Pidwell considera "um erro. Acho que os cavalos lusitanos têm estado numa escala progressiva de qualidade. A cada ano vemos classes mais homogéneas, nivelando-se por cima e não por baixo e faz-me um pouco de confusão que os juízes sejam tão avaros na distribuição de medalhas de ouro. Acho que estas valorizam a raça e a criação. Na minha opinião deveríamos ter as mãos mais 'largas' na distribuição das mesmas!" Concurso de Modelo e Andamentos à parte, quanto aos cavalos de Toureio, a APSL dis-

tinguiu este ano na categoria de Cavalos Consagrados, Atrevido (ferro António Paim, do cavaleiro Rui Salvador) e em Cavalos Debutantes, Alcochete (ferro Carlos Ferreira, que em 2013 foi da quadra de Vitor Ribeiro e António Telles) e Atilho (ferro Quinta da Alegria do cavaleiro João Telles Jr). Foram também apresentados dos Lusitanos que em 2103 se destacaram nas diferentes disciplinas e entregues prémios a cavalos de Atrelagem. Com diversos eventos a integrarem o programa deste ano do FIPSL o presidente da APSL

MACHOS MENOS DOURADOS ESTE ANO

Manuel Paim, Presidente da Direcção da APSL, afirma que "o número de animais foi ligeiramente inferior no Modelo e Andamentos (-9%). Em relação à qualidade, de referir que as fêmeas tiveram excelentes produtos a Concurso mas que nos Machos a qualidade foi ligeiramente inferior" contudo, acredita que "a qualidade do Lusitano não está posta em causa como aliás demonstram os excelentes resultados obtidos nas diferentes disciplinas equestres. Neste caso e falando dos Machos talvez este ano tenha havido uma ligeira quebra na qualidade dos animais apresentados mas que em nada reflectem a evolução da Raça." Sobre a reduzida atribuição de medalhas de ouro (e até de 6

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elege como dos mais marcantes "as homenagens (ao Arq. Arsénio Cordeiro primeiro Presidente e sócio numero 1 da APSL e ao cavalo e ao Oxidado), a funcionalidade e o espectáculo equestre". Oxidado levou Pedro Torres ao top mundial da Equitação de Trabalho e aí o manteve durante vários anos. Para a despedida desportiva, pública e oficial, Pedro Torres decidiu montar um percurso de equitação de trabalho com pessoas, em género de espectáculo, com a leitura de uma carta no final, como se tivesse sido escrita pelo próprio cavalo. "Foi muito emocionante, pois foi a última vez que - embora em género de espectáculo - fiz um exercício de equitação de trabalho com ele, foi a última vez que ele recebeu uma roseta, que deu a volta de honra..." recorda Pedro Torres que apesar de sentir o cavalo ainda em excelente forma decidiu retirá-lo quando estava "em alta! Pelo respeito que lhe tenho!" Em termos desportivos, realizaram-se durante o Festival provas de Equitação à Portuguesa, Equitação de Trabalho e Dressage (com a estreia de provas à Amazona). O evento encerrou com um espectáculo em que estiveram presentes a Escola Portuguesa de Arte Equestre, Centro Equestre da Lezíria Grande, Cabrestos e o Carrossel de Equitação de Trabalho. Estiveram representadas no FIPSL, delegações de Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Holanda, Noruega , Finlândia, Suécia, Suíça, Grã-Bretanha, Brasil e México. n

Homenagem ao criador Arsénio Raposo Cordeiro

Ana Filipe/Fotos: Aurélio Grilo

Homenagem ao cavalo Oxidado

Coudelaria de Santa Margarida venceu o prémio destinado ao Melhor Criador do Festival



FEIRAS E EVENTOS

FEIRA DO CAVALO DE PONTE DE LIMA

CAVALOS INVADEM EXPOLIMA PONTE DE LIMA É CONHECIDA COMO A VILA MAIS ANTIGA DE PORTUGAL. A FEIRA DO CAVALO JÁ VAI NA 8.ª EDIÇÃO E TEM MOSTRADO EVOLUÇÃO, MODERNIDADE A ABERTURA, SEMPRE DE PORTAS ABERTAS AOS AMANTES EQUESTRES.

Cavalos da Dressage Plus estiveram em destaque na Taça de Portugal. Na foto, Forlady Plus montado por Nuno Chaves de Almeida e 26 a 29 de Junho, Ponte de Lima encheu-se de aficionados do cavalo. Cavaleiros, criadores ou simples visitantes, deram um colorido a esta feira, marco no calendário de muitos, que ano após ano visitam a vila e o recinto na Expolima. "Este foi mais um ano muito bom", afirma Filipe Pimenta, organizador do certame, "a nível nacional temos batido recordes de inscrições nas várias modalidades e foi sem dúvida um sucesso, quer em número, mas principalmente em qualidade de cavalos e cavaleiros".

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A Feira voltou a apostar no desporto e este ano a grande novidade foram os Campeonatos Nacionais de Dressage e Paradressage (ver página 12). De acordo com a organização estiveram a competir na feira cerca de 300 cavalos, a maioria inscritos na 3.ª jornada da Taça de Portugal de Dressage. Tal como já havia ocorrido nas jornadas anteriores, Nuno Chaves de Almeida colocou em destaque os cavalos da Dressage Plus, ao vencer as Preliminares com Forlady Plus, Elementares com Sandro Plus e Complementares com Fidélio

Plus. Forlady Plus foi por estes dias o animal que alcançou a melhor percentagem, fazendo 76,569% na P1. A égua de 4 anos é descrita pelo cavaleiro como "grande e com elevado potencial. Três quartos alemã e um quarto Peralta, é muito calma, tem uma óptima cabeça e montabilidade fantástica." Sobre a prestação dos cavalos da casa ao longo das três jornadas da Taça, Nuno Chaves de Almeida refere que "felizmente a época começou da melhor maneira em Lisboa, seguindo-se Azeitão e agora Ponte de Lima. Qualquer um dos cavalos tem tido um

comportamento fantástico e até agora faço um balanço óptimo. Temos estado sempre nos primeiros lugares o que demonstra que o trabalho tem vindo a ser bem feito. Estamos todos muito contentes e esperamos que o futuro seja próspero". Quem também não deu hipóteses, mas nas Intermediárias, foi Duarte Nogueira com Beirão, cavalo que de acordo com Duarte se sente mais à vontade "nos exercícios mais concentrados". O cavaleiro de Alter entrou também com Douro nas Médias, tendo sido 2.º classificado na M3, atrás de Luís Azeitona e Davos. O conjunto está unido há menos de um ano e em Ponte de Lima o cavalo fez a sua terceira prova. Para o cavaleiro o Davos tem "boas características. O melhor é a cabeça e qualidade nos andamentos". A M1 foi ganha por João Castelão e Diu CC com Ricardo Wallenstein e Bem-Me-Quer a competir sozinho em Grande Prémio, uma vez que, para que não tivessem de repetir as reprises, foram atribuídos pontos a contar para a Taça aos cavaleiros que competiram no Campeonato de Portugal de Dressage. Em Equitação de Trabalho, entraram na sexta jornada do Nacional mais de 20 conjuntos para cinco escalões. Ganharam: Vânia Alcobia/Baga (Sub-16), Rodrigo Dias/Alicante (Sub20), Vasco Mira Godinho/Diospira (Cavalos Debutantes), Manuel Malta Vacas/Ariano (Cavaleiros Consagrados) e Bruno Pica da Conceição/Trinco (Masters), neste que foi o


FEIRAS E EVENTOS

Derby de Atrelagem regresso do conjunto Campeão do Mundo às competições nacionais. A nível desportivo tiveram também lugar os play-offs das meias finais da Série A do Campeonato Nacional de Horseball, Derby de Atrelagem e Demonstrações de Corridas de Trote Atrelado. GUELO, CAMPEÃO DE CAMPEÕES Foi depois do já tradicional desfile de Coudelarias e Festival do Garrano, e na presença do Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito e do Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que foram atribuídos os títulos máximos do Concurso de Modelo e Andamentos, onde este ano se apresentaram cerca de 80 animais. Recebeu o Troféu Sousa Cardoso para a Campeã Fêmea, Hasa das Lezírias, criação e propriedade da Companhia das Lezírias. O Troféu Paulo Barreiros Mota, para o Campeão Macho, foi entregue a Guelo, da Coudelaria Vila Viçosa. Repetia-se assim o confronto da semana anterior no Festival Internacional do Cavalo Lusitano(FIPSL). Sem unanimidade por parte dos juízes, Nuno Santos Pereira e Tiago Gomes,

na atribuição da faixa de Campeão de Campeões, foi necessário recorrer ao voto do Presidente do Júri, João Ralão Duarte, que optou pelo poldro de 3 anos. Para o criador e proprietário, Thomas Kleba, "o facto de o Guelo ter ganho o título de Campeão de Campeões, defrontando a Hasa das Lezírias, em Ponte de Lima, depois de em Cascais ter sido o inverso, não nos surpreende nada. Ambos os animais são de excelente qualidade e foram distinguidos por medalhas

de Ouro. Em todos os concursos e confrontos em que entram animais, são determinantes as condições físicas, a estabilidade mental, a performance do dia e as condições do certame. Em Ponte de Lima estamos confrontados com um piso de excelente qualidade, onde os animais podem demonstrar as suas reais qualidades de andamento. Em Cascais, ao contrário, estas condições deixaram muito a desejar, sobretudo depois de uma manhã de chuva torrencial. Portanto, em situação

de piso ideal, o Guelo pode demonstrar a sua qualidade de andamentos, característica mais relevante deste cavalo." Já para Francisco Perestrelo, da Companha das Lezírias (CL) que levou a poldra de 2 anos "há sempre uma grande expectativa nesta competição, pois estão em disputa os dois animais que os Juízes consideraram como sendo os melhores do certame e cujo nível será certamente muito idêntico, no entanto, dado que no FIPSL o título nos tinha sido atribuído por unanimidade dos seis juízes presentes e em Ponte de Lima estávamos perante um empate, não podemos negar que ficámos surpreendidos com a decisão, pese embora a elevada prestação do nosso opositor. Se tivermos em conta que dos três decisores presentes, somente um fez parte do elenco do FIPSL, não podemos considerar que houve alteração de opinião, mas sim, por parte de dois deles, opinião diferente da dos juízes que julgaram o FIPSL, uma vez que o título foi atribuído por desempate. Estando nós em crer que, numa semana, os animais não devem ter tido qualquer alteração morfológica, deverá certamente ter

Festival do Garrano antecedeu a cerimónia da entrega dos títulos de Campeões da Feira REVISTA EQUITAÇÃO

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FEIRAS E EVENTOS

havido outros factores de grande importância, que contribuíram para a sua decisão." Guelo foi o único Macho que ganhou com medalha de ouro. Já nas éguas, foram entregues cinco medalhas de ouro tendo vencido a classe, e por isso chamadas à pista para a decisão de Campeã Fêmea, também a poldra de 3 anos Guhapa d'Atela (criação e propriedade da Coudelaria Bessa de Carvalho) e a égua afilhada Camurça (criação e proprie-

Coudelaria de Santa Margarida foi eleita Melhor Criador do certame

Campeão de Campeões: Guelo da Coudelaria Vila Viçosa

Campeã Fêmea: Hasa da Lezírias, ferro Companhia das Lezírias 10

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dade da Coudelaria de Santa Margarida). A Coudelaria de Santa Margarida foi eleita uma vez mais "Melhor Criador". Para Piedade Pidwell, apesar de não ser a primeira vez que recebem este troféu no certame "é sempre uma grande emoção e este ano tive uma alegria maior, que foi ter tantos netos comigo, o que me deu muito gosto!" Também à semelhança de 2013, Pedro Azeitona foi considerado o Melhor Apresentador.

Com cerca de 80 criadores presentes, para além dos portugueses estiveram representadas delegações da Bélgica, Alemanha, Holanda, Inglaterra, França, Brasil, México e Angola. Terão passado pelo recinto ao longo dos quatro dias 150 mil visitantes.n Ana Filipe/Fotos: Aurélio Grilo



DRESSAGE

MARIA CAETANO COUCEIRO UMA MÃO CHEIA DE TÍTULOS DEPOIS DE SE TER SAGRADO POR DUAS VEZES CAMPEÃ NACIONAL DE JOVENS CAVALEIROS E SUBIDO AO LUGAR MAIS ALTO DO PÓDIO DE SÉNIORES, NO PRIMEIRO ANO NESTE ESCALÃO, EM 2013 MARIA CAETANO COUCEIRO VOLTOU A CONQUISTAR A MEDALHA DE OURO COM XIRIPITI. EM 2014, CHEGOU DECIDIDA A NÃO DEIXAR O TÍTULO POR MÃOS ALHEIAS E REVALIDANDO-O, UMA VEZ MAIS, ÀS RÉDEAS DO PSL, CRIAÇÃO DA COUDELARIA TORRES VAZ FREIRE.

Maria Caetano Couceiro/Xiripiti ste ano o Campeonato de Portugal de Dressage rumou de Lisboa até Ponte de Lima. O número de concorrentes aumentou mas o 1.º lugar manteve-se inalterado. Maria chegou, viu e venceu. "Fiquei muito contente com o Xiripiti, esteve com um grande nível nos três dias, aguentou a humidade a que não está tão habituado no Alentejo, e cada dia

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quis dar um pouco mais de si." Apesar de considerar que este ano a vitória "foi mais difícil, porque tinha uma concorrência muito apertada" Xiripiti "esteve à altura". Maria finalizou o Campeonato com uma média de 70,328%. A melhor nota foi alcançada na Kur (72,325%), mas foram os 70,620% do Grande Prémio (GP) que deram ânimo à cavaleira para a próxima

meta que se avizinha: os Jogos Equestres Mundiais (JEM). Este resultado "foi um óptimo prenúncio. A nota do GP deu-me muita confiança, porque para a equipa nacional nos JEM, o que conta é esta prova." Ainda sem a equipa oficial divulgada, Maria está confiante sobre a presença no Mundial. "Tenho sempre um bom 'feeling' porque estou a fazer o que gosto, e quando isso acon-

tece, é meio caminho andado para estarmos felizes!" Maria sempre fez questão ao longo dos anos de estar presente nos Campeonatos Nacionais, prova que considera "muito importante, independentemente das competições internacionais, que como é óbvio também são relevantes, mas ser Campeão do nosso país é um orgulho, e no fundo é o que fica daqui a uns


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anos para contar aos filhos e aos netos!" No ano passado Maria dividiu o pódio com Filipe Canelas Pinto, o que se repetiu em Ponte de Lima, onde o cavaleiro conquistou a 4.ª medalha de prata da sua carreira. Com Der Clou fechou a competição com uma média final de 68,894%. "No primeiro dia o cavalo esteve muito bem, no segundo foi excelente, com uma energia extrema e foi um prazer enorme montálo". Na data da Kur, contudo, "teve um comportamento diferente, estava muito excitado na boxe, não se alimentou e acho que por isso teve uma performance menos exuberante e com menos qualidade do que seria normal, embora tenha tido exercícios bastante bons. Talvez os trotes largos tenham sido os melhores dos três dias, as passagens de mão a tempo muito fáceis... Houve coisas que gostei imenso." Filipe Canelas Pinto fez a preparação no estrangeiro, em diversos CDIs, e em termos de notas sentiu algumas discrepâncias com as que teve no Campeonato. "Tenho tido notas mais altas, principalmente de juízes importantes no estrangeiro, do que aqui. Se formos ver as notas dos juízes individualmente, são díspares. Uns a darem muitos pontos, outros poucos... Não houve muita unanimidade entre juízes, mas é uma

Filipe Canelas Pinto/Der Clou realidade com a qual temos de viver". Talvez por isso, quando interrogado se a prata 'soube a pouco' Filipe não tenha hesitado em responder "Soube. Não posso comentar as provas dos meus co-

legas mas pela forma como senti o meu cavalo, e uma vez mais, comparando com o que se tem passado no estrangeiro, fiquei sem perceber algumas das notas. Não se trata de dizer que fui melhor

Daniel Pinto/Santurion

do que outro, nem se quer penso nisso. Penso sim, em montar e ser cada vez mais perfeito, respeitar quem assiste e fazer cada apresentação com qualidade." Fruto dos recentes resultados no estrangeiro, Filipe Canelas Pinto é presentemente o melhor cavaleiro português no ranking da FEI (actualização de 30.06.2014). E se ao longo dos três dias Maria e Filipe estiveram sempre muito constantes algumas decisões ficaram reservadas para o cair do pano. Manuel Veiga e Ben-Hur entraram para a Kur no 3.º posto provisório, mas foram os 70,425% da Freestyle de Daniel Pinto com Santurion de Massa que fizeram o olímpico subir ao 3.º posto do pódio nacional (média final 68,316%). "O Santurion ao longo destes três dias portouse lindamente. É um cavalo muito REVISTA EQUITAÇÃO

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DRESSAGE

novo, que em Janeiro estava a fazer S. Jorge/Intermediária I. Estamos em Junho, portanto, seis meses depois está a disputar o Campeonato de Portugal, com um nível muito elevado e muitos concorrentes. Foi por isso uma agradável surpresa, sobretudo porque foram três provas, que ele nunca tinha feito seguidas num concurso, e hoje talvez estivesse um pouco mais cansado. Ainda assim fez uma prova muito boa, dentro da música e estou muito satisfeito com o cavalo" afirmou Daniel Pinto aos microfones da EQUITAÇÃO. O facto de tanto público ter assistido às provas do Campeonato, para Daniel Pinto, foi um factor de motivação. "É muito importante. Este é o cenário que encontramos nos palcos internacionais. Termos em Portugal concursos desta qualidade e com um púbico tão aficionado e conhecedor, mete-nos numa situação de termos de competir bem e apresentar um bom trabalho. Isso é muito importante e foi uma boa escolha o Campeonato Nacional ter sido aqui." Opinião partilhada por Maria Caetano Couceiro, para quem "é muito gratificante poder mostrar o nosso melhor, perante uma plateia destas".

Para além dos três medalhados, participaram no Campeonato Nacional de Dressage 2014: Manuel Veiga/Ben-Hur da Brôa (67,340%), Raquel Falcão/Real (66,280%), Filipa Carneiro/Treinado (64,323%), Miguel Anacoreta Soares/Vinagre (64,203%) e Salvador Pessanha/Xenofonte d'Atela (63,984%). A adesão de concorrentes mereceu comentários por parte dos medalhados. Daniel não quis deixar de dar "os parabéns a todos os cavaleiros que tiveram a coragem de vir participar, sabendo que dificilmente iam ganhar medalhas, pois só assim é que o nível nacional vai poder elevar-se. Esta adesão veio dar um acréscimo de qualidade ao concurso e à competição e este é o caminho." HERÓIS DA PARADRESSAGE Cinco cavaleiros vieram da Academia Equestre João Cardiga para o Campeonato Nacional de Paradressage. E se duas delas já têm experiência internacional, para os outros três foi uma estreia em provas deste nível. Enfrentaram os medos e entraram na carrière de cabeças erguidas, dando o exemplo frente ao público que assistiu às reprises, no último dia, às com música.

No Grau 1a, competiram Ana Isabel Mota Veiga e Rita Oliveira, que se sagraram, respectivamente Campeã e ViceCampeão. Ana, revalidou assim o título, uma vez mais ao comando de Vento da Devesa. "Foram dias muito bons, num ambiente fantástico" comentou à EQUITAÇÃO. Rita Oliveira debutou com Macarena e diz que "todos sabíamos que ia ser complicado com tão pouco tempo de trabalho, mas pedimos esta oportunidade e deram-na. Estamos aqui para mostrar aquilo que sabemos fazer, apesar de ser pouco ainda. Agora é continuar a trabalhar para alcançar cada vez mais objectivos". A cavaleira descreve a sensação de estar em competição como "excelente! É a coisa mais maravilhosa que existe no mundo!" Sara Duarte entrou este ano no nível 1b com Damasco OS, com quem está há ainda poucos meses e repetiu o título de Campeã. "É o primeiro Campeonato dele, aqui em Ponte de Lima há muitos estímulos novos e é normal que ele sinta a diferença de um picadeiro fechado. Mas foi positivo e estamos a adaptar-nos mutuamente" referiu no final. Ana Mota Veiga e Sara Duarte estão apuradas para os JEM e

Ana garante que "vamos trabalhar o mais possível e dar o nosso melhor. Claro que não vai ser fácil, pois vão lá estar os melhores e a Paradressage a nível internacional está muito mais evoluída, pois nós começámos há pouco tempo, mas vamos tentar e lutar por um lugar o mais alto possível". Quem sonha com um dia competir em provas internacionais é Constança Claro, outra cavaleira que se estreou no Campeonato. A montar há apenas três meses, o ouro em Ponte de Lima - Grau 4 - foi uma motivação, em prova realizada com Dardo. "Foi difícil ao início, ainda é um cavalo muito novo, tivemos algumas dificuldades, principalmente eu para me habituar a montar só com uma mão, mas acho que estamos a melhorar aos poucos. Agora é lutar para ter notas mais altas". Pedro Félix foi o cavaleiro mais jovem em pista, com apenas 14 anos, e montou Oposta de Foja no Grau 3. Pela primeira vez na vila diz ter gostado muito do programa da Feira e de "ver estas pessoas todas a assistirem à minha prova! Mete sempre um pouco de medo". Apesar dos receios, mal entra em pista Pedro diz "não olhar para as pessoas, estou concentrado a fazer as provas e tento não me esquecer do percurso!" Para estes cinco jovens, o facto de terem os treinadores por perto e os restantes colegas apoiar, foi uma mais valia. "Se não fosse a equipa toda que temos, provavelmente muitos de nós ficávamos pelo caminho, por desânimo!" afirma Constança. Para Filipe Pimenta, organizador da Feira do Cavalo de Ponte de Lima, os Campeonatos foram "momentos altos do evento e é muito importante porque Ponte de Lima é cada vez mais um destino equestre de desporto. Essa é a nossa grande aposta". n Ana Filipe/Fotos: Aurélio Grilo

Constança Claro, Pedro Félix, Rita Oliveira, Ana Mota Veiga e Sara Duarte 14

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INTERNACIONAL

GLOBAL CHAMPIONS TOUR O SEU A SEU DONO SCOTT BRASH, O ACTUAL NÚMERO 1 DO MUNDO E VENCEDOR DA ÚLTIMA EDIÇÃO DO GLOBAL CHAMPIONS TOUR (GCT) ESTEVE EM CASCAIS PARA A 8.ª JORNADA DO CIRCUITO MILIONÁRIO E NÃO DEIXOU OS CRÉDITOS POR MÃO ALHEIAS.

Pódio com os vencedores e Ana Paula Pereira (Longines); Manuel Pires de Lima (Ministro da Economia); Carlos Carreiras (Presidente da CM Cascais); Jan Tops (Presidente do GCT) e Duarte Nobre Guedes (Pres. do Turismo do Estoril) o melhor cavaleiro de obstáculos da actualidade e quando está em forma torna-se imbatível. Neste momento, os pontos que tem no ranking internacional da FEI deixam Scott Brash totalmente fora do alcance da concorrência directa, mas ele continua a querer distanciarse. No CSI5* de Cascais ganhou as duas provas grandes e obteve assim a segunda vitória em Grandes Prémios (GP) do GCT nesta época. Na prova mais importante, o GP a 1,60m, fez três percursos sem faltas e terminou o jump-off em 45,43'' com Hello Sanctos, o cavalo com que ganhou o ouro por equipas no último Campeonato da Europa e também nos Jogos Olímpicos de Londres, e com

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o qual pretende repetir o feito nos Jogos Equestres Mundiais na Normandia, este Verão. "O Hello Sanctos é inacreditável, é

Scott Brash/Hello Sanctos

um vencedor, quer sempre ganhar, é um dos melhores. É muito especial, é parte da família e sabe que é bom! Sou um homem de

sorte por poder trabalhar com um cavalo deste calibre", disse o cavaleiro, que fez quase toda a primeira mão a sentir que algo


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Rodrigo Pessoa/Status FRH de errado se passava com a sua montada: "Saltei um, dois, ao 3.º pareceu-me um pouco estranho, pois estava a ser difícil, e eu questionava-me porque seria. Na última linha aligeirei a mão, porque ele estava um pouco desconfortável na boca e só após o último obstáculo é que percebi que ele tinha passado a língua. Não sei há quanto tempo estava assim, mas diria que já havia muito tempo, o que só mostra quão bom ele é, que nestas condições foi até ao fim". O 2.º lugar ficou para o brasileiro Rodrigo Pessoa, que também fez três percursos sem faltas, com a barrage em 46,24''. O cavaleiro montou Status FRH, que cumpriu a sua parte, "é um cavalo que comecei a montar em Janeiro e estou muito satisfeito com os seus progressos. Tem 10 anos, um galope muito grande, muitos meios e um bom equilíbrio, e é relativamente fácil de montar. Hoje sabia que tinha de fazer por mim, fazer o meu percurso e esperar, porque os cavaleiros que vinham a seguir têm cavalos mais experientes e podiam ir mais depressa. O meu cavalo não é assim muito rápido, pelo que estou muito contente com a sua prestação hoje e ontem também", disse Rodrigo Pessoa na conferência de imprensa. Com o tempo mais rápido do desempate terminou o britânico Nick Skelton, em Big Star. O conjunto fez 43,32pts, mas derrubou a última vara, ocupando assim o 3.º lugar do pódio: "Estou

muito satisfeito com o cavalo, que esteve fora das pistas durante nove meses, em Hamburgo deitou uma vara ao chão, mas este é o momento em que ele está realmente de volta, por isso estou muitíssimo contente. Hoje a distância para o último

O chefe de pista alemão Frank Rothenberger voltou a ser chamado para desenhar os percursos do concurso e para a prova rainha, com 41 conjuntos inscritos, decidiu ser mais brando do que o habitual. "Nor-

gura. Quero ter 13, 14 ou 15 limpos, para depois ter um bom jump-off". A experiência não o enganou e as contas não andaram muito longe do previsto. Doze conjuntos passaram sem faltas à 2.ª mão, aos quais se juntaram ainda outros seis conjuntos com 4 pontos. Entre os portugueses, apenas Marina Frutuoso de Melo/Coltaire Z assegurou a passagem à 2.ª mão, mesmo após um pequeno percalço na 1.ª volta. Ao virar para o fosso no n.º 5, o conjunto deu de caras com dois patos, que estavam junto do obstáculo e que saíram a voar no instante do salto. O garanhão de 17 anos reagiu como se nada fosse e transpôs sem faltas aquele que viria a ser um dos obstáculos mais pro-

Nick Skelton/Big Star obstáculo [onde tocou] é que era demasiado boa, vamos ver como corre a partir daqui". Ainda no jump-off estiveram, pelo Qatar, Bassem Hassan Mohamed/Victoria que fez um derrube (51,55'' - 4.º) e, pela Alemanha, Christian Ahlmann /Aragon Z, que fez 8 pts (45,27'' - 5.º).

malmente temos 50 conjuntos em pista, mas com 40 não posso ser demasiado técnico. Está grande o suficiente, mas não tão técnico como de costume. Decidi fazer o percurso deste ano sem a vala de água, mas temos uma 1.ª mão difícil, com verticais a 1,60m e oxers de 1,50m de altura, com 1,70m e um com 1,80m de lar-

blemáticos do GP. "Ouvi logo o público na bancada a dizer: «Olha os patos!» A verdade é que nem os tinha visto e foi tudo muito rápido, a volta era curta, pelo que me restou manter a calma. Não me alterei em momento nenhum e com a confiança que temos um no outro correu tudo pelo melhor. Senti que ele também REVISTA EQUITAÇÃO

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Marina Frutuoso de Melo/Coltaire Z olhou, mas nem hesitou. Não me canso de repetir o quão especial é este cavalo, e esta é mais uma ocasião que demonstra isso. Aliás, os patos saíram mais assustados do que ele!", explicou a cavaleira, para quem a 1.ª mão foi "fantástica, senti que o cavalo estava melhor do que nunca, pois saltou com energia, maturidade e gosto pelo que estava a fazer. Foi um prazer enorme porque conseguimos demonstrar a cumplicidade que temos e fazer um percurso bem desenhado, pensado, calmo, natural e harmonioso". Marina terminaria a 1.ª mão com 4 pontos, mas com um dos percursos mais rápidos entre os cavaleiros com uma falta. Já a 2.ª mão não correu tão bem, somando 12 pontos, na 17.ª posição: "A 2.ª mão foi difícil para ambos. Não consegui desde o início montar o cavalo na harmonia da 1.ª mão e quando não engata de início, a esta altura e com esta dificuldade, dificilmente se restabelece. Fico orgulhosa de 18

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ter estado entre os melhores do mundo e ao nível deles, pois o que me aconteceu, pode acontecer a qualquer um deles. Nós competimos a este nível duas vezes por ano e eles, todos os fins-deEdwina Tops-Alexander recuperou a liderança do GCT

semana. Só posso estar orgulhosa, obrigada Coltaire, ao meu marido e à minha equipa". Luciana Diniz, a cavaleira que representa as cores da bandeira das quinas ao longo do

circuito, apresentou-se neste GP com Lacontino, e não foi além do 24.º posto, com duas faltas na 1.ª mão. Ainda por Portugal Norbert Ell/T-Quinta foi 25.º, e Mário Wilson Fernandes/Zurito do Belmonte foi 27.º, ambos com 8 pontos, enquanto que Alexandre Mascarenhas de Lemos/Wannahave foi 39.º com 20 pts. Roger-Yves Bost foi vencedor da primeira prova do concurso a 1,45m e ainda 3.º classificado na de 1,45/1,50m de sábado com Castle Forbes Vivaldo vh Costersveld, ganha pelo belga Gregory Wathelet com Riesling du Monselet. Com uma falta e um percurso limpo nas duas mãos do Grande Prémio, a australiana Edwina Tops-Alexander recuperou a liderança do ranking do GCT, que na semana anterior tinha perdido para Kevin Staut. "É óptimo estar de volta, eu não pensei que ia voltar a liderar com o resultado de hoje, o meu cavalo


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Roger-Yves Bost/Castle Forbes Vivaldo vh Costersveld teve uma falta infeliz na 1.ª mão, e saltou muitíssimo bem na 2.ª mão, mas ainda há muito caminho a percorrer. Este é um dos melhores concursos que temos no circuito. Adoramos vir cá, é relaxante para os cavalos, o piso é extraordinário, o público é fantástico, é conveniente para toda a gente. Os tratadores podem ir à praia durante o dia, todos ficam contentes", disse a cavaleira.

Duarte Nobre Guedes, do Turismo do Estoril, considera que "o balanço é extremamente positivo, este ano correu muito bem em todos os aspectos. Houve alguns melhoramentos que tiveram bons resultados, nomeadamente no piso, que já era elogiado e agora foi ainda mais. É uma grande mais valia do nosso concurso, os cavaleiros gostam muito, os cavalos também e acho que

esse foi o grande salto deste ano". Na opinião do presidente do concurso, apesar de o GCT crescer de ano para ano, com novos concursos de alta qualidade, não há motivo para temer que Cascais saia do calendário do circuito. "Acho que se continuarmos a fazer as coisas como temos feito, pela nossa qualidade, pelo trabalho que temos aqui investido, não vejo razão nenhuma

para que os cavaleiros não continuem a gostar de vir. Este concurso tem a sua personalidade e um conjunto de atributos que é muito difícil de igualar, quanto mais de ultrapassar", afirma. Também o fundador e presidente do circuito, Jan Tops, frisa que Cascais continua a ser uma das suas etapas favoritas - presente no circuito desde a estreia - e destaca o trabalho de Duarte Nobre Guedes ao longo destes nove anos: "É uma pessoa que está atenta a todos os detalhes, e isso vê-se na forma como trata a jornada, o piso e tudo o que envolve a competição. É um visitante habitual dos outros eventos, para assegurar que se mantém actualizado e para ver como vai o desporto e é um óptimo parceiro! Sabemos que os cavaleiros e todos os que vêm cá gostam deste evento". A caminho do 10.º ano de circuito, Jan Tops diz-se "orgulhoso" do trabalho realizado com toda a equipa e organizadores e entende que juntos contribuíram "para a melhoria do desporto nos últimos anos. Está tudo mais maduro". Dos seis concursos iniciais (em 2006), aquela que é actualmente apelidada de liga milionária do hipismo conta hoje com 14 etapas - que deverão ser 15 no próximo ano - e só esta época somou três novas jornadas: Antuérpia, Paris e ainda Xangai, que marca a muito desejada chegada do circuito à Ásia: "saltar em Xangai, na China, com os cavalos a entrar e sair de quarentena, foi um grande feito para nós e para o nosso desporto", disse o fundador. Depois da etapa portuguesa, o Longines Global Champions Tour passa por Chantilly, Valkenswaard, Londres, Lausanne, Vienna e tem a final agendada para Novembro em Doha, no Qatar. n

Cátia Mogo/Fotos: Aurélio Grilo

Gregory Wathelet/Riesling du Monselet REVISTA EQUITAÇÃO

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SALTOS DE OBSTÁCULOS

MARINA FRUTUOSO DE MELO SETE VEZES CAMPEÃ JÁ VAI LONGA A LISTA DE CAMPEONATOS DE PORTUGAL DE CAVALEIRO DE OBSTÁCULOS (CPCO) GANHOS POR MARINA FRUTUOSO DE MELO. ESTE ANO, PELA 5.ª VEZ COM COLTAIRE Z, A CAVALEIRA VOLTOU A SER A RAINHA DA PISTA DA SOCIEDADE HÍPICA PORTUGUESA (SHP).

Marina Frutuoso de Melo

rimeiro em 2003, com Divin du Murier, no ano seguinte com Nababo, e depois em 2007, 2009, 2010, 2012 e 2014 com Coltaire Z. Sete vezes Campeã, Marina tem ainda por cumprir o sonho de terminar o campeonato sem faltas. Desta vez vinha com zero para a última classificativa, mas tocou na vala na 1.ª mão e fez ainda dois pontos por excesso de tempo na 2.ª, seis pontos no total do Campeonato, que foram suficientes para ficar no topo do pódio. "Foi um campeonato bastante renhido até ao fim, estivemos todos muito próximos. Apesar de

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ter sido campeã tive uma falha de que nem dei conta, na 1.ª mão da final, não achei que tinha tocado na vala, só tive pena disso porque gostava de ter ganho um campeonato com zero pontos e não ganhei, mas não faz mal. O cavalo saltou brilhantemente", disse à EQUITAÇÃO a campeã nacional. Juntos desde sempre, Marina e Coltaire Z são um conjunto que não se cansa de provar a cumplicidade que os une. Nesta última etapa do Campeonato a cavaleira resolveu trocar a embocadura de Coltaire, usando um Hackamore que já tinha experimentado no CSIO de

Lisboa e não poderia ter corrido melhor. "Há uma empatia enorme entre nós, conhecemo-nos muito bem. O conjunto funciona tanto com o bridão com que eu entro, com o bridão mais simples e corrente, ou com o Hackamore. A confiança é cega e é recíproco, porque eu raramente lhe prego um susto e nunca o reprimo quando acontece alguma coisa menos boa. O Coltaire deu sempre tudo e faz sempre tudo para não tocar, para saltar bem e para fazer o melhor que sabe e que pode - e que é muito!". Para a cavaleira, este "vai ser sempre o cavalo da minha vida, mesmo que um dia venha a ter

outros deste nível, terá sempre um papel especial". Na 2.ª posição ficou o estreante em campeonatos nacionais, Luís Fernandes. O cavaleiro trazia 11,30 pts das duas primeiras classificativas, mas com apenas 1 ponto por excesso de tempo já na 2.ª mão da final, foi o vencedor do último dia, terminando o CPCO com a medalha de prata (12,30pts). "O momento era este. Tenho um cavalo que me permite fazer o campeonato e tinha que ser. Não esperava uma medalha, queria ficar nos primeiros cinco e esperava regularidade, mas num campeonato tudo pode acontecer e superei


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as minhas expectativas", revelou Luís Fernandes, para quem esta medalha "tem muita importância, porque tenho trabalhado muito para chegar aqui. A minha equipa tem sido fantástica, o Dr. Alberto Pereira, a esposa D. Ercília Lopes e o neto Bernardo Ladeira, que é meu aluno, têm-me ajudado imenso, somos uma família. É muito importante para mim poder retribuir com esta classificação". Luís montou o garanhão holandês de 9 anos António, que descreve como "um excelente cavalo, para mim é o melhor que já montei na vida e tenho tido sempre bons resultados desde que o comecei a montar, nas provas mais baixas, sempre com classificações. É muito raçudo, dá tudo pelo cavaleiro, somos uma equipa lá dentro, deixa o sangue na pista, é muito corajoso e honesto". A fechar o pódio, com a medalha de bronze ficou Alexandre Mascarenhas de Lemos com o cavalo de 11 anos Wannahave, conjunto que em 2013 tinha sido vice-campeão. Visivelmente insatisfeito com o resultado do último dia - em que fez 4 pontos na 1.ª mão e 6 na 2.ª, finalizando com 12,81pts - o cavaleiro disse que "para um velho gordo da minha idade, não me posso queixar, é razoável, é merecido. Cometi um erro pequeno, mas que me custou 4 pontos na 1.ª mão, e um erro de principiante que me custou outros 4 na 2.ª mão. O primeiro ainda me desculpo, o segundo não tem desculpa". No entender de Alexandre, "os percursos estiveram difíceis todos os dias. No primeiro dia tinha opções arriscadas, com um percurso não muito grande e a partir daí foi a 1,50m, percursos quadrados, sem concessões, em que era preciso saltar". Fora do pódio ficou, em 4.º António Matos Almeida/Euro Time (15,92pts), em 5.º o Campeão Nacional de 2013, com Lacy Woman (16,30 pts)e em 6.º João Chuva/Virgínia Dream (17,92pts). Norbert Ell e TQuinta ocupou o 7.º posto (20,81pts) e Hugo Carvalho

Luís Fernandes

/Apell Wh (27,85pts) foi o 8.º classificado, entre um total de 19 conjuntos presentes. No que diz respeito aos Jovens Cavaleiros, este ano houve cinco inscritos e apenas quatro entraram efectivamente em pista. Foi campeão José

Maria Parreira Amaral/Walona, com 26,58pts, que à EQUITAÇÃO disse não esperar "que a égua saltasse este campeonato tão bem. A Walona é espectacular, quem olha para ela diz que é uma «éguazinha» muito ligeira, mas é uma mola, é im-

pecável!". João Tomás Ramires em Dicaletto Z levou a medalha de prata e fechou o pódio, com um total de 36,39pts, depois das eliminações de Gonçalo Perdigão/ Acredo F e Ricardo Cabrera/Bebetto Aragon no último dia.

Alexandre Mascarenhas de Lemos

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Escalão de Iniciados

JUVENTUDE EM PESO Mais de uma centena de pequenas promessas vindas de todo o país invadiram o hipódromo do Campo Grande para um fim-de-semana de provas muito disputado. Abolido por regulamento o escalão de PréIniciados, este ano os mais novos a entrar em pista foram os dez Iniciados inscritos. Após barrage, o 1.º lugar ficou para Maria Silvestre Constantino e Russel, que fez o desempate sem faltas em 35,12''. "Foi a 1.ª vez que vim à barrage e correu bem, já vinha com expectativas porque o cavalo já tinha ganho muitas barrages. Não achei nenhum dia difícil!", disse a cavaleira de 11 anos, aluna de Gonçalo Fragoso no Centro Hípico da Quinta do Cabrito em Abrantes. Com 40,82'' no desempate, em 2.º ficou Francisco Costa Lopes/Beethoven das Gaiola, com Simão Mesquita e Xica a ocupar o 3.º posto. Já em Pré-Juvenis houve 16 inscritos e sagrou-se Campeã Catarina Ventura Magalhães, de 14 anos, que montou Vanessa. No desempate, a cavaleira que trazia 4 pontos, somou mais 4, em 42,54'', e ficou satisfeita com a classificação obtida: "É bastante bom, trabalhei ao longo do ano para isto, estou muito contente. A Vanessa é uma égua óptima, que me ajuda muito 22

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e salta muito bem". Com dois toques no desempate Diogo Portela Mendes foi vice-campeão com Suão e, também após jump-off, José Filipe Neto Rebelo/Urah des Dames conseguiu

Escalão de Pré-Juvenis

Escalão de Juvenis

o 3.º posto, frente a Miguel Atayde/Shakira, que finalizou o campeonato em 4.º. O escalão seguinte, Juvenis, contou também com 16 conjuntos em pista e foi Simão

Silva Santos quem levou o ouro. O cavaleiro de 13 anos tinha 4 pontos e limpou na barrage, com L'Alezan de Marivaux, "um sela inglês, comprado pelos meus pais, que eu e os meus dois irmãos vamos montando. Dos três cavalos que temos, este é o meu favorito". Aluno de Francisco Vale Guimarães, Simão refere também a imprescindível "ajuda do Manuel Malta da Costa, que é meu primo, e que me dá sempre algumas dicas, o que é muito importante". Após um toque no desempate, o campeão de 2013 de Pré-Juvenis, Sidney Rous, optou por retirar, ficando com o 2.º posto em Lucullus des Hayettes. João Prazeres Carvalho foi medalha de bronze, com Casada S. Pré-Juniores foi a categoria que contou com o maior número de inscritos, 46 no total, e após uma reviravolta no últi-


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mo dia, foi Magda Morgado Soares/BB da Famaguda o conjunto campeão, com 13pts no Campeonato. A cavaleira de 14 anos, do Centro Hípico da Guia "vinha confiante que tinha de fazer boas provas, mas não vinha com expectativas de chegar ao pódio. Achei que a altura estava normal, mas pareceu-me que ontem [2.ª classificativa] estava muito mais técnico". Com 15pts, o 2.º posto e a medalha de prata ficaram para Filipa Alberty Raposo, que montou o Lusitano Zidane da Graciosa e no 3.º lugar ficou Patrícia Baptista Ribeiro e Coyal. Quanto a Juniores, foram 13 os inscritos, e foi João Pereira Coutinho quem reclamou o título perdido no ano passado devido a uma queda já na recta final da última classificativa. Desta vez voltou a liderar, com Nelson du Biolay, e terminou com 1 ponto por excesso de tempo: "Estava só a ver se não batia no último salto e perdi mais tempo lá, não estava nada preocupado com o meu tempo, só não queria deitar a vara abaixo. Gostei deste campeonato, porque estava mais técnico e maior, mais ao nível do Europeu que vamos saltar", disse o campeão. Com 8pts João Pedro Gomes e Fonka ocuparam a 2.ª posição, enquanto que Joana Rios Oliveira/Ballybur don Clover conseguiu o bronze, com 12pts. Estes três cavaleiros, juntamente com Nuno Tiago Gomes/Pantaro e Vera Costa e Silva/Seacoast Dali foram os seleccionados para representar Portugal no Campeonato da Europa da Juventude, em Arezzo (Itália). Nestes campeonatos nacionais, Lúcia Cabrita foi a chefe de pista responsável pelos percursos da Juventude e Luís D'Orey desenhou as provas para os Seniores e Jovens Cavaleiros. Manuel Ataíde, da SHP, faz um balanço positivo do evento deste ano: "Penso que correu muito bem, a juventude teve uma participação enorme e foi animado. Es-

Escalão de Pré-Juniores

Escalão de Juniores

Jovens Cavaleiros

tamos satisfeitos porque as bancadas estiveram muito compostas, com as famílias a apoiar e tivemos aqui

4 dias de competição saudável e ganharam os melhores, penso eu".

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Cátia Mogo/Fotos: Nuno Pragana/Imagemedia

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Prova de Estafetas “Mini e Máxi” foi um dos momentos altos deste evento

CSI*: COIMBRA TEM (AINDA) MAIS ENCANTO FOI DURANTE AS FESTAS DA CIDADE E DA RAINHA SANTA ISABEL, QUE O CENTRO HÍPICO DE COIMBRA RECEBEU UM CSI*, LEVANDO ATÉ À MATA DO CHOUPAL MAIS DE 200 CAVALOS. CSI* contou com concorrentes de Portugal, França, Suécia, Espanha e Brasil, com as provas na pista de relva, funcionando a de areia como campo de aquecimento. O course designer Bernardo Costa Cabral preparou um traçado "delicado" para o Grande Prémio (GP), disputado a 1,40m em duas mãos ao cronómetro, com "três duplos e os saltos muito condicionados". Seis cavalos limparam na primeira mão com igual número a passar à segunda com 4 pontos. Na segundamão, dos que vinham limpos, Luís Sabino Gonçalves com

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Goofy Van Overis colocou o tempo a bater nos 47,43seg, após nova ronda sem derrubes. Felipe Ramos Guinato entrou a seguir com Baldano e foi

Filipe Ramos Guinato/Baldano

ainda mais rápido, fixando o novo tempo em 44,13seg. António Matos Almeida e Euro Time bem galoparam mas acabaram no 2.º lugar, igualmente

sem penalizações num tempo de 45,21seg. Fernando Guinato (BRA), irmão de Filipe, era outro dos que vinham da primeira-mão sem faltas mas na


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segunda, Baccarat deu um toque no duplo, com o conjunto a ficar em 4.º, ainda assim tendo feito o melhor tempo desta segunda ronda, com 42,91seg. Luís Sabino, que apurou dois cavalos para a segunda-mão, juntou ao 3.º lugar alcançado com Goofy Van Overis, o 5.º com Goran Van Den Ossezak, com o qual finalizou os dois percursos com 4 pontos (feitos no 1.º). Hugo Carvalho e Tsar D'Audouville foram os últimos a entrar para a segunda-mão mas um toque em 45,24seg, colocou-os na 6.ª posição. Para Felipe Ramos Guinato, vencedor do GP, a prestação do cavalo "foi uma boa surpresa" com Baldano a "responder muito bem ao pedido". Felipe descreve esta montada, com que está há uns meses, como tendo "muita força e que, se conseguir usar bem o corpo, vai saltar grande no futuro". António Matos Almeida ouviu os conselhos de António Vozone antes de entrar para a segunda-mão, que lhe disse para arriscar "e eu arrisquei! Felizmente correu bem e a égua correspondeu ao máximo" disse à EQUITAÇÃO. Já Luís Sabino, que ganhou outras provas ao longo do concurso, neste GP entrou com dois cavalos de 8 anos e considerou este GP "equilibrado" no que diz respeito aos percursos, "bem posto e para que este grupo de cavalos pudesses progredir. Costumo dizer que os percursos do Bernardo têm música e nós conseguimos dançar dentro do ritmo que eles nos dá. Saímo-nos bem!". O GP Cidade de Coimbra contou com 30 conjuntos e a presença do Vereador da Educação Jorge Alves que gostou "imenso!" e salientou a "qualidade da competição e muito público, neste bonito espaço que se encontra bem localizado e com uma enquadramento fantástico nestas Festas da Cidade e da Rainha Santa". Entre 4 e 6 de Junho decorreram também provas nacionais,

António Matos Almeida/Euro Time

entre elas uma novidade: estafetas. A classe "Mini/Maxi" juntou em pares, pequenos e graúdos, pais, filhos, amigos, primos e treinadores numa prova muito divertida que conquistou o público, sempre muito interventivo. Apresentaram-se 10 equipas e acabaram por sair vencedoras Leonor Duarte e Catarina Rebelo, segundo as quais a estratégia combinada passava "primeiro que tudo, divertirmo-nos e

acabou por correr bem". Ficou em 2.º lugar a dupla Filipa Azevedo e Silva/Rita Costa Cabral, esta última que já não montava há três anos. A família XaraBrasil esteve muito bem representada com dois pares. Felipa Xara-Brasil/Nuno Xara-Brasil Monteiro ficaram em 3.º e Vicente Xara-Brasil Monteiro/Luísa Xara-Brasil Monteiro em 4.º. Participaram ainda Teresa Fortunato/Carlota Carvalhais Gar-

Luís Sabino Gonçalves Goran Van den Ossezak

cia, Teresa Santos/Rita Jardim Fernandes, Ana Elias da Costa/Carlota Fernandes, Beatriz Malheiros/José Maria Ribeiro, Luís Atayde/Afonso Esteves, Gonçalo Esteves/Henrique Magalhães. Ao longo destes dias os cavaleiros e visitantes elogiaram por diversas vezes as instalações, qualidade do concurso e ambiente vivido, sempre muito descontraído em redor da pista, enquanto lá dentro, todos davam o máximo. Prova disso, algumas classes viram o vencedor separado do segundo classificado apenas por décimas de segundo. Para Ana Maria Jordão, Directora do CSI*, "Coimbra já merecia um concurso assim!" Embora com alguns momentos de chuva, a relva manteve-se sempre em bom estado. Diz o ditado popular que "casamento molhado, casamento abençoado" e é o que se espera da ligação entre o Centro Hípico e a Câmara Municipal da cidade, para que eventos do género se repitam cada vez mais vezes neste local. n

Ana Filipe Fotos: Marisa Suzano

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NA OPINIÃO DE...

CONTRIBUTOS PARA MELHORIAS NA FORMAÇÃO DE FORMADORES TIVE A HONRA E O PRIVILÉGIO DE TER SIDO CONVIDADO PELO DIRECTOR DA ESCOLA NACIONAL DE EQUITAÇÃO (ENE) PARA INTEGRAR O GRUPO QUE REPRESENTOU PORTUGAL NO MEETING PROMOVIDO PELA EQUESTRIAN EDUCATIONAL NETWORK (E.E.N.), REDE DE ESCOLAS EUROPEIAS DA QUAL A ENE FAZ PARTE DESDE A SUA FORMAÇÃO. DESTA ORGANIZAÇÃO FAZEM PARTE AS MAIS PRESTIGIADAS ESCOLAS DA EUROPA.

ste encontro financiado pela PROALV (programa de aprendizagem ao longo da vida CEE) inserido no programa ESKO (Exchange of skills, knowledge and Opportunities) é já a segunda edição de uma série de competições inter-escolas que integram a EEN tendo sido o primeiro encontro realizado na Suécia, na escola de Flyinge em 7, 8 e 9 de Junho de 2013. Estas competições têm como principal função a troca de experiências entre alunos e professores das várias escolas europeias, de modo a assegurar uma uniformidade na qualidade do ensino da equitação. O formato das provas é muito bem elaborado e muito direccionado no sentido da valorização da qualidade da equitação e do seu ensino. No final de cada prestação e antes da atribuição da nota, é feito um comentário detalhado da mesma pelo presidente do júri. Este procedimento de carácter altamente didáctico é fundamental na partilha de saberes e experiências, motivo fulcral destes eventos. Ao longo deste encontro, no decorrer das provas e pelo contacto que fui tendo com os alunos e professores das outras escolas, fui-me apercebendo da qualidade do ensino ministrado nas mesmas. Foi excelente a qualidade das prestações realizadas e, como seria de esperar, as escolas fizeram-se representar pelos seus alunos mais talentosos.

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Luís Negrão

O que me chamou realmente à atenção foi a forma segura e competente como a maioria dos alunos fizeram a abordagem aos cavalos que lhe saíram em sorteio, fazendo desde logo um diagnóstico acertado a cada caso a aplicando as técnicas mais eficazes de forma a utilizarem da melhor maneira cada cavalo. Também nas provas pedagógicas foi bem notória a forma segura e tecnicamente correcta como cada aluno dirigiu a sua aula, demonstrando um perfeito domínio técnico equestre e pedagógico.

Nas provas teóricas o domínio dos temas e a forma como foram expostos denotam sólidos conhecimentos equestres. É de realçar o trabalho destas escolas na formação de verdadeiros profissionais, “homens de cavalos”, onde a postura, a atitude e o atavio são formas de estar, presentes na personalidade da generalidade destes alunos, facto que me facilitou imenso a minha tarefa de professor como chefe de equipa de alunos que não conhecia e com quem nunca tinha trabalhado. Ao deparar-me com esta realidade senti uma enorme necessidade de a partilhar com os responsáveis pela formação dos nossos profissionais no nosso país, pois julgo que não estão suficientemente cientes desta realidade. Tenho a certeza de

que a sua visão para este problema seria outra (julgo ser minha obrigação alertar para esta situação). Há que consciencializar e admitir que as escolas profissionais em Portugal e os próprios cursos de formação que existem hoje, não vão no bom caminho. São incapazes por si só de formar gente capaz de garantir a qualidade desejada no desporto equestre e muito menos acompanhar os novos percursos da Europa de cuja qualidade se distanciam cada vez mais. Salvo raras excepções, como é o caso dos talentosos alunos portugueses que participaram neste encontro e poucos mais, cuja formação e motivação vão muito para além daquela que as suas escolas lhes podem dar e que dedicam todo o seu tempo


extra escolar em estágios sucessivos com profissionais em Portugal e no estrangeiro, a generalidade dos alunos saídos das escolas não adquire a prática correcta da equitação ao mais elementar nível, e muito menos a sua função de a leccionar. Tenho perfeita consciência deste cenário. Para além do envolvimento que tive com a formação de formadores e do contacto com alunos de escolas estrangeiras que estiveram em estágios comigo, também todos os anos recebo alunos provenientes das nossas escolas profissionais para fazerem estágios curriculares e tenho-me deparado com a falta de formação básica destes futuros “professores” de equitação. E abismal a diferença de preparação de um alemão, de um sueco ou de um dinamarquês … e por outro lado de um português, acabados igualmente de sair de uma escola profissional. Os primeiros são gente preparada para produzir bom trabalho, quer ao nível da criação cavalar valorizando com o seu trabalho os cavalos novos, quer na docência de equitação mostrando capacidade de ensinar bem aquilo que aprenderam correctamente. Aos últimos a falta dessa preparação chega ao ponto de ser necessário fazer-lhes toda uma reciclagem das mais elementares práticas não só da equitação como do maneio equestre ou mesmo dos mais elementares hábitos de trabalho, disciplina, respeito pelos animais e pela natureza. São estas mesmas qualidades que este desporto sempre teve a capacidade de transmitir a todos aqueles que noutros tempos a ele se dedicaram e com ele cresceram e se educaram de uma forma sã e a tempo inteiro e são indispensáveis a todo o bom profissional de equitação. Este conjunto de qualidades não se adquire somente com umas aulas desligadas duma vivência e dedicação a tempo inteiro. Sigamos o exem-

plo dessas escolas e continuemos com a linha que foi seguida pela ENE quando estruturou os cursos vigentes e actualizemo-los como estava previsto no início acompanhando a evolução das outras escolas. A cultura, o rigor, a disciplina, o conhecimento e a prática correcta fazem a diferença. Na minha qualidade de amante deste desporto e de responsável também na área da formação, custa-me ver esta situação de abandono e indiferença pela parte das entidades responsáveis. É indispensável haver mais empenho da parte de quem regula a formação de formadores em Portugal. Felizmente o actual Presidente da FEP e a direcção da ENE num esforço conjunto, acabaram com o conflito que separava as duas entidades já há alguns anos. A ENE continua activa e até renovada e disponível para contribuir para o desenvolvimento da formação de formadores de equitação em Portugal. É a sua vocação. Tem muito trabalho feito e teria feito muito mais se tudo tivesse corrido com normalidade. Acredito que haja, de momento, alguma incapacidade

por parte da FEP de tutelar com eficácia esta área. As boas relações entre a ENE e a FEP hoje são uma realidade e não vejo razão para não se aproveitar o “know how” da ENE, com todos os seus competentes, motivados e empenhados actuais dirigentes que possuem também um bom posicionamento perante as instâncias internacionais e trabalhar em cooperação. Todos se queixam da mediocridade do sistema. Na realidade não existe credibilidade na formação de formadores de equitação deste país. Mas se não houver uma entidade responsável que regule o sistema de forma a exigir mais qualidade, para que das escolas e dos cursos profissionais saia gente bem preparada, a qualidade do nosso desporto ficará cada vez mais distante dos nossos parceiros da Europa e do resto do mundo. Podemos e devemos fazer muito mais em prole deste desporto e evitar as falhas existentes. Aqui fica a minha pequena contribuição que espero sirva de alerta para estes problemas e sua consequente resolução. n


EQUITAÇÃO DE TRABALHO

MUNDIAL EQ. TRABALHO SUPREMACIA LUSITANA PORTUGAL FOI AO IV MUNDIAL DE EQUITAÇÃO DE TRABALHO EM MAGNA RACINO, NA ÁUSTRIA, CIMENTAR A HEGEMONIA LUSA NA DISCIPLINA. BRUNO PICA DA CONCEIÇÃO SAGROU-SE CAMPEÃO INDIVIDUAL COM TRINCO, JOÃO DUARTE RAFAEL E TRIGO FORAM VICE-CAMPEÕES E MIGUEL FONSECA/AROMA E NUNO AVELAR/BOGOTÁ PARTILHARAM A MEDALHA DE BRONZE. as provas individuais Portugal simplesmente não deu qualquer hipótese à concorrência - quatro cavaleiros, sempre na liderança, competição após competição. Bruno Pica da Conceição conseguiu mesmo o feito inédito de vencer todas as classificativas individuais, juntando o título de Campeão do Mundo ao de Campeão da Europa, conquistado em 2013. "A prova de ensino é sempre a mais complicada para mim, pois mexe muito com o factor psicológico, mas sentime bastante confiante e concentrado, tal como o Trinco. E com a ajuda da fantástica Kur de gui-

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tarras portuguesas tocada de propósito para o efeito pelo meu amigo Bernardo Romão, acho que o 1.º lugar foi meritório", disse à EQUITAÇÃO o cava-

Bruno Pica da Conceição

leiro, que finalizou com 70,667% o primeiro teste em Viena, para depois melhorar a prestação na maneabilidade: "Foi sem dúvida a minha melhor

prova destas três e talvez das “três mil” que já fiz! O Trinco estava no dia dele e tudo parecia fácil, o que transmite muita confiança e dá ainda mais vontade e determinação a cada obstáculo ultrapassado". No penúltimo dia, as contas estavam feitas, e Bruno sabia que lhe bastava um lugar no top 6 da velocidade para levar o ouro para casa, o que não o demoveu de lutar por mais uma vitória. "O Pedro Torres pediume para fazer uma prova «seguida e com cabeça, à Oxidado» e eu tentei! A verdade é que quando terminei a prova e olhei incrédulo para o tempo tinha feito o record


EQUITAÇÃO DE TRABALHO

João Duarte Rafael

Miguel Fonseca

Nuno Avelar

de pista!". Bruno fez o campeonato com o companheiro de longa data, Trinco, de 14 anos, que "está a atravessar a melhor forma de sempre. Destaco-lhe o carácter e o modo instintivo como reage em situações de dificuldade com extrema valentia e coração, em que opta por estar comigo". Ao lado do campeão, estiveram em todos os pódios os restantes portugueses: João Duarte Rafael, com Trigo, levou a medalha de prata, após dois 2.º lugares na maneabilidade e velocidade e um 3.º posto na dressage (68,933%), enquanto que os outros dois cavaleiros lusos terminaram empatados e partilharam o lugar do bronze. Miguel Fonseca, com Aroma, foi 2.º no ensino (69,467%), 3.º na maneabilidade e 4.º na Velocidade, com Nuno Avelar e Bogotá a classificar-se em 4.º na dressage (66,933%, empatado com a francesa Isabel Brochet Martinez/Petardo), e 3.º nas outras provas. Por equipas Portugal sagrouse pela 4.ª vez Campeão do Mundo, com um total de 268pts. A Alemanha, com 201 conseguiu a prata (Mihai Maldea/Candy, Kathrin Frankenberger/ Paradise Indian Summer, Bettina Strahlhuber/Ima Bonanza Tee Dee e Mitja Hinzpeters/Macchiato) e França o bronze, com 183pts (Isabel Brochet Martinez/Petardo, Claire Moucadel/Átila, Caroline Brun /Mundo Trois Communes e Thierry Vergez/Almoxarife). Itália foi a 4.ª classificada, com 164 (Marco Tompetrini/Grampasso, Roberto Pettorali/Urenio di Marzaglia, Veronica Sensi/ Shofy e Sara Orsetti/Peppy Snappy). A única prova que Portugal não venceu foi a da Vaca, ganha em ex-aequo pela Itália e Alemanha, com 35 pts, com a equipa lusa no 3.º posto, com 12 pontos de Miguel Fonseca /Aroma e 10 de Nuno Avelar /Bogotá. França foi 4.ª, com 17 pontos. No entender de Bruno Pica, a equipa não esteve

ao melhor nível nesta prova, uma vez que "a forma como desempenhámos o nosso papel colectivo na condução das vacas para a zona de encerro não foi a mais correcta, foram cometidos erros e vamos ter de aprender com eles para que num futuro próximo sejam corrigidos". Para João Ralão Duarte, presidente da Associação Mundial de Equitação de Trabalho, este resultado foi importante "para dar um bocadinho de alento aos outros e para não dizerem que é uma disciplina de portugueses para portugueses. A disciplina está a crescer, o campeonato foi realizado numas condições óptimas, ao mesmo tempo que um CSI4* com 800 mil euros de prémios, e havia 26 jornalistas internacionais creditados só para a equitação de trabalho! Os portugueses continuam a liderar e a ter um trabalho positivo, inclusivamente no que diz respeito aos treinadores que estão a trabalhar com as equipas estrangeiras, que é um reconhecimento da forma de trabalhar, de montar e de utilizar o cavalo dos portugueses nesta disciplina". Estiveram presentes neste Campeonato do Mundo cavaleiros de 10 nações, sete das quais - além de Portugal - com treinadores lusos: Bruno Rodrigues Silva (Suécia), Jorge Sousa (Áustria), Bento Castelhano (Suíça), Nuno Baptista (Colômbia), João Fialho (México), Nuno Palma e Santos (Alemanha) e Paulo Santos (Inglaterra). Apenas França e Itália se apresentaram com treinadores de outra nacionalidade. Integraram a equipa técnica lusa Miguel Ralão Duarte (Treinador), Pedro Torres (Treinador Adjunto), João Paulo de Almeida Fernandes (Treinador da Prova da Vaca) e ainda Bruno Miranda (Chefe de Equipa). n

Cátia Mogo Fotos: Michael Graf/APSL

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FEIRAS E EVENTOS

A VI EDIÇÃO DA FEIRA DO CAVALO E DO TOURO REALIZOU-SE NO FINAL DE JUNHO, NO RECINTO DE FEIRAS DE BADAJOZ E TEVE MAIS UMA VEZ CASA CHEIA.

ECUEXTRE 2014 ACOLHE MUNDO DO CAVALO E TOURO certame que une aficionados do mundo do cavalo e do touro decorreu ao longo de quatro dias e nesta edição teve um programa com uma marcada componente internacional. O México foi o país convidado, que apresentou o espectáculo equestre "México Lindo y Querido" e estiveram presentes comerciantes de cavalos vindos de diversos países como a China, a Holanda, a Bélgica, a Suécia, a França, a Alemanha, a Polónia ou o Qatar, numa Missão Comercial Inversa. O ponto alto desta Ecuextre foi a exposição do matador Alejandro Talavante, que deu a conhecer peças únicas da sua colecção de objectos pessoais, como trajes, fotografias ou cabeças de touros. No programa não faltaram actividades e concursos das mais diversas disci-

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plinas, quer durante o dia como durante a noite. A organização faz um balanço positivo e considera que ano após ano a cidade de Badajoz tem vindo a converter-se no centro peninsular destes dois sectores de grande importância para a região. Cátia Mogo n



COMENTÁRIO

7.ª FEIRA DO CAVALO DA BAIRRADA 2.ª FEIRA NACIONAL DO PÓNEI DE 11 A 20 DE JULHO DECORREU NO ESPAÇO INOVAÇÃO EM OLIVEIRA DO BAIRRO UM EVENTO EQUESTRE DE EXTRAORDINÁRIA IMPORTÂNCIA, NÃO SÓ PELO PROGRAMA CHEIO DE ACTIVIDADES MAS TAMBÉM PELO NÍVEL QUE CONSEGUIU ATINGIR. ADMITO QUE É UMA ZONA EM QUE A CRIAÇÃO DE CAVALOS ESTÁ EM FRANCO PROGRESSO, PRINCIPALMENTE O CRUZADO PORTUGUÊS E PORTUGUÊS DE DESPORTO. ao falarmos de póneis podemos dizer que é a maior concentração de animais que vi neste nosso País. Este ano estiveram cerca de 50 póneis. Estes entraram em corridas montados e engatados, entraram nas provas de atrelagens e no concurso de modelo e andamentos – trata-se da 2.ª Feira Nacional do Pónei, e eles apareceram em força. Calcule-se que até se organizaram corridas de burros engatados e montados, poucos é verdade, mas eles apareceram. Houve concurso de saltos nacional B, nacionais e regionais de atrelagens, cavalhadas mais propriamente jogos equestres, uma gala pela Companhia de teatro Viv`Arte que tem sede em Oliveira do Bairro e outra com Mestre Luís Valença, do Centro Equestre da Lezíria Gran-

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Ricardo Gil Santos com Cebomba

José Miguel Cabedo

Filipe Paixão com Borys

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de, em Vila Franca de Xira, concurso de modelo e andamentos de cavalos e póneis e concurso de saltos em liberdade para cavalos de 2 e 3 anos. Ao chegarmos ao espaço Inovação, deparámos com algumas e importantes alterações. A pista principal foi aumentada visto que a manga que a circundava, foi retirada. Esta passou a envolver os pavilhões dos póneis e os de alguns criadores da região. Assim, as corridas de burros e de póneis, montados e engatados, passaram a realizar-se nesta manga, libertando a pista principal. Esta apresentou um piso de alto nível que foi co-

mentado e admirado por muitos concorrentes do concurso de saltos B, que ali teve lugar. Outra inovação foi a realização de um Concurso Nacional de Atrelagens 1* (CAN 1*) Por enquanto só se fizeram as provas de Ensino e de Maneabilidade, mas é intenção da Comissão Organizadora levar a efeito, no próximo ano, um Concurso Completo de Atrelagem 1*. Compareceram sete concorrentes, sendo um com 1 pónei, três com 1 cavalo e três parelhas. Alguns concorrentes trouxeram carros lindíssimos – break e phaeton, mostrando o interesse que estas provas têm na região. Presidiu ao júri de terreno Miguel Brandão, e a organização pertenceu ao Clube de Atrelagem do Norte / Câmara Municipal de Oliveira do bairro.


Foto: Silvano Lopes

Os obstáculos com as anteparas novas e bonitas, construídas por Albino Soares por ocasião da RiaTour, foram utilizados na Bairrada

A disposição exterior também foi alterada e os restaurantes, restaurinhos, tendas e stands apareceram por todo o lado. Fiz-me “sócio” de um que tinha sempre caldo verde e ali jantei vários dias. Dentro do pavilhão principal também houve alterações e grandes. Mas algo ali faltava: na Geladaria Artesanal de Sangalhos, não estava mais a D. Ivo Carvalho com Corrabe

Maria da Conceição. Quando perguntei por ela foi com um enorme desgosto que soube que já não está entre nós. Ali eu ia sempre por várias razões de entre as quais para saborear um gelado que ela com tanto amor fazia. Descanse em Paz, Maria da Conceição. A Feira do Cavalo começou com o CSN B organizado por “ASP – Organização de Even-

tos, Lda”, uma empresa do Loureiro, de Albino Soares, Sérgio Mota da Cunha e Paulo Almeida, e teve como chefe de pista Pedro Faria. Os percursos estavam, em minha opinião, muito bem desenhados, e os obstáculos com as anteparas novas e bonitas, construídas por Albino Soares, compunham bem o campo de saltos. Nos intervalos das provas


COMENTÁRIO

um funcionário com pano húmido limpou as varas dos saltos, o que mostra bom profissionalismo. Por falta de espaço apenas poderei referir os vencedores das provas. No entanto quero salientar a cavaleira Catarina Silva que, montando Brave Heart um lindíssimo cavalo preto, venceu duas provas a 1,10 m, e não venceu a terceira porque o cavalo escorregou e ela apeou. É uma cavaleira que liga o turbo do princípio ao fim da prova, António Matos de Almeida, 1.º e 2.º lugares na prova 1,30m com Bronston e Quintus Galant, e Hugo Carvalho que com Ceasar venceu a 1,20m e com Tsar d`Andouville venceu brilhantemente o GP.

Prova I – Escolas 50 cm: Pedro Faria com Cadiz; Prova II – Escolas 80 cm: Tiago Tavares com Jody; Prova n.º 1 – 90cm: Ana Couto com Quebir de Trouss; Prova n.º 2 – Iniciados: Ana Teresa Campos Sousa com Sábio; Prova n.º 3 – Cavalos Novos 4 anos: Filipe Martins com Fello Ryal K; Prova n.º 4 – 1 m: António Cruz Pereira com B Vainqueur; Prova n.º 5 - 1,10 m: Catarina Silva com Brave Heart; Prova n.º 6 – Cavalos Novos 5 anos: Gil Santos com Ecxotic; Prova n.º 7 – 1,20 m: Gil Santos com Bacardi; Prova n.º 8 – Cavalos Novos 6 anos: Marco Oliveira com Upercut Kervec; Prova n.º 9 – 1,30 m: António Matos Almeida com Bronston; Prova n.º III – Escolas 50 cm: José Cavaleiro com Apollo; Prova n.º IV – Escola 80cm: Tiago Tavares com Jody; Prova n.º 10 – 90 cm: João Maya Seco com Afrodite; Prova n.º 11 – Iniciados: André Gonçalves com Smart; Prova n.º 12 – Cavalos Novos 4 anos: Filipe Martins com Fello Ryal K; Prova n.º 13 – 1 m: Maria André Manso com Que Lindo do Paço; Prova n.º 14 – 1,10 m: Catarina Silva com Brave Heart; Prova n.º 15 – Cavalos Novos 5 anos: Gil Santos com Ecxotic; Prova n.º 16 – 1,20 m: Hugo Carvalho com Ceasar; Prova n.º 17 – Cavalos Novos 6 anos: Tiago Morais com Divogh Gandarinha; Prova n.º 18 – Grande Prémio: Hugo Carvalho com Tsar d`Andouville. A prova CAN 1* que pela primeira vez se realizou na Feira do Cavalo da Bairrada teve os seguintes resultados: 1 Pónei – Marco Rodrigues – Campeão Regional 2013 – 1.º; 1 Cavalo – Vasco Lima 1.º; Eduardo Ribeiro – Concorrente Internacional – 2.º; Carlos Ferreira – Campeão Nacional 2013 – 3.º; 2 Cavalos – Hugo Frias – Vencedor Taça Ibérica 2014 – 1.º; Carlos Ferreira – 2.º; Vítor Frias – 3.º n

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Equest - Comércio e Representações, Lda | Av. 1.º de Maio n.º 106 Casal do Marco | 2840-601 Aldeia de Paio Pires


ENTREVISTA

NORBERT ELL SUCESSO DENTRO E FORA DE PISTA ORIUNDO DE UMA FAMÍLIA DE ORIGEM GERMÂNICA, O GESTOR DE EMPRESAS É UM CAVALEIRO DEDICADO E TEM VINDO A FAZER UMA ÉPOCA SEM IGUAL COM A ÉGUA TQUINTA. FORA DE PISTA NORBERT ELL É O RESPONSÁVEL PELA RIGOLETO, UMA MARCA DE MATERIAL EQUESTRE JÁ ENRAIZADA NO MERCADO NACIONAL. ara perceber a paixão da família Ell pela equitação é necessário recuar no tempo várias gerações e regressar à região de Aachen, na Alemanha, onde tudo começou. A avó de Norbert, Maria Carola Ell, foi a primeira a dedicar-se ao mundo hípico, montando os cavalos do pai, que na altura eram utilizados para fins agrícolas. Depois foi o Eng.º Arno Ell, pai de Norbert, nascido em Portugal em 1929, a ter aulas de equitação, na escola alemã, como preparação militar nos finais da II Guerra Mundial. Mais tarde, no início da década de 60,

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Norbert e Carla Elias Ell com a filha Bárbara junto à égua T-Quinta

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Arno e a esposa Elke Maria Ell compram o primeiro cavalo. De nome Xibante, o CruzadoPortuguês da Companhia das Lezírias encetou a lista que em 2000 contava com mais de 60 animais adquiridos pelo casal. Norbert Ell explica que "qualquer praticante de equitação tem gosto pelo material equestre" e recorda que o pai chegou testar o fabrico de caneleiras na empresa de plásticos de que é proprietário. A ideia não foi para diante, mas Norbert não desistiu de tentar a sorte no mercado equestre, ramo pelo qual nutria "uma grande admiração". A marca Rigoleto, comercializada pela Equest, nasce em 2003 e é fruto de uma homenagem a uma montada que marcou a vida do empresário. Depois de ter tomado a decisão de abandonar o hipismo, em 1994, com a trágica morte em pista do cavalo

Ramadan, Norbert desfez-se dos cavalos, ficando apenas com um, que não conseguiu vender. Foi esse holstein grande e possante que o fez voltar à competição e "realizar o sonho de qualquer criança", ao saltar 2,10m na Quinta da Marinha, vencendo também inúmeras provas de potência. Aos 13 anos, Rigoleto sofreu uma lesão num curvilhão que lhe ditou a reforma e veio a falecer em 2011 (aos 21 anos), ficando imortalizado na marca de sucesso criada pelo cavaleiro. "Hoje, a gama da Rigoleto abrange todo o desporto equestre. Pretendemos apresentar produtos inovadores com qualidade e fornecemos artigos ao Exército, à Guarda Nacional Republicana, à Escola Portuguesa de Arte Equestre, que utilizam não só o vestuário, como também selas, mantas e produtos da gama de


ENTREVISTA

higiene para o cavalo e tratamento de couros", afirma Norbert, que tem actualmente como clientes "os melhores cavaleiros nacionais", entre os quais o toureiro Joaquim Bastinhas, "o que muito nos orgulha". Para além da marca própria, a Rigoleto comercializa ainda produtos de parceiros como a Charles Owen (capacetes e coletes), a Zandona (caneleiras) ou mais recentemente, em com-

nos alegra pela afluência que tem tido e pela confiança depositada pelos nossos clientes". Como cavaleiro, Norbert Ell gosta de testar todos os artigos antes de os colocar à venda "pois se não for suficientemente bom para mim, também não o é para os clientes" e, apesar de a equitação ser um hobbie das "18h30 às 21h", o cavaleiro leva-o bem a sério e tem conseguido ao longo dos últimos

equipa que irá aos Jogos Equestres Mundiais. "A T-Quinta é uma égua extraordinária, poderosa e com um carácter particular. Agora que consegui colocar o coração e a alma dela do meu lado, estamos a formar um grande conjunto e estou a viver um grande momento", revela o cavaleiro que, em preparação para o Mundial, irá ao CSI4* da Corunha, ao CSI5* de Gijón e ainda ao CSI2* em

se formos persistentes e tivermos cabeça, os sonhos podem tornar-se realidade. Apesar de tudo, não há dúvida que sou um amador, monto os meus cavalos com a ajuda da minha querida esposa, Carla Elias, à noite. Assumo que a minha paixão é escolher poldros no campo e tentar leválos ao expoente máximo, e os últimos anos têm sido prova de que não me tenho enganado muito na escolha. Devo este know-

anos estar no topo das tabelas classificativas. Em 2013 foi medalha de bronze no Campeonato Nacional, este ano ganhou o Grande Prémio (GP) do CSN de Lisboa e nos cinco GP nacionais em que participou terminou nos três primeiros lugares. No CSIO3* de Lisboa levou ainda o prémio especial para o melhor português do concurso, com T-Quinta, e está seleccionado para a

St. Lo, já na Normandia. A poucas semanas de cumprir mais um sonho, Norbert agradece o apoio da FEP e do Seleccionador Nacional, Francisco Louro, e adianta que não pretende "ganhar, mas sim realizar uma participação com dignidade para que a minha família e o meu país tenham algum orgulho neste cavaleiro. O que me aconteceu é a prova de que nunca devemos deixar de sonhar e que

how ao meu pai, que desde criança me levava a visitar muitos criadores. Estes anos de trocas de experiências têm-me permitido criar laços de afectividade, confiança e grandes conhecimentos", conta Norbert, que tem em casa três poldros de 6 anos que está a ensinar e que poderão vir a seguir os passos da T-Quinta, são eles Call Me Liberty, Latimar e Cardenta.

Com T-Quinta no CSI 5* do Global Champions Tour, Estoril

plemento à marca na linha de senhora, a Spooks, trazendo "vestuário moderno e com um toque de grande originalidade, com Marina Frutuoso de Melo como embaixatriz da marca no nosso país". Desde o ano passado, a Rigoleto passou a estar mais próxima dos clientes com a presença da Mobile Tack Shop (loja móvel) nos eventos mais importantes de saltos de obstáculos, "uma experiência que

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Cátia Mogo

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CORRIDAS

GOVERNO LEGISLA SOBRE AS APOSTAS HÍPICAS COM CONDIÇÕES SURPREENDENTEMENTE LIBERAIS O DIA 26 DE JUNHO DE 2014, PODE-SE TORNAR MAIS UM MARCO NA RICA HISTÓRIA EQUESTRE DO PAÍS, POIS O GOVERNO APROVOU UMA ALTERAÇÃO LEGISLATIVA NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA PARA LEGISLAR SOBRE O JOGO ONLINE E AS APOSTAS HÍPICAS, COM A PROPOSTA DE LEI Nº 238/XII.

Victor Malheiro

s apostas hípicas online não constituem surpresa nenhuma, elas fazem-se impunemente na Internet sobre corridas noutros países. Surpreendente é o facto da legislação proposta ser muito liberal, passando do oito ao oitenta, pois a existente sempre foi muito restrita e as propostas anteriores de alteração da legislação também eram muito restritas, de tal modo que levaram ao fracasso da introdução das apostas mútuas hípicas urbanas em dois concursos públicos lançados pelo Governo. A nova proposta de lei vai mais longe e adapta-se aos tempos modernos, pois o mundo é uma aldeia global. Ela contempla, ao mesmo tempo, que se pratiquem apostas baseadas no sistema francês, mutualista, mais justo e melhor adaptado a Portugal e o sistema inglês do bookmaker, isto é uma novidade que apanhou toda a gente de surpresa, pois não se sabe na prática quem está por detrás da ideia de adaptar o sistema inglês. Não existem muitos países onde isso aconteça e tanto quanto sei só em Inglaterra e em França é que se faz isso e subsiste a incógnita se será proveitoso para Portugal tal sistema, o futuro o dirá, até porque ainda é uma proposta de lei

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sobre a qual se terá que trabalhar. Com base na nova proposta de lei, o Governo está autorizado a elaborar a lei que vai regular o jogo online, sobre os desportos e as apostas hípicas em todo tipo de apostas específicas para estas. Nesta proposta existem dois tipos de concessões, a das apostas hípicas físicas feitas nos hipódromos ou nos agentes das apostas da Santa Casa da Misericórdia e as apostas hípicas

feitas online. Estas últimas vão estar abertas a qualquer entidade que queira concorrer, desde que tenham os requisitos necessários. O Governo fez nesta proposta de lei um estudo alargado sobre todos os sistemas de apostas, pois até ao momento nunca tinha sido contemplado o sistema inglês baseado nos bookmakers, chamadas em Portugal de “apostas à cota”. Globalmente o modelo francês está a impor-se e a expandir-se relativamente ao

modelo inglês e para Portugal a Liga sempre defendeu que o modelo francês seria o mais indicado, aliás são vários os acordos firmados ao longo dos anos com entidades francesas ligadas aos cavalos e que permitiram um grande avanço nas corridas em Portugal. Também é verdade que existem vários profissionais portugueses a trabalhar em Inglaterra e inclusive a Liga tem boas relações com várias entidades hípicas inglesas. O Governo optou por um modelo aberto, em vez de haver um concessionário exclusivo, haverá um modelo em que qualquer entidade poderá entrar no negócio. Esta opção do Governo tem vantagens e desvantagens, que se irão revelar com o desenrolar do processo. Em termos temporais é difícil dizer daqui a quanto tempo é que teremos oficialmente as apostas hípicas, contudo, existem dois factores que garantem a rapidez do processo. O primeiro factor é a intervenção da Troika em Portugal, equipa composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia, que obrigou o Estado Português a legislar sobre todo o jogo online onde se incluem, obviamente, as apostas hípicas porque na opinião dos técnicos desta equipa não se justifica que Portugal esteja a perder tantos milhões no jogo online, que apesar de não ser legislado, pratica-se livremente sem que o Governo ganhe nada nos impostos. O outro factor é de ordem política, pois haverá eleições e há sempre a probabilidade de haver mu-



CORRIDAS

dança da cor política, por isso o actual Governo quer deixar a sua marca neste processo antes das eleições. Do ponto de vista das apostas hípicas ainda bem que assim é, porque cada vez que um Governo muda, de forma incompreensível leva consigo todos os dossiers, tendo o novo que começar do zero. No passado isto já aconteceu várias vezes e foi sempre a causa de grande atraso no desenvolvimento de uma legislação adequada para as apostas hípicas. Pessoalmente, estou optimista, porque se até agora a elaboração de uma nova legislação sobre as apostas hípicas só dependia da vontade do Governo, e esta estava sempre condicionada pela oposição pública da Santa Casa da Misericórdia e da Associação Portuguesa de Casinos, nesta nova fase existem novos factores e interesses externos muito poderosos que fazem toda a diferença. Mas ainda não se podem lançar os foguetes, porque como o popular ditado diz, a procissão ainda está no adro. Não posso deixar de ter um pensamento de lembrança da grande figura carismática que tanto lutou pelas apostas hípicas em Portugal, o Eng.º José Canelas, com quem a Liga mantinha excelentes relações logo desde o primeiro encontro na sua Quinta da Brôa, na Golegã e de como de certeza estaria feliz por esta nova etapa. A realização do Grande Prémio de São Pedro, no dia 29 de Junho, o Santo Padroeiro de Felgueiras, no Hipódromo da Quinta da Granja, prova a contar para o campeonato nacional já agendada desde o começo da época, acabou por ser a ocasião ideal para a Liga convidar múltiplas personalidades ligadas direta ou indiretamente às corridas de cavalos, para celebrar a Proposta de Lei Nº 238/XII que vem abrir a porta às apostas hípicas em Portugal, fazendo-se representar o Governo através do Ministério da 40

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Agricultura e do Mar, na pessoa do Secretário de Estado da Agricultura e Investigação Agro-Alimentar, Nuno Vieira e Brito e do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Francisco Gomes da Silva. A Liga também quis homenagear os Autarcas das Edilidades que têm apoiado o campeonato nacional de galope e trote atrelado da Liga, estando presentes os Presidentes das Câmaras Municipais da Golegã, Rui Medinas, de Alter-do-Chão, Juviano Vitorino, de Fronteira, Rogério da Silva e de Felgueiras, Inácio Ribeiro, o edil da cidade anfitriã deste evento. n



ARTE DA EQUITAÇÃO

ENTREVISTA A PAULO GAVIÃO GONZAGA, O MAIOR CRIADOR DE CAVALOS LUSITANOS NO MUNDO

O NOVO MUNDO DO CAVALO LUSITANO PAULO GAVIÃO GONZAGA É UM NOME INCONTORNÁVEL ASSOCIADO AO CAVALO LUSITANO. CRIADOR E PROFUNDO CONHECEDOR DO LUSITANO, INICIOU A SUA COUDELARIA EM 1975 NUMA ANTIGA FAZENDA DE CAFÉ DO SÉCULO XVIII EM ITAPIRA NO ESTADO DE SÃO PAULO, E AÍ JÁ CRIOU MAIS DE 2227 CAVALOS, PRIMEIRO COM O SUFIXO DE “MIRANTE” (1975-1993), SENDO O FERRO UM “I” E, A PARTIR DE 1993, COM O SUFIXO “INTERAGRO”, SENDO O FERRO A CRUZ DE SANTIAGO.

Bruno Caseirão

PARTE 1 aturalmente que quantidade não é sinónimo de qualidade, e isso sabe-o bem Paulo Gavião Gonzaga, que edificou a sua coudelaria tendo como base as quatro linhas principais do Cavalo Lusitano (Alter, Coudelaria Nacional, Veiga e Andrade) e que, na senda do tal Pégaso Idealizado, seguiu o conselho de Aristóteles “um estabelecimento não pode ser considerado perfeito a menos que os garanhões cubram as sua descendência”, nunca vendendo assim as éguas, e desenvolvendo a sua própria linha Interagro, que hoje, a par com a de Arsénio Raposo Cordeiro, considera como sendo as modernas linhas do Cavalo Lusitano. Outra faceta que não podemos esquecer é aquela do profundo estudioso do Cavalo Ancestral da Península Ibérica, tendo publicado uma das obras de máxima referência sobre o assunto “A History of the Horse Volume I, The Iberian Horse from Ice Age to Antiquity”, 42

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Foto: Solange Mikail

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Paulo Gavião Gonzaga aquando da Homenagem ao maior Criador de Cavalos Lusitanos no Mundo que lhe foi feita pela APSL no FIPSL em 2011

na qual procura provar que “o Lusitano é uma das raças mais puras do cavalo selvagem da Antiguidade e formador de quase todas as raças modernas” bem como que a Equitação se iniciou na Península Ibérica. Ao longo da entrevista Paulo Gaivão Gonzaga, fala-nos da sua paixão pelo Cavalo Lusitano e da sua fantástica história e evolução; do seu processo de selecção, e como, posteriormente, o adoptou e lhe deu o seu próprio cunho pessoal com a inteligência e a sabedoria mas sempre com a precaução de manter intacto um património genético único e, simultaneamente, procurando a funcionalidade, a especialização e uma difusão e penetração no mercado internacional. Gostava de começar esta entrevista, esta nossa conversa, perguntando-lhe o que o levou a criar cavalos Lusitanos? Com que intenção o fez? O que queria trazer de novo à raça? Paulo Gavião Gonzaga Como cafeicultor tive sempre íntimo contacto com a terra e as actividades rurais, onde o cavalo sempre teve uma função importante, recentemente diminuída pela mecanização, é verdade. De início, criávamos cavalos mestiços, utilitários sem qualquer preocupação com selecção ou qualidade. Um certo dia, visitando o meu grande amigo e saudoso Toni Pereira, um dos mais importantes cria-


ARTE DA EQUITAÇÃO

os criadores desfizeram-se do excesso de fêmeas que haviam importado para formação de seus respectivos plantéis. Todos?! Todos, menos a Interagro. A paixão e a gratidão pelo trabalho que essas éguas desempenharam parindo um grupo fabuloso de descendentes não deixaram que as abandonásse-

mos. Desde então a Interagro adoptou a política de não vender fêmeas. A essa altura a nossa paixão pelo Lusitano crescera consideravelmente, não só pela desenvolvimento da pequena criação que pudemos desenvolver com a carência de fêmeas, mas também pelo desafio de reintroduzir no Brasil a raça que lá havia aportado

pelas mãos de D. João VI, um grande cavaleiro. Na República esses descendentes dos cavalos de Alter foram distribuídos entre criadores brasileiros e desapareceram, mas não sem deixar uma preciosa herança hoje representada nas raças brasileiras como o Manga-Larga, o Crioulo, o Campolina e o Pantaneiro.

Ofensor (MV) Criado por Manuel Veiga e comprado por Paulo Gavião Gonzaga, que o considera “como o melhor garanhão da nova geração de Puro Sangue Lusitanos”. Título máximo na Feira de Golegã (1999) e Campeão de Descendência de Garanhão no FIPSL (2003), Ofensor descende do que há de melhor e mais nobre nas modernas genealogias do PSL, pertencendo à notável linhagem Firme (SA)/Nilo (MV)/Novilheiro (MV)

Foto: Tupa

dores da raça e responsável pela reintrodução do Lusitano no Brasil, fui apresentado aos cavalos lusitanos num momento em que as actividades agrícolas sofriam grandes modificações em razão da rápida industrialização do país. Decidi então iniciar a criação de PSL na Interagro; nesses anos, da década de 70, eram conhecidos como cavalos andaluzes. Não tinha a pretensão de trazer nada de novo, nem sequer me sentia capacitado a tal empreitada. Logo após o início da criação da Interagro, nos anos 70/80, dois factos fizeram com que a nossa posição se transformasse radicalmente: apaixonámo-nos pelos Lusitanos mas víamo-nos cerceados no desejo de expandir a criação pela impossibilidade de importar animais de Portugal, cujas fronteiras foram fechadas pelo inesperado surto de peste equina. Nesse momento um grupo de criadores brasileiros reuniu-se com o fim de encontrar uma solução para o problema. Conseguimos com a grande ajuda de amigos portugueses como Arsénio Raposo Cordeiro, Guilherme Borba, Oliveira e Sousa e outros, que o governo brasileiro levantasse a proibição e autorizasse a importação de animais em carácter excepcional sem a limitação de então vigente de quotas muito reduzidas, visto que não se implantava um sistema de criação a nível nacional sem um grupo significativo de matrizes. Tratando-se de um projecto de implantação da raça em outro hemisfério, achei que seria mais acertado levar um grupo de cada uma das linhagens básicas e assim o fizemos e, desde então, mantemos na Interagro grupos de animais puros dessas linhagens. Isto só foi possível porque fomos apoiados nesse projecto pelos criadores dessas linhagens que nos cederam éguas que não vendiam na Europa. Concluído esse projecto de implantação da raça no Brasil,

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Zepelim Interagro Cavalo fez parte da equipa brasileira medalha de ouro nos Jogos Sul Americanos disputados no Chile - Odesur 2014

Com a ajuda de amigos, principalmente do Arsénio, do Dr. Guilherme Borba, Filipe Graciosa, Dr. Costa Ferreira, Eng. Baptista Coelho e outros tantos obtive preciosas informações e incentivos que me animaram a lançar-me na aventura de tentar escrever uma história do PSL e das principais linhagens formadoras da raça para divulgação da raça nas Américas. Por obra e graça do meu grande amigo Arsénio fui homenageado no FIPSL de Lisboa em 2011. Na ocasião, com toda a fidalguia e os exageros nascidos da longa e profícua amizade que nos unia, o Arsénio disse ter eu contribuído para a preservação da raça, levando para 44

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o Brasil um fabuloso contingente de reprodutores/as das melhores linhagens de Portugal e que, como resultado, se algum dia, desgraçadamente, outra zoonose atacar a Europa, uma importante reserva do que há de mais puro, do melhor da raça, estará disponível no Brasil para a repopulação da área atingida. Agradeço ao saudoso amigo Arsénio pela homenagem mas espero que isto jamais aconteça. É seguramente um dos mais importantes e antigos criadores de Cavalos Lusitanos no Brasil, mas também, a nível mundial. Simultaneamente, é aquele que indiscutivelmente mais investiga e estuda sobre o Lusitano.

Porque o faz? Quais as principais conclusões a que chegou? Desse processo todo resultou que cada vez mais me senti desafiado a lutar pelo desenvolvimento da raça, especialmente na América e isto obrigou-me a pesquisar cada vez mais e com mais interesse o passado do cavalo ibérico. E quanto mais aprofundava as minhas investigações, mais me convencia da grandeza dessa história e da ignorância e desconhecimento que a cerca. Daí a necessidade de trazer à luz todo esse tesouro de informações recônditas que uma vez reveladas colocam a raça no devido patamar histórico que realmente merece, afastando as equivocadas versões levianamente

construídas sobre o assunto. Convidado a colaborar em revistas e outras publicações ou a fazer palestras, deparavame sempre com a generalizada e equivocada afirmação de que o Lusitano era um dos muitos descendentes do cavalo árabe. Ninguém imaginava ou admitia ser o Lusitano uma das raças mais puras do cavalo selvagem da antiguidade e formador de quase todas as raças modernas. Daí por diante passei a escrever sem descanso e desse trabalho nasceram as obras que acabei por publicar. Escreveu cinco livros. Um deles é um dos livros mais profundos que se escreveram sobre o Lusitano, “A History of the Horse Volume I, The Iberian Horse from Ice Age to Antiquity”, obra em que procura provar a importância do cavalo Ibérico/ Lusitano, a uma escala internacional e de crucial importância para a História e Evolução do Cavalo em geral. De onde surge esta urgência de investigar tanto e de forma tão profunda o Cavalo Lusitano? Em resumo, no primeiro volume acho que apresentei razões que incontestavelmente confirmam que: a) Desde o início da história, o mundo viveu épocas de conflitos, inicialmente entre os povos sedentários que já praticavam algum tipo de agricultura e os nómadas mais selvagens que cobiçavam as riquezas dos primeiros; desde então o cavalo tornou-se a arma mais poderosa, que possibilitava aos predadores nómadas obter sucesso nos raides contra os mais civilizados agricultores. b) Para se defenderem os agricultores desenvolveram técnicas de fortificações e outras defesas como fossas e trincheiras, inundações etc. que contivessem os nómadas. Esses por sua vez, como resposta desenvolveram o carro de combate, o “tanque” de guerra da Antiguidade, capaz de suplantar essas rudimentares defesas.


Foto: Tupa

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c) A partir dos cavalos atrelados, tanto nómadas quanto sedentários seleccionaram cavalos de sela: animais mais fortes que suportassem o peso do homem sobre o dorso. Surgiu daí a cavalaria ligeira que tornou obsoletos os carros de combate, ao mesmo tempo que a metalurgia progredia possibilitando a manufactura de setas e lanças ou dardos mais penetrantes. d) Iniciou-se então um processo permanente de selecção de cavalos cada vez mais velozes, mais fortes e mais confiáveis para prover os novos exércitos com montarias cada vez mais eficientes. Criou-se então o mito do Pégaso – o grande sangue melhorador – proveniente das margens do Oceano (Atlântico/Ibéria), presente na mitologia grega e em toda a mitologia oriental. Nesse primeiro processo histórico de selecção despontam o cavalo ibérico e o do Ponto-Cáspio, dois verdadeiros descendentes puros dos cavalos selvagens da Eurásia. Creio ter conseguido demonstrar com excessiva fartura de evidências que o cavalo sel-

vagem da Eurásia habitava a Península Ibérica e o Pontocáspio antes de qualquer outra população equina nos dois continentes. O cavalo só apareceu em África no 3.º Milénio pelas mãos dos Bell Beakers (A Cultura do Vaso Campaniforme ou simplesmente Campaniforme, 3000 a.C.). Gostaria de partilhar quais as principais conclusões a que chegou na sua investigação? Passámos então da pré-história para o período histórico, iniciado com a tradição escrita de Heródoto, cuja História das Grandes Guerras de 400 a.C. inauguradas pela invasão persa contém os primeiros testemunhos escritos da importância da cavalaria nesses conflitos. Posteriormente, Xenofonte e as guerras do Peloponeso fornecem ainda mais dados preciosos sobre o assunto. Vem em seguida o crescimento do império romano e evidencia-se a deficiência de cavalaria e suas consequências, particularmente nas guerras Pú-

nicas. Seguem-se as invasões dos bárbaros e suas causas intimamente ligadas a cavalaria. A queda do império romano e emergência dos novos povos da idade média, francos, godos, etc. todos eles povos de cavaleiros, antecessores dos famosos Knights, dos cavaleiros das ordens militares de cavalaria e das Cruzadas, são eventos históricos nos quais o cavalo teve uma importância fundamental. Nesse processo milenar intensificou-se significativamente a busca pelo sangue melhorador do Oeste, o Pégaso, que possibilitava a criação dos cobiçados

“cavalos de qualidade”. A partir do século XVII surgem, principalmente na Inglaterra e em França os desportos e espectáculos equestres e a busca por um novo tipo de cavalo. Em todo esse processo o cavalo ibérico teve uma participação importantíssima. Curiosamente este livro só existe em inglês, e está esgotado… Prepara de momento mais alguma obra? Quiçá o 2.º volume do “A history of the Horse”?! Espero poder um dia terminar o segundo volume da “History of the Horse”, um desafio que

Profano Interagro Medalha de Ouro em Exposições Internacionais em São Paulo (1998 e 2000), Profano Interagro teve muita influência no processo de desenvolvimento do Cavalo Interagro, não somente por ser filho do Legendário do Mirante por Novilheiro (MV), mas também devido à sua mãe, a Cigana III (MLC) - a mais importante das “Éguas Fundadoras” da Interagro que produziu uma série impressionante de filhos Campeões e Medalhas de Ouro

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Sendo um profundo conhecedor do Lusitano, qual a importância de criadores como Ruy d’Andrade e Manuel Tavares Veiga? Entre as coudelarias particulares, os Andrades e Veigas destacam-se das demais não só por serem consideradas formadoras da raça como pela qualidade dos cavalos que criaram. Ainda hoje são sangues procurados por criadores em todo universo para melhor selecção e aprimoramento de seus animais e consequentemente estão presentes na maioria das genealogias modernas. A propósito, o que aproxima e afasta – os irmãos ibéricos

– o Cavalo Lusitano do Pura Raça Espanhola? Como escrevi em todas as minhas publicações sobre o assunto, não há como negar a verdade histórica da existência de um “cavalo de qualidade” autóctone da península ibérica, onde está documentado desde o neolítico em variadas formas. Esse cavalo selvagem foi sempre o mesmo em toda a península e no sul da França. Ao longo do tempo evoluiu para formas mais elegantes e com a domesticação passou a ser seleccionado, em tempos mais modernos, em busca do aprimoramento de suas qualidades funcionais.

Essa selecção pode ter introduzido pequenas diferenças entre os cavalos espanhóis e portugueses, da mesma forma que diferenças também surgem naturalmente quando esses animais são levados para diferentes climas ou regiões. Com o tempo tais diferenças claramente se ampliaram, mas o primitivo cavalo ibérico continua a ser o antepassado e o formador de ambos, PSL e PRE. Acho que tudo os aproxima e somente a política e os interesses dos criadores dos dois países os afastam.n Na próxima edição prosseguiremos com a 2.ª parte desta entrevista

Foto: Tupa

assumiu proporções muito maiores do que esperava. Noutra de suas obras, dedica-se a um estudo profundo das linhagens do cavalo Lusitano. Quais considera serem as mais importantes, numa perspectiva histórica, mas também, da actualidade? Sem dúvida, as linhagens básicas reconhecidas pelo Stud Book da Raça são as que mais profundamente influenciaram e ainda influenciam o desenvolvimento do PSL. Outras linhagens importantes têm surgido em Portugal e no Brasil, mas acredito que ainda é cedo para colocá-las no nível das quatro linhagens básicas.

Nirvana Interagro foi o primeiro PSL a sagrar-se Campeão Brasileiro de Ensino Seniores em 2005. Foi o primeiro cavalo classificado da equipa brasileira para os Jogos Pan Americanos no Rio de Janeiro, 2007, mas infelizmente, vítima de uma cólica não pode participar na competição

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CAMPEÃ NACIONAL 2014

MARIA CAETANO COUCEIRO 2 CAMPEONATOS DE DRESSAGE DE JOVENS CAVALEIROS

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3 CAMPEONATOS NACIONAIS DE SÉNIORES

XIRIPITI | BICAMPEÃO NACIONAL | 2013/14

ZÍNGARO DE LYW

COROADO

VENCEDOR DA TAÇA IBÉRICA | 2013

VENCEDOR DO SMALL TOUR CDI MADRID 2014


ENTREVISTA

JOSÉ CID TAVARES DEIXO AS PISTAS COM SAUDADE MAS... NÃO DEIXO OS CAVALOS! AOS 71 ANOS, 40 DOS QUAIS LIGADO AOS SALTOS DE OBSTÁCULOS, JOSÉ CID TAVARES DIZ QUE "PERDEU A ADRENALINA DE SALTAR" E DECIDIU ABANDONAR A COMPETIÇÃO. PELO MENOS DENTRO DE PISTA, POIS O MAIS CERTO É ENCONTRÁ-LO NA BANCADA A PENSAR COMO ABORDARIA ELE AQUELE PERCURSO. ibatejano de nascença, foi na quinta de Mogofores para onde foi viver com os pais e as irmãs, tinha pouco mais de 10 anos, que a EQUITAÇÃO esteve à conversa com José Cid Tavares, rodeados de fotografias de alguns dos cavalos que mais marcaram a sua carreira desportiva que agora chega ao fim. A idade e uma série de vicissitudes ligadas a lesões dos seus cavalos principais Alme Yar e Valentin, pesaram na hora da decisão. "Tenho noção que já não tenho a capacidade física de antes. Quando os meus dois cavalos tiveram problemas físicos achei que era o sinal dos deuses para parar. Fi-lo e estou contente à mesma. Já muito fiz eu! Não quero fazer o meu autoelogio, mas terminar uma carreira bem, a 1,25m, com 71 anos é notável! Acho que terminei bem, diverti-me imenso. Agora sou cavaleiro de bancada!" afirma. José Cid fartou-se das pistas mas não dos cavalos, "tenho menos mas são bons e é isso que quero fazer". A trabalhar com Francisco Fleming, não são raras as vezes que toma o comando, "gosto muito de trabalhar os cavalos no chão, assim como de os saltar no chão, porque quando eles estão bem no plano e à guia, estão quase sempre bem na pista." O cavaleiro recorda-se bem das primeiras aventuras a cavalo "com 10/11 anos num cavalo de carroça que havia na minha casa do Ribatejo. Era um luso-árabe,

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generoso, bonito. Era o que tinha para caçar às lebres, passear com os amigos, brincar aos índios e aos cowboys..." Já nessa altura acompanhava as carreiras dos grandes cavaleiros de obstáculos da época "nunca pensando que um dia viria a ser muito amigo deles, como o Cap. Pimenta da Gama, Brig. Henrique Calado, Gen. Duarte Silva, Cor. Netto de Almeida, enfim... Grandes cavaleiros que mais tarde se cruzaram na minha carreira desportiva. Entrar com eles nas mesmas provas, para mim era uma espécie de sonho 20 anos antes! Lia as revistas todas para saber as classificações e o que faziam a nível internacional com aqueles cavalos que tinham e faziam parte da equipa portuguesa. Interessei-me sempre imenso por isso." Embora incentivado a saltar pelo primo Francisco Cancella de Abreu, a percepção que queria ser cavaleiro chegou "de repente. Em 1976 fui ao Algarve, comprei dois cavalos franceses, o Fend la Bise e o Frelon, cavalos grandes e poderosos. Foi com eles que comecei, mas só a fazer disparates em pista! Não tinha técnica, não tinha aprendido a base da equitação de obstáculos, foi um bocadinho por instinto e intuição. A pouco e pouco fui evoluindo, com outros cavalos, até que no princípio dos anos 90 começo já a aparecer a fazer provas maiores de 1,40m/1,50m." Artista de profissão, também os saltos de obstáculos "são uma


ENTREVISTA

arte: ou tens jeito ou não tens! E eu tinha jeito. Montar dentro de um ritmo, mas depois saber improvisar conforme a abordagem aos saltos é uma arte e eu acho que terminei bem, com a perfeita segurança daquilo que ia fazer para um campo. Podia nem sempre resultar em zero pontos, mas sabia o que tinha a fazer". Cid sempre gostou de cavalos "com sangue e até complicados" e foram vários os que marcaram a sua carreira como a égua Speculation, o Pintinhas - que chegou a fazer raides, toureou com João Moura e também saltou com João Mota - o Woodan ou, mais recentemente o Valentin.

mais força que eu. A única coisa que fiz foi conseguir virar para os saltos e acabei nem sei como! No final, tinha batido o Tico. Tinhalhe tirado um segundo! O que foi memorável para mim pois era uma coisa quase irrepetível, e que ali só aconteceu porque o cavalo era muito bom e fugiu comigo!" Interrogado se se considerava um cavaleiro competitivo, José Cid negou. "Gostei sempre de tentar fazer o meu melhor, nunca ultrapassando os limites do cavalo que tinha" acrescenta. "Nunca fui um grande cavaleiro de Grande Prémio mas tinha muito jeito para provas de Potência e de Seis Barras, o que é, muitas vezes, para

Foi aliás com Woodan que "acabei em 2.º lugar no Campeonato Nacional de Salto em Altura, em 1991, a 2,08m. Tentei bater o record nacional de salto em altura com este cavalo, só que o Pimenta da Gama, que estava no júri proibiu-me. Eu obedeci-lhe e não fui mas ainda hoje estou um bocadinho arrependido!" recorda bem disposto, ele que sempre teve uma relação muito próxima com o Capitão Pimenta da Gama "Tico" como lhe chamava - e não esquece a vez que lhe conseguiu ganhar, ainda que, fruto de alguma sorte. "Em Viseu entrei com o Adios Pampa Mia, numa prova de Caça e ele fugiu comigo pela pista fora. Sou um homem com força mas o cavalo tinha REVISTA EQUITAÇÃO

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ENTREVISTA

Alme Yar

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sempre montado em 'cavalicos' que não iam muito longe, mas criei bons cavalos. Com a abertura das fronteiras pela CEE, tornou-se mais complicado e em 2000 fiquei

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Ana Filipe

Woodan

Speculation

Valentin

Foto: Nuno Pragana

JOSÉ CID, O CRIADOR São muitos os cavalos nas pistas nacionais descendentes de animais deste músico. A quinta em Mogofores tem sido a base da sua criação. "No princípio dos anos 80, quando herdei esta quinta do meu pai, em vez de fazer vinho, resolvi ter uma criação de cavalos. Pode ter sido uma má opção mas era o que queria na altura. Comecei com cinco éguas de boas linhagens importadas de França que tinham saltado provas grandes e com um garanhão que veio na barriga da mãe para Portugal mas que era da

Coudelaria Schockemöhle, o Wettstreik, que viria a dar bons filhos. Abdiquei um pouco da minha carreira como cavaleiro desportivo para investir na criação. Andei

Foto: Nuno Pragana

certos cavaleiros de alta competição, uma espécie de pesadelo. Foi exactamente aí que me revelei e o que mais gostei de fazer". Histórias de concursos não faltam a José Cid, ele que elege como favoritos locais como o Vimeiro, Sociedade Hípica Portuguesa, Coimbra ou os extintos das Pedras Salgadas e Curia. O internacional de veteranos em Lisboa foi dos últimos concursos em que entrou, integrando a equipa portuguesa. Na hora da despedida das pistas, José Cid não esquece "as grandes amizades que fiz", sendo impossível enumerá-las, aliás, basta vê-lo num concurso e de todo o lado chegam abraços sentidos e conversas para colocar em dia.

Foto: Nuno Pragana

Foto: Nuno Pragana

Valentin

com uma única égua, irmã plena do Athos, também de minha criação, que saltou internacional e provas grandes, para ter agora três poldros dela". São eles o Ego de Clinton, um cavalo de cinco anos e duas poldras, uma de quatro que se encontra cheia do Coltaire Z e outra de dois anos que em breve será colocada em competição. A entrar em provas com Francisco Fleming estão Alme Yar e Zaniki W e agora que está 'do outro lado' Cid confessa "sofre-se imenso! É muito emocionante também!" Certo que voltar às pistas está fora de questão, o mundo dos saltos de obstáculos é algo a que José Cid não dirá, como na música "Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye". Apenas um "até já, numa bancada de um próximo concurso!"

Zaniki W



CRÓNICA

RECORDAÇÕES E DIVAGAÇÕES A PROPÓSITO DO NOME DOS CAVALOS TANTAS RECORDAÇÕES DE NOME DE CAVALOS, DE TANTAS FIGURAS, DE TANTOS AMIGOS A ELES ASSOCIADOS NA MINHA MEMÓRIA E NA MEMÓRIA DE ALGUNS DOS MENOS NOVOS QUE ME LÊEM.

João Pedro Gorjão Clara

S

egundo o Gênesis o cavalo deve ter sido assim chamado por

Adão: Gênesis 2 19 Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. 20 E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo... No Latim clássico o termo usado para designar os cavalos de corrida e de combate era equus, do qual se derivou o nosso ÉGUA, porém o Latim popular designava o animal de serviço, de baixa qualidade e normalmente castrado de caballus e foi essa a forma que entrou em nossa língua (Gustavo

Fig. 1 - “Vizir” o cavalo branco de Napoleão

seu nome tem a ver com o ano do nascimento e a imaginação do criador às vezes é escassa, dão-lhe nomes esquisitos.

Recordo que Mestre Luís Valença me contou que um dia deixou de vender um cavalo porque o pretenso com-

Guedes - gpgs1978@gmail.com: Significado e origem do cavalo)

Ao longo da minha vida sempre mudei o nome dos cavalos que comprei. Acho que cada cavalo nos diz qualquer coisa ou nos recorda um lugar, um amigo, um sentimento… Não sou o único que assim faz. Quando o cavalo nasce é preciso pôr-lhe um nome. Porque a primeira letra do 52

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Fig 2 - Mestre Luís Valença e “Sultão"

prador ao consultar o livro azul verificou que o cavalo se chamava Glaucoma e o dito comprador sofria dessa doença. Por isso o negócio não se fez. Luís Valença disse-me que Mestre Nuno de Oliveira, que como todos sabem adorava ópera, olhava para o cavalo que acabava de comprar e achava-o apropriado para se chamar Traviata ou Rigoleto ou Fígaro… não se preocupando com o género da palavra e punha-lhe esse novo nome. Na verdade ao darmos um nome ao nosso cavalo queremos que ele tenha algum sentido e nos recorde ou signifique qualquer coisa da nossa vida. Conheci cavalos com o nome de bebidas, de pessoas, de profissões, de títulos nobi-


CRÓNICA

liárquicos, de sentimentos, de heróis, de toureiros, de deuses, de santos, de rios, de lugares… Vinho, Água-Pé, Cognac, Artur, Merlin, Romeu, Bailador, Trovador, Marquês, Principe, Vizir, Alegria, Zaragata, Ulisses, Orfeu, Óbelix, Manolete, Cagancho, Bombita, Zeus, S. Martinho, Douro, Almonda, Nilo, Golegã, Santander, etc, etc, etc... Sei que muitos dos meus leitores se lembram destes nomes e de quem os montou. Deixem-me recordar alguns. O Pavarotti, o primeiro cavalo em que vi montado o meu saudoso Amigo Dr. José Alegre. O Bombita, ensinado por Mestre Miranda, montado por D. Carlos na litografia que foi cartaz da Feira de S. Martinho em 2008. O Vizir, cavalo árabe de Napoleão (o cavalo branco de Napoleão Bonaparte) que assim lhe teria chamado porque foi presente dum Vizir do Império Otomano, em 1808, durante o segundo exílio de Napoleão na Ilha de Santa Helena. Este cavalo morreu em 1829, oito anos depois da morte do imperador francês. O Vizir foi empalhado e pode ser visto no "Musée de

Fig. 3 - Mouzinho em Moçambique montando «Mike», o seu cavalo preferido

l'Armée, d'Hotel des Invalides" em Paris. Com o passar dos anos ficou quase cor de chá (Fig.1). Passei por ele algumas vezes quando trabalhei no Hôpital Necker e visitava o Musée de l’Ármée que lhe ficava perto. O Sultão, o ícone da Lezíria Grande associado à Luísa Valença e ao Mestre Luís Valença, inesquecível pela sua beleza e pelo alto grau de ensino (Fig.2).

Fig.4 - Mestre João Nuncio, no Pincelim, brindando a Manuel dos Santos, VFX, 1949 (foto Alberto Figueiredo)

O Bailador e o Nilo, cavalos Veiga que deixaram descendentes que todos os amantes do Lusitano procuram. O Salero pintado por Malhôa, num quadro na Casa Museu dos Patudos, montado por Carlos Relvas trajado de Cavaleiro Tauromáquico O Sueste, de ferro Atalaya, que foi um dos cavalos que deu mais êxitos a José Samuel Lupi e que viveu 36 anos!

O Mike cavalo preferido de Mouzinho de Albuquerque patrono da Cavalaria Portuguesa, que com ele fez a Campanha de África (Fig.3). O Temporal, o Quo-Vadis, o Numerário, o Pincelim (Fig.4), o Ferrolho. Nomes de cavalos célebres do Senhor João Núncio e a égua Jocosa que montava quando morreu na Quinta das Obras na Golegã, em Janeiro de 1976. O Tirol, que montou no dia dos seus 21 anos, Quim Zé Correia, quando sofreu a colhida mortal do touro Carvoeiro, numa tarde de Agosto de 1966, na Praça do Campo Pequeno. Outro cavalo Tirol que foi de Mestre Baptista e que morreu nas inundações em 1967, e o Falcão cavalo mítico, talvez o mais célebre das montadas deste Cavaleiro que lhe permitia pisar terrenos inacreditáveis e cravar “os ferros à Baptista” (Fig.5). O Herói, que nada devia à beleza, e a que os aficionados chamavam a Mula, mas que tinha uma agilidade prodigiosa e que fazia uma “paradinha” na cara do touro antes de João Salgueiro cravar o ferro, fazendo saltar das ca-

Fig.5 - Mestre Baptista no Falcão


COMENTÁRIO

Fig. 6 - João Salgueiro no Herói

deiras os espectadores.(Fig.6) O Lidador, um dos muitos cavalos que Sabino Duarte (Veca) ensinou num piaffer brilhante como aliás fazia a todos eles (Fig.7). Veca confidenciou-me ser um dos seus melhores cavalos. Ofereceu-o a uma senhora para que cuidasse dele após um aguamento que o inutilizou. O Damasco, um pequeno e ágil cavalo de ferro Veiga, comprado ao “Silvino da Benedita” pelo Rui Fernandes, que no úl-

timo momento saía da trajectória do touro, e que deixou uma recordação inesquecível na alternativa deste cavaleiro no Campo Pequeno. Dos que foram meus lembro-me do Madrigal o melhor de todos, e mais recentemente recordo o Real montada actual do meu neto Eduardo (Fig.8). Muitos cavalos houve de que gostava de saber e não sei o nome, como o que levou o nosso Rei D. Sebastião para um destino desconhecido. Em Álcacer-Quibir D. Se-

bastião ficou apeado. Um nobre português, Jorge Albuquerque, que tinha um cavalo (ruço rodado) que D. Sebastião muito quisera comprar e que nunca lho vendeu, naquela hora trágica, já agonizando, entregou-o a D. Sebastião para que se salvasse. Ao ver que D. Sebastião se embrenhava na batalha gritou-lhe que aquele não era o caminho da salvação e D. Sebastião respondeu-lhe “É o caminho da morte com glória”. E nunca mais foi visto nem dele se soube. Dar nomes aos cavalos foi um costume de sempre e de todas as épocas e culturas. Alexandre o Grande chamou ao seu cavalo Bucéfalo. Tenho pensado porque lhe teria assim chamado: Bucéfalo significa literalmente, em Grego, cabeça de touro. Ora Alexandre era politeísta e um dos muitos deuses da Grécia antiga era o Minotauro. O Minotauro tinha cabeça de touro e corpo de homem. Seria, por querer tanto ao seu cavalo que Alexandre lhe deu o nome que o associava a um deus?

Fig. 7 - Veca no seu último cavalo, Tarzan, em Piaffer

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Fig. 8 - O Real montado pelo Eduardo

Calígula, Imperador Romano (que reinou de 37 a 41 D. C.) tinha um cavalo que lhe chegou da Hispânia, seria o que muito depois se designou de um peninsular. Chamou-lhe Incitatus (impetuoso) e escreveu-se que lhe queria tanto que lhe destinou mais de uma dezena de cuidadores, que o elevou à categoria de Senador e que ponderou a hipótese de o fazer Cônsul! Tantas recordações de nomes de cavalos, de tantas figuras, de tantos Amigos a eles associados na minha memória e na memória de alguns dos menos novos que me lêem. Amanhã vou comprar um novo cavalo e hesito se lhe hei-de pôr um nome que me lembre que a vida tem de ser encarada com esperança e que todos acreditamos que depois de um dia sempre outro dia virá… ou se lhe devo pôr um nome que me recorde tudo o que escrevi e o muito que já vivi na minha paixão pelos cavalos. Depois, numa outra crónica, vos conto. n



TAUROMAQUIA

ASSIM, NÃO! A RELAÇÃO DO MUNDO DOS TOIROS COM OS PODERES INSTITUÍDOS É ALGO DE MUITO COMPLICADO. FAZ ANOS QUE UM CONSELHO DE “SÁBIOS” SE DEBRUÇOU SOBRE O REGULAMENTO TAURINO NO SENTIDO DE DOTAR O ANTIGO DE ALGUMA SENSATEZ, QUE EM MUITOS ARTIGOS SE REVELAVA ESCASSA. APURADAS IDEIAS E REDACTADO O MESMO HÁ ANOS QUE QUAL PUDIM DE OVOS PERMANECE A COZER EM BANHO-MARIA SEM QUE TENHA VISTO A LUZ DO DIA E AO QUE SE IA SABENDO ALGUMAS MODIFICAÇÕES EMBORA PRUDENTES AO QUE PARECE SERVIAM A FESTA DE TOIROS.

Domingos da Costa Xavier

assado tanto tempo de justa expectativa e quando se aguardava a publicação do regulamento redigido, ao que me disseram, um novo grupo de pessoas entre as que se incluíam “animalistas” foi ouvida pelas doutas criaturas do Palácio Foz e parece que anda para aí na internet um projecto em discussão em que logo à cabeça um item concreto não tem discussão – diz-se que a publicidade taurina, o simples cartel, tem que incluir referência a que o que vai ocorrer no evento é susceptível de perturbar a consciência de alguns espíritos. Pasmo…! Com a consciência de que me obrigam faz anos a comprar maços de tabaco em que ridiculamente as tabaqueiras são obrigadas a anunciar na embalagem que – fumar mata – e não é tal matéria capaz de me transformar em não fumador; só deduzo que a empresa que se esqueça de em lugar visível incluir o despautério, com toda a certeza será objecto de coima, e as coimas são matéria prioritária para o Governo que nos desgoverna. Enfim,

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sei bem que apesar da justiça da constatação da injustiça, o que vos digo não é mais que um desabafo, é bom que todos nós tomemos consciência da camisa de onze varas em que nos querem apertar e pelo menos que possamos deixar expresso o profundo desprezo que nos merecem os que acobertam tais asneiras e as querem colocar em forma de lei. Que se não pense que os futuros ilusionistas de serviço irão fazer mais que tirar coelhos da cartola; já aqui me indignei repetidamente sobre o facto de consentirem manifestações anti-taurinas à porta do Campo Pequeno, em que de forma soez ofendem quem demanda a Praça, porque o dinheiro dos contribuintes está a ser usado para a protecção de tais energúmenos. Eu queria ver se o Grupo de Operações Especiais da PSP não estivesse no local a proteger as costas de tais malandros se se atreviam como o fazem a ofender gratuitamente pessoas de bem. O que constato também é que apesar do carradão de Assessores que deambulam pelos corredores e gabinetes da Câmara, ainda ne-


TAUROMAQUIA

nhum encontrou tempo para explicar a esta Revista como e porquê concedem autorização para tal despautério; cá continuo à espera de uma justificação plausível, mas não me venham com as liberdades, visto ter deixado provado que é a polícia de forma dissuasora que me impede de usar a minha, assim como impede os demais, dado ser facílimo sem costas quentes correr com tal gentinha. Mas, bom seria que nos ficássemos por aqui. Não tenho nada de pessoal com Jacobo Botero. Nas raras vezes que com ele me cruzei sempre o achei educado e simpatiquíssimo e também, sempre que o vi evoluir na arena o achei desembaraçado e capaz, bom cavaleiro, com o toureio assimilado e bem melhor de se ver que muitos que por aí andam

luzindo pergaminhos. Com Rui Fernandes tenho até empatia pessoal que tenho cultivado ao longo dos anos, o que se traduz em relação positiva e cordial. Postos os entretantos, cabeme perguntar a quem passou pela cabeça conceder uma alternativa de cavaleiro tauromáquico profissional, na catedral portuguesa do toureio a cavalo, a um jovem que se não dispôs a trajar com os atavios tradicionais; será diferente que o mexicano Gaston Santos, que o francês Luc Jalabert, que o espanhol Paco Ojeda, só a título de exemplos, que ao tirar a alternativa em Portugal respeitaram a casaca tradicional? Esteve mal o jovem colombiano, esteve mal o Padrinho, esteve mal o Delegado Técnico que autorizou a pseudo cerimónia, esteve mal o IGAC, e

esteve péssimo o sindicato que através do seu júri designado sancionou o acto pela positiva. Aliás a corrida teve mais casos; dois toiros devolvidos por serem mansos, dado não evidenciarem nenhum outro problema, o que me leva a solicitar à AMVAT, Associação de Médicos Veterinários com Actividade Taurina, que recicle os conhecimentos dos colegas, visto que tais decisões são inadmissíveis, como a tal propósito também a “se a“ inspecção deve reciclar os seus Delegados visto também não ser tolerável que se altere como se alterou a ordem de lide. O público bateu palmas, mas é meu dever evidenciar que não é desta maneira que as coisas se fazem. Outra, também ocorrida no Campo Pequeno é de gritos. Parece que por razões legais

impediram que tirasse a prova de praticante Luís Rouxinol Jr. O que contesto dado que quando visaram o Cartel na inspecção deviam ter analisado o problema e impedir o anúncio público de tal prova; não o fizeram, erraram, e mais erraram quando considerando o jovem um mero amador consentiram que a quadrilha trajasse de luzes. Como gritava o alentejano no meio do bacanal em que a espaços se apagava a luz – organizem-se!!! Assim não! Ou se cumprem os preceitos e as leis ou isto descamba de vez, e aí até me sinto tão idiota quanto o “Anão dos Assobios”cada vez que escrevo ou me faço ouvir, sendo que toda a gente do meio me dá razão, mas depois, em linguagem bem taurina, não resolve nem faz a ponta de um corno. n


VETERINÁRIA

TOSSE - UM SINAL DE ALERTA? OS PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS SÃO A SEGUNDA MAIOR CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PERFORMANCE EM CAVALOS DE DESPORTO, LOGO A SEGUIR ÀS PATOLOGIAS DO APARELHO LOCOMOTOR. odemos dividi-los em dois grupos: processos infecciosos e processos inflamatórios. As infecções (virais ou bacterianas) são geralmente de curta duração e a sua gravidade pode variar, mas mesmo as mais ligeiras fragilizam o aparelho respiratório deixando-o mais susceptível especialmente se não houver um período de repouso suficiente após a doença. Neste artigo vamos abordar apenas as alterações que causam frequentemente tosse com características crónicas ou recorrentes.

P

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CRÓNICAS Existem dois tipos principais de alterações respiratórias não infecciosas com tosse ocasional ou persistente: actualmente denominam-se Doença Obstructiva Recorrente das Vias Aéreas (por vezes ainda designada como Doença Obstructiva Pulmonar Crónica; afecta as vias respiratórias inferiores e os pul-

Endoscopia

mões) e Doença Inflamatória das Vias Aéreas (que afecta as vias respiratórias mas geralmente não o próprio pulmão). Para efeitos práticos, embora estes dois tipos apresentem algumas diferenças, vamos aqui 58

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Joana Alpoim Moreira

João Paulo Marques

abordá-las de forma conjunta e partir do princípio que qualquer processo que afecte apenas as vias respiratórias superiores pode eventualmente evoluir e vir a afectar o tecido pulmonar.

pasmo a nível dos brônquios e a acumulação de muco, provocam uma obstrução das vias respiratórias e uma maior dificuldade em respirar, principalmente na fase de expiração. Os sintomas podem incluir

BRÔNQUIO NORMAL

BRÔNQUIO ASMÁTICO

Obstrução das vias respiratórias por espasmo e acumulação de muco

APARECIMENTO E SINTOMAS A doença parece instalar-se quando as vias respiratórias estão algo “fragilizadas” por algum acontecimento recente (infecção, transporte). O aparelho respiratório desenvolve uma reacção do tipo alérgico face à presença de certos estímulos ambientais (poeiras, pólens, bolores provenientes de feno húmido ou mal conservado, gases irritantes), provocando um estreitamento por constrição dos brônquios (broncoespasmo) e um aumento da produção de muco. Estes dois factores, o es-

Acumulação de muco na traqueia visível por endoscopia

tosse crónica, corrimento nasal, aumento do ritmo respiratório, intolerância ao exercício e mesmo perda de peso numa fase avançada da doença. Em casos mais arrastados, o cavalo de-

senvolve uma respiração abdominal muito marcada, sendo incapaz de realizar qualquer esforço. É a chamada “pulmoeira” (enfisema alveolar crónico), que felizmente é bastante rara desde que haja um maneio adequado e uma detecção precoce da doença. No entanto, numa fase inicial ou em processos mais ligeiros um cavalo pode apresentar apenas uma tosse ocasional, principalmente quando começa a trabalhar ou à hora da refeição. É importante intervir imediatamente nesta fase, através de um diagnóstico precoce da doença que permita instituir medidas que evitem o seu agravamento. O diagnóstico é feito com base na história clínica e nos sinais clínicos característicos, e eventualmente com recurso a exames complementares mais detalhados como a endoscopia das vias respiratórias e a análise de amostras de muco colhido da traqueia ou dos brônquios. MANEIO E CONTROLO AMBIENTAL O controlo e a eventual “cura” deste tipo de doença passa necessariamente pelo controlo dos factores ambientais que a podem desencadear ou agravar - é indispensável tomar uma série de medidas para minimizar o pó no ambiente. A ventilação é um factor essencial. Quanto mais abafado estiver o ambiente (tectos baixos, janelas fechadas), mais se agrava o processo – daí esta doença ser mais frequente no Inverno. O pior que podemos fazer a um cavalo com doença respiratória crónica é fechar a janela da sua box à noite, “para


VETERINÁRIA

O feno com bolor liberta esporos muito irritantes para o sistema respiratório

O feno deve ser submerso em água para minimizar a inalação de poeiras

As aparas de madeira não devem apresentar pó nem serradura

Camas de papel ou cartão são uma boa alternativa

não ter frio”. O ideal seria colocar os cavalos afectados no exterior, mesmo que apenas durante algumas horas. O feno e a palha são as principais fontes de pó e pólens numa cavalariça. Existe uma grande variação na sua qualidade, quer em termos de conteúdo alimentar quer em termos de conservação e presença de pó e fungos, não devendo ser armazenados sob o mesmo tecto que os cavalos (e nunca por cima deles). Devem ser submersos em água algumas horas antes da refeição (“salpicá-los” não é suficiente) e oferecidos ao cavalo ao nível do chão para minimizar os riscos de inalação de poeiras e permitir que os mecanismos de limpeza das vias aéreas funcione adequadamente. A fenosilagem (“haylage”, “horsage”, etc.) é uma alternativa a considerar. Pela mesma razão, as camas

de palha devem ser substituídas por outro tipo de material sem pó (aparas sem pó ou outras opções menos vulgares como papel ou cartão). A frequência da limpeza das camas deve ser aumentada para reduzir os níveis de amónia, irritante para os pulmões já fragilizados, e devemos também retirar o cavalo para fora das cavalariças para mudar as camas ou mesmo para varrer o chão! O ambiente onde o cavalo é trabalhado não deve ser esquecido, e pode ser necessário regar o piso dos picadeiros com mais frequência.

fluidificar as secreções e promover a sua expulsão. Todos estes medicamentos permitem apenas um alívio temporário dos sintomas, a não ser que sejam eliminados do ambiente os factores que desencadeiam o processo inflamatório. Os tratamentos por nebulizações (aerossóis) são muito úteis e apresentam menos efeitos secundários, dado que estes processos têm tendência a arrastar-se no tempo o mesmo acontecendo com a medicação – e pode de facto justificar-se a compra de um destes sistemas. Existem diferentes sistemas e modelos e os mais caros não são necessariamente os melhores, o vosso Veterinário poderá auxiliar na escolha. Como complemento do tratamento médico, é cada vez é mais frequente a utilização de suplementos orais à base de ervas e produtos naturais, assim como suplementos ricos em ácidos gordos ómega 3 com propriedades anti-inflamatórias. Numa perspectiva mais “holística” considera-se que um

aparelho digestivo saudável favorece o sistema imunitário e as defesas naturais do organismo, pelo que neste tipo de situações a utilização de probióticos pode ser interessante.

O ambiente de trabalho também pode constituir fonte de poeiras

TRATAMENTO O tratamento médico clássico inclui a administração de broncodilatadores para facilitar a passagem do ar, anti-inflamatórios esteróides (corticosteróides) para controlar o processo inflamatório e mucolíticos para

Os tratamentos por nebulização / aerossóis são muito efectivos

MEDICINAS NÃO CONVENCIONAIS A Acupunctura pode ter resultados verdadeiramente extraordinários em alguns processos respiratórios crónicos em que a medicina convencional não foi eficaz em controlar a evolução da doença, e os resultados são ainda melhores se for utilizada em fases mais precoces. Os tratamentos prolongados com cortisona não são isentos de riscos e efeitos secundários e são portanto de evitar, devem ser reservados aos momentos de crise como tratamento de emergência, e a Acupunctura e a Homeopatia podem ser ferramentas poderosas como complemento do tratamento médico e dos cuidados de maneio. n

J. P. M. (jpaulomarques@hotmail.com)

Exemplo de alguns pontos de acupunctura utilizados

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HISTÓRIA DA ATRELAGEM

J. Alexandre Matos

atrelagem, bem como as corridas de cavalos, desempenharam neles uma das modalidades mais importantes, a qual haveria de perdurar por séculos na cultura ocidental. Redescoberta em 1766 por Richard Chandler, um antiquário inglês que procedeu a buscas arqueológicas no local onde se situava a antiga cidade de Olímpia, onde se realizavam os jogos com o seu nome, esta teria ficado esquecida se este interesse pelo mundo grego não tivesse sido reacendido no século XIX. Tal deu lugar a novas

A

J.P. Magalhães Silva

buscas por uma equipa francesa em 1829 e a extensivas operações de escavação que tiveram lugar em 1875, custeadas pelo governo alemão, com o consentimento do governo grego. Duraram seis anos foram realizadas sob a direcção do eminente Professor Ernst Curtius da Universidade de Berlim, o qual tinha entusiasmado o Imperador Guilherme I, recémchegado ao poder, com uma conferência sobre Olímpia em 1852. Publicados os resultados destas escavações arqueológicas, com as típicas rapidez e eficiência alemãs, essas informa-

Figura 1

A ATRELAGEM E OS JOGOS OLÍMPICOS NA ANTIGA GRÉCIA, I OS JOGOS OLÍMPICOS SÃO UM LEGADO DESPORTIVO E CULTURAL QUE CONSTITUI UMA DAS HERANÇAS MAIS VIVAS DA HISTÓRIA DA ANTIGA GRÉCIA NO MUNDO DE HOJE.

Figura 2

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ções revelaram como no século IV d.C., dois fortíssimos abalos telúricos destruíram o santuário de Olímpia e mostraram como o rio Kladeos, extravasando das suas margens, tinha destruído meio “gymnasium” e o rio Alpheios, seu confluente a sul, tinha feito desaparecer o hipódromo e inundado também o santuário, cobrindo os terrenos com cerca de 4m de terra de aluvião. Os relatórios publicados inspiraram o barão Pierre de Coubertin, face ao desalento francês após a derrota da guerra franco-prussiana, em fazer renascer o espírito olímpico. O seu objectivo era chamar a atenção para a excelência da realização humana individual e não do poder estatal, tanto mais que tal seria baseado num interregno de paz, como na antiga Grécia, em que as disputas armadas e as contendas entre cidades eram suspensas durante o período de realização dos jogos que tinham assim um cariz sagrado de unificação entre os gregos, cimentando pela positiva o esforço de superação


HISTÓRIA DA ATRELAGEM

pessoal de cada participante. Assim, o sucesso de Pierre de Coubertin traduziu-se na realização dos primeiros jogos Olímpicos da era moderna em Atenas em 1896. É curioso que a atrelagem e corridas de cavalos, que eram uma parte tão importante da atracção exercida pelos jogos Olímpicos antigos, foi preterida pelas provas de saltos, concurso completo e pela dressage nos jogos modernos. De quatro em quatro anos, durante aproximadamente mil anos, de 776 a.C., até 395 d.C., os jogos Olímpicos foram realizados e os seus festejos atraíam cidadãos de todo o mundo grego e não só. Durante estes jogos de Zeus, o deus supremo do panteão grego, tinha também lugar uma peregrinação a um pomar chamado “Altis”, o lugar mais sagrado do seu culto. Assim, o local seria hoje um misto entre um complexo desportivo e um centro religioso, onde a estátua criso-elefantina (ouro e marfim) criada pelo escultor Fídias com 13 metros de altura (Fig.1) e albergada por um esplêndido templo (Fig.2), foi considerada uma das “Sete Maravilhas do Mundo”. Desde o século IV a.C., e com o sempre renovado interesse de toda a Grécia pelos jogos, o centro, que se estabeleceu no Altis, foi-se enriquecendo de templos, altares, estátuas, salas de recepção para banquetes e reuniões. Aí foram edificadas toda a espécie de construções onde se reuniam as oferendas votivas, as quais,

Figura 3 mais comummente em terracota e em bronze, os gregos tinham por devoção dedicar aos seus deuses. Em toda a Grécia, Chipre e outras zonas de influência da cultura grega, são comuns estas ofertas votivas e nelas se contam inúmeras estatuetas de bigas, quadrigas e cavaleiros que atestam a importância da atrelagem como modelo de presente propiciatório quando se queria captar a influência benigna dos poderes sagrados. Se bem que os jogos se tivessem iniciado com a corrida a pé (em 776 a.C.), o pentatlo e a luta foram introduzidas em 708 a.C. e em 688 a.C. o pugilismo. A atrelagem surge logo em 680 a.C. com corridas de carros puxados por quatro cavalos,“tethrippon” (Fig.3). Mas o programa dos jogos, no seu início mais reduzido, acabou por perfazer 5 dias, os quais se tornaram usuais a partir de 100

a.C. Tanto no 1º dia, como principalmente, no último e 5º dia, se realizavam diversas cerimónias em que estamos em crer os personagens de maior importância presentes aí se deslocavam em bigas ou quadrigas. É o caso, sobretudo, do quinto dia dos jogos (dia do seu encerramento), em que se realizava uma procissão, dos vencedores das diversas provas, ao templo de Zeus, onde eram coroados pelos juízes (os “Hellanodikai”) com coroas de folha de oliveira (das árvores sagradas do Altis) seguindo-se um desfile em que os triunfadores eram festejados pelos espectadores presentes com uma chuva de flores e pétalas variadas por eles lançados em sua honra. Muitos autores crêem que os futuros triunfos etruscos e romanos terão tido aqui a sua génese, pois a sua forma e o ambiente celebratório seriam semelhantes. Ora,

como as corridas de bigas, quadrigas e de animais montados (Fig.4), eram dos mais populares eventos, fácil se torna conceber a sua gloriosa presença nestas celebrações do último dia dos jogos. Os banquetes que se seguiam, utilizando o que restava dos muitos animais sacrificados aos deuses nos altares sagrados, culminavam, ao jantar, os festejos olímpicos com a confraternização de todos os presentes e a celebração das vitórias conseguidas. Ao sexo feminino não era permitido assistir às provas e, muito menos, participar nos eventos. Mas é curioso saber que quem ganhava as provas das corridas de atrelagem eram os donos dos animais e não os condutores (aurigas), e houve uma princesa de Esparta considerada vencedora já que, aceites e inscritos os seus cavalos nada poderia obstar a que fosse reconhecida a sua vitória, deixando posteriormente, como oferta aos deuses, uma inscrição onde o seu feito era orgulhosamente registado para a posteridade. Não espanta que fosse uma princesa que constituísse esta honrosa excepção, pois é de notar que a posse, manutenção e treino dos animais (parelhas ou quadrigas), para além dos custos das viaturas, arreios e pessoal de serviço (incluindo treinadores e aurigas), tornava a participação nas corridas de atrelagem um empreendimento oneroso a que só poucos tinham acesso. n

Figura 4

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NOTAS SOLTAS

1981 Aicha Ibn Biarritz melhor égua de corridas em França

1984 Monogram - Melhor garanhão mundial Avo Fryderyk Al Biarritz, Polónia

O CAVALO PURO SANGUE ÁRABE ORIGEM E PRINCIPAIS LINHAS EM PORTUGAL - PARTE 3

Manuel H. Domingues Heleno

m 1932 são importados de Espanha o poldro Aksoum, nascido na coudelaria de Don Cristóbal Colón y Aguilera, Duque de Veragua, e o cavalo Ajlun por ele adquirido em Inglaterra em 1926. Deste não há descendência inscrita. Em compensação, o Aksoum, deixou inúmeros e bons filhos e filhas: Diabo, Diabólica, Piafé, Realto, Soada, Siamesa, etc. Aksoum, que custou 2.000 pesetas e tinha 1 metro e 57 centímetros de altura, era filho de Razada, um cavalo da Coudelaria de Crabet Park, e de Radjef, que tem uma origem inglesa pelo pai e argentina pela mãe. É de notar que este cavalo prestou as provas de selecção de reprodutores da Coudelaria Nacional aos 4 anos, tendo sido dada a seguinte apreciação: “Aprovado. Em 15 de Novembro, percorreu 70 quilómetros em 6 horas, paragens incluídas

E

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REVISTA EQUITAÇÃO

HÁ UMAS CENTENAS DE ANOS, O EMIR ABD EL-KADER AFIRMOU QUE: “O PARAÍSO TERRESTRE ENCONTRA-SE SOBRE O DORSO DE UM CAVALO, NA LEITURA DE UM LIVRO E ENTRE OS SEIOS DE UMA MULHER” e com o peso de 76 quilos. Em 16 de Novembro, fez 3000 metros em pista, cortada por 9 obstáculos – varas e sebes – no tempo de 5’ 19’’ 2/5 (562 metros por minuto) e com o peso de 70 quilos. A prova de estrada assim como a pista efectuaram-se debaixo de chuva, por este motivo a pista encontrava-se em péssimas condições o que prejudicou imenso a velocidade do galope”. Em 1932, foi também importado de Espanha mais um produto da criação do Duque de Veragua, o garanhão Giafar, nascido em 1 de Março de 1931 e comprado por 2.000 pesetas. Giafar era um cavalo de excelente origem: o pai era o Campeão Razada, um Crabet Park, e a mãe Deriva (da “Yeguada Militar” espanhola) era uma filha do famoso campeão polaco Wan Dick e da égua Farja II, nascida no deserto. Giafar tem importância por ter

deixado uma filha, Zigna, que é a mãe da Diabólica, mãe do Lisol, pai do Xélio, que deixou em Portugal sessenta e seis filhos e filhas de raça pura. Em 1933, o Estado português, por intermédio da Direcção Geral dos Serviços Pecuários, importou de Espanha a égua Salomeha, nascida em 1923, na Casa Pailhon, em França. Filha do siríaco Ghalabawi (de pais nascidos no deserto) e de Salomé (de pai nascido no deserto e mãe francesa), Salomeha é mãe de Diabo (Aksoum), que deixou uma belíssima descendência de onze filhos e filhas. Ainda no mesmo ano foram importadas de Espanha a égua Kenia, de origem francesa (criador M. Casse), e sua filha Vesta, mãe da Soada e avó da BemPerfeita (entre outros, mãe do Iranico e do Luxor II, que tiveram respectivamente 90 e 61 filhos e filhas em raça pura). Vesta, égua lazã com 1 metro e

50 centímetros de altura, era filha de Tunecino, um filho do Polaco Wan Dick. Também em 1933, foram importadas de França as éguas Phrinée (que não deixou descendência) e Palestine, nascida em 1933 e criada pelos “Etablissements Hippiques d’Algerie”. Era uma filha de Bango, nascido no deserto. Palestine deu entrada na Coudelaria Nacional em 5 de Março de 1942, vinda da Coudelaria de Alter. Deixou duas filhas: Reservada (mãe de Oanita, por Suave e Realto – 17 filhos e filhas), e Hialite (mãe da Quiapa). Em 6 de Dezembro de 1935 o Major de Cavalaria Alfredo Narciso de Sousa, acompanhado pelo tenente veterinário Martins Barata, compraram no “mercado especial” de Lady Wentworth, o cavalo Silfire, por 540 libras inglesas. Destacado para padrear na Coudelaria Militar de Alter, só em 1 de Dezembro de 1939 deu entrada na Coudelaria Nacional. Típico produto de Crabbet Park Stud, a famosa coudelaria fundada por Lady Blunt, mãe de Lady Wentworth, Silfire, que media 1 metro e 54 centí-


NOTAS SOLTAS

metros de altura, era filho do Campeão Nureddin e da Campeã Silver Fire. Na sua linhagem encontramos, entre outros, os Campeões Naseem, Mesaoud e Daoud, além do “Cavalo do Século”, o super Campeão Skowronek. A origem de Silfire era tão particular que, em Agosto 1947, Lady Wentworth desejou recuperá-lo, propondo ao estado português a troca daquele animal de 15 anos por um poldro. Propôs para escolha Ghailan, Azalian ou Indian Flyer. Sobre este último escreveu: “Posso recomendar-lhe muito o Indian Flyer (agora atingindo os 3 anos) porque é um dos mais fortes poldros árabes que criei

Em raça pura deixou um grupo de animais de elite: Presumida (Ghizeh); Reservada (Palestine); Risonha (Ghizeh); Hassan (Bolota) – mãe de Oásis, Piafé, Xindio (exportado para os Estados Unidos), Zende e Apa; Insígnia (Zalaca) – mãe de Reata, Suão Vadio, Bem-Parecida; Isolada (Valéria) – mãe de Xélio; Lusíada (Zalaka); Lisol (Diabólica) – pai de Xélio; e Tese (Zalaka). Em 1961, pela primeira vez em Portugal, um criador particular fez uma considerável importação de Puro Sangue Árabes destinados à raça pura. Tratase de Guilherme Correia Gyão, que comprou ao espanhol D. António Egea Delgado 15 éguas.

1985 Reject Ibn Biarritz - Ganhador em CCE no Campeonato de França e se bem que não esteja completamente desenvolvido, parece ter 4 anos”. E mais adiante explica: “Se não fosse por querer o Silfire por especial conformação sanguínea, nunca consideraria uma troca tão unilateral de um velho cavalo por um novo. Os meus dois representantes da estirpe morreram, um com uma faísca e o outro em prova de fundo”. Em definitivo esta transacção nunca se fez, embora o Silfire já tivesse beneficiado 108 éguas na Coudelaria Nacional, de que 14 filhas e 3 filhos tinham sido incorporados no seu efectivo. Em acordo com os registos, entre 1939 e 1956, foram cobertas pelo Silfire 203 fêmeas.

Estas reuniam os sangues das chamadas 4 linhas de ouro, as linhas cavalares polacas, as do Duque de Veragua (o descendente de Cristóvão Colombo), as da Yeguada Militar espanhola e as de Crabbet Park Stud (fundado por Lady Blunt, neta de Lord Byron e mãe de Lady Wenworth). São estas as principais heranças genéticas que muito enriqueceram o Cavalo Árabe em Portugal. Guilherme Correia Gyão foi o primeiro criador particular a inscrever no Livro Genealógico Português o nascimento de um Puro Sangue Árabe (Uah, nascida em 1955, filha de Aksoum e de Presumida, por Silfire). Vendida para Espanha no ano

de 1974, a Coudelaria Guilherme Gyão foi dois anos depois instalada em França, e em 24 de Março de 1978 foi registada oficialmente naquele país como “Société Civile Haras Biarritz”. Em Junho de 1982, os animais do efectivo do Haras Biarritz foram importados para Portugal pelo seu proprietário e definitivamente instalados no concelho de Mafra. Com o regresso desta coudelaria não só voltou ao País “um património”, como escreveu Fernando de Sommer d’Andrade, mas também deram entrada em Portugal novas e importantes linhas, entre as quais notamos a de Comet (Abu Afas e Carmen por Tripolys), um dos mais cé-

Nitochka (Naseem e Tarazca por Enwer Bey), de Piruet (Probat e Pieczec por Palas), de Pomeranets (Priboj e Mammona por Offir), de Priz, ex Pribor (Balaton e Pula por Aswan, ex Raafat), de Klinika (Korej e Naturalistika por Naseem), de RR Magic Count (Mc Coys Count e Regla’s Rose Flame por Indian Flame II), de Shazamah (Shah Gold e Bazama por Al Marh Radames), de Monogramm (Negatraz e Monogramma por Knippel), etc. É importante assinalar que, para evitar qualquer erro (sempre possível por, como no resto do Mundo, o cavalo árabe ter sido muito utilizado para melhorar raças locais), nenhum animal existente em Portugal

1994 Ganges - Pai Frydeyk Al Biarritz - Polónia lebres campeões da Polónia e do mundo, e a de Flipper (Gosse du Bearn e Fleur d’Avril por Méké) um dos mais funcionais reprodutores de França. Muitas outras grandes origens foram depois introduzidas em Portugal, como as de El Shaklan (Shaker El Masri e Estopa por Tabal), de Fawor (Probat e Fatma por Anarchista), de Galero (Zancudo e Zalema por Congo), de Golden Sceptre (Mikonos e Shazala por The Shah), de Jacio (Tabal e Teórica por Barquillo), de Júri (Kilimanjaro e Daragah por Salono), de Maliknoa (Galero e Ispahan por Alhabac), de Masan (Hadban Enzahi e Molawa por Haladin), de Nil (Sid Abouhom e Malaka por Kheir), de

antes de 1902 foi inscrito no Stud-book do PSA. Tendo sempre considerado que o Puro Sangue Árabe tem outras qualidades além da beleza, que pode e deve ser utilizado como qualquer outro cavalo por não lhe ser inferior, e que o mais bonito dos cavalos sem aptidão funcional, serve apenas para entretimento, os portugueses responsáveis pela raça tudo fizeram para preservar simultaneamente as qualidades estéticas e funcionais da mais antiga e prodigiosa das raças conhecidas. n

Na próxima edição prosseguiremos com o assunto em epígrafe. REVISTA EQUITAÇÃO

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NUTRIÇÃO

EQUINOS: A NUTRIÇÃO DE MÃO DADA COM O COMPORTAMENTO

A EQUITAÇÃO DE TRABALHO… NASCIDA DAS TRADIÇÕES BENEFICIANDO DA PREDILECÇÃO DOS NOSSOS DIAS PELAS RAÇAS AUTÊNTICAS E RÚSTICAS, A EQUITAÇÃO DE TRABALHO ENQUANTO DISCIPLINA EQUESTRE DESPORTIVA PARECE SATISFAZER A VAGA TENDÊNCIA DE UM RETORNO AO VERDE E AOS SEUS VALORES CAMPESTRES (BOULIN, 2004).

Liliana Castelo

ma modalidade combinada, onde a funcionalidade do cavalo, a força, a rectidão e ao mesmo tempo a ligeireza, são itens integrantes e requisitos fundamentais. Este cavalo atleta é submetido a três dias de provas (Ensino + Maneabilidade + Velocidade, e quando possível a chamada Prova da Vaca). É um atleta em que a relação Energia/Disponibilidade Física deve ser muito bem preparada e trabalhada durante os treinos, para que quando chegue a altura das provas, esta possa nos “oferecer” um cavalo em perfeita condição física para os três dias. É aqui que entra o nosso papel, a Nutrição, para além da parte clínica, obviamente. Quer-se um cavalo descontraído em termos musculares, sem resistência nas barras e muito activo atrás, ou seja, ligeiro e sem resistência (Pica, 2014). “…como se pratica hoje, a Equitação de Trabalho serve com realeza o cavalo Lusitano, os seus criadores e os seus cavaleiros; trabalho efectuado numa atitude submissa, ainda que dinâmica e estimulante,

U

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REVISTA EQUITAÇÃO

num impulso forte, mas sempre empenhado e sedutor, …dirse-ia que foi concebida para o Lusitano” (Boulin, 2004). Sabemos de antemão que o nosso Lusitano é um cavalo um pouco rústico no que diz respeito à sua alimentação. A partir do momento em que se torna um atleta há que ter mais alguns cuidados. No caso pontual desta modalidade, e como já foi referido anteriormente, a E/Disponibilidade Física deve também ela ser treinada todos os dias, para que o nosso Lusitano esteja pronto para sair e competir. Ora, necessitamos de um desportista com Energia para os

três dias, Potência e Força (demonstradas através da sua velocidade) e ao mesmo tempo Subtileza (demonstrada através da Dressage). A dieta alimentar para este tipo de atleta não é muito complexa, mas exige sempre um acompanhamento regular. Iremo nos focar somente nos pontos realmente importantes e indispensáveis a este atleta. A ração deste cavalo deve ser 50%concentrado + 50%forragem/dia. Este atleta deve ingerir entre 2.0-2,5% do seu PV. O concentrado deve ser facultado tendo em conta o grau do trabalho e deve ser reduzido nos dias seguintes à prova, re-

pondo o peso com forragem (feno). É sempre bom que as camas possam ser de palha, de forma a reduzir o chamado stress alimentar; quando existem casos em que os cavalos, para além do feno, comem também as camas, então aí tem que se recorrer a outras soluções (p.ex. aparas), ou arranjar brinquedos, para que taras não possam aparecer. Este tipo de exercícios fazem com que os cavalos desidratem, percam muitos minerais pela sudação, respiração, diurese; daí que tenham que ser suplementados com estes minerais (Electrólitos – K, Cl, Na), muito importantes para acção mus-


NUTRIÇÃO

cular, equilíbrio termoregulaçao, ingestão de água e função renal. Normalmente os cavaleiros também gostam de incorporar suplemento vitamínico, onde para além das Vitaminas usuais estarem presentes, A, D, E, deveras importantes nas funções metabólicas, formação sanguínea; é benéfico suplemento com Vitaminas do Grupo-B, pois estas para além de serem sintetizadas pelo IG (Intestino Grosso), a sua concentração não é suficiente para cavalos atletas que tenham dietas alimentares baseadas em concentrados; este tipo de vitaminas estão envolvidas no metabolismo e função hepática, logo a sua suplementação ajuda a manter o apetite e assiste a recuperação metabólica derivada do esforço intenso. Para conseguirmos que o nosso cavalo se mantenha Energético durante os três dias, necessitamos de lhe fornecer boas fontes de E, tais como a Fibra e a Gordura;

fontes de E longa, principalmente a Fibra, o que dará resistência para aguentar os três dias e conseguir realizar as provas, com empenho, coração e nobreza. A sua Força e Potência, para além de estarem relacionadas um pouco com a sua genética, podem ser medidas através da sua velocidade, velocidade de sprint, em que se pede um pouco da chamada E rápida, fornecida principalmente pelos amidos rápidos e açúcares. A velocidade do nosso cavalo é também medida através da sua rapidez, da classe do seu galope, da amplitude das suas passadas, assim como a capacidade para “se sentar” (Boulin, 2004), voltar e “piruetar”! A Proteína não deverá ultra-

passar a percentagem média necessária, por forma a que se tenha um cavalo “composto”, apresentando uma boa condição corporal, mas sem excessos e obesidade; podendo isto influenciar negativamente a Performance Desportiva; nunca esquecendo que esta condição corporal deve ser maioritariamente o resultado de um bom treino muscular diário. Mesmo sabendo que outros países utilizam as suas raças autóctones para a prática desta modalidade, preferimo nos basear na nossa raça autóctone, que tanto orgulho nos dá e que já nos deu provas mais que suficientes, que é a tal raça rústica, talvez, mais voltada para a Equi-

tação de Trabalho, para além dos nossos cavaleiros e própria Equitação, o nosso LUSITANO! Baseados no nosso cavalo, na sua rusticidade e na modalidade em si, afirmamos que a dieta alimentar para este tipo de atleta não é de todo complexa ou exagerada. Um concentrado rico em grão, uma boa forragem, uns bons suplementos (Electrólitos e Vitaminas/Minerais) e um excelente trabalho muscular diário são a receita para que o nosso Lusitano, juntando lhe a sua nobreza, entrega, submissão, “cabeça”, coração e uns quantos mais adjectivos…possam ser “Equitadores de Trabalho” dentro e fora de casa! Grande Abraço Equino! Queria deixar aqui um agradecimento especial ao meu querido amigo, o cavaleiro Bruno Pica pela cortesia das fotos com o Trinco. ■

Bibliografia Nelson, J. et al (1999) Feeding Horses in Australia – A Guide for Horse Owners and Managers – RIRDC, Barton


EQUITAÇÃO NATURAL

ESTÃO OS CAVALOS A SER TORTURADOS? A TORTURA É DEFINIDA COMO: O ACTO DE INFLIGIR DELIBERADAMENTE DOR FÍSICA OU PSICOLÓGICA, E ATÉ FERIMENTOS, A UMA PESSOA OU ANIMAL, POR NORMA QUANDO ESTA OU ESTE ESTÃO FISICAMENTE IMPEDIDOS DE SE MOVER LIVREMENTE E/OU ESTÃO DE ALGUMA FORMA SOB O CONTROLO OU CUSTÓDIA DO TORTURADOR, E ASSIM IMPOSSIBILITADOS DE SE DEFENDER CONTRA O QUE LHES ESTÁ A SER FEITO. e retirarmos a palavra “deliberadamente” desta definição, uma vez que tenho a consciência de que a maioria dos abusos feitos aos cavalos não são deliberados mas sim devidos a uma falta de compreensão, será que isso faria alguma diferença para os cavalos que estão a ser fisicamente impedidos de se moverem livremente e/ou estão de alguma forma sob o controlo ou custódia dos seus “torturadores” e dessa forma impossibilitados de se defenderem contra o que está a ser-lhes feito? Vejo muitos cavalos que estão a ser alvo de abuso psicológico e frequentemente também físico. Pondo de parte a prática danosa de manter cavalos confinados em boxes sem acesso à socialização com outros cavalos ou a poderem movimentar-se em liberdade ou fazer uso da sua vontade própria, irei falar um pouco sobre práticas no treino de cavalos. Citando Luís Sabino, um dos cavaleiros portugueses de topo, “Quando eu bato, eu estou a inferiorizá-los [aos cavalos], eu estou a pô-los mais tensos, e eles ficam mais perdidos. Eles nem sequer tentam interpretar o que é que eu lhes estou a tentar passar.” Portanto há uma boa compreensão da psicologia equina entre alguns cavaleiros de topo. Outra citação de Luís Sabino: “As mulheres metem os cavalos muito mais «no fio da navalha» e dão-lhes mais res-

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ponsabilidade, e eles acabam por dar muito mais retorno às mulheres. Nós [os homens] queremos mandar mais, e por vezes temos o reverso da medalha, que é uma falta por excesso de pressão e de contracção”. Eu cito o Luís Sabino porque se eu simplesmente disser o mesmo que ele disse (algo que já fiz muitas vezes no passado)

casa ela só é montada por uma senhora. Que interessante não é? Nos últimos Jogos Olímpicos, na categoria de Dressage por equipas (equipas de três), dos nove vencedores de medalhas no pódio, sete eram mulheres e os outros dois que não eram mulheres eram gays. Que inte-

ninguém me vai levar a sério porque sou mulher, estrangeira e “alternativa”. Outro cavaleiro de obstáculos de alto nível que tem alguns problemas com a sua muito talentosa mas também muito temperamental égua disse-me recentemente que ela está muito mais calma desde que ele passou a montá-la apenas nas competições enquanto que em

ressante… Será possível que o machismo egocêntrico e a práctica de dominação não consigam obter os melhores resultados dos cavalos? Atenção, eu não sou antihomens, por isso por favor não interpretem as minhas palavras dessa forma. Eu só desejava que esses homens, e as poucas mulheres que tentam imitálos, cujos egos os compelem a

praticar a dominação de cavalos em vez de aprenderem a construir relações com eles, reconsiderassem as suas estratégias. Os cavalos são sensíveis a pessoas, lugares, mudanças e coisas. A evolução programouos para se assustarem e possivelmente fugirem quando encontram algo que não reconhecem e que percepcionam como sendo potencialmente perigoso. Quando um cavalo vê algo novo ou assustador inicia, por natureza, uma Sequência de Comportamentos de Investigação. Esta é a forma natural dos cavalos aprenderem sobre o seu meio e tudo o que se encontra nele. Primeiro olham e dirigem as orelhas, levantam a cabeça e pescoço e abrandam e/ou param. Decidem se irão fugir ou se irão aproximar-se e investigar o objecto. Se estão curiosos e se aproximarem, é porque querem utilizar o seu olfato e esticam a cabeça para baixo e na direcção do objecto para o cheirarem. Depois, podem tocar-lhe com o focinho ou, se estiverem muito confiantes, com os cascos. Quando esta SCI não é permitida, é interrompida ou é forçada, é onde muitos problemas no treino de um cavalo se originam. A curiosidade é essencial para termos um cavalo que é um aprendiz confiante. Alguns cavalos que são particularmente cépticos podem levar muito tempo até decidirem que algo é aceitável ou bom.


EQUITAÇÃO NATURAL

Não é sempre claro para nós o porquê de um cavalo estar alarmado com um objecto ou ter medo de se aproximar deste, mas devemos simplesmente respeitar o facto de que ele não se sente seguro e não tentar dominá-lo ou forçá-lo a aceitar algo que o faz sentir inseguro. Se ele for forçado e/ou castigado para ir para o objecto (por exemplo um obstáculo, um canto escuro da arena ou o atrelado) ele irá então associar esse objecto com o abuso que sofreu. Se ele tentar fugir do objecto assustador e for impedido à força de o fazer, por meio de equipamentos restrictivos ou outros, ou for castigado, a dor que ele sofre é a confirmação de que tinha razão em estar céptico sobre isso. Uma vez que as ajudas fortes/a dor na sua boca/a sova que leva param depois de ele terminar de fugir, acabámos

de lhe ensinar que fugir era a resposta certa, pois os cavalos aprendem quando paramos de lhes dar ajudas – “A pressão motiva mas é o largar que ensina”. Devido a esse Stressor (factor de stress) criámos um Medo Condicionado, o qual é muito mais difícil de ultrapassar

do que o cepticismo inicial do cavalo quanto ao objecto. Dar ao cavalo o tempo que ele necessita no início do seu treino pode parecer demasiado tempo, mas se honrarmos essa necessidade o seu treino posterior decorrerá muito melhor e mais rapidamente.

Os Humanos conseguem Generalizar mais facilmente do que os cavalos, que levam mais tempo a adquirir uma capacidade. Se soubermos como é que um tipo de obstáculo se parece numa arena coberta, imediatamente reconhecemos esse mesmo tipo de obstáculo numa arena ao ar livre. Os cavalos levam muito mais tempo a Generalizar, porque agora esse obstáculo que conheciam é de uma cor diferente, está num sítio diferente e, para eles, agora é significativamente diferente – tão diferente que pode nem ser o mesmo que conheciam. Esta é uma das razões pelas quais os cavaleiros de obstáculos têm tantas dificuldades com os obstáculos de vala de água. Este obstáculo geralmente só é introduzido em aulas de nível mais elevado, e os cavaleiros Generalizam


que os seus cavalos sabem como saltar e portanto este é só mais um salto e não deve ser problemático. Os cavalos frequentemente não vêem o caso da mesma forma e por esse motivo já houve muito bons cavalos a serem dados/vendidos apenas porque a sua SCI em relação a esse obstáculo não foi honrada, e os seus cavaleiros tentaram forçá-los e assim criaram um Medo Condicionado que se tornou insuperável. Montar um cavalo em Rollkur ou com rédeas alemãs impede que estes possam realizar a sua SCI. As rédeas alemãs, especialmente da forma que são mais frequentemente usadas, não permitem facilmente o alívio ou término da pressão, o qual permite ao cavalo entender que fez o que queríamos que ele fizesse. O que os cavalos conseguem ver quando as suas cabeças estão nesta posição é drasticamente alterado – razão pela qual as pessoas o fazem, para que eles praticamente não consigam ver o que os assusta. Isto não resolve o problema do cavalo não ter confiança, simplesmente o ignora, prejudicando o cavalo física e psicologicamente. Vezes e vezes sem conta tenho visto cavaleiros aparentemente “bons” (ou seja, pessoas fisicamente aptas que se sentam com um bom equilíbrio no dorso do cavalo) a usar os seus corpos como armas para intimidar e subjugar os cavalos, dominando-os frequentemente com recurso a equipamentos restritivos e recorrendo a castigos com o stick ou as esporas quando o cavalo se recusa a fazer algo. Os cavalos não entendem o conceito de castigo, apenas entendem que estão a ser maltratados e associam esses maus-tratos a essa pessoa ou à circunstância em que se encontram (o que leva a mais Medos Condicionados). Alguns cavalos desligam-se mentalmente e simplesmente “vão com a maré” nos exercícios que lhes são pedidos sem qual68

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Foto: Jeffery Wright

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quer entusiasmo. Alguns têm esgotamentos nervosos. Conheço um cavalo warmblood que entrava num torpor catatónico se o começássemos a pressionar para fazer algo novo, derivado da SCI lhe ter sido completamente proibida. Um cavalo jovem de dressage foi dado porque só o facto de leválo para a arena causava-lhe suores e tremores de medo, ficando completamente incapaz de fazer fosse o que fosse devido à quantidade de pressão a que tinha sido sujeito durante o seu treino. O cavalo comum revolta-se e recusa-se tão violentamente que dá cangochas, empina-se, foge, morde, escoiceia ou faz uma qualquer combinação das anteriores de forma a protestar contra a forma como está a ser tratado. Estes cavalos são rapidamente rotulados de maus e/ou não treináveis e frequentemente passam pelas mãos de vários treinadores profissionais na esperança de que consigam ser subjugados. Ironicamente, estes cavalos teriam sido dos melhores e mais talentosos cavalos se a sua natureza inata tivesse sido honrada e respeitada no início do seu treino. Portanto, o que é que podemos fazer quanto a isto? Bom,

tal como o racismo, a homofobia ou a violência doméstica, o treino abusivo de cavalos deve ser classificado como socialmente inaceitável para que uma mudança ocorra. Conhecimentos de Psicologia Equina devem estar no plano de estudos de toda e qualquer escola de equitação, não apenas conhecimentos de como controlar fisicamente um cavalo usando equipamento restritivo ou causador de dor. Os cavaleiros têm de entender como é que os cavalos pensam e como suprir as suas necessidades básicas, não só fisiológicas (como alimentação e exercício) mas também as necessidades mentais e psicológicas (como interação social e liberdade de movimentos). Citando Luís Sabino novamente “Nós sofremos hoje em dia, pelo mundo todo, de um problema que é a competitividade e os resultados imediatos; E o mundo do Cavalo tem sofrido muito com isso, e não se coaduna com os resultados imediatos.” – e isto vindo de um dos nossos competidores de topo! Construir uma relação de confiança e lealdade com um cavalo leva tempo. Os conhecimentos técnicos, a empatia e um bom sentido de observação por parte do cavaleiro pode encurtar esse período de

tempo, mas em última análise é o cavalo que deve defini-lo, e cada cavalo, tal como cada criança, é diferente. Todas as pessoas que estão de alguma forma ligadas ao meio equestre podem ajudar. Martin Luther King disse “O que nos irá magoar mais não serão as palavras dos nossos inimigos mas sim o silêncio dos nossos amigos”. Seja amigo do cavalo. Todos podemos ter um papel na luta contra o treino abusivo de cavalos ao agirmos e nos pronunciarmos contra esses abusos quando os presenciamos. Não tenha lições com um monitor que monta o seu cavalo em Rollkur ou com rédeas alemãs que o obrigam a ter o focinho colado ao peito enquanto o nariz de quem o monta está bem empinado para o ar, faça uma vaia aos cavaleiros que repetidamente batem nos seus cavalos quando estes se recusam a saltar um obstáculo, faça um comentário negativo na foto do Facebook de alguém que exiba o seu cavalo completamente atado ao ponto de se parecer com uma galinha pronta a ir ao forno. Eu sei que tudo isto é muito pouco “Português”, mas por favor façao para aliviar o sofrimento dos cavalos. n

Janet Hakeney, presidente da Associação Portuguesa de Equitação Natural Tradução: Patrícia Baptista

Email: equitacaonatural@gmail.com Website: www.enportugal.org/ Facebook: www.facebook.com/ENPortugal


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CRÓNICA

DE AZIAR, AO MURRO E AO PONTAPÉ! FINALMENTE SENTADA NA AREIA, ESTICO O MEU OLHAR QUASE ATÉ MARROCOS! OLHO A IMENSIDÃO DESTE MAR AZUL E SERENO, QUE LENTAMENTE COMO SE FOSSE EM CÂMARA LENTA, FAZ DESENROLAR AS SUAS ONDAS COM UMA PEQUENINA ORLA BRANCA, NO AREAL MOLHADO. água quente, a 24°C, convida-nos a uns belos garupa para nos acertar. Gritei-lhe: Ai! Ai! – mas de mergulhos. Depois de lá ter estado quase uma imediato percebi que com gritos e maus tratos não iria hora, sentei-me completamente molhada na conseguir nada. Então mudei de técnica com calma e areia seca e quente! Adoro sentir-me “um croquete”. serenidade consegui à terceira vez injectar o cavalo. De relance vejo o Eduardo sentado a meu lado numa - Já está? – perguntou o dono incrédulo! bela cadeira, a ler o seu livro! Consegue alhear-se do - Já – respondi. E sem conseguir esconder a minha Rita mundo real quando lê. Passa realmente a outro mundo. curiosidade sobre o porquê da atitude daquele cavalo, Gorjão Clara Os meus olhos voltam-se de novo para a beira-mar. acabei por lhe perguntar: Lá em baixo os mocinhos brincam e correm em - O que se passou com o Átilas para ter tanto receio extrema alegria. das injecções? Um berro, um som de estalo bem dado seguidos de um choro Um pouquinho envergonhado, explicou-me que o cavalo tinha fazem-me desviar a atenção para a “palhota” atrás de mim. sido castrado por outro veterinário e que para lhe dar as injecções Uma mãe exasperada grita com o filho que chora de antibiótico após a castração, o veterinário teria chegado a atar copiosamente. Com certeza já nem se conseguem ouvir um ao a corda do cabeção à cintura, e enquanto segurava no aziar à outro, pois os gritos que cada um dá deixam-nos orelha, dava-lhe pontapés com toda a força que conseguia no completamente surdos para se ouvirem. abdómen. Tentava assim submeter o cavalo ao tratamento, tendo Sem me querer intrometer, deixo-me no entanto levar pela este no final tornado-se mesmo impossível de realizar! cena. Pelo que percebo a Mãe tenta pela força e pela Fiquei esclarecida! Durante seis dias, fui ajudá-lo a dar as “brutalidade” do castigo fazer com que a criança tome um injecções. No segundo dia, o dito dono achava os meus medicamento. É só um xarope mas parece, para aquele menino métodos fabulosos. Nunca imaginou que eu conseguiria dar as que uma colher de xarope é tão mau como levar uma injecção. injecções assim sem luta nem “brutalidades”. Rapidamente o meu cérebro ultrapassa a cena que se desenrola Conforme os dias se foram passando, também as minhas à frente dos meus olhos e dá um salto para alguns dias atrás. técnicas se foram adaptando às reacções do cavalo. Ao terceiro Um pouco depois das 09h00 da manhã recebi uma chamada do dia no entanto o dono já se tinha esquecido de como tinha Pai de uma antiga colega da Carminho para ir ver o seu cavalo. sido impossível acabar o outro tratamento sem pontapés nem Pelo telefone explicou-me que o seu Átilas apresentava uma aziar. Como comigo as injecções passaram a ser fáceis, já não ferida enorme numa ranilha. Essa lesão já tinha aparecido há uns eram valorizadas como nos dois primeiros dias, era só mais dias, mas depois das chuvas intensas que as trovoadas dos últimos uma injecção. No fundo era verdade, era só mais uma injecção dias, tinham feito cair, a ferida era neste momento exuberante. num cavalo que não se deixava tratar por outros até começar a Combinei que iria lá ver o cavalo nesse dia à tarde. ser tratado por mim. Como combinado, um pouco antes do sol se pôr lá estava eu Meus caros leitores lembrem-se, que embora em Portugal a ver o nosso Átilas. Rapidamente fiz o diagnóstico. Após o ainda não haja especialidades veterinárias, há veterinários que diagnóstico feito passei uma receita para o seu dono ir buscar sabem mais de cavalos do que outros. Não quer dizer que os os medicamentos necessários. Expliquei-lhe como deviam ser outros não sejam bons veterinários, podem só não ser bons a administrados e perguntei-lhe se saberia e conseguiria dar lidar com cavalos e isso pode fazer toda a diferença. injecções intramusculares. Calculo que o Átilas não tenha necessitado de mais injecções Um pouco atrapalhado, respondeu-me que sim, que sabia, mas porque até hoje não soube mais nada dele, ou então percebeu que que o cavalo era muito desconfiado com as injecções. Sem me as injecções não lhe fazem mal e começou a deixar-se tratar. explicar mais nada (dizendo só que o cavalo era um bocadinho Em relação ao mocinho da “palhota” atrás de nós, acabou desconfiado) pediu-me para eu lá ir ajudá-lo, pelo menos na 1.ª vez. também por ser o Pai que com paciência e carinho lhe Assim foi quando lá cheguei para o ajudar, aproximei-me, como explicou que tinha de tomar o xarope senão nunca mais me sempre aproximo de um cavalo ao qual vou fazer algum acto curava a constipação! Deixo-vos esta história, pois o mar ali em baixo espera por médico, serena e confiante… mas assim que lhe espetei a agulha mim! Boas férias e bons mergulhos! o cavalo empinou-se e tentou acertar-nos com as mãos, abanando E lembrem-se pode não haver maus veterinários, muitos podem o pescoço de tal forma que fez voar a 1.ª agulha. Tentei uma é não saber lidar com cavalos, sobretudo os difíceis! segunda vez, outra agulha que voou e desta vez tentou virar a

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CRÓNICA

O CAVALO MEDROSO EMOÇÕES SÃO ACÇÕES BASEADAS EM IDEIAS; O MEDO É UMA EMOÇÃO GERADA PELA AMÍGDALA DO CÉREBRO (HOMÓNIMA DAS QUE TEMOS NA GARGANTA MAS SEM NADA COM ELAS TER A VER). seu ponto de confiança que ele sabe não o deixar s emoções funcionam quando as imagens correr perigos. E nunca desmerecer a confiança que o processadas no cérebro colocam em acção cavalo deposita no seu cavaleiro. uma série de regiões cerebrais como, por O meu conhecimento empírico diz-me que mão que exemplo, a já citada amígdala em relação ao medo. puxa para trás induz o medo ao cavalo, a mão quieta é Assim que a amígdala é activada por um estímulo tranquilizadora e qualquer movimento da mão de externo (imagem ou barulho, p. ex.), seguem-se Henrique determinadas consequências tais como as glândulas Salles da Fonseca quem monte um cavalo medroso deve sempre ser para cima, na vertical do garrote. endócrinas e núcleos subcorticais segregarem De um modo geral, a carícia é tranquilizadora mas o moléculas químicas que são enviadas tanto para o afago do sobrolho é quase miraculoso. Deixe-se o cavalo cérebro como para o corpo (p. ex., o cortisol no caso do perder o medo ao ver de lado, só com um olho; repita-se medo), certas acções são levadas a cabo (p. ex. fugir ou simetricamente. Finalmente, deixe-se o cavalo olhar de frente contrair os intestinos) e assumem-se determinadas expressões permitindo-lhe mesmo cheirar o «perigo». Rezar com muita fé no âmbito da chamada linguagem corporal (orelhas espetadas para que a causa do medo não se mexa entretanto. A mais para a frente antes da fuga em sentido oposto ou viradas para pequena contracção das pernas ou do assiette do cavaleiro trás durante a fuga). transmitirão desconfiança. Se eu fosse veterinário haveria de me dedicar ao estudo Finalmente, para dizer que o cavalo medroso agradece que o desta questão mas como não sou (nem tenho um mínimo de cavaleiro o mantenha ligeiramente mais «entalado entre a conhecimentos científicos que me permitam pensar perna e a mão» do que o cavalo de bem com o mundo que o autonomamente sobre estas matérias), limito-me a deixar aqui rodeia. a sugestão de estudo a quem esteja devidamente habilitado. Entretanto, enquanto não há uma abordagem clínica, que BIBLIOGRAFIA: fazer com o cavalo medroso? O LIVRO DA CONSCIÊNCIA, António Damásio, ed. Há vários procedimentos cumulativos a seguir mas o castigo Círculo de Leitores, 1ª edição, Setembro de 2010, pág. 142 e seg. tem de ser de uma exclusão total. O cavalo tem que ter uma confiança ilimitada no seu cavaleiro, não tem que o temer ainda mais do que o estímulo externo que lhe mete medo (isso é para os clérigos muçulmanos que têm que temer mais a ira do ditador do que a ira divina). Convencer em vez de vencer. O convencimento deve ser uma norma permanente do ensino. Se o cavalo tem medo de alguma coisa, o cavaleiro deve ser o

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NOTA SEMÂNTICA O meu texto anterior, que se relacionava com o cavalo reactivo, mereceu um simpático e muito útil comentário do Senhor Dr. António Lino Neto que se traduziu na fotocópia da página 891 do «Petit Larousse», edição de 1954, da qual transcrevo o que interessa:

“RÉTIF, IVE adj. (du lat. restare, rester debout). Qui s’arrête ou recule au lieu d’avancer: cheval rétif. Fig. Difficile à conduire, à persuader: caractère, esprit rétif. ANT. Docile, maniable” Aqui deixo um afectuoso agradecimento ao Senhor Dr. Lino Neto.

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TRIBUNA DE HONRA

O HENRIQUE SOARES CRUZ DEIXOU NOS MUITO RECENTEMENTE, SEM AVISAR NINGUÉM, O HENRIQUE SOARES CRUZ. MANTIVEMOS UMA AMIZADE DE ANOS, COM ALGUMAS PEQUENAS E PONTUAIS DIVERGÊNCIAS, NUNCA ESSENCIAIS, DE MINHA EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE E TEIMOSIA, MAS SEMPRE COM O MAIOR RESPEITO PELA LIBERDADE DO OUTRO. liás como ilustre parlamentar eleito, soube sempre defender os princípios que com rigor defendia, no seu CDS, o seu valor e mérito pessoal, foi sendo reconhecido, levando-o a lugares de maior destaque. Conheci-o num Raid Hípico, em Santarém, no seu Ribatejo, da alma, através de D. Luís Almada. Todos o conheciam e chamavam por Chamusca. Envolveu-se de corpo e alma, em inúmeros Raides Hípicos, com enorme competência e sucesso reconhecido, como organizações de excelência superior. Tratava com cuidado e requinte, todos os pormenores, sabendo gerir as equipas de que se rodeava, com uma eloquente gestão, com enorme rigor, e superior competência. Destaco no sonho que concretizou o Raid Hípico Madrid Lisboa, de 1987,os dois anteriores datavam de 1956, e 1959, promoveu inúmeras reuniões, e contactos, arranjou patrocinadores, deslocou-se de mapa na mão, e bússola na outra à procura de canhadas reais, e do percurso das provas anteriores, foi um árduo trabalho, que aqui e ali se socorreu dos amigos que tinha, para concretizar o que a muitos parecia uma missão impossível. Tudo foi feito, como dizia, sem pressas, mas sem pausas. O seu esforço foi recompensado, pois o sucesso desta Prova, que saiu de Madrid, e chegou a Lisboa, ao Jokey, teve um eco em todo o Mundo Equestre, e a Tabaqueira, que foi o principal sponsor, disponibilizou-se, de imediato, para no ano seguinte, se realizar o Raid de volta, o

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João Bagulho

Lisboa Madrid. Contudo a peste equina, que começou em Espanha, e rapidamente nos atingiu, com medidas de rigor para evitar mais mortes, com vacinações maciças, em Portugal e Espanha, e

com restrições de deslocações, concentrações, e transporte de cavalos, inviabilizou o sucesso garantido deste segundo Raid, que ficou assim infelizmente adiado sine die. Organizou e planeou, a participação de uma equipa de cavaleiros portugueses de resistência Equestre no primeiro Campeonato do Mundo, de 1988,na distância de 160 Kms num dia e realizado em Front Royal, Estados Unidos da América.

Com inúmeras dificuldades logísticas, pois os cavalos, tinham que ser alugados, tudo foi feito, com a sua nota pessoal, a competência, e como era apanágio dizer, quem não tem competência não se estabelece. Foi com sucesso e muito trabalho, e com o apoio imprescindível do então Presidente da FEP, o Dr. Jorge Avillez, que esse objectivo foi conseguido, e superado. A nossa representação, dignificou o País, e a nossa resistência Equestre, para sempre. Conseguiu ainda realizar, como presidente da APRE, e em Lisboa, no Hotel Tivoli, a Conferência anual da Eldric, que nessa época representava e regulamentava a disciplina de Resistência Equestre, a nível Mundial. Estiveram representados todos os Países membros, incluindo os Estados Unidos e a FEI fez-se representar, através de um dos seus Vice-presidentes, o italiano Dr. Santi. Esta Assembleia-Geral foi decisiva para a definitiva entrada da Resistência Equestre, como disciplina da FEI. Esta importante decisão contou com a ajuda imprescindível, do enorme prestígio e contribuição do Eng. José Canelas, como interlocutor privilegiado, na FEI. Um dos momentos principais, desta Assembleia foi a apresentação de um minucioso trabalho de investigação veterinária, orientado por um reconhecido veterinário canadiano, sobre a acumulação do ácido láctico, ao longo da competição, de 160 Kms, cujas colheitas, de sangue e urina e outros dados tinham sido efectuadas no Campeonato do Mundo em Front Royal, de 1988, onde Portugal esteve re-


TRIBUNA DE HONRA

presentado com uma equipa. No segundo dia a organização deslocou os congressistas a Évora, cidade Museu, onde se realizou um Campeonato Nacional de Resistência Equestre, tendo sido tudo observado, e acompanhado, com grande admiração dos visitantes, que teceram os maiores elogios à competência deste nosso Campeonato. Foi uma organização excelente e como sempre com a assinatura do principal responsável, o Dr. Soares Cruz. Só anos mais tarde, a FEI, absorveu a disciplina que assim passou a tutelar. Fez parte da primeira Associação Portuguesa de Resistência Equestre, a APRE, onde também foi eleito Presidente, sucedendo a D. Luís Almada, cargo que desempenhou até ter sido convidado para desempenhar o cargo de Vicepresidente da Federação Equestre Portuguesa, na disciplina de Resistência Equestre. Foi juiz internacional FEI, de Resistência Equestre, e dos primeiros, bem como veterinário prestigiado. Chefiou uma comissão, composta por cavaleiros, organizações, juízes e veterinários, que estudou analisou e adaptou o Regulamento Nacional de Resistência Equestre da FEP, às normas e regulamentos da FEI, adequados à realidade Portuguesa. Julgou inúmeras provas desta disciplina, uma das quais em 1989, o Raid Hípico Delta Cafés, que teve um enorme prestígio nacional e internacional, a maior revista espanhola, afirmava, grande prova, com uma organização que superou o Campeonato do Mundo, de Front Royal, de 1988. Foi então reconhecida a sua competência, para o desempenho do cargo de Secretário Geral, da FEP, função que em minha opinião desempenhou com nenhum outro, prestigiando a nível internacional e nacional, todo o Desporto Equestre. Neste período desenvolve a formação de quadros, com os primeiros cursos

realizados em Mafra, de componente teórica e prática, credenciando atletas e formadores. Na aposta da FEP, na gestão da Presidência do Dr. Jorge Arnoso, em participar com uma equipa, na disciplina de CCE, nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, desempenhou um papel crucial, na ligação e apoio permanente aos cavaleiros desta disciplina, que em Inglaterra, fizeram a sua preparação. Seguramente sem esse apoio, muito dificilmente teriam conseguido o objectivo final, e alcançado uma honrosa participação, dessa nossa equipa. A sua passagem como Secretário Geral da Sociedade Hípica Portuguesa, o Jokey, deixou também a marca da sua qualidade de prestígio na gestão e de competência, reconhecida, num dos maiores e mais credenciados Clubes Portugueses. Foi sempre o primeiro a defender os seus amigos e quando o João António Moura, quis homenagear o seu irmão Benito, que num acidente de viação tão cedo nos deixou, organizando um Raid em Monforte, com o seu nome, moveu tudo e todos nessa justíssima homenagem. O enorme prestígio desta prova, que se realiza anualmente, levou dirigentes irresponsáveis, a apresentarem queixa em tri-

bunal, procurando que a liberdade de ser diferente, não permitisse organizar esta justa homenagem. Recordo bem o que aconteceu momentos antes da partida, com as forças de segurança, num diálogo de surdos, com os provocadores, em que valeu a sua experiência de político de enfrentar as forças comunistas na Assembleia da República, para evitar que no terreno que queriam pisar levassem uma merecida surra, de quem só queria voltar a homenagear esse grande raidista, o Benito. A prova realizou-se com grande sucesso desportivo, e com muitos participantes e público, nos dois dias de competição. Embora com tudo isto, e esta "Cambada", de gente sem escrúpulos, recorreu através da Federação, e da “Animal”, para os tribunais, contra tudo e contra todos, mas num estado de direito, a razão e a verdade terminaram por se afirmar, sem que deixassem de incomodar neste vergonhoso processo o João Moura, o Dr. Soares Cruz, e mais alguns amigos. Recordo-me do que referia “tenho a consciência tranquila, por isso é para o lado onde durmo melhor”. E acrescentava nunca devemos menosprezar os adversários, nem dar o ouro aos bandidos.

Perspectivou a Revista Equitação, em 1998, organizar um Raid Hípico, que saindo de Sevilha, Exposição Mundial de 1992, ligasse com essa prova as duas cidades - Sevilha a Lisboa, por ocasião da Expo’98. Reunimo-nos em Santarém, onde dava aulas na Escola Superior Agrária, como prestigiado professor e director, e desde logo se disponibilizou a ajudar em tudo o que necessitássemos. A prova não se realizou, pois os apoios financeiros não foram os necessários para atingir os objectivos pretendidos. Tirou o curso de regente agrícola, o de médico veterinário, e ainda anos mais tarde o de direito, demonstrando também aqui as suas capacidades. n

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EVENTOS

"OS CAVALOS" DE MANUEL AMADO O RECONHECIDO AUTOR APRESENTA EM OUTUBRO 22 INÉDITOS RECENTES EM ÓLEO SOBRE TELA NO MUSEU DO ORIENTE, COM UM TEMA ORIGINAL NO SEU PERCURSO. endo um dos nomes mais significativos da pintura contemporânea portuguesa, caracterizado pela geometria e serenidade dos espaços, Manuel Amado distancia-se agora do estilo a que habituou o público, com a inesperada introdução de elementos vivos nas suas obras. "Os cavalos" são a colecção que tem preparada para o próximo Outono, onde assume a procura da essência destes animais: "Nas minhas pinturas interessa-me reparar no espírito dos cavalos que se adaptaram ao mundo dos homens, talvez de um modo semelhante ao do escravo ao mundo dos seus dominadores, o que até pode implicar amizade e alguma lealdade a par de uma colaboração altiva e digna", refere o pintor. Para este trabalho, Manuel Amado afirma que o livro "Cavalo Lusitano, o filho do vento", do Arq. Arsénio Raposo Cordeiro "foi um importante incentivo para o imaginário subjacente a estas obras". No cátalogo da exposição, o ex-Ministro da Cultura José Sasportes escreve: "(...) a verdade é que não se trata de cavalos de um qualquer picadeiro, mas de telas em que os animais se revestem de uma auréola mitológica, como os que se encontram, creio, nos estábulos celestes de Zéus, ao lado de Pégaso, de Bucéfalo, dos quatro cavalos da Piazza San Marco, dos cavalos lusitanos dos mosaicos romanos, do unicórnio, do cavalo de Marco Aurélio e do cavalo de Tróia. Na realidade, estes cavalos não habitam numa cocheira mas no atelier do pintor, estão presos às telas, como bem documenta a última imagem deste catalogo, mas nem por isso se mostram menos irrequietos. São

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uma novidade na obra do artista e circulam em espaços que nós conhecemos de outros quadros, mas eles não. Manuel Amado habituara-nos a interiores de uma geometria cómoda, a estações ferroviárias desertas, a paisagens ora luminosas ora inquietantes incontaminadas por qualquer presença. Dir-seia, e disse-se, uma “pintura metafísica”, ao arrepio das práticas pictóricas da cidade. Um sobressalto nos deram as telas teatrais, com cenas representadas por manequins/silhuetas, mas ainda aí não havia humanos no palco ou nos bastidores, nem latejava sangue. Agora eis-nos perante uma explosão com a presença de seres vivos, não ainda humanos, mas cavalos quase sempre solitários,

à imagem da posição singular de Manuel Amado no nosso panorama artístico." Manuel Amado nasceu em 1938, é natural de Lisboa e iniciou o percurso no final dos anos 50. Formou-se como arquitecto e tem hoje um longo currículo firmado com inúmeras obras presentes em diversas colecções públicas e privadas, como são exemplo a Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação das Descobertas (Centro Cultural de Belém), Fundação Millennium BCP, Fundação Oriente, Fundação EDP, Fundação Portugal Telecom, Fundação Cupertino de Miranda, Casa Museu Fernando Pessoa, Fundação Berardo, ou no estrangeiro a Fundação Jacqueline

Vodoz e Bruno Danese (Itália), Fundação António Perez Museu de Arte Contemporânea (Espanha). A exposição "Os Cavalos" é inaugurada a 15 de Outubro (quarta-feira) pelas 18h30 e estará patente no Museu do Oriente até 16 de Novembro. n

Cátia Mogo

HORÁRIOS Terça-feira a domingo: 10.00-18.00 (encerra à Segunda-feira) Sexta-feira: 10.00-22.00 (entrada gratuita das 18.00 às 22.00) Avenida Brasília, Doca de Alcântara (Norte), Lisboa Telefone: 213 585 200 info@foriente.pt | www.museudooriente.pt



REPORTAGEM

CARREIRA PROFISSIONAL O FUTURO É EM SERPA AS MATRÍCULAS PARA O PRÓXIMO ANO LECTIVO JÁ ESTÃO ABERTAS NA ESCOLA PROFISSIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL DE SERPA (EPDRS) E O CURSO TÉCNICO DE GESTÃO EQUINA É UMA DAS OPÇÕES PARA OS NOVOS ALUNOS. hegados ao final do ensino básico, por esta altura muitos são os que têm dúvidas sobre o caminho a seguir para o futuro. A EQUITAÇÃO foi à Herdade da Bemposta conhecer a Escola de Serpa, que actualmente oferece três cursos profissionais ligados às áreas de actividade económica que a região do baixo Alentejo desenvolve. O lema desta instituição de ensino é "aprender fazendo" e permite aos jovens tornarem-se profissionais qualificados, preparados para entrar no mercado de trabalho. Na oferta formativa da EPDRS está o curso Técnico de Produção Agrária, Técnico de Processamento e de Controlo Alimentar e ainda o Técnico

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de Gestão Equina (TGE), que aqui destacamos. Tal como os restantes cursos da escola, TGE tem duração de três anos, dá equivalência ao 12.º ano e forma profissionais de qualificação grau 4. O plano de estudos inclui a componente de formação sociocultural (português, língua estrangeira, área de integração, educação física, tecnologia de informação e comunicação), a formação científica (matemática, biologia e química) e também a formação técnica (equitação, hipologia e sanidade, contabilidade e agricultura, gestão de espaços e eventos hípicos e formação em contexto de trabalho). As aulas práticas são parte integrante e fundamental do

curso, pretendendo-se que os alunos sejam capazes de praticar várias disciplinas equestres, assim como ensinar e preparar cavalos para a competição, em especial em Dressage, Saltos de Obstáculos e CCE. A directora do curso, Ana Cristina Carvalho, afirma que no final dos estudos os jovens são profissionais "polivalentes, podendo dar apoio no maneio e gestão de coudelarias, na orientação pedagógica e didáctica, assim como em qualquer organização de provas equestres, tendo ainda toda a prática das disciplinas olímpicas". Apesar de ser aconselhado e desejável, para entrar no curso não é obrigatório ter cavalo e muito menos é preciso ter experiência na equitação. Basta

Professor Bento Castelhano é um dos responsáveis pela disciplina de Ensino 76

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gostar e ter muita vontade aprender tudo o que está relacionado com o meio equestre. Nas aulas, a boa disposição é frequente e muito incentivada pelos professores, que estabelecem com os alunos laços de amizade. Na opinião de Frederico Froufe Serra, professor de Saltos de Obstáculos e CCE, "se for uma coisa muito séria, chata ou monótona, acaba por não entrar ou ser um frete. Com boa disposição é tudo muito mais fácil para todos!". Por estratégia educativa da escola, as aulas práticas assim como algumas teóricas, são partilhadas por dois professores, o que permite dar uma atenção mais personalizada aos alunos. Deste modo, Lourenço Machado par-


REPORTAGEM

Frederico Froufe Serra e Lourenço Machado leccionam as disciplinas de Saltos de Obstáculos e CCE

Ana Cristina Carvalho Directora do curso TGE

Aula de CCE Percurso de Cross

Luís Barradas Director EPDRS

tilha o ensino dos obstáculos e do cross com Frederico Froufe Serra, enquanto que Bento Castelhano e Maria Caixeiro são os responsáveis pela Dressage. "Procuramos encaminhar a vocação de cada um, da melhor maneira. O ensino está muito relacionado com a colocação em sela, no 1.º ano, para a posição de estribos compridos, mas beneficiamos muito do desembaraço criado na posição de estribos curtos das aulas de obstáculos. O objectivo é chegar ao ensino elementar", explica o professor Bento Castelhano. A escola conta com dois picadeiros exteriores e ainda um centro hípico de três estrelas com criação, onde os alunos podem ter os cavalos e participar em diversas provas. Quanto ao curso de TGE, que abriu pela primeira vez em 2010, teve no último ano lectivo 40 alunos (do total de 170 da escola), e já tem 13 estudantes do 2.º ano aprovados no exame final da formação específica para Treinadores de Grau I de Equitação Geral, em cumprimento do protocolo com a Federação Equestre e com o Instituto Português de Desporto e da Juventude. O interesse nos cursos profissionais agrícolas tem vindo a aumentar e, segundo o director da escola, o Eng. Luís Barradas, "os dois últimos anos foram de mudança de paradigma no que diz respeito à procura dos cursos. A EPDRS tem tido uma procura muito grande pois os jovens estão de novo a olhar para a agricultura como algo que interessa do ponto de vista do futuro profissional". Para os interessados em inscrever-se na Escola de Serpa, a distância não é um problema, pois o regime de internato é também uma opção disponibilizada aos alunos. Para mais informações e matrículas aceda à página www.epdrs.pt CM n

Professora Maria Caixeiro é também responsável pela disciplina de Ensino REVISTA EQUITAÇÃO

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INÊS VALENÇA CÂNCIO ESTEVE EM AREZZO A Jovem Cavaleira foi a única representante lusa no Campeonato da Europa de Dressage que se realizou em Itália a meio de Julho e, com o PSL Xeque-Mate, fez 65,974% (39.º) na primeira prova e 62,026% (60.º) na segunda, não conseguindo a passagem à última das três classes. Este foi o primeiro Campeonato de Jovens Cavaleiros realizado por Inês Valença Câncio, que é ainda a actual Campeã Nacional de Juniores. Inês foi a mais jovem no seu escalão e trouxe inúmeras críticas positivas da parte dos juízes à sua prestação.

Estiveram melhor neste Europeu os cavaleiros alemães e holandeses, com os pódios de equipas de Juniores e de Jovens Cavaleiros a ficar ordenados da mesma forma: A Alemanha ganhou o ouro, a Holanda a prata e a Dinamarca o bronze. Já individualmente, em Juniores, sagrou-se campeã AnnaChristina Abbelen/Fuerst on Tour (ALE), com Alexandra Gamlemshaug Andressen/Belamour (NOR) a ocupar o lugar da prata e Rosalie Bos/Bolita (HOL) a ficar com o bronze. No Campeonato Freestyle, os pódios de Juniores repetiram-se.

Em Jovens Cavaleiros o ouro foi entregue a Anne Meulendijks/President's MDH Avanti (HOL), a prata a Lisa-Maria Klossinger/FBW Daktari (ALE) e o bronze a Sonke Rothenberger/Cosmo

(ALE), que foi substituída no pódio Freestyle por Jorinde Verwimp/Tiano (BEL). Marcaram presença em Arezzo cavaleiros de 24 nações. n

PORTUGAL DESILUDE EM ITÁLIA Dos cinco binómios lusos presentes em Verona para o Europeu de Raides de Juniores e Jovens Cavaleiros, apenas dois conseguiram finalizar os 124 km da prova. Joana Vieira Lopes/Zeus do Inquisidor foi 26.ª e Maria Duque Fonseca/Baeta foi 27.ª. Por Portugal estiveram ainda Maria do Carmo Cruz/Xerri do Belmonte, Rodrigo Picão Abreu/Spirit e o irmão Gonçalo Picão Abreu/Zorro de Alcântara. Por equipas Portugal não se qualificou, com Espanha a sagrar-se Campeã da Europa, partilhando o pódio com a Bélgica

(2.ª) e a Itália (3.ª). A título individual também foi o país vizinho que dominou, ao arrecadar duas das três medalhas em jogo. Gil Berenguer Carrera/Nina Bin Menfis (ESP) levou o ouro, com um tempo de 05h49m40s, a uma média de 21,277km/h, Nina Lissarrague/Ainhoa Catharissime (ITA) ficou com a prata (05h52m09s - 21,127km/h) e Paula Muntala Sancez/Shagya Irisz (ESP) arrecadou o bronze (05h53m40s 21,037km/h). O campeonato teve em prova 57 cavaleiros de 16 nações. n

MARIA VOZONE EM ALTA

A cavaleira lusa residente em França tem vindo a conquistar uma série de bons resultados em provas nacionais e internacionais, com diversas montadas. No Grande Prémio do CSI1* de Canteleu, a 1,40m, Maria Vozone entrou com HHS Mastermind e fez tocar o hino nacional, com dois percursos limpos em 41,49''. Mais recentemente, com o mesmo cavalo, no CSI1* Le Pin au Haras, a cavaleira ganhou a 1,35m, frente a outros 52 conjuntos, num concurso em que se classificou sempre entre os 15 primeiros, em provas muito participadas. Entretanto, a sobrinha do cavaleiro António Vozone está à procura da qualificação da égua de 6 anos Une de Printemps para a Grande Semaine de Fontainebleau e para o Campeonato do Mundo de Cavalos Novos, em Setembro. Com Une de Printemps, Maria ganhou uma prova no concurso de Magnanville e tem tudo encaminhado para cumprir os objectivos desta temporada. n

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