Bcc 68 petrobrás desmontar para privatizar (jul 2016)

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CONT R A-CORRENTE A análise da conjuntura econômica na visão e linguagem do sindicalismo classista e dos movimentos sociais Boletim mensal de conjuntura econômica do ILAESE

Ano 06, N° 68 - Julho de 2016

Petrobrás: desmontar para privatizar por Nazareno Godeiro, da Coordenação Nacional do ILAESE

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Plano de Negócios da Petrobrás 2015-2019, elaborado por Dilma/Bendini reza: “O montante de desinvestimentos em 2015/2016 foi revisado para US$ 15,1 bilhões. O Plano também prevê esforços em reestruturação de negócios, desmobilização de ativos e desinvestimentos adicionais, totalizando US$ 42,6 bilhões em 2017/2018.” Isto significa a venda direta (privatização sem licitação) de 30% da Petrobrás, com o nome de “desinvestimento”. Este plano começou no governo Dilma e segue com Temer. Já se vendeu a

Gaspetro para a japonesa Mitsui por R$ 1,9 bilhão, quando valia cerca de R$ 5 bilhões. Vendeu o Campo de Libra, arrematado por multinacionais que pagaram 1% do valor do campo, estão arrematando os campos terrestres e marítimos do Nordeste e se pretende vender a Transpetro, que tem 49 portos, 55 navios, 15 mil km de oleodutos e gasodutos. Empresa que em 2015, rendeu lucro de R$ 1,2 bilhão para a Petrobrás. Pretende-se também vender a BR distribuidora, que possui uma rede de 8.176 postos de combustíveis, domina 35% do mercado brasileiro e teve lucro de R$ 2,1 bilhões de 2014.

E o pior é que quem está avaliando o preço destas empresas são os banqueiros: o Bank of America é responsável pela venda de ativos do pré-sal. O Itaú-Unibanco vai precificar a Gaspetro e o Bradesco a BR distribuidora. É a raposa cuidando do galinheiro. O mesmo foi feito na privatização da Vale, onde o Bradesco foi ele mesmo avaliador e comprador. A mesma campanha para desacreditar a estatal está sendo feita, que tudo é corrupção e que dá prejuízo ao povo brasileiro. É tudo mentira! Isto é o que vamos ver nesta edição do Boletim Contra-Corrente.


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Como se fabrica um “prejuízo” via especulação O “prejuízo” na Petrobrás é meramente uma manobra contábil

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s balanços da empresa nos anos de 2014 e 2015 identificaram um prejuízo bilionário da Petrobrás, como podemos ver no primeiro gráfico desta página. O prejuízo, segundo a própria empresa, não se deve à diminuição da produção de combustíveis, mas pelas perdas da empresa com pagamentos de juros com dívidas, pela desvalorização do real e a desvalorização especulativa da empresa. O “prejuízo” é meramente contábil.

Petrobrás: uma das empresas mais rentáveis do mundo O pré-sal tem uma reserva potencial de 100 bilhões de barris, dos quais 50 bilhões já foram descobertos pela Petrobrás. É uma riqueza estimada em US$ 5 trilhões de dólares, o que em reais daria quase R$ 16,3 trilhões. A Petrobrás extraiu um barril de petróleo a U$ 13 dólares e vendeu a U$ 45 dólares. Em cada barril ganha, limpo e seco, U$ 32 dólares. Essa simples conta mostra que

Fonte: Relatório financeiro da Petrobrás 2015

a Petrobrás tem um lucro operacional de U$ 24 bilhões de dólares. O faturamento da empresa se mantem em torno de R$ 300 bilhões. O lucro bruto está crescendo, ficando em torno de R$ 80 bilhões por ano. O caixa da empresa, está crescendo e alcança cerca de R$ 80 bilhões por ano. Todos os dados operacionais são positivos ou com pequena queda, provocados pela diminuição da venda de combustíveis no Brasil, devido à recessão. O índice em queda Fonte: relatórios financeiros da Petrobrás. é o lucro líquido, por * 2016 é uma estimativa linear partindo do resultado pura especulação, para do 1º. Trimestre de 2016. reforçar a campanha que

a empresa dá prejuízo e por isso deve ser vendida, privatizada. Esse dado também é usado para justificar um ataque brutal aos trabalhadores da empresa, sejam trabalhadores diretos ou terceirizados. O trabalhador está pagando a conta Por outro lado, entre 2013 e 2015, foram demitidos 7 mil trabalhadores diretos e 156 mil terceirizados. Isto é, em três anos foram demitidos 163 mil funcionários, o que equivale a 40% da mão de obra total da empresa, durante o segundo mandato de Dilma.


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Pré-sal à venda: Serra, Dilma e agora Temer 53% do capital total da Petrobrás já tem donos privados, a maioria é de estrangeiros

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Projeto de Lei do Senado (PLS) 131/2015, de autoria de José Serra (PSDB), que entrega o pré-sal para as multinacionais, foi aprovado no Senado em 24 de fevereiro de 2016, com o surpreendente apoio de Dilma Rousseff, do PT. Agora o projeto tramita na Câmara. O presidente da Total, petrolífera francesa que comprou parte do Campo de Libra, Denis Palluat de Besset, classificou a vitória do consórcio no leilão de “sucesso formidável”. “Para nós o Brasil é importante e estratégico. Estamos aqui para ficar 100 anos pelo menos”. Vendo este estranho acordo, pareceria que nunca mais nos surpreenderíamos. Porém, no dia 14 de julho de 2016, o PT ajudou a eleger o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia do DEM, depois de meses agitando que houve um “golpe” contra Dilma.

vatização Os trabalhadores terceirizados na Petrobrás subiram de 120 mil no governo FHC, para 300 mil no governo Lula e 360 mil com Dilma. Assim, chegamos no recorde em dezembro de 2014: quando 78% da mão de obra era terceirizada. A Petrobrás se converteu numa gerenciadora de serviços terceirizados. Para 78% da sua mão de obra, a Petrobrás já é uma empresa privada. Esses trabalhadores recebem cerca de 20% do salário do trabalhador direto e morre 1 a cada mês em acidentes de trabalho nas instalações da Petrobrás.

Privatização levou à desnacionalização 53% do capital total da Petrobrás já tem donos privados, a maioria é de estrangeiros: Bank of New York Mellon, BNP, Gap, Credit Suisse, Citibank, HSBC, J. P. Morgan, Santander, BlackRock. Estes grandes bancos dos EUA e Terceirização é pri- da Europa, que são donas

1 Relatório Financeiro da Petrobrás 2015

Fonte: Relatório financeiro da Petrobrás 2015 de metade da Petrobras, também são donos das quatro grandes petroleiras: Exxon, Shell, BP e Chevron, que por sua vez são controladas pelas famílias Rockfeller e Rothschild. A isto se soma uma dívida de R$ 436 bilhões de reais, em sua maior parte com bancos internacionais, que cobram juros variáveis em dólar. Significa que os banqueiros internacionais ao elevar o dólar e desvalorizar o real, aumentam a dívida da Petrobrás. Numa forte recessão mundial e no Brasil, pode quebrar a empresa.

“O endividamento líquido do Sistema Petrobrás, expressos em reais, aumentou 39% em relação a 31/12/2014, principalmente em decorrência da depreciação cambial de 47%, sendo que 74% da dívida está atrelada ao dólar. Este maior endividamento resultou em um aumento de R$ 7.118 milhões na despesa financeira.”1 A Petrobrás está captando US$ 6 bilhões empréstimo a juro alto para pagar antecipadamente sua dívida, enquanto isso, Dilma proibiu o BNDES de financiar a Petrobrás.


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Dois projetos estratégicos: Qual o plano de Dilma/Bendini que continua com Temer/Parente? O plano do governo é tornar a Petrobrás apenas produtora e grande exportadora de óleo cru, vendendo todo o restante

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stratégia de secundarizar o refino começou com FHC em 1999 e permaneceu até 2004. Por isso, o centro era importar refinados, como forma de quebrar a indústria nacional. Ficamos 35 anos sem construir refinarias. Com início da crise econômica em 2014, Dilma suspendeu a construção das refinarias: a Comperj no RJ, deixando deteriorar as instalações de uma obra quase pronta. Suspendeu também as obras das refinarias Premium no Maranhão e no Ceará. O plano é tornar a Petrobrás apenas produtora e grande exportadora de óleo cru, vendendo todo o restante da Petrobrás, que é uma empresa integrada de energia, do poço ao posto. Resultado: o déficit de combustíveis do Brasil deve quadruplicar até

2030, diz a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Segundo a ANP, “a importação de combustíveis pelo Brasil deverá crescer quatro vezes até 2030 e tornar o déficit do país o maior do planeta, estimou”. Isto significa que estaremos tendo prejuízo de US$ 35 bilhões de dólares por ano com importação de derivados de petróleo dos países ricos. A quem interessa este plano? “Não haverá indicações políticas na Petrobrás”, afirmou Pedro Parente Por que ele foi indicado? O PMDB usa a Petrobrás para comprar aliados, começando pelo PSDB. Indicações de governos patronais – seja de direita ou de esquerda – servem para favorecer

empresários (corruptores), políticos e a alta administração (corruptos). Estão usando a Petrobrás, que representa 6,7% do PIB brasileiro. A sua cadeia produtiva e renda gerada indiretamente chegam a 20% do PIB. Isto corresponde a produção das 26 capitais do Brasil, excetuando São Paulo. É o mesmo que o presidente indicar os Prefeitos do RJ, Brasília, Curitiba, BH, Manaus, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Recife, Goiânia, Vitória, São Luís, Belém, Campo Grande, Maceió, Cuiabá, Natal, Florianópolis, Teresina, João Pessoa, Aracaju, Porto Velho, Macapá, Boa Vista, Rio Branco e Palmas. Mas as indicações políticas para a Petrobrás começaram agora? Não, FHC comprou base no Congresso usando a Petrobrás. O PT/Lula po-

dia ter mudado isso, mas manteve e se promoveu com a corrupção. Usou a Petrobrás para corromper o PMDB, PP, etc. O prejuízo da Petrobrás identificado na Operação Lava Jato chegou a R$ 6,2 bilhões, que são a estimativa de propinas decorrentes da corrupção. A solução deste problema seria garantir a eleição direta da alta administração, com direito de voto de todos os funcionários diretos e terceirizados, podendo se candidatar apenas concursados de carreira. Colocar a empresa sob controle dos trabalhadores, dos 17 sindicatos mais representantes da base por estado e área. A eleição direta da alta administração é a melhor forma de obrigar candidatos a apresentar propostas aos seus eleitores. É uma primeira forma de controle.


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Greve unificada dos petroleiros, em direção à Greve Geral O

Congresso da Federação nacional Petroleira vai discutir a convocação de uma greve unificada dos petroleiros, unindo a FNP e FUP, por uma Petrobrás 100% estatal, controlada pelos trabalhadores, contra venda de ativos, contra os leilões, em defesa dos campos maduros, fora Pedro Parente, por eleição direta para direção da Petrobrás, contra as demissões e pela retomada dos investimentos. Seria um profundo erro associar esta greve a uma orientação política de retorno da presidenta Dilma ou à suposto “golpe contra a democracia”, pois neste caso, se inviabiliza a greve porque a classe trabalhadora brasileira não vai mobilizar-se para que volte Dilma, já que ela foi responsável pela demissão de 156 mil trabalhadores terceirizados entre 2013 e 2015. EXPEDIENTE

Esta greve pode e deve se unificar com as greves dos bancários e demais categorias que tem data-base em setembro/

outubro e rumar para uma Greve Geral que possa derrubar Temer e defender a Petrobrás da privatização e da venda de ativos,

assim como defender os direitos dos trabalhadores, golpeados por este governo repudiado pelas massas trabalhadoras brasileiras.

Contra-corrente é uma publicação mensal elaborada pelo ILAESE para os sindicatos, oposições sindicais e movimentos sociais. Coordenação Nacional do ILAESE: Antonio Fernandes Neto, Arthur Gibson, Bernardo Lima, Daniel Kraucher, Daniel Romero, Eric Gil Dantas, Érika Andreassy, Fred Bruno Tomaz, Guilherme Fonseca, José Pereira Sobrinho, Juary Chagas, Nando Poeta e Nazareno Godeiro. Contato: Praça Padre Manuel da Nóbrega, 16 - 4º andar. Sé - São Paulo–SP. CEP: 01015-000 - (44) 9866-4719 - (11) 7552-0659 - ilaese@ilaese.org.br - www.ilaese.org.br. CNPJ 05.844.658/0001-01. Diagramação: Phill Natal. Editor responsável: Eric Gil Dantas.


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