MANIFESTO
AÇÕES DO TEMPO, ARQUITETURA E RESTAURO Inúmeras vezes já sentimos como o tempo se distorce devido ao espaço em que estamos. A nossa percepção do tempo-espaço está em constante transformação. A forma como você vê a arquitetura hoje não é a mesma que permeava a mente dos arquitetos e da sociedades há alguns anos. Portanto a questão que queremos discutir é o patrimônio histórico, seu impacto ao longo do tempo - e como nossas visões se transformaram através disso. A arquitetura vai muito além de uma edificação que segue uma função. Toda construção envolve uma simbologia, um significado e uma consciência do espaço, a qual pode se refletir através dos séculos, relativizando ideais e as formas de ver o mundo. A interpretação que damos para uma obra tem muito mais a ver com a bagagem histórica que carregamos e com a nossa cultura, do que com a proposta do edifício e do arquiteto. Em que momento a arquitetura deixa de ser expressão da cultura e do local que está implantada e passa impor uma nova visão de mundo? O espaço em que vivemos carrega uma carga imensa sobre como as sociedades e as pessoas se desenvolvem e evoluem. A identidade de cada um foi criada e moldada tendo como influência o local em que crescemos. E também como os edifícios conseguiram contemplar nossa existência. Desejamos inovação, buscar soluções para os problemas de nossas cidades através dos traços de nossos projetos, suprir as necessidades e entender a relação do homem com o espaço que ele ocupa. Mas não podemos simplesmente descartar o que já existe a nossa volta, nem ignorar- os processos que levam a determinados movimentos arquitetônicos. Mais importante ainda, valorizar e entender como alguns espaços e edifícios representam culturas, momentos históricos e possuem uma carga emocional que nos traz uma imensa responsabilidade como agentes transformadores desses espaços. O papel da preservação, restauração e da intervenção nos patrimônios, portanto, é complexo e exige por parte do arquiteto essa compreensão. Contudo, até que ponto vai a ética quando o assunto é a restauração de um edifício, e mais ainda, o que define essa ética. É necessário entender essas relações, para que possamos construir a melhor forma de intervir e modificar o espaço, não apenas fisicamente mas em todos os aspectos da sociedade. A arquitetura comporta, suporta, influencia e é influenciada pelos processos sociais contemporâneos, seja através do viés econômico, pelas lutas de classe e/ou pelos eventos históricos que marcaram determinado período.
MANIFESTO
Uberlândia, teve muito do seu patrimônio arquitetônico destruído em nome do progresso e da modernidade, o próprio consenso entre os moradores de que edifícios antigos devem ser substituídos por outros mais modernos e segundo eles "melhores", demonstra como a região precisa voltar seus olhos para sua bagagem arquitetônica. Procurar apreender a identidade local, e buscar pela maior preservação de suas construções. Da mesma forma, Uberaba possui uma quantidade considerável de tombamentos e pode demonstrar a importância desses edifícios para nossa formação. Unindo o viés dessas duas cidades, portanto, poderemos criar nossa própria visão quanto a importância da preservação do patrimônio histórico, da restauração e da busca pela compreensão da arquitetura e do espaço através dos anos, buscando entender a melhor forma de intervir nesses espaços, sem subtê-los à uma mudança que altere a sua significação e identidade. -
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